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REFLEXÕES ACERCA DE UMA HISTORICIDADE NEOLIBERAL Erick Kayser Doutorando em História na Universidade Federal do Rio Grande do Sul [email protected] RESUMO: As maneiras com que as relações entre passado, presente e futuro são percebidas sofreram sensíveis modificações que indicam embora de modo imperfeito uma lógica específica e sua instrumentalização política. A noção de presentismo, neologismo que demarca a peculiaridade da atual relação com o tempo, destaca a forma com que o ocidente e o mundo ocidentalizado experimentam sua relação temporal, marcada por um presente único, sob a tirania do instante e da estagnação de um presente perpétuo. Como hipótese, se buscará demonstrar que o neoliberalismo, aqui entendido como expressão hegemônica ou mesmo nova racionalidade, gestou esta historicidade própria. Para compreender esta relação do presentismo como representação temporal neoliberal, identifica-se como indissociável de uma representação distópica do futuro, onde o amanhã é percebido não como promessa, mas como ameaça. Palavras-chaves: Temporalidade Regime de historicidade Presentismo Neoliberalismo Distopia O neoliberalismo ostenta atualmente uma condição hegemônica que possivelmente seus primeiros idealizadores não imaginariam possível atingir nesta quadra da história. Sua incidência e abrangência em diversos aspectos da vida social, o colocam como um tema desafiador para investigadores das mais variadas áreas do conhecimento. Para o campo da história, em particular, são muitas questões ainda por serem exploradas. O problema que se propõe esta pesquisa é interrogar de que forma o neoliberalismo incidiu sobre as dimensões de historicidade contemporâneas. As maneiras com que as relações entre passado, presente e futuro são percebidas sofreram sensíveis modificações que indicam embora de modo imperfeito uma lógica específica e sua instrumentalização política. Como hipótese, se buscará demonstrar que o

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REFLEXÕES ACERCA DE UMA HISTORICIDADE NEOLIBERAL

Erick Kayser

Doutorando em História na Universidade Federal do Rio Grande do Sul

[email protected]

RESUMO: As maneiras com que as relações entre passado, presente e futuro são

percebidas sofreram sensíveis modificações que indicam – embora de modo imperfeito –

uma lógica específica e sua instrumentalização política. A noção de presentismo,

neologismo que demarca a peculiaridade da atual relação com o tempo, destaca a forma

com que o ocidente e o mundo ocidentalizado experimentam sua relação temporal,

marcada por um presente único, sob a tirania do instante e da estagnação de um presente

perpétuo. Como hipótese, se buscará demonstrar que o neoliberalismo, aqui entendido

como expressão hegemônica ou mesmo nova racionalidade, gestou esta historicidade

própria. Para compreender esta relação do presentismo como representação temporal

neoliberal, identifica-se como indissociável de uma representação distópica do futuro,

onde o amanhã é percebido não como promessa, mas como ameaça.

Palavras-chaves: Temporalidade – Regime de historicidade – Presentismo –

Neoliberalismo – Distopia

O neoliberalismo ostenta atualmente uma condição hegemônica que

possivelmente seus primeiros idealizadores não imaginariam possível atingir nesta quadra

da história. Sua incidência e abrangência em diversos aspectos da vida social, o colocam

como um tema desafiador para investigadores das mais variadas áreas do conhecimento.

Para o campo da história, em particular, são muitas questões ainda por serem exploradas.

O problema que se propõe esta pesquisa é interrogar de que forma o neoliberalismo

incidiu sobre as dimensões de historicidade contemporâneas.

As maneiras com que as relações entre passado, presente e futuro são percebidas

sofreram sensíveis modificações que indicam – embora de modo imperfeito –uma lógica

específica e sua instrumentalização política. Como hipótese, se buscará demonstrar que o

neoliberalismo, aqui entendido como expressão hegemônica ou nova racionalidade,

gestou uma historicidade própria, que se expressa através do presentismo dominante,

indissociável de uma representação distópica do futuro, onde o amanhã é percebido não

mais como promessa, mas como ameaça. Esta combinação entre o neoliberalismo e uma

historicidade presentista e distópica provoca tensões e disfunções diversas, nos

permitindo antever que as resistências (e contradições) existentes poderão provocar

inesperadas rupturas, mas que neste momento não serão aqui exploradas. A seguir se

buscará delimitar os três conceitos que articulam o problema desta pesquisa:

neoliberalismo, presentismo e distopia. O objetivo não será esgotar o debate histórico-

conceitual destas três noções, mas sim destacar pontos principais e algumas de suas

especificidades que instrumentalizarão esta investigação. Conjuntamente ao exame

particular e sumário de cada uma destas noções, se tentará demonstrar suas ligações em

consonância com a hipótese aqui apresentada.

