reflexÕes sobre avaliaÇÃo na perspectiva da pedagogia histÓrico-cŔitica

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Avaliação e Pedagogia Histórico-CríticaAna Carolina Galvão MarsigliaGiselle Modé Magalhães

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  • ISSN 2177-8892 1310

    REFLEXES SOBRE AVALIAO NA PERSPECTIVA DA

    PEDAGOGIA HISTRICO-CRTICA

    Ana Carolina Galvo Marsiglia1

    Giselle Mod Magalhes2

    Introduo

    O tema da avaliao bastante complexo. O que, como e para que avaliar, so

    questes que tomamos ao pensar no tema. Mas para responder a estas indagaes,

    precisamos ter em vista outras: qual a concepo de educao que assumimos? Quais

    so as finalidades da educao escolar? Como professor e aluno esto envolvidos nesse

    processo?

    Na abordagem construtivista, a avaliao deve tomar o aluno por suas

    possibilidades de desenvolvimento e no ter como parmetro o que o professor quer que

    ele aprenda, entendendo-se como ato discriminatrio e preconceituoso esperar de um

    aluno aquilo que ele no pode dar, porque seu desenvolvimento no est pronto para

    aquilo que o professor almeja. Em consonncia com esta assertiva, afirma o documento

    Orientaes pedaggicas para a formao de educadoras e educadores3 que o [...]

    valor da avaliao est no fato de que o(a) educando(a) pode tomar conhecimento de

    1 Pedagoga, doutora em Educao Escolar, lder do grupo de pesquisa Pedagogia histrico-crtica e

    educao escolar (UFES) e membro do grupo de pesquisa Estudos marxistas em educao. Professora

    do Departamento de Teorias do Ensino e Prticas Educacionais (DTEPE) e do Programa de Ps-

    Graduao em Educao (PPGE) do Centro de Educao da Universidade Federal do Esprito Santo.

    ([email protected]) 2 Psicloga, mestre em Educao Escolar pela Universidade Estadual Paulista UNESP Araraquara e

    doutoranda pela mesma Universidade. Membro do grupo de pesquisa Estudos marxistas em educao.

    ([email protected]) 3 Esse documento se destinava a orientar a formao de educadores de classes multisseriadas, fornecendo

    subsdios tericos e metodolgicos para a organizao do ensino por meio do Programa Escola Ativa.

    Esse Programa foi implantado pela Secretaria de Alfabetizao, Diversidade e Incluso - SECADI/MEC

    com a finalidade de promover a aprendizagem e a participao dos alunos na gesto escolar. Na Bahia, no

    ano de 2010, a formao dos formadores desse Programa assentou-se na base terica marxista (Cf.

    TAFFAREL e SANTOS JNIOR, 2012). Nossas anlises dos documentos desse Programa assentam-se

    nas mesmas preocupaes do grupo da LEPEL (Linha de Estudo e Pesquisa em Educao Fsica e

    Esporte, da Faculdade de Educao, da Universidade Federal da Bahia), visando contribuir no

    enfrentamento de problemas centrais da educao do campo, de maneira a fortalecer a construo de uma

    escola para os trabalhadores do campo verdadeiramente emancipadora. Por fim, vale ressaltar que hoje o

    Programa recebeu nova roupagem e denominao, passando a chamar-se Escola da Terra.

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    seus avanos e de suas dificuldades, tomar conscincia de seu processo, o valorizar e

    respeitar seus limites e suas possibilidades (BRASIL, 2009, p. 67, grifo nosso).

    claro que nenhum docente deve utilizar-se de nenhum instrumento para

    discriminar seus alunos, seja porque razo for: raa, credo, classe social ou sua

    aprendizagem. Entretanto, avaliar deve, sim, ser uma forma de verificar o nvel de

    desempenho do aluno, pois s ao ponderar o que o educando aprendeu em relao aos

    objetivos do ensino, possvel organizar a trajetria da aprendizagem. Baule (2010, p.

    30) assevera que ao se elevar (nas avaliaes) o respeito, as preocupaes com a

    aprendizagem se diluem e

    [...] no raro, acabe se transformando em forma de manuteno das

    condies em que os alunos se encontram. Diante da defesa do

    respeito das diferenas e da cultura de cada um, a escola acaba

    contribuindo para a manuteno das desigualdades.

    De volta ao material Orientaes pedaggicas para a formao de educadoras

    e educadores encontramos a preocupao do documento em salientar que a avaliao

    deve extrapolar o campo dos contedos.

