redaÇÃo - curso prof. marco antÔnio 01/10/2015 · a maioria dos refugiados sírios que partiram...
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REDAÇÃO - CURSO PROF. MARCO ANTÔNIO 01/10/2015
De onde vêm os refugiados e por quê
Fluxo migratório é o primeiro impacto real da crise síria no
continente europeu (Patrick Cockburn - Independent - 14/09/2015)
LONDRES — Esta é uma era de violência no Oriente Médio e no
norte da África, com nove guerras civis em curso em países islâmicos
entre o Paquistão e a Nigéria. É por isso que tantas pessoas estão
fugindo para salvar suas vidas. Metade das 23 milhões de pessoas
da Síria foi forçada a deixar suas casas, com quatro milhões de
pessoas tendo se refugiado em outros países.
Cerca de 2,6 milhões de iraquianos se deslocaram por conta das
ofensivas do Estado Islâmico (EI) no último ano e ocupam tendas ou
prédios nunca terminados. Despercebidos pelo resto do mundo,
cerca de 1,5 milhão de pessoas deixaram o Sudão do Sul desde que
os conflitos no país foram retomados no final de 2013.
Outras partes do mundo, especialmente o sudeste asiático, se
tornaram mais pacíficas nos últimos 50 anos. Mas, na vasta faixa de
território entre as montanhas do Hindu Kush e a região oeste do Saara, conflitos religiosos, étnicos e separatistas dilaceram países. Em todo
lugar, nações estão entrando em colapso, se enfraquecendo ou sob ataque; e, em muitos destes lugares, insurgências sunitas extremistas
estão crescendo e usando o terror contra a população para provocar fugas em massa.
Outra característica destas guerras é que nenhuma delas demonstra nenhum sinal de fim e, então, as pessoas não podem voltar às suas
casas. A maioria dos refugiados sírios que partiram para a Turquia, para o Líbano e para a Jordânia em 2011 e 2012 acreditava que a guerra na
Síria terminaria em breve e, então, eles poderiam voltar ao país. Foi apenas nos últimos anos que eles perceberam que isso não iria acontecer
e que eles deveriam procurar refúgio em outro lugar. A extensão destas guerras significa a imensa e irreversível destruição de todas as formas
de trabalho e, então, os refugiados, que a princípio só buscavam segurança, também são atraídos pela necessidade econômica.
Estas guerras estão sendo travadas no Afeganistão, no Iraque, na Síria, no sudeste da Turquia, no Iêmen, na Líbia, na Somália, no Sudão e no
nordeste da Nigéria. Algumas delas começaram há muito tempo, como é o caso
da Somália, onde o Estado entrou em colapso em 1991 e nunca foi
completamente reconstruído. Chefes militares, jihadistas extremistas, partidos
rivais e soldados estrangeiros controlam diferentes partes do país.
Mas a maioria destas guerras começou depois de 2001 e muitas só depois de
2011. A guerra civil no Iêmen só ganhou forma no último ano, enquanto a
guerra civil entre turcos e curdos, que matou 40 mil pessoas desde 1984, foi
retomada com ataques aéreos e de guerrilha. E está crescendo rapidamente:
um caminhão de soldados turcos foi explodido no fim de semana por
guerrilheiros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
Quando a Somália desmoronou, processo que uma intervenção militar dos
EUA não conseguiu reverter entre 1992 e 1994, este parecia um evento
marginal, insignificante para o resto do mundo. O país se tornou um "estado falido", frase usada em termos compassivos ou desdenhosos
enquanto a Somália se tornava um reino de piratas, seqüestradores e terroristas da al-Qaeda.
Mas o resto do mundo deveria olhar para tais estados falidos com medo e com angústia, já que são estes lugares — a exemplo do
Afeganistão nos anos 1990 e do Iraque desde 2003 — que incubaram movimentos como o Talibã, a al-Qaeda e o Estado Islâmico. Todos os três
combinam crenças religiosas fanáticas e competências militares. A Somália, um dia, pode ter aparentado ser um caso excepcional, mas a
"somalianisação" acabou sendo o destino de uma série de países, em especial a Líbia, o Iraque e a Síria, onde até pouco tempo atrás as
pessoas tinham alimentos, educação e atendimento de saúde.
Todas as guerras são perigosas e as guerras civis sempre foram notoriamente impiedosas. Os conflitos religiosos são os piores de todos. É o
que está acontecendo com o Oriente Médio e o Norte da África, com o EI — e clones da al-Qaeda, como os grupos Jabhat al-Nusra e Ahrar al-
Sham na Síria — matando ritualmente seus oponentes e justificando suas ações ao apontar o bombardeamento indiscriminado de áreas civis
pelo governo de Assad.
O que é um pouco diferente nestas guerras é que o EI deliberadamente divulga suas atrocidades contra qualquer um a quem considere seu
inimigo. Isso significa que as pessoas arrebatadas nestes conflitos, particularmente depois da declaração do EI em junho do ano passado,
sofrem com uma carga adicional de medo, o que aumenta as chances de eles fugirem e não voltarem mais. A realidade é a mesma para
professores da Universidade de Mosul, no Iraque, e para aldeões da Nigéria, de Camarões ou do Mali. Sem causar surpresa, os avanços do EI
no Iraque produziram grandes ondas de refugiados, que sabem o que vai acontecer se eles não fugirem.
No Iraque e na Síria, estamos de volta a um período de drásticas mudanças demográficas na região, como nunca vistas desde que os
palestinos foram expulsos ou forçados a fugir pelos isralenses em 1948 ou desde que os cristãos foram exterminados ou expulsos do que é
hoje a Turquia moderna na década que seguiu o ano de 1914. Sociedades multi-confessionais no Iraque e na Síria estão se dilacerando com
terríveis consequências. Poderes estrangeiros não sabiam ou não se importavam com quais demônios sectários eles estavam colocando à solta
nestes países com a quebra do antigo status quo.
O ex-conselheiro de segurança do governo iraquiano, Mowaffaq al-Rubaie, costumava dizer aos líderes políticos americanos, que não
hesitavam em sugerir que os problemas comunitários do Iraque poderiam ser resolvidos com a divisão do país, que era necessário entender o
quão sangrento este processo seria. Inevitavelmente, haveria massacres e fugas em massa "semelhantes à partilha da Índia em 1947".
Por que tantos destes Estados estão desmoronando agora e criando grandes fluxos de refugiados? Quais falhas internas ou pressões
externas insustentáveis eles têm em comum? A maioria deles alcançou a auto-determinação quando as potências imperiais se retiraram
depois da Segunda Guerra Mundial. Até o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970, eles eram governados por líderes militares que dirigiam
estados totalitários. Seus monopólios de poder e riqueza eram justificados pela suposta necessidade de estabelecer a ordem pública,
modernizar seus países, ganhar controle dos recursos naturais e resistir às pressões étnicas e sectárias que cresciam a cada nova fissura.
Estes eram geralmente regimes socialistas e nacionalistas de perspectivas seculares. Como as justificativas para o autoritarismo eram
normalmente hipócritas, cheias de interesses e mascaravam a corrupção generalizada pela elite dominante, frequentemente era esquecido
que países como Iraque, Síria e Líbia tinham governos centrais poderosos por um motivo — e poderiam se desintegrar sem estes regimes.
Estes regimes foram se enfraquecendo e entrando em colapso ao longo do Oriente Médio e do Norte da África. O nacionalismo e o
socialismo não oferecem mais a coesão ideológica para manter estados seculares unidos ou para motivar pessoas a lutar por eles até a última
bala, como fazem os fiéis pela imagem fanática e violenta do Islã sunita defendida pelo EI, pelo Jabhat al-Nusra e pelo Ahrar al-Sham.
Autoridades iraquianas admitem que uma das razões para que o exército iraquiano tenha se desintegrado em 2014 e nunca tenha se
reconstituído por completo é que "pouquíssimos iraquianos estão preparados para morrer pelo Iraque."
Grupos sectários como o EI deliberadamente cometem atrocidades contra xiitas e outros na certeza de que isso vai provocar retaliações
contra os sunitas, que vão ficar sem alternativa além de olhar para o EI como seu defensor. O incentivo ao ódio comum é um trabalho a favor
do EI e infecta países como o Iêmen, onde antes existia pouca consciência da divisão sectária, apesar de um terço da população de 25 milhões
pertencer aos xiitas da vertente zaydi.
A probabilidade de uma fuga em massa aumenta ainda mais. No início deste ano, quando corriam rumores de que um ataque do Exército
Iraquiano e da milícia xiita tinha o objetivo de recapturar a cidade sunita de Mosul, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Alto
Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) começaram a reunir alimentos para mais um milhão de pessoas que poderiam vir a deixar suas
casas.
Os europeus ficaram abalados com as imagens do pequeno Alyan Kurdi afogado em uma praia da Turquia e dos famintos sírios que
abarrotavam trens húngaros. Mas, no Oriente Médio, a nova diáspora miserável dos impotentes e despropriados esteve evidente nos últimos
três ou quatro anos. Em maio, eu estava prestes a atravessar o Rio Tigre entre a Síria e o Iraque em um barco com uma mulher curda e sua
família, quando eles foram obrigadas a descer porque uma letra do seu nome estava errada na sua licença.
— Mas eu estou esperando há três dias com a minha família na margem do rio! — ela gritou em desespero. Eu estava a caminho de Erbil, a
capital do Curdistão, que até um ano atrás aspirava ser "a nova Dubai" mas, agora, está repleta de refugiados amontoados em hotéis,
shoppings e bairros de luxo nunca inteiramente construídos.
O que pode ser feito para interromper estes horrores? Talvez a primeira questão seja como nós podemos prevenir que eles fiquem piores,
mantendo em mente que cinco destas nove guerras começaram em 2011. Existe um risco de que, ao atribuir fugas em massa a muitas causas
diversas, como as mudanças climáticas, os líderes políticos responsáveis por estes desastres fiquem livres da pressão pública para agir de
forma eficaz e pôr um fim aos mesmos.
A atual crise de refugiados na Europa é, em grande parte, o primeiro real impacto da guerra civil da Síria no continente. É verdade que a
ausência de segurança na Líbia levou o país a ser hoje o caminho para os países partidos e empobrecidos pela guerra nas proximidades do
Saara. Foi pela costa de 1770 quilômetros da Líbia que 114 mil refugiados percorreram seu caminho até a Itália neste ano, sem contar as
milhares de pessoas que se afogaram no percurso. E, por pior que seja, a situação não é tão diferente do ano passado, quando 112 mil pessoas
usaram esta rota até a Itália.
Muito diferente é a guerra na Síria e no Iraque, que elevou o número de pessoas tentando chegar à Grécia pelo mar de 45 mil a 239 mil no
mesmo período. Por três décadas, o Afeganistão produziu grande número de refugiados, de acordo com o ACNUR; mas, no último ano, a Síria
tomou seu lugar. Hoje, um novo refugiado a cada quatro no mundo é sírio. Uma sociedade inteira foi destruída e o resto do mundo fez muito
pouco para impedir que isso acontecesse. Apesar da recente enxurrada de atividades diplomáticas, nenhum dos atores da crise da Síria mostra
urgência para tentar terminá-la.
A Síria e o Iraque estão no coração da atual crise de refugiados de outra forma, já que é lá que o EI e grupos semelhantes à al-Qaeda
controlam territórios significativos e são capazes de espalhar o veneno sectorial para o resto do mundo islâmico. Eles estimulam gangues de
assassinos que operam, em grande parte, da mesma forma, quer estejam na Nigéria, no Paquistão, no Iêmen ou na Síria. As fugas em massa
vão acontecer enquanto a guerra na Síria e no Iraque continuar.
FONTE: http://oglobo.globo.com/mundo/de-onde-vem-os-refugiados-por-que-17480704
Alemanha pode receber até 1 milhão de refugiados em 2015 (France Presse)
O vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, afirmou nesta segunda-feira (14) que a Alemanha pode receber até um milhão de refugiados em
2015, um número superior à estimativa anterior de 800 mil
"Há muitos sinais que mostram que este ano não teremos que admitir 800 mil refugiados como previu o ministério do Interior, e sim 1
milhão", declarou Gabriel ao site do Partido Social-Democrata, que ele preside.
O número de 800 mil demandantes de asilo para 2015 já constituía um recorde na Europa.
Em entrevista ao jornal Tagesspiegel, Gabriel afirmou que a "inação europeia na crise de refugiados levou a Alemanha ao limite de suas
capacidades".
"O primeiro problema não é o número de refugiados e sim a rapidez com que chegam, o que complica a tarefa dos Estados regionais e das
cidades para recebê-los", disse.
O país anunciou neste domingo (13) a reintrodução provisória de controles nas fronteiras para "conter o fluxo de refugiados que chegam à
Alemanha", com a mobilização de "centenas" de policiais.
"A Alemanha introduz provisoriamente controles em suas fronteiras, em particular com a Áustria", indicou o ministro do Interior da
Alemanha, Thomas de Maizier, em Berlim, depois que nas duas últimas semanas 63.000 imigrantes chegaram a Munique, principal porta de
entrada na Alemanha. "Também é absolutamente necessário por razões de segurança", acrescentou o ministro em uma breve declaração à
imprensa.
Em comunicado, a Comissão Europeia afirmou que a Alemanha parece estar legalmente justificada em restituir controle de fronteiras neste
domingo, especialmente em sua divisa com a Áustria, e disse que isso mostrou a necessidade de os países do bloco definirem uma abordagem
comum à questão dos refugiados.
"A reintrodução temporária dos controles de fronteira entre os estados-membros é uma possibilidade excepcional explicitamente prevista e
regulada pelo código de fronteiras Schengen, em caso de uma situação de crise", disse a Comissão Europeia em comunicado. "A situação atual
na Alemanha, à primeira vista, parece ser uma situação abrangida pelas regras".
FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/alemanha-pode-receber-ate-1-milhao-de-refugiados-em-2015.html
Foto chocante de menino morto revela crueldade de crise migratória. Corpo de garoto foi encontrado em praia turca após naufrágio. Jornal
inglês questiona se poder da imagem fará Europa mudar política. (G1, em São Paulo - 02/09/2015)
As imagens de um menino sírio morto numa praia da Turquia viraram símbolo da crise
migratória que já matou milhares de pessoas do Oriente Médio e da África que tentam chegar à
Europa para escapar de guerras, de perseguições e da pobreza.
O corpo do menino apareceu nesta quarta-feira (2) em Bodrum depois que duas embarcações
com imigrantes naufragaram. Pelo menos nove sírios morreram, segundo a agência AFP -- outros
veículos já citam 12. As duas embarcações haviam partido de Bodrum e tentavam chegar à ilha
grega de Kos, anunciaram as autoridades locais.
A foto virou um dos assuntos mais comentados no Twitter e diversos veículos da imprensa
internacional o destacaram como emblemática da gravidade da situação, até mesmo com
potencial para ser um divisor de águas na política europeia para os imigrantes.
saiba mais
"Se estas imagens com poder extraordinário de uma criança síria morta levada a uma praia
não mudarem as atitudes da Europa com relação aos refugiados, o que mudará?", questiona o
jornal britânico "Independent". As fotos são "um forte lembrete de que, enquanto os líderes
europeus progressivamente tentam impedir refugiados e imigrantes de se acomodarem no continente, mais e mais refugiados estão
morrendo em seu seu desespero para escapar da perseguição e alcançar a segurança", acrescenta.
"The Guardian", outro jornal britânico, disse que as fotos levaram para as casas das pessoas "todo o horror da tragédia humana que vem
acontecendo no litoral da Europa".
O americano "Washington Post" classificou a imagem de "o mais trágico símbolo da crise de refugiados do Mediterrâneo".
Grave crise
O mundo enfrenta a pior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial, segundo organizações como a Anistia Internacional e a
Comissão Europeia. Mais de 350 mil imigrantes atravessaram o Mediterrâneo desde janeiro deste ano e mais de 2.643 pessoas morreram no
mar quando tentavam chegar à Europa, segundo dados da OIM (Organização Internacional para as Migrações).
Quase 220 mil chegaram à Grécia e quase 115 mil, à Itália. Mais de 2 mil chegaram à Espanha e uma centena a Malta. O número no decorrer
de 2015 supera com folga o total de 2014, quando 219 mil migrantes tentaram atravessar o Mediterrâneo.
A maioria dos migrantes que chegam à Grécia por mar são sírios em fuga da guerra em seu país. Entre os que chegaram à Itália, os mais
numerosos são os eritreus.
A travessia do Mediterrâneo é feita em botes ou em embarcações superlotadas, sem os mínimos requisitos de segurança, por traficantes de
pessoas. A viagem pode custar mais de R$ 10 mil por pessoa, o que torna o negócio altamente lucrativo - uma única embarcação pode render
US$ 1 milhão.
Reação da Europa
A chegada de centenas de milhares de imigrantes confundiu a União Europeia, que eliminou todos seus controles fronteiriços para viagens
entre 26 países de sua área, mas requer que as pessoas que buscam asilo permaneçam no país onde chegaram, até que suas aplicações sejam
processadas.
