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REFLEXÕES ACERCA DE UMA HISTORICIDADE NEOLIBERAL
Erick Kayser
Doutorando em História na Universidade Federal do Rio Grande do Sul
RESUMO: As maneiras com que as relações entre passado, presente e futuro são
percebidas sofreram sensíveis modificações que indicam – embora de modo imperfeito –
uma lógica específica e sua instrumentalização política. A noção de presentismo,
neologismo que demarca a peculiaridade da atual relação com o tempo, destaca a forma
com que o ocidente e o mundo ocidentalizado experimentam sua relação temporal,
marcada por um presente único, sob a tirania do instante e da estagnação de um presente
perpétuo. Como hipótese, se buscará demonstrar que o neoliberalismo, aqui entendido
como expressão hegemônica ou mesmo nova racionalidade, gestou esta historicidade
própria. Para compreender esta relação do presentismo como representação temporal
neoliberal, identifica-se como indissociável de uma representação distópica do futuro,
onde o amanhã é percebido não como promessa, mas como ameaça.
Palavras-chaves: Temporalidade – Regime de historicidade – Presentismo –
Neoliberalismo – Distopia
O neoliberalismo ostenta atualmente uma condição hegemônica que
possivelmente seus primeiros idealizadores não imaginariam possível atingir nesta quadra
da história. Sua incidência e abrangência em diversos aspectos da vida social, o colocam
como um tema desafiador para investigadores das mais variadas áreas do conhecimento.
Para o campo da história, em particular, são muitas questões ainda por serem exploradas.
O problema que se propõe esta pesquisa é interrogar de que forma o neoliberalismo
incidiu sobre as dimensões de historicidade contemporâneas.
As maneiras com que as relações entre passado, presente e futuro são percebidas
sofreram sensíveis modificações que indicam – embora de modo imperfeito –uma lógica
específica e sua instrumentalização política. Como hipótese, se buscará demonstrar que o
neoliberalismo, aqui entendido como expressão hegemônica ou nova racionalidade,
gestou uma historicidade própria, que se expressa através do presentismo dominante,
indissociável de uma representação distópica do futuro, onde o amanhã é percebido não
mais como promessa, mas como ameaça. Esta combinação entre o neoliberalismo e uma
historicidade presentista e distópica provoca tensões e disfunções diversas, nos
permitindo antever que as resistências (e contradições) existentes poderão provocar
inesperadas rupturas, mas que neste momento não serão aqui exploradas. A seguir se
buscará delimitar os três conceitos que articulam o problema desta pesquisa:
neoliberalismo, presentismo e distopia. O objetivo não será esgotar o debate histórico-
conceitual destas três noções, mas sim destacar pontos principais e algumas de suas
especificidades que instrumentalizarão esta investigação. Conjuntamente ao exame
particular e sumário de cada uma destas noções, se tentará demonstrar suas ligações em
consonância com a hipótese aqui apresentada.
Para o desenvolvimento do problema, um primeiro desafio é delimitar e
compreender o que é o próprio neoliberalismo. A despeito da ampla profusão de trabalhos
acadêmicos e usos políticos, uma definição sobre a natureza das ideias e práticas
neoliberais coloca-se como um desafio1.
As primeiras manifestações do chamado pensamento neoliberal, em geral, são
apontadas para os anos 1930, destacando-se o Colóquio Walter Lippmann2, um espaço
onde buscou-se a ambiciosa meta de superar os impasses da crise do liberalismo clássico
através de um novo liberalismo3. Levaria algumas décadas para que, efetivamente, este
neo-liberalismo ganha-se corpo e conta-se com uma maior organização política. O
ponto de virada ocorre na década de 1970, quando a nem tão silenciosa “revolução
neoliberal” obtêm significativas vitórias, aproveitando um contexto de sucessivas e
variadas crises0. Começando com o colapso dos acordos de Bretton Woods, em 1971,
1Como aponta Mirowski (2009, p.418-420) as dificuldades se iniciam desde a constatação de que o termo
em geral não é usado pelos próprios neoliberais, sendo utilizado principalmente por seus críticos, além
das diferenças políticas e conceituais quando do exame pormenorizado das ideias defendidas por seus
principais representantes. 2Foi uma conferência de intelectuais organizada em Paris, em 1938, que resultou na criação do Comité
international d'étude pour le renouveau du libéralisme (CIERL), de vida efêmera devida a eclosão da
Segunda guerra. 3Na reunião o termo neoliberalismo foi utilizado pelo ordoliberal alemão Alexander Rustow, referindo-se à
rejeição do antigo laissez-faire. (PLEHWE, 2009, p.12).
