reestruturacao industrial sindicato e territorio alternativas politicas em momentos de crise na...

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Revista Crítica de Ciências Sociais 85 (2009) Número não temático ................................................................................................................................................................................................................................................................................................ José Ricardo Ramalho, Iram Jácome Rodrigues e Jefferson José da Conceição Reestruturação industrial, sindicato e território – Alternativas políticas em momentos de crise na região do ABC em São Paulo – Brasil ................................................................................................................................................................................................................................................................................................ Aviso O conteúdo deste website está sujeito à legislação francesa sobre a propriedade intelectual e é propriedade exclusiva do editor. Os trabalhos disponibilizados neste website podem ser consultados e reproduzidos em papel ou suporte digital desde que a sua utilização seja estritamente pessoal ou para fins científicos ou pedagógicos, excluindo-se qualquer exploração comercial. A reprodução deverá mencionar obrigatoriamente o editor, o nome da revista, o autor e a referência do documento. Qualquer outra forma de reprodução é interdita salvo se autorizada previamente pelo editor, excepto nos casos previstos pela legislação em vigor em França. Revues.org é um portal de revistas das ciências sociais e humanas desenvolvido pelo CLÉO, Centro para a edição eletrónica aberta (CNRS, EHESS, UP, UAPV - França) ................................................................................................................................................................................................................................................................................................ Referência eletrônica José Ricardo Ramalho, Iram Jácome Rodrigues e Jefferson José da Conceição, « Reestruturação industrial, sindicato e território – Alternativas políticas em momentos de crise na região do ABC em São Paulo – Brasil », Revista Crítica de Ciências Sociais [Online], 85 | 2009, posto online no dia 01 Dezembro 2012, consultado o 30 Janeiro 2013. URL : http://rccs.revues.org/369 Editor: Centro de Estudos Sociais http://rccs.revues.org http://www.revues.org Documento acessível online em: http://rccs.revues.org/369 Este documento é o fac-símile da edição em papel. © CES

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  • Revista Crtica de CinciasSociais85 (2009)Nmero no temtico

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    Jos Ricardo Ramalho, Iram Jcome Rodrigues e Jefferson Jos daConceio

    Reestruturao industrial, sindicato eterritrio Alternativas polticas emmomentos de crise na regio do ABCem So Paulo Brasil................................................................................................................................................................................................................................................................................................

    AvisoO contedo deste website est sujeito legislao francesa sobre a propriedade intelectual e propriedade exclusivado editor.Os trabalhos disponibilizados neste website podem ser consultados e reproduzidos em papel ou suporte digitaldesde que a sua utilizao seja estritamente pessoal ou para fins cientficos ou pedaggicos, excluindo-se qualquerexplorao comercial. A reproduo dever mencionar obrigatoriamente o editor, o nome da revista, o autor e areferncia do documento.Qualquer outra forma de reproduo interdita salvo se autorizada previamente pelo editor, excepto nos casosprevistos pela legislao em vigor em Frana.

    Revues.org um portal de revistas das cincias sociais e humanas desenvolvido pelo CLO, Centro para a edioeletrnica aberta (CNRS, EHESS, UP, UAPV - Frana)

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    Referncia eletrnicaJos Ricardo Ramalho, Iram Jcome Rodrigues e Jefferson Jos da Conceio, Reestruturao industrial, sindicatoe territrio Alternativas polticas em momentos de crise na regio do ABC em So Paulo Brasil, Revista Crticade Cincias Sociais [Online], 85|2009, posto online no dia 01 Dezembro 2012, consultado o 30 Janeiro 2013. URL:http://rccs.revues.org/369

    Editor: Centro de Estudos Sociaishttp://rccs.revues.orghttp://www.revues.org

    Documento acessvel online em: http://rccs.revues.org/369Este documento o fac-smile da edio em papel. CES

  • Revista Crtica de Cincias Sociais, 85, Junho 2009: 147-167

    JOS RICARDO RAMALHOIRAM JCOME RODRIGUESJEFFERSON JOS DA CONCEIO

    Reestruturao industrial, sindicato e territrio Alternativas polticas em momentos de crisena regio do ABC em So Paulo Brasil*

    Este texto prope-se discutir os efeitos sociais e polticos de crises e transformaes econmicas sobre a histria de distritos industriais, constitudos a partir da concen-trao de empresas de grande porte e de seus desdobramentos em termos de redes de pequenas e mdias empresas. Tomando como exemplo a trajetria do principal distrito industrial brasileiro, consolidado a partir de meados do sculo xx em uma regio que ficou conhecida como ABC, e no contexto de um pas em busca de uma vocao manufatureira, pretendemos contribuir para o debate sobre o papel dos territrios e seus atores sociais, em especial os trabalhadores e seus sindicatos, em situaes de crise da produo e do emprego, relacionadas dinmica das cadeias produtivas em uma economia mundializada.

    Palavras-chave: Reestruturao industrial, trabalhadores, sindicatos no Brasil, territ-rios produtivos, regio do ABC-Brasil.

    A proposta do texto discutir os efeitos sociais e polticos de crises e transformaes econmicas sobre a histria de distritos industriais, consti-tudos a partir da concentrao de empresas de grande porte e de seus desdobramentos em termos de redes de pequenas e mdias empresas. Tomando como exemplo a trajetria do principal distrito industrial brasi-leiro, consolidado a partir de meados do sculo xx em uma regio que ficou

    * Este texto se beneficia de parte dos resultados das seguintes pesquisas que vm sendo desenvol-vidas pelos autores: Trabalho, distritos industriais e novas estratgias de desenvolvimento regional, Trabalho, sindicato e desenvolvimento regional: estudo comparativo entre as regies do ABC Paulista e do Sul Fluminense e Quando o apito da fbrica silencia: sindicatos, empresas e poder pblico diante do fechamento de indstrias e da eliminao de empregos na Regio do ABC, que contam com o apoio do CNPq e da Faperj (Programa Cientistas do Nosso Estado e Pensa Rio).

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    conhecida como ABC, e no contexto de um pas em busca de uma vocao manufatureira, pretendemos contribuir para o debate sobre o papel dos territrios e seus atores sociais, em especial os trabalhadores e seus sindi-catos, em situaes de crise da produo e do emprego, relacionadas dinmica das cadeias produtivas em uma economia mundializada.

