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    ABENOAssociao Brasileira de Ensino Odontolgico

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    Presidente Maria Celeste Morita

    Rua Pernambuco, 540 - 1 andarClnica Odontolgica da UELCEP: 86020-120Centro - Londrina - PRE-mail: [email protected]: www.abeno.org.br

    Apoio para esta edio:

    Copyright Associao Brasileira de Ensino Odontolgico, 2005Todos os direitos reservados.Proibida a reproduo no todo ou em parte, por qualquer meio, sem autorizaoda ABENO.

    Catalogao-na-publicao(Faculdade de Odontologia da Universidade de So Paulo)Revista da ABENO/Associao Brasileira de Ensino Odontolgico. Vol. 1, n. 1, (jan.-dez. 2001).

    So Paulo : ABENO, 2001-SemestralISSN# 1679-5954

    A partir de 2005, vol. 5, n. 1 a publicao passa a ser semestral.1. Odontologia (Peridicos) I. Associao Brasileira de Ensino Superior (So Paulo)II. ABENOCDD 617.6BLACK D05

    Associao Brasileira deEnsino Odontolgico

    ABENO

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    Revista da ABENO 10(2):3-4 3

    SUMRIOv. 10, n. 2, julho/dezembro - 2010

    ARTIGOSDesenvolvimento de objetos de aprendizagem modernosem Teleodontologia

    Development of modern learning objects in teledentistry

    Cssio Jos Fornazari Alencar, rika Sequeira, Chao Lung Wen,Ana Estela Haddad . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

    A formao do cirurgio-dentista generalista na UniversidadeCatlica de Braslia

    The academic training of the general practitioner dentist at the Catholic

    University of Braslia

    Vanessa Resende Nogueira Cruvinel, Eric Jacomino Franco, Luciana

    Bezerra, Marley Mendona Alves, Alexandre Franco Miranda, DanielRey Carvalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

    Clnica de ateno bsica: do discurso terico realidade prtica

    Primary care clinic: from theoretical discourse to practice reality

    Nelson Rubens Mendes Loretto, Ileam Duque Porto Pessoa Silva,Leila Christiane Lima Carneiro Batista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

    Odontologia como escolha: perfil de graduandos e perspectivapara o futuro profissional

    Dentistry as a choice: profile of undergraduate students and

    prospects for the future professional

    Frederika Cartagena Machado, Danielle Mariana de Almeida Souto,Claudia Helena Soares Morais Freitas, Franklin Delano Soares Forte . . . . . . . . 27

    Projeto pedaggico e estrutura curricular de um cursode odontologia: anlise crtica fundamentada na percepo acadmica

    Pedagogical project and curricular structure in a dentistry course:

    critical analysis based on academic perception

    Suzely Adas Saliba Moimaz, Cristina Berger Fadel, Livia da Silva Bino,Nemre Adas Saliba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

    Avaliao e desenvolvimento de um mtodo de avaliaode idade ssea em portadores de sndrome de Down

    Evaluation and development of a bone age assessment methodin patients with Down syndrome

    Michelle BM, Mari Eli LM, Fernando VR, Simone MRG, Dborah H . . . . . . . . 41

    Percepo da insero de alunos na ateno primria: viso dosgestores e profissionais da Estratgia Sade da Famlia

    How the inclusion of students in primary care is perceived: point of view

    of managers and professionals of the Family Health Strategy

    Ticiane Pedrosa de Moura, Renata Cavalcanti Machado Costa,Ticiana Campos Damasceno, Sharmnia de Arajo Soares Nuto,Lucianna Leite Pequeno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

    Publicao oficial daAssociao Brasileira de

    Ensino OdontolgicoDIRETORIA (2010 a 2014)Presidente Maria Celeste MoritaVice-PresidenteAdair Luiz Stefanello BusatoSecretrio Geral Luiz Srgio Carreiro1aSecretria Vnia Regina Camargo FontanellaTesoureira Geral Elisa Emi Tanaka Carloto1aTesoureira Maura Sassahara Higasi

    COMISSO DE ENSINOAna Isabel Fonseca ScavuzziCresus Vincius Depes de GouveiaElaine Bauer Veeck

    Jos Ranali (Presidente)Jos Tadeu PinheiroMaria Erclia de ArajoMrio Uriarte Neto

    CONSELHO FISCAL

    Joo Humberto Antoniazzi (Presidente)Jos Galba de Menezes GomesLo KrigerLino Joo da CostaOmar Zina

    Revista da AbenoEditor Cientfico Jos Luiz Lage-Marques

    Conselho EditorialAdair Luis Stefanello Busato (ULBRA-RS)Ana Cristina Barreto Bezerra (UCB)Ana Isabel Fonseca Scavuzzi (UNIME/UEFS)Antonio Csar Perri de CarvalhoArnaldo de Frana Caldas Jnior (UPE)Carlos de Paula Eduardo (FO-USP)Carlos Estrela (UFG)Clio Jesus do Prado (UFU)Clio Percinoto (FOA-UNESP)Cresus Vincius Depes de Gouveia (UFF)Eduardo Batista Franco (FOB-USP)Eduardo Dias de Andrade (UNICAMP)Eduardo Gomes Seabra (UFRN)Efigenia Ferreira e Ferreira (UFMG)Elaine Bauer Veeck (PUC-RS)Elen Marise de Oliveira Oleto (UFMG)Gersinei Carlos de Freitas (UFG)Hilda Maria Montes Ribeiro de Souza (UERJ)Horcio Faig Leite (FOSJC-UNESP)Isabela Almeida Pordeus (UFMG)

    Jesus Djalma Pcora (FORP-USP)Joo Humberto Antoniazzi (FO-USP)Jos Carlos Pereira (FOB-USP)Jos Ranali (UNICAMP)Jos Thadeu Pinheiro (UFPE)Lo Kriger (PUC-PR)Liliane Soares Yurgel (PUC-RS)Lino Joo da Costa (UFPB)Luiz Alberto Plcido Penna (UNIMES)Marco Antonio Campagnoni (FOAR-UNESP)Maria Celeste Morita (UEL)

    Maria da Gloria Chiarello Matos (FORP-USP)Maria Erclia de Arajo (FO-USP)Nilce Emy Tomita (FOB-USP)Nilza Pereira da Costa (PUC-RS)Oscar Faciola Pessoa (UFPA)Ricardo Prates Macedo (ULBRA-RS)Rui Vicente Oppermann (UFRS)Samuel Jorge Moyses (PUC-PR)Simone Tetu Moyss (UFPar)

    Vanderlei Lus Gomes (UFU)

    IndexaoA Revista da ABENO - Associao Brasileira de EnsinoOdontolgico est indexada nas seguintes bases dedados:BBO - Bibliografia Brasileira de Odontologia;LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe emCincias da Sade.

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    Revista da ABENO 10(2):3-44

    Anlise transversal do ensino da implantodontia no cursode graduao

    Cross-sectional study of implant dentistry teaching in the

    undergraduate course

    Cleverton Corra Rabelo, Thomaz Wassall, Jose Gustavo Sproesser . . . . . . . . . 53

    Projeto Teraputico Singular no processo ensino-aprendizagem de

    alunos em estgio supervisionado: relato de uma experincia efetivaSingular Therapeutic Project in the teaching-learning process of

    undergraduate students taking a supervised internship: report of

    an effective experience

    Anielle Schonhofen, Juliana Plegge, Cristine Warmiling, Giovana Scalco,Josiani Authaus Santos, Patricia Oliveira, Alexandre Fvero Bulgarelli . . . . . . . 59

    Implementao do Pr-Sade no Curso de Odontologia da UniversidadeEstadual de Maring

    Implementing the Pr-Sade program in the Dentistry Course

    at State University of Maring

    Raquel Sano Suga Terada, Mitsue Fujimaki Hayacibara, Cynthia JunqueiraRigolon, Mariliani Chicarelli da Silva, Luiz Fernando Lolli,Mirian Marubayashi Hidalgo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

    Anlise da satisfao do paciente com o atendimento odontolgicona Clnica de Odontologia da Universidade de Franca

    Analysis of patient satisfaction toward dental services in the

    Dental Clinic of the University of Franca

    Bruno Alves de Souza Toledo, Alessandra Aparecida Campos,Ronaldo Antnio Leite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

    APNDICESndice de artigos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

    Normas para apresentao de originais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

    Publicao oficial daAssociao Brasileira de

    Ensino Odontolgico

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    Desenvolvimento de objetos deaprendizagem modernos emTeleodontologiaCssio Jos Fornazari Alencar*, rika Sequeira**, Chao Lung Wen***, Ana EstelaHaddad****

    * Doutor em Odontopediatria - Faculdade de Odontologia daUniversidade de So Paulo, Professor de OdontopediatriaUNIP-Campinas, Professor de Cirurgia em Odontopediatria -FUNDECTO/FOUSP

    ** Doutora em Telemedicina - Faculdade de Medicina daUniversidade de So Paulo

    *** Professor Associado do Departamento de Patologia - Telemedicina,

    Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo**** Professora Livre Docente Associada do Departamento de

    Ortodontia e Odontopediatria, Faculdade de Odontologia daUniversidade de So Paulo

    RESUMOEste trabalho tem objetivo de mostrar o Homem

    Virtual como objeto de aprendizagem e suas etapasde confeco. Considerando a necessidade de se mo-dernizar as iconografias e difundir conhecimentos,foi elaborado ferramentas que permitam transmitir

    informaes de forma mais eficiente e interativa. Atra-vs do Projeto Homem Virtual da Disciplina de Tele-medicina FMUSP em parceria com a FOUSP foi de-senvolvido imagens de alta qualidade visual e didtica.