seguida pela crise do petróleo de 1973 e o crash da bolsa em 1973-1974, acompanhada
pela recessão nos anos seguintes, fragilizaria as políticas keynesianas e
desenvolvimentistas, enquanto as variadas correntes inspiradas nas ideias neoliberais
ganham força. É neste contexto que neoliberalismo deixa de ser uma abstração para ter
sua primeira experiência a frente das políticas econômicas de um país. O laboratório foi
o Chile, sob ditadura após o golpe de 11 de setembro de 1973, que colocou o Gen.
Augusto Pinochet no poder.
Quando da chegada de Margaret Thatcher como primeira-ministra da Inglaterra e
Ronald Reagan à presidência dos EUA, a bagagem chilena forneceu bases para as
políticas de reestruturação neoliberal nestes países. “Não pela primeira vez, uma
experiência brutal realizada na periferia transformou-se em modelo para a formulação de
políticas no centro” (HARVEY, 2008, p.19). O termo neoliberalismo se populariza nos
anos 1980, sendo utilizado principalmente por intelectuais e movimentos sociais críticos
ao conjunto de suas políticas. O modelo neoliberal disseminou-se rapidamente pelo
ocidente, influenciando não apenas forças políticas liberais, mas também absorvendo a
social-democracia4. Mesmo enfrentando resistências variadas, na década de 1990, as
políticas públicas neoliberais estavam amplamente difundidas pela Europa, EUA, parte
da Ásia e aportavam com força na América Latina. Com ares triunfante, o chamado
Consenso de Washington representaria as ambições globais totalizantes do ideário
neoliberal. Nos anos 2000, temos um cenário global onde o neoliberalismo dita as regras
quase sem adversários, onde até a China, comandada pelo Partido Comunista, demonstra
sua adaptação a reprodução do capitalismo em sua fase neoliberal. Mesmo acumulando
sucessivas vitórias, a ordem neoliberal também sofreu importantes reveses – as vitórias
eleitorais da esquerda na América do Sul, a crise da União Europeia, novos nacionalismos
e fundamentalismos, etc - ampliando as fissuras do “pensamento único”.
Para expor os contornos que cercam o problema teórico aqui proposto,
destacaremos algumas interpretações críticas distintas que nos auxiliarão neste esforço de
caracterização. Para Bourdieu (1998), em sua essência, o programa neoliberal “tende
globalmente a favorecer a ruptura entre a economia e as realidades sociais”. Seria “um
4Para um exame pormenorizado do processo de conversão dos partidos sociais-democratas europeus aos
ideários neoliberais, ver ANDERSON & CAMILLER (1996).
programa de destruição metódica do coletivo”, isto é, de “todas as estruturas coletivas
capazes de interpor obstáculo à lógica do mercado puro”. Desta forma, almeja construir
“um sistema econômico conforme a descrição teórica, ou seja, uma espécie de máquina
lógica, que se apresenta como uma cadeia de restrições que envolvem agentes
econômicos.” (1998, p.3). Assim, Bourdieu buscou enfatizar a abrangência social dos
efeitos das transformações suscitadas no capitalismo pelo avanço do neoliberalismo.
Dentro de uma caracterização marxista, o neoliberalismo é inserido em uma
dinâmica combinada da crise de circulação e acumulação de capital – cuja crise
econômica dos anos 1970 seria expressão –, acompanhadas por mudanças técnicas e
sociais nas relações produtivas. Assim, “o neoliberalismo é uma superestrutura ideológica
e política que acompanha uma transformação histórica do capitalismo moderno”
(THERBORN, 1995, p.39). Muitas destas mudanças tiveram por intenção ou efeito a
diluição do poder de classe gerado pelos sindicatos e estados de bem-estar redistributivos,
assim como um abalo nas expectativas geradas pelas comportadas democracias liberais5.
Se era reconhecido que aspectos importantes do capitalismo passavam por
transformações profundas, as diferentes leituras marxistas destes processos convergiriam
para um diagnóstico onde, em sua essência, o sistema mantinha suas coordenadas
determinantes.