    Embora na histria da sua formao urbana houvesse desde o incio sinais de uma vocao industrial, foi com os investimentos do setor metal-mecnico (montadoras de veculos, fabricantes de autopeas, indstria de bens de capital, eletroeletrnica) e do setor qumico, a partir dos anos 950, que a regio do ABC, localizada na periferia da cidade de So Paulo, se transfor-mou no maior aglomerado industrial da Amrica Latina e desde ento se caracterizou pela presena expressiva de firmas multinacionais e pela for-mao de um conjunto substantivo de empresas fornecedoras de pequeno e mdio porte; pela constituio de uma classe operria e de um sindicalismo ativo e com poder de presso poltica; e pelo crescimento urbano e popula-cional, atravs de um intenso processo migratrio.

    A crise desta regio, a partir dos anos 990, relacionada com o processo de reestruturao produtiva das empresas globais, resultou no fechamento de fbricas, no aumento do desemprego, e no deslocamento de investimen-tos produtivos para outras localidades (cf. Conceio, 2008 e Jcome Rodrigues e Ramalho, 2007). A gravidade da situao social imposta pela nova conjuntura econmica colocou em xeque a proposta produtiva ante-rior, de base fordista, e impulsionou a criao de instncias institucionais com vista a propor alternativas e novas estratgias regionais de desenvolvi-mento, reunindo diferentes foras sociais, inclusive os sindicatos mais militantes. A crise econmica de 2008 tambm atingiu a regio de forma grave em termos da reduo das atividades econmicas e do aumento das demisses, e os mecanismos polticos articulados na dcada de 990 esto, na atual conjuntura, sendo acionados para buscar solues para as novas necessidades colocadas pelo desemprego e pela recesso.

    O surgimento da Cmara Regional do ABC, em meados dos anos 990, nos servir de exemplo para discutir possveis situaes de inovao insti-tucional e de novos espaos pblicos de deciso que seriam articuladas pelas localidades como reao aos sinais de crise e de mudanas econmicas, colocando em questo frmulas anteriores da relao entre empresas e territrios produtivos. Apesar das dificuldades inerentes a um processo de

    O ABC composto por sete municpios situados na Regio Metropolitana do Estado de So Paulo: Santo Andr, So Bernardo do Campo, So Caetano do Sul, Diadema, Mau, Ribeiro Pires e Rio Grande da Serra. Por sua proximidade e vizinhana, a regio foi muitas vezes tratada como subrbio ou periferia urbana da cidade de So Paulo.

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    construo institucional de grande dimenso, tentaremos mostrar no texto que, na regio do ABC, as novas prticas de participao implementadas ao longo dos ltimos vinte anos produziram decises de razovel consenso sobre polticas pblicas e privadas entre os atores locais, com o objetivo de incluir diferentes foras sociais no processo decisrio sobre a recuperao econmica regional e a discusso sobre novas formas de investimento.

    Pretendemos tambm discutir o papel dos trabalhadores e de seus rgos de representao nesse processo, sugerindo a hiptese de que o acmulo de fora poltica e capacidade de articulao em nvel nacional e internacional, como o caso do sindicalismo no ABC, mesmo em uma conjuntura desfavorvel, tem um efeito fundamental para a continuidade desses novos arranjos institucionais, e impulsiona as entidades sindicais na direo de uma posio propositiva nos fruns de debate e elaborao de estratgias voltadas para um tipo de desenvolvimento econmico atento s questes sociais.

    Em termos tericos, nossa proposta trabalha com uma concepo de localidade que, como diz Cooke (989: 296), no pode ser vista apenas como mera receptora de algo decidido em processos nacionais e interna-cionais, mas que est ativamente envolvida na sua transformao, mesmo que no tenha controle total sobre seu prprio destino. As localidades no seriam apenas lugares ou mesmo comunidades. Elas seriam a soma de energia social e agncia, e o resultado da aglomerao de diversos indivduos, grupos ou interesses sociais no espao; no seriam passivas ou residuais, mas, de vrios modos e graus, centros de conscincia coletiva.

    O texto tenta tambm incorporar elementos do debate atual sobre dis-tritos industriais, que, a partir de definies anteriores de Marshall (920) e das experincias dos distritos industriais italianos (Sengemberger e Pike, 999: 0-03), destacam a importncia poltica e organizacional das peque-nas e mdias empresas no contexto dos territrios produtivos. Polticas voltadas para a organizao e promoo desse perfil de empresa teriam, em princpio, a capacidade de criar um tipo de proteo contra a dominao das grandes empresas e a dependncia em relao a elas.

    No que diz respeito concepo de desenvolvimento territorial, vamos trabalhar com a percepo que a entende como uma construo de atores (Pecqueur, 2005: ,2). Os territrios so concebidos como espaos socialmente criados e organizados pelos atores sociais, a partir dos seus ativos e recursos, como condies e capacidades para materializar inovaes tcni-cas e sociais, alm de gerar sinergias positivas entre os responsveis pelas atividades produtivas (tecido empresarial) e a comunidade (tecido cida-do). (Pires e Verdi, 2007: -2).

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    Do nosso ponto de vista, a experincia do ABC traz bons elementos para um debate sobre a relao entre atores sociais, com interesses e posi-es econmicas e polticas diversas, em territrio produtivo, o que pode significar:

    a) a criao das condies necessrias emergncia de atividades pro-dutivas capazes de incorporar setores da populao esfera da cidadania, dando conotao poltica ao universo produtivo (Cocco et al., 999: 28);

    b) o estabelecimento de uma nova ordem econmica regional na qual h um domnio coletivo de exterioridades [...], que deve ser gerenciado por instituies pblicas, mas que, segundo Scott (999: 30-3), depen-dendo das condies, tradies e conscincia poltica locais poderia ocorrer sob a forma de associaes civis (incluindo, por ex., alianas industriais, sindicatos operrios, ou grupos comunitrios), ou de parcerias pblico- -privadas, ou mesmo qualquer outro tipo de organizao que possua legi-timidade necessria e os poderes sociais indispensveis;

    c) o reconhecimento da populao de uma cidade como protagonista de desenvolvimento local e poltico, o que requer uma viso estratgica do novo papel das cidades no cenrio internacional. Segundo Klink (2003: 33), cidade no sinnimo de governo local, e hoje h uma busca de parcerias com apoiadores e gestores locais, criando-se interfaces com ONGs, setor privado, universidades, redes, etc.;

    d) a possibilidade de conciliar as demandas da governana com os ideais da cidadania. De acordo com Guimares e Martin (200: 5-6), nesse novo contexto, notvel no somente a diversificao dos protagonistas como ainda a transfigurao dos seus espaos de interveno nas disputas em torno de uma definio da cidadania no mbito das relaes sociais que regulam a vida econmica.