    Atravs deste objeto de aprendizagem assiste-se a ima-gens de estruturas anatmicas em 3D com movimen-tos fisiolgicos, observa-se biomecnica e a dinmi-ca funcional que seriam impossveis de seremdemonstradas por mtodos convencionais. A possibi-lidade de estabelecer correlaes anatmicas, de apli-car recursos de transparncias, subtrao (excluso)

    e incluso de dinmica funcional, o torna uma icono-grafia indita para transmisso de grandes quantida-des de informaes em curto espao de tempo, au-mentando a eficincia educacional. As imagens sousadas para apoiar o estudo dos alunos e a capacitaode profissionais em qualquer local de ensino superiorodontolgico. Atravs deste projeto, h grande bene-fcio em transmitir o conhecimento de horas de aulaterica em minutos de estudo dirigido, o que signifi-ca um aspecto inovador e motivador. Este recursoeducacional, como objeto de aprendizagem, propor-

    ciona a integrao dos conhecimentos, desperta acuriosidade e aumenta a velocidade do aprendizadofazendo parte de uma estrutura cognitiva moderna,onde se participa de forma consciente como sujeitodo processo.

    DESCRITORESTelemedicina. Educao em odontologia. Educa-

    o distncia. Anatomia.

    INTRODUO E REVISODiante do pequeno nmero de produo cient-

    fica em educao mediada por tecnologia em odon-tologia, atualmente, este modelo educacional temsido mais estudado em outras reas. Os grandes cen-tros de pesquisa destinados ao aprimoramento tecno-lgico se preocupado com a educao a distncia

    (EAD) e/ou teleducao interativa, vem encontran-do ambiente propcio para o seu crescimento e difu-so devido ao desenvolvimento das redes digitais decomunicao e a ampliao do uso da Internet. Hoje,falar desse tema implica considerar, de forma indis-socivel, o papel do computador e das redes digitaisde transmisso da informao (Crrea, 2001).

    A Teleducao Interativa um modelo de educa-o apoiado em tecnologia, que utiliza recursos decomputao e interao onlinepara promover umacapacitao dos estudantes em nvel cognitivo, de

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    raciocnio, desenvolvimento do comportamentofrente a situaes crticas, da capacidade associativae das habilidades prticas. Nesse contexto, o qualinclui necessariamente a produo de material did-tico eletrnico, a Internet assume um destaque comomeio pelo qual as informaes so disponibilizadas

    e acessadas. Particularmente as linguagens HTML eXML, veiculadas pela Internet (Web) e que permi-tem produo de hipertextos, proporcionam meca-nismos de acesso s informaes que podem favore-cer o auto-aprendizado. Por serem recursostecnolgicos, todo o potencial ainda tem muito a serdiscutido como ferramenta para oferecer suporte aosmodelos pedaggicos.

    A rea da Educao vem buscando, juntamentecom a da Informtica, propor melhoria no processoeducacional, atravs do uso de ferramentas digitais.Uma das pesquisas mais atuais para criao dessasferramentas, relaciona-se aos objetos de aprendiza-gem, que visam proporcionar uma maior interativi-dade na forma de transmisso de contedos (Macha-do e Silva, 2005).

    Um objeto de aprendizagem tem como funoatuar como recurso didtico interativo, abrangendoum determinado segmento de uma disciplina e agru-pando diversos tipos de dados como imagens, textos,udios, vdeos, exerccios, e tudo o que pode auxiliaro processo de aprendizagem. Pode ser utilizado tanto no ambiente de aula, quanto no ambiente vir-

    tual como complemento, reviso ou reforo de umdeterminado contedo j estudado. Como afirmamBettio e Martins (2004), eles

    vm para facilitar e melhorar a qualidade do ensino, pro-

    porcionando aos tutores, alunos e administradores, diver-

    sas ferramentas facilitadoras.

    Na Odontologia, a educao a distncia tem me-recido ateno de algumas universidades americanas,inglesas e australianas, tambm com poucos resulta-

    dos disponveis na literatura cientfica. Dentre essestrabalhos, encontram-se pesquisas envolvendo a pro-duo de material didtico e o uso da Internet noensino de Odontologia, com uma abordagem maisemprica do processo:

    cria-se o CDROM a partir da converso de docu-mentos analgicos para digitais, mas so poucosos trabalhos que verificam a sua aplicao;

    disponibiliza-se na Internet o material produzido,mas pouco se avalia o seu valor didtico;

    enfim, os estudos esto em fases iniciais e ainda

    precisam ser melhor explorados metodologica-mente.

    J na Medicina, as grandes distncias entre oscentros mdicos especializados e os locais mais ca-rentes, alm de recursos escassos e mal distribu-

    dos, representam dificuldades na rea da sadeque podem ser diminudas com a telemedicina(Maceratini, Sabbatini, 1994). Embora j existamoutras definies (Chao LW, 2006), a Telemedicinatambm definida como a oferta de servios liga-dos aos cuidados com a sade, nos casos em que adistncia um fator crtico. Tais servios so ofe-recidos por profissionais da rea de sade, usandotecnologias de informao e de comunicao, vi-sando o intercmbio de informaes vlidas parapesquisas, diagnsticos, preveno e tratamentode doenas e contnua educao de provedores decuidados com a sade, no interesse de melhorar asade das pessoas e de suas comunidades (OMS).Praticamente quase todas as especialidades mdi-cas e demais reas da sade podem vir a utilizar-seda telemedicina, ou como adotado pelo Ministrioda Sade, telessade, particularmente aquelas queutilizam imagens como meio diagnstico. Assim,os setores de radiologia, dermatologia, patologia,ultra-sonografia, oftalmologia, entre outros, sobastante propcios para o estabelecimento de pro-tocolos de transmisso de dados distncia, com

    finalidades diagnsticas (Chao et al., 2003).Trazendo este conceito e as ferramentas da Tele-

    medicina, para a Odontologia, temos a Teleodonto-logia; abordando tanto os aspectos da teleducaointerativa, como da teleassistncia (Chao LW, 2003).Dentre estas ferramentas da Telemedicina, criadapela equipe da Faculdade de Medicina da Univesida-dede So Paulo, pode-se citar:

    o Cyberambulatrio, o Cybertutor e o Projeto Homem Virtual (Chao et al., 2003).

    O Projeto Homem Virtual representa um novomtodo de comunicao dinmica e dirigida, sendoconsiderado um objeto de aprendizagem moderno(www.projetohomemvirtual.com.br).

    O Projeto Homem Virtual a representao gr-fica de grande nmero de informaes especializa-das, de forma interativa, dinmica e objetiva. Usandotecnologia de modelagem grfica em 3D, o Homem

    Virtual uma forma eficiente de transmitir conheci-mentos de anatomia, fisiologia, fisiopatologia e me-

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    canismos moleculares. Representa uma efetiva mo-dernizao nas iconografias educacionais, uma vezque facilita e agiliza o entendimento em relao a umassunto especfico. Pode ser utilizada em todos osnveis educacionais. Na Odontologia foram desenvol-

    vidos dois temas:

    Articulao tmporo-mandibular (Figura 1) e Estrutura Dental (Figura 2)

    E j esto em desenvolvimento: Desordens tmporo-mandibulares (Figura 3) e Anestesia/Exodontia (Figuras 4 e 5).

    Essas ferramentas possibilitam que a educao adistncia e a educao continuada seja realizada comobjetivos concretos, fundamentados e de forma atu-alizada e segura. Outras caractersticas dos objetos deaprendizagem modernos (Machado e Silva, 2005;

    Bettio e Martins, 2004) so:flexibilidade: caracteriza-se pela permisso da cria-

    o de novos cursos utilizando-se conhecimentosj escritos e consolidados. Isso garante que o usoda tecnologia tenha uma maior credibilidade,pois eles se sustentam por fontes seguras de infor-

    mao; customizao: possibilidade de que cada entidadeeducacional os utilize e arranje da maneira quemelhor lhe convier e de que as pessoas possammontar seus prprios contedos programticos,agrupando os mdulos conforme seu interesse(on-demand learning);

    interoperabilidade:consiste na utilizao e reutiliza-o dos objetos de aprendizagem em qualquerplataforma de ensino em todo o mundo, pois elessero desenvolvidos de tal forma que possam serutilizados em diversos sistemas;

    Figura 2 -Estrutura dental.

    Figura 1 -Estruturas da ATM. Figura 3 -Musculatura relacionada a DTM.

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    diagnstico e tratamento, e teleducao, conforme ademanda, contribuindo para a qualidade e resolubi-lidade da ateno sade prestada populao. Valeressaltar que das 27 mil equipes distribudas atual-mente por todo o territrio nacional, mais da metadeconta com dentistas (Haddad et al., 2007). O presen-

    te trabalho prope-se a demonstrar as etapas de de-senvolvimento do objeto de aprendizagem projetoHomem Virtual em Odontologia.

    METODOLOGIA ETAPAS DECONSTRUO

    O desenvolvimento deste modelo educacional re-quer a aliana de conhecimentos na rea de odonto-logia, tecnologia da informao, telemedicina e tele-ducao interativa.

    A estruturao do plano tecnolgico e estratgias

    de teleducao interativa, sero feitos com o apoio daDisciplina de Telemedicina da FMUSP sob a coorde-

    Figura 4 -Tcnica Anestsica.

    Figura 5 -Tcnica de exodontia. Figura 6 -Caractersticas dos objetos de aprendizagem.

    indexao e procura:caracteriza a padronizao dosobjetos de aprendizagem e dos locais onde elesso armazenados, para que a localizao de umcontedo se torne mais vivel (Figura 6).

    urgente a modernizao educacional da odon-

    tologia diante do atual cenrio tecnolgico e da rea-lidade nacional de sade. Diversas necessidades sur-giro em breve em decorrncia da atual poltica deeducao na sade do Ministrio da Sade, tal comoo Programa Nacional de Telessade em Apoio Aten-o Bsica, que exigir um componente formativoodontolgico para o treinamento das equipes de Sa-de da Famlia. O Programa tem como objetivo inte-grar em rede as equipes da Estratgia de Sade daFamlia em todas as regies do pas, especialmentenas regies mais remotas, com Ncleos de Telessade

    vinculados a universidades, e com a Rede Universit-ria de Telemedicina, oferecendo s equipes apoio ao

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    Desenvolvimento de objetos de aprendizagem modernos em Teleodontologia Alencar CJF, Sequeira E, Wen CL, Haddad AE

    nao do co-orientador.