Em um sentido complementar, o fato de a longa e duradoura recessão econômica
global ter como resposta corretiva assumir a forma do neoliberalismo (insensível ao social
e do monetarismo como sua racionalização ideológica), assim como sua a excepcional
duração, “só é inteligível como manifestação da crise estrutural do capital” (MÉSZÁROS,
2011, p.26). Não assumindo um determinismo histórico, esse diagnóstico de crise se
ampara na incapacidade sistêmica em ajustar seus mecanismos de funcionamento
essenciais. As disfunções do capitalismo poderão se agudizar, ampliando suas distorções
e anomalias, possivelmente com trágicas consequências sociais, sem necessariamente
resultar no “fim” do capitalismo. Mesmo ostentando resultados questionáveis quando
implementadas, as ideias neoliberais apresentam uma adesão inquestionável.
5Em um certo sentido há um movimento restauracionista no neoliberalismo, conforme os dados trazidos
por DUMÉNIL & LÉVY (2004) que, em um contexto de declínio geral nas lutas populares – o poder
financeiro e político da classe dos proprietários capitalistas, que diminuíra desde a Grande Depressão
e a Segunda Guerra Mundial, foram recuperados a níveis próximos aos de fins do século XIX.
Ampliando-se a distância entre proprietários e trabalhadores.
“Provavelmente nenhuma sabedoria convencional conseguiu um predomínio tão
abrangente desde o início do século como o neoliberal hoje. Este fenômeno chama-se
hegemonia, ainda que, naturalmente, milhões de pessoas não acreditem em suas receitas
e resistam a seus regimes” (ANDERSON, 1995, p. 23). O neoliberalismo é percebido,
desta forma, com uma manifestação hegemônica e com esta condição, promoveu
alterações sociais em diversos níveis e alcances variados6.
Compartilhando desta percepção ampliada dos efeitos do neoliberalismo, uma
outra abordagem crítica tiraria conclusões com implicações distintas. Me refiro aqui as
leituras que apontam a conversão do neoliberalismo em uma racionalidade. Esta tese,
deriva de uma leitura da noção de governamentalidade de Michel Foucault7 , sendo
originalmente elaborada por Wendy Brown8. Nesta perspectiva, os franceses Pierre
Dardot e Christian Laval desenvolvem em A nova razão do mundo (2016) que o
neoliberalismo atingiu uma condição de afirmar-se como a razão do capitalismo
contemporâneo, um capitalismo que se vê desimpedido em suas referências arcaizantes e
plenamente assumido como construção histórica e uma norma geral de vida. Como
racionalidade, sua tendência não é apenas organizar e estruturar a ação dos governantes,
mas até a própria conduta dos governados. “Há quase um terço de século, essa norma de
vida rege as políticas públicas, comanda as relações econômicas mundiais, transforma a
sociedade, remodela a subjetividade” (DARTOT & LAVAL, 2016, p.16). Enquanto nova
razão do mundo, o neoliberalismo busca estabelecer certos tipos de relações sociais que
incidiriam sobre a forma de nossa existência. Mesmo a noção de indivíduo é afetada,
instada a conceber-se como uma empresa. “Tende à totalização, isto é, a ‘fazer o mundo’
por seu poder de integração de todas as dimensões da existência humana” (idem, p.16,
grifo dos autores). A abrangência desta busca pela totalização pode ser explicada pela
amplitude dos fatores que envolveram a sua vitória: político (conquista do poder por
6 No marco teórico do pós-marxismo, Laclau e Mouffe, em 1985, diagnosticam na mesma direção,
antevendo esta vocação hegemônica: “Estamos assistindo a emergência de um novo projeto
hegemônico, o do discurso liberal conservador, que intenta articular a defesa neoliberal da economia
de livre mercado com o tradicionalismo cultural e social profundamente anti-igualitário e autoritário
do conservadorismo.” (LACLAU & MOUFFE, 1987, p.290). 7Em particular da obra Nascimento da biopolítica, volume que surgiu das palestras de Foucault ministradas
no Collège de France de janeiro a abril de 1979. 8Possivelmente o conceito de racionalidade neoliberal é utilizado pela primeira vez em BROWN (2003),
sendo posteriormente desenvolvido e aprofundado em sua obra Undoing the demos: neoliberalism’s
stealth revolution (2015).
forças neoliberais), fatores econômicos (crescimento veloz do capitalismo financeiro
globalizado), seus aspectos sociais (individualização das relações sociais e erosão as
solidariedades coletivas) e ainda sob seu aspecto subjetivo (surgimento de um “novo”
sujeito e desenvolvimento de novas patologias psíquicas).
