rede de apoio e a atenÇÃo dispensada a dependentes … · 2 apoio social e rede de apoio na...

25
REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES QUÍMICOS 1 Claudia de Cristo 2 Débora Staub Cano 3 RESUMO O emprego do termo Rede de Apoio é utilizado para definir o conjunto de relações primárias e secundárias de um sujeito. A rede primária caracterizada pelas relações familiares, laços afetivos e de pertencimento, e a rede secundária constituída por relações formalmente instituídas, de cunho técnico profissional e por diferentes serviços. Também se percebe o uso da terminologia Trabalho em Rede para definir a estratégia interventiva voltada ao atendimento das demandas apresentadas pelos sujeitos. Esta revisão conceitual tem por objetivo apresentar alguns pressupostos teóricos relacionados ao tema Rede de Apoio, para, a partir desta análise, refletir sobre o trabalho na perspectiva de rede com Dependentes Químicos. A dependência química apresenta-se como demanda multifatorial que requer a intervenção de diversas áreas e serviços. Tanto para a prevenção quanto para o tratamento, tem-se na perspectiva de Trabalho em Rede uma das possíveis formas de garantir que o humano se coloque como principal elemento do fazer profissional, ocorrendo assim a verdadeira inserção dos serviços na configuração da Rede de Apoio do Dependente Químico. Palavras-chaves: Apoio Social. Rede de Apoio. Trabalho em Rede. Dependência Química. 1 INTRODUÇÃO O termo “apoio social” nos remete à ideia de solidariedade, acolhimento, pertencimento, entre outros conceitos que emergem da reciprocidade e interação entre os sujeitos frente a determinadas situações. Segundo Gonçalves et al. (2011) para ser compreendido o que significa apoio social precisamos levar em consideração algumas questões, dentre elas, a maneira como o apoio é disponibilizado, a forma subjetiva como o sujeito que recebe o apoio o 1 Artigo de pesquisa apresentado ao Curso de Especialização em Dependência Química e Promoção da Saúde das Faculdades Integradas de Taquara - FACCAT, como requisito parcial para aprovação na disciplina Monografia. 2 Assistente Social Graduada em Serviço Social pela Universidade Luterana do Brasil - ULBRA Canoas RS/2003, Pós Graduada Especialista em Educação Inclusiva pela FACCAT - Faculdades Integradas de Taquara RS/2009. Discente do Curso de Especialização em Dependência Química 2011/2013 FACCAT - Faculdades Integradas de Taquara RS. Profissional atuante como Servidora Estatutária na Prefeitura Municipal de Parobé RS, lotada na Secretaria Municipal de Assistência Social, Coordenadora do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), Responsável Técnica no Centro de Recuperação Integrado para Dependentes Químicos C.R.I.A.R. Vitória, Perita Social junto a TJ RS. Endereço para contato: [email protected]. 3 Orientadora Me. Débora Staub Cano. Psicóloga, graduada pela Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC (2002), Mestre em Psicologia e Especialista em Saúde da Família (2008) pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Professora no Curso de Especialização em Dependência Química e Promoção da Saúde das Faculdades Integradas de Taquara - FACCAT. Endereço para contato: [email protected].

Upload: others

Post on 08-Jul-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES QUÍMICOS1

Claudia de Cristo2

Débora Staub Cano3

RESUMO

O emprego do termo Rede de Apoio é utilizado para definir o conjunto de relações

primárias e secundárias de um sujeito. A rede primária caracterizada pelas relações familiares,

laços afetivos e de pertencimento, e a rede secundária constituída por relações formalmente

instituídas, de cunho técnico profissional e por diferentes serviços. Também se percebe o uso da

terminologia Trabalho em Rede para definir a estratégia interventiva voltada ao atendimento das

demandas apresentadas pelos sujeitos. Esta revisão conceitual tem por objetivo apresentar alguns

pressupostos teóricos relacionados ao tema Rede de Apoio, para, a partir desta análise, refletir

sobre o trabalho na perspectiva de rede com Dependentes Químicos. A dependência química

apresenta-se como demanda multifatorial que requer a intervenção de diversas áreas e serviços.

Tanto para a prevenção quanto para o tratamento, tem-se na perspectiva de Trabalho em Rede uma

das possíveis formas de garantir que o humano se coloque como principal elemento do fazer

profissional, ocorrendo assim a verdadeira inserção dos serviços na configuração da Rede de Apoio

do Dependente Químico.

Palavras-chaves: Apoio Social. Rede de Apoio. Trabalho em Rede. Dependência Química.

1 INTRODUÇÃO

O termo “apoio social” nos remete à ideia de solidariedade, acolhimento,

pertencimento, entre outros conceitos que emergem da reciprocidade e interação entre os sujeitos

frente a determinadas situações. Segundo Gonçalves et al. (2011) para ser compreendido o que

significa apoio social precisamos levar em consideração algumas questões, dentre elas, a maneira

como o apoio é disponibilizado, a forma subjetiva como o sujeito que recebe o apoio o

1 Artigo de pesquisa apresentado ao Curso de Especialização em Dependência Química e Promoção da Saúde das

Faculdades Integradas de Taquara - FACCAT, como requisito parcial para aprovação na disciplina Monografia. 2Assistente Social Graduada em Serviço Social pela Universidade Luterana do Brasil - ULBRA Canoas RS/2003, Pós

Graduada Especialista em Educação Inclusiva pela FACCAT - Faculdades Integradas de Taquara RS/2009. Discente

do Curso de Especialização em Dependência Química 2011/2013 FACCAT - Faculdades Integradas de Taquara RS.

Profissional atuante como Servidora Estatutária na Prefeitura Municipal de Parobé RS, lotada na Secretaria Municipal

de Assistência Social, Coordenadora do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS),

Responsável Técnica no Centro de Recuperação Integrado para Dependentes Químicos C.R.I.A.R. Vitória, Perita

Social junto a TJ RS. Endereço para contato: [email protected]. 3 Orientadora Me. Débora Staub Cano. Psicóloga, graduada pela Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC (2002),

Mestre em Psicologia e Especialista em Saúde da Família (2008) pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC.

Professora no Curso de Especialização em Dependência Química e Promoção da Saúde das Faculdades Integradas de

Taquara - FACCAT. Endereço para contato: [email protected].

Page 2: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

2

compreende, o efeito que se espera e o efeito causado tanto em quem oferece quanto para quem

recebe o apoio. Enfatizam ainda que, os conceitos “rede social”, “suporte social”, “rede de apoio”,

“rede de pertencimento”, entre outros, aparecem em muitos estudos para definir as mesmas

perspectivas sobre apoio social.

Na análise de redes sociais e apoio social, Elkaïm (1998) compreende a rede social

como um grupo de pessoas independente do local que ocupam. Descreve estas como sendo

conhecidos, vizinhos, amigos, familiares, relacionando pessoas que oferecem ajuda e apoio de

forma real e duradoura ao sujeito ou à família. Nesta mesma perspectiva sobre rede social e apoio,

Sluzki (1996), coloca que a rede social pode ser dividida em quatro quadrantes: a família (nuclear

ou extensa), as relações de amizade e vizinhança, as relações de trabalho e educacionais, e as

relações religiosas, comunitárias e de serviços. Para Dessen e Braz (2000, p. 443) rede social “é um

sistema composto por vários objetos sociais (pessoas), funções (atividades dessas pessoas) e

situações (contexto)”. O conceito de rede social aqui, também vai além do contexto familiar e das

pessoas ligadas por laços consanguíneos. Colaborando com esta ideia, Gomide e Grossetti (2010),

destacam que rede social é espaço de interlocução entre diferentes atores sociais, que ligados entre

si por relações interpessoais extrapolam os limites formais institucionais. Pensar em apoio social,

portanto, remete considerar pessoas e relações significativas, sendo que, ao passo que estas

relações constituem a rede social a definem como espaço de apoio pela qualidade com que ocorrem

frente a determinadas situações.

Nesta direção, ao abordar sobre o sentido das relações e conceituar rede social de

apoio, para Taucar, Castellanos e Mallo (1996 apud GIONGO, 2003) esta é constituída pela rede

primária e pela rede secundária. A rede primária se apresenta a partir daquelas relações escolhidas

e definidas pelo sujeito no decorrer de toda sua existência, não só pelo âmbito familiar, mas

também dos amigos, dos vizinhos e dos companheiros de trabalho. Já a rede secundária, as relações

não se definem pela reciprocidade e de modo natural, visto que, na rede social do sujeito também

se inserem àquelas relações organizadas de maneira específica, nas quais seus integrantes possuem

papéis predeterminados e definidos de acordo com os lugares que ocupam em determinadas

instituições. Nesta perspectiva, inserem a rede secundária como parte constituinte da rede social,

que em seu todo tem como fim “a satisfação das necessidades afetivas, informativas e materiais dos

membros que a integram” (p. 16-17) e por isso, se revela como espaço de apoio.