    Breve histria do ABC PaulistaNo final do sculo xix, a regio do ABC se caracterizava por uma economia agrcola, voltada para a subsistncia e para o abastecimento da cidade de So Paulo, embora j houvesse alguma produo manufatureira. Este cen-rio muda com a implantao da primeira ferrovia do estado de So Paulo, a partir de 867, voltada para o escoamento do caf que vinha das fazen-das do interior do estado para o principal porto brasileiro, em Santos. Ao lado do incremento do fluxo comercial, a ferrovia gerou tambm uma srie de impactos urbanos, estruturando na prtica o territrio e sua urbaniza-o, e ajudou a impulsionar a expanso de manufaturas: fbricas de cer-micas, mveis, cimento, txteis, chapus, curtumes, vinhos, charutos, sabo, velas, carvo, leos lubrificantes, etc.

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    Nesse contexto, estavam dadas as condies histricas para o surgimento da indstria na regio, nas primeiras dcadas do sculo xx: mo-de-obra livre, assalariamento, demanda interna de produtos de primeira necessidade e recursos financeiros provenientes da exportao do caf. Deve-se notar, no entanto, que at meados da dcada de 950, o processo de industriali-zao foi de natureza restrita e tardia (se comparada com os pases j indus-trializados) e ficou limitada aos segmentos produtores de bens-salrio (alimentos, vesturio, calados, higiene e limpeza, entre outros).

    A regio do ABC tornou-se o epicentro da industrializao brasileira a partir da segunda metade da dcada de 950, como resultado do Plano de Metas do governo Kubitschek (956-960), que tinha como proposta atrair novos investimentos internacionais em setores-chave da indstria.

    Por sua localizao estratgica, entre o principal porto do pas (Santos) e o principal mercado consumidor (So Paulo), pela experincia anterior de empresrios e trabalhadores com a atividade industrial, pela infraestru-tura ferroviria e rodoviria e pela existncia de grandes reas verdes dis-ponveis a preos baixos, somadas aos incentivos dos governos municipais (acesso a gua, energia eltrica, esgoto, transporte, entre outros), a Regio do ABC foi escolhida pelas empresas multinacionais da indstria automo-bilstica para receber os investimentos relativos sua implantao no Brasil. A histria da indstria automobilstica se confunde com a histria da regio. No final da dcada de 970, a Regio do ABC representava cerca de 80% da produo nacional de veculos no Brasil, e ao final da dcada de 980, concentrava 200 estabelecimentos produtores de autopeas, representando 20% do total no pas (Conceio, 200: 52).

    Destaque tambm deve ser dado indstria de insumos. A cadeia qumica e petroqumica, fornecedora de alguns dos insumos bsicos para a indstria metal-mecnica, adquiriu tamanho peso na economia regional, que, junto com a indstria automobilstica, representam ainda hoje quase a metade do valor adicionado na economia regional.

    Nos anos 980, o setor industrial apresentou taxas elevadas de cresci-mento, mas grande parte das decises continuaram sendo determinadas de maneira exgena, isto , fora da regio. A estrutura construda conforme os padres do modelo fordista de produo no estimulou a participao ou uma cultura de cooperao entre os atores sociais das localidades (cf. Scott, 999), o que acabou dificultando, na dcada de 990, a busca de alternativas coletivas para a revitalizao do setor industrial em crise. Segundo Klink (200: 38), a economia do ABC se caracterizou pela pre-sena expressiva de grandes empresas multinacionais, em um regime de alta proteo tarifria, sem ter enfrentado exigncias mais estratgicas no

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    mbito de uma poltica industrial nacional, como, por exemplo, a transfe-rncia de tecnologia para a indstria local, mais particularmente para a rede de micro e pequenas empresas, o que constituiu um distrito industrial extremamente hierrquico e fragmentado, com pouca articulao entre os setores dinmicos da indstria.

    O desenvolvimento do distrito industrial e a formao da classe operriaAs fbricas construdas na dcada de 950 requeriam a contratao de grandes contingentes de trabalhadores. A maior delas, a fbrica da Volkswagen, fundada em 957, passou de cerca de 5 mil trabalhadores em 959 para quase 44 mil no final da dcada de 970. As oportunidades de emprego na indstria atraram migrantes de diferentes lugares do pas, boa parte de zonas rurais, resultando tambm em um expressivo cresci-mento populacional. De um pequeno ncleo urbano, com cerca de 90 mil habitantes, em 945, a regio ultrapassou 2 milhes de pessoas na dcada de 990.

    A contratao de migrantes, a maioria de baixa qualificao, no se dava pelas montadoras de veculos, empresas de tecnologias mais avanadas. Com freqncia esses operrios faziam uma trajetria no mercado de tra-balho que comeava nas empresas menores, onde aprendiam a atividade metalrgica, para em seguida serem contratados pelas montadoras, aps um treinamento especial. Esse processo de diferenciao atingiu tambm os salrios.

    A presena de um nmero expressivo de trabalhadores na regio criou tambm condies para a existncia de um movimento sindical atuante e protagonista de eventos polticos importantes na histria recente do pas. A regio j contava com uma tradio de luta operria constituda nas primeiras atividades manufatureiras do incio do sculo xx, marcada pela influncia poltica do anarco-sindicalismo, e que permaneceu a partir de 925, com a presena do Partido Comunista no ABC e com sua insero nas fbricas e nos sindicatos. Em 947, a regio elegeu o primeiro prefeito comunista e de origem operria do pas.

