relações de sala de aula - Índice de posição sociométrica

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  • 04/04/12 :: Revista do Centro de Educao ::

    1/9coralx.ufsm.br/revce/ceesp/2002/01/a10.htm

    ... Cadernos :: edio: 2002 - N 19 > Editorial > ndice > Resumo > Artigo

    RELAES DE SALA DE AULA

    Maria Stela de Araujo Albuquerque Bergo).

    Esse estudo aborda as relaes de sala de aula como fator que influencia a aprendizagem e referea utilizao do ndice de Posio Sociomtrica-IPS, como instrumento vlido para a compreenso da suaestrutura e dinmica social. A turma de sala de aula um grupo social, implica relaes emocionais. Ainterao entre os alunos produz sentimentos de aceitao ou rejeio entre si, criando hierarquias deprestgio que constituem a estrutura scio-afetiva do grupo. O IPS possibilita compreender a estrutura ea dinmica social de modo a oportunizar ao professor a implementao de prticas pedaggicasmediadoras do processo de construo do conhecimento.

    Palavras-chave: Dinmica de Grupo; Aprendizagem; Sala de Aula.

    Pretendemos apresentar, resumidamente neste trabalho, uma proposta para a identificao dadinmica de sala de aula utilizando-se o ndice de Posio Sociomtrica -IPS obtido a partir do TesteSociomtrico. Esse ndice, conforme proposio de seu autor, Alves (1980), e resultados que obtivemoscom sua aplicao, Marquezan (1981,1998), um instrumento til para a compreenso da dinmica dogrupo de sala de aula com vistas a implementao de aes mediadoras do processo de construo daaprendizagem.

    A aprendizagem um processo atravs do qual a pessoa, ao longo de toda vida, adquire osconhecimentos necessrios para a participao na sociedade. Ela se efetiva a partir das interaes nomeio social e fsico mediadas pelo uso de instrumentos e signos.

    A matria prima da aprendizagem so os conhecimentos da realidade produzidos cumulativamenteao longo da histria do homem. A apropriao, a construo e a utilizao dos conhecimentos soassegurados pela educao.

    A educao, atravs da sua organizao institucional e pedaggica, constitui um sistema quepromove o funcionamento da dinmica de transformao individual e da sociedade.

    A escola a agncia formal e sede poltica da construo e apropriao do conhecimento. Ela ainstrumentadora do processo de construo do saber. No interior da escola, na sala de aula, seproduzem as mediaes facilitadoras da aprendizagem.

    Ser responsvel pela produo do conhecimento de seus alunos, atividade que a escola no vemrealizando adequadamente. Essa situao vem de longe e no assola apenas o Brasil. MelIo (1994:10),assinala que:

    Os anos de 60 e 70 assistiram a um grande desencanto com a importncia econmica e poltica daeducao escolar. No turbilho contestador simbolizado pelos movimentos de 1968 surgem, na Europa,as teorias crtico-reprodutivistas cujos representantes mais famosos foram Bourdieu & Passeron (1970).Trabalhos empricos, entre os quais o mais conhecido no Brasil foi de Baudelot & Establet (1971),criticaram a escola demonstrando que a passagem por ela no mudava o destino das classes sociais.

    Nos Estados Unidos, os resultados dos estudos de Coleman (1966) e Jenckes (1972) tambmtraavam um panorama desanimador: os determinantes do sucesso ou do fracasso na escola pareciamser apenas as condies externas a ela, mais especificamente o nvel scio-econmico e cultural dosalunos. Nenhum dos insumos supostamente importantes para produzir a aprendizagem dos alunos -tamanho das classes, formao de professores, qualidade do material didtico - pareciam fazer adiferena.

    Passam-se os anos e o fantasma do fracasso escolar vai, ou no visto por algum tempo, e voltacom o mesmo argumento de que a escola no est preparada para atender as demandas das camadas

    sociais menos favorecidas da sociedade.

