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REDUZINDO OS CUSTOS DAS CONTRATAÇÕES DE SERVIÇOS TERCEIRIZADOS COM PLANEJAMENTO, INOVAÇÃO E PRODUTIVIDADE Luiz Patrício Cintra do Prado Filho Rodolfo Victório Carvalho Güido Hélio Janny Teixeira Evelyn Ebling Mac Kay Dubugras Ribeiro

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REDUZINDO OS CUSTOS DAS CONTRATAÇÕES DE SERVIÇOS

TERCEIRIZADOS COM PLANEJAMENTO, INOVAÇÃO E PRODUTIVIDADE

Luiz Patrício Cintra do Prado Filho Rodolfo Victório Carvalho Güido

Hélio Janny Teixeira Evelyn Ebling Mac Kay Dubugras Ribeiro

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Painel 00/000 Títuloo Reduzindo os Custos das Contratações de Serviços Terceirizados com Planejamento, Inovação e Produtividade

REDUZINDO OS CUSTOS DAS CONTRATAÇÕES DE SERVIÇOS TERCEIRIZADOS COM PLANEJAMENTO, INOVAÇÃO E

PRODUTIVIDADE

Isidro-Filho

Luiz Patrício Cintra do Prado Filho Rodolfo Victório Carvalho Güido

Hélio Janny Teixeira Evelyn Ebling Mac Kay Dubugras Ribeiro

RESUMO

Todos sabem que contratação pelo exclusivo critério de menor preço, embora

mais fácil, nem sempre é eficaz. O barato pode sair caro.

As estratégias de compras mais exitosa, tanto para as organizações públicas

como privadas, devem estar sustentadas na ideia de gastar o dinheiro com sabedoria.

Envolve a busca por soluções menos custosas para atender a demanda, incorporando

inovações que propiciem ganhos de produtividade, facilitem o uso racional dos

recursos, ao mesmo tempo em que obtenha a qualidade dos produtos ou serviços que

estão sendo adquiridos. Esse artigo registra algumas das boas soluções que estão

sendo utilizada para contratar, com inteligência, serviços de apoio, como de

segurança, vigilância eletrônica, jardinagem, limpeza, manutenção predial, recepção,

transporte de pessoas ou pequenas cargas, entre outros.

Talvez o fato de serem serviços comuns a quase todas as organizações,

contínuos e com contratos renováveis, transmita a falsa impressão de que não há a

necessidade de investigar as oportunidades de inovação. O automatismo pode gerar

descaso. Estudar o mercado, pesquisar novas soluções tecnológicas, refletir sobre a

melhor forma de atender as necessidades de seus processos internos, são tarefas

muitas vezes esquecidas pelos gestores das cadeias de suprimentos.

3

O objetivo deste trabalho é apresentar alternativas para a contratação desses

serviços, pois abrangem valores elevados, têm impacto na qualidade das atividades

finalísticas e na qualidade de vida no trabalho. São abordados, por exemplo, os

ganhos que podem ser obtidos a partir da sinergia gerada pela integração de serviços

de gestão predial (limpeza, jardinagem, portaria e recepção) e os benefícios da

manutenção planejada de prédios. É estimada também a redução de custos com o

uso de máquinas de café. O uso de ferramentas qualitativas para o dimensionamento

e otimização dos serviços de segurança, bem como para o dimensionamento de

frotas, também são relatados.

4

RESUMO

2. introdução ........................................................................................................... 6

1. REFERÊNCIAS CONCEITUAIS .......................................................................... 7

2. RELATO DAS EXPERIÊNCIAS ......................................................................... 15

3.1 Serviços de copeiragem ................................................................................... 16

3.1.1Relato de experiências 17

3.1.2Modelagem de serviços de copeiragem 17

3.2 Serviços de limpeza.......................................................................................... 20

3.2.1Relato de experiências 23

3.2.2Modelagem dos serviços de limpeza 24

3.3 Serviços de vigilância ...................................................................................... 25

3.3.1Relato de experiências 27

3.3.2Modelagem dos serviços de vigilância 28

3.4 Serviços de transportes ................................................................................... 29

3.4.1Relato de experiências 31

3.4.2Análise de custo para escolha do modal 32

3.5 Serviços de gerenciamento de facilities ......................................................... 34

3.5.1Relato de experiências 35

3.5.2Modelagem dos serviços de facilities 35

3. CONCLUSÕES .................................................................................................. 36

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 38

ANEXOS ................................................................................................................... 40

2.1. título Error! Bookmark not defined.

2.1.1. titulo ....................................................................................................... Error! Bookmark not defined.

5

3. Considerações Finais ........................................... Error! Bookmark not defined.

1. INTRODUÇÃO 4

2. REFERÊNCIAS CONCEITUAIS 5

3. RELATO DAS EXPERIÊNCIAS 11

3.1 Serviços de copeiragem 12

3.2 Serviços de limpeza 15

3.3 Serviços de vigilância 20

3.4 Serviços de transportes 23

3.5 Serviços de gerenciamento de facilities 28

4. CONCLUSÕES 30

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 32

ANEXOS 33

6

1. INTRODUÇÃO

Inteligência em compras é uma expressão cada vez mais presente nas

organizações do setor público. Reflete a prática de orientar as atividades de

contratação de bens e serviços à aquisição de itens que atendam plenamente suas

necessidades e possam agregar o máximo de valor aos seus processos de trabalho,

e, ao mesmo tempo, que sejam adquiridos por preços justos e adequados. Inteligência

em compras compreende assim um leque mais amplo de atividades do que aquelas

classificadas estritamente como a de licitar. Deve ser iniciada com o entendimento das

reais necessidades da organização, analisando seus processos e arranjos produtivos,

e com o reconhecimento das alternativas e soluções disponíveis no mercado

fornecedor. Tem como momento crítico o estabelecimento das estratégias de

inovação que serão adotadas e o dimensionamento dos serviços requeridos.

Experiências recentes evidenciam que o investimento de tempo e recursos nas

etapas de concepção e planejamento da compra permite a obtenção de ganhos

significativos para a organização, seja com a contratação de bens e serviços mais

adequados às necessidades do órgão ou com a redução de custos de sua aquisição.

Nesse trabalho são apresentados relatos de experiências vivenciadas por

organizações do setor público e privado que permitiram aliar a melhoria de qualidade

das contratações à redução de custos para as famílias de segurança, limpeza,

serviços de copa, frota, e os ganhos potenciais decorrentes da contratação conjunta

dos serviços voltados à gestão predial (limpeza, jardinagem, portaria e recepção, e

até mesmo a manutenção predial). O objetivo é contribuir para a disseminação de

boas práticas e reforçar o entendimento de que uma boa compra também é reflexo do

esforço aplicado na especificação do objeto a ser contratado, na definição do modelo

de fornecimento a ser adotado e no correto dimensionamento das necessidades.

Uma breve e sintética conceituação do objeto de estudo é apresentada no início

desse documento a fim de oferecer um referencial comum que dê lastro as descrições

das experiências relatadas. Em seguida, e de forma individualizada, são registradas

estratégias e modelos de fornecimento que podem ser adotados pela administração

pública.