Para o desenvolvimento do problema, um primeiro desafio é delimitar e

compreender o que é o próprio neoliberalismo. A despeito da ampla profusão de trabalhos

acadêmicos e usos políticos, uma definição sobre a natureza das ideias e práticas

neoliberais coloca-se como um desafio1.

As primeiras manifestações do chamado pensamento neoliberal, em geral, são

apontadas para os anos 1930, destacando-se o Colóquio Walter Lippmann2, um espaço

onde buscou-se a ambiciosa meta de superar os impasses da crise do liberalismo clássico

através de um novo liberalismo3. Levaria algumas décadas para que, efetivamente, este

neo-liberalismo ganha-se corpo e conta-se com uma maior organização política. O

ponto de virada ocorre na década de 1970, quando a nem tão silenciosa “revolução

neoliberal” obtêm significativas vitórias, aproveitando um contexto de sucessivas e

variadas crises0. Começando com o colapso dos acordos de Bretton Woods, em 1971,

1Como aponta Mirowski (2009, p.418-420) as dificuldades se iniciam desde a constatação de que o termo

em geral não é usado pelos próprios neoliberais, sendo utilizado principalmente por seus críticos, além

das diferenças políticas e conceituais quando do exame pormenorizado das ideias defendidas por seus

principais representantes. 2Foi uma conferência de intelectuais organizada em Paris, em 1938, que resultou na criação do Comité

international d'étude pour le renouveau du libéralisme (CIERL), de vida efêmera devida a eclosão da

Segunda guerra. 3Na reunião o termo neoliberalismo foi utilizado pelo ordoliberal alemão Alexander Rustow, referindo-se à

rejeição do antigo laissez-faire. (PLEHWE, 2009, p.12).

seguida pela crise do petróleo de 1973 e o crash da bolsa em 1973-1974, acompanhada

pela recessão nos anos seguintes, fragilizaria as políticas keynesianas e

desenvolvimentistas, enquanto as variadas correntes inspiradas nas ideias neoliberais

ganham força. É neste contexto que neoliberalismo deixa de ser uma abstração para ter

sua primeira experiência a frente das políticas econômicas de um país. O laboratório foi

o Chile, sob ditadura após o golpe de 11 de setembro de 1973, que colocou o Gen.

Augusto Pinochet no poder.

Quando da chegada de Margaret Thatcher como primeira-ministra da Inglaterra e

Ronald Reagan à presidência dos EUA, a bagagem chilena forneceu bases para as

políticas de reestruturação neoliberal nestes países. “Não pela primeira vez, uma

experiência brutal realizada na periferia transformou-se em modelo para a formulação de

políticas no centro” (HARVEY, 2008, p.19). O termo neoliberalismo se populariza nos

anos 1980, sendo utilizado principalmente por intelectuais e movimentos sociais críticos

ao conjunto de suas políticas. O modelo neoliberal disseminou-se rapidamente pelo

ocidente, influenciando não apenas forças políticas liberais, mas também absorvendo a

social-democracia4. Mesmo enfrentando resistências variadas, na década de 1990, as

políticas públicas neoliberais estavam amplamente difundidas pela Europa, EUA, parte

da Ásia e aportavam com força na América Latina. Com ares triunfante, o chamado

Consenso de Washington representaria as ambições globais totalizantes do ideário

neoliberal. Nos anos 2000, temos um cenário global onde o neoliberalismo dita as regras

quase sem adversários, onde até a China, comandada pelo Partido Comunista, demonstra

sua adaptação a reprodução do capitalismo em sua fase neoliberal. Mesmo acumulando

sucessivas vitórias, a ordem neoliberal também sofreu importantes reveses – as vitórias

eleitorais da esquerda na América do Sul, a crise da União Europeia, novos nacionalismos

e fundamentalismos, etc - ampliando as fissuras do “pensamento único”.

