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REDES DE INCLUSÃO Garantindo direitos das famílias e das crianças com Síndrome Congênita do Zika vírus e outras deficiências Foto: UNICEF/BRZ/Paulo Rossi

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REDES DE INCLUSÃOGarantindo direitos das famílias e das crianças com Síndrome Congênita do Zika vírus e outras deficiências

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Os versos do cordel traduzem com poesia o

impacto que a epidemia de Zika vírus causou

no País, especialmente na Região Nordeste.

Em outubro de 2015, o crescimento significati-

vo dos casos notificados de Síndrome Congêni-

ta do Zika vírus (SCZv) fez com que o governo

brasileiro declarasse Emergência de Saúde Pú-

blica, situação que perdurou até maio de 2017.

A partir de março de 2016, com o aumento dos

casos de crianças com alterações no desenvol-

vimento devido à infecção pelo Zika vírus, o

UNICEF, com a coordenação técnica da Fun-

dação Altino Ventura, implementou o projeto

Redes de Inclusão, em Recife e Campina Gran-

de (PB), municípios que estavam entre os mais

afetados pela epidemia, na época.

Além dos governos federal, estaduais e munici-

pais, participaram da iniciativa o Ministério da

Saúde, a Organização Pan-Americana da Saúde

(OPAS/OMS), a Universidade Federal Rural de

Pernambuco (UFRPE), o Conselho Nacional de

Secretarias Municipais de Saúde (Conasems),

o Instituto de Pesquisa e Apoio ao Desenvolvi-

mento Social (Ipads) e a Johnson & Johnson,

entre outras instituições. Foto

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O mosquito é bem pequeno

Mas bastante apavorador.

Além da dengue e chikungunya

Também é o transmissor

Do Zika, que é temido

já bastante conhecido

como um vírus assustador ...

Trecho do cordel da Dengue, Chikungunya e Zika vírus, de Orlando Paiva

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O projeto Redes de Inclusão foi concebido com base em uma ampla consulta a gestores de saú-

de, educação, assistência social, organizações não governamentais, universidades e conselhos e

em uma pesquisa com famílias de crianças com SCZv e outras deficiências e também com pro-

fissionais de saúde dos serviços especializados. A partir dos resultados destas escutas, o projeto

trabalhou temas como estimulação de crianças com alterações no desenvolvimento no ambiente

domiciliar e escolar, apoio psicossocial às famílias e direitos da mulher gestante e do bebê, e foi

organizado em três eixos estratégicos:

A união faz a força

As rodas de conversa foram importantes para falar sobre as nossas dificuldades.

O Redes de Inclusão trouxe ganhos para todas as crianças com deficiência – e não

apenas para as com microcefalia. Antes de o projeto começar, já existiam redes

dentro da saúde, da assistência social e da educação, mas não havia uma inte-

gração entre elas. O projeto fez com que a intersetorialidade, que já existia no

papel, se tornasse prática. A capacitação também foi importante. Muitos profis-

sionais não tinham informação de como lidar com a criança ou não sabiam como

falar com a mãe. E foram capacitados para isso, o que deu um suporte muito

maior para as famílias.”

Susana Lima, mãe de um menino de 1 ano e 7 meses com microcefalia e representante das mães de filhos com microcefalia no projeto Redes de Inclusão, em Recife, e membro da ONG Amar – Aliança de Mães e Famílias Raras.

Trabalho com as mulheres gestantes, as famílias e os cuidadores.

Trabalho com os profissionais de saúde, educação e assistência social: ações de

planejamento reprodutivo e capacitação dos profissionais.

Atenção integral e integrada, e atuação em rede, por meio da articulação de diversos

órgãos, entidades e serviços.

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380 kits multissensoriais distribuídos para estimulação de crianças com alterações no desenvolvimento.

262 profissionais capacitados como multiplicadores nas áreas de saúde, educação e assistência social.

402 profissionais de saúde qualificados para o atendimento clínico-assistencial por meio do Projeto Laboratório de Formação do Trabalhador de Saúde no Contexto do Vírus Zika (Zikalab).

9.541 pessoas capacitadas para a redução dos criadouros do mosquito em ações intersetoriais de mobilização.

1.016 crianças e adolescentes treinados para atuar como agentes de mobilização, em parceria com as autoridades governamentais.