    Grosso modo, as causas diretas da ineficincia so externas e internas escola. A composiofamiliar, os recursos econmicos e culturais, as polticas do Estado esto na lista dos determinantes dodesempenho dos alunos, externos a escola. A organizao interna da instituio escolar - exerccio deliderana, expectativas, conhecimento e formao de professores, clima organizacional, currculo,atribuio de causalidade, dinmica de sala de aula, entre outros, - oferece informaes vlidas para areflexo, identificao e entendimento sobre a aprendizagem dos alunos.

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    Neste trabalho nos detivemos, apenas e inicialmente, na anlise de uma das variveis internas daorganizao escolar, interveniente no processo: a dinmica de sala de aula. Entendemos no ser a maisimportante ou prioritria, que existe disponvel, h vinte anos ou mais, estudos produzidos pelaPsicologia Social conhecidos apenas por alguns especialistas, sobre a dinmica e funcionamento dosgrupos sociais, que se utilizados pelos professores podero auxiliar a ao pedaggica.

    A turma de sala de aula, para deixar claro, um grupo social. Um campo de foras (gestalt)diferente da simples soma dos sistemas de tenso (pessoas) que o constituem. O grupo e seu ambienteformam um campo social que abarca a sua dinmica e sua estrutura. Como grupo social a sala de aulaimplica relaes emocionais. A medida que os alunos interagem desenvolvem sentimentos de aceitaoou rejeio entre si.

    Taba (1974: 217), fala que esse sistema de interao social estabelece:

    ....uma rede de relaes baseadas na aceitao de algumas pessoas, rechao de outras e,inclusive a indiferena com respeito a muitos. Surge ento um sistema de condies social: algunsindivduos so importantes para muitos, tem uma forte condio social e um sentido de pertinncia,enquanto que outros so estranhos e se os ignora ou se os rechaa. Os grupos atribuem tambm a seusmembros expectativas de funo. De alguns se espera que sejam lderes, que triunfem, quedesempenhem funes positivas.

    De outros, que sigam os lderes, que no tenham xito, que sejam rebeldes ou simples.

    Esse padro de relacionamentos criador de normas e hierarquias de prestgio, salientando um oualguns alunos que dispe de influncia predominante, caracteriza a estrutura scio-afetiva do grupo.

    A estrutura scio-afetiva do grupo, de modo a estabelecer uma hierarquia de prestgio, parece serimportante para a viabilizao e efetividade do ensino dos aspectos instrumentais da educao e dodesenvolvimento social.

    Lewin (1965, 1970, 1975) chama a ateno para a variedade do comportamento humano emdiferentes contextos. Ele considera que comportamento (C) depende da pessoa (P) e de seu meio (M).Pessoa e meio so variveis mutuamente dependentes. Dessa forma, para se compreender ocomportamento do aluno devemos considerar este aluno e seu meio como uma constelao de fatoresinterdependentes, constituindo um campo social.

    Passos & Barros (2000, p.71), explicitam esse conceito:

    Lewin passa a explicar a ao individual a partir da estrutura que se estabelece entre o indivduo eseu meio ambiente, num determinado momento. Essa estrutura um campo dinmico, campo de foras eque tende ao equilbrio. Ela compreende a totalidade dos fatos coexistentes e mutuamenteinterdependentes. Assim como o indivduo e seu meio ambiente formam um campo psicolgico, o grupo eseu meio ambiente formam um campo social.

    Lewin (1965) considera a pessoa e o meio constituintes de um sistema nico, um espao vital. Oespao vital constitudo pela pessoa num dado momento, num ambiente determinado, em parte, pelosobjetos fsicos presentes, em parte, pela sua interpretao deles, pelo modo como os percebe, pelosignificado que tem para si naquele momento.

    Essa argumentao defende que na implementao da ao pedaggica seja levado em conta quea sala de aula um campo social. O aluno em sala de aula integrante de uma totalidade, uma gestalt.

    O conhecimento da estrutura scio-afetiva do grupo como um quadro de processos revelador dopadro das relaes sociais e emocionais entre seus membros, em funo das reaes positivas deaceitao ou negativas de rejeio, possibilita ao professor a adequabilidade de prticas pedaggicas eposturas relacionais.