Para expor os contornos que cercam o problema teórico aqui proposto,

destacaremos algumas interpretações críticas distintas que nos auxiliarão neste esforço de

caracterização. Para Bourdieu (1998), em sua essência, o programa neoliberal “tende

globalmente a favorecer a ruptura entre a economia e as realidades sociais”. Seria “um

4Para um exame pormenorizado do processo de conversão dos partidos sociais-democratas europeus aos

ideários neoliberais, ver ANDERSON & CAMILLER (1996).

programa de destruição metódica do coletivo”, isto é, de “todas as estruturas coletivas

capazes de interpor obstáculo à lógica do mercado puro”. Desta forma, almeja construir

“um sistema econômico conforme a descrição teórica, ou seja, uma espécie de máquina

lógica, que se apresenta como uma cadeia de restrições que envolvem agentes

econômicos.” (1998, p.3). Assim, Bourdieu buscou enfatizar a abrangência social dos

efeitos das transformações suscitadas no capitalismo pelo avanço do neoliberalismo.

Dentro de uma caracterização marxista, o neoliberalismo é inserido em uma

dinâmica combinada da crise de circulação e acumulação de capital – cuja crise

econômica dos anos 1970 seria expressão –, acompanhadas por mudanças técnicas e

sociais nas relações produtivas. Assim, “o neoliberalismo é uma superestrutura ideológica

e política que acompanha uma transformação histórica do capitalismo moderno”

(THERBORN, 1995, p.39). Muitas destas mudanças tiveram por intenção ou efeito a

diluição do poder de classe gerado pelos sindicatos e estados de bem-estar redistributivos,

assim como um abalo nas expectativas geradas pelas comportadas democracias liberais5.

Se era reconhecido que aspectos importantes do capitalismo passavam por

transformações profundas, as diferentes leituras marxistas destes processos convergiriam

para um diagnóstico onde, em sua essência, o sistema mantinha suas coordenadas

determinantes.

Em um sentido complementar, o fato de a longa e duradoura recessão econômica

global ter como resposta corretiva assumir a forma do neoliberalismo (insensível ao social

e do monetarismo como sua racionalização ideológica), assim como sua a excepcional

duração, “só é inteligível como manifestação da crise estrutural do capital” (MÉSZÁROS,

2011, p.26). Não assumindo um determinismo histórico, esse diagnóstico de crise se

ampara na incapacidade sistêmica em ajustar seus mecanismos de funcionamento

essenciais. As disfunções do capitalismo poderão se agudizar, ampliando suas distorções

e anomalias, possivelmente com trágicas consequências sociais, sem necessariamente

resultar no “fim” do capitalismo. Mesmo ostentando resultados questionáveis quando

implementadas, as ideias neoliberais apresentam uma adesão inquestionável.

5Em um certo sentido há um movimento restauracionista no neoliberalismo, conforme os dados trazidos

por DUMÉNIL & LÉVY (2004) que, em um contexto de declínio geral nas lutas populares – o poder

financeiro e político da classe dos proprietários capitalistas, que diminuíra desde a Grande Depressão

e a Segunda Guerra Mundial, foram recuperados a níveis próximos aos de fins do século XIX.

Ampliando-se a distância entre proprietários e trabalhadores.

“Provavelmente nenhuma sabedoria convencional conseguiu um predomínio tão

abrangente desde o início do século como o neoliberal hoje. Este fenômeno chama-se

hegemonia, ainda que, naturalmente, milhões de pessoas não acreditem em suas receitas

e resistam a seus regimes” (ANDERSON, 1995, p. 23). O neoliberalismo é percebido,

desta forma, com uma manifestação hegemônica e com esta condição, promoveu

alterações sociais em diversos níveis e alcances variados6.

Compartilhando desta percepção ampliada dos efeitos do neoliberalismo, uma

outra abordagem crítica tiraria conclusões com implicações distintas. Me refiro aqui as

leituras que apontam a conversão do neoliberalismo em uma racionalidade. Esta tese,

deriva de uma leitura da noção de governamentalidade de Michel Foucault7 , sendo

originalmente elaborada por Wendy Brown8. Nesta perspectiva, os franceses Pierre

Dardot e Christian Laval desenvolvem em A nova razão do mundo (2016) que o

neoliberalismo atingiu uma condição de afirmar-se como a razão do capitalismo

contemporâneo, um capitalismo que se vê desimpedido em suas referências arcaizantes e

plenamente assumido como construção histórica e uma norma geral de vida. Como

racionalidade, sua tendência não é apenas organizar e estruturar a ação dos governantes,

mas até a própria conduta dos governados. “Há quase um terço de século, essa norma de

vida rege as políticas públicas, comanda as relações econômicas mundiais, transforma a

sociedade, remodela a subjetividade” (DARTOT & LAVAL, 2016, p.16). Enquanto nova

razão do mundo, o neoliberalismo busca estabelecer certos tipos de relações sociais que

incidiriam sobre a forma de nossa existência. Mesmo a noção de indivíduo é afetada,

instada a conceber-se como uma empresa. “Tende à totalização, isto é, a ‘fazer o mundo’

por seu poder de integração de todas as dimensões da existência humana” (idem, p.16,

grifo dos autores). A abrangência desta busca pela totalização pode ser explicada pela

amplitude dos fatores que envolveram a sua vitória: político (conquista do poder por

