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Prefeitura do Município de São Paulo Marta Suplicy Prefeita Secretaria do Governo Municipal São Paulo, maio de 2004 Região Metropolitana de São Paulo gestão em debate

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Page 1: Região Metropolitana de São Paulo - Prefeituradebate é uma iniciativa da Prefeitura de São Paulo, organizada pela Secretaria do Governo Municipal. ... Rio Grande da Serra Salesópolis

Prefeitura do Município de São Paulo

Marta SuplicyPrefeita

Secretaria do Governo Municipal

São Paulo, maio de 2004

RegiãoMetropolitanade São Paulo

gestão em debate

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Região Metropolitana de São Paulo: gestão emdebate é uma iniciativa da Prefeitura de São Paulo,

organizada pela Secretaria do Governo Municipal.

CoordenaçãoAssessoria de Assuntos Metropolitanos

Edson Aparecido da Silva

Edson Lopes da Silva Monteiro

Luiz Alexandre Lara

Silvia Maria Tommasini

Pesquisa e elaboração de dadosFundação Escola de Sociologiae Política de São Paulo

Projeto Gráfico e EditoraçãoLaura Muka de Assis Rocha

PatrocínioAlcântara Machado Promoções

RegiãoMetropolitanade São Paulo

gestão em debate

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o apresentarmos este caderno Região Metropolitana de São Paulo – Gestão em Debate,pretendemos dar continuidade a uma discussão por nós iniciada já no primeiro ano do governoMarta Suplicy: a necessidade de integração dos 39 municípios da região, de modo a procurarsoluções para os problemas que atingem seus quase 18 milhões de habitantes.

A Região Metropolitana de São Paulo concentra 48,3% da população do Estado e responde por16,7% do PIB nacional e por 47,6% do PIB do Estado de São Paulo, segundo dados de 2000. Apesar disso,não se dispõe atualmente de mecanismos de gestão que dêem conta das enormes carências produzidaspelo modo desigual como a região se desenvolveu e pela crise econômica dos últimos 20 anos.

Esta reedição atualizada e ampliada da publicação “A Região Metropolitana de São Paulo – Um BrevePerfil dos 39 Municípios”, lançada pela prefeitura paulistana em agosto de 2002, procura enriquecer osdebates da URBIS 2004 (Feira e Congresso Internacional de Cidades), que este ano trata do tema“Cidades e Regiões Metropolitanas: Estratégias para o Desenvolvimento”.

A realização da URBIS e a provocação do debate em torno das relações metropolitanas refletem apreocupação da Prefeitura de São Paulo em fomentar a discussão sobre a integração entre as cidadesda nossa região.

E dessa integração depende a criação de relações de cooperação, de modo a enterrar a equivocadacompreensão que levou à competição entre os municípios, por meio da chamada guerra fiscal, e àstentativas de implementação do modelo de Estado mínimo, embasada no que se convencionou chamarde “falência do Estado”.

Tal visão distorcida do federalismo, em alta nas últimas duas décadas do século passado e ainda comreflexos nos primeiros anos do novo milênio, produziu efeitos desastrosos no país, como a expansão dodesemprego, a proliferação da miséria e o perverso engessamento da capacidade de intervenção doEstado, cada vez mais privatizado e reduzido ao papel de agente dos interesses privados, em detrimentodo socorro à enorme massa excluída pelo processo de desenvolvimento do capitalismo global, massaque se concentra nas regiões metropolitanas.

A Prefeitura de São Paulo tem procurado reverter as conseqüências negativas das privatizações e daausência do Estado, com intervenções que vão do âmbito local ao internacional:

Localmente, por meio de ações moralizantes que estancaram os vazamentos nos cofres públicoscausados pela corrupção; pela inversão de prioridades, voltando a administração para a parcela dapopulação que mais precisa da presença do Estado; e pela implementação das Subprefeituras,mecanismo de gestão capaz de aproximar cada vez mais o governo dos moradores da cidade, paraver e ouvir seus anseios e responder de forma mais imediata e eficiente;

Região Metropolitana de São Paulo: gestão em debate

Um modelo de gestãopara o desenvolvimento

AA

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Regionalmente, procurando se integrar aos municípios da Região Metropolitana de São Paulo, aexemplo do Fórum de Prefeitos e Prefeitas da RMSP, em abril de 2001, com a participação da maiorparte das 39 cidades da região, do Seminário Internacional realizado em outubro do mesmo ano, comoito mesas temáticas que discutiram saídas para questões regionais, e da participação em fórunssetoriais, como o Fórum Metropolitano de Segurança Pública, o Fórum de Secretários de NegóciosJurídicos e o Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, do qual a prefeita Marta Suplicy foi presidenteentre fevereiro de 2001 e fevereiro de 2003;

Nacionalmente, participando da Frente Nacional de Prefeitos, entidade que envolve a participaçãodos dirigentes dos grandes municípios brasileiros, primordialmente capitais e cidades-núcleo deregiões metropolitanas;

Internacionalmente, através da articulação da cidade com os mais diversos organismos decongregação das cidades globais, ação que teve seu coroamento com a eleição da prefeita MartaSuplicy para a presidência da CGLU (Cidades e Governos Locais Unidos), em 5 de maio último. A CGLUé uma espécie de ONU das cidades, congregação que nasce como a maior representação mundial degrandes cidades e regiões no mundo.

Do ponto de vista da integração regional, tema que esta publicação se propõe a debater, há ainda muitoa ser feito. Além das experiências setoriais já citadas, há também algumas de âmbito sub-regional, comoo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e o CONISUD, consórcio que congrega os municípios deEmbu, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Juquitiba, São Lourenço e Taboão da Serra. Mas o fato é quenão existe gestão para a região metropolitana como um todo, papel que cabe, constitucionalmente, aoGoverno do Estado de São Paulo, mas que não foi efetivado.

Os municípios da Região Metropolitana de São Paulo vivem hoje uma situação contraditória refletida nocrescimento de sua participação na carga tributária do país, com redução dos repasses de recursosfederais e estaduais e que impõe pesadas restrições na capacidade do Poder Público Local de promoverinvestimentos em infra-estrutura e serviços que visem melhorar a condição de vida da população.

A saída para essa situação passa pela retomada do desenvolvimento da região, a partir do crescimentoeconômico, da implementação de um projeto nacional de desenvolvimento para as regiõesmetropolitanas e da criação de um novo arranjo institucional para a Região Metropolitana de São Paulo,por meio do qual os municípios sejam os protagonistas nas decisões e que o Estado e a União estejamrepresentados e tenham atribuições.

Um organismo apto a receber aportes de recursos e por meio do qual as municipalidades, porta-vozesdiretas das demandas das populações, possam deliberar sobre o planejamento de metas, ações einvestimentos para a região.

É necessário repensarmos o que podemos chamar de pacto federativo-tributário-distributivo, de modoque os municípios das regiões metropolitanas tenham instrumentos para resolver ou minorar oscrescentes problemas comuns a uma conurbação de 39 cidades em 8.051 km² e que concentra quase18 milhões de habitantes, como a Região Metropolitana de São Paulo.

Região Metropolitana de São Paulo: gestão em debate

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Região Metropolitana de São Paulo: gestão em debate

Região Metropolitana de São Paulocongrega 39 municípios e ocupa umaárea de 8.051 km².

Sua área urbanizada é de 2.139 km²,aproximadamente 146 mil quarteirões.

A região concentra 16,7% do Produto Interno Brutodo país e 47,6% do PIB do Estado de São Paulo.

A população é de aproximadamente 18milhões de pessoas. Um a cada dez brasileirosvive aqui. Em número de habitantes, São

Paulo está atrás de Tókio (29 milhões), NovaIorque (21 milhões) e Cidade do México (19milhões) e à frente de Londres (14 milhões),Buenos Aires (12 milhões) e Paris (11milhões).

A Região Metropolitana de São Paulo estáassentada a uma altitude média de 750 metrosacima do nível do mar e tem a maior parte doseu território situada na Bacia Hidrográfica doAlto Tietê.

Fonte: Emplasa

REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

Arujá

Barueri

Biritiba Mirim

Caieiras

Cajamar

Carapicuíba

CotiaDiadema

Embu

Embu-Guaçu

Ferraz deVasconcelos

FranciscoMorato

Franco da Rocha

GuararemaGuarulhos

Itapecericada Serra

Itapevi

Itaquaquecetuba

Jandira

Juquitiba

Mairiporã

Mauá

Mogi das Cruzes

Osasco

Pirapora doBom Jesus

Poá

Ribeirão Pires

Rio Grandeda Serra

Salesópolis

Santa Isabel

Santana de Parnaíba

SantoAndré

São Bernardodo Campo

São Caetanodo Sul

São Lourençoda Serra

São Paulo

SuzanoTaboãoda SerraVargem Grande

Paulista

AA

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Região Metropolitana de São Paulo: gestão em debate

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

CCaappííttuulloo II –– DDiiaaggnnóóssttiiccoo ddaa rreeggiiããooCCaappííttuulloo II –– DDiiaaggnnóóssttiiccoo ddaa rreeggiiããoo .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 9999

Gestão metropolitana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11Atividade econômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13Saneamento ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16Meio ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20Habitação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23Segurança pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25Fronteiras do município . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26Algumas experiências de articulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

CCaappííttuulloo IIII –– QQuueessttõõeess rreeggiioonnaaiiss ppaarraa oo ddeebbaatteeCCaappííttuulloo IIII –– QQuueessttõõeess rreeggiioonnaaiiss ppaarraa oo ddeebbaattee .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 33553355

Administrar a metrópole: um desafio sempre adiado – Ladislau Dowbor . . 36A necessária integração dos transportes - Ana Odila de Paiva Souza eMarise Rauen Vianna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39Plano de mobilidade de bens e serviços - Ronaldo Tonobohn . . . . . . . . . . . 45São Paulo e seus aeroportos - Ricardo Guerra Florez e Luiz Alexandre Lara . . . 50Saneamento ambiental: desafios e perspectivas - Edson Aparecido da Silva . . . 55Habitação depende de esforços integrados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59As amarras dos municípios e a necessidade de gestão metropolitana . . .62Comunidade Metropolitana de São Paulo - Ubiratan de Paula Santos . . . . . . .66

CCaappííttuulloo IIIIII –– HHiissttóórriiccoo ddaa rreeggiiããoo ee ppeerrffiill ddooss 3399 mmuunniiccííppiioossCCaappííttuulloo IIIIII –– HHiissttóórriiccoo ddaa rreeggiiããoo ee ppeerrffiill ddooss 3399 mmuunniiccííppiiooss .. .. .. .. .. .. 77117711

Indicadores de qualidade de vida dos municípios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .72A região e seus fluxos: breve percurso histórico - Maria Candelária de Moraes eSilvia Maria Tommasini . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .73Perfil e histórico dos municípios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .80

AAnneexxoossAAnneexxooss .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 116611116611

Indicadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162Fontes de dados utilizadas e respectivas siglas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .165Sites com informações da RMSP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .166Sites com informações sobre os municípios da RMSP . . . . . . . . . . . . . . . 168

ÍNDICE

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Região Metropolitana de São Paulo: gestão em debate 7

realização da URBIS 2004, sob o temaCidades e Regiões Metropolitanas:Estratégias para o Desenvolvimento,representa oportunidade de reiterar asconstantes preocupações da atualadministração municipal paulistana com

os destinos da Região Metropolitana de São Paulo.