    Para a Educao do Campo, alm da aprendizagem de contedos,

    preciso considerar a responsabilidade com as tarefas, com os

    coletivos, com a escola e com a comunidade. A convivncia

    respeitosa, solidria e a participao nas atividades e nos trabalhos

    tambm devem ser consideradas. Estes elementos tambm fazem parte

    da formao humana integral (BRASIL, 2009, p. 68).

    Concordamos que a responsabilidade, o respeito e a solidariedade constituem a

    formao humana, assim como tantos outros valores e no seria adequado em uma viso

    emancipadora do ser humano, que estabelecssemos uma escala de avaliao com tal

    finalidade. Antigamente, esta avaliao era realizada por meio de um item que constava

    em muitos boletins escolares denominando-se comportamento. O que era avaliado

    nesse componente? Se o aluno era atento, fazia tarefas (responsabilidade), participava

    das aulas, colaborava com os colegas (solidariedade), tinha o caderno limpo e

    organizado, respeitava professores, colegas e funcionrios etc. Hoje, este tpico no

    consta mais nos instrumentos de avaliao da escola. Mas isso significa que deixamos

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    de considerar estas questes ao avaliar o aluno? Longe disso! A diferena que agora

    avaliamos indiretamente, observando os alunos por meio de suas atitudes em situaes

    diversas e inclumos nossas concluses na avaliao processual. Nela, descrevemos

    nossos alunos e l esto os valores e no s os contedos.

    Deixemos de polarizar! Nem tanto a terra, nem tanto ao mar! Comportamento

    no componente curricular e, portanto, realmente no deve figurar entre as disciplinas,

    como acontecia nos antigos boletins. Por outro lado, a avaliao processual, que

    considera o percurso do aluno, suas possibilidades de desenvolvimento, pode avaliar

    que um discente desinteressado ou desorganizado, atribuindo ao indivduo essas

    caractersticas, como prprias daquele sujeito. Ao agir assim, no se leva em conta que

    talvez ele parea, por exemplo, desinteressado, quando na verdade o processo de ensino

    no est atendendo sua aprendizagem.

    Geralmente, nesses casos, pensamos no aluno que fica para trs: o educando

    que no alcana a aprendizagem prevista pelo professor, que por sua vez, no consegue

    elaborar formas mais adequadas para promover sua aprendizagem. Mas pensemos no

    caso contrrio tambm. Relatamos uma experincia ocorrida em 20064, em uma turma

    de 1 srie do Ensino Fundamental do interior paulista para ilustrar essas consideraes.

    Um aluno da turma foi apresentado professora como deficiente mental leve. Ele

    nunca havia sido diagnosticado como deficiente formalmente (por mdicos ou

    psiclogos), estava com dez anos de idade e nunca havia sido matriculado em uma

    escola porque a famlia temia que ele fosse tomado pelo Estado e encaminhado a um

    abrigo, manicmio ou coisa assim. Ocorre que este garoto teve aulas particulares com

    a professora que o acompanhou durante a educao infantil (a famlia permitiu-lhe

    frequentar este segmento, pois entendia que era s para brincar, ento no faria mal.)

    e continuou com ele informalmente. Quando este menino comeou o ano letivo, a

    professora no sabia de todo esse histrico. Notava que era um garoto tmido, que ficava

    irritado com muito barulho e perdia a concentrao com facilidade. No final da segunda

    semana de aula, ao terminar de contar uma histria sobre aves, o aluno foi at a lousa,

    leu o nome de todas as aves que a professora escreveu e disse: so todos ovparos.

    4 O relato em questo corresponde a um acontecimento ocorrido na sala de aula de uma das autoras desse

    texto (Ana Carolina Galvo Marsiglia), quando foi professora da Rede Estadual de Ensino de So Paulo.

    O relato foi devidamente autorizado por meio de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

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    Naquele momento a professora percebeu que o garoto sabia muito mais do que ela

    suspeitava e ficou imaginando o quanto aquelas duas semanas devem ter sido

    enfadonhas para ele. Ao avali-lo por meio de uma prova com contedos do final da 1

    srie, verificou-se que ele lia e escrevia com certa fluncia e conhecia as quatro

    operaes matemticas bsicas. Assim, o aluno foi promovido para 2 srie, sem ter a

    necessidade de cursar a 1 srie.