6 No marco teórico do pós-marxismo, Laclau e Mouffe, em 1985, diagnosticam na mesma direção,

antevendo esta vocação hegemônica: “Estamos assistindo a emergência de um novo projeto

hegemônico, o do discurso liberal conservador, que intenta articular a defesa neoliberal da economia

de livre mercado com o tradicionalismo cultural e social profundamente anti-igualitário e autoritário

do conservadorismo.” (LACLAU & MOUFFE, 1987, p.290). 7Em particular da obra Nascimento da biopolítica, volume que surgiu das palestras de Foucault ministradas

no Collège de France de janeiro a abril de 1979. 8Possivelmente o conceito de racionalidade neoliberal é utilizado pela primeira vez em BROWN (2003),

sendo posteriormente desenvolvido e aprofundado em sua obra Undoing the demos: neoliberalism’s

stealth revolution (2015).

forças neoliberais), fatores econômicos (crescimento veloz do capitalismo financeiro

globalizado), seus aspectos sociais (individualização das relações sociais e erosão as

solidariedades coletivas) e ainda sob seu aspecto subjetivo (surgimento de um “novo”

sujeito e desenvolvimento de novas patologias psíquicas).

Se admitirmos que o neoliberalismo não deva ser interpretado apenas como uma

política econômica ou ideologia – ou ainda uma combinação destas – e o analisarmos

como tendo atingido uma condição de nova forma de racionalidade ou de uma hegemonia,

nos permite associar uma gama de problemas que muitas vezes não são perceptíveis

dentro da lógica em que estão inseridos. Possibilita identificar uma complexidade maior

de fenômenos que muitas vezes são observados de maneira isolada e desconectada deste

processo geral. Assim, provisoriamente, se utilizará hegemonia/racionalidade neoliberal

como forma de destacar este esforço de compreensão histórica abrangente, colocando-se

como um dos objetivos desta pesquisa uma melhor precisão conceitual da interpretação

do neoliberalismo na contemporaneidade.

Desta forma que nos interessa aqui introduzir a noção de regimes de historicidade,

tal como desenvolvida pelo historiador francês François Hartog, a partir do aporte

conceitual do alemão Reinhart Koselleck, para interrogar a respeito de como se dá, sob a

égide neoliberal, a relação de experiência com o tempo. Será que a

hegemonia/racionalidade neoliberal não teria incidido também neste espaço, provocando

alterações nos sentidos anteriormente dados a temporalidade? Se a resposta for afirmativa,

estaríamos, por tanto, sob um novo regime de historicidade ou apenas uma reinterpretação

de seus sentidos?

Para uma tentativa de compreensão da temporalidade contemporânea, nos será útil

a noção desenvolvida por Hartog de presentismo. Através deste neologismo demarca-se

a peculiaridade da atual relação com o tempo. Coloca-se em relevo a forma com que o

ocidente e o mundo ocidentalizado experimentam sua relação temporal, marcada por um

presente único, sob a tirania do instante e da estagnação de um presente perpétuo. “Um

presente onipresente, onipotente, que se impõe como único horizonte possível e que

valoriza só o imediatismo” (HARTOG, 2015, p.15). Teríamos um corte no tempo, onde a

“tirania do futuro” cederia espaço para um incerto e imprevisível por vir. Estaríamos

vivendo numa ordem do tempo desorientada, entre dois abismos: de um lado um passado

que não foi abolido e esquecido, mas que não orienta o presente e nem permite imaginar

o futuro; de outro, um futuro sem uma imagem/figura antecipada9.

O presentismo mostra certa ambivalência no que se refere a velocidade e

aceleração do tempo. Se por um lado ele projeta uma imagem fixada no presente vivido,

aduzindo uma temporalidade, de certa forma, estática; por outro, regozija-se de uma

vivência no absoluto, estaríamos sob a velocidade onipresente. “Para que olhar para trás?