    A caracterizao da estrutura scio-afetivo pode ser obtida a partir da aplicao do TesteSociomtrico.O Teste Sociomtrico conforme definio de seu criador, Moreno (1972:83) "um instrumento queestuda as estruturas sociais em funo das atraes ou repulsas manifestadas no seio de um grupo".

    Conforme Alves (1974:16), o Teste Sociomtrico pode oferecer os seguintes dados:

    1) A posio que cada um dos componentes no grupo (popular, isolado, excludo, no excludo),assim como a posio que cada indivduo julga ocupar no grupo;

    2) As relaes de afinidade ( simpatia, amizade, etc.), de conflito (antipatia, rivalidade, etc.),assim como a neutralidade ou inexistncia de relaes (indiferena);

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    3) A estrutura sociomtrica do grupo: a trama de comunicaes (escolhas recprocas) os focos detenso (rejeies recprocas), os subgrupos, as barreiras tnicas e religiosas, raciais, etc.;

    4) A dinmica dos grupos: as modificaes dos quadros e a evoluo dos processos no seio dosgrupos (reteste).

    Os dados oferecidos pelo Teste Sociomtrico permitem analisar a estrutura do grupo, as relaesentre seus membros e a posio que cada um ocupa no mesmo. Os recursos operacionais que TesteSociomtrico oferece podem ser espaciais ou numricos. Os recursos espaciais formam os sociogramas eos numricos os ndices.

    Nesse estudo trabalhamos com os recursos numricos que possibilitam o clculo de ndices. Ondice adotado foi o ndice de Posio Sociomtrica - IPS, desenvolvido por Alves, 1980.

    O Teste Sociomtrico fornece as indicaes emitidas por todos os membros do grupo em relao aseus pares. Com base nessas indicaes, escolhas e/ou rejeies, pode-se caracterizar, em nmerosbrutos, a situao de cada um dos membros do grupo.

    A posio sociomtrica, conforme Alves (1960), apoia-se nestes dados e acrescenta dois aspectosque devem ser considerados em conjunto para que assim adquiram significado. Os aspectoscomplementares so o DESTAQUE da posio sociomtrica e a QUALIDADE da posio sociomtrica.

    O destaque da posio sociomtrica o impacto afetivo-social global de cada membro sobre ogrupo. Se materializa no nmero de indicaes - escolhas e rejeies -recebidas dos pares do grupo.

    As indicaes recebidas apresentam, em funo das escolhas e das rejeies, diferentescombinaes. Por exemplo, em dez indicaes recebidas podem existir, teoricamente, todas asassociaes entre escolhas e rejeies, desde dez escolhas e zero rejeio, at zero escolha e dezrejeies. Em funo disso foi necessrio qualificar o destaque, ou seja, valorar as indicaes. Da, outroaspecto acrescido, a qualidade.

    A qualidade da posio sociomtrica caracterizada por Alves (1980:11), como "indicadorfundamental para caracterizao da posio sociomtrica do indivduo, baseado na relao entre osnmeros de escolhas e rejeies recebidas dos demais componentes do grupo".

    O emprego do ndice de Posio Sociomtrica, conforme Alves (1980:51/52) permite:

    1) ... caracterizar, de forma global, a situao scio-afetiva dos indivduos nos seus grupos.

    2) ... a caracterizao, em termos qualitativos, de posies sociomtricas.

    3) Com o uso do IPS, possvel comparar as posies sociomtricas dos indivduos.

    4) A operao do IPS simples e acessvel a no-especialistas.

    5) A operao do IPS significativamente econmica e vivel, em termos de tempo e de materiais.

    6) O IPS pode ser til para a orientao da ao de quem trabalha com grupos humanos.

