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SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
Artigo Original Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483
Marjane Bernardy Souza1 Maria Fernanda Silva da Silva2 Natasha Figueiroacute de Souza1 Joice
Laine de Carvalho1 e Bruna Marcante B Rivas2
Recebido em Ago2017
Revisado em Mar2018
Aceito em Mai2018
Aacuterea
Desenvolvimento Humano
ABSTRACT - Objective map the womens a support networks who has
suffered domestic violence in Satildeo Jerocircnimo city Rio Grande do Sul
Method qualitative and exploratory research The social network map
proposed by Sluzki (2006) was used as an instrument in four women who
suffered domestic violence Satildeo Jerocircnimo city in the state of Rio Grande
do Sul Brazil in the year 2015 The data were collected at School-Clinic
of the Psychology course the University Lutheran of Brazil and analyzed
according Sluzkis proposal Results the map allowed the networks
knowlege characterized as small (8-14 members) dispersed vulnerable
and low density Conclusion the research indicates the importance of
support network in the relationships as social devices of exchange and
interaction of subjects The domestic violence destroys and weakens ties
so the need for public policies to support victims
Keywords Domestic violence Support network map Women
E-mail para contato
Marjane Bernardy Souza
marjanesouzayahoocombr
A REDE DE APOIO DAS MULHERES VIacuteTIMAS DE VIOLEcircNCIA DOMEacuteSTICA NO
MUNICIacutePIO DE SAtildeO JEROcircNIMO RIO GRANDE DO SUL
RESUMO - Mapear as redes de apoio das mulheres que sofreram
violecircncia domeacutestica no municiacutepio de Satildeo Jerocircnimo Rio Grande do Sul
Meacutetodo Pesquisa qualitativa e exploratoacuteria Foi utilizado como
instrumento o mapa de rede social proposto por Sluzki (2006) em quatro
mulheres que sofreram violecircncia domeacutestica no municiacutepio de Satildeo
Jerocircnimo no estado do Rio Grande do Sul Brasil no ano de 2015 Os
dados foram coletados na Cliacutenica-escola do curso de Psicologia da
Universidade Luterana do Brasil e analisados conforme proposta de
Sluzki Resultados O mapa possibilitou o conhecimento das redes que se
caracterizam como pequenas (8 ndash 14 integrantes) dispersas fragilizadas e
com baixa densidade Conclusatildeo A pesquisa demonstra a importacircncia da
rede de apoio nas relaccedilotildees enquanto dispositivos sociais de trocas e
interaccedilotildees de sujeitos A violecircncia domeacutestica destroacutei e fragiliza os
viacutenculos por isso da necessidade de poliacuteticas puacuteblicas para apoiar as
viacutetimas
Palavras-chave Violecircncia domeacutestica Mapa de rede de apoio Mulheres
1 Professora do Curso de Psicologia Universidade
Luterana do Brasil - ULBRA
Satildeo Jerocircnimo RS Brasil
2 Curso de Psicologia ndash
Universidade Luterana do Brasil ndash ULBRA RS Brasil
Revista Ciecircncia e Conhecimento
Volume 12 ndash Nordm 1 ndash 2018
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 26
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
INTRODUCcedilAtildeO
A violecircncia contra a mulher eacute considerada um problema de sauacutede puacuteblica que se faz
presente em todo o mundo e atingem meninas e mulheres independente de idade cor raccedila ou
classe social Essas agressotildees implicam perdas significativas para a sauacutede fiacutesica mental e social
das viacutetimas
Uma das caracteriacutesticas da violecircncia domeacutestica eacute o isolamento da mulher que muitas
vezes eacute utilizado como uma espeacutecie de proteccedilatildeo pois assim o agressor natildeo teria motivos para
ser violento Mas esse isolamento faz com a mulher se afaste de sua famiacutelia e amigos natildeo tendo
proteccedilatildeo aumentando sua fragilidade para sair do ciclo violento instaurado pelo perpetrador
A revitimizaccedilatildeo e atitudes preconceituosas satildeo os maiores problemas encontrados por
mulheres que conseguem buscar algum auxiacutelio em sua rede de apoio o que sugere que mesmo
que existam serviccedilos especializados a prestarem ajuda as viacutetimas eles natildeo satildeo suficientes
Dessa forma se evidencia a necessidade e a importacircncia do conhecimento e estudo das redes
de apoio sociais que possam trabalhar integradas para proporcionar a assistecircncia agraves mulheres
em situaccedilatildeo de violecircncia
A rede de apoio social compotildee-se pelas relaccedilotildees que envolvem os sujeitos sejam
pessoas instituiccedilotildees ou movimentos sociais Os principais aspectos estudados na compreensatildeo
da rede satildeo os dispositivos sociais de trocas e interaccedilotildees de indiviacuteduos e grupos bem como suas
caracteriacutesticas a frequecircncia os tipos de contato e os objetivos Possuir uma rede de apoio social
eacute uma necessidade humana pois satildeo elas que disponibilizam recursos a uma pessoa diante das
dificuldades que esta venha a enfrentar
Esta pesquisa tem por objetivo mapear a rede de apoio de mulheres viacutetimas de violecircncia
domeacutestica no municiacutepio de Satildeo Jerocircnimo Rio Grande do Sul
A violecircncia domeacutestica contra a mulher e as redes de apoio
Uma das maiores dificuldades das mulheres que enfrentam a violecircncia eacute falar a respeito
do ocorrido Poreacutem a ecircnfase com que tem se revelado o assunto nos uacuteltimos tempos denota
que muitas mulheres estatildeo buscando auxiacutelio atraveacutes de redes de apoio como os postos de
atendimento ou delegacias dirigidas agraves mesmas
A rede de apoio social eacute definida como as relaccedilotildees que envolvem os sujeitos sejam
pessoas instituiccedilotildees ou movimentos sociais Suas caracteriacutesticas a frequecircncia e o tipo de
contato estabelecido bem como os seus objetivos satildeo os principais aspectos estudados na
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compreensatildeo das redes enquanto dispositivos sociais de trocas e interaccedilotildees de sujeitos e grupos
(DUTRA et al 2013)
Segundo Gonccedilalves e Guaraacute (2010 apud PEREIRA K Y TEIXEIRA S M 2013) as
redes de apoio sociais podem ser classificadas em funccedilatildeo das necessidades humanas Essas
redes podem ser primaacuterias ou de proteccedilatildeo espontacircnea que satildeo sustentadas pelos princiacutepios da
solidariedade e do apoio muacutetuo constituiacutedas pelo nuacutecleo familiar pelas relaccedilotildees de amizade e
de vizinhanccedila
Para o autor citado acima a rede macrossocial ou secundaacuteria eacute a rede que fornece
atenccedilatildeo especializada orientaccedilatildeo e informaccedilatildeo formada por profissionais e funcionaacuterios de
instituiccedilotildees puacuteblicas ou privadas Podem ser soacutecio-comunitaacuterias redes constituiacutedas por
organizaccedilotildees comunitaacuterias associaccedilotildees de bairro ou organizaccedilotildees filantroacutepicas Redes sociais
movimentalistas que satildeo formadas por movimentos sociais cujo objetivo eacute a defesa dos
direitos da vigilacircncia e a participaccedilatildeo popular Redes setoriais puacuteblicas com serviccedilos
especializados resultantes da accedilatildeo do Estado por meio das poliacuteticas puacuteblicas Redes privadas
com serviccedilos especializados fornecidos pela proacutepria iniciativa Redes regionais que satildeo
constituiacutedas por serviccedilos de diversas poliacuteticas puacuteblicas compartilhadas entre municiacutepios de uma
mesma regiatildeo e redes intersetoriais que dispotildeem de serviccedilos das organizaccedilotildees governamentais
natildeo governamentais do setor privado e da comunidade tendo em vista o atendimento integral
das demandas sociais
A rede social pessoal criada pelo psiquiatra argentino Carlos E Sluzki (2006) pode ser
registrada em forma de Mapa Miacutenimo da Rede Pessoal Social (Figura 1) que inclui todos os
indiviacuteduos com quem interage uma determinada pessoa A articulaccedilatildeo desse mapa diante de
uma situaccedilatildeo a ser investigada possibilita a construccedilatildeo de uma identificaccedilatildeo e representaccedilatildeo
do todo permitindo uma visatildeo globalizada do contexto (CARLOS FERRIANE 2015)
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Figura 1 Mapa miacutenimo de relaccedilotildees proposto por Sluzki
Fonte Sluzki 2006 p43
Segundo Sluzki (2006) o mapa pode ser sistematizado em quatro quadrantes satildeo eles
trabalho famiacutelia relaccedilotildees comunitaacuterias e amizade Tambeacutem sistematizam as trecircs aacutereas de
aproximaccedilatildeo do indiviacuteduo ciacuterculo interno de relaccedilotildees iacutentimas ciacuterculo intermediaacuterio de relaccedilotildees
pessoais e ciacuterculo externo de conhecidos e relaccedilotildees ocasionais Permite averiguar suas
caracteriacutesticas estruturais quanto ao tamanho composiccedilatildeo ou distribuiccedilatildeo e as funccedilotildees desta
o que favorece a construccedilatildeo de ideias e atividades que possam dar espaccedilo para mudanccedilas e
novas interaccedilotildees sociais
A violecircncia domeacutestica atinge mulheres idosos adolescentes e crianccedilas com
repercussotildees em vaacuterios aspectos da vida no acircmbito profissional nas relaccedilotildees sociais e na sauacutede
(fiacutesica eou psicoloacutegica) Considera-se violecircncia domeacutestica as que ocorrem no acircmbito
domeacutestico eou familiar e natildeo somente as que deixam marcas fiacutesicas resultando em lesotildees
graves ou ateacute morte mas tambeacutem as que oprimem e geram danos psicoloacutegicos e morais
deixando desprotegidas as viacutetimas dentro do seu proacuteprio domiciacutelio onde deveriam sentir-se
seguras (BRUM et al 2013 ZANCAN et al 2013)
AMIZADES FAMIacuteLIA
RELACcedilOtildeES DE
TRABALHO OU ESTUDO
RELACcedilOtildeES
COMUNITAacuteRIAS
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A Lei que Protege
No Brasil foi sancionada a Lei n 11340 que entrou em vigor 07 de agosto de 2006
conhecida como ldquoLei Maria da Penhardquo criada como mecanismos para prevenir e coibir a
violecircncia domeacutestica dos mais variados tipos contra as mulheres
A Lei declara em seu artigo 8ordm que as poliacuteticas puacuteblicas que visam coibir a violecircncia
domeacutestica contra a mulher far-se-aacute por meio das articulaccedilotildees de accedilotildees da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios e tambeacutem por de accedilotildees natildeo governamentais Tendo por
diretrizes a integraccedilatildeo operacional do Poder Judiciaacuterio do Ministeacuterio Puacuteblico e da Defensoria
Puacuteblica proporcionando estudos e pesquisas para gerar dados estatiacutesticos e outras informaccedilotildees
relevantes com a perspectiva de gecircnero e de raccedila ou etnia relativo agraves causas agraves consequecircncias
e agrave frequecircncia da violecircncia domeacutestica e familiar contra a mulher para a sistematizaccedilatildeo de dados
Esses dados pela Lei (2006) seratildeo unificados nacionalmente e a avaliaccedilatildeo perioacutedica
dos resultados das medidas adotadas a implementaccedilatildeo de atendimento policial especializado
para as mulheres em particular nas Delegacias de Atendimento agrave Mulher a promoccedilatildeo e a
realizaccedilatildeo de campanhas educativas de prevenccedilatildeo da violecircncia domeacutestica e familiar contra a
mulher voltadas agrave sociedade em geral implementar programas de erradicaccedilatildeo da violecircncia
domeacutestica e familiar contra a mulher
O artigo 9ordm desta mesma lei declara que a assistecircncia agrave mulher em situaccedilatildeo de violecircncia
domeacutestica e familiar seraacute prestada de forma articulada e conforme os princiacutepios e as diretrizes
previstos na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social no Sistema Uacutenico de Sauacutede no Sistema Uacutenico
de Seguranccedila Puacuteblica entre outras normas e poliacuteticas puacuteblicas de proteccedilatildeo
A Lei Maria da Penha (2006) garante agrave mulher em seu artigo 11ordm proteccedilatildeo judicial
encaminhamento ao hospital e Instituto Meacutedico Legal transporte a ela e seus dependentes para
um local seguro em casos de riscos agrave vida e acompanhamento policial para a retirada de seus
pertences do domiciacutelio familiar
A mesma Lei (2006) prevecirc cinco tipos de agressotildees contra a mulher (violecircncia fiacutesica
violecircncia sexual violecircncia moral violecircncia psicoloacutegica e violecircncia patrimonial) e apresenta
medidas de proteccedilatildeo para a viacutetima como afastando o homem do ambiente familiar permitindo
o rigor nas puniccedilotildees contra as agressotildees sofridas pelas mulheres e que o agressor seja preso
quando ameaccedilar a integridade fiacutesica da viacutetima
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No Brasil os serviccedilos mais procurados pelas mulheres em situaccedilatildeo de violecircncia
segundo Silva Padoin e Vianna (2015) estatildeo diretamente ligados agraves delegacias e agraves Unidades
de Pronto Atendimento quando a lesatildeo causada requer tratamento eou a praacutetica restrita do
crime Reduzir a violecircncia a um crime ou a um transtorno mental invisibiliza outros aspectos
do problema como o social o cultural e o poliacutetico Dessa forma propor uma intervenccedilatildeo
transversal significa criar um novo modelo de organizaccedilatildeo dos serviccedilos que insira a concepccedilatildeo
de demanda por necessidades como base conceitual para a praacutetica cujas respostas estejam
atreladas agrave promoccedilatildeo da qualidade de vida e de acesso a direitos
O acesso agrave rede pode acontecer em qualquer local e os casos devem transitar nos
serviccedilos que a compotildeem Por isso identificar e mapear as redes de apoio de mulheres viacutetimas
de violecircncia eacute o primeiro passo a fim de compreender a relaccedilatildeo que se estabelece entre os
serviccedilos onde todos tecircm funccedilotildees diferentes essenciais e com o mesmo grau de importacircncia
uma vez que em funccedilatildeo dos viacutenculos fragilizados com a famiacutelia e dos amigos devido agrave
violecircncia os serviccedilos puacuteblicos satildeo a uacutenica opccedilatildeo
Municiacutepio de Satildeo Jerocircnimo no Rio Grande do Sul
A cidade de Satildeo Jerocircnimo localizada agraves margens do Rio Jacuiacute possui segundo o
Instituto Brasileiro de Geografias e Estatiacutestica (IBGE) uma aacuterea territorial de 936375kmsup2 e
uma populaccedilatildeo estimada em 23527 pessoas (IBGE 2010)
Conquistou o status de municiacutepio em 30 de setembro de 1861 quando se emancipou de
Bom Jesus do Triunfo nesta data comemora-se o aniversaacuterio da cidade e tambeacutem dia de Satildeo
Jerocircnimo As atividades pecuaacuteria e mineradora foram o berccedilo da riqueza de Satildeo Jerocircnimo
Devido agrave prosperidade das estacircncias surgiram as Charqueadas onde se processavam a carne
dos gados abatidos nos campos do municiacutepio Aliado a isso exploraccedilatildeo das jazidas de carvatildeo
mineral contribuiu para o desenvolvimento da cidade Sua colonizaccedilatildeo eacute de origem luso-
brasileira evidenciado pelos casarios de estilo accediloriano-colonial (IBGE 2010)
PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS
Foi realizada uma pesquisa qualitativa de cunho exploratoacuterio que segundo Creswell
(2013) envolve maior atenccedilatildeo agrave natureza interpretativa situando o estudo dentro do contexto
poliacutetico social cultural e a reflexatildeo de relatos
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Participantes
Participaram desta pesquisa quatro mulheres que sofreram violecircncia domeacutestica e que
buscaram os serviccedilos da Cliacutenicandashescola do curso de Psicologia da Universidade Luterana do
Brasil ndash Campus Satildeo Jerocircnimo com idades variando entre 27 e 45 anos habitantes do
municiacutepio de Satildeo Jerocircnimo do interior do estado do Rio Grande do Sul ndash Brasil
Instrumentos
Os dados para esta pesquisa foram coletados atraveacutes do mapa de rede social proposto
por Sluzki (2006) A utilizaccedilatildeo do mapa de rede social possibilitou mapear os indiviacuteduos e
serviccedilos percebidos pelas mulheres que sofreram a violecircncia domeacutestica
O mapa eacute dividido em quatro quadrantes compostos por famiacutelia amizades relaccedilotildees de
trabalho ou escolares e relaccedilotildees comunitaacuterias ou de serviccedilos possuindo tambeacutem trecircs aacutereas que
satildeo as relaccedilotildees iacutentimas as relaccedilotildees pessoais e as relaccedilotildees ocasionais Estas trecircs aacutereas se
inscrevem sob os quadrantes atraveacutes de um ciacuterculo interno que representa as relaccedilotildees iacutentimas
incluindo os familiares mais diretos e amigos mais proacuteximos um ciacuterculo intermediaacuterio
composto pelas relaccedilotildees pessoais com menor grau de compromisso e um ciacuterculo externo que
representa as relaccedilotildees ocasionais e com conhecidos O conjunto dos habitantes deste mapa
miacutenimo constitui a rede social pessoal do indiviacuteduo
Sabe-se que a rede social demarcada por cada indiviacuteduo parte de sua percepccedilatildeo e de sua
visatildeo sobre a situaccedilatildeo em um determinado momento portanto essa rede social pode natildeo
corresponder a sua rede social real mas eacute a que este indiviacuteduo consegue perceber como
significativa
Procedimentos para a Coleta de Dados
Apoacutes a aprovaccedilatildeo do projeto de pesquisa pelo Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa da
Universidade Luterana do Brasil que recebeu o parecer favoraacutevel conforme nordm 853167 em 29
de outubro de 2014 foi estabelecido contato com a Cliacutenica-escola do Curso de Psicologia da
Universidade Luterana do Brasil ndash Campus Satildeo Jerocircnimo a qual jaacute possuiacutea ciecircncia da pesquisa
e comprometimento no auxiacutelio do desenvolvimento da mesma para que se iniciassem os
contatos com as usuaacuterias Com o comparecimento da viacutetima no horaacuterio estabelecido foram
explicados os procedimentos e objetivos da pesquisa apresentaccedilatildeo do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido fornecido uma coacutepia para a participante e outra para o pesquisador Foi
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mostrado o mapa de rede e explicado como ele deveria se preenchido de acordo com as
instruccedilotildees propostas por Sluzki (2006) Os dados foram coletados nas dependecircncias da Cliacutenica-
escola no mecircs de maio do ano de 2015
Procedimentos para Anaacutelise dos Dados
O mapa de rede foi analisado em termos de estrutura conforme os criteacuterios de tamanho
e distribuiccedilatildeo Quanto ao tamanho foi verificado o nuacutemero de pessoas presentes na rede de
cada participante jaacute na distribuiccedilatildeo foi apurada a localizaccedilatildeo dos membros da rede em cada
quadrante
APRESENTACcedilAtildeO E DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
O uso do mapa possibilitou identificar a estrutura percebida pelas viacutetimas da sua rede
de apoio bem como compreender a contribuiccedilatildeo das relaccedilotildees estabelecidas de forma
significativa para as mulheres que sofreram violecircncia domeacutestica
Tabela 1 Nuacutemero de pessoas nos quadrantes
Participantes Famiacutelia Amizade Trabalho Comunidade Total
M1 2 2 0 4 8
M2 4 3 3 4 14
M3 3 2 0 1 6
M4 3 3 2 4 12 Fonte elaboraccedilatildeo proacutepria
Atraveacutes da anaacutelise dos mapas de rede social em relaccedilatildeo ao seu tamanho estabelecido
pela quantidade de pessoas que fazem parte da rede observou-se que as redes sociais das
participantes satildeo extremamente pequenas Conforme a tabela 1 M1 apresenta uma rede de
apoio composta 08 integrantes M2 apresenta 14 integrantes em sua rede de apoio M3 apresenta
06 integrantes em sua rede de apoio e por fim M4 apresenta 12 integrantes em sua rede de
apoio
Estes nuacutemeros demonstram que natildeo haacute muitas pessoas com que elas possam contar ou
pedir ajuda em situaccedilotildees de crise ou violecircncia Para Carvalho e Ribeiro (2016) natildeo existem
valores normativos para determinar o tamanho de uma rede de apoio social mas considera
habitual a presenccedila de 20 pessoas com variaccedilatildeo meacutedia de 15 a 25 membros O mesmo autor e
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Souza e Machado (2014) consideram que redes pequenas satildeo menos eficazes em uma situaccedilatildeo
de longa duraccedilatildeo como geralmente eacute a violecircncia domeacutestica jaacute que haacute uma evitaccedilatildeo dos sujeitos
para diminuir a sobrecarga
Em relaccedilatildeo a distribuiccedilatildeo ou composiccedilatildeo dos sujeitos nas redes das viacutetimas refere-se a
localizaccedilatildeo nos quadrantes pode ser visualizado na tabela
Essa dificuldade na distribuiccedilatildeo das pessoas na rede para Carlos e Ferriani (2015) gera
um empecilho para discutir teacutecnica e cientificamente problemaacuteticas da contemporaneidade tais
como a violecircncia domeacutestica os sujeitos natildeo conseguem construir estrateacutegias para se aproximar
Quanto agrave densidade dessas redes ou seja o quanto os membros de cada quadrante
interagem entre si natildeo eacute possiacutevel perceber tal conexatildeo essas redes mostram-se fragilizadas
Segundo Sluzki (2006) o niacutevel de densidade meacutedio eacute considerado o mais eficaz uma vez que
permite equiparar as impressotildees dos membros jaacute uma rede de densidade muito alta traria uma
conformidade entre os integrantes causando ineacutercia do grupo e menor efetividade
A rede social inclui as pessoas significativas que segundo Sluzki (2006) se diferem de
toda a sociedade compreendendo o mapa com os quatro quadrantes a famiacutelia os amigos as
relaccedilotildees de trabalho estudo e de inserccedilatildeo comunitaacuteria
Em relaccedilatildeo ao quadrante da famiacutelia cada viacutetima do estudo recebe suporte de no maacuteximo
seis integrantes sendo que duas apontam os proacuteprios filhos como parte da rede Segundo os
estudos de Dutra et al (2013) as mulheres restringem suas relaccedilotildees aos filhos e familiares pois
esses muitas vezes natildeo representam ameaccedilas ao parceiro gerando um isolamento social que
poderia contribuir para a continuaccedilatildeo da violecircncia e diminuiccedilatildeo da expressatildeo da autonomia
A rede social natildeo corresponde somente agrave famiacutelia nuclear ou extensa mas sim a um
conjunto de viacutenculos que possuiacutemos com outros sujeitos que participam e constroem o nosso
dia a dia (SLUZKI 2006) Nota-se que os membros demarcados estatildeo muito relacionados com
os viacutenculos familiares como as matildees filhos e irmatildeos o que demonstra o quanto essas pessoas
podem ter sido sobrecarregadas diante da situaccedilatildeo de violecircncia pois para a maioria dos sujeitos
da pesquisa natildeo existem outras pessoas a quem pudessem pedir auxiacutelio Numa relaccedilatildeo conjugal
geralmente o companheiro pode ser uma fonte de suporte mas nesses casos satildeo os
perpetradores da violecircncia
Cada participante da pesquisa mostra ter de duas a trecircs pessoas presentes em suas
relaccedilotildees de amizade Segundo Carvalho e Ribeiro (2016) tais valores satildeo considerados baixos
pois as relaccedilotildees de amizade satildeo fundamentais para o desenvolvimento de novas visotildees e novas
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perspectivas logo essa restriccedilatildeo de amigos poderaacute implicar em uma maior dificuldade de
estabelecer viacutenculos futuros
Quanto agraves relaccedilotildees de trabalho trecircs entrevistadas atuam no mercado poreacutem somente
duas mencionaram seus colegas O fato das mulheres apresentarem poucas relaccedilotildees de trabalho
certamente acarretaraacute dificuldades no apoio social pois satildeo nos locais de trabalho que passam
a maior parte do dia (CARVALHO e RIBEIRO 2016)
Considerando as relaccedilotildees comunitaacuterias as quatro pesquisadas referem ter contato com
o CREAS (Centro de Referecircncia Especializado em Assistecircncia Social) devido ao serviccedilo
especializado oferecido agrave populaccedilatildeo CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial) Hospital
Conselho Tutelar e a Igreja Eacute importante perceber que os serviccedilos puacuteblicos aparecem com
frequecircncia e realizam trabalhos relevantes com essas mulheres apesar das deficiecircncias que
possam possuir Eacute importante salientar a natildeo marcaccedilatildeo de vizinhos ou qualquer outra relaccedilatildeo
com a comunidade mais proacutexima Segundo Carvalho e Ribeiro (2016) em situaccedilotildees de
emergecircncia os vizinhos ou uma associaccedilatildeo de moradores poderiam auxiliar a viacutetima a obter o
apoio necessaacuterio
Essa dificuldade de identificar um nuacutemero maior de pessoas nas relaccedilotildees das
entrevistadas poderia estar ligada as estrateacutegias de dominaccedilotildees utilizadas pelo agressor
Fazendo proibiccedilotildees das mulheres de entrar no mercado de trabalho possuir atividades de lazer
estudar e ateacute de poder manter ligaccedilotildees com familiares Haacute uma destruiccedilatildeo das redes sociais e
dificuldades de inserccedilatildeo a novas tornando precaacuteria a busca de suporte reconhecimento e
enfrentamento da violecircncia
Para Gonccedilalves e Guaraacute (2010 apud PEREIRA K Y TEIXEIRA S M 2013) as redes
de apoio sociais podem ser classificadas seguindo as necessidades humanas Nestes casos as
redes abalizadas satildeo primaacuterias e de proteccedilatildeo amparadas pela solidariedade e apoio muacutetuo
constituiacutedas pelo contexto familiar e atraveacutes das relaccedilotildees de amizade
A percepccedilatildeo segundo Dalgalarrondo (2008) eacute a capacidade de assimilar e relacionar as
vivecircncias pessoais e criativas a partir de estiacutemulos sensoriais recriadas por cada indiviacuteduo
levando em consideraccedilatildeo suas experiecircncias jaacute registradas na memoacuteria conforme o contexto
sociocultural em que estaacute inserido Diante do exposto pelo autor as redes sociais demarcadas
pelas mulheres pesquisadas satildeo produccedilatildeo de sua proacutepria percepccedilatildeo sobre o mundo e sobre as
pessoas e instituiccedilotildees que as cercam Portanto natildeo necessariamente as redes sociais apontadas
por cada sujeito correspondem agrave sua rede social real uma vez que a situaccedilatildeo de crise e demais
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dificuldades bloqueiam e interferem na sua capacidade de perceber seu verdadeiro contexto
sociocultural
Os trabalhos realizados pelo Centro de Referecircncia Especializado em Assistecircncia Social
(CREAS) segundo Faraj e Siqueira (2012) satildeo imprescindiacuteveis para a minimizaccedilatildeo dos danos
causados pela violecircncia O CREAS constitui-se em um serviccedilo especializado que deve buscar
restaurar os direitos infringidos pela violecircncia atraveacutes de um atendimento contextualizado
inserido em uma rede iacutentegra Os mesmos autores consideram fundamental fazer valer a
proteccedilatildeo integral da viacutetima por meio da defesa e da garantia de serviccedilos especializados com
profissionais capacitados para a intervenccedilatildeo e enfrentamento da problemaacutetica o que eacute
extremamente necessaacuterio que alguns oacutergatildeos e instituiccedilotildees estejam articulados e fortalecidos
para que as suas accedilotildees sejam efetivas O centro de referecircncia possibilita reconstruir os viacutenculos
familiares e sociais desfeitos pelo impacto inominaacutevel relativo agrave vivecircncia da situaccedilatildeo de
violecircncia
A assistecircncia agrave mulher em situaccedilatildeo de violecircncia domeacutestica e familiar seraacute prestada de
forma articulada de acordo com a Lei Maria da Penha no artigo 9ordm assim tambeacutem os princiacutepios
e as diretrizes previstos na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social no Sistema Uacutenico de Sauacutede no
Sistema Uacutenico de Seguranccedila Puacuteblica entre outras normas e poliacuteticas puacuteblicas de proteccedilatildeo e
emergencialmente quando for o caso
A construccedilatildeo de uma rede de apoio e proteccedilatildeo segundo Pacheco e Malgarim (2011)
tem como objetivo minimizar a continuidade da violecircncia em qualquer lugar que a
vulnerabilidade se faccedila presente Com a intenccedilatildeo de romper os constantes episoacutedios de violecircncia
eacute imprescindiacutevel um trabalho interdisciplinar que organize e fortaleccedila um espaccedilo de
acolhimento agraves viacutetimas atraveacutes do atendimento cliacutenico psicoloacutegico social legal individual e
familiar com a finalidade de que o ciclo de violecircncia possa ser desfeito
A proposta de construir novos laccedilos de amizades bem como ampliar a busca por redes
que disponibilizem serviccedilos e accedilotildees estrateacutegicas a fim de promover a assistecircncia baacutesica e o
suporte emocional Considera-se fundamental que oacutergatildeos e instituiccedilotildees estejam articulados
preparados com profissionais capacitados para receber apoiar e proteger de forma adequada as
mulheres viacutetimas que sofreram qualquer tipo de violecircncia domeacutestica Fazer valer a proteccedilatildeo
integral da viacutetima garantir os serviccedilos especializados de que lhe eacute direito eacute uma forma de
intervenccedilatildeo que viabiliza o enfrentamento diante do impacto da situaccedilatildeo problema
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Neste contexto cabe ressaltar que as quatro participantes natildeo pronunciaram a existecircncia
de novas relaccedilotildees que servissem de apoio no periacuteodo em que ocorreu a violecircncia o que