Veloz, o presente torna-se eterno. Cada um está persuadido de que cada dia será seu último

dia!” (REIS, 2012, p.54). Esta relação contraditória com a aceleração temporal será

retomada, mas cabe antes destacar um efeito aqui relacionado. No presentismo, a relação

de diferenciação entre o evento passado considerado “histórico” e o presente vivido se

alteraram. A atual particularidade desta relação é que, “o presente, no momento mesmo

em que se faz, deseja olhar-se como já histórico, como já passado. Volta-se, de algum

modo, sobre si próprio para antecipar o olhar que será dirigido por ele, quando terá

passado completamente, como se quisesse ‘prever’ o passado” (HARTOG, 2015, p.150).

Assim, busca-se de certa forma controlar a narrativa histórica futura sobre os eventos do

presente.

A noção de presentismo de Hartog possui alguns pontos críticos sensíveis10, o seu

uso aqui certamente ultrapassa pontuais limites do conceito original, aprofundando

aspectos não desenvolvidos ou apenas sugeridos pelo autor. As relações que se buscará

explorar não envolvem uma lógica de causalidade de tipo mecanicista. O presentismo não

é um fruto planejado do neoliberalismo, mas sem a presença hegemônica de suas ideias

é difícil imaginar este regime de historicidade, pelo menos na forma com que e manifesta.

Em estreita relação com hegemonia/racionalidade neoliberal, a experiência presentista

expõe a sua dualidade: de um lado, para classes sociais privilegiadas ou intermediárias, a

“felicidade do consumo” e a ascensão social (mesmo que efêmera) geram um presente

eterno; por outro lado, para a classe trabalhadora empobrecida, os novos precariados,

imigrantes e demais “excluídos”, a luta pela sobrevivência coloca a experiência temporal

9O momento que simbolizaria esta transformação seria identificado por Hartog em 1989 e a queda do muro

de Berlim, que representaria o declínio do projeto comunista e da revolução, assim como da ascensão

de múltiplos fundamentalismos. Este momento é evocado pelo autor não para celebrar mitificações de

um “fim da história”, mas para, criticamente, refletir e historicizar o presente. 10Para uma breve sistematização da crítica ao conceito de presentismo de Hartog na historiografia brasileira,

ver PEREIRA & ARAÚJO, 2016, p. 278-279.

com o presente como uma âncora com o real/possível; para estes, a luta pela existência

no presente surge como resposta a um futuro negado e a um passado quase esquecido.

Tendo perspectivas antagônicas, em comum está a sensação de urgência motivada pelo

aceleramento do tempo.

A relação com um tempo acelerado não é uma exclusividade do atual presentismo.

O regime de historicidade que o precedeu11, ainda que de forma qualitativamente distinta,

tinha na aceleração do tempo uma de suas características. No ocidente, a partir do século

XVI, o tempo escatológico da historicidade cristã, paulatinamente cedeu espaço para a

temporalidade moderna. No século XVIII este processo atingiria seu pleno

desenvolvimento, tendo na Revolução Francesa seu momento paradigmático. Quando

Robespierre afirma, no seu discurso de 10 de maio de 1793 sobre a Constituição

revolucionária, que: “O progresso da razão humana preparou esta grande Revolução, e

vós sois aqueles sobre os quais recai o especial dever de acelerá-la.”, se expõe a

transformação no regime de historicidade. “Para Robespierre, a aceleração do tempo é

uma tarefa do homem, que deverá introduzir os tempos da liberdade e da felicidade, o

futuro dourado” (KOSELLECK, 2006, p.25). A temporalização do ideal de perfeição,

passou a perfectibilidade e ao progresso.

Assim, a velocidade do tempo dizia respeito a relação entre progresso histórico e

as ações no presente que concorriam para ele. A velocidade presentista é de outra natureza,

pois o presentismo nasce da própria recusa da noção de progresso. O horizonte de

expectativas no presentismo é reduzido e pragmático, o que provoca a relação conflitiva

no campo de experiência do presente, onde reside para Hartog um aspecto central do atual

regime de historicidade. Em um presente hipertrofiado, que de certa forma engloba em si

tanto o futuro (“o futuro é hoje”), quanto o passado (usos mercantis da memória e do

patrimônio histórico), a ideia de representação histórica através de alguma linearidade é

substituída por uma representação estática, porém, incorpórea, cuja aparência modifica-

se (dando-lhe uma noção de movimento) sem alterar suas coordenadas e essência. O

tempo histórico se acelera de forma vertiginosa, mas sem sair do lugar.

11Cabe frisar que alterações em regimes de historicidade não seriam processos claramente delimitados,

“passar finalmente de um regime a outro comporta períodos de sobreposição. Produzem-se

interferências, muitas vezes trágicas” (HARTOG, 2015, p.140).

Aqui há uma evidente relação com as mudanças tecnológicas das últimas décadas.