Alguns governos têm se recusado a receber refugiados e resistido a propostas da União Europeia para criar um plano comum para lidar com
a crise.
No sábado (29), a Hungria anunciou que finalizou a construção de uma barreira constituída de três rolos de arame farpado que se estende ao
longo de 175 km da fronteira com a Sérvia. A medida foi criticada pela França. A Comissão Europeia também deixou claro seu desagrado com
a cerca húngara, mas o país não enfrenta sanção por construí-la.
A Alemanha tem tomado algumas iniciativas positivas com relação à acolhida dos refugiados. Inicialmente, o país favoreceu que os sírios
peçam refúgio diretamente à Alemanha após excluí-los do Regulamento de Dublin. Esse regulamento indicava que esse estrangeiro fosse
encaminhado ao país onde migrante ingressou na União Europeia. Países como a Itália e Grécia, por exemplo, têm recebido um número
muito elevado de migrantes que chegam pelo mediterrâneo.
FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/foto-chocante-de-menino-morto-vira-simbolo-da-crise-migratoria-europeia.html
A partir da leitura dos fragmentos de textos colocados abaixo e de seus argumentos sobre o tema, elabore um texto
‘dissertativo-argumentativo’ (entre 25 e 30 linhas), com o uso da norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “A saga dos
refugiados: o caminho entre a fuga e a xenofobia.” Não se esqueça de dar um título a seu texto.
Apresente uma proposta de intervenção. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos em
defesa de um ponto de vista.
Policiais paramilitares turcos
investigam o local onde apareceu o
corpo de uma criança imigrante numa
praia de Bodrum, na Turquia
REDAÇÃO - CURSO PROF. MARCO ANTÔNIO 01/10/2015
De onde vêm os refugiados e por quê
Fluxo migratório é o primeiro impacto real da crise síria no
continente europeu (Patrick Cockburn - Independent - 14/09/2015)
LONDRES — Esta é uma era de violência no Oriente Médio e no
norte da África, com nove guerras civis em curso em países islâmicos
entre o Paquistão e a Nigéria. É por isso que tantas pessoas estão
fugindo para salvar suas vidas. Metade das 23 milhões de pessoas
da Síria foi forçada a deixar suas casas, com quatro milhões de
pessoas tendo se refugiado em outros países.
Cerca de 2,6 milhões de iraquianos se deslocaram por conta das
ofensivas do Estado Islâmico (EI) no último ano e ocupam tendas ou
prédios nunca terminados. Despercebidos pelo resto do mundo,
cerca de 1,5 milhão de pessoas deixaram o Sudão do Sul desde que
os conflitos no país foram retomados no final de 2013.
Outras partes do mundo, especialmente o sudeste asiático, se
tornaram mais pacíficas nos últimos 50 anos. Mas, na vasta faixa de
território entre as montanhas do Hindu Kush e a região oeste do Saara, conflitos religiosos, étnicos e separatistas dilaceram países. Em todo
lugar, nações estão entrando em colapso, se enfraquecendo ou sob ataque; e, em muitos destes lugares, insurgências sunitas extremistas
estão crescendo e usando o terror contra a população para provocar fugas em massa.
Outra característica destas guerras é que nenhuma delas demonstra nenhum sinal de fim e, então, as pessoas não podem voltar às suas
casas. A maioria dos refugiados sírios que partiram para a Turquia, para o Líbano e para a Jordânia em 2011 e 2012 acreditava que a guerra na
Síria terminaria em breve e, então, eles poderiam voltar ao país. Foi apenas nos últimos anos que eles perceberam que isso não iria acontecer
e que eles deveriam procurar refúgio em outro lugar. A extensão destas guerras significa a imensa e irreversível destruição de todas as formas
de trabalho e, então, os refugiados, que a princípio só buscavam segurança, também são atraídos pela necessidade econômica.
Estas guerras estão sendo travadas no Afeganistão, no Iraque, na Síria, no sudeste da Turquia, no Iêmen, na Líbia, na Somália, no Sudão e no
nordeste da Nigéria. Algumas delas começaram há muito tempo, como é o caso
da Somália, onde o Estado entrou em colapso em 1991 e nunca foi
completamente reconstruído. Chefes militares, jihadistas extremistas, partidos
rivais e soldados estrangeiros controlam diferentes partes do país.
Mas a maioria destas guerras começou depois de 2001 e muitas só depois de
2011. A guerra civil no Iêmen só ganhou forma no último ano, enquanto a
guerra civil entre turcos e curdos, que matou 40 mil pessoas desde 1984, foi
retomada com ataques aéreos e de guerrilha. E está crescendo rapidamente:
um caminhão de soldados turcos foi explodido no fim de semana por
guerrilheiros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
Quando a Somália desmoronou, processo que uma intervenção militar dos
EUA não conseguiu reverter entre 1992 e 1994, este parecia um evento
marginal, insignificante para o resto do mundo. O país se tornou um "estado falido", frase usada em termos compassivos ou desdenhosos
enquanto a Somália se tornava um reino de piratas, seqüestradores e terroristas da al-Qaeda.
Mas o resto do mundo deveria olhar para tais estados falidos com medo e com angústia, já que são estes lugares — a exemplo do
Afeganistão nos anos 1990 e do Iraque desde 2003 — que incubaram movimentos como o Talibã, a al-Qaeda e o Estado Islâmico. Todos os três
combinam crenças religiosas fanáticas e competências militares. A Somália, um dia, pode ter aparentado ser um caso excepcional, mas a
"somalianisação" acabou sendo o destino de uma série de países, em especial a Líbia, o Iraque e a Síria, onde até pouco tempo atrás as
pessoas tinham alimentos, educação e atendimento de saúde.
Todas as guerras são perigosas e as guerras civis sempre foram notoriamente impiedosas. Os conflitos religiosos são os piores de todos. É o
que está acontecendo com o Oriente Médio e o Norte da África, com o EI — e clones da al-Qaeda, como os grupos Jabhat al-Nusra e Ahrar al-
Sham na Síria — matando ritualmente seus oponentes e justificando suas ações ao apontar o bombardeamento indiscriminado de áreas civis
pelo governo de Assad.
O que é um pouco diferente nestas guerras é que o EI deliberadamente divulga suas atrocidades contra qualquer um a quem considere seu
inimigo. Isso significa que as pessoas arrebatadas nestes conflitos, particularmente depois da declaração do EI em junho do ano passado,
sofrem com uma carga adicional de medo, o que aumenta as chances de eles fugirem e não voltarem mais. A realidade é a mesma para
professores da Universidade de Mosul, no Iraque, e para aldeões da Nigéria, de Camarões ou do Mali. Sem causar surpresa, os avanços do EI
no Iraque produziram grandes ondas de refugiados, que sabem o que vai acontecer se eles não fugirem.
No Iraque e na Síria, estamos de volta a um período de drásticas mudanças demográficas na região, como nunca vistas desde que os
palestinos foram expulsos ou forçados a fugir pelos isralenses em 1948 ou desde que os cristãos foram exterminados ou expulsos do que é
hoje a Turquia moderna na década que seguiu o ano de 1914. Sociedades multi-confessionais no Iraque e na Síria estão se dilacerando com
terríveis consequências. Poderes estrangeiros não sabiam ou não se importavam com quais demônios sectários eles estavam colocando à solta
nestes países com a quebra do antigo status quo.
O ex-conselheiro de segurança do governo iraquiano, Mowaffaq al-Rubaie, costumava dizer aos líderes políticos americanos, que não
hesitavam em sugerir que os problemas comunitários do Iraque poderiam ser resolvidos com a divisão do país, que era necessário entender o
quão sangrento este processo seria. Inevitavelmente, haveria massacres e fugas em massa "semelhantes à partilha da Índia em 1947".
Por que tantos destes Estados estão desmoronando agora e criando grandes fluxos de refugiados? Quais falhas internas ou pressões
externas insustentáveis eles têm em comum? A maioria deles alcançou a auto-determinação quando as potências imperiais se retiraram
depois da Segunda Guerra Mundial. Até o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970, eles eram governados por líderes militares que dirigiam
estados totalitários. Seus monopólios de poder e riqueza eram justificados pela suposta necessidade de estabelecer a ordem pública,
modernizar seus países, ganhar controle dos recursos naturais e resistir às pressões étnicas e sectárias que cresciam a cada nova fissura.
Estes eram geralmente regimes socialistas e nacionalistas de perspectivas seculares. Como as justificativas para o autoritarismo eram
normalmente hipócritas, cheias de interesses e mascaravam a corrupção generalizada pela elite dominante, frequentemente era esquecido
que países como Iraque, Síria e Líbia tinham governos centrais poderosos por um motivo — e poderiam se desintegrar sem estes regimes.
Estes regimes foram se enfraquecendo e entrando em colapso ao longo do Oriente Médio e do Norte da África. O nacionalismo e o
socialismo não oferecem mais a coesão ideológica para manter estados seculares unidos ou para motivar pessoas a lutar por eles até a última
bala, como fazem os fiéis pela imagem fanática e violenta do Islã sunita defendida pelo EI, pelo Jabhat al-Nusra e pelo Ahrar al-Sham.
Autoridades iraquianas admitem que uma das razões para que o exército iraquiano tenha se desintegrado em 2014 e nunca tenha se
reconstituído por completo é que "pouquíssimos iraquianos estão preparados para morrer pelo Iraque."
Grupos sectários como o EI deliberadamente cometem atrocidades contra xiitas e outros na certeza de que isso vai provocar retaliações
contra os sunitas, que vão ficar sem alternativa além de olhar para o EI como seu defensor. O incentivo ao ódio comum é um trabalho a favor
do EI e infecta países como o Iêmen, onde antes existia pouca consciência da divisão sectária, apesar de um terço da população de 25 milhões
pertencer aos xiitas da vertente zaydi.
A probabilidade de uma fuga em massa aumenta ainda mais. No início deste ano, quando corriam rumores de que um ataque do Exército
Iraquiano e da milícia xiita tinha o objetivo de recapturar a cidade sunita de Mosul, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Alto
Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) começaram a reunir alimentos para mais um milhão de pessoas que poderiam vir a deixar suas
casas.
Os europeus ficaram abalados com as imagens do pequeno Alyan Kurdi afogado em uma praia da Turquia e dos famintos sírios que
abarrotavam trens húngaros. Mas, no Oriente Médio, a nova diáspora miserável dos impotentes e despropriados esteve evidente nos últimos
três ou quatro anos. Em maio, eu estava prestes a atravessar o Rio Tigre entre a Síria e o Iraque em um barco com uma mulher curda e sua
família, quando eles foram obrigadas a descer porque uma letra do seu nome estava errada na sua licença.
— Mas eu estou esperando há três dias com a minha família na margem do rio! — ela gritou em desespero. Eu estava a caminho de Erbil, a
capital do Curdistão, que até um ano atrás aspirava ser "a nova Dubai" mas, agora, está repleta de refugiados amontoados em hotéis,
shoppings e bairros de luxo nunca inteiramente construídos.
O que pode ser feito para interromper estes horrores? Talvez a primeira questão seja como nós podemos prevenir que eles fiquem piores,
mantendo em mente que cinco destas nove guerras começaram em 2011. Existe um risco de que, ao atribuir fugas em massa a muitas causas
diversas, como as mudanças climáticas, os líderes políticos responsáveis por estes desastres fiquem livres da pressão pública para agir de
forma eficaz e pôr um fim aos mesmos.
A atual crise de refugiados na Europa é, em grande parte, o primeiro real impacto da guerra civil da Síria no continente. É verdade que a
ausência de segurança na Líbia levou o país a ser hoje o caminho para os países partidos e empobrecidos pela guerra nas proximidades do
Saara. Foi pela costa de 1770 quilômetros da Líbia que 114 mil refugiados percorreram seu caminho até a Itália neste ano, sem contar as
milhares de pessoas que se afogaram no percurso. E, por pior que seja, a situação não é tão diferente do ano passado, quando 112 mil pessoas
usaram esta rota até a Itália.
Muito diferente é a guerra na Síria e no Iraque, que elevou o número de pessoas tentando chegar à Grécia pelo mar de 45 mil a 239 mil no
mesmo período. Por três décadas, o Afeganistão produziu grande número de refugiados, de acordo com o ACNUR; mas, no último ano, a Síria
tomou seu lugar. Hoje, um novo refugiado a cada quatro no mundo é sírio. Uma sociedade inteira foi destruída e o resto do mundo fez muito
pouco para impedir que isso acontecesse. Apesar da recente enxurrada de atividades diplomáticas, nenhum dos atores da crise da Síria mostra
urgência para tentar terminá-la.
A Síria e o Iraque estão no coração da atual crise de refugiados de outra forma, já que é lá que o EI e grupos semelhantes à al-Qaeda
controlam territórios significativos e são capazes de espalhar o veneno sectorial para o resto do mundo islâmico. Eles estimulam gangues de
assassinos que operam, em grande parte, da mesma forma, quer estejam na Nigéria, no Paquistão, no Iêmen ou na Síria. As fugas em massa
vão acontecer enquanto a guerra na Síria e no Iraque continuar.
FONTE: http://oglobo.globo.com/mundo/de-onde-vem-os-refugiados-por-que-17480704
Alemanha pode receber até 1 milhão de refugiados em 2015 (France Presse)
O vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, afirmou nesta segunda-feira (14) que a Alemanha pode receber até um milhão de refugiados em
2015, um número superior à estimativa anterior de 800 mil
"Há muitos sinais que mostram que este ano não teremos que admitir 800 mil refugiados como previu o ministério do Interior, e sim 1
milhão", declarou Gabriel ao site do Partido Social-Democrata, que ele preside.
O número de 800 mil demandantes de asilo para 2015 já constituía um recorde na Europa.
Em entrevista ao jornal Tagesspiegel, Gabriel afirmou que a "inação europeia na crise de refugiados levou a Alemanha ao limite de suas
capacidades".
"O primeiro problema não é o número de refugiados e sim a rapidez com que chegam, o que complica a tarefa dos Estados regionais e das
cidades para recebê-los", disse.
O país anunciou neste domingo (13) a reintrodução provisória de controles nas fronteiras para "conter o fluxo de refugiados que chegam à
Alemanha", com a mobilização de "centenas" de policiais.
"A Alemanha introduz provisoriamente controles em suas fronteiras, em particular com a Áustria", indicou o ministro do Interior da
Alemanha, Thomas de Maizier, em Berlim, depois que nas duas últimas semanas 63.000 imigrantes chegaram a Munique, principal porta de
entrada na Alemanha. "Também é absolutamente necessário por razões de segurança", acrescentou o ministro em uma breve declaração à
imprensa.
Em comunicado, a Comissão Europeia afirmou que a Alemanha parece estar legalmente justificada em restituir controle de fronteiras neste
domingo, especialmente em sua divisa com a Áustria, e disse que isso mostrou a necessidade de os países do bloco definirem uma abordagem
comum à questão dos refugiados.
"A reintrodução temporária dos controles de fronteira entre os estados-membros é uma possibilidade excepcional explicitamente prevista e
regulada pelo código de fronteiras Schengen, em caso de uma situação de crise", disse a Comissão Europeia em comunicado. "A situação atual
na Alemanha, à primeira vista, parece ser uma situação abrangida pelas regras".
FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/alemanha-pode-receber-ate-1-milhao-de-refugiados-em-2015.html
Foto chocante de menino morto revela crueldade de crise migratória. Corpo de garoto foi encontrado em praia turca após naufrágio. Jornal
inglês questiona se poder da imagem fará Europa mudar política. (G1, em São Paulo - 02/09/2015)
As imagens de um menino sírio morto numa praia da Turquia viraram símbolo da crise
migratória que já matou milhares de pessoas do Oriente Médio e da África que tentam chegar à
Europa para escapar de guerras, de perseguições e da pobreza.
O corpo do menino apareceu nesta quarta-feira (2) em Bodrum depois que duas embarcações
com imigrantes naufragaram. Pelo menos nove sírios morreram, segundo a agência AFP -- outros
veículos já citam 12. As duas embarcações haviam partido de Bodrum e tentavam chegar à ilha
grega de Kos, anunciaram as autoridades locais.
A foto virou um dos assuntos mais comentados no Twitter e diversos veículos da imprensa
internacional o destacaram como emblemática da gravidade da situação, até mesmo com
potencial para ser um divisor de águas na política europeia para os imigrantes.
saiba mais
"Se estas imagens com poder extraordinário de uma criança síria morta levada a uma praia
não mudarem as atitudes da Europa com relação aos refugiados, o que mudará?", questiona o
jornal britânico "Independent". As fotos são "um forte lembrete de que, enquanto os líderes
europeus progressivamente tentam impedir refugiados e imigrantes de se acomodarem no continente, mais e mais refugiados estão
morrendo em seu seu desespero para escapar da perseguição e alcançar a segurança", acrescenta.
"The Guardian", outro jornal britânico, disse que as fotos levaram para as casas das pessoas "todo o horror da tragédia humana que vem
acontecendo no litoral da Europa".