Ao abordar sobre apoio social e redes, Andrade e Vaitsman (2002) chamam a atenção

para o fato de que espaços acolhedores e participativos onde são incentivadas trocas solidárias

entre pessoas que partilham determinada situação, favorecem o fortalecimento do poder e do saber

que os sujeitos possuem e podem adquirir em torno de suas próprias condições de saúde. A este

enfoque, Canesqui e Barsaglini (2012) acrescentam que há décadas as redes sociais interessam aos

Page 3: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

3

estudos relacionados à saúde pública no Brasil. Afirmam que estes foram ao longo dos anos dando

ênfase para a integração dos sujeitos em diferentes redes, deslocando-se do plano individual para o

coletivo, incluindo a importância de espaços capazes de oferecer suporte material, cognitivo,

afetivo e emocional. No campo da saúde e, de maneira específica, na atenção dispensada a

dependentes químicos, um entendimento comum pelos serviços quanto ao significado deste

fenômeno “apoio social” e de como se define a “rede de apoio” favorece atuações mais eficazes.

Faz-se necessário, por isso, explorar sobre a contribuição dos serviços e profissionais/atores

envolvidos, para, a partir disso, conceituar e estabelecer o que se denomina rede de apoio.

Especificamente quanto à rede secundária Giongo (2003) considera que o fazer

profissional contribui na forma como os serviços se incluem enquanto constituintes da rede de

apoio dos sujeitos. Neste sentido, o trabalho na perspectiva de rede se revela através do apoio que

emerge desta rede secundária, uma vez que esta atuação profissional pressupõe transcender limites,

buscar alternativas além da família nuclear e extensa, não resumindo a rede (de apoio) à dimensão

das relações primárias. Trabalhar na perspectiva de rede, muito mais do que percorrer um universo

amplo de pessoas significativas para o sujeito e para sua família, é incluir também o serviço que o

profissional está mergulhado e envolvido como parte constituinte da rede de apoio destes sujeitos.

A intervenção na perspectiva de rede no campo da saúde, especificamente com

dependentes químicos, segundo Marinho, Silva e Ferreira (2011) remete a ideia de ajuda coletiva,

de maneira que tanto mais forte e integrada for a rede social mais serão potencializados os vínculos

que caracterizam e conformam o apoio social que as redes proporcionam. Alem disso, entendem

que o suporte social que emerge da rede de apoio atua como um fator de proteção na prevenção e

tratamento da dependência química. Para Andrade e Vaitsman, (2011) estes espaços possibilitam

ao sujeito compartilhar sentimentos, informações, estar presente em eventos sociais e também

capacita para enfrentar situações adversas, definindo o quanto uma rede é forte e integrada.

Seguindo a concepção de Sluzki (1996), a rede de apoio do dependente químico pode

ser identificada pelas relações estabelecidas pelo próprio sujeito com aqueles quadrantes e pessoas

que ele considera pertencente (e assim o consideram) e possuem significado positivo para a sua

vida, e pelos serviços através dos quais irão se revelar práticas interventivas e ações articuladas

produzindo suporte social. Valorizando a demanda “dependência química”, busca-se conceituar

rede de apoio para ressaltar o trabalho na perspectiva de rede como garantia no fortalecimento dos

vínculos entre sujeito, família e serviços.

De acordo com Gonçalves et al. (2011), diferentes tendências conduzem para a opinião

de que o apoio social resulta da interrelação entre os sujeitos. Estas relações definem a rede de

apoio, constituída pelos serviços e respectivos profissionais, e, pela rede primária. Assim, abordar

sobre rede de apoio valorizando a demanda dependência química implica refletir sobre as relações

Page 4: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

4

afetivas de pertencimento do sujeito dependente químico, e, o papel e a participação dos serviços,

em especial no que tange a humanização na atenção dispensada a este público, a luz de uma

demanda que implica diretamente na qualidade dos vínculos e relações.

Notadamente, abordar o trabalho na perspectiva de rede como meio para o

fortalecimento dos vínculos do sujeito com sua Rede de Apoio, compreendendo que esta é em parte

constituída pelos serviços, implica falar de um fazer “com princípio de conduta de base humanista

e ética” (RIOS, 2009, p. 1), muito embora falar de humanização dos serviços em um fazer de

humanos para humanos pareça até redundante. A revisão conceitual tem por objetivo refletir sobre

pressupostos teóricos que possam dar evidencia a Rede de Apoio enquanto espaço constituído pela

rede primária e secundária, compreendendo a dependência química como uma demanda

multifatorial, objeto de intervenção e motivo de elo entre diversas áreas e serviços. Na escolha do

referencial teórico, primeiramente realizou-se uma busca nas bases de dados ScieELO e BVS-Psi

identificando estudos que abordam especificamente sobre “rede de apoio”. Devido à escassez de

trabalhos sobre o tema em específico, buscou-se estudos que abordam os temas “rede social”,

“apoio social” e “trabalho na perspectiva de rede” com ênfase à atenção dispensada a dependentes

químicos. Dos vinte e quatro textos utilizados, em média cinqüenta por cento são artigos

publicados na base SciELO e outra parcela extraída de livros publicados que abordam sobre redes

sociais, apoio social e redes de apoio, sendo que alguns relacionam a demanda dependência

química.

2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA

Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica a existência de três

tendências que são utilizadas com a mesma perspectiva. A primeira valoriza a existência de uma

hierarquia conceitual a partir de um olhar sistêmico, onde a categoria relações sociais aparece

como tema central e, a partir desta aborda-se sobre apoio. Das relações interpessoais e intergrupais

suscitam situações diversas - conflito, tensões, acolhimento, e outros tipos de manifestações entre

os sujeitos. Nesta tendência os estudos abordam sobre os tipos de relacionamentos, duração,

frequência, densidade e reciprocidade, e, estes fenômenos relacionais definem o que se denomina

por questões estruturais da rede social. Pelo fato de que nesta tendência o apoio social emerge

como produto das relações sociais de uma rede social ampla, muitas vezes ocorre que apoio e rede

social se apresentam como conceitos equivalentes; a rede social é considerada a partir das relações

positivas, ou seja, como sinônimo de apoio. Desta forma o apoio social é um aspecto intrínseco e

emergente da funcionalidade das relações interpessoais e intergrupais [trocas e ajudas mutuas]

ocorridas na rede social, compreendida enquanto espaço de vinculação, acolhida, pertencimento e

Page 5: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

5

tantas outras nuances, que, por assim se apresentarem, possibilitam e a caracterizam como uma

rede de apoio. (GONÇALVES, et al., 2011).

Para Gonçalves et al. (2011), sobre as outras duas tendências que abordam sobre apoio

social, a segunda utiliza a própria categoria apoio social como elemento central, e a terceira aborda

Redes Sociais. Em estudos que a categoria apoio social é utilizada como elemento central para

explicar a si mesma, são aprofundadas as dimensões alcançadas pelo apoio - emocional, material,

informacional e cognitivo. No processo de proporcionar apoio ao sujeito, se intervém nestas

dimensões, sendo elas potencializadas dependendo das relações sociais que o sujeito possui, do

clima social, da integração entre elementos da rede de apoio do sujeito. Nesta tendência são

valorizadas as questões subjetivas que emergem a partir de cada dimensão que o apoio

compreende, o que cada uma significa e o foco para o qual está voltado. A rede social é o lugar e o

apoio social ganha ênfase por que irá ocorrer e intervir nestas dimensões específicas. Para

Gonçalves et al. (2011) nesta tendência, o apoio social deriva de um amplo processo que valoriza

comportamentos de apoio e questões subjetivas, explorando questões que vão além das percepções

de quem recebe apoio, incluindo elementos tais como as interações positivas e negativas entre os

sujeitos, grau de satisfação, reciprocidade, características e percepções de quem oferece o apoio,

para elucidar o que seja a rede de apoio de fato e a qualidade desta.

Na primeira tendência identificada por Gonçalves (2011) as relações sociais -

interpessoais e intergrupais - são colocadas como temas central e o apoio social aparece como

produto destes fenômenos relacionais. Na segunda tendência, as relações em seu conjunto de

expressões, normas, características, impacto de satisfação tanto de quem recebe quanto de quem

oferece apoio, e até mesmo o próprio alcance que o apoio atinge definem a rede social. Todavia, a

categoria apoio social aparece como conceito central, por que são as dimensões alcançadas por ele

o foco de interesse, visto que estas é que dirão sobre a qualidade do apoio.

Em uma terceira tendência, conforme Gonçalves, et al. (2011) a categoria redes sociais

aparece como conceito central do qual derivam considerações sobre as relações entre os sujeitos, e,

conseqüentemente, sobre apoio. Esta tendência [redes sociais] é mais comum no campo das

ciências sociais; os autores valorizam a realidade de que a sociedade é constituída por relações

interpessoais e intergrupais. Ocorre assim, uma interdependência entre diversos sujeitos e grupos,

sendo que destas trocas ocorrem influências de umas nas vidas das outras, emergindo, por

exemplo, cuidado, atenção, saúde em seu sentido mais amplo. Para Andrade e Vaitsman (2002),

estas relações interpessoais e intergrupais podem ser mapeadas em número, intensidade, qualidade

e efeito, definindo assim a rede social de um indivíduo. Sluzki (1997) sintetiza que as redes sociais

podem ser explicadas pela estrutura e funcionalidade, bem como pelas relações mais íntimas e

ampliadas. Esta tendência que aprofunda sobre redes sociais resume a primeira e a segunda, uma

Page 6: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

6

vez que busca definir e explicar a qualidade das relações sociais, bem como denuncia aspectos

quantitativos, estruturais e de funcionalidade da rede social para conceituar o que é apoio social e

como este ocorre.

