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REGIONALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL www. social .mg.gov.br

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1 Regionalização dos Serviços de Proteção Social Especial

Regionalização dos seRviçosde pRoteção social especial

Anos10www.social .mg.gov.br

EXPEDIENTEGovernador | Fernando Damata PimentelVice-Governador | Antônio Andrade Eustáquio FerreiraSecretário de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social | André Quintão SilvaSecretária Adjunta de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social | Rosilene Cristina Rocha

SUBSECRETÁRIA DE ASSISTÊNCIA SOCIALSubsecretária de Assistência Social | Simone Aparecida AlbuquerqueSuperintendente de Políticas de Assistência Social | Maíra da Cunha Pinto ColaresSuperintendente de Capacitação, Monitoramento, Controle e Avaliação | Jaime Rabelo AdrianoDiretor de Proteção Social Especial | Regis Aparecido Andrade SpíndolaDiretor de Proteção Básica | Wagner Antônio Alves GomesDiretora de Gestão do SUAS | Rosilene de Fátima Teixeira de OliveiraDiretora de Gestão de Cadastro de Entidades | Dalma VeigaDiretora de Vigilância Social e Monitoramento | Isabela de Vasconcelos TeixeiraDiretora de Capacitação de Gestores e Conselheiros de Assistência | Cibele Vieira FeitalDiretora de Gestão do Fundo de Assistência Social | Cláudia Maria Bortot Falabella

REDAÇÃOAna Cláudia Castello Branco RenaCristiano de AndradeMarcel Belarmino de SouzaRegis Aparecido Andrade Spíndola

Fichatécnica

4 Regionalização dos Serviços de Proteção Social Especial

apResentação

A construção de uma proposta de Regionalização em Minas Gerais é resultado de um longo trabalho que envolveu muitas pessoas de diversas instituições, além da equipe técnica e de gestão da SEDESE.

A proposta apresentada foi elaborada sob a decisão política do Governo do Estado de Minas Gerais de realizar uma gestão participativa e descentralizada. Portanto, a oferta de serviços regionalizados da proteção social especial foi concebida na perspectiva da gestão compartilhada, propondo mecanismos de participação de gestores e trabalhadores dos SUAS, bem como do Sistema de Justiça e do Sistema de Garantia de Direitos.

Para além dessa diretriz fundamental, a proposta dos serviços regionalizados também se coaduna com a atual conformação do Estado, organizado

em Territórios de Desenvolvimentos, que, em linhas gerais, reordenam as regiões mineiras considerando, entre outros aspectos, a identidade social, cultural e socioeconômica dos municípios.

A estratégia da regionalização em sua dimensão de gestão possibilita a formulação de políticas públicas mais identificadas com as necessidades locais e regionais.

Assim, não se trata apenas de criar uma unidade espacial, regionalizar significa integrar ações e responsabilidades pactuadas pelos três entes federativos com a participação dos órgãos de controle social, orientados pelas especificidades e pela dinâmica de cada região.

A regionalização dos serviços implica, portanto, uma ampliação da cobertura da Proteção Social Especial no Estado em resposta à demanda de atendimento aos indivíduos e famílias em situação de risco e vulnerabilidade social.

A tarefa desenvolvida até aqui propiciou também o reconhecimento de que outros desafios deverão ser enfrentados em relação a temáticas fundamentais no âmbito do SUAS concomitantemente à implantação dos serviços regionais. Juntamente com as demais instituições e instâncias de pactuação e deliberação, ou, ainda, por meio de fóruns e conferências, deveremos aprofundar discussões como o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários na perspectiva da prevenção.

No ano em que foi aprovada a Lei Estadual nº 21.966/2016, é com satisfação que reconhecemos a Regionalização dos Serviços de Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade como mais um passo em direção à consolidação do SUAS em Minas Gerais.

Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social de Minas Gerais

6 Regionalização dos Serviços de Proteção Social Especial

o sistema Único de assistência socialEntre as transformações políticas e sociais ocorridas no Brasil no final da década de 1980 e início da década de 1990, a mudança de paradigmas da Assistência Social é uma das mais importantes. Como propulsores dessa mudança, se destacam a Constituição Federal de 1988, que confere à Assistência Social a condição de política pública que compõe o tripé da seguridade social, e a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS (Lei nº 8.742), promulgada em 1993, que dispõe sobre os objetivos, os princípios e as diretrizes das ações de assistência social no Brasil.

Desde o início da implantação do SUAS, que se caracteriza como um sistema descentralizado e participativo, vários desafios foram evidenciando-se e ganhando espaço nas agendas de discussão: as diversidades territoriais; as especificidades dos estados e municípios para a implantação do Sistema, com reflexos na capacidade de oferta das ações socioassistenciais; a necessidade de integração entre os níveis de proteção social, bem como com as demais áreas das políticas públicas; a relevância da cooperação entre os entes federados para a efetivação das seguranças socioassistenciais, entre outros.

É nesse contexto que surgem os debates sobre a regionalização, atribuindo-se ao ente estadual um papel preponderante para a sua condução. Esses debates trazem para a área da Assistência Social um conjunto de questões já enfrentadas pelas políticas de Saúde e Educação, como a necessidade de se constituírem unidades de planejamento ou unidades administrativas próprias, assim como a busca por um desenho de regionalização que garanta os direitos socioassistenciais, principalmente aqueles que apontam para o fortalecimento da convivência familiar e comunitária.

7Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social - www.social.mg.gov.br

o sUas em minas geRaisEm Minas Gerais, a Política Estadual de Assistência Social foi estabelecida pela Lei nº 12.262, de 23 de julho de 1996, e sistematiza seus princípios e objetivos, assim como as diretrizes da organização e da gestão dos benefícios, serviços e programas socioassistenciais no estado.

No ano de 2011, acompanhando a alteração nacional realizada na LOAS que institui o SUAS no campo legal, Minas Gerais realizou também a revisão e atualização da lei que estabelece a política de Assistência Social no estado, incluindo as diretrizes do sistema único, sendo o primeiro estado a alterar sua lei para garantir a implantação do SUAS.

A Subsecretaria de Assistência Social (SUBAS), integrante da Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (SEDESE), é a instância responsável pela gestão da Política Estadual de Assistência Social em Minas Gerais e tem como objetivos planejar, dirigir, executar, controlar e avaliar as ações setoriais a cargo do estado que visam ao fomento e ao desenvolvimento social da população, por meio de ações relativas à garantia e à promoção dos direitos socioassistenciais, cujos principais objetivos são o enfrentamento da pobreza e o provimento de condições para a superação da vulnerabilidade social.

Entre as principais competências da Subsecretaria de Assistência Social, é preciso destacar:

» Cofinanciamento dos serviços, programas, projetos e benefícios eventuais e aprimoramento da gestão do SUAS em âmbito regional e local.

» Apoio técnico e financeiro aos municípios para a implantação e organização dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais.

» Monitoramento e avaliação da política de assistência social em sua esfera de abrangência.

» Organização, coordenação, articulação e monitoramento da rede socioassistencial no âmbito estadual e regional.

» Apoio ao fortalecimento das instâncias de controle social e aperfeiçoamento do sistema de controle e avaliação do SUAS no estado.

» Organização, coordenação e prestação dos serviços regionalizados da proteção social especial de média e alta complexidade.

8 Regionalização dos Serviços de Proteção Social Especial

Regionalização pse: conceito básicoA regionalização é uma estratégia prevista no SuaS para atendimento a um conjunto de municípios previamente identificados, que não possuem oferta municipal de serviços de Proteção Social Especial (PSE) e onde a baixa demanda de situações de violação de direitos, combinada com a alta vulnerabilidade social, justifiquem a oferta de serviços de PSE de forma regionalizada.

Nesse caso, a responsabilidade pela oferta é do estado, que pode executar os serviços de forma direta, indireta ou em regime de cooperação com os municípios.

Em todas essas situações, cabe ao estado a organização dos serviços, contando sempre com o apoio dos municípios e dos demais parceiros do Sistema de Garantia de Direitos.