O americano "Washington Post" classificou a imagem de "o mais trágico símbolo da crise de refugiados do Mediterrâneo".
Grave crise
O mundo enfrenta a pior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial, segundo organizações como a Anistia Internacional e a
Comissão Europeia. Mais de 350 mil imigrantes atravessaram o Mediterrâneo desde janeiro deste ano e mais de 2.643 pessoas morreram no
mar quando tentavam chegar à Europa, segundo dados da OIM (Organização Internacional para as Migrações).
Quase 220 mil chegaram à Grécia e quase 115 mil, à Itália. Mais de 2 mil chegaram à Espanha e uma centena a Malta. O número no decorrer
de 2015 supera com folga o total de 2014, quando 219 mil migrantes tentaram atravessar o Mediterrâneo.
A maioria dos migrantes que chegam à Grécia por mar são sírios em fuga da guerra em seu país. Entre os que chegaram à Itália, os mais
numerosos são os eritreus.
A travessia do Mediterrâneo é feita em botes ou em embarcações superlotadas, sem os mínimos requisitos de segurança, por traficantes de
pessoas. A viagem pode custar mais de R$ 10 mil por pessoa, o que torna o negócio altamente lucrativo - uma única embarcação pode render
US$ 1 milhão.
Reação da Europa
A chegada de centenas de milhares de imigrantes confundiu a União Europeia, que eliminou todos seus controles fronteiriços para viagens
entre 26 países de sua área, mas requer que as pessoas que buscam asilo permaneçam no país onde chegaram, até que suas aplicações sejam
processadas.
Alguns governos têm se recusado a receber refugiados e resistido a propostas da União Europeia para criar um plano comum para lidar com
a crise.
No sábado (29), a Hungria anunciou que finalizou a construção de uma barreira constituída de três rolos de arame farpado que se estende ao
longo de 175 km da fronteira com a Sérvia. A medida foi criticada pela França. A Comissão Europeia também deixou claro seu desagrado com
a cerca húngara, mas o país não enfrenta sanção por construí-la.
A Alemanha tem tomado algumas iniciativas positivas com relação à acolhida dos refugiados. Inicialmente, o país favoreceu que os sírios
peçam refúgio diretamente à Alemanha após excluí-los do Regulamento de Dublin. Esse regulamento indicava que esse estrangeiro fosse
encaminhado ao país onde migrante ingressou na União Europeia. Países como a Itália e Grécia, por exemplo, têm recebido um número
muito elevado de migrantes que chegam pelo mediterrâneo.
FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/foto-chocante-de-menino-morto-vira-simbolo-da-crise-migratoria-europeia.html
A partir da leitura dos fragmentos de textos colocados abaixo e de seus argumentos sobre o tema, elabore um texto
‘dissertativo-argumentativo’ (entre 25 e 30 linhas), com o uso da norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “A saga dos
refugiados: o caminho entre a fuga e a xenofobia.” Não se esqueça de dar um título a seu texto.
Apresente uma proposta de intervenção. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos em
defesa de um ponto de vista.
Policiais paramilitares turcos
investigam o local onde apareceu o
corpo de uma criança imigrante numa
praia de Bodrum, na Turquia
REDAÇÃO - CURSO PROF. MARCO ANTÔNIO 01/10/2015
De onde vêm os refugiados e por quê
Fluxo migratório é o primeiro impacto real da crise síria no
continente europeu (Patrick Cockburn - Independent - 14/09/2015)
LONDRES — Esta é uma era de violência no Oriente Médio e no
norte da África, com nove guerras civis em curso em países islâmicos
entre o Paquistão e a Nigéria. É por isso que tantas pessoas estão
fugindo para salvar suas vidas. Metade das 23 milhões de pessoas
da Síria foi forçada a deixar suas casas, com quatro milhões de
pessoas tendo se refugiado em outros países.
Cerca de 2,6 milhões de iraquianos se deslocaram por conta das
ofensivas do Estado Islâmico (EI) no último ano e ocupam tendas ou
prédios nunca terminados. Despercebidos pelo resto do mundo,
cerca de 1,5 milhão de pessoas deixaram o Sudão do Sul desde que
os conflitos no país foram retomados no final de 2013.
Outras partes do mundo, especialmente o sudeste asiático, se
tornaram mais pacíficas nos últimos 50 anos. Mas, na vasta faixa de
território entre as montanhas do Hindu Kush e a região oeste do Saara, conflitos religiosos, étnicos e separatistas dilaceram países. Em todo
lugar, nações estão entrando em colapso, se enfraquecendo ou sob ataque; e, em muitos destes lugares, insurgências sunitas extremistas
estão crescendo e usando o terror contra a população para provocar fugas em massa.
Outra característica destas guerras é que nenhuma delas demonstra nenhum sinal de fim e, então, as pessoas não podem voltar às suas
casas. A maioria dos refugiados sírios que partiram para a Turquia, para o Líbano e para a Jordânia em 2011 e 2012 acreditava que a guerra na
Síria terminaria em breve e, então, eles poderiam voltar ao país. Foi apenas nos últimos anos que eles perceberam que isso não iria acontecer
e que eles deveriam procurar refúgio em outro lugar. A extensão destas guerras significa a imensa e irreversível destruição de todas as formas
de trabalho e, então, os refugiados, que a princípio só buscavam segurança, também são atraídos pela necessidade econômica.
Estas guerras estão sendo travadas no Afeganistão, no Iraque, na Síria, no sudeste da Turquia, no Iêmen, na Líbia, na Somália, no Sudão e no
nordeste da Nigéria. Algumas delas começaram há muito tempo, como é o caso
da Somália, onde o Estado entrou em colapso em 1991 e nunca foi
completamente reconstruído. Chefes militares, jihadistas extremistas, partidos
rivais e soldados estrangeiros controlam diferentes partes do país.
Mas a maioria destas guerras começou depois de 2001 e muitas só depois de
2011. A guerra civil no Iêmen só ganhou forma no último ano, enquanto a
guerra civil entre turcos e curdos, que matou 40 mil pessoas desde 1984, foi
retomada com ataques aéreos e de guerrilha. E está crescendo rapidamente:
um caminhão de soldados turcos foi explodido no fim de semana por
guerrilheiros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
Quando a Somália desmoronou, processo que uma intervenção militar dos
EUA não conseguiu reverter entre 1992 e 1994, este parecia um evento
marginal, insignificante para o resto do mundo. O país se tornou um "estado falido", frase usada em termos compassivos ou desdenhosos
enquanto a Somália se tornava um reino de piratas, seqüestradores e terroristas da al-Qaeda.
Mas o resto do mundo deveria olhar para tais estados falidos com medo e com angústia, já que são estes lugares — a exemplo do
Afeganistão nos anos 1990 e do Iraque desde 2003 — que incubaram movimentos como o Talibã, a al-Qaeda e o Estado Islâmico. Todos os três
combinam crenças religiosas fanáticas e competências militares. A Somália, um dia, pode ter aparentado ser um caso excepcional, mas a
"somalianisação" acabou sendo o destino de uma série de países, em especial a Líbia, o Iraque e a Síria, onde até pouco tempo atrás as
pessoas tinham alimentos, educação e atendimento de saúde.
Todas as guerras são perigosas e as guerras civis sempre foram notoriamente impiedosas. Os conflitos religiosos são os piores de todos. É o
que está acontecendo com o Oriente Médio e o Norte da África, com o EI — e clones da al-Qaeda, como os grupos Jabhat al-Nusra e Ahrar al-
Sham na Síria — matando ritualmente seus oponentes e justificando suas ações ao apontar o bombardeamento indiscriminado de áreas civis
pelo governo de Assad.
O que é um pouco diferente nestas guerras é que o EI deliberadamente divulga suas atrocidades contra qualquer um a quem considere seu
inimigo. Isso significa que as pessoas arrebatadas nestes conflitos, particularmente depois da declaração do EI em junho do ano passado,
sofrem com uma carga adicional de medo, o que aumenta as chances de eles fugirem e não voltarem mais. A realidade é a mesma para
professores da Universidade de Mosul, no Iraque, e para aldeões da Nigéria, de Camarões ou do Mali. Sem causar surpresa, os avanços do EI
no Iraque produziram grandes ondas de refugiados, que sabem o que vai acontecer se eles não fugirem.
No Iraque e na Síria, estamos de volta a um período de drásticas mudanças demográficas na região, como nunca vistas desde que os
palestinos foram expulsos ou forçados a fugir pelos isralenses em 1948 ou desde que os cristãos foram exterminados ou expulsos do que é
hoje a Turquia moderna na década que seguiu o ano de 1914. Sociedades multi-confessionais no Iraque e na Síria estão se dilacerando com
terríveis consequências. Poderes estrangeiros não sabiam ou não se importavam com quais demônios sectários eles estavam colocando à solta
nestes países com a quebra do antigo status quo.
O ex-conselheiro de segurança do governo iraquiano, Mowaffaq al-Rubaie, costumava dizer aos líderes políticos americanos, que não
hesitavam em sugerir que os problemas comunitários do Iraque poderiam ser resolvidos com a divisão do país, que era necessário entender o
quão sangrento este processo seria. Inevitavelmente, haveria massacres e fugas em massa "semelhantes à partilha da Índia em 1947".
Por que tantos destes Estados estão desmoronando agora e criando grandes fluxos de refugiados? Quais falhas internas ou pressões
externas insustentáveis eles têm em comum? A maioria deles alcançou a auto-determinação quando as potências imperiais se retiraram
depois da Segunda Guerra Mundial. Até o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970, eles eram governados por líderes militares que dirigiam
estados totalitários. Seus monopólios de poder e riqueza eram justificados pela suposta necessidade de estabelecer a ordem pública,
modernizar seus países, ganhar controle dos recursos naturais e resistir às pressões étnicas e sectárias que cresciam a cada nova fissura.
Estes eram geralmente regimes socialistas e nacionalistas de perspectivas seculares. Como as justificativas para o autoritarismo eram
normalmente hipócritas, cheias de interesses e mascaravam a corrupção generalizada pela elite dominante, frequentemente era esquecido
que países como Iraque, Síria e Líbia tinham governos centrais poderosos por um motivo — e poderiam se desintegrar sem estes regimes.
Estes regimes foram se enfraquecendo e entrando em colapso ao longo do Oriente Médio e do Norte da África. O nacionalismo e o
socialismo não oferecem mais a coesão ideológica para manter estados seculares unidos ou para motivar pessoas a lutar por eles até a última
bala, como fazem os fiéis pela imagem fanática e violenta do Islã sunita defendida pelo EI, pelo Jabhat al-Nusra e pelo Ahrar al-Sham.
Autoridades iraquianas admitem que uma das razões para que o exército iraquiano tenha se desintegrado em 2014 e nunca tenha se
reconstituído por completo é que "pouquíssimos iraquianos estão preparados para morrer pelo Iraque."
Grupos sectários como o EI deliberadamente cometem atrocidades contra xiitas e outros na certeza de que isso vai provocar retaliações
contra os sunitas, que vão ficar sem alternativa além de olhar para o EI como seu defensor. O incentivo ao ódio comum é um trabalho a favor
do EI e infecta países como o Iêmen, onde antes existia pouca consciência da divisão sectária, apesar de um terço da população de 25 milhões
pertencer aos xiitas da vertente zaydi.
A probabilidade de uma fuga em massa aumenta ainda mais. No início deste ano, quando corriam rumores de que um ataque do Exército
Iraquiano e da milícia xiita tinha o objetivo de recapturar a cidade sunita de Mosul, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Alto
Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) começaram a reunir alimentos para mais um milhão de pessoas que poderiam vir a deixar suas
casas.
Os europeus ficaram abalados com as imagens do pequeno Alyan Kurdi afogado em uma praia da Turquia e dos famintos sírios que
abarrotavam trens húngaros. Mas, no Oriente Médio, a nova diáspora miserável dos impotentes e despropriados esteve evidente nos últimos
três ou quatro anos. Em maio, eu estava prestes a atravessar o Rio Tigre entre a Síria e o Iraque em um barco com uma mulher curda e sua
família, quando eles foram obrigadas a descer porque uma letra do seu nome estava errada na sua licença.
— Mas eu estou esperando há três dias com a minha família na margem do rio! — ela gritou em desespero. Eu estava a caminho de Erbil, a
capital do Curdistão, que até um ano atrás aspirava ser "a nova Dubai" mas, agora, está repleta de refugiados amontoados em hotéis,
shoppings e bairros de luxo nunca inteiramente construídos.
O que pode ser feito para interromper estes horrores? Talvez a primeira questão seja como nós podemos prevenir que eles fiquem piores,
mantendo em mente que cinco destas nove guerras começaram em 2011. Existe um risco de que, ao atribuir fugas em massa a muitas causas
diversas, como as mudanças climáticas, os líderes políticos responsáveis por estes desastres fiquem livres da pressão pública para agir de
forma eficaz e pôr um fim aos mesmos.
A atual crise de refugiados na Europa é, em grande parte, o primeiro real impacto da guerra civil da Síria no continente. É verdade que a
ausência de segurança na Líbia levou o país a ser hoje o caminho para os países partidos e empobrecidos pela guerra nas proximidades do
Saara. Foi pela costa de 1770 quilômetros da Líbia que 114 mil refugiados percorreram seu caminho até a Itália neste ano, sem contar as
milhares de pessoas que se afogaram no percurso. E, por pior que seja, a situação não é tão diferente do ano passado, quando 112 mil pessoas
usaram esta rota até a Itália.
Muito diferente é a guerra na Síria e no Iraque, que elevou o número de pessoas tentando chegar à Grécia pelo mar de 45 mil a 239 mil no
mesmo período. Por três décadas, o Afeganistão produziu grande número de refugiados, de acordo com o ACNUR; mas, no último ano, a Síria
tomou seu lugar. Hoje, um novo refugiado a cada quatro no mundo é sírio. Uma sociedade inteira foi destruída e o resto do mundo fez muito
pouco para impedir que isso acontecesse. Apesar da recente enxurrada de atividades diplomáticas, nenhum dos atores da crise da Síria mostra
urgência para tentar terminá-la.
A Síria e o Iraque estão no coração da atual crise de refugiados de outra forma, já que é lá que o EI e grupos semelhantes à al-Qaeda
controlam territórios significativos e são capazes de espalhar o veneno sectorial para o resto do mundo islâmico. Eles estimulam gangues de
assassinos que operam, em grande parte, da mesma forma, quer estejam na Nigéria, no Paquistão, no Iêmen ou na Síria. As fugas em massa
vão acontecer enquanto a guerra na Síria e no Iraque continuar.
FONTE: http://oglobo.globo.com/mundo/de-onde-vem-os-refugiados-por-que-17480704
Alemanha pode receber até 1 milhão de refugiados em 2015 (France Presse)
O vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, afirmou nesta segunda-feira (14) que a Alemanha pode receber até um milhão de refugiados em
2015, um número superior à estimativa anterior de 800 mil
"Há muitos sinais que mostram que este ano não teremos que admitir 800 mil refugiados como previu o ministério do Interior, e sim 1
milhão", declarou Gabriel ao site do Partido Social-Democrata, que ele preside.
O número de 800 mil demandantes de asilo para 2015 já constituía um recorde na Europa.
Em entrevista ao jornal Tagesspiegel, Gabriel afirmou que a "inação europeia na crise de refugiados levou a Alemanha ao limite de suas
capacidades".
"O primeiro problema não é o número de refugiados e sim a rapidez com que chegam, o que complica a tarefa dos Estados regionais e das
cidades para recebê-los", disse.
O país anunciou neste domingo (13) a reintrodução provisória de controles nas fronteiras para "conter o fluxo de refugiados que chegam à
Alemanha", com a mobilização de "centenas" de policiais.
"A Alemanha introduz provisoriamente controles em suas fronteiras, em particular com a Áustria", indicou o ministro do Interior da
Alemanha, Thomas de Maizier, em Berlim, depois que nas duas últimas semanas 63.000 imigrantes chegaram a Munique, principal porta de
entrada na Alemanha. "Também é absolutamente necessário por razões de segurança", acrescentou o ministro em uma breve declaração à
imprensa.
Em comunicado, a Comissão Europeia afirmou que a Alemanha parece estar legalmente justificada em restituir controle de fronteiras neste
domingo, especialmente em sua divisa com a Áustria, e disse que isso mostrou a necessidade de os países do bloco definirem uma abordagem
comum à questão dos refugiados.
"A reintrodução temporária dos controles de fronteira entre os estados-membros é uma possibilidade excepcional explicitamente prevista e
regulada pelo código de fronteiras Schengen, em caso de uma situação de crise", disse a Comissão Europeia em comunicado. "A situação atual
na Alemanha, à primeira vista, parece ser uma situação abrangida pelas regras".
FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/alemanha-pode-receber-ate-1-milhao-de-refugiados-em-2015.html
Foto chocante de menino morto revela crueldade de crise migratória. Corpo de garoto foi encontrado em praia turca após naufrágio. Jornal
inglês questiona se poder da imagem fará Europa mudar política. (G1, em São Paulo - 02/09/2015)
As imagens de um menino sírio morto numa praia da Turquia viraram símbolo da crise
migratória que já matou milhares de pessoas do Oriente Médio e da África que tentam chegar à
Europa para escapar de guerras, de perseguições e da pobreza.
