reintegração de posse
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Professor: Renato Rosin Vidal E-mail: [email protected]
Disponibilização do material: https://sites.google.com/a/aedu.com/renatorosinvidal/
AÇÕES POSSESSÓRIAS
Considerações gerais
As ações possessórias têm como objetivo primordial a defesa da posse, ou
seja, garantir a posse àquele que a tem violada. Essa tutela da posse desenvolve-
se por meio de três espécies de ações, as denominadas “ações possessórias” ou
“interdito possessórios”:
1. Reintegração de posse: diante do “esbulho” da posse do autor;
2. Manutenção da posse: diante da “turbação” da posse do autor;
3. Interdito proibitório: diante da “ameaça” à posse do autor.
Estruturalmente, a petição inicial seguirá as regras do artigo 282 do
Código de Processo Civil, com as especificidades do artigo 920 e seguintes.
Importante, entretanto, atentar para a “idade” da violação da posse. Tal
análise cuidará de nos indicar o rito pelo qual será processada a ação
possessória. Estamos, aqui, a falar sobre as “ações de força nova” e as “ações de
força velha”, consoante previsão do artigo 924 do Código de Processo Civil:
Ação de força nova: intentada dentro de ano e dia, a contar da data da
turbação ou esbulho. Neste caso, a ação seguirá o procedimento especial,
com possibilidade de deferimento de medida liminar possessória.
Ação de força velha: intentada depois de ano e dia, a contar da data da
turbação ou do esbulho. Neste caso, a ação seguirá o procedimento
comum ordinário, sendo inviável pedido de liminar (obs.: cabível,
entretanto, pedido de tutela antecipada, caso obedecidos os seus
requisitos).
Dicas
Ao elaborar a peça prática, atente-se para a fungibilidade,
expressamente prevista no artigo 920 do Código de Processo Civil.
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Turbação (lembrar de perturbação) = manutenção (arts. 926-931, CPC)
Esbulho = reintegração (arts. 926-931, CPC)
Sempre verificar a possibilidade de cumulação com outros pedidos (art.
921, CPC).
Atenção ao art. 924, CPC: acima de ano e dia a contar do fato (ação de
força velha), rito ordinário.
O proprietário que nunca teve a posse, de fato, do bem não pode fazer
uso das possessórias. Deverá ajuizar ação reivindicatória.
Se a ofensa derivar de ato judicial, serão cabíveis embargos de terceiro.
Como descobrir a ação possessória cabível?
Obs: Na hipótese de turbação, o réu entra e sai do bem (para pegar
laranja, para passear, para usar a piscina, para levar gado para pastar, muda a
cerca de lugar e depois a retorna para onde estava e tantas outras coisas); ou, o
réu já está usando de força para tirar o autor da posse do bem, mas esse repeliu
tais atos.
Perdi a posse?
Continuo na posse, mas ela já está sendo violada?
Continuo na posse, ela ainda não foi violada, mas tenho certeza de
que será em breve?
Reintegração de Posse
Manutenção de Posse
Interdito Proibitório
NÃO
NÃO
SIM
esbulho
SIM
turbação
SIM
ameaça
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Ação de Reintegração de Posse
Cabimento
Quando o possuidor perde a posse de um bem (móvel ou imóvel) em
razão de ação ilícita de terceiro, pode valer-se da “ação de reintegração de
posse”, a fim de que seja reintegrado na posse do bem. Registre-se, no entanto,
que esta ação só tem cabimento quando há efetivo esbulho (perda) da posse,
vez que se a posse está sendo tão somente turbada, isto é, atrapalhada, abalara,
a ação competente será a de “manutenção de posse” ou de “interdito
proibitório”, caso a posse esteja apenas sob ameaça de turbação ou esbulho.
De qualquer forma, a lei processual civil assevera expressamente
que a propositura de uma ação possessória por outra não impede que o juiz
conheça do pedido.