    Essa tradio de resistncia se renovou com o surgimento do movimento conhecido como novo sindicalismo, que teve o ABC como bero e que se manifestou de modo mais explcito durante as greves dos metalrgicos nos anos de 978, 979 e 980 (cf. Almeida, 996; Cardoso, 999b; Comin, 994; Jcome Rodrigues, 997; Rodrigues, 99; Vras, 2002, entre outros). Esse movimento desafiou a ditadura militar instaurada em 964, ao no cumprir publicamente a legislao anti-greve e ao questionar a subor-dinao dos sindicatos ao Ministrio do Trabalho. Sua legitimidade foi

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    reforada pelo trabalho poltico realizado nos locais de trabalho. A regio do ABC , ainda hoje, uma das poucas regies em que os trabalhadores esto organizados nos locais de trabalho, seja em comisses de fbricas e/ou em comits sindicais de empresa. Por exemplo, na base do sindicato dos metalrgicos do ABC, em 2008, existiam 0 fbricas com comits sindicais de empresa, o que representava, aproximadamente, 85% do total dos trabalhadores do sindicato.

    O perodo dos anos 970 e incio dos anos 980 ficou marcado por muitos conflitos, com diversos tipos de greves e paralisaes, e com as aes sindicais duramente reprimidas dentro e fora das empresas, alm de inter-venes do Ministrio do Trabalho nos sindicatos e do afastamento e prises de seus dirigentes. A luta trabalhista dos metalrgicos por melhores sal-rios, condies de trabalho e pelo direito livre organizao sindical foi vista tambm como um ato poltico de enfrentamento do regime militar e pela redemocratizao do pas. Este fato deu s greves uma conotao nacional e um reforo ao movimento pelo retorno das liberdades democr-ticas. A regio do ABC, o principal centro industrial do pas, tornou-se naquele momento um palco importante de contestao ao autoritarismo poltico vigente.

    A crise econmica e social dos anos 10Se a dcada de 950 ficou marcada pelo empenho dos governos brasileiros em atribuir prioridade mxima industrializao, a dcada de 990 repre-sentou a abertura econmica para os mercados internacionais e o fim do processo de substituio de importaes, em um contexto de rigidez nas polticas monetria e fiscal e de difuso do novo modelo de produo em substituio ao padro fordista. Nesse novo contexto, prevaleceram polti-cas de governo favorveis ao Estado Mnimo e contrrias a incentivos e salvaguardas e, com relao reestruturao das empresas, um forte enxu-gamento do contingente operrio e at mesmo, algumas vezes, do fecha-mento da unidade produtiva.

    A partir da dcada de 990, a regio do ABC deixou de ser vista como smbolo da modernidade e passou a ser apontada como o lugar do atraso e das ineficincias geradas pelo antigo modelo de industrializao por subs-tituio de importaes. No entanto, foi como resposta ao questionamento de sua vocao que se criou, no incio da dcada, a Cmara Setorial da indstria automobilstica (cf. Arbix, 996 e 997; Oliveira, 992 e 993; Diniz, 993; Cardoso e Comin, 995 e Cardoso, 999a; Bresciani e Benites Filho, 995; Anderson, 999; Silva, 997). Esta experincia de negociao tripartite (sindicatos, empresas e governo) foi inovadora quanto elabora-

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    o de uma poltica industrial, por ter exercitado um mecanismo democr-tico de gesto pblica setorial, e porque representou um aprendizado para os atores sociais da regio do ABC que iria se refletir mais tarde na criao da Cmara Regional do ABC, em 997.

    A Cmara Setorial no foi indita no Brasil apenas pelo seu formato tripartite, mas tambm pelo contedo da negociao. Com os acordos obtidos, embora tenham sido de curto prazo, houve uma queda nos preos dos veculos, uma reduo das alquotas de impostos federais e estaduais e uma diminuio de margens de lucro ao longo da cadeia produtiva. Ao mesmo tempo, estabeleceu-se uma correo mensal de salrios e a manu-teno do nvel de emprego. O resultado imediato foi o crescimento da produo nacional de veculos, dos postos de trabalho e da arrecadao de impostos.

    revelia dos bons resultados quantitativos e qualitativos da Cmara Setorial, esta iniciativa foi abandonada pelo Governo Cardoso (995-2002), em boa parte porque no combinava com o modelo econmico implemen-tado pelo Plano Real, que se baseava em uma economia mais aberta, no aumento da carga tributria e no baixo alcance das polticas industriais. Em 995, a expanso das importaes do setor automobilstico foi um dos principais motivos do desequilbrio na balana comercial brasileira e, para reduzir o dficit neste setor, o Governo Cardoso criou o regime automo-tivo, que consistia em incentivos fiscais para as empresas montadoras de veculos e para as fabricantes de autopeas j instaladas ou que viessem a se instalar no Brasil (cf. Arbix, 2006 e Cardoso, 2006, entre outros). Essa poltica implicou em uma intensa disputa entre estados e municpios pelos novos investimentos, atravs da oferta de incentivos tributrios, creditcios, doao de terrenos e realizao de obras de infraestrutura pelo poder pblico (portos, estradas, ferrovias, aeroportos, etc.).

    A regio do ABC ficou prejudicada nessa disputa e viu aumentar seus ndices de desemprego. A totalidade da indstria de transformao apre-sentou reduo de empregados, entre 990 e 999, em torno de 50% (caindo de 363.333 empregados em 989 para 87.759 em 999). A combinao da guerra fiscal, do crescimento da demanda por veculos novos e dos incen-tivos gerados pelo Regime Automotivo (com a reduo das alquotas de importao de peas, componentes, insumos e maquinrios) gerou um expressivo aumento de novas fbricas de veculos e de componentes, todas fora do ABC.

    O crescimento urbano dos municpios que compem a regio do ABC passou tambm a ser alegado pelas empresas como uma das razes para o desestmulo produo e o deslocamento para outras regies. O processo

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    urbano acelerado das ltimas dcadas fez surgir e expandir vrios problemas econmicos, sociais e ambientais que, reunidos em uma conjuntura econ-mica desfavorvel, colocaram em discusso a vocao industrial da regio e a sua identidade tantas vezes referida como exemplar para a histria da indstria no pas.