7

O registro é individualizado para cada família ou natureza de serviço em razão

desse ser um dos pressupostos assumidos: os melhores resultados são obtidos

naquelas compras na qual se buscou o aprofundamento dos conhecimentos sobre as

especificidades de cada um dos itens a ser contratado. Identificaram-se as soluções

e as possibilidades de inovação existentes e foram selecionadas aquelas mais viáveis

e econômicas para a organização.

Ao final, são apresentados elementos ou características comuns dos modelos

de fornecimento descritos. Entende-se que as experiências apresentadas podem

contribuir para o aprimoramento de compras em muitos órgãos da administração

pública, com as devidas adaptações. Enfatiza-se que o cerne de uma boa compra é o

investimento feito na sua preparação, no reconhecimento exato daquilo que é

necessário e na definição da melhor forma de se relacionar com o mercado

fornecedor.

2. REFERÊNCIAS CONCEITUAIS

O sucesso das práticas de compras e aquisições para uma organização pública

ou privada não envolve apenas gastar menos ou simplesmente reduzir os custos

unitários de suas aquisições. Na verdade, os melhores resultados são aqueles que

visam gastar o dinheiro com inteligência e com o claro objetivo de receber produtos e

serviços de qualidade que combinem o menor custo com a maior contribuição aos

seus processos produtivos.

Reconhece as compras de bens e serviços como algo importante para a

organização atingir os resultados projetados é um desafio. Envolve a capacidade dos

gestores de identificar como as aquisições se relacionam com a geração de valor para

os seus clientes. Essa temática é um dos componentes da gestão da cadeia de

8

suprimentos ou Supply Chain Management – SCM1, envolvendo especificamente

asestratégias de gestão de compras2.

A busca por resultados mais exitosos nas compras de bens e serviços, por se

tratar em sua essência do estabelecimento de definições estratégicas, se alinha aos

preceitos metodológicos já conhecidos.

“Por aproximadamente duas décadas, os gestores têm aprendido a gerenciar a partir de um novo conjunto de regras. Companhias têm que ser mais flexíveis para responder rapidamente as mudanças na competição e no mercado. Elas têm que fazer benchmark constantemente para atingir ou desenvolver as melhores práticas. Precisam terceirizar agressivamente para ganhar mais eficiência. E precisam reforçar as suas competências centrais para se manterem a frente na corrida com as suas rivais”(PORTER, 1996).

As organizações, que não vislumbram as compras e aquisições como

integrantes da sua estratégia, apresentam problemas na execução dos contratos,

como por exemplo, a falta de qualidade dos bens e serviços recebidos, prazos

defasados ou até mesmo a descontinuidade do fornecimento. Nesse cenário os

desgastes no relacionamento com os fornecedores são invitáveis. A situação por

vezes é mais aguda quando se tratam das atividades meio ou serviços comuns,

corriqueiramente terceirizados pelas organizações. Não observar os serviços

relacionados com atividades de limpeza, segurança, manutenção, frota ou outras

atividades consideradas “comuns” ou com baixa tecnicidade é um erro. A análise

detalhada e agregada dos gastos com essas atividades pode mostrar aos gestores

como elas podem representar uma parcela significativa das despesas das

organizações.

O primeiro passo na construção de uma estratégia de compras reside na

decisão de fazer um produto ou serviço internamente ou adquiri-lo externamente

(terceirização). Verificar e avaliar essa dicotomia são tarefas complexas. De acordo

(WILLIAMSON, 2002) essa escolha depende de estudos de fatores como as pessoas

1SCM: “integração dos processos de negócios do usuário final através de fornecedores (originais) que fornecem produtos, serviços e informações e agregam valor para os clientes”. (COPPER, LAMBERT, & PAGH, 1997) 2 “Gestão de Compras é a integração entre estratégias, processos e estruturas organizacionais que definem o relacionamento com fornecedores”.(MISUTANI, et al., 2014)

9

envolvidas, a estrutura administrativa da organização e as competências institucionais

para analisar e gerenciar os contratos. Além disso, outras circunstâncias ou quesitos

devem ser considerados como: especificidade do item a ser adquirido, sua

disponibilidade no mercado e o custo envolvido nessa operação.

Na esfera pública a escolha por adquirir externamente ou terceirizar, desde

meados da década de 1990, tem forte alinhamento com a Reforma do Estado,

especialmente com o ajuste fiscal e a redução do papel do Estado como executor ou

prestador direto de serviços. Sob essa perspectiva a opção por ir ao mercado adquirir

bens e serviços deve ser tratada de forma diferenciada nas administrações pública e

privada:

“A terceirização, comumente entendida como a contratação de uma pessoa

jurídica para a prestação de serviços a outra pessoa jurídica, não é fenômeno recente

e seu ingresso na estrutura das organizações do estado visa à economicidade,

objetivos que correspondem a diretrizes legais aplicáveis à administração pública.

No entanto, diversamente do que ocorre na esfera privada, na qual vigora o

princípio da autonomia da vontade, a administração pública exerce função regida por

disposições e normas, além de estar submetida a uma série de controles que

acarretam impactos no campo da terceirização.

Portanto, a terceirização deve ser tratada de forma distinta na administração

privada e na pública, embora a justificativa para a sua aplicação seja a mesma em

ambos os setores: proporcionar ganhos em eficiência e economicidade.

Para tanto não basta terceirizar, já que esse processo não é sinônimo de

economicidade e eficiência. É necessário definir, de acordo com as peculiaridades de

cada organização, quais atividades devem ser ou não objeto de terceirização, as

condições nas quais serão processadas e contratadas as atividades a serem

terceirizadas e, por fim, os parâmetros para o acompanhamento e controle dessas

atividades.”(TEIXEIRA, BASSOTI, SANTOS, ANDRADE, PRADO FILHO, &

SALOMÃO, 2013)

Evitando as posições pré-concebidas, nas quais terceirizar é um mal em si ou,

ao contrário, de que o terceiro a ser contratado sempre poderá fazer melhor, existem

10

importantes reflexões sobre procedimentos que facilitam o processo decisório.

Contratar um serviço ou fazê-lo diretamente é uma escolha que deve considerar, por

exemplo, a redução dos custos, a maior agilidade e flexibilidade, e a melhoria da

qualidade dos serviços ou produtos gerados3.

O segundo passo da construção de uma estratégia de compras é identificar

quais compras são importantes para a organização. A importância ou relevância pode

ser tratada em termos monetários (montante gasto na aquisição), em termos de

volume de itens adquiridos (bens ou serviços), ou até mesmo em termos de esforços

(homem/hora) ou recursos internos dispendidos na execução das compras e

aquisições. Segundo (QUINELLO & NICOLETTI, 2006) em pesquisa realizada pelo

Grupo FMLink4, com um conjunto de empresas localizadas nos EUA, Inglaterra e

Canadá os gastos com a gestão de facilidades5 variou entre 19% e 24% do orçamento

anual das empresas pesquisadas em diversos setores econômicos como industrial,

financeiro, governo, entre outros.