Em relação às três tendências comumente usadas em estudos que abordam sobre apoio

social, estas preservam características comuns, pois elas trazem respectivamente como tema central

as relações sociais, apoio social e as redes sociais, mas todas garantem de maneira direta e indireta

elementos como suporte social, estrutura, função, vínculo, pertencimento, entre tantos outros que

por vezes se sobrepõem. Segundo Gonçalves et al. (2011), todas irão abordar quanto ao número,

intensidade e densidade das/nas relações interpessoais e intergrupais, assim como irão apresentar a

maneira como as dimensões do apoio - emocional, material, cognitivo e informacional - se

apresentam. A forma como estes elementos inerentes ao assunto “apoio social” se relacionam é que

irão definir a rede social como sendo [ou não] uma rede de apoio. O que ocorre é que” por vezes

modifica-se o conceito central para falar de apoio social, mas são utilizadas terminologias

atribuindo a elas a mesma definição” (GONÇALVES, et al. 2011, p. 7). Segundo os autores, as

técnicas de avaliação do que seja apoio social são escassas, e, são insuficientes os instrumentos de

avaliação de apoio social, especialmente pelo fato de que muitos são os contextos e áreas de

aplicação; daí, diferentes tendências e conceitos distintos para explicar as mesmas perspectivas.

Pensando na dependência química enquanto demanda interventiva e relacionando ao

tema apoio social, para Gonçalves et al. (2011) em um estudo epidemiológico, por exemplo, os

instrumentos de avaliação deveriam dar ênfase ao alcance do apoio na vida dos sujeitos e as

percepções gerais sobre o apoio recebido em torno desta demanda específica. Por outro lado,

estudos voltados a medir o impacto do apoio social frente a uma demanda específica, por exemplo,

à prevenção da recaída, os estudos deveriam utilizar ferramentas que pudessem avaliar o tipo de

apoio - emocional, instrumental e/ou informativo, disponibilizado pela rede social de apoio do

sujeito para este fim. Por esse prisma, pode ser avaliado a forma como é dispensado, mecanismos

de garantia e finalidade do apoio pela rede; por outro é possível avaliar o alcance do apoio na vida

dos sujeitos.

Para Gonçalves et al. (2011), através de reflexões que trazem à luz questões conceituais

ao abordar sobre apoio, que se percebe a carência de instrumentos que proporcionem melhores

avaliações. Podemos afirmar que estudos e instrumentos que permitissem mapear a forma como o

apoio é dispensado e as dimensões alcançadas em torno de determinada demanda, poderiam

colaborar para um entendimento comum entre os envolvidos de como o apoio ocorre e verificar a

relevância do apoio social dispensado. Ao mesmo tempo, ao avaliar o alcance do apoio, este

processo facilitaria a interlocução entre os diversos atores envolvidos, tanto entre profissionais

Page 7: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

7

quanto destes com os sujeitos atendidos e famílias, solidificando a rede social de apoio e

garantindo atuações mais claras e eficazes.

Em um amplo estudo realizado com 4.030 funcionários de uma universidade pública do

Rio de Janeiro com objetivo de identificar fatores relacionados à rede e apoio social utilizando o

questionário MOS - Medical Outcomes Study, o qual tem por objetivo medir a disponibilidade e

qualidade das funções de apoio social quanto aos aspectos estruturais e funcionais, Chor et al.

(2001), enfatizam que no Brasil, apesar dos estudos epidemiológicos incorporarem aspectos

socioeconômicos e socioculturais, ainda não se conseguiu incluir questões relacionadas à rede

social de pertencimentos dos sujeitos e questões relacionadas ao apoio social. Gonçalves, et al.,

(2011) defende que o aprofundamento teórico e métodos que auxiliem na investigação de como o

apoio social atua na vida dos sujeitos, e a identificação quanto aos tipos de apoio dispensados,

sobretudo pela rede secundária no que tange à demanda dependência química, se revela em

qualidade no planejamento de intervenções voltadas à promoção da saúde destes sujeitos e suas

famílias.

Ao abordar sobre dependência química enquanto demanda relacionada ao trabalho na

perspectiva de rede, valoriza-se o conceito de doença crônica, em que o uso inicialmente é

voluntário e posteriormente se torna continuado, de maneira que estas substâncias psicoativas

passam a provocar mudanças na estrutura e no funcionamento do cérebro, bem como contribuindo

para desestabilização nas relações do sujeito tanto com a família quanto com a sociedade de

maneira geral (DUAILIBI; VIEIRA; LARANJEIRA, 2012). Também, observa-se a correlação

entre uso, abuso e dependência de acordo com estudos e instrumentos classificatórios como DSM-

IV - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais [quanto às questões de abuso e

dependência] e CID-10 - Classificação Internacional de Doenças [quanto ao uso nocivo e

dependência]. Nas intervenções no campo da dependência química, independente da formação, é

fundamental que os profissionais que atuam com esta demanda conheçam os critérios oficiais em

vigência para que se possa dialogar com melhor qualidade. (PREVENÇÃO, 2011). Todavia, sem

deixar em detrimento a certeza de que o diagnóstico quanto aos padrões de consumo é etapa

primordial para uniformizar a intervenção e a linguagem nas equipes que intervêm nestas situações,

ao relacionar o tema dependência química neste estudo, se enaltece o que Duarte e Morihisa (2011)

pontuam de que é preciso ampliar o olhar para que aspectos relacionados às consequências

biopsicossociais inerentes à doença possam suplantar definições clínicas voltadas a padrões de uso.

Ao abordar a participação do sujeito dependente químico na construção de sua rede de

apoio, trata-se de um movimento que gera transformação na sua realidade, em várias dimensões, e

que permite a reconstrução do próprio sujeito neste processo de partilhar comportamentos e

relacionamentos (MARINHO; SILVA; FERREIRA, et al. 2011). E esta, é a perspectiva que deve

Page 8: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

8

nortear a atuação dos serviços e profissionais, independente dos fatores causais, etapas diagnósticas

e das razões que motivem as intervenções, sejam estas voltadas à prevenção, tratamento e/ou

reinserção. Neste sentido, a acolhida e a valorização do sujeito neste processo de construção e

manutenção de sua rede de apoio, que gera o sentimento de pertencimento e de co-responsabilidade

através da participação, já revelam em si o apoio social, através de uma postura mais flexível pelos

serviços tanto de se incluir quanto de permitir que o sujeito participe do planejamento desta rede

que lhe oferece apoio.

Para Giongo (2003) trabalhar na perspectiva de rede significa o profissional que acolhe

o sujeito ou a família partir da hipótese que, se ocorre determinada problemática que demanda a

busca por ajuda e intervenção daquele serviço, em algum momento e por alguma razão a rede

social não está administrando a resolução. Enfatiza que a mobilização em torno da resolutividade

com o sujeito pelos serviços e profissionais, somada à valorização e potencialização da inserção

ativa dos membros da rede social de pertencimento primária é que vai caracterizando e definindo a

rede de apoio.

Ao conceituar rede de apoio constituída pela rede primária e secundária, Giongo (2003)

aborda o sentido das relações estabelecidas entre os diferentes atores; como elas são

compreendidas e se apresentam, dando ênfase ao pertencimento na rede primária, e a forma como

as relações entre usuários e profissionais se estabelecem nos múltiplos espaços que os sujeitos

demandatários das ações ocupam na rede secundária (serviços). Os profissionais são atores sociais

que constituem relevante papel, ao passo que é o fazer profissional que promove e define a

participação dos serviços na rede de apoio, portanto, na vida dos sujeitos. Nesta perspectiva,

pensando a dependência química como demanda e o sujeito dependente químico enquanto público

alvo na intervenção, fica evidenciado a importância da valorização e investimentos no

fortalecimento dos vínculos tanto da rede primária quanto da rede secundária, uma vez que estes

somados é que revelam a rede de apoio do sujeito.

No que tange à estrutura e função da rede de apoio, na rede secundária, segundo

Taucar, Castellanos e Mallo (1996 apud GIONGO, 2003) por se tratar de conjuntos sociais

instituídos, estruturados para desenvolver funções específicas, os atores sociais que o compõem e

representam possuem papéis predeterminados. As relações na rede secundária não se definem pela

reciprocidade e de modo natural, mas sim, são determinadas e ela é definida por papéis de diversas

instituições, compostas por diversos profissionais e atores de acordo com necessidades, demandas e

serviços ofertados. A rede secundária constitui, assim, aquela parcela da rede de apoio em que as

relações do sujeito ocorrem com os serviços, sendo que a qualidade que caracteriza este vínculo

será definida pela maneira como são ofertados estes serviços, portanto, pelo fazer profissional.

Page 9: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

9

Todavia, se as instituições e serviços são instituídos, o fazer que os define não deve se

estabelecer da mesma maneira representando padrões rígidos, engessamento e mesmice; o fazer

deve ser um instintuínte no que tange ao suporte e manutenção da própria rede de apoio. Marinho

et al. (2011) chama a atenção para o fato de que o apoio social provém da rede [de apoio] como um

todo, de maneira completa, ou seja, ela é a executora e ao mesmo tempo o meio pelo qual se

potencializam os vínculos. Além de valorizar e potencializar vínculos primários, no que tange à

rede secundária, esta tem também o papel de agregar outros serviços, sendo responsável e tornando

a rede de apoio um sistema vivo, uma vez que estes serviços possuem funções específicas e por

isso não se bastam. Santos Filho, Barros e Gomes (2013, p. 605) destacam que “o enfrentamento

do que está instituído acontece constantemente pela invenção de outras formas de agir nos espaços

de trabalho, pela produção incessante de saberes realizada na atividade laboral”.