    Esse exemplo mostra que ao avaliar o comportamento do aluno, a professora

    no considerou o que ele sabia. Desse modo, ao julgar negativamente sua falta de

    participao com os colegas, atribuiu que ele no tinha o valor solidariedade,

    equivocadamente, pois no levou em conta que sua falta de interao resultava do fato

    de que o contedo, que era desafiador aos outros, no era para ele. Ele tambm no era

    desatento, como se supunha. O fato era que ele rapidamente compreendia o contedo de

    ensino e, como j o dominava, a aula se tornava desinteressante e provocava sua

    desateno.

    Do exposto acima, podemos afirmar que a avaliao sempre um juzo de valor.

    Por isso os valores devem estar claros: o que valoramos? Comportamentos?

    Obedincia? Contedos? Vale ressaltar que, no caso da avaliao de contedos,

    necessrio ainda questionar: qual o objeto da minha avaliao? A cotidianidade,

    pragmatismo ou conhecimentos clssicos, instrumentos do raciocnio? (Na maioria das

    vezes a cotidianidade acaba bastando na hora da avaliao!).

    Portanto, a avaliao dos valores resulta de fatores objetivos: adequao das

    situaes de aprendizagem, forma de organizao das aes pedaggicas e sem dvida,

    o contedo de ensino. E aqui vale sublinhar que ensinar um contedo de qualidade

    proporciona a apropriao de valores. Ao ensinar sobre a escravido, por exemplo,

    podemos produzir preconceito em nossos alunos, dependendo da maneira como

    transmitimos o conhecimento (por exemplo, dizendo aos alunos que os ndios no

    puderam ser escravizados porque no gostavam de trabalhar).

    Os instrumentos de avaliao

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    O Ministrio da Educao (MEC) elaborou em 2007 uma anlise comparada dos

    resultados de proficincia dos estudantes entre 1995 e 2005, avaliados pelo Sistema

    Nacional de Avaliao da Educao Bsica (SAEB). Os ndices da 4 srie do ensino

    fundamental (5 ano), indicam que a proficincia em lngua portuguesa caiu de 188

    pontos (1995) para 172 pontos (2005). Se observarmos os resultados da 8 srie (9

    ano), poderemos verificar uma queda de 256 pontos (1995) para 232 pontos (2005) e no

    3 ano do ensino mdio, a pontuao reduz de 290 para 258 pontos (BRASIL, 2007).

    Podemos concluir que, ao longo da dcada analisada por este sistema, os resultados no

    s pioraram, como tambm ao longo da escolarizao as insuficincias foram se

    agravando, gerando pontuaes cada vez mais diferentes (na 4 srie a reduo foi de 16

    pontos em dez anos, enquanto no 3 ano do ensino mdio foram 32 pontos).

    Na avaliao do SAEB de 2011, a porcentagem de alunos por nvel de

    proficincia em Lngua Portuguesa na 4 Srie / 5 Ano do Ensino Fundamental tem sua

    maior expresso entre os nveis 2 e 3 (respectivamente, 19,04% e 19,46%). Apenas

    0,19% dos estudantes atingiram o nvel 9, o mais elevado da avaliao5.

    A Prova Brasil (Avaliao Nacional do Rendimento Escolar), que compe o

    SAEB, apresenta, para o aluno do 5 ano do ensino fundamental, questes envolvendo

    textos dos gneros: informativo, instrucional (bula de remdio), comercial (bilhete de

    nibus), poesia, fbula, conto, histria em quadrinhos, biografia e cientfico (o

    fragmento de um texto com trs pargrafos e outros dois textos de um pargrafo cada

    numa mesma questo)6. Relacionando os gneros assim, parece uma prova bastante rica.

    Entretanto, uma anlise mais atenta permitir perceber que no bem isso. As questes

    elaboradas so simplrias, os textos so de baixa complexidade e a exigncia para

    enquadramento nos nveis, menor ainda7.

