redaÇÃo - fct.unesp.br · conhecer os gêneros discursivos exposição de motivos e parecer. ......

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11 Márcia Rossana Oliveira Pinto CURSO TÉCNICO EM OPERAÇÕES COMERCIAIS Exposição de motivos e parecer REDAÇÃO

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Márcia Rossana Oliveira Pinto

C U R S O T É C N I C O E M O P E R A Ç Õ E S C O M E R C I A I S

Exposição de motivos e parecer

REDAÇÃO

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Coordenadora da Produção dos Materias

Vera Lucia do Amaral

Coordenador de Edição

Ary Sergio Braga Olinisky

Coordenadora de Revisão

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Design Gráfi co

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Diagramação

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José Antonio Bezerra JuniorMariana Araújo de Brito

Arte e ilustração

Adauto HarleyCarolina Costa

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Revisão Tipográfi ca

Adriana Rodrigues GomesMargareth Pereira Dias Nouraide Queiroz

Design Instrucional

Janio Gustavo BarbosaJeremias Alves de Araújo SilvaJosé Correia Torres NetoLuciane Almeida Mascarenhas de Andrade

Revisão de Linguagem

Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade

Revisão das Normas da ABNT

Verônica Pinheiro da Silva

Adaptação para o Módulo Matemático

Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho

EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN

Projeto Gráfi co

Secretaria de Educação a Distância – SEDIS

Governo Federal

Ministério da Educação

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Você verá

por aqui...

Objetivos

1

Redação A11

Nesta aula, veremos mais dois novos gêneros discursivos: exposição de motivos e

parecer. Estudaremos seus elementos constituintes e sua função sociocomunicativa. Teremos também algumas atividades para você praticar os gêneros discursivos estudados.

Conhecer os gêneros discursivos exposição de motivos e parecer.

Identifi car os elementos constituintes desses gêneros discursivos.

Aplicar conhecimentos na área de redação ofi cial tanto para construir o(s) sentido(s) possível(eis) de exposição de motivos e parecer quanto para produzi-los de forma profi ciente.

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Redação A11

Para começo

de conversa...

Sempre ouvimos alguém dizer “exponha os seus motivos” ou “qual o seu parecer sobre este assunto?”. Será que esses questionamentos têm alguma relação com os gêneros que estudaremos nesta aula?

Afi nal, para que serve um parecer? Será que existe algum documento ofi cial no qual podemos expor nossos motivos? E como se faz? Esses são apenas alguns questionamentos que nós fazemos quando nos deparamos com a necessidade de produzir ou ler algum desses documentos. Procuraremos, então, responder a essas indagações e outras que possam ocorrer ao longo da aula.

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Exposição de motivos

Exposição de motivos é um tipo de correspondência originariamente ofi cial, dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-Presidente, mas atualmente já é muito utilizado na área comercial.

Tem como fi nalidade informar sobre um determinado assunto, propor alguma medida ou submeter à consideração de algum projeto de ato normativo.

Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da República por um Ministro de Estado. Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um ministério, a exposição de motivos deve ser assinada por todos os ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de interministerial.

Quando circular na área comercial, a exposição de motivos é destinada ao diretor ou chefe de maior autoridade para sua apreciação.

Para que esse documento seja bem redigido é necessário ter noções de argumentação, como também apresentar as seguintes características que lhes são próprias:

o assunto deve ser resumido e argumentado;

a legislação citada deve ser transcrita;

a conclusão deve ser clara e objetiva.

Estrutura da exposição de motivos

Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação do padrão ofício. De acordo com sua fi nalidade, apresenta duas formas básicas de estrutura: uma para aquela que tem caráter exclusivamente informativo e outra para a que propõe alguma medida ou submete projeto de ato normativo. Vejamos a seguir um exemplo de exposição de motivos que simplesmente leva algum assunto ao conhecimento do Presidente da República, que apresenta, portanto, a estrutura do padrão ofício.

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Exemplo 1

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Exposição de motivos de caráter informativo

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Já a exposição de motivos que submeta à consideração a sugestão de alguma medida a ser adotada ou a que apresente um projeto de ato normativo, segue-se também a estrutura do padrão ofício, além de outros comentários julgados pertinentes por seu autor, quais sejam:

a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da medida ou do ato normativo proposto;

b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e eventuais alternativas existentes para equacioná-lo;

c) na conclusão: novamente, qual medida deve ser tomada, ou qual ato normativo deve ser editado para solucionar o problema.

Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição de motivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte modelo previsto no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28 de março de 2002.

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Anexo à Exposição de Motivos do (indicar nome do Ministério ou órgão

equivalente) no _______, de _____ de ____________ de 20__.