Confirmando a forma como a rede primária e secundária se complementam para revelar

a rede de apoio de um sujeito, Giongo (2003) descreve que a rede primária é uma entidade

microssociológica, constituída por um conjunto de indivíduos que se comunicam entre si a partir de

afinidades pessoais, fora do contexto institucionalizado. O sujeito passa a identificar desde tenra

infância a sua rede primária quando passa a ser acolhido e chamado pelo nome, e no decorrer da

vida, as vivências pessoais de cada sujeito vão definindo e redefinindo a rede primária, a partir de

necessidades pessoais ou escolhas em torno de um pertencimento recíproco. Já em relação à rede

secundária, ao longo da vida e de acordo com determinadas circunstâncias esta vai se definindo e

constituindo parte da rede de apoio do sujeito em torno de necessidades e ofertas de serviços; são

caracterizadas pelos papéis de diversos profissionais e pelos serviços que se fornece ou se recebe

(GIONGO, 2003, p. 17). A rede primária possui um perfil natural, emerge com o sujeito, podendo

se transformar a partir de escolhas ou processos da vida [complexos de acordo com a realidade de

cada um]. A rede secundária, constituída por serviços e desempenhando diferentes papéis, em

grande parte será definida pelos processos da vida, que irão promover demandas e determinarão

sua participação na rede de apoio. Além disso, sobre a rede secundária, ao mesmo tempo em que

um sujeito possui determinado serviço compondo sua rede de apoio, em função de algum papel

específico que desenvolva pode estar constituindo a rede secundária de alguém. Neste sentido

evidenciamos que a compreensão sobre rede de apoio implica considerar os sujeitos inseridos em

um contexto que remete à ideia de igualdade, interagindo de forma igualitária recebem afeto, apoio,

podem expressar suas opiniões, suas vontades, definem suas identidades, manifestam pensamentos

e efetivam deveres, podendo ser ora demandatários das ações e em outra, executores.

No que tange a esta dinâmica relacional que explica a rede de apoio Kern (2002)

entende que é justamente este movimento do ser humano em se projetar da singularidade para a

coletividade que nos faz sobreviver e sermos sujeitos no mundo. Quando percebe e sente

Page 10: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

10

determinadas necessidades, sejam elas práticas ou subjetivas, o ser humano se lança na busca do

que denomina instâncias de recursos, quer sejam elas materiais ou socioafetivas. Entende que é

neste processo de se lançar para as redes sociais para se abastecer prática e subjetivamente que o

sujeito passa a existir para o outro, definindo e construindo a sua rede de apoio (Kern, 2002).

Sluzki (1996 apud RANGEL, 2007 p. 24) complementa que “a rede social é uma fonte essencial de

sentimento de identidade, de competência e de ação” e neste espaço se apresentam todas as

relações que um sujeito possui de forma significativa.

Partindo deste pressuposto, em que a rede social no sentido mais amplo é espaço de

competência e ação, bem como de oportunidade para a construção e o sentimento de identidade,

são intervenções eficazes, incluindo e valorizando investimentos nos campos socioafetivos e

relacionais destes sujeitos - segurança, amor, estima, relações pessoais -, que possibilitam o

sentimento de pertencimento. Tratando-se do campo da saúde e de demandas relacionadas à

dependência química, tanto para a prevenção quanto para o tratamento, e independente do nível de

atenção, a rede secundária terá desempenho importante a partir da organização e investimento na

qualificação dos serviços, sobretudo, no que diz respeito a investimentos em recursos humanos. É

por meio de intervenções que são garantidos direitos como atuar, participar, dar opinião sobre suas

próprias questões, favorecendo assim o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. Para

isso os profissionais precisam incorporar tal perspectiva de trabalhão. É através destas relações

potencializadas e significativas para todos os envolvidos que se constitui a rede de apoio; não basta

que as relações sejam desejadas e significativas apenas para os usuários demandatários das ações.

Para Kern (2002) quando o sujeito se sente acolhido nesta rede de pertencimento por

meio de manifestações subjetivas, isso gera o sentimento de que ele tem valor, conformando que é

bom ele ser quem ele é, sente-se apoiado. Neste sentido, o trabalho na perspectiva de rede remete

valorizar a forma como o sujeito se estabelece no mundo no que tange a suas relações quer sejam

por razões materiais ou socioafetivas. Implica enquanto sujeito profissional, importar-se em

conhecer os demandatários das ações da instituição em que se está inserido e a rede de serviços que

este sujeito usuário transita. Isso implica buscar conhecer a rede de pertencimento, as relações

primárias que se estabelecem na família, nas relações de amizade que o sujeito vai identificando e

escolhendo, agregadas pela convivência na comunidade, até as relações desenvolvidas em outros

espaços institucionalizados e organizados por serviços, sabendo que, por vezes também somos

sujeitos demandatários de ações [usuários, pacientes].

Ao avaliar a intervenção profissional na perspectiva de rede, verificamos que Souza,

Kantorski e Mielke (2009) abordam sobre o pertencimento entendendo que todo individuo pertence

a uma rede que é um subgrupo da sociedade global. Esta rede de pertencimento do indivíduo é

espaço de intercâmbios e vínculos com as pessoas que são emocionalmente significativas para ele,

Page 11: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

11

tais como família, amigo, vizinho, colega de trabalho, profissionais da saúde, etc. O fato de possuir

interações constantes com esta rede, que é fonte de recurso, apoio emocional, informação, é que

define esta como rede de apoio. Este subgrupo que oferece apoio na concepção de Souza,

Kantorski e Mielke (2009) não representa uma camada ou um espaço restrito, e sim o conjunto

dinâmico de pessoas, recursos e serviços envolvidos e importantes para a vida do sujeito.

Desta forma, pensar a rede de apoio como sinônimo de apoio social na atenção

dispensada a dependentes químicos, no que tange ao papel da rede secundária, implica existir a

disponibilidade para compartilhar interesses em torno de demandas pelos múltiplos serviços e

profissionais de diversas áreas inseridos e atuantes nestes espaços. Esta disponibilidade dos

profissionais é condição que define não somente o perfil profissional, mas também desenha o papel

da rede de apoio. Para Canesqui e Barsaglini (2012) oferecer apoio significa também o serviço

disponibilizar esforços para mediar a comunicação do sujeito com os demais serviços no sistema

social, assim como com sua rede de apoio primária, balizando a ação dos sujeitos e influenciando

em suas condutas. O fazer profissional pode contribuir para facilitar ou inibir o desenvolvimento

desta rede de apoio do sujeito, além de que, esta intencionalidade reflete em saúde de forma mais

ampla. Nesta perspectiva, promover saúde é justamente favorecer que os sujeitos possam interagir,

revelando ações coletivas de fato e desta forma possibilitar que possam ir tomando o controle e

autonomia pelas suas vidas (empowerment). O trabalho na perspectiva de rede, portanto, remete ao

um fazer profissional que precisa estar atento para o individual e para o coletivo, permeado por

uma intencionalidade em que o saber e o poder profissional estejam voltados para a promoção do

sujeito. (CANESQUI; BARSAGLINI, 2012).

Em se tratando da demanda dependência química, estudos que abordem sobre a rede de

apoio dando ênfase ao papel e a dinâmica da rede secundária são sumamente importantes. Em

razão do uso de substâncias psicoativas por longos períodos e quando instalada a doença, em geral

os sujeitos rompem vínculos ou estes se tornam fragilizados. As relações familiares se desgastam,

passa a haver descrença pela rede primária, pelo fato de que as recaídas estão relacionadas a estes

processos e inferem frustrações. Em um estudo com intuito de analisar sobre o apoio social

recebido e a rede de apoio de dependentes químicos de um Caps-Ad - Centro de Atenção

Psicossocial da região sul [Pelotas] Souza, Kantorski e Mielke (2009) chamam a atenção para uma

realidade que é percebida também em outros estudos. Os sujeitos dependentes químicos destacam a

família como única ou principal rede de pertencimento, enquanto que, de outro lado, a família

descreve o vínculo como já estando rompido ou muito fragilizado e desgastado. Com isso,

fundamentam que o fortalecimento dos vínculos na construção da rede de apoio destes sujeitos tem

sido considerada em grande parcela sob o prisma da rede primária, reverberando assim discursos

sobre o papel da família como rede de apoio (SOUZA; KANTORSKI; MIELKE, 2009). Este

Page 12: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

12

processo deixa em detrimento a valorização do próprio significado que a rede secundária possui e

sua igual e importante parcela de participação na constituição da rede de apoio destes sujeitos.

Assim, como consequência, a ideia de pertencimento e de fazer humanizado pelos serviços acabam

também ficando em segundo plano, voltando intervenções para aplicações junto às famílias.

A dependência química interfere diretamente no que tange ao pertencimento em todas

as esferas da vida. E uma vez que as relações sociais têm por base a troca, se espera atenção na

mesma intensidade (MARINHO; SILVA; FERREIRA, 2011). Com a dependência química

instalada, as consequências da doença influenciam no trabalho, nas condições físicas, psíquicas e

sociais, limitando os sujeitos. Muitas vezes o custo/benefício do trabalho fica em evidência, além

de estigmas que o afastam. Outros espaços relacionais, comunitários e de lazer que remetem à

qualidade de vida, à prática da espiritualidade, que antes tinham um aspecto de irmandade e

fortaleciam o senso de comunidade e os cuidados com a própria vida passam a ser evitados. Além

disso, para permanecerem saudáveis, as relações primárias de amizade algumas vezes precisam ser

substituídas. Com os vínculos familiares fragilizados, muitas vezes os serviços passam a ser por

algum tempo as “redes operantes” para estes sujeitos até se retomarem laços saudáveis.