    5 Confira o documento SAEB/Prova Brasil 2011 - primeiros resultados, do Ministrio da Educao,

    Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (INEP), Diretoria de Avaliao

    da Educao Bsica, disponvel em

    http://download.inep.gov.br/educacao_basica/prova_brasil_saeb/resultados/2012/Saeb_2011_primeiros_r

    esultados_site_Inep.pdf Acesso em 15 de abril de 2014. 6 Confira:

    http://download.inep.gov.br/educacao_basica/prova_brasil_saeb/menu_do_gestor/exemplos_questoes/P04

    _SITE.pdf Acesso em 15 de abril de 2014. 7 Para saber o que os alunos conseguem fazer em cada nvel, consulte:

    http://download.inep.gov.br/educacao_basica/prova_brasil_saeb/escala/2011/escala_desempenho_portugu

    es_fundamental.pdf Acesso em 15 de abril de 2014.

    http://download.inep.gov.br/educacao_basica/prova_brasil_saeb/resultados/2012/Saeb_2011_primeiros_resultados_site_Inep.pdfhttp://download.inep.gov.br/educacao_basica/prova_brasil_saeb/resultados/2012/Saeb_2011_primeiros_resultados_site_Inep.pdfhttp://download.inep.gov.br/educacao_basica/prova_brasil_saeb/menu_do_gestor/exemplos_questoes/P04_SITE.pdfhttp://download.inep.gov.br/educacao_basica/prova_brasil_saeb/menu_do_gestor/exemplos_questoes/P04_SITE.pdfhttp://download.inep.gov.br/educacao_basica/prova_brasil_saeb/escala/2011/escala_desempenho_portugues_fundamental.pdfhttp://download.inep.gov.br/educacao_basica/prova_brasil_saeb/escala/2011/escala_desempenho_portugues_fundamental.pdf

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    Bem, nossos ndices ainda so bastante modestos, mas estamos melhorando, no

    mesmo? Segundo Apolinrio (2010, s/p), no bem assim. O sistema de ciclos

    diminui as taxas de reprovao, interferindo nos resultados desse indicador e,

    [...] a maioria das escolas prepara antecipadamente seus alunos de 5 e

    9 anos do ensino fundamental e 3 ano do ensino mdio para a

    aplicao da Prova Brasil (Portugus e Matemtica). Isso significa que

    essas provas no medem o real ensino-aprendizagem da escola.

    Assim, nossos ndices no so bons, tem prospeco de aumento bastante lento

    (17 anos para se atingir o patamar 6,0) e os resultados so duvidosos. Ento,

    respondendo a indagao anterior: no estamos melhorando. Ao contrrio, se

    pudssemos ter resultados baseados na realidade das escolas, veramos nmeros bem

    piores. Como afirma Apolinrio (2010, s/p)

    [...] o Ideb, como muitos outros dados quantitativos apresentados pelo

    governo federal para a educao, apenas uma maquiagem, pois os

    alunos continuam saindo do 5 ano sem saber ler e escrever direito e

    sem executar, na prtica, as noes bsicas das quatro operaes

    matemticas.

    O que podemos concluir que os professores tem se dedicado a tentar preparar

    os alunos com treinos que alcem desempenho satisfatrio nestas avaliaes. Com isso,

    deixa-se de ter a finalidade de ensinar o contedo e o instrumento de avaliao (em si

    mesmo) acaba sendo o norteador das prticas pedaggicas.

    Outro comentrio cabe neste momento em relao contradio entre o que

    dizem os documentos construtivistas e o que acabam por fazer nas avaliaes. O

    material do Programa de Formao de Professores Alfabetizadores Letra e Vida, da

    rede estadual de ensino paulista, cuja origem o PROFA8, do governo federal, afirma

    que a entrevista individual deve servir de instrumento para que o professor possa

    identificar qual a hiptese de escrita do aluno e a partir dela orientar suas intervenes.

    Essa entrevista, chamada tambm de avaliao diagnstica, consiste em ditar quatro

    palavras de um mesmo campo semntico, sendo uma polisslaba, uma trisslaba, uma

    disslaba e uma monosslaba e depois pedir que o aluno faa a leitura daquilo que

    8 Para uma leitura crtica do PROFA, confira MAZZEU, 2007.

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    escreveu como forma de perceber se sua leitura faz o ajuste silbico ou no e como

    organiza as letras que usa. Alerta este documento que

    [...] o uso institucional desse tipo de instrumento, no entanto, tem se

    mostrado extremamente perigoso [...]. Vamos comear pelo problema

    de ordem tcnica. Esse no um instrumento que se possa utilizar

    em massa. Para obter informaes minimamente confiveis,

    necessrio que a entrevista seja realizada individualmente, por

    profissional com formao adequada. Se, como tem sido feito, a lista

    ditada para a classe toda e o professor tenta adivinhar o que a criana

    pensou ao escrever apenas a partir do que est escrito no papel, pode-

    se afirmar que a maioria dessas interpretaes corresponde a

    invenes, sem qualquer valor diagnstico. (SO PAULO, 2005,

    M1U4T5, p. 2, grifo nosso).

