reformador julho 2010 - a - sou leitor espírita · felizes os que houverem trabalhado no campo do...

44

Upload: lamnga

Post on 07-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho
Page 2: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho
Page 3: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: AUGUSTO ELIAS DA SILVA

Revista de Espiritismo CristãoAno 128 / Julho, 2010 / N o 2.176

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO E EVANDRO NOLETO

BEZERRA

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES PEREIRA E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça)CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mails: [email protected]

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual R$ 339,00Número avulso R$ 55,00

PARA O EXTERIORAssinatura anual US$ 335,00

Assinatura dde RReformador: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

E-mmail: [email protected]

Editorial

O Trabalho na Seara Espírita – Caridade e União

Entrevista: Sandra Farias de Moraes

União, parceria e integração para busca de soluções

Presença de Chico Xavier

Semeadores de esperança – André Luiz

Esflorando o Evangelho

A candeia viva – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

Chico Xavier diante do Esperanto – Eurípedes Alves Barbosa

Conselho Espírita Internacional

CEI-Europa realizou Reunião em Varsóvia

6o Congresso Espírita Mundial já tem programa

Seara Espírita

Lei de Adoração – Christiano Torchi

Novas responsabilidades – Bezerra de Menezes

Verminose da alma – Richard Simonetti

O pêndulo da vida – Mário Frigéri

Ainda não é o fim... – Ramon Lisboa

Sonho inútil – Cruz e Sousa

Proveitosa conquista (Capa) –

Clara Lila Gonzalez de Araújo

Cursos sobre Doutrina Espírita: organização, duração

e qualidade – Maria do Socorro de Souza Rodrigues

Em dia com o Espiritismo – Por que mentimos? –

Marta Antunes Moura

Entendendo o estudo espírita – Marcelo Mota

Comenda Zilda Arns

O décimo primeiro mandamento – Adilton Pugliese

Retorno à Pátria Espiritual – Juvanir Borges de Souza

“Liberté, Égalité, Fraternité” –

Licurgo Soares de Lacerda Filho

A geração nova – Allan Kardec

Como vencer o vício? – Mauro Paiva Fonseca

5

8

10

12

15

16

18

22

25

30

32

33

35

36

38

39

4

13

17

21

28

40

41

42

Page 4: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

4 Reformador • Ju lho 2010225588

Editorial

O Trabalho na

Seara EspíritaCaridade e União

1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. 1. reimp. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Rio deJaneiro: FEB, 2010. Cap. 20, item 5.

m mensagem transmitida em Paris, em 1862, sob o título “Os obreiros doSenhor”,1 o Espírito de Verdade afirma: “Aproxima-se o tempo em que secumprirão as coisas anunciadas para a transformação da Humanidade.

Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e semoutro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho serão pagos pelo cêntuplo doque tiverem esperado”.

Em seguida o Espírito de Verdade ainda observa: “Felizes os que houverem ditoa seus irmãos: ‘Irmãos, trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim deque o Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra’, pois o Senhor lhes dirá: ‘Vinde amim, vós que sois bons servidores, vós que soubestes impor silêncio aos vossosciúmes e às vossas discórdias, a fim de que daí não viesse dano para a obra’”.

Constata-se, desta forma, que para bem desempenharmos o trabalho nas ativi-dades que visam ao estudo, à difusão e à prática da Doutrina Espírita, faz-se neces-sário atender a dois pontos básicos: praticar a caridade na própria tarefa espírita etrabalhar pela união de todos os companheiros que se encontram na mesma tarefa.

E, para que não haja dúvidas com relação à seriedade da atividade voltada à difu-são do Espiritismo, o Espírito de Verdade ainda esclarece: “Mas, ai daqueles que, porefeito das suas dissensões, houverem retardado a hora da colheita, porque a tempes-tade virá e eles serão levados no turbilhão”.

Com a autoridade de quem coordenou a elaboração da Codificação Espírita,contida nas obras básicas de Allan Kardec, o Espírito de Verdade nos convoca paraa mudança dos nossos hábitos na prática de qualquer atividade na Seara Espírita, afim de que sejamos realmente eficientes e alcancemos resultados positivos na tare-fa de colocar o Evangelho de Jesus, à luz da Doutrina Espírita, ao alcance e a servi-ço de todos, em todas as partes, bem como no esforço da nossa própria evoluçãomoral.

E

Page 5: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

o belíssimo romance espí-rita Cinquenta Anos De-pois, que retrata alguns

episódios ocorridos no início doséculo II da Era Cristã, obra deautoria do Espírito Emmanuel,psicografada pelo médium Fran-cisco Cândido Xavier (1910-2002),cujo centenário de nascimento es-tá sendo merecidamente comemo-rado neste ano, um dos perso-nagens, o nobre ancião e patrí-cio romano, Cneio Lucius, con-duz sua amada neta, Célia – cujosconhecimentos prematuros emmatéria de religião e filosofia as-sombravam a todos – aos templosromanos de Júpiter Capitolino ede Serápis para, segundo os cos-tumes então vigentes, oferecer sa-crifícios aos deuses, conforme aritualística instituída pelos sacer-dotes flamíneos.

Esta iniciativa do avô foi to-mada, a pedido do pai da jovem,o censor Helvídio Lucius, numatentativa de demovê-la da sim-patia que nutria pelas ideias de

Jesus, acidentalmente assimiladasdos escravos da casa, ideias essasque se propagavam no ImpérioRomano e eram severamente re-primidas, por ordem dos admi-nistradores que, perplexos antea coragem dos cristãos que en-frentavam a morte nos circos san-guinolentos, cantando hosanasao Senhor,1 talvez interpretas-sem a nova crença como umaafronta à autoridade romana e aosvalores culturais que lhes erammais caros.

Lendo esta passagem, comotantas outras da clássica “SérieEmmanuel”, detectamos nesses ri-tuais, tão comuns naquela época,atos de adoração. A palavra “ado-rar”, no sentido vulgar, significagostar muito, ter paixão extremapor pessoas, animais e coisas. Nosentido religioso tradicional, é o

mesmo que venerar ou prestarculto a alguém ou a algo, no âm-bito dos ofícios ou cerimônias re-ligiosas, tal como descrito nosaludidos romances.

Do ponto de vista espírita, nãoé este, porém, o conceito empres-tado à palavra “adoração”, comose verá.

A crença na divindade é inatano ser humano, pois, tendo sidocriados por Deus, todos cultiva-mos, no âmago, ainda que não te-nhamos qualquer tipo de orienta-ção religiosa, a vaga intuição daexistência de um ser superior, doqual dependemos.

Atrasados em moralidade, oshomens dos tempos recuados pra-ticavam a adoração por meio desacrifícios e coisas materiais. Teme-rosos da inclemência da natureza,com suas tragédias sociais, enchen-tes, secas e pragas, que atribuíama deuses vingativos, para agradá--los, de modo a aplacar a suposta“ira” das divindades, ofereciam oque possuíam de mais precioso.

5Ju lho 2010 • Reformador 225599

NCH R I S T I A N O TO RC H I

Lei de

Adoração

1XAVIER, Francisco C. Cinquenta anosdepois. Pelo Espírito Emmanuel. 33. ed. 2.reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. P. 1,cap. 2.

Page 6: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

Ainda na atualidade, encontra-mos formas primitivas de se ado-rar a Deus, por meio de rituais se-melhantes aos dos pagãos, com autilização de símbolos e imagens.Não raro, indivíduos encarcera-dos nos antigos atavismos religio-sos comercializam com o mundoespiritual, em troca de favores pes-soais, tais como auxílios financei-ros, casamentos, entre outros in-teresses terrenos imediatistas. Porseu lado, instituições religiosas háque não têm interesse de liber-tar seus profitentes dessas nefas-tas ilusões. Pelo contrário, incenti-vam-nos, porque mantê-los alie-nados é muito lucrativo. Natural-mente que os Espíritos superiores

jamais endossariam esses hábitos,porque denotam escravização àspaixões inferiores e aos interessesmateriais.

De acordo com os ensinamen-tos dos mentores da Codificação,exarados na primeira obra bá-sica, a partir da questão 649, aadoração consiste “na elevaçãodo pensamento a Deus”.2 Todavez que meditamos, que eleva-mos o pensamento a Deus, emprece, louvando, pedindo ouagradecendo, independentemen-te de atos exteriores, estamos,

consciente ou inconscientemente,praticando a verdadeira adora-ção. O Espírito Emmanuel ampliao entendimento desta questão,esclarecendo:

– Todos os Espíritos, reencar-

nando no planeta, trazem con-

sigo a ideia de Deus, identifi-

cando-se de modo geral nesse

sagrado princípio.

Os cultos terrestres, porém,

são exteriorizações desse prin-

cípio divino, dentro do mundo

convencional, depreendendo-

-se daí que a Verdade é uma só,

e que as seitas terrestres são

materiais de experiência e de

evolução, dependendo a prefe-

rência de cada um do estado

evolutivo em que se encontre

no aprendizado da existência

humana, e salientando-se que

a escolha está sempre de ple-

no acordo com o seu estado

íntimo, seja na viciosa tendên-

cia de repousar nas ilusões do

culto externo, seja, pelo esfor-

ço sincero de evoluir, na pes-

quisa incessante da edificação

divina.3 (Grifo nosso.)

A legítima adoração desenvolveno homem a própria espirituali-dade, promove o autoconhecimen-to e a sublimação dos sentimentosque o aproximam de Deus, aomesmo tempo em que granjeia ahumildade, abrindo os portais doprogresso intelecto-moral. A ado-

6 Reformador • Ju lho 2010226600

2KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 2.ed. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Rio deJaneiro: FEB, 2010. Q. 649-673.

3XAVIER, Francisco C. O consolador. PeloEspírito Emmanuel. 28. ed. 3. reimp. Riode Janeiro: FEB, 2010. Q. 296.

Page 7: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

ração, em sua essência, não seensina, pois é um sentimentoinato como aquele que se tem daDivindade. No âmago, o homemtem consciência de que é um serdependente do Criador, o que ofaz dobrar-se ante a proteçãodaquele que tudo pode. Este sentimento geralmente se reve-la diante de um perigo iminen-te, em que, por força da lei deconservação, o homem direcionatodas as suas energias para selivrar do evento que ameaça asua sobrevivência. Não sem ra-zão os orientadores da Codifi-cação disseram que “jamais hou-ve povos ateus”, porquanto “todoscompreendem que acima deles háum Ser supremo”.4

A grande evidência de que aadoração é uma lei natural está nofato de a encontrarmos entre todosos povos de todas as épocas, aindaque manifestada por meio de dife-rentes formas. A adoração autênti-ca prescinde de manifestações exte-riores, contudo, há pessoas queainda precisam de tais arrimos,visto que se sentem mais segurasassim, externando, com isso, queainda não se libertaram dos hábitosarraigados que muitas vezes trazemde existências físicas anteriores.

Todavia, a adoração exterior éválida, se for feita de coração, istoé, se não for apenas uma encena-ção para impressionar os outros,sobretudo quando é realizada porpessoas que têm conduta censurá-

vel, a qual não se coaduna com osgenuínos valores morais que ten-tam representar por meio de umafalsa adoração.

É óbvio que o Criador não de-saprova as cerimônias praticadaspelos homens imbuídos de since-ra devoção, porém, a melhor ma-neira de honrá-lo é dedicar-se aotrabalho da caridade, pois Deusse importa mais com o fundo doque com a forma. A simples ora-ção sincera e fervorosa vale mui-to mais, às vistas dele, do que to-das as oferendas que possamosdedicar-lhe.

Vinícius sintetiza bem em queconsiste a adoração em espírito everdade:

Adorar a Deus em espírito e

verdade é tornar-se progressi-

vamente melhor, opondo em-

bargos às expansões do egoís-

mo, cultivando a mente e o

coração.

[...]

Adorar a Deus em espírito e ver-

dade é servir à Humanidade, é

querer o bem de todos os ho-

mens, é renunciar à sua persona-

lidade em favor da coletividade.

Adorar a Deus em espírito e

verdade é deixar de ser judeu ou

samaritano, fariseu ou saduceu,

para ser cristão com o Cristo,

consoante estas palavras suas:

“Em vos amardes uns aos outros,

todos conhecerão que sois meus

discípulos”.5 (Grifo nosso.)

De outro lado, procede mal oufalta com a caridade quem ridicu-lariza as crenças alheias por dis-cordar da forma como é manifes-tada, assim como aquele que fingepraticar uma religião, na qual nãoacredita, apenas para agradar àspessoas.

E o que dizer daqueles que sededicam exclusivamente à vidacontemplativa e não fazem mal aninguém? Ensinam os benfeito-res espirituais que a missão dohomem inteligente não é apenaspensar em si mesmo, mas tam-bém nos outros, deveres que in-cumbem a todos os que vivemem sociedade. O homem que seisola, gastando o seu tempo ape-nas em meditar, nada faz de me-ritório perante Deus, uma vezque, deixando de fazer o bem, jápratica o mal, pois seu gesto nãoaproveita à Humanidade, e estarásujeito ao jugo da própria cons-ciência por ter levado uma vidainútil.

Partindo da premissa de que a adoração se faz em espírito eem verdade, somos levados a con-cluir que o meio mais eficaz decultuar a Deus é servir aos seme-lhantes, é contribuir para a me-lhoria do mundo a partir denossa própria transformação ín-tima, que encontra instrumentospoderosos no estudo das leis di-vinas e no trabalho em favor dopróximo.

7Ju lho 2010 • Reformador 226611

4KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 2.ed. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Rio deJaneiro: FEB, 2010. Q. 651.

5VINÍCIUS (Pedro de Camargo). Emtorno do mestre. 9. ed. 1. reimp. Rio deJaneiro: FEB, 2009. Cap. Em espírito e

verdade, p. 26. Apud SOBRINHO,Geraldo C. (Coordenador). O espiritismode A a Z. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008.Vocábulo “adorar”, p. 26.

Page 8: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

Filhos da alma!Que Jesus nos abençoe.

século XXI continua guin-dado à mais alta tecnolo-gia, desbravando os infin-

dáveis horizontes da Ciência.Antigos mistérios do conhe-

cimento são desvelados. Enigmas,que permaneciam incompreensí-veis, são decifrados, e o materia-lismo sorri zombeteiro das men-sagens sublimes do amor.

Paradoxalmente, os avançosrespeitáveis dessas áreas do intelec-to não lograram modificar as ocor-rências traumáticas que têm lugarno Orbe, na atualidade. No augedas conquistas das inteligências,permanecem as convulsões sociaisunidas às convulsões planetárias nomomento da grande transição quepassa a Terra amada por todos nós.

De um momento para outro,uma erupção vulcânica arrebentaas camadas que ocultam o mag-ma, e as cinzas – atiradas acima de10 mil metros da superfície terres-tre – modificam toda a paisagemeuropeia ameaçando as comuni-cações, a movimentação, enquan-to se pensa em outras e contínuaserupções que podem vir assinala-das por gases venenosos ou por

lava incandescente... Fenômenosde tal monta podem ser detecta-dos, mas não impedidos, demons-trando que a vacuidade da inteli-gência não pode ultrapassar a sa-bedoria das leis cósmicas estabe-lecidas por Deus.

E Gaia – a grande mãe planetá-ria – estorcega-se, enquanto nasua superfície a violência irrompeem catadupas, ameaçando a esta-bilidade da civilização: política,econômica, social e, sobretudo,moral, caracterizando estes comoos dias das antigas Sodoma e Go-morra das anotações bíblicas...