“Essas tecnologias produzem novos tipos de bens e são úteis para abrir novos espaços no

mundo ‘encolhendo’ dessa forma o globo e reorganizando o capitalismo de acordo com

uma nova escala.” (JAMESON, 1999 p.188). As constantes inovações e

aperfeiçoamentos técnicos, associados a chamada obsolescência programada dos

produtos, estimulam uma aceleração dos processos de circulação e concentração de

capitais. As novas técnicas funcionam como meio para a mercantilização total da vida.

As inovações mercantilizadas vendem a ideia de que o futuro prometido pela

modernidade já estaria entre nós. Este processo atua de forma quase que onírica,

obliterando percepções históricas, como já apontou Walter Benjamin, “O coletivo que

sonha ignora a história. Para ele, os acontecimentos se desenrolam segundo um curso

sempre idêntico e sempre novo.”, e dentro desta dinâmica, completaria “Com efeito, a

sensação do mais novo, do mais moderno, é tanto uma forma onírica do acontecimento

quanto o eterno retorno do sempre igual.” (BENJAMIN, 2009, p.936, grifo nosso).

Se a percepção de viver em um mundo marcado por mudanças constantes, nos

marcos do presentismo, nos remete para a acepção benjaminiana de “eterno retorno do

sempre igual”, essa condição nos permite aprofundar a relação presentista com o futuro.

Como um possível reflexo da hegemonia/racionalidade neoliberal, o presentismo concebe

o futuro dentro de uma estreita visão dicotômica: como uma desejável continuidade

aperfeiçoada do presente ou, pelo contrário, como uma assustadora projeção de

descontinuidade catastrófica. Desta forma, surge como hipótese que um dos aspectos

indissociáveis do presentismo é a sua negação a perspectivas utópicas (de qualquer

natureza) e a distopia como contraparte necessária.

Para além de seu uso pejorativo (“o que não pode ser realizado”), a noção de

utopia, assim batizada em alusão a obra do inglês Thomas Morus12, foi uma construção

intelectual de grande importância para o pensamento político e filosófico ocidental.

Produto do iluminismo, as utopias políticas constituem uma aposta no poder da razão

humana, que aliada à ideia de progresso, seriam capazes de garantir às sociedades

humanas formas mais justas de organização social. As ideias utópicas não compõem um

12A Utopia foi escrita em 1516, descrevendo a ilha-reino imaginária de mesmo nome, aquela que seria “a

melhor das Repúblicas” era uma sociedade harmoniosa, com valores éticos e morais singulares.

corpo coerente, relacionando-se aos mais contraditórios projetos — de capitalistas aos

socialistas utópicos – podendo ser agrupadas, a grosso modo, em duas grandes vertentes:

românticas13 e futuristas14. Em comum entre elas a agência humana como elemento

transformador e uma postura de inconformidade com o presente.

Para o debate aqui colocado, interessa observar as utopias futuristas, com seu auge

no século XIX, estendendo-se ao século XX. Influenciando a inúmeros intelectuais e

movimentos políticos em diferentes gradações, as ideias utópicas pairam de maneira

difusa e abrangente no pensamento ocidental e ocidentalizado. Mesmo o marxismo, que

nasce com uma retórica de negação e superação do chamado socialismo utópico, carregou

consigo um forte componente utópico em sua prédica em direção ao futuro15. Revolução

e utopia, ainda que não estejam formalmente ligadas e por vezes até se repelem, ocuparam

em certa medida um imaginário político comum.

Se a utopia remete a uma situação ou lugar ideal, a distopia seria sua noção

invertida. De um modo geral o uso do termo distopia tem seu registro no séc. XIX e teria

sido supostamente forjado por John Stuart Mill, em 1868. Em discurso no parlamento

britânico, Mill tomaria o termo médico distopia – que designa a localização anômala de

um órgão – para atacar uma proposta do governo que seria “algo ruim demais para ser

posto em prática” (MILL, 2015, p.249, trad. nossa). O termo distopia teria seu uso

popularizado décadas depois, já no séc. XX, principalmente na literatura e em especial

no gênero da ficção científica16. A utilização de distopia para fins políticos só ganha

terreno em meados do séc. XX, mas, para compreender esta evolução, devemos recuar

um pouco.