O corpo do menino apareceu nesta quarta-feira (2) em Bodrum depois que duas embarcações
com imigrantes naufragaram. Pelo menos nove sírios morreram, segundo a agência AFP -- outros
veículos já citam 12. As duas embarcações haviam partido de Bodrum e tentavam chegar à ilha
grega de Kos, anunciaram as autoridades locais.
A foto virou um dos assuntos mais comentados no Twitter e diversos veículos da imprensa
internacional o destacaram como emblemática da gravidade da situação, até mesmo com
potencial para ser um divisor de águas na política europeia para os imigrantes.
saiba mais
"Se estas imagens com poder extraordinário de uma criança síria morta levada a uma praia
não mudarem as atitudes da Europa com relação aos refugiados, o que mudará?", questiona o
jornal britânico "Independent". As fotos são "um forte lembrete de que, enquanto os líderes
europeus progressivamente tentam impedir refugiados e imigrantes de se acomodarem no continente, mais e mais refugiados estão
morrendo em seu seu desespero para escapar da perseguição e alcançar a segurança", acrescenta.
"The Guardian", outro jornal britânico, disse que as fotos levaram para as casas das pessoas "todo o horror da tragédia humana que vem
acontecendo no litoral da Europa".
O americano "Washington Post" classificou a imagem de "o mais trágico símbolo da crise de refugiados do Mediterrâneo".
Grave crise
O mundo enfrenta a pior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial, segundo organizações como a Anistia Internacional e a
Comissão Europeia. Mais de 350 mil imigrantes atravessaram o Mediterrâneo desde janeiro deste ano e mais de 2.643 pessoas morreram no
mar quando tentavam chegar à Europa, segundo dados da OIM (Organização Internacional para as Migrações).
Quase 220 mil chegaram à Grécia e quase 115 mil, à Itália. Mais de 2 mil chegaram à Espanha e uma centena a Malta. O número no decorrer
de 2015 supera com folga o total de 2014, quando 219 mil migrantes tentaram atravessar o Mediterrâneo.
A maioria dos migrantes que chegam à Grécia por mar são sírios em fuga da guerra em seu país. Entre os que chegaram à Itália, os mais
numerosos são os eritreus.
A travessia do Mediterrâneo é feita em botes ou em embarcações superlotadas, sem os mínimos requisitos de segurança, por traficantes de
pessoas. A viagem pode custar mais de R$ 10 mil por pessoa, o que torna o negócio altamente lucrativo - uma única embarcação pode render
US$ 1 milhão.
Reação da Europa
A chegada de centenas de milhares de imigrantes confundiu a União Europeia, que eliminou todos seus controles fronteiriços para viagens
entre 26 países de sua área, mas requer que as pessoas que buscam asilo permaneçam no país onde chegaram, até que suas aplicações sejam
processadas.
Alguns governos têm se recusado a receber refugiados e resistido a propostas da União Europeia para criar um plano comum para lidar com
a crise.
No sábado (29), a Hungria anunciou que finalizou a construção de uma barreira constituída de três rolos de arame farpado que se estende ao
longo de 175 km da fronteira com a Sérvia. A medida foi criticada pela França. A Comissão Europeia também deixou claro seu desagrado com
a cerca húngara, mas o país não enfrenta sanção por construí-la.
A Alemanha tem tomado algumas iniciativas positivas com relação à acolhida dos refugiados. Inicialmente, o país favoreceu que os sírios
peçam refúgio diretamente à Alemanha após excluí-los do Regulamento de Dublin. Esse regulamento indicava que esse estrangeiro fosse
encaminhado ao país onde migrante ingressou na União Europeia. Países como a Itália e Grécia, por exemplo, têm recebido um número
muito elevado de migrantes que chegam pelo mediterrâneo.
FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/foto-chocante-de-menino-morto-vira-simbolo-da-crise-migratoria-europeia.html
A partir da leitura dos fragmentos de textos colocados abaixo e de seus argumentos sobre o tema, elabore um texto
‘dissertativo-argumentativo’ (entre 25 e 30 linhas), com o uso da norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “A saga dos
refugiados: o caminho entre a fuga e a xenofobia.” Não se esqueça de dar um título a seu texto.
Apresente uma proposta de intervenção. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos em
defesa de um ponto de vista.
Policiais paramilitares turcos
investigam o local onde apareceu o
corpo de uma criança imigrante numa
praia de Bodrum, na Turquia
REDAÇÃO - CURSO PROF. MARCO ANTÔNIO 01/10/2015
De onde vêm os refugiados e por quê
Fluxo migratório é o primeiro impacto real da crise síria no
continente europeu (Patrick Cockburn - Independent - 14/09/2015)
LONDRES — Esta é uma era de violência no Oriente Médio e no
norte da África, com nove guerras civis em curso em países islâmicos
entre o Paquistão e a Nigéria. É por isso que tantas pessoas estão
fugindo para salvar suas vidas. Metade das 23 milhões de pessoas
da Síria foi forçada a deixar suas casas, com quatro milhões de
pessoas tendo se refugiado em outros países.
Cerca de 2,6 milhões de iraquianos se deslocaram por conta das
ofensivas do Estado Islâmico (EI) no último ano e ocupam tendas ou
prédios nunca terminados. Despercebidos pelo resto do mundo,
cerca de 1,5 milhão de pessoas deixaram o Sudão do Sul desde que
os conflitos no país foram retomados no final de 2013.
Outras partes do mundo, especialmente o sudeste asiático, se
tornaram mais pacíficas nos últimos 50 anos. Mas, na vasta faixa de
território entre as montanhas do Hindu Kush e a região oeste do Saara, conflitos religiosos, étnicos e separatistas dilaceram países. Em todo
lugar, nações estão entrando em colapso, se enfraquecendo ou sob ataque; e, em muitos destes lugares, insurgências sunitas extremistas
estão crescendo e usando o terror contra a população para provocar fugas em massa.
Outra característica destas guerras é que nenhuma delas demonstra nenhum sinal de fim e, então, as pessoas não podem voltar às suas
casas. A maioria dos refugiados sírios que partiram para a Turquia, para o Líbano e para a Jordânia em 2011 e 2012 acreditava que a guerra na
Síria terminaria em breve e, então, eles poderiam voltar ao país. Foi apenas nos últimos anos que eles perceberam que isso não iria acontecer
e que eles deveriam procurar refúgio em outro lugar. A extensão destas guerras significa a imensa e irreversível destruição de todas as formas
de trabalho e, então, os refugiados, que a princípio só buscavam segurança, também são atraídos pela necessidade econômica.
Estas guerras estão sendo travadas no Afeganistão, no Iraque, na Síria, no sudeste da Turquia, no Iêmen, na Líbia, na Somália, no Sudão e no
nordeste da Nigéria. Algumas delas começaram há muito tempo, como é o caso
da Somália, onde o Estado entrou em colapso em 1991 e nunca foi
completamente reconstruído. Chefes militares, jihadistas extremistas, partidos
rivais e soldados estrangeiros controlam diferentes partes do país.
Mas a maioria destas guerras começou depois de 2001 e muitas só depois de
2011. A guerra civil no Iêmen só ganhou forma no último ano, enquanto a
guerra civil entre turcos e curdos, que matou 40 mil pessoas desde 1984, foi
retomada com ataques aéreos e de guerrilha. E está crescendo rapidamente:
um caminhão de soldados turcos foi explodido no fim de semana por
guerrilheiros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
Quando a Somália desmoronou, processo que uma intervenção militar dos
EUA não conseguiu reverter entre 1992 e 1994, este parecia um evento
marginal, insignificante para o resto do mundo. O país se tornou um "estado falido", frase usada em termos compassivos ou desdenhosos
enquanto a Somália se tornava um reino de piratas, seqüestradores e terroristas da al-Qaeda.
Mas o resto do mundo deveria olhar para tais estados falidos com medo e com angústia, já que são estes lugares — a exemplo do
Afeganistão nos anos 1990 e do Iraque desde 2003 — que incubaram movimentos como o Talibã, a al-Qaeda e o Estado Islâmico. Todos os três
combinam crenças religiosas fanáticas e competências militares. A Somália, um dia, pode ter aparentado ser um caso excepcional, mas a
"somalianisação" acabou sendo o destino de uma série de países, em especial a Líbia, o Iraque e a Síria, onde até pouco tempo atrás as
pessoas tinham alimentos, educação e atendimento de saúde.
Todas as guerras são perigosas e as guerras civis sempre foram notoriamente impiedosas. Os conflitos religiosos são os piores de todos. É o
que está acontecendo com o Oriente Médio e o Norte da África, com o EI — e clones da al-Qaeda, como os grupos Jabhat al-Nusra e Ahrar al-
Sham na Síria — matando ritualmente seus oponentes e justificando suas ações ao apontar o bombardeamento indiscriminado de áreas civis
pelo governo de Assad.
O que é um pouco diferente nestas guerras é que o EI deliberadamente divulga suas atrocidades contra qualquer um a quem considere seu
inimigo. Isso significa que as pessoas arrebatadas nestes conflitos, particularmente depois da declaração do EI em junho do ano passado,
sofrem com uma carga adicional de medo, o que aumenta as chances de eles fugirem e não voltarem mais. A realidade é a mesma para
professores da Universidade de Mosul, no Iraque, e para aldeões da Nigéria, de Camarões ou do Mali. Sem causar surpresa, os avanços do EI
no Iraque produziram grandes ondas de refugiados, que sabem o que vai acontecer se eles não fugirem.
No Iraque e na Síria, estamos de volta a um período de drásticas mudanças demográficas na região, como nunca vistas desde que os
palestinos foram expulsos ou forçados a fugir pelos isralenses em 1948 ou desde que os cristãos foram exterminados ou expulsos do que é
hoje a Turquia moderna na década que seguiu o ano de 1914. Sociedades multi-confessionais no Iraque e na Síria estão se dilacerando com
terríveis consequências. Poderes estrangeiros não sabiam ou não se importavam com quais demônios sectários eles estavam colocando à solta
nestes países com a quebra do antigo status quo.
O ex-conselheiro de segurança do governo iraquiano, Mowaffaq al-Rubaie, costumava dizer aos líderes políticos americanos, que não
hesitavam em sugerir que os problemas comunitários do Iraque poderiam ser resolvidos com a divisão do país, que era necessário entender o
quão sangrento este processo seria. Inevitavelmente, haveria massacres e fugas em massa "semelhantes à partilha da Índia em 1947".
Por que tantos destes Estados estão desmoronando agora e criando grandes fluxos de refugiados? Quais falhas internas ou pressões
externas insustentáveis eles têm em comum? A maioria deles alcançou a auto-determinação quando as potências imperiais se retiraram
depois da Segunda Guerra Mundial. Até o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970, eles eram governados por líderes militares que dirigiam
estados totalitários. Seus monopólios de poder e riqueza eram justificados pela suposta necessidade de estabelecer a ordem pública,
modernizar seus países, ganhar controle dos recursos naturais e resistir às pressões étnicas e sectárias que cresciam a cada nova fissura.
Estes eram geralmente regimes socialistas e nacionalistas de perspectivas seculares. Como as justificativas para o autoritarismo eram
normalmente hipócritas, cheias de interesses e mascaravam a corrupção generalizada pela elite dominante, frequentemente era esquecido
que países como Iraque, Síria e Líbia tinham governos centrais poderosos por um motivo — e poderiam se desintegrar sem estes regimes.
Estes regimes foram se enfraquecendo e entrando em colapso ao longo do Oriente Médio e do Norte da África. O nacionalismo e o
socialismo não oferecem mais a coesão ideológica para manter estados seculares unidos ou para motivar pessoas a lutar por eles até a última
bala, como fazem os fiéis pela imagem fanática e violenta do Islã sunita defendida pelo EI, pelo Jabhat al-Nusra e pelo Ahrar al-Sham.
Autoridades iraquianas admitem que uma das razões para que o exército iraquiano tenha se desintegrado em 2014 e nunca tenha se
reconstituído por completo é que "pouquíssimos iraquianos estão preparados para morrer pelo Iraque."
Grupos sectários como o EI deliberadamente cometem atrocidades contra xiitas e outros na certeza de que isso vai provocar retaliações
contra os sunitas, que vão ficar sem alternativa além de olhar para o EI como seu defensor. O incentivo ao ódio comum é um trabalho a favor
do EI e infecta países como o Iêmen, onde antes existia pouca consciência da divisão sectária, apesar de um terço da população de 25 milhões
pertencer aos xiitas da vertente zaydi.
A probabilidade de uma fuga em massa aumenta ainda mais. No início deste ano, quando corriam rumores de que um ataque do Exército
Iraquiano e da milícia xiita tinha o objetivo de recapturar a cidade sunita de Mosul, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Alto
Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) começaram a reunir alimentos para mais um milhão de pessoas que poderiam vir a deixar suas
casas.
Os europeus ficaram abalados com as imagens do pequeno Alyan Kurdi afogado em uma praia da Turquia e dos famintos sírios que
abarrotavam trens húngaros. Mas, no Oriente Médio, a nova diáspora miserável dos impotentes e despropriados esteve evidente nos últimos
três ou quatro anos. Em maio, eu estava prestes a atravessar o Rio Tigre entre a Síria e o Iraque em um barco com uma mulher curda e sua
família, quando eles foram obrigadas a descer porque uma letra do seu nome estava errada na sua licença.
— Mas eu estou esperando há três dias com a minha família na margem do rio! — ela gritou em desespero. Eu estava a caminho de Erbil, a
capital do Curdistão, que até um ano atrás aspirava ser "a nova Dubai" mas, agora, está repleta de refugiados amontoados em hotéis,
shoppings e bairros de luxo nunca inteiramente construídos.
O que pode ser feito para interromper estes horrores? Talvez a primeira questão seja como nós podemos prevenir que eles fiquem piores,
mantendo em mente que cinco destas nove guerras começaram em 2011. Existe um risco de que, ao atribuir fugas em massa a muitas causas
diversas, como as mudanças climáticas, os líderes políticos responsáveis por estes desastres fiquem livres da pressão pública para agir de
forma eficaz e pôr um fim aos mesmos.
A atual crise de refugiados na Europa é, em grande parte, o primeiro real impacto da guerra civil da Síria no continente. É verdade que a
ausência de segurança na Líbia levou o país a ser hoje o caminho para os países partidos e empobrecidos pela guerra nas proximidades do
Saara. Foi pela costa de 1770 quilômetros da Líbia que 114 mil refugiados percorreram seu caminho até a Itália neste ano, sem contar as
milhares de pessoas que se afogaram no percurso. E, por pior que seja, a situação não é tão diferente do ano passado, quando 112 mil pessoas
usaram esta rota até a Itália.
Muito diferente é a guerra na Síria e no Iraque, que elevou o número de pessoas tentando chegar à Grécia pelo mar de 45 mil a 239 mil no
mesmo período. Por três décadas, o Afeganistão produziu grande número de refugiados, de acordo com o ACNUR; mas, no último ano, a Síria
tomou seu lugar. Hoje, um novo refugiado a cada quatro no mundo é sírio. Uma sociedade inteira foi destruída e o resto do mundo fez muito
pouco para impedir que isso acontecesse. Apesar da recente enxurrada de atividades diplomáticas, nenhum dos atores da crise da Síria mostra
urgência para tentar terminá-la.
A Síria e o Iraque estão no coração da atual crise de refugiados de outra forma, já que é lá que o EI e grupos semelhantes à al-Qaeda
controlam territórios significativos e são capazes de espalhar o veneno sectorial para o resto do mundo islâmico. Eles estimulam gangues de
assassinos que operam, em grande parte, da mesma forma, quer estejam na Nigéria, no Paquistão, no Iêmen ou na Síria. As fugas em massa
vão acontecer enquanto a guerra na Síria e no Iraque continuar.
FONTE: http://oglobo.globo.com/mundo/de-onde-vem-os-refugiados-por-que-17480704
Alemanha pode receber até 1 milhão de refugiados em 2015 (France Presse)
O vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, afirmou nesta segunda-feira (14) que a Alemanha pode receber até um milhão de refugiados em
2015, um número superior à estimativa anterior de 800 mil
"Há muitos sinais que mostram que este ano não teremos que admitir 800 mil refugiados como previu o ministério do Interior, e sim 1
milhão", declarou Gabriel ao site do Partido Social-Democrata, que ele preside.
O número de 800 mil demandantes de asilo para 2015 já constituía um recorde na Europa.
Em entrevista ao jornal Tagesspiegel, Gabriel afirmou que a "inação europeia na crise de refugiados levou a Alemanha ao limite de suas
capacidades".
"O primeiro problema não é o número de refugiados e sim a rapidez com que chegam, o que complica a tarefa dos Estados regionais e das
cidades para recebê-los", disse.
O país anunciou neste domingo (13) a reintrodução provisória de controles nas fronteiras para "conter o fluxo de refugiados que chegam à
Alemanha", com a mobilização de "centenas" de policiais.