A ausência de definições e, mesmo, iniciativasquanto às políticas públicas e de umaconfiguração institucional para a região,simultâneas ao aumento das demandas sociaise dos problemas urbanos, provocam anecessidade de uma visão coletiva que envolvaos seus 39 municípios. O reconhecimento darealidade regional comum e a expectativa deentendimentos sobre as peculiaridades locaisorientam a concepção desta publicação, voltadaà busca de novos caminhos, assim como sugerea temática deste evento internacional decidades.

Inicialmente, este trabalho procura mostrar osprincipais aspectos desta realidade comum,tratando os vários episódios que compõem ocontexto cotidiano da vida social e econômicana região como um todo. São relatos quasedescritivos que, sem escapar da objetividadedos fatos e dos dados, suscitam raciocínios einduzem indagações acerca da situação em quese encontra a mais importante área conurbadado País.

Desta maneira são abordados os assuntos quese destacam no arranjo regional, incluindo aproblemática da gestão, dos desempenhossetoriais e das relações de fronteiras entremunicípios vizinhos, como tambéminformações sobre as experiências deassociações intermunicipais.

Artigos escritos por especialistas analisam algunspontos do conglomerado metropolitano,

observando-os no sentido de desvendá-los eencaminhar questões para um debate queenvolva gestores públicos e privados e cidadãosinteressados. As contradições entre aarrecadação e a redistribuição fiscal, que geramefeito perverso ao desenvolvimento e àconcentração humana na região, sãoexaminadas ao lado de outras ambigüidades,como as relativas à habitação popular e aostransportes coletivos. Ainda neste bloco,manifesta-se a preocupação da Prefeitura de SãoPaulo sobre a gestão da região metropolitana.

Completando os estudos e análisescompreendidos por esta publicação, segue aapresentação dos municípios que constituem aregião, apontando os principais indicadores sócio-econômicos e a síntese da evolução histórica.Resumem as características que identificam cadauma das unidades político-administrativas locais,que abrigam atividades produtivas e de consumodiferenciadas, concentram aglomeraçõeshumanas desiguais e desempenham papéis sub-valorizados no complexo processo dedesenvolvimento regional.

Uma listagem dos sites consultados para acoleta de informações sobre a regiãometropolitana e os municípios está disposta aofinal da publicação e oferece alternativa fácil esegura para ampliar e aprofundar oconhecimento destas realidades. Nas páginasfinais também há um glossário com os termostécnicos utilizados nos indicadores municipais.

Assim, elaborada com conteúdos preocupadoscom a visibilidade das diversas situações vividasneste complexo contexto regional, espera-se queesta publicação sirva para destacar a necessidadede se considerar a Região Metropolitana de SãoPaulo como um organismo vivo, integrado emsua formação e carente de estratégia para o seudesenvolvimento.

APRESENTAÇÃO

AA

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Abordando alguns dos principais aspectos dagestão e do desenvolvimento da RegiãoMetropolitana de São Paulo, as análisesapresentadas neste capítulo tratam de situar,em linhas gerais, as condições em que seencontram os seguintes temas:

Gestão metropolitana;Atividade econômica;Saneamento ambiental;Meio ambiente;Habitação;Segurança pública;Fronteiras do município de São Paulo;Experiências de articulação.

CAPÍTULO IDIAGNÓSTICO DA REGIÃO

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Vista aérea da RMSP (imagem gerada por satélite)

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crescimento da ocupação urbana emvárias regiões do país acabou pordefinir as áreas metropolitanas comoespaços múltiplos, envolvendo interessespeculiares a cada município eproblemas regionais, que transcendem

a competência exclusiva de cada nível degoverno.

No Estado de São Paulo, além das experiênciasrecentes das regiões de Santos e Campinas, aprecursora Região Metropolitana de São Pauloconheceu poucas soluções de cooperação ede administração regional.

Os modelos adotados mostraram-se incapazesde darem respostas ao quadro estabelecido,seja por questões políticas que subestimam odiálogo intermunicipal ou mesmo sub-regional, seja pela posição centralista doEstado na discussão metropolitana.

A gestão metropolitana de São Paulo teveinício em 1967, quando o Governo do Estadoinstituiu sua primeira política de regionalizaçãoadministrativa, criando, por decreto, a Regiãoda Grande São Paulo, composta por 33municípios.

Em 1969, por meio de emenda constitucional,a administração das regiões metropolitanas foitransferida à União, que em 1973, com a LeiComplementar nº 14 de 8/6/73, instituiu aRegião Metropolitana de São Paulo, compostaentão por 37 municípios.

Naquela época, foram criados o Conselho deDesenvolvimento da Grande São Paulo(Codegran) e o Grupo Executivo da Grande SãoPaulo (Gegran), organismos encarregados doplanejamento metropolitano, que elaboraram,em 1970, o primeiro plano de gestão para aregião, o PMDI (Plano Metropolitano deDesenvolvimento Integrado da Grande São

Paulo), sob a égide do governo militar, com aexecução das políticas a cargo do governoestadual.

Em 1975, o sistema metropolitano adaptou-seàs normas federais de 1973 com a implantaçãode um novo sistema de gestão, o Sistema dePlanejamento e Administração Metropolitana,vinculado à Secretaria de NegóciosMetropolitanos, formado pelo ConselhoConsultivo (Consulti), pelo Codegran, peloFundo Metropolitano de Financiamento eInvestimento (Fumefi), administrado peloBanco de Desenvolvimento do Estado de SãoPaulo (Badesp), pela Empresa Metropolitanade Transportes Urbanos (EMTU) e pelaEmpresa Metropolitana de Planejamento daGrande São Paulo (Emplasa), órgão técnico eexecutivo da política metropolitana, cujasatribuições principais eram, além daelaboração de planos e projetos, a análise e olicenciamento de empreendimentos sujeitos àLei de Proteção aos Mananciais e à Lei deZoneamento Industrial.

A partir das eleições de 1982 iniciaram-sepolíticas de descentralização administrativa eautonomia estadual, consagradas pelaConstituição Federal de 1988, que devolveu àesfera estadual o controle das regiõesmetropolitanas. Assim, a RMSP, compostapelos seus atuais 39 municípios, voltou a sercontrolada pelo Estado, a quem compete, atéhoje, desenvolver políticas de gestãometropolitana. Os municípios da região poucopodem interferir na gestão, exercendo umpapel subalterno, apesar de configurareminstâncias fundamentais na criação de políticasregionais.

Em 1995, foram desativados a Secretaria deNegócios Metropolitanos e os órgãos vinculadosao Sistema de Planejamento e AdministraçãoMetropolitana. Nesse processo, a Emplasa

Região Metropolitana de São Paulo: gestão em debate 11

OOGestão metropolitana

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perdeu boa parte de suas atribuições e com elasa importância estratégica do principal órgãoresponsável pelo planejamento de políticasregionais.

Passados mais de trinta anos da experiênciade planejamento metropolitano, forampoucos os avanços. Embora com a existênciaformal de um Sistema de Planejamento eAdministração Metropolitana e de umaEmpresa Metropolitana de Planejamento, cadamunicípio e órgãos estaduais continuaramelaborando e executando isoladamente suaspolíticas.

A necessidade de implementar açõescompartilhadas para o enfrentamento deproblemas comuns da metrópole temincentivado a modalidade de arranjoinstitucional na forma de consórciosintermunicipais ou sub-regionais.

A Região Metropolitana de São Paulo aindanão foi adequada às regras instituídas pelaConstituição Federal de 1988 e pelaConstituição do Estado de 1989, emboraexistam iniciativas com esse propósito emtramitação na Assembléia Legislativa doEstado de São Paulo. Desenvolver um modelode gestão de âmbito metropolitano exige a

conjugação de esforços de muitos agentesintervenientes: os governos locais, a sociedadecivil com seus diversos segmentos, o governoestadual, instituições relacionadas aoplanejamento, entre outros.

Com a criação do Ministério das Cidades em2003, o governo federal volta a participar dosdebates envolvendo o tema, que havia sidoremetido aos Estados pela Constituição. Issopode significar um aporte de peso para quepossamos resolver o impasse institucional noqual as regiões metropolitanas estiverampresas todos esses anos

Região Metropolitana de São Paulo: gestão em debate12

Desenvolver um modelo de gestãode âmbito metropolitano exigea conjugação de esforços de muitosagentes intervenientes: os governoslocais, a sociedade civil com seusdiversos segmentos, o governoestadual e instituições relacionadasao planejamento, entre outros.

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mais complexa e diversificadaestrutura produtiva industrial do paísestá na Região Metropolitana de SãoPaulo, que se constitui como pólo deprestação de serviços e centro

financeiro, além de representar a sua maiorconcentração de trabalhadores. É também oprincipal mercado consumidor e gerador detributos e fator de dinamismo para o conjuntoda economia brasileira, integrando rede demetrópoles globais, juntamente com NovaIorque, Londres e Tóquio, entre outras.