    Equipe multiprofissional Especialista no assunto (profissional). Estrategista de Telemedicina (educador). Digital designers.

    Etapas de desenvolvimentoDefinio da temtica e dos objetivos:Estruturar o

    tema e as estratgias necessrias para que o objetode aprendizagem tenha fundamento no processoensino-aprendizagem.

    Avaliao da abrangncia e pblico-alvo:Estudar opblico-alvo e verificar a forma de abordagempara este pblico.

    Levantamento de literatura cientfica:Saber se j noexiste o mesmo tema desenvolvido, ou o que setm na literatura sobre o tema escolhido.

    Elaborao de estratgia de roteiro educacional:Traba-lhar no contedo que vai ser apresentado, traan-do incio, meio e fim.

    Modelagem grfica computacional (Figura 7): Utili-zao de softwares para confeco de estruturas.

    Gerao da Pr-visualizao(Figura 8): Anlise de

    cmeras, tomadas, ngulo de viso e preview dotrabalho realizado. Reviso cientfica:Rever o contedo formatado

    dentro dos conceitos e embasados na literaturacientfica.

    Implementao de legendas e gerao do formato textu-rizado e renderizado (Figura 9): Finalizao do tra-balho com contedos complementares (som, es-critos).

    Acompanhamento do impacto educacional:Anlise deimpacto e eficincia como material de aprendiza-

    gem.

    RECURSOS NECESSRIOSInfra-estrutura tecnolgica/profissional:

    Equipe do Projeto Homem Virtual - Digital Desig-ners.

    4 Estaes Grficas: Dual Pentiun IV Xeon HT; 4 Gigabytes de memria RAM; placa de vdeo profissional; tablet; programa 3D Studio Max; programa Photoshop ou equivalente e progra-

    ma After effects. Equipe de desenvolvimento de website e ambien-

    te educacional. 7 Estaes de trabalho:

    Figura 8 -Pr-visualizao. Figura 9 -Renderizao.

    Figura 7 -Modelagem.

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    editor HTML; programa Dreanweaver; programa Front page; software para edio de imagem; computador pentiun IV e 512 megas de memria RAM.

    CONSIDERAES FINAISEste recurso educacional, como objeto de apren-

    dizagem, proporciona a integrao dos conheci-mentos, desperta a curiosidade e aumenta a veloci-dade do aprendizado fazendo parte de umaestrutura cognitiva moderna, onde se particicipa deforma consciente como sujeito do processo ensino-aprendizagem.

    ABSTRACT

    Development of modern learning objects inTeledentistry

    The purpose of this paper was to show Virtual Manas a learning object and to relate its preparatory stag-es. Based on the consideration that iconographiesmust be updated and knowledge must be spread, tools

    were developed to allow information to be transmit-ted more efficiently and interactively. Images of high

    visual and didactic quality were developed by the Vir-tual Man Project of the Telemedicine DisciplineFMUSP (School of Medicine - So Paulo University)

    together with FOUSP (Dental School - So Paulo Uni-versity). This learning object makes it possible towatch 3D anatomic structures with physiologicalmovements, observing biomechanics and functionaldynamics. This would be impossible to do using con-

    ventional methods. The possibility of establishinganatomic correlations, of using transparency resourc-es, subtraction (exclusion) and inclusion of function-al dynamics, makes this method a totally new iconog-raphy for transmitting large amounts of informationin a short period of time, thus improving educationalefficiency. The images are used to support studentlearning and professional training at any dental edu-cation institute. This project offers the great benefitof transmitting the knowledge given in hours of theo-retical class within only minutes of guided study, thusrepresenting an innovative and a motivating tool. Thiseducational resource is a learning object that inte-grates knowledge, arouses curiosity and speeds uplearning, making it part of a modern cognitive struc-ture, where the individual participates consciously asa subject of the process.

    DESCRIPTORSTelemedicine. Education, dental. Education, dis-

    tance. Anatomy.

    REFERNCIAS 1. Alencar CJF, Sequeira , Chao LW, Haddad AE. Solues de

    Telemedicina aplicados na Odontologia Teleodontologia.http://www.ciosp.com.br/anais/Paineis/PalnelEducacao.

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    logia homem virtual como objeto de aprendizagem tcnica

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    Recebido em 14/10/2010

    Aceito em 17/12/2010

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    Revista da ABENO 10(2):12-912

    A formao do cirurgio-dentistageneralista na Universidade Catlicade Braslia

    Vanessa Resende Nogueira Cruvinel*, Eric Jacomino Franco**, Luciana Bezerra***, MarleyMendona Alves****, Alexandre Franco Miranda*****, Daniel Rey Carvalho******

    * Mestre e Doutora em Cincias da Sade pela Universidade deBraslia, Professora e Coordenadora da rea de Sade Coletiva docurso de Odontologia da UCB

    ** Mestre em Periodontia pela Universidade de So Paulo/Bauru,Professor Mestre da Universidade Catlica de Braslia

    *** Professora da Universidade Catlica de Brasilia, Professora do Cursode Especializao em Implantodontia no Instituto Brasileiro de Ps-

    Graduao, Mestrado em Cincias da Sade pela UnB**** Mestrado em Sade Pblica, Doutorado Cincias da Sade,

    WUE/Wisconsin

    **** Professor do curso de Odontologia da UCB - Sade Coletiva,Odontogeriatria e Pacientes Especiais, Mestre e Doutorando emCiencias da Sade - UnB

    **** Mestrado em Cirurgia Bucomaxilofacial pela UNESP/Araatuba,Doutorado em Implantodontia pela UNESP/Araatuba, Diretor doCurso de Odontologia da Universidade Catlica de Braslia

    RESUMOEste artigo retrata a experincia do curso de

    Odontologia da Universidade Catlica de Braslia naformao do cirurgio-dentista generalista. Esta for-mao parte desde a articulao das reas bsicas doeixo comunitrio onde todos os alunos dos cursos desade cursam juntos estas disciplinas nos dois primei-ros anos de graduao e tm a oportunidade de vi-

    venciarem os problemas comunitrios sob o olhar dediferentes campos de atuao. A partir deste momen-to, os alunos de odontologia seguem para as discipli-

    nas de sade coletiva de seu curso que so integradascom as demais reas do curso como Clnicas de Odon-tologia Peditricas; Pacientes Especiais; Clnicas Inte-gradas; Atendimentos a idosos e Estgio extra-murona Secretaria de Sade do Distrito Federal. Assimcomo as demais profisses de sade, a Odontologiadeve estar articulada a outros setores sociais, para quepossa consolidar a construo de um novo conceitode sade mais positivo e integralizado. Atravs destaintegrao, ocorre uma mudana no perfil do novoprofissional. Espera-se com estas mudanas que o

    novo egresso possa apresentar capacidade crtica ereflexiva, que articule os conhecimentos tericos eprticos ao desenvolvimento concomitante de habili-dades pessoais e de relacionamento humano, favor-

    veis s prticas de comunicao, liderana, trabalhoem equipe e interao com a comunidade, sem deixarde lado a excelncia tcnica. Com isso, passe a seadequar ao atual cenrio de sade brasileiro, que tema Ateno Bsica como estratgia de reorganizaodo modelo assistencial em sade.

    DESCRITORESFormao de recursos humanos. Educao emodontologia. Recursos humanos em odontologia.Humanizao na educao.

    Nas ltimas dcadas, reflexes sobre a formaodo profissional de sade emergiram, ressaltan-do a necessidade de se adequar o perfil do egresso snecessidades dos setores onde iro atuar, consideran-do-se os princpios do SUS (Sistema nico de Sade).Essa discusso enfatiza a necessidade de uma forma-

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    A formao do cirurgio-dentista generalista na Universidade Catlica de Braslia

    Cruvinel VRN, Franco EJ, Bezerra L, Alves MM, Miranda AF, Carvalho DR

    o generalista, crtica e reflexiva, que articule os co-nhecimentos tericos e prticos ao desenvolvimentoconcomitante de habilidades pessoais e de relaciona-mento humano, favorveis s prticas de comunica-o, liderana, trabalho em equipe e interao coma comunidade.2

    Estas prticas constituem-se fundamentais no atu-al cenrio de sade brasileiro, que tem a AtenoBsica como estratgia de reorganizao do modeloassistencial em sade.7

    Uma compreenso biopsicossocial do processosade-doena-cuidado tem permitido ampliar a visosobre a formao profissional, evidenciando no ape-nas a necessidade de se adquirir conhecimentos te-ricos e tcnicos interdisciplinares, como tambm dese criar mecanismos para o profissional pensar en-quanto sujeito implicado no processo de cuidado.8No campo especfico da Ateno Bsica, estas ques-tes assumem relevncia ainda maior, uma vez queesse campo valoriza uma compreenso sistmica eabrangente acerca do processo sade-doena-cuida-do; o trabalho em equipe multiprofissional; e a qua-lidade da relao entre o profissional de sade e acomunidade, em diferentes contextos.4,7

    HISTRICO DA FORMAO DOCIRURGIO-DENTISTA NO BRASIL

    A necessidade da formao terica do cirurgio-dentista fez com que os projetos novecentistas implan-

    tassem um ciclo de disciplinas curriculares bsicasfocadas na teoria das doenas (reducionistas, me-canicistas e individualistas) e um ciclo de disciplinascurriculares profissionalizantes baseadas nas teoriasde aplicao dos conhecimentos (tecnologias clni-cas). Quanto formao prtica, estes projetos pas-saram a realizar as disciplinas curriculares bsicasem laboratrios experimentais. A no articulao dametodologia clnica com o mtodo experimental dasdisciplinas curriculares bsicas formou nos cursosuma lacuna estrutural entre os dois ciclos: bsico e

    profissionalizante. Nesta esfera, o enfoque principalfoi dado doena dentro de um modelo biomdicoindividualista com a formao de profissional restritoa conhecimentos e prticas fragmentadas tendendopara especializaes precoces e com baixo alcancepopulacional.20

    Devido a esta formao, a Odontologia no Brasiltem sido sistematicamente criticada por seu carterexcessivamente tcnico, em detrimento dos seus as-pectos humanos e sociais. Assim como as demais pro-fisses de sade, a Odontologia deve estar articulada

    a outros setores sociais, para que possa consolidar aconstruo de um novo conceito de sade mais posi-tivo e integralizado. Para exercer o importante papelque lhe cabe, no processo de transformao das po-lticas de sade pblica no Brasil, a Odontologia temo desafio de superar alguns obstculos que tm, his-

    toricamente, distorcido a percepo da sociedade desua real importncia no processo de construo deum novo modelo de sade. Um dos principais desa-fios est na formao do novo profissional com carac-tersticas que atendam a demanda social dentro dosprincpios do SUS sem deixar de lado o conhecimen-to cientfico e a excelncia tcnica.1,16

    Neste artigo, buscamos contribuir com a reflexosobre a formao do profissional de sade para atua-o nesses novos cenrios. Para tanto, descrevemos aexperincia do curso de odontologia da UniversidadeCatlica de Braslia, desenvolvido segundo os pressu-postos das diretrizes Institucionais do MEC de 2002,dentro de uma abordagem construcionista social, notreinamento de estudantes para atuao na AtenoBsica, assim como no mercado privado.