    Os culpados pela crise o debate sobre o custo ABCA crise econmica regional motivou vrios tipos de reao, algumas repre-sentando novas sadas coletivas e institucionalizadas (como veremos adiante), outras como uma forma de aproveitar o momento de fragilidade dos setores ligados ao trabalho, aos sindicatos operrios e s localidades para questionar seu modo de atuao poltica e justificar a opo pelo des-locamento para outras regies do pas. Os problemas de competitividade e a realidade de salrios e benefcios mais altos em comparao com outras regies foram alegados, principalmente pelos empresrios, como fatores de gerao de conflitos sociais e de empecilho modernizao. A ao sindi-cal foi apontada como responsvel por este custo ABC, que estaria invia-bilizando a competitividade regional e a superao da crise.

    Nesse debate, o sindicato dos metalrgicos contra-argumentou criticando o uso sistemtico da rotatividade no emprego realizado pelas empresas como mecanismo para reduzir os salrios, alm de demonstrar que o mercado de trabalho regional era extremamente heterogneo. Mostrou tambm os efeitos positivos na economia da regio, dos reajustes obtidos atravs da fora da ao sindical e do melhor padro salarial do trabalhador regional, questionando o rebaixamento de salrios como estratgia de preservao do parque industrial e dos empregos (Conceio, 2008 e 200). As aes sindicais nesse perodo buscaram preservar e ampliar as conquistas econ-micas e sociais (o que de fato pode se refletir em custos mais elevados, mas tambm em incremento da produtividade), mas tambm procuraram nego-ciar a modernizao das fbricas e processos cooperativos locais com o objetivo de ampliar a competitividade.

    Na viso sindical, o fechamento de fbricas, a transferncia de unidades fabris para outras regies do pas e a perda de empregos na regio do ABC, a partir da dcada de 990, no podia ser uma deciso restrita ao empres-rio e alegavam a necessidade do sindicato e do poder pblico influir antes (de modo preventivo) e depois (de modo a reduzir os impactos negativos) da deciso do fechamento, assim como cobrar compromissos das empresas com a regio.

    Um exemplo dessa formulao aparece em artigo publicado na imprensa, pelo ento presidente do sindicato dos metalrgicos, Luiz Marinho (200),

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    que resumiu a forma como os trabalhadores e o sindicato dos metalrgicos encaravam uma deciso de fechamento de fbrica ocorrida na ocasio:

    Alm dos aspectos estritamente financeiros [perda de salrios, impostos, demanda para os fornecedores locais], uma fbrica tambm o smbolo de um acmulo tecno-lgico, de um saber fazer a respeito da produo de um determinado produto. Em cada funcionrio, em cada departamento, em cada norma escrita esto incorporados, em realidade, vrios anos de conhecimentos que no se reproduzem com o mero deslocamento da fbrica para outra localidade. E vai se esvair tambm um know how acumulado pelos fornecedores [...]. Uma srie de empresas acaba sendo afetada. Portanto, quando uma empresa do porte da [...] decide pela desativao de uma fbrica, ela no est tomando uma deciso que diz respeito unicamente aos interesses privados da companhia. toda uma comunidade pblica e privada que est envolvida [...]. Se a empresa tem o direito de estabelecer a estratgia de produo e mercado que considere a mais adequada para si, a sociedade tem o direito tambm de preser-var o que de fato seu patrimnio: as relaes sociais, econmicas e tecnolgicas que giram em torno de uma [...] fbrica.

    A reao regional e a criao de novas instncias institucionaisA regio do ABC foi a que sofreu mais com a reestruturao industrial. No entanto, este processo parece ter impulsionado os atores sociais a constitu-rem, na regio e no Brasil, uma indita experincia de gesto pblica, que foi a Cmara Regional do ABC. A construo e realizao desta experin-cia beneficiou de outros fruns criados anteriormente na prpria regio, como por exemplo o Consrcio Intermunicipal do ABC, que surgiu em 990, reunindo sete prefeituras, com o objetivo de discutir, planejar e agir de modo integrado nos temas de interesse comum, em especial no que tange infraestrutura, desenvolvimento econmico e meio-ambiente (Daniel, 200a; Abrucio & Soares, 200; e Reis, 2005).2

    A criao do Consrcio est tambm relacionada com o esforo dos novos prefeitos eleitos em 988, preocupados em dar novas respostas a antigos problemas da regio. Naquelas eleies, o Partido dos Trabalhadores (PT) cujas origens esto ligadas prpria ao operria no ABC e que desde o incio lutou por mudanas na forma de funcionamento do Estado e de suas instituies elegeria trs dos sete prefeitos. Desse grupo veio tambm a principal liderana do Consrcio, o prefeito de Santo Andr, Celso Daniel, defensor declarado dos novos formatos de gesto pblica baseados na

    2 Sobre a experincia do Consrcio do Grande ABC, consultar tambm http://www.consorcioabc.org.br.

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    cooperao para a elaborao de polticas integradas de desenvolvimento local (cf. Daniel, 995, 996, 200a, 200b; Daniel & Somekh, 999).

    Outro movimento importante e antecessor da Cmara Regional foi o Frum da Cidadania do Grande ABC, criado em 994, por iniciativa de setores da sociedade civil regional. Nesse primeiro momento, o Frum da Cidadania esteve bastante associado ao movimento vote no Grande ABC (cf. Petrolli, 2000 e Horta, 2003), cujo objetivo era incentivar a populao a votar em candidatos da regio e ampliar sua representao poltica nas eleies legislativas estaduais e federais realizadas no ano de 994.3 Aps as eleies, as entidades participantes desse movimento, apoiadas por outras entidades da sociedade civil, decidiram por sua institucionalizao. O Frum chegou a congregar cerca de 80 entidades da sociedade civil, dos mais diversos segmentos (associaes empresariais da indstria e do comrcio, sindicatos de trabalhadores, representaes da mdia local, organizaes no-governamentais, etc.), articulados em grupos temticos com o intuito de produzir subsdios para resolver os problemas regionais. O Frum representou um avano no dilogo e na busca de consensos entre os atores sociais, mas no se constituiu em um espao de negociao, o que o enfra-queceria como instrumento de resoluo de problemas urgentes exigido pela crise regional.