As organizações que passam a ter uma visão agregada dos gastos com as

compras vinculadas às atividades não finalísticas, verificam que essas aquisições

merecem um tratamento especial na busca por mais eficiência, economicidade e

qualidade, ou seja, merecem ser tratadas de forma mais inteligente e racional.

Em uma análise macro6 das despesas dos estados de São Paulo e Minas

Gerais observou-se que os órgãos da administração pública desses dois estados

liquidaram aproximadamente R$ 4,88 bilhões ao longo do ano de 2015 (Tabela 1)

3GOTTFREDSON, PURYEAR, & PHILLIPS, “Stategic Sourcing: from periphery to de core”,Harward Business Review. 2005 e TEIXEIRA, PRADO FILHO, & TEIXEIRA, Terceirizar ou não, qual a melhor opção? Métodos e instrumentos para facilitar a tomada de decisão, CONSAD 2013. 4 FMlink é uma publicação eletrônica (online) sobre gestão de facilidades ou facility management. Disponível em: http://fmlink.com/ 5 Gestão de facilidades é a combinação otimizada de esforços que visam facilitar as atividades de todas as áreas de uma organização. Compreende atividades de limpeza, zeladoria, jardinagem, manutenção preventiva, segurança, engenharia, entre outras. (QUINELLO & NICOLETTI, 2006) 6 O detalhamento dos dados e critérios utilizados para a totalização das informações referente as despesas dos estados de SP e MG são apresentadas no item 6. Anexos

11

nas contratações relacionadas às atividades de limpeza, vigilância, copeiragem,

manutenção predial, transporte, serviços de apoio e aquisição de combustíveis.

Tabela 1 – Despesas ao longo do ano de 2015 com serviços os estados de SPe MG

Fonte: Portal da transparência do Estado de São Paulo. Disponível em:

https://www.fazenda.sp.gov.br/SigeoLei131/Paginas/ConsultaDespesaAno.aspx?orgao=

Portal de transparência do Estado de Mina Gerais. Disponível em:

http://www.transparencia.mg.gov.br/despesa-estado

O mercado de cada tipo de bem ou serviço obedece a uma série de fatores,

que segundo (KRALJIC, 1983) correspondem à complexidade do mercado. Essa

complexidade é descrita como o número de fornecedores, a competição existente

entre eles, a demanda de mercado pelo bem ou serviço e os níveis de qualidades

desses itens. Assim o terceiro passo proposto para delinear a estratégia de compras

é a análise da complexidade do mercado. Em seu artigo, (KRALJIC, 1983), ainda

propõe às organizações que a avaliação da complexidade do mercado seja feita de

forma conjugada com importância do bem ou serviço a ser adquirido. Essa

metodologia ficou conhecida como Matriz de Kraljic.

Na matriz os itens de compras são classificados em quatro tipos e dispostos na

forma de quadrantes vinculados ao nível de sofisticação da aquisição, a saber:

Itens não críticos: itens mais comuns e padronizados pelo mercado

(commodities), expostos à competição tradicional, com baixo valor de

compra e com baixo risco de quebra do fornecimento. O processo de

compra pode ser padronizado em modelos facilmente replicáveis. Os

fornecedores são identificados com facilidade no mercado. A decisão

12

pela compra dos itens não críticos, em geral, não depende de aprovação

da alta administração.

Itens de alavancagem: também são itens comuns e padronizados pelo

mercado e expostos à competição tradicional, porém com valor de

compra elevado. O processo de compra dos itens de alavancagem

também pode ser padronizado, assim como os fornecedores são

facilmente identificados no mercado. Já a decisão pela compra exige no

mínimo a aprovação de um líder de compras ou gerente operacional.

Devido a essas características as compras podem ser centralizadas com

vistas a se obter ganhos de escala ou exercer o poder de compra da

organização.

Itens gargalo são itens com especificações mais complexas se

comparados aos itens não críticos ou de alavancagem. Os fornecedores

encontrados no mercado são limitados e associados a características

como a detenção de tecnologias. Apesar do valor agregado não ser

elevado, demanda a análise de custos de estoque e dos custos de

manutenção. O processo de compras depende de suporte técnico e

geralmente não podem ser replicados. Já a decisão pela compra

depende de níveis de diretoria, pois a aquisição desses itens pode

interferir nos processos operacionais da organização.

Itens estratégicos são itens com alto valor agregado, que demandam

especialidades e especificidades no fornecimento. Poucos ou reduzidos

fornecedores atuam no mercado. Cada compra demanda estudos

detalhados sobre a demanda, sobre o mercado fornecedor e dependem

de criteriosa análise de risco. Já o processo decisório invariavelmente

envolve a alta administração.

A figura a seguir apresenta a configuração da matriz proposta por (KRALJIC,

1983).

13

O passo seguinte consiste no estabelecimento do modelo de fornecimento,

também chamada de modelagem. Esse esforço é entendido como as especificações

dos bens e serviços a serem adquiridos, os níveis de qualidades desejados, as regras

de uso, o levantamento do ambiente normativo, as formas de medição e as regras de

SMS (Saúde, Meio Ambiente e Segurança) a serem respeitadas pelo mercado

fornecedor. Todos esses fatores embasam o estudo econômico financeiro que tem

por objetivo estabelecer o preço de referência da compra, bem como, a definição dos

instrumentos de contratação como a minuta do contrato, o orçamento de compra e o

termo de referência.

Na modelagem também são desenvolvidos os instrumentos de gestão como

planilhas e relatórios de medição, instrumentos de avaliação dos acordos de níveis de

serviços, indicadores, entre outros. A figura a seguir apresenta os componentes da

modelagem de serviços.

14

É central a compreensão de que a modelagem deve ser feita, de forma

individualizada, para cada item ou natureza do bem ou serviço. O modelo de

contratação ou de fornecimento deve refletir as necessidades específicas de cada

organização e as condições de atendimento do mercado fornecedor. As simples

transposições das condições utilizadas por outras organizações em suas compras ou

reprodução automática de modelos usados no passado (justificadas pela falsa

compreensão de essas são contratações “comuns”) é erro corriqueiro. A simples

adaptação de editais e RFP - Request for Proposal conduz a baixa incorporação de

inovações, e a efetivação de contratações que não se adequam plenamente as

necessidades da organização, ou ainda, não aproveitam o potencial do mercado

fornecedor.

Finalmente a estratégia, após implementada, deve ser aprimorada com base

no acompanhamento das compras e da execução do contrato. Nessa fase as ações

são dirigidas a facilitar e apoiar o processo de implantação da solução idealizada.

Reúne atividades de apoio ao processo licitatório (acompanhamento, apoio técnico e

15

esclarecimento de dúvidas) e ao gerenciamento do processo de mudança

(planejamento e acompanhamento de ações, capacitação dos atores envolvidos e

revisão de processos e procedimentos).