Poder-se-ia acreditar que o caosseria a conclusão final inevitável,entretanto, a barca terrestre quesingra os horizontes imensos doCosmo não se encontra à matroca.

Jesus está no leme e os seus ar-quitetos divinos comandam osmovimentos que lhe produzemalteração da massa geológica, en-quanto se operam as transforma-ções morais.

Iniciada a Era Nova, surge, nes-te mesmo século XXI, o períodoprenunciador da paz, da fé reli-giosa, da arte e da beleza, do beme do dever.

Assinalando esse período detransformação, estamos convida-

dos, encarnados e desencarnados,a contribuir em favor do progres-so que nos chega de forma com-plexa, porém bem direcionada.

Avancemos com as hostes doConsolador na direção do portodo mundo de regeneração.

Sejam os nossos atos assinala-dos pelos prepostos de Jesus, detal forma que se definam as dire-trizes comportamentais.

...E que todos possam identifi-car-nos pela maneira como en-frentaremos dissabores e angús-tias, testemunhos e holocaustos, àsemelhança dos cristãos primitivosque viveram, guardadas as pro-porções, período equivalente, ins-taurando na Terra o Evangelho li-bertador, desfigurado nos últimosdezessete séculos, enquanto, comAllan Kardec, surgiu o Consola-dor trazendo-nos Jesus de volta.

É compreensível, portanto, queos Espíritos comprometidos como passado delituoso tentem im-plantar a desordem, estabelecer odesequilíbrio das emoções paraque pontifique o mal, na versãomitológica da perturbação demo-níaca. Em nome da luz inapagáveldaqueles momentosos dias da Ga-lileia, particularmente durante asinfonia incomparável das bem-

8 Reformador • Ju lho 2010 226622

O

Novasresponsabilidades

Page 9: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

-aventuranças, demonstremos quea nossa é a força do amor e as nos-sas reflexões no mundo íntimotrabalham pela nossa iluminação.

Nos dias atuais, como no passa-do, amar é ver Deus em nosso pró-ximo; meditar é encontrar Deusem nosso mundo íntimo, a fim deespargir-se a caridade na direçãode todas as criaturas humanas.

Trabalhar, portanto, o mundoíntimo, não temer quaisquer amea-ças de natureza calamitosa atravésdas grandes destruições que fa-zem parte do progresso e da reno-vação, ou aquelas de dimensãonão menos significativa na inti-midade doméstica, nos conflitosdo sentimento, demonstrando quea luz do Cristo brilha em nós econduz-nos com segurança.

A Eurásia, cansada de tantasguerras, de destruição, da ceguei-ra materialista, dos contínuos ho-locaustos de raças e de etnias, degovernos arbitrários e perversos,clama por Jesus, como o mundotodo necessita de Jesus. Seus emis-sários, de Krishna a Bahá'u'lláh,de Moisés a Allan Kardec, de Buda

aos peregrinos da não violência,de Maomé aos pacificadores mul-çumanos, todos esses, ministrosde Jesus, preparam-lhe, através dosmilênios, o caminho para que atra-vés do Consolador – mesmo semmudanças de diretrizes filosóficasou religiosas – predomine o amor.

Sejam celebradas e vividas acrença em Deus, na imortalidade,nas vidas ou existências suces-sivas, fazendo que as criaturasdeem-se as mãos construindo omundo de regeneração e de pazpelo qual todos anelamos...

Jesus, meus filhos, ontem, hojee amanhã, é a nossa bússola, é onosso porto, é a nave que nos con-duz com segurança à plenitude.

Porfiai no bem a qualquer pre-ço. Uma existência corporal, pormais larga, é sempre muito breveno relógio da imortalidade. Se-meai, portanto, hoje o amor, redi-mindo-vos dos equívocos de ontemcom segurança, agora, na certezade que estes são os sublimes diasda grande mudança para melhor.

Ainda verteremos muito pran-to, ouviremos muitas profecias

alarmantes, mas a Terra sairá des-se processo de transformação maisfeliz, mais depurada, com seus fi-lhos ditosos rumando para mun-do superior na escalada evolutiva.

Saudamo-vos a todos os com-panheiros dos diversos países aquireunidos, e em nome dos Espíri-tos que fazem parte da equipe doConsolador, exoramos ao Mestreinolvidável que prossiga aben-çoando-nos com sua paz, na cer-teza de que com Ele – o amor nãoamado – venceremos todos osobstáculos.

Muita paz, filhos da alma, e queJesus permaneça conosco.

São os votos do servidor pater-nal e humílimo de sempre,

Bezerra.1

(Mensagem psicofônica recebida pelo mé-

dium Divaldo Pereira Franco, na manhã

de 9 de maio de 2010, no Encontro do

Conselho Espírita Internacional, reunido

em Varsóvia, Polônia.)

9Ju lho 2010 • Reformador 226633

1Mensagem revista e ligeiramente alteradapelo seu Autor.

Page 10: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

m breve manifestação, noano de 1861, em Bordeaux,na França, registrada em

O Evangelho segundo o Espiritis-mo, capítulo VI, item 7, ed. FEB,diz o Espírito de Verdade, o pró-prio Cristo a falar por intermé-dio da comunidade de Espíritossuperiores que, em seu nome,orientaram a Codificação doEspiritismo:

Sou o grande médico das almase venho trazer-vos o remédio quevos há de curar. Os fracos, os sofre-dores e os enfermos são os meusfilhos prediletos. Venho salvá-los.Vinde, pois, a mim, vós que so-freis e vos achais oprimidos, e se-reis aliviados e consolados. Não bus-queis alhures a força e a consola-ção, pois que o mundo é impoten-te para dá-las. Deus dirige um su-premo apelo aos vossos corações,por meio do Espiritismo. Escutai--o. Extirpados sejam de vossas al-mas doloridas a impiedade, a men-tira, o erro, a incredulidade. Sãomonstros que sugam o vosso maispuro sangue e que vos abrem cha-gas quase sempre mortais. [...]

O paciente está pálido, abatido,anêmico, fraco, sem apetite, semdisposição.

O médico solicita vários exames.Num deles constata-se que ver-

mes intestinais sugam suas energias.Mal comparando, eu diria que

os males de nossa alma são de-correntes de uma verminose espi-ritual, da seguinte natureza, con-forme a observação do Espírito deVerdade: impiedade, mentira, in-credulidade e o erro.

Convido você, leitor amigo,para uma apreciação a respeitodeles:

Impiedade.Dificilmente encontraremos al-

guém que se reconheça impiedo-so, porquanto sempre a associa-mos à crueldade, à desumanida-de, à barbárie.

Alguns exemplos:O assaltante que mata a vítima

indefesa.O estuprador que violenta a

jovem.O policial que tortura o sus-

peito de um crime.O rico proprietário que despeja

o pobre porque atrasou o pa-gamento do aluguel.

O terrorista que comete atenta-dos, matando inocentes.

Considerando, entretanto, quea impiedade é, sobretudo, ausên-cia de piedade, todos a exercita-mos, em várias situações:

Quando nos recusamos a aten-der o pobre que bate à nossaporta.

Quando nos comprazemos emcriticar o comportamento alheio,detendo-nos em supostos detalhesmenos edificantes.

Quando não encontramos tem-po para visitar o doente.

Quando não perdoamos umaofensa.

A lista perde-se de vista, im-posta por esse verme danado.

Mentira.Erasmo de Rotterdam (1466-

-1536), com a irreverência que ocaracterizava, diz, em O Elogio daLoucura:

O espírito do homem é feito demaneira que lhe agrada muito mais

Verminoseda alma

ERI C H A R D SI M O N E T T I

10 Reformador • Ju lho 2010 226644

Page 11: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

a mentira do que a verdade. Fazei aexperiência: ide à igreja, quando aíestão a pregar. Se o pregador tratade assuntos sérios, o auditório dor-mita, boceja e enfada-se, mas se, derepente, como, aliás, é frequente,começa a contar uma história decomadres, toda a gente desperta epresta a maior das atenções.

É próprio da natureza huma-na apreciar a fantasia.

Pesquisas realizadas por psicó-logos revelam que as pessoas men-tem o tempo todo, pelos maisvariados motivos:

Para encurtar uma conversa:está chegando uma visita. Tenho dedesligar...

Para evitar um contato: digaque não estou...

Para ganhar as boas graças dealguém: acho você o máximo!

Isso sem falar das mentiras as-sociadas à desonestidade, ao adul-tério, à intenção de prejudicar oude iludir…

Enfim, a mentira é própria doestágio de evolução em que nosencontramos.

O problema é que esse vermedebilita nossas defesas espirituais,colocando-nos em sintonia comcorrentes de vida mental inferior.

É o que destaca Jesus, ao reco-mendar a verdade (Mateus, 5:37):

Seja o vosso falar: sim, sim; não,não. O que disso passar procededo maligno.

Incredulidade.No livro A Divina Comé-

dia, de Dante, Virgílio,

que conduz o poeta para visita aoinferno, diz, em determinadomomento, que ele permanecianuma espécie de limbo, sem asamarguras do inferno, mas sem afelicidade do Céu, por causa desua falta de fé enquanto entre oshomens.

É uma alegoria perfeita sobrea situação dos descrentes.

Não me refiro àqueles que nãoacreditam em absolutamente na-da além da matéria. São raros.

Refiro-me aos que acreditamem Deus e na imortalidade, mas éuma fé insipiente, precária, que va-le apenas para os dias ensolarados.

Quando escurece o horizonte edesabam os temporais existenciais,quando enfrentam dificuldades edissabores, vêm o medo, a intran-quilidade, a infelicidade, a tristeza...

Se a Doutrina Espírita nosensina que estamos emjornada evolutiva naTerra, submetidosa ajustes diantedas leis divi-nas, com o res-gate de débitoscármicos e o en-sejo de amadureci-mento, preparan-do-nos para glo-rioso futuro, por

que haveremos de ficar num limboexistencial, como Virgílio, ener-gias sugadas por esse impertinen-te verme?

Erro.Podemos defini-lo como uma

ideia ou comportamento inade-quado em relação a alguma coisa.

Erro de aritmética: dois maisdois fazem cinco.

Erro de culinária: esquecer osal na comida.

Erro de cidadania: furar a filano cinema.

De um modo geral, as pessoasdiriam que erram pouco, procu-rando cumprir os regulamentos.

Pago meus impostos em dia, nãodou cheques sem fundos, não co-meto excessos no trânsito, registromeus funcionários, não roubo, não

11Ju lho 2010 • Reformador 226655

Page 12: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

furto, não leso o semelhante, nãotenho meu nome no Serasa.

Coisas assim.No entanto, se mudarmos o en-

foque e considerarmos nosso com-portamento em relação ao Evan-gelho, verificaremos que erramosmuito, erramos demais, estamoslonge da perfeição.

Alguns exemplos, em o Sermãoda Montanha:

[...] qualquer que olhar para umamulher com intenção impura, nocoração já cometeu adultério comela (Mateus, 5:28).

[...] se alguém vos bater na facedireita, oferecei-lhe também a ou-tra (Mateus, 5:39).

[...] se alguém te obrigar a cami-nhar mil passos, caminha com eledois mil (Mateus, 5:41).

[...] amai os vossos inimigos eorai pelos que vos perseguem (Ma-teus, 5:44).

Ninguém pode servir a dois se-nhores. Ou há de odiar a um e amaro outro, ou se devotará a um e des-prezará o outro. Não podeis servir aDeus e às riquezas (Mateus, 6:24).

Não julgueis, para que não sejaisjulgados. Pois com o juízo com quejulgardes sereis julgados, e com a me-dida com que tiverdes medido, hãode vos medir (Mateus, 7:1-2).

Dá para perceber, leitor amigo, osestragos que esse verme nos induza produzir, diuturnamente, quan-do não cumprimos o Evangelho.

Impiedade, mentira, erro, incre-dulidade: a verminose da alma

que suga nosso sangue e abre cha-gas mortais, segundo a expressãosevera do Espírito de Verdade.

Como vencê-los?Ele próprio nos oferece o ver-

mífugo infalível, ao concluir suamanifestação, exortando:

[...] Que, no futuro, humildes esubmissos ao Criador, pratiqueis

a sua lei divina. Amai e orai; sededóceis aos Espíritos do Senhor; in-vocai-o do fundo de vossos cora-ções. Ele, então, vos enviará o seuFilho bem-amado, para vos ins-truir e dizer estas boas palavras:Eis-me aqui; venho até vós, por-que me chamastes. (O Evangelhosegundo o Espiritismo, cap. VI,item 7. Ed. FEB.)

12 Reformador • Ju lho 2010226666

O pêndulo da vidaMário Frigéri

Dormem os olhos, dormem os ouvidos,Dormem o olfato e todos os sentidos.

Dormem também o cérebro, a razão;Dormem a língua, o canto, a exclamação.

Dormem prazer e dor como criança,A lágrima, o riso e a esperança.

Só o coração não pode repousar,Pulsando dia e noite sem parar!

Marcando sempre, batida a batida,O ritmo isócrono da Vida!

Existem para todos noite e dia,Sono e vigília, em suave harmonia.

Mas para o coração só está presente O Sol no zênite, perpétuo e quente!

Tudo adormece, exceto o coração,Santuário do Amor e do Perdão.

É o pêndulo da Vida e da Bondade,Sempre a oscilar por toda a Eternidade!

“A vida é a infância da nossa imortalidade.”

Goethe

Fonte de consulta: VINÍCIUS (Pedro de Camargo). Em torno do mestre. 9. ed. 1. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. O pêndulo da vida, p. 463.

Page 13: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

Reformador: Qual a experiência quetem adquirido ao lidar com institui-ções espíritas heterogêneas?Sandra: De fato, as realidades sãobem diferentes, muito embora estedesafio seja suavizado pelo fato deque a maioria das instituições estejaconcentrada em Manaus. Mesmona Capital, as experiências em áreasde maior concentração de rendacontrastam com os trabalhos desen-volvidos nos bairros de periferia e,sobretudo, com as casas implanta-das no Interior do Estado. Assim,faz-se necessário conhecê-las paradar-lhes o devido apoio com equi-dade. A FEA, em parceria com asinstituições interessadas em seusprojetos, estimula a incessante inter--relação dos centros, o trabalho emconjunto, para que possam todos sebeneficiar com a troca de experiên-cias, tanto no campo doutrinárioquanto no administrativo. Na Capi-tal, por exemplo, centros maiores ebem estruturados espalham-se em

núcleos de periferia, implantandoprojetos sociais com orientação es-pírita. Alguns outros optam por darapoio a instituições de menor porteem seu bairro ou adotam uma Casado Interior. Centros menores, emáreas próximas, também agrupam--se para fortalecimento e crescimen-to através da ajuda mútua, visando amelhoria contínua. A FEA oferececursos e eventos em apoio aos cen-tros em geral, ao mesmo tempo emque faz acompanhamentos indivi-duais visando atender a necessida-

des específicas de instituições. Tam-bém vem estimulando casas da Ca-pital a apoiarem os núcleos nascen-tes no Interior com a participação

SA N D R A FA R I A S D E MO R A E SEntrevista

União, parceria eintegração para busca

de soluçõesSandra Farias de Moraes, presidente da Federação Espírita Amazonense,

é entrevistada sobre experiências no atendimento decentros espíritas simples e de difícil acesso

13Ju lho 2010 • Reformador 226677

Page 14: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

de seus trabalhadores ou estudantesmais adiantados do ESDE, até quese formem os trabalhadores da pró-pria localidade. A FEA ainda se em-penha na abertura de novas frentese tem dado todo apoio na estrutura-ção e funcionamento, principal-mente nos primeiros anos. É o exer-cício do “trabalhemos juntos e una-mos os nossos esforços” (de o Espí-rito de Verdade, O Evangelho segun-do o Espiritismo, cap. XX, item 5).