Site MDS: mds.gov.br Site Sedese: social.mg.gov.br Blog MDS: blog.mds.gov.br/redesuasALMG: almg.gov.br

Fonseas: fonseas.org.br Cogemas MG: cogemasmg.org.br MPMG: mpmg.mp.br

Principais normativas que orientam e regulam o tema: Acesse Resolução CNAS nº 31/2013Acesse Decreto Estadual n° 46.438/2014Acesse Resolução CEAS MG nº 524/2015Acesse Lei Estadual nº 21.966/2016

NORMa OPERaCIONaL BÁSICa -NOB SuaS 2012

Art. 15. São responsabilidades dos Estados:[...] IV - organizar, coordenar e prestar serviços regionalizados da proteção social especial de média e alta complexidade, de acordo com o diagnóstico socioterritorial e os critérios pactuados na CIB e deliberados pelo CEAS;

Art. 54. Os Estados devem destinar recursos próprios para o cumprimento de suas responsabilidades, em especial para:[...] IV - a prestação de serviços regionalizados de proteção social especial de média e alta complexidade, quando os custos e a demanda local não justificarem a implantação de serviços municipais;

INfORMaçõES SOBRE a REGIONaLIzaçãO:

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Regionalização pse: QUais os cRitéRios?

A estratégia da regionalização é destinada aos municípios de pequeno porte I* e pequeno porte II** que não possuem oferta de serviços de PSE.

Os municípios aptos foram identificados por meio de diagnóstico socioterritorial elaborado pela SEDESE. A análise teve como base as regras gerais de participação estabelecidas nas normativas nacionais e estaduais, além de considerar também a concentração da vulnerabilidade socioeconômica municipal (IVM).

As Áreas de Abrangência da Oferta Regionalizada, formadas pelos municípios aptos identificados, foram pactuadas pela CIB e aprovadas pelo CEAS, conforme descrito no Plano Estadual de Regionalização.

*Municípios de Pequeno Porte I (PPI) são aqueles com população até 20 mil habitantes. **Municípios de Pequeno Porte II (PPII) são aqueles de 20.001 até 50 mil habitantes.

CRITéRIOS BÁSICOS PaRa a REGIONaLIzaçãO

Média Complexidade: Conjunto de dois a oito municípios de PPI, elegíveis em critérios pactuados na CIB e aprovados pelo CEAS, que pertençam a uma mesma comarca e que não possuam oferta de PAEFI municipal.

alta Complexidade: Conjunto de dois a oito municípios de PPI e II, elegíveis em critérios pactuados na CIB e aprovados pelo CEAS que pertençam a uma mesma comarca e que não possuam oferta de acolhimento municipal para crianças e adolescentes.

10 Regionalização dos Serviços de Proteção Social Especial

teRRitóRios de pRoteção social

A noção de território ocupa lugar de relevância na política do SUAS por agregar o conhecimento da realidade à dinâmica demográfica e socioterritorial. A partir da noção de território, é possível compreender e operar tecnicamente, considerando o alto grau de heterogeneidade e desigualdades socioterritoriais presentes entre os 853 Municípios mineiros.

Cada Território de Proteção Social é constituído por um conjunto de municípios que se alinham à necessidade de uma demarcação territorial mais próxima das realidades sociais, econômicas e culturais. Sob a noção de território, podemos reunir os municípios a partir das mais variadas dimensões, considerando suas histórias, a vocação de cada município e, em especial, as iniciativas coletivas para enfrentar os desafios do cotidiano.

Fonte: SEPLAG; SEDESE/Minas Gerais.

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cReas RegionaisA Proteção Social Especial de Média Complexidade organiza a oferta de serviços, programas e projetos de caráter especializado que requerem maior estruturação técnica e operativa, com competências e atribuições definidas, destinados ao atendimento às famílias e aos indivíduos em situação de risco pessoal e social, por violação de direitos.