Se admitirmos que o neoliberalismo não deva ser interpretado apenas como uma
política econômica ou ideologia – ou ainda uma combinação destas – e o analisarmos
como tendo atingido uma condição de nova forma de racionalidade ou de uma hegemonia,
nos permite associar uma gama de problemas que muitas vezes não são perceptíveis
dentro da lógica em que estão inseridos. Possibilita identificar uma complexidade maior
de fenômenos que muitas vezes são observados de maneira isolada e desconectada deste
processo geral. Assim, provisoriamente, se utilizará hegemonia/racionalidade neoliberal
como forma de destacar este esforço de compreensão histórica abrangente, colocando-se
como um dos objetivos desta pesquisa uma melhor precisão conceitual da interpretação
do neoliberalismo na contemporaneidade.
Desta forma que nos interessa aqui introduzir a noção de regimes de historicidade,
tal como desenvolvida pelo historiador francês François Hartog, a partir do aporte
conceitual do alemão Reinhart Koselleck, para interrogar a respeito de como se dá, sob a
égide neoliberal, a relação de experiência com o tempo. Será que a
hegemonia/racionalidade neoliberal não teria incidido também neste espaço, provocando
alterações nos sentidos anteriormente dados a temporalidade? Se a resposta for afirmativa,
estaríamos, por tanto, sob um novo regime de historicidade ou apenas uma reinterpretação
de seus sentidos?
Para uma tentativa de compreensão da temporalidade contemporânea, nos será útil
a noção desenvolvida por Hartog de presentismo. Através deste neologismo demarca-se
a peculiaridade da atual relação com o tempo. Coloca-se em relevo a forma com que o
ocidente e o mundo ocidentalizado experimentam sua relação temporal, marcada por um
presente único, sob a tirania do instante e da estagnação de um presente perpétuo. “Um
presente onipresente, onipotente, que se impõe como único horizonte possível e que
valoriza só o imediatismo” (HARTOG, 2015, p.15). Teríamos um corte no tempo, onde a
“tirania do futuro” cederia espaço para um incerto e imprevisível por vir. Estaríamos
vivendo numa ordem do tempo desorientada, entre dois abismos: de um lado um passado
que não foi abolido e esquecido, mas que não orienta o presente e nem permite imaginar
o futuro; de outro, um futuro sem uma imagem/figura antecipada9.
O presentismo mostra certa ambivalência no que se refere a velocidade e
aceleração do tempo. Se por um lado ele projeta uma imagem fixada no presente vivido,
aduzindo uma temporalidade, de certa forma, estática; por outro, regozija-se de uma
vivência no absoluto, estaríamos sob a velocidade onipresente. “Para que olhar para trás?
Veloz, o presente torna-se eterno. Cada um está persuadido de que cada dia será seu último
dia!” (REIS, 2012, p.54). Esta relação contraditória com a aceleração temporal será
retomada, mas cabe antes destacar um efeito aqui relacionado. No presentismo, a relação
de diferenciação entre o evento passado considerado “histórico” e o presente vivido se
alteraram. A atual particularidade desta relação é que, “o presente, no momento mesmo
em que se faz, deseja olhar-se como já histórico, como já passado. Volta-se, de algum
modo, sobre si próprio para antecipar o olhar que será dirigido por ele, quando terá
passado completamente, como se quisesse ‘prever’ o passado” (HARTOG, 2015, p.150).
Assim, busca-se de certa forma controlar a narrativa histórica futura sobre os eventos do
presente.
A noção de presentismo de Hartog possui alguns pontos críticos sensíveis10, o seu
uso aqui certamente ultrapassa pontuais limites do conceito original, aprofundando
aspectos não desenvolvidos ou apenas sugeridos pelo autor. As relações que se buscará
explorar não envolvem uma lógica de causalidade de tipo mecanicista. O presentismo não
é um fruto planejado do neoliberalismo, mas sem a presença hegemônica de suas ideias
é difícil imaginar este regime de historicidade, pelo menos na forma com que e manifesta.