A aplicação das medidas descritas demanda das organizações a clara

designação das equipes ou responsáveis por sua operacionalização. Um modelo

referenciado como boa prática é a gestão das categorias ou famílias de bens ou

serviços. As organizações que adotam essa solução têm suas unidades de compras

organizadas a partir do tipo ou natureza do item a ser adquirido. A escolha ou definição

das famílias de bens e serviços “pode seguir alguns critérios como especificações do

insumo, base de fornecedores, utilização interna e processos produtivos” (MISUTANI,

et al., 2014). A figura abaixo ilustra o modelo contingencial proposto em que as

especificidades das famílias devem ser respeitadas.

3. RELATO DAS EXPERIÊNCIAS

Essa seção do trabalho apresenta sugestões de estratégias de compras e

modelagens para o tratamento dos serviços tidos comuns pelas organizações, em

especial pela administração pública. São resultantes de levantamentos de boas

práticas e refletem estudos do mercado fornecedor (inteligência externa) e das

16

condições e necessidades específicas das organizações adquirentes (inteligência

interna).

O uso de benchmarking e o reconhecimento de soluções que estão sendo

utilizadas no mercado é uma relevante inciativa e pode indicar caminhos para o

aprimoramento das estratégias de compras definidas pela organização.

3.1. SERVIÇOS DE COPEIRAGEM

O cafezinho faz parte da cultura brasileira estando presente tanto nos lares,

nas ruas e nos ambientes de trabalho. O ato de beber café ultrapassa o simples

significado de degustar uma bebida quente e saborosa. A parada para um café guarda

relação com momentos de relaxamento e descontração, mas também pode servir para

reflexão e a tomada de decisões.

O mercado dos serviços de copeiragem ofertam opções de fornecimento

baseadas no binômio homem x máquina. Esses serviços podem ser realizados por

meio da suplementação de mão de obra, quando o fornecedor aloca profissionais

garçons e copeiros, nas instalações de seus clientes, para produzir e servir o café,

outras bebidas ou até mesmo preparar pequenas refeições (lanches ou snacks). Na

linha da automação, reside outra opção fornecimento, ou seja, são instaladas

máquinas que produzem de forma automática o café, as bebidas quentes, existindo

também os equipamentos que fornecem alimentos processados (snacks),

classificados como vending machines. Complementam esses modelos de

fornecimento a possibilidade de compra dos materiais e insumos (açúcar, pó de café,

coador, etc.) pelo próprio cliente, ou tal responsabilidade novamente pode ser

repassada ao fornecedor.

Não existe definição de qual modelo de fornecimento é o melhor e a escolha

depende das características e dos níveis de serviços exigidos pelo contratante. Na

administração privada, a opção de ter o café produzido por copeiros e servido por

garçons, configura uma benesse para os mais altos níveis da gestão. Porém, ter o

café produzido em máquinas não constitui uma diferenciação entre os níveis

17

hierárquicos, posto que as máquinas automáticas produzem bebidas com alto nível

de qualidade.

3.1.1. Relato de experiências

As diversas possibilidades de contratações dos serviços de copeiragem podem

ser observadas. A pela contratação de mão de obra, o uso máquinas ou, ainda, a

combinação dessas possibilidades, depende das políticas de recursos humanos e

benefícios a serem oferecidos pela organização. A tabela a seguir apresenta a

soluções adotadas pelas organizações estudadas.

Tabela 2. Soluções adotadas no mercado

3.1.2. Modelagem de serviços de copeiragem

As combinações dos processos de produzir, servir e consumir bebidas quentes

são inúmeras, sendo abordadas três possibilidades de modelagens:

Serviço sofisticado, com café produzido por copeiros e servidos por

garçons;

18

Serviço de pontos de autoconsumo, com café produzido por copeiros

e o consumidor ou funcionários se servindo autonomamente;

Serviço automatizado, com café produzido por máquinas e com o

consumidor ou funcionários se servindo autonomamente;

Para todas as possibilidades são previstos o fornecimento de materiais e

insumos para o preparo do café como responsabilidade do fornecedor.

A estimativa do número de doses de café corresponde à produção de 40 doses

diárias7 ou 3480 doses mensais, considerando (21,75 dias úteis). Os consumos dos

insumos correspondem a 0,009 quilogramas de pó ou grão de café por litro8.. O volume

considerado para cada dose produzida foi de 0,1 litros ou 100 ml.

Os resultados da modelagem dos serviços de copeiragem tiveram como base

os preços de insumos, mão de obra e outras referências pesquisadas no estado de

São Paulo. As tabelas a seguir apresentam os preços de referência para as

estratégias de compras de serviços de copeiragem.

Tabela 3. Modelagem do serviço sofisticado

7Conforme indicação da empresa Praticca, fornecedora de máquinas automáticas 8 Disponível em: http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=39#2

19

Tabela 4. Modelagem do serviço de pontos de autoconsumo.

Tabela 5. Modelagem do serviço automatizado.

Tabela 6. Comparação dos modelos de serviços de copeiragem.

20

Os preços de referência dos modelos de fornecimento propostos indicam que

a solução de serviços automatizados tem o preço por dose aproximadamente três

vezes menor que os serviços sofisticados e quase duas vezes menor que o modelo

de serviços com pontos de autoconsumo.

3.2. SERVIÇOS DE LIMPEZA

Os serviços de limpeza é uma das atividades mais terceirizados, seja na

administração pública ou na iniciativa privada. Segundo a (ABRALIMP, 2013) 90%

dos serviços de limpeza realizados no setor público são terceirizados, enquanto no

setor privado o nível de terceirização é da ordem de 55%.

Tipicamente classificado como uma atividade meio, os serviços de limpeza

normalmente são tratados como serviços de baixa tecnicidade, contudo essas

atividades deveriam ser encaradas pelos contratantes como um serviço que pode

exigir especificações sofisticadas. Em 1959, a empresa alemã Henkel desenvolveu

uma teoria denominada Circulo de Sinner 9 , onde são descritos quatro fatores

associados à qualquer processo de limpeza:

9Círculo de Sinner, teoria desenvolvida pelo Dr. Herbert Sinner para a empresa alemã Henkel em 1959, disponível em:http://www.henkel-adhesives.com/com/content_data/141926_2009.09.02_10_Investor_Day_MueKi_Leading_in_Innovation.pdf

21

Ação mecânica envolve as atividades aplicadas com força ou energia

mecânica seja de forma manual ou com o uso de equipamentos;

Ação química trata do uso de produtos químicos ou saneantes

domissanitários aplicados nos processos de limpeza;

Tempo descreve a papel do intervalo de exposição do ambiente ou

material a ser limpo às ações mecânicas, químicas ou à temperatura.

Temperatura envolve o uso de energia térmica nos processos de

limpeza, posto que a exposição a temperatura auxilia na remoção de

sujidades.

A inovação aplicada nos dias atuais reforça a tese da tecnicidade, pois visam

estabelecer processos de limpeza em ciclos menores de tempo, uso reduzido de

energia térmica ou mecânica, bem como, a utilização de produtos de limpeza em

menores níveis de concentração. A tecnicidade, ainda, tem por objetivo a melhoria da

produtividade dos processos de limpeza como um todo.