demonstra a dificuldade quanto agraves percepccedilotildees e ineficiecircncia quanto agrave conexatildeo das redes
CONCLUSAtildeO
A pesquisa demonstra o quatildeo fundamental eacute a rede de apoio nas relaccedilotildees enquanto
dispositivos sociais de trocas e interaccedilotildees de sujeitos e grupos Satildeo neste acircmbito que as
mulheres que sofrem violecircncia domeacutestica encontram acolhimento em meio ao trauma sofrido
e desta forma estrateacutegias de enfrentamento que contribuem no resgate da sua dignidade
pessoal
Atraveacutes do mapa de rede das quatro mulheres pesquisadas e viacutetimas da violecircncia
domeacutestica eacute possiacutevel identificar que o municiacutepio comporta uma rede de apoio composta pelo
Hospital CAPS CREAS e Delegacia de Poliacutecia Civil
Tendo por embasamento legal o art 8 da Lei 1134006 que prevecirc poliacuteticas puacuteblicas que
visam coibir a violecircncia domeacutestica e familiar contra a mulher Apesar dessa previsatildeo as
poliacuteticas puacuteblicas ainda satildeo bastante deficientes uma vez que os oacutergatildeos que prestam assistecircncia
natildeo possuem qualquer articulaccedilatildeo entre si deixando a cargo das viacutetimas a busca isolada por
cada um dos serviccedilos
Seria necessaacuterio um maior investimento para desenvolver essas poliacuteticas puacuteblicas
principalmente no que diz respeito ao funcionamento em conjunto dos atendimentos visando
um melhor acolhimento agraves viacutetimas
Trata-se de um problema que atravessa as geraccedilotildees e deve ser abordado de forma
intersetorial O olhar deve ser ampliado e apurado para que novas accedilotildees possam ser elaboradas
a fim de motivar a diminuiccedilatildeo dos nuacutemeros alarmantes de violecircncia direcionados agraves mulheres
Que haja uma mobilidade dos setores afins para viabilizar projetos que decircem suporte agrave criaccedilatildeo
de praacuteticas pertinentes ao cuidado fiacutesico e mental desta mulher agredida para ampliar e
aprimorar a sua rede de apoio
Em novos estudos considera-se importante analisar a qualidade dos serviccedilos oferecidos
pelo poder puacuteblico se estas redes de apoio satildeo capazes de dar o suporte necessaacuterio agraves viacutetimas
de violecircncia domeacutestica bem como o funcionamento e como se daacute as conexotildees das relaccedilotildees
intersetoriais afim de melhor atender a populaccedilatildeo e prover o acolhimento necessaacuterio a todos
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INTRODUCcedilAtildeO
A violecircncia contra a mulher eacute considerada um problema de sauacutede puacuteblica que se faz
presente em todo o mundo e atingem meninas e mulheres independente de idade cor raccedila ou
classe social Essas agressotildees implicam perdas significativas para a sauacutede fiacutesica mental e social
das viacutetimas
Uma das caracteriacutesticas da violecircncia domeacutestica eacute o isolamento da mulher que muitas
vezes eacute utilizado como uma espeacutecie de proteccedilatildeo pois assim o agressor natildeo teria motivos para
ser violento Mas esse isolamento faz com a mulher se afaste de sua famiacutelia e amigos natildeo tendo
proteccedilatildeo aumentando sua fragilidade para sair do ciclo violento instaurado pelo perpetrador
A revitimizaccedilatildeo e atitudes preconceituosas satildeo os maiores problemas encontrados por
mulheres que conseguem buscar algum auxiacutelio em sua rede de apoio o que sugere que mesmo
que existam serviccedilos especializados a prestarem ajuda as viacutetimas eles natildeo satildeo suficientes
Dessa forma se evidencia a necessidade e a importacircncia do conhecimento e estudo das redes
de apoio sociais que possam trabalhar integradas para proporcionar a assistecircncia agraves mulheres
em situaccedilatildeo de violecircncia
A rede de apoio social compotildee-se pelas relaccedilotildees que envolvem os sujeitos sejam
pessoas instituiccedilotildees ou movimentos sociais Os principais aspectos estudados na compreensatildeo
da rede satildeo os dispositivos sociais de trocas e interaccedilotildees de indiviacuteduos e grupos bem como suas
caracteriacutesticas a frequecircncia os tipos de contato e os objetivos Possuir uma rede de apoio social
eacute uma necessidade humana pois satildeo elas que disponibilizam recursos a uma pessoa diante das
dificuldades que esta venha a enfrentar
Esta pesquisa tem por objetivo mapear a rede de apoio de mulheres viacutetimas de violecircncia
domeacutestica no municiacutepio de Satildeo Jerocircnimo Rio Grande do Sul
A violecircncia domeacutestica contra a mulher e as redes de apoio
Uma das maiores dificuldades das mulheres que enfrentam a violecircncia eacute falar a respeito
do ocorrido Poreacutem a ecircnfase com que tem se revelado o assunto nos uacuteltimos tempos denota
que muitas mulheres estatildeo buscando auxiacutelio atraveacutes de redes de apoio como os postos de
atendimento ou delegacias dirigidas agraves mesmas
A rede de apoio social eacute definida como as relaccedilotildees que envolvem os sujeitos sejam
pessoas instituiccedilotildees ou movimentos sociais Suas caracteriacutesticas a frequecircncia e o tipo de
contato estabelecido bem como os seus objetivos satildeo os principais aspectos estudados na
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compreensatildeo das redes enquanto dispositivos sociais de trocas e interaccedilotildees de sujeitos e grupos
(DUTRA et al 2013)
Segundo Gonccedilalves e Guaraacute (2010 apud PEREIRA K Y TEIXEIRA S M 2013) as
redes de apoio sociais podem ser classificadas em funccedilatildeo das necessidades humanas Essas
redes podem ser primaacuterias ou de proteccedilatildeo espontacircnea que satildeo sustentadas pelos princiacutepios da
solidariedade e do apoio muacutetuo constituiacutedas pelo nuacutecleo familiar pelas relaccedilotildees de amizade e
de vizinhanccedila
Para o autor citado acima a rede macrossocial ou secundaacuteria eacute a rede que fornece
atenccedilatildeo especializada orientaccedilatildeo e informaccedilatildeo formada por profissionais e funcionaacuterios de
instituiccedilotildees puacuteblicas ou privadas Podem ser soacutecio-comunitaacuterias redes constituiacutedas por
organizaccedilotildees comunitaacuterias associaccedilotildees de bairro ou organizaccedilotildees filantroacutepicas Redes sociais
movimentalistas que satildeo formadas por movimentos sociais cujo objetivo eacute a defesa dos
direitos da vigilacircncia e a participaccedilatildeo popular Redes setoriais puacuteblicas com serviccedilos
especializados resultantes da accedilatildeo do Estado por meio das poliacuteticas puacuteblicas Redes privadas
com serviccedilos especializados fornecidos pela proacutepria iniciativa Redes regionais que satildeo
constituiacutedas por serviccedilos de diversas poliacuteticas puacuteblicas compartilhadas entre municiacutepios de uma
mesma regiatildeo e redes intersetoriais que dispotildeem de serviccedilos das organizaccedilotildees governamentais
natildeo governamentais do setor privado e da comunidade tendo em vista o atendimento integral
das demandas sociais
A rede social pessoal criada pelo psiquiatra argentino Carlos E Sluzki (2006) pode ser
registrada em forma de Mapa Miacutenimo da Rede Pessoal Social (Figura 1) que inclui todos os
indiviacuteduos com quem interage uma determinada pessoa A articulaccedilatildeo desse mapa diante de
uma situaccedilatildeo a ser investigada possibilita a construccedilatildeo de uma identificaccedilatildeo e representaccedilatildeo
do todo permitindo uma visatildeo globalizada do contexto (CARLOS FERRIANE 2015)
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Figura 1 Mapa miacutenimo de relaccedilotildees proposto por Sluzki
Fonte Sluzki 2006 p43
Segundo Sluzki (2006) o mapa pode ser sistematizado em quatro quadrantes satildeo eles
trabalho famiacutelia relaccedilotildees comunitaacuterias e amizade Tambeacutem sistematizam as trecircs aacutereas de
aproximaccedilatildeo do indiviacuteduo ciacuterculo interno de relaccedilotildees iacutentimas ciacuterculo intermediaacuterio de relaccedilotildees
pessoais e ciacuterculo externo de conhecidos e relaccedilotildees ocasionais Permite averiguar suas
caracteriacutesticas estruturais quanto ao tamanho composiccedilatildeo ou distribuiccedilatildeo e as funccedilotildees desta
o que favorece a construccedilatildeo de ideias e atividades que possam dar espaccedilo para mudanccedilas e
novas interaccedilotildees sociais
A violecircncia domeacutestica atinge mulheres idosos adolescentes e crianccedilas com
repercussotildees em vaacuterios aspectos da vida no acircmbito profissional nas relaccedilotildees sociais e na sauacutede
(fiacutesica eou psicoloacutegica) Considera-se violecircncia domeacutestica as que ocorrem no acircmbito
domeacutestico eou familiar e natildeo somente as que deixam marcas fiacutesicas resultando em lesotildees
graves ou ateacute morte mas tambeacutem as que oprimem e geram danos psicoloacutegicos e morais
deixando desprotegidas as viacutetimas dentro do seu proacuteprio domiciacutelio onde deveriam sentir-se
seguras (BRUM et al 2013 ZANCAN et al 2013)
AMIZADES FAMIacuteLIA
RELACcedilOtildeES DE
TRABALHO OU ESTUDO
RELACcedilOtildeES
COMUNITAacuteRIAS
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A Lei que Protege
No Brasil foi sancionada a Lei n 11340 que entrou em vigor 07 de agosto de 2006
conhecida como ldquoLei Maria da Penhardquo criada como mecanismos para prevenir e coibir a
violecircncia domeacutestica dos mais variados tipos contra as mulheres
A Lei declara em seu artigo 8ordm que as poliacuteticas puacuteblicas que visam coibir a violecircncia
domeacutestica contra a mulher far-se-aacute por meio das articulaccedilotildees de accedilotildees da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios e tambeacutem por de accedilotildees natildeo governamentais Tendo por
diretrizes a integraccedilatildeo operacional do Poder Judiciaacuterio do Ministeacuterio Puacuteblico e da Defensoria
Puacuteblica proporcionando estudos e pesquisas para gerar dados estatiacutesticos e outras informaccedilotildees
relevantes com a perspectiva de gecircnero e de raccedila ou etnia relativo agraves causas agraves consequecircncias
e agrave frequecircncia da violecircncia domeacutestica e familiar contra a mulher para a sistematizaccedilatildeo de dados
Esses dados pela Lei (2006) seratildeo unificados nacionalmente e a avaliaccedilatildeo perioacutedica
dos resultados das medidas adotadas a implementaccedilatildeo de atendimento policial especializado
para as mulheres em particular nas Delegacias de Atendimento agrave Mulher a promoccedilatildeo e a
realizaccedilatildeo de campanhas educativas de prevenccedilatildeo da violecircncia domeacutestica e familiar contra a
mulher voltadas agrave sociedade em geral implementar programas de erradicaccedilatildeo da violecircncia
domeacutestica e familiar contra a mulher
O artigo 9ordm desta mesma lei declara que a assistecircncia agrave mulher em situaccedilatildeo de violecircncia
domeacutestica e familiar seraacute prestada de forma articulada e conforme os princiacutepios e as diretrizes
previstos na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social no Sistema Uacutenico de Sauacutede no Sistema Uacutenico
de Seguranccedila Puacuteblica entre outras normas e poliacuteticas puacuteblicas de proteccedilatildeo
A Lei Maria da Penha (2006) garante agrave mulher em seu artigo 11ordm proteccedilatildeo judicial
encaminhamento ao hospital e Instituto Meacutedico Legal transporte a ela e seus dependentes para
um local seguro em casos de riscos agrave vida e acompanhamento policial para a retirada de seus
pertences do domiciacutelio familiar
A mesma Lei (2006) prevecirc cinco tipos de agressotildees contra a mulher (violecircncia fiacutesica
violecircncia sexual violecircncia moral violecircncia psicoloacutegica e violecircncia patrimonial) e apresenta
medidas de proteccedilatildeo para a viacutetima como afastando o homem do ambiente familiar permitindo
o rigor nas puniccedilotildees contra as agressotildees sofridas pelas mulheres e que o agressor seja preso
quando ameaccedilar a integridade fiacutesica da viacutetima
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No Brasil os serviccedilos mais procurados pelas mulheres em situaccedilatildeo de violecircncia
segundo Silva Padoin e Vianna (2015) estatildeo diretamente ligados agraves delegacias e agraves Unidades
de Pronto Atendimento quando a lesatildeo causada requer tratamento eou a praacutetica restrita do
crime Reduzir a violecircncia a um crime ou a um transtorno mental invisibiliza outros aspectos
do problema como o social o cultural e o poliacutetico Dessa forma propor uma intervenccedilatildeo
transversal significa criar um novo modelo de organizaccedilatildeo dos serviccedilos que insira a concepccedilatildeo
de demanda por necessidades como base conceitual para a praacutetica cujas respostas estejam
atreladas agrave promoccedilatildeo da qualidade de vida e de acesso a direitos
O acesso agrave rede pode acontecer em qualquer local e os casos devem transitar nos
serviccedilos que a compotildeem Por isso identificar e mapear as redes de apoio de mulheres viacutetimas
de violecircncia eacute o primeiro passo a fim de compreender a relaccedilatildeo que se estabelece entre os
serviccedilos onde todos tecircm funccedilotildees diferentes essenciais e com o mesmo grau de importacircncia
uma vez que em funccedilatildeo dos viacutenculos fragilizados com a famiacutelia e dos amigos devido agrave
violecircncia os serviccedilos puacuteblicos satildeo a uacutenica opccedilatildeo
Municiacutepio de Satildeo Jerocircnimo no Rio Grande do Sul
A cidade de Satildeo Jerocircnimo localizada agraves margens do Rio Jacuiacute possui segundo o
Instituto Brasileiro de Geografias e Estatiacutestica (IBGE) uma aacuterea territorial de 936375kmsup2 e
uma populaccedilatildeo estimada em 23527 pessoas (IBGE 2010)
Conquistou o status de municiacutepio em 30 de setembro de 1861 quando se emancipou de
Bom Jesus do Triunfo nesta data comemora-se o aniversaacuterio da cidade e tambeacutem dia de Satildeo
Jerocircnimo As atividades pecuaacuteria e mineradora foram o berccedilo da riqueza de Satildeo Jerocircnimo
Devido agrave prosperidade das estacircncias surgiram as Charqueadas onde se processavam a carne
dos gados abatidos nos campos do municiacutepio Aliado a isso exploraccedilatildeo das jazidas de carvatildeo
mineral contribuiu para o desenvolvimento da cidade Sua colonizaccedilatildeo eacute de origem luso-
brasileira evidenciado pelos casarios de estilo accediloriano-colonial (IBGE 2010)
PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS
Foi realizada uma pesquisa qualitativa de cunho exploratoacuterio que segundo Creswell
(2013) envolve maior atenccedilatildeo agrave natureza interpretativa situando o estudo dentro do contexto
poliacutetico social cultural e a reflexatildeo de relatos
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Participantes
Participaram desta pesquisa quatro mulheres que sofreram violecircncia domeacutestica e que
buscaram os serviccedilos da Cliacutenicandashescola do curso de Psicologia da Universidade Luterana do
Brasil ndash Campus Satildeo Jerocircnimo com idades variando entre 27 e 45 anos habitantes do
municiacutepio de Satildeo Jerocircnimo do interior do estado do Rio Grande do Sul ndash Brasil
Instrumentos
Os dados para esta pesquisa foram coletados atraveacutes do mapa de rede social proposto
por Sluzki (2006) A utilizaccedilatildeo do mapa de rede social possibilitou mapear os indiviacuteduos e
serviccedilos percebidos pelas mulheres que sofreram a violecircncia domeacutestica
O mapa eacute dividido em quatro quadrantes compostos por famiacutelia amizades relaccedilotildees de
trabalho ou escolares e relaccedilotildees comunitaacuterias ou de serviccedilos possuindo tambeacutem trecircs aacutereas que
satildeo as relaccedilotildees iacutentimas as relaccedilotildees pessoais e as relaccedilotildees ocasionais Estas trecircs aacutereas se
inscrevem sob os quadrantes atraveacutes de um ciacuterculo interno que representa as relaccedilotildees iacutentimas
incluindo os familiares mais diretos e amigos mais proacuteximos um ciacuterculo intermediaacuterio
composto pelas relaccedilotildees pessoais com menor grau de compromisso e um ciacuterculo externo que
representa as relaccedilotildees ocasionais e com conhecidos O conjunto dos habitantes deste mapa
miacutenimo constitui a rede social pessoal do indiviacuteduo
Sabe-se que a rede social demarcada por cada indiviacuteduo parte de sua percepccedilatildeo e de sua
visatildeo sobre a situaccedilatildeo em um determinado momento portanto essa rede social pode natildeo
corresponder a sua rede social real mas eacute a que este indiviacuteduo consegue perceber como
significativa
Procedimentos para a Coleta de Dados
Apoacutes a aprovaccedilatildeo do projeto de pesquisa pelo Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa da
Universidade Luterana do Brasil que recebeu o parecer favoraacutevel conforme nordm 853167 em 29
de outubro de 2014 foi estabelecido contato com a Cliacutenica-escola do Curso de Psicologia da
Universidade Luterana do Brasil ndash Campus Satildeo Jerocircnimo a qual jaacute possuiacutea ciecircncia da pesquisa
e comprometimento no auxiacutelio do desenvolvimento da mesma para que se iniciassem os
contatos com as usuaacuterias Com o comparecimento da viacutetima no horaacuterio estabelecido foram
explicados os procedimentos e objetivos da pesquisa apresentaccedilatildeo do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido fornecido uma coacutepia para a participante e outra para o pesquisador Foi
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mostrado o mapa de rede e explicado como ele deveria se preenchido de acordo com as
instruccedilotildees propostas por Sluzki (2006) Os dados foram coletados nas dependecircncias da Cliacutenica-
escola no mecircs de maio do ano de 2015
Procedimentos para Anaacutelise dos Dados
O mapa de rede foi analisado em termos de estrutura conforme os criteacuterios de tamanho
e distribuiccedilatildeo Quanto ao tamanho foi verificado o nuacutemero de pessoas presentes na rede de
cada participante jaacute na distribuiccedilatildeo foi apurada a localizaccedilatildeo dos membros da rede em cada
quadrante
APRESENTACcedilAtildeO E DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
O uso do mapa possibilitou identificar a estrutura percebida pelas viacutetimas da sua rede
de apoio bem como compreender a contribuiccedilatildeo das relaccedilotildees estabelecidas de forma
significativa para as mulheres que sofreram violecircncia domeacutestica
Tabela 1 Nuacutemero de pessoas nos quadrantes
Participantes Famiacutelia Amizade Trabalho Comunidade Total
M1 2 2 0 4 8
M2 4 3 3 4 14
M3 3 2 0 1 6
M4 3 3 2 4 12 Fonte elaboraccedilatildeo proacutepria
Atraveacutes da anaacutelise dos mapas de rede social em relaccedilatildeo ao seu tamanho estabelecido
pela quantidade de pessoas que fazem parte da rede observou-se que as redes sociais das
participantes satildeo extremamente pequenas Conforme a tabela 1 M1 apresenta uma rede de
apoio composta 08 integrantes M2 apresenta 14 integrantes em sua rede de apoio M3 apresenta
06 integrantes em sua rede de apoio e por fim M4 apresenta 12 integrantes em sua rede de
apoio
Estes nuacutemeros demonstram que natildeo haacute muitas pessoas com que elas possam contar ou
pedir ajuda em situaccedilotildees de crise ou violecircncia Para Carvalho e Ribeiro (2016) natildeo existem
valores normativos para determinar o tamanho de uma rede de apoio social mas considera
habitual a presenccedila de 20 pessoas com variaccedilatildeo meacutedia de 15 a 25 membros O mesmo autor e
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Souza e Machado (2014) consideram que redes pequenas satildeo menos eficazes em uma situaccedilatildeo
de longa duraccedilatildeo como geralmente eacute a violecircncia domeacutestica jaacute que haacute uma evitaccedilatildeo dos sujeitos
para diminuir a sobrecarga
Em relaccedilatildeo a distribuiccedilatildeo ou composiccedilatildeo dos sujeitos nas redes das viacutetimas refere-se a
localizaccedilatildeo nos quadrantes pode ser visualizado na tabela
Essa dificuldade na distribuiccedilatildeo das pessoas na rede para Carlos e Ferriani (2015) gera
um empecilho para discutir teacutecnica e cientificamente problemaacuteticas da contemporaneidade tais
como a violecircncia domeacutestica os sujeitos natildeo conseguem construir estrateacutegias para se aproximar
Quanto agrave densidade dessas redes ou seja o quanto os membros de cada quadrante
interagem entre si natildeo eacute possiacutevel perceber tal conexatildeo essas redes mostram-se fragilizadas
Segundo Sluzki (2006) o niacutevel de densidade meacutedio eacute considerado o mais eficaz uma vez que
permite equiparar as impressotildees dos membros jaacute uma rede de densidade muito alta traria uma
conformidade entre os integrantes causando ineacutercia do grupo e menor efetividade
A rede social inclui as pessoas significativas que segundo Sluzki (2006) se diferem de
toda a sociedade compreendendo o mapa com os quatro quadrantes a famiacutelia os amigos as
relaccedilotildees de trabalho estudo e de inserccedilatildeo comunitaacuteria
Em relaccedilatildeo ao quadrante da famiacutelia cada viacutetima do estudo recebe suporte de no maacuteximo
seis integrantes sendo que duas apontam os proacuteprios filhos como parte da rede Segundo os
estudos de Dutra et al (2013) as mulheres restringem suas relaccedilotildees aos filhos e familiares pois
esses muitas vezes natildeo representam ameaccedilas ao parceiro gerando um isolamento social que
poderia contribuir para a continuaccedilatildeo da violecircncia e diminuiccedilatildeo da expressatildeo da autonomia
A rede social natildeo corresponde somente agrave famiacutelia nuclear ou extensa mas sim a um
conjunto de viacutenculos que possuiacutemos com outros sujeitos que participam e constroem o nosso
dia a dia (SLUZKI 2006) Nota-se que os membros demarcados estatildeo muito relacionados com
os viacutenculos familiares como as matildees filhos e irmatildeos o que demonstra o quanto essas pessoas
podem ter sido sobrecarregadas diante da situaccedilatildeo de violecircncia pois para a maioria dos sujeitos
da pesquisa natildeo existem outras pessoas a quem pudessem pedir auxiacutelio Numa relaccedilatildeo conjugal
geralmente o companheiro pode ser uma fonte de suporte mas nesses casos satildeo os
perpetradores da violecircncia
Cada participante da pesquisa mostra ter de duas a trecircs pessoas presentes em suas
relaccedilotildees de amizade Segundo Carvalho e Ribeiro (2016) tais valores satildeo considerados baixos
pois as relaccedilotildees de amizade satildeo fundamentais para o desenvolvimento de novas visotildees e novas
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perspectivas logo essa restriccedilatildeo de amigos poderaacute implicar em uma maior dificuldade de
estabelecer viacutenculos futuros
Quanto agraves relaccedilotildees de trabalho trecircs entrevistadas atuam no mercado poreacutem somente
duas mencionaram seus colegas O fato das mulheres apresentarem poucas relaccedilotildees de trabalho
certamente acarretaraacute dificuldades no apoio social pois satildeo nos locais de trabalho que passam
a maior parte do dia (CARVALHO e RIBEIRO 2016)
Considerando as relaccedilotildees comunitaacuterias as quatro pesquisadas referem ter contato com
o CREAS (Centro de Referecircncia Especializado em Assistecircncia Social) devido ao serviccedilo
especializado oferecido agrave populaccedilatildeo CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial) Hospital
Conselho Tutelar e a Igreja Eacute importante perceber que os serviccedilos puacuteblicos aparecem com
frequecircncia e realizam trabalhos relevantes com essas mulheres apesar das deficiecircncias que
possam possuir Eacute importante salientar a natildeo marcaccedilatildeo de vizinhos ou qualquer outra relaccedilatildeo
com a comunidade mais proacutexima Segundo Carvalho e Ribeiro (2016) em situaccedilotildees de
emergecircncia os vizinhos ou uma associaccedilatildeo de moradores poderiam auxiliar a viacutetima a obter o
apoio necessaacuterio
Essa dificuldade de identificar um nuacutemero maior de pessoas nas relaccedilotildees das
entrevistadas poderia estar ligada as estrateacutegias de dominaccedilotildees utilizadas pelo agressor
Fazendo proibiccedilotildees das mulheres de entrar no mercado de trabalho possuir atividades de lazer
estudar e ateacute de poder manter ligaccedilotildees com familiares Haacute uma destruiccedilatildeo das redes sociais e
dificuldades de inserccedilatildeo a novas tornando precaacuteria a busca de suporte reconhecimento e
enfrentamento da violecircncia
Para Gonccedilalves e Guaraacute (2010 apud PEREIRA K Y TEIXEIRA S M 2013) as redes
de apoio sociais podem ser classificadas seguindo as necessidades humanas Nestes casos as
redes abalizadas satildeo primaacuterias e de proteccedilatildeo amparadas pela solidariedade e apoio muacutetuo
constituiacutedas pelo contexto familiar e atraveacutes das relaccedilotildees de amizade
A percepccedilatildeo segundo Dalgalarrondo (2008) eacute a capacidade de assimilar e relacionar as
vivecircncias pessoais e criativas a partir de estiacutemulos sensoriais recriadas por cada indiviacuteduo
levando em consideraccedilatildeo suas experiecircncias jaacute registradas na memoacuteria conforme o contexto
sociocultural em que estaacute inserido Diante do exposto pelo autor as redes sociais demarcadas
pelas mulheres pesquisadas satildeo produccedilatildeo de sua proacutepria percepccedilatildeo sobre o mundo e sobre as
pessoas e instituiccedilotildees que as cercam Portanto natildeo necessariamente as redes sociais apontadas
por cada sujeito correspondem agrave sua rede social real uma vez que a situaccedilatildeo de crise e demais
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dificuldades bloqueiam e interferem na sua capacidade de perceber seu verdadeiro contexto
sociocultural
Os trabalhos realizados pelo Centro de Referecircncia Especializado em Assistecircncia Social
(CREAS) segundo Faraj e Siqueira (2012) satildeo imprescindiacuteveis para a minimizaccedilatildeo dos danos
causados pela violecircncia O CREAS constitui-se em um serviccedilo especializado que deve buscar
restaurar os direitos infringidos pela violecircncia atraveacutes de um atendimento contextualizado
inserido em uma rede iacutentegra Os mesmos autores consideram fundamental fazer valer a
proteccedilatildeo integral da viacutetima por meio da defesa e da garantia de serviccedilos especializados com
profissionais capacitados para a intervenccedilatildeo e enfrentamento da problemaacutetica o que eacute
extremamente necessaacuterio que alguns oacutergatildeos e instituiccedilotildees estejam articulados e fortalecidos
para que as suas accedilotildees sejam efetivas O centro de referecircncia possibilita reconstruir os viacutenculos
familiares e sociais desfeitos pelo impacto inominaacutevel relativo agrave vivecircncia da situaccedilatildeo de
violecircncia
A assistecircncia agrave mulher em situaccedilatildeo de violecircncia domeacutestica e familiar seraacute prestada de
forma articulada de acordo com a Lei Maria da Penha no artigo 9ordm assim tambeacutem os princiacutepios
e as diretrizes previstos na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social no Sistema Uacutenico de Sauacutede no
Sistema Uacutenico de Seguranccedila Puacuteblica entre outras normas e poliacuteticas puacuteblicas de proteccedilatildeo e
emergencialmente quando for o caso
A construccedilatildeo de uma rede de apoio e proteccedilatildeo segundo Pacheco e Malgarim (2011)
tem como objetivo minimizar a continuidade da violecircncia em qualquer lugar que a
vulnerabilidade se faccedila presente Com a intenccedilatildeo de romper os constantes episoacutedios de violecircncia
eacute imprescindiacutevel um trabalho interdisciplinar que organize e fortaleccedila um espaccedilo de
acolhimento agraves viacutetimas atraveacutes do atendimento cliacutenico psicoloacutegico social legal individual e
familiar com a finalidade de que o ciclo de violecircncia possa ser desfeito
A proposta de construir novos laccedilos de amizades bem como ampliar a busca por redes
que disponibilizem serviccedilos e accedilotildees estrateacutegicas a fim de promover a assistecircncia baacutesica e o
suporte emocional Considera-se fundamental que oacutergatildeos e instituiccedilotildees estejam articulados
preparados com profissionais capacitados para receber apoiar e proteger de forma adequada as
mulheres viacutetimas que sofreram qualquer tipo de violecircncia domeacutestica Fazer valer a proteccedilatildeo
integral da viacutetima garantir os serviccedilos especializados de que lhe eacute direito eacute uma forma de
intervenccedilatildeo que viabiliza o enfrentamento diante do impacto da situaccedilatildeo problema
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Neste contexto cabe ressaltar que as quatro participantes natildeo pronunciaram a existecircncia
de novas relaccedilotildees que servissem de apoio no periacuteodo em que ocorreu a violecircncia o que
demonstra a dificuldade quanto agraves percepccedilotildees e ineficiecircncia quanto agrave conexatildeo das redes
CONCLUSAtildeO
A pesquisa demonstra o quatildeo fundamental eacute a rede de apoio nas relaccedilotildees enquanto
dispositivos sociais de trocas e interaccedilotildees de sujeitos e grupos Satildeo neste acircmbito que as
mulheres que sofrem violecircncia domeacutestica encontram acolhimento em meio ao trauma sofrido
e desta forma estrateacutegias de enfrentamento que contribuem no resgate da sua dignidade
pessoal
Atraveacutes do mapa de rede das quatro mulheres pesquisadas e viacutetimas da violecircncia
