refratarios para a indústria de vidros
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O trabalho contém um introdução teórica aos vidros, incluindo suas propriedades gerais, bem como as suas clássicas composições químicas e principais rotas de fabricação e o papel dos refratários nas mesmas.TRANSCRIPT
Felipe Cebukin
Nusp: 7630079
Refratários na Indústria de Vidros
PMT 2523 – Tecnologia de
Refratários
Departamento de Engenharia
Metalúrgica e de Materiais da Escola
Politécnica da USP
Prof. Dr. Guilherme Frederico B.
Lenz e Silva
São Paulo
2014
i
Sumário
1. Objetivos .................................................................................................................... 1
2. Introdução Teórica dos vidros .................................................................................... 1
2.1 Definição de Vidro ................................................................................................................... 1 2.2 Propriedades Gerais ................................................................................................................ 1 2.3 Principais Aplicações ............................................................................................................... 2 2.4 Composições típicas ............................................................................................................... 2 2.5 Classificações Gerais .............................................................................................................. 2 2.6 Processo produtivo convencional ............................................................................................ 4 2.7 Processo produtivo atual dos vidros ....................................................................................... 5
3. Refratários ................................................................................................................. 6
3.1 O Papel dos Refratários na Indústria de Vidros ...................................................................... 6 3.2 O Forno de Vidro (glass furnace) ............................................................................................ 8
3.3 Regenerador de Calor ........................................................................................................... 12 3.4 Propriedades dos refratários ................................................................................................. 14
4. Conclusões .............................................................................................................. 18
5. Bibliografia ............................................................................................................... 19
ii
Lista de Figuras
Figura 1: Esquema da produção artesanal de vidro plano, por vidro
cilíndrico................ ............................................................................................... 4
Figura 2: Fluxograma do Processo Float. .................................................. 6
Figura 3: Diagrama esquemátio do forno de vidro. .................................... 8
Figura 4: Referência dos custos de materiais refratários num forno de vidros
........................................................................................................................... 10
Figura 5: Revisão de um projeto de arco da "Dog House" de um forno de
vidro. .................................................................................................................. 12
Figura 6: Exemplo de regenerador de calor na indústria de vidros. ......... 13
Figura 7: Resultado da Corrosão e da Erosão num forno de vidros. ....... 15
Figura 8: Diferentes microestruturas de um refratário FC AZS. ............... 16
Figura 9: Amostras de duas marcas diferentes de HZFC após 40 ciclos
termicos na faixa de temperatura de 800-1250°C. ............................................. 17
Figura 10: Formação de bolha no vidro líquido em contato com a superfície
de um refratário de HZFC................................................................................... 18
iii
Lista de Tabelas
Tabela 1: Aumento da taxa de fusão com temperatura (fonte: Botvinkin) . 7
Tabela 2: Refratários para as diferentes partes do forno de vidro ............. 9
Tabela 3: Refratários para as diferentes partes do Regenerador de Calor
........................................................................................................................... 13
1
1. Objetivos
A performance de refratários influencia significantemente na vida dos
fornos de vidros (Glass Tanks) e na qualidade do vidro produzido. Esta monografia
pretende fornecer conhecimentos básicos sobre o vidro e sua produção, bem
como o papel dos materiais refratários na mesma.
2. Introdução Teórica dos vidros
2.1 Definição de Vidro
Vidro é, de um ponto de vista termodinâmico, um líquido super-resfriado,
ou seja, um líquido fundido resfriado à uma taxa suficientemente rápida para fixar
a microestrutura aleatória do líquido, evitando que um processo de cristalização
ocorra. Dessa forma, em contraste com outros sólidos, os vidros não possuem
uma temperatura de fusão fixa, sendo que mudanças estruturais são reveladas
por uma inflexão na curva tempo-temperatura do mesmo, essa mudança é
chamada de temperatura de transição vítrea.
2.2 Propriedades Gerais
De uma forma geral, vidros comerciais são duros, porém frágeis e sensíveis
ao choque térmico. São excelentes isolantes térmicos, opticamente transparentes
e exibem, para composições químicas específicas, excelente resistência à
corrosão a uma grande variedade de químicos, com exceção de: ácido fluorídrico,
fluoreto de amônia e hidróxidos metálicos altamente básicos.