A região, especialmente alguns de seusmunicípios, como os do ABC, Guarulhos,Osasco e a Capital, foi beneficiada durantealgum tempo (anos 50 e 60) por investimentospúblicos e privados na indústria, acelerando oprocesso de concentração na produção debens de capital e de consumo durável, comoas industrias metalúrgica e automobilística.

O Produto Interno Bruto da RMSP correspondea 16,7% do PIB brasileiro, um sexto da riquezagerada em todo o território nacional, e a 47,6%do produto do Estado de São Paulo, estando oPIB per capita da região em torno de U$ 5.545.

Entretanto, apesar desta posição dedestaque, a economia da região vempassando por uma reestruturação produtiva eexperimentando mudanças em seu processode crescimento.

O setor industrial empregava em 1985, 32,8%do total da população economicamente ativa,totalizando 1,8 milhão de trabalhadores.Atualmente, o setor emprega menos de 20%da PEA, em torno de 1,2 milhão de pessoas.No período de 1995 a 2000, 47% dosinvestimentos privados da RMSP, equivalentesa US$ 15,4 bilhões, foram destinados ao setorindustrial. Entretanto, a introdução de novastecnologias fez com que se absorvessem

menos trabalhadores, apesar do aumento daprodução.

Os setores financeiros e de serviços estãoconsolidando seus espaços econômicos naregião, incorporando atividades altamentesofisticadas e especializadas, tais como asatividades financeiras e de desenvolvimentodos setores de informática. Atividades que,pelas suas características, ocupam pouca mão-de-obra e em geral bastante qualificada.

Região Metropolitana de São Paulo: gestão em debate 13

AAAtividade econômica

ESTABELECIMENTOS POR SETORES, 2000ESTABELECIMENTOS POR SETORES, 2000

Número de estabelecimentos - Indústria

Brasil / Estado de São Paulo(Brasil 100%)

Estado de São Paulo / RMSP(Estado de São Paulo 100%)

RMSP / Municípios de São Paulo(RMSP 100%)

Fonte: Ministério do Trabalho, RAIS.

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Atualmente, a RMSP hospedao maior número de sedesadministrativas de empresasnacionais e internacionais ecerca de 20 dos maioresbancos do país que, noconjunto, representam maisda metade das agênciasbancárias brasileiras. Aquiestão aproximadamente 65%das instituições financeirasmultinacionais em operaçãono Brasil.

Conforme os números dosestabelecimentos e dos empregos coletadospela (Rais) Relação Anual de InformaçõesSociais, do Ministério do Trabalho, verifica-se asituação das atividades e das ocupaçõesgeradas pelos setores do comércio, de serviçose da industria na RMSP em 2001. O setor deserviços conta com o maior número deestabelecimentos, sendo 125.319 unidadesque empregam 2.769.547 pessoas, contra48.058 unidades do setor industrial. Noentanto, as industrias fornecem,proporcionalmente, o maior número deempregos: 1.153.174. O comércio conta com109.476 unidades e mantém 731.782empregos.

Dados da Secretaria Estadual da Fazendarevelam uma expressiva queda naarrecadação de ICMS (Imposto sobre aCirculação de Mercadorias e Serviços) nosetor industrial, que, apesar disso, continua aser a atividade com maior contribuição fiscalna região.

A evolução da economia metropolitanamostra significativas transformações.Gradativamente, os espaços da indústria vão

se reduzindo, ampliando-se a importância dosetor terciário. Postos de trabalho no setorindustrial foram perdidos, e via de regra, asvagas criadas no setor de serviços exigembaixa qualificação e oferecem saláriosmenores.

Um importante fator para a dinâmica da vidanas regiões metropolitanas é a análise domercado de trabalho, e seu principal indicadoré a variação do número de desempregados. Asduas fontes mais importantes para estaaferição são o IBGE (Instituto Brasileiro deGeografia e Estatísticas) e o convênio entre aFundação Seade (Sistema Estadual de Análisede Dados) e o Dieese (DepartamentoIntersindical de Estatísticas e EstudosSocioeconômicos), que realizam pesquisasmensais, adotando técnicas de amostragem emetodologia diferentes.

O aumento do desemprego tem caracterizadoo mercado de trabalho em todo o país. NaRegião Metropolitana de São Paulo, o índicede desemprego, segundo o IBGE, subiu de13,9% em março de 2003 para 14,6 % emmarço de 2004. O número de desempregadosna região atingiu 1,33 milhão.

A pesquisa realizada pelo Seade-Dieese indicaque a taxa de desemprego, em março de 2004,

Região Metropolitana de São Paulo: gestão em debate14

Emprego e Renda

Distribuição do número de estabelecimentos, segundoos setores de atividade econômica: 2000 (em %)

Fonte: Ministério do Trabalho; RAIS.

SETOR ICMS / 2001 ICMS / 2002 2002 - 2001Serviço 7.260.580.885 6.953.099.111 -307.481.774

Comércio 4.383.721.612 4.776.403.629 +392.682.017

Indústria 13.552.060.82 12.911.025.856 -641.034.965

OBS: Dados em reais (R$)

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foi de 20,6%, superando 1/5 da PopulaçãoEconomicamente Ativa (PEA) da região. Esseresultado atinge 2 milhões o número dedesempregados no mês de março,correspondendo a um acréscimo de 127 milpessoas neste contingente.

Esses resultados confirmam a seqüênciahistórica de decréscimo do emprego, que temsido medida nos últimos 14 anos pelo Seade-Dieese. Em 1990 o índice de desemprego erade 10,3%, alcançando 15,9% em 1992,seguindo-se três anos de pequenas melhorasna oferta de empregos e retomando atendência de desemprego crescente à partirde 1996.

Em relação à renda observa-se o declínio dorendimento médio da população ocupada naRMSP. Em 2002 este rendimento era 28,3%menor que o registrado em 1997.

A redução de oportunidades de ocupação e adiminuição da renda, proveniente de salário,contribuem na aproximação do indivíduo e desua família das situações de pobreza.Considerando-se que o acesso ao trabalhoconstitui um direito, cada vez mais difícil paratodos os cidadãos, observa-se que ascondições oferecidas têm apresentadocontradições que se agravam e ampliamsensivelmente os riscos de exclusão social.

Região Metropolitana de São Paulo: gestão em debate 15

Taxa de desemprego na RMSP (em %)

Renda média dos trabalhadorespor setor de atividade na RMSP (em R$)

Distribuição da ocupaçãopor setor de atividade na RMSP (em %)

Fonte: Seade-Dieese, PED.

Fonte: Seade-Dieese, PED.

Fonte: Seade-Dieese, PED.

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s elevados índices de concentraçãopopulacional em áreas com baixosíndices de urbanização - coleta etratamento de esgoto sanitário, redede drenagem urbana de águas

superficiais - podem oferecer riscos ambientaisque favoreçam a proliferação de doenças,principalmente as de veiculação hídrica, comoa leptospirose e as infecto-contagiosas.

O modelo de prestação de serviços no setorde saneamento, ainda centralizado nas mãosdo Estado, perpetua o modo de gestão dosserviços públicos dos governos militares, nosquais os municípios não são chamados aopinar sobre os investimentos, mesmo sendoeles definidos constitucionalmente comoPoder Concedente dos serviços.

A incapacidade dos sistemas de saneamentopara atenderem plenamente às áreasadensadas e ainda em crescimento, de modoa universalizar a coleta, representa umconjunto de problemas que se agravam ecarecem de soluções compartilhadas queenvolvam os governos do Estado e municípiosnum mesmo patamar.

A RMSP, como as demais regiõesmetropolitanas do país, experimenta a difícilcorrida entre o aumento da demanda deserviços e a queda de investimento nossetores de saneamento ambiental, reduzindoas possibilidades quanto ao desenvolvimentocompatível com a qualidade de vida de seushabitantes e com os recursos naturais aindadisponíveis.

São examinadas, na seqüência, as situaçõesrelativas às principais áreas de serviços eproblemas comuns aos municípiosmetropolitanos quanto ao setor desaneamento.

Os serviços de abastecimento de água e decoleta e tratamento de esgotos são executadosem 31 municípios da região pela Sabesp(Companhia de Saneamento Básico do Estadode São Paulo); os demais têm serviçosmunicipais ou autônomos. Segundoinformações da PNSB (Pesquisa Nacional deSaneamento Básico), realizada pelo IBGE, 96,6%dos domicílios em nossa região são abastecidosde água tratada para consumo humano,enquanto que a coleta dos esgotos fica emtorno de 81%. E aí vem o mais grave - o índicede tratamento desses esgotos antes que sejamlançados nos rios e córregos não passam de37,5%, segundo a mesma fonte. As tubulaçõesde água possuem 31.594 km de extensão,46,8% superior aos 21.522 km de tubulaçõesdestinadas ao esgotamento sanitário.

As ligações domiciliares de água na regiãometropolitana de Belo Horizonte abrangem98,8%; em Porto Alegre 79,9%; em Recife74,8% e no Rio de Janeiro 69,6%, segundodados da PNSB de 2000.Os dados da (PNAD) Pesquisa Nacional por

OOSaneamento ambiental

Água e Esgoto

Evolução da extensão das redes de águae de esgoto na RMSP em % (1995 / 2001)

Fonte: Sabesp e Prefeituras Municipais

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Amostra de Domicílio realizada em 2000 noEstado de São Paulo revelam uma tendênciade índices estáveis na cobertura dos serviçosde abastecimento de água, em torno de98,4%, e de esgotamento sanitário, por voltade 87,1%, sem, no entanto, atingir auniversalização desejável. Para a RMSPobserva-se o mesmo comportamento, com96,6% dos domicílios atendidos por rede geralde abastecimento de água e 81,39% por redepública de esgotos, proporção inferior àregistrada para o total do Estado.