É neste sentido que Souza, Kantorski e Mielke (2009) destacam que a assistência mais

humana em detrimento de olhares excludentes infere na intervenção, na forma como o serviço irá

se apresentar como parte significativa da rede de apoio para o sujeito. Considerando a demanda

dependência química e a rede secundária que constitui parte da rede de apoio do sujeito composta

por diversos serviços, entendem que esta assistência mais humana precisa ser considerada para

todos os profissionais e áreas envolvidas. Enfatizam no que tange a disciplinas e formação

acadêmica, que é preciso investimentos em olhares mais abrangentes e práticas comunitárias em

diversos segmentos profissionais. Alexandre, et al. (2011) complementa que o processo de

fortalecimento do vínculo entre o usuário e a equipe, e dos serviços envolvidos entre si, está

intrinsecamente ligado à própria compreensão de produção da saúde construída coletivamente. Isso

significa dizer que quanto mais investimentos houver na qualificação de recursos humanos para a

garantia de um fazer voltado ao respeito e a valorização do humano, maiores serão as práticas

coletivas que irão devolver a promoção de saúde à comunidade como um todo.

Para Rios (2009) um fazer humanizado inclui o processo interventivo direto com o

sujeito demandatário das ações e a própria transformação das culturas institucionais por meio de

práticas coletivas. Valoriza que esta perspectiva de trabalho em rede é estar garantindo este

estreitamento do vínculo entre o sujeito e os atores institucionais e consequentemente entre os

serviços. Através deste fazer é possível estar cotidianamente capacitando o sujeito a participar,

opinar e decidir sobre a gestão dos serviços e da própria vida de forma positiva. Pensando a

Page 13: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

13

humanização nas equipes Türck (2001, p. 22) destaca que “um trabalho só consegue ter êxito

quando o processo competitivo, a inveja e a disputa de poder são canalizados positivamente”.

A atenção dispensada a dependentes químicos, segundo a Política de Atenção Integral

para Usuários de Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde, resultado da III Conferência

Nacional de Saúde Mental, está voltada a prevenir, tratar e reabilitar sujeitos que sofrem por

transtornos decorrentes do consumo de drogas (BRASIL, 2003). Para Ronzani (2011) a Lei

10.216/2002 que sanciona a Política é um marco institucional, uma vez que dispõe sobre a proteção

e os direitos das pessoas com transtornos mentais, incluindo usuários de álcool e outras drogas,

destacando os cuidados nos espaços como Caps-Ad, articulados com programas de saúde da

família, agentes de saúde, unidades básicas, etc. Além dos espaços institucionais a Política destaca

que precisam ocorrer práticas interventivas, tanto nestes espaços - com cuidados relacionados à

medicação, intervenções psicoterápicas, orientação, como a inserção e a atuação comunitária pelos

serviços. A Política conclama aos serviços se lançarem para a atuação em rede, e,

consequentemente intervirem nesta perspectiva por meio de seus atores institucionais. No que

tange aos serviços a Política preconiza que se fortaleçam os pontos em cada nível de atenção e

entre estes, destacando que, o princípio da integralidade das ações está na soma de esforços e

competências, compreendidos como áreas e serviços que virão reduzir o nível de problemas

relacionados ao consumo de drogas como um todo vivenciado na sociedade (BRASIL, 2003).

Por ser demanda multifatorial, tanto para tratar quanto para prevenir, será a junção de

esforços que irá revelar a eficácia da Política Nacional de Atenção Integral para Usuários de Álcool

e Outras Drogas.

Nunca é demais, portanto, insistir que é a rede – de profissionais, de familiares, de

organizações governamentais e não-governamentais em interação constante, cada um com

seu núcleo específico de ação, mas apoiando-se mutuamente, alimentando-se enquanto

rede – que cria acessos variados, acolhe, encaminha, previne, trata, reconstrói existências,

cria efetivas alternativas de combate ao que, no uso das drogas, destrói a vida. (BRASIL,

2003, p. 11).

Além disso, corroborando com a Política de Atenção Integral para Usuários de Álcool e

Outras Drogas, a Política Nacional de Humanização de 2003, embasada por uma intencionalidade

solidária, busca a melhoria nas relações pertinentes a gestão e a atenção dispensada a usuários dos

serviços de saúde. A Política vem a calhar com a perspectiva de trabalho em rede, quando tem

dentre suas diretrizes, estimular a comunicação entre gestores, trabalhadores e usuários para

construir processos coletivos de enfrentamento de relações de poder, e dentre seus princípios, a

valorização das dimensões subjetivas e sociais na prática de atenção a saúde. (BRASIL, 2004).

Noutras palavras, a Política Nacional de Humanização busca orientar as relações entre usuários dos

serviços e profissionais, destes entre si, e, entre serviços. Vem respaldar e recomendar ao trabalho

Page 14: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

14

técnico-profissional, atitudes humanísticas, já que muitas vezes a falta destes ingredientes produz

atitudes e práticas desumanizadoras, que inibem a autonomia dos sujeitos usuários dos serviços e a

co-responsabilidade dos profissionais de saúde na produção desta autonomia.

Gomide e Grossetti (2010) abordam sobre a importância das relações interpessoais no

desempenho de programas e nos serviços de saúde. Entendem que a subjetividade que emerge da

singularidade de cada componente contribui diretamente nas ações de trabalho. Neste sentido, as

relações entre estes atores sociais deve ser foco de interesse e estudo ao se estabelecer reflexões e

análises sobre a atuação na perspectiva de rede e avaliar a inserção dos serviços na rede de apoio.

Embora os serviços sejam instâncias formalmente constituídas e seus integrantes possuem papéis

pré-determinados, as ações se materializam por meio de um fazer de humanos para humanos,

emergem sentimentos e outros fenômenos. Gomide e Grossetti (2010) abordam sobre as questões

humanas e do mundo social, as quais, “não deveriam ser reduzidas ao mundo racional, propondo a

não-separabilidade entre o agir racional e subjetividade” (p. 876). Esta perspectiva vem ao

encontro do que a Política Nacional de Humanização preconiza, quando indica que a humanização

é a busca por produzir um novo tipo de interação entre os sujeitos, tanto que usufruem quanto

destes com os que executam as ações, consolidando a perspectiva de rede que é destacar e fomentar

estes aspectos, subjetivos e sociais presentes em qualquer prática profissional.

Pensar a rede de apoio de dependentes químicos implica considerar alguns

pressupostos teóricos. Pela forma como se estabeleceu as ações e serviços pelo Sistema Único de

Saúde ao longo da história, com ênfase na atenção regionalizada, hierarquizada e integrada, saúde e

rede são dois termos que em geral quando associados remetem a ideia de conexões entre instâncias

em níveis hierárquicos [união, estado município, ou, níveis de atenção e respectivos serviços].

Além disso, a dependência química é demanda que infere ações em todos os níveis e atuação de

diversas áreas e políticas intervindo na prevenção e promoção da saúde e garantindo acesso a

tratamento de qualidade (DUAILIBI; VIEIRA; LARANJEIRA, 2011). O fomento da participação

coletiva, o olhar para as relações sociais no trabalho [para os vínculos inter-profissionais e destes

com os usuários] e a qualificação dos processos de formação que se revelam nas práticas de saúde

e cuidados a este público são algumas das intenções da Política Nacional de Humanização, que

respaldam e ao mesmo tempo reforçam a relevância do trabalho na perspectiva de rede. (BRASIL,

2004).

Para Santos Filho, Barros e Gomes (2013) as diretrizes e princípios da Política de

Humanização não se dissociam de uma perspectiva interventiva, uma vez que a Política fomenta a

atuação para movimentos e rupturas que contribuam para transformar os modos instituído. Para os

autores, “os processos de trabalho são processos de produção de sujeitos, uma vez que homem e

mundo não são realidades já dadas [...] o processo de trabalho é processo de constituição de

Page 15: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

15

sujeitos” (SANTOS FILHO; BARROS; GOMES, 2013, p. 605) e de acordo com essa premissa

valorizamos a relação dos dispositivos da PNH associados ao trabalho na perspectiva de rede para

a construção de redes de apoio.

3 DISCUSSÃO

Para Sluzki (1996), rede social pode ser definida como o conjunto de seres com quem

interatua um indivíduo de maneira regular, com quem ele conversa, troca sinais e o fazem ser real.

Esta, por sua vez, é constituída pela família nuclear e extensa, pelas relações de amizade e

vizinhança, relações de trabalho e escolares, e relações comunitárias, de serviços ou religiosas. Para

Dessen e Braz (2000), a rede social inclui pessoas, lugares e contextos para além da família e dos

laços de sangue. Taucar, Castellanos e Mallo (1996 apud GIONGO, 2003) acrescentam que a rede

social possui função informativa, afetiva e instrumental, sendo constituída pela rede primária -

família, amigos, vizinhos e companheiros de trabalho, e pela rede secundária, formada por

conjuntos sociais instituídos, estruturados para desenvolver funções específicas. Este mesmo

entendimento sobre rede social é defendido por Elkain (1998) que chama a atenção para as

afinidades pessoais da rede primária, e para o caráter formal da rede secundária constituída por

diversas instituições e representadas por seus integrantes. Sanicola (1994 apud GIONGO, 2003, p.