    A FORMAO GERAL EM SADE:INVESTINDO EM UM NOVO PERFILPROFISSIONAL

    Durante as ltimas dcadas, alguns estudos epide-miolgicos de mbito nacional (SB Brasil 1986, 1996,2003 e 2010) foram desenvolvidos com a finalidade

    de identificar os problemas de sade bucal que aco-metem a populao brasileira e os principais fatoresde risco associados, para propor medidas que solucio-nem estes problemas. O acesso a servios foi observa-do como de baixo alcance populacional, o que nocondiz com o grande nmero de CDs no Brasil. Ob-servou-se que os profissionais que atuam no mercadoesto concentrados em determinadas regies, nasgrandes metrpoles e atuando principalmente nomercado privado.19

    Aqueles que atuam no SUS muitas vezes reprodu-

    zem a prtica do consultrio privado com foco nomodelo biomdico, tecnicista e individualista. Duran-te anos, o ensino da Odontologia foi marcado poruma viso biolgica e tecnicista, com a valorizaoexagerada dos procedimentos tcnicos e das clnicasde ensino fragmentadas, com grande tendncia deespecializao precoce sem se preocupar com as ne-cessidades da populao.13

    Essa reflexo levou a uma nova estruturao daOdontologia, dos modelos dominantes na explicaoda realidade social, bem como das responsabilidades

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    das universidades ante esta realidade, com repercus-ses nas reformas de ensino. Comeou, ento, a seconfigurar um novo paradigma de prtica de sadebucal no cenrio brasileiro. A nova gerao de pro-fissionais de sade no deve ter o seu foco de atuaoapenas no atendimento individual, com viso clnica

    restrita odontotcnica, mas sim, deve ser preparadapara as necessidades das pessoas, das famlias e dacomunidade e para a mudana do paradigma de aten-o. As mudanas no perfil epidemiolgico das do-enas bucais, as novas prticas baseadas em evidnciascientficas e, principalmente, a promoo de sadeno seu conceito ampliado exigem a formao de umprofissional generalista, tecnicamente competente ecom sensibilidade social com foco nas famlias paratrabalhar no Setor pblico que apresenta a Estratgiade Sade da Famlia como reorientadora destes ser-

    vios.10,13

    A formulao do modelo de ateno sade bucalno Programa Sade da Famlia - PSF segue os princ-pios e as diretrizes preconizados por esta estratgia,os princpios do SUS. Para a operacionalizao dessenovo modelo, entretanto, pode-se constatar, junta-mente com um grande nmero de estudiosos dotema, a necessidade da formao de recursos huma-nos na Odontologia para o desenvolvimento dessenovo processo de trabalho.18

    A sinalizao desta nova concepo na formaodo profissional odontlogo j pode ser conferida no

    texto das Diretrizes Curriculares Nacionais, publica-do no ano de 2002, pelo Ministrio da Educao doBrasil, para os cursos de Odontologia, no qual des-crito o perfil do formando egresso e do profissional,como se segue:

    [...] cirurgio-dentista, com formao generalista, huma-

    nista, crtica e reflexiva, para atuar em todos os nveis de

    ateno sade, com base no rigor tcnico e cientfico.

    Capacitado ao exerccio de atividades referentes sade

    bucal da populao, pautado em princpios ticos, legais

    e na compreenso da realidade social, cultural e econmi-ca do seu meio, dirigindo sua atuao para a transformao

    da realidade em benefcio da sociedade.3

    Busca-se, agora oficialmente, um profissionalque saiba se engajar no plano social, que possa atu-ar tanto no consultrio particular quanto em equi-pes multidisciplinares de sade, uma vez que os ci-rurgies-dentistas foram formados, at ento, quaseque exclusivamente, para o exerccio profissionalliberal.5,6

    Nesse sentido, embora as indicaes propostas nasDiretrizes Curriculares (Resoluo CNE/CES3/2002) para o curso de Odontologia sejam recentes,do ano de 2002, importante verificar, na realidadeda formao dos alunos, o que est sendo concretiza-do ou se concretizando. A proposta do profissional

    egresso dos cursos de Odontologia em relao novapostura, de compromissos ticos com a sociedade,ajudando o usurio a viver com sade, um terrenoamplo para investigao. A formao, aliada promo-o de sade, constitui a realidade do discurso con-temporneo no campo da sade coletiva, que visa, emltima instncia, promoo de sade do indivduoe da comunidade. No Sistema nico de Sade - SUS,ela parte de um processo que apenas se inicia, masque j evidencia seus novos rumos.18

    O grande desafio da formao do profissional ge-neralista est em sair de um modelo centrado nodiagnstico de doenas, tratamento e recuperao,para outro centrado no diagnstico integral, na pro-moo de sade, na preveno e no cuidado com aspessoas.5,14

    A formao de profissionais mais capazes de de-senvolverem uma assistncia humanizada e de altaqualidade e resolutividade ser impactante at mes-mo para os custos do SUS. O Brasil tem uma notvelexperincia em aproximao entre a academia e ser-

    vios, mas essa ainda est muito aqum do que serianecessrio. Projetos experimentais, vinculados a pe-

    quenas partes das escolas de medicina, odontologiae enfermagem devem se expandir e tornar-se o centrodo processo de ensino e aprendizagem.4,6,11,15

    A FORMAO DO CIRURGIO-DENTISTANA UNIVERSIDADE CATLICA DEBRASLIA

    O projeto pedaggico do curso de odontologiabaseia-se na concretizao de um modelo pedaggicodiferenciado, cujo principal intento a formao in-tegral e ajustada s necessidades da sociedade brasi-

    leira, em especial no que diz respeito ao sistema desade, priorizando iniciativas de promoo da sadedo indivduo e da comunidade.

    A interdisciplinaridade vista como uma dimen-so de ensino-aprendizagem pautada nas relaeshumanas, expresses afetivo-emocionais e biolgicas,associadas s condies sociais, histricas, econmi-cas e culturais dos indivduos e das coletividades. Estadimenso implementada desde os primeiros semes-tres do curso, de forma integrada, proporcionandoao estudante a oportunidade de problematizar a rea-

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    lidade local e nacional. Desta forma, os cenrios deensino so dirigidos para uma realidade constitudados diversos campos do conhecimento.6

    Neste sentido, torna-se de extrema importncia aformulao de projetos institucionais desta naturezapara a formao superior do profissional Cirurgio-

    Dentista generalista com competncias e habilidadespara proporcionar promoo sade, de acordo comos princpios da integralidade, universalidade e eqi-dade a estas comunidades, com responsabilidade so-cial e esprito tico e humano.9,11

    O Curso de Odontologia da Universidade Catli-ca de Braslia contempla os aspectos relacionados sdiversas dimenses da relao indivduo e sociedade,contribuindo para a compreenso dos determinantessociais, culturais, comportamentais, psicolgicos,ecolgicos e legais, nos nveis individuais e coletivos,pautados em princpios ticos e cristos. As relaesconstrudas e vivenciadas ao longo do curso permitema valorizao e viso integral da pessoa humana, sen-do indispensveis na formao do Cirurgio-Dentista.Essas relaes iniciam-se desde os primeiros semestresdo curso, com a insero dos estudantes nas comuni-dades e equipes multidisciplinares, at o ltimo se-mestre letivo, com a consolidao dos atendimentosodontolgicos especficos e integrais, sendo o ser hu-mano o foco principal na formao global do estu-dante. Esta prtica educativa humanizada na rea dasade coloca o homem como centro do processo de

    construo da cidadania, comprometida e integrada realidade social e epidemiolgica, s polticas sociaise de sade, oportunizando a formao profissionalcontextualizada e transformadora.13

    A FORMAO GERAL DO ESTUDANTEDE ODONTOLOGIA DA UCB DENTRODAS DISCIPLINAS BSICAS DO EIXOCOMUNITRIO

    Desde 2007 todos os cursos de sade da Universi-dade Catlica de Braslia sofreram uma reestrutura-

    o dos seus currculos com a finalidade de formaremseus alunos dentro de uma viso generalista, aptospara atuarem em equipes multiprofissionais, promo-

    vendo aes educativas na rea da sade de acordocom o contexto scio-econmico de cada populaoparticipante, abrangendo problemas de sade referi-dos e identificados como de importncia epidemio-lgica e visando orientao para preveno e trata-mento, por meio de aes individuais e coletivas.

    Assim, os estudantes de sade cursam conjunta-mente as disciplinas bsicas do eixo comunitrio:

    Sade e sociedade; Sade nos ciclos da vida; Vigilncia em sade; e Gesto e planejamento.

    Eles passam a ter uma viso ampla dos problemas

    sociais que afetam as comunidades, alm das ques-tes relacionadas sade integral dos indivduoscom foco no trabalho em equipe e de carter mul-tidisciplinar dentro do modelo de Promoo de Sa-de e Vigilncia.