domeacutestica eacute possiacutevel identificar que o municiacutepio comporta uma rede de apoio composta pelo
Hospital CAPS CREAS e Delegacia de Poliacutecia Civil
Tendo por embasamento legal o art 8 da Lei 1134006 que prevecirc poliacuteticas puacuteblicas que
visam coibir a violecircncia domeacutestica e familiar contra a mulher Apesar dessa previsatildeo as
poliacuteticas puacuteblicas ainda satildeo bastante deficientes uma vez que os oacutergatildeos que prestam assistecircncia
natildeo possuem qualquer articulaccedilatildeo entre si deixando a cargo das viacutetimas a busca isolada por
cada um dos serviccedilos
Seria necessaacuterio um maior investimento para desenvolver essas poliacuteticas puacuteblicas
principalmente no que diz respeito ao funcionamento em conjunto dos atendimentos visando
um melhor acolhimento agraves viacutetimas
Trata-se de um problema que atravessa as geraccedilotildees e deve ser abordado de forma
intersetorial O olhar deve ser ampliado e apurado para que novas accedilotildees possam ser elaboradas
a fim de motivar a diminuiccedilatildeo dos nuacutemeros alarmantes de violecircncia direcionados agraves mulheres
Que haja uma mobilidade dos setores afins para viabilizar projetos que decircem suporte agrave criaccedilatildeo
de praacuteticas pertinentes ao cuidado fiacutesico e mental desta mulher agredida para ampliar e
aprimorar a sua rede de apoio
Em novos estudos considera-se importante analisar a qualidade dos serviccedilos oferecidos
pelo poder puacuteblico se estas redes de apoio satildeo capazes de dar o suporte necessaacuterio agraves viacutetimas
de violecircncia domeacutestica bem como o funcionamento e como se daacute as conexotildees das relaccedilotildees
intersetoriais afim de melhor atender a populaccedilatildeo e prover o acolhimento necessaacuterio a todos
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compreensatildeo das redes enquanto dispositivos sociais de trocas e interaccedilotildees de sujeitos e grupos
(DUTRA et al 2013)
Segundo Gonccedilalves e Guaraacute (2010 apud PEREIRA K Y TEIXEIRA S M 2013) as
redes de apoio sociais podem ser classificadas em funccedilatildeo das necessidades humanas Essas
redes podem ser primaacuterias ou de proteccedilatildeo espontacircnea que satildeo sustentadas pelos princiacutepios da
solidariedade e do apoio muacutetuo constituiacutedas pelo nuacutecleo familiar pelas relaccedilotildees de amizade e
de vizinhanccedila
Para o autor citado acima a rede macrossocial ou secundaacuteria eacute a rede que fornece
atenccedilatildeo especializada orientaccedilatildeo e informaccedilatildeo formada por profissionais e funcionaacuterios de
instituiccedilotildees puacuteblicas ou privadas Podem ser soacutecio-comunitaacuterias redes constituiacutedas por
organizaccedilotildees comunitaacuterias associaccedilotildees de bairro ou organizaccedilotildees filantroacutepicas Redes sociais
movimentalistas que satildeo formadas por movimentos sociais cujo objetivo eacute a defesa dos
direitos da vigilacircncia e a participaccedilatildeo popular Redes setoriais puacuteblicas com serviccedilos
especializados resultantes da accedilatildeo do Estado por meio das poliacuteticas puacuteblicas Redes privadas
com serviccedilos especializados fornecidos pela proacutepria iniciativa Redes regionais que satildeo
constituiacutedas por serviccedilos de diversas poliacuteticas puacuteblicas compartilhadas entre municiacutepios de uma
mesma regiatildeo e redes intersetoriais que dispotildeem de serviccedilos das organizaccedilotildees governamentais
natildeo governamentais do setor privado e da comunidade tendo em vista o atendimento integral
das demandas sociais
A rede social pessoal criada pelo psiquiatra argentino Carlos E Sluzki (2006) pode ser
registrada em forma de Mapa Miacutenimo da Rede Pessoal Social (Figura 1) que inclui todos os
indiviacuteduos com quem interage uma determinada pessoa A articulaccedilatildeo desse mapa diante de
uma situaccedilatildeo a ser investigada possibilita a construccedilatildeo de uma identificaccedilatildeo e representaccedilatildeo
do todo permitindo uma visatildeo globalizada do contexto (CARLOS FERRIANE 2015)
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Figura 1 Mapa miacutenimo de relaccedilotildees proposto por Sluzki
Fonte Sluzki 2006 p43
Segundo Sluzki (2006) o mapa pode ser sistematizado em quatro quadrantes satildeo eles
trabalho famiacutelia relaccedilotildees comunitaacuterias e amizade Tambeacutem sistematizam as trecircs aacutereas de
aproximaccedilatildeo do indiviacuteduo ciacuterculo interno de relaccedilotildees iacutentimas ciacuterculo intermediaacuterio de relaccedilotildees
pessoais e ciacuterculo externo de conhecidos e relaccedilotildees ocasionais Permite averiguar suas
caracteriacutesticas estruturais quanto ao tamanho composiccedilatildeo ou distribuiccedilatildeo e as funccedilotildees desta
o que favorece a construccedilatildeo de ideias e atividades que possam dar espaccedilo para mudanccedilas e
novas interaccedilotildees sociais
A violecircncia domeacutestica atinge mulheres idosos adolescentes e crianccedilas com
repercussotildees em vaacuterios aspectos da vida no acircmbito profissional nas relaccedilotildees sociais e na sauacutede
(fiacutesica eou psicoloacutegica) Considera-se violecircncia domeacutestica as que ocorrem no acircmbito
domeacutestico eou familiar e natildeo somente as que deixam marcas fiacutesicas resultando em lesotildees
graves ou ateacute morte mas tambeacutem as que oprimem e geram danos psicoloacutegicos e morais
deixando desprotegidas as viacutetimas dentro do seu proacuteprio domiciacutelio onde deveriam sentir-se
seguras (BRUM et al 2013 ZANCAN et al 2013)
AMIZADES FAMIacuteLIA
RELACcedilOtildeES DE
TRABALHO OU ESTUDO
RELACcedilOtildeES
COMUNITAacuteRIAS
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A Lei que Protege
No Brasil foi sancionada a Lei n 11340 que entrou em vigor 07 de agosto de 2006
conhecida como ldquoLei Maria da Penhardquo criada como mecanismos para prevenir e coibir a
violecircncia domeacutestica dos mais variados tipos contra as mulheres
A Lei declara em seu artigo 8ordm que as poliacuteticas puacuteblicas que visam coibir a violecircncia
domeacutestica contra a mulher far-se-aacute por meio das articulaccedilotildees de accedilotildees da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios e tambeacutem por de accedilotildees natildeo governamentais Tendo por
diretrizes a integraccedilatildeo operacional do Poder Judiciaacuterio do Ministeacuterio Puacuteblico e da Defensoria
Puacuteblica proporcionando estudos e pesquisas para gerar dados estatiacutesticos e outras informaccedilotildees
relevantes com a perspectiva de gecircnero e de raccedila ou etnia relativo agraves causas agraves consequecircncias
e agrave frequecircncia da violecircncia domeacutestica e familiar contra a mulher para a sistematizaccedilatildeo de dados
Esses dados pela Lei (2006) seratildeo unificados nacionalmente e a avaliaccedilatildeo perioacutedica
dos resultados das medidas adotadas a implementaccedilatildeo de atendimento policial especializado
para as mulheres em particular nas Delegacias de Atendimento agrave Mulher a promoccedilatildeo e a
realizaccedilatildeo de campanhas educativas de prevenccedilatildeo da violecircncia domeacutestica e familiar contra a
mulher voltadas agrave sociedade em geral implementar programas de erradicaccedilatildeo da violecircncia
domeacutestica e familiar contra a mulher
O artigo 9ordm desta mesma lei declara que a assistecircncia agrave mulher em situaccedilatildeo de violecircncia
domeacutestica e familiar seraacute prestada de forma articulada e conforme os princiacutepios e as diretrizes
previstos na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social no Sistema Uacutenico de Sauacutede no Sistema Uacutenico
de Seguranccedila Puacuteblica entre outras normas e poliacuteticas puacuteblicas de proteccedilatildeo
A Lei Maria da Penha (2006) garante agrave mulher em seu artigo 11ordm proteccedilatildeo judicial
encaminhamento ao hospital e Instituto Meacutedico Legal transporte a ela e seus dependentes para
um local seguro em casos de riscos agrave vida e acompanhamento policial para a retirada de seus
pertences do domiciacutelio familiar
A mesma Lei (2006) prevecirc cinco tipos de agressotildees contra a mulher (violecircncia fiacutesica
violecircncia sexual violecircncia moral violecircncia psicoloacutegica e violecircncia patrimonial) e apresenta
medidas de proteccedilatildeo para a viacutetima como afastando o homem do ambiente familiar permitindo
o rigor nas puniccedilotildees contra as agressotildees sofridas pelas mulheres e que o agressor seja preso
quando ameaccedilar a integridade fiacutesica da viacutetima
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No Brasil os serviccedilos mais procurados pelas mulheres em situaccedilatildeo de violecircncia
segundo Silva Padoin e Vianna (2015) estatildeo diretamente ligados agraves delegacias e agraves Unidades
de Pronto Atendimento quando a lesatildeo causada requer tratamento eou a praacutetica restrita do
crime Reduzir a violecircncia a um crime ou a um transtorno mental invisibiliza outros aspectos
do problema como o social o cultural e o poliacutetico Dessa forma propor uma intervenccedilatildeo
transversal significa criar um novo modelo de organizaccedilatildeo dos serviccedilos que insira a concepccedilatildeo
de demanda por necessidades como base conceitual para a praacutetica cujas respostas estejam
atreladas agrave promoccedilatildeo da qualidade de vida e de acesso a direitos
O acesso agrave rede pode acontecer em qualquer local e os casos devem transitar nos
serviccedilos que a compotildeem Por isso identificar e mapear as redes de apoio de mulheres viacutetimas
de violecircncia eacute o primeiro passo a fim de compreender a relaccedilatildeo que se estabelece entre os
serviccedilos onde todos tecircm funccedilotildees diferentes essenciais e com o mesmo grau de importacircncia
uma vez que em funccedilatildeo dos viacutenculos fragilizados com a famiacutelia e dos amigos devido agrave
violecircncia os serviccedilos puacuteblicos satildeo a uacutenica opccedilatildeo
Municiacutepio de Satildeo Jerocircnimo no Rio Grande do Sul
A cidade de Satildeo Jerocircnimo localizada agraves margens do Rio Jacuiacute possui segundo o
Instituto Brasileiro de Geografias e Estatiacutestica (IBGE) uma aacuterea territorial de 936375kmsup2 e
uma populaccedilatildeo estimada em 23527 pessoas (IBGE 2010)
Conquistou o status de municiacutepio em 30 de setembro de 1861 quando se emancipou de
Bom Jesus do Triunfo nesta data comemora-se o aniversaacuterio da cidade e tambeacutem dia de Satildeo
Jerocircnimo As atividades pecuaacuteria e mineradora foram o berccedilo da riqueza de Satildeo Jerocircnimo
Devido agrave prosperidade das estacircncias surgiram as Charqueadas onde se processavam a carne
dos gados abatidos nos campos do municiacutepio Aliado a isso exploraccedilatildeo das jazidas de carvatildeo
mineral contribuiu para o desenvolvimento da cidade Sua colonizaccedilatildeo eacute de origem luso-
brasileira evidenciado pelos casarios de estilo accediloriano-colonial (IBGE 2010)
PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS
Foi realizada uma pesquisa qualitativa de cunho exploratoacuterio que segundo Creswell
(2013) envolve maior atenccedilatildeo agrave natureza interpretativa situando o estudo dentro do contexto
poliacutetico social cultural e a reflexatildeo de relatos
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Participantes
Participaram desta pesquisa quatro mulheres que sofreram violecircncia domeacutestica e que
buscaram os serviccedilos da Cliacutenicandashescola do curso de Psicologia da Universidade Luterana do
Brasil ndash Campus Satildeo Jerocircnimo com idades variando entre 27 e 45 anos habitantes do
municiacutepio de Satildeo Jerocircnimo do interior do estado do Rio Grande do Sul ndash Brasil
Instrumentos
Os dados para esta pesquisa foram coletados atraveacutes do mapa de rede social proposto
por Sluzki (2006) A utilizaccedilatildeo do mapa de rede social possibilitou mapear os indiviacuteduos e
serviccedilos percebidos pelas mulheres que sofreram a violecircncia domeacutestica
O mapa eacute dividido em quatro quadrantes compostos por famiacutelia amizades relaccedilotildees de
trabalho ou escolares e relaccedilotildees comunitaacuterias ou de serviccedilos possuindo tambeacutem trecircs aacutereas que
satildeo as relaccedilotildees iacutentimas as relaccedilotildees pessoais e as relaccedilotildees ocasionais Estas trecircs aacutereas se
inscrevem sob os quadrantes atraveacutes de um ciacuterculo interno que representa as relaccedilotildees iacutentimas
incluindo os familiares mais diretos e amigos mais proacuteximos um ciacuterculo intermediaacuterio
composto pelas relaccedilotildees pessoais com menor grau de compromisso e um ciacuterculo externo que
representa as relaccedilotildees ocasionais e com conhecidos O conjunto dos habitantes deste mapa
miacutenimo constitui a rede social pessoal do indiviacuteduo
Sabe-se que a rede social demarcada por cada indiviacuteduo parte de sua percepccedilatildeo e de sua
visatildeo sobre a situaccedilatildeo em um determinado momento portanto essa rede social pode natildeo
corresponder a sua rede social real mas eacute a que este indiviacuteduo consegue perceber como
significativa
Procedimentos para a Coleta de Dados
Apoacutes a aprovaccedilatildeo do projeto de pesquisa pelo Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa da
Universidade Luterana do Brasil que recebeu o parecer favoraacutevel conforme nordm 853167 em 29
de outubro de 2014 foi estabelecido contato com a Cliacutenica-escola do Curso de Psicologia da
Universidade Luterana do Brasil ndash Campus Satildeo Jerocircnimo a qual jaacute possuiacutea ciecircncia da pesquisa
e comprometimento no auxiacutelio do desenvolvimento da mesma para que se iniciassem os
contatos com as usuaacuterias Com o comparecimento da viacutetima no horaacuterio estabelecido foram
explicados os procedimentos e objetivos da pesquisa apresentaccedilatildeo do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido fornecido uma coacutepia para a participante e outra para o pesquisador Foi
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mostrado o mapa de rede e explicado como ele deveria se preenchido de acordo com as
instruccedilotildees propostas por Sluzki (2006) Os dados foram coletados nas dependecircncias da Cliacutenica-
escola no mecircs de maio do ano de 2015
Procedimentos para Anaacutelise dos Dados
O mapa de rede foi analisado em termos de estrutura conforme os criteacuterios de tamanho
e distribuiccedilatildeo Quanto ao tamanho foi verificado o nuacutemero de pessoas presentes na rede de
cada participante jaacute na distribuiccedilatildeo foi apurada a localizaccedilatildeo dos membros da rede em cada
quadrante
APRESENTACcedilAtildeO E DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
O uso do mapa possibilitou identificar a estrutura percebida pelas viacutetimas da sua rede
de apoio bem como compreender a contribuiccedilatildeo das relaccedilotildees estabelecidas de forma
significativa para as mulheres que sofreram violecircncia domeacutestica
Tabela 1 Nuacutemero de pessoas nos quadrantes
Participantes Famiacutelia Amizade Trabalho Comunidade Total
M1 2 2 0 4 8
M2 4 3 3 4 14
M3 3 2 0 1 6
M4 3 3 2 4 12 Fonte elaboraccedilatildeo proacutepria
Atraveacutes da anaacutelise dos mapas de rede social em relaccedilatildeo ao seu tamanho estabelecido
pela quantidade de pessoas que fazem parte da rede observou-se que as redes sociais das
participantes satildeo extremamente pequenas Conforme a tabela 1 M1 apresenta uma rede de
apoio composta 08 integrantes M2 apresenta 14 integrantes em sua rede de apoio M3 apresenta
06 integrantes em sua rede de apoio e por fim M4 apresenta 12 integrantes em sua rede de
apoio
Estes nuacutemeros demonstram que natildeo haacute muitas pessoas com que elas possam contar ou
pedir ajuda em situaccedilotildees de crise ou violecircncia Para Carvalho e Ribeiro (2016) natildeo existem
valores normativos para determinar o tamanho de uma rede de apoio social mas considera
habitual a presenccedila de 20 pessoas com variaccedilatildeo meacutedia de 15 a 25 membros O mesmo autor e
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Souza e Machado (2014) consideram que redes pequenas satildeo menos eficazes em uma situaccedilatildeo
de longa duraccedilatildeo como geralmente eacute a violecircncia domeacutestica jaacute que haacute uma evitaccedilatildeo dos sujeitos
para diminuir a sobrecarga
Em relaccedilatildeo a distribuiccedilatildeo ou composiccedilatildeo dos sujeitos nas redes das viacutetimas refere-se a
localizaccedilatildeo nos quadrantes pode ser visualizado na tabela
Essa dificuldade na distribuiccedilatildeo das pessoas na rede para Carlos e Ferriani (2015) gera
um empecilho para discutir teacutecnica e cientificamente problemaacuteticas da contemporaneidade tais
como a violecircncia domeacutestica os sujeitos natildeo conseguem construir estrateacutegias para se aproximar
Quanto agrave densidade dessas redes ou seja o quanto os membros de cada quadrante
interagem entre si natildeo eacute possiacutevel perceber tal conexatildeo essas redes mostram-se fragilizadas
Segundo Sluzki (2006) o niacutevel de densidade meacutedio eacute considerado o mais eficaz uma vez que
permite equiparar as impressotildees dos membros jaacute uma rede de densidade muito alta traria uma
conformidade entre os integrantes causando ineacutercia do grupo e menor efetividade
A rede social inclui as pessoas significativas que segundo Sluzki (2006) se diferem de
toda a sociedade compreendendo o mapa com os quatro quadrantes a famiacutelia os amigos as
relaccedilotildees de trabalho estudo e de inserccedilatildeo comunitaacuteria
Em relaccedilatildeo ao quadrante da famiacutelia cada viacutetima do estudo recebe suporte de no maacuteximo
seis integrantes sendo que duas apontam os proacuteprios filhos como parte da rede Segundo os
estudos de Dutra et al (2013) as mulheres restringem suas relaccedilotildees aos filhos e familiares pois
esses muitas vezes natildeo representam ameaccedilas ao parceiro gerando um isolamento social que
poderia contribuir para a continuaccedilatildeo da violecircncia e diminuiccedilatildeo da expressatildeo da autonomia
A rede social natildeo corresponde somente agrave famiacutelia nuclear ou extensa mas sim a um
conjunto de viacutenculos que possuiacutemos com outros sujeitos que participam e constroem o nosso
dia a dia (SLUZKI 2006) Nota-se que os membros demarcados estatildeo muito relacionados com
os viacutenculos familiares como as matildees filhos e irmatildeos o que demonstra o quanto essas pessoas
podem ter sido sobrecarregadas diante da situaccedilatildeo de violecircncia pois para a maioria dos sujeitos
da pesquisa natildeo existem outras pessoas a quem pudessem pedir auxiacutelio Numa relaccedilatildeo conjugal
geralmente o companheiro pode ser uma fonte de suporte mas nesses casos satildeo os
perpetradores da violecircncia
Cada participante da pesquisa mostra ter de duas a trecircs pessoas presentes em suas
relaccedilotildees de amizade Segundo Carvalho e Ribeiro (2016) tais valores satildeo considerados baixos
pois as relaccedilotildees de amizade satildeo fundamentais para o desenvolvimento de novas visotildees e novas
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perspectivas logo essa restriccedilatildeo de amigos poderaacute implicar em uma maior dificuldade de
estabelecer viacutenculos futuros
Quanto agraves relaccedilotildees de trabalho trecircs entrevistadas atuam no mercado poreacutem somente
duas mencionaram seus colegas O fato das mulheres apresentarem poucas relaccedilotildees de trabalho
certamente acarretaraacute dificuldades no apoio social pois satildeo nos locais de trabalho que passam
a maior parte do dia (CARVALHO e RIBEIRO 2016)
Considerando as relaccedilotildees comunitaacuterias as quatro pesquisadas referem ter contato com
o CREAS (Centro de Referecircncia Especializado em Assistecircncia Social) devido ao serviccedilo
especializado oferecido agrave populaccedilatildeo CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial) Hospital
Conselho Tutelar e a Igreja Eacute importante perceber que os serviccedilos puacuteblicos aparecem com
frequecircncia e realizam trabalhos relevantes com essas mulheres apesar das deficiecircncias que
possam possuir Eacute importante salientar a natildeo marcaccedilatildeo de vizinhos ou qualquer outra relaccedilatildeo
com a comunidade mais proacutexima Segundo Carvalho e Ribeiro (2016) em situaccedilotildees de
emergecircncia os vizinhos ou uma associaccedilatildeo de moradores poderiam auxiliar a viacutetima a obter o
apoio necessaacuterio
Essa dificuldade de identificar um nuacutemero maior de pessoas nas relaccedilotildees das
entrevistadas poderia estar ligada as estrateacutegias de dominaccedilotildees utilizadas pelo agressor
Fazendo proibiccedilotildees das mulheres de entrar no mercado de trabalho possuir atividades de lazer
estudar e ateacute de poder manter ligaccedilotildees com familiares Haacute uma destruiccedilatildeo das redes sociais e
dificuldades de inserccedilatildeo a novas tornando precaacuteria a busca de suporte reconhecimento e
enfrentamento da violecircncia
Para Gonccedilalves e Guaraacute (2010 apud PEREIRA K Y TEIXEIRA S M 2013) as redes
de apoio sociais podem ser classificadas seguindo as necessidades humanas Nestes casos as
redes abalizadas satildeo primaacuterias e de proteccedilatildeo amparadas pela solidariedade e apoio muacutetuo
constituiacutedas pelo contexto familiar e atraveacutes das relaccedilotildees de amizade
A percepccedilatildeo segundo Dalgalarrondo (2008) eacute a capacidade de assimilar e relacionar as
vivecircncias pessoais e criativas a partir de estiacutemulos sensoriais recriadas por cada indiviacuteduo
levando em consideraccedilatildeo suas experiecircncias jaacute registradas na memoacuteria conforme o contexto
sociocultural em que estaacute inserido Diante do exposto pelo autor as redes sociais demarcadas
pelas mulheres pesquisadas satildeo produccedilatildeo de sua proacutepria percepccedilatildeo sobre o mundo e sobre as
pessoas e instituiccedilotildees que as cercam Portanto natildeo necessariamente as redes sociais apontadas
por cada sujeito correspondem agrave sua rede social real uma vez que a situaccedilatildeo de crise e demais
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dificuldades bloqueiam e interferem na sua capacidade de perceber seu verdadeiro contexto
sociocultural
Os trabalhos realizados pelo Centro de Referecircncia Especializado em Assistecircncia Social
(CREAS) segundo Faraj e Siqueira (2012) satildeo imprescindiacuteveis para a minimizaccedilatildeo dos danos
causados pela violecircncia O CREAS constitui-se em um serviccedilo especializado que deve buscar
restaurar os direitos infringidos pela violecircncia atraveacutes de um atendimento contextualizado
inserido em uma rede iacutentegra Os mesmos autores consideram fundamental fazer valer a
proteccedilatildeo integral da viacutetima por meio da defesa e da garantia de serviccedilos especializados com
profissionais capacitados para a intervenccedilatildeo e enfrentamento da problemaacutetica o que eacute
extremamente necessaacuterio que alguns oacutergatildeos e instituiccedilotildees estejam articulados e fortalecidos
para que as suas accedilotildees sejam efetivas O centro de referecircncia possibilita reconstruir os viacutenculos
familiares e sociais desfeitos pelo impacto inominaacutevel relativo agrave vivecircncia da situaccedilatildeo de
violecircncia
A assistecircncia agrave mulher em situaccedilatildeo de violecircncia domeacutestica e familiar seraacute prestada de
forma articulada de acordo com a Lei Maria da Penha no artigo 9ordm assim tambeacutem os princiacutepios
e as diretrizes previstos na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social no Sistema Uacutenico de Sauacutede no
Sistema Uacutenico de Seguranccedila Puacuteblica entre outras normas e poliacuteticas puacuteblicas de proteccedilatildeo e
emergencialmente quando for o caso
A construccedilatildeo de uma rede de apoio e proteccedilatildeo segundo Pacheco e Malgarim (2011)
tem como objetivo minimizar a continuidade da violecircncia em qualquer lugar que a
vulnerabilidade se faccedila presente Com a intenccedilatildeo de romper os constantes episoacutedios de violecircncia
eacute imprescindiacutevel um trabalho interdisciplinar que organize e fortaleccedila um espaccedilo de
acolhimento agraves viacutetimas atraveacutes do atendimento cliacutenico psicoloacutegico social legal individual e
familiar com a finalidade de que o ciclo de violecircncia possa ser desfeito
A proposta de construir novos laccedilos de amizades bem como ampliar a busca por redes
que disponibilizem serviccedilos e accedilotildees estrateacutegicas a fim de promover a assistecircncia baacutesica e o
suporte emocional Considera-se fundamental que oacutergatildeos e instituiccedilotildees estejam articulados
preparados com profissionais capacitados para receber apoiar e proteger de forma adequada as
mulheres viacutetimas que sofreram qualquer tipo de violecircncia domeacutestica Fazer valer a proteccedilatildeo
integral da viacutetima garantir os serviccedilos especializados de que lhe eacute direito eacute uma forma de
intervenccedilatildeo que viabiliza o enfrentamento diante do impacto da situaccedilatildeo problema
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Neste contexto cabe ressaltar que as quatro participantes natildeo pronunciaram a existecircncia
de novas relaccedilotildees que servissem de apoio no periacuteodo em que ocorreu a violecircncia o que
demonstra a dificuldade quanto agraves percepccedilotildees e ineficiecircncia quanto agrave conexatildeo das redes
CONCLUSAtildeO
A pesquisa demonstra o quatildeo fundamental eacute a rede de apoio nas relaccedilotildees enquanto
dispositivos sociais de trocas e interaccedilotildees de sujeitos e grupos Satildeo neste acircmbito que as
mulheres que sofrem violecircncia domeacutestica encontram acolhimento em meio ao trauma sofrido
e desta forma estrateacutegias de enfrentamento que contribuem no resgate da sua dignidade
pessoal
Atraveacutes do mapa de rede das quatro mulheres pesquisadas e viacutetimas da violecircncia
domeacutestica eacute possiacutevel identificar que o municiacutepio comporta uma rede de apoio composta pelo
Hospital CAPS CREAS e Delegacia de Poliacutecia Civil
Tendo por embasamento legal o art 8 da Lei 1134006 que prevecirc poliacuteticas puacuteblicas que
visam coibir a violecircncia domeacutestica e familiar contra a mulher Apesar dessa previsatildeo as
poliacuteticas puacuteblicas ainda satildeo bastante deficientes uma vez que os oacutergatildeos que prestam assistecircncia
natildeo possuem qualquer articulaccedilatildeo entre si deixando a cargo das viacutetimas a busca isolada por
cada um dos serviccedilos
Seria necessaacuterio um maior investimento para desenvolver essas poliacuteticas puacuteblicas
principalmente no que diz respeito ao funcionamento em conjunto dos atendimentos visando
um melhor acolhimento agraves viacutetimas
Trata-se de um problema que atravessa as geraccedilotildees e deve ser abordado de forma
intersetorial O olhar deve ser ampliado e apurado para que novas accedilotildees possam ser elaboradas
a fim de motivar a diminuiccedilatildeo dos nuacutemeros alarmantes de violecircncia direcionados agraves mulheres
Que haja uma mobilidade dos setores afins para viabilizar projetos que decircem suporte agrave criaccedilatildeo
de praacuteticas pertinentes ao cuidado fiacutesico e mental desta mulher agredida para ampliar e
aprimorar a sua rede de apoio
Em novos estudos considera-se importante analisar a qualidade dos serviccedilos oferecidos
pelo poder puacuteblico se estas redes de apoio satildeo capazes de dar o suporte necessaacuterio agraves viacutetimas
de violecircncia domeacutestica bem como o funcionamento e como se daacute as conexotildees das relaccedilotildees
intersetoriais afim de melhor atender a populaccedilatildeo e prover o acolhimento necessaacuterio a todos
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Figura 1 Mapa miacutenimo de relaccedilotildees proposto por Sluzki
Fonte Sluzki 2006 p43
Segundo Sluzki (2006) o mapa pode ser sistematizado em quatro quadrantes satildeo eles
trabalho famiacutelia relaccedilotildees comunitaacuterias e amizade Tambeacutem sistematizam as trecircs aacutereas de
aproximaccedilatildeo do indiviacuteduo ciacuterculo interno de relaccedilotildees iacutentimas ciacuterculo intermediaacuterio de relaccedilotildees
pessoais e ciacuterculo externo de conhecidos e relaccedilotildees ocasionais Permite averiguar suas
caracteriacutesticas estruturais quanto ao tamanho composiccedilatildeo ou distribuiccedilatildeo e as funccedilotildees desta
o que favorece a construccedilatildeo de ideias e atividades que possam dar espaccedilo para mudanccedilas e
novas interaccedilotildees sociais
A violecircncia domeacutestica atinge mulheres idosos adolescentes e crianccedilas com
repercussotildees em vaacuterios aspectos da vida no acircmbito profissional nas relaccedilotildees sociais e na sauacutede
(fiacutesica eou psicoloacutegica) Considera-se violecircncia domeacutestica as que ocorrem no acircmbito
domeacutestico eou familiar e natildeo somente as que deixam marcas fiacutesicas resultando em lesotildees
graves ou ateacute morte mas tambeacutem as que oprimem e geram danos psicoloacutegicos e morais
deixando desprotegidas as viacutetimas dentro do seu proacuteprio domiciacutelio onde deveriam sentir-se
seguras (BRUM et al 2013 ZANCAN et al 2013)
AMIZADES FAMIacuteLIA
RELACcedilOtildeES DE
TRABALHO OU ESTUDO
RELACcedilOtildeES