    Apesar dessas recomendaes, nas provas do Sistema de Avaliao do

    Rendimento Escolar do Estado de So Paulo (SARESP), um dos tpicos de avaliao

    baseado em um ditado que depois classifica o desempenho dos alunos entre as hipteses

    de escrita. Ora o SARESP um instrumento de avaliao em massa e est se utilizando

    daquilo que justamente o material da formao dos professores julga ser perigoso e

    inadequado!

    Entre os instrumentos de avaliao do Programa Escola Ativa, temos: a ficha

    complementar para o professor, os indicadores do processo de aprendizagem do aluno, a

    ficha de acompanhamento dos indicadores do processo de aprendizagem do aluno e a

    ficha de acompanhamento e progresso do aluno (FAP). Analisemos estes instrumentos.

    A Ficha complementar para o professor apresenta em forma de tabela, a rea

    de conhecimento, o nmero do guia9, o nome da unidade, os contedos de cada unidade

    e as respectivas habilidades e competncias relacionadas aos contedos. H este

    levantamento para quatro reas de conhecimento, a saber: cincias, estudos sociais,

    lngua portuguesa e matemtica. Este um instrumento interessante, pois pode auxiliar

    tanto no planejamento como na avaliao. Entretanto, em lugar de habilidades e

    competncias, o que deveria ser contemplado seriam os objetivos. E isso acontece em

    alguns momentos. Vejamos um exemplo. Em relao ao contedo Os rgos do

    9 Recentemente os guias foram reorganizados de forma a contemplar do 1 ao 5 ano e no mais por srie.

    Alm disso, alterou-se o guia de estudos sociais para histria e geografia. Entretanto, ainda no tivemos

    acesso s fichas avaliativas com base nessa nova composio. Por essa razo a anlise aqui empreendida

    foi realizada com base nos guias organizados para as quatro sries iniciais do ensino fundamental.

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    sentido e suas funes, assinala o documento sobre as habilidades e competncias:

    Demonstrar conhecimento das funes dos rgos dos sentidos e do funcionamento do

    prprio corpo. Quando ensinamos aos alunos sobre este contedo, nosso objetivo no

    exatamente o que aparece no item habilidades e competncias? O que seria o objetivo se

    no esse?

    Por outro lado, a relao de habilidades e competncias no pode ser

    simplesmente transposta para objetivos sem uma anlise crtica do que se prope

    neste tpico. Novamente, recorramos a exemplos. No guia de cincias (no 3), a primeira

    unidade Desenvolvimento x problemas no planeta Terra. Nas habilidades e

    competncias relacionadas aos contedos dessa unidade encontramos: Identificar as

    condies de vida no planeta Terra e os problemas causados pela evoluo cientfica e

    tecnolgica. Por esse texto, parece que os progressos da humanidade s nos trouxeram

    dificuldades! Os avanos cientficos e tecnolgicos foram e so incorporados pelos

    seres humanos e seu uso nem sempre foi digno, como no caso das armas qumicas, por

    exemplo. No entanto, esse tipo de armamento est baseado nas propriedades txicas de

    substncias qumicas. Mas o que possibilitou que se chegasse a essas armas foi o estudo

    cientfico sobre o que so substncias qumicas! Ademais, o conhecimento sobre a

    estrutura dessas substncias possibilitou (e avana cada vez mais a partir do acmulo

    histrico da cincia) o desenvolvimento de medicamentos que salvam milhares de

    vidas. A cincia pode, ento, ser vista somente pelos problemas que causou ou

    preciso discutir criticamente com os alunos as razes que levaram a cincia a ser

    utilizada pelo homem para subjugar o prprio homem? Assim, fundamental que o

    professor analise esse instrumento para compatibilizar o ensino desejado com os

    objetivos propostos e avaliao coerente a eles, segundo um posicionamento crtico.

    Nos Indicadores do processo de aprendizagem do aluno, encontramos a

    lngua portuguesa e a matemtica, divididas por srie, eixos (linguagem oral, leitura e

    linguagem escrita para lngua portuguesa; nmeros e operaes, medidas e grandezas,

    espao e forma e tratamento da informao para matemtica) e numera de 1 a 4 ou de 1

    a 5 as diferentes aprendizagens do aluno. Esses indicadores norteiam o preenchimento

    da planilha Ficha de acompanhamento dos indicadores do processo de aprendizagem

    do aluno.