Reformador: Como têm conseguidodar apoio aos centros do Interior, comdificuldades de comunicação?Sandra: Além da estratégia envol-vendo os centros da Capital, men-cionada anteriormente, tambémpromovemos visitas cuja frequênciaé proporcional à distância do muni-cípio. Procuramos ter o máximo deinformações dos dirigentes do Inte-rior para contatos por telefone ee-mail. Enviamos material de apoiopelos Correios ou por barcos. Tam-bém aproveitamos trabalhadores daCapital que, por conta da profissão,costumam viajar para o Interior.Eles funcionam como intermediá-rios entre a FEA e esses centros, le-vam material, trazem informações,colaboram com palestras, seminá-rios, cursos conforme é solicitado.

Reformador: Mesmo com as dificul-dades geográficas, há eventos progra-mados pela FEA no Interior?Sandra: A FEA tem envidado esfor-ços nesse sentido. Temos levado ex-positores de Manaus e de outros es-tados, de passagem aqui pela Capi-tal, que demonstram interesse emconhecer o nosso Interior. Aprovei-

tando-os para a realização de ativi-dades tanto para o público quantopara os trabalhadores, como pales-tras, cursos, seminários, treinamen-tos etc. Nos municípios próximos aManaus já foram realizadas reu-niões de dirigentes e encontros detrabalhadores do Interior com aparticipação da FEB.

Reformador: Nos centros de frontei-ra, vocês têm alguma parceria com aCruzada dos Militares Espíritas?Sandra: Enfatizamos o apoio es-pontâneo dos militares e registra-mos aqui a preciosa colaboraçãoefetivada em municípios distantes,seja na divulgação da Doutrina Es-pírita nas suas unidades, seja noapoio aos centros espíritas existentes,como também na abertura de novasfrentes onde não há centros espíri-tas. Nos Municípios de São Gabrielda Cachoeira, Tabatinga e BenjaminConstant, que são áreas de fronteirado Brasil com a Venezuela, Colôm-bia e o Peru, por exemplo, os milita-res constituem a maioria nos cen-tros espíritas. Temos enviado às ins-tituições desses municípios obrasbásicas, revistas e mensagens em es-panhol (do CEI), de forma a aten-der ao frequentador estrangeiro,bem como visando expandir novosnúcleos nas referidas fronteiras.

Reformador: E a integração de jo-vens nas atividades do Centro e nasatividades federativas?Sandra: Considerando os desafiosgeográficos do nosso Estado, temosinvestido na formação de traba-lhadores que se sensibilizem e seinteressem pelo nosso Interior.

Acreditamos e investimos no po-tencial da nossa juventude espíri-ta. Convidamos os jovens paraque participem dos diversos cur-sos de capacitação, inclusive o ad-ministrativo, bem como busca-mos incentivá-los ao acompanha-mento das diversas atividades fe-derativas, em cumprimento aoProjeto “Jovens Seareiros”. Atual-mente, já contamos com algunsjovens entre 24 e 27 anos que sãodirigentes de centros espíritas daCapital e do Interior.

Reformador: Qual sua percepção so-bre o novo documento “Orientaçãoaos Órgãos de Unificação”?Sandra: Considero-o um docu-mento muito rico e significativo,cuja elaboração e aprovação sederam num momento muito espe-cial, que foi a comemoração dos60 anos do Pacto Áureo, e seulançamento ocorreu no ano doCentenário de Chico Xavier. O re-ferido documento reflete um ama-durecimento do nosso Movimen-to. Vem atender a antigos anseiosdas bases, quais sejam a definiçãoe a divulgação de nossas diretrizesde trabalho, desde o Centro Espí-rita até as Federativas, demonstran-do a importante interligação en-tre todos os níveis de ação. Comorepresentante da FEA, externo mi-nha gratidão pela honra de terparticipado da revisão de “Orien-tação ao Centro Espírita”, do“Plano de Trabalho para o Mo-vimento Espírita Brasileiro –(2007-2012)” e agora, do docu-mento atual, todos de granderelevância.

14 Reformador • Ju lho 2010226688

Page 15: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

intuitivo para todos os po-vos que estamos vivendohoje tempos diferentes, sob

múltiplos aspectos.Conflitos armados entre coleti-

vidades varrem nosso planeta, pro-longando a noite de sofrimento.

Percebe-se a violência urbana, ain-da mais visível nos grandes centros.

Criaturas surgem, de coraçãoestiolado pela dor, ao perceberemseus amores vítimas da toxicoma-nia. Relatos macabros podem serouvidos, e mesmo vistos, em qual-quer lugar, sobre a capacidadealienadora, destruidora das dro-gas, lícitas e ilícitas, consumidas econsumindo seus usuários.

Estarrecem as demonstraçõesbrutais de homicídios, infanticí-

dios, parricídios, ainda hoje, co-mo se as cenas cruéis dos povosbárbaros, narradas nos livros dehistória, pudessem saltar da Anti-guidade para os dias atuais e con-cretizar-se ante os espectadoresatônitos que somos todos nós.1

Alguns povos, especialmenteno Oriente, assinalam que vive-mos hoje um período de degene-rescência, e é nesse sentido o aler-ta do venerável Chagdud TulkuRimpoche,2 quando relata as pro-fecias do Tibet sobre tempos emque será muito difícil a prática

espiritual e que, mesmo para osalunos disciplinados, surgirão obs-táculos para realização espiritual,exigindo redobrados esforços nameta do autoaperfeiçoamento.

Não raro podemos observar osestudiosos do Evangelho busca-rem nas palavras do Cristo umaexplicação para tantas catástrofesmorais e um sentido para superartais empecilhos compartilhadospor todos nós, habitantes da Terra.

Emmanuel em A Caminho daLuz3 revela com clareza o signifi-

Ainda nãoé o fim...

ÉRA M O N LI S B OA

15Ju lho 2010 • Reformador 226699

1ROUDINESCO, Elisabeth. História daperversão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.

2RIMPOCHE, Chagdud Tulku. Portões daprática budista. Porto Alegre: Makara, 2001.

3XAVIER, Francisco C. A caminho da luz.Pelo Espírito Emmanuel. 37. ed. 1. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 14, itemO apocalipse de João.

Page 16: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

cado de alguns trechos do Apoca-lipse e nos leva a crer que boa par-te das profecias obtidas pela me-diunidade de João na ilha de Pat-mos, sob a orientação de Jesus, emarrebatamento no Espaço, já te-riam inclusive se realizado, sendouma delas a própria queda do ca-tolicismo, pois a “igreja transviadade Roma” estaria “simbolizada nabesta vestida de púrpura e embria-gada com o sangue dos santos”.

Portanto, os tempos de degene-rescência anunciados no Apoca-lipse e pressentidos em distintasculturas do nosso planeta, ao quetudo indica, já principiaram há sé-culos e atingem o clímax, seja naexpressão das hecatombes geoló-gicas, igualmente presentes nesteprocesso evolutivo, ou nas doen-ças pandêmicas, gerando prova-ções coletivas, seja na expressãodas quedas morais a que se jogammuitas criaturas, aliciadas pelasfilosofias materialistas, seduzidaspelo moderno hedonismo, noculto do prazer e de si mesmo.

Nesse contexto, assume espe-cial relevância a advertência deAllan Kardec, em A Gênese, quan-do nos diz que:

Fisicamente, a Terra teve as

convulsões da sua infância; en-

trou agora num período de re-

lativa estabilidade: na do pro-

gresso pacífico, que se efetua

pelo regular retorno dos mes-

mos fenômenos físicos e pelo

concurso inteligente do ho-

mem. Está, porém, ainda, em

pleno trabalho de gestação do

progresso moral. Aí residirá a

causa das suas maiores como-

ções. Até que a Humanidade se

haja avantajado suficientemente

em perfeição, pela inteligência e

pela observância das leis divinas,

as maiores perturbações ainda

serão causadas pelos homens,

mais do que pela Natureza, isto

é, serão antes morais e sociais do

que físicas.4

Kardec expõe com lucidez osdesafios que nos cabe enfrentar:domarmos nossas más tendênciaspara dessa forma contribuir noprocesso evolutivo da Terra, so-frendo as injunções das alterações

climáticas, geológicas – todas elasdecorrência natural da nossa po-sição evolutiva, experimentandoprovações coletivas das mais di-versas formas para, com olhospostos no futuro, antevermos omundo de regeneração, anuncia-do pelos Espíritos nobres, a serconquistado com o esforço pes-soal de cada um de nós!

Diante das consoladoras pro-messas da Doutrina Espírita, nes-tes tempos que são chegados, po-demos compreender a profundi-dade das palavras do Cristo quan-do disse: “E ouvireis de guerras ede rumores de guerras; olhai, nãovos assusteis, porque é mister queisso tudo aconteça, mas ainda nãoé o fim”. (Mateus 24:6.)

Aguardemos, trabalhando.

16 Reformador • Ju lho 2010227700

4KARDEC, Allan. A gênese. Trad. GuillonRibeiro. 52. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro:FEB, 2009. Cap. 9, item 14.

(Versos recebidos em Pedro Leopoldo a 22 de maio de 1935.)Fonte: XAVIER, Francisco C. Palavras do infinito. 5. ed. São Paulo: LAKE, 1978.

Cruz e Sousa

Em minha juventude estive à esperaDe um malogrado sonho superior.Esperança divina que eu quisera Ver aureolada por um grande amor!

Mas não pude esperar quanto devera Nos carreiros aspérrimos da dor,Sem fé, que era aos meus olhos a quimera Do pensamento mistificador.

Meu erro foi descrer, porque, desertoO coração, somente acrediteiNa Morte, o grande abismo, o nada incerto!...

Oh! o maior dos enganos perpetrados! Pois no meu sonho altíssimo de rei Achei a dor dos grandes condenados!

Sonho inútil

Page 17: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

ossivelmente não terás pensado ainda no ver-bo formoso e grave a que todos somos chama-dos: criar para o progresso.

O Criador, ao dotar-nos de razão, a nós, criaturas,conferiu-nos o poder de imaginar, promover, origi-nar, produzir.

Referimo-nos frequentemente à lei de causa e efei-to. Sabemos que ela funciona em termos de exatidão.Utilizamo-la, quase sempre, tão só para justificar so-frimentos, esquecendo-lhe a possibilidade de estabe-lecer alegrias.

Causamos isso ou aquilo, geramos acontecimen-tos determinados. Experimentemos essa força quenos é peculiar, na formação de circunstâncias favorá-veis aos homens.

Antes do comboio a vapor, a eletricidade já existia.Os transportes arrastavam-se pela tração, mas foipreciso que alguém desejasse criar na Terra a loco-motiva, que se converteu a pouco e pouco no tremelétrico, a fim de que a Civilização aprimorasse ossistemas de condução que prosseguem para maisaltas expressões evolutivas.

O firmamento era vasculhado pelos olhos huma-nos há milênios, mas foi necessário que um astrôno-mo inventasse lentes, para que os povos recolhessemas preciosas informações do Universo, que já haviaantes deles.

O princípio é idêntico para a vida moral.Precisamos hoje e em toda parte dos criadores

de harmonia doméstica e social, dos desenhistas depensamentos certos, dos escultores de boas obras.

O tempo nos ensinará a entender a necessidadebásica de se criarem condições para o entendimen-to mútuo, como já se estabeleceram normas para otrânsito fácil do automóvel.

Inventa em tua existência soluções de conforto,suscita motivos de paz, traça diretrizes de melhoria,faze o que ainda não foi aproveitado na realização dariqueza íntima de todos.

Provavelmente estamos na atualidade em estágioobscuro de lições, sob a atuação imperiosa de açõespassadas. Mas não nos será correto esquecer quesomos inteligências com raciocínio claro e que, seantigamente nos foi possível colocar em ação as cau-sas que neste momento e neste local nos infelicitam,retemos conosco a sublime faculdade de idear, pla-nejar e construir.

Ajamos na construtividade de Jesus, sejamossemeadores de esperança.

Fonte: XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Estude e viva. 13. ed.

Rio de Janeiro: 2008. Cap. 34, p. 200-202.

Semeadoresde esperança

17Ju lho 2010 • Reformador 227711

P

Presença de Chico Xavier

Pelo Espírito André Luiz

Page 18: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

18 Reformador • Ju lho 2010 227722

capítulo VII, de O Evan-gelho segundo o Espiritis-mo, itens 3 a 6, destaca o

princípio de humildade como fatordeterminante para a ascensão es-piritual de todas as criaturas e fun-damenta-se, entre outras, na pas-sagem evangélica em destaque. Aanálise oferecida por Allan Kardec,no texto em questão, enaltece aideia fundamental de que necessi-tamos nos despojar de certas vai-dades, chamando atenção, sobre-tudo, para o cuidado que deve-mos ter ao assumir situações derelevo social, profissional, ou reli-gioso, frente ao mundo material:

O Espiritismo aponta-nos ou-

tra aplicação do mesmo princí-

pio nas encarnações sucessivas,

mediante as quais os que, numa

existência, ocuparam as mais

elevadas posições, descem, em

existência seguinte, às mais ín-

fimas condições, desde que os

tenham dominado o orgulho e

a ambição. Não procureis, pois,

na Terra, os primeiros lugares,

nem vos colocar acima dos ou-

tros, se não quiserdes ser obri-

gados a descer. [...]2

A valiosa ressalva permite-nosavaliar, essencialmente, as práticasespíritas que desenvolvemos, aoalimentar a superioridade ou a in-falibilidade na execução dos tra-balhos voluntários, consideran-do-os extremamente importantesou prestigiosos. A questão suscitaoutras indagações indispensáveisà nossa reflexão: Contribuímossem impor exigências? Abraçamosos deveres humildes com devoçãoe atendemo-los com amor? Acre-ditamos cooperar melhor quandonos tornarmos coordenadores de

equipes, em tarefas específicas eessenciais? Damos maior valor àspróprias ideias do que às orien-tações estabelecidas pela insti-tuição, para o bom êxito dos labo-res? Essas perguntas ajudarão naanálise do problema.

