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Rede São Paulo de Cursos de Especialização para o quadro do Magistério da SEESP Ensino Fundamental II e Ensino Médio São Paulo 2011

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  • Rede So Paulo de

    Cursos de Especializao para o quadro do Magistrio da SEESP

    Ensino Fundamental II e Ensino Mdio

    So Paulo

    2011

  • UNESP Universidade Estadual PaulistaPr-Reitoria de Ps-GraduaoRua Quirino de Andrade, 215CEP 01049-010 So Paulo SPTel.: (11) 5627-0561www.unesp.br

    Governo do Estado de So Paulo Secretaria de Estado da EducaoCoordenadoria de Estudos e Normas PedaggicasGabinete da CoordenadoraPraa da Repblica, 53CEP 01045-903 Centro So Paulo SP

  • A (des)ordem mundial

    http://2.bp.blogspot.com/-L8U

    w3d8Ztag/TZCQ

    KJc4nfI/AAAAAAAAAJ0/bHXAindo8K4/s1600/planeta-terra.jpg

  • ficha sumrio tema

    SumrioVdeo da Semana ...................................................................... 3

    A (des)ordem mundial ...................................................................3

    Um incio de conversa ................................................................................3

    3.1 - A Guerra Fria e a bipolaridade ..........................................................7

    3. 2 - A crise da ordem mundial ..............................................................11

    Um sistema unipolar? .............................................................................16

    Referncias ............................................................................. 18

    Bibliografia ............................................................................ 18

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    edefor Mdulo IV

    Disciplina 07 Tem

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    Vdeo da Semana

    A (des)ordem mundialUm incio de conversa

    A ordem mundial pode ser compreendida por diferentes abordagens e definies. Classi-camente, h duas concepes dominantes: a realista e a idealista.

    Na perspectiva realista, o principal instrumento de equilbrio inter-estatal a guerra. Sendo as relaes internacionais marcadas pelo conflito permanente (egosta e amoral, como afirmava Hobbes), a ordem mundial somente seria possvel mediante o domnio de um poder forte, pela centralizao do poder nas instituies do Estado.

    Outra viso clssica da ordem mundial a idealista, que vai integrar diversas correntes do pensamento relacionadas com a emergncia do direito internacional e formao do sistema mundial de regulao por meio de leis, acordos e tratados bilaterais. A grande referncia te-

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    rica desta perspectiva internacionalista seria Emanuel Kant e sua idia de repblica universal de Estados confederados (FonT; RUF, 2006, p. 131), que tenderia a uma ordem mundial estabelecida por uma comunidade internacional estvel.

    os perodos de 1500 a 1800 (figura 2) e de 1800 a 1914 (figura 3) podem ser considerados representativos da combinao dessas duas perspectivas.

    Entre 1500 a 1800 h o predomnio da fora das potncias coloniais (perspectiva realista) no ordenamento do espao mundial, ainda que alguns tratados entre os principais imprios da poca (perspectiva idealista) estabelecessem duas zonas de comrcio (atlntica e asitica). Este foi o caso dos Tratados de Tordesilhas (1494) e de Saragossa (1529), firmados pelos portugueses e espanhis.

    Figura 2 - o mundo bipolar de 1500 a 1800

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    Entre 1800 e 1914 observa-se um perodo de relativa estabilidade e disseminao dos va-lores culturais europeus, que se transforma no centro do mundo civilizado (perspectiva ide-alista). Isto no impediu a formao de novos estados nacionais e o uso da fora em situaes que ocorreram maior resistncia dos colonizadores (perspectiva realista), como no processo de independncia da Amrica Latina.

    Figura 3 - o apogeu da Europa: 1800 a 1914

    Depois das duas guerras mundiais, um perodo de grandes mudanas no mapa poltico, as abordagens da ordem mundial tornaram-se mais complexas, uma vez que surgiram ou-tras perspectivas menos polarizadas, como a estruturalista, a globalista e a pluralista (FonT; RUF, 2006). Veja na figura 4 a relao dessas abordagens com as concepes clssicas.

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    Figura 4 - ordem mundial - concepes do ps-guerraFonte: elaborado pelos autores.

    A concepo estruturalista, de base marxista, compreende a ordem mundial como resultado do desenvolvimento desiqual do capitalismo. Em funo disto, se aproxima da viso realista, tendo em vista a importncia das tenses e conflitos na manuteno do sistema internacional. Por outro lado, recebe tambm a influncia da viso idealista, uma vez que enfatiza o carter ideolgico da dominao supra-estatal.

    Para os globalistas, o mundo ps-guerra seria marcado pela superao do Estado a partir da regulao do sistema internacional por vrias instituies mundiais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetrio Internacional. neste sentido, eles valorizam o papel da comunidade inter-nacional, como os idealistas.