2
2.3 Principais Aplicações
Devido às suas boas propriedades de transmissão no espectro visível,
vidros comerciais são extensamente usados em lentes ópticas, lentes de contato,
e janelas. Enquanto que vidros resistentes à corrosão são usados em utensílios
de cozinha e vidraria de laboratório.
2.4 Composições típicas
Os componentes principais dos vidros siliciosos são sílica (SiO2), obtida de
areia siliciosa, cal (CaO), obtida do calcário (CaCO3) e soda (Na2O). Outros
óxidos, que são usados para conferir propriedades especiais aos vidros, incluem
ácido bórico (B2O3), potassa (K2O), bária (BaO) e lítia (Li2O). Já vidros coloridos
necessitam a adição de aditivos, em pequenas quantidades, na forma de óxidos
de metais de transição.
2.5 Classificações Gerais
De maneira a classificar os vidros de acordo com a sua composição, estes
são enquadrados em 4 grupos:
Classe-A: Vidros que contém alto álcalis, ou sodo-cálcicos.
Classe-C: Quimicamente resistentes.
Classe-E: Vidros borosilicatos ou alumino borosilicatos.
Classe-S: Vidros magnésio alumino silicatos, de alta resistência ao
impacto.
Ademais, os produtos vítreos são comumente enquadrados em três
categorias:
3
Vidro recozido (annealed glass)
Compreende os vidros produzidos em processo contínuo, sem
posteriores modificações. Estes vidros sobre solicitações
mecânicas, se quebram em pedaços longos e afiados, que podem
causar sérios ferimentos. Dessa forma, este tipo de vidro é proibido
em aplicações nas quais existe grande risco de quebra, como em
construção civil e na indústria automobilística.
Vidro temperado (toughened glass, safety glass)
Vidro temperado é obtido aplicando um processo de têmpera ao
vidro recozido. Este processo cria tensões residuais entre a
superfície e o interior do vidro de forma que o produto final possui
uma resistência mecânica seis vezes maior do que o vidro recozido.
Além disso, as tensões residuais no vidro temperado fazem com que
ele, ao sofrer fratura, produza fragmentos pequenos, muito menos
perigosos do que os fragmentos longos e pontiagudos no caso do
vidro recozido.
Vidro Laminado (laminated glass)
O vidro laminado consiste num material compósito multicamada, na
forma de duas ou mais camadas de vidro recozido, ligadas por uma
camada polimérica de polivinilbutiral (PVB). A camada polimérica
mantém as placas de vidro ligadas mesmo quando quebradas. O
uso de múltiplas camadas, chegando a espessuras finais de até
50mm produz o conhecido vidro à prova de balas.
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2.6 Processo produtivo convencional
Classicamente, eram empregados dois processos na fabricação de peças
de vidro plano:
O primeiro se caracterizava pela laminação manual de uma massa de
vidro amolecido;
Já o segundo, consiste no sopramento de vidro fundido num molde
cilíndrico, este cilindro então tinha as suas extremidades cortadas e
descartadas e um corte longitudinal é feito no cilindro. A placa resultante
do cilindro cortado é então colocada em um forno no qual o mesmo se
abria e assumia uma forma plana. A figura 1, demonstra este processo.
Figura 1: Esquema da produção artesanal de vidro plano, por processo cilíndrico
(Crown glass).
5
Ambos os processos produziam, de um ponto de vista óptico, superfícies
que eram raramente paralelas, levando à distorções ópticas. Estes processos
atualmente estão extintos, com exceção de poucas e pequenas produções
artesanais destinadas a suprir a demanda de reposição de janelas e mosaicos de
edificações antigas, como igrejas.
2.7 Processo produtivo atual dos vidros
Atualmente, a grande maioria do vidro industrial é produzido em processos
contínuos, sendo que os processos em batelada são restringidos à formulações
customizadas para aplicações especiais.
O processo float, responsável por 90% da produção mundial atual de
vidros, consiste no vertimento da massa líquida de vidro do forno de vidro em um
banho de estanho fundido. O vidro então flutua sobre o estanho, se espalhando
pelo mesmo, nivelando-se então devido ao efeito da gravidade. O vidro vai
resfriando e solidificando lentamente, à medida que segue pelo banho de estanho,
sendo então cortado em placas. O comprimento total desse sistema pode superar
600 metros. Produzem-se, então, placas planas com superfícies paralelas quase
perfeitas. Este produto final é conhecido como vidro recozido, detalhado no item
2.5. Um fluxograma do processo float pode ser visto na figura 2.
6
Figura 2: Fluxograma do Processo Float.