COMUNITAacuteRIAS
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A Lei que Protege
No Brasil foi sancionada a Lei n 11340 que entrou em vigor 07 de agosto de 2006
conhecida como ldquoLei Maria da Penhardquo criada como mecanismos para prevenir e coibir a
violecircncia domeacutestica dos mais variados tipos contra as mulheres
A Lei declara em seu artigo 8ordm que as poliacuteticas puacuteblicas que visam coibir a violecircncia
domeacutestica contra a mulher far-se-aacute por meio das articulaccedilotildees de accedilotildees da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios e tambeacutem por de accedilotildees natildeo governamentais Tendo por
diretrizes a integraccedilatildeo operacional do Poder Judiciaacuterio do Ministeacuterio Puacuteblico e da Defensoria
Puacuteblica proporcionando estudos e pesquisas para gerar dados estatiacutesticos e outras informaccedilotildees
relevantes com a perspectiva de gecircnero e de raccedila ou etnia relativo agraves causas agraves consequecircncias
e agrave frequecircncia da violecircncia domeacutestica e familiar contra a mulher para a sistematizaccedilatildeo de dados
Esses dados pela Lei (2006) seratildeo unificados nacionalmente e a avaliaccedilatildeo perioacutedica
dos resultados das medidas adotadas a implementaccedilatildeo de atendimento policial especializado
para as mulheres em particular nas Delegacias de Atendimento agrave Mulher a promoccedilatildeo e a
realizaccedilatildeo de campanhas educativas de prevenccedilatildeo da violecircncia domeacutestica e familiar contra a
mulher voltadas agrave sociedade em geral implementar programas de erradicaccedilatildeo da violecircncia
domeacutestica e familiar contra a mulher
O artigo 9ordm desta mesma lei declara que a assistecircncia agrave mulher em situaccedilatildeo de violecircncia
domeacutestica e familiar seraacute prestada de forma articulada e conforme os princiacutepios e as diretrizes
previstos na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social no Sistema Uacutenico de Sauacutede no Sistema Uacutenico
de Seguranccedila Puacuteblica entre outras normas e poliacuteticas puacuteblicas de proteccedilatildeo
A Lei Maria da Penha (2006) garante agrave mulher em seu artigo 11ordm proteccedilatildeo judicial
encaminhamento ao hospital e Instituto Meacutedico Legal transporte a ela e seus dependentes para
um local seguro em casos de riscos agrave vida e acompanhamento policial para a retirada de seus
pertences do domiciacutelio familiar
A mesma Lei (2006) prevecirc cinco tipos de agressotildees contra a mulher (violecircncia fiacutesica
violecircncia sexual violecircncia moral violecircncia psicoloacutegica e violecircncia patrimonial) e apresenta
medidas de proteccedilatildeo para a viacutetima como afastando o homem do ambiente familiar permitindo
o rigor nas puniccedilotildees contra as agressotildees sofridas pelas mulheres e que o agressor seja preso
quando ameaccedilar a integridade fiacutesica da viacutetima
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No Brasil os serviccedilos mais procurados pelas mulheres em situaccedilatildeo de violecircncia
segundo Silva Padoin e Vianna (2015) estatildeo diretamente ligados agraves delegacias e agraves Unidades
de Pronto Atendimento quando a lesatildeo causada requer tratamento eou a praacutetica restrita do
crime Reduzir a violecircncia a um crime ou a um transtorno mental invisibiliza outros aspectos
do problema como o social o cultural e o poliacutetico Dessa forma propor uma intervenccedilatildeo
transversal significa criar um novo modelo de organizaccedilatildeo dos serviccedilos que insira a concepccedilatildeo
de demanda por necessidades como base conceitual para a praacutetica cujas respostas estejam
atreladas agrave promoccedilatildeo da qualidade de vida e de acesso a direitos
O acesso agrave rede pode acontecer em qualquer local e os casos devem transitar nos
serviccedilos que a compotildeem Por isso identificar e mapear as redes de apoio de mulheres viacutetimas
de violecircncia eacute o primeiro passo a fim de compreender a relaccedilatildeo que se estabelece entre os
serviccedilos onde todos tecircm funccedilotildees diferentes essenciais e com o mesmo grau de importacircncia
uma vez que em funccedilatildeo dos viacutenculos fragilizados com a famiacutelia e dos amigos devido agrave
violecircncia os serviccedilos puacuteblicos satildeo a uacutenica opccedilatildeo
Municiacutepio de Satildeo Jerocircnimo no Rio Grande do Sul
A cidade de Satildeo Jerocircnimo localizada agraves margens do Rio Jacuiacute possui segundo o
Instituto Brasileiro de Geografias e Estatiacutestica (IBGE) uma aacuterea territorial de 936375kmsup2 e
uma populaccedilatildeo estimada em 23527 pessoas (IBGE 2010)
Conquistou o status de municiacutepio em 30 de setembro de 1861 quando se emancipou de
Bom Jesus do Triunfo nesta data comemora-se o aniversaacuterio da cidade e tambeacutem dia de Satildeo
Jerocircnimo As atividades pecuaacuteria e mineradora foram o berccedilo da riqueza de Satildeo Jerocircnimo
Devido agrave prosperidade das estacircncias surgiram as Charqueadas onde se processavam a carne
dos gados abatidos nos campos do municiacutepio Aliado a isso exploraccedilatildeo das jazidas de carvatildeo
mineral contribuiu para o desenvolvimento da cidade Sua colonizaccedilatildeo eacute de origem luso-
brasileira evidenciado pelos casarios de estilo accediloriano-colonial (IBGE 2010)
PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS
Foi realizada uma pesquisa qualitativa de cunho exploratoacuterio que segundo Creswell
(2013) envolve maior atenccedilatildeo agrave natureza interpretativa situando o estudo dentro do contexto
poliacutetico social cultural e a reflexatildeo de relatos
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Participantes
Participaram desta pesquisa quatro mulheres que sofreram violecircncia domeacutestica e que
buscaram os serviccedilos da Cliacutenicandashescola do curso de Psicologia da Universidade Luterana do
Brasil ndash Campus Satildeo Jerocircnimo com idades variando entre 27 e 45 anos habitantes do
municiacutepio de Satildeo Jerocircnimo do interior do estado do Rio Grande do Sul ndash Brasil
Instrumentos
Os dados para esta pesquisa foram coletados atraveacutes do mapa de rede social proposto
por Sluzki (2006) A utilizaccedilatildeo do mapa de rede social possibilitou mapear os indiviacuteduos e
serviccedilos percebidos pelas mulheres que sofreram a violecircncia domeacutestica
O mapa eacute dividido em quatro quadrantes compostos por famiacutelia amizades relaccedilotildees de
trabalho ou escolares e relaccedilotildees comunitaacuterias ou de serviccedilos possuindo tambeacutem trecircs aacutereas que
satildeo as relaccedilotildees iacutentimas as relaccedilotildees pessoais e as relaccedilotildees ocasionais Estas trecircs aacutereas se
inscrevem sob os quadrantes atraveacutes de um ciacuterculo interno que representa as relaccedilotildees iacutentimas
incluindo os familiares mais diretos e amigos mais proacuteximos um ciacuterculo intermediaacuterio
composto pelas relaccedilotildees pessoais com menor grau de compromisso e um ciacuterculo externo que
representa as relaccedilotildees ocasionais e com conhecidos O conjunto dos habitantes deste mapa
miacutenimo constitui a rede social pessoal do indiviacuteduo
Sabe-se que a rede social demarcada por cada indiviacuteduo parte de sua percepccedilatildeo e de sua
visatildeo sobre a situaccedilatildeo em um determinado momento portanto essa rede social pode natildeo
corresponder a sua rede social real mas eacute a que este indiviacuteduo consegue perceber como
significativa
Procedimentos para a Coleta de Dados
Apoacutes a aprovaccedilatildeo do projeto de pesquisa pelo Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa da
Universidade Luterana do Brasil que recebeu o parecer favoraacutevel conforme nordm 853167 em 29
de outubro de 2014 foi estabelecido contato com a Cliacutenica-escola do Curso de Psicologia da
Universidade Luterana do Brasil ndash Campus Satildeo Jerocircnimo a qual jaacute possuiacutea ciecircncia da pesquisa
e comprometimento no auxiacutelio do desenvolvimento da mesma para que se iniciassem os
contatos com as usuaacuterias Com o comparecimento da viacutetima no horaacuterio estabelecido foram
explicados os procedimentos e objetivos da pesquisa apresentaccedilatildeo do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido fornecido uma coacutepia para a participante e outra para o pesquisador Foi
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mostrado o mapa de rede e explicado como ele deveria se preenchido de acordo com as
instruccedilotildees propostas por Sluzki (2006) Os dados foram coletados nas dependecircncias da Cliacutenica-
escola no mecircs de maio do ano de 2015
Procedimentos para Anaacutelise dos Dados
O mapa de rede foi analisado em termos de estrutura conforme os criteacuterios de tamanho
e distribuiccedilatildeo Quanto ao tamanho foi verificado o nuacutemero de pessoas presentes na rede de
cada participante jaacute na distribuiccedilatildeo foi apurada a localizaccedilatildeo dos membros da rede em cada
quadrante
APRESENTACcedilAtildeO E DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
O uso do mapa possibilitou identificar a estrutura percebida pelas viacutetimas da sua rede
de apoio bem como compreender a contribuiccedilatildeo das relaccedilotildees estabelecidas de forma
significativa para as mulheres que sofreram violecircncia domeacutestica
Tabela 1 Nuacutemero de pessoas nos quadrantes
Participantes Famiacutelia Amizade Trabalho Comunidade Total
M1 2 2 0 4 8
M2 4 3 3 4 14
M3 3 2 0 1 6
M4 3 3 2 4 12 Fonte elaboraccedilatildeo proacutepria
Atraveacutes da anaacutelise dos mapas de rede social em relaccedilatildeo ao seu tamanho estabelecido
pela quantidade de pessoas que fazem parte da rede observou-se que as redes sociais das
participantes satildeo extremamente pequenas Conforme a tabela 1 M1 apresenta uma rede de
apoio composta 08 integrantes M2 apresenta 14 integrantes em sua rede de apoio M3 apresenta
06 integrantes em sua rede de apoio e por fim M4 apresenta 12 integrantes em sua rede de
apoio
Estes nuacutemeros demonstram que natildeo haacute muitas pessoas com que elas possam contar ou
pedir ajuda em situaccedilotildees de crise ou violecircncia Para Carvalho e Ribeiro (2016) natildeo existem
valores normativos para determinar o tamanho de uma rede de apoio social mas considera
habitual a presenccedila de 20 pessoas com variaccedilatildeo meacutedia de 15 a 25 membros O mesmo autor e
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Souza e Machado (2014) consideram que redes pequenas satildeo menos eficazes em uma situaccedilatildeo
de longa duraccedilatildeo como geralmente eacute a violecircncia domeacutestica jaacute que haacute uma evitaccedilatildeo dos sujeitos
para diminuir a sobrecarga
Em relaccedilatildeo a distribuiccedilatildeo ou composiccedilatildeo dos sujeitos nas redes das viacutetimas refere-se a
localizaccedilatildeo nos quadrantes pode ser visualizado na tabela
Essa dificuldade na distribuiccedilatildeo das pessoas na rede para Carlos e Ferriani (2015) gera
um empecilho para discutir teacutecnica e cientificamente problemaacuteticas da contemporaneidade tais
como a violecircncia domeacutestica os sujeitos natildeo conseguem construir estrateacutegias para se aproximar
Quanto agrave densidade dessas redes ou seja o quanto os membros de cada quadrante
interagem entre si natildeo eacute possiacutevel perceber tal conexatildeo essas redes mostram-se fragilizadas
Segundo Sluzki (2006) o niacutevel de densidade meacutedio eacute considerado o mais eficaz uma vez que
permite equiparar as impressotildees dos membros jaacute uma rede de densidade muito alta traria uma
conformidade entre os integrantes causando ineacutercia do grupo e menor efetividade
A rede social inclui as pessoas significativas que segundo Sluzki (2006) se diferem de
toda a sociedade compreendendo o mapa com os quatro quadrantes a famiacutelia os amigos as
relaccedilotildees de trabalho estudo e de inserccedilatildeo comunitaacuteria
Em relaccedilatildeo ao quadrante da famiacutelia cada viacutetima do estudo recebe suporte de no maacuteximo
seis integrantes sendo que duas apontam os proacuteprios filhos como parte da rede Segundo os
estudos de Dutra et al (2013) as mulheres restringem suas relaccedilotildees aos filhos e familiares pois
esses muitas vezes natildeo representam ameaccedilas ao parceiro gerando um isolamento social que
poderia contribuir para a continuaccedilatildeo da violecircncia e diminuiccedilatildeo da expressatildeo da autonomia
A rede social natildeo corresponde somente agrave famiacutelia nuclear ou extensa mas sim a um
conjunto de viacutenculos que possuiacutemos com outros sujeitos que participam e constroem o nosso
dia a dia (SLUZKI 2006) Nota-se que os membros demarcados estatildeo muito relacionados com
os viacutenculos familiares como as matildees filhos e irmatildeos o que demonstra o quanto essas pessoas
podem ter sido sobrecarregadas diante da situaccedilatildeo de violecircncia pois para a maioria dos sujeitos
da pesquisa natildeo existem outras pessoas a quem pudessem pedir auxiacutelio Numa relaccedilatildeo conjugal
geralmente o companheiro pode ser uma fonte de suporte mas nesses casos satildeo os
perpetradores da violecircncia
Cada participante da pesquisa mostra ter de duas a trecircs pessoas presentes em suas
relaccedilotildees de amizade Segundo Carvalho e Ribeiro (2016) tais valores satildeo considerados baixos
pois as relaccedilotildees de amizade satildeo fundamentais para o desenvolvimento de novas visotildees e novas
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perspectivas logo essa restriccedilatildeo de amigos poderaacute implicar em uma maior dificuldade de
estabelecer viacutenculos futuros
Quanto agraves relaccedilotildees de trabalho trecircs entrevistadas atuam no mercado poreacutem somente
duas mencionaram seus colegas O fato das mulheres apresentarem poucas relaccedilotildees de trabalho
certamente acarretaraacute dificuldades no apoio social pois satildeo nos locais de trabalho que passam
a maior parte do dia (CARVALHO e RIBEIRO 2016)
Considerando as relaccedilotildees comunitaacuterias as quatro pesquisadas referem ter contato com
o CREAS (Centro de Referecircncia Especializado em Assistecircncia Social) devido ao serviccedilo
especializado oferecido agrave populaccedilatildeo CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial) Hospital
Conselho Tutelar e a Igreja Eacute importante perceber que os serviccedilos puacuteblicos aparecem com
frequecircncia e realizam trabalhos relevantes com essas mulheres apesar das deficiecircncias que
possam possuir Eacute importante salientar a natildeo marcaccedilatildeo de vizinhos ou qualquer outra relaccedilatildeo
com a comunidade mais proacutexima Segundo Carvalho e Ribeiro (2016) em situaccedilotildees de
emergecircncia os vizinhos ou uma associaccedilatildeo de moradores poderiam auxiliar a viacutetima a obter o
apoio necessaacuterio
Essa dificuldade de identificar um nuacutemero maior de pessoas nas relaccedilotildees das
entrevistadas poderia estar ligada as estrateacutegias de dominaccedilotildees utilizadas pelo agressor
Fazendo proibiccedilotildees das mulheres de entrar no mercado de trabalho possuir atividades de lazer
estudar e ateacute de poder manter ligaccedilotildees com familiares Haacute uma destruiccedilatildeo das redes sociais e
dificuldades de inserccedilatildeo a novas tornando precaacuteria a busca de suporte reconhecimento e
enfrentamento da violecircncia
Para Gonccedilalves e Guaraacute (2010 apud PEREIRA K Y TEIXEIRA S M 2013) as redes
de apoio sociais podem ser classificadas seguindo as necessidades humanas Nestes casos as
redes abalizadas satildeo primaacuterias e de proteccedilatildeo amparadas pela solidariedade e apoio muacutetuo
constituiacutedas pelo contexto familiar e atraveacutes das relaccedilotildees de amizade
A percepccedilatildeo segundo Dalgalarrondo (2008) eacute a capacidade de assimilar e relacionar as
vivecircncias pessoais e criativas a partir de estiacutemulos sensoriais recriadas por cada indiviacuteduo
levando em consideraccedilatildeo suas experiecircncias jaacute registradas na memoacuteria conforme o contexto
sociocultural em que estaacute inserido Diante do exposto pelo autor as redes sociais demarcadas
pelas mulheres pesquisadas satildeo produccedilatildeo de sua proacutepria percepccedilatildeo sobre o mundo e sobre as
pessoas e instituiccedilotildees que as cercam Portanto natildeo necessariamente as redes sociais apontadas
por cada sujeito correspondem agrave sua rede social real uma vez que a situaccedilatildeo de crise e demais
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dificuldades bloqueiam e interferem na sua capacidade de perceber seu verdadeiro contexto
sociocultural
Os trabalhos realizados pelo Centro de Referecircncia Especializado em Assistecircncia Social
(CREAS) segundo Faraj e Siqueira (2012) satildeo imprescindiacuteveis para a minimizaccedilatildeo dos danos
causados pela violecircncia O CREAS constitui-se em um serviccedilo especializado que deve buscar
restaurar os direitos infringidos pela violecircncia atraveacutes de um atendimento contextualizado
inserido em uma rede iacutentegra Os mesmos autores consideram fundamental fazer valer a
proteccedilatildeo integral da viacutetima por meio da defesa e da garantia de serviccedilos especializados com
profissionais capacitados para a intervenccedilatildeo e enfrentamento da problemaacutetica o que eacute
extremamente necessaacuterio que alguns oacutergatildeos e instituiccedilotildees estejam articulados e fortalecidos
para que as suas accedilotildees sejam efetivas O centro de referecircncia possibilita reconstruir os viacutenculos
familiares e sociais desfeitos pelo impacto inominaacutevel relativo agrave vivecircncia da situaccedilatildeo de
violecircncia
A assistecircncia agrave mulher em situaccedilatildeo de violecircncia domeacutestica e familiar seraacute prestada de
forma articulada de acordo com a Lei Maria da Penha no artigo 9ordm assim tambeacutem os princiacutepios
e as diretrizes previstos na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social no Sistema Uacutenico de Sauacutede no
Sistema Uacutenico de Seguranccedila Puacuteblica entre outras normas e poliacuteticas puacuteblicas de proteccedilatildeo e
emergencialmente quando for o caso
A construccedilatildeo de uma rede de apoio e proteccedilatildeo segundo Pacheco e Malgarim (2011)
tem como objetivo minimizar a continuidade da violecircncia em qualquer lugar que a
vulnerabilidade se faccedila presente Com a intenccedilatildeo de romper os constantes episoacutedios de violecircncia
eacute imprescindiacutevel um trabalho interdisciplinar que organize e fortaleccedila um espaccedilo de
acolhimento agraves viacutetimas atraveacutes do atendimento cliacutenico psicoloacutegico social legal individual e
familiar com a finalidade de que o ciclo de violecircncia possa ser desfeito
A proposta de construir novos laccedilos de amizades bem como ampliar a busca por redes
que disponibilizem serviccedilos e accedilotildees estrateacutegicas a fim de promover a assistecircncia baacutesica e o
suporte emocional Considera-se fundamental que oacutergatildeos e instituiccedilotildees estejam articulados
preparados com profissionais capacitados para receber apoiar e proteger de forma adequada as
mulheres viacutetimas que sofreram qualquer tipo de violecircncia domeacutestica Fazer valer a proteccedilatildeo
integral da viacutetima garantir os serviccedilos especializados de que lhe eacute direito eacute uma forma de
intervenccedilatildeo que viabiliza o enfrentamento diante do impacto da situaccedilatildeo problema
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Neste contexto cabe ressaltar que as quatro participantes natildeo pronunciaram a existecircncia
de novas relaccedilotildees que servissem de apoio no periacuteodo em que ocorreu a violecircncia o que
demonstra a dificuldade quanto agraves percepccedilotildees e ineficiecircncia quanto agrave conexatildeo das redes
CONCLUSAtildeO
A pesquisa demonstra o quatildeo fundamental eacute a rede de apoio nas relaccedilotildees enquanto
dispositivos sociais de trocas e interaccedilotildees de sujeitos e grupos Satildeo neste acircmbito que as
mulheres que sofrem violecircncia domeacutestica encontram acolhimento em meio ao trauma sofrido
e desta forma estrateacutegias de enfrentamento que contribuem no resgate da sua dignidade
pessoal
Atraveacutes do mapa de rede das quatro mulheres pesquisadas e viacutetimas da violecircncia
domeacutestica eacute possiacutevel identificar que o municiacutepio comporta uma rede de apoio composta pelo
Hospital CAPS CREAS e Delegacia de Poliacutecia Civil
Tendo por embasamento legal o art 8 da Lei 1134006 que prevecirc poliacuteticas puacuteblicas que
visam coibir a violecircncia domeacutestica e familiar contra a mulher Apesar dessa previsatildeo as
poliacuteticas puacuteblicas ainda satildeo bastante deficientes uma vez que os oacutergatildeos que prestam assistecircncia
natildeo possuem qualquer articulaccedilatildeo entre si deixando a cargo das viacutetimas a busca isolada por
cada um dos serviccedilos
Seria necessaacuterio um maior investimento para desenvolver essas poliacuteticas puacuteblicas
principalmente no que diz respeito ao funcionamento em conjunto dos atendimentos visando
um melhor acolhimento agraves viacutetimas
Trata-se de um problema que atravessa as geraccedilotildees e deve ser abordado de forma
intersetorial O olhar deve ser ampliado e apurado para que novas accedilotildees possam ser elaboradas
a fim de motivar a diminuiccedilatildeo dos nuacutemeros alarmantes de violecircncia direcionados agraves mulheres
Que haja uma mobilidade dos setores afins para viabilizar projetos que decircem suporte agrave criaccedilatildeo
de praacuteticas pertinentes ao cuidado fiacutesico e mental desta mulher agredida para ampliar e
aprimorar a sua rede de apoio
Em novos estudos considera-se importante analisar a qualidade dos serviccedilos oferecidos
pelo poder puacuteblico se estas redes de apoio satildeo capazes de dar o suporte necessaacuterio agraves viacutetimas
de violecircncia domeacutestica bem como o funcionamento e como se daacute as conexotildees das relaccedilotildees
intersetoriais afim de melhor atender a populaccedilatildeo e prover o acolhimento necessaacuterio a todos
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REFEREcircNCIAS
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BRASIL Lei nordm 11340 de 07 de agosto de 2006 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo dos juizados de
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Cliacutenicos v 8 n 2 p 173-184 2015
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Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 29
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A Lei que Protege
No Brasil foi sancionada a Lei n 11340 que entrou em vigor 07 de agosto de 2006
conhecida como ldquoLei Maria da Penhardquo criada como mecanismos para prevenir e coibir a
violecircncia domeacutestica dos mais variados tipos contra as mulheres
A Lei declara em seu artigo 8ordm que as poliacuteticas puacuteblicas que visam coibir a violecircncia
domeacutestica contra a mulher far-se-aacute por meio das articulaccedilotildees de accedilotildees da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios e tambeacutem por de accedilotildees natildeo governamentais Tendo por
diretrizes a integraccedilatildeo operacional do Poder Judiciaacuterio do Ministeacuterio Puacuteblico e da Defensoria
Puacuteblica proporcionando estudos e pesquisas para gerar dados estatiacutesticos e outras informaccedilotildees
relevantes com a perspectiva de gecircnero e de raccedila ou etnia relativo agraves causas agraves consequecircncias
e agrave frequecircncia da violecircncia domeacutestica e familiar contra a mulher para a sistematizaccedilatildeo de dados
Esses dados pela Lei (2006) seratildeo unificados nacionalmente e a avaliaccedilatildeo perioacutedica
dos resultados das medidas adotadas a implementaccedilatildeo de atendimento policial especializado
para as mulheres em particular nas Delegacias de Atendimento agrave Mulher a promoccedilatildeo e a
realizaccedilatildeo de campanhas educativas de prevenccedilatildeo da violecircncia domeacutestica e familiar contra a
mulher voltadas agrave sociedade em geral implementar programas de erradicaccedilatildeo da violecircncia
domeacutestica e familiar contra a mulher
O artigo 9ordm desta mesma lei declara que a assistecircncia agrave mulher em situaccedilatildeo de violecircncia
domeacutestica e familiar seraacute prestada de forma articulada e conforme os princiacutepios e as diretrizes
previstos na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social no Sistema Uacutenico de Sauacutede no Sistema Uacutenico
de Seguranccedila Puacuteblica entre outras normas e poliacuteticas puacuteblicas de proteccedilatildeo
A Lei Maria da Penha (2006) garante agrave mulher em seu artigo 11ordm proteccedilatildeo judicial
encaminhamento ao hospital e Instituto Meacutedico Legal transporte a ela e seus dependentes para
um local seguro em casos de riscos agrave vida e acompanhamento policial para a retirada de seus
pertences do domiciacutelio familiar
A mesma Lei (2006) prevecirc cinco tipos de agressotildees contra a mulher (violecircncia fiacutesica
violecircncia sexual violecircncia moral violecircncia psicoloacutegica e violecircncia patrimonial) e apresenta
medidas de proteccedilatildeo para a viacutetima como afastando o homem do ambiente familiar permitindo
o rigor nas puniccedilotildees contra as agressotildees sofridas pelas mulheres e que o agressor seja preso
quando ameaccedilar a integridade fiacutesica da viacutetima
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 30
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No Brasil os serviccedilos mais procurados pelas mulheres em situaccedilatildeo de violecircncia
segundo Silva Padoin e Vianna (2015) estatildeo diretamente ligados agraves delegacias e agraves Unidades
de Pronto Atendimento quando a lesatildeo causada requer tratamento eou a praacutetica restrita do
crime Reduzir a violecircncia a um crime ou a um transtorno mental invisibiliza outros aspectos
do problema como o social o cultural e o poliacutetico Dessa forma propor uma intervenccedilatildeo
transversal significa criar um novo modelo de organizaccedilatildeo dos serviccedilos que insira a concepccedilatildeo
de demanda por necessidades como base conceitual para a praacutetica cujas respostas estejam
atreladas agrave promoccedilatildeo da qualidade de vida e de acesso a direitos
O acesso agrave rede pode acontecer em qualquer local e os casos devem transitar nos
serviccedilos que a compotildeem Por isso identificar e mapear as redes de apoio de mulheres viacutetimas
de violecircncia eacute o primeiro passo a fim de compreender a relaccedilatildeo que se estabelece entre os
serviccedilos onde todos tecircm funccedilotildees diferentes essenciais e com o mesmo grau de importacircncia
uma vez que em funccedilatildeo dos viacutenculos fragilizados com a famiacutelia e dos amigos devido agrave
violecircncia os serviccedilos puacuteblicos satildeo a uacutenica opccedilatildeo
Municiacutepio de Satildeo Jerocircnimo no Rio Grande do Sul
A cidade de Satildeo Jerocircnimo localizada agraves margens do Rio Jacuiacute possui segundo o
Instituto Brasileiro de Geografias e Estatiacutestica (IBGE) uma aacuterea territorial de 936375kmsup2 e
uma populaccedilatildeo estimada em 23527 pessoas (IBGE 2010)
Conquistou o status de municiacutepio em 30 de setembro de 1861 quando se emancipou de
Bom Jesus do Triunfo nesta data comemora-se o aniversaacuterio da cidade e tambeacutem dia de Satildeo
Jerocircnimo As atividades pecuaacuteria e mineradora foram o berccedilo da riqueza de Satildeo Jerocircnimo
Devido agrave prosperidade das estacircncias surgiram as Charqueadas onde se processavam a carne
dos gados abatidos nos campos do municiacutepio Aliado a isso exploraccedilatildeo das jazidas de carvatildeo
mineral contribuiu para o desenvolvimento da cidade Sua colonizaccedilatildeo eacute de origem luso-
brasileira evidenciado pelos casarios de estilo accediloriano-colonial (IBGE 2010)
PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS
Foi realizada uma pesquisa qualitativa de cunho exploratoacuterio que segundo Creswell
(2013) envolve maior atenccedilatildeo agrave natureza interpretativa situando o estudo dentro do contexto
poliacutetico social cultural e a reflexatildeo de relatos
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Participantes
Participaram desta pesquisa quatro mulheres que sofreram violecircncia domeacutestica e que
buscaram os serviccedilos da Cliacutenicandashescola do curso de Psicologia da Universidade Luterana do
Brasil ndash Campus Satildeo Jerocircnimo com idades variando entre 27 e 45 anos habitantes do
municiacutepio de Satildeo Jerocircnimo do interior do estado do Rio Grande do Sul ndash Brasil
Instrumentos
Os dados para esta pesquisa foram coletados atraveacutes do mapa de rede social proposto
por Sluzki (2006) A utilizaccedilatildeo do mapa de rede social possibilitou mapear os indiviacuteduos e
serviccedilos percebidos pelas mulheres que sofreram a violecircncia domeacutestica
O mapa eacute dividido em quatro quadrantes compostos por famiacutelia amizades relaccedilotildees de
trabalho ou escolares e relaccedilotildees comunitaacuterias ou de serviccedilos possuindo tambeacutem trecircs aacutereas que
satildeo as relaccedilotildees iacutentimas as relaccedilotildees pessoais e as relaccedilotildees ocasionais Estas trecircs aacutereas se