Produtividade dos serviços de limpeza é tema estudado por diversas entidades,

como a Association of Physical Plant Administrators (APPA)10. No Brasil as maiores

referências sobre o assunto vêm do setor público. Em 1996, o governo de São Paulo

foi pioneiro em estabelecer critérios de produtividade para os serviços de limpeza. A

administração pública federal por meio do Ministério do Planejamento, também é outra

referência no uso do modelo por produtividade.

Realizar os serviços de limpeza de forma mais produtiva, também, motivou o

mercado de limpeza profissional americano a desenvolver o modelo do team cleaning,

técnica inspirada no lean manufacturing11. Nesse modelo as tarefas são realizadas em

10Association of Physical Plant Administrators (APPA) – instituição americana centenária que congrega mais de 1.500 instituições de ensino nos Estados Unidos e que desde 1987 vem estudando os temas relacionados aos serviços de infraestrutura e manutenção dos campus das universidades e colégios americanos. Disponível em:<http://www.appa.org/index.cfm>. 11Lean manufacturing: o termo "lean" foi cunhado originalmente no livro “A máquina que mudou o mundo” (The Machine that Changed the World), de Womack, Jones e Roos, publicado nos EUA em 1990. Trata-se de um abrangente estudo sobre a indústria automobilística mundial realizada pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology). Nesse trabalho, ficaram evidentes as vantagens do desempenho do Sistema Toyota de Produção,

22

horários alternativos (intervalos de trabalho e os horários noturnos), simplificadas e

redistribuídas aos faxineiros treinados na forma de quatro técnicas de limpeza:

Limpeza das superfícies;

Aspiração dos ambientes;

Limpeza dos banheiros, sanitários e outros ambientes específicos;

Operação de apoio (coleta de lixo, reposição de materiais, etc.).

O team cleaning também é ofertado por empresas brasileiras, com ganhos

significativos em termos da produtividade. Segundo (MARCONDES, 2013) a empresa

Vikings apresenta produtividades da ordem de 143 m² por hora com o uso do processo

tradicional, e 314 m² por hora, com o uso do team cleaning12.

A tabela a seguir apresenta a comparação das produtividades adotadas pelas

quatro referencias descritas anteriormente.

que traziam enormes diferenças em produtividade, qualidade, desenvolvimento de produtos etc. e explicava, em grande medida, o sucesso da indústria japonesa, disponível em: <http://www.lean.org.br/perguntas_frequentes.aspx>. 12 (MARCONDES, 2013) – Revista Infra. Disponível em:

http://www.revistainfra.com.br/portal/Textos/?Entrevistas/14078/LIMPEZA-versus-TECNOLOGIA-

23

Tabela 7. Produtividades em m² dos serviços de limpeza

Tipo de ambiente

Vikings

processo tradicional 13

(m²)

Vikings

team cleaning 17

(m²)

SLTI14

(m²)

Cadterc

SP15

(m²)

APPA16

(m²)

Área Interna – Piso frio

1.144 2.512 600 600 892

Área interna – banheiros e sanitários

1.144 2.512 600 600 210

3.2.1. Relato de experiências

As experiências com o uso do modelo por m² limpo, baseado em produtividade

são inúmeras no setor público, difundido no estado de São Paulo, desde a publicação

da primeira versão do estudo técnico para os serviços de limpeza e conservação

predial do Cadterc. Esse modelo é aplicado em praticamente 100% das contratações

dos serviços de limpeza pelos órgãos públicos paulistas. Também, por meio da

publicação de cadernos técnicos e portarias específicas o modelo de contratação da

limpeza por metro (m²) limpo é bastante difundido na administração pública federal.

No setor privado o modelo imperativo é o da suplementação de mão de obra,

ou seja, a contratação dos postos e serviços de limpeza, contudo, o uso dos fatores

de produtividade orienta as contratações.

O modelo do team cleaning encontra-se em implantação em nosso país não

existindo relatos disponíveis de seu uso por empresas contratantes, apenas de

fornecedores que ofertam essa prática.

13 Valores Calculados com base na jornada de 8 horas diárias 14 Portaria n.º 56, de 9 de maio de 2014, da SLTI. Disponível em: http://www.comprasgovernamentais.gov.br/paginas/portarias/portaria-no-56-de-09-de-maio-de-2014 15 Cadterc. v. 3, limpeza predial 2016. Disponível em: http://www.cadterc.sp.gov.br/BEC_Servicos_UI/cadterc/UI_sVolumeItemRelaciona.aspx?volume=3&anexoID=30

7> 16 APPA Custodial Guidelines/CleanOpsStaff Package - Level 1. Disponível em: https://www.appa.org/Bookstore/product_browse.cfm?itemnumber=709

24

3.2.2. Modelagem dos serviços de limpeza

O modelo de fornecimento por m² limpo se baseia no uso da produtividade para

a definição dos preços de referência.Devido às restrições legais para contratação de

mão de obra é o modelomais difundido no setor público.

Os resultados da modelagem dos serviços de limpeza tiveram como base as

possibilidades de execução utilizando o modelo com foco na contratação do (m²) limpo

em comparação com o inovador modelo team clenaning.

Os dados têm por base os demonstrativos de cálculo dos custos unitários

publicados no Cadterc de São Paulo. Os fatores de produtividade para o team cleaning

levam em conta os dados declarados pela empresa Vikings e publicados na edição

156 da revista Infra. Também foram pesquisados os preços de equipamentos de

limpeza no mercado de São Paulo e a apropriação mensal dos mesmos conforme

cálculos apresentados na Tabela 9.

Tabela 8. Cálculo do preço por m² do modelo team cleaning

25

Tabela 9. Cálculo dos custos com equipamentos

Os preços de referência dos dois modelos de fornecimento propostos indicam

que o modelo do team clenaning pode gerar redução de custos da ordem de 8,10%

se comparado com o modelo do m² limpo amplamente adotado no setor público.

Tabela 10. Comparação dos modelos de serviços de limpeza

3.3. SERVIÇOS DE VIGILÂNCIA

O entendimento dos serviços de vigilância perpassa pelo significado de

segurança a luz da legislação brasileira, a qual separa a segurança em dois tipos:

segurança privada e segurança pública. O conceito de segurança pública encontra-se

apresentado no artigo 144 da Constituição Federal, enquanto a Lei Federal nº

7.102/1983, define que a segurança privada deverá ser executada por empresas

especializada que poderão prestar serviços a:

Pessoas;

Estabelecimentos comerciais;

Indústrias;

Residências;

Entidades sem fins lucrativos; e

26

Órgãos e empresas públicas.

Os serviços de vigilância assim como os de copeiragem e limpeza constituem-

se como atividades meio, têm caráter continuado, além de serem essenciais para o

funcionamento dos órgãos públicos.

Em termos dos modelos ofertados pelo mercado os serviços de segurança

privada podem ser feitos de por meio da:

Vigilância orgânica;

Vigilância eletrônica; ou

Sistemas de segurança (combinação da vigilância orgânica e eletrônica).