17) colabora que a rede secundária “é aquela rede associada à relação de necessidade/oferta de

serviços”.

Coligando estas concepções sobre rede social com a perspectiva de trabalho em rede

como garantia de apoio de fato, Giongo apresenta que “a rede social pode ser definida como um

grupo de pessoas significativas umas para as outras, que ao realizarem intercâmbios entre si e com

outros grupos significativos, podem potencializar os recursos que possuem”. (GIONGO, 2003, p.

19). E, acrescenta que esta rede social, constituída pela rede primária e secundária, se define como

rede de apoio quando permeada de solidariedade, compreendida pelos processos de relação que

privilegiam o bem-estar do outro tanto quanto o próprio. (GIONGO, 2003). Seguindo nesta linha,

verificamos que Gonçalves et al. (2011) aborda sobre apoio social, apresentando que os estudos

sobre o tema se utilizam de diferentes tendências conceituais, utilizando como tema central o apoio

social, as relações sociais ou as redes sociais. E destaca que independente da categoria central

utilizada, a qualidade do apoio social remete à funcionalidade das relações interpessoais e

intergrupais existentes na rede, definindo a partir destas relações a rede social como sendo [ou não]

uma rede de apoio.

Para Gonçalves et al. (2011) os comportamentos de apoio emocional, material,

informacional, cognitivo e as questões subjetivas que emergem das relações definem as dimensões

Page 16: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

16

alcançadas pelo apoio. Quanto às dimensões, Andrade (2002) relaciona apoio social a suporte

social, e complementa que significa a rede social garantir compartilhar sentimentos, informação e

participar de eventos sociais enfatizando as mesmas funções apresentadas por Taucar, Castellanos

e Mallo (1996 apud GIONGO, 2003) [informativa, afetiva e instrumental]. Considerando a

funcionalidade das relações e as dimensões alcançadas pelo apoio – elementos chaves para definir

a rede social como sendo espaço de apoio – podemos afirmar que quanto mais forte e integrada a

rede social se apresentar, mais capaz será de oferecer apoio ou suporte social de forma completa

aos sujeitos.

Considerando a demanda dependência química, para Abreu e Malvasi (2011) esta é

fenômeno multifatorial, pois não se trata apenas de um dado fisiológico, mas de reconhecer um

conjunto de influências sociais e demandas complexas - biológicas, culturais e subjetivas, que

envolvem a doença. Destacam ainda, que aspectos sobre o uso que inferem risco de dependência

estão ligados a “contextos geográficos, econômicos, sociais, culturais e históricos” (ABREU;

MALVASI, 2011, p. 79). Além disso, entendem que as representações sociais que se desenvolvem

em torno desta demanda ao longo da vida do sujeito nestes múltiplos contextos, permeados por

relações sociais, contribuem para explicar o uso, abuso e/ou dependência de drogas, bem como

influenciam nos processos de prevenção e tratamento. Considerando a dependência química uma

problemática que cria barreiras e separa as pessoas, fragilizando vínculos familiares e

comunitários, é justo afirmar que a complexidade que esta demanda assume na contemporaneidade

requer a junção de múltiplos saberes e de intervenções em várias dimensões da vida dos sujeitos

(SOUZA; KANTORSKI; MIELKE, 2009). Valorizando a influência das relações sociais que se

estabelece ao longo da vida na construção das representações sociais pelos sujeitos e da

funcionalidade destas relações na consolidação da rede social como promotora [ou não] de apoio,

vale refletir quão capaz pode ser um sujeito de estabelecer relações que promovam aspectos

positivos em momento de extremo mergulho na doença em se tratando da dependência química.

Na concepção de Marinho, Silva e Ferreira (2011, p. 303), podemos afirmar que a rede

social nem sempre é um espaço de apoio; ao contrário, “a rede pode ser um risco à saúde [...] o

sujeito é construído neste partilhar de comportamentos e relacionamentos”. A doença caracteriza-se

como uma problemática que infere no equilíbrio biopsicossocial e no perfil das relações que o

sujeito passa a estabelecer (DUARTE; MORIHISA, 2011). Neste sentido, um dos desafios do

trabalho na perspectiva de rede com dependentes químicos, é o de reconstruir com estes sujeitos

novas relações sociais considerando a rede primária e secundária, assim como intervir em

esquemas e valores construídos e instituídos ao longo da vida ou a partir de determinado período.

Estes movimentos instituintes, solidários e saudáveis pela rede social que irão caracterizar e definir

a rede de apoio do sujeito dependente químico, a partir do respeito e valorização de sua história e

Page 17: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

17

investimentos em torno das fragilidades para a superação destas. Para Giongo (2003, p. 25)

trabalhar na perspectiva de rede é “potencializar os recursos de todos os envolvidos no processo,

para que se sintam suficientemente protegidos e satisfatoriamente controlados” considerando a

concepção de rede primária e secundária como constituintes da rede de apoio.

Para Souza, Kantorski e Mielke (2009), as intervenções profissionais denominadas

como perspectiva de rede em geral são voltadas para investimentos no estreitamento do vínculo

com a rede social do paciente, esta entendida e reduzida como sendo a família. Os trabalhos nesta

perspectiva de rede [reducionista] fomentam o fortalecimento dos vínculos, convocando os

serviços para que estejam reavaliando o saber e o fazer com a finalidade de melhor colaborar na

prevenção e/ou reabilitação dos usuários frente à demanda dependência química, contudo, para

que ocorra o resgate do vínculo do sujeito com sua família. Assim, ao mesmo tempo em que se

busca a participação de forma multidisciplinar e multiprofissional para a atenção dispensada ser

sinônimo de apoio de fato, por outro lado, a rede de apoio é compreendida e denominada como

sendo unicamente a família

Verificamos que Souza, Kantorski e Mielke (2009) pontuam que os sujeitos que

vivenciam a dependência de substâncias psicoativas acabam se afastando de diversos espaços

saudáveis de socialização e fragilizando os vínculos familiares e comunitários. Ressaltam a

importância que a atenção dispensada pelos serviços que atendem estes sujeitos estabeleça práticas

integradas e busque a qualificação do saber da equipe como um todo para a atuação comunitária.

Pillon, Jora e Santos, (2011, p. 454) acrescentam que as múltiplas áreas e saberes atuando de

maneira integrada, compartilhando conhecimentos “facilita os enfrentamentos profissionais e a

assistência humanizada, que contribuem para melhorar a compreensão da realidade“. Para os

serviços que constituem a rede de atenção a dependentes químicos, entendem que, fatores como

espaço e localização, disponibilidade de recursos humanos, tempo para planejar as ações,

incentivos da área a qual corresponde os serviços e a articulação tanto interna quanto externa entre

os respectivos profissionais são fatores que podem funcionar tanto como facilitadores, quanto

como barreiras na implementação do trabalho. Destacam a falta de articulação de recursos

humanos e materiais, que na prática cotidiana, “o profissional que atua na área de dependência

química pode se sentir impotente frente à complexidade dos aspectos físicos, mentais, sociais,

legais, culturais que o interpelam no processo de produção dos cuidados” (PILLON; JORA;

SANTOS, 2011, p. 456).

Neste sentido, verificamos que a atuação com a demanda dependência química requer

uma vasta base de conhecimento e habilidades, assim como a sensibilidade para a atuação em

equipe. Para Türck (2001) a competência relacional consiste na arte de utilizar o conhecimento

para a garantia da interlocução e do protagonismo dos sujeitos, de forma que, para a autora, possuir

Page 18: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

18

habilidades técnicas desacompanhadas da capacidade relacional leva qualquer profissional a se

transformar em mero executor de tarefas, cujo processo discursivo nunca chega à ação. Para

Pillon, Jora e Santos (2011) as questões de espaço, recursos e incentivos são fatores institucionais.

Especificamente sobre a capacidade relacional, pontuam que a aproximação emocional entre os

membros infere diretamente na comunicação, e afirmam que é necessário investir nestes fatores em

nível institucional antes de intervir na rede do “outro”.

Este outro por sua vez, pode ser relacionado com o usuário do serviço, mais

precisamente, o sujeito dependente químico e sua família. Quando Gomide e Grossetti (2010)

abordam sobre a importância das relações interpessoais no desempenho de programas de saúde é

preciso relacionar as relações entre todos os envolvidos, considerando a relação entre profissionais

e usuário do serviço e relações inter-profissionais. Além disso, pensando a competência relacional

e a fluidez na comunicação entre membros das equipes de forma interinstitucional implicados

diretamente para o trabalho na perspectiva de rede, podemos afirmar, conforme Souza, Kantorski e

Mielke (2009), que o mesmo sentimento que se busca alcançar aos usuários precisa ser incorporado

pelos profissionais; estes precisam se sentir pertencentes à rede de apoio a qual estão inseridos por

meio dos serviços que executam e representam.