    O espao da negociao viria a ser estruturado com a criao da Cmara Regional em 997, que se diferenciou do Consrcio Intermunicipal e do Frum da Cidadania, porque buscava integrar os atores pblicos e da sociedade civil em uma mesma mesa de discusses (cf. Daniel & Somekh, 999 e 200; Gomes, 999; Leite, 999; Guimares et al., 200; Boniface, 200; Klink, 2000 e 200; Albuquerque, 200; Camargo, 2003; Bresciani, 2004). Os componentes da Cmara Regional do ABC, na segunda metade da dcada de 990, foram: o Governo do Estado de So Paulo, o Con-srcio Intermunicipal (sete Prefeituras), os Legislativos Municipais, os Parlamentares do ABC na Assemblia Legislativa e no Congresso Nacio-nal, o Frum da Cidadania, as Associaes Empresariais e os Sindicatos de Trabalhadores.

    Uma das mais importantes realizaes da Cmara Regional foi a criao, em 998, da Agncia de Desenvolvimento Econmico do Grande ABC. A Agncia uma instituio no governamental, sem fins lucrativos, cuja principal misso dar suporte institucional aos acordos debatidos dentro

    3 Nas eleies de 994, a Regio do ABC elegeu 5 deputados federais e 8 deputados estaduais, o que foi a maior representao parlamentar observada em sua histria.

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    da Cmara Regional.4 A composio do capital da Agncia expressa sua natureza mista, no estatal: 5% das cotas relativas aos custos da instituio referem-se sociedade civil e 49%, aos municpios, atravs do Consrcio Intermunicipal do ABC.

    Os pontos positivos: [...] todo esse processo [...] representa um embrio de um modelo de governana participativa, governana regional, inclusive participativa, um processo que bota os conflitos na mesa. Os conflitos que a partir de um processo participativo se vo negociando para criar pequenas vitrias, pequenos consensos em torno de projetos concretos. Acho que esse o grande avano do modelo do ABC paulista. O de tentar avanar de maneira flexvel, desburocratizado em torno das grandes prioridades da reestruturao socioeconmica. Isso o avano. (Ex-secre-trio de Desenvolvimento e Ao Regional da Prefeitura de Santo Andr, no ABC, So Paulo, 2005)

    Essa iniciativa teve resultados positivos e, nos anos 2000, a regio do ABC viu surgir novos arranjos produtivos locais, como so os casos dos Plos de Plstico e de Cosmticos.5 Verificou-se tambm a retomada dos nveis de produo e da atividade econmica em geral em setores tradicio-nais como o metalrgico e o qumico. Houve reduo do fechamento de fbricas e da transferncia de produo para outras localidades. Os inves-timentos anunciados na totalidade dos setores alcanaram cerca de US$ 3,9 bilhes, entre 200 e 2004 (estimativas da Prefeitura de Santo Andr). A participao da Indstria no valor adicionado da Regio evoluiu de 53,7% para 6,9% em 2003 (IBGE/SEADE).6 A participao do ABC no total da

    4 A Agncia tem como scios o Consrcio Intermunicipal (que envolve as sete Prefeituras); as quatro diretorias regionais do Centro de Indstrias do Estado de So Paulo (CIESP); as Associaes Comerciais e Industriais dos sete Municpios; os Sindicatos de Trabalhadores (Sindicato dos Metalrgicos do ABC, Sindicato dos Qumicos do ABC, Sindicato das Costureiras, Sindicato da Construo Civil); o Servio de Apoio s Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), as empresas do plo petroqumico regional (Petroqumica Unio, Solvay, Cabot, Polietilenos Unio, Polibrasil, Crevron, Oxicap e Petrobrs) e as universidades (IMES, UNI-A, Fundao Santo Andr, UNIBAN, UNIABC, Metodista, FOCO).5 Para Pires e Verdi (2007: 4-5), a anlise da governana territorial local, dinamizada pelos agentes organizados em instituies e empresas, mostra uma configurao territorial mais complexa, dada pelo aumento dos recursos imateriais e pela velocidade das informaes e das inovaes. Segundo estes autores, na perspectiva do desenvolvimento territorial, as localidades e regies tornam-se, cada vez mais, as fontes especficas de vantagens competitivas e de solidariedade na globalizao e, por esta razo, o desenvolvimento territorial no universalizvel nem transfe-rvel. Ele um mtodo de ao para os agentes e as comunidades em um quadro normativo de resposta ao desenvolvimento por cima, que valoriza a intimidade das relaes que partilham os mecanismos econmicos com a sociedade e a cultura locais.6 IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica; SEADE, Fundao Sistema Estadual de Anlise de Dados (Secretaria de Economia e Planejamento do Estado de So Paulo).

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    arrecadao de Impostos Sobre Circulao de Mercadorias e Prestao de Servios no Estado de So Paulo voltou a elevar-se a partir de 200 (Secre-taria da Fazenda do Estado de So Paulo). O emprego formal subiu em cerca de 35%, entre 999 e 2005, e em 6%, no caso especfico do setor industrial (RAIS-CAGED).7 A taxa de desemprego caiu do patamar de 2% em 999 para 6% em 2005 (PED/SEADE/DIEESE).8

    A viabilidade de todo esse processo de renovao institucional, que se constituiu em uma mobilizao coletiva para reverter o quadro de crise econmica que atingia o distrito industrial e a regio do ABC, se deveu em grande parte participao decisiva dos sindicatos, em particular do sindicato dos metalrgicos. Desde a experincia da Cmara Setorial da Indstria Automobilstica, em 992, o sindicato dos metalrgicos passou a desempenhar um papel importante de formulador, negociador, coorde-nador, enfim, indutor de polticas pblicas, voltadas para o desenvolvi-mento regional.

    Algumas aes associam diretamente o sindicato dos metalrgicos do ABC com a elaborao de polticas industriais e regionais que almejavam o crescimento industrial, a gerao de emprego, a distribuio da renda e a melhoria das condies de vida e de trabalho. Um dos marcos da ao sin-dical em relao ao tema da regio foi a publicao, em novembro de 995, do documento Rumos do ABC: a economia do ABC na viso dos metalr-gicos, elaborado pela subseo do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatsticas e Estudos Scio-econmicos) do sindicato. O documento faz um diagnstico de obstculos enfrentados pela economia local e sugere diretrizes para uma poltica de desenvolvimento da regio.