3. Refratários
3.1 O Papel dos Refratários na Indústria de Vidros
Os progressos recentes na indústria dos vidros, particularmente
relacionados à produção contínua dos mesmos, se relacionam intimamente com
à pesquisa e o aperfeiçoamento de materiais refratários adequados às diferentes
necessidades dos fornos de vidros e regeneradores de calor.
São questões importantes que levam ao contínuo aperfeiçoamento dos
refratários aplicados na indústria de vidros:
Vida útil dos fornos
Maior produtividade
Diminuição de contaminantes no vidro
Economia de energia
Poluição Ambiental
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De 1920 para 1970, a temperatura nos fornos de vidros aumentou de
1300oC para 1500oC; sendo que, atualmente, são utilizadas temperaturas entre
1600°C e 1650°C na produção de vidros comuns e temperaturas acima destas na
produção de vidros especiais.
Esse aumento de temperatura permitiu, por sua vez, mudanças na
composição do vidro de forma a se obter melhores propriedades finais nos
mesmos, incluindo maior homogeneidade, melhor refino, uma redução no custo
energético (que foi reduzido em mais de 10 vezes desde 1920) e principalmente,
numa maior produção de vidro que, para fornos de vidros planos, se traduz em
um aumento de cerca de 4% para um incremento de 10oC dentro da faixa da
temperatura de transição vítrea do produto final.
A relação de tempo necessário para a fusão do vidro se encontra na tabela
1.
Tabela 1: Aumento da taxa de fusão com temperatura (fonte: Botvinkin)
Temperatura (°C) Tempo necessário para
fusão completa (min)
1400 53,7
1450 36,4
1500 20,9
1550 10,0
1600 4,0
1650 2,4
1700 1,6
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Tem-se então, que um aumento de 50 graus, da temperatura de 1550°C,
para a atual temperatura de 1600°C na maioria dos fornos de vidros reduz o tempo
de processamento em duas vezes e meia. Aumentos posteriores à essa
temperatura, não produzem esta mesma proporção na diminuição do tempo de
processamento, isso, aliado ao fato de que maiores temperaturas resultam num
aumento na produção de óxidos de nitrogênio (que são gases poluentes), faz com
que a temperatura de 1600°C seja uma temperatura ótima para o processamento
de vidros.
3.2 O Forno de Vidro (glass furnace)
Um esquema detalhando as partes de um forno de vidro, ou glass furnace,
em inglês, utilizado na produção de vidros pelo processo float, detalhado no item
2.7, pode ser visto na figura 3.
Figura 3: Diagrama esquemático do forno de vidro.
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No forno de vidro é feita a alimentação das matérias primas do vidro,
detalhadas no item 2.4; estas matérias-primas são misturadas e fundidas. O calor
necessário para esse processo é obtido pela queima de gás natural, de óleos
derivados do petróleo ou de misturas de ambos pela lateral do forno.
As diferentes partes do forno ficam em contato com diferentes elementos,
sofrendo então diferentes tipos de solicitação, o que por sua vez requer diferentes
refratários para cada uma delas. A tabela 2 contém uma relação desses fatores.
Tabela 2: Refratários para as diferentes partes do forno de vidro
Aplicação Condições de aplicação
Requerimentos da aplicação
Refratários recomendados
Coroa (Crown)
- Vapores alcalinos - Altas temperaturas
- Estabilidade volumétrica - Baixa permeabilidade - Alta refratariedade
-Super duty silica bricks
Super Estrutura (Super Structure)
- Desgaste pelo arraste de constituintes do banho - Altas temperaturas
Elevada resistência ao - Choque térmico - Corrosão - Erosão
-Tijolos de Zirconia-Mullita -Tijolos de Mulita
Paredes laterais inferiores (Lower Side Walls)
- Corrosão pelo vidro - Altas temperaturas
- Resistência à Corrosão
-Tijolos de Zirconia-Mullita
Pavimento do fundo (Bottom Paving)
- Corrosão pelo vidro - Altas temperaturas - Elevado carregamento
- Alta refratariedade sobre carregamento - Resistência à Corrosão
- Refratários fundidos AZS
Camada de Segurança (Safety layer)
- Elevado carregamento - Alta refratariedade sobre carregamento
Tijolos de alta alumina
Isolante (Insulation)
- Elevada carga térmica - Baixa condutividade térmica - Boa resistência mecânica
Tijolos isolantes de sílica
Reparo (Repair)
- Corrosão por vapores alcalinos
Boa resistência ao - Choque térmico - Corrosão
- Tijolos de sílica fundida - Massas de socar e Massas plásticas À base de zircônia
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Uma relação custos dos materiais refratários de um forno de vidros (modelo
600TPD) pode ser observada na figura 4.