"A Alemanha introduz provisoriamente controles em suas fronteiras, em particular com a Áustria", indicou o ministro do Interior da
Alemanha, Thomas de Maizier, em Berlim, depois que nas duas últimas semanas 63.000 imigrantes chegaram a Munique, principal porta de
entrada na Alemanha. "Também é absolutamente necessário por razões de segurança", acrescentou o ministro em uma breve declaração à
imprensa.
Em comunicado, a Comissão Europeia afirmou que a Alemanha parece estar legalmente justificada em restituir controle de fronteiras neste
domingo, especialmente em sua divisa com a Áustria, e disse que isso mostrou a necessidade de os países do bloco definirem uma abordagem
comum à questão dos refugiados.
"A reintrodução temporária dos controles de fronteira entre os estados-membros é uma possibilidade excepcional explicitamente prevista e
regulada pelo código de fronteiras Schengen, em caso de uma situação de crise", disse a Comissão Europeia em comunicado. "A situação atual
na Alemanha, à primeira vista, parece ser uma situação abrangida pelas regras".
FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/alemanha-pode-receber-ate-1-milhao-de-refugiados-em-2015.html
Foto chocante de menino morto revela crueldade de crise migratória. Corpo de garoto foi encontrado em praia turca após naufrágio. Jornal
inglês questiona se poder da imagem fará Europa mudar política. (G1, em São Paulo - 02/09/2015)
As imagens de um menino sírio morto numa praia da Turquia viraram símbolo da crise
migratória que já matou milhares de pessoas do Oriente Médio e da África que tentam chegar à
Europa para escapar de guerras, de perseguições e da pobreza.
O corpo do menino apareceu nesta quarta-feira (2) em Bodrum depois que duas embarcações
com imigrantes naufragaram. Pelo menos nove sírios morreram, segundo a agência AFP -- outros
veículos já citam 12. As duas embarcações haviam partido de Bodrum e tentavam chegar à ilha
grega de Kos, anunciaram as autoridades locais.
A foto virou um dos assuntos mais comentados no Twitter e diversos veículos da imprensa
internacional o destacaram como emblemática da gravidade da situação, até mesmo com
potencial para ser um divisor de águas na política europeia para os imigrantes.
saiba mais
"Se estas imagens com poder extraordinário de uma criança síria morta levada a uma praia
não mudarem as atitudes da Europa com relação aos refugiados, o que mudará?", questiona o
jornal britânico "Independent". As fotos são "um forte lembrete de que, enquanto os líderes
europeus progressivamente tentam impedir refugiados e imigrantes de se acomodarem no continente, mais e mais refugiados estão
morrendo em seu seu desespero para escapar da perseguição e alcançar a segurança", acrescenta.
"The Guardian", outro jornal britânico, disse que as fotos levaram para as casas das pessoas "todo o horror da tragédia humana que vem
acontecendo no litoral da Europa".
O americano "Washington Post" classificou a imagem de "o mais trágico símbolo da crise de refugiados do Mediterrâneo".
Grave crise
O mundo enfrenta a pior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial, segundo organizações como a Anistia Internacional e a
Comissão Europeia. Mais de 350 mil imigrantes atravessaram o Mediterrâneo desde janeiro deste ano e mais de 2.643 pessoas morreram no
mar quando tentavam chegar à Europa, segundo dados da OIM (Organização Internacional para as Migrações).
Quase 220 mil chegaram à Grécia e quase 115 mil, à Itália. Mais de 2 mil chegaram à Espanha e uma centena a Malta. O número no decorrer
de 2015 supera com folga o total de 2014, quando 219 mil migrantes tentaram atravessar o Mediterrâneo.
A maioria dos migrantes que chegam à Grécia por mar são sírios em fuga da guerra em seu país. Entre os que chegaram à Itália, os mais
numerosos são os eritreus.
A travessia do Mediterrâneo é feita em botes ou em embarcações superlotadas, sem os mínimos requisitos de segurança, por traficantes de
pessoas. A viagem pode custar mais de R$ 10 mil por pessoa, o que torna o negócio altamente lucrativo - uma única embarcação pode render
US$ 1 milhão.
Reação da Europa
A chegada de centenas de milhares de imigrantes confundiu a União Europeia, que eliminou todos seus controles fronteiriços para viagens
entre 26 países de sua área, mas requer que as pessoas que buscam asilo permaneçam no país onde chegaram, até que suas aplicações sejam
processadas.
Alguns governos têm se recusado a receber refugiados e resistido a propostas da União Europeia para criar um plano comum para lidar com
a crise.
No sábado (29), a Hungria anunciou que finalizou a construção de uma barreira constituída de três rolos de arame farpado que se estende ao
longo de 175 km da fronteira com a Sérvia. A medida foi criticada pela França. A Comissão Europeia também deixou claro seu desagrado com
a cerca húngara, mas o país não enfrenta sanção por construí-la.
A Alemanha tem tomado algumas iniciativas positivas com relação à acolhida dos refugiados. Inicialmente, o país favoreceu que os sírios
peçam refúgio diretamente à Alemanha após excluí-los do Regulamento de Dublin. Esse regulamento indicava que esse estrangeiro fosse
encaminhado ao país onde migrante ingressou na União Europeia. Países como a Itália e Grécia, por exemplo, têm recebido um número
muito elevado de migrantes que chegam pelo mediterrâneo.
FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/foto-chocante-de-menino-morto-vira-simbolo-da-crise-migratoria-europeia.html
A partir da leitura dos fragmentos de textos colocados abaixo e de seus argumentos sobre o tema, elabore um texto
‘dissertativo-argumentativo’ (entre 25 e 30 linhas), com o uso da norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “A saga dos
refugiados: o caminho entre a fuga e a xenofobia.” Não se esqueça de dar um título a seu texto.
Apresente uma proposta de intervenção. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos em
defesa de um ponto de vista.
Policiais paramilitares turcos
investigam o local onde apareceu o
corpo de uma criança imigrante numa
praia de Bodrum, na Turquia
REDAÇÃO - CURSO PROF. MARCO ANTÔNIO 01/10/2015
De onde vêm os refugiados e por quê
Fluxo migratório é o primeiro impacto real da crise síria no
continente europeu (Patrick Cockburn - Independent - 14/09/2015)
LONDRES — Esta é uma era de violência no Oriente Médio e no
norte da África, com nove guerras civis em curso em países islâmicos
entre o Paquistão e a Nigéria. É por isso que tantas pessoas estão
fugindo para salvar suas vidas. Metade das 23 milhões de pessoas
da Síria foi forçada a deixar suas casas, com quatro milhões de
pessoas tendo se refugiado em outros países.
Cerca de 2,6 milhões de iraquianos se deslocaram por conta das
ofensivas do Estado Islâmico (EI) no último ano e ocupam tendas ou
prédios nunca terminados. Despercebidos pelo resto do mundo,
cerca de 1,5 milhão de pessoas deixaram o Sudão do Sul desde que
os conflitos no país foram retomados no final de 2013.
Outras partes do mundo, especialmente o sudeste asiático, se
tornaram mais pacíficas nos últimos 50 anos. Mas, na vasta faixa de
território entre as montanhas do Hindu Kush e a região oeste do Saara, conflitos religiosos, étnicos e separatistas dilaceram países. Em todo
lugar, nações estão entrando em colapso, se enfraquecendo ou sob ataque; e, em muitos destes lugares, insurgências sunitas extremistas
estão crescendo e usando o terror contra a população para provocar fugas em massa.
Outra característica destas guerras é que nenhuma delas demonstra nenhum sinal de fim e, então, as pessoas não podem voltar às suas
casas. A maioria dos refugiados sírios que partiram para a Turquia, para o Líbano e para a Jordânia em 2011 e 2012 acreditava que a guerra na
Síria terminaria em breve e, então, eles poderiam voltar ao país. Foi apenas nos últimos anos que eles perceberam que isso não iria acontecer
e que eles deveriam procurar refúgio em outro lugar. A extensão destas guerras significa a imensa e irreversível destruição de todas as formas
de trabalho e, então, os refugiados, que a princípio só buscavam segurança, também são atraídos pela necessidade econômica.
Estas guerras estão sendo travadas no Afeganistão, no Iraque, na Síria, no sudeste da Turquia, no Iêmen, na Líbia, na Somália, no Sudão e no
nordeste da Nigéria. Algumas delas começaram há muito tempo, como é o caso
da Somália, onde o Estado entrou em colapso em 1991 e nunca foi
completamente reconstruído. Chefes militares, jihadistas extremistas, partidos
rivais e soldados estrangeiros controlam diferentes partes do país.
Mas a maioria destas guerras começou depois de 2001 e muitas só depois de
2011. A guerra civil no Iêmen só ganhou forma no último ano, enquanto a
guerra civil entre turcos e curdos, que matou 40 mil pessoas desde 1984, foi
retomada com ataques aéreos e de guerrilha. E está crescendo rapidamente:
um caminhão de soldados turcos foi explodido no fim de semana por
guerrilheiros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
Quando a Somália desmoronou, processo que uma intervenção militar dos
EUA não conseguiu reverter entre 1992 e 1994, este parecia um evento
marginal, insignificante para o resto do mundo. O país se tornou um "estado falido", frase usada em termos compassivos ou desdenhosos
enquanto a Somália se tornava um reino de piratas, seqüestradores e terroristas da al-Qaeda.
Mas o resto do mundo deveria olhar para tais estados falidos com medo e com angústia, já que são estes lugares — a exemplo do
Afeganistão nos anos 1990 e do Iraque desde 2003 — que incubaram movimentos como o Talibã, a al-Qaeda e o Estado Islâmico. Todos os três
combinam crenças religiosas fanáticas e competências militares. A Somália, um dia, pode ter aparentado ser um caso excepcional, mas a
"somalianisação" acabou sendo o destino de uma série de países, em especial a Líbia, o Iraque e a Síria, onde até pouco tempo atrás as
pessoas tinham alimentos, educação e atendimento de saúde.
Todas as guerras são perigosas e as guerras civis sempre foram notoriamente impiedosas. Os conflitos religiosos são os piores de todos. É o
que está acontecendo com o Oriente Médio e o Norte da África, com o EI — e clones da al-Qaeda, como os grupos Jabhat al-Nusra e Ahrar al-
Sham na Síria — matando ritualmente seus oponentes e justificando suas ações ao apontar o bombardeamento indiscriminado de áreas civis
pelo governo de Assad.
O que é um pouco diferente nestas guerras é que o EI deliberadamente divulga suas atrocidades contra qualquer um a quem considere seu
inimigo. Isso significa que as pessoas arrebatadas nestes conflitos, particularmente depois da declaração do EI em junho do ano passado,
sofrem com uma carga adicional de medo, o que aumenta as chances de eles fugirem e não voltarem mais. A realidade é a mesma para
professores da Universidade de Mosul, no Iraque, e para aldeões da Nigéria, de Camarões ou do Mali. Sem causar surpresa, os avanços do EI
no Iraque produziram grandes ondas de refugiados, que sabem o que vai acontecer se eles não fugirem.
No Iraque e na Síria, estamos de volta a um período de drásticas mudanças demográficas na região, como nunca vistas desde que os
palestinos foram expulsos ou forçados a fugir pelos isralenses em 1948 ou desde que os cristãos foram exterminados ou expulsos do que é
hoje a Turquia moderna na década que seguiu o ano de 1914. Sociedades multi-confessionais no Iraque e na Síria estão se dilacerando com
terríveis consequências. Poderes estrangeiros não sabiam ou não se importavam com quais demônios sectários eles estavam colocando à solta
nestes países com a quebra do antigo status quo.
O ex-conselheiro de segurança do governo iraquiano, Mowaffaq al-Rubaie, costumava dizer aos líderes políticos americanos, que não
hesitavam em sugerir que os problemas comunitários do Iraque poderiam ser resolvidos com a divisão do país, que era necessário entender o
quão sangrento este processo seria. Inevitavelmente, haveria massacres e fugas em massa "semelhantes à partilha da Índia em 1947".
Por que tantos destes Estados estão desmoronando agora e criando grandes fluxos de refugiados? Quais falhas internas ou pressões
externas insustentáveis eles têm em comum? A maioria deles alcançou a auto-determinação quando as potências imperiais se retiraram
depois da Segunda Guerra Mundial. Até o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970, eles eram governados por líderes militares que dirigiam
estados totalitários. Seus monopólios de poder e riqueza eram justificados pela suposta necessidade de estabelecer a ordem pública,
modernizar seus países, ganhar controle dos recursos naturais e resistir às pressões étnicas e sectárias que cresciam a cada nova fissura.
Estes eram geralmente regimes socialistas e nacionalistas de perspectivas seculares. Como as justificativas para o autoritarismo eram
normalmente hipócritas, cheias de interesses e mascaravam a corrupção generalizada pela elite dominante, frequentemente era esquecido
que países como Iraque, Síria e Líbia tinham governos centrais poderosos por um motivo — e poderiam se desintegrar sem estes regimes.
Estes regimes foram se enfraquecendo e entrando em colapso ao longo do Oriente Médio e do Norte da África. O nacionalismo e o
socialismo não oferecem mais a coesão ideológica para manter estados seculares unidos ou para motivar pessoas a lutar por eles até a última
bala, como fazem os fiéis pela imagem fanática e violenta do Islã sunita defendida pelo EI, pelo Jabhat al-Nusra e pelo Ahrar al-Sham.
Autoridades iraquianas admitem que uma das razões para que o exército iraquiano tenha se desintegrado em 2014 e nunca tenha se
reconstituído por completo é que "pouquíssimos iraquianos estão preparados para morrer pelo Iraque."
Grupos sectários como o EI deliberadamente cometem atrocidades contra xiitas e outros na certeza de que isso vai provocar retaliações
contra os sunitas, que vão ficar sem alternativa além de olhar para o EI como seu defensor. O incentivo ao ódio comum é um trabalho a favor
do EI e infecta países como o Iêmen, onde antes existia pouca consciência da divisão sectária, apesar de um terço da população de 25 milhões
pertencer aos xiitas da vertente zaydi.
A probabilidade de uma fuga em massa aumenta ainda mais. No início deste ano, quando corriam rumores de que um ataque do Exército
Iraquiano e da milícia xiita tinha o objetivo de recapturar a cidade sunita de Mosul, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Alto
Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) começaram a reunir alimentos para mais um milhão de pessoas que poderiam vir a deixar suas
casas.
Os europeus ficaram abalados com as imagens do pequeno Alyan Kurdi afogado em uma praia da Turquia e dos famintos sírios que
abarrotavam trens húngaros. Mas, no Oriente Médio, a nova diáspora miserável dos impotentes e despropriados esteve evidente nos últimos
três ou quatro anos. Em maio, eu estava prestes a atravessar o Rio Tigre entre a Síria e o Iraque em um barco com uma mulher curda e sua
família, quando eles foram obrigadas a descer porque uma letra do seu nome estava errada na sua licença.
— Mas eu estou esperando há três dias com a minha família na margem do rio! — ela gritou em desespero. Eu estava a caminho de Erbil, a
capital do Curdistão, que até um ano atrás aspirava ser "a nova Dubai" mas, agora, está repleta de refugiados amontoados em hotéis,
shoppings e bairros de luxo nunca inteiramente construídos.
O que pode ser feito para interromper estes horrores? Talvez a primeira questão seja como nós podemos prevenir que eles fiquem piores,
mantendo em mente que cinco destas nove guerras começaram em 2011. Existe um risco de que, ao atribuir fugas em massa a muitas causas
diversas, como as mudanças climáticas, os líderes políticos responsáveis por estes desastres fiquem livres da pressão pública para agir de
forma eficaz e pôr um fim aos mesmos.
A atual crise de refugiados na Europa é, em grande parte, o primeiro real impacto da guerra civil da Síria no continente. É verdade que a
ausência de segurança na Líbia levou o país a ser hoje o caminho para os países partidos e empobrecidos pela guerra nas proximidades do
Saara. Foi pela costa de 1770 quilômetros da Líbia que 114 mil refugiados percorreram seu caminho até a Itália neste ano, sem contar as
milhares de pessoas que se afogaram no percurso. E, por pior que seja, a situação não é tão diferente do ano passado, quando 112 mil pessoas
usaram esta rota até a Itália.
Muito diferente é a guerra na Síria e no Iraque, que elevou o número de pessoas tentando chegar à Grécia pelo mar de 45 mil a 239 mil no
mesmo período. Por três décadas, o Afeganistão produziu grande número de refugiados, de acordo com o ACNUR; mas, no último ano, a Síria
tomou seu lugar. Hoje, um novo refugiado a cada quatro no mundo é sírio. Uma sociedade inteira foi destruída e o resto do mundo fez muito
pouco para impedir que isso acontecesse. Apesar da recente enxurrada de atividades diplomáticas, nenhum dos atores da crise da Síria mostra
urgência para tentar terminá-la.