    A aplicao do Teste Sociometrico pode ser individual ou coletiva. Deve ser observada ascondies do local de aplicao - iluminao, ventilao, espao, etc. -, um clima de confiana etranqilidade. condio bsica para a aplicao do Teste Sociomtrico o convvio de, no mnimo, doismeses entre os alunos nas turmas escolares. Esse tempo considerado suficiente para a formao dasredes de relacionamento entre os membros do grupo. (Bastin, apud Alves, 1980)

    O material utilizado papel e lpis. Pode-se distribuir folhas de papel em branco ditar as perguntasou pode-se distribuir folhas com as perguntas impressas. Nos trabalhos que realizamos optamos porfolhas impressas. Fizemos constar na Folha de Resposta o nome do aluno, o nome da escola e a data daaplicao. A seguir a primeira pergunta. Na metade da folha foi impressa a segunda pergunta. A Folha deResposta foi dobrada de modo que a segunda pergunta ficou para baixo. Respondida a primeira perguntapede-se ao aluno que desdobre a folha e responda a segunda.

    Usou-se como critrio para aplicao o "grupo de trabalho GT" . No se fez nenhuma restrioquanto ao nmero de indicaes, podendo o aluno indicar tantos colegas quantos ele desejar .

    FOLHA DE RESPOSTAS

    Escola: _____________________________ Turma:_________ Data: ___/___/___

    Aluno: ___________________________________________________________

    1. Qual (is) colega (as) de turma tu escolherias para um grupo de trabalho escolar?

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    1. Qual (is) colega (as) de turma tu escolherias para um grupo de trabalho escolar?

    2. Qual (is) colega (as) de turma tu no escolherias para um grupo de trabalho escolar?

    O levantamento dos resultados do ndice de Posio Sociomtrica segue os seguintes passos:

    1) Indicar matriz de Posies Sociomtricas a turma e a data;

    2) Numerar e relacionar, na coluna respectiva, o nmero e o nome dos alunos da turma;

    3) Lanar o nmero de escolhas e rejeies recebidas nas colunas encimadas pelos smbolos e e r;

    4) Calcular os valores (soma) das colunas e e r e lanar no local Totais Parciais - TP;

    5) Calcular os valores (soma) das colunas e mais r e lanar no local Total Geral - TG;

    6) Calcular o Quociente de Expansividade - E do grupo, dividindo-se o Total Geral - TG, pelonmero de alunos da turma e lanar no local Expansividade - E;

    7) Calcular o Mdulo de Destaque - MD, dividindo-se a constante 10 (dez) pelo Quociente deExpansividade - E e lanar no local Mdulo de Destaque - MD;

    8) Preencher a coluna "l+e+r", adicionando-se 1 (um) a soma das escolhas e e das rejeies r;

    9) Preencher a coluna "D" com os resultados da multiplicao da coluna "l+e+r" pelo Mdulo deDestaque - MD;

    10) Preencher a coluna "Q" com os valores indicados no cruzamento da linha correspondente aonmero de escolhas e, com a coluna correspondente ao nmero de rejeies r, recebidas pelo aluno,constante na tabela Valores Numricos das Qualidades;

    11) Preencher a coluna IPS verificando-se na tabela Classificao dos Destaques o smbolo I, M ouS (inferior, mdio ou superior) conforme o intervalo correspondente;

    12) Completar o preenchimento da coluna IPS verificando na tabela Classificao das Qualidades osmbolo I, M ou S (inferior, mdio ou superior) conforme o intervalo correspondente.