Em estreita relação com hegemonia/racionalidade neoliberal, a experiência presentista
expõe a sua dualidade: de um lado, para classes sociais privilegiadas ou intermediárias, a
“felicidade do consumo” e a ascensão social (mesmo que efêmera) geram um presente
eterno; por outro lado, para a classe trabalhadora empobrecida, os novos precariados,
imigrantes e demais “excluídos”, a luta pela sobrevivência coloca a experiência temporal
9O momento que simbolizaria esta transformação seria identificado por Hartog em 1989 e a queda do muro
de Berlim, que representaria o declínio do projeto comunista e da revolução, assim como da ascensão
de múltiplos fundamentalismos. Este momento é evocado pelo autor não para celebrar mitificações de
um “fim da história”, mas para, criticamente, refletir e historicizar o presente. 10Para uma breve sistematização da crítica ao conceito de presentismo de Hartog na historiografia brasileira,
ver PEREIRA & ARAÚJO, 2016, p. 278-279.
com o presente como uma âncora com o real/possível; para estes, a luta pela existência
no presente surge como resposta a um futuro negado e a um passado quase esquecido.
Tendo perspectivas antagônicas, em comum está a sensação de urgência motivada pelo
aceleramento do tempo.
A relação com um tempo acelerado não é uma exclusividade do atual presentismo.
O regime de historicidade que o precedeu11, ainda que de forma qualitativamente distinta,
tinha na aceleração do tempo uma de suas características. No ocidente, a partir do século
XVI, o tempo escatológico da historicidade cristã, paulatinamente cedeu espaço para a
temporalidade moderna. No século XVIII este processo atingiria seu pleno
desenvolvimento, tendo na Revolução Francesa seu momento paradigmático. Quando
Robespierre afirma, no seu discurso de 10 de maio de 1793 sobre a Constituição
revolucionária, que: “O progresso da razão humana preparou esta grande Revolução, e
vós sois aqueles sobre os quais recai o especial dever de acelerá-la.”, se expõe a
transformação no regime de historicidade. “Para Robespierre, a aceleração do tempo é
uma tarefa do homem, que deverá introduzir os tempos da liberdade e da felicidade, o
futuro dourado” (KOSELLECK, 2006, p.25). A temporalização do ideal de perfeição,
passou a perfectibilidade e ao progresso.
Assim, a velocidade do tempo dizia respeito a relação entre progresso histórico e
as ações no presente que concorriam para ele. A velocidade presentista é de outra natureza,
pois o presentismo nasce da própria recusa da noção de progresso. O horizonte de
expectativas no presentismo é reduzido e pragmático, o que provoca a relação conflitiva
no campo de experiência do presente, onde reside para Hartog um aspecto central do atual
regime de historicidade. Em um presente hipertrofiado, que de certa forma engloba em si
tanto o futuro (“o futuro é hoje”), quanto o passado (usos mercantis da memória e do
patrimônio histórico), a ideia de representação histórica através de alguma linearidade é
substituída por uma representação estática, porém, incorpórea, cuja aparência modifica-
se (dando-lhe uma noção de movimento) sem alterar suas coordenadas e essência. O
tempo histórico se acelera de forma vertiginosa, mas sem sair do lugar.
11Cabe frisar que alterações em regimes de historicidade não seriam processos claramente delimitados,
“passar finalmente de um regime a outro comporta períodos de sobreposição. Produzem-se
interferências, muitas vezes trágicas” (HARTOG, 2015, p.140).
Aqui há uma evidente relação com as mudanças tecnológicas das últimas décadas.
“Essas tecnologias produzem novos tipos de bens e são úteis para abrir novos espaços no
mundo ‘encolhendo’ dessa forma o globo e reorganizando o capitalismo de acordo com
uma nova escala.” (JAMESON, 1999 p.188). As constantes inovações e
aperfeiçoamentos técnicos, associados a chamada obsolescência programada dos
produtos, estimulam uma aceleração dos processos de circulação e concentração de
capitais. As novas técnicas funcionam como meio para a mercantilização total da vida.