A vigilância orgânica consiste no fornecimento de vigilantes devidamente

treinados nos termos da lei. Por sua vez as atividades de vigilância eletrônica dizem

respeito o emprego integrado ou isolado de equipamentos eletroeletrônicos, como os:

Circuitos Fechados de Televisão (CFTV);

Sistemas de sensoriamento e alarme; e

Sistemas de controle de acesso.

A principal inovação em termos do fornecimento dos serviços de vigilância

reside no uso da análise de risco por parte dos contratantes como critério de

dimensionamento. O estudo de análise de risco tem por objetivo identificar os riscos,

compreende-los, verificar a probabilidade de ocorrência dessas situações, bem como

avaliar os impactos inerentes aos riscos.

Existem diversos tipos de análise de risco, em geral todas se baseiam na coleta

de informações qualitativas ou quantitativas, por exemplo:

APP / APR ou Análise preliminar de riscou ou perigos.

HAZOP (Hazards and Operability Study) ou estudo de perigos e

operabilidade

What if? ou “E se?”

27

Após a avaliação dos riscos é proposto um tratamento de acordo com o cenário

enquadrado numa matriz de risco. Essa matriz correlaciona a probabilidade com o

impacto do risco analisado. A figura a seguir apresenta um exemplo de matriz de risco.

O enquadramento nos cenários orienta o dimensionamento e posicionamento

dos vigilantes, as rotinas a serem executadas nos postos, bem como dão as diretrizes

para o desenvolvimento dos projetos de segurança eletrônica, como o uso de câmeras

de vídeo, sistemas de alarme outras medidas de segurança.

3.3.1. Relato de experiências

A contratação de postos de serviços de vigilância é comum tanto na iniciativa

privada como no setor público. Já a procura pelos serviços de vigilância eletrônica

cresce a cada dia, nesse segmento a experiência mais exitosa no setor público vem

do Cadterc de São Paulo, que desde 2006 padronizou a contratação dos serviços e

vigilância eletrônica especificando serviços voltados para:

Sensoriamento de alarmes;

Controle de acesso;

Detecção de incêndios; e

Circuito fechado de TV (CFTV).

Ainda, no campo da vigilância eletrônica as cidades que receberam jogos da

Copa do Mundo de 2014 e outras como o município de Mogi das Cruzes/SP,

76% a 100% 51% a 75% 26% a 50% 0% a 25%

A B C D

CALAMITOSO a Aa Ba Ca Da

CRÍTICO b Ab Bb Cb Db

MARGINAL c Ac Bc Cc Dc

NÃO SIGINIFICANTE d Ad Bd Cd Dd

CENÁRIOS: EMERGÊNCIAL ALERTA MODERADO CORRIQUEIRO

PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA

IMP

AC

TO

28

investiram em sistemas de monitoramento urbano por meio de câmeras de CFTV, que

auxiliam nos serviços de segurança pública e no controle de tráfego.

3.3.2. Modelagem dos serviços de vigilância

A análise criteriosa de riscos, aliada a integração dos postos de serviços com

a vigilância eletrônica configura-se como uma solução com potencial para redução de

custos no setor público. A seguir apresentamos a comparação de custos quando da

substituição dos vigilantes noturnos e aos fins de semanas por sistemas de vigilância

eletrônica de CFTV monitorado remotamente, com instalação de alarmes e serviços

de pronta resposta em caso de sinistros ou ocorrências. Os cálculos consideram os

valores de referência publicados nos Volumes 1 (Vigilância patrimonial) e 13

(Vigilância eletrônica), versões 2016 do Cadterc de São Paulo.

Tabela 11. Cálculo do uso de postos de segurança 24 horas de segunda a domingo

Tabela 12. Resumo de cálculo do sistema integrado de segurança patrimonial e eletrônica17

17 O Cálculo detalhado encontra-se apresentado nos Anexos

29

Os preços de referência dos dois modelos de fornecimento propostos indicam

que o modelo integrado de segurança pode gerar redução de custos da ordem de

16,48% se comparado com o modelo dos postos de segurança 24 horas, modelo

bastante comum nas contratações do setor público.

Tabela 13. Comparação dos modelos de serviços de vigilância

3.4. SERVIÇOS DE TRANSPORTES

As contratações relacionadas à família de transportes abrangem bens e

serviços de diferentes naturezas: partindo da aquisição de veículos, e a decorrente

necessidade de aquisição de combustíveis e serviços de manutenção (inclusive

peças), até a simples aquisição de passagens ou serviços de taxi.

O setor público, até pouco mais de uma década atrás, tinha como estratégia

central a manutenção de frotas próprias para o atendimento de suas necessidades de

transportes, seja ela de apoio às suas atividades operacionais, atividades

administrativas ou transporte de documentos e cargas. Essa preferência pela

aquisição dos veículos e manutenção de frota própria, alternativa que ainda é

intensamente utilizada, pode ter sido motivada pela escolha de se ter total domínio

das funções logísticas, optando por executar diretamente ao invés de contratar os

serviços de terceiros. Verdade é de que até alguns anos atrás, alguns órgãos públicos

mantinham até mesmo pequenos aviões próprios para transporte de sua diretoria ou

equipes técnicas.

30

As soluções adotadas pela SABESP – Companhia de Saneamento do Estado

de São Paulo e o CPS – Centro Paulo Souza18 para a compra ou contratação de bens

e serviços relacionados à família são exemplos de estratégias que vão além da

simples repetição do modelo tradicional. Orientados por buscar as alternativas que

melhor atendessem a suas necessidades, construíram modelos de fornecimento que

combinam diferentes modais de transportes. Para cada tipo de necessidade de

transporte há a identificação da melhor forma de atendimento, sempre orientada para

a redução de despesas e para o atendimento dos níveis de serviço desejados.

Tabela 14. Natureza de serviços de transportes e modais de transportes para seu atendimento.

18 Administra Faculdades de Tecnologia (Fatecs) e Escolas Técnicas (Etecs) do Governo do Estado de São Paulo

31

A combinação de modais é, inclusive, uma prática comum nas empresas do

setor privado. A busca por maior competitividade conduziu ao desenvolvimento de

soluções de logística mais complexas e a construção de modelos de serviços com

menor custo. O quadro a seguir apresenta diferentes tipos de demandas por serviços

de transportes e as potenciais alternativas para seu atendimento.

Cada uma das soluções ou modais identificados como os mais adequados

conduz a um ou mais naturezas de bens e serviços a serem contratados. Uma frota

própria, por exemplo, requer a aquisição de veículos, compra de combustíveis

(também pode ser utilizado o cartão combustível), serviços de manutenção (e eventual

compra de peças), seguros, equipamentos de rastreamento e monitoramento,

motoristas, entre outros. Já locação de veículos, pode ser feita em um único contrato,

incluindo combustíveis, manutenção e motorista, se assim for mais conveniente. Cada

um dos itens a ser contratado requer estudo para definição da melhor especificação e

forma de fornecimento.