    POSIES SOCIOMTRICASEscola: Monteiro Lobato Turma: A Data: Nov. 2000

    N Nome E r (l+e+r) D Q IPS

    01

    02

    03

    04

    05

    06

    07

    08

    09

    10

    11

    12

    13

    Ana

    Ana Maria

    Anderson

    Bruno

    Caroline

    Clariane

    Daniel

    Diego

    Diossana

    Douglas

    Everton

    Felipe

    Franciele

    1

    2

    0

    2

    1

    4

    1

    2

    6

    5

    2

    0

    0

    3

    0

    4

    1

    0

    0

    0

    0

    0

    1

    0

    7

    0

    1+1+3=5

    1+2+0=3

    1+0+4=5

    1+2+1=4

    1+1+0=2

    1+4+0=5

    1+1+0=2

    1+2+0=3

    1+6+0=7

    1+5+1=7

    1+2+0=3

    1+0+7=8

    1+0+0=1

    14,5

    8,7

    14,5

    11,6

    5,8

    14,5

    5,8

    8,7

    20,3

    20,3

    8,7

    23,2

    2,9

    27

    72

    11

    56

    63

    79

    63

    72

    82

    72

    72

    7

    45

    MI

    MM

    MI

    MM

    IM

    MM

    IM

    MM

    SS

    SM

    MM

    SI

    IM

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    19

    20

    21

    22

    23

    24

    25

    Franciele

    Guilherme

    Ingrid

    Jao

    Katiele

    Maicon

    Mariuse

    Paola

    Rute

    Stefan

    Tainara

    Vanessa

    Vincius

    0

    1

    2

    0

    1

    0

    6

    7

    1

    0

    2

    4

    0

    0

    0

    0

    0

    9

    1

    2

    1

    5

    0

    0

    0

    0

    1+0+0=1

    1+1+0=2

    1+2+0=3

    1+0+0=1

    1+1+9=11

    1+0+1=2

    1+6+2=9

    1+7+1=9

    1+5+1=7

    1+0+0=1

    1+2+0=3

    1+4+0=5

    1+0+0=1

    2,9

    5,8

    8,7

    2,9

    31,9

    5,8

    26,1

    26,1

    20,3

    2,9

    8,7

    14,5

    2,9

    45

    63

    72

    45

    11

    27

    87

    76

    18

    45

    72

    79

    45

    IM

    IM

    MM

    IM

    SI

    II

    SS

    SM

    SI

    IM

    MM

    MM

    IM

    Totais Parciais (TP) 50 34 Mdulo do Destaque (MD)

    Total Geral (TG) 84 MD= 10 =2,9

    E

    Expansividade (E) 3,36

    VALORES NUMRICOS DAS QUALIDADES

    CLASSIFICAO DOS DESTAQUES

    Limites

    Smbolo Designao

    Inferior Superior

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    I Inferior 0 5

    M Mdio 6 19S Superior 20 50

    CLASSIFICAO DAS QUALIDADES

    Limites

    Smbolo Designao

    Inferior Superior

    I Inferior 0 37

    M Mdio 38 79

    S Superior 80 90

    Uma vez classificados todos os alunos possvel construir a matriz Distribuio das Posies

    Sociomtricas. Essa matriz permite uma viso espacializada das posies sociomtricas ocupadas pelosalunos da turma.

    DISTRIBUIO DAS POSIOES SOCIOMTRICAS

    Q QUALIDADE

    Excluso Aceitao

    I Inferior

    M Mdia

    S Superior

    D

    |

    D

    E

    S

    T

    R

    E

    L

    A

    C

    i

    o

    n

    a

    m

    e

    n

    t

    o

    S

    SI SM SS

    S

    R

    e

    l

    a

    c

    i

    o

    n

    a

    m

    e

    n

    t

    o

    D

    |

    D

    E

    S

    T

    Felipe

    Katiele

    Rute

    Douglas

    Paola

    Diossana

    Mariusi

    M

    MI MM MS

    M

    Ana

    Anderson

    Ana Maria

    Bruno

    Clariane

    Diego

    Everton

    Ingrid

    Tainara

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    T

    A

    Q

    U

    E

    I

    s

    o

    l

    a

    m

    e

    n

    t

    o

    Tainara

    Vanessa

    I

    s

    o

    l

    a

    m

    e

    n

    t

    o

    T

    A

    Q

    U

    E

    I

    II IM IS

    I

    Maicon

    Caroline

    Franciele

    Guilherme

    Joo

    Stefan

    Vincius

    Daniel

    I

    Inferior

    M

    Mdia

    S

    Superior

    Excluso Aceitao Q QUALIDADE

    Utilizando o IPS, Marquezan, (1998), procurarou verificar a relao existente entre a estruturascio-afetiva do grupo de sala de aula com o aproveitamento acadmico - aprovao/reprovao - dosalunos. A pesquisa foi realizada em 1997, envolvendo 416 alunos de primeira srie do Ensino Fundamentalde 17 escolas da rede pblica e privada do Municpio de Santa Maria/RS. Os resultados obtidos e a seguirapresentados, animaram a realizao de pesquisas ora em andamento, onde se tem procuradocompreender a dinmica de sala de aula, identificar e implementar prticas pedaggicas interativas.