Quando Rangel (2007 p. 24), define que “a rede social é uma fonte essencial de

sentimento de identidade, de competência e ação”, quanto à rede secundária podemos então

conjeturar que ela assim se apresenta aos sujeitos demandatários das ações quando antes os

profissionais nela inseridos se sentem identificados e implicados no processo. É pouco provável

que ações descoladas da realidade, cujo fazer seja mais por obrigação do que por envolvimento

resulte em transformação. Como destaca Kern (2002), é por haver acolhimento nesta rede de

pertencimento por meio de manifestações subjetivas, que geram sentimentos de valia que os

sujeitos vão se sentindo apoiados e percebendo que possuem valor para alguém. Portanto, as

práticas cotidianas profissionais caracterizam atuações na perspectiva de rede quando as questões

humanas e subjetivas são valorizadas, acompanhadas pela competência ética, teórica e

metodológica (GOMIDE; GROSSETTI, 2010).

Para Souza, Kantorki e Mielke (2009) é ineficaz qualquer forma de atuação focada

apenas no indivíduo. Neste sentido, a rede de apoio existe a partir da articulação, tanto interna

quanto entre as diversas instâncias sociais que a constitui, para que o sujeito possa usufruir de seus

recursos, de seus serviços ofertados. Daí a importância da competência relacional e da articulação

de recursos. Elkaïn (1998) entende que tantas quantas forem as instituições de uma rede social

pode ser o número de instituições envolvidas em uma dada rede de apoio a determinado indivíduo

ou a determinada demanda. O que restringe ou amplia a rede de apoio é mais a intencionalidade de

somarem-se entre si para a ação culminar positivamente do que das áreas que representam ou a que

Page 19: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

19

se limitam as instituições. Neste sentido, Giongo (2003), atribui a competência profissional para o

trabalho na perspectiva de rede como a capacidade que poucos conseguem de se colocar como

multiplicadores, promovendo contextos e intervenções, que, no campo da saúde e na demanda

dependência química, reflete como a capacidade de mobilizar e empoderar os sujeitos para a

construção de redes comunitárias de apoio para a promoção da própria saúde.

Para Souza, Kantorski e Mielke (2009), para promover protagonismo é indispensável

conhecer as redes primárias e secundárias da população com as quais trabalhamos e identificar

pessoas e serviços que podem ser adicionados. Ao destacar a capacidade profissional Giongo

(2003), aborda que o profissional trabalha como um catalisador, confiando e apostando nas

potencialidades da rede primária, e, ao mesmo tempo, permite que a rede se aproprie de seu saber

profissional e de seu poder institucional. O apoio oferecido pela rede pode ser facilitador do

empoderamento, que se revela pela autonomia dos sujeitos, tanto no gerenciamento de suas

próprias vidas quanto de opinar para melhorias individuais e coletivas. Este processo requer um

fazer genuinamente humano e profissional embasado por questões éticas. Para Marinho, Silva e

Ferreira (2011) é alcançado a partir da escuta sensível dos usuários, da possibilidade de terem voz

nos espaços de atendimento, com posturas ativas, podendo explorar sobre a própria realidade,

sendo assim, instigados a desenvolverem um senso de responsabilidade pela própria saúde.

Todavia, a limitação dos serviços de saúde e dos profissionais, não por incompetência, mas, muitas

vezes, pelos modelos instituídos de atendimento, atravancam o estabelecimento de redes de apoio.

Enquanto isso se reverberam discursos de que o trabalho em rede [como é proclamado] é a solução.

A rede é constituída de diferentes pontos e podemos afirmar que a integralidade das

ações preconizada pela Política de Atenção Integral a Dependentes de Álcool e Outras Drogas

requer, antes de qualquer coisa, mapear os envolvidos. No que tange ao fortalecimento da rede de

apoio do dependente químico e intervenções com este público, a perspectiva de trabalho em rede

preconizada pela Política é justamente os serviços estarem buscando a unidade na atuação, de

forma a não ocorrer duplicidade de intervenções, possibilitando a participação de todos os serviços

e áreas relevantes [seja para tratamento ou prevenção], desenvolvendo capacitações coletivas e com

viés solidário, evitando a sobreposição de fazeres (BRASIL, 2003). Ainda, é necessário valorizar

tanto no fazer profissional quanto dos serviços a família como elemento da rede de apoio primária

do dependente químico pensando ações de resgate e fortalecimento destes vínculos. Entretanto, ao

trabalhar o fortalecimento dos vínculos entre os serviços e atores envolvidos na rede secundária, é

possível estabelecer estratégias de ação, definindo papéis, ampliando assim as intervenções, uma

vez que estes serviços somando recursos configuram uma rede de apoio organizada e eficaz.

Segundo Kern (2002, p. 13), no poder conferido aos segmentos sociais, “redes que

atendem a saúde [do sujeito] assumem o direito de prestar atendimento ou de excluir”. O objetivo

Page 20: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

20

da intervenção em redes sociais é proporcionar recursos e serviços a pessoas que têm dificuldades

em diferentes esferas ou dimensões de suas vidas para que estes sujeitos consigam se auto-

organizar e adquirir plena autonomia. Pensando a dependência química enquanto uma doença

multifatorial, portanto demanda relacionada em nível de tratamento e prevenção às múltiplas

políticas públicas - de saúde, educação, assistência social, segurança, dentre outras, é justo afirmar

que o fortalecimento do sujeito na prática profissional significa a intervenção para o

empoderamento da vida individual e coletiva por todas estas áreas envolvidas. Conforme

Alexandre, et al. (2011), os processos de formação destas diferentes áreas possuem importante

responsabilidade para a construção de visões, saberes e intervenções voltadas a esta perspectiva.

Desafios enfrentados para o estabelecimento do trabalho pautado na perspectiva de

rede indicam que os processos de superação centram-se nas relações de poder. Quando mudam os

gestores em nível municipal, por exemplo, a lógica tripartite - trabalhadores, controle social e

gestão - fica comprometida, privilegiando práticas individuais em detrimento de questões sociais

coletivas. A articulação da rede social em nível macro infere no estabelecimento das redes de apoio

dos sujeitos. Rangel (2007) contribui que as redes de apoio são modificadas na estrutura por

imigrações e emigrações de seus membros, seja por adesão ou saída de alguns indivíduos ou por

mudança de órgãos ou instituições componentes da rede. Para isso é preciso considerar na atuação

profissional as relações de poder e saber, o processo de construção de estratégias de ação, as

situações sociais complexas na relação de diferentes atores sociais envolvidos nesta questão

(KERN, 2002). A mediação profissional para Türk (2001) frente a estas relações de poder e

entraves se coloca como principal ingrediente, enfatizando o princípio da realidade, da

intencionalidade e da transformação - os contextos de atuação onde os profissionais estão inseridos

requerem disponibilidade para intervir e conhecer as causas, toda ação precisa ser consciente e

intencional no empoderamento dos sujeitos [não neutralidade], e a transformação da realidade

reside na ação educativa de todos os envolvidos.

Giongo (2003) descreve que ao agregar o adjetivo social, o termo rede passa a

especificar um determinado campo, inclinando seu significado para questões que irão remeter a

valorização e o estudo das relações entre os sujeitos quanto aos aspectos práticos e subjetivos.

Conforme Türck (2001) a troca de conhecimento entre diversos atores sociais, construindo uma

práxis, num processo de solidariedade na busca coletiva por soluções e respostas define a rede de

apoio. O espaço privilegiado da atuação profissional é o cotidiano, o mundo da vida, o todo dia do

trabalho que se revela como o ambiente no qual emergem exigências imediatas, ou se revigoram

situações instituídas e são postas como desafios. Nesta realidade, somos convidados a lançar mão

de diferentes meios e instrumentos respaldados por princípios éticos e humanitários.

Page 21: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

21

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como ser social, o homem estabelece suas relações iniciais com a família, considerada

núcleo primário de pertencimento. Este grupo transmite aprendizados ao sujeito para que busque

outros grupos, reproduzindo assim a socialização e moldando sua identidade social. Todo ser

humano carece aceitação, de maneira que na vida em grupo são supridas necessidades, sejam elas

materiais ou afetivas. Esta identidade social está associada a vínculos estabelecidos por interesses

comuns que favorecem o sentimento de pertencimento recíproco, caracterizando a rede primária.

Entretanto, algumas necessidades a serem supridas estão atreladas a oferta de serviços que definem

a rede secundária a partir de papéis e funções, instituídos de maneira específica. Desta forma, os

grupos, pessoas, instituições, serviços, cada um possui determinado significado, representando um

ponto da rede social do sujeito. Intervir no fortalecimento da rede de apoio do dependente químico

implica explorar sobre a qualidade destas relações e como são determinados os padrões de

interação entre sujeito e pontos de sua rede, elucidando o que é referência de apoio frente a esta

demanda.

Embora não se possa estabelecer um arquétipo ideal de interações frente a uma dada

demanda, e cada sujeito de acordo com sua realidade e momento apresenta determinada rede de

apoio como referência, é possível conjeturar grupos, pessoas, instituições e serviços capazes de

conformarem a rede de apoio frente à demanda dependência química. Para isso, no processo de

fortalecimento de vínculos é necessário buscar conhecer tanto os pontos que constituem a rede

primária do sujeito, quanto à rede de atendimento no que tange a serviços (secundária) nos quais se

é parte constituinte.

O fortalecimento dos vínculos do sujeito é resultado do trabalho de ampliação e

fortalecimento da sua rede de apoio, que, por sua vez, se constitui pela rede primária e secundária.