Considerando a definição expressa na Lei nº 12.435/2011, o CREAS é a unidade pública estatal de abrangência municipal ou regional que tem como papel constituir-se em lócus de referência, nos territórios, da oferta de trabalho social especializado no SUAS a famílias e indivíduos em situação de risco pessoal ou social, por violação de direitos.

Nos serviços ofertados pelo CREAS podem ser atendidos famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social, por violação de direitos, em conformidade com as demandas identificadas no território, tais como: violência física, psicológica e negligência; violência sexual: abuso e/ou exploração sexual; afastamento do convívio familiar devido à aplicação de medida de proteção; situação de rua;

abandono; vivência de trabalho infantil; discriminação em decorrência da orientação sexual e/ou raça/etnia; descumprimento de condicionalidades do Programa Bolsa Família e do PETI em decorrência de situações de risco pessoal e social, por violação de direitos, entre outras.

Fonte da imagem: MDS, 2011 – Guia de Orientações CREAS.

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cReas RegionaisNa configuração regional, o CREAS, além da oferta do Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI) para os munícipios definidos na área de abrangência, será um ponto de apoio da proteção especial em todo o Território de Desenvolvimento onde ele estiver implantado.

Considerando a necessidade de maior articulação entre os atores da rede de proteção socioassistencial, notadamente entre o SUAS e o Sistema de Garantia de Direitos (SGD), sobretudo o Sistema de Justiça, os CREAS regionais serão referências do SUAS não apenas nas áreas de abrangência, mas em todo Território de Desenvolvimento.

Caberá ao equipamento regional a potencialização da defesa, proteção e garantia da convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes, bem como o fomento da proteção social especial de todos os demais públicos em situação de violência e violação de direitos, aproximando o estado dos municípios, em especial aqueles de pequeno porte.

Serão implantadas ainda instâncias de pactuação, discussão da oferta no âmbito da região/território e gestão compartilhada dos serviços, além da organização de fluxos e procedimentos entre a Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial.

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O Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora organiza o acolhimento, em residências de famílias previamente cadastradas, de crianças e adolescentes afastados do convívio de suas famílias por meio de medida protetiva, em decorrência de abandono ou cujas famílias encontrem-se temporariamente impossibilitadas de cumprir sua função de cuidado e proteção.

É uma modalidade de acolhimento que integra os serviços de Proteção Social Especial de Alta Complexidade e visa à reconstrução e ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários de crianças e adolescentes que, devido à vivência de situações de violação de direitos, tiveram seus laços familiares enfraquecidos ou até mesmo rompidos.

A oferta do Serviço Estadual de Acolhimento em Família Acolhedora se dará de forma regionalizada, ou seja, em um conjunto de municípios que compõem uma Área de Abrangência. Seu aspecto regionalizado será constituído pelo papel da equipe de profissionais que deverá circular por cada município abrangido.

O acolhimento propriamente dito, realizado pela família acolhedora, será no próprio município de origem da criança ou adolescente, garantindo, assim, o direito à convivência familiar e comunitária.

seRviço estadUal de acolhimentoem FamÍlia acolhedoRa

14 Regionalização dos Serviços de Proteção Social Especial

seRviço estadUal de acolhimentoem FamÍlia acolhedoRaA execução do Serviço Estadual de Acolhimento em Família Acolhedora, visando à efetivação da proteção integral de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar, deverá contemplar algumas atividades fundamentais para a sua operacionalização:

Divulgação – O serviço contará com ampla divulgação em cada município que compõe as Áreas de Abrangência, objetivando sensibilizar potenciais famílias acolhedoras;

Seleção – As famílias acolhedoras candidatas serão selecionadas a partir de avaliação prévia realizada pela equipe estadual;

Formação – As famílias acolhedoras selecionadas e vinculadas ao serviço deverão ser submetidas a um processo de formação continuada;

Acompanhamento – Cada equipe regional deverá realizar o acompanhamento de até 15 crianças e adolescentes acolhidos, juntamente com as famílias acolhedoras e as famílias de origem.