No curso dos anos pós-crise do liberalismo (iniciada por volta de 1890) e a

deflagração da Iº Guerra Mundial, o ceticismo ganharia corpo frente ao racionalismo

otimista que vigorava. Neste período de sucessivas crises, passando pelo Grande

13Sobre a relação entre romantismo e utopia, ver SALIBA (1991) e LÖWY & SAYRE (1995). 14“Assim como o presente é o tempo do real, o futuro é o tempo da utopia.”(SÁNCHEZ VÁZQUEZ 2001

p.361) 15Quando Marx afirma, por exemplo, no 18 Brumário, que “não é do passado, mas unicamente do futuro,

que a revolução social do século XIX pode colher a sua poesia” (MARX, 2012, p.28), o apelo otimista

com relação ao futuro, sob a tensão de elementos utópicos, fica patente. Para um debate sobre a relação

entre marxismo e utopia, ver LÖWY (2000) e (SÁNCHEZ VÁZQUEZ 2001, p.327-350). 16Sobre os aspectos principais que definiriam a ficção científica de tipo distópica, ver WILLIANS (2011),

p.267-271.

Depressão de 1929 e culminando na IIº Guerra Mundial, pode ser englobado, para fins

expositivos, em uma única e mesma crise: a crise da modernidade. Os ideais iluministas

passam a ser objeto de contínuo questionamento, sofrendo fissuras no ocidente. O

“sentido da história” passaria por uma profunda transformação em decorrência das

experiências traumáticas daquele período17. A escalada de desastres reduziu a confiança

na modernidade – as duas grandes guerras e as tragédias do Holocausto e das bombas

atômicas – e desenvolveu um “pessimismo realista” no pensamento ocidental. As utopias

otimistas perdem apelo e concorrem com renovados discursos antiutópicos ou utópicos

negativos18.

O antiutopismo não é simplesmente uma resposta psicológica, mas também uma

réplica ao projeto político de realização da utopia. O historiador norte-americano Russell

Jacoby (2007) situa que, na esteira do combate as ideologias totalitárias no contexto do

pós-guerra, o utopismo, associado a projetos de caráter revolucionário, é o grande alvo

da cruzada antiutópica, mas teria por efeito uma rejeição a priori frente a qualquer

discurso utópico. Intelectuais importantes como Karl Popper, Isaiah Berlin e Hannah

Arendt, desenvolveriam uma teoria do totalitarismo que ressaltava o veneno do utopismo.

O totalitarismo tornou-se o lema geral não só para o utopismo, como igualmente para o

marxismo, o nazismo e o nacionalismo. Estes “antiutopistas liberais” liderariam este

primeiro esforço e sua visão se tornaria triunfante. “A sua crítica liberal tornou-se a

sabedoria convencional de nosso tempo, ela condenou o utopismo como o açoite da

história” (JACOBY, 2007, p.91).

A representação presentista da história se ajusta a esta lógica, na medida que

futuros idealizados através da ação coletiva sedem lugar a um horizonte de expectativas

reduzido, onde os sonhos futuros restringem-se a desejos individuais. As implicações

desta historicidade própria gestada no neoliberalismo, podem ampliar-se sensivelmente

17Como ilustra o testemunho de Cario Rosselli, numa passagem da sua obra Socialismo liberale, o trágico

início do século XX era assim diagnosticado: “Para nós, antes de 1914 não havia história vivida, mas

somente a história apreendida nos livros que não suscitava em nós ecos profundos [...] para os nossos

olhos, ao contrário, o fulcro de suas vidas utilmente vividas é todo ele compreendido no intervalo de

vinte e cinco anos de 1890-1915. Após vieram as trevas. A violenta negação sucessiva, culminada no

fascismo” (ROSSELLI apud ZUIN, 2001, p.85-86). 18Como marcos culturais desta antiutopia nos cinemas e na literatura, Metrópolis, de Fritz Lang em 1927;

Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, em 1932; e 1984, de George Orwell, em 1949, retratariam

futuros nada otimistas.

através do exame pormenorizado da ligação expressa do presentismo com uma

representação distópica do futuro. Sua efetividade ocorre não apenas derivada dos

mencionados processos que conduziram a ascensão do neoliberalismo e o

estabelecimento do regime presentista, mas também pelo fundo de veracidade contida na

representação distópica. A plausibilidade da distopia pode ser sintetiza pelo difusa

sensação de que estaríamos “vivendo no fim dos tempos” (ŽIŽEK, 2011)19. Este aspecto

é alimentado pelas inúmeras crises e fatores que se insinuam ameaçadoramente sobre a

vida social. Quando até mesmos as outrora comemoradas inovações tecnológicas

convertem-se em virtuais ameaças (como na automação do trabalho 20), se amplia o

espectro da adesão subjetiva produzida pelo medo que a dissolução das relações sociais

cria.