    As visitas que so feitas como cenrio de prticade campo seguem as etapas do planejamento estrat-gico, partindo da compreenso da realidade atravsdo diagnstico situacional e da escuta da comunidadepara o desenvolvimento de aes de promoo e edu-cao em sade de acordo com o contexto scio-econmico de cada populao participante, abran-gendo problemas de sade referidos e identificadoscomo de importncia epidemiolgica, visando orientao para preveno e tratamento, por meio deaes individuais e coletivas. Estas aes so avaliadasperiodicamente, atravs do monitoramento destascomunidades.

    A FORMAO GENERALISTA DOESTUDANTE DENTRO DAS DISCIPLINASDE SADE COLETIVA DO CURSO DEODONTOLOGIA DA UCB

    Aps ter concludo as disciplinas bsicas do eixocomunitrio, o estudante do curso de odontologiainicia as disciplinas de sade coletiva especficas deseu curso. Estas disciplinas so de natureza terico-prticas, onde o aluno tem a oportunidade de fazeratividades extra-muro de Educao em Sade bucal,levantamento de necessidades, hierarquizao dosproblemas e execuo de atividades curativas nas co-munidades carentes pertencentes aos projetos deextenso da UCB. As atividades prticas, tambm cha-madas de atividades laboratoriais, acontecem ao lon-

    go de todos os perodos do Curso de Odontologia,como estratgia metodolgica de ensino-aprendiza-gem. J os estgios supervisionados so as atividadesprticas desenvolvidas intramuros em pacientes, comsuperviso Docente.

    As reas de atuao da sade coletiva so: PSF,Escolas, Creches, Instituies de idosos, Centro deEnsino de pacientes com necessidades especiais, co-munidades carentes como cooperativa de catadoresde lixo, etc. A partir da hierarquizao dos problemas,os procedimentos de menor complexidade como

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    adequao do meio, ART (tratamento restauradoratraumtico), remoo de fatores de reteno, IHO(instruo de higiene oral), remineralizao, dentreoutros, so realizados em campo pelos alunos da dis-ciplina de sade coletiva sob coordenao dos profes-sores e monitores da disciplina.

    Os pacientes que necessitam de procedimentosde maior complexidade como: ortodontia, exodon-tia, endodontia e prtese so encaminhados para asclnicas de odontologia da UCB de acordo com a dis-ponibilidade de vagas. Todos os pacientes que rece-bem atendimento clnico odontolgico nas clnicasintegradas do curso de odontologia so triados peladisciplina de sade coletiva.

    Aps a triagem, os adolescentes (11 a 17 anos) quenecessitam de procedimentos odontolgicos demaior complexidade so encaminhados para a ONGTurma do Bem dentro do Projeto Dentista do bem.Este projeto conta com o trabalho voluntrio de ci-rurgies-dentistas que atendem crianas e adolescen-tes de baixa renda, proporcionando-lhes tratamentoodontolgico gratuito at completarem 18 anos.

    As crianas que recebem alta no tratamento pelasclnicas de odontologia peditrica so acompanhadaspela sade coletiva atravs das clnicas de manutenopreventiva. Desta forma, o aluno desenvolve a respon-sabilidade social, humanizao, criando vnculo como paciente, dirigindo sua atuao para transformaoda realidade e melhoria da qualidade de vida dessas

    pessoas.No ltimo semestre do curso, os alunos fazem es-

    tgio nos diferentes cenrios da secretaria de sade: Hospitais de referncia. Centros de Especialidades Odontolgicas (CEOs). Centros de Sade e PSF.

    Esta vivncia busca a consolidao de toda a ex-perincia terico-prtica que o aluno obteve ao longode sua formao para desenvolver seu esprito crtico-reflexivo, tico, humanista, capacitando-o para atuar

    em todos os nveis de ateno a sade, com base norigor tcnico e cientfico.

    DISCUSSOO conceito de sade bucal tem sido, ao longo dos

    anos, excessivamente fragmentado e reducionista.Muitos avanos tm sido alcanados, principalmentepela aproximao da Odontologia aos conhecimen-tos e prticas que integram um conjunto mais amplo,identificado como Sade Coletiva.

    No entanto, a profisso permanece centrada em

    uma prtica tecnicista, focada na assistncia odonto-lgica ao indivduo doente e realizada quase comexclusividade por um sujeito individual em um am-biente clnico-cirrgico restrito.1

    Para atender s novas diretrizes curriculares quetm como objetivo a formao do cirurgio-dentista

    generalista deve haver um esforo conjunto de todaequipe de docentes, coordenadores pedaggicos edireo dos cursos substituindo os modelos pedag-gicos novecentistas vigentes para uma nova mudanade paradigma onde o foco ser conjuntamente comas cincias biolgicas, valorizar as cincias sociaiscomo est ocorrendo nas disciplinas bsicas do eixocomunitrio dos cursos de sade da UniversidadeCatlica de Braslia. Conforme Gabriel M & TanakaEE,6esses avanos no devem se restringir apenas amudana metodolgica, mas a uma transformao nacultura pedaggica da instituio para um efetivo cur-rculo integrado.

    As atividades extra-muro dos alunos desde o pri-meiro semestre do curso de graduao permitem queestes tomem conhecimento da realidade da popula-o e de suas necessidades, assim como dos determi-nantes scio-ecolgicos do processo sade-doena,para atuarem dentro de um modelo integral de aten-o observando os indivduos de acordo com as suascaractersticas sociais e biolgicas inerentes a sua fasede vida ao invs de v-los apenas como portadores depatologia. Permite aos estudantes e professores uma

    compreenso diferente do mundo, fora da sala deaula, aprendendo de uma forma significativa a tercomprometimento social.

    A Odontologia e as demais profisses da sadedevem estar integradas entre si para que, articuladasa outros setores sociais, possam consolidar a constru-o de um novo conceito de sade mais positivo eintegralizado.1Desta forma, a experincia de viven-ciar as disciplinas bsicas (terico-prticas) em con-

    junto com os estudantes de outros cursos de sadecomo medicina, enfermagem, farmcia, nutrio,

    biomedicina e fisioterapia proporciona ao estudantede odontologia uma viso concreta para atuar de for-ma interativa (interdisciplinar e multiprofissional)entendendo que a sade bucal no pode ser dissocia-da da sade geral e do campo social que o indivduoest inserido.

    A articulao das disciplinas em rede faz com queo aluno no tenha uma viso fragmentada do conhe-cimento e de sua aplicabilidade para melhoria naqualidade da sade bucal das pessoas. A integraoda Sade Coletiva com as outras reas do curso de

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    A formao do cirurgio-dentista generalista na Universidade Catlica de Braslia

    Cruvinel VRN, Franco EJ, Bezerra L, Alves MM, Miranda AF, Carvalho DR

    Odontologia como Clnica de Odontologia peditri-ca, Clnica Integrada, Clnica de Diagnstico, Clnicade pacientes especiais, Atendimento a idosos, faz comque os alunos e professores atuem como equipe paraa melhoria da sade das pessoas. criada uma relaohumana, de vnculo e compromisso entre discentes,

    docentes e pacientes. Atravs desta relao de con-fiana, o paciente se torna co-responsvel pela suasade pactuando com os autores envolvidos para amelhoria da mesma. Experincia similar foi aplicadacom sucesso no curso de graduao de Londrina atra-

    vs da mudana no currculo para mdulos integra-dos das reas de conhecimento.6

    A articulao da Sade Coletiva com a Clnica deOdontologia Peditrica faz com que os alunos enten-dam a importncia da Educao em Sade Bucal aospacientes e respectivas famlias dentro do contextoscio-econmico que esto inseridos. Os estudantesde Odontologia aprendem a intervir de modo respei-toso com forte fundamentao tica sobre a dinmicada vida e da comunidade atuando de forma conscien-te sobre a famlia tendo-a como a base do atendimen-to individual e coletivo. Assim, os fatores etiolgicos,determinantes e modificadores para a doena demaior prevalncia na infncia: crie, so abordadosdentro de uma viso de promoo de sade focadapara mudanas de hbitos, buscando equilbrio entreos fatores que promovem sade e os agravantes doprocesso.

    A experincia dos alunos em promover sade bu-cal aos idosos institucionalizados em suas diferentesrealidades (independentes, parcialmente dependen-tes e totalmente dependentes) dentro do meio emque esto inseridos, permite a compreenso da im-portncia da atuao dos profissionais da odontologiana rea gerontolgica, j que a mudana no perfildemogrfico no Brasil constata que a populao deidosos cresceu 107% nos ltimos anos, sendo as do-enas crnicas de maior prevalncia na populao.Diante dessa realidade, a promoo de sade bucal

    deve ser inserida como parte integrante de todo umplanejamento multidisciplinar e assistencialista a es-ses idosos, caracterizados por apresentarem proble-mas no sistema estomatogntico, edentulismo, crie,doena periodontal, muitas vezes no diagnosticadose desapercebidos por toda a equipe responsvel.12

    A vivncia da Sade Coletiva com os pacientesportadores de necessidades especiais proporcionauma superao de estigmas, favorecendo o acolhi-mento destes sujeitos para que os futuros profissionaisgeneralistas possam acolh-los dentro da ateno b-

    sica. Esta iniciativa se faz necessria para agregar nova lgica de organizao dos servios em sade que

    vem de encontro com a necessidade de ampliao dosservios odontolgicos para os deficientes mentaisdentro das comunidades. Na lgica do PSF no pos-svel transferir pacientes, apesar de ser possvel reali-

    zar o encaminhamento para tratamentos mais com-plexos. Estas pessoas moram no mesmo bairro,portanto, so de responsabilidade da equipe da re-gio adstrita. Assim, o vnculo e a continuidade exi-gem lidar com eles, processo para o qual os profissio-nais nem sempre esto preparados.