IMPORTaNTE

A PROPOSTA DO GOVERNO DE MINAS

GERAIS É QUE ATÉ 2017 O SERVIÇO

ESTADUAL DE FAMÍLIA ACOLHEDORA

ESTEJA IMPLANTADO EM SEIS ÁREAS

DE ABRANGÊNCIA.

15Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social - www.social.mg.gov.br

centRal de acolhimento

Trata-se de um dispositivo de gestão que será responsável, em suma, pela organização do acesso dos usuários aos serviços regionalizados de acolhimento, executados diretamente pelo poder público ou por entidades da rede socioassistencial, no cumprimento de medida judicial excepcional e provisória de acolhimento, conforme estabelece o Estatuto da Criança e do Adolescente.

(Orientações para Pactuação da Regionalização dos Serviços de Média e Alta Complexidade nas CIB - SNAS, 2014)

• em um primeiro momento, atender às demandas relativas apenas aos serviços de acolhimento regionalizados para crianças, adolescentes e jovens;

• incorporar as demandas nas futuras pactuações para outros serviços de acolhimento regionalizados que atendam outros públicos.

A estruturação da Central de Acolhimento visa:

IMPORTaNTE

A CENTRAL DE ACOLHIMENTO NÃO

DEVE SER CONFUNDIDA COM “CASA DE

PASSAGEM” , TENDO EM VISTA TRATAR-

SE DE DISPOSITIVO DE GESTÃO E NÃO

UNIDADE DE ACOLHIMENTO.

Caberá ao órgão gestor estadual da assistência Social estruturar a Central de Acolhimento noprocesso de regionalização dos Serviços de Acolhimento para Crianças, Adolescentes e Jovens.

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sistema de RegistRo de violação de diReitos

O quE é?

Ferramenta de gestão com foco nas violações que envolvem os públicos prioritários definidos pelo SUAS, nos 853 municípios do estado de Minas Gerais, visando, assim, garantir que os serviços socioassistenciais ofertem proteção social a todos os indivíduos e famílias que deles necessitarem.

O projeto prevê a implantação de sistema de registro de violações de direitos, em que serão inseridos os dados referentes aos casos de violação de direitos atendidos nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e nos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS) de todos os municípios de Minas Gerais.

a articulação e integração da rede de proteção social e do sistema de garantia de direitos.

a elaboração de relatórios e análise de dados que subsidie a elaboração de diagnósticos da incidência de violação de direitos em Minas Gerais;

o planejamento e a gestão dos serviços regionalizados de proteção social especial;

O SISTEMa DE REGISTRO DE VIOLaçãO DE DIREITOS deve permitir:

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LEI N° 21.966, DE 11 DE JaNEIRO DE 2016.

Institui os serviços regionalizados de proteção social especial de alta complexidade.

O GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS, O Povo do Estado de Minas Gerais, por seus representantes, decretou e eu, em seu nome, promulgo a seguinte Lei:

CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES INICIAIS

Art. 1º Ficam instituídos os serviços regionalizados de proteção social especial de alta complexidade, ofertados pelo Estado para garantir proteção integral às famílias e aos indivíduos com vínculos familiares rompidos ou fragilizados.§ 1º Os serviços regionalizados de que trata esta Lei serão ofertados no caso de a incidência da demanda e o custo de instalação não justificarem a implantação do serviço municipal.§ 2º A implantação e o reordenamento dos serviços regionalizados de proteção social especial de alta complexidade serão submetidos à pactuação na Comissão Intergestores Bipartite – CIB – e à aprovação

no Conselho Estadual de Assistência Social – Ceas.Art. 2º Os serviços regionalizados de proteção social especial de alta complexidade de que trata esta Lei terão como referência os Territórios de Desenvolvimento do Estado.