As inovações mercantilizadas vendem a ideia de que o futuro prometido pela
modernidade já estaria entre nós. Este processo atua de forma quase que onírica,
obliterando percepções históricas, como já apontou Walter Benjamin, “O coletivo que
sonha ignora a história. Para ele, os acontecimentos se desenrolam segundo um curso
sempre idêntico e sempre novo.”, e dentro desta dinâmica, completaria “Com efeito, a
sensação do mais novo, do mais moderno, é tanto uma forma onírica do acontecimento
quanto o eterno retorno do sempre igual.” (BENJAMIN, 2009, p.936, grifo nosso).
Se a percepção de viver em um mundo marcado por mudanças constantes, nos
marcos do presentismo, nos remete para a acepção benjaminiana de “eterno retorno do
sempre igual”, essa condição nos permite aprofundar a relação presentista com o futuro.
Como um possível reflexo da hegemonia/racionalidade neoliberal, o presentismo concebe
o futuro dentro de uma estreita visão dicotômica: como uma desejável continuidade
aperfeiçoada do presente ou, pelo contrário, como uma assustadora projeção de
descontinuidade catastrófica. Desta forma, surge como hipótese que um dos aspectos
indissociáveis do presentismo é a sua negação a perspectivas utópicas (de qualquer
natureza) e a distopia como contraparte necessária.
Para além de seu uso pejorativo (“o que não pode ser realizado”), a noção de
utopia, assim batizada em alusão a obra do inglês Thomas Morus12, foi uma construção
intelectual de grande importância para o pensamento político e filosófico ocidental.
Produto do iluminismo, as utopias políticas constituem uma aposta no poder da razão
humana, que aliada à ideia de progresso, seriam capazes de garantir às sociedades
humanas formas mais justas de organização social. As ideias utópicas não compõem um
12A Utopia foi escrita em 1516, descrevendo a ilha-reino imaginária de mesmo nome, aquela que seria “a
melhor das Repúblicas” era uma sociedade harmoniosa, com valores éticos e morais singulares.
corpo coerente, relacionando-se aos mais contraditórios projetos — de capitalistas aos
socialistas utópicos – podendo ser agrupadas, a grosso modo, em duas grandes vertentes:
românticas13 e futuristas14. Em comum entre elas a agência humana como elemento
transformador e uma postura de inconformidade com o presente.
Para o debate aqui colocado, interessa observar as utopias futuristas, com seu auge
no século XIX, estendendo-se ao século XX. Influenciando a inúmeros intelectuais e
movimentos políticos em diferentes gradações, as ideias utópicas pairam de maneira
difusa e abrangente no pensamento ocidental e ocidentalizado. Mesmo o marxismo, que
nasce com uma retórica de negação e superação do chamado socialismo utópico, carregou
consigo um forte componente utópico em sua prédica em direção ao futuro15. Revolução
e utopia, ainda que não estejam formalmente ligadas e por vezes até se repelem, ocuparam
em certa medida um imaginário político comum.
Se a utopia remete a uma situação ou lugar ideal, a distopia seria sua noção
invertida. De um modo geral o uso do termo distopia tem seu registro no séc. XIX e teria
sido supostamente forjado por John Stuart Mill, em 1868. Em discurso no parlamento
britânico, Mill tomaria o termo médico distopia – que designa a localização anômala de
um órgão – para atacar uma proposta do governo que seria “algo ruim demais para ser
posto em prática” (MILL, 2015, p.249, trad. nossa). O termo distopia teria seu uso
popularizado décadas depois, já no séc. XX, principalmente na literatura e em especial
no gênero da ficção científica16. A utilização de distopia para fins políticos só ganha
terreno em meados do séc. XX, mas, para compreender esta evolução, devemos recuar
um pouco.
No curso dos anos pós-crise do liberalismo (iniciada por volta de 1890) e a
deflagração da Iº Guerra Mundial, o ceticismo ganharia corpo frente ao racionalismo
otimista que vigorava. Neste período de sucessivas crises, passando pelo Grande
13Sobre a relação entre romantismo e utopia, ver SALIBA (1991) e LÖWY & SAYRE (1995). 14“Assim como o presente é o tempo do real, o futuro é o tempo da utopia.”(SÁNCHEZ VÁZQUEZ 2001
p.361) 15Quando Marx afirma, por exemplo, no 18 Brumário, que “não é do passado, mas unicamente do futuro,
que a revolução social do século XIX pode colher a sua poesia” (MARX, 2012, p.28), o apelo otimista
com relação ao futuro, sob a tensão de elementos utópicos, fica patente. Para um debate sobre a relação
entre marxismo e utopia, ver LÖWY (2000) e (SÁNCHEZ VÁZQUEZ 2001, p.327-350). 16Sobre os aspectos principais que definiriam a ficção científica de tipo distópica, ver WILLIANS (2011),
p.267-271.