O presentismo, assim, surge como um componente estabilizador para a

razão/hegemonia neoliberal, que apregoa uma historicidade processual, em oposição as

rupturas históricas de tipo revolucionárias, atuando como indicador de uma

previsibilidade histórica desejável. Mas, em um sentido de aparente contradição, viver

em tempos neoliberais é viver sob constante crise.

Nascido e desenvolvido ao longo das sucessivas crises do capitalismo ao longo do

século XX, o discurso neoliberal opera a partir de uma dialética peculiar, em que combina

as ameaças ou efeitos de crises e catástrofes (imprevistas, estimuladas ou imaginadas)

como instrumento para seu apelo estabilizador. As tensões adjacentes a estas lógicas —

onde o famoso lema de Thatcher, There Is No Alternative (“Não há alternativa”) surge

como síntese política — provocam instabilidades de novos tipos, onde a efemeridade e a

contingência surgem como constante. A lógica da modernidade capitalista é a busca

permanentemente da reprodução dos fundamentos que sustentam a sua existência, e esta,

segue atualizada.

Fenômeno objeto de vasta discussão acadêmica e política, os diagnósticos acerca

de um esgotamento das energias utópicas, sobre a pós-política ou antipolítica, uma pós-

democracia etc., a crise do futuro ou o sequestro da experiência, de algum modo fazem

19Žižek apontaria para “quatro cavaleiros do Apocalipse” que poderiam levar o sistema capitalista global a

um ponto zero: a crise ecológica; as consequências da revolução biogenética; os desequilíbrios do

próprio sistema e o crescimento explosivo das divisões e exclusões sociais. (2011, p.11-12) 20Os pesquisadores C.Frey & M.Osborne,(2013) trazem dados indicando que 47% dos postos de trabalho

existentes correm risco de desaparecer.

referência a uma transformação das temporalidades políticas — predomínio da noção de

processo, de acontecimento, cenários futuros, probabilidades, etc. — para confluir numa

ideia de mudança de época, seja ela caracterizada como pós-modernidade, globalização

ou apenas como um tempo novo. Conceitos e diagnóstico distintos, cuja convergência

encerram-se neste nível. Hartog, assim como outros autores (Berman, 1986; Fontana,

1998; Harvey, 1993) colocam-se de forma crítica a um suposto esgotamento ou fim da

modernidade. Neste contexto, cabe interrogarmos se o diagnóstico crítico do presentismo

permite abrir novas questões para a teoria política, dentro de uma análise histórica, ou

mais especificamente, se o olhar posto nas formas de temporalização —conceitual e

prática— resulta sugestivo para a política e em qual sentido. A verificação destas

ocorrências poderia ser “tomado como índices de um deslizamento nas formas de

articulação entre espaço de experiências e horizonte de expectativas no campo do

pensamento e da ação política” (RABOTNIKOF, 2017, p.35).

Dentro de uma perspectiva teórica crítica, a perda de um futuro aberto, da utopia,

do sentido histórico, é lamentada, criticada ou até mesmo relativizada a depender do nível

analisado. Em consonância com a hipótese apresentada nesta pesquisa, o situamos de

forma articulada com a ascensão do neoliberalismo. Como um produto (ou subproduto)

da hegemonia/racionalidade neoliberal, o presentismo derivará desta matriz a sua ligação

ontológica com a distopia. O bloqueio a representações idealizadas do futuro (de tipo

utópicas em seu sentido mais difuso) e sua substituição por uma representação futurista

distópica, cumpre uma função indispensável para a edificação de um regime presentista

de historicidade. Nos cinemas e séries, o sucesso de público das representações negativas

e ameaçadoras do futuro indicam a credulidade com estas narrativas21. Sua implicação

política parece confirmar que “é mais fácil imaginar o fim do mundo que o fim do

capitalismo”22.

21Filmes de grande sucesso de público como as franquias Matrix (dir. Lana & Lilly Wachowski), Mad Max

(dir. George Miller) The Hunger Games (dir. Gary Ross/ Jogos Vorazes no Brasil) A.I. (Dir. Steven

Spielberg), ou séries como Black Mirror (criada por Charlie Brooker) e The Walking Dead (criada por

Robert Kirkman) variam entre o terror tecnológico, a hecatombe social/biológica ou uma combinação

destas, em comum, a inexistência de uma redenção futura. 22Esta frase, de autoria desconhecida, é atribuída tanto a Fredric Jameson como a Slavoj Žižek. (FISHER,

2016, p.22)

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