Os resultados

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Sensibilização e mobilização dos ges-tores e dos profissionais de saúde, educa-ção e assistência social para a tomada de decisão, com base na escuta das necessida-des das famílias.

Capacitação em serviço como estratégia para a integração de ações entre os diversos serviços, fortalecendo o trabalho em rede.

União de esforços de várias instituições governamentais e não governamentais, para apoiar ações que beneficiam direta-mente as famílias e os cuidadores.

Criação de comitês intersetoriais do projeto compostos pelas áreas de saúde, educação e assistência social, para facilitar a integração de ações.

Muito além dos números

O Redes trouxe muita informação e um olhar mais atento para a questão da de-

ficiência e da necessidade de fortalecer essas famílias. Não é a pessoa que tem

um problema e sim a estrutura que está deficiente. É importante potencializar

essas famílias. Os serviços são vários, mas a família atendida é uma só.”

Maria Ângela Oliveira de Souza, assistente social, gerente-geral do Sistema Único de Assistência Social de Recife.

O Redes de Inclusão trouxe uma série de ganhos para os municípios:

Investimento em tecnologia de bai-xo custo, como kits multissensoriais com materiais acessíveis, como bolas, esponjas e copos coloridos, para estimular as crianças em casa e nas creches.

Melhoria e fortalecimento das redes de inclusão de crianças com alterações no desenvolvimento e das famílias.

Validação de metodologias sobre estimulação de crianças com alterações no desenvolvimento nos ambientes domici-liar e escolar e sobre os direitos da mulher gestante e do bebê.

Apoio psicossocial a mulheres gestantes, famílias e cuidadores de crianças com a SCZv e outras deficiências.

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LIÇÕES APRENDIDAS

A crise imposta pela Síndrome Congênita do Zika vírus exigiu respostas imediatas e efeti-vas do setor público e da sociedade em geral. Era preciso fazer uma grande mobilização para a prevenção de novos casos, assim como zelar pelo acolhimento e apoio às famílias acometidas. O Redes de Inclusão se tornou componente fundamental na estratégia de enfrentamento, com ênfase na capacitação, na formação de multiplicadores e no apoio à articulação dos serviços.”

Jailson de Barros Correia, médico e secretário de Saúde do Recife.

As ações que a iniciativa piloto mostrou serem eficazes e que podem ser replicadas em outros municípios:

Escutar profissionais, famílias e cuidadores para identificar os desafios.

Reconhecer o problema, as potencialidades e as fragilidades.

Aproveitar a estrutura já existente no município.

Articular parcerias para fazer alianças e fortalecer as redes.

Valorizar as habilidades e as competências familiares e profissionais.

Maximizar recursos.

Incluir todas as crianças com deficiência.

Inovar e construir coletivamente novas tecnologias para fortalecer a inclusão de crianças com alterações no desenvolvimento.

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Quando o Redes chegou em Campina Grande, em 2016, trouxe ainda mais suporte para os professores, como cursos e outras experiências. Mostrou que eles não estavam sós. Também trouxe mais esperança, fortalecendo o trabalho intersetorial. Estamos mais juntos agora.

Apesar de o Redes de Inclusão ser feito sempre em parceria, todo o trabalho acontece no singular, atendendo às necessidades de cada família.

O movimento, que começou com a microcefalia, também está trazendo crianças com outras deficiências para a escola. Tripli-cou a matrícula na rede municipal de crianças com deficiência, e nossas escolas estão sendo adaptadas para serem acessíveis. O projeto também foi implementado de uma forma que per-mita a sua continuidade. Seu comitê reúne não apenas a saúde mas também educação, assistência, universidades, conselhos e representantes das famílias. Todos participam.

Essas crianças foram consideradas uma “geração perdida”. E estão aí interagindo com outras crianças e respondendo bem aos estímulos. Com o apoio às famílias, as mães estão conseguindo voltar a trabalhar e ter mais tempo para cuidar dos outros filhos e também delas. Por outro lado, está havendo um movimento de inclusão maior nas escolas. Fico feliz de ver que o Redes está

bem consolidado no município. A inclusão é muito gratificante.”

Micheline Pires Leitão de Souza, enfermeira e coordenadora do Programa Saú-

de na Escola pela Secretaria de Educação de Campina Grande (PB).

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INICIATIVA

PARCEIROS

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