Parágrafo único. Considera-se Território de Desenvolvimento o espaço de desenvolvimento econômico e social constituído de municípios, no interior do qual se organizam pessoas e grupos sociais de identidade e cultura similares.Art. 3º A oferta dos serviços regionalizados de proteção social de alta complexidade observará as seguintes diretrizes:

I – cooperação federativa, que envolve a pactuação de responsabilidades e compromissos entre o Estado e os municípios;

II – coordenação estadual dos serviços regionalizados;III – cofinanciamento, com primazia do cofinanciamento dos entes estadual e federal para a oferta dos serviços regionais;IV – territorialização, considerando o papel fundamental do território para a identificação das vulnerabilidades e

anexo

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das potencialidades presentes na comunidade;V – articulação intersetorial e entre a rede socioassistencial e o sistema de garantia de direitos;VI – excepcionalidade do afastamento do convívio familiar;VII – oferecimento de estrutura física adequada à acessibilidade das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.Parágrafo único. Para fins do disposto no inciso VI deste artigo, o acolhimento de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar somente será adotado quando esgotadas as demais medidas de proteção previstas na legislação vigente e ocorrerá prioritariamente por meio do Serviço Regionalizado de Acolhimento em Família Acolhedora, a que se refere o inciso III do art. 6º desta Lei. Art. 4º A oferta dos serviços regionalizados de proteção social especial de alta complexidade terá como objetivos:I – promover assistência integral, preservando a segurança física e emocional dos acolhidos;II – conceder cuidados individualizados e condições favoráveis de desenvolvimento aos acolhidos;III – garantir aos acolhidos o direito à convivência familiar e comunitária, no intuito de possibilitar a preservação ou o restabelecimento dos vínculos familiares e comunitários;IV – propiciar aos acolhidos o acesso à rede de políticas públicas;

V – assegurar aos acolhidos a igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais e aos povos e às comunidades tradicionais;VI – garantir a universalização do acesso aos serviços socioassistenciais e a integralidade da proteção socioassistencial.Art. 5º O órgão gestor estadual da política de assistência social será responsável pela oferta dos serviços regionalizados de proteção social especial de alta complexidade, em uma das seguintes modalidades de execução dos serviços:I – direta;II – indireta, mediante ajuste com entidade da rede socioassistencial;III – compartilhada, em regime de cooperação entre o Estado e os municípios da área de abrangência dos serviços regionalizados.Parágrafo único. Na execução compartilhada dos serviços, a que se refere o inciso III deste artigo, o Estado e os municípios celebrarão instrumento jurídico válido que regulamente as obrigações de cada parte.Art. 6º Os serviços regionalizados de proteção social especial de alta complexidade compreendem:I – o Serviço Regionalizado de Acolhimento Institucional,

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nas seguintes modalidades:a) Abrigo Institucional;b) Casa Lar;c) Casa de Passagem;d) Residência Inclusiva;II – o Serviço Regionalizado de Acolhimento em República;III – o Serviço Regionalizado de Acolhimento em Família Acolhedora.

CAPÍTULO II - DOS SERVIÇOS REGIONALIZADOSSeção I Do Serviço Regionalizado de Acolhimento Institucional

Art. 7º O Serviço Regionalizado de Acolhimento Institucional na modalidade Abrigo Institucional, a que se refere a alínea “a” do inciso I do art. 6º, ofertará apoio e acolhimento provisório a pessoas em situação de abandono ou risco pessoal e social que necessitam de atendimento fora do núcleo familiar de origem.Parágrafo único. O serviço a que se refere o caput atenderá crianças, adolescentes, adultos, famílias, mulheres em situação de violência e idosos.Art. 8º O Serviço Regionalizado de Acolhimento Institucional na modalidade Casa Lar, a que se refere a alínea “b” do inciso I do art. 6º, oferecerá acolhimento para crianças, adolescentes e idosos em residências com características de uma unidade familiar e com cuidadores