Depressão de 1929 e culminando na IIº Guerra Mundial, pode ser englobado, para fins
expositivos, em uma única e mesma crise: a crise da modernidade. Os ideais iluministas
passam a ser objeto de contínuo questionamento, sofrendo fissuras no ocidente. O
“sentido da história” passaria por uma profunda transformação em decorrência das
experiências traumáticas daquele período17. A escalada de desastres reduziu a confiança
na modernidade – as duas grandes guerras e as tragédias do Holocausto e das bombas
atômicas – e desenvolveu um “pessimismo realista” no pensamento ocidental. As utopias
otimistas perdem apelo e concorrem com renovados discursos antiutópicos ou utópicos
negativos18.
O antiutopismo não é simplesmente uma resposta psicológica, mas também uma
réplica ao projeto político de realização da utopia. O historiador norte-americano Russell
Jacoby (2007) situa que, na esteira do combate as ideologias totalitárias no contexto do
pós-guerra, o utopismo, associado a projetos de caráter revolucionário, é o grande alvo
da cruzada antiutópica, mas teria por efeito uma rejeição a priori frente a qualquer
discurso utópico. Intelectuais importantes como Karl Popper, Isaiah Berlin e Hannah
Arendt, desenvolveriam uma teoria do totalitarismo que ressaltava o veneno do utopismo.
O totalitarismo tornou-se o lema geral não só para o utopismo, como igualmente para o
marxismo, o nazismo e o nacionalismo. Estes “antiutopistas liberais” liderariam este
primeiro esforço e sua visão se tornaria triunfante. “A sua crítica liberal tornou-se a
sabedoria convencional de nosso tempo, ela condenou o utopismo como o açoite da
história” (JACOBY, 2007, p.91).
A representação presentista da história se ajusta a esta lógica, na medida que
futuros idealizados através da ação coletiva sedem lugar a um horizonte de expectativas
reduzido, onde os sonhos futuros restringem-se a desejos individuais. As implicações
desta historicidade própria gestada no neoliberalismo, podem ampliar-se sensivelmente
17Como ilustra o testemunho de Cario Rosselli, numa passagem da sua obra Socialismo liberale, o trágico
início do século XX era assim diagnosticado: “Para nós, antes de 1914 não havia história vivida, mas
somente a história apreendida nos livros que não suscitava em nós ecos profundos [...] para os nossos
olhos, ao contrário, o fulcro de suas vidas utilmente vividas é todo ele compreendido no intervalo de
vinte e cinco anos de 1890-1915. Após vieram as trevas. A violenta negação sucessiva, culminada no
fascismo” (ROSSELLI apud ZUIN, 2001, p.85-86). 18Como marcos culturais desta antiutopia nos cinemas e na literatura, Metrópolis, de Fritz Lang em 1927;
Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, em 1932; e 1984, de George Orwell, em 1949, retratariam
futuros nada otimistas.
através do exame pormenorizado da ligação expressa do presentismo com uma
representação distópica do futuro. Sua efetividade ocorre não apenas derivada dos
mencionados processos que conduziram a ascensão do neoliberalismo e o
estabelecimento do regime presentista, mas também pelo fundo de veracidade contida na
representação distópica. A plausibilidade da distopia pode ser sintetiza pelo difusa
sensação de que estaríamos “vivendo no fim dos tempos” (ŽIŽEK, 2011)19. Este aspecto
é alimentado pelas inúmeras crises e fatores que se insinuam ameaçadoramente sobre a
vida social. Quando até mesmos as outrora comemoradas inovações tecnológicas
convertem-se em virtuais ameaças (como na automação do trabalho 20), se amplia o
espectro da adesão subjetiva produzida pelo medo que a dissolução das relações sociais
cria.
O presentismo, assim, surge como um componente estabilizador para a
razão/hegemonia neoliberal, que apregoa uma historicidade processual, em oposição as
rupturas históricas de tipo revolucionárias, atuando como indicador de uma
previsibilidade histórica desejável. Mas, em um sentido de aparente contradição, viver
em tempos neoliberais é viver sob constante crise.
