reflexoes biblicas o profetismo em israel estudo14

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O PROFETISMO NO ANTIGO TESTAMENTO | REFLEXÕES BÍBLICAS | 55 ESTUDO 14 O PROFETISMO EM ISRAEL Leituras diárias: Segunda Salmo 119.1-8 Terça Salmo 119.73-76 Quarta Salmo 119.97-101 Quinta Isaias 1.2-4 Sexta Êxodo 3.7-10 Sábado I Pedro 2.9 Introdução Religiões várias tiveram seus profetas, mas em Israel a profecia atingiu nível tão elevado de influência moral, que suas mensagens continuam muito relevantes até nos dias atuais. Neste estudo veremos um pouco so- bre o profetismo em Israel. 1. Desenvolvimento do profetismo em Israel - Leia Salmos 19.7-11 A lei do Senhor é boa, justa e há gran- de recompensa em segui-la, diz o texto indicado. A missão profética era mostrar isto ao povo e seus líderes, bem como o perigo de desprezar a lei. Embora Abraão tenha sido chamado de profeta (Gn. 20.7), o primeiro profeta com formas normativas foi Moisés, pois ele constituiu um padrão para os profetas futuros 1 . No AT, alguns profetas que influen- ciaram toda a nação não deixaram livros com mensagens escritas como Natã (II Sm.12.1-10), Elias (I Rs.18.17-18 e 21.20), Micaias (I Rs. 22.8-14) e muitos outros. Dentre os profetas escritores, encon- tramos os que produziram mensagens extensas, tendo um longo tempo de mi- nistério, como Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel. Estes são chamados de profetas maiores. Os demais: Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Haba- cuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Mala- quias, são os profetas menores. O ministério profético foi muito im- portante em Israel, havendo florescido de modo especial na época do Reino Di- vidido. No desenvolvimento do profetis- mo, havia os profetas oficiais, que viviam junto a algum santuário ou na corte. De- pois apareceram profetas desvinculados destas instituições. Eram pessoas singu- lares e independentes que diziam haver sido chamados por Deus para tal função. Elias foi um profeta independente, en- quanto Isaias era um dos que viviam na corte. Havia profetas autênticos, entre os oficiais e entre os independentes. O im-

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Page 1: Reflexoes Biblicas O Profetismo Em Israel Estudo14

O P R O F E T I S M O N O A N T I G O T E S T A M E N T O |

R E F L E X Õ E S B Í B L I C A S | 55

ESTUDO 14

O PROFETISMO EM ISRAEL

Leituras diárias:

Segunda Salmo 119.1-8 Terça Salmo 119.73-76 Quarta Salmo 119.97-101 Quinta Isaias 1.2-4 Sexta Êxodo 3.7-10Sábado I Pedro 2.9

Introdução

Religiões várias tiveram seus profetas, mas em Israel a profecia atingiu nível tão elevado de influência moral, que suas mensagens continuam muito relevantes até nos dias atuais.

Neste estudo veremos um pouco so-bre o profetismo em Israel.

1. Desenvolvimento do profetismo em Israel - Leia Salmos 19.7-11

A lei do Senhor é boa, justa e há gran-de recompensa em segui-la, diz o texto indicado. A missão profética era mostrar isto ao povo e seus líderes, bem como o perigo de desprezar a lei.

Embora Abraão tenha sido chamado de profeta (Gn. 20.7), o primeiro profeta com formas normativas foi Moisés, pois ele constituiu um padrão para os profetas futuros1.

No AT, alguns profetas que influen-ciaram toda a nação não deixaram livros com mensagens escritas como Natã (II Sm.12.1-10), Elias (I Rs.18.17-18 e 21.20), Micaias (I Rs. 22.8-14) e muitos outros.

Dentre os profetas escritores, encon-tramos os que produziram mensagens extensas, tendo um longo tempo de mi-nistério, como Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel. Estes são chamados de profetas maiores. Os demais: Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Haba-cuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Mala-quias, são os profetas menores.

O ministério profético foi muito im-portante em Israel, havendo florescido de modo especial na época do Reino Di-vidido. No desenvolvimento do profetis-mo, havia os profetas oficiais, que viviam junto a algum santuário ou na corte. De-pois apareceram profetas desvinculados destas instituições. Eram pessoas singu-lares e independentes que diziam haver sido chamados por Deus para tal função. Elias foi um profeta independente, en-quanto Isaias era um dos que viviam na corte.