    As visitas peridicas ao Programa de Sade da Fa-mlia - PSF permitem que os alunos tenham uma no-o real de como os Programas de Ateno Bsicaincluindo sade bucal esto atuando junto s comu-nidades. entendido com se d o primeiro contatodo usurio com o sistema de sade (a unidade desade da famlia - USF como porta de entrada dosistema; conhecimento da realidade das famlias sobsua responsabilidade; identificao dos problemas desade mais comuns e situaes de risco aos quais apopulao est exposta; elaborao, com participa-o da comunidade, de um plano local para enfrentaros fatores que colocam em risco a sade; a relao de

    vnculo e responsabilidade entre as famlias e os pro-fissionais de sade; a assistncia contnua, evitandocomplicaes e encaminhamentos desnecessriospara especialistas e hospitais e a referncia e contra-

    referncia. Esta prtica fundamental para que oindivduo se torne sujeito, participando ativamentede seus processos, comprometido com suas decises,geradas atravs de pensamento crtico em relao realidade local.1,11

    As atividades prticas e estgios supervisionadosproporcionam ao estudante a oportunidade de viven-ciar a prtica profissional, conhecer as realidades so-ciais, aplicar os conhecimentos cientficos e desenvol-

    ver a capacitao profissional necessria para oingresso no mercado de trabalho.11,17O objetivo prin-

    cipal deste estgio proporcionar ao estudante, atra-vs de atividades com grau crescente de complexida-de e autonomia, a aproximao do futuro cenrio deprtica profissional, a vivncia e problematizao daforma de organizao social, do modelo assistencial,do trabalho em equipe e das condies de sade dapopulao, o treinamento em servio, conduzindo aaplicao dos conhecimentos adquiridos durante oCurso, alm de desenvolver no estagirio o espritode equipe e de liderana participativa, considerandoos aspectos relevantes nos relacionamentos interpes-

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    Revista da ABENO 10(2):12-9

    A formao do cirurgio-dentista generalista na Universidade Catlica de Braslia

    Cruvinel VRN, Franco EJ, Bezerra L, Alves MM, Miranda AF, Carvalho DR

    18

    soais com chefias, funcionrios e clientes em umaunidade de sade.

    CONCLUSOAtravs deste projeto pedaggico articulado e

    voltado para a formao de um profissional genera-

    lista, o novo egresso do curso de odontologia da Uni-versidade Catlica de Braslia, apresenta potencialpara atender as necessidades da populao tendocomo caractersticas a responsabilidade social, en-tendimento dos determinantes scio-ecolgicos doprocesso sade-doena e da relao entre as doenasbucais e outras doenas sistmicas; agir atravs deuma filosofia de promoo de sade com menos in-terveno clnica, atuar de forma interativa (interdis-ciplinar e multiprofissional), ter competncia parafazer diagnstico clnico e epidemiolgico, alm depossuir slida formao tcnico-cientfica em odon-tologia e formao humanstica e ser um profissionalde sade comprometido para a melhoria da sadeda populao.

    ABSTRACTThe academic training of the general practitioner

    dentist at the Catholic University of Braslia

    This article depicts how the dental clinic experi-ence at the Catholic University of Brasilia influencesthe academic training of the general practitioner den-tist. This training starts with interconnected studies

    in basic areas involving the community core, whereall health course students study the same disciplinesin the first two years of college and have the oppor-tunity of experiencing community problems from theperspective of different fields. From this point on,dental students take the public health disciplines oftheir specific course, which are interrelated to all ar-eas of dentistry, such as: Clinical Pediatric Dentistry,Special Patients, Integrated Clinics, Elderly Care, andinternship at the Department of Health in the Fed-eral District. Like other health professions, dentistry

    must be interconnected with other social areas, sothat a new health concept may be built and consoli-dated. This integration prompts a change in the pro-file of the new professional. It is hoped that thesechanges may guide new graduates to gain critical andreflexive skills that interconnect theoretical and prac-tical knowledge with the concurrent development ofpersonal skills and human relationships, to promotesuch practices as communication, leadership, team-

    work and interaction with community, without slight-ing technical excellence. In this way, dentistry can

    better fit the reality of the Brazilian healthcare setting,which has primary care as a strategy to reorganize thehealth care model.

    DESCRIPTORSEducation, dental. Educational measurement.

    Students, dental. Educational humanization.

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    A formao do cirurgio-dentista generalista na Universidade Catlica de Braslia

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    Aceito em 17/12/2010

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    Clnica de ateno bsica: do discursoterico realidade prticaNelson Rubens Mendes Loretto*, Ileam Duque Porto Pessoa Silva**, Leila ChristianeLima Carneiro Batista**

    * Professor Adjunto Doutor, Orientador

    ** Alunas do 10 perodo do curso de graduao da FOP-UPE,Pesquisadoras

    RESUMOObjetivo: Analisar a coerncia ideolgica de forma-

    o ao verificar se a realidade prtica do treinamentodo estudante do curso de graduao na clnica de aten-o bsica corresponde ao discurso terico contido no

    projeto polticopedaggico do curso. Metodologia: estu-do exploratrio, descritivo, transversal, quanti-qualita-tivo realizado com 35 alunos e 9 docentes da Clnicade Ateno Bsica I e II de uma Faculdade de Odon-tologia do estado de Pernambuco. O estudo quantita-tivo foi utilizou um questionrio com dez situaes deensino/aprendizagem respondido mediante uma es-cala de Likert de 4 opes. O estudo qualitativo utilizoua tcnica de anlise do contedo de Bardin realizadasobre trs questes abertas. A estatstica descritiva einferencial utilizou o teste Qui-Quadrado de Pearson

    e para comparao de mdias o teste de Mann Whitney.Resultados: o teste de comparao de mdias entre alu-nos e docentes da CAB I mostrou significncia somen-te nas situaes de interdisciplinaridade, multidisciplina-ridade e transdisciplinaridade (p = 0,012); seleo de

    pacientes (p = 0,045); e conhecimento e cobrana de conhe-cimentos ministrados nas unidades anteriores (p = 0,001).Na CAB II a associao significativa foi para seleo de

    pacientes(p = 0,004); conhecimento e cobrana dos contedosministrados nas unidades anteriores (p = 0,001); apoio satividades para fins diagnsticos (p = 0,001). Concluses:

    No h coerncia entre o discurso do PPP da instituioe a realidade prtica das CABs I e II; a melhoria natriagem, a interdisciplinaridade e o compromisso ecompetncia docente so as melhorias mais exigidaspelos alunos; e o fortalecimento da interdisciplinari-dade e a organizao dos pronturios so as mais exi-gidas pelos docentes.

    DESCRITORESEducao em odontologia. Ateno primria

    sade. Sade bucal.

    Os princpios da Reforma Sanitria consagrados naLei Orgnica da Sade de n 8.080/1990 e nacriao do Sistema nico de Sade apontaram paraum novo perfil profissiogrfico nas profisses de sade,a includa a Odontologia. Toda formao e ateno

    antes voltada para a doena, agora se volta para o do-ente e suas condies scio-ambientais, refutando aideologia flexneriana que trazia no seu cerne, comoforte elemento de identificao, o biologismo, elemen-to ideolgico determinante na forma de ensinar e dedar assistncia sade.1Dessa aproximao entre Edu-cao e Sade resultaram as Diretrizes CurricularesNacionais (DCN), que tm como iderio bsico fle-xibilizao curricular, com vistas a possibilitar uma s-lida formao de acordo com o estgio de desenvolvi-mento do conhecimento em cada rea, permitindo ao

    graduado enfrentar as rpidas mudanas do conheci-mento e seus reflexos no mundo do trabalho. Desde asua aprovao, os currculos devem ser propostos demodo a contemplar, para cada curso, o perfil acadmi-co e profissional, as competncias, neles estabelecidos,a partir de referncias nacionais e internacionais.2Aformao pretendida sinaliza para o treinamento doestudante na formao e desenvolvimento de habilida-des e competncias clnicas em clnicas de ateno hie-rarquizadas denominadas Clnica de Ateno Bsica(CAB), Clnica de Ateno de Mdia Complexidade

    (CAMC) e Clnica de Ateno de Alta Complexidade(CAAC). A ideologia dessas clnicas deve fazer parte doprojeto poltico-pedaggico (PPP) do curso, superan-do a formao em clnicas estanques, desarticuladas darealidade social e que refletiam ainda o modelo flexne-riano biologicista. Dessa forma, ao elaborar seu PPP ainstituio pesquisada apresentou seu modelo de for-mao no qual se inclui a Clnica de Ateno Bsicacomo primeira experincia clnica do aprendiz, situadano 5 perodo do curso.3A ateno bsica foi definidapela Organizao Mundial de Sade (OMS), em 1978,

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    como ateno essencial baseada em tecnologia e m-todos prticos, cientificamente comprovados e social-mente aceitveis, tornados universalmente acessveis aindivduos e famlias na comunidade por meios aceit-

    veis para eles e a um custo que tanto a comunidadecomo o pas possa arcar em cada estgio de seu desen-

    volvimento, um esprito de autoconfiana e autodeter-minao. parte integral do sistema de sade do pas,do qual funo central, sendo o enfoque principal dodesenvolvimento social e econmico global da comu-nidade. o primeiro nvel de contato dos indivduos,da famlia e da comunidade com o sistema nacional desade, levando a ateno sade o mais prximo pos-svel do local onde as pessoas vivem e trabalham, cons-tituindo o primeiro elemento de um processo de aten-o continuada sade.4 A formao atual emOdontologia obedece a Resoluo CNE/CES n 3, de19 de fevereiro de 2002 da Cmara de Educao Supe-rior do Conselho Nacional de Educao (CNE/CES,2002) que fixou as Diretrizes Curriculares Nacionais deOdontologia que no seu artigo 5, ao tratar das compe-tncias e habilidades especficas estabeleceu no incisoIII que o futuro dentista deve

    atuar multiprofissionalmente, interdisciplinarmente e

    transdisciplinarmente com extrema produtividade na pro-

    moo da sade baseado na convico cientfica, de cida-

    dania e de tica.1

    Esse, sem duvida, o inciso mais importante doiderio da formao, posto que supera a fragmenta-o do ser, remetendo a compreenso do paciente nasua totalidade ou, na chamada viso holstica. Essaparece ser uma das grandes dificuldades das IES naimplantao das Diretrizes Curriculares Nacionais deOdontologia (DCNO), posto que ultrapassar o antigomodelo curricular, de natureza conteudista e fortemarca de poder pelo exerccio das ctedras. Por essarazo, Cordioli (2006) ao pesquisar egresso com atcinco anos de formado sintetizou que

    os principais achados evidenciam aspectos essenciais que

    ainda dificultam a concretizao do perfil de egresso pre-

    conizado pelas Diretrizes Curriculares, especialmente no

    tocante ao preparo para uma prtica generalista da profis-

    so. Salienta-se a falta de articulao da teoria com a pr-

    tica, uma viso da Odontologia descontextualizada da re-

    alidade com conseqente despreparo para atuao no

    mercado de trabalho, uma nfase intra-profissional com

    pouca integrao com as outras reas da sade, uma for-

    mao inadequada para o trabalho no contexto do SUS,

    um preparo inadequado para aes ligadas administra-

    o e gerenciamento da prpria prtica e pouco preparo

    para o relacionamento com o paciente e com os outros

    profissionais da prpria rea.