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    A primeira observao a fazer sobre a inexistncia dos componentes

    curriculares de cincias e estudos sociais. Isso nos indica que a avaliao dessas

    disciplinas fica secundarizada. Seus contedos so menos relevantes? As aprendizagens

    dessas reas de conhecimento no precisam ser avaliadas? Via de regra, temos

    observado um discurso de que cincias, histria e geografia (e nem se menciona

    educao fsica e artes) devem ser trabalhadas de forma interdisciplinar, a partir dos

    contedos de lngua portuguesa e matemtica. No entanto, esse procedimento retira a

    especificidade do conhecimento histrico, geogrfico, cientfico, artstico etc. Por

    exemplo: se o professor trabalha com o tema das plantas, poder articular o

    conhecimento sobre elas s regies em que ocorrem devido ao clima e solo, explicar

    quais so as caractersticas que definem uma planta, discutir sobre o desmatamento e

    extino de certas espcies da flora etc. Contudo, no poder avaliar esses ensinamentos

    se sua avaliao estiver restrita aos conhecimentos lingusticos e matemticos!

    Outra ponderao refere-se relao entre a Ficha complementar para o

    professor e os Indicadores do processo de aprendizagem do aluno. O primeiro

    instrumento relaciona, por exemplo, com base no guia no 1 de lngua portuguesa,

    dezenove habilidades e competncias relacionadas aos contedos deste livro. J fizemos

    a crtica questo do parmetro ser dado por habilidades e competncias e no por

    objetivos, mas vamos acatar, mesmo como habilidades e competncias, as dezenove

    indicaes. Destas, apenas oito podem ser diretamente contempladas nos Indicadores

    do processo de aprendizagem do aluno. Com isso podemos afirmar que, alm dos

    contedos de cincias e estudos sociais no serem avaliados, aqueles de lngua

    portuguesa e matemtica so avaliados precariamente. Portanto, podemos concluir que

    tal modelo de avaliao no serve para verificar a aprendizagem, assim como est

    norteando um ensino com pouco contedo, e ainda ajusta-se somente a preparar os

    alunos para os instrumentos de avaliao (que s avaliam, nos anos iniciais, lngua

    portuguesa e matemtica).

    Finalmente, a Ficha de acompanhamento e progresso do aluno, representa

    um controle sobre as unidades trabalhadas dos guias, com data de incio, trmino e

    nmero de dias letivos utilizados em cada uma. Em seguida, o professor deve emitir um

    parecer do desempenho do aluno para cada unidade e um parecer final e geral sobre a

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    utilizao do guia pelo aluno. Trata-se de um instrumento que deve ser considerado

    tendo em vista duas questes. A primeira que a ficha avalia to somente o que o aluno

    desenvolveu com base nos guias e o que esperamos um resultado de aprendizagem

    que no se limite a eles. A segunda questo de ordem operacional. Se considerarmos

    uma mdia de quatro unidades por guia, levando em conta que so quatro guias para

    cada srie, temos um total de dezesseis unidades. Multiplicando isso por vinte alunos de

    uma classe, temos um total de trezentos e vinte pareceres que o professor dever emitir!

    Quanto tempo o professor levar para preencher esses documentos? Esse tempo

    est previsto em sua carga horria de trabalho? A emisso desses pareceres contribuir

    para a organizao do trabalho do professor ou se transformar em mera burocracia,

    com respostas padronizadas para todos os alunos? Sem refletir sobre essas questes, a

    ficha pode tornar-se um adversrio do professor. Isso no significa que essa ficha deva

    ser condenada ao esquecimento. O professor que consider-la importante e souber

    extrair suas contribuies para o planejamento e avaliao de ensino, poder utiliz-la

    adequadamente.

    Em busca de uma concepo de avaliao histrico-crtica

    Avaliar no exclusividade da escola e menos ainda dos tempos atuais. Com a

    ascenso da classe burguesa como classe dominante e diante da necessidade de

    recomposio de hegemonia da burguesia, tornou-se necessrio articular

    ideologicamente a escola a uma perspectiva no mais centrada na socializao do

    conhecimento objetivo sobre a realidade, mas sim a uma concepo da escola como

    espao de respeito individualidade e s necessidades da vida cotidiana dos indivduos.