inscrevem sob os quadrantes atraveacutes de um ciacuterculo interno que representa as relaccedilotildees iacutentimas
incluindo os familiares mais diretos e amigos mais proacuteximos um ciacuterculo intermediaacuterio
composto pelas relaccedilotildees pessoais com menor grau de compromisso e um ciacuterculo externo que
representa as relaccedilotildees ocasionais e com conhecidos O conjunto dos habitantes deste mapa
miacutenimo constitui a rede social pessoal do indiviacuteduo
Sabe-se que a rede social demarcada por cada indiviacuteduo parte de sua percepccedilatildeo e de sua
visatildeo sobre a situaccedilatildeo em um determinado momento portanto essa rede social pode natildeo
corresponder a sua rede social real mas eacute a que este indiviacuteduo consegue perceber como
significativa
Procedimentos para a Coleta de Dados
Apoacutes a aprovaccedilatildeo do projeto de pesquisa pelo Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa da
Universidade Luterana do Brasil que recebeu o parecer favoraacutevel conforme nordm 853167 em 29
de outubro de 2014 foi estabelecido contato com a Cliacutenica-escola do Curso de Psicologia da
Universidade Luterana do Brasil ndash Campus Satildeo Jerocircnimo a qual jaacute possuiacutea ciecircncia da pesquisa
e comprometimento no auxiacutelio do desenvolvimento da mesma para que se iniciassem os
contatos com as usuaacuterias Com o comparecimento da viacutetima no horaacuterio estabelecido foram
explicados os procedimentos e objetivos da pesquisa apresentaccedilatildeo do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido fornecido uma coacutepia para a participante e outra para o pesquisador Foi
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mostrado o mapa de rede e explicado como ele deveria se preenchido de acordo com as
instruccedilotildees propostas por Sluzki (2006) Os dados foram coletados nas dependecircncias da Cliacutenica-
escola no mecircs de maio do ano de 2015
Procedimentos para Anaacutelise dos Dados
O mapa de rede foi analisado em termos de estrutura conforme os criteacuterios de tamanho
e distribuiccedilatildeo Quanto ao tamanho foi verificado o nuacutemero de pessoas presentes na rede de
cada participante jaacute na distribuiccedilatildeo foi apurada a localizaccedilatildeo dos membros da rede em cada
quadrante
APRESENTACcedilAtildeO E DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
O uso do mapa possibilitou identificar a estrutura percebida pelas viacutetimas da sua rede
de apoio bem como compreender a contribuiccedilatildeo das relaccedilotildees estabelecidas de forma
significativa para as mulheres que sofreram violecircncia domeacutestica
Tabela 1 Nuacutemero de pessoas nos quadrantes
Participantes Famiacutelia Amizade Trabalho Comunidade Total
M1 2 2 0 4 8
M2 4 3 3 4 14
M3 3 2 0 1 6
M4 3 3 2 4 12 Fonte elaboraccedilatildeo proacutepria
Atraveacutes da anaacutelise dos mapas de rede social em relaccedilatildeo ao seu tamanho estabelecido
pela quantidade de pessoas que fazem parte da rede observou-se que as redes sociais das
participantes satildeo extremamente pequenas Conforme a tabela 1 M1 apresenta uma rede de
apoio composta 08 integrantes M2 apresenta 14 integrantes em sua rede de apoio M3 apresenta
06 integrantes em sua rede de apoio e por fim M4 apresenta 12 integrantes em sua rede de
apoio
Estes nuacutemeros demonstram que natildeo haacute muitas pessoas com que elas possam contar ou
pedir ajuda em situaccedilotildees de crise ou violecircncia Para Carvalho e Ribeiro (2016) natildeo existem
valores normativos para determinar o tamanho de uma rede de apoio social mas considera
habitual a presenccedila de 20 pessoas com variaccedilatildeo meacutedia de 15 a 25 membros O mesmo autor e
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Souza e Machado (2014) consideram que redes pequenas satildeo menos eficazes em uma situaccedilatildeo
de longa duraccedilatildeo como geralmente eacute a violecircncia domeacutestica jaacute que haacute uma evitaccedilatildeo dos sujeitos
para diminuir a sobrecarga
Em relaccedilatildeo a distribuiccedilatildeo ou composiccedilatildeo dos sujeitos nas redes das viacutetimas refere-se a
localizaccedilatildeo nos quadrantes pode ser visualizado na tabela
Essa dificuldade na distribuiccedilatildeo das pessoas na rede para Carlos e Ferriani (2015) gera
um empecilho para discutir teacutecnica e cientificamente problemaacuteticas da contemporaneidade tais
como a violecircncia domeacutestica os sujeitos natildeo conseguem construir estrateacutegias para se aproximar
Quanto agrave densidade dessas redes ou seja o quanto os membros de cada quadrante
interagem entre si natildeo eacute possiacutevel perceber tal conexatildeo essas redes mostram-se fragilizadas
Segundo Sluzki (2006) o niacutevel de densidade meacutedio eacute considerado o mais eficaz uma vez que
permite equiparar as impressotildees dos membros jaacute uma rede de densidade muito alta traria uma
conformidade entre os integrantes causando ineacutercia do grupo e menor efetividade
A rede social inclui as pessoas significativas que segundo Sluzki (2006) se diferem de
toda a sociedade compreendendo o mapa com os quatro quadrantes a famiacutelia os amigos as
relaccedilotildees de trabalho estudo e de inserccedilatildeo comunitaacuteria
Em relaccedilatildeo ao quadrante da famiacutelia cada viacutetima do estudo recebe suporte de no maacuteximo
seis integrantes sendo que duas apontam os proacuteprios filhos como parte da rede Segundo os
estudos de Dutra et al (2013) as mulheres restringem suas relaccedilotildees aos filhos e familiares pois
esses muitas vezes natildeo representam ameaccedilas ao parceiro gerando um isolamento social que
poderia contribuir para a continuaccedilatildeo da violecircncia e diminuiccedilatildeo da expressatildeo da autonomia
A rede social natildeo corresponde somente agrave famiacutelia nuclear ou extensa mas sim a um
conjunto de viacutenculos que possuiacutemos com outros sujeitos que participam e constroem o nosso
dia a dia (SLUZKI 2006) Nota-se que os membros demarcados estatildeo muito relacionados com
os viacutenculos familiares como as matildees filhos e irmatildeos o que demonstra o quanto essas pessoas
podem ter sido sobrecarregadas diante da situaccedilatildeo de violecircncia pois para a maioria dos sujeitos
da pesquisa natildeo existem outras pessoas a quem pudessem pedir auxiacutelio Numa relaccedilatildeo conjugal
geralmente o companheiro pode ser uma fonte de suporte mas nesses casos satildeo os
perpetradores da violecircncia
Cada participante da pesquisa mostra ter de duas a trecircs pessoas presentes em suas
relaccedilotildees de amizade Segundo Carvalho e Ribeiro (2016) tais valores satildeo considerados baixos
pois as relaccedilotildees de amizade satildeo fundamentais para o desenvolvimento de novas visotildees e novas
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perspectivas logo essa restriccedilatildeo de amigos poderaacute implicar em uma maior dificuldade de
estabelecer viacutenculos futuros
Quanto agraves relaccedilotildees de trabalho trecircs entrevistadas atuam no mercado poreacutem somente
duas mencionaram seus colegas O fato das mulheres apresentarem poucas relaccedilotildees de trabalho
certamente acarretaraacute dificuldades no apoio social pois satildeo nos locais de trabalho que passam
a maior parte do dia (CARVALHO e RIBEIRO 2016)
Considerando as relaccedilotildees comunitaacuterias as quatro pesquisadas referem ter contato com
o CREAS (Centro de Referecircncia Especializado em Assistecircncia Social) devido ao serviccedilo
especializado oferecido agrave populaccedilatildeo CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial) Hospital
Conselho Tutelar e a Igreja Eacute importante perceber que os serviccedilos puacuteblicos aparecem com
frequecircncia e realizam trabalhos relevantes com essas mulheres apesar das deficiecircncias que
possam possuir Eacute importante salientar a natildeo marcaccedilatildeo de vizinhos ou qualquer outra relaccedilatildeo
com a comunidade mais proacutexima Segundo Carvalho e Ribeiro (2016) em situaccedilotildees de
emergecircncia os vizinhos ou uma associaccedilatildeo de moradores poderiam auxiliar a viacutetima a obter o
apoio necessaacuterio
Essa dificuldade de identificar um nuacutemero maior de pessoas nas relaccedilotildees das
entrevistadas poderia estar ligada as estrateacutegias de dominaccedilotildees utilizadas pelo agressor
Fazendo proibiccedilotildees das mulheres de entrar no mercado de trabalho possuir atividades de lazer
estudar e ateacute de poder manter ligaccedilotildees com familiares Haacute uma destruiccedilatildeo das redes sociais e
dificuldades de inserccedilatildeo a novas tornando precaacuteria a busca de suporte reconhecimento e
enfrentamento da violecircncia
Para Gonccedilalves e Guaraacute (2010 apud PEREIRA K Y TEIXEIRA S M 2013) as redes
de apoio sociais podem ser classificadas seguindo as necessidades humanas Nestes casos as
redes abalizadas satildeo primaacuterias e de proteccedilatildeo amparadas pela solidariedade e apoio muacutetuo
constituiacutedas pelo contexto familiar e atraveacutes das relaccedilotildees de amizade
A percepccedilatildeo segundo Dalgalarrondo (2008) eacute a capacidade de assimilar e relacionar as
vivecircncias pessoais e criativas a partir de estiacutemulos sensoriais recriadas por cada indiviacuteduo
levando em consideraccedilatildeo suas experiecircncias jaacute registradas na memoacuteria conforme o contexto
sociocultural em que estaacute inserido Diante do exposto pelo autor as redes sociais demarcadas
pelas mulheres pesquisadas satildeo produccedilatildeo de sua proacutepria percepccedilatildeo sobre o mundo e sobre as
pessoas e instituiccedilotildees que as cercam Portanto natildeo necessariamente as redes sociais apontadas
por cada sujeito correspondem agrave sua rede social real uma vez que a situaccedilatildeo de crise e demais
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dificuldades bloqueiam e interferem na sua capacidade de perceber seu verdadeiro contexto
sociocultural
Os trabalhos realizados pelo Centro de Referecircncia Especializado em Assistecircncia Social
(CREAS) segundo Faraj e Siqueira (2012) satildeo imprescindiacuteveis para a minimizaccedilatildeo dos danos
causados pela violecircncia O CREAS constitui-se em um serviccedilo especializado que deve buscar
restaurar os direitos infringidos pela violecircncia atraveacutes de um atendimento contextualizado
inserido em uma rede iacutentegra Os mesmos autores consideram fundamental fazer valer a
proteccedilatildeo integral da viacutetima por meio da defesa e da garantia de serviccedilos especializados com
profissionais capacitados para a intervenccedilatildeo e enfrentamento da problemaacutetica o que eacute
extremamente necessaacuterio que alguns oacutergatildeos e instituiccedilotildees estejam articulados e fortalecidos
para que as suas accedilotildees sejam efetivas O centro de referecircncia possibilita reconstruir os viacutenculos
familiares e sociais desfeitos pelo impacto inominaacutevel relativo agrave vivecircncia da situaccedilatildeo de
violecircncia
A assistecircncia agrave mulher em situaccedilatildeo de violecircncia domeacutestica e familiar seraacute prestada de
forma articulada de acordo com a Lei Maria da Penha no artigo 9ordm assim tambeacutem os princiacutepios
e as diretrizes previstos na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social no Sistema Uacutenico de Sauacutede no
Sistema Uacutenico de Seguranccedila Puacuteblica entre outras normas e poliacuteticas puacuteblicas de proteccedilatildeo e
emergencialmente quando for o caso
A construccedilatildeo de uma rede de apoio e proteccedilatildeo segundo Pacheco e Malgarim (2011)
tem como objetivo minimizar a continuidade da violecircncia em qualquer lugar que a
vulnerabilidade se faccedila presente Com a intenccedilatildeo de romper os constantes episoacutedios de violecircncia
eacute imprescindiacutevel um trabalho interdisciplinar que organize e fortaleccedila um espaccedilo de
acolhimento agraves viacutetimas atraveacutes do atendimento cliacutenico psicoloacutegico social legal individual e
familiar com a finalidade de que o ciclo de violecircncia possa ser desfeito
A proposta de construir novos laccedilos de amizades bem como ampliar a busca por redes
que disponibilizem serviccedilos e accedilotildees estrateacutegicas a fim de promover a assistecircncia baacutesica e o
suporte emocional Considera-se fundamental que oacutergatildeos e instituiccedilotildees estejam articulados
preparados com profissionais capacitados para receber apoiar e proteger de forma adequada as
mulheres viacutetimas que sofreram qualquer tipo de violecircncia domeacutestica Fazer valer a proteccedilatildeo
integral da viacutetima garantir os serviccedilos especializados de que lhe eacute direito eacute uma forma de
intervenccedilatildeo que viabiliza o enfrentamento diante do impacto da situaccedilatildeo problema
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Neste contexto cabe ressaltar que as quatro participantes natildeo pronunciaram a existecircncia
de novas relaccedilotildees que servissem de apoio no periacuteodo em que ocorreu a violecircncia o que
demonstra a dificuldade quanto agraves percepccedilotildees e ineficiecircncia quanto agrave conexatildeo das redes
CONCLUSAtildeO
A pesquisa demonstra o quatildeo fundamental eacute a rede de apoio nas relaccedilotildees enquanto
dispositivos sociais de trocas e interaccedilotildees de sujeitos e grupos Satildeo neste acircmbito que as
mulheres que sofrem violecircncia domeacutestica encontram acolhimento em meio ao trauma sofrido
e desta forma estrateacutegias de enfrentamento que contribuem no resgate da sua dignidade
pessoal
Atraveacutes do mapa de rede das quatro mulheres pesquisadas e viacutetimas da violecircncia
domeacutestica eacute possiacutevel identificar que o municiacutepio comporta uma rede de apoio composta pelo
Hospital CAPS CREAS e Delegacia de Poliacutecia Civil
Tendo por embasamento legal o art 8 da Lei 1134006 que prevecirc poliacuteticas puacuteblicas que
visam coibir a violecircncia domeacutestica e familiar contra a mulher Apesar dessa previsatildeo as
poliacuteticas puacuteblicas ainda satildeo bastante deficientes uma vez que os oacutergatildeos que prestam assistecircncia
natildeo possuem qualquer articulaccedilatildeo entre si deixando a cargo das viacutetimas a busca isolada por
cada um dos serviccedilos
Seria necessaacuterio um maior investimento para desenvolver essas poliacuteticas puacuteblicas
principalmente no que diz respeito ao funcionamento em conjunto dos atendimentos visando
um melhor acolhimento agraves viacutetimas
Trata-se de um problema que atravessa as geraccedilotildees e deve ser abordado de forma
intersetorial O olhar deve ser ampliado e apurado para que novas accedilotildees possam ser elaboradas
a fim de motivar a diminuiccedilatildeo dos nuacutemeros alarmantes de violecircncia direcionados agraves mulheres
Que haja uma mobilidade dos setores afins para viabilizar projetos que decircem suporte agrave criaccedilatildeo
de praacuteticas pertinentes ao cuidado fiacutesico e mental desta mulher agredida para ampliar e
aprimorar a sua rede de apoio
Em novos estudos considera-se importante analisar a qualidade dos serviccedilos oferecidos
pelo poder puacuteblico se estas redes de apoio satildeo capazes de dar o suporte necessaacuterio agraves viacutetimas
de violecircncia domeacutestica bem como o funcionamento e como se daacute as conexotildees das relaccedilotildees
intersetoriais afim de melhor atender a populaccedilatildeo e prover o acolhimento necessaacuterio a todos
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REFEREcircNCIAS
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Investigaccedilatildeo Qualitativa (CIAIQ2015) v 1 2015
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Juiz de Fora v16 n1 p 03-26 jul 2016
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Penso 3ordf ed 2013
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Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 30
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No Brasil os serviccedilos mais procurados pelas mulheres em situaccedilatildeo de violecircncia
segundo Silva Padoin e Vianna (2015) estatildeo diretamente ligados agraves delegacias e agraves Unidades
de Pronto Atendimento quando a lesatildeo causada requer tratamento eou a praacutetica restrita do
crime Reduzir a violecircncia a um crime ou a um transtorno mental invisibiliza outros aspectos
do problema como o social o cultural e o poliacutetico Dessa forma propor uma intervenccedilatildeo
transversal significa criar um novo modelo de organizaccedilatildeo dos serviccedilos que insira a concepccedilatildeo
de demanda por necessidades como base conceitual para a praacutetica cujas respostas estejam
atreladas agrave promoccedilatildeo da qualidade de vida e de acesso a direitos
O acesso agrave rede pode acontecer em qualquer local e os casos devem transitar nos
serviccedilos que a compotildeem Por isso identificar e mapear as redes de apoio de mulheres viacutetimas
de violecircncia eacute o primeiro passo a fim de compreender a relaccedilatildeo que se estabelece entre os
serviccedilos onde todos tecircm funccedilotildees diferentes essenciais e com o mesmo grau de importacircncia
uma vez que em funccedilatildeo dos viacutenculos fragilizados com a famiacutelia e dos amigos devido agrave
violecircncia os serviccedilos puacuteblicos satildeo a uacutenica opccedilatildeo
Municiacutepio de Satildeo Jerocircnimo no Rio Grande do Sul
A cidade de Satildeo Jerocircnimo localizada agraves margens do Rio Jacuiacute possui segundo o
Instituto Brasileiro de Geografias e Estatiacutestica (IBGE) uma aacuterea territorial de 936375kmsup2 e
uma populaccedilatildeo estimada em 23527 pessoas (IBGE 2010)
Conquistou o status de municiacutepio em 30 de setembro de 1861 quando se emancipou de
Bom Jesus do Triunfo nesta data comemora-se o aniversaacuterio da cidade e tambeacutem dia de Satildeo
Jerocircnimo As atividades pecuaacuteria e mineradora foram o berccedilo da riqueza de Satildeo Jerocircnimo
Devido agrave prosperidade das estacircncias surgiram as Charqueadas onde se processavam a carne
dos gados abatidos nos campos do municiacutepio Aliado a isso exploraccedilatildeo das jazidas de carvatildeo
mineral contribuiu para o desenvolvimento da cidade Sua colonizaccedilatildeo eacute de origem luso-
brasileira evidenciado pelos casarios de estilo accediloriano-colonial (IBGE 2010)
PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS
Foi realizada uma pesquisa qualitativa de cunho exploratoacuterio que segundo Creswell
(2013) envolve maior atenccedilatildeo agrave natureza interpretativa situando o estudo dentro do contexto
poliacutetico social cultural e a reflexatildeo de relatos
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Participantes
Participaram desta pesquisa quatro mulheres que sofreram violecircncia domeacutestica e que
buscaram os serviccedilos da Cliacutenicandashescola do curso de Psicologia da Universidade Luterana do
Brasil ndash Campus Satildeo Jerocircnimo com idades variando entre 27 e 45 anos habitantes do
municiacutepio de Satildeo Jerocircnimo do interior do estado do Rio Grande do Sul ndash Brasil
Instrumentos
Os dados para esta pesquisa foram coletados atraveacutes do mapa de rede social proposto
por Sluzki (2006) A utilizaccedilatildeo do mapa de rede social possibilitou mapear os indiviacuteduos e
serviccedilos percebidos pelas mulheres que sofreram a violecircncia domeacutestica
O mapa eacute dividido em quatro quadrantes compostos por famiacutelia amizades relaccedilotildees de
trabalho ou escolares e relaccedilotildees comunitaacuterias ou de serviccedilos possuindo tambeacutem trecircs aacutereas que
satildeo as relaccedilotildees iacutentimas as relaccedilotildees pessoais e as relaccedilotildees ocasionais Estas trecircs aacutereas se
inscrevem sob os quadrantes atraveacutes de um ciacuterculo interno que representa as relaccedilotildees iacutentimas
incluindo os familiares mais diretos e amigos mais proacuteximos um ciacuterculo intermediaacuterio
composto pelas relaccedilotildees pessoais com menor grau de compromisso e um ciacuterculo externo que
representa as relaccedilotildees ocasionais e com conhecidos O conjunto dos habitantes deste mapa
miacutenimo constitui a rede social pessoal do indiviacuteduo
Sabe-se que a rede social demarcada por cada indiviacuteduo parte de sua percepccedilatildeo e de sua
visatildeo sobre a situaccedilatildeo em um determinado momento portanto essa rede social pode natildeo
corresponder a sua rede social real mas eacute a que este indiviacuteduo consegue perceber como
significativa
Procedimentos para a Coleta de Dados
Apoacutes a aprovaccedilatildeo do projeto de pesquisa pelo Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa da
Universidade Luterana do Brasil que recebeu o parecer favoraacutevel conforme nordm 853167 em 29
de outubro de 2014 foi estabelecido contato com a Cliacutenica-escola do Curso de Psicologia da
Universidade Luterana do Brasil ndash Campus Satildeo Jerocircnimo a qual jaacute possuiacutea ciecircncia da pesquisa
e comprometimento no auxiacutelio do desenvolvimento da mesma para que se iniciassem os
contatos com as usuaacuterias Com o comparecimento da viacutetima no horaacuterio estabelecido foram
explicados os procedimentos e objetivos da pesquisa apresentaccedilatildeo do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido fornecido uma coacutepia para a participante e outra para o pesquisador Foi
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mostrado o mapa de rede e explicado como ele deveria se preenchido de acordo com as
instruccedilotildees propostas por Sluzki (2006) Os dados foram coletados nas dependecircncias da Cliacutenica-
escola no mecircs de maio do ano de 2015
Procedimentos para Anaacutelise dos Dados
O mapa de rede foi analisado em termos de estrutura conforme os criteacuterios de tamanho
e distribuiccedilatildeo Quanto ao tamanho foi verificado o nuacutemero de pessoas presentes na rede de
cada participante jaacute na distribuiccedilatildeo foi apurada a localizaccedilatildeo dos membros da rede em cada
quadrante
APRESENTACcedilAtildeO E DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
O uso do mapa possibilitou identificar a estrutura percebida pelas viacutetimas da sua rede
de apoio bem como compreender a contribuiccedilatildeo das relaccedilotildees estabelecidas de forma
significativa para as mulheres que sofreram violecircncia domeacutestica
Tabela 1 Nuacutemero de pessoas nos quadrantes
Participantes Famiacutelia Amizade Trabalho Comunidade Total
M1 2 2 0 4 8
M2 4 3 3 4 14
M3 3 2 0 1 6
M4 3 3 2 4 12 Fonte elaboraccedilatildeo proacutepria
Atraveacutes da anaacutelise dos mapas de rede social em relaccedilatildeo ao seu tamanho estabelecido
pela quantidade de pessoas que fazem parte da rede observou-se que as redes sociais das
participantes satildeo extremamente pequenas Conforme a tabela 1 M1 apresenta uma rede de
apoio composta 08 integrantes M2 apresenta 14 integrantes em sua rede de apoio M3 apresenta
06 integrantes em sua rede de apoio e por fim M4 apresenta 12 integrantes em sua rede de
apoio
Estes nuacutemeros demonstram que natildeo haacute muitas pessoas com que elas possam contar ou
pedir ajuda em situaccedilotildees de crise ou violecircncia Para Carvalho e Ribeiro (2016) natildeo existem
valores normativos para determinar o tamanho de uma rede de apoio social mas considera
habitual a presenccedila de 20 pessoas com variaccedilatildeo meacutedia de 15 a 25 membros O mesmo autor e
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Souza e Machado (2014) consideram que redes pequenas satildeo menos eficazes em uma situaccedilatildeo
de longa duraccedilatildeo como geralmente eacute a violecircncia domeacutestica jaacute que haacute uma evitaccedilatildeo dos sujeitos
para diminuir a sobrecarga
Em relaccedilatildeo a distribuiccedilatildeo ou composiccedilatildeo dos sujeitos nas redes das viacutetimas refere-se a
localizaccedilatildeo nos quadrantes pode ser visualizado na tabela
Essa dificuldade na distribuiccedilatildeo das pessoas na rede para Carlos e Ferriani (2015) gera
um empecilho para discutir teacutecnica e cientificamente problemaacuteticas da contemporaneidade tais
como a violecircncia domeacutestica os sujeitos natildeo conseguem construir estrateacutegias para se aproximar
Quanto agrave densidade dessas redes ou seja o quanto os membros de cada quadrante
interagem entre si natildeo eacute possiacutevel perceber tal conexatildeo essas redes mostram-se fragilizadas
Segundo Sluzki (2006) o niacutevel de densidade meacutedio eacute considerado o mais eficaz uma vez que
permite equiparar as impressotildees dos membros jaacute uma rede de densidade muito alta traria uma
conformidade entre os integrantes causando ineacutercia do grupo e menor efetividade
A rede social inclui as pessoas significativas que segundo Sluzki (2006) se diferem de
toda a sociedade compreendendo o mapa com os quatro quadrantes a famiacutelia os amigos as
relaccedilotildees de trabalho estudo e de inserccedilatildeo comunitaacuteria
Em relaccedilatildeo ao quadrante da famiacutelia cada viacutetima do estudo recebe suporte de no maacuteximo
seis integrantes sendo que duas apontam os proacuteprios filhos como parte da rede Segundo os
estudos de Dutra et al (2013) as mulheres restringem suas relaccedilotildees aos filhos e familiares pois
esses muitas vezes natildeo representam ameaccedilas ao parceiro gerando um isolamento social que
poderia contribuir para a continuaccedilatildeo da violecircncia e diminuiccedilatildeo da expressatildeo da autonomia
A rede social natildeo corresponde somente agrave famiacutelia nuclear ou extensa mas sim a um
conjunto de viacutenculos que possuiacutemos com outros sujeitos que participam e constroem o nosso
dia a dia (SLUZKI 2006) Nota-se que os membros demarcados estatildeo muito relacionados com
os viacutenculos familiares como as matildees filhos e irmatildeos o que demonstra o quanto essas pessoas
podem ter sido sobrecarregadas diante da situaccedilatildeo de violecircncia pois para a maioria dos sujeitos
da pesquisa natildeo existem outras pessoas a quem pudessem pedir auxiacutelio Numa relaccedilatildeo conjugal
geralmente o companheiro pode ser uma fonte de suporte mas nesses casos satildeo os
perpetradores da violecircncia
Cada participante da pesquisa mostra ter de duas a trecircs pessoas presentes em suas
relaccedilotildees de amizade Segundo Carvalho e Ribeiro (2016) tais valores satildeo considerados baixos
pois as relaccedilotildees de amizade satildeo fundamentais para o desenvolvimento de novas visotildees e novas
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SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
perspectivas logo essa restriccedilatildeo de amigos poderaacute implicar em uma maior dificuldade de
estabelecer viacutenculos futuros
Quanto agraves relaccedilotildees de trabalho trecircs entrevistadas atuam no mercado poreacutem somente
duas mencionaram seus colegas O fato das mulheres apresentarem poucas relaccedilotildees de trabalho
certamente acarretaraacute dificuldades no apoio social pois satildeo nos locais de trabalho que passam
a maior parte do dia (CARVALHO e RIBEIRO 2016)
Considerando as relaccedilotildees comunitaacuterias as quatro pesquisadas referem ter contato com
o CREAS (Centro de Referecircncia Especializado em Assistecircncia Social) devido ao serviccedilo
especializado oferecido agrave populaccedilatildeo CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial) Hospital
Conselho Tutelar e a Igreja Eacute importante perceber que os serviccedilos puacuteblicos aparecem com
frequecircncia e realizam trabalhos relevantes com essas mulheres apesar das deficiecircncias que
possam possuir Eacute importante salientar a natildeo marcaccedilatildeo de vizinhos ou qualquer outra relaccedilatildeo
com a comunidade mais proacutexima Segundo Carvalho e Ribeiro (2016) em situaccedilotildees de
emergecircncia os vizinhos ou uma associaccedilatildeo de moradores poderiam auxiliar a viacutetima a obter o
apoio necessaacuterio
Essa dificuldade de identificar um nuacutemero maior de pessoas nas relaccedilotildees das
entrevistadas poderia estar ligada as estrateacutegias de dominaccedilotildees utilizadas pelo agressor
Fazendo proibiccedilotildees das mulheres de entrar no mercado de trabalho possuir atividades de lazer
estudar e ateacute de poder manter ligaccedilotildees com familiares Haacute uma destruiccedilatildeo das redes sociais e
dificuldades de inserccedilatildeo a novas tornando precaacuteria a busca de suporte reconhecimento e
enfrentamento da violecircncia
Para Gonccedilalves e Guaraacute (2010 apud PEREIRA K Y TEIXEIRA S M 2013) as redes
de apoio sociais podem ser classificadas seguindo as necessidades humanas Nestes casos as
redes abalizadas satildeo primaacuterias e de proteccedilatildeo amparadas pela solidariedade e apoio muacutetuo
constituiacutedas pelo contexto familiar e atraveacutes das relaccedilotildees de amizade
A percepccedilatildeo segundo Dalgalarrondo (2008) eacute a capacidade de assimilar e relacionar as
vivecircncias pessoais e criativas a partir de estiacutemulos sensoriais recriadas por cada indiviacuteduo
levando em consideraccedilatildeo suas experiecircncias jaacute registradas na memoacuteria conforme o contexto
sociocultural em que estaacute inserido Diante do exposto pelo autor as redes sociais demarcadas
pelas mulheres pesquisadas satildeo produccedilatildeo de sua proacutepria percepccedilatildeo sobre o mundo e sobre as
pessoas e instituiccedilotildees que as cercam Portanto natildeo necessariamente as redes sociais apontadas
por cada sujeito correspondem agrave sua rede social real uma vez que a situaccedilatildeo de crise e demais