    O currculo um dos conceitos mais potentes,

    estrategicamente falando, para analisar como a pr-tica se sustenta e se expressa de uma forma peculiardentro de um contexto escolar.5

    A faculdade pesquisada discutiu seu PPP nos anosde 2004 e 2005 e em 2006 chegou redao do do-cumento final de 126 pginas, no qual transparecia aadequao do ensino de graduao s DCNO. A lti-ma reforma curricular dessa instituio tinha sido em1992. A partir de 2008 os ingressantes no curso pas-saram a vivenciar o novo currculo disposto no PPP.

    A discusso que se fez em dois anos trouxe tona osproblemas institucionais mais agudos, a saber:

    carga horria excessiva; falta de interdisciplinaridade; grade curricular engessada; currculo inadequado; contedos repetitivos; aulas magistrais; superlotao de clnicas e laboratrios; e falta de integrao bsico profissional.

    Uma pergunta se fez necessria: a atual formaoclnica orientada pelo discurso terico do PPP da ins-

    tituio pesquisada encontra ressonncia na primeiraexperincia clnica do aluno, denominada Clnica de

    Ateno Bsica?

    MATERIAIS E MTODOSEste estudo, de carter exploratrio e descritivo,

    corte transversal e natureza quali-quantitativa, foi re-alizado em dois momentos distintos, com uma mesmapopulao, a saber: trinta e cinco alunos matriculadosna Clnica de Ateno Bsica I (CAB I)do 5 perodo(equivalentes aos 100% do total de alunos matricula-

    dos) do curso de graduao de uma faculdade deodontologia do estado de Pernambuco e nove docen-tes atuantes na referida clnica e repetido com a mes-ma populao no semestre seguinte quando os alunosforam matriculados na Clnica de Ateno Bsica II(CAB II) no 6 perodo. Foram considerados inclu-dos na pesquisa todos os alunos regularmente matri-culados, sem nenhum regime de dependncia dosemestre anterior ou que estivesse cursando a CAB Icomo disciplina isolada, e os docentes em efetivo exer-ccio das atividades docentes nas CAB I e II. Para a

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    Clnica de ateno bsica: do discurso terico realidade prtica Loretto NRM, Silva IDPP, Batista LCLC

    22

    metodologia quantitativa foi elaborado um questio-nrio dividido em duas partes:

    a primeira para registro de dados sociodemogr-ficos de ambos os grupos. para os docentes: gnero, idade,especialidade

    e titulao e

    para os discentes: gnero e idade.

    A segunda parte do questionrio foi composta pordez situaes de ensino-aprendizagem elaboradasa partir do PPP da instituio e das DCNO e quepodem ser resumidas nas seguintes categorias:1. valores morais e conduta social;2. interdisciplinaridade, multidisciplinaridade

    e transdisciplinaridade;3. integrao com sistema de sade;4. nvel de resolutividade;5. uso de metodologias ativas;6. adequao de necessidades ao nvel de for-

    mao; 7. exigncia e utilizao dos pr-requisitos;8. apoio para construo de diagnstico;9. apoio para plano de tratamento; e

    10. atuao norteada pelo PPP e DCNO.

    Uma escala de Likert foi utilizada com as seguintessub-escalas:

    (0) nunca, (1) algumas vezes,

    (2) muitas vezes e (3) sempre.

    Para conhecer a mdia de avaliao em cada umadas questes oferecidas e que retratavam situaes deensino (docentes) e de aprendizagem (alunos) so-mou-se o valor da resposta de cada aluno e cada do-cente para cada uma das questes, dividindo-se ototal pelo nmero de sujeitos respondentes. O valorencontrado foi a mdia alcanada pela questo emcada grupo pesquisado e esse valor foi interpretado

    segundo a escala de Likert. As mdias de docentes ediscentes foram comparadas e para estatstica infe-rencial utilizou-se o teste de Mann-Whitney. Para ametodologia qualitativa foi utilizada a entrevista diri-gida, devendo cada pesquisado responder trs per-guntas (abertas) condutoras, sem nenhuma interfe-rncia das pesquisadoras. No primeiro momentopensou-se em gravar as respostas, mas o estudo pilotorealizado com 6 alunos e 3 docentes que no fizeramparte da amostra (eram de outro perodo), revelou,por parte dos alunos, a preocupao com a entrevista

    gravada, sugerindo que as respostas s perguntas fos-sem dadas por escrito. Assim foi feito. Todas as res-postas forma analisadas segundo a tcnica da anlisede contedo6 utilizando-se as estratgias propostaspor Minayo,7a qual inclui a pr-anlise, a exploraodo material ou codificao e o tratamento dos resul-

    tados obtidos.

    RESULTADOS E DISCUSSODo ponto de vista quantitativo a amostra discente

    revelou-se predominantemente feminina (80%) se-guindo uma tendncia natural nos cursos de Odonto-logia com a presena sempre majoritria das mulherese a idade mdia masculina foi de 21,7 anos e femininade 21,6 anos. Entre os docentes 55,6% eram homense 44,4% mulheres. A titulao apontou 77,8% de dou-tores; 11,1% de especialista e 11,1% de ps-doutor. Asdisciplinas com maior nmero de docentes foram Pe-riodontia e Dentstica com 33,3% dos professores cadauma. Olhando o conjunto das respostas de alunos eprofessores e levando em considerao as sub-escalasde respostas (nunca, algumas vezes, muitas vezes esempre) o resultado comparativo entre as duas cate-gorias amostrais foi expresso conforme a Tabela 1.

    A diferena entre as mdias foi muito elevada naresposta NUNCA pois o valor dos docentes foi 5,96

    vezes maior do que o dos alunos quando atriburamNUNCA a sua situao de ensino. Ou seja, os profes-sores reconhecem que nunca realizam ou proce-

    dem em uma determinada atuao na sua situao deensino, mas isso no percebido pelo aluno na suasituao de aprendizagem. Claro est que aqui esta-mos falando do conjunto das situaes. Para melhorentendermos o problema em cada questo isolada-mente, foi construda a Tabela 2 a que compara amdia de respostas de alunos e docentes.

    A questo 2 trata dos conceitos de interdisciplina-ridade, multidisciplinaridade e transdisciplinaridadeque modernamente devem fazer parte dos processospedaggicos de formao, especialmente na rea da

    sade.A questo 6 invoca algo que podemos considerarum n crtico da CAB, qual seja, a seleo de pacien-

    Resposta NuncaAlgumas

    vezesMuitasvezes

    Sempre

    Alunos 2,8 39,8 40,4 17,0

    Docentes 16,7 23,3 32,2 27,8

    Tabela 1 -Distribuio relativa da mdia de respostas dealunos e docentes segundo a sub-escala.

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    Clnica de ateno bsica: do discurso terico realidade prtica Loretto NRM, Silva IDPP, Batista LCLC

    tes. Se alunos revelaram que recebem pacientes comnecessidades incompatveis com seu nvel de forma-o, docentes confirmaram essa questo ao afirma-rem que nunca ou algumas vezes participam dessaseleo (77,%). Por fim a questo 7 suscita uma falharecorrente no ensino da instituio, na qual docentesde uma disciplina desconhecem o que ensinado nasdemais disciplinas, e cuja associao foi a mais signi-ficativa nessa comparao de mdias. Isso revela umafalta de integrao horizontal do curso, uma vez que

    entre os docentes essa falha foi de 88,9% ao se com-binarem as respostas NUNCA e ALGUMAS VEZES,mas entre os alunos a cobrana desses conhecimentosprvios mostrou um resultado contraditrio, postoque 40,0% o percentual mdio de combinao dasrespostas MUITAS VEZES e SEMPRE entre os alunosdas CAB I. Ou seja, apesar do professor no ter co-nhecimento do que foi ministrado nas unidades pr-

    vias, o aluno registrou a cobrana desse conhecimen-to que pode ocorrer por simples intuio da parte dodocente. Raciocnio idntico foi aplicado na compa-

    rao de mdias entre docentes e alunos da CAB II

    (Tabela 3).Aqui a significncia da associao se deu nas ques-

    tes 6, 7 e 9. A exemplo da CAB I as questes 6 e 7foram recorrentes, o que significa dizer que persisteentre os alunos e docentes as dificuldades relativas seleo de pacientes e o os conhecimentos ministra-dos nas unidades prvias. Nessa comparao surgiuum dado novo, qual seja a significncia estatstica en-tre as mdias da questo 9 que se refere participaodocente na elaborao do plano de tratamento arti-culando especialidades e especialistas dentro da viso

    holstica que deve ter o processo. Se 50,0% dos do-centes afirmaram que MUITAS VEZES ou SEMPREparticipam efetivamente dessa situao de ensino,apenas 22,9% dos alunos da CAB II reconheceramessa participao, indicando um aspecto contradit-rio nas respostas. Na tentativa de saber se havia asso-ciao entre a resposta dos alunos com gnero e ida-de e a resposta dos docentes com gnero e titulao,procedeu-se a anlise estatstica utilizando o teste doQui-Quadrado de Pearson e somente uma associaomostrou-se significativa, entre a Q3 Minha orienta-

    Tabela 2 - Teste de Mdias entre alunos e docentes daCAB I.