1. Síntese do problema ou da situação que reclama providências

2. Soluções e providências contidas no ato normativo ou na medida proposta

3. Alternativas existentes às medidas propostas

Mencionar:

• se há outro projeto do Executivo sobre a matéria;

• se há projetos sobre a matéria no Legislativo;

• outras possibilidades de resolução do problema.

4. Custos

Mencionar:

• se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orçamentária anual; se não, quais as alternativas para custeá-la;

• se é o caso de solicitar-se abertura de crédito extraordinário, especial ou suplementar;

• valor a ser despendido em moeda corrente.

5. Razões que justifi cam a urgência (a ser preenchido somente se o ato proposto

for medida provisória ou projeto de lei que deva tramitar em regime de urgência)

Mencionar:

• se o problema confi gura calamidade pública;

• por que é indispensável a vigência imediata;

• se se trata de problema cuja causa ou agravamento não tenham sido previstos;

• se se trata de desenvolvimento extraordinário de situação já prevista.

6. Impacto sobre o meio ambiente (sempre que o ato ou medida proposta possa

vir a tê-lo)

7. Alterações propostas

Texto atual Texto proposto

8. Síntese do parecer do órgão jurídico

Fonte

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A falta ou insufi ciência das informações prestadas pode acarretar, a critério da Subchefi a para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, a devolução do projeto de ato normativo para que se complete o exame ou se reformule a proposta.

O preenchimento obrigatório do anexo para as exposições de motivos que proponham a adoção de alguma medida ou a edição de ato normativo tem como fi nalidade:

a) permitir a adequada refl exão sobre o problema que se busca resolver;

b) ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do problema e dos efeitos que pode ter a adoção da medida ou a edição do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas na elaboração de proposições normativas no âmbito do Poder Executivo.

c) conferir perfeita transparência aos atos propostos.

Dessa forma, ao atender às questões que devem ser analisadas na elaboração de atos normativos no âmbito do Poder Executivo, o texto da exposição de motivos e seu anexo complementam-se e formam um todo coeso: no anexo, encontramos uma avaliação profunda e direta de toda a situação que está a reclamar a adoção de certa providência ou a edição de um ato normativo; o problema a ser enfrentado e suas causas; a solução que se propõe, seus efeitos e seus custos; e as alternativas existentes. O texto da exposição de motivos fi ca, assim, reservado à demonstração da necessidade da providência proposta: por que deve ser adotada e como resolverá o problema.

Nos casos em que o ato proposto for questão de pessoal (nomeação, promoção, ascensão, transferência, readaptação, reversão, aproveitamento, reintegração, recondução, remoção, exoneração, demissão, dispensa, disponibilidade, aposentadoria), não é necessário o encaminhamento do formulário de anexo à exposição de motivos.

Ressalte-se que:

a síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico não dispensa o encaminhamento do parecer completo;

o tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão dos comentários a serem ali incluídos.

Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que a atenção aos requisitos básicos da redação ofi cial, as qualidades da escrita estudadas na aula 4 (clareza, concisão, impessoalidade, formalidade, padronização e uso do padrão culto de linguagem) devem ser redobradas. A exposição de motivos é a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos Ministros. Além disso, pode, em

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Exemplo 2

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certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou, ainda, ser publicada no Diário Ofi cial da União, no todo ou em parte.

Lembrar que a autoridade competente despachará a exposição de motivos com uma das seguintes fórmulas: APROVADO – APROVO – ARQUIVE-SE – CONCORDO – EXPEÇA-SE O ATO – SIM.

A seguir, veremos outro exemplo de exposição de motivos: um trecho de uma exposição de motivos fi rmada pelo Diretor Geral do ex-DASP, de julho de 1964:

Exposição de motivos de caráter informativo

Fonte

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1Praticando...

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1. Assinale (V) para as alternativas verdadeiras e (F) para as alternativas falsas.

( ) A exposição de motivos originariamente era destinada ao Presidente da República e ao Vice-Presidente.

( ) Esse gênero segue o padrão ofi cial.

( ) Uma das características da exposição de motivo é apresentar o assunto de maneira extensa e pouco argumentada.

( ) O objetivo da exposição de motivos é propor alguma medida ou submeter à consideração de algum projeto de ato normativo.

( ) Esse documento não pode ser utilizado pela área empresarial.

( ) A linguagem utilizada deve ser sempre clara, concisa, impessoal, informal, padronização e uso não padrão culto de linguagem

2. Justifi que as alternativas que você identifi cou como falsas na questão anterior.

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3. Podemos dizer que este documento é uma exposição de motivos? A sua estrutura está completa ou falta alguma parte? A linguagem utilizada está de acordo? Reescreva o documento, caso esteja faltando algo.