    Na verdade, o sindicalismo do ABC (seja metalrgico, qumico ou bancrio) j representava uma vanguarda ao incluir nas suas preocupaes as questes sociais que se mostravam mais candentes com a crise econ-mica regional. Esse tipo de participao ganhou inclusive o nome de sindicato cidado, e se transformou em referncia no debate poltico da principal central sindical do pas a CUT (Central nica dos Traba-lhadores) (cf. Vras, 2002; Jcome Rodrigues, 997 e 2006; entre outros).9

    7 RAIS, Relao Anual de Informaes Sociais; CAGED, Cadastro Geral de Empregados e Desem-pregados, ambos pertencentes ao Ministrio do Trabalho e Emprego. 8 PED, Pesquisa de Emprego e Desemprego; SEADE, Fundao Sistema Estadual de Anlise de Dados (Secretaria de Economia e Planejamento do Estado de So Paulo); DIEESE, Departamento Intersindical de Estatstica e Estudos Socioeconmicos.9 De acordo com Vras (2002: 3), nos anos 990, diante das propostas de flexibilizao das relaes de trabalho e do ataque aos direitos sociais dos trabalhadores, o sindicalismo CUT, conhecido pela combatividade dos anos 980, obrigado a assumir uma posio defensiva. Por outro lado, o sindicalismo CUT, embora mantivesse em seu discurso o referencial da

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    A novidade desse processo est na incluso da economia e da regio como temas importantes da pauta sindical e na ampliao e responsabilidade dos sindicatos sobre os destinos das localidades e seus moradores.

    O sindicato ao se preocupar com outras questes referentes aos trabalhadores na sociedade [...] enfatizava mais as questes sociais, enfim questo da educao, anal-fabetismo, transporte, da educao, segurana, habitao, etc. S o ABC, a partir dos meados dos anos 990, passa a discutir tambm a questo da economia. [...] Uma coisa voc estar preocupado com a [...] pauta do sindicato cidado, com a questo social [...], mas dos anos 990 em diante [...], os sindicatos passam atuar na esfera da economia, quer dizer, discutir [...] como que voc vai fazer investimento ou para onde vai o investimento. (Diretor do Sindicato dos Qumicos do ABC 2005)

    O desenvolvimento econmico passou a ser o principal tema desses novos espaos pblicos de cooperao. Nesse sentido, as polticas de fortaleci-mento das cadeias produtivas na regio do ABC encontram-se no centro deste debate, e nesse ponto que aparecem algumas das principais dificul-dades, em geral ligadas a pouca participao das montadoras do setor automobilstico. Estas empresas, na verdade, no tm aceitado as novas propostas regionais que exigem maior compromisso com as localidades onde esto instaladas e parecem preferir reproduzir aspectos do modelo de produo fordista, caracterizados por um baixo grau de integrao social entre as grandes empresas multinacionais e o conjunto de atores e institui-es locais, e pelo fato do centro de decises destas empresas estar localizado fora da regio e do pas. Isto no tem impedido, no entanto, que se insista no envolvimento dessas empresas nos esforos de cooperao, tendo em vista seu papel de liderana nas cadeias de produo que compem o par-que industrial da regio. Um apoio institucional Cmara Regional por parte dos governos federal e estadual tem sido visto como um dos caminhos para induzir estas empresas a participarem deste processo de discusso visando a elaborao e execuo de polticas pblicas locais.

    Embora a conjuntura de crise tenha se dissipado um pouco nos anos 2000 com o crescimento da atividade do setor metalrgico, especialmente da produo do complexo automobilstico, a reduo do fechamento de fbri-

    participao das bases, ou o referencial socialista, comea a conformar um novo arranjo e ganha importncia a idia de cidadania, de tal maneira que deu margem ao surgimento de denominaes como sindicato cidado e CUT cidad. A idia de cidadania passou a ser asso-ciada a situaes diversas que foram desde tornar prioridade a defesa do emprego, dos direitos sociais e da prpria democracia, como tambm diversificar a participao sindical em espaos institucionais e at execuo de polticas pblicas, sobretudo do campo social.

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    cas e da transferncia de atividades para outras reas do pas, a deciso do Governo Federal em modernizar e ampliar o Plo Petroqumico da regio , as presses pelo aumento da competitividade do parque industrial da regio do ABC continuam fortes, exigindo mudanas na organizao da produ-o e do trabalho, impondo dificuldades e desafios para os atores locais.

    ConclusoA experincia da regio do ABC traz questes para um debate sobre situa-es de crise de distritos industriais tradicionais, formados a partir da orga-nizao fordista e confrontados com as mudanas trazidas pela reestrutu-rao e flexibilizao do processo produtivo. O fato do nosso exemplo ocorrer em um pas tardiamente industrializado agrega novos elementos s possveis explicaes sobre esse processo e o envolvimento dos principais atores sociais. A crise de 2008, que novamente atinge a regio, vem mar-cada pela recesso e o desemprego em um contexto produtivo j flexibili-zado. No entanto, as prticas de articulao poltica experimentadas nos anos 990 retomam o cenrio poltico, se refazem, em funo das necessi-dades colocadas para todos os atores instalados naquele territrio.

    Para finalizar, gostaramos de resumidamente apontar algumas consta-taes e problemas para futuras investigaes:

    ) Um primeiro aspecto, que pode ser ressaltado no caso de anlises de situaes semelhantes, refere-se s diferenas entre empresas quando est em jogo a participao em novas iniciativas de cooperao econmica regio-nal. No caso do ABC, este processo variou significativamente e demonstrou um fosso entre os interesses de empresas multinacionais e o interesse das pequenas e mdias empresas, que tm menos mobilidade e dependem dos arranjos produtivos locais para o sucesso dos seus negcios. No caso do setor metalrgico do ABC, as iniciativas institucionais voltadas para a coope-rao econmica e construo de polticas de desenvolvimento local tiveram muito pouco apoio por parte das empresas multinacionais. A mobilizao poltica pela revitalizao industrial do ABC colocou em xeque as diretrizes de planejamento estabelecidas em sedes de empresas localizadas fora do Brasil, habitualmente no envolvidas em negociaes e planos desenvolvidos a partir do espao regional ou local. O receio era o de que a participao nas negociaes regionais poderia colocar em risco a poltica de vantagens fiscais implementadas pelas empresas em meados dos anos 990, que resul-tou em reduo de custos atravs dos baixos salrios e em grandes conces-ses por parte das administraes locais com poucas contrapartidas por parte das montadoras. Por outro lado, houve um engajamento efetivo das pequenas e mdias empresas no novo processo institucional.