    Questo Grupo N MdiaDesviopadro

    Valor dep(1)

    Q1Alunos 35 2,09 0,658

    0,308Docentes 9 2,33 0,707

    Q2 Alunos 35 1,23 0,646 0,012Docentes 9 1,89 0,782

    Q3Alunos 35 1,34 0,873

    0,088Docentes 9 1,89 0,928

    Q4Alunos 35 1,97 0,857

    0,686Docentes 9 1,89 0,782

    Q5Alunos 35 1,43 0,739

    0,213Docentes 9 1,78 0,972

    Q6Alunos 35 1,26 0,657

    0,045Docentes 9 0,78 1,093

    Q7

    Alunos 35 1,97 0,618

    0,001Docentes 9 1,00 0,866

    Q8Alunos 35 1,94 0,765

    0,085Docentes 9 2,33 1,323

    Q9Alunos 35 1,89 0,758

    0,099Docentes 9 2,33 0,500

    Q10Alunos 35 1,34 0,725

    0,098Docentes 9 0,89 1,054

    MdiaAlunos 1,64

    Docentes 1,71

    (1)Atravs do teste de Mann-Whitney.

    Tabela 3 - Teste de Mdias entre alunos e docentes daCAB II.

    (1)Atravs do teste de Mann-Whitney.

    Questo Grupo N MdiaDesviopadro

    Valor dep(1)

    Q1Alunos 35 2,17 0,707

    0,536Docentes 9 2,33 0,707

    Q2 Alunos 35 1,83 0,747 0,826Docentes 9 1,89 0,782

    Q3Alunos 35 1,6 0,651

    0,198Docentes 9 1,89 0,928

    Q4Alunos 35 1,97 0,747

    0,766Docentes 9 1,89 0,782

    Q5Alunos 35 1,34 0,639

    0,121Docentes 9 1,78 0,972

    Q6Alunos 35 1,89 0,758

    0,004Docentes 9 0,78 1,093

    Q7

    Alunos 35 2,17 0,707

    0,001Docentes 9 1,00 0,866

    Q8Alunos 35 1,86 0,733

    0,053Docentes 9 2,33 1,323

    Q9Alunos 35 1,51 0,612

    0,001Docentes 9 2,33 0,5

    Q10Alunos 35 1,31 0,832

    0,137Docentes 9 0,89 1,054

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    Clnica de ateno bsica: do discurso terico realidade prtica Loretto NRM, Silva IDPP, Batista LCLC

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    o ao aluno de que a sua prtica seja realizada deforma integrada e contnua com as demais instnciasdo sistema de sade, sendo capaz de pensar critica-mente, de analisar os problemas da sociedade e deprocurar solues para os mesmos e a titulao do-cente com p = 0,045. Todas as demais associaes no

    foram significativas, com p > 0,050.Na abordagem qualitativa a anlise de contedodas respostas 1 questo (Em sua opinio, qual a im-

    portncia da Clnica de Ateno Bsica na formao dofuturo cirurgio-dentista, considerando que ela a primeiraexperincia clnica do estudante?)permitiu identificar,no discurso discente, cinco categorias temticas:a)viso holstica do paciente na profisso (28,6%);b) desenvolvimento de habilidades clnicas (20,0%);c) aprender a lidar com pacientes (17,1%);d) atendimento integrado (17,1%); ee) preparo para o SUS (8,6%).

    Entre os docentes, para essa mesma questo, fo-ram identificadas as categorias:a) prtica clnica integrada (44,4%);b)viso holstica (33,3%);c) primeiro contato com o paciente (33,3%); ed) adquirir prtica clnica (22,2%).

    Comparando-se essas duas ltimas categoriza-es possvel observar que h uma convergnciade contedos entre as respostas dos alunos e dos

    docentes. Ambos pensam de forma semelhante noque diz respeito importncia da Clnica de AtenoBsica, diferindo apenas na hierarquizao dessaimportncia, pois enquanto os docentes preocu-pam-se com o treinamento do aluno numa prticaclnica integrada, os alunos consideram que a visoholstica do paciente na profisso a primeira grandelio da CAB. Essa convergncia indica que o pres-suposto ideolgico contido no PPP da instituiotem alguma ressonncia na prtica clnica, posto queao discorrer sobre as competncias gerais, est refe-

    rido, com base nas DCNO, que o esforo pedaggi-co da instituio deve

    (...) Concorrer para formao de um cirurgiodentista

    generalista, com capacidade e habilidade para examinar

    o paciente dentro de uma concepo holstica e planejar

    tratamentos baseados em evidncias cientificas.

    A viso do aluno aponta para a importncia da CABna formao, desocultando claramente a importnciado conhecimento sobre o SUS como orientador dessa

    formao. Contudo, surge uma dvida: os docentesesto conscientes dessa orientao? Outro aspecto sin-gular sobre a importncia da integrao tanto noplano horizontal (as disciplinas/especialidades) quan-to no plano vertical (complexidade dos contedos).

    Aqui chama a ateno a importncia que se deve a

    transversalidade de certos contedos como relaeshumanas no trabalho, ergonomia, princpios da admi-nistrao aplicados Odontologia, filosofia de traba-lho, etc., contedos este ministrados no 3 perodo,mas que parecem no ser do conhecimento dos do-centes das CABs. A anlise de contedo das respostas 2 questo (A CAB est estruturada para o atendimentodas necessidades dos alunos e dos pacientes? Justifique suaresposta)indicou dois tipos de anlise. A primeira, quan-titativa, em que a resposta no obteve 91,6% de respos-tas tanto na CABI quando na CAB II entre os alunos e98,9% entre os docentes. A segunda quando o discur-so revela que a triagem deficiente est presente em20,9% das falas dos alunos, seguida de falta de com-promisso de alguns professores (15,2%), planejamen-to deficiente com 13.3% e falta de interdisciplinarida-de (10,5%) as cinco falas que se destacaram numconjunto de doze razes que justificaram a respostano a pergunta formulada. Entre os docentes as razesmais fortes foram falha na triagem, espao reduzido efalta de assiduidade de alguns professores, todas com20% de ocorrncia. Um olhar atento s respostas per-mitiu observar que h defeitos de gerenciamento, fal-

    ta de planejamento, baixa motivao docente, falta deintegrao, inobservncia de princpios fundamentais,entre outras observaes. As respostas de alunos e pro-fessores revelam um quadro de angstia, mas entre osalunos e um nico docente h um sinal de esperana.Imaginamos ser desanimador a conscincia crtica deque o processo est errado e no vislumbrar nenhumasada de curto prazo. A anlise de contedo das respos-tas 3 questo (Que sugestes voc oferece para a melhoriada Clnica de Ateno Bsica como parte integrante da for-mao do futuro cirurgio-dentista?)permitiu identificar

    que para os alunos, num conjunto de dezesseis suges-tes, as maiores necessidades de correo devem se darna correta triagem dos pacientes que devem ter neces-sidades compatveis com o nvel de formao; na me-lhoria do planejamento das atividades por parte dosprofessores; capacitao docente para exerccio da in-terdisciplinaridade; maior empenho, dedicao, en-

    volvimento e dedicao de alguns professores; melho-ria do espao fsico da clnica. Entre os docentes assugestes de melhoria puderam ser agrupadas em trscategorias bsicas:

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    fortalecimento da interdisciplinaridade; organizao dos pronturios; melhoria na triagem e no espao fsico.

    O conjunto dessa respostas revela que se do ladodo aluno o apelo quase desesperador em relao

    ao compromisso docente que vai desde a compreen-so dos objetivos da CAB, passando pelo PPP da FOP,insistindo na assiduidade e na competncia para for-mar, do lado docente h reconhecimento da faltadesse conhecimento sobre o PPP, a negligncia nocumprimento da ao integrada, o abandono de va-lores fundamentais como compromisso, assiduidadee competncia pedaggica. O docente que apelapara o retorno velha formatao das clnicas estan-ques seguramente no est atualizado suficientemen-te em relao s DCNO e parece fazer coro com aafirmao de Marsiglia (1995) quando aquele autoralertava para o modelo de prtica baseado na con-cepo mecanicista da Odontologia com uma fortetendncia especializao precoce por parte do alu-no. Os achados de nosso estudo reclamam por umamelhoria didtica e pedaggica dos docentes,8e aformao do aluno deve contemplar suas dimensescognitivas, psicomotoras e afetivas, de modo a pre-par-lo para atuar de forma tecnicamente perfeita,eticamente aceitvel, socialmente justa e reveladorade cidadania.9Mesmo que ateno ao paciente sejaindividualizada, ainda assim deve haver uma preocu-

    pao com as aes coletivas que podem ser realiza-das no mbito da CAB. Uma no exclui a outra, pelocontrrio, reforam-se mutuamente. O que parecede fato estar acontecendo que a formao se d deforma individualista, excessivamente tcnica e comdominncia da especializao de forma antagnicaao que preconizam as DCNO.10A postura docentedeve ultrapassar o estreito limite da tcnica e desa-guar numa formao que priorize a cidadania, reva-lorize conceitos tico-morais e d ao aluno a autono-mia e a confiana suficientes para produo e

    ressiginificao de conhecimentos. Os alunos, decerta forma, reclamam por isso, pois talvez percebamque as tcnicas ensinadas hoje logo estaro em desu-so, e, mais importante do que conhec-las e sab-lasexecutar com grande preciso, criar hbitos e m-todos que valorizem o auto-aprendizado, a aborda-gem, crtica dos conhecimentos e a permanente in-quietao.11A partir da recategorizao do contedodas respostas de alunos e professores foi possvel in-dicar os eixos condutores das intervenes a seremprocedidas na melhoria da CAB, a saber:

    1) compreenso e atuao na estratgia de ateno sade;

    2) fortalecimento da interdisciplinaridade na