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 35
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
dificuldades bloqueiam e interferem na sua capacidade de perceber seu verdadeiro contexto
sociocultural
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(CREAS) segundo Faraj e Siqueira (2012) satildeo imprescindiacuteveis para a minimizaccedilatildeo dos danos
causados pela violecircncia O CREAS constitui-se em um serviccedilo especializado que deve buscar
restaurar os direitos infringidos pela violecircncia atraveacutes de um atendimento contextualizado
inserido em uma rede iacutentegra Os mesmos autores consideram fundamental fazer valer a
proteccedilatildeo integral da viacutetima por meio da defesa e da garantia de serviccedilos especializados com
profissionais capacitados para a intervenccedilatildeo e enfrentamento da problemaacutetica o que eacute
extremamente necessaacuterio que alguns oacutergatildeos e instituiccedilotildees estejam articulados e fortalecidos
para que as suas accedilotildees sejam efetivas O centro de referecircncia possibilita reconstruir os viacutenculos
familiares e sociais desfeitos pelo impacto inominaacutevel relativo agrave vivecircncia da situaccedilatildeo de
violecircncia
A assistecircncia agrave mulher em situaccedilatildeo de violecircncia domeacutestica e familiar seraacute prestada de
forma articulada de acordo com a Lei Maria da Penha no artigo 9ordm assim tambeacutem os princiacutepios
e as diretrizes previstos na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social no Sistema Uacutenico de Sauacutede no
Sistema Uacutenico de Seguranccedila Puacuteblica entre outras normas e poliacuteticas puacuteblicas de proteccedilatildeo e
emergencialmente quando for o caso
A construccedilatildeo de uma rede de apoio e proteccedilatildeo segundo Pacheco e Malgarim (2011)
tem como objetivo minimizar a continuidade da violecircncia em qualquer lugar que a
vulnerabilidade se faccedila presente Com a intenccedilatildeo de romper os constantes episoacutedios de violecircncia
eacute imprescindiacutevel um trabalho interdisciplinar que organize e fortaleccedila um espaccedilo de
acolhimento agraves viacutetimas atraveacutes do atendimento cliacutenico psicoloacutegico social legal individual e
familiar com a finalidade de que o ciclo de violecircncia possa ser desfeito
A proposta de construir novos laccedilos de amizades bem como ampliar a busca por redes
que disponibilizem serviccedilos e accedilotildees estrateacutegicas a fim de promover a assistecircncia baacutesica e o
suporte emocional Considera-se fundamental que oacutergatildeos e instituiccedilotildees estejam articulados
preparados com profissionais capacitados para receber apoiar e proteger de forma adequada as
mulheres viacutetimas que sofreram qualquer tipo de violecircncia domeacutestica Fazer valer a proteccedilatildeo
integral da viacutetima garantir os serviccedilos especializados de que lhe eacute direito eacute uma forma de
intervenccedilatildeo que viabiliza o enfrentamento diante do impacto da situaccedilatildeo problema
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 36
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
Neste contexto cabe ressaltar que as quatro participantes natildeo pronunciaram a existecircncia
de novas relaccedilotildees que servissem de apoio no periacuteodo em que ocorreu a violecircncia o que
demonstra a dificuldade quanto agraves percepccedilotildees e ineficiecircncia quanto agrave conexatildeo das redes
CONCLUSAtildeO
A pesquisa demonstra o quatildeo fundamental eacute a rede de apoio nas relaccedilotildees enquanto
dispositivos sociais de trocas e interaccedilotildees de sujeitos e grupos Satildeo neste acircmbito que as
mulheres que sofrem violecircncia domeacutestica encontram acolhimento em meio ao trauma sofrido
e desta forma estrateacutegias de enfrentamento que contribuem no resgate da sua dignidade
pessoal
Atraveacutes do mapa de rede das quatro mulheres pesquisadas e viacutetimas da violecircncia
domeacutestica eacute possiacutevel identificar que o municiacutepio comporta uma rede de apoio composta pelo
Hospital CAPS CREAS e Delegacia de Poliacutecia Civil
Tendo por embasamento legal o art 8 da Lei 1134006 que prevecirc poliacuteticas puacuteblicas que
visam coibir a violecircncia domeacutestica e familiar contra a mulher Apesar dessa previsatildeo as
poliacuteticas puacuteblicas ainda satildeo bastante deficientes uma vez que os oacutergatildeos que prestam assistecircncia
natildeo possuem qualquer articulaccedilatildeo entre si deixando a cargo das viacutetimas a busca isolada por
cada um dos serviccedilos
Seria necessaacuterio um maior investimento para desenvolver essas poliacuteticas puacuteblicas
principalmente no que diz respeito ao funcionamento em conjunto dos atendimentos visando
um melhor acolhimento agraves viacutetimas
Trata-se de um problema que atravessa as geraccedilotildees e deve ser abordado de forma
intersetorial O olhar deve ser ampliado e apurado para que novas accedilotildees possam ser elaboradas
a fim de motivar a diminuiccedilatildeo dos nuacutemeros alarmantes de violecircncia direcionados agraves mulheres
Que haja uma mobilidade dos setores afins para viabilizar projetos que decircem suporte agrave criaccedilatildeo
de praacuteticas pertinentes ao cuidado fiacutesico e mental desta mulher agredida para ampliar e
aprimorar a sua rede de apoio
Em novos estudos considera-se importante analisar a qualidade dos serviccedilos oferecidos
pelo poder puacuteblico se estas redes de apoio satildeo capazes de dar o suporte necessaacuterio agraves viacutetimas
de violecircncia domeacutestica bem como o funcionamento e como se daacute as conexotildees das relaccedilotildees
intersetoriais afim de melhor atender a populaccedilatildeo e prover o acolhimento necessaacuterio a todos
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 37
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
REFEREcircNCIAS
BARDIN Laurence Anaacutelise de Conteuacutedo 6 ed Satildeo Paulo Ediccedilotildees 70 2011
BRASIL Lei nordm 11340 de 07 de agosto de 2006 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo dos juizados de
violecircncia domeacutestica e familiar contra a mulher altera o Coacutedigo de Processo Penal o Coacutedigo
Penal e a Lei de Execuccedilatildeo Penal e daacute outras providecircncias Brasiacutelia DF Congresso Nacional
BRUM C R S et al Violecircncia Domeacutestica e Crenccedilas Intervenccedilatildeo com Profissionais da
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede Psicologia em Pesquisa UFJF v 7 n 2 p 242-250 2013
CARLOS Diene Monique FERRIANI Maria O Uso de Mapas da Rede Institucional
Estrateacutegia para um olhar sobre o cuidado em sauacutede Congresso Ibero Americano de
Investigaccedilatildeo Qualitativa (CIAIQ2015) v 1 2015
CARVALHO C I RIBEIRO S Violecircncia conjugal e rede social pessoal Revista Libertas
Juiz de Fora v16 n1 p 03-26 jul 2016
CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Resoluccedilatildeo nordm 466 de 12 de dezembro de 2012
Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos Brasiacutelia DF
Conselho Nacional de Sauacutede
CRESWELL John W Projeto de Pesquisa meacutetodo qualitativo quantitativo e misto 2 ed
Porto Alegre Artmed 2010
CRESWELL John W Investigaccedilatildeo qualitativa e projeto de pesquisa Porto Alegre Editora
Penso 3ordf ed 2013
DALGALARRONDO Paulo Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais 2 ed
Porto Alegre Artmed 2008
DUTRA Maria de Lourdes et al A configuraccedilatildeo da rede social de mulheres em situaccedilatildeo de
violecircncia domeacutestica Ciecircnc e Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 18 n 5 p 1293-
1304 Maio de 2013
FARAJ SP SIQUEIRA A C O Atendimento a Rede de Proteccedilatildeo da Crianccedila e do
Adolescente Viacutetima de Violecircncia Sexual na Perspectiva dos Profissionais do CREAS
Barbaroacutei Santa Cruz do Sul n 37 p67-87 dez 2012
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Cidades Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=431840ampsearch=||infogr
E1ficos-informaE7F5es-completasgt
NASCIMENTO Danielly Bart do ROSA Edinete Maria O uso do Mapa dos Cinco Campos
no estudo da rede de apoio social e afetiva de crianccedilas viacutetimas de abuso sexual Contextos
Cliacutenicos v 8 n 2 p 173-184 2015
PACHECO ML MALGARIM B G Centro de Referecircncia Especializado de Assistecircncia
Social Apanhados teoacutericos sobre uma rede especial de apoio e proteccedilatildeo em casos de abuso
sexual infantil Revista de Psicologia da IMED v 3 n 2 p 545- 553 2011
PEREIRA K Y L TEIXEIRA S M Redes e Intersetoralidade nas poliacuteticas sociais
reflexotildees sobre sua concepccedilatildeo na poliacutetica de assistecircncia social Textosamp Contextos Porto
Alegre v 12 n 1 p 114 - 127 jun 2013
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 38
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
SILVA E B PADOIN SM M VIANNA L AC Mulher em situaccedilatildeo de violecircncia
limites da assistecircncia Ciecircnc Sauacutede coletiva Rio de Janeiro v 20 n 1 p 249-258 jan 2015
SLUZKI Carlos EA rede social na praacutetica sistecircmica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 2006
SOUZA e MACHADO Adolescentes com transtornos alimentares Ciecircnc Conhecimento
Satildeo Jerocircnimo v 8 n 1 p 21-37 2014
ZANCAN Nataacutelia WASSERMANN Virginia LIMA Gabriela Q A violecircncia domeacutestica a
partir do discurso de mulheres agredidas Pensando Famiacutelias Porto Alegre v 17 n 1 p
63-76 2013
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 31
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
Participantes
Participaram desta pesquisa quatro mulheres que sofreram violecircncia domeacutestica e que
buscaram os serviccedilos da Cliacutenicandashescola do curso de Psicologia da Universidade Luterana do
Brasil ndash Campus Satildeo Jerocircnimo com idades variando entre 27 e 45 anos habitantes do
municiacutepio de Satildeo Jerocircnimo do interior do estado do Rio Grande do Sul ndash Brasil
Instrumentos
Os dados para esta pesquisa foram coletados atraveacutes do mapa de rede social proposto
por Sluzki (2006) A utilizaccedilatildeo do mapa de rede social possibilitou mapear os indiviacuteduos e
serviccedilos percebidos pelas mulheres que sofreram a violecircncia domeacutestica
O mapa eacute dividido em quatro quadrantes compostos por famiacutelia amizades relaccedilotildees de
trabalho ou escolares e relaccedilotildees comunitaacuterias ou de serviccedilos possuindo tambeacutem trecircs aacutereas que
satildeo as relaccedilotildees iacutentimas as relaccedilotildees pessoais e as relaccedilotildees ocasionais Estas trecircs aacutereas se
inscrevem sob os quadrantes atraveacutes de um ciacuterculo interno que representa as relaccedilotildees iacutentimas
incluindo os familiares mais diretos e amigos mais proacuteximos um ciacuterculo intermediaacuterio
composto pelas relaccedilotildees pessoais com menor grau de compromisso e um ciacuterculo externo que
representa as relaccedilotildees ocasionais e com conhecidos O conjunto dos habitantes deste mapa
miacutenimo constitui a rede social pessoal do indiviacuteduo
Sabe-se que a rede social demarcada por cada indiviacuteduo parte de sua percepccedilatildeo e de sua
visatildeo sobre a situaccedilatildeo em um determinado momento portanto essa rede social pode natildeo
corresponder a sua rede social real mas eacute a que este indiviacuteduo consegue perceber como
significativa
Procedimentos para a Coleta de Dados
Apoacutes a aprovaccedilatildeo do projeto de pesquisa pelo Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa da
Universidade Luterana do Brasil que recebeu o parecer favoraacutevel conforme nordm 853167 em 29
de outubro de 2014 foi estabelecido contato com a Cliacutenica-escola do Curso de Psicologia da
Universidade Luterana do Brasil ndash Campus Satildeo Jerocircnimo a qual jaacute possuiacutea ciecircncia da pesquisa
e comprometimento no auxiacutelio do desenvolvimento da mesma para que se iniciassem os
contatos com as usuaacuterias Com o comparecimento da viacutetima no horaacuterio estabelecido foram
explicados os procedimentos e objetivos da pesquisa apresentaccedilatildeo do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido fornecido uma coacutepia para a participante e outra para o pesquisador Foi
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 32
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mostrado o mapa de rede e explicado como ele deveria se preenchido de acordo com as
instruccedilotildees propostas por Sluzki (2006) Os dados foram coletados nas dependecircncias da Cliacutenica-
escola no mecircs de maio do ano de 2015
Procedimentos para Anaacutelise dos Dados
O mapa de rede foi analisado em termos de estrutura conforme os criteacuterios de tamanho
e distribuiccedilatildeo Quanto ao tamanho foi verificado o nuacutemero de pessoas presentes na rede de
cada participante jaacute na distribuiccedilatildeo foi apurada a localizaccedilatildeo dos membros da rede em cada
quadrante
APRESENTACcedilAtildeO E DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
O uso do mapa possibilitou identificar a estrutura percebida pelas viacutetimas da sua rede
de apoio bem como compreender a contribuiccedilatildeo das relaccedilotildees estabelecidas de forma
significativa para as mulheres que sofreram violecircncia domeacutestica
Tabela 1 Nuacutemero de pessoas nos quadrantes
Participantes Famiacutelia Amizade Trabalho Comunidade Total
M1 2 2 0 4 8
M2 4 3 3 4 14
M3 3 2 0 1 6
M4 3 3 2 4 12 Fonte elaboraccedilatildeo proacutepria
Atraveacutes da anaacutelise dos mapas de rede social em relaccedilatildeo ao seu tamanho estabelecido
pela quantidade de pessoas que fazem parte da rede observou-se que as redes sociais das
participantes satildeo extremamente pequenas Conforme a tabela 1 M1 apresenta uma rede de
apoio composta 08 integrantes M2 apresenta 14 integrantes em sua rede de apoio M3 apresenta
06 integrantes em sua rede de apoio e por fim M4 apresenta 12 integrantes em sua rede de
apoio
Estes nuacutemeros demonstram que natildeo haacute muitas pessoas com que elas possam contar ou
pedir ajuda em situaccedilotildees de crise ou violecircncia Para Carvalho e Ribeiro (2016) natildeo existem
valores normativos para determinar o tamanho de uma rede de apoio social mas considera
habitual a presenccedila de 20 pessoas com variaccedilatildeo meacutedia de 15 a 25 membros O mesmo autor e
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 33
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Souza e Machado (2014) consideram que redes pequenas satildeo menos eficazes em uma situaccedilatildeo
de longa duraccedilatildeo como geralmente eacute a violecircncia domeacutestica jaacute que haacute uma evitaccedilatildeo dos sujeitos
para diminuir a sobrecarga
Em relaccedilatildeo a distribuiccedilatildeo ou composiccedilatildeo dos sujeitos nas redes das viacutetimas refere-se a
localizaccedilatildeo nos quadrantes pode ser visualizado na tabela
Essa dificuldade na distribuiccedilatildeo das pessoas na rede para Carlos e Ferriani (2015) gera
um empecilho para discutir teacutecnica e cientificamente problemaacuteticas da contemporaneidade tais
como a violecircncia domeacutestica os sujeitos natildeo conseguem construir estrateacutegias para se aproximar
Quanto agrave densidade dessas redes ou seja o quanto os membros de cada quadrante
interagem entre si natildeo eacute possiacutevel perceber tal conexatildeo essas redes mostram-se fragilizadas
Segundo Sluzki (2006) o niacutevel de densidade meacutedio eacute considerado o mais eficaz uma vez que
permite equiparar as impressotildees dos membros jaacute uma rede de densidade muito alta traria uma
conformidade entre os integrantes causando ineacutercia do grupo e menor efetividade
A rede social inclui as pessoas significativas que segundo Sluzki (2006) se diferem de
toda a sociedade compreendendo o mapa com os quatro quadrantes a famiacutelia os amigos as
relaccedilotildees de trabalho estudo e de inserccedilatildeo comunitaacuteria
Em relaccedilatildeo ao quadrante da famiacutelia cada viacutetima do estudo recebe suporte de no maacuteximo
seis integrantes sendo que duas apontam os proacuteprios filhos como parte da rede Segundo os
estudos de Dutra et al (2013) as mulheres restringem suas relaccedilotildees aos filhos e familiares pois
esses muitas vezes natildeo representam ameaccedilas ao parceiro gerando um isolamento social que
poderia contribuir para a continuaccedilatildeo da violecircncia e diminuiccedilatildeo da expressatildeo da autonomia
A rede social natildeo corresponde somente agrave famiacutelia nuclear ou extensa mas sim a um
conjunto de viacutenculos que possuiacutemos com outros sujeitos que participam e constroem o nosso
dia a dia (SLUZKI 2006) Nota-se que os membros demarcados estatildeo muito relacionados com
os viacutenculos familiares como as matildees filhos e irmatildeos o que demonstra o quanto essas pessoas
podem ter sido sobrecarregadas diante da situaccedilatildeo de violecircncia pois para a maioria dos sujeitos
da pesquisa natildeo existem outras pessoas a quem pudessem pedir auxiacutelio Numa relaccedilatildeo conjugal
geralmente o companheiro pode ser uma fonte de suporte mas nesses casos satildeo os
perpetradores da violecircncia
Cada participante da pesquisa mostra ter de duas a trecircs pessoas presentes em suas
relaccedilotildees de amizade Segundo Carvalho e Ribeiro (2016) tais valores satildeo considerados baixos
pois as relaccedilotildees de amizade satildeo fundamentais para o desenvolvimento de novas visotildees e novas
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 34
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
perspectivas logo essa restriccedilatildeo de amigos poderaacute implicar em uma maior dificuldade de
estabelecer viacutenculos futuros
Quanto agraves relaccedilotildees de trabalho trecircs entrevistadas atuam no mercado poreacutem somente
duas mencionaram seus colegas O fato das mulheres apresentarem poucas relaccedilotildees de trabalho
certamente acarretaraacute dificuldades no apoio social pois satildeo nos locais de trabalho que passam
a maior parte do dia (CARVALHO e RIBEIRO 2016)
Considerando as relaccedilotildees comunitaacuterias as quatro pesquisadas referem ter contato com
o CREAS (Centro de Referecircncia Especializado em Assistecircncia Social) devido ao serviccedilo
especializado oferecido agrave populaccedilatildeo CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial) Hospital
Conselho Tutelar e a Igreja Eacute importante perceber que os serviccedilos puacuteblicos aparecem com
frequecircncia e realizam trabalhos relevantes com essas mulheres apesar das deficiecircncias que
possam possuir Eacute importante salientar a natildeo marcaccedilatildeo de vizinhos ou qualquer outra relaccedilatildeo
com a comunidade mais proacutexima Segundo Carvalho e Ribeiro (2016) em situaccedilotildees de
emergecircncia os vizinhos ou uma associaccedilatildeo de moradores poderiam auxiliar a viacutetima a obter o
apoio necessaacuterio
Essa dificuldade de identificar um nuacutemero maior de pessoas nas relaccedilotildees das
entrevistadas poderia estar ligada as estrateacutegias de dominaccedilotildees utilizadas pelo agressor
Fazendo proibiccedilotildees das mulheres de entrar no mercado de trabalho possuir atividades de lazer
estudar e ateacute de poder manter ligaccedilotildees com familiares Haacute uma destruiccedilatildeo das redes sociais e
dificuldades de inserccedilatildeo a novas tornando precaacuteria a busca de suporte reconhecimento e
enfrentamento da violecircncia
Para Gonccedilalves e Guaraacute (2010 apud PEREIRA K Y TEIXEIRA S M 2013) as redes
de apoio sociais podem ser classificadas seguindo as necessidades humanas Nestes casos as
redes abalizadas satildeo primaacuterias e de proteccedilatildeo amparadas pela solidariedade e apoio muacutetuo
constituiacutedas pelo contexto familiar e atraveacutes das relaccedilotildees de amizade
A percepccedilatildeo segundo Dalgalarrondo (2008) eacute a capacidade de assimilar e relacionar as
vivecircncias pessoais e criativas a partir de estiacutemulos sensoriais recriadas por cada indiviacuteduo
levando em consideraccedilatildeo suas experiecircncias jaacute registradas na memoacuteria conforme o contexto
sociocultural em que estaacute inserido Diante do exposto pelo autor as redes sociais demarcadas
pelas mulheres pesquisadas satildeo produccedilatildeo de sua proacutepria percepccedilatildeo sobre o mundo e sobre as
pessoas e instituiccedilotildees que as cercam Portanto natildeo necessariamente as redes sociais apontadas
por cada sujeito correspondem agrave sua rede social real uma vez que a situaccedilatildeo de crise e demais
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 35
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
dificuldades bloqueiam e interferem na sua capacidade de perceber seu verdadeiro contexto
sociocultural
Os trabalhos realizados pelo Centro de Referecircncia Especializado em Assistecircncia Social
(CREAS) segundo Faraj e Siqueira (2012) satildeo imprescindiacuteveis para a minimizaccedilatildeo dos danos
causados pela violecircncia O CREAS constitui-se em um serviccedilo especializado que deve buscar
restaurar os direitos infringidos pela violecircncia atraveacutes de um atendimento contextualizado
inserido em uma rede iacutentegra Os mesmos autores consideram fundamental fazer valer a
proteccedilatildeo integral da viacutetima por meio da defesa e da garantia de serviccedilos especializados com
profissionais capacitados para a intervenccedilatildeo e enfrentamento da problemaacutetica o que eacute
extremamente necessaacuterio que alguns oacutergatildeos e instituiccedilotildees estejam articulados e fortalecidos
para que as suas accedilotildees sejam efetivas O centro de referecircncia possibilita reconstruir os viacutenculos
familiares e sociais desfeitos pelo impacto inominaacutevel relativo agrave vivecircncia da situaccedilatildeo de
violecircncia
A assistecircncia agrave mulher em situaccedilatildeo de violecircncia domeacutestica e familiar seraacute prestada de
forma articulada de acordo com a Lei Maria da Penha no artigo 9ordm assim tambeacutem os princiacutepios
e as diretrizes previstos na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social no Sistema Uacutenico de Sauacutede no
Sistema Uacutenico de Seguranccedila Puacuteblica entre outras normas e poliacuteticas puacuteblicas de proteccedilatildeo e
emergencialmente quando for o caso
A construccedilatildeo de uma rede de apoio e proteccedilatildeo segundo Pacheco e Malgarim (2011)
tem como objetivo minimizar a continuidade da violecircncia em qualquer lugar que a
vulnerabilidade se faccedila presente Com a intenccedilatildeo de romper os constantes episoacutedios de violecircncia
eacute imprescindiacutevel um trabalho interdisciplinar que organize e fortaleccedila um espaccedilo de
acolhimento agraves viacutetimas atraveacutes do atendimento cliacutenico psicoloacutegico social legal individual e
familiar com a finalidade de que o ciclo de violecircncia possa ser desfeito
A proposta de construir novos laccedilos de amizades bem como ampliar a busca por redes
que disponibilizem serviccedilos e accedilotildees estrateacutegicas a fim de promover a assistecircncia baacutesica e o
suporte emocional Considera-se fundamental que oacutergatildeos e instituiccedilotildees estejam articulados
preparados com profissionais capacitados para receber apoiar e proteger de forma adequada as
mulheres viacutetimas que sofreram qualquer tipo de violecircncia domeacutestica Fazer valer a proteccedilatildeo
integral da viacutetima garantir os serviccedilos especializados de que lhe eacute direito eacute uma forma de
intervenccedilatildeo que viabiliza o enfrentamento diante do impacto da situaccedilatildeo problema
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 36
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
Neste contexto cabe ressaltar que as quatro participantes natildeo pronunciaram a existecircncia
de novas relaccedilotildees que servissem de apoio no periacuteodo em que ocorreu a violecircncia o que
demonstra a dificuldade quanto agraves percepccedilotildees e ineficiecircncia quanto agrave conexatildeo das redes
CONCLUSAtildeO
A pesquisa demonstra o quatildeo fundamental eacute a rede de apoio nas relaccedilotildees enquanto
dispositivos sociais de trocas e interaccedilotildees de sujeitos e grupos Satildeo neste acircmbito que as
mulheres que sofrem violecircncia domeacutestica encontram acolhimento em meio ao trauma sofrido
e desta forma estrateacutegias de enfrentamento que contribuem no resgate da sua dignidade
pessoal
Atraveacutes do mapa de rede das quatro mulheres pesquisadas e viacutetimas da violecircncia
domeacutestica eacute possiacutevel identificar que o municiacutepio comporta uma rede de apoio composta pelo
Hospital CAPS CREAS e Delegacia de Poliacutecia Civil
Tendo por embasamento legal o art 8 da Lei 1134006 que prevecirc poliacuteticas puacuteblicas que
visam coibir a violecircncia domeacutestica e familiar contra a mulher Apesar dessa previsatildeo as
poliacuteticas puacuteblicas ainda satildeo bastante deficientes uma vez que os oacutergatildeos que prestam assistecircncia
natildeo possuem qualquer articulaccedilatildeo entre si deixando a cargo das viacutetimas a busca isolada por
cada um dos serviccedilos
Seria necessaacuterio um maior investimento para desenvolver essas poliacuteticas puacuteblicas
principalmente no que diz respeito ao funcionamento em conjunto dos atendimentos visando
um melhor acolhimento agraves viacutetimas
Trata-se de um problema que atravessa as geraccedilotildees e deve ser abordado de forma
intersetorial O olhar deve ser ampliado e apurado para que novas accedilotildees possam ser elaboradas
a fim de motivar a diminuiccedilatildeo dos nuacutemeros alarmantes de violecircncia direcionados agraves mulheres
Que haja uma mobilidade dos setores afins para viabilizar projetos que decircem suporte agrave criaccedilatildeo
de praacuteticas pertinentes ao cuidado fiacutesico e mental desta mulher agredida para ampliar e
aprimorar a sua rede de apoio
Em novos estudos considera-se importante analisar a qualidade dos serviccedilos oferecidos
pelo poder puacuteblico se estas redes de apoio satildeo capazes de dar o suporte necessaacuterio agraves viacutetimas
de violecircncia domeacutestica bem como o funcionamento e como se daacute as conexotildees das relaccedilotildees
intersetoriais afim de melhor atender a populaccedilatildeo e prover o acolhimento necessaacuterio a todos
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 37
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
REFEREcircNCIAS
BARDIN Laurence Anaacutelise de Conteuacutedo 6 ed Satildeo Paulo Ediccedilotildees 70 2011
BRASIL Lei nordm 11340 de 07 de agosto de 2006 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo dos juizados de
violecircncia domeacutestica e familiar contra a mulher altera o Coacutedigo de Processo Penal o Coacutedigo
Penal e a Lei de Execuccedilatildeo Penal e daacute outras providecircncias Brasiacutelia DF Congresso Nacional
BRUM C R S et al Violecircncia Domeacutestica e Crenccedilas Intervenccedilatildeo com Profissionais da
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede Psicologia em Pesquisa UFJF v 7 n 2 p 242-250 2013
CARLOS Diene Monique FERRIANI Maria O Uso de Mapas da Rede Institucional
Estrateacutegia para um olhar sobre o cuidado em sauacutede Congresso Ibero Americano de
Investigaccedilatildeo Qualitativa (CIAIQ2015) v 1 2015
CARVALHO C I RIBEIRO S Violecircncia conjugal e rede social pessoal Revista Libertas
Juiz de Fora v16 n1 p 03-26 jul 2016
CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Resoluccedilatildeo nordm 466 de 12 de dezembro de 2012
Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos Brasiacutelia DF
Conselho Nacional de Sauacutede
CRESWELL John W Projeto de Pesquisa meacutetodo qualitativo quantitativo e misto 2 ed
Porto Alegre Artmed 2010
CRESWELL John W Investigaccedilatildeo qualitativa e projeto de pesquisa Porto Alegre Editora
Penso 3ordf ed 2013
DALGALARRONDO Paulo Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais 2 ed
Porto Alegre Artmed 2008
DUTRA Maria de Lourdes et al A configuraccedilatildeo da rede social de mulheres em situaccedilatildeo de
violecircncia domeacutestica Ciecircnc e Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 18 n 5 p 1293-
1304 Maio de 2013
FARAJ SP SIQUEIRA A C O Atendimento a Rede de Proteccedilatildeo da Crianccedila e do
Adolescente Viacutetima de Violecircncia Sexual na Perspectiva dos Profissionais do CREAS
Barbaroacutei Santa Cruz do Sul n 37 p67-87 dez 2012
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Cidades Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=431840ampsearch=||infogr
E1ficos-informaE7F5es-completasgt
NASCIMENTO Danielly Bart do ROSA Edinete Maria O uso do Mapa dos Cinco Campos
no estudo da rede de apoio social e afetiva de crianccedilas viacutetimas de abuso sexual Contextos
Cliacutenicos v 8 n 2 p 173-184 2015
PACHECO ML MALGARIM B G Centro de Referecircncia Especializado de Assistecircncia
Social Apanhados teoacutericos sobre uma rede especial de apoio e proteccedilatildeo em casos de abuso
sexual infantil Revista de Psicologia da IMED v 3 n 2 p 545- 553 2011
PEREIRA K Y L TEIXEIRA S M Redes e Intersetoralidade nas poliacuteticas sociais
reflexotildees sobre sua concepccedilatildeo na poliacutetica de assistecircncia social Textosamp Contextos Porto
Alegre v 12 n 1 p 114 - 127 jun 2013
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 38
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
SILVA E B PADOIN SM M VIANNA L AC Mulher em situaccedilatildeo de violecircncia