A Síria e o Iraque estão no coração da atual crise de refugiados de outra forma, já que é lá que o EI e grupos semelhantes à al-Qaeda
controlam territórios significativos e são capazes de espalhar o veneno sectorial para o resto do mundo islâmico. Eles estimulam gangues de
assassinos que operam, em grande parte, da mesma forma, quer estejam na Nigéria, no Paquistão, no Iêmen ou na Síria. As fugas em massa
vão acontecer enquanto a guerra na Síria e no Iraque continuar.
FONTE: http://oglobo.globo.com/mundo/de-onde-vem-os-refugiados-por-que-17480704
Alemanha pode receber até 1 milhão de refugiados em 2015 (France Presse)
O vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, afirmou nesta segunda-feira (14) que a Alemanha pode receber até um milhão de refugiados em
2015, um número superior à estimativa anterior de 800 mil
"Há muitos sinais que mostram que este ano não teremos que admitir 800 mil refugiados como previu o ministério do Interior, e sim 1
milhão", declarou Gabriel ao site do Partido Social-Democrata, que ele preside.
O número de 800 mil demandantes de asilo para 2015 já constituía um recorde na Europa.
Em entrevista ao jornal Tagesspiegel, Gabriel afirmou que a "inação europeia na crise de refugiados levou a Alemanha ao limite de suas
capacidades".
"O primeiro problema não é o número de refugiados e sim a rapidez com que chegam, o que complica a tarefa dos Estados regionais e das
cidades para recebê-los", disse.
O país anunciou neste domingo (13) a reintrodução provisória de controles nas fronteiras para "conter o fluxo de refugiados que chegam à
Alemanha", com a mobilização de "centenas" de policiais.
"A Alemanha introduz provisoriamente controles em suas fronteiras, em particular com a Áustria", indicou o ministro do Interior da
Alemanha, Thomas de Maizier, em Berlim, depois que nas duas últimas semanas 63.000 imigrantes chegaram a Munique, principal porta de
entrada na Alemanha. "Também é absolutamente necessário por razões de segurança", acrescentou o ministro em uma breve declaração à
imprensa.
Em comunicado, a Comissão Europeia afirmou que a Alemanha parece estar legalmente justificada em restituir controle de fronteiras neste
domingo, especialmente em sua divisa com a Áustria, e disse que isso mostrou a necessidade de os países do bloco definirem uma abordagem
comum à questão dos refugiados.
"A reintrodução temporária dos controles de fronteira entre os estados-membros é uma possibilidade excepcional explicitamente prevista e
regulada pelo código de fronteiras Schengen, em caso de uma situação de crise", disse a Comissão Europeia em comunicado. "A situação atual
na Alemanha, à primeira vista, parece ser uma situação abrangida pelas regras".
FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/alemanha-pode-receber-ate-1-milhao-de-refugiados-em-2015.html
Foto chocante de menino morto revela crueldade de crise migratória. Corpo de garoto foi encontrado em praia turca após naufrágio. Jornal
inglês questiona se poder da imagem fará Europa mudar política. (G1, em São Paulo - 02/09/2015)
As imagens de um menino sírio morto numa praia da Turquia viraram símbolo da crise
migratória que já matou milhares de pessoas do Oriente Médio e da África que tentam chegar à
Europa para escapar de guerras, de perseguições e da pobreza.
O corpo do menino apareceu nesta quarta-feira (2) em Bodrum depois que duas embarcações
com imigrantes naufragaram. Pelo menos nove sírios morreram, segundo a agência AFP -- outros
veículos já citam 12. As duas embarcações haviam partido de Bodrum e tentavam chegar à ilha
grega de Kos, anunciaram as autoridades locais.
A foto virou um dos assuntos mais comentados no Twitter e diversos veículos da imprensa
internacional o destacaram como emblemática da gravidade da situação, até mesmo com
potencial para ser um divisor de águas na política europeia para os imigrantes.
saiba mais
"Se estas imagens com poder extraordinário de uma criança síria morta levada a uma praia
não mudarem as atitudes da Europa com relação aos refugiados, o que mudará?", questiona o
jornal britânico "Independent". As fotos são "um forte lembrete de que, enquanto os líderes
europeus progressivamente tentam impedir refugiados e imigrantes de se acomodarem no continente, mais e mais refugiados estão
morrendo em seu seu desespero para escapar da perseguição e alcançar a segurança", acrescenta.
"The Guardian", outro jornal britânico, disse que as fotos levaram para as casas das pessoas "todo o horror da tragédia humana que vem
acontecendo no litoral da Europa".
O americano "Washington Post" classificou a imagem de "o mais trágico símbolo da crise de refugiados do Mediterrâneo".
Grave crise
O mundo enfrenta a pior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial, segundo organizações como a Anistia Internacional e a
Comissão Europeia. Mais de 350 mil imigrantes atravessaram o Mediterrâneo desde janeiro deste ano e mais de 2.643 pessoas morreram no
mar quando tentavam chegar à Europa, segundo dados da OIM (Organização Internacional para as Migrações).
Quase 220 mil chegaram à Grécia e quase 115 mil, à Itália. Mais de 2 mil chegaram à Espanha e uma centena a Malta. O número no decorrer
de 2015 supera com folga o total de 2014, quando 219 mil migrantes tentaram atravessar o Mediterrâneo.
A maioria dos migrantes que chegam à Grécia por mar são sírios em fuga da guerra em seu país. Entre os que chegaram à Itália, os mais
numerosos são os eritreus.
A travessia do Mediterrâneo é feita em botes ou em embarcações superlotadas, sem os mínimos requisitos de segurança, por traficantes de
pessoas. A viagem pode custar mais de R$ 10 mil por pessoa, o que torna o negócio altamente lucrativo - uma única embarcação pode render
US$ 1 milhão.
Reação da Europa
A chegada de centenas de milhares de imigrantes confundiu a União Europeia, que eliminou todos seus controles fronteiriços para viagens
entre 26 países de sua área, mas requer que as pessoas que buscam asilo permaneçam no país onde chegaram, até que suas aplicações sejam
processadas.
Alguns governos têm se recusado a receber refugiados e resistido a propostas da União Europeia para criar um plano comum para lidar com
a crise.
No sábado (29), a Hungria anunciou que finalizou a construção de uma barreira constituída de três rolos de arame farpado que se estende ao
longo de 175 km da fronteira com a Sérvia. A medida foi criticada pela França. A Comissão Europeia também deixou claro seu desagrado com
a cerca húngara, mas o país não enfrenta sanção por construí-la.
A Alemanha tem tomado algumas iniciativas positivas com relação à acolhida dos refugiados. Inicialmente, o país favoreceu que os sírios
peçam refúgio diretamente à Alemanha após excluí-los do Regulamento de Dublin. Esse regulamento indicava que esse estrangeiro fosse
encaminhado ao país onde migrante ingressou na União Europeia. Países como a Itália e Grécia, por exemplo, têm recebido um número
muito elevado de migrantes que chegam pelo mediterrâneo.
FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/foto-chocante-de-menino-morto-vira-simbolo-da-crise-migratoria-europeia.html
A partir da leitura dos fragmentos de textos colocados abaixo e de seus argumentos sobre o tema, elabore um texto
‘dissertativo-argumentativo’ (entre 25 e 30 linhas), com o uso da norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “A saga dos
refugiados: o caminho entre a fuga e a xenofobia.” Não se esqueça de dar um título a seu texto.
Apresente uma proposta de intervenção. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos em
defesa de um ponto de vista.
Policiais paramilitares turcos
investigam o local onde apareceu o
corpo de uma criança imigrante numa
praia de Bodrum, na Turquia
REDAÇÃO - CURSO PROF. MARCO ANTÔNIO 01/10/2015
De onde vêm os refugiados e por quê
Fluxo migratório é o primeiro impacto real da crise síria no
continente europeu (Patrick Cockburn - Independent - 14/09/2015)
LONDRES — Esta é uma era de violência no Oriente Médio e no
norte da África, com nove guerras civis em curso em países islâmicos
entre o Paquistão e a Nigéria. É por isso que tantas pessoas estão
fugindo para salvar suas vidas. Metade das 23 milhões de pessoas
da Síria foi forçada a deixar suas casas, com quatro milhões de
pessoas tendo se refugiado em outros países.
Cerca de 2,6 milhões de iraquianos se deslocaram por conta das
ofensivas do Estado Islâmico (EI) no último ano e ocupam tendas ou
prédios nunca terminados. Despercebidos pelo resto do mundo,
cerca de 1,5 milhão de pessoas deixaram o Sudão do Sul desde que
os conflitos no país foram retomados no final de 2013.
Outras partes do mundo, especialmente o sudeste asiático, se
tornaram mais pacíficas nos últimos 50 anos. Mas, na vasta faixa de
território entre as montanhas do Hindu Kush e a região oeste do Saara, conflitos religiosos, étnicos e separatistas dilaceram países. Em todo
lugar, nações estão entrando em colapso, se enfraquecendo ou sob ataque; e, em muitos destes lugares, insurgências sunitas extremistas
estão crescendo e usando o terror contra a população para provocar fugas em massa.
Outra característica destas guerras é que nenhuma delas demonstra nenhum sinal de fim e, então, as pessoas não podem voltar às suas
casas. A maioria dos refugiados sírios que partiram para a Turquia, para o Líbano e para a Jordânia em 2011 e 2012 acreditava que a guerra na
Síria terminaria em breve e, então, eles poderiam voltar ao país. Foi apenas nos últimos anos que eles perceberam que isso não iria acontecer
e que eles deveriam procurar refúgio em outro lugar. A extensão destas guerras significa a imensa e irreversível destruição de todas as formas
de trabalho e, então, os refugiados, que a princípio só buscavam segurança, também são atraídos pela necessidade econômica.
Estas guerras estão sendo travadas no Afeganistão, no Iraque, na Síria, no sudeste da Turquia, no Iêmen, na Líbia, na Somália, no Sudão e no
nordeste da Nigéria. Algumas delas começaram há muito tempo, como é o caso
da Somália, onde o Estado entrou em colapso em 1991 e nunca foi
completamente reconstruído. Chefes militares, jihadistas extremistas, partidos
rivais e soldados estrangeiros controlam diferentes partes do país.
Mas a maioria destas guerras começou depois de 2001 e muitas só depois de
2011. A guerra civil no Iêmen só ganhou forma no último ano, enquanto a
guerra civil entre turcos e curdos, que matou 40 mil pessoas desde 1984, foi
retomada com ataques aéreos e de guerrilha. E está crescendo rapidamente:
um caminhão de soldados turcos foi explodido no fim de semana por
guerrilheiros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
Quando a Somália desmoronou, processo que uma intervenção militar dos
EUA não conseguiu reverter entre 1992 e 1994, este parecia um evento
marginal, insignificante para o resto do mundo. O país se tornou um "estado falido", frase usada em termos compassivos ou desdenhosos
enquanto a Somália se tornava um reino de piratas, seqüestradores e terroristas da al-Qaeda.
Mas o resto do mundo deveria olhar para tais estados falidos com medo e com angústia, já que são estes lugares — a exemplo do
Afeganistão nos anos 1990 e do Iraque desde 2003 — que incubaram movimentos como o Talibã, a al-Qaeda e o Estado Islâmico. Todos os três
combinam crenças religiosas fanáticas e competências militares. A Somália, um dia, pode ter aparentado ser um caso excepcional, mas a
"somalianisação" acabou sendo o destino de uma série de países, em especial a Líbia, o Iraque e a Síria, onde até pouco tempo atrás as
pessoas tinham alimentos, educação e atendimento de saúde.
Todas as guerras são perigosas e as guerras civis sempre foram notoriamente impiedosas. Os conflitos religiosos são os piores de todos. É o
que está acontecendo com o Oriente Médio e o Norte da África, com o EI — e clones da al-Qaeda, como os grupos Jabhat al-Nusra e Ahrar al-
Sham na Síria — matando ritualmente seus oponentes e justificando suas ações ao apontar o bombardeamento indiscriminado de áreas civis
pelo governo de Assad.
O que é um pouco diferente nestas guerras é que o EI deliberadamente divulga suas atrocidades contra qualquer um a quem considere seu
inimigo. Isso significa que as pessoas arrebatadas nestes conflitos, particularmente depois da declaração do EI em junho do ano passado,
sofrem com uma carga adicional de medo, o que aumenta as chances de eles fugirem e não voltarem mais. A realidade é a mesma para
professores da Universidade de Mosul, no Iraque, e para aldeões da Nigéria, de Camarões ou do Mali. Sem causar surpresa, os avanços do EI
no Iraque produziram grandes ondas de refugiados, que sabem o que vai acontecer se eles não fugirem.
No Iraque e na Síria, estamos de volta a um período de drásticas mudanças demográficas na região, como nunca vistas desde que os
palestinos foram expulsos ou forçados a fugir pelos isralenses em 1948 ou desde que os cristãos foram exterminados ou expulsos do que é
hoje a Turquia moderna na década que seguiu o ano de 1914. Sociedades multi-confessionais no Iraque e na Síria estão se dilacerando com
terríveis consequências. Poderes estrangeiros não sabiam ou não se importavam com quais demônios sectários eles estavam colocando à solta
nestes países com a quebra do antigo status quo.
O ex-conselheiro de segurança do governo iraquiano, Mowaffaq al-Rubaie, costumava dizer aos líderes políticos americanos, que não
hesitavam em sugerir que os problemas comunitários do Iraque poderiam ser resolvidos com a divisão do país, que era necessário entender o
quão sangrento este processo seria. Inevitavelmente, haveria massacres e fugas em massa "semelhantes à partilha da Índia em 1947".
Por que tantos destes Estados estão desmoronando agora e criando grandes fluxos de refugiados? Quais falhas internas ou pressões
externas insustentáveis eles têm em comum? A maioria deles alcançou a auto-determinação quando as potências imperiais se retiraram
depois da Segunda Guerra Mundial. Até o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970, eles eram governados por líderes militares que dirigiam
estados totalitários. Seus monopólios de poder e riqueza eram justificados pela suposta necessidade de estabelecer a ordem pública,
modernizar seus países, ganhar controle dos recursos naturais e resistir às pressões étnicas e sectárias que cresciam a cada nova fissura.
Estes eram geralmente regimes socialistas e nacionalistas de perspectivas seculares. Como as justificativas para o autoritarismo eram
normalmente hipócritas, cheias de interesses e mascaravam a corrupção generalizada pela elite dominante, frequentemente era esquecido
que países como Iraque, Síria e Líbia tinham governos centrais poderosos por um motivo — e poderiam se desintegrar sem estes regimes.
Estes regimes foram se enfraquecendo e entrando em colapso ao longo do Oriente Médio e do Norte da África. O nacionalismo e o
socialismo não oferecem mais a coesão ideológica para manter estados seculares unidos ou para motivar pessoas a lutar por eles até a última
bala, como fazem os fiéis pela imagem fanática e violenta do Islã sunita defendida pelo EI, pelo Jabhat al-Nusra e pelo Ahrar al-Sham.
Autoridades iraquianas admitem que uma das razões para que o exército iraquiano tenha se desintegrado em 2014 e nunca tenha se
reconstituído por completo é que "pouquíssimos iraquianos estão preparados para morrer pelo Iraque."
Grupos sectários como o EI deliberadamente cometem atrocidades contra xiitas e outros na certeza de que isso vai provocar retaliações
contra os sunitas, que vão ficar sem alternativa além de olhar para o EI como seu defensor. O incentivo ao ódio comum é um trabalho a favor
do EI e infecta países como o Iêmen, onde antes existia pouca consciência da divisão sectária, apesar de um terço da população de 25 milhões
pertencer aos xiitas da vertente zaydi.
A probabilidade de uma fuga em massa aumenta ainda mais. No início deste ano, quando corriam rumores de que um ataque do Exército
Iraquiano e da milícia xiita tinha o objetivo de recapturar a cidade sunita de Mosul, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Alto
Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) começaram a reunir alimentos para mais um milhão de pessoas que poderiam vir a deixar suas
casas.
Os europeus ficaram abalados com as imagens do pequeno Alyan Kurdi afogado em uma praia da Turquia e dos famintos sírios que
abarrotavam trens húngaros. Mas, no Oriente Médio, a nova diáspora miserável dos impotentes e despropriados esteve evidente nos últimos
três ou quatro anos. Em maio, eu estava prestes a atravessar o Rio Tigre entre a Síria e o Iraque em um barco com uma mulher curda e sua
família, quando eles foram obrigadas a descer porque uma letra do seu nome estava errada na sua licença.
— Mas eu estou esperando há três dias com a minha família na margem do rio! — ela gritou em desespero. Eu estava a caminho de Erbil, a
capital do Curdistão, que até um ano atrás aspirava ser "a nova Dubai" mas, agora, está repleta de refugiados amontoados em hotéis,
shoppings e bairros de luxo nunca inteiramente construídos.
O que pode ser feito para interromper estes horrores? Talvez a primeira questão seja como nós podemos prevenir que eles fiquem piores,
mantendo em mente que cinco destas nove guerras começaram em 2011. Existe um risco de que, ao atribuir fugas em massa a muitas causas
diversas, como as mudanças climáticas, os líderes políticos responsáveis por estes desastres fiquem livres da pressão pública para agir de
forma eficaz e pôr um fim aos mesmos.