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Parecer

Parecer é a análise de um caso que faz parte de um processo para o qual aponta uma solução favorável ou contrária, através de dispositivos legais e informações. O objetivo do parecer é apenas fornecer os fatos e não interpretá-los.

Na Administração Pública, o parecer, geralmente, é parte integrante de um processo, para o qual aponta soluções favoráveis ou desfavoráveis, precedidas da necessária justifi cativa, com base em dispositivos legais, jurisprudência e informações. É um ato de procedimento administrativo que indica e fundamenta solução que deve ser aplicada ao caso.

Dependendo do assunto tratado, o parecer é classifi cado em dois tipos:

a) Técnico ou científi co: relaciona-se com matéria específi ca.

b) Administrativo: refere-se a casos burocráticos.

Estrutura do parecer

Essa estrutura é comum aos dois tipos de parecer, o que distinguirá cada tipo é o assunto tratado em cada documento.

Timbre em letras maiúsculas: nome da empresa ou instituição

Exemplo: INSTITUTO NACIONAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

Número do parecer e ano

Exemplo: PARECER Nº 72/98

Assunto: ementa

Exemplo: AI nº 00000 de 15/03/98. Cláudio Rodrigues

Contexto: exposição e apreciação da matéria

Exemplo: O autuado contestou sua qualifi cação...

Conclusão: parecer do relator e da comissão (quando houver)

Exemplo: O Sr Fulano de tal se pronuncia pelo...

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Exemplo 3

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Data e assinatura(s)

Exemplo:

Brasília, 5 de junho de 1998

Sr(a) Fulano de tal...

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2Praticando...

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É importante a presença de todos os elementos estruturais do parecer, para que a informação seja organizada de forma clara.

1. Assinale as afi rmativas corretas referentes ao parecer.

( ) O parecer pode ser classifi cado em três tipos: técnico, científi co e administrativo.

( ) O parecer interpreta as informações e os fatos.

( ) Na sua parte estrutural não é necessário colocar a data e o vocativo.

( ) a fi nalidade do parecer é fornecer informações para um determinado processo.

( ) a linguagem do parecer deve ser informal e objetiva.

2. Agora, reescreva as afi rmativas que você não assinalou como corretas, transformando-as em certas.

3. Baseado no que foi estudado, analise o parecer a seguir e reescreva-o se for necessário.

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Leituras complementares

MEDEIROS, J. B., Correspondência: técnicas de comunicação criativa. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

Este livro trás vários exemplos e exercícios práticos sobre os vários gêneros técnicos. Apresenta o conceito e os objetivos de cada um dos gêneros.

ESPÍRITO SANTO (Estado). Prefeitura Municipal de Vitória. Manual de redação ofi cial. 3. ed. Vitória, 2008. Disponível em: <www.vitoria.es.gov.br/secretarias/administracao/Manual_de_Redacao_PMV_18-06-08.pdf>. Acesso em: 29 dez. 2009.

Este site apresenta o manual de redação ofi cial do estado do Espírito Santo. De forma sucinta e clara, o manual mostra diversos exemplos de gêneros técnicos, inclusive de outros gêneros que serão estudados nas próximas aulas.

Estudamos nesta aula os gêneros discursivos exposição de motivos e parecer por meio da análise de alguns exemplos. Vimos que a exposição de motivos é um documento ofi cial dirigido ao Presidente da República ou ao vice, informando sobre um determinado assunto, propor alguma medida ou submeter a consideração de algum projeto de ato normativo. Vimos também que o Parecer é a opinião dada por alguém acerca de determinado assunto. Estudamos ainda as estruturas e a fi nalidade de cada gênero. Por fi m, fi zemos atividades relacionadas aos gêneros focalizados.

1. Baseado no que foi estudado durante a aula, leia o texto que segue e faça o que se pede:

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Podemos dizer que esse documento é um parecer? A sua estrutura está completa ou falta alguma parte? Reescreva o documento, caso esteja faltando algo.

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2. O texto a seguir é uma exposição de motivos? Está com todas as suas partes estruturais? Analise o gênero e justifi que.

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS Nº 37, DE 18.8.2000

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

Submeto à elevada consideração de Vossa Excelência a anexa proposta de Código de Conduta da Alta Administração Federal, elaborado tendo em conta os trabalhos e a importante contribuição da Comissão de Ética Pública - CEP, criada pelo Decreto de 26 de maio de 1999, que, por seus ilustres membros, os Drs. João Geraldo Piquet Carneiro, que a preside, Célio Borja, Celina Vargas do Amaral Peixoto, Lourdes Sola, Miguel Reale Júnior e Roberto Teixeira da Costa, prestou os mais relevantes e inestimáveis serviços no desenvolvimento do tema.