limites da assistecircncia Ciecircnc Sauacutede coletiva Rio de Janeiro v 20 n 1 p 249-258 jan 2015
SLUZKI Carlos EA rede social na praacutetica sistecircmica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 2006
SOUZA e MACHADO Adolescentes com transtornos alimentares Ciecircnc Conhecimento
Satildeo Jerocircnimo v 8 n 1 p 21-37 2014
ZANCAN Nataacutelia WASSERMANN Virginia LIMA Gabriela Q A violecircncia domeacutestica a
partir do discurso de mulheres agredidas Pensando Famiacutelias Porto Alegre v 17 n 1 p
63-76 2013
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 32
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mostrado o mapa de rede e explicado como ele deveria se preenchido de acordo com as
instruccedilotildees propostas por Sluzki (2006) Os dados foram coletados nas dependecircncias da Cliacutenica-
escola no mecircs de maio do ano de 2015
Procedimentos para Anaacutelise dos Dados
O mapa de rede foi analisado em termos de estrutura conforme os criteacuterios de tamanho
e distribuiccedilatildeo Quanto ao tamanho foi verificado o nuacutemero de pessoas presentes na rede de
cada participante jaacute na distribuiccedilatildeo foi apurada a localizaccedilatildeo dos membros da rede em cada
quadrante
APRESENTACcedilAtildeO E DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
O uso do mapa possibilitou identificar a estrutura percebida pelas viacutetimas da sua rede
de apoio bem como compreender a contribuiccedilatildeo das relaccedilotildees estabelecidas de forma
significativa para as mulheres que sofreram violecircncia domeacutestica
Tabela 1 Nuacutemero de pessoas nos quadrantes
Participantes Famiacutelia Amizade Trabalho Comunidade Total
M1 2 2 0 4 8
M2 4 3 3 4 14
M3 3 2 0 1 6
M4 3 3 2 4 12 Fonte elaboraccedilatildeo proacutepria
Atraveacutes da anaacutelise dos mapas de rede social em relaccedilatildeo ao seu tamanho estabelecido
pela quantidade de pessoas que fazem parte da rede observou-se que as redes sociais das
participantes satildeo extremamente pequenas Conforme a tabela 1 M1 apresenta uma rede de
apoio composta 08 integrantes M2 apresenta 14 integrantes em sua rede de apoio M3 apresenta
06 integrantes em sua rede de apoio e por fim M4 apresenta 12 integrantes em sua rede de
apoio
Estes nuacutemeros demonstram que natildeo haacute muitas pessoas com que elas possam contar ou
pedir ajuda em situaccedilotildees de crise ou violecircncia Para Carvalho e Ribeiro (2016) natildeo existem
valores normativos para determinar o tamanho de uma rede de apoio social mas considera
habitual a presenccedila de 20 pessoas com variaccedilatildeo meacutedia de 15 a 25 membros O mesmo autor e
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Souza e Machado (2014) consideram que redes pequenas satildeo menos eficazes em uma situaccedilatildeo
de longa duraccedilatildeo como geralmente eacute a violecircncia domeacutestica jaacute que haacute uma evitaccedilatildeo dos sujeitos
para diminuir a sobrecarga
Em relaccedilatildeo a distribuiccedilatildeo ou composiccedilatildeo dos sujeitos nas redes das viacutetimas refere-se a
localizaccedilatildeo nos quadrantes pode ser visualizado na tabela
Essa dificuldade na distribuiccedilatildeo das pessoas na rede para Carlos e Ferriani (2015) gera
um empecilho para discutir teacutecnica e cientificamente problemaacuteticas da contemporaneidade tais
como a violecircncia domeacutestica os sujeitos natildeo conseguem construir estrateacutegias para se aproximar
Quanto agrave densidade dessas redes ou seja o quanto os membros de cada quadrante
interagem entre si natildeo eacute possiacutevel perceber tal conexatildeo essas redes mostram-se fragilizadas
Segundo Sluzki (2006) o niacutevel de densidade meacutedio eacute considerado o mais eficaz uma vez que
permite equiparar as impressotildees dos membros jaacute uma rede de densidade muito alta traria uma
conformidade entre os integrantes causando ineacutercia do grupo e menor efetividade
A rede social inclui as pessoas significativas que segundo Sluzki (2006) se diferem de
toda a sociedade compreendendo o mapa com os quatro quadrantes a famiacutelia os amigos as
relaccedilotildees de trabalho estudo e de inserccedilatildeo comunitaacuteria
Em relaccedilatildeo ao quadrante da famiacutelia cada viacutetima do estudo recebe suporte de no maacuteximo
seis integrantes sendo que duas apontam os proacuteprios filhos como parte da rede Segundo os
estudos de Dutra et al (2013) as mulheres restringem suas relaccedilotildees aos filhos e familiares pois
esses muitas vezes natildeo representam ameaccedilas ao parceiro gerando um isolamento social que
poderia contribuir para a continuaccedilatildeo da violecircncia e diminuiccedilatildeo da expressatildeo da autonomia
A rede social natildeo corresponde somente agrave famiacutelia nuclear ou extensa mas sim a um
conjunto de viacutenculos que possuiacutemos com outros sujeitos que participam e constroem o nosso
dia a dia (SLUZKI 2006) Nota-se que os membros demarcados estatildeo muito relacionados com
os viacutenculos familiares como as matildees filhos e irmatildeos o que demonstra o quanto essas pessoas
podem ter sido sobrecarregadas diante da situaccedilatildeo de violecircncia pois para a maioria dos sujeitos
da pesquisa natildeo existem outras pessoas a quem pudessem pedir auxiacutelio Numa relaccedilatildeo conjugal
geralmente o companheiro pode ser uma fonte de suporte mas nesses casos satildeo os
perpetradores da violecircncia
Cada participante da pesquisa mostra ter de duas a trecircs pessoas presentes em suas
relaccedilotildees de amizade Segundo Carvalho e Ribeiro (2016) tais valores satildeo considerados baixos
pois as relaccedilotildees de amizade satildeo fundamentais para o desenvolvimento de novas visotildees e novas
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perspectivas logo essa restriccedilatildeo de amigos poderaacute implicar em uma maior dificuldade de
estabelecer viacutenculos futuros
Quanto agraves relaccedilotildees de trabalho trecircs entrevistadas atuam no mercado poreacutem somente
duas mencionaram seus colegas O fato das mulheres apresentarem poucas relaccedilotildees de trabalho
certamente acarretaraacute dificuldades no apoio social pois satildeo nos locais de trabalho que passam
a maior parte do dia (CARVALHO e RIBEIRO 2016)
Considerando as relaccedilotildees comunitaacuterias as quatro pesquisadas referem ter contato com
o CREAS (Centro de Referecircncia Especializado em Assistecircncia Social) devido ao serviccedilo
especializado oferecido agrave populaccedilatildeo CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial) Hospital
Conselho Tutelar e a Igreja Eacute importante perceber que os serviccedilos puacuteblicos aparecem com
frequecircncia e realizam trabalhos relevantes com essas mulheres apesar das deficiecircncias que
possam possuir Eacute importante salientar a natildeo marcaccedilatildeo de vizinhos ou qualquer outra relaccedilatildeo
com a comunidade mais proacutexima Segundo Carvalho e Ribeiro (2016) em situaccedilotildees de
emergecircncia os vizinhos ou uma associaccedilatildeo de moradores poderiam auxiliar a viacutetima a obter o
apoio necessaacuterio
Essa dificuldade de identificar um nuacutemero maior de pessoas nas relaccedilotildees das
entrevistadas poderia estar ligada as estrateacutegias de dominaccedilotildees utilizadas pelo agressor
Fazendo proibiccedilotildees das mulheres de entrar no mercado de trabalho possuir atividades de lazer
estudar e ateacute de poder manter ligaccedilotildees com familiares Haacute uma destruiccedilatildeo das redes sociais e
dificuldades de inserccedilatildeo a novas tornando precaacuteria a busca de suporte reconhecimento e
enfrentamento da violecircncia
Para Gonccedilalves e Guaraacute (2010 apud PEREIRA K Y TEIXEIRA S M 2013) as redes
de apoio sociais podem ser classificadas seguindo as necessidades humanas Nestes casos as
redes abalizadas satildeo primaacuterias e de proteccedilatildeo amparadas pela solidariedade e apoio muacutetuo
constituiacutedas pelo contexto familiar e atraveacutes das relaccedilotildees de amizade
A percepccedilatildeo segundo Dalgalarrondo (2008) eacute a capacidade de assimilar e relacionar as
vivecircncias pessoais e criativas a partir de estiacutemulos sensoriais recriadas por cada indiviacuteduo
levando em consideraccedilatildeo suas experiecircncias jaacute registradas na memoacuteria conforme o contexto
sociocultural em que estaacute inserido Diante do exposto pelo autor as redes sociais demarcadas
pelas mulheres pesquisadas satildeo produccedilatildeo de sua proacutepria percepccedilatildeo sobre o mundo e sobre as
pessoas e instituiccedilotildees que as cercam Portanto natildeo necessariamente as redes sociais apontadas
por cada sujeito correspondem agrave sua rede social real uma vez que a situaccedilatildeo de crise e demais
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dificuldades bloqueiam e interferem na sua capacidade de perceber seu verdadeiro contexto
sociocultural
Os trabalhos realizados pelo Centro de Referecircncia Especializado em Assistecircncia Social
(CREAS) segundo Faraj e Siqueira (2012) satildeo imprescindiacuteveis para a minimizaccedilatildeo dos danos
causados pela violecircncia O CREAS constitui-se em um serviccedilo especializado que deve buscar
restaurar os direitos infringidos pela violecircncia atraveacutes de um atendimento contextualizado
inserido em uma rede iacutentegra Os mesmos autores consideram fundamental fazer valer a
proteccedilatildeo integral da viacutetima por meio da defesa e da garantia de serviccedilos especializados com
profissionais capacitados para a intervenccedilatildeo e enfrentamento da problemaacutetica o que eacute
extremamente necessaacuterio que alguns oacutergatildeos e instituiccedilotildees estejam articulados e fortalecidos
para que as suas accedilotildees sejam efetivas O centro de referecircncia possibilita reconstruir os viacutenculos
familiares e sociais desfeitos pelo impacto inominaacutevel relativo agrave vivecircncia da situaccedilatildeo de
violecircncia
A assistecircncia agrave mulher em situaccedilatildeo de violecircncia domeacutestica e familiar seraacute prestada de
forma articulada de acordo com a Lei Maria da Penha no artigo 9ordm assim tambeacutem os princiacutepios
e as diretrizes previstos na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social no Sistema Uacutenico de Sauacutede no
Sistema Uacutenico de Seguranccedila Puacuteblica entre outras normas e poliacuteticas puacuteblicas de proteccedilatildeo e
emergencialmente quando for o caso
A construccedilatildeo de uma rede de apoio e proteccedilatildeo segundo Pacheco e Malgarim (2011)
tem como objetivo minimizar a continuidade da violecircncia em qualquer lugar que a
vulnerabilidade se faccedila presente Com a intenccedilatildeo de romper os constantes episoacutedios de violecircncia
eacute imprescindiacutevel um trabalho interdisciplinar que organize e fortaleccedila um espaccedilo de
acolhimento agraves viacutetimas atraveacutes do atendimento cliacutenico psicoloacutegico social legal individual e
familiar com a finalidade de que o ciclo de violecircncia possa ser desfeito
A proposta de construir novos laccedilos de amizades bem como ampliar a busca por redes
que disponibilizem serviccedilos e accedilotildees estrateacutegicas a fim de promover a assistecircncia baacutesica e o
suporte emocional Considera-se fundamental que oacutergatildeos e instituiccedilotildees estejam articulados
preparados com profissionais capacitados para receber apoiar e proteger de forma adequada as
mulheres viacutetimas que sofreram qualquer tipo de violecircncia domeacutestica Fazer valer a proteccedilatildeo
integral da viacutetima garantir os serviccedilos especializados de que lhe eacute direito eacute uma forma de
intervenccedilatildeo que viabiliza o enfrentamento diante do impacto da situaccedilatildeo problema
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Neste contexto cabe ressaltar que as quatro participantes natildeo pronunciaram a existecircncia
de novas relaccedilotildees que servissem de apoio no periacuteodo em que ocorreu a violecircncia o que
demonstra a dificuldade quanto agraves percepccedilotildees e ineficiecircncia quanto agrave conexatildeo das redes
CONCLUSAtildeO
A pesquisa demonstra o quatildeo fundamental eacute a rede de apoio nas relaccedilotildees enquanto
dispositivos sociais de trocas e interaccedilotildees de sujeitos e grupos Satildeo neste acircmbito que as
mulheres que sofrem violecircncia domeacutestica encontram acolhimento em meio ao trauma sofrido
e desta forma estrateacutegias de enfrentamento que contribuem no resgate da sua dignidade
pessoal
Atraveacutes do mapa de rede das quatro mulheres pesquisadas e viacutetimas da violecircncia
domeacutestica eacute possiacutevel identificar que o municiacutepio comporta uma rede de apoio composta pelo
Hospital CAPS CREAS e Delegacia de Poliacutecia Civil
Tendo por embasamento legal o art 8 da Lei 1134006 que prevecirc poliacuteticas puacuteblicas que
visam coibir a violecircncia domeacutestica e familiar contra a mulher Apesar dessa previsatildeo as
poliacuteticas puacuteblicas ainda satildeo bastante deficientes uma vez que os oacutergatildeos que prestam assistecircncia
natildeo possuem qualquer articulaccedilatildeo entre si deixando a cargo das viacutetimas a busca isolada por
cada um dos serviccedilos
Seria necessaacuterio um maior investimento para desenvolver essas poliacuteticas puacuteblicas
principalmente no que diz respeito ao funcionamento em conjunto dos atendimentos visando
um melhor acolhimento agraves viacutetimas
Trata-se de um problema que atravessa as geraccedilotildees e deve ser abordado de forma
intersetorial O olhar deve ser ampliado e apurado para que novas accedilotildees possam ser elaboradas
a fim de motivar a diminuiccedilatildeo dos nuacutemeros alarmantes de violecircncia direcionados agraves mulheres
Que haja uma mobilidade dos setores afins para viabilizar projetos que decircem suporte agrave criaccedilatildeo
de praacuteticas pertinentes ao cuidado fiacutesico e mental desta mulher agredida para ampliar e
aprimorar a sua rede de apoio
Em novos estudos considera-se importante analisar a qualidade dos serviccedilos oferecidos
pelo poder puacuteblico se estas redes de apoio satildeo capazes de dar o suporte necessaacuterio agraves viacutetimas
de violecircncia domeacutestica bem como o funcionamento e como se daacute as conexotildees das relaccedilotildees
intersetoriais afim de melhor atender a populaccedilatildeo e prover o acolhimento necessaacuterio a todos
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REFEREcircNCIAS
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BRASIL Lei nordm 11340 de 07 de agosto de 2006 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo dos juizados de
violecircncia domeacutestica e familiar contra a mulher altera o Coacutedigo de Processo Penal o Coacutedigo
Penal e a Lei de Execuccedilatildeo Penal e daacute outras providecircncias Brasiacutelia DF Congresso Nacional
BRUM C R S et al Violecircncia Domeacutestica e Crenccedilas Intervenccedilatildeo com Profissionais da
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede Psicologia em Pesquisa UFJF v 7 n 2 p 242-250 2013
CARLOS Diene Monique FERRIANI Maria O Uso de Mapas da Rede Institucional
Estrateacutegia para um olhar sobre o cuidado em sauacutede Congresso Ibero Americano de
Investigaccedilatildeo Qualitativa (CIAIQ2015) v 1 2015
CARVALHO C I RIBEIRO S Violecircncia conjugal e rede social pessoal Revista Libertas
Juiz de Fora v16 n1 p 03-26 jul 2016
CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Resoluccedilatildeo nordm 466 de 12 de dezembro de 2012
Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos Brasiacutelia DF
Conselho Nacional de Sauacutede
CRESWELL John W Projeto de Pesquisa meacutetodo qualitativo quantitativo e misto 2 ed
Porto Alegre Artmed 2010
CRESWELL John W Investigaccedilatildeo qualitativa e projeto de pesquisa Porto Alegre Editora
Penso 3ordf ed 2013
DALGALARRONDO Paulo Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais 2 ed
Porto Alegre Artmed 2008
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1304 Maio de 2013
FARAJ SP SIQUEIRA A C O Atendimento a Rede de Proteccedilatildeo da Crianccedila e do
Adolescente Viacutetima de Violecircncia Sexual na Perspectiva dos Profissionais do CREAS
Barbaroacutei Santa Cruz do Sul n 37 p67-87 dez 2012
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Cidades Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=431840ampsearch=||infogr
E1ficos-informaE7F5es-completasgt
NASCIMENTO Danielly Bart do ROSA Edinete Maria O uso do Mapa dos Cinco Campos
no estudo da rede de apoio social e afetiva de crianccedilas viacutetimas de abuso sexual Contextos
Cliacutenicos v 8 n 2 p 173-184 2015
PACHECO ML MALGARIM B G Centro de Referecircncia Especializado de Assistecircncia
Social Apanhados teoacutericos sobre uma rede especial de apoio e proteccedilatildeo em casos de abuso
sexual infantil Revista de Psicologia da IMED v 3 n 2 p 545- 553 2011
PEREIRA K Y L TEIXEIRA S M Redes e Intersetoralidade nas poliacuteticas sociais
reflexotildees sobre sua concepccedilatildeo na poliacutetica de assistecircncia social Textosamp Contextos Porto
Alegre v 12 n 1 p 114 - 127 jun 2013
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 38
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
SILVA E B PADOIN SM M VIANNA L AC Mulher em situaccedilatildeo de violecircncia
limites da assistecircncia Ciecircnc Sauacutede coletiva Rio de Janeiro v 20 n 1 p 249-258 jan 2015
SLUZKI Carlos EA rede social na praacutetica sistecircmica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 2006
SOUZA e MACHADO Adolescentes com transtornos alimentares Ciecircnc Conhecimento
Satildeo Jerocircnimo v 8 n 1 p 21-37 2014
ZANCAN Nataacutelia WASSERMANN Virginia LIMA Gabriela Q A violecircncia domeacutestica a
partir do discurso de mulheres agredidas Pensando Famiacutelias Porto Alegre v 17 n 1 p
63-76 2013
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Souza e Machado (2014) consideram que redes pequenas satildeo menos eficazes em uma situaccedilatildeo
de longa duraccedilatildeo como geralmente eacute a violecircncia domeacutestica jaacute que haacute uma evitaccedilatildeo dos sujeitos
para diminuir a sobrecarga
Em relaccedilatildeo a distribuiccedilatildeo ou composiccedilatildeo dos sujeitos nas redes das viacutetimas refere-se a
localizaccedilatildeo nos quadrantes pode ser visualizado na tabela
Essa dificuldade na distribuiccedilatildeo das pessoas na rede para Carlos e Ferriani (2015) gera
um empecilho para discutir teacutecnica e cientificamente problemaacuteticas da contemporaneidade tais
como a violecircncia domeacutestica os sujeitos natildeo conseguem construir estrateacutegias para se aproximar
Quanto agrave densidade dessas redes ou seja o quanto os membros de cada quadrante
interagem entre si natildeo eacute possiacutevel perceber tal conexatildeo essas redes mostram-se fragilizadas
Segundo Sluzki (2006) o niacutevel de densidade meacutedio eacute considerado o mais eficaz uma vez que
permite equiparar as impressotildees dos membros jaacute uma rede de densidade muito alta traria uma
conformidade entre os integrantes causando ineacutercia do grupo e menor efetividade
A rede social inclui as pessoas significativas que segundo Sluzki (2006) se diferem de
toda a sociedade compreendendo o mapa com os quatro quadrantes a famiacutelia os amigos as
relaccedilotildees de trabalho estudo e de inserccedilatildeo comunitaacuteria
Em relaccedilatildeo ao quadrante da famiacutelia cada viacutetima do estudo recebe suporte de no maacuteximo
seis integrantes sendo que duas apontam os proacuteprios filhos como parte da rede Segundo os
estudos de Dutra et al (2013) as mulheres restringem suas relaccedilotildees aos filhos e familiares pois
esses muitas vezes natildeo representam ameaccedilas ao parceiro gerando um isolamento social que
poderia contribuir para a continuaccedilatildeo da violecircncia e diminuiccedilatildeo da expressatildeo da autonomia
A rede social natildeo corresponde somente agrave famiacutelia nuclear ou extensa mas sim a um
conjunto de viacutenculos que possuiacutemos com outros sujeitos que participam e constroem o nosso
dia a dia (SLUZKI 2006) Nota-se que os membros demarcados estatildeo muito relacionados com
os viacutenculos familiares como as matildees filhos e irmatildeos o que demonstra o quanto essas pessoas
podem ter sido sobrecarregadas diante da situaccedilatildeo de violecircncia pois para a maioria dos sujeitos
da pesquisa natildeo existem outras pessoas a quem pudessem pedir auxiacutelio Numa relaccedilatildeo conjugal
geralmente o companheiro pode ser uma fonte de suporte mas nesses casos satildeo os
perpetradores da violecircncia
Cada participante da pesquisa mostra ter de duas a trecircs pessoas presentes em suas
relaccedilotildees de amizade Segundo Carvalho e Ribeiro (2016) tais valores satildeo considerados baixos
pois as relaccedilotildees de amizade satildeo fundamentais para o desenvolvimento de novas visotildees e novas
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 34
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
perspectivas logo essa restriccedilatildeo de amigos poderaacute implicar em uma maior dificuldade de
estabelecer viacutenculos futuros
Quanto agraves relaccedilotildees de trabalho trecircs entrevistadas atuam no mercado poreacutem somente
duas mencionaram seus colegas O fato das mulheres apresentarem poucas relaccedilotildees de trabalho
certamente acarretaraacute dificuldades no apoio social pois satildeo nos locais de trabalho que passam
a maior parte do dia (CARVALHO e RIBEIRO 2016)
Considerando as relaccedilotildees comunitaacuterias as quatro pesquisadas referem ter contato com
o CREAS (Centro de Referecircncia Especializado em Assistecircncia Social) devido ao serviccedilo
especializado oferecido agrave populaccedilatildeo CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial) Hospital
Conselho Tutelar e a Igreja Eacute importante perceber que os serviccedilos puacuteblicos aparecem com
frequecircncia e realizam trabalhos relevantes com essas mulheres apesar das deficiecircncias que
possam possuir Eacute importante salientar a natildeo marcaccedilatildeo de vizinhos ou qualquer outra relaccedilatildeo
com a comunidade mais proacutexima Segundo Carvalho e Ribeiro (2016) em situaccedilotildees de
emergecircncia os vizinhos ou uma associaccedilatildeo de moradores poderiam auxiliar a viacutetima a obter o
apoio necessaacuterio
Essa dificuldade de identificar um nuacutemero maior de pessoas nas relaccedilotildees das
entrevistadas poderia estar ligada as estrateacutegias de dominaccedilotildees utilizadas pelo agressor
Fazendo proibiccedilotildees das mulheres de entrar no mercado de trabalho possuir atividades de lazer
estudar e ateacute de poder manter ligaccedilotildees com familiares Haacute uma destruiccedilatildeo das redes sociais e
dificuldades de inserccedilatildeo a novas tornando precaacuteria a busca de suporte reconhecimento e
enfrentamento da violecircncia
Para Gonccedilalves e Guaraacute (2010 apud PEREIRA K Y TEIXEIRA S M 2013) as redes
de apoio sociais podem ser classificadas seguindo as necessidades humanas Nestes casos as
redes abalizadas satildeo primaacuterias e de proteccedilatildeo amparadas pela solidariedade e apoio muacutetuo
constituiacutedas pelo contexto familiar e atraveacutes das relaccedilotildees de amizade
A percepccedilatildeo segundo Dalgalarrondo (2008) eacute a capacidade de assimilar e relacionar as
vivecircncias pessoais e criativas a partir de estiacutemulos sensoriais recriadas por cada indiviacuteduo
levando em consideraccedilatildeo suas experiecircncias jaacute registradas na memoacuteria conforme o contexto
sociocultural em que estaacute inserido Diante do exposto pelo autor as redes sociais demarcadas
pelas mulheres pesquisadas satildeo produccedilatildeo de sua proacutepria percepccedilatildeo sobre o mundo e sobre as
pessoas e instituiccedilotildees que as cercam Portanto natildeo necessariamente as redes sociais apontadas
por cada sujeito correspondem agrave sua rede social real uma vez que a situaccedilatildeo de crise e demais
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dificuldades bloqueiam e interferem na sua capacidade de perceber seu verdadeiro contexto
sociocultural
Os trabalhos realizados pelo Centro de Referecircncia Especializado em Assistecircncia Social
(CREAS) segundo Faraj e Siqueira (2012) satildeo imprescindiacuteveis para a minimizaccedilatildeo dos danos
causados pela violecircncia O CREAS constitui-se em um serviccedilo especializado que deve buscar
restaurar os direitos infringidos pela violecircncia atraveacutes de um atendimento contextualizado
inserido em uma rede iacutentegra Os mesmos autores consideram fundamental fazer valer a
proteccedilatildeo integral da viacutetima por meio da defesa e da garantia de serviccedilos especializados com
profissionais capacitados para a intervenccedilatildeo e enfrentamento da problemaacutetica o que eacute
extremamente necessaacuterio que alguns oacutergatildeos e instituiccedilotildees estejam articulados e fortalecidos
para que as suas accedilotildees sejam efetivas O centro de referecircncia possibilita reconstruir os viacutenculos
familiares e sociais desfeitos pelo impacto inominaacutevel relativo agrave vivecircncia da situaccedilatildeo de
violecircncia
A assistecircncia agrave mulher em situaccedilatildeo de violecircncia domeacutestica e familiar seraacute prestada de
forma articulada de acordo com a Lei Maria da Penha no artigo 9ordm assim tambeacutem os princiacutepios
e as diretrizes previstos na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social no Sistema Uacutenico de Sauacutede no
Sistema Uacutenico de Seguranccedila Puacuteblica entre outras normas e poliacuteticas puacuteblicas de proteccedilatildeo e
emergencialmente quando for o caso
A construccedilatildeo de uma rede de apoio e proteccedilatildeo segundo Pacheco e Malgarim (2011)
tem como objetivo minimizar a continuidade da violecircncia em qualquer lugar que a
vulnerabilidade se faccedila presente Com a intenccedilatildeo de romper os constantes episoacutedios de violecircncia
eacute imprescindiacutevel um trabalho interdisciplinar que organize e fortaleccedila um espaccedilo de
acolhimento agraves viacutetimas atraveacutes do atendimento cliacutenico psicoloacutegico social legal individual e
familiar com a finalidade de que o ciclo de violecircncia possa ser desfeito
A proposta de construir novos laccedilos de amizades bem como ampliar a busca por redes
que disponibilizem serviccedilos e accedilotildees estrateacutegicas a fim de promover a assistecircncia baacutesica e o
suporte emocional Considera-se fundamental que oacutergatildeos e instituiccedilotildees estejam articulados
preparados com profissionais capacitados para receber apoiar e proteger de forma adequada as
mulheres viacutetimas que sofreram qualquer tipo de violecircncia domeacutestica Fazer valer a proteccedilatildeo
integral da viacutetima garantir os serviccedilos especializados de que lhe eacute direito eacute uma forma de
intervenccedilatildeo que viabiliza o enfrentamento diante do impacto da situaccedilatildeo problema
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Neste contexto cabe ressaltar que as quatro participantes natildeo pronunciaram a existecircncia
de novas relaccedilotildees que servissem de apoio no periacuteodo em que ocorreu a violecircncia o que
demonstra a dificuldade quanto agraves percepccedilotildees e ineficiecircncia quanto agrave conexatildeo das redes
CONCLUSAtildeO
A pesquisa demonstra o quatildeo fundamental eacute a rede de apoio nas relaccedilotildees enquanto
dispositivos sociais de trocas e interaccedilotildees de sujeitos e grupos Satildeo neste acircmbito que as
mulheres que sofrem violecircncia domeacutestica encontram acolhimento em meio ao trauma sofrido
e desta forma estrateacutegias de enfrentamento que contribuem no resgate da sua dignidade
pessoal
Atraveacutes do mapa de rede das quatro mulheres pesquisadas e viacutetimas da violecircncia
domeacutestica eacute possiacutevel identificar que o municiacutepio comporta uma rede de apoio composta pelo
Hospital CAPS CREAS e Delegacia de Poliacutecia Civil
Tendo por embasamento legal o art 8 da Lei 1134006 que prevecirc poliacuteticas puacuteblicas que
visam coibir a violecircncia domeacutestica e familiar contra a mulher Apesar dessa previsatildeo as
poliacuteticas puacuteblicas ainda satildeo bastante deficientes uma vez que os oacutergatildeos que prestam assistecircncia
natildeo possuem qualquer articulaccedilatildeo entre si deixando a cargo das viacutetimas a busca isolada por
cada um dos serviccedilos
Seria necessaacuterio um maior investimento para desenvolver essas poliacuteticas puacuteblicas
principalmente no que diz respeito ao funcionamento em conjunto dos atendimentos visando
um melhor acolhimento agraves viacutetimas
Trata-se de um problema que atravessa as geraccedilotildees e deve ser abordado de forma
intersetorial O olhar deve ser ampliado e apurado para que novas accedilotildees possam ser elaboradas
a fim de motivar a diminuiccedilatildeo dos nuacutemeros alarmantes de violecircncia direcionados agraves mulheres
Que haja uma mobilidade dos setores afins para viabilizar projetos que decircem suporte agrave criaccedilatildeo
de praacuteticas pertinentes ao cuidado fiacutesico e mental desta mulher agredida para ampliar e
aprimorar a sua rede de apoio
Em novos estudos considera-se importante analisar a qualidade dos serviccedilos oferecidos
pelo poder puacuteblico se estas redes de apoio satildeo capazes de dar o suporte necessaacuterio agraves viacutetimas
de violecircncia domeacutestica bem como o funcionamento e como se daacute as conexotildees das relaccedilotildees