Uma revelada pelos vínculos familiares, afetivos, de pertencimento, outra pelas instituições, seus

diferentes papéis e profissionais. Trabalhar na perspectiva de rede com a demanda dependência

química e com sujeitos dependentes químicos, implica reconhecer e garantir a inclusão da família e

demais laços afetivos, bem como, dos diversos serviços no que se denomina rede de apoio do

dependente químico.

Faz-se necessário enfatizar que a intencionalidade e o fazer humanizado dos atores

sociais inseridos nos serviços de saúde e em outras políticas que representam a rede secundária

implicados à demanda, colocam-se como meio na constituição, garantia e manutenção do

fortalecimento da rede de apoio do dependente químico. Trabalhar na perspectiva de rede vai além

de existir a rede de atendimento formalmente constituída e instituída, ou investir na rede primaria

de pertencimento dos sujeitos; é preciso considerar o que emerge da rede social em sua

Page 22: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

22

completude. Isso requer que os atores sociais atuantes nos serviços estejam implicados no processo

de construção da rede de apoio do dependente químico através de seu fazer profissional

humanizado. Pois é quando o saber profissional se revela em ação na garantia de direitos, na

promoção da saúde, no fortalecimento dos vínculos, que esta perspectiva de trabalho em rede passa

a ganhar sentido se efetivando enquanto intencionalidade que precede a ação e como estratégia

metodológica.

Ao relacionar a Política Nacional de Humanização com o trabalho na perspectiva de

rede na construção e fortalecimento das redes de apoio de dependentes químicos, não se trata de

idealizar uma proposta abstrata, descolada da realidade que se vivencia cotidianamente nos

serviços. Trata-se de uma provocação para que se coloque em análise o próprio trabalho, fazendo

esta construção nos espaços reais e coletivos que estão incluídos profissionais, gestores e usuários.

Quando se trata de uma demanda multifatorial que requer elo de diversas políticas, áreas e

serviços, a humanização do trabalho não se resume a um campo; é preciso refletir e instituir a

humanização no fazer profissional.

A rede de apoio necessita estar ao alcance do sujeito e com qualidade, o que significa

estar disponível para oferecer proteção - companhia social, apoio emocional, guia cognitivo,

conselhos, ajuda material, oferta de serviços, acesso a novos contatos. Considerando a demanda

dependência química com a estrutura e a função da rede primária e da rede secundária, podemos

concluir que na ampliação e no fortalecimento da rede de apoio do sujeito dependente químico

estão intrínsecos os vínculos familiares, os laços afetivos e de pertencimento recíproco, bem como

os vínculos com os serviços. Assim, é preciso que os atores sociais envolvidos a tal demanda

interventiva busquem conhecer as relações primárias de pertencimento do sujeito, bem como,

sintam-se agentes instituintes do pertencimento nos serviços que ocupam e desenvolvem; sintam-se

co-responsáveis. Trabalhar na perspectiva de rede com dependentes químicos é investir na

superação das fragilidades da rede de apoio destes usuários, tanto na esfera primária quanto

secundária, atentando nesta última para a intencionalidade e eficácia do próprio fazer profissional.

Page 23: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

23

REFERÊNCIAS

ABREU, C. C.; MALVASI, P. A. Aspectos transculturais, sociais e ritualísticos da dependência

química. In: DIEHL, A. CORDEIRO D. C.; LARANJEIRA, R. (e Col). Dependência Química:

prevenção, tratamento e políticas públicas. Porto Alegre: Artmed, 2011.

ALEXANDRE, A. M. C. et al. Rede social de apoio no Brasil: grupos e linhas de pesquisa. Texto

contexto - enferm., Florianópolis, v. 20, n. 2, jun. 2011. Disponível em: <http://dx.doi.org/

10.1590/S0104-07072011000200004>. Acesso em 13 mar. 2013.

ANDRADE, G. R. B.; VAITSMAN, J. Apoio social e redes: conectando solidariedade e saúde.

Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 7, n. 4, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br

/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232002000400023&lng=en&nrm=iso>. Acesso em

13 mar. 2013.

BRASIL. Política do Ministério da Saúde para atenção integral a usuários de álcool e outras

drogas. Ministério da Saúde, Secretaria Executiva, Coordenação Nacional de DST e Aids. Brasília:

Ministério da Saúde, 2003. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/

pns_alcool_ drogas.pdf>. Acesso em: 09 abr. 2013.

____. HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização: a humanização como eixo norteador das

práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS. Ministério da Saúde, Secretaria

Executiva, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Brasília: Ministério da Saúde,

2004. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes /humanizasus_2004.pdf>.

Acesso em: 09 abr. 2013.

CANESQUI, A. M.; BARSAGLINI, R. A. Apoio social e saúde: pontos de vista das ciências

sociais e humanas. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 17, n. 5, mai. 2012. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232012000500002&lng=

en&nrm=iso>. Acesso em: 13 mar. 2013.

CHOR, D. et al . Medidas de rede e apoio social no Estudo Pró-Saúde: pré-testes e estudo piloto.

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 17, n. 4, ago. 2001. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2001000400022&lng =en

&nrm=iso>. Acesso em: 13 mar. 2013.

DESSEN, M. A.; BRAZ, M. Rede social de apoio durante transições familiares decorrentes do

nascimento de filhos. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, v. 16, n. 3, dez. 2000. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722000000300005 &lng=en

&nrm=iso>. Acesso em: 09 abr. 2013.

DUAILIBI, S.; VIEIRA, D. L.; LARANJEIRA, R. Políticas públicas para o controle de álcool,

tabaco e drogas ilícitas. In: DIEHL, A. CORDEIRO D. C.; LARANJEIRA, R. (e Col).

Dependência Química: prevenção, tratamento e políticas públicas. Porto Alegre: Artmed, 2011.

Page 24: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

24

DUARTE, C. E.; MORIHISA, R. S. Experimentação, uso, abuso e dependência de drogas. In:

DUARTE, P.C. A.; ANDRADE, A. G. (Orgs.). Integração de competências no desempenho da

atividade Judiciária com usuários e dependentes de drogas. Brasília: Ministério da Justiça,

Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas, 2011.

ELKAÏM, M. Panorama das Terapias Familiares. São Paulo: Summus, 1998.

GIONGO, C. D. Tecendo Relações: o trabalho com famílias na perspectiva de redes sociais. In:

HOCH, L. C. SCHEUNEMANN, A. (Orgs.). Redes de Apoio na Crise. São Leopoldo: ABAC,

2003.

GOMIDE, M.; GROSSETTI, M. Rede social e desempenho de programas de saúde: uma proposta

investigativa. Physis, Rio de Janeiro, v. 20, n. 3, 2010. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312010000300010

&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 20 out. 2012.

GONÇALVES, T. R. et al. Avaliação de apoio social em estudos brasileiros: aspectos conceituais e

instrumentos. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 16, n. 3, mar. 2011. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-812320110003 00012&lng=pt&

nrm=iso>. Acesso em: 20 out. 2012.

KERN, F. A. Redes Sociais. Cadernos Universitários: faculdade de Serviço Social, ULBRA,

Canoas, v. 58, 2002.

MARINHO, J. A.C.; SILVA, I. F.; FERREIRA, L. S. Terapia de rede social e 12 passos. In:

DIEHL, A.; CORDEIRO D. C.; LARANJEIRA, R. (e Col). Dependência Química: prevenção,

tratamento e políticas públicas. Porto Alegre: Artmed, 2011.

PILLON, S. C.; JORA, N. P.; SANTOS, M. A. O papel da equipe multidisciplinar na dependência

química. In: DIEHL, A.; CORDEIRO D. C.; LARANJEIRA, R. (e Col). Dependência Química:

prevenção, tratamento e políticas públicas. Porto Alegre: Artmed, 2011.

PREVENÇÃO ao uso indevido de drogas: capacitação para conselheiros e lideranças comunitárias.

2 ed., Brasília: Presidência da República. Secretaria de Políticas sobre Drogas. SENAD, 2010.

RANGEL, M.P. Conceitos sobre redes sociais no paradigma ecossistêmico. In:____. Redes sociais

pessoais: conceitos, práticas e metodologia. Porto Alegre. 2007. p. 22-34. Disponível em:

<http://tede .pucrs.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=646>. Acesso em: 20 out. 2012.

RIOS, I. C. Humanização: a essência da ação técnica e ética nas práticas de saúde. Rev. bras.

educ. med., Rio de Janeiro, v. 33, n. 2, Jun 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.

php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022009000200013&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 14

Mar. 2013.

SANTOS FILHO, S. B.; BARROS, M. E. B; GOMES, R. S. A Política Nacional de Humanização

como política que se faz no processo de trabalho em saúde. Interface (Botucatu), Botucatu, 2013.

Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414328320

09000500012 &lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 14 mar. 2013.

SLUZKI, C. E. A rede social na prática sistêmica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997.

Page 25: REDE DE APOIO E A ATENÇÃO DISPENSADA A DEPENDENTES … · 2 APOIO SOCIAL E REDE DE APOIO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Sobre o tema “apoio social”, Gonçalves et al. (2011) identifica

25

SOUZA, J; KANTORSKI, L. P.; MIELKE, F. B. A rede social de indivíduos sob tratamento em

um CAPS ad: o ecomapa como recurso. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 43, n. 2, jun.

2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-

6234200900 0200017&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 13 mar. 2013.

TÜRCK, M. G. M. Rede interna e rede social: o desafio permanente na teia das relações sociais.

Porto Alegre: Tomo Editorial, 2001.