3.4.1. Relato de experiências

Após estudo desenvolvido por equipes das áreas de compras e gestores

internos, a SABESP adotou um modelo que combina diferentes soluções, como frota

própria, frota locada, táxi e reembolso de quilometragem. A frota é preferencialmente

locada (aproximadamente 2 mil dos 2,8 mil veículos leves) e direcionada para as

equipes operacionais. Sempre que é realizada a renovação da frota é realizado estudo

para identificação da melhor solução: comprar ou locar. Os serviços de taxi são

utilizados com maior frequência pela área de apoio administrativo.

As escolhas devem estar sustentadas em estudos que utilizem o conceito de

Custo Total de Propriedade - TCO (total cost of ownership). É necessário o

reconhecimento de todos os custos incidentes ao longo da vida dos ativos adquiridos.

“Os profissionais de compra reconhecem que, embora o preço de compra de um

material ou item continue sendo importante, ele é apenas uma parte do custo total da

organização. O custo de serviços e os custos do ciclo de vida também têm de ser

considerados” (BOWERSOX, CLOSS, COOPER, & BOWERSOX, 2014).

32

O Centro Paula Souza, para realizaros transportes de seus servidores conta

com 79 veículos, sendo setenta e cinco próprios e quatro locados. Os dirigentes são

atendidos pelos veículos terceirizados e a frota própria atende as unidades

descentralizadas (219 Escolas Técnicas Estaduais – Etecse 65 Faculdades de

Tecnologia – Fatecs, distribuídas em mais de 300 municípios). A opção por esse

modelo relaciona-se ao uso mais frequente com viagens nas unidades

descentralizadas, fazendo com que os veículos próprios tenham um uso mais intenso

(a quilometragem média é de 3.200 quilômetros mês). O modelo do Centro Paula

Souza também faz uso de reembolso de quilometragem (R$ 0,63 por quilômetro mais

as despesas com pedágios quando seus servidores utilizam carros próprios). Esse

último modal confere maior flexibilidade à estratégia adotada.

3.4.2. Análise de custo para escolha do modal

A tabela e gráfico apresentados abaixo são um exemplo de uma análise de

custo a ser feita para subsidiar a escolha de modais. Ela apresenta a comparação

entre o custo de um veículo locado e da utilização de serviço de táxi.

São pressupostos para o modelo;

a) A locação de veículo é realizada com o pagamento do custo de motorista,

combustível e manutenção inclusos, é contratado com base no custo do

quilômetro rodado. O veículo utilizado é o classificado como Grupo “A” para

o Governo do Estado de São Paulo (veículos, preferencialmente de

fabricação nacional, e com as seguintes características: tipo sedã, quatro

portas, cor escura, de preferência preta, versão intermediária de luxo da

linha e capacidade para cinco ou mais pessoas).

b) A contratação dos serviços de táxi é realizada por meio da contratação de

um serviço informatizado de intermediação, como o disponibilizado pela 99

Taxi, Easy Taxi, Wappa, Vá de Taxi ou similar. O benefício está na maior

agilidade para localização do táxi, pagamento centralizado de valores com

faturamento mensal, e maior controle do uso em função da emissão de

33

recibos com os trajetos percorridos e possibilidade de transferência da base

de dados.

Ainda é um pressuposto que no uso do carro locado, em 50% dos

deslocamentos o motorista retorna a base após deixar o servidor no local (retorno sem

passageiro) ou sai da garagem para buscar o servidor em local externo (ida sem

passageiro). Essa variável é relevante para o cálculo da quilometragem efetivamente

utilizada, a qual, nesse modelo representa 75% da quilometragem média utilizada.

Tabela 15. Custos com locação de veículos. Cadterc-SP/2015

O custo do serviço de táxi foi calculado para a cidade de São Paulo e considera

a bandeirada no valor de R$ 4,50, a tarifa de R$ 2,75 por quilometro rodado, uma

corrida média de 12 quilômetros, e uma perda de 1 minuto no trânsito para cada

quilometro rodado, equivalente a R$ 6,60 (a tarifa para o tempo parado é de R$ 33,00

por hora). Considerou-se ainda que as empresas gestoras dos serviços de taxi podem

cobrar por seus serviços até a taxa de R$ 2,00 por viagem.

Tabela 16. Custos com Taxi19

19Fonte: http://www.tarifadetaxi.com/sao-paulo

34

O gráfico abaixo realiza a comparação entre as duas alternativas e informa que,

mantido os parâmetros utilizados, o custo do transporte com o uso do taxi é vantajoso

se a distância mensal média percorrida for inferior a 3.000 quilômetros mês.

Se o uso de um veículo locado for em média de 1.500 quilômetros mensais, a

economia por veículo em função de uma preferência pelos serviços de táxi pode

chegar a R$ 2.237,29 ou 28% do custo da locação.

3.5. SERVIÇOS DE GERENCIAMENTO DE FACILITIES

Dentre as alternativas de inteligência de compras apresentadas nesse trabalho

a contratação de serviços de facilities, talvez seja aquela com o maior potencial de

redução de custos. Segundo a Associação Brasileira de Facilities (Abrafac), o facility

management compreende:

“... integração das "atividade de administração e gerenciamento de serviços e atividades de infraestrutura destinados a suportar a atividade-fim de uma organização".

A contribuição do gerenciamento de facilities para as organizações envolve dois

aspectos fundamentais: a sinergia gerada pela integração das atividades e o

aprimoramento no processo de gerenciamento. Os ganhos econômicos são

sustentados pelo planejamento prévio da operação das atividades integradas e as

contribuições desse modelo operacional para os resultados da organização.

35

O escopo dos serviços que integram o gerenciamento de facilities pode variar

desde os mais tradicionais (limpeza, portaria, copeiragem, frota e recepção) até

composições mais complexas que envolvem serviços de alimentação, segurança da

informação, segurança corporativa, utilidades, serviços de malote, manutenção de

máquinas, equipamentos, inclusive a manutenção predial.

O mercado de serviços de facilities está estruturado a partir de três modelos:

In house: onde a organização desenvolve um departamento específico

responsável por gerenciar de forma integrada todos os serviços e

atividades não finalísticas;

Gerenciadora de facilities: onde uma empresa especializada em

gestão assume a responsabilidade de ir ao mercado contratar

fornecedores e gerenciar os contratos, dando suporte técnico, jurídico e

tecnológico aos seus clientes, que querem manter o foco nas atividades

finalísticas; e

Fornecedora de serviços de facilities:são empresas que oferecem de

forma integrada tanto os serviços vinculados a atividade meio, como os

serviços de gerenciamento e entregam uma solução completa para os

seus clientes.

3.5.1. Relato de experiências

O gerenciamento de facilities é prática comum em grandes empresas

internacionais, como o HSBC, Verizon, P&G, bem como, em empresas brasileiras de

capital misto como a Sabesp, Petrobras e Caixa Econômica Federal. Na

administração pública direta existem experiências no Centro Administrativo Tancredo

Neves de MG e no Poupatempo-SP. Em todos esses casos as reduções de custos

foram recorrentes, não existindo no Brasil dados estatísticos ou relatos mais

detalhados, fato que segundo (QUINELLO & NICOLETTI, 2006):

“...dificulta os trabalhos de comparação do setor forçando os gestores a utilizar fontes externas nem sempre adaptáveis. ”

3.5.2. Modelagem dos serviços de facilities

36

Em termos das economias geradas a partir do uso de modelos de

gerenciamento de facilities no Brasil, existem relatos de gestores divulgados durante

a segunda Expo Infra outsourcing &workplace, que indicam ganhos que variam entre

8% a 20%20.