A Sabesp arrecada dos 366 municípios em queopera no estado, em torno de R$ 4 bilhões, e72% desse montante vêm das tarifas cobradasna RMSP, sendo que o município de São Paulocontribui com 60% desse valor. O subsídiocruzado - mecanismo de repasse de recursosde uma região superavitária para outradeficitária - praticado pela empresa desaneamento drena os investimentos quepoderiam ser aplicados em nossa região, sema devida consulta aos municípioscontribuintes.

Na Região Metropolitana de São Paulo sãoproduzidos diariamente cerca de 18 miltoneladas de lixo doméstico, sendo 12 mil nacidade de São Paulo, aproximadamente 1,2 kgpor habitante a cada dia. Apesar de ser quaseque totalmente recolhido, uma parcela vaiparar em rios, lagos e terrenos baldios,contribuindo para ocorrência de enchentes etransmissão de doenças.

Na cidade de São Paulo são coletadosdiariamente 16 mil toneladas de resíduossólidos. Quanto aos principais geradores deresíduos, além do lixo doméstico, destacam-seos 4.700 geradores de resíduos de saúde,32.000 indústrias e 980 feiras livres semanais.Os serviços de varrição de ruas da capitalcobrem, em média, 5.200 km por dia.

realização dos serviços de limpeza urbana, decompetência municipal, se dá de fato nascidades. As atividades de transporte, tratamentoe disposição final de resíduos na regiãoextrapolam os limites territoriais e,conseqüentemente, os limites das competênciasmunicipais. Envolvem interesses dos municípiose sua população e do Estado que, em conjunto,devem encontrar soluções técnicas, jurídicas epolíticas para, resolver um problema comum atodos.

Grande parte dos municípios da regiãometropolitana adota solução de disposiçãofinal inadequada, e os impactos maisrelevantes dessa prática são a poluição daságuas e do solo, em decorrência do "chorume"(produto líquido da decomposição do materialdos lixões) não controlado, a poluição do ar,infiltração nas redes públicas de esgotos,fossas sépticas, lençol freático, além dadegradação da paisagem.

Em 1997 no Programa Estadual de ResíduosSólidos Domiciliares, para todos os municípiosque apresentaram irregularidades na destinaçãofinal de resíduos sólidos, foi proposta pelaCetesb (Companhia de Tecnologia deSaneamento Ambiental do Estado) a assinaturade um Termo de Compromisso de Ajustamentode Conduta. Os termos propõem àsadministrações municipais procedimentos paraas usinas de compostagem, aterros e lixões,

Resíduos Sólidos

Extensão da coleta domiciliar de lixono Estado de São Paulo, RMSP e Município

de São Paulo (Em % - 1991 e 2000)

Fonte: IBGE, Síntese Municipal, 19921 e Censo 2000.

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visando a sua regularização ou encerramento,com a implantação de uma nova soluçãodefinitiva com adequação técnica das instalaçõese o seu correspondente licenciamento ambiental.

O Fehidro (Fundo Estadual de RecursosHídricos) alocou desde 1997, por meio dosComitês de Bacias Hidrográficas, recursos para aelaboração de projetos e implantação de aterrossanitários nos municípios paulistas. Nesseprograma, a Cetesb atua como agente técnicodo Fehidro para a análise dos projetos e oacompanhamento das obras. Em 2002 foi criadoo Fundo Estadual de Prevenção e Controle daPoluição, que aloca recursos aos municípiospara a aquisição de caminhões compactadores,retroescavadeiras e pás-carregadeiras.

São sem dúvida medidas necessárias paraenfrentar as dificuldades técnicas e econômicasque as municipalidades encontram para mitigare resolver seus problemas com resíduos sólidos.Porém nas regiões conurbadas há que seconceber saídas estratégicas para atacar commaior eficiência esse problema, considerandoas peculiaridades metropolitanas.

Segundo os critérios do Inventário Estadual deResíduos Sólidos Domiciliares, no relatório de2002, atualizado em janeiro de 2003 epublicado no site da Cetesb, na RMSPcontamos com 21 municípios com seus aterrossanitários em condições "adequadas" dedisposição final de resíduos, 5 deles emcondições "controladas" e 13 dos nossosmunicípios metropolitanos em condições"inadequadas" de destinação final de resíduossólidos em seus territórios.

É necessário pensar saídas compartilhadaspara um aglomerado urbano como o nosso,pensar um Plano Regional de Resíduos que,além das medidas de mitigação em curso comcada município, seja dada a devida ênfase aocontexto regional, diferente de se buscarsaídas individuais, para que se estabeleça umaPolítica Metropolitana de Resíduos Sólidoseficiente e sustentada.

Outro agravante é a falta de controle sobre otipo e a procedência dos resíduos, inclusive oshospitalares, que, caso não sejam coletados edestinados corretamente, acabam por setornar agentes da contaminação do solo e dospróprios coletores, com a proliferação devetores, responsáveis por inúmeras doenças.

As quantidades sempre crescentes de resíduose as formas de tratamento e disposição finalinadequadas são agravadas pela falta de novasáreas disponíveis na RMSP para alojar as quase20 mil toneladas diárias produzidas.

Urge, portanto, que se estabeleça um diálogoentre todos os atores, com vistas à construçãode um Plano Metropolitano de Resíduos Sólidos.O Município de São Paulo está construindo oseu e há discussões no Congresso Nacional emtorno de um projeto que estabelece uma PolíticaNacional de Resíduos.

A vertiginosa urbanização ocorrida nos anos70 e 80 e a conseqüente impermeabilizaçãoda bacia hidrográfica aumentaram a ocupaçãodas várzeas, lugares naturais de inundação.Aliado a esses fatores, o assoreamento doscursos d'água provocado pela erosão e adisposição clandestina do lixo contribuem paraas enchentes, o caos urbano decorrente, bemcomo prejuízo econômico e insegurança daspopulações nos períodos chuvosos.

A pluviosidade concentrada no verão provocaas grandes inundações, que vão crescendo emnúmero, intensidade e gravidade, acompanhandoo processo de impermeabilização do solo, deocupação de várzeas, de desmatamento edestruição de encostas, promovido peloprocesso de urbanização.

A população da periferia é causa e vítimadesse desequilíbrio, por participar do processode ocupação desordenada, no qual aprecariedade imposta pela exclusão aumentacom a deficiência dos programas de educação

Drenagem Urbana

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ambiental e de controle da populaçãoresidente em áreas de risco.

O aprofundamento da calha do rio Tietê, emexecução no trecho entre os municípios deSantana de Parnaíba e Guarulhos, numaextensão total de 36 mil metros, faz parte deum conjunto de obras contra enchentes naRMSP. As obras incluem também a canalizaçãode 10,5 mil metros do rio Cabuçu de Cima, nadivisa entre São Paulo e Guarulhos; aconstrução das barragens dos rios Biritiba eParaitinga, na região de Mogi das Cruzes; bemcomo o desassoreamento do rio Tietê, notrecho em que cruza a cidade de São Paulo.

Uma ação que vem ganhando corpo nocombate às enchentes é o projeto de retençãodas águas durante os períodos de maiorprecipitação pluviométrica, que contempla aconstrução de um complexo de piscinões(reservatórios para armazenar temporariamentea água da chuva e controlar a vazão dos cursosd´água).

O plano de macrodrenagem da RMSP prevê aconstrução de 46 reservatórios de retenção deágua. Fazem parte do plano seis piscinões jáem operação, seis em obras e seis em projetona sub-bacia do rio Tamanduateí, mais dois emoperação, dois em projeto e um em fase definal de construção na sub-bacia do Pirajussara.Do total de piscinões previstos no plano, onzeestão sob a responsabilidade da Prefeitura deSão Paulo.

Entre 2001 e o primeiro semestre de 2004, aPrefeitura de São Paulo dobrou o número depiscinões na cidade, que passou de 7, em2000, para 14, atualmente. Mais do que isso, acapacidade de armazenamento de água foitriplicada, passando de 1,5 bilhão de litros, para4,5 bilhões. Os sete piscinões inauguradospela Prefeitura de São Paulo entre 2001 e 2003são: Rincão, Inhumas, Aricanduva II,Aricanduva III, Aricanduva V e Pedreira SãoMateus, na zona Leste, e Guaraú, na zonaNorte. Além disso, a prefeitura da capitaldesapropriou e cedeu terrenos ao governo

estadual para a construção de reservatóriosnos córregos do Oratório e do Pirajussara.Essas obras, por serem na fronteira entre doismunicípios, devem ser realizadas pelo Estado.

Entre as lacunas do plano de macrodrenagemque começam a ser discutidas pelosmunicípios da região estão os custos demanutenção dos piscinões, para os quais asfinanças dos municípios não estão preparadase que não fazem parte do plano elaboradopelo Governo do Estado, bem como a falta deprojeto urbanístico para as áreas dos mesmos,integrando-os à vida das cidades na forma deespaços de lazer e esportes, por exemplo.

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m virtude de a Região Metropolitana deSão Paulo representar uma das maioresáreas de adensamento urbano-metropolitano do mundo, os problemasambientais convergem para dois

pontos principais.

Um deles se refere aos recursos hídricos,fazendo com que os impactos nas baciashidrográficas da região sejam mais complexose de natureza diversificada que os enfrentadospela maioria das outras bacias do Estado.

Outro ponto se refere à qualidade do ar e aquestões atmosféricas, como o aumento datemperatura acarretada pela ocupação do soloe poluição do ar. Esses dois pontos serelacionam com a questão das áreas verdes,tanto no que se refere à preservação, tendoem vista que a RMSP ocupa área comremanescentes da Mata Atlântica, quanto aoque diz respeito à criação de parques urbanosde lazer e à arborização de áreas públicas.

A Bacia Hidrográfica do Alto Tietê é compostapor 36 dos 39 municípios da RegiãoMetropolitana de São Paulo, que apresentasituação crítica e acumula os maioresproblemas em relação aos recursos hídricosdentre os Comitês de Bacias Hidrográficas doEstado de São Paulo.