Base legal
O direito de defender a posse em face de terceiro que a tenha
esbulhado encontra amparo no artigo 1210 do Código Civil; já a ação de
reintegração de posse encontra disciplina nos artigos 926 a 931 do Código de
Processo Civil.
Procedimento
A lei processual civil prevê procedimento especial para as ações
possessórias, desde que se trate da chamada “posse nova”, ou seja, o esbulho
deve ter ocorrido a menos de ano e dia, consoante previsão feita pelo artigo 920
e seguintes do Código de Processo Civil.
Nesses casos, esbulho ocorrido a menos de ano e dia, o autor tem o
direito de pedir para ser liminarmente reintegrado na posse do bem, com ou
sem audiência de justificação.
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Após o Juiz decidir sobre o pedido liminar, com ou sem concessão, o
feito obedecerá, no mais, o procedimento ordinário.
Foro competente
A ação de reintegração de posse deve ser ajuizada, quando referente
a bens imóveis, no foro onde este está localizado (art. 95, CPC), quando
referente a bens móveis, no domicílio do réu (art. 94, CPC).
Provas
A perda da posse (esbulho) e eventuais prejuízos causados ao bem se
provam pela juntada de documentos (fotos, boletim de ocorrência etc), oitiva de
testemunhas e perícia técnica no imóvel. Quanto às testemunhas, o Advogado
deve estar atento às determinações previstas no artigo 228 do Código Civil.
Valor da causa
Nas ações possessórias, o valor da causa deve ser equivalente ao do
bem objeto do litígio. Tratando-se de bem imóvel, deve-se utilizar a estimativa
oficial para lançamento do imposto (IPTU), ordinariamente denominado “valor
venal”. Na falta do lançamento (carnê do IPTU), o autor pode requerer à
prefeitura municipal uma certidão do valor venal do imóvel. Por fim, havendo
cumulação de pedidos (por exemplo: reintegração de posse e condenação em
perdas e danos), deve-se atentar para a regra do artigo 259, inciso II, do Código
de Processo Civil.
Atenção
na petição inicial, o Advogado deve indicar de forma precisa o tempo, a
natureza e o modo como o autor exercia a sua posse até ser esbulhado
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pelo réu, ou seja, não basta se dizer “proprietário”, ou “possuidor”, de
maneira genérica, e passar a narrar o esbulho sofrido;
quando se tratar de posse nova e não houver documentos que
demonstrem o esbulho, o Advogado deve requerer a designação de
audiência de justificação, oferecendo, com a inicial, o rol de
testemunhas;
quando o invasor, ou invasores, forem de nome e qualificação ignorada,
o Advogado deve indicar na inicial este fato, procedendo com a descrição
física deles, quando possível;
o proprietário que nunca teve a posse, de fato, do bem, não pode fazer
uso da ação de reintegração de posse, devendo ajuizar ação
reivindicatório;
não podemos esquecer, por fim, que o artigo 923 do Código de Processo
Civil veda expressamente que na pendência do processo possessório,
autor ou réu ajuízem ação de reconhecimento do domínio (usucapião).
Questão prática
João e sua mulher Maria, domiciliados no bairro Coqueiros, em
Ribeirão Preto, adquiriram, há dez anos, um terreno com 30.000m², no bairro
do Quintino, na mesma cidade. Nesse período o imóvel foi alugado duas vezes,
por um período de 1 e 2 anos, respectivamente; mas se encontrava vazio há seis
meses, época em que a última locação foi desfeita e o imóvel devolvido aos
proprietários. Há cerca de quinze dias um vizinho do imóvel telefonou para
João, noticiando que o terreno fora parcialmente invadido por Pedro, que ali
construiu um campo de futebol, um vestiário e um pequeno bar, ocupando
aproximadamente 5.000m². Convencido de que o imóvel pertence à prefeitura,
Pedro se recusa a desocupá-lo.
Questão: proponha, como advogado dos proprietários, a medida judicial
pertinente, visando à desocupação do imóvel.