A atual crise de refugiados na Europa é, em grande parte, o primeiro real impacto da guerra civil da Síria no continente. É verdade que a
ausência de segurança na Líbia levou o país a ser hoje o caminho para os países partidos e empobrecidos pela guerra nas proximidades do
Saara. Foi pela costa de 1770 quilômetros da Líbia que 114 mil refugiados percorreram seu caminho até a Itália neste ano, sem contar as
milhares de pessoas que se afogaram no percurso. E, por pior que seja, a situação não é tão diferente do ano passado, quando 112 mil pessoas
usaram esta rota até a Itália.
Muito diferente é a guerra na Síria e no Iraque, que elevou o número de pessoas tentando chegar à Grécia pelo mar de 45 mil a 239 mil no
mesmo período. Por três décadas, o Afeganistão produziu grande número de refugiados, de acordo com o ACNUR; mas, no último ano, a Síria
tomou seu lugar. Hoje, um novo refugiado a cada quatro no mundo é sírio. Uma sociedade inteira foi destruída e o resto do mundo fez muito
pouco para impedir que isso acontecesse. Apesar da recente enxurrada de atividades diplomáticas, nenhum dos atores da crise da Síria mostra
urgência para tentar terminá-la.
A Síria e o Iraque estão no coração da atual crise de refugiados de outra forma, já que é lá que o EI e grupos semelhantes à al-Qaeda
controlam territórios significativos e são capazes de espalhar o veneno sectorial para o resto do mundo islâmico. Eles estimulam gangues de
assassinos que operam, em grande parte, da mesma forma, quer estejam na Nigéria, no Paquistão, no Iêmen ou na Síria. As fugas em massa
vão acontecer enquanto a guerra na Síria e no Iraque continuar.
FONTE: http://oglobo.globo.com/mundo/de-onde-vem-os-refugiados-por-que-17480704
Alemanha pode receber até 1 milhão de refugiados em 2015 (France Presse)
O vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, afirmou nesta segunda-feira (14) que a Alemanha pode receber até um milhão de refugiados em
2015, um número superior à estimativa anterior de 800 mil
"Há muitos sinais que mostram que este ano não teremos que admitir 800 mil refugiados como previu o ministério do Interior, e sim 1
milhão", declarou Gabriel ao site do Partido Social-Democrata, que ele preside.
O número de 800 mil demandantes de asilo para 2015 já constituía um recorde na Europa.
Em entrevista ao jornal Tagesspiegel, Gabriel afirmou que a "inação europeia na crise de refugiados levou a Alemanha ao limite de suas
capacidades".
"O primeiro problema não é o número de refugiados e sim a rapidez com que chegam, o que complica a tarefa dos Estados regionais e das
cidades para recebê-los", disse.
O país anunciou neste domingo (13) a reintrodução provisória de controles nas fronteiras para "conter o fluxo de refugiados que chegam à
Alemanha", com a mobilização de "centenas" de policiais.
"A Alemanha introduz provisoriamente controles em suas fronteiras, em particular com a Áustria", indicou o ministro do Interior da
Alemanha, Thomas de Maizier, em Berlim, depois que nas duas últimas semanas 63.000 imigrantes chegaram a Munique, principal porta de
entrada na Alemanha. "Também é absolutamente necessário por razões de segurança", acrescentou o ministro em uma breve declaração à
imprensa.
Em comunicado, a Comissão Europeia afirmou que a Alemanha parece estar legalmente justificada em restituir controle de fronteiras neste
domingo, especialmente em sua divisa com a Áustria, e disse que isso mostrou a necessidade de os países do bloco definirem uma abordagem
comum à questão dos refugiados.
"A reintrodução temporária dos controles de fronteira entre os estados-membros é uma possibilidade excepcional explicitamente prevista e
regulada pelo código de fronteiras Schengen, em caso de uma situação de crise", disse a Comissão Europeia em comunicado. "A situação atual
na Alemanha, à primeira vista, parece ser uma situação abrangida pelas regras".
FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/alemanha-pode-receber-ate-1-milhao-de-refugiados-em-2015.html
Foto chocante de menino morto revela crueldade de crise migratória. Corpo de garoto foi encontrado em praia turca após naufrágio. Jornal
inglês questiona se poder da imagem fará Europa mudar política. (G1, em São Paulo - 02/09/2015)
As imagens de um menino sírio morto numa praia da Turquia viraram símbolo da crise
migratória que já matou milhares de pessoas do Oriente Médio e da África que tentam chegar à
Europa para escapar de guerras, de perseguições e da pobreza.
O corpo do menino apareceu nesta quarta-feira (2) em Bodrum depois que duas embarcações
com imigrantes naufragaram. Pelo menos nove sírios morreram, segundo a agência AFP -- outros
veículos já citam 12. As duas embarcações haviam partido de Bodrum e tentavam chegar à ilha
grega de Kos, anunciaram as autoridades locais.
A foto virou um dos assuntos mais comentados no Twitter e diversos veículos da imprensa
internacional o destacaram como emblemática da gravidade da situação, até mesmo com
potencial para ser um divisor de águas na política europeia para os imigrantes.
saiba mais
"Se estas imagens com poder extraordinário de uma criança síria morta levada a uma praia
não mudarem as atitudes da Europa com relação aos refugiados, o que mudará?", questiona o
jornal britânico "Independent". As fotos são "um forte lembrete de que, enquanto os líderes
europeus progressivamente tentam impedir refugiados e imigrantes de se acomodarem no continente, mais e mais refugiados estão
morrendo em seu seu desespero para escapar da perseguição e alcançar a segurança", acrescenta.
"The Guardian", outro jornal britânico, disse que as fotos levaram para as casas das pessoas "todo o horror da tragédia humana que vem
acontecendo no litoral da Europa".
O americano "Washington Post" classificou a imagem de "o mais trágico símbolo da crise de refugiados do Mediterrâneo".
Grave crise
O mundo enfrenta a pior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial, segundo organizações como a Anistia Internacional e a
Comissão Europeia. Mais de 350 mil imigrantes atravessaram o Mediterrâneo desde janeiro deste ano e mais de 2.643 pessoas morreram no
mar quando tentavam chegar à Europa, segundo dados da OIM (Organização Internacional para as Migrações).
Quase 220 mil chegaram à Grécia e quase 115 mil, à Itália. Mais de 2 mil chegaram à Espanha e uma centena a Malta. O número no decorrer
de 2015 supera com folga o total de 2014, quando 219 mil migrantes tentaram atravessar o Mediterrâneo.
A maioria dos migrantes que chegam à Grécia por mar são sírios em fuga da guerra em seu país. Entre os que chegaram à Itália, os mais
numerosos são os eritreus.
A travessia do Mediterrâneo é feita em botes ou em embarcações superlotadas, sem os mínimos requisitos de segurança, por traficantes de
pessoas. A viagem pode custar mais de R$ 10 mil por pessoa, o que torna o negócio altamente lucrativo - uma única embarcação pode render
US$ 1 milhão.
Reação da Europa
A chegada de centenas de milhares de imigrantes confundiu a União Europeia, que eliminou todos seus controles fronteiriços para viagens
entre 26 países de sua área, mas requer que as pessoas que buscam asilo permaneçam no país onde chegaram, até que suas aplicações sejam
processadas.
Alguns governos têm se recusado a receber refugiados e resistido a propostas da União Europeia para criar um plano comum para lidar com
a crise.
No sábado (29), a Hungria anunciou que finalizou a construção de uma barreira constituída de três rolos de arame farpado que se estende ao
longo de 175 km da fronteira com a Sérvia. A medida foi criticada pela França. A Comissão Europeia também deixou claro seu desagrado com
a cerca húngara, mas o país não enfrenta sanção por construí-la.
A Alemanha tem tomado algumas iniciativas positivas com relação à acolhida dos refugiados. Inicialmente, o país favoreceu que os sírios
peçam refúgio diretamente à Alemanha após excluí-los do Regulamento de Dublin. Esse regulamento indicava que esse estrangeiro fosse
encaminhado ao país onde migrante ingressou na União Europeia. Países como a Itália e Grécia, por exemplo, têm recebido um número
muito elevado de migrantes que chegam pelo mediterrâneo.
FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/foto-chocante-de-menino-morto-vira-simbolo-da-crise-migratoria-europeia.html
A partir da leitura dos fragmentos de textos colocados abaixo e de seus argumentos sobre o tema, elabore um texto
‘dissertativo-argumentativo’ (entre 25 e 30 linhas), com o uso da norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “A saga dos
refugiados: o caminho entre a fuga e a xenofobia.” Não se esqueça de dar um título a seu texto.
Apresente uma proposta de intervenção. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos em
defesa de um ponto de vista.
Policiais paramilitares turcos
investigam o local onde apareceu o
corpo de uma criança imigrante numa
praia de Bodrum, na Turquia
REDAÇÃO - CURSO PROF. MARCO ANTÔNIO 01/10/2015
De onde vêm os refugiados e por quê
Fluxo migratório é o primeiro impacto real da crise síria no
continente europeu (Patrick Cockburn - Independent - 14/09/2015)
LONDRES — Esta é uma era de violência no Oriente Médio e no
norte da África, com nove guerras civis em curso em países islâmicos
entre o Paquistão e a Nigéria. É por isso que tantas pessoas estão
fugindo para salvar suas vidas. Metade das 23 milhões de pessoas
da Síria foi forçada a deixar suas casas, com quatro milhões de
pessoas tendo se refugiado em outros países.
Cerca de 2,6 milhões de iraquianos se deslocaram por conta das
ofensivas do Estado Islâmico (EI) no último ano e ocupam tendas ou
prédios nunca terminados. Despercebidos pelo resto do mundo,
cerca de 1,5 milhão de pessoas deixaram o Sudão do Sul desde que
os conflitos no país foram retomados no final de 2013.
Outras partes do mundo, especialmente o sudeste asiático, se
tornaram mais pacíficas nos últimos 50 anos. Mas, na vasta faixa de
território entre as montanhas do Hindu Kush e a região oeste do Saara, conflitos religiosos, étnicos e separatistas dilaceram países. Em todo
lugar, nações estão entrando em colapso, se enfraquecendo ou sob ataque; e, em muitos destes lugares, insurgências sunitas extremistas
estão crescendo e usando o terror contra a população para provocar fugas em massa.
Outra característica destas guerras é que nenhuma delas demonstra nenhum sinal de fim e, então, as pessoas não podem voltar às suas
casas. A maioria dos refugiados sírios que partiram para a Turquia, para o Líbano e para a Jordânia em 2011 e 2012 acreditava que a guerra na
Síria terminaria em breve e, então, eles poderiam voltar ao país. Foi apenas nos últimos anos que eles perceberam que isso não iria acontecer
e que eles deveriam procurar refúgio em outro lugar. A extensão destas guerras significa a imensa e irreversível destruição de todas as formas
de trabalho e, então, os refugiados, que a princípio só buscavam segurança, também são atraídos pela necessidade econômica.
Estas guerras estão sendo travadas no Afeganistão, no Iraque, na Síria, no sudeste da Turquia, no Iêmen, na Líbia, na Somália, no Sudão e no
nordeste da Nigéria. Algumas delas começaram há muito tempo, como é o caso
da Somália, onde o Estado entrou em colapso em 1991 e nunca foi
completamente reconstruído. Chefes militares, jihadistas extremistas, partidos
rivais e soldados estrangeiros controlam diferentes partes do país.
Mas a maioria destas guerras começou depois de 2001 e muitas só depois de
2011. A guerra civil no Iêmen só ganhou forma no último ano, enquanto a
guerra civil entre turcos e curdos, que matou 40 mil pessoas desde 1984, foi
retomada com ataques aéreos e de guerrilha. E está crescendo rapidamente:
um caminhão de soldados turcos foi explodido no fim de semana por
guerrilheiros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
Quando a Somália desmoronou, processo que uma intervenção militar dos
EUA não conseguiu reverter entre 1992 e 1994, este parecia um evento
marginal, insignificante para o resto do mundo. O país se tornou um "estado falido", frase usada em termos compassivos ou desdenhosos
enquanto a Somália se tornava um reino de piratas, seqüestradores e terroristas da al-Qaeda.
Mas o resto do mundo deveria olhar para tais estados falidos com medo e com angústia, já que são estes lugares — a exemplo do
Afeganistão nos anos 1990 e do Iraque desde 2003 — que incubaram movimentos como o Talibã, a al-Qaeda e o Estado Islâmico. Todos os três
combinam crenças religiosas fanáticas e competências militares. A Somália, um dia, pode ter aparentado ser um caso excepcional, mas a
"somalianisação" acabou sendo o destino de uma série de países, em especial a Líbia, o Iraque e a Síria, onde até pouco tempo atrás as
pessoas tinham alimentos, educação e atendimento de saúde.
Todas as guerras são perigosas e as guerras civis sempre foram notoriamente impiedosas. Os conflitos religiosos são os piores de todos. É o
que está acontecendo com o Oriente Médio e o Norte da África, com o EI — e clones da al-Qaeda, como os grupos Jabhat al-Nusra e Ahrar al-
Sham na Síria — matando ritualmente seus oponentes e justificando suas ações ao apontar o bombardeamento indiscriminado de áreas civis
pelo governo de Assad.
O que é um pouco diferente nestas guerras é que o EI deliberadamente divulga suas atrocidades contra qualquer um a quem considere seu
inimigo. Isso significa que as pessoas arrebatadas nestes conflitos, particularmente depois da declaração do EI em junho do ano passado,
sofrem com uma carga adicional de medo, o que aumenta as chances de eles fugirem e não voltarem mais. A realidade é a mesma para
professores da Universidade de Mosul, no Iraque, e para aldeões da Nigéria, de Camarões ou do Mali. Sem causar surpresa, os avanços do EI
no Iraque produziram grandes ondas de refugiados, que sabem o que vai acontecer se eles não fugirem.
No Iraque e na Síria, estamos de volta a um período de drásticas mudanças demográficas na região, como nunca vistas desde que os
palestinos foram expulsos ou forçados a fugir pelos isralenses em 1948 ou desde que os cristãos foram exterminados ou expulsos do que é
hoje a Turquia moderna na década que seguiu o ano de 1914. Sociedades multi-confessionais no Iraque e na Síria estão se dilacerando com
terríveis consequências. Poderes estrangeiros não sabiam ou não se importavam com quais demônios sectários eles estavam colocando à solta
nestes países com a quebra do antigo status quo.
O ex-conselheiro de segurança do governo iraquiano, Mowaffaq al-Rubaie, costumava dizer aos líderes políticos americanos, que não
hesitavam em sugerir que os problemas comunitários do Iraque poderiam ser resolvidos com a divisão do país, que era necessário entender o
quão sangrento este processo seria. Inevitavelmente, haveria massacres e fugas em massa "semelhantes à partilha da Índia em 1947".
Por que tantos destes Estados estão desmoronando agora e criando grandes fluxos de refugiados? Quais falhas internas ou pressões
externas insustentáveis eles têm em comum? A maioria deles alcançou a auto-determinação quando as potências imperiais se retiraram
depois da Segunda Guerra Mundial. Até o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970, eles eram governados por líderes militares que dirigiam
estados totalitários. Seus monopólios de poder e riqueza eram justificados pela suposta necessidade de estabelecer a ordem pública,
modernizar seus países, ganhar controle dos recursos naturais e resistir às pressões étnicas e sectárias que cresciam a cada nova fissura.
Estes eram geralmente regimes socialistas e nacionalistas de perspectivas seculares. Como as justificativas para o autoritarismo eram
normalmente hipócritas, cheias de interesses e mascaravam a corrupção generalizada pela elite dominante, frequentemente era esquecido
que países como Iraque, Síria e Líbia tinham governos centrais poderosos por um motivo — e poderiam se desintegrar sem estes regimes.
Estes regimes foram se enfraquecendo e entrando em colapso ao longo do Oriente Médio e do Norte da África. O nacionalismo e o
socialismo não oferecem mais a coesão ideológica para manter estados seculares unidos ou para motivar pessoas a lutar por eles até a última
bala, como fazem os fiéis pela imagem fanática e violenta do Islã sunita defendida pelo EI, pelo Jabhat al-Nusra e pelo Ahrar al-Sham.
Autoridades iraquianas admitem que uma das razões para que o exército iraquiano tenha se desintegrado em 2014 e nunca tenha se
reconstituído por completo é que "pouquíssimos iraquianos estão preparados para morrer pelo Iraque."
Grupos sectários como o EI deliberadamente cometem atrocidades contra xiitas e outros na certeza de que isso vai provocar retaliações
contra os sunitas, que vão ficar sem alternativa além de olhar para o EI como seu defensor. O incentivo ao ódio comum é um trabalho a favor
do EI e infecta países como o Iêmen, onde antes existia pouca consciência da divisão sectária, apesar de um terço da população de 25 milhões
pertencer aos xiitas da vertente zaydi.