Havia profetas autênticos, entre os oficiais e entre os independentes. O im-

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portante era o relacionamento do pro-feta com Iavé. O vínculo com a corte ou com o templo, no entanto, era perigoso para o profeta, pois a relação com o po-der poderia levá-lo a falsear a mensagem do Senhor para agradar aos poderosos. É sempre perigosa a relação com o poder, não é verdade? Vemos em I Reis 22.5-8 e 13-14 a diferença entre os profetas falsos e um profeta de Deus. Jeremias denun-cia a existência dos profetas falsos (Jer. 23.16).

Aplicação a sua vida: Será que como igreja do Senhor, ou como cristãos in-dividualmente, corremos o risco de ser seduzidos pelo poder, pelo dinheiro ou por outro ídolo dos nossos dias, perdendo a coragem de proclamar a vontade de Deus? Que ídolo tem sido mais poderoso em sua vida, influen-ciando você a deixar de fazer a vontade de Deus?

2. A chamada dos profetas - Leia Êxodo 3.1 - 4.17

Sabemos que todos os verdadeiros profetas foram vocacionados por Deus, embora a Bíblia não nos relate a experi-ência de chamada de todos. Em vários relatos, no entanto, o que vemos é que a iniciativa parte sempre de Deus e que o futuro profeta sempre oferece resis-tência, não se sentindo capaz para tal missão. Isaías se sente perecer diante da santidade e glória de Deus antes de receber o chamado (Is.6.1-8); Jeremias diz que é ainda uma criança (Jr.1.5-6); Jo-nas tenta fugir (Jn.1.2-3); no texto acima, você percebe toda a relutância de Moisés para atender à convocação de Deus. To-

dos estes se sentiram incapazes e teme-rosos.

Nenhum profeta exerceu a missão como fruto do seu próprio desejo. Sua autoridade, vinha sempre de sua consci-ência da chamada de Deus. O verdadeiro profeta nunca se sentia à altura de sua vocação. Sua humildade e sua depen-dência do Senhor vinham da consciência da grandeza e santidade de Deus e de sua pequenez para o exercício de tal ta-refa. Por isso, confrontado com o repre-sentante do rei, contra quem profetizava, Amós replica humildemente: “Eu não sou profeta nem filho de profeta, mas boieiro e cultivador de sicômoros. Mas o Senhor me tirou de seguir o rebanho, e me disse: Vai e profetiza ao meu povo Israel”(Am.7.12-15). É ele ainda quem diz, ao afirmar que não pode fugir de sua missão: “O leão ruge, quem não temerá? Iavé fala, quem não profetizará?(Am.3.8).

Aplicação a sua vida: Autoridade e humildade andam juntas no caráter do profeta verdadeiro. Será que isso se aplica também a nós, na transmissão da mensagem do Senhor ao mundo?

O profeta era chamado a falar, em nome do Senhor, levando o povo a obe-decer aos Seus preceitos. De modo mais geral somos todos chamados a viver e transmitir a vontade de Deus no mundo.

3. Como os profetas anunciavam a mensagem do Senhor

As mensagens dos profetas eram feitas através de pronunciamentos ou ações que simbolizavam o que eles que-riam transmitir.

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Pronunciamentos - eram as mensa-gens verbais em que eles proclamavam a vontade do Senhor. Os livros proféticos estão repletos destas mensagens.

Mensagens simbólicas - eram as ações que mostravam enfaticamente a verdade que anunciavam. São muitas. Entre estas, veja algumas.

- os nomes inusitados dos filhos de Isaías e de Oseias, por exemplo, são men-sagens para Israel (Is.8.3-4 e Os.1.3-9).

- o casamento de Oseias com uma prostituta a quem ele ama e perdoa é símbolo do amor de Deus por Israel (Os.1.2).

- Jeremias, que deveria permanecer celibatário e sem filhos para demonstrar que não havia longo futuro para Israel (Jr.16.1-4).

- Jeremias, que numa época de des-truição, compra uma terra, e com isso dá sua garantia pessoal de que terras ainda seriam compradas no país (Jr.32.8-15).

Os profetas acreditavam profunda-mente na mensagem que transmitiam e empenhavam suas próprias vidas para que outros acreditassem. As ações como símbolos, muitas vezes eram mais fortes e tinham maior poder de convencimento do que as próprias mensagens verbais.

Conclusão

Os profetas eram “a boca de Deus” para o povo e os poderosos.

Aplicação a sua vida: Mesmo sem ter uma tarefa da envergadura da tarefa dos profetas do AT, cada um de nós foi comissionado por Cristo a servir ao mundo como mensageiros da Sua von-tade. Você se alegra pela convicção dessa chamada? Como tem procura-do cumpri-la?

É este o papel de cada discípulo de Jesus neste mundo caótico, tão distante da vontade divina: servir, ensinar, de-monstrar como se vive segundo a vonta-de de Deus. Com humildade, dependa-mos do Senhor para isso.

________________1. O Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1979, p.1318.