O Centro Espírita oferece-nosinúmeras oportunidades na reali-zação de tarefas nobres e permite--nos, pelo serviço no Bem, curaras mazelas morais adquiridas nopretérito de nossas existências. Asmúltiplas ações que abarcamos –no estudo edificante, na mediuni-dade, na evangelização, na assis-tência social, no atendimento fra-terno, na imprensa espírita, napropaganda libertadora – nos fazviver tempos de renovação e ser-vir motivados pela Doutrina quenos convoca às fileiras da cari-dade, sem olvidarmos os necessi-tados do caminho. Cada qual ser-

Proveitosa

OCL A R A LI L A GO N Z A L E Z D E AR A Ú J O

“Quando fordes convidados, ide colocar-vos no último lugar, a fim de que, quando aquele que vos convidou chegar, vos diga: meu amigo, venha mais

para cima. Isso então será para vós um motivo de glória, diante de todos os que estiverem convosco à mesa; – porquanto todo aquele que se eleva será

rebaixado e todo aquele que se abaixa será elevado.” 1

conquista

Capa

Page 19: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

vindo a seu modo. Nem sempre,contudo, estamos preparados pa-ra dar a verdadeira importânciaàs obras na esfera doutrinária ecompreender o que elas represen-tam para melhoria do nosso aper-feiçoamento próprio. A maneiracom que agimos, os motivos quedeterminam o nosso comporta-mento sincero, ao aceitarmos deboa vontade determinadas tare-fas, é o que irá fixar o valor maiorou menor das nossas ações embenefício dos semelhantes. Noentender de Vinícius (pseudônimode Pedro de Camargo, 1878--1966), “o valor das obras não estánas suas grandes proporções, masna pureza de intenção com quesão executadas e no esforço em-pregado para sua consecução.[...]”.3 O autor, considerado umdos maiores educadores e evange-

lizadores espíritas do nosso tem-po, lembra-nos: “[...] A viúva po-bre fez mais deitando no gazofilá-cio do templo uma moedinha decobre do que os ricos que ali des-pejavam punhados de ouro. Oóbolo da viúva representa um va-lor maior, porque é a expressão dosumo esforço; era tudo que elapossuía. Dando tudo, não podiadar mais [...]”,3 como a querer di-zer-nos: na seara do amor, ondeoperamos, não há serviço insigni-ficante, não há tarefas menores;elas são apreciadas por Deus, se-gundo a sua soberana justiça, pelaexteriorização dos nobres senti-mentos que encobrimos no âma-go do nosso coração.

Certos autores espíritas convo-cam-nos à labuta simples, semque tenhamos pretensões de exe-cutar grandes feitos, antes mesmo

de amadurecermos como tarefei-ros, por meio da aquisição de ex-periências e estudos necessáriosao cumprimento de ações queexijam especial dedicação, fideli-dade e expressiva responsabili-dade. Yvonne A. Pereira (1906--1984), a inesquecível médium,em uma de suas obras, lastimaprofundamente a incompreensãode alguns iniciantes no Espiritis-mo, sobretudo os que aspiramtrabalhar na utilização de suas fa-culdades psíquicas, conforme suaspossibilidades individuais, a se-rem bem cultivadas e praticadas,aconselhando-os:

[...] Todo médium deverá ini-

ciar o seu desempenho no cam-

po da Doutrina Espírita pelas

vias da beneficência, porque as-

sim fazendo desenvolverá os

19Ju lho 2010 • Reformador 227733

Capa

Page 20: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

seus poderes psíquicos envol-

vido nas faixas vibratórias su-

periores, junto aos Guias Espi-

rituais, sempre incansáveis em

recomendar a prática da benefi-

cência e o estudo constante e

metódico, desestimulando a ação

arbitrária, de começar pelo fim

[...].4

A autora esclarece que o pro-fitente, ao principiar na tarefamaior, deve compreender que otrabalho da caridade

[...] é o serviço do silêncio, da

modéstia; não vai para os jor-

nais, nem para as tribunas ou

rádios. Não serve para exaltar a

vaidade, nem o orgulho, nem o

prazer de se sentir admirado. É

o trabalho da mão direita, que a

esquerda não vê... Mas pelo

Mestre e seus mensageiros é

conhecido e saudado...5

Colaborar, anonimamente, emqualquer auxílio de assistência aosirmãos necessitados, fazendo obem sem ostentação, é uma reco-mendação indispensável!

Trabalhadores existem, aos mi-lhares, colaborando, ativamente,nas instituições espíritas; todavia,raríssimos buscam enriquecer osseus talentos no plantio da verda-deira caridade. Mesmo os maisexperientes deixam-se dominarpelo cultivo excessivo do raciocí-nio, esquecendo-se dos generosossentimentos no coração, que devenortear a autêntica prática do Es-piritismo junto de Jesus. O livroespírita Os Mensageiros, do Espíri-

to André Luiz, psicografado porFrancisco C. Xavier, relata o casode Monteiro, servidor entusiastada colônia “Nosso Lar”, preparadopara ser colaborador na ilumina-ção de companheiros encarnadose desencarnados. Ao reencarnar,no entanto, aprimorou-se na apli-cação do vício intelectual, deso-rientando-se completamente.6 Emseu desabafo, comenta alguns as-pectos sobre as causas de sua der-rota como trabalhador espírita,dirigindo-se aos companheirosque o visitaram, após a desencar-nação difícil que tivera:

[...] Chegava ao cúmulo de es-

tudar, pacientemente, longos

trechos das Escrituras, não para

meditá-los com o entendimen-

to, mas por mastigá-los a meu

bel-prazer, bolçando-os depois

aos Espíritos perturbados, em

plena sessão, com a ideia cri-

minosa de falsa superioridade

espiritual.

[...]

Andava cego. [...] Talhava o Es-

piritismo a meu modo. Toda a

proteção e garantia para mim,

e valiosos conselhos ao próxi-

mo. Ao demais disso, não con-

seguia retirar a mente dos espe-

táculos exteriores. [...]7

Quando, pois, nos seja ofereci-do o ensejo de ajudar na seara es-pírita, saibamos agir com simpli-cidade e humildade, sob os efeitosda legítima fraternidade cristã,sem esperar recompensas, de ne-nhuma ordem, mas procurandoenriquecer os dotes de eficiência

imprescindível, apurados nos pre-dicados de bondade, modéstia,perseverança e espírito de sacrifí-cio, para o engrandecimento dasrealizações que nos aguardam,sob o amparo dos mentores espi-rituais que nos assistem com con-selhos e orientações legítimas. E,conforme adverte o Espírito Em-manuel, estejamos vigilantes paranão deixar que “[...] se amorteça,entre os discípulos sinceros, acampanha contra o elogio pes-soal, veneno das obras mais santasa sufocar-lhes propósitos e espe-ranças”.8 Assim procedendo, have-remos de obter proveitosa conquis-ta, multiplicando as partículas deamor que tivermos distribuídoem bênçãos de luz para todos.

Referências:1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 25. ed.

de bolso. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB,

2009. Cap. 7, item 5. 2______. ______. Item 6, p. 145.3VINÍCIUS (pseudônimo de Pedro de Ca-

margo). Em torno do mestre. 9. ed. 1.

reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. P. 2,

cap. O valor das obras.4PEREIRA, Yvonne A. À luz do consolador.

3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998. Psicogra-

fia e Caridade, p. 184-185.5______. ______. p. 186.6XAVIER, Francisco C. Os mensageiros.

Pelo Espírito André Luiz. 2. ed. esp. 2.

reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 12,

p. 79-83.7______. ______. p. 80-81.8XAVIER, Francisco C. Pão nosso. Pelo Es-

pírito Emmanuel. 29. ed. 2. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2009. Cap. 70.

20 Reformador • Ju lho 2010227744

Capa

Page 21: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

21Ju lho 2010 • Reformador 227755

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“Ninguém acende a candeia e a coloca debaixo do módio,mas no velador, e assim alumia a todos os que estão na casa.”

– JESUS. (MATEUS, 5:15.)

A candeia viva

Fonte: XAVIER, Francisco C. Fonte viva. 36. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 81.

uitos aprendizes interpretaram semelhantes palavras do Mestre comoapelo à pregação sistemática, e desvairaram-se através de veementes dis-cursos em toda parte. Outros admitiram que o Senhor lhes impunha a

obrigação de violentar os vizinhos, através de propaganda compulsória da crença,segundo o ponto de vista que lhes é particular.

Em verdade o sermão edificante e o auxílio fraterno são indispensáveis na exten-são dos benefícios divinos da fé.

Sem a palavra, é quase impossível a distribuição do conhecimento. Sem o ampa-ro irmão, a fraternidade não se concretizará no mundo.

A assertiva de Jesus, todavia, atinge mais além.Atentemos para o símbolo da candeia. A claridade na lâmpada consome força ou

combustível.Sem o sacrifício da energia ou do óleo não há luz.Para nós, aqui, o material de manutenção é a possibilidade, o recurso, a vida.Nossa existência é a candeia viva.É um erro lamentável despender nossas forças, sem proveito para ninguém, sob

a medida de nosso egoísmo, de nossa vaidade ou de nossa limitação pessoal.Coloquemos nossas possibilidades ao dispor dos semelhantes.Ninguém deve amealhar as vantagens da experiência terrestre somente para si.

Cada espírito provisoriamente encarnado, no círculo humano, goza de imensasprerrogativas, quanto à difusão do bem, se persevera na observância do AmorUniversal.

Prega, pois, as revelações do Alto, fazendo-as mais formosas e brilhantes em teuslábios; insta com parentes e amigos para que aceitem as verdades imperecíveis; mas,não olvides que a candeia viva da iluminação espiritual é a perfeita imagem de timesmo.

Transforma as tuas energias em bondade e compreensão redentoras para todagente, gastando, para isso, o óleo de tua boa vontade, na renúncia e no sacrifício, ea tua vida, em Cristo, passará realmente a brilhar.

M

Page 22: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

elembrando Kardec acercada amplitude do conheci-mento espírita, quando ad-

verte que “o Espiritismo participade todos os ramos dos conheci-mentos físicos, metafísicos e mo-rais. São inúmeras as questões queele envolve [...]”, convém oferecer-mos aos que buscam as casas espí-ritas cursos de qualidade com ba-ses mínimas para o entendimentoda Doutrina Espírita (DE).

Circulam atualmente pelas ca-sas espíritas diversos modelos decursos básicos da Doutrina Espí-rita, o que, em nossa visão, é ini-ciativa por demais importante. Natentativa de oferecer o mínimo deinformação aos neófitos, alguns,apesar do grande esforço dos com-panheiros, são aligeirados, objeti-vando oferecer apenas informaçõesbásicas para quem chega a umaCasa Espírita.

Se considerarmos nosso pro-cesso de formação regular, que co-meça no Ensino Fundamental,passando pelo Médio e Superior,complementado pelos cursos emnível de pós-graduação e, normal-mente, numa única área de estu-do, já que estes últimos são espe-cíficos, o que dizer então do estu-

do de uma doutrina que toca emtodas as áreas do conhecimento,possibilitando uma visão maisabrangente do mundo e do ser?

Não sendo um curso qualquer,é imperioso um tempo adequadopara que se maturem, coletiva-mente, as informações. Requer,também, a utilização de materiaisdidático-pedagógicos cuidadosa-mente elaborados quanto ao con-teúdo e metodologia, e que tenhamcomo aporte principal as obrasbásicas e outras clássicas, reco-nhecidamente aceitas pelo Movi-mento Espírita.

É certo que, se o seu conteúdoabarca de uma só vez três ramosdo saber, não será numa únicaexistência que iremos compreen-dê-lo de pronto, de forma a pos-sibilitar total mudança interior,por isso é importante que os cur-sos sobre DE sejam de qualidadee num tempo apropriado. Natu-ralmente o aprendizado ocorre,também, com o esforço perma-nente em leituras individuais. Es-tas, por sua vez, devem estar asso-ciadas à reflexão, para que acon-teça a metanoia – mudança dementalidade, pois não basta o co-nhecimento no nível intelectivo,

convém a intermediação da refle-xão e da vivência, mesmo que do-lorosa, utilizando-o nas relaçõesinterpessoais, que se estabelecemnos núcleos espiritistas e no Mo-vimento como um todo, no lar,no trabalho, nos grupos sociais, notrânsito etc. Portanto, não há pres-sa em concluir os cursos, tendoem vista que, não havendo indiví-duo pronto e acabado, no sentidoda perfeição, o processo é de con-tínua construção, desconstruçãoe reconstrução, como sugere Schön(2000), na sua obra magistral:Educando um profissional reflexi-vo, quando assevera:

Acredito que a educação para a

prática reflexiva, ainda que não

seja uma condição suficiente

para uma prática perspicaz e

moral, certamente é necessária.

Para tanto, sugere que no pro-cesso ensino-aprendizagem pos-samos: conhecer-na-ação, fazer areflexão-na-ação e a reflexão so-bre a reflexão-na-ação. Desta for-ma, um curso mais demoradopossibilita não somente assimilarseu conteúdo como compreendê--lo de tal modo que seus postula-

Cursos sobre Doutrina Espírita:organização, duração e qualidade

RMA R I A D O SO C O R RO D E SO U S A RO D R I G U E S

22 Reformador • Ju lho 2010227766

Page 23: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

dos possam incorporar-se ao co-tidiano. Assim sendo, é necessárioo devido cuidado para que nãohaja apenas memorização de fa-tos e datas, mas sim compreensãode sentidos e significados para avida, permitindo que o conteúdoinvada os mais secretos refolhos daalma do indivíduo, mergulhando-oem dúvidas e incertezas, descons-truindo “certezas” para, na açãopermanente, refazer-se. É paraisso que se estuda individual ecoletivamente.

Nos grupos de estudo, ao asso-ciarmos o conteúdo às ações docotidiano, descortinam-se conhe-cimentos que recebem uma diver-sidade de opiniões, contestações,protestos e afirmações dos parti-cipantes, e cada um, ao seu tem-po e limite, vai se apropriando deum novo conhecimento que po-derá vir a transformar-se em sa-ber, aqui entendido como conhe-cimento vivenciado.

Os grupos de estudo neces-sitam, além do conhecimentoda Doutrina Espírita, do mínimode organização administrativa,

didático-pedagógica, e de facili-tadores, que devem participarativamente dos processos de for-mação (curso, treinamentos) queas instituições espíritas oferecem,minimizando, com isso, as evasõestão corriqueiras, oriundas, às ve-zes, dos desencantos com moni-tores despreparados. Para tanto,não basta apenas conhecer a Dou-trina, é importante ser caris-mático (a), dominar as técnicasdidático-pedagógicas que fazemdo curso um ambiente favorável,cujo aprendizado deve ocorrerde forma prazerosa.

Em se tratando do tipo de cur-so, o Estudo Sistematizado daDoutrina Espírita (ESDE) é nonosso modo de entender um des-ses cursos que reúnem todas asqualidades de um “estudo sério”,como sugere Kardec e como afir-mou Dr. Bezerra de Menezes, emmensagem durante o lançamentoda campanha do ESDE na FEBem 1983, quando disse que estecurso “[...] sem nenhum deméri-to para todas as nobres tentativasque têm sido feitas ao longo dos

anos”, é o curso da atualidade“sob a inspiração do Cristo”. Seuobjetivo primordial é proporcio-nar condições para se estudar oEspiritismo de forma séria, regu-lar e contínua, tendo como baseas obras codificadas por AllanKardec e o Evangelho de Jesus.Deste modo, convém repensar osmodelos oferecidos, o nível depreparação de seus monitores e da instituição para acolher eatender aos que buscam conhe-cer a Doutrina, cujo público, ho-je, se caracteriza pela heteroge-neidade. É preciso, portanto, ofe-recer-lhes cursos de qualidade,com duração de pelo menos doisanos e permanentes.

O que os alunos esperamde um curso sobreEspiritismo?

Para responder a essa pergun-ta, a coordenação do ESDE-Cea-rá realizou pesquisa com os es-tudantes da Capital nesse cursoque é adotado pela maioria dascasas espíritas. O instrumento de

23Ju lho 2010 • Reformador 227777

Page 24: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

coleta foi um questionário comuma questão de múltipla escolhapara saber o que esperam deuma aula de ESDE, e uma aber-ta, para que apresentassem mo-tivos que os fariam abandonaro curso, excetuando-se trabalho edoença grave. Foram aplicadosquestionários em oito casas espí-ritas maiores da Capital e comESDE há bastante tempo. O nú-mero de respondentes de cadaInstituição foi proporcional aototal de alunos em cada uma de-las, totalizando 299 questioná-rios respondidos.