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    2) A participao sindical parece ser essencial para o avano de qualquer experincia de inovao institucional que envolva os atores sociais de dis-tritos industriais em crise. Mas est condicionada capacidade de atuao poltica acumulada ao longo da histria de lutas sindicais. Percebe-se, ao menos no caso estudado, que o dilogo nesse nvel no anulou as diferenas de classe que continuam presentes nos universos fabris e que se referem a questes relativas s questes salariais e s condies de trabalho. Mas a crise econmica e social das localidades empurra a discusso para um pata-mar que privilegia questes mais gerais ligadas ao desenvolvimento regional. A ao sindical nesse nvel de participao institucional tem uma forte associao com a capacidade de atuao poltica acumulada ao longo da histria de lutas sindicais. So esses sindicatos que conseguem mal ou bem enfrentar os efeitos deletrios do processo de reestruturao produtiva e da flexibilizao do trabalho. A reconstituio das aes do sindicato dos metalrgicos do ABC demonstrou um comportamento que, malgrado o severo corte de empregos e a ameaa de perda de conquistas trabalhistas, no recuou na sua atuao e militncia. O sindicato buscou, a partir de uma ao de carter propositivo, negociar com as empresas e minorar os efeitos do processo de reestruturao sobre os trabalhadores; procurou intervir nos rumos da poltica industrial nacional que regula o desempenho da indstria; participou dos novos espaos pblicos de discusso sobre os destinos regionais; promoveu o cooperativismo como uma resposta faln-cia da empresa e preservao da renda, do emprego e do know how por parte dos trabalhadores da regio.

    3) A reao dos sindicatos do ABC crise econmica de 2008 demons-tra a capacidade acumulada de atuao poltica e institucional construda ao longo dos anos 990 e 2000. Um dos principais exemplos desse processo foi a realizao, em Maro de 2009, em So Bernardo do Campo, do semi-nrio ABC do dilogo e do desenvolvimento. Idealizado e articulado pelo sindicato dos metalrgicos do ABC, com o apoio dos principais seto-res polticos, econmicos e sociais da regio, este evento contou com a presena e a participao dos sete prefeitos do Grande ABC, dos repre-sentantes das associaes empresariais e dos trabalhadores, e discutiu temas variados como a questo do crdito, do emprego e desemprego, das poten-cialidades da regio, das relaes de trabalho e trabalho decente e da questo tributria e fiscal. O resultado foi a Carta do ABC (25 de Agosto de 2009), endereada ao Presidente da Repblica, com propostas e suges-tes concretas para atenuar e criar alternativas aos problemas da recesso econmica. O mais importante, no entanto, foi a confirmao desse novo tipo de militncia sindical, que passou a considerar de forma efetiva a

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    participao poltica nessas instncias institucionais como tarefa poltica de primeira ordem.

    4) A relao do distrito industrial com o padro produtivo flexvel e com a estruturao das empresas em rede coloca novos desafios para os agentes do empresariado regional e local, que precisam se engajar em outros processos voltados para as novas exigncias da cadeia produtiva, o que reala a necessidade de um plano regional por cadeia produtiva para potencializar vantagens competitivas e valorizar os acmulos de conhecimento e prticas que sejam prprias da regio. No caso do ABC, foi estimulada a constituio de um modelo exportador e utilizados argu-mentos que foram desde a proximidade da regio com o porto de Santos at qualidade da mo-de-obra e do produto, aspectos considerados como fortes do parque industrial do ABC.

    5) A ao do Estado e dos rgos da administrao pblica ganham outra dimenso nos momentos de crise econmica e social regional e passam a ser fundamentais no processo de coordenao dessas novas experincias institucionais pelo seu poder de arregimentao e de aplicao de polticas pblicas. No caso do ABC, os agentes do setor pblico evoluram no sentido de estabelecer na regio polticas visando o desenvolvimento e a internali-zao de servios industriais avanados no ABC, tais como a logstica, o processamento de dados, a engenharia de produtos, o marketing, entre outros. O balano dessa experincia demonstra o avano em algumas pau-tas e diretrizes voltadas para o aprofundamento de polticas de revitalizao local que tiveram participao importante dos rgos pblicos. Cresceu o discurso sobre a necessidade de integrar de forma coordenada, as demandas da indstria do ABC com os programas, pesquisas e aes das escolas tcni-cas, universidades e centros de Pesquisa & Desenvolvimento na regio. E as polticas de incentivo s inovaes de produtos e processos na regio passaram ser vistas como promotoras de ganhos de competitividade, fun-damentais preservao do parque industrial local e manuteno das conquistas trabalhistas.

    6) As solues de cooperao em nvel institucional dependem de atores sociais fortes politicamente. A experincia institucional do ABC indica que as alternativas criadas at o momento para a crise da indstria no parecem residir em um suposto rearranjo automtico propiciado pelo funcionamento do mercado. A trajetria histrica e o acmulo de experincias desta regio parecem combinar mais com a articulao consciente dos atores sociais, sem desconsiderar suas divergncias de diagnsticos sobre os temas em questo e sem desprezar os conflitos de classe inerentes. O fato de a regio ter tido protagonismo na histria sindical do pas e ter sido o bero

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    do principal partido poltico oriundo do sindicalismo e o caso da Cmara Regional e da Agncia de Desenvolvimento Regional agora inovado em termos de acordos no campo das relaes de trabalho e das experincias na gesto pblica demonstra que as localidades que compem esse distrito industrial podem ser objeto de pesquisa sobre novas prticas democrticas de discusso de polticas de desenvolvimento econmico local e regional.

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