    Por fim, os pluralistas deslocam o debate da questo da hegemonia para a gesto das polti-cas pblicas, envolvendo muitos outros atores no processo de deciso, como as multinacionais, os organismos internacionais e as organizaes no governamentais. Apesar de cticos em re-lao ao papel dos Estados na ordem mundial, o que os distanciariam, compartilham da viso pragmtica dos realistas.

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    3.1 A Guerra Fria e a bipolaridade

    A Guerra Fria o perodo em que a ordem mundial foi mantida pela tenso entre duas superpotncias, Estados Unidos e Unio Sovitica, que procuravam expandir suas reas de influncia nas diferentes regies do planeta. por isto que podemos dizer que o perodo da Guerra Fria apresentava uma ordem mundial bipolar. Veja a figura 5.

    Figura 5: o mundo bipolar: 1945 a 1991

    Trata-se de um perodo que prevaleceu uma combinao da viso realista com a idealista. Do ponto de vista do realismo, a manuteno do equilbrio do poder representava a conteno do perigo tanto para o Ocidente (Estados Unidos) como para o Oriente (Unio Sovitica) da perda de valores culturais e polticos das diferentes sociedades (capitalistas e socialistas). Mas o idealismo tambm impulsionou a criao da Organizao das Naes Unidas (ONU) e os espaos polticos intergovernamentais que se desenvolveram a partir dela. Assim, os 51 pases signatrios Carta das naes, assinada em So Francisco (EUA) em junho de 1945, manifes-taram a preocupao com o flagelo da guerra e a vontade de unir as foras para manter a paz e a segurana internacionais.

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    Contudo, isto no seria possvel sem considerar o peso e a relevncia poltica das potncias ven-cedoras da Grande Guerra, o que pode ser analisado a partir das conferncias realizadas em 1945.

    A primeira conferncia que destacamos a de Yalta, realizada entre 4 a 11 de fevereiro de 1945. Esta conferncia tem o nome da cidade que a sediou, localizada na regio da Crimia Ucrnia. Observe a foto 1.

    Foto 1 - As principais lideranas da Conferncia de YaltaFonte: Photograph from the Army Signal Corps Collection in the U.S. National Archives.

    Da esquerda para direita, sentados: Winston Churchill (primeiro-ministro do Reino Unido, Franklin Roosevelt (presidente dos Estados Unidos) e Josef Stalin (presidente da URSS).

    Disponvel em: http://www.history.navy.mil/photos/images/ac00001/ac00543.jpg

    Esta conferncia teve como objetivo a discusso dos esforos conjuntos para o trmino da guerra, reconhecendo o papel estratgico da Unio Sovitica no desequilbrio das foras em favor dos aliados. Assim, os russos obtiveram o reconhecimento da fronteira sovitica na Eu-ropa ocidental, com aanexaodaEstnia, Letnia, Litunia e do leste da Polnia.

    http://www.history.navy.mil/photos/images/ac00001/ac00543.jpg

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    A conferncia realizada entre 17 de Julhoa2 de Agostode1945, em Potsdam (subrbio de Berlim), teve a participao dos britnicos, alm dos americanos e russos. O tema principal da reunio foi o destino da Alemanha ocupada pelas foras aliadas. Apesar da Frana no ter participado da conferncia, os Estados Unidos e o Reino Unido pressionaram os russos para incluir os franceses na partilha de Berlim, dividida em quatro zonas de ocupao: a norte--americana, a sovitica, a britnica e a francesa.

    Se houve um prejudicado entre os vencedores no final da Segunda Guerra Mundial, este foi o Reino Unido. Os britnicos salvaram pouco da sua at ento poderosa influncia poltica mundial, a no ser a prerrogativa de manter seu imprio colonial, que, no decorrer dos anos, seria perdido devido aos inmeros movimentos de independncia surgidos nas suas colnias.

    A perda de status do Reino Unido como ator privilegiado na disputa do poder, permitiu o reconhecimento dos EUA como um novo (e poderoso) ator, cuja influncia se ampliaria sobre a Europa ocidental. Para atingir esse objetivo, apesar da acentuada escassez de dlares no mundo, a soluo, a curto prazo, seria o financiamento direto das economias europias pelo governo norte-americano, com o propsito imediato de criar mercado para as exportaes dos Estados Unidos. Foi assim que surgiu o Plano Marshall.

    oficialmente este plano tinha como objetivo reunir todos os pases europeus para estimular investimentos privados, tanto na indstria europia como na obteno de emprstimos (gene-rosos) para ajustes sociais e na infra-estrutura dos pases atingidos pela guerra.

    Todos os pases que reconstruam a Europa foram convidados a participar do Plano Mar-shall (o nome do plano era uma homenag