Quando perguntado aos alu-nos o que os afastava da sala deaula do ESDE, excetuando-se mo-tivos de doenças graves ou com-promissos inadiáveis e intrans-feríveis, 76% responderam quea falta de conhecimento da DE, omodelo do curso, a forma e a inca-pacidade do monitor em promo-ver um estudo de qualidade, par-ticipativo e agradável. Aulas mo-nótonas e/ou cansativas foi oitem que obteve maior frequên-cia nas respostas dos alunos co-mo sendo o que os afasta de fato.Indagados, ainda, acerca de co-mo desejavam encontrar umasala de aula do ESDE em relaçãoà monitoria, responderam que omonitor deve conhecer a DE, serorganizado, humilde, dinâmico,assíduo e pontual, deve saber es-timular a leitura, ministrar aulasdiversificadas e promover autoa-valiação. Sobre o papel e perfildo monitor o quadro 1 revela ascaracterísticas de um monitorexigidas pelos alunos:

Os itens que obtiveram percen-tual entre 60% e 50% e que nãoaparecem no gráfico foram: pla-nejamento das aulas, estímulo à participação dos alunos, e que omonitor traga as respostas às per-guntas destes.

Conclui-se, deste modo, que osalunos do ESDE, hoje, esperammuito mais do que aulas-palestrasou os cansativos e insistentes tra-balhos de grupos, apenas, moni-tores distantes, aulas repetitivas.Por ser um curso sobre a Doutri-na, que visa humanizar e qualifi-car, para ser sério, regular e contí-nuo, requer muito mais das insti-tuições, exigindo material ade-quado, monitor atualizado, hu-mildade deste, quando não sou-ber dar as respostas, mas tendo ocompromisso em respondê-las naaula seguinte. Importante que se-ja organizado, dinâmico, saiba es-timular a leitura das obras bási-

cas, avalie e seja avaliado, permi-ta-se a autoavaliação e avaliaçãodos alunos. Acrescentaram, ainda,que essas qualidades devem estaramparadas no amor.

Nos tempos de agora, as casasespíritas precisam oferecer cur-sos permanentes, estimulando atodos que buscam nas instituiçõeso estudo como ato amoroso e areflexão-ação com possibilidadede mudança futura, contribuindocom a transformação da Huma-nidade.

Bibliografia:KARDEC, Allan. Obras póstumas. Trad.

Guillon Ribeiro. 40. ed. 2. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2010. P. 2, Credo espírita,

p. 427.

SCHÖN, Donald A. Educando o profissio-

nal reflexivo: um novo design para o en-

sino e a aprendizagem. Trad. Roberto Ca-

taldo Costa. Porto Alegre: Artes Médicas

Sul, 2000. p. 4.

Quadro1: Perfil e papel de um monitor do ESDEFonte: Pesquisa direta (2009)

24 Reformador • Ju lho 2010 227788

Page 25: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

or definição, a mentira éum engano, falsidade oufraude. Algo que é contrá-

rio à verdade e à caridade. Podeocorrer por vontade própria, poromissão ou por equívocos de in-terpretação de fatos e comporta-mentos. Em qualquer situação osresultados são sempre negativos.Primeiro porque contraria pa-drões morais, éticos e religiosos (amentira é considerada “pecado”pelas religiões cristãs tradicio-nais); segundo porque pode de-sencadear reações imprevisíveis,com exacerbação de animosidadee conflitos entre as pessoas, esta-belecimento de focos de maledi-cência, entre outros.

Alguns filósofos, como Platão(428/427-348/347 a.C.), admitiamaceitar algumas mentiras, desde

que não produzissem maiores pre-juízos, como a chamada “mentirapiedosa”. Immanuel Kant (1724--1804), Santo Agostinho (354-430)e Aristóteles (384-322 a.C.) nãoaceitavam qualquer tipo de men-tira, por acreditarem que o men-tiroso é um Espírito moralmentefraco. Este último filósofo, inclu-sive, a distinguia e classificava emdois tipos: a jactância, que con-siste em exagerar a verdade, e aironia que, ao contrário, diminuia verdade.1

Não há dúvidas de que a men-tira, parcial ou total, velada ou de-clarada, revela desarmonia espiri-tual de quem a pratica. A questãoque se coloca, porém, é outra: o quefazer para evitar queda nas ma-lhas da maledicência, fazendo op-ção pela verdade? Pois nem sem-

pre é fácil discernir entre o falso eo verdadeiro. Pondera o EspíritoSão Luís, a respeito, que todo cui-dado é pouco ao comentar o malalheio, ainda que este se reveleverdadeiro:

[...] Se as imperfeições de uma

pessoa só prejudicam a ela mes-

ma, não haverá nenhuma utili-

dade em divulgá-la. No entanto,

se podem acarretar prejuízos a

terceiros, deve-se preferir o inte-

resse do maior número ao in-

teresse de um só. [...] Em tal caso,

deve-se pesar a soma das vanta-

gens e dos inconvenientes.2

No rastro histórico da mentira,vamos localizá-la como abomi-nável técnica de persuasão, larga-mente utilizada por Adolf Hitler

25Ju lho 2010 • Reformador 227799

P

Em dia com o Espiritismo

“Da mesma boca provém bênção e maldição.” (Tiago, 3:10.)

MA RTA AN T U N E S MO U R A

Por quementimos?

Page 26: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

26 Reformador • Ju lho 2010 228800

e os construtores do nazismo,a qual foi denominada Teoria daGrande Mentira. Trata-se de umaferramenta da propaganda ideo-lógica frequentemente usada, nopassado e no presente, para sereferir à crença de que uma men-tira, repetida com frequência, deforma convicente que ignora to-das e quaisquer declarações quepoderiam desmascará-la, irá como tempo ser aceita pelas pessoas,adquirindo o status de verdade,desde que repetida enfaticamen-te e soprada nos ouvidos certos.3

Estudos de psicologia compor-tamental indicam que a mentirapode surgir por várias razões: re-ceio de que a verdade produzaconsequências negativas, por in-segurança ou baixa autoestima,por opressão de autoridades (pais,amigos, chefes), para obtenção devantagens ou regalias, e por moti-vos patológicos. Analisa, contudo,o filósofo estadunidense DavidLivingstone Smith, Ph.D e profes-sor da Universidade da Nova In-

glaterra (USA), que a mentira es-tá há muito tempo integrada noser humano, iniciada, possivel-mente, logo após o surgimento dalinguagem. Informa que o ho-mem aprendeu a mentir, inicial-mente, para si mesmo, como for-ma de aliviar tensões, mas, aomentir para si, aprendeu a enga-nar o outro.4

De qualquer forma, a mentira,pequena ou grande, revela imper-feição moral que pode e deve sercombatida, pois é mecanismocontrário à melhoria moral do Es-pírito, como enfatiza Emmanuel:

– Mentira não é ato de guardar

a verdade para o momento

oportuno [...].

A mentira é a ação capciosa que

visa ao proveito imediato de si

mesmo, em detrimento dos in-

teresses alheios em sua feição

legítima e sagrada; e essa atitu-

de mental da criatura é das que

mais humilham a personalida-

de humana, retardando, por to-

dos os modos, a evolução divi-

na do Espírito.5

O Espírito que já possui algumesclarecimento sabe, portanto, queo ato de mentir implica aquisi-ção de satisfações pessoais pormeios escusos e que não considerao constrangimento e o sofrimentodo próximo. É um comportamen-to errôneo, um deslize moral, co-mo ensina Joanna de Ângelis:

O erro é sempre um compro-

misso negativo, e toda lesão

moral, particularmente aquela

produzida no organismo social,

constitui grave comprometi-

mento, de cujos efeitos não se

pode evadir o responsável. Des-

se modo, todo e qualquer deslize

moral é sempre uma agressão à

ordem, à saúde, ao equilíbrio,

que devem viger em toda parte.

É muito comum censurar-se o

crime hediondo que estarrece,

enquanto se praticam defecções

ditas menores [...]. Aqui, é a men-

Page 27: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

tira branca, disfarçando o mau

hábito de escamotear a verdade

[...]. Mentir é sempre um hábi-

to doentio que encarcera o indi-

víduo nas suas malhas traiçoeiras.

Adiante, é a censura com ironia,

ocultando a perversidade que

se expande a soldo da maledi-

cência e da leviandade. [...]6

A mentira é relativamente co-mum na infância, daí ser impor-tante que pais e educadores apren-dam a distinguir a realidade dafantasia. A situação se revela espe-cialmente grave quando a criançae o adolescente mentem para seisentarem da culpa, para chama-rem a atenção dos genitores, fa-miliares, colegas e professores.Persistindo-se nessas bases, o pro-cesso pode evoluir para algo maissério, doentio, sobretudo se osadultos, que servem de referênciapara a criança e o jovem, tambémtêm o hábito de mentir, ou deusar de subterfúgios para justifi-car os seus atos incorretos.

Para o professor David L. Smith,anteriormente citado, a questão émuito mais ampla quando se tratada educação de filhos.

[...] a maioria de nós diz que en-

sina os filhos a não mentir. Embo-

ra seja verdade que as crianças

ouvem que não devem mentir,

aprendem mais frequentemente

a mentir de uma maneira social-

mente aceitável. [...] As crianças

aprendem a praticar as formas

de engano que são publicamente

proibidas, mas, secretamente, san-

cionadas. A mentira socialmente

apropriada não é meramente

tolerada; é compulsória. A crian-

ça que não consegue dominar

essa habilidade paga o alto pre-

ço da desaprovação, da punição

e do ostracismo social.7

A mentira sistemática produz,com o tempo, deformações no ca-ráter individual, sendo impossí-vel, em determinados casos, dis-cernir se a pessoa fala ou não averdade. A inteligência humanacriou, então, instrumentos nãoverbais para detectar a mentira, osquais, ainda que sejam considera-dos controvertidos, abusivos e an-tiéticos por várias comunidadesnacionais, são aceitos em investi-gações policiais de alguns países.Entre eles estão os “polígrafos”,aparelhos de detecção de mentirasque medem o estresse fisiológicodo entrevistado quando ele forne-ce declarações ou responde a per-guntas. Acredita-se que os picosdo estresse indicariam as men-tiras. A precisão desse método éamplamente contestada, pois o en-trevistado tem condições de ludi-briar os registros do aparelho.Outro detector de mentira é o so-ro da verdade, que também é con-siderado pouco confiável.

Recentemente, neurocientistasdescobriram que a mentira ativaestruturas específicas do cérebro,observadas durante exames de to-mografia por ressonância magné-tica. Trata-se de um método emfase de teste, pois é caro e poucoprático.

O certo, mesmo, é fugirmos damentira, agindo com mais since-

ridade no trato com as pessoas.Para isto é necessário exercitaratos de boa conduta, apoiando-senesta orientação do Codificadordo Espiritismo:

[...] Desde que a divisa do Espi-

ritismo é Amor e caridade, reco-

nhecereis a verdade pela prática

desta máxima, e tereis como cer-

to que aquele que atira a pedra

em outro não pode estar com a

verdade absoluta. [...].8

Referências:1ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filo-

sofia. Trad. Alfredo Bosi. 4. ed. São Pau-

lo: Martins Fontes, 2000. p. 660.2KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra.

Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 10, item

21, p. 217.3Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/

wiki/A_Grande_Mentira_(livro)>.4SMITH, David Livingstone. Por que men-

timos: os fundamentos biológicos e psi-

cológicos da mentira. Trad. de Marcelo Li-

no. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. Prefá-

cio, p. 11.5XAVIER, Francisco C. O consolador. Pelo

Espírito Emmanuel. 28. ed. 3. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2010. Q. 192.6FRANCO, Divaldo P. Iluminação interior.

Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador:

LEAL, 2006. Cap. 24, p. 149-150.7SMITH, David Livingstone. Por que men-

timos: os fundamentos biológicos e psi-

cológicos da mentira. Trad. Marcelo Lino.

Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. Cap. 1, p. 9.8KARDEC, Allan. Viagem espírita em 1862

e outras viagens de Allan Kardec. Trad.

Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2007. Discurso de Allan Kar-

dec aos Espíritas de Bordeaux, p. 217.

27Ju lho 2010 • Reformador 228811

Page 28: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

nos atrás, o professor Benedito Silva foraconvidado pelo médium Chico Xavier parauma conversa a dois. O competente esperan-

tista de São José do Rio Preto dirigiu-se a Araras,onde o Chico se encontrava. “O que o Chico quercomigo?”, pensava Benedito, preocupado.

Em Araras, quando se apresentou ao médium, esteo levou a uma sala, onde ambos puderam dialogar asós. Chico mostrou-lhe a mensagem “Esperanto co-mo revelação”, que psicografara em 1959, de autoriado Espírito Francisco Valdomiro Lorenz. O estimadomedianeiro pediu ao professor que a traduzisse parao esperanto. Argumentou, naquele momento, que otexto era importante demais para ficar só entre osbrasileiros. “Ele precisa chegar às mãos de esperan-tistas de outros países”, completou o médium.

Deu-se a tradução. A mensagem virou livro. En-contra-se, salvo engano, na quinta edição. Revela aobra que o esperanto foi construído no plano espiri-tual por uma equipe de alto nível, dirigida por essevaloroso Espírito que nós conhecemos pelo nome deLázaro Luiz Zamenhof. Quase 50 anos foi o tempoconsumido para que se produzisse a língua. Issomostra que, entre os Espíritos superiores, as grandesrealizações não se vinculam ao imediatismo e aoimproviso. Pelo contrário, elas demandam, para a con-clusão, não raro, dezenas de anos e, às vezes, séculos.

Um século antes, Zamenhof reencarna na Polônia,a fim de materializar, entre nós, esse monumento delógica e simplicidade: o esperanto.

Além da mensagem “Esperanto como revelação”,Francisco Cândido Xavier psicografou ainda o texto

de Emmanuel “A missão do Esperanto”, em 1940.Muitos outros Espíritos manifestaram-se pela me-diunidade gloriosa do Chico, referindo-se à línguainternacional. Vieram nos dizer que o esperanto é obra divina para a regeneração da Humanidade eque, de fato, ele será o segundo idioma de cada povo.Em outras palavras, os Espíritos ratificaram a senten-ça de Zamenhof: “O Esperanto unirá a Humanidade”.

Em 1957, Chico escreveu uma carta ao então pre-sidente da Federação Espírita Brasileira (FEB),Antônio Wantuil de Freitas, mostrando-se satisfeitocom a versão em esperanto dos livros Nosso Lar e NaSombra e na Luz, traduzidos por Porto Carreiro Neto– magnífica tradução, diga-se.1

Quem se dispuser a consultar a coleção da revistaBrazila Esperantisto, na biblioteca da Liga Brasileirade Esperanto, verificará que Chico Xavier se inscre-veu (ou foi inscrito) para participar dos CongressosBrasileiros de Esperanto de 1945 (Rio de Janeiro), de1949 (Belo Horizonte) e de 1953 (Recife). Não há,contudo, informações de que ele, efetivamente, hajaparticipado desses encontros. Tudo indica que não.