    TABELA 1 - Resultado Geral

    Total Aprov. % Reprov %

    N de alunos 416 364 87 52 13

    Alunos da ZS 252 242 96 10 04

    Alunos da ZR 164 122 74 42 26

    Conforme dados da TABELA 1, na amostra considerada, 87% dos alunos obtiveram aprovao e13% foram reprovados ao final da srie que freqentavam independente da posio sociomtrica nogrupo. Os alunos com posies sociomtricas com destaque e/ou qualidade mdio ou superior, zona de

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    grupo. Os alunos com posies sociomtricas com destaque e/ou qualidade mdio ou superior, zona desegurana - ZS, atingiram um percentual de aprovao de 96% e apenas 4% de reprovao. J osalunos situados em posio sociomtrica com destaque e/ou qualidade inferior, zona de risco - ZR,obtiveram 74% de aprovao e 26% de reprovao, o dobro do percentual de reprovao da mdia dogrupo que foi de 13%.

    TABELA 2 - Alunos Aprovados

    Total %

    N de alunos

    364

    100

    Alunos na ZS

    242 66

    Alunos na ZR 122 34

    Entre os alunos aprovados 66% ocupavam posio sociomtrica com destaque e/ou qualidademdio ou superior, zona de segurana - ZS. Os aprovados que estavam posio sociomtrica comdestaque e/ou qualidade inferior, zona de risco - ZR, foi de 34%, quase 50% menos de aprovao.

    TABELA 3 - Alunos Reprovados

    Total %

    N de alunos

    52

    100

    ZS

    10 19

    ZR

    42 81

    Os percentuais de alunos reprovados tornam evidentes as diferenas aprovao/reprovaoconforme a posio sociomtrica ocupada pelo aluno no grupo. Entre os reprovados apenas 19%ocupavam posio sociomtreica com destaque e/ou qualidade mdio ou superior. Enquanto isso, 81%deles posicionavam-se com destaque e/ou qualidade inferior.

    Os resultados obtidos apontam na direo da existncia de relao entre a estrutura scio-afetivae o aproveitamento acadmico dos alunos. Essa relao se evidencia pelo fato de que os alunos composio sociomtrica SI, MI, II, IM e IS evidenciam percentuais altos de reprovao. Os alunos situadosnessas posies recebem pouca ou nenhuma escolha podendo receber indicao de rejeio e secaracterizam como isolados ou excludos do grupo. No estudo realizado chamamos a essas posiessociomtricas de Zona de Risco em funo da incidncia de reprovao dos alunos nelas situados. Poroutro lado, os alunos com posio sociomtrica MM, MS, SM e SS, que so reveladoras de aceitao einterao, detm percentuais mais elevados de aprovao escolar. Ao conjunto dessas posiessociomtricas chamamos de Zona de Segurana.

    Esses resultados nos levaram a acreditar na existncia de aproveitamento diferenciado entrealunos com diferentes posies sociomtricas. Isso nos parece indicar que: 1) a maneira de o grupo seestruturar, em funo das indicaes de aceitao e rejeio e das relaes emocionais presentes nogrupo social, tem reflexo direto e profundo sobre a aprendizagem do aluno e, por extenso, sobre odesenvolvimento da pessoa e 2) o IPS um recurso vlido para auxiliar a compreender da estrutura e dadinmica social da sala de aula.

    Dessa forma, conhecer a estrutura scio-afetiva do grupo e a dinmica da sala de aula poderresultar til para subsidiar o planejamento e a implementao de prticas pedaggicas ajustadas speculiaridades da turma (grupo social), de maneira que essa mediao efetive a construo dosconhecimentos e o pleno desenvolvimento dos educandos reivindicados escola.

    Referncias Bibliogrficas

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  • 04/04/12 :: Revista do Centro de Educao ::

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