    (SAVIANI, 2008). Destarte, o capitalismo precisava formar os trabalhadores com

    rudimentos da cultura, inclusive para disciplin-los. Aparece nesse contexto o mito da

    ascenso social, da igualdade de oportunidades apregoada pela ideologia liberal. Como

    afirma Vasconcellos (2000, p. 28), o [...] valor da escola passa a no estar mais nela

    mesma, mas na recompensa que, supe-se, haver depois. No havendo como

    recompensar a todos, pois o princpio capitalista o da concentrao [...] passa a

    acontecer ento, a reprovao, como decorrncia natural das diferenas individuais,

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    cada sujeito sendo, portanto, responsvel pelo seu fracasso, j que outros

    conseguiram.... (VASCONCELLOS, 2000, p. 28).

    Na perspectiva da pedagogia histrico-crtica, a finalidade da educao escolar

    transmitir aos indivduos aquilo que eles no podem aprender sozinhos e que promover

    o desenvolvimento mximo das possibilidades humanas. Partindo dessas premissas, o

    professor tem relevante funo, pois ele ser o responsvel pelo planejamento de ensino,

    organizando os conhecimentos clssicos fundamentais a serem garantidos pela escola

    para a humanizao dos indivduos; ele vai elaborar os meios mais adequados

    apropriao da cultura; o educador que ter condies de avaliar o que o aluno atingiu

    dos objetivos planejados e quais as correes de curso que precisam ser estabelecidas

    para que a aprendizagem se efetive.

    Para compreendermos adequadamente a avaliao da aprendizagem, precisamos

    ter em vista a relao entre vrios elementos: contedo (o que), alunos (para quem),

    objetivo (para que) e recursos (como). O rol de eixos do processo pedaggico conta

    ainda com as condies objetivas de realizao do trabalho educativo (PASQUALINI,

    2010).

    Em relao ao contedo, ele determina o ponto de partida da prtica pedaggica

    relacionando-se prtica social (e lembremos que prtica social, para a pedagogia

    histrico-crtica no est restrita ao cotidiano). Tambm est vinculado

    problematizao, isto , por que relevante ensinar este contedo? Sendo funo da

    educao escolar qualificar os instrumentos psicolgicos do sujeito, preciso analisar

    em que os contedos esto contribuindo para a elevao das funes psicolgicas.

    Orientando-se pela referncia para quem ensinar, direcionamos

    adequadamente os instrumentos a serem utilizados e o objetivo do ensino. Para tanto,

    preciso ter claro os conceitos de desenvolvimento efetivo e rea de desenvolvimento

    iminente. Qual o desenvolvimento efetivo do sujeito da aprendizagem e o que

    queremos alcanar com nossa ao com base na zona de desenvolvimento iminente?

    Nesse sentido, determinar quem o aluno, dirige a instrumentalizao, que o que

    proporciona o domnio dos bens culturais traduzidos em contedo de ensino. Para tanto,

    preciso conhecer o desenvolvimento humano para saber identificar adequadamente

  • ISSN 2177-8892 1321

    qual a atividade-guia10

    , ou seja, qual a atividade que promover o maior alcance de

    desenvolvimento daquela etapa da indivduo.

    J o objetivo orientado pelo para que ensinar algo. O que vamos ensinar

    serve ao aluno? Mas atender o aluno, reiteremos, no suprir suas necessidades

    imediatas, mas sim, lhe propiciar ascender do concreto ao abstrato e retornar ao

    concreto pensado compreender as mltiplas determinaes de um fenmeno. O

    objetivo esclarece quais so os instrumentos psicolgicos que precisam ser

    desenvolvidos, por isso refere-se instrumentalizao, tendo em vista o contedo, os

    alunos e as condies para o ensino.

    Por ltimo, preciso mencionar o como ensinar, ou seja, quais recursos sero

    utilizados? Eles participam da instrumentalizao os meios para atingir os objetivos e

    tambm esto vinculados s condies. Se ensinamos algo de uma determinada

    maneira, quanto vamos atingir dos objetivos? De que outras maneiras poderamos

    ensinar em nossas condies objetivas para conseguir nos aproximar mais dos objetivos

    traados?

    A avaliao a verificao da aprendizagem a partir dos componentes

    anteriores. claro que a constatao do que o aluno aprendeu no se d por meio de um

    nico instrumento, mas devemos planejar situaes nas quais possamos avaliar o que o

    aluno est aprendendo e assim replanejar as aes, seja para potencializar ainda mais o

    que estamos ensinando, seja para buscar outras estratgias mais adequadas s

    proposies do ensino. O aluno consegue escrever sobre o que aprendeu? Elabora

    oralmente uma explicao para o contedo? capaz de fazer relao deste contedo

    com outros? Precisa de um modelo para guiar suas aes? Consegue criar novas

    situaes a partir dos conhecimentos apreendidos? Se chegamos ao domnio de um

    determinado contedo, temos um novo ponto de partida para recomear o processo de

    ensino e aprendizagem.