Francisco Cândido Xavier narrou a Ismael GomesBraga a participação dele, Chico, em eventos espe-rantistas no plano espiritual. Certa vez, numa dessasreuniões, o médium manteve animada conversaçãocom o Espírito Leopold Einstein. Quem foi esse es-perantista? Leopold tornou-se adepto da língua em1888 – um ano depois de Zamenhof lançar o

Chico Xavierdiante do Esperanto

A

28 Reformador • Ju lho 2010 228822

A FEB e o Esperanto

1SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de Chico Xavier. 3. ed.1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Visita inesperada, p. 349.

EU R Í P E D E S ALV E S BA R B O S A

Page 29: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

Esperanto. Iniciou, na Alemanha, vigoroso trabalhode divulgação do idioma, especialmente em sua ci-dade, Nuremberg. De saúde frágil, Leopold Einsteindesencarnou em 1889, com apenas 55 anos. SegundoEdmond Privat, Leopold foi um dos mais lúcidos ededicados esperantistas dos primeiros anos.

Na carta de 15 de janeiro de 1947, endereçada a An-tônio Wantuil de Freitas, o médium mineiro expressaa vontade de aprender o idioma da fraternidade:

[...] Fiquei muito satisfeito com as tuas boas referên-

cias, acerca do novo interesse que tomaste pelo Es-

peranto, no curso de teu trabalho junto ao Novo

Testamento. Espero que, mais tarde, nesta ou noutra

esfera, me concederá Jesus a necessária oportunidade

de aprender a Língua Internacional.2 (Grifo nosso.)

Contou-me Úrsula Grattapaglia, no ano passado,curioso fato. Vale a pena trazê-lo à baila. Em 1977,esteve na Fazenda-Escola Bona Espero – institui-ção esperantista situada em Alto Paraíso, Goiás –um casal de australianos, em lua de mel. Naquelaoportunidade, um voluntário brasileiro, que lá seachava, fez-se instrumento de intensas manifestaçõesdos Espíritos. Os australianos, assustados e curiosos,procuraram entender os fenômenos, iniciando-sena leitura de livros de Allan Kardec. Eram ambosateus.

Numa noite, o australiano recebeu a intuição deque devia procurar uma pessoa chamada FranciscoCândido Xavier. Ele nunca ouvira falar nesse nomeantes.

Úrsula veio a Brasília e, conversando com TorresPastorino, este a orientou como chegar ao famosomissionário da mediunidade. Então, a dirigente daFazenda-Escola Bona Espero e os dois esperantistasaustralianos, instruídos por Pastorino, viajaram aUberaba, onde foram acolhidos pelo Chico, na resi-dência deste, por volta das quatro horas da manhã.Deixemos que a própria Úrsula Grattapaglia nosconte como se deu o encontro:

Chico Xavier nos recebeu cordialmente, sorrindo,

alegre. Pegou-nos pelas mãos e disse às pessoas que lá

se encontravam que nós éramos os homens do futu-

ro, esperantistas, cidadãos do mundo – com especial

missão em favor da paz e da compreensão no mundo.

Chico sentou-se e começou a conversar sobre o Espe-

ranto. Disse, entre outras coisas, que ele, Chico, deveria

ter ido a Moscou para receber, solenemente, um prêmio

relativo ao Esperanto, mas teve o visto negado pelas au-

toridades brasileiras, motivo pelo qual não pôde viajar.

O médium elogiou Zamenhof e o Esperanto. Falou

com entusiasmo e com alegria sobre a missão da lín-

gua em nosso Planeta. Ao mesmo tempo, tive que

traduzir rapidamente as frases do Chico aos dois

australianos. (Estes não falavam português.)

Depois, ele se levantou, puxou-me pelas mãos para

uma sala próxima, onde havia muitos livros. Presen-

teou-me com 28 obras diversas, que ele mesmo esco-

lhera. Os exemplares, autografados pelo médium, en-

contram-se ainda hoje na biblioteca de Bona Espero.

No livro A Ponte – Diálogos com Chico Xavier, es-crito por Fernando Worm, editado pela LAKE,vê-se importante opinião do missionário sobre oesperanto:

Penso com os Benfeitores da Vida Maior que o Es-

peranto será o idioma universal do futuro para o

entendimento claro entre as Nações da Terra, sem

que se perca, em cada povo, o tesouro linguístico

no qual se lhe preserva a união.

Fica claro, muito claro mesmo, que FranciscoCândido Xavier nutria pelo esperanto e por Zame-nhof sentimentos de apreço e admiração. Sem hesi-tação, o médium disse que o esperanto será o idiomauniversal do futuro, confirmando a opinião de inú-meros Espíritos. E, no ano do centenário de seu re-nascimento, os espíritas-esperantistas brasileiros en-viam-lhe vibrações de agradecimento por tudo que omissionário fez pela divulgação da língua no meioespírita. Obrigado, Chico.

Fonte: Jornal O espírita mineiro, jan.-mar. 2010.

29Ju lho 2010 • Reformador 228833

2SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunho de Chico Xavier. 3. ed.1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Aprender o Esperanto.

Page 30: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

30 Reformador • Ju lho 2010228844

abemos que o estudo naCasa Espírita é ato indis-pensável. Quando feito

corretamente, traz o autoaperfei-çoamento. Se feito sem planeja-mento, leva ao fanatismo. A tênuelinha que separa estes extremosfoi, um dia, alargada, e agora asnossas míopes vistas podem di-visá-la melhor. O responsável poreste alargamento foi o Estudo Sis-tematizado da Doutrina Espírita(ESDE). Mas o que nos leva a pen-sar assim?

A necessidade de sistematiza-ção do estudo do Espiritismo foiantevista por Allan Kardec, con-forme se lê no “Projeto – 1868”,inserido em Obras Póstumas.1 An-tes, tomemos nota de alguns pon-tos importantes.

Costumeiramente, somos leva-dos a pensar que devemos am-pliar nossos horizontes de estudosperscrutando o maior número deobras e de autores possível. Seráque a quantidade fará a qualida-de? E não poucas vezes tomamosconhecimento de uma obra quaseque por acaso. Cientes de que oacaso não existe, ficamos entu-siasmados com a ideia de condu-

zir todo o grupo de confrades, doqual fazemos parte, a um estudoem conjunto daquela obra. Sur-gem, assim, estudos deste ou da-quele livro, deste ou daquele autor.

E onde ficam os estudos de O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segun-do o Espiritismo, O Céu e o Infernoe A Gênese dentro das casas espí-ritas? Quando muito, O Evangelhosegundo o Espiritismo encontraoportunidade nos exórdios dos tra-balhos. Não raro, surgem irmãosdizendo: “Estas obras devem ser donosso estudo particular, a ser feitodiariamente no lar”. Não discor-damos da posição, entretanto, porque não levarmos o estudo da Co-dificação à Casa Espírita e com-plementá-lo com os inesgotáveissubsídios das obras suplementares?Não parece mais justo? Mais justocom quem? Com os novos adep-tos da Doutrina. Senão, vejamos oque nos fala o próprio Kardec:

Um curso regular de Espiritis-

mo seria professado com o fim

de desenvolver os princípios da

Ciência e de difundir o gosto

pelos estudos sérios. [...]1

Que coisa interessante! O pró-prio Codificador demonstra suapreocupação com um estudo nor-teador de estudos futuros, umestudo que seja o primeiro conta-to dos neófitos com a DoutrinaEspírita a fim de que possam, apartir do aprendizado proporcio-nado por ele, fazer suas própriasescolhas de obras e autores a se-rem lidos, sem se preocuparemcom o aspecto antidoutrinário,pois conhecerão o caminho, ten-do a moral de Jesus à frente e ofruto do bom senso de Allan Kar-dec, ou seja, a Codificação Espí-rita, logo em seguida, a lhes guiar.

Não é sem razão que continuao sábio mestre lionês a dizer:

[...] Esse curso teria a vantagem

de fundar a unidade de princí-

pios, de fazer adeptos esclareci-

dos, capazes de espalhar as

ideias espíritas e de desenvolver

grande número de médiuns.

[...]1

Aquele que passa por esta pro-posta de estudo, conforme nosaponta a firme sugestão de Kar-dec, estará seguro em suas opi-

SMA RC E LO MOTA

Entendendo oestudo espírita

Page 31: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

niões, repassando-as acertada-mente àquele que adentra ao cír-culo espírita pela primeira vez.Quando ele diz que a unidade deprincípios da Doutrina seria fun-dada por este estudo, nada maisdiz, a nosso ver, que este cursoseria o mais basilar dentre todosos existentes na Casa Espírita,servindo de primeiro passo aosinteressados em avançar e se apro-fundar em temas específicos, atémesmo na mediunidade, pois,como assevera, prestará enormesbenefícios na preparação de no-vos intermediários ao mundoespiritual.

Com isso, entendemos que to-do estudo fundado, realizado naCasa Espírita, tenha seus participan-tes contados entre os frequenta-dores deste estudo sistematizado,inclusive, diríamos mesmo, prin-cipalmente aqueles que almejamingressar nos círculos mediúnicosda Casa. O raciocínio nos impele,então, a acompanharmos Kardecem suas meditações:

[...] Considero esse curso como

de natureza a exercer capital

influência sobre o futuro do

Espiritismo e sobre suas conse-

quências.1

Nosso pensamento pareceu con-vergir, enfim, com o dele, apon-tando para o que seria inevitável:a grandiosa importância desteestudo sistematizado e a respon-sabilidade daqueles que se enga-jarem nas lides espíritas, indife-rentes a esta realidade trazida pe-los Espíritos e traduzida pelo

Codificador ao nosso precárioentendimento.

Mas não pensemos que estepensamento vem de hoje. Em ab-soluto. Com o correr das décadas,com o amadurecimento dos espí-ritas, estes também caíram em lon-gas reflexões a tal respeito, alcan-çando esta indagação que nos feziniciar o curto texto. Logo, a preo-cupação chegou aos ouvidos doslíderes do Movimento Espírita,deixando-os igualmente imersosnestes pensamentos. O meio espí-rita clamava uma solução, quenão tardaria a chegar.

Sensibilizado com os apelosvindos de variadas partes do Bra-sil, o plano espiritual se mobili-zou para atender o profundo pe-dido do plano físico. Nesse ínte-rim, vem o Espírito Angel Agua-rod trazer-nos inesquecível men-

sagem em momento mais que opor-tuno. Em plena Federação Espíri-ta do Rio Grande do Sul (FERGS),em 1976, o solícito irmão, em no-me das esferas superiores, diz:

Cabe, pois, aos espíritas, res-

ponsáveis pelo Movimento Es-

pírita, uma ampla tarefa de di-

vulgação das obras básicas da

Doutrina, promovendo um es-

tudo sistemático [das mesmas]

[...]2

Em nada, assim se nos mostra,esta mensagem difere daquela queAllan Kardec deixou em seu “Pro-jeto – 1868”. Coloca, aliás, sobreos responsáveis pelo MovimentoEspírita, a incumbência desta am-pla tarefa. Lembremos que é ampla,significando que não é fácil. Equem são, afinal, estes responsá-

31Ju lho 2010 • Reformador 228855

Page 32: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

32 Reformador • Ju lho 2010 228866

veis pelo Movimento Espírita? Sãotodos aqueles que atuam nos maisdiversos setores das casas espí-ritas. Cabe a todos.

Sem mais espera, o MovimentoEspírita atende às solicitações vin-das agora da Espiritualidade e, em1983, em Reunião do ConselhoFederativo Nacional (CFN) da Fe-deração Espírita Brasileira (FEB),ocorre o lançamento da Campa-nha do Estudo Sistematizado daDoutrina Espírita (ESDE), geran-do apostilas de estudos elabora-das com base nas obras da Codifi-cação, subsidiadas por obras espí-ritas de reconhecido valor e nor-teadas pelo Evangelho de Jesus.

Após inúmeras tentativas, éagora dado o primeiro passo e se-gue então o Movimento Espíritaem caminho mais seguro. Paranão criar cisões nem melindresante o novo feito, e como formade incentivo à Unificação em tor-no do recém-criado programa deestudos, vem Bezerra de Menezes,em sua palavra humilde e pater-nal, por intermédio de DivaldoFranco, convidar-nos:

Um programa de estudo siste-

matizado da Doutrina Espírita,

sem nenhum demérito para to-

das as nobres tentativas que têm

sido feitas ao largo dos anos,

num esforço hercúleo para in-

teressar os neófitos no conheci-

mento consciente da Nova Reve-

lação, é o programa da atualida-

de sob a inspiração do Cristo.3

Fazendo uma longa reflexãosobre estas palavras, assim como

fizeram tantos outros antes denós, podemos concluir que:

A proposta do ESDE surge co-mo uma necessidade do Espírita.

A importância do ESDE é asse-verada pelo próprio Codificador.

O objetivo do ESDE é preservara Doutrina Espírita em sua unida-de de princípios.

A prática do ESDE é validadapor Bezerra de Menezes.

A finalidade do ESDE encontraguarida nas sábias palavras deJesus, quando diz: “Conhecereis aVerdade e a Verdade vos libertará”(João 8:32).

Então, nos perguntamos: e nós?O que estamos fazendo para seguirestas recomendações? Lembremos

novamente de Kardec: “O que ca-racteriza um estudo sério é a con-tinuidade que se lhe dá. [...]”. 4

Referências:1KARDEC, Allan. Obras póstumas. Trad.

Guillon Ribeiro. 40. ed. 2. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2010. P. 2, Projeto – 1868,

Ensino Espírita, p. 376.2Mensagem recebida pela médium Cecília

Rocha, em reunião de Apoio e Orientação

Espiritual da FERGS, em 28/4/1976.3Mensagem recebida pelo médium Dival-

do Pereira Franco, em reunião do Conse-

lho Federativo Nacional da FEB, em

27/11/1983, em Brasília, DF. In: Reforma-

dor, jan. 1984.4KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Guillon Ribeiro. 91. ed. 2. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2010. Introdução,

item 8, p. 39.

Em momento especial do 3o

Encontro Brasileiro de Legisla-dores e Governantes pela Vida,ocorrido em 28 de abril de 2010no auditório Nereu Ramos, naCâmara dos Deputados do Con-gresso Nacional, em Brasília (DF),a Federação Espírita Brasileira(FEB), representada pela dire-tora Marta Antunes de Moura,recebeu a Comenda Zilda Arns,destinada a Instituições e Perso-nalidades Públicas que deram asua contribuição para a defesae promoção da vida das criançasdesde a concepção.

Outras seis instituições brasi-leiras – Governo do Estado do

Amazonas, Conferência Nacio-nal dos Bispos do Brasil (CNBB),Pastoral da Criança, ComissãoNacional em Defesa da Vida,Câmara Municipal de São Bentode Sapucaí, Movimento Nacio-nal Brasil Sem Aborto – e setepersonalidades públicas foramigualmente premiadas.

Estiveram presentes ao eventopolíticos brasileiros, represen-tantes das Câmaras Federal, Es-tadual e Municipal, autoridadesdos Poderes Executivo e Judi-ciário, membros de congrega-ções religiosas cristãs (católicas,protestantes e espíritas), artistase convidados.

Comenda Zilda Arns

Page 33: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

33Ju lho 2010 • Reformador 228877

os episódios riquíssimos eemocionantes da vida deNosso Senhor Jesus Cristo,

o da sua despedida, nos instantesderradeiros do seu apostoladomessiânico, é comovedor e de for-te conteúdo sentimental.