Os ganhos com facilities decorrem da melhoria dos processos de fiscalização

e controle, das sinergias decorrentes da integração dos serviços e dos ganhos de

tempos gastos pelo staff próprio com o gerenciamento de vários contratos. A tabela a

seguir apresentamos dados publicados pelo FMLink 21 sobre os ganhos com o

gerenciamento de facilities.

Tabela 17. Estudo de benchmark com grupo de empresas que adotaram práticas de gerenciamento de facilities

Ano

Economias incrementais por ano

(R$ / m²)22

Economias acumuladas nos anos analisados

(R$ / m²)

1 4,28 4,28

2 3,53 7,81

3 2,77 10,58

4 2,52 13,10

5 2,52 15,62

Em cinco anos foi registrada a expressiva redução de R$ 15,62 /m². Os ganhos

dependem do modelo atual (quanto mais eficiente, menores oportunidades) e do leque

de serviços integrados.

4. CONCLUSÕES

A possibilidade de aprimorar o estabelecimento das estratégias de

fornecimento com melhor especificação dos bens ou serviços a serem adquiridos e

20(MARCONDES, et al., 2013) Disponível em:

http://www.revistainfra.com.br/portal/Textos/?enterevistas/13958/profiss%C3%A3o-FACILITY- 21 Disponível em: http://www.fmbenchmarking.com/benefits/how-much-can-i-save-by-benchmarking/case-study-for-benchmarking-group/ 22 Taxa de cambio em 31/12/2008 (data da pesquisa): USD 1,00 = R$ 2,34, disponível em: <http://www4.bcb.gov.br/pec/conversao/conversao.asp>

37

promoção do adequado dimensionamento de necessidades, como prática para a

redução de gastos e melhoria da compra pública, é o principal ensinamento dos

exemplos práticos relatados nesse trabalho. Os dados e cálculos apresentados

demonstram possibilidades de economia.

Deve-se evitar o mau hábito de apenas repetir os procedimentos de compra

adotados em processos licitatórios anteriores ou copiar editais de outras organizações

sem a adequada adaptação.

O setor público já padece do uso excessivo do critério de menor preço, que,

muitas vezes, não conduz a melhor contratação. Sofre com as restrições legais para

o estabelecimento de vínculos positivos com o mercado fornecedor, construindo

parcerias que possam fortalecer a gestão de sua cadeia de suprimentos, como pode

ser observado na iniciativa privada. E, abdicar da inteligência em suas compras,

fechando as portas para a inovação e a evolução de seus processos produtivos,

somente irá agravar esse quadro.

As estratégias de compras relatadas nos indicam que se deve aproveitar o

potencial existente no mercado, como a competência profissional das empresas de

facilities ou novas metodologias para os serviços de limpeza. As estratégias de

compras podem combinar diferentes soluções, como o relatado nos serviços de

copeiragem ou de transportes, quando o mercado disponibiliza novas soluções ou

tecnologias que devem ser consideradas. E nunca se deve esquecer que o

dimensionamento adequado daquilo que vai se adquirir evita desperdícios e reduz

despesas, como exemplifica a análise de risco no caso da segurança patrimonial.

38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ABRALIMP.

BOWERSOX, D., CLOSS, D., COOPER, M., & BOWERSOX, J. (2014). Gestão

Logística da Cadeia de Suprimentos.

COPPER, M. C., LAMBERT, D. M., & PAGH, J. D. (1997). Supply chain

management: more than a new name for logistic. FLORIDA: The International

Journal of Logistics Management.

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Lua de Papel.

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from periphery to de core. Harward Business Review.

KRALJIC, P. (1983). Purchasing Must Becone Supply Management. New York:

Harvard Bussiness Review.

MARCONDES, É. (2013). LIMPEZA versus TECNOLOGIA (156 ed.). São Paulo:

Talen editora.

MISUTANI, C., RIGHETTI, C. C., VILLAR, C. B., MIGUEL, F., PEREIRA, G. M.,

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fornecedores e ger valor para seus negócios. São Paulo: Saraiva.

PORTER, M. E. (1996). What Is Strategy? New York: Harvard Business Review.

QUINELLO, R., & NICOLETTI, J. R. (2006). Gestão de facilidades. São Paulo:

Novatec Editora.

TEIXEIRA, H. J., BASSOTI, I. M., SANTOS, T. S., ANDRADE, L. Q., PRADO FILHO,

L. C., & SALOMÃO, S. M. (2013). Contribuições para angetão de pessoas na

administração pública. São Paulo: FIA/USP.

39

TEIXEIRA, H. J., PRADO FILHO, L. C., & TEIXEIRA, M. (2013). Terceirizar ou não,

qual a melhor opção? Métodos e instrumentos para facilitar a tomada de

decisão. CONSAD.

WILLIAMSON, O. E. (2002). The Theory of the Firm as Governance Structure:

From Choice to Contract. NASHVILLE: Journal of Economic Perspectives -

American economic association.

40

ANEXOS

Dados das despesas com grupos de serviços no Estado de São Paulo – 2015

Tabela 18. Despesas com serviços em SP

41

Fonte: Portal da transparência do Estado de São Paulo. Disponível em:

https://www.fazenda.sp.gov.br/SigeoLei131/Paginas/ConsultaDespesaAno.aspx?orgao=

Devido à ausência de maiores detalhamentos sobre os itens de despesa

classificados como “Outros serviços”, no site da transparência do Estado de São

Paulo, de forma conservadora apenas foram consideradas como serviços de apoio as

despesas vinculadas às ações orçamentárias de cunho administrativo, conforme

tabela a seguir.

42

Tabela 19. Detalhamento das ações orçamentárias de cunho administrativo

43

44

Fonte: Portal da transparência do Estado de São Paulo. Disponível em:

https://www.fazenda.sp.gov.br/SigeoLei131/Paginas/ConsultaDespesaAno.aspx?orgao=

45

Dados das despesas com serviços no Estado de Minas Gerais – 2015

Tabela 20. Despesas com serviços emMG.

46

Fonte: Portal de transparência do Estado de Mina Gerais. Disponível em:

http://www.transparencia.mg.gov.br/despesa-estado

_____________________________________________________________

AUTORIA

Luiz Patrício Cintra do Prado Filho – consultor de projeto na Fundação Instituto de Administração (FIA).

Rodolfo Victório Carvalho Güido – consultor de projeto na Fundação Instituto de Administração (FIA).

Hélio Janny Teixeira – professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP) e coordenador de equipe de consultoria da Fundação Instituto de Administração (FIA).

Evelyn Ebling Mac Kay Dubugras Ribeiro – consultora de projeto na Fundação Instituto de Administração (FIA).