Nascido e desenvolvido ao longo das sucessivas crises do capitalismo ao longo do
século XX, o discurso neoliberal opera a partir de uma dialética peculiar, em que combina
as ameaças ou efeitos de crises e catástrofes (imprevistas, estimuladas ou imaginadas)
como instrumento para seu apelo estabilizador. As tensões adjacentes a estas lógicas —
onde o famoso lema de Thatcher, There Is No Alternative (“Não há alternativa”) surge
como síntese política — provocam instabilidades de novos tipos, onde a efemeridade e a
contingência surgem como constante. A lógica da modernidade capitalista é a busca
permanentemente da reprodução dos fundamentos que sustentam a sua existência, e esta,
segue atualizada.
Fenômeno objeto de vasta discussão acadêmica e política, os diagnósticos acerca
de um esgotamento das energias utópicas, sobre a pós-política ou antipolítica, uma pós-
democracia etc., a crise do futuro ou o sequestro da experiência, de algum modo fazem
19Žižek apontaria para “quatro cavaleiros do Apocalipse” que poderiam levar o sistema capitalista global a
um ponto zero: a crise ecológica; as consequências da revolução biogenética; os desequilíbrios do
próprio sistema e o crescimento explosivo das divisões e exclusões sociais. (2011, p.11-12) 20Os pesquisadores C.Frey & M.Osborne,(2013) trazem dados indicando que 47% dos postos de trabalho
existentes correm risco de desaparecer.
referência a uma transformação das temporalidades políticas — predomínio da noção de
processo, de acontecimento, cenários futuros, probabilidades, etc. — para confluir numa
ideia de mudança de época, seja ela caracterizada como pós-modernidade, globalização
ou apenas como um tempo novo. Conceitos e diagnóstico distintos, cuja convergência
encerram-se neste nível. Hartog, assim como outros autores (Berman, 1986; Fontana,
1998; Harvey, 1993) colocam-se de forma crítica a um suposto esgotamento ou fim da
modernidade. Neste contexto, cabe interrogarmos se o diagnóstico crítico do presentismo
permite abrir novas questões para a teoria política, dentro de uma análise histórica, ou
mais especificamente, se o olhar posto nas formas de temporalização —conceitual e
prática— resulta sugestivo para a política e em qual sentido. A verificação destas
ocorrências poderia ser “tomado como índices de um deslizamento nas formas de
articulação entre espaço de experiências e horizonte de expectativas no campo do
pensamento e da ação política” (RABOTNIKOF, 2017, p.35).
Dentro de uma perspectiva teórica crítica, a perda de um futuro aberto, da utopia,
do sentido histórico, é lamentada, criticada ou até mesmo relativizada a depender do nível
analisado. Em consonância com a hipótese apresentada nesta pesquisa, o situamos de
forma articulada com a ascensão do neoliberalismo. Como um produto (ou subproduto)
da hegemonia/racionalidade neoliberal, o presentismo derivará desta matriz a sua ligação
ontológica com a distopia. O bloqueio a representações idealizadas do futuro (de tipo
utópicas em seu sentido mais difuso) e sua substituição por uma representação futurista
distópica, cumpre uma função indispensável para a edificação de um regime presentista
de historicidade. Nos cinemas e séries, o sucesso de público das representações negativas
e ameaçadoras do futuro indicam a credulidade com estas narrativas21. Sua implicação
política parece confirmar que “é mais fácil imaginar o fim do mundo que o fim do
capitalismo”22.
21Filmes de grande sucesso de público como as franquias Matrix (dir. Lana & Lilly Wachowski), Mad Max
(dir. George Miller) The Hunger Games (dir. Gary Ross/ Jogos Vorazes no Brasil) A.I. (Dir. Steven
Spielberg), ou séries como Black Mirror (criada por Charlie Brooker) e The Walking Dead (criada por
Robert Kirkman) variam entre o terror tecnológico, a hecatombe social/biológica ou uma combinação
destas, em comum, a inexistência de uma redenção futura. 22Esta frase, de autoria desconhecida, é atribuída tanto a Fredric Jameson como a Slavoj Žižek. (FISHER,
2016, p.22)
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