A maior parte da água aqui consumida provémda região de Campinas – Bacia HidrográficaCapivari-Piracicaba – que alimenta o chamadoSistema Cantareira, um dos principaisabastecedores da Região Metropolitana de SãoPaulo, com 60% da água consumida aqui.Nossos mananciais, reservatórios, córregos erios vêm sendo submetidos a grandedegradação, reduzindo ainda mais a nossa

disponibilidade interna, pelos críticos problemasde qualidade da água dessa bacia.

Para se buscar reverter esse quadro e melhoraro aproveitamento e a qualidade dos rios daregião, serão necessárias alteraçõesfundamentais nos rumos do atual modelo dedesenvolvimento regional e grandesintervenções na criação e manutenção de áreasprotegidas, bem como nos despejos urbanos enos próprios cursos d’água. Estima-se que 37,7m3/segundo de esgotos domésticos sãolançados na bacia, dos quais 31 m3/segundosão coletados no Sistema Integrado da RMSP e,dos coletados, mais de 20 m3/segundo estãosendo lançados diretamente nos corpos d’água,sem tratamento.

A área urbanizada mais densa corresponde a37% da área total da bacia. Apesar dadiminuição das taxas médias de crescimentopopulacional, essa área continua a se expandirno sentido da periferia, destruindo as últimasáreas vegetadas da região, responsáveis porseu equilíbrio climático, melhoria da qualidadedo ar, provisão de água e contenção de cheias.

Esse movimento ocorre em paralelo ao grandeesvaziamento do centro expandido dametrópole, dotado de toda a infra-estrutura,mesmo no decorrer de um intenso processode verticalização. Paradoxalmente, as camadasde baixa renda são obrigadas a migrar para oslugares de mais baixo custo, distantes dasáreas de oferta de empregos e desprovidas deinfra-estrutura e serviços. Assim, num cenáriode escassez de recursos, a infra-estrutura daárea central vai se tornando ociosa pelodespovoamento, e a periferia vai demandandocrescentes investimentos, sem perspectiva deatendimento.

Além dos prejuízos à qualidade de vida dapopulação de baixa renda, esse processo de

EEMeio ambiente

A Bacia Hidrográfica do Alto Tietê

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migração para a periferia provoca a ocupaçãodas áreas de proteção ambiental e as demananciais, agravando as condições dosrecursos hídricos na bacia que abastecemparcela significativa da população da regiãometropolitana.

O Guarapiranga é o maior sistema produtor daRMSP, interno à região, atendendo a cerca de 3milhões de habitantes. Lembrando que oSistema Cantareira (Bacia Piracicaba-Capivari),na região de Campinas, nos fornece cerca de60% da água que consumimos. Os rios Embu-Mirim e Embu-Guaçu contribuem com 97% daságuas da Bacia do Guarapiranga, sendoestimado que esses cursos d’água e suasvárzeas recebam 30% das cargas poluidorasafluentes ao reservatório. Apenas 55,7% dosdomicílios dessa bacia estão conectados àrede de esgoto.

A população no entorno desse reservatórioaumentou de 332 mil habitantes em 1980 para645 mil habitantes em 1996. De acordo com oPlano da Bacia do Alto Tietê (2001), cerca de80% dessa população ocupa 27% da bacia doGuarapiranga, especialmente as áreas vizinhasà represa, onde os impactos nas águas sãomuito maiores e as possibilidades de corrigi-losmenores, em loteamentos carentes de infra-estrutura e com densidades que chegam a 500habitantes por hectare, número dez vezessuperior ao máximo estabelecido pelalegislação de proteção dos mananciais.

O saneamento ambiental dessa bacia foidesenvolvido no “Programa Guarapiranga”,pelo Governo do Estado em parceria com asPrefeituras de São Paulo, Embu, Embu-Guaçu,Itapecerica da Serra e São Lourenço da Serra,com apoio financeiro do Banco Mundial.

Por sua vez, o reservatório Billings, o maior daregião metropolitana e o segundo maior emtermos de contribuição para o abastecimento,está tendo suas águas captadas, com esse fim,

de um de seus braços, o do Rio Grande etambém através de uma conexão com oGuarapiranga.

A situação de suas águas, de característicassemelhantes às do Guarapiranga, sofre oimpacto da ocupação das áreas da bacia e dobombeamento do rio Pinheiros, com asfinalidades de controle de cheias nas suasvárzeas e de geração de energia elétrica nausina de Henry Borden, em Cubatão. Essebombeamento é considerado o responsávelpor três quartos da poluição que chega aoreservatório.

O “Diagnóstico Sócio-Ambiental da RepresaBillings” revelou um quadro de expansãopopulacional e ocupação desse manancial,que nos últimos dez anos aumentou 31,7%,sendo que mais de 45% desse aumentoocorreu próximo à represa. O diagnóstico foicoordenado por organizações nãogovernamentais e realizado pelo governoestadual em conjunto com municípios daregião e com segmentos da sociedade civil,com o objetivo de propor um Programa deRecuperação Ambiental de sua Bacia.

Conforme os dados coletados pelo InstitutoSócio-Ambiental (ISA), o manancial da Billingsperdeu 6,6% de sua cobertura vegetal nativa e,de 1989 a 1999, surgiram cerca de 711 hectaresde novas áreas em processo de ocupação naBacia da Billings e 1.474 hectares de ocupaçãoconsolidada.

A Região Metropolitana de São Pauloapresenta a maior frota circulante do país,com 6,5 milhões de veículos automotores,dos quais 5,5 milhões concentram-se nacidade de São Paulo, possuindo um dos maisaltos índices de motorização do mundo, comcerca de um veículo para cada doishabitantes, e uma tendência crescente ao usode veículos particulares em detrimento dotransporte público.

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Mananciais Guarapiranga e Billings

Qualidade do Ar

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O processo de urbanização, o aumentoexcessivo do uso de automóveis, a produçãoindustrial e a geração de energia expõem ohabitante da região metropolitana a níveis depoluição do ar que excedem os limitesrecomendados pela Organização Mundial deSaúde. Além disso, a emissão de carbono emalta escala, resultante do elevado consumo decombustível, contribui para a intensificação doefeito estufa que concorre decisivamente paraa mudança climática global.

A problemática de controle e redução dapoluição do ar na região deve ser enfocada naperspectiva do desenvolvimento sustentável, demodo que a proteção à saúde e ao meioambiente constitua uma preocupação prioritáriado exercício de uma gestão ambientalcompartilhada e de âmbito metropolitano.

Desde dezembro de 1998 o município de SãoPaulo é membro da “Iniciativa de Ar Limpo nasCidades da América Latina”, um Programa doBanco Mundial que tem por objetivo reverter adeterioração da qualidade do ar nos grandesaglomerados urbanos da América Latina. OPrograma envolve prefeituras municipais,empresas privadas, fundações internacionaisde desenvolvimento, organizações nãogovernamentais e instituições acadêmicas.

Para que a atual situação de tráfego e depoluição seja transformada, requer-seimplantação de soluções efetivas para oaumento da eficiência do sistema viário;melhoria no planejamento e operação dotransporte público; redução das emissõesveiculares promovendo o uso de veículos ecombustíveis limpos e a inspeção emanutenção dos veículos em uso; integraçõesdas políticas de transporte, qualidade do ar,ordenamento territorial e desenvolvimentourbano; promoção e fortalecimento dasinstituições ambientais e incorporação deáreas verdes nos centros urbanos, entre outrasiniciativas.

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problema habitacional na RegiãoMetropolitana de São Paulo reflete omodo como a região se urbanizou econstituiu suas periferias. Para a maioriadas cidades que a compõem, o

processo de urbanização ocorreu efetivamentecom a industrialização. As cidades acabaramdivididas entre a população de média e altarenda, com acesso à infra-estrutura que osmunicípios dispõem, e os bairros populares,periféricos, habitados por trabalhadores. Essesbairros foram construídos nas periferias pelapopulação que vinha para os centrosindustriais em busca de trabalho. Nas décadasde 1970 e 1980, eram áreas de terras menosvalorizadas, ainda pouco habitadas, sem infra-estrutura.

A RMSP conta com aproximadamente 5milhões de pessoas, cerca de 27% dapopulação total, vivendo em habitaçõesirregulares: loteamentos ilegais, favelas ecortiços. O desemprego em níveis altoscontribui para que as franjas das cidades sejamlocais de risco urbano.

A complexidade desse processo mostra-se peloconjunto de algumas variáveis sociais, como aviolência e a construção pelo próprio moradorem áreas de risco geológico e de enchentes,em áreas de mananciais e outras áreas deproteção ambiental, em terrenos instáveis, comrisco de desabamento ou de contaminação dosolo. As periferias apresentam essascaracterísticas e outras, como saneamentobásico precário e dificuldade de acesso aosserviços de saúde e educação.

A cidade como cenário de risco é bastanteevidente em todo o mundo, especialmente nasmega-cidades como a Região Metropolitana deSão Paulo, onde a concentração espacial depopulação e infra-estrutura econômica fazemaparecer inúmeros fatores de risco.

A falta de controle e de legislação referente àsegurança ambiental e a mobilidade dosproblemas sociais, contrapondo-se às dificuldadesdas soluções intermunicipais/regionais ouentre Estado e municípios, associados a umgrave quadro de desemprego e exclusão socialcompletam o cenário.

e modo geral, as populações mais pobres,moradores de áreas degradadas, comdeficiência de infra-estrutura e serviçospúblicos, são as que apresentam menorcapacidade de se proteger de acidentesambientais e menor capacidade de deles serecuperar. Essa é a descrição das áreasperiféricas, das franjas da metrópole, áreas dedivisa entre os municípios em que a questãofundiária se confunde com as condiçõesambientais e de ocupação das áreas de risco.

Cabe aqui destacar as relações entre miséria eexclusão social com a chamada degradaçãoambiental na criação de condições de risco eeventual desastre no âmbito urbano ou, emoutros termos, a relação entre a degradação domeio ambiente urbano e a construção socialdas condições de risco.

OOHabitação

Distribuição dos domicílios por condições deocupação, na RMSP

(Em % - 1991 e 2000)

Fonte: IBGE

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Muitas áreas de fronteiras intermunicipais coma cidade de São Paulo apresentam os mesmosproblemas que a periferia da capital, além dassuas questões específicas. Muitas vezes sãoáreas de municípios com reduzidasoportunidades de emprego e com umapopulação residente que trabalha em outracidade.