residentes no local.Art. 9º A oferta do Serviço Regionalizado de Acolhimento Institucional nas modalidades Abrigo Institucional e Casa Lar se dará mediante as seguintes condições:I – cada município atendido deverá possuir até cinquenta mil habitantes;II – a oferta regional abrangerá até quatro municípios;III – os municípios atendidos deverão pertencer à mesma comarca;IV – o tempo de deslocamento entre o município sede da unidade regional e os municípios vinculados deverá ser de, no máximo, duas horas.§ 1º O limite de municípios estabelecido pelo inciso II poderá ser de até oito municípios desde que a soma da população dos municípios abrangidos não ultrapasse cento e sessenta mil habitantes.§ 2º O número de crianças e adolescentes acolhidos em cada unidade de Abrigo Institucional será de, no máximo, vinte, e o número de crianças e adolescentes acolhidos em cada unidade de Casa Lar será de, no máximo, dez.§ 3º O acolhimento para idosos nas modalidades de serviço regionalizado a que se refere o caput poderá ser de longa permanência em casos excepcionais, quando esgotadas todas as possibilidades de autossustento e convívio familiar.Art. 10. O Serviço Regionalizado de Acolhimento

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Institucional na modalidade Casa de Passagem, a que se refere a alínea “c” do inciso I do art. 6º, é de caráter provisório, imediato e emergencial e será ofertado, especialmente em regiões metropolitanas, a adultos e grupos familiares em situação de migração e ausência de residência ou em trânsito e sem condições de autossustento. Parágrafo único. O atendimento a indivíduos refugiados, imigrantes ou em situação de tráfico de pessoas poderá ser desenvolvido em local específico, a depender da incidência.Art. 11. O Serviço Regionalizado de Acolhimento Institucional na modalidade Residência Inclusiva, a que se refere a alínea “d” do inciso I do art. 6º, será ofertado a jovens e adultos com deficiência e com vínculos familiares rompidos, sem condições de sustentabilidade, com o propósito de favorecer a construção progressiva da autonomia, da inclusão social e comunitária e das capacidades adaptativas para a vida diária.

Seção II Do Serviço Regionalizado de Acolhimento em RepúblicaArt 12 O Serviço Regionalizado de Acolhimento em República, a que se refere o inciso II do art 6°, ofertará apoio e moradia a pessoas maiores de dezoito anos em estado de abandono, situação de vulnerabilidade e risco

pessoal e social, com vínculos familiares rompidos ou fragilizados e sem condições de moradia e autossustento, visando à gradual autonomia e à independência de seus moradores.

Parágrafo único. Serão acolhidos no serviço de que trata o caput deste artigo:I – jovens entre dezoito e vinte e um anos após desligamento de serviços de acolhimento para crianças e adolescentes ou em outra situação que demande esse serviço;II – adultos em processo de saída das ruas em fase de reinserção social;III – idosos com capacidade de gestão da moradia e em condições de desenvolver de forma independente as atividades da vida diária.

Seção III Do Serviço Regionalizado de Acolhimento em Família AcolhedoraArt. 13. O Serviço Regionalizado de Acolhimento em Família Acolhedora, a que se refere o inciso III do art. 6º, será ofertado, em residências de famílias previamente cadastradas e habilitadas, a crianças e adolescentes em situação de violação de direitos e afastados do convívio familiar por determinação judicial.§ 1º Serão acolhidos no serviço de que trata o caput prioritariamente crianças e adolescentes afastados

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provisoriamente do convívio familiar com possibilidade de reintegração à família de origem ou integração à família extensa, salvo casos emergenciais, nos quais inexistam alternativas de acolhimento e proteção.§ 2º Cada família acolherá apenas uma criança ou apenas um adolescente por vez, exceto quando se tratar de grupos de irmãos.§ 3º A família acolhedora assumirá a responsabilidade familiar integral pela criança ou pelo adolescente acolhidos, observando o disposto em regulamento.Art. 14. Para possibilitar a oferta do Serviço Regionalizado de Acolhimento em Família Acolhedora, serão efetuados os seguintes procedimentos: I – realização de processo de seleção e de formação de famílias acolhedoras com o perfil adequado para o acolhimento, conforme critérios estabelecidos em regulamento; II – preparação da família e seu acompanhamento pela equipe técnica de referência regional. Parágrafo único. A prestação do serviço pela família acolhedora será de caráter voluntário, mediante assinatura de termo de adesão ao programa com o Estado, não gerando vínculo empregatício ou profissional entre a família e o Estado.Art. 15. O Estado concederá às famílias acolhedoras subsídio financeiro mensal de, no máximo, um salário-