Figura 4: Referência dos custos de materiais refratários num forno de vidros
O projeto de um forno de vidro será determinante na:
Vida útil do forno
Os fornos de vidro devem durar de 10 a 20 anos, funcionando continuamente
durante esse período, dessa forma, os elementos mais críticos do forno, ou
seja, os que sofrem maiores solicitações (de corrosão e erosão), devem ser
projetados para terem uma vida adequada. Isso se deve ao fato de que como
a produção de vidro do forno é contínua, para realizar a troca dos refratários
do forno, seja ela pelo desgaste natural ou por falha inesperada do mesmo, ele
terá que ser desligado, de forma que o vidro contido dentro dele solidificará e
só será passível de ser removido do forno dinamitando o interior do mesmo.
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Este processo é demorado e a pausa na produção de vidro é registrada como
uma perda de dinheiro para a indústria.
Produtividade do forno
Com o planejamento correto do forno, é possível reter no seu interior, o máximo
possível do calor de dentro do mesmo. Dessa forma, são reduzidos os custos
com energia.
Ademais, projetos que permitam o uso de temperaturas mais elevadas vão
diminuir o tempo de reação e fusão dos componentes do vidro.
Contaminação do vidro
O projeto correto nas zonas críticas do forno, sujeitas à maiores solicitações de
corrosão e de erosão, minimizará a contaminação do vidro pelos elementos
constituintes do refratário, em solução no vidro ou na forma de fragmentos.
Atualmente, os projetos de fornos de vidros são extremamente
complexos, sendo que para mesmas partes do forno, se tem o uso de
diferentes geometrias e composições dos refratários. Um exemplo disso
pode ser visto na figura 4, que apresenta uma revisão de um projeto do
arco da “dog house” do forno, local por onde é feita a alimentação das
matérias primas.
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3.3 Regenerador de Calor
Além de fornos, tem-se na indústria vidros o uso de regeneradores de calor,
exemplificado na figura 6, os quais reaproveitam o calor dos gases resultantes da
reação das matérias primas assim como do desgaste químico dos refratários,
reintroduzindo esta energia no forno aquecendo o ar introduzido no mesmo para
reagir com os materiais combustíveis. O reaproveitamento desta energia, por sua
vez, reduz os custos energéticos totais do processo.
Figura 5: Revisão de um projeto de arco da "Dog House" de um forno de vidro.
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Figura 6: Exemplo de regenerador de calor na indústria de vidros.
Assim como para o forno de vidro, segue na tabela 3, uma relação das
diferentes partes do regenerador, dos tipos de solicitação e das propriedades
requeridas para cada uma destas partes e dos possíveis refratários para cada
uma delas.
Tabela 3: Refratários para as diferentes partes do Regenerador de Calor
Aplicação Condições de aplicação
Requerimentos da aplicação
Refratários recomendados
Port Lining - Desgaste devido ao fluxo de gases - Desgaste pelo arraste de constituintes do banho
Resistência à erosão - Refratários fundidos AZS
Coroa da câmara (Chamber Crown)
- Altas temperaturas - Álcalis
- Estabilidade volumétrica - Baixa permeabilidade - Alta refratariedade
- Super duty sílica bricks - Tijolos de Mulita fundida
Parede da Câmara (Chamber Wall)
- Vapores alcalinos - Resistência aos álcalis Tijolos de Magnesita 96-98%
Ride Arch, Parede inferior (Lower Wall)
-Solidificação e liquefação dos álcalis
- Resistência aos álcalis Tijolos de Andalusita
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3.4 Propriedades dos refratários
Em se tratando dos materiais refratários utilizados na indústria de vidros,
tem-se que as suas propriedades de interesse são comumente contrárias entre si,
de forma que deve-se comprometer certas propriedades do material refratário de
forma a se obter um equilíbrio das mesmas, permitindo a sua aplicação. Esse
equilíbrio visa sempre atingir a melhor relação de vida de serviço e produtividade.