É um momento, igualmente, dediretrizes e orientações quanto aoporvir. Reunido o Colégio Apos-tólico, o Mestre mantém signifi-cativo e profundo diálogo com osdiscípulos.

Lendo-se os relatos dos evange-lhos canônicos, percebe-se terocorrido uma atmosfera de per-plexidade, que envolveu o grupo.Até aquele instante eles haviamredirecionado o seu presente,modificado a rotina de suas vidas,para seguir e servir àquele ho-mem notável. Às suas vistas, Eleoperara milagres extraordináriose dera início à estruturação deuma nova doutrina, alterandopráticas do Direito Consuetudi-

nário então vigentes: “Ouvistesque foi dito: Amarás o teu próxi-mo e odiarás o teu inimigo. Eu,porém, vos digo: Amai a vossosinimigos, e orai pelos que vos per-seguem [...]”.1 Também declarara:“Não penseis que vim destruir aLei ou os profetas; não vim paradestruí-los, mas para cumpri-los”.2

O décimo primeiromandamento

NAD I LTO N PU G L I E S E

1MATEUS, 5:43-44. Bíblia de referênciaThompson. 9. ed. São Paulo: Ed. Viva, 1999.2MATEUS, 5:17. Idem, ibidem.

Page 34: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

34 Reformador • Ju lho 2010 228888

E confirma, então, a essência doverdadeiro amor, ao declarar:“Amai a vossos inimigos, e oraipelos que vos perseguem”.3

Incompreendido, agredido einjustamente condenado peloshomens do seu tempo, consolida,contudo, em cerca de três anos, asua missão, estabelecendo as basesda Doutrina Cristã, que desafiariaos avanços dos séculos e a elessobreviveria.

Naquele dia, todavia, as suaspalavras eram de adeus.

Ele sabia que teria que beber ocálice da amargura da crucifica-ção, sacrifício máximo que seconstituiria na coluna mestra desua vida. Erguido na cruz, a todosatrairia para Ele.4 Assim vaticinoue assim vem acontecendo há maisde dois milênios.

Mas naquele dia, Ele se despe-de e declara aos seguidores: “[...]para onde eu vou vós não podeisir [...] Novo mandamento vosdou: amai-vos uns aos outros.Como eu vos amei a vós, assimtambém deveis amar uns aos ou-tros”. (Grifo nosso.) É como seEle quisesse estabelecer um sinal,uma marca, um símbolo de iden-tificação para os seus discípulosverdadeiros: “Nisto reconhecerãotodos que sois meus discípulos, sevos amardes uns aos outros”.5 Eesse novo mandamento ampliariao decálogo divino, transmitido aMoisés quinze séculos antes.

Agostinho (354-430), bispo deHipona, cidade da Numídia, re-gião da antiga África, e um dosexpoentes da Codificação Espíri-ta, foi um desses continuadoresdo pensamento do Rabi da Gali-leia, que testemunhou o exercíciodo amor fraterno, elevado porJesus à categoria de excelência dossentimentos quando declarou:“Ama o teu próximo como a timesmo”.6 Ele teria participado deinteressante episódio durante oseu apostolado cristão.

No século IV d.C. existiu umpovo considerado bárbaro cha-mado visigodos. O seu líder maisfamoso chamava-se Alarico. Noano 395 d.C. Alarico resolveu do-minar Roma, com formidávelexército, sitiando-a, e durante doisanos negociou a salvação da cida-de, que vivia as disputas entre osimpérios do Oriente e do Oci-dente. Em 24 de agosto de 410,Alarico decide invadi-la.

Agostinho encontrava-se emRoma, nessa época, e resolve ir aoacampamento do visigodo e pe-dir-lhe clemência. A presença dobispo naquele reduto de guerrei-ros sanguinários deixa a todosestupefatos, pela ousadia e intre-pidez. Alarico ordena que os sol-dados matem Agostinho, mas elestemem, porque suas crendices di-ziam que “matar um sacerdotesignificaria mau agouro”.

Acontece, então, segundo regis-tram as tradições históricas, o en-contro entre Agostinho e Alarico.O sacerdote está envolvido por

comovida compaixão, lembran-do-se, certamente, das palavras deJesus: “Amai-vos uns aos outroscomo eu vos amei”; “Perdoa nãosete, mas setenta vezes sete”.Agostinho cai de joelhos diante deAlarico e ante a perplexidade dochefe visigodo oferece a sua vidaem troca de moderação na inva-são da cidade de Roma.

Alarico banaliza a proposta deAgostinho, expressando palavrasde ódio, agressividade e ameaças.Mas o autor de Confissões, todohumildade, suplica misericórdia eclemência. A sua atitude era dignade espanto! O diálogo se encerra.Alarico expulsa o religioso do seuacampamento, com palavras egestos terríveis.

O guerreiro invade Roma, mas,deixa o povo romano sem enten-der o que se passava, porquanto ogeneral conquistador não atacanem destrói os templos cristãos.O povo então procura se escondere se abrigar nesses ambientes, queeram procurados até mesmo pe-los pagãos, naquele instante deaflição.7

Agostinho, portanto, domina-do pelo amor incondicional, forabuscar as suas forças interioresnaquelas palavras do Mestre, queecoaram e penetraram nas mentese nos corações daqueles homensem Jerusalém, os quais estavamdando os primeiros passos para aconstrução de uma Nova Era. Na-quele recuado instante dramático

6MARCOS, 12:31. Idem, ibidem.

7MONTEIRO, Eduardo Carvalho. A ex-traordinária vida de Jésus Gonçalves. SãoPaulo: Ed. Correio Fraterno, 1980. p. 12.

3MATEUS, 5:44. Bíblia de referênciaThompson. 9. ed. São Paulo: Ed. Viva, 1999.4JOÃO, 12:32. Idem, ibidem.5JOÃO, 13:33-35. Idem, ibidem.

Page 35: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

Pedro indagara: “Senhor, para on-de vais?” E Jesus responde: “Nãose turbe o vosso coração. Credesem Deus, crede também em mim.Na casa de meu Pai há muitas mo-radas [...] vou preparar-vos lugar.[...] Vós conheceis o caminho pa-ra onde eu vou”. Tomé, tambémchamado Dídimo, igualmente do-minado por toda aquela incóg-nita, apela: “Senhor, nós não sa-bemos para onde vais, como po-demos conhecer o caminho?”. Eo Meigo Rabi, sereno, e certamen-te emocionado, revela: “Eu sou ocaminho, e a verdade, e a vida.Ninguém vem ao Pai senão pormim”.8

Felipe, pescador nascido emBetsaida, na Galileia, seguidor doCristo desde as primeiras horas,expressa, solícito: “Senhor, mos-tra-nos o Pai, e isso nos basta”. ONazareno enfatiza: “Quem me vê,vê o Pai”.9

Podemos recuar no tempo eimaginar as emoções especiais da-queles momentos: os discípulosestão comovidos e cheios de ex-pectativa. As suas mentes são do-minadas pelas palavras do Mestre,mas seus corações estão inquietosquanto ao futuro. Deduzimos queJesus capta-lhes os íntimos senti-mentos, e por isso declara: “Se meamais, guardareis os meus man-damentos. Eu rogarei ao Pai, e Elevos dará outro Consolador, paraque esteja convosco para sempre,

o Espírito da Verdade, que omundo não pode receber, porquenão o vê nem o conhece [...] Nãovos deixarei órfãos; virei paravós”.10

Lágrimas discretas possivel-mente transbordaram dos olhosdos apóstolos, que refletiam aimagem inesquecível e atraente deJesus, cuja face provavelmente seiluminara ao projetar sua menteno futuro longínquo. Naquela des-pedida, acreditamos que Ele esta-va se dirigindo, também, aos ho-mens e mulheres cristãos do por-vir, que os séculos forjariam parao advento do Espiritismo – oConsolador prometido – no sécu-lo XIX, promessa consolidadapelo esforço e dedicação de Allan

Kardec, eleito dentre aqueles queo amaram e praticaram o seumandamento no desdobrar dostempos.

Amparado, certamente, pelaspalavras de Jesus, recomendandoo amor como viga mestra para aunião entre os cristãos, é que o Espírito de Verdade, na intimi-dade da sala de trabalho do Codi-ficador da Doutrina Espírita, gra-vou, para todos os evos, duas dire-trizes para os seus profitentes:“Espíritas! amai-vos, este o pri-meiro ensinamento; instruí-vos,este o segundo. [...]”,11 indispen-sáveis atitudes para consolidaçãodo Espiritismo na Terra.

35Ju lho 2010 • Reformador 228899

8JOÃO, 13:33-36 e 14:1-6. Bíblia dereferência Thompson. 9. ed. São Paulo: Ed.Vida, 1999.

9JOÃO, 14: 8-9. Idem, ibidem.

11KARDEC, Allan. O evangelho segundo oespiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 129. ed.Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 6, item 5.10JOÃO, 14:15-18. Idem, ibidem.

Em 5 de junho de 2010, às2h25min, desencarnou na Casade Saúde São José, Humaitá, Riode Janeiro, aos 94 anos, JuvanirBorges de Souza, o qual presi-diu a Federação Espírita Brasilei-ra (1990-2001) e dirigiu o GrupoIsmael.

Ao velório, no Memorial doCarmo, e ao sepultamento, noCemitério São Francisco Xavier,Caju, compareceram inúmerosfamiliares, amigos, confrades

de diversas casas espíritas doRio de Janeiro e da FEB.

Após as expressões mencio-nadas da esposa de Juvanir, Sra.Yola Carvalho Borges de Souza,o presidente da FEB, NestorJoão Masotti, falou em nomeda Casa de Ismael, com pala-vras de profundo sentimento, efez tocante prece.

Ao irmão Juvanir, em seuretorno à Pátria Espiritual, ro-gamos as bênçãos de Jesus!

Juvanir Borges de Souza

Retorno à Pátria Espiritual

Page 36: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

36 Reformador • Ju lho 2010229900

o intervalo de aproxima-damente cem anos, entremeados dos séculos XVIII

e XIX, ocorreram três relevantestransformações na História daHumanidade, a saber: a Revolu-ção Industrial, a Revolução Fran-cesa e uma de cunho espiritual, aqual nós, espíritas, chamamos deTerceira Revelação.

A primeira delas, a RevoluçãoIndustrial, ocorreu na Inglaterra,quando aquela nação já havia con-solidado sua monarquia constitu-cional. Lá, a burguesia encontrouespaço para exercer o poder políticoe dividir com os representantes dacoroa os resultados de suas emprei-tadas econômicas e financeiras.

O mote terreno dessa primeiratransformação foi a conquista denovos mercados, objetivando aconsolidação do capital inglês.Em decorrência, surgiram benefí-cios inegáveis, que poderiam ali-cerçar alternativas para a melhoriadas condições de vida para todos.

Passados poucos anos, os efei-tos da Revolução Industrial trans-puseram o Canal da Mancha, dis-seminando-se por toda a Europa,alcançando a França, então gover-

nada por Luís XVI, que reinavausufruindo dos recursos que con-seguia espoliar de seus súditos.

O Absolutismo monárquicofrancês não submetia apenas osartesãos e camponeses, mas tira-nizava todo o chamado TerceiroEstado, incluindo a emergente bur-guesia, o que propiciou o surgi-mento da segunda das revoluçõesdaquele período: a Revolução Fran-cesa. De um só golpe, quedou-sea Bastilha, extirpou-se a dinastiaabsolutista, fez-se a ruína das ba-ses do Antigo Regime na EuropaContinental – Feudalismo –, ins-talou-se nova ordem.

Nos atos revolucionários quese seguiram, deram-se cruentasações, orquestradas por homensque diziam mover-se inspiradospelos ideais iluministas, perjuran-do o ideal maior de Liberdade,Igualdade e Fraternidade.

Passados os impactos iniciaisdesses dois momentos históricos,quando se poderia pensar que tu-do se estabilizaria, culminandoem uma acomodação natural, en-trechocaram-se os filhos das duasrevoluções. De um lado, a burgue-sia crescente, ávida por estabili-

zar-se como classe social domi-nante; do outro, o operariadooprimido, sequioso por participarda partilha das novas riquezas.

O teatro inicial dos inevitáveisembates deu-se naquela Françarevolucionária, os quais transfor-maram o ano de 1848 em um mo-mento ímpar nos registros daHistória, quando uma espiral detransformações convulsionou omundo ocidental, tornando-se umautêntico divisor de águas. Foi na-quele ano que Karl Marx eFriedrich Engels denunciaram asmazelas impostas às classes traba-lhadoras, publicando seu Manifes-to Comunista.

Impulsionados pelas ideias decunho social, os trabalhadoreslançaram-se às ruas de Paris, cla-mando pela ambicionada “igual-dade”. Depois, as aspirações so-ciais tornaram-se como um rasti-lho de pólvora, incendiando osanseios dos operários e dos cam-poneses de toda a Europa. Dava--se, então, a Primavera dos Povos.

Enquanto isso, a burguesia fre-mia diante das reações populares,buscando manter a nova ordemque havia sido recém-instalada.

“Liberté, Égalité,Fraternité”

NLI C U RG O SOA R E S D E LAC E R DA FI L H O

Page 37: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

O importante era garantir que a“liberdade”, como a compreen-diam, permanecesse estável, a qual-quer custo.

Até aqui, tratamos de duas dastrês mudanças ocorridas naqueleperíodo; agora, analisaremos a úl-tima. É em razão dos desdobra-mentos desse terceiro acontecimen-to, que hoje sabemos da existênciade uma estreita relação entre a di-mensão terrena e a espiritual. Taisdesdobramentos também nos pro-piciaram compreender que Deusage em favor dos homens, atravésdos próprios homens. E foi em ra-zão da Ação Divina, que o teatrodas transformações terrenas muda-ria, já que a implantação de qual-quer projeto no chamado VelhoMundo poderia ser sufocada pe-las perturbações revolucionáriasque, àquela época, constrangiamos corações humanos.

Naquele momento,os Estados Unidos daAmérica davam pros-seguimento ao seu pro-jeto de expansão terri-torial. Os projetos ex-pansionistas favoreciamoportunidades para pes-

soas de várias crenças e classes.Enfim, ali se encontravam reuni-das algumas das principais condi-ções para que uma mudança deorigem e ordem espiritual se dessesem maiores entraves.

Foi então que alguns eventosocorreram em Hydesville, um lu-garejo situado nas proximidadesda cidade de Rochester, no Estadode Nova York, não muito longe doLago Ontário, nos Estados Uni-dos da América. Lá, em uma típi-ca noite primaveril, em 31 de mar-ço daquele histórico ano de 1848,os “mortos” contataram os “vi-vos”, alargando-se uma porta in-terdimensional que ainda era pou-co utilizada em razão da quasecompleta ignorância acerca de suaexistência.

A partir dali, a intensidade dasmanifestações mediúnicas sacudiuos Estados Unidos da América,

chegando a tal proporção, quenão seria exagero considerar aque-la a “Primavera dos Espíritos”. Po-rém, enquanto a Primavera dosPovos ensanguentou o solo euro-peu, escancarando as diferençassociais que se haviam delineado, a“dos Espíritos” cuidou de estabe-lecer os primeiros movimentosde uma Nova Era, demonstrandoque a vida não cessa no túmulo, eque a existência terrena é apenasum dos estágios para alcançar-se aplenitude espiritual.