mínimo para cada criança e adolescente acolhido, durante o período de efetivo acolhimento, objetivando não onerar as famílias e garantir a efetivação dos compromissos assumidos. § 1º Em se tratando de crianças ou adolescentes com deficiência ou demandas específicas de saúde, devidamente comprovadas, o subsídio financeiro poderá ser ampliado em até um terço do montante. § 2º No caso de uma mesma família acolher grupo de irmãos, o valor do subsídio mensal será proporcional ao número de crianças e adolescentes, até o teto de três vezes o valor mensal estabelecido, ainda que seja superior a três o número de crianças e adolescentes acolhidos. § 3º O subsídio financeiro será utilizado exclusivamente na forma prevista no Plano de Acompanhamento Individual e Familiar, a ser construído de maneira colaborativa entre a equipe do serviço e a criança ou o adolescente acolhidos. § 4° Em se tratando de acolhimento familiar em período inferior a um mês, a família receberá o subsídio financeiro proporcional ao período de acolhimento, não inferior a 25% (vinte e cinco por cento) do valor mensal. § 5º A família acolhedora que receber o subsídio financeiro e não cumprir com a responsabilidade familiar integral da criança fica obrigada a ressarcir ao Estado a importância recebida durante o período da irregularidade,

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devidamente corrigida.Art. 16. O Serviço Regionalizado de Acolhimento em Família Acolhedora subsidiará o Poder Judiciário e o Ministério Público quanto ao desligamento da criança e do adolescente, possibilitando o retorno para a família de origem, nuclear ou extensa, o acolhimento em outro espaço de proteção ou o encaminhamento para adoção.Parágrafo único. A criança e o adolescente no processo de desligamento serão escutados individualmente e receberão apoio emocional, focando no retorno familiar, no acolhimento em outro espaço, no encaminhamento para adoção e na separação da família acolhedora.

CAPÍTULO III - DISPOSIÇÕES FINAISArt. 17. Para fins da organização dos serviços de que trata esta Lei, o Estado manterá uma central de acolhimento com a atribuição de registrar, controlar e sistematizar informações sobre os serviços regionalizados que ofertam o acolhimento de crianças, adolescentes e jovens, disponibilizando a relação de vagas e a indicação da vaga mais adequada disponível na área de abrangência.Art. 18. Para melhor identificação da incidência das situações de violação de direitos, o Estado instituirá o Sistema de Registro e Notificação de Violação de Direitos, que oferecerá aos órgãos gestores do Sistema Único de Assistência Social informações territorializadas

da ocorrência de violação de direitos, dando subsídios para melhor planejamento e execução das políticas públicas de proteção social especial de média e alta complexidades.Art. 19. As despesas para manutenção dos serviços de proteção social especial de alta complexidade serão subsidiadas com recursos financeiros oriundos do Tesouro Estadual e cofinanciamento da União, bem como de convênios com outros órgãos públicos e privados.Art. 20. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Palácio Tiradentes, em Belo Horizonte, aos 11 de janeiro de 2016; 228º da Inconfidência Mineira e 195º da Independência do Brasil.

BIBLIOGRAFIABRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Orientações para Pactuação da Regionalização dos Serviços de Média e alta Complexidade nas Comissões Intergestores Bipartite - CIB. 1ª ed. Brasília: MDS, 2014, 112p.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Orientações Técnicas: Centro de Referência Especializado de assistência Social. Brasília: MDS, 2011.

BRASIL. Conselho Nacional de Assistência Social. Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. Resolução nº 109. Brasília, 2009.

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social. Plano Estadual de Regionalização dos Serviços de Proteção Social Especial de Média e alta Complexidade. SEDESE - Belo Horizonte, 2015.

MINAS GERAIS. Lei nº 21.966, de 11 de janeiro de 2016. Institui os serviços regionalizados de proteção social especial de alta complexidade no âmbito de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2016.

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