Alguns municípios apresentam resultadospositivos em conseqüência de investimentosdas prefeituras em infra-estrutura e

programas sociais voltados para as condiçõesde habitação popular. No município de SãoPaulo alguns programas inovadores estãoajudando a transformar a cidade e a vida departe da população.

A Prefeitura de São Paulo viabilizou 39 milunidades habitacionais em todas as regiões dacidade e, também, está entregando títulos demoradia a 40 mil famílias que vivem em 160áreas públicas. Até o final de 2004, mais de 50mil famílias que moram em loteamentosirregulares serão beneficiadas com aregularização urbanística e fundiária de 38,5mil lotes por meio do Programa Bairro Legal,que está urbanizando 36 favelas.

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Média de moradores por domicílio(Em % - 1991 e 2000)

Fonte: IBGE

Distribuição dos domicílios por tipo, na RMSP(Em % - 1991 e 2000)

Fonte: IBGE

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entre as dificuldades sociais da RegiãoMetropolitana de São Paulo, as cifras daviolência impõem derrotas àsexpectativas de segurança e confortopúblicos e induzem ao crescimento daprocura por empresas especializadas em

defesa de pessoas e do patrimônio.

Na região, que concentra 48,3% da populaçãodo Estado, acontecem 66,5% dos homicídiosdolosos (com intenção de matar) contabilizadosno território paulista. De acordo com dadosextraídos do site da Secretaria de Estado daSegurança Pública, em 2003 houve 10.891homicídios dolosos no Estado, sendo que 7.239ocorreram na RMSP.

Estão na Região Metropolitana de São Paulosete das dez cidades com maior número dehomicídios por 100 mil habitantes do Estado. Acidade “campeã” é da região: trata-se deItapecerica da Serra, com 58,69 mortes por 100mil habitantes registradas em 2003. Tambémestão na RMSP sete das dez cidades líderes noranking estadual de furtos e roubos por 100 milhabitantes.

Em 1996 foram registradas 1.684.349ocorrências policiais no Estado, número quepassou para 2.579.387 em 2002, de acordo comdados da Fundação Seade (Sistema Estadual deAnálise de Dados), um aumento de 53,1%.Entre 1997 e 2002 o número de homicídiosdolosos no Estado passou de 12.484 para14.842, ou um crescimento de 18,9%.

Nos últimos anos o contingente policial cresceu,o salário também e muitos equipamentos novos(veículos, armas e instrumentos de proteção)foram incorporados aos recursos da instituiçãopolicial. Mas os números da criminalidadecresceram no Estado, prova de que somente arepressão não traz os resultados esperados.Ações como os programas sociais

implementados pela Prefeitura de São Paulotêm se mostrado altamente eficazes naredução da violência. Nos 13 primeiros distritoscensitários da capital em que os programas deredistribuição de renda foram implementados,o número de homicídios caiu 22% entre 2001 e2003. Outras ações municipais tambémajudaram a reduzir a criminalidade, como, porexemplo, o reforço na iluminação pública, quereduziu em até 63% o número de roubos, casoda avenida Antártica, na zona Oeste da capital.

Dentre as iniciativas conjuntas dos municípios eda sociedade civil organizada, o FórumMetropolitano de Segurança Pública, ematividade, é o exemplo mais abrangente deorganização regional para a proposição demedidas contra a criminalidade. O Fórum,integrado pelos 39 prefeitos das cidades daRMSP, está formulando uma políticametropolitana para a redução da violência pormeio do fortalecimento de políticas, programase ações de prevenção da criminalidade e dacooperação entre governos municipais,sociedade civil, Estado e União.

DDSegurança pública

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s fronteiras do município de São Paulo eas demandas emergentes de suasprecárias condições urbanas e sociaisrepresentam enorme preocupação para aprefeitura paulistana. São situações que

afetam diretamente as populações moradorasdessas áreas e que envolvem municípiosvizinhos. Há um contexto de problemas comunsmetropolitanos que demandam esforços dos trêsníveis de governo e implicam, de imediato, nacooperação intermunicipal para oencaminhamento de possíveis soluções.

Esses problemas são, em geral, decorrentes daescassez de recursos públicos e privados nasperiferias dos territórios municipais, produzindouma verdadeira conurbação de demandassociais, que provocam transtornos urbanos einsegurança.

A Secretaria do Governo Municipal realizou, emoutubro de 2003, um levantamento junto às 24subprefeituras que fazem fronteira com 20 dos39 municípios da região metropolitana, com oobjetivo de sistematizar os problemas comuns àsáreas de divisa. Sua incidência possibilitouagregá-los nos seguintes subconjuntos temáticosou setoriais:

1. Indefinição de divisas e bitributação

São aqueles problemas provocados pela nãoevidência dos marcos definidores dos limitesmunicipais, possibilitando interpretações diversase sem referências suficientemente precisas parao arbitramento de eventuais conflitos.

As linhas demarcatórias das divisasintermunicipais são fixadas e registradas peloInstituto Geográfico e Cartográfico (IGC), combase em descrições geográficas que destacamos marcos territoriais. Com a urbanização, aspaisagens naturais terminam alteradas,transformando morros em áreas planas e cursosd'água e seus meandros em canais subterrâneos,e os antigos referenciais são perdidos. Alémdisso, há limitados recursos tecnológicos para asatualizações cartográficas necessárias.

A correção das indefinições de divisa enfrentaainda um difícil obstáculo institucional, poisdepende de exigências constitucionais,aprovadas em 1988, que determinam arealização de plebiscitos, entre outrosprocedimentos ainda não regulamentados, paraalterações de limites municipais. Este excesso dezelo se justifica pela proliferação dedesmembramentos locais que, sem critériosmais rígidos, produziram municípios semcondições reais de existência. Contudo,representam entraves para o equacionamentoimediato dos pequenos e localizados problemasde limites municipais.

A duplicidade na cobrança de impostosmunicipais, fazendo com que em uma mesmaárea incida a arrecadação fiscal de duasprefeituras, constitui um dos problemas sociaismais graves provocados pela indefinição dedivisas. É uma ocorrência que perturbafinanceiramente moradores de pequenosespaços, como uma quadra, por exemplo,tornando-os vítimas de uma suposta e cara duplacidadania.

AA

Fronteiras do municípioEste texto procura sintetizar o trabalho "São Paulo e

as Fronteiras Intermunicipais: Problemas, Ações e Gestão Metropolitana",elaborado em 2003 pela Secretaria do Governo Municipal, a partir de

levantamento realizado junto às 24 subprefeituras que apresentam fronteiras com 20 dos 39 municípios da Região Metropolitana.

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A Prefeitura de São Paulo instituiu um Grupo deTrabalho para o estudo da questão dabitributação, formado pelas secretarias doGoverno, de Finanças e de Habitação.Inicialmente esse grupo deve apontar soluçõespara a linha de divisa com o município deDiadema, que também está se dedicando aoassunto. As experiências acumuladas nessetrabalho poderão servir de escopo paradiscussões envolvendo fronteiras com outrosmunicípios.

2. Áreas de risco

A Prefeitura de São Paulo tem realizadomapeamentos e constantes monitoramentosnas áreas de risco de deslizamento, solapamentoe inundações. Em determinados casos estãosendo realizadas obras que eliminem o risco e,em outros, as famílias estão sendo removidasdessas áreas.

Quando a área de risco está na fronteira, comopalafitas instaladas em beiras de córrego dedivisas, a Prefeitura tem acionado e cobrado ogoverno do Estado, por meio do DAEE(Departamento de Águas e Energia Elétrica),responsável legal pela ação, de acordo com alegislação vigente. Esse procedimento vemsendo adotado, por exemplo, no córrego doOratório, entre a Subprefeitura de Vila Prudente eo município de Santo André.

3. As ocupações irregulares

A atuação da atual administração no tocante àsocupações irregulares em áreas municipais temsido a regularização, para os assentamentos jáconsolidados e em áreas estáveis, ou a remoção,no caso de moradias instaladas em áreas de risconão passíveis de obras de estabilização, composterior congelamento da área, de modo aevitar novas invasões.

4. Serviços e equipamentos sociais

Neste grupo de problemas destacam-se aquelesrelacionados à educação e saúde,principalmente no que se refere à

disponibilidade de equipamentos e oferta deserviços. No caso dos equipamentos de saúde,há forte migração de demandas, ou seja, osmoradores procuram pelo atendimentonecessário onde ele estiver, não importando asdivisas municipais. Na educação, a migração équase inexistente, devido à necessidade decomprovação da residência para a matrícula.

De todo modo, a ação do atual governomunicipal tem sido a de construção de novosequipamentos, a exemplo dos CEUs, todoslocalizados nas áreas periféricas da cidade, bemcomo a recuperação dos já existentes e avalorização dos profissionais.

5. Segurança pública

Ainda que a questão da segurança pública sejapreponderantemente metropolitana e de inteiraresponsabilidade do governo do Estado, aadministração municipal tem atuado de modo aprocurar reduzir a violência na cidade,principalmente nas áreas periféricas e, porconseguinte, de regiões nas fronteiras.

São ações como o programa de iluminação degrandes avenidas, escolas e ruas, aimplementação dos programas sociais deredistribuição de renda, como o Renda Mínima eo Bolsa Trabalho, e a criação da SecretariaMunicipal de Segurança Urbana.

6. Circulação e viário

Neste quesito, as ocorrências de problemas são,em geral, resultado de acidentes ou deintervenções viárias de grande porte, por partedos governos estadual ou federal, obstruindo oudificultando passagens comumente utilizadaspor moradores ou usuários locais.

A solução dessas situações depende deentendimentos entre os níveis de governoenvolvidos e representam investimentos emobras como passagens, viadutos e acessos,necessitando de verificações de disponibilidadesde recursos ou de previsões orçamentárias para asua realização.