As propriedades de interesse nos materiais refratários incluem:
a) Resistência à corrosão
A corrosão é um fenômeno difusional que ocorre devido à solubilidade do
material refratário no banho de vidro líquido. Dessa forma, se faz preferível
o uso de refratários fundidos no lugar dos sinterizados, visto que os
primeiros possuem menos porosidade que os segundos, o que por sua vez
resulta em uma menor área de contato com o banho líquido.
A resistência a corrosão, entretanto, por requerer uma baixa solubilidade
do material refratário no vidro fundido, pode resultar numa maior
quantidade de defeitos, na forma da presença de partículas do refratário no
banho líquido devido ao desgaste erosivo, por exemplo.
Ademais, a corrosão é uma propriedade que afeta diretamente a vida útil
do forno, de forma que a escolha correta de refratários para posições
críticas do forno é de extrema importância.
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b) Resistência à erosão
A erosão é um processo físico, causado pelo atrito do material refratário
com o vidro que flui pelo forno. A resistência dos materiais refratários então
dependerá da dureza dos mesmos, assim como de suas propriedades
mecânicas.
O desgaste erosivo dos refratários leva à contaminação do banho de vidro,
o que reduz a qualidade do vidro final, gerando defeitos no mesmo.
O resultado de processos corrosivos e erosivos no interior de um forno de
vidros pode ser observado na figura 7.
Figura 7: Resultado da Corrosão e da Erosão num forno de vidros.
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c) Composição e microestrutura
A composição química do material refratário é detrimental à microestrutura do
mesmo, pois determina as possíveis fases que o material pode assumir e as
mudanças de fase ao longo da estrutura do refratário que ocorrerão durante o
seu uso devido ao gradiente de temperatura ao qual ele será submetido.
A composição destas fases, por sua vez possui grande importância na
resistência à corrosão e à formação de bolhas no vidro.
A figura 8 exemplifica as diferentes microestruturas resultantes do uso de um
mesmo refratário de material FC AZS em diferentes partes do forno.
Figura 8: Diferentes microestruturas de um refratário FC AZS.
d) Expansão térmica
As mudanças volumétricas nos materiais refratários durante serviço são de
extrema importância para o projeto dimensional dos refratários a serem
utilizados num forno. Este comportamento é ainda mais importante para
refratários que sofrem mudanças polifórmicas durante o serviço, como os
refratários com zircônia como principal constituinte.
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Os fatores incluídos nesse comportamento, incluem:
Temperatura e valor máximo de expansão térmica;
Encolhimento durante transformação polifórmica
Mudanças lineares na temperatura de serviço
Mudanças lineares após ciclo de aquecimento/resfriamento
Este último fator é de grande importância quando se tem a formação de trincas a
cada ciclo térmico, o que pode diminuir muito a vida do refratário, de forma que os
refratários que sofram deste comportamento não devem ser utilizados em fornos
ou posições no forno sujeitos a ciclos térmicos. O efeito desta propriedade em
duas marcas diferentes de refratários HZFC pode ser observado na figura 9.
Figura 9: Amostras de duas marcas diferentes de HZFC após 40 ciclos térmicos na
faixa de temperatura de 800-1250°C.
e) Formação de Bolhas
A formação de bolhas é um dos fatores limitantes da produtividade do forno,
dado que bolhas são considerados sérios defeitos no produto final. As bolhas
se formam na superfície de contato do material refratário com o banho de vidro
líquido, um exemplo deste defeito pode ser observado na figura 10.
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Figura 10: Formação de bolha no vidro líquido em contato com a superfície de um
refratário de HZFC.
4. Conclusões
Pode-se perceber então a importância dos materiais refratários na
produção de vidro, os quais permitem a atual produção industrial destes materiais.
O constante avanço na tecnologia dos materiais refratários se faz
constantemente necessário, esse avanço aliado à correta análise e planejamento
dos fornos leva ao:
Aumento da vida útil dos refratários;
Diminuição da quantidade de refratários utilizados;
Aumento da produtividade;
Diminuição de contaminantes e defeitos no vidro;
Maior economia de energia gasta no processo;
Diminuição de emissão de poluentes.
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5. Bibliografia
CARDARELLI, François. Materials Handbook: A Concise Desktop
Reference. Segunda edição. Springer. 1966.
V. Gottardi. Refractories for the glass industry, Journal of Non-Crystalline Solids, Volume 80, Edições 1–3, Março 1986, Páginas 93-102.
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