Passados alguns poucos anos,em uma França menos tumultua-da, sendo Paris considerada mun-dialmente como a capital culturaldo Ocidente, a invasão espiritualiniciada nos EUA conseguiu en-contrar seu porta-voz legítimo napessoa de um professor francês,nascido em Lyon, cujo nome eraHippolyte Léon Denizard Rivail.

Coube à reconhecida capaci-dade e bom senso do professorRivail, missionário em sua tarefamaior, pressentir a verdade conti-da por detrás dos objetos que semoviam de maneira “fantasmagó-rica” e das mensagens que eramatribuídas aos mortos.

37Ju lho 2010 • Reformador 229911

Galerie D’Orléans do Palais Royal, onde ocorreu o lançamento de O Livro dos Espíritos

Page 38: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

38 Reformador • Ju lho 2010 229922

À medida que desenvolvia seutrabalho, pode-se notar a eleva-da característica moral dos textosque lhe eram transmitidos. Perce-beu-se, que se tratava da mesmamoral transmitida por Jesus Cris-to, dois mil anos antes, agora, en-fim, decifrada. Deu-se, então, umnome àquela terceira transforma-ção, que passou a ser mais ade-quadamente conhecida como aTerceira Revelação.

Compreendendo a importânciado material que lhe chegava àsmãos, Rivail assumiu para si o pe-sado fardo. Codificou as mensa-gens dos Espíritos, adotou o pseu-dônimo de Allan Kardec e lançou,em 18 de abril de 1857, O Livro dosEspíritos. Nascia ali o Espiritismo.

Foi assim que, naqueles cemanos, entre meados dos séculosXVIII e XIX, ocorreram três trans-formações, cada qual com diferen-tes efeitos em nossas vidas. As con-sequências da Revolução Industrialpermanecem favorecendo a mino-ria, desconsiderando os benefíciosde ordem geral que poderiam serusufruídos por todos. Os desdobra-mentos da Revolução Francesa nãodifundiram a essência da filosofiailuminista que estava enraizada emsua origem, mantendo-se quase tãosomente a preocupação de levantarbandeiras classistas. Por sua vez, adisseminação da Terceira Revela-ção encontra obstáculos na mes-quinhez humana, e seu avanço sedá por obra do sacrifício de valoro-sos Espíritos – encarnados ou não–, comprometidos com o desen-volvimento moral da Humanidade.

A par disso tudo, permanece-

mos em nossas refregas terrenas.Nelas, enquanto uns lutam pelaLiberdade a qualquer custo e ou-tros buscam a Igualdade acimade qualquer condição, os Espíri-

tos permanecem apontando parauma alternativa que nos conduzi-rá ao entendimento e ao progres-so material e espiritual: a práticada Fraternidade!

A geração novaara que na Terra sejam felizes os homens, preciso é que so-mente a povoem Espíritos bons, encarnados e desencarnados,

que somente ao bem se dediquem. Havendo chegado o tempo,grande emigração se verifica dos que a habitam: a dos que praticamo mal pelo mal, ainda não tocados pelo sentimento do bem, os quais,já não sendo dignos do planeta transformado, serão excluídos, por-que, senão, lhe ocasionariam de novo perturbação e confusão econstituiriam obstáculo ao progresso. Irão expiar o endurecimentode seus corações, uns em mundos inferiores, outros em raças ter-restres ainda atrasadas, equivalentes a mundos daquela ordem, aosquais levarão os conhecimentos que hajam adquirido, tendo pormissão fazê-las avançar. Substituí-los-ão Espíritos melhores, quefarão reinem em seu seio a justiça, a paz e a fraternidade.

A Terra, no dizer dos Espíritos, não terá de transformar-se pormeio de um cataclismo que aniquile de súbito uma geração. A atualdesaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo,sem que haja mudança alguma na ordem natural das coisas.

Tudo, pois, se processará exteriormente, como sói acontecer, coma única, mas capital diferença de que uma parte dos Espíritos queencarnavam na Terra aí não mais tornarão a encarnar. Em cadacriança que nascer, em vez de um Espírito atrasado e inclinado aomal, que antes nela encarnaria, virá um Espírito mais adiantado epropenso ao bem.

Muito menos, pois, se trata de uma nova geração corpórea, doque de uma nova geração de Espíritos. Sem dúvida, neste sentidoé que Jesus entendia as coisas, quando declarava: “Digo-vos, emverdade, que esta geração não passará sem que estes fatos tenhamocorrido”. Assim, decepcionados ficarão os que contem ver atransformação operar-se por efeitos sobrenaturais e maravilhosos.

Fonte: KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Guillon Ribeiro. 52. ed. 2. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2009. Cap. 18, item 27.

Allan Kardec

P

Page 39: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

s acontecimentos da vi-da, para se verificarem,sempre reclamam espa-

ço e condições eletivas apropria-das. É assim que o bacilo de Koch,para se instalar e desenvolver, pre-cisa encontrar um pulmão neces-sariamente enfraquecido, ofere-cendo condições e espaço parasua proliferação, provocando a tu-berculose pulmonar.

No psiquismo humano ocorresituação idêntica. A mente deso-cupada, vazia de conteúdo útil, setorna fragilizada e oferece oportu-nidade ampla à ocupação de ativi-dades inúteis, porque elas não re-clamam quaisquer esforços.

A fé robustecida e a razão escla-recida dedicam-se à busca das res-postas para as inquirições inevitá-veis que a vida nos impõe: Qual anossa origem? Por que existimos?Para onde iremos após a morte?

Neste esforço incessante a fimde conhecer as respostas e sobreelas meditar, mantém a menteocupada com assuntos de elevadoconteúdo e importância, tanto in-telectual como moral. Deste mo-

do, não haverá espaço vazio quepossa ser ocupado por experiên-cias malsãs, frivolidades e prazeresilícitos conducentes ao domíniode forças inferiores.

O vício se instala quando en-contra espaço vazio nas consciên-cias que, enfraquecidas pela ocio-sidade, se desinteressam pelos gra-ves problemas da vida que atingemtodas as criaturas.

Quando o viciado se dispõe aointeresse efetivo, na busca das res-postas que expliquem sua própriarealidade, estará retomando o es-paço ocupado pela dependência aque se escravizou, e nesse esforçoreceberá a ajuda substancial dosEspíritos superiores, trabalhado-res da caridade, incumbidos peloDivino Mestre, que virão fortalecê--lo e estimulá-lo na luta até a vi-tória final. Se precisam se fortalecer,não devem desprezar nem esque-cer os caminhos que Jesus veiooferecer aos homens. No “buscaie achareis”, que nos ensinou, está adizer-nos que não basta suplicaratravés da oração a ajuda; será in-dispensável “buscar”, e ninguém

poderá fazê-lo, mostrando-seindiferente e negligente.

Mesmo após instalar-se o pro-cesso da dependência, o viciadopoderá vencê-la, ocupando-segradualmente com o aprendizadodas verdades eternas e das leis di-vinas que governam a vida, apli-cando-se à leitura perseverante,sistemática e metódica dos livrosque ensinam o Evangelho de Je-sus. Do mesmo modo que pode-remos substituir a água poluídade um recipiente, derramandonele aos poucos água limpa atéque ocupe todo o espaço da po-luída, a leitura sadia e interessa-da dos ensinos do Mestre irá gra-dativamente tomando o lugardas ideias viciosas, até sua totalextinção.

Ânimo irmãos! Lembrem-se:Deus nos criou livres, oferecendo--nos o livre-arbítrio para esco-lhermos o próprio caminho! Co-mo poderemos nos conformarcom a escravidão ao que quer queseja? Não percam a fé! Iniciem a batalha pela libertação total, e aajuda do Altíssimo não faltará!

Como vencer o vício?

OMAU RO PA I VA FO N S E C A

39Ju lho 2010 • Reformador 229933

Page 40: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

40 Reformador • Ju lho 2010229944

Conselho Espírita Internacional

Entre os dias 7 e 9 de maio,realizou-se em Varsóvia (Polô-nia), nas dependências do RestHotel, mais uma reunião da Coor-denadoria para a Europa doConselho Espírita Internacional(CEI). O evento contou com oapoio do grupo espírita local(Polskie Towarzystwo StudiówSpirytystycznych), fundado e di-rigido por Konrad Jerzak. Estetambém fez a tradução para

o polonês, da reunião, seminá-rio e palestra, para os polonesespresentes. A reunião do CEI--Europa foi coordenada porCharles Kempf (França), con-tando com a presença do secre-tario-geral do CEI, Nestor JoãoMasotti, e de membros da co-missão executiva do CEI, comoAntonio Cesar Perri de Carva-

lho, Elsa Rossi, Jean-PaulÉvrard e Ricardo Le-

querica. Compareceram repre-sentantes dos países: Áustria,Portugal, Bélgica, Finlândia, Bie-lorrussia, França, Reino Unido,República Tcheca, Luxembur-go, Holanda, Itália, Alemanha,Suíça, Suécia e Espanha, alémdos anfitriões. Houve apresen-tação de oportunos relatórios,mostrando profícuas ações nospaíses citados. Foram tratadosassuntos sobre a organização e

CEI-Europarealizou Reunião

em Varsóvia

Apresentação de O Evangelho segundo oEspiritismo, em polonês

Page 41: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

dinamização do Movimento Es-pírita na Europa, e os preparati-vos para o 6o Congresso Espíri-ta Mundial, programado para aEspanha (Valencia, outubro de2010). Ao final, foi desenvolvi-do um seminário com os temas:“Ideal de Unificação nas obrasde Chico Xavier” (Antonio CesarPerri de Carvalho), “Organizaçãode pequenos grupos” (CharlesKempf) e uma mensagem deDivaldo Pereira Franco aos tra-balhadores espíritas. Por inter-

médio de Dival-do houve ma-nifestação psi-cofônica de Be-zerra de Mene-zes, que trans-mitiu a mensa-gem “Novas res-ponsabilidades”.(Ver p. 8-9 destaedição.) Na noitedo dia 8 (sába-do), em auditório de instituiçãotécnica, no centro de Varsóvia,

realizou-se pa-lestra públicade Divaldo Pe-reira Franco,seguida de per-guntas e respos-

tas. Na oportu-nidade, o grupoespírita da Polôniafez o lançamentode O Evangelho se-gundo o Espiritis-

mo, em idioma polonês. Informa-ções: <www.isceurope.org>.

41Ju lho 2010 • Reformador 229955

Valencia, na Espanha, sediará o 6o CongressoEspírita Mundial nos dias 10, 11 e 12 de outubro,promovido pelo Conselho Espírita Internacional.O programa, com base no tema central “SomosEspíritos Imortais”, inclui comemoração peloCentenário de Chico Xavier. Entre os expositores

convidados de vários países estão Divaldo PereiraFranco e Carol Bowman, pesquisadora america-na sobre reencarnação. O CEI estará lançando li-vros em vários idiomas. Informações e inscrições:<www.congressoespirita.com.br>; <http://www.espiritismo.cc>.

6o Congresso Espírita Mundial já tem programa

Seminário com Antonio Cesar Perri de Carvalho

Mensagem de Divaldo Pereira Franco

aos trabalhadores espíritas

Page 42: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho

42 Reformador • Ju lho 2010229966

Seara EspíritaSeara Espírita

Piauí: Seminário da FamíliaA Federação Espírita Piauiense promoveu nos dias 5e 6 de junho, a 18a Semana da Família, na sua própriasede, em Teresina. O expositor convidado foi CésarSoares dos Reis. Houve também uma palestra pú-blica sobre o mesmo tema no Teatro 4 de Setembro.Para mais informações: <www.fepiaui.org.br>.

Rio de Janeiro: Seminários no InteriorO Conselho Espírita do Estado de Rio de Janeiro(CEERJ) promoveu encontro de unificação sobreos temas “Centro Espírita” e “Unificação”, na regiãodo REUNIR III: Barra do Piraí, Valença e VoltaRedonda, nos dias 25, 26 e 27 de junho. O pro-grama foi cumprido com palestras públicas e se-minários sobre “Centro e Movimento Espírita”,com atuação de Antonio Cesar Perri de Carvalho eEdmar Cabral Júnior. Nestes eventos, em NovaIguaçu, foi lançada a edição da FEB de A Caravanada Fraternidade, de Leopoldo Machado. Para maisinformações: <www.ceerj.org.br>.

Reino Unido: Centenário de Chico XavierA British Union of Spiritist Societies (BUSS) promo-veu uma semana de eventos sobre a vida e obra psi-cográfica de Chico Xavier em Londres, nos dias 10a 16 de maio, com atuação do membro da comissãoexecutiva do Conselho Espírita Internacional e dire-tor da Federação Espírita Brasileira Antonio CesarPerri de Carvalho. O expositor proferiu palestras noAllan Kardec Study Group; no BUSS, para trabalha-dores espíritas; Sir William Crookes Spiritist Society;Solidarity Spiritist Group; Bezerra de Menezes SpiritistGroup. Encerrando a programação, o expositor de-senvolveu o seminário “The psychographic works ofChico Xavier”, que contou com a presença de diri-gentes e colaboradores dos diversos grupos espíritasda Grã-Bretanha. Antes do seminário, na manhã dosábado, ocorreu assembleia do BUSS e eleição danova diretoria, coordenada por Elsa Rossi. O exposi-tor convidado também fez visitas a outras institui-

ções e manteve diálogos com lideranças. Para maisinformações: <www.buss.org.uk>.

ADE-SP: Seminários em Araraquara e São Paulo

A Associação Jurídico-Espírita do Estado de SãoPaulo (AJE-SP) promoveu, em parceria com a OAB--SP, mais um seminário sobre o tema “O compro-misso ético-moral do advogado”, desenvolvido porFrancisco Aranda Gabilan, no dia 20 de maio, noauditório da 13a Subseção da OAB. No dia 22 demaio, realizou seminário sobre os conceitos de digni-dade, afetividade e solidariedade no Direito de Fa-mília, no auditório do Centro Universitário de Ara-raquara (UNIARA). Atuou como expositor o juiz deDireito Paulo César Scavanez. Na ocasião foi funda-do o núcleo AJE-SP de Araraquara. Para mais infor-mações: <www.ajesaopaulo.com.br>.

Alagoas: Encontro Médico-EspíritaOcorreu nos dias 14, 15 e 16 de maio, o VI EncontroNorte-Nordeste das Associações Médico-Espíritas,no Centro de Convenções de Maceió, promovido pe-la Associação Médico-Espírita de Alagoas. Com o te-ma “Ciência, Saúde e Espiritualidade”, o evento con-tou com palestras proferidas por Sérgio Lopes, Mar-lene Nobre, Ricardo Santos, Irvênia Prado, FredericoMenezes, Décio Iandoli Jr. e Alberto Almeida. Paramais informações: <www. amealagoas.com.br>.

FEB: Novidades do PortalO Portal da Federação Espírita Brasileira prosseguecrescendo em consultas mensais, disponibilizandoinformações e materiais para download em váriasáreas, bem como acesso a artigos da revista Reforma-dor, vídeos e reportagens sobre o Espiritismo e a FEB.Acompanhando as novidades tecnológicas aliadasà informação, adere às redes sociais, como o Facebook,Orkut e Twitter, que se tornaram ferramentas dedivulgação da Doutrina Espírita. Para mais informa-ções: <www.febnet.org.br>.

Page 43: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho
Page 44: reformador Julho 2010 - a - Sou Leitor Espírita · Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade! Seus dias de trabalho