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A Prefeitura de São Paulo tem procurado searticular com os municípios vizinhos e com asdemais esferas de governo para resolverquestões como a necessidade de reconstruçãoda ponte sobre o córrego dos Meninos, na divisada Subprefeitura do Ipiranga com o município deSão Caetano do Sul. A obra, de responsabilidadelegal do governo do Estado, só será realizadaporque São Paulo e São Caetano aceitaramcompartilhar as despesas.

7. Transportes coletivos

O transporte de massas é fator indispensávelpara a mobilidade da imensa maioria dos quase18 milhões de habitantes da região que,entretanto, vivenciam problemas em relação aopreço das tarifas intermunicipais dentro da regiãometropolitana, além da oferta insuficiente paraatender à demanda adequadamente.

Os serviços entre municípios são decompetência do governo estadual, que opera aprestação destes serviços por meio da frota daEMTU (Empresa Metropolitana de TransportesUrbanos) e de concessões a empresas privadas.Aos governos locais, sem um fórum específicopara o tratamento dessas questões, resta buscaralternativas de entendimentos com o governodo estado.

Paralelamente ao trabalho de sistematizar osproblemas de fronteiras, a Assessoria deAssuntos Metropolitanos vem apoiando assubprefeituras na realização de articulações communicípios vizinhos e com os demais entesfederativos envolvidos, de modo a buscar umasolução conjunta para as demandas.

Duas regiões são exemplares no histórico destaatuação: a Subprefeitura de Jaçanã-Tremembé,que faz fronteira com Guarulhos, e a Subprefeiturade Cidade Ademar, fronteira com Diadema.

Os problemas de fronteira com Guarulhos foramfocalizados a partir do impacto provocado pelas

rodovias Fernão Dias e Dutra nos sistemas viáriosdessa região. O intenso volume de tráfegodessas rodovias é desviado parcialmente para osbairros do entorno, saturando as suas malhasviárias e prejudicando os seus moradores.

A Prefeitura de Guarulhos, por meio de suaSecretaria de Obras, apresentou uma proposta àPrefeitura de São Paulo contendo um conjuntode plantas, fotos e memoriais descritivos de seispontos de conflito nas ligações viárias entre estasduas cidades. Deflagrou-se, então, um processode entendimentos e de estudos, visando oestabelecimento de parceria para solucionar osproblemas apresentados.

Os problemas de fronteiras entre Diadema e SãoPaulo, por outro lado, tornaram-se objeto daassinatura de um Protocolo de Intenções entreessas duas prefeituras, tendo em vista odesenvolvimento de ações em diversas áreas,como linha de divisa, habitação, saúde,educação e meio ambiente.

A experiência do Protocolo de Intenções entreDiadema e, mais especificamente, aSubprefeitura de Cidade Ademar, é um caso quedeve ser examinado sob a ótica da integraçãoregional: uma iniciativa pioneira no sentido deracionalizar os esforços intermunicipais voltadosà resolução de problemas sociais graves, antigose que não constavam de qualquer registroanterior.

A identificação e a visibilidade dos problemasincluídos no protocolo é um saldo positivo para omovimento dos cidadãos de ambos os lados,pois transformou o descaso e abandono porparte de administrações anteriores em objetivospara as administrações atuais.

Ao todo, a prefeitura paulistana, por meio dassubprefeituras, e com o apoio da Secretaria doGoverno Municipal, esteve presente, nos últimostrês anos e meio, em mais de 20 situações emque foi necessária a interlocução com municípiosvizinhos e/ou com outras esferas de governo.

Articulações com as Cidades Vizinhas

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nquanto não se define um desenho deorganização e gestão para a RegiãoMetropolitana de São Paulo como umtodo, vários de seus municípiosarticulam soluções alternativas que,

movidas pela proximidade territorial ou porproblemas setoriais, produzem diversasexperiências de associações intermunicipais.Essas manifestações práticas de cooperaçãoentre os Executivos locais representam saídaspara o tratamento das demandas urbanas esociais que não se resolvem nos limites decada município.

Fundado em 1990, o Consórcio do ABC reuniuos municípios da Bacia do Alto Tamanduateí-Billings, que compõem o sub-comitê demesmo nome do Comitê de Bacia Hidrográficado Alto Tietê (CBH-AT), com o objetivo de tratardos interesses comuns quanto aodesenvolvimento da região. E, com estaperspectiva, os sete municípios consorciados(Santo André, São Bernardo do Campo, SãoCaetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pirese Rio Grande da Serra) empreenderaminiciativas importantes para o ABC.

Entre essas iniciativas destacam-se a elaboraçãodo Plano Regional Estratégico do ABC,envolvendo a participação do Estado, da União ede empreendedores econômicos estabelecidosna região; a criação do Observatório de ÍndiceRegional de Qualidade de Vida Urbana (IRQVU),responsável pelo monitoramento da qualidadede vida na região; a criação do Laboratório deEspaços Urbanos de Qualidade, que produziu oinventário dos bens históricos, culturais eambientais da região; a assinatura de acordo

com o Governo do Estado para a realização deobras nas margens do rio Tamanduateí para acontenção de enchentes; e a criação de GrupoTécnico para estudar formas de gestãocompartilhada para a recuperação emanutenção da represa Billings.

A CCââmmaarraa ddoo GGrraannddee AABBCC constitui outroinstrumento de articulação dos interesses daregião com vários organismos do GovernoEstadual em sua composição. Criada em 1997,a Câmara reúne, além das Secretarias Estaduaiscom atuação na região, representantes dosexecutivos e dos legislativos locais,parlamentares estaduais e federais eleitos pelaregião e dirigentes empresariais e sindicais. Asua finalidade principal é elaborar diagnósticose estabelecer diretrizes para a atuaçãogovernamental na região, identificandoproblemas, entidades envolvidas e fontes derecursos. O Consórcio do Grande ABC integra aCâmara. A AAggêênncciiaa ddee DDeesseennvvoollvviimmeennttooEEccoonnôômmiiccoo é o braço institucional da Câmara,com o objetivo de produzir e disseminarinformações socioeconômicas e coordenarações para o desenvolvimento sustentado daregião.

O Conisud (Consórcio Intermunicipal da RegiãoSudoeste da Grande São Paulo) congrega osmunicípios de Embu, Embu-Guaçu, Itapecericada Serra, Juquitiba, São Lourenço da Serra eTaboão da Serra, somando uma população de630.566 habitantes, segundo o censo de 2000.Possui um órgão deliberativo, o Conselho dosMunicípios, e um Conselho Fiscal, constituídospor representantes dos Executivos e suplentesindicados pelas Câmaras Municipais.

EEAlgumas experiênciasde articulação

Consórcio Intermunicipaldo Grande ABC

Conisud - Consórcio Intermunicipal daRegião Sudoeste da Grande São Paulo

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O consórcio surgiu em janeiro de 2001, poriniciativa do prefeito de Embu, Geraldo Cruz,que convidou os demais prefeitos da regiãopara uma discussão sobre os problemascomuns aos municípios localizados no eixo darodovia Regis Bittencourt. Foi então aprovadaa Carta do Embu, documento reafirmando ocompromisso de constituição de entidade decaráter regional, para representar os interessescomuns, promover o planejamento dotransporte público e o desenvolvimentourbano da região, com a integração dosistema viário.

Em agosto de 2003, respondendo às iniciativasdo Conisud, o Ministério dos Transportesanunciou o reinicio das obras para a conclusãoda duplicação da Rodovia Régis Bittencourt(BR-116), no trecho entre Juquitiba e a divisacom o Estado do Paraná.

O Comitê da Bacia do Alto Tietê, considerado oparlamento das águas, foi criado pela LeiEstadual 7.663/91, e sua instalação ocorreu emdezembro de 1994, como resultado de muitosencontros entre dirigentes e representantes demunicípios, organismos estaduais, entidadesassociativas e da população em geral,reunindo 34 dos 39 municípios da RegiãoMetropolitana de São Paulo envolvidos com aproblemática dos recursos hídricos.

Trata-se de uma das experiências maisrelevantes de gestão compartilhada na RMSP,pois envolve o Governo do Estado, osmunicípios e entidades da sociedade civil daregião, que decidem sobre metas einvestimentos relativos às áreas complexas dodesenvolvimento da bacia, incluindosaneamento, resíduos sólidos, uso do solo,proteção aos mananciais e drenagem.

A legislação paulista que trata doaproveitamento dos recursos hídricos noEstado foi aprovada em 1991 e tem um forte

conteúdo programático expresso em suasdiretrizes básicas: a garantia do uso múltiplodas águas, com prioridade para oabastecimento público; a cobrança pelautilização dos recursos hídricos para arecuperação ambiental das bacias; e aorganização de foros democráticos de decisãosobre as diretrizes e prioridades de uso econservação da qualidade dos mananciais.

O Sistema Estadual de Recursos Hídricos adotaum mecanismo de gestão que se baseia nacombinação dos seguintes fatores: colegiados de gestão em nível central e

regional (comitês e sub-comitês de bacia),integrados por representantes eleitos dosórgãos e entidades do Governo do Estado, dosmunicípios e da sociedade civil, com igualnúmero por segmento (16);

plano estadual de recursos hídricos,elaborado a partir dos planos de bacias; fundo financeiro.

Os comitês de bacia definem as prioridadesregionais, que são sistematizadas no planoestadual, sendo transformadas em lei; e osrecursos financeiros são destinados às bacias eadministrados por uma agência emconformidade com as diretrizes dosrespectivos comitês.

A importância do Comitê de Bacia para adinâmica do sistema é decisiva e pode serresumida em três categorias: a constituição demecanismos de gestão, como é o caso dossub-comitês e das câmaras técnicas; aelaboração e implementação de planos eprogramas de atuação na bacia; e com acobrança pelo uso da água a definição ealocação de recursos financeiros para aexecução de ações e programas anuais eplurianuais.

Para tanto foi elaborado o Plano de Bacia doAlto Tietê, que foi debatido pelo plenário doCBH-AT, e que tem três grandes objetivos: assegurar água de boa qualidade e na

quantidade adequada a toda a população,sendo necessário a proteção e a conservação

Comitê da Bacia Hidrográficado Alto Tietê

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dos mananciais e o uso racional da água; recuperar e conservar a qualidade dos

corpos d´água da bacia; implantar sistemas eficientes de drenagem

e controle de cheias.