intersetoriais afim de melhor atender a populaccedilatildeo e prover o acolhimento necessaacuterio a todos
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 37
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
REFEREcircNCIAS
BARDIN Laurence Anaacutelise de Conteuacutedo 6 ed Satildeo Paulo Ediccedilotildees 70 2011
BRASIL Lei nordm 11340 de 07 de agosto de 2006 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo dos juizados de
violecircncia domeacutestica e familiar contra a mulher altera o Coacutedigo de Processo Penal o Coacutedigo
Penal e a Lei de Execuccedilatildeo Penal e daacute outras providecircncias Brasiacutelia DF Congresso Nacional
BRUM C R S et al Violecircncia Domeacutestica e Crenccedilas Intervenccedilatildeo com Profissionais da
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede Psicologia em Pesquisa UFJF v 7 n 2 p 242-250 2013
CARLOS Diene Monique FERRIANI Maria O Uso de Mapas da Rede Institucional
Estrateacutegia para um olhar sobre o cuidado em sauacutede Congresso Ibero Americano de
Investigaccedilatildeo Qualitativa (CIAIQ2015) v 1 2015
CARVALHO C I RIBEIRO S Violecircncia conjugal e rede social pessoal Revista Libertas
Juiz de Fora v16 n1 p 03-26 jul 2016
CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Resoluccedilatildeo nordm 466 de 12 de dezembro de 2012
Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos Brasiacutelia DF
Conselho Nacional de Sauacutede
CRESWELL John W Projeto de Pesquisa meacutetodo qualitativo quantitativo e misto 2 ed
Porto Alegre Artmed 2010
CRESWELL John W Investigaccedilatildeo qualitativa e projeto de pesquisa Porto Alegre Editora
Penso 3ordf ed 2013
DALGALARRONDO Paulo Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais 2 ed
Porto Alegre Artmed 2008
DUTRA Maria de Lourdes et al A configuraccedilatildeo da rede social de mulheres em situaccedilatildeo de
violecircncia domeacutestica Ciecircnc e Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 18 n 5 p 1293-
1304 Maio de 2013
FARAJ SP SIQUEIRA A C O Atendimento a Rede de Proteccedilatildeo da Crianccedila e do
Adolescente Viacutetima de Violecircncia Sexual na Perspectiva dos Profissionais do CREAS
Barbaroacutei Santa Cruz do Sul n 37 p67-87 dez 2012
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Cidades Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=431840ampsearch=||infogr
E1ficos-informaE7F5es-completasgt
NASCIMENTO Danielly Bart do ROSA Edinete Maria O uso do Mapa dos Cinco Campos
no estudo da rede de apoio social e afetiva de crianccedilas viacutetimas de abuso sexual Contextos
Cliacutenicos v 8 n 2 p 173-184 2015
PACHECO ML MALGARIM B G Centro de Referecircncia Especializado de Assistecircncia
Social Apanhados teoacutericos sobre uma rede especial de apoio e proteccedilatildeo em casos de abuso
sexual infantil Revista de Psicologia da IMED v 3 n 2 p 545- 553 2011
PEREIRA K Y L TEIXEIRA S M Redes e Intersetoralidade nas poliacuteticas sociais
reflexotildees sobre sua concepccedilatildeo na poliacutetica de assistecircncia social Textosamp Contextos Porto
Alegre v 12 n 1 p 114 - 127 jun 2013
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 38
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
SILVA E B PADOIN SM M VIANNA L AC Mulher em situaccedilatildeo de violecircncia
limites da assistecircncia Ciecircnc Sauacutede coletiva Rio de Janeiro v 20 n 1 p 249-258 jan 2015
SLUZKI Carlos EA rede social na praacutetica sistecircmica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 2006
SOUZA e MACHADO Adolescentes com transtornos alimentares Ciecircnc Conhecimento
Satildeo Jerocircnimo v 8 n 1 p 21-37 2014
ZANCAN Nataacutelia WASSERMANN Virginia LIMA Gabriela Q A violecircncia domeacutestica a
partir do discurso de mulheres agredidas Pensando Famiacutelias Porto Alegre v 17 n 1 p
63-76 2013
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 34
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
perspectivas logo essa restriccedilatildeo de amigos poderaacute implicar em uma maior dificuldade de
estabelecer viacutenculos futuros
Quanto agraves relaccedilotildees de trabalho trecircs entrevistadas atuam no mercado poreacutem somente
duas mencionaram seus colegas O fato das mulheres apresentarem poucas relaccedilotildees de trabalho
certamente acarretaraacute dificuldades no apoio social pois satildeo nos locais de trabalho que passam
a maior parte do dia (CARVALHO e RIBEIRO 2016)
Considerando as relaccedilotildees comunitaacuterias as quatro pesquisadas referem ter contato com
o CREAS (Centro de Referecircncia Especializado em Assistecircncia Social) devido ao serviccedilo
especializado oferecido agrave populaccedilatildeo CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial) Hospital
Conselho Tutelar e a Igreja Eacute importante perceber que os serviccedilos puacuteblicos aparecem com
frequecircncia e realizam trabalhos relevantes com essas mulheres apesar das deficiecircncias que
possam possuir Eacute importante salientar a natildeo marcaccedilatildeo de vizinhos ou qualquer outra relaccedilatildeo
com a comunidade mais proacutexima Segundo Carvalho e Ribeiro (2016) em situaccedilotildees de
emergecircncia os vizinhos ou uma associaccedilatildeo de moradores poderiam auxiliar a viacutetima a obter o
apoio necessaacuterio
Essa dificuldade de identificar um nuacutemero maior de pessoas nas relaccedilotildees das
entrevistadas poderia estar ligada as estrateacutegias de dominaccedilotildees utilizadas pelo agressor
Fazendo proibiccedilotildees das mulheres de entrar no mercado de trabalho possuir atividades de lazer
estudar e ateacute de poder manter ligaccedilotildees com familiares Haacute uma destruiccedilatildeo das redes sociais e
dificuldades de inserccedilatildeo a novas tornando precaacuteria a busca de suporte reconhecimento e
enfrentamento da violecircncia
Para Gonccedilalves e Guaraacute (2010 apud PEREIRA K Y TEIXEIRA S M 2013) as redes
de apoio sociais podem ser classificadas seguindo as necessidades humanas Nestes casos as
redes abalizadas satildeo primaacuterias e de proteccedilatildeo amparadas pela solidariedade e apoio muacutetuo
constituiacutedas pelo contexto familiar e atraveacutes das relaccedilotildees de amizade
A percepccedilatildeo segundo Dalgalarrondo (2008) eacute a capacidade de assimilar e relacionar as
vivecircncias pessoais e criativas a partir de estiacutemulos sensoriais recriadas por cada indiviacuteduo
levando em consideraccedilatildeo suas experiecircncias jaacute registradas na memoacuteria conforme o contexto
sociocultural em que estaacute inserido Diante do exposto pelo autor as redes sociais demarcadas
pelas mulheres pesquisadas satildeo produccedilatildeo de sua proacutepria percepccedilatildeo sobre o mundo e sobre as
pessoas e instituiccedilotildees que as cercam Portanto natildeo necessariamente as redes sociais apontadas
por cada sujeito correspondem agrave sua rede social real uma vez que a situaccedilatildeo de crise e demais
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 35
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
dificuldades bloqueiam e interferem na sua capacidade de perceber seu verdadeiro contexto
sociocultural
Os trabalhos realizados pelo Centro de Referecircncia Especializado em Assistecircncia Social
(CREAS) segundo Faraj e Siqueira (2012) satildeo imprescindiacuteveis para a minimizaccedilatildeo dos danos
causados pela violecircncia O CREAS constitui-se em um serviccedilo especializado que deve buscar
restaurar os direitos infringidos pela violecircncia atraveacutes de um atendimento contextualizado
inserido em uma rede iacutentegra Os mesmos autores consideram fundamental fazer valer a
proteccedilatildeo integral da viacutetima por meio da defesa e da garantia de serviccedilos especializados com
profissionais capacitados para a intervenccedilatildeo e enfrentamento da problemaacutetica o que eacute
extremamente necessaacuterio que alguns oacutergatildeos e instituiccedilotildees estejam articulados e fortalecidos
para que as suas accedilotildees sejam efetivas O centro de referecircncia possibilita reconstruir os viacutenculos
familiares e sociais desfeitos pelo impacto inominaacutevel relativo agrave vivecircncia da situaccedilatildeo de
violecircncia
A assistecircncia agrave mulher em situaccedilatildeo de violecircncia domeacutestica e familiar seraacute prestada de
forma articulada de acordo com a Lei Maria da Penha no artigo 9ordm assim tambeacutem os princiacutepios
e as diretrizes previstos na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social no Sistema Uacutenico de Sauacutede no
Sistema Uacutenico de Seguranccedila Puacuteblica entre outras normas e poliacuteticas puacuteblicas de proteccedilatildeo e
emergencialmente quando for o caso
A construccedilatildeo de uma rede de apoio e proteccedilatildeo segundo Pacheco e Malgarim (2011)
tem como objetivo minimizar a continuidade da violecircncia em qualquer lugar que a
vulnerabilidade se faccedila presente Com a intenccedilatildeo de romper os constantes episoacutedios de violecircncia
eacute imprescindiacutevel um trabalho interdisciplinar que organize e fortaleccedila um espaccedilo de
acolhimento agraves viacutetimas atraveacutes do atendimento cliacutenico psicoloacutegico social legal individual e
familiar com a finalidade de que o ciclo de violecircncia possa ser desfeito
A proposta de construir novos laccedilos de amizades bem como ampliar a busca por redes
que disponibilizem serviccedilos e accedilotildees estrateacutegicas a fim de promover a assistecircncia baacutesica e o
suporte emocional Considera-se fundamental que oacutergatildeos e instituiccedilotildees estejam articulados
preparados com profissionais capacitados para receber apoiar e proteger de forma adequada as
mulheres viacutetimas que sofreram qualquer tipo de violecircncia domeacutestica Fazer valer a proteccedilatildeo
integral da viacutetima garantir os serviccedilos especializados de que lhe eacute direito eacute uma forma de
intervenccedilatildeo que viabiliza o enfrentamento diante do impacto da situaccedilatildeo problema
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 36
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
Neste contexto cabe ressaltar que as quatro participantes natildeo pronunciaram a existecircncia
de novas relaccedilotildees que servissem de apoio no periacuteodo em que ocorreu a violecircncia o que
demonstra a dificuldade quanto agraves percepccedilotildees e ineficiecircncia quanto agrave conexatildeo das redes
CONCLUSAtildeO
A pesquisa demonstra o quatildeo fundamental eacute a rede de apoio nas relaccedilotildees enquanto
dispositivos sociais de trocas e interaccedilotildees de sujeitos e grupos Satildeo neste acircmbito que as
mulheres que sofrem violecircncia domeacutestica encontram acolhimento em meio ao trauma sofrido
e desta forma estrateacutegias de enfrentamento que contribuem no resgate da sua dignidade
pessoal
Atraveacutes do mapa de rede das quatro mulheres pesquisadas e viacutetimas da violecircncia
domeacutestica eacute possiacutevel identificar que o municiacutepio comporta uma rede de apoio composta pelo
Hospital CAPS CREAS e Delegacia de Poliacutecia Civil
Tendo por embasamento legal o art 8 da Lei 1134006 que prevecirc poliacuteticas puacuteblicas que
visam coibir a violecircncia domeacutestica e familiar contra a mulher Apesar dessa previsatildeo as
poliacuteticas puacuteblicas ainda satildeo bastante deficientes uma vez que os oacutergatildeos que prestam assistecircncia
natildeo possuem qualquer articulaccedilatildeo entre si deixando a cargo das viacutetimas a busca isolada por
cada um dos serviccedilos
Seria necessaacuterio um maior investimento para desenvolver essas poliacuteticas puacuteblicas
principalmente no que diz respeito ao funcionamento em conjunto dos atendimentos visando
um melhor acolhimento agraves viacutetimas
Trata-se de um problema que atravessa as geraccedilotildees e deve ser abordado de forma
intersetorial O olhar deve ser ampliado e apurado para que novas accedilotildees possam ser elaboradas
a fim de motivar a diminuiccedilatildeo dos nuacutemeros alarmantes de violecircncia direcionados agraves mulheres
Que haja uma mobilidade dos setores afins para viabilizar projetos que decircem suporte agrave criaccedilatildeo
de praacuteticas pertinentes ao cuidado fiacutesico e mental desta mulher agredida para ampliar e
aprimorar a sua rede de apoio
Em novos estudos considera-se importante analisar a qualidade dos serviccedilos oferecidos
pelo poder puacuteblico se estas redes de apoio satildeo capazes de dar o suporte necessaacuterio agraves viacutetimas
de violecircncia domeacutestica bem como o funcionamento e como se daacute as conexotildees das relaccedilotildees
intersetoriais afim de melhor atender a populaccedilatildeo e prover o acolhimento necessaacuterio a todos
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 37
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
REFEREcircNCIAS
BARDIN Laurence Anaacutelise de Conteuacutedo 6 ed Satildeo Paulo Ediccedilotildees 70 2011
BRASIL Lei nordm 11340 de 07 de agosto de 2006 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo dos juizados de
violecircncia domeacutestica e familiar contra a mulher altera o Coacutedigo de Processo Penal o Coacutedigo
Penal e a Lei de Execuccedilatildeo Penal e daacute outras providecircncias Brasiacutelia DF Congresso Nacional
BRUM C R S et al Violecircncia Domeacutestica e Crenccedilas Intervenccedilatildeo com Profissionais da
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede Psicologia em Pesquisa UFJF v 7 n 2 p 242-250 2013
CARLOS Diene Monique FERRIANI Maria O Uso de Mapas da Rede Institucional
Estrateacutegia para um olhar sobre o cuidado em sauacutede Congresso Ibero Americano de
Investigaccedilatildeo Qualitativa (CIAIQ2015) v 1 2015
CARVALHO C I RIBEIRO S Violecircncia conjugal e rede social pessoal Revista Libertas
Juiz de Fora v16 n1 p 03-26 jul 2016
CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Resoluccedilatildeo nordm 466 de 12 de dezembro de 2012
Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos Brasiacutelia DF
Conselho Nacional de Sauacutede
CRESWELL John W Projeto de Pesquisa meacutetodo qualitativo quantitativo e misto 2 ed
Porto Alegre Artmed 2010
CRESWELL John W Investigaccedilatildeo qualitativa e projeto de pesquisa Porto Alegre Editora
Penso 3ordf ed 2013
DALGALARRONDO Paulo Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais 2 ed
Porto Alegre Artmed 2008
DUTRA Maria de Lourdes et al A configuraccedilatildeo da rede social de mulheres em situaccedilatildeo de
violecircncia domeacutestica Ciecircnc e Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 18 n 5 p 1293-
1304 Maio de 2013
FARAJ SP SIQUEIRA A C O Atendimento a Rede de Proteccedilatildeo da Crianccedila e do
Adolescente Viacutetima de Violecircncia Sexual na Perspectiva dos Profissionais do CREAS
Barbaroacutei Santa Cruz do Sul n 37 p67-87 dez 2012
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Cidades Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=431840ampsearch=||infogr
E1ficos-informaE7F5es-completasgt
NASCIMENTO Danielly Bart do ROSA Edinete Maria O uso do Mapa dos Cinco Campos
no estudo da rede de apoio social e afetiva de crianccedilas viacutetimas de abuso sexual Contextos
Cliacutenicos v 8 n 2 p 173-184 2015
PACHECO ML MALGARIM B G Centro de Referecircncia Especializado de Assistecircncia
Social Apanhados teoacutericos sobre uma rede especial de apoio e proteccedilatildeo em casos de abuso
sexual infantil Revista de Psicologia da IMED v 3 n 2 p 545- 553 2011
PEREIRA K Y L TEIXEIRA S M Redes e Intersetoralidade nas poliacuteticas sociais
reflexotildees sobre sua concepccedilatildeo na poliacutetica de assistecircncia social Textosamp Contextos Porto
Alegre v 12 n 1 p 114 - 127 jun 2013
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 38
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
SILVA E B PADOIN SM M VIANNA L AC Mulher em situaccedilatildeo de violecircncia
limites da assistecircncia Ciecircnc Sauacutede coletiva Rio de Janeiro v 20 n 1 p 249-258 jan 2015
SLUZKI Carlos EA rede social na praacutetica sistecircmica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 2006
SOUZA e MACHADO Adolescentes com transtornos alimentares Ciecircnc Conhecimento
Satildeo Jerocircnimo v 8 n 1 p 21-37 2014
ZANCAN Nataacutelia WASSERMANN Virginia LIMA Gabriela Q A violecircncia domeacutestica a
partir do discurso de mulheres agredidas Pensando Famiacutelias Porto Alegre v 17 n 1 p
63-76 2013
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 35
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
dificuldades bloqueiam e interferem na sua capacidade de perceber seu verdadeiro contexto
sociocultural
Os trabalhos realizados pelo Centro de Referecircncia Especializado em Assistecircncia Social
(CREAS) segundo Faraj e Siqueira (2012) satildeo imprescindiacuteveis para a minimizaccedilatildeo dos danos
causados pela violecircncia O CREAS constitui-se em um serviccedilo especializado que deve buscar
restaurar os direitos infringidos pela violecircncia atraveacutes de um atendimento contextualizado
inserido em uma rede iacutentegra Os mesmos autores consideram fundamental fazer valer a
proteccedilatildeo integral da viacutetima por meio da defesa e da garantia de serviccedilos especializados com
profissionais capacitados para a intervenccedilatildeo e enfrentamento da problemaacutetica o que eacute
extremamente necessaacuterio que alguns oacutergatildeos e instituiccedilotildees estejam articulados e fortalecidos
para que as suas accedilotildees sejam efetivas O centro de referecircncia possibilita reconstruir os viacutenculos
familiares e sociais desfeitos pelo impacto inominaacutevel relativo agrave vivecircncia da situaccedilatildeo de
violecircncia
A assistecircncia agrave mulher em situaccedilatildeo de violecircncia domeacutestica e familiar seraacute prestada de
forma articulada de acordo com a Lei Maria da Penha no artigo 9ordm assim tambeacutem os princiacutepios
e as diretrizes previstos na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social no Sistema Uacutenico de Sauacutede no
Sistema Uacutenico de Seguranccedila Puacuteblica entre outras normas e poliacuteticas puacuteblicas de proteccedilatildeo e
emergencialmente quando for o caso
A construccedilatildeo de uma rede de apoio e proteccedilatildeo segundo Pacheco e Malgarim (2011)
tem como objetivo minimizar a continuidade da violecircncia em qualquer lugar que a
vulnerabilidade se faccedila presente Com a intenccedilatildeo de romper os constantes episoacutedios de violecircncia
eacute imprescindiacutevel um trabalho interdisciplinar que organize e fortaleccedila um espaccedilo de
acolhimento agraves viacutetimas atraveacutes do atendimento cliacutenico psicoloacutegico social legal individual e
familiar com a finalidade de que o ciclo de violecircncia possa ser desfeito
A proposta de construir novos laccedilos de amizades bem como ampliar a busca por redes
que disponibilizem serviccedilos e accedilotildees estrateacutegicas a fim de promover a assistecircncia baacutesica e o
suporte emocional Considera-se fundamental que oacutergatildeos e instituiccedilotildees estejam articulados
preparados com profissionais capacitados para receber apoiar e proteger de forma adequada as
mulheres viacutetimas que sofreram qualquer tipo de violecircncia domeacutestica Fazer valer a proteccedilatildeo
integral da viacutetima garantir os serviccedilos especializados de que lhe eacute direito eacute uma forma de
intervenccedilatildeo que viabiliza o enfrentamento diante do impacto da situaccedilatildeo problema
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 36
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
Neste contexto cabe ressaltar que as quatro participantes natildeo pronunciaram a existecircncia
de novas relaccedilotildees que servissem de apoio no periacuteodo em que ocorreu a violecircncia o que
demonstra a dificuldade quanto agraves percepccedilotildees e ineficiecircncia quanto agrave conexatildeo das redes
CONCLUSAtildeO
A pesquisa demonstra o quatildeo fundamental eacute a rede de apoio nas relaccedilotildees enquanto
dispositivos sociais de trocas e interaccedilotildees de sujeitos e grupos Satildeo neste acircmbito que as
mulheres que sofrem violecircncia domeacutestica encontram acolhimento em meio ao trauma sofrido
e desta forma estrateacutegias de enfrentamento que contribuem no resgate da sua dignidade
pessoal
Atraveacutes do mapa de rede das quatro mulheres pesquisadas e viacutetimas da violecircncia
domeacutestica eacute possiacutevel identificar que o municiacutepio comporta uma rede de apoio composta pelo
Hospital CAPS CREAS e Delegacia de Poliacutecia Civil
Tendo por embasamento legal o art 8 da Lei 1134006 que prevecirc poliacuteticas puacuteblicas que
visam coibir a violecircncia domeacutestica e familiar contra a mulher Apesar dessa previsatildeo as
poliacuteticas puacuteblicas ainda satildeo bastante deficientes uma vez que os oacutergatildeos que prestam assistecircncia
natildeo possuem qualquer articulaccedilatildeo entre si deixando a cargo das viacutetimas a busca isolada por
cada um dos serviccedilos
Seria necessaacuterio um maior investimento para desenvolver essas poliacuteticas puacuteblicas
principalmente no que diz respeito ao funcionamento em conjunto dos atendimentos visando
um melhor acolhimento agraves viacutetimas
Trata-se de um problema que atravessa as geraccedilotildees e deve ser abordado de forma
intersetorial O olhar deve ser ampliado e apurado para que novas accedilotildees possam ser elaboradas
a fim de motivar a diminuiccedilatildeo dos nuacutemeros alarmantes de violecircncia direcionados agraves mulheres
Que haja uma mobilidade dos setores afins para viabilizar projetos que decircem suporte agrave criaccedilatildeo
de praacuteticas pertinentes ao cuidado fiacutesico e mental desta mulher agredida para ampliar e
aprimorar a sua rede de apoio
Em novos estudos considera-se importante analisar a qualidade dos serviccedilos oferecidos
pelo poder puacuteblico se estas redes de apoio satildeo capazes de dar o suporte necessaacuterio agraves viacutetimas
de violecircncia domeacutestica bem como o funcionamento e como se daacute as conexotildees das relaccedilotildees
intersetoriais afim de melhor atender a populaccedilatildeo e prover o acolhimento necessaacuterio a todos
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 37
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
REFEREcircNCIAS
BARDIN Laurence Anaacutelise de Conteuacutedo 6 ed Satildeo Paulo Ediccedilotildees 70 2011
BRASIL Lei nordm 11340 de 07 de agosto de 2006 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo dos juizados de
violecircncia domeacutestica e familiar contra a mulher altera o Coacutedigo de Processo Penal o Coacutedigo
Penal e a Lei de Execuccedilatildeo Penal e daacute outras providecircncias Brasiacutelia DF Congresso Nacional
BRUM C R S et al Violecircncia Domeacutestica e Crenccedilas Intervenccedilatildeo com Profissionais da
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede Psicologia em Pesquisa UFJF v 7 n 2 p 242-250 2013
CARLOS Diene Monique FERRIANI Maria O Uso de Mapas da Rede Institucional
Estrateacutegia para um olhar sobre o cuidado em sauacutede Congresso Ibero Americano de
Investigaccedilatildeo Qualitativa (CIAIQ2015) v 1 2015
CARVALHO C I RIBEIRO S Violecircncia conjugal e rede social pessoal Revista Libertas
Juiz de Fora v16 n1 p 03-26 jul 2016
CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Resoluccedilatildeo nordm 466 de 12 de dezembro de 2012
Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos Brasiacutelia DF
Conselho Nacional de Sauacutede
CRESWELL John W Projeto de Pesquisa meacutetodo qualitativo quantitativo e misto 2 ed
Porto Alegre Artmed 2010
CRESWELL John W Investigaccedilatildeo qualitativa e projeto de pesquisa Porto Alegre Editora
Penso 3ordf ed 2013
DALGALARRONDO Paulo Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais 2 ed
Porto Alegre Artmed 2008
DUTRA Maria de Lourdes et al A configuraccedilatildeo da rede social de mulheres em situaccedilatildeo de
violecircncia domeacutestica Ciecircnc e Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 18 n 5 p 1293-
1304 Maio de 2013
FARAJ SP SIQUEIRA A C O Atendimento a Rede de Proteccedilatildeo da Crianccedila e do
Adolescente Viacutetima de Violecircncia Sexual na Perspectiva dos Profissionais do CREAS
Barbaroacutei Santa Cruz do Sul n 37 p67-87 dez 2012
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Cidades Disponiacutevel em
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E1ficos-informaE7F5es-completasgt
NASCIMENTO Danielly Bart do ROSA Edinete Maria O uso do Mapa dos Cinco Campos
no estudo da rede de apoio social e afetiva de crianccedilas viacutetimas de abuso sexual Contextos
Cliacutenicos v 8 n 2 p 173-184 2015
PACHECO ML MALGARIM B G Centro de Referecircncia Especializado de Assistecircncia
Social Apanhados teoacutericos sobre uma rede especial de apoio e proteccedilatildeo em casos de abuso
sexual infantil Revista de Psicologia da IMED v 3 n 2 p 545- 553 2011
PEREIRA K Y L TEIXEIRA S M Redes e Intersetoralidade nas poliacuteticas sociais
reflexotildees sobre sua concepccedilatildeo na poliacutetica de assistecircncia social Textosamp Contextos Porto
Alegre v 12 n 1 p 114 - 127 jun 2013
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 38
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
SILVA E B PADOIN SM M VIANNA L AC Mulher em situaccedilatildeo de violecircncia
limites da assistecircncia Ciecircnc Sauacutede coletiva Rio de Janeiro v 20 n 1 p 249-258 jan 2015
SLUZKI Carlos EA rede social na praacutetica sistecircmica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 2006
SOUZA e MACHADO Adolescentes com transtornos alimentares Ciecircnc Conhecimento
Satildeo Jerocircnimo v 8 n 1 p 21-37 2014
ZANCAN Nataacutelia WASSERMANN Virginia LIMA Gabriela Q A violecircncia domeacutestica a
partir do discurso de mulheres agredidas Pensando Famiacutelias Porto Alegre v 17 n 1 p
63-76 2013
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 36
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
Neste contexto cabe ressaltar que as quatro participantes natildeo pronunciaram a existecircncia
de novas relaccedilotildees que servissem de apoio no periacuteodo em que ocorreu a violecircncia o que
demonstra a dificuldade quanto agraves percepccedilotildees e ineficiecircncia quanto agrave conexatildeo das redes
CONCLUSAtildeO
A pesquisa demonstra o quatildeo fundamental eacute a rede de apoio nas relaccedilotildees enquanto
dispositivos sociais de trocas e interaccedilotildees de sujeitos e grupos Satildeo neste acircmbito que as
mulheres que sofrem violecircncia domeacutestica encontram acolhimento em meio ao trauma sofrido
e desta forma estrateacutegias de enfrentamento que contribuem no resgate da sua dignidade
pessoal
Atraveacutes do mapa de rede das quatro mulheres pesquisadas e viacutetimas da violecircncia
domeacutestica eacute possiacutevel identificar que o municiacutepio comporta uma rede de apoio composta pelo
Hospital CAPS CREAS e Delegacia de Poliacutecia Civil
Tendo por embasamento legal o art 8 da Lei 1134006 que prevecirc poliacuteticas puacuteblicas que
visam coibir a violecircncia domeacutestica e familiar contra a mulher Apesar dessa previsatildeo as
poliacuteticas puacuteblicas ainda satildeo bastante deficientes uma vez que os oacutergatildeos que prestam assistecircncia
natildeo possuem qualquer articulaccedilatildeo entre si deixando a cargo das viacutetimas a busca isolada por
cada um dos serviccedilos
Seria necessaacuterio um maior investimento para desenvolver essas poliacuteticas puacuteblicas
principalmente no que diz respeito ao funcionamento em conjunto dos atendimentos visando
um melhor acolhimento agraves viacutetimas
Trata-se de um problema que atravessa as geraccedilotildees e deve ser abordado de forma
intersetorial O olhar deve ser ampliado e apurado para que novas accedilotildees possam ser elaboradas
a fim de motivar a diminuiccedilatildeo dos nuacutemeros alarmantes de violecircncia direcionados agraves mulheres
Que haja uma mobilidade dos setores afins para viabilizar projetos que decircem suporte agrave criaccedilatildeo
de praacuteticas pertinentes ao cuidado fiacutesico e mental desta mulher agredida para ampliar e
aprimorar a sua rede de apoio
Em novos estudos considera-se importante analisar a qualidade dos serviccedilos oferecidos
pelo poder puacuteblico se estas redes de apoio satildeo capazes de dar o suporte necessaacuterio agraves viacutetimas
de violecircncia domeacutestica bem como o funcionamento e como se daacute as conexotildees das relaccedilotildees
intersetoriais afim de melhor atender a populaccedilatildeo e prover o acolhimento necessaacuterio a todos
Revista Ciecircncia e Conhecimento ndash ISSN 2177-3483 37
SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
REFEREcircNCIAS
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Estrateacutegia para um olhar sobre o cuidado em sauacutede Congresso Ibero Americano de
Investigaccedilatildeo Qualitativa (CIAIQ2015) v 1 2015
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CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Resoluccedilatildeo nordm 466 de 12 de dezembro de 2012
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Adolescente Viacutetima de Violecircncia Sexual na Perspectiva dos Profissionais do CREAS
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PEREIRA K Y L TEIXEIRA S M Redes e Intersetoralidade nas poliacuteticas sociais
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SOUZA M B et al A rede de apoio das mulheres viacutetimas de violecircncia domeacutestica Ciecircnc Conhecimento ndash v 12 n 1 2018
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