Este Código, antes de tudo, valerá como compromisso moral das autoridades integrantes da Alta Administração Federal com o Chefe de Governo, proporcionando elevado padrão de comportamento ético capaz de assegurar, em todos os casos, a lisura e a transparência dos atos praticados na condução da coisa pública.

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A conduta dessas autoridades, ocupantes dos mais elevados postos da estrutura do Estado, servirá como exemplo a ser seguido pelos demais servidores públicos, que, não obstante sujeitos às diversas normas fi xadoras de condutas exigíveis, tais como o Estatuto do Servidor Público Civil, a Lei de Improbidade e o próprio Código Penal Brasileiro, além de outras de menor hierarquia, ainda assim, sempre se sentirão estimulados por demonstrações e exemplos de seus superiores.

Além disso, é de notar que a insatisfação social com a conduta ética do governo – Executivo, Legislativo e Judiciário – não é um fenômeno exclusivamente brasileiro e circunstancial. De modo geral, todos os países democráticos desenvolvidos, conforme demonstrado em recente estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, enfrentam o crescente ceticismo da opinião pública a respeito do comportamento dos administradores públicos e da classe política. Essa tendência parece estar ligada principalmente a mudanças estruturais do papel do Estado como regulador da atividade econômica e como poder concedente da exploração, por particulares, de serviços públicos antes sob regime de monopólio estatal.

Nesse novo cenário, é natural que a expectativa da sociedade a respeito da conduta do administrador público se tenha tornado mais exigente. E está claro que mais importante do que investigar as causas da insatisfação social é reconhecer que ela existe e se trata de uma questão política intimamente associada ao processo de mudança cultural, econômica e administrativa que o País e o mundo atravessam.

A resposta ao anseio por uma administração pública orientada por valores éticos não se esgota na aprovação de leis mais rigorosas, até porque leis e decretos em vigor já dispõem abundantemente sobre a conduta do servidor público, porém, em termos genéricos ou então a partir de uma ótica apenas penal.

Por essa razão, o aperfeiçoamento da conduta ética do servidor público não é uma questão a ser enfrentada mediante proposição de mais um texto legislativo, que crie novas hipóteses de delito administrativo. Ao contrário, esse aperfeiçoamento decorrerá da explicitação de regras claras de comportamento e do desenvolvimento de uma estratégia específi ca para sua implementação.

Essa tarefa de envergadura deve ter início pelo nível mais alto da Administração – ministros de estado, secretários-executivos, diretores de empresas estatais e de órgãos reguladores – que detém poder decisório.

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Uma vez assegurado o cumprimento do Código de Conduta pelo primeiro escalão do governo, o trabalho de difusão das novas regras nas demais esferas da administração por certo fi cará facilitado.

Outro objetivo é que o Código de Conduta constitua fator de segurança do administrador público, norteando o seu comportamento enquanto no cargo e protegendo-o de acusações infundadas. Na ausência de regras claras e práticas de conduta, corre-se o risco de inibir o cidadão honesto de aceitar cargo público de relevo.

Além disso, buscou-se criar mecanismo ágil de formulação dessas regras e de sua difusão e fi scalização, além de uma instância à qual os administradores possam recorrer em caso de dúvida e de apuração de transgressões – no caso, a Comissão de Ética Pública.

A linguagem do Código é simples e acessível, evitando-se termos jurídicos excessivamente técnicos. O objetivo é assegurar a clareza das regras de conduta do administrador, de modo que a sociedade possa sobre elas exercer o controle inerente ao regime democrático.

Além de comportar-se de acordo com as normas estipuladas, o Código exige que o administrador observe o decoro inerente ao cargo. Ou seja, não basta ser ético; é necessário também parecer ético, em sinal de respeito à sociedade.

A medida proposta visa a melhoria qualitativa dos padrões de conduta da Alta Administração, de modo que esta Exposição de Motivos, uma vez aprovada, juntamente com o anexo Código de Conduta da Alta Administração Federal, poderá informar a atuação das altas autoridades federais, permitindo-me sugerir a publicação de ambos os textos, para imediato conhecimento e aplicação.

Estas, Excelentíssimo Senhor Presidente da República, as razões que fundamentam a proposta que ora submeto à elevada consideração de Vossa Excelência.

Respeitosamente,

PEDRO PARENTEChefe da Casa Civil da Presidência da República

Fonte: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Codigos/codi_conduta/Cod_conduta.htm>. Acesso em: 29 dez. 2009.

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Anotações

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Referências

MARTINS, D. S.; ZILBERKNOP, L. S. Português instrumental: de acordo com as atuais normas da ABNT. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

MENDES, G. F.; FORSTER JUNIOR, N. Manual de redação da Presidência da República. 2. ed. rev. e atual. Brasília: Presidência da República, 2002.

SIGNER, R. Curso prático de redação e gramática. São Paulo: Sivadi Editorial, 2001.

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