Com metas de curto prazo o plano prevêprogramas de proteção dos mananciais,recuperação ambiental e o desenvolvimentode formas de ocupação do solo compatíveiscom a preservação dos mananciais, além deprograma de ações prioritárias do Plano deControle de Inundações a Bacia do Alto Tietê edo Programa de Gestão Integrada da Bacia-ATque contemple a questão da quantidade e daqualidade das águas.

No médio/longo prazo os programas vão dautilização racional dos recursos hídricos,garantindo prioridade ao abastecimentopúblico, passando pelos planos anuais eplurianuais de proteção e utilização dosrecursos hídricos que incentivem o usomúltiplo e racional e desenvolvaminstrumentos de informação à comunidadesobre alternativas de desenvolvimentoeconômico e social, considerando aslimitações da disponibilidade das águas.

No tocante às ações, o Plano da Bacia apontapara obras em saneamento e drenagemurbana, de ampliação das Estações deTratamento de Esgotos previstas no PlanoDiretor de Esgotos; compensação aosmunicípios por meio da recuperação de áreasdegradadas e recomposição de vegetaçãonativa e identificação de lixões, aterrossanitários esgotados e em operação. Enfim,ações e intervenções que considerem oconjunto de problemas ambientais comunsaos municípios que constituem a BaciaHidrográfica do Alto Tietê.

Como exemplo dessas ações citamos o ProjetoTietê, envolvendo iniciativas há muitonecessárias, tais como a construção deestações de tratamento de esgoto eimplantação de redes de coleta, o tratamentode efluentes industriais, o aprofundamento da

calha para contenção de enchentes e osaneamento ambiental da sub-bacia doGuarapiranga.

Organização que reúne os prefeitos e prefeitasdos 39 municípios da Região Metropolitana deSão Paulo, especialistas, representantes dasociedade civil e dos governos estadual efederal, tendo por objetivos avaliar e proporações para a redução da violência urbana.

O Fórum foi lançado pelo Instituto São Paulocontra a Violência, em novembro de 2000,durante o II Seminário São Paulo Sem Medo,no Parlamento Latino-Americano, tendo sidoinstalado em março de 2001. O Fórum elegeuuma coordenadoria, criou uma secretariaexecutiva e quatro grupos de trabalho para arealização de estudos e desenvolvimento deprojetos.

O Grupo de Comunicação Social desenvolveuma estratégia de divulgação de informaçõese de debates. O site do Fórum dá acesso adocumentos de trabalho, pesquisas eestatísticas sobre a violência e projetos decombate à criminalidade reunidos em bancode projetos.

Em dezembro de 2003, foi realizado oSeminário Internacional para Cidades MaisSeguras, em Guarulhos, organizado pela ONU,Prefeitura de Guarulhos, em parceria com oFórum Metropolitano de Segurança Pública deSão Paulo, Frente Nacional de Prefeitos e pelosinstitutos São Paulo Contra a Violência e Ilanud(Instituto Latino Americano para Prevenção doDelito e Tratamento do Delinqüente).

Durante o Seminário foram apresentadasexperiências nacionais e internacionais degestão local em segurança pública eprevenção da violência, com foco nosseguintes temas: papel e competência dosmunicípios, construção de políticas municipais

Fórum Metropolitanode Segurança Pública

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de gestão integrada, prevenção do crime e daviolência por meio de ações de inclusão sociale de melhorias urbanas, policiamentocomunitário e controle de espaços públicos.

O Fórum de Políticas Sociais, resultado de umainiciativa da Secretaria de Desenvolvimento,Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de SãoPaulo, tem como finalidade conhecer efomentar as políticas de desenvolvimentosocial dos 39 municípios que compõem aregião. Foi concebido como um espaço dearticulação visando a troca de experiênciasentre as secretarias responsáveis pelosprogramas sociais de cada município.

Realizou vários encontros e seminários,destacando-se o Fórum de Políticas Sociais edo Trabalho da Região Metropolitana de SãoPaulo, em maio de 2003. Neste encontro, ossecretários de governo de 26 dos 39municípios que compõem a RegiãoMetropolitana de São Paulo decidiram pelaformação de três grupos de trabalho, paradiscutirem a implantação de um cadastroúnico para os programas sociais, visandocombater a pulverização de recursos.

O Fórum Metropolitano de Turismo tem comoprincipal objetivo criar um programa unificadode turismo para as cidades que compõem aRegião Metropolitana de São Paulo. Foiconstituído a partir das prefeituras, por meiode suas secretarias de Governo e/ou deTurismo, sob coordenação da AnhembiTurismo e Eventos da Cidade de São Paulo.

O lançamento do Fórum se deu em outubrode 2001, durante o 1° Seminário de Turismo daRegião Metropolitana, realizado em São Paulo,em um encontro pluripartidário que contoucom representantes de 30 Prefeituras. O

evento procurou estabelecer temáticas queapontassem para a construção de estratégiasregionais de criação de políticas para o setorna região metropolitana.

Como resultado das discussões, constatou-se anecessidade de um trabalho conjunto, e oFórum foi instituído por meio de umdocumento assinado pelos representantes dosmunicípios presentes. Desde então, umacomissão coordenada pelo Anhembi organizaas atividades por meio de seminários locais esub-regionais para estabelecer um diagnósticoda região.

Uma das metas é descobrir novos atrativos etransformá-los em produto. Diversas cidadestêm enorme potencial turístico a serdesenvolvido. Santana do Parnaíba, porexemplo, tem um dos melhores carnavais dopaís, além da Encenação de Cristo na SemanaSanta; Ribeirão Pires é conhecida pelosesportes radicais; Jandira, que já tem umaprova de enduro, realiza festa junina comgrande público.

Com diferentes ofertas, a região procura secapacitar a oferecer opções de passeiosecológicos, esportivos e culturais para atrair osvisitantes que buscam o turismo de negócios eeventos, que são o forte da capital paulista.

Passou a ser criado um material conjunto dedivulgação das atrações turísticas de cadacidade, além da elaboração de um site, comoforma de divulgar e inserir definitivamente aRegião Metropolitana de São Paulo nos roteirosnacionais e internacionais.

O Fórum de Prefeitos e Prefeitas da RegiãoMetropolitana de São Paulo foi instituídoconsiderando-se o vazio institucional existentee a falta de uma legislação adequada e quenão foi atualizada pelo ente que detém aresponsabilidade constitucional para tanto, o

Fórum de Políticas Sociaise do Trabalho da RMSP

Fórum de Prefeitos e Prefeitas daRegião Metropolitana de São Paulo

Fórum Metropolitano de Turismo

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Governo do Estado. A lei que instituiu asregiões metropolitanas é de 1973, e a RMSP éfoi criada oficialmente em 1974, tendo sidotransferida para a competência do Estado coma Constituição de 1988. Desde então nãohouve a implementação da gestão tampoucoa atualização do arcabouço legal.

Para encaminhar essa discussão, a Prefeitura deSão Paulo promoveu um encontro dasmunicipalidades que integram a RegiãoMetropolitana de São Paulo em abril de 2001, noesforço de iniciar esse debate há muitonecessário, para estabelecer uma agenda deatuação conjunta dos Prefeitos e Prefeitas emnível regional. A proposta era valorizar asdemandas metropolitanas imediatas e, aomesmo tempo, compor um coletivo qualificadopara conduzir um processo deinstitucionalização de médio prazo: o “Fórumde Prefeitos e Prefeitas da Região Metropolitanade São Paulo”.

Naturalmente este é um caminhoimprescindível a ser seguido, mas não o único,já que os consórcios podem cumprir de certaforma o dito “vazio”, em determinados pontosem que sejam adequados e necessários.

Concomitante às tarefas imediatas, de curtoprazo, e à construção de um processo deinstitucionalização de médio prazo, ametropolização exige que abordemos os temasestratégicos, para que possamos estabelecerpolíticas de gestão regional, como por exemplo:Gestão dos Recursos Hídricos, DrenagemUrbana, Destinação Final de Resíduos Sólidos,Política Tributária, Educacional, de Geração deRenda e Trabalho, Integração Física e Tarifária deTransporte Urbano, Políticas Integradas paraRedução da Violência etc.

Com esse horizonte, o Fórum elegeu três eixostemáticos e constituiu grupos de trabalho coma finalidade de promover discussões setoriaisque confrontassem as realidades locais demodo a constituir um cenário regional queservisse de base ao debate: Transporte,Habitação e Meio Ambiente.

Foi escolhida uma coordenação para cadaeixo, que estabeleceu um calendário deencontros regulares ao longo do ano de 2001,por meio do qual eram discutidas saídas para asolução de problemas comuns aos municípiosparticipantes. O Grupo de Meio Ambiente,coordenado pelo prefeito de Diadema, José deFilippi Jr, o de Transporte, pelo prefeitoFernando Fernandes, de Taboão da Serra, e ode Habitação, pela prefeita de São Paulo, MartaSuplicy.

Essa iniciativa contou com a presença de 23prefeitos e dois representantes de prefeiturasem sua reunião inaugural, uma média de 18representantes em cada GT ao longo daquelesquase 14 meses de existência. Nesse períodohouve um processo de esvaziamento até quenão mais pudéssemos contar com quorumsuficiente. Uma leitura possível da dificuldadede articulação é a falta de desenho institucionalvigente, outra é a ausência do Estado, ou aindaa ausência de recursos que atraiam os prefeitospara a mesma mesa de debates.

É no espaço da política em que se concentramas dificuldades de se realizar pactos. O temametropolitano pode ser se apresentado comouma novidade não palatável para a maioria. Ocenário aberto com o pluripartidarismo nosanos 80 tem potencialidades aindainexploradas para a institucionalização dasregiões metropolitanas no que diz respeito àsoberania local. Este é um tema diretamentedependente dos processos consensuais, daarticulação consciente dos atores, daconstrução de processos, de valorização dosdiálogos, que para alguns pode significarperda de poder.

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