    10

    Ao adotar o termo atividade-guia considera-se que ele com mais verossimilhana ajuda a compreender

    que uma atividade-guia no a que mais tempo ocupa a criana, mas a atividade que carrega fatores

    valiosos e que contm elementos estruturais que impulsionam o desenvolvimento, ou seja, guia o

    desenvolvimento psquico infantil. O que no o caso dos termos principal ou predominante, pois os dois

    tm muito mais a ver com a ideia de atividade que a criana tem que realizar obrigatoriamente ou que

    ocupa mais tempo em suas atividades dirias (PRESTES, 2010, p. 163).

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    Assim, a avaliao deve deflagrar um processo qualitativo das prticas

    pedaggicas que dialeticamente observa os resultados e orienta novos

    encaminhamentos. Para Palangana e Galuch (2007, p. 30)

    A avaliao , sem dvida, um momento significativo dos processos

    de ensino e aprendizagem, uma vez que, a princpio, dela advm os

    elementos que instruem a continuidade desses processos: a segurana

    para avanar na discusso de novos conhecimentos, de cuja

    compreenso depende o desenvolvimento de capacidades mais

    complexas de pensamento; ou, ao contrrio, a constatao da

    necessidade de retomar conceitos, relaes, enfim, o contedo

    estudado ou parte dele, haja vista as dificuldades detectadas. A

    avaliao , pois, o parmetro que orienta o constante ir-e-vir

    imprescindvel ao ensino realizado numa continuidade histrica e

    aprendizagem de contedos que fazem sentido aos estudantes.

    Voltemos ao tema da escravido para ilustrar estas reflexes. Se o professor

    pretende ensinar ao aluno sobre este assunto objetivando uma anlise crtica sobre o

    tema, poder ter como instrumento de avaliao uma redao sobre o contedo, a qual

    no dever se restringir a informaes simplificadas como geralmente observamos no

    tratamento da questo: A lei urea foi promulgada em 1888 e extingui a escravido em

    nosso pas ou Os negros foram escravizados no Brasil do perodo colonial ao fim do

    Imprio.

    Para que o aluno possa produzir um texto crtico sobre o assunto, precisar de

    diversos elementos que lhe permitam fazer uma anlise mais apurada do tema.

    Obviamente, se o professor no lhe forneceu estes elementos (no foram apenas negros

    que foram escravizados; a escravatura uma forma de relao de produo; a lei urea

    no foi um simples gesto de bondade da Princesa Isabel etc.), no poder avaliar a

    redao do seu aluno como algo superficial e desprovido de criticidade. Tambm no

    poder exigir um produto da aprendizagem que no seja coerente aos seus objetivos de

    ensino. Neste caso, se o professor faz um questionrio para o discente, no qual ele deve

    responder: Quando a lei urea foi promulgada? ou Quem eram os escravos no

    Brasil?, automaticamente o alcance das respostas ser limitado pela prpria

    caracterstica das perguntas. Finalmente, importante que o docente tenha em vista que

    exigir uma redao, por exemplo, de uma criana que est iniciando sua alfabetizao

  • ISSN 2177-8892 1323

    ser uma tarefa por demais complexa, pois est alm dos domnios que ela possui para

    execut-la.

    Em sntese, avaliar nos ajuda a ensinar mais e melhor e por isso no deve servir

    para fiscalizar ou reprimir. preciso diversificar as formas e (consequentemente) o

    nmero de oportunidades avaliativas: em grupo, duplas ou individualmente; por meio

    de redaes, testes, observaes do dia a dia, resoluo de problemas, desenhos etc.

    Tambm fundamental estabelecer critrios objetivos da avaliao, que devem ser

    explicados aos alunos e estar claros para o professor: o que se objetivou ensinar? Qual a

    melhor maneira de avaliar a aprendizagem buscada? Quem o aluno que est sendo

    avaliado? Os desafios, como sempre, so grandes, mas no intransponveis e dependem

    de nosso posicionamento poltico e nossos domnios tericos, que empreendem prticas

    pedaggicas que visem atender cada vez mais e melhor a classe trabalhadora.

    Referncias

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