A probabilidade de uma fuga em massa aumenta ainda mais. No início deste ano, quando corriam rumores de que um ataque do Exército
Iraquiano e da milícia xiita tinha o objetivo de recapturar a cidade sunita de Mosul, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Alto
Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) começaram a reunir alimentos para mais um milhão de pessoas que poderiam vir a deixar suas
casas.
Os europeus ficaram abalados com as imagens do pequeno Alyan Kurdi afogado em uma praia da Turquia e dos famintos sírios que
abarrotavam trens húngaros. Mas, no Oriente Médio, a nova diáspora miserável dos impotentes e despropriados esteve evidente nos últimos
três ou quatro anos. Em maio, eu estava prestes a atravessar o Rio Tigre entre a Síria e o Iraque em um barco com uma mulher curda e sua
família, quando eles foram obrigadas a descer porque uma letra do seu nome estava errada na sua licença.
— Mas eu estou esperando há três dias com a minha família na margem do rio! — ela gritou em desespero. Eu estava a caminho de Erbil, a
capital do Curdistão, que até um ano atrás aspirava ser "a nova Dubai" mas, agora, está repleta de refugiados amontoados em hotéis,
shoppings e bairros de luxo nunca inteiramente construídos.
O que pode ser feito para interromper estes horrores? Talvez a primeira questão seja como nós podemos prevenir que eles fiquem piores,
mantendo em mente que cinco destas nove guerras começaram em 2011. Existe um risco de que, ao atribuir fugas em massa a muitas causas
diversas, como as mudanças climáticas, os líderes políticos responsáveis por estes desastres fiquem livres da pressão pública para agir de
forma eficaz e pôr um fim aos mesmos.
A atual crise de refugiados na Europa é, em grande parte, o primeiro real impacto da guerra civil da Síria no continente. É verdade que a
ausência de segurança na Líbia levou o país a ser hoje o caminho para os países partidos e empobrecidos pela guerra nas proximidades do
Saara. Foi pela costa de 1770 quilômetros da Líbia que 114 mil refugiados percorreram seu caminho até a Itália neste ano, sem contar as
milhares de pessoas que se afogaram no percurso. E, por pior que seja, a situação não é tão diferente do ano passado, quando 112 mil pessoas
usaram esta rota até a Itália.
Muito diferente é a guerra na Síria e no Iraque, que elevou o número de pessoas tentando chegar à Grécia pelo mar de 45 mil a 239 mil no
mesmo período. Por três décadas, o Afeganistão produziu grande número de refugiados, de acordo com o ACNUR; mas, no último ano, a Síria
tomou seu lugar. Hoje, um novo refugiado a cada quatro no mundo é sírio. Uma sociedade inteira foi destruída e o resto do mundo fez muito
pouco para impedir que isso acontecesse. Apesar da recente enxurrada de atividades diplomáticas, nenhum dos atores da crise da Síria mostra
urgência para tentar terminá-la.
A Síria e o Iraque estão no coração da atual crise de refugiados de outra forma, já que é lá que o EI e grupos semelhantes à al-Qaeda
controlam territórios significativos e são capazes de espalhar o veneno sectorial para o resto do mundo islâmico. Eles estimulam gangues de
assassinos que operam, em grande parte, da mesma forma, quer estejam na Nigéria, no Paquistão, no Iêmen ou na Síria. As fugas em massa
vão acontecer enquanto a guerra na Síria e no Iraque continuar.
FONTE: http://oglobo.globo.com/mundo/de-onde-vem-os-refugiados-por-que-17480704
Alemanha pode receber até 1 milhão de refugiados em 2015 (France Presse)
O vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, afirmou nesta segunda-feira (14) que a Alemanha pode receber até um milhão de refugiados em
2015, um número superior à estimativa anterior de 800 mil
"Há muitos sinais que mostram que este ano não teremos que admitir 800 mil refugiados como previu o ministério do Interior, e sim 1
milhão", declarou Gabriel ao site do Partido Social-Democrata, que ele preside.
O número de 800 mil demandantes de asilo para 2015 já constituía um recorde na Europa.
Em entrevista ao jornal Tagesspiegel, Gabriel afirmou que a "inação europeia na crise de refugiados levou a Alemanha ao limite de suas
capacidades".
"O primeiro problema não é o número de refugiados e sim a rapidez com que chegam, o que complica a tarefa dos Estados regionais e das
cidades para recebê-los", disse.
O país anunciou neste domingo (13) a reintrodução provisória de controles nas fronteiras para "conter o fluxo de refugiados que chegam à
Alemanha", com a mobilização de "centenas" de policiais.
"A Alemanha introduz provisoriamente controles em suas fronteiras, em particular com a Áustria", indicou o ministro do Interior da
Alemanha, Thomas de Maizier, em Berlim, depois que nas duas últimas semanas 63.000 imigrantes chegaram a Munique, principal porta de
entrada na Alemanha. "Também é absolutamente necessário por razões de segurança", acrescentou o ministro em uma breve declaração à
imprensa.
Em comunicado, a Comissão Europeia afirmou que a Alemanha parece estar legalmente justificada em restituir controle de fronteiras neste
domingo, especialmente em sua divisa com a Áustria, e disse que isso mostrou a necessidade de os países do bloco definirem uma abordagem
comum à questão dos refugiados.
"A reintrodução temporária dos controles de fronteira entre os estados-membros é uma possibilidade excepcional explicitamente prevista e
regulada pelo código de fronteiras Schengen, em caso de uma situação de crise", disse a Comissão Europeia em comunicado. "A situação atual
na Alemanha, à primeira vista, parece ser uma situação abrangida pelas regras".
FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/alemanha-pode-receber-ate-1-milhao-de-refugiados-em-2015.html
Foto chocante de menino morto revela crueldade de crise migratória. Corpo de garoto foi encontrado em praia turca após naufrágio. Jornal
inglês questiona se poder da imagem fará Europa mudar política. (G1, em São Paulo - 02/09/2015)
As imagens de um menino sírio morto numa praia da Turquia viraram símbolo da crise
migratória que já matou milhares de pessoas do Oriente Médio e da África que tentam chegar à
Europa para escapar de guerras, de perseguições e da pobreza.
O corpo do menino apareceu nesta quarta-feira (2) em Bodrum depois que duas embarcações
com imigrantes naufragaram. Pelo menos nove sírios morreram, segundo a agência AFP -- outros
veículos já citam 12. As duas embarcações haviam partido de Bodrum e tentavam chegar à ilha
grega de Kos, anunciaram as autoridades locais.
A foto virou um dos assuntos mais comentados no Twitter e diversos veículos da imprensa
internacional o destacaram como emblemática da gravidade da situação, até mesmo com
potencial para ser um divisor de águas na política europeia para os imigrantes.
saiba mais
"Se estas imagens com poder extraordinário de uma criança síria morta levada a uma praia
não mudarem as atitudes da Europa com relação aos refugiados, o que mudará?", questiona o
jornal britânico "Independent". As fotos são "um forte lembrete de que, enquanto os líderes
europeus progressivamente tentam impedir refugiados e imigrantes de se acomodarem no continente, mais e mais refugiados estão
morrendo em seu seu desespero para escapar da perseguição e alcançar a segurança", acrescenta.
"The Guardian", outro jornal britânico, disse que as fotos levaram para as casas das pessoas "todo o horror da tragédia humana que vem
acontecendo no litoral da Europa".
O americano "Washington Post" classificou a imagem de "o mais trágico símbolo da crise de refugiados do Mediterrâneo".
Grave crise
O mundo enfrenta a pior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial, segundo organizações como a Anistia Internacional e a
Comissão Europeia. Mais de 350 mil imigrantes atravessaram o Mediterrâneo desde janeiro deste ano e mais de 2.643 pessoas morreram no
mar quando tentavam chegar à Europa, segundo dados da OIM (Organização Internacional para as Migrações).
Quase 220 mil chegaram à Grécia e quase 115 mil, à Itália. Mais de 2 mil chegaram à Espanha e uma centena a Malta. O número no decorrer
de 2015 supera com folga o total de 2014, quando 219 mil migrantes tentaram atravessar o Mediterrâneo.
A maioria dos migrantes que chegam à Grécia por mar são sírios em fuga da guerra em seu país. Entre os que chegaram à Itália, os mais
numerosos são os eritreus.
A travessia do Mediterrâneo é feita em botes ou em embarcações superlotadas, sem os mínimos requisitos de segurança, por traficantes de
pessoas. A viagem pode custar mais de R$ 10 mil por pessoa, o que torna o negócio altamente lucrativo - uma única embarcação pode render
US$ 1 milhão.
Reação da Europa
A chegada de centenas de milhares de imigrantes confundiu a União Europeia, que eliminou todos seus controles fronteiriços para viagens
entre 26 países de sua área, mas requer que as pessoas que buscam asilo permaneçam no país onde chegaram, até que suas aplicações sejam
processadas.
Alguns governos têm se recusado a receber refugiados e resistido a propostas da União Europeia para criar um plano comum para lidar com
a crise.
No sábado (29), a Hungria anunciou que finalizou a construção de uma barreira constituída de três rolos de arame farpado que se estende ao
longo de 175 km da fronteira com a Sérvia. A medida foi criticada pela França. A Comissão Europeia também deixou claro seu desagrado com
a cerca húngara, mas o país não enfrenta sanção por construí-la.
A Alemanha tem tomado algumas iniciativas positivas com relação à acolhida dos refugiados. Inicialmente, o país favoreceu que os sírios
peçam refúgio diretamente à Alemanha após excluí-los do Regulamento de Dublin. Esse regulamento indicava que esse estrangeiro fosse
encaminhado ao país onde migrante ingressou na União Europeia. Países como a Itália e Grécia, por exemplo, têm recebido um número
muito elevado de migrantes que chegam pelo mediterrâneo.
FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/foto-chocante-de-menino-morto-vira-simbolo-da-crise-migratoria-europeia.html
A partir da leitura dos fragmentos de textos colocados abaixo e de seus argumentos sobre o tema, elabore um texto
‘dissertativo-argumentativo’ (entre 25 e 30 linhas), com o uso da norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “A saga dos
refugiados: o caminho entre a fuga e a xenofobia.” Não se esqueça de dar um título a seu texto.
Apresente uma proposta de intervenção. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos em
defesa de um ponto de vista.
Policiais paramilitares turcos
investigam o local onde apareceu o
corpo de uma criança imigrante numa
praia de Bodrum, na Turquia
REDAÇÃO - CURSO PROF. MARCO ANTÔNIO 01/10/2015
De onde vêm os refugiados e por quê
Fluxo migratório é o primeiro impacto real da crise síria no
continente europeu (Patrick Cockburn - Independent - 14/09/2015)
LONDRES — Esta é uma era de violência no Oriente Médio e no
norte da África, com nove guerras civis em curso em países islâmicos
entre o Paquistão e a Nigéria. É por isso que tantas pessoas estão
fugindo para salvar suas vidas. Metade das 23 milhões de pessoas
da Síria foi forçada a deixar suas casas, com quatro milhões de
pessoas tendo se refugiado em outros países.
Cerca de 2,6 milhões de iraquianos se deslocaram por conta das
ofensivas do Estado Islâmico (EI) no último ano e ocupam tendas ou
prédios nunca terminados. Despercebidos pelo resto do mundo,
cerca de 1,5 milhão de pessoas deixaram o Sudão do Sul desde que
os conflitos no país foram retomados no final de 2013.
Outras partes do mundo, especialmente o sudeste asiático, se
tornaram mais pacíficas nos últimos 50 anos. Mas, na vasta faixa de
território entre as montanhas do Hindu Kush e a região oeste do Saara, conflitos religiosos, étnicos e separatistas dilaceram países. Em todo
lugar, nações estão entrando em colapso, se enfraquecendo ou sob ataque; e, em muitos destes lugares, insurgências sunitas extremistas
estão crescendo e usando o terror contra a população para provocar fugas em massa.
Outra característica destas guerras é que nenhuma delas demonstra nenhum sinal de fim e, então, as pessoas não podem voltar às suas
casas. A maioria dos refugiados sírios que partiram para a Turquia, para o Líbano e para a Jordânia em 2011 e 2012 acreditava que a guerra na
Síria terminaria em breve e, então, eles poderiam voltar ao país. Foi apenas nos últimos anos que eles perceberam que isso não iria acontecer
e que eles deveriam procurar refúgio em outro lugar. A extensão destas guerras significa a imensa e irreversível destruição de todas as formas
de trabalho e, então, os refugiados, que a princípio só buscavam segurança, também são atraídos pela necessidade econômica.
Estas guerras estão sendo travadas no Afeganistão, no Iraque, na Síria, no sudeste da Turquia, no Iêmen, na Líbia, na Somália, no Sudão e no
nordeste da Nigéria. Algumas delas começaram há muito tempo, como é o caso
da Somália, onde o Estado entrou em colapso em 1991 e nunca foi
completamente reconstruído. Chefes militares, jihadistas extremistas, partidos
rivais e soldados estrangeiros controlam diferentes partes do país.
Mas a maioria destas guerras começou depois de 2001 e muitas só depois de
2011. A guerra civil no Iêmen só ganhou forma no último ano, enquanto a
guerra civil entre turcos e curdos, que matou 40 mil pessoas desde 1984, foi
retomada com ataques aéreos e de guerrilha. E está crescendo rapidamente:
um caminhão de soldados turcos foi explodido no fim de semana por
guerrilheiros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
Quando a Somália desmoronou, processo que uma intervenção militar dos
EUA não conseguiu reverter entre 1992 e 1994, este parecia um evento
marginal, insignificante para o resto do mundo. O país se tornou um "estado falido", frase usada em termos compassivos ou desdenhosos
enquanto a Somália se tornava um reino de piratas, seqüestradores e terroristas da al-Qaeda.
Mas o resto do mundo deveria olhar para tais estados falidos com medo e com angústia, já que são estes lugares — a exemplo do
Afeganistão nos anos 1990 e do Iraque desde 2003 — que incubaram movimentos como o Talibã, a al-Qaeda e o Estado Islâmico. Todos os três
combinam crenças religiosas fanáticas e competências militares. A Somália, um dia, pode ter aparentado ser um caso excepcional, mas a
"somalianisação" acabou sendo o destino de uma série de países, em especial a Líbia, o Iraque e a Síria, onde até pouco tempo atrás as
pessoas tinham alimentos, educação e atendimento de saúde.
Todas as guerras são perigosas e as guerras civis sempre foram notoriamente impiedosas. Os conflitos religiosos são os piores de todos. É o
que está acontecendo com o Oriente Médio e o Norte da África, com o EI — e clones da al-Qaeda, como os grupos Jabhat al-Nusra e Ahrar al-
Sham na Síria — matando ritualmente seus oponentes e justificando suas ações ao apontar o bombardeamento indiscriminado de áreas civis
pelo governo de Assad.
O que é um pouco diferente nestas guerras é que o EI deliberadamente divulga suas atrocidades contra qualquer um a quem considere seu
inimigo. Isso significa que as pessoas arrebatadas nestes conflitos, particularmente depois da declaração do EI em junho do ano passado,
sofrem com uma carga adicional de medo, o que aumenta as chances de eles fugirem e não voltarem mais. A realidade é a mesma para
professores da Universidade de Mosul, no Iraque, e para aldeões da Nigéria, de Camarões ou do Mali. Sem causar surpresa, os avanços do EI
no Iraque produziram grandes ondas de refugiados, que sabem o que vai acontecer se eles não fugirem.
No Iraque e na Síria, estamos de volta a um período de drásticas mudanças demográficas na região, como nunca vistas desde que os
palestinos foram expulsos ou forçados a fugir pelos isralenses em 1948 ou desde que os cristãos foram exterminados ou expulsos do que é
hoje a Turquia moderna na década que seguiu o ano de 1914. Sociedades multi-confessionais no Iraque e na Síria estão se dilacerando com
terríveis consequências. Poderes estrangeiros não sabiam ou não se importavam com quais demônios sectários eles estavam colocando à solta
nestes países com a quebra do antigo status quo.
O ex-conselheiro de segurança do governo iraquiano, Mowaffaq al-Rubaie, costumava dizer aos líderes políticos americanos, que não
hesitavam em sugerir que os problemas comunitários do Iraque poderiam ser resolvidos com a divisão do país, que era necessário entender o
quão sangrento este processo seria. Inevitavelmente, haveria massacres e fugas em massa "semelhantes à partilha da Índia em 1947".
Por que tantos destes Estados estão desmoronando agora e criando grandes fluxos de refugiados? Quais falhas internas ou pressões
externas insustentáveis eles têm em comum? A maioria deles alcançou a auto-determinação quando as potências imperiais se retiraram
depois da Segunda Guerra Mundial. Até o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970, eles eram governados por líderes militares que dirigiam
estados totalitários. Seus monopólios de poder e riqueza eram justificados pela suposta necessidade de estabelecer a ordem pública,
modernizar seus países, ganhar controle dos recursos naturais e resistir às pressões étnicas e sectárias que cresciam a cada nova fissura.
Estes eram geralmente regimes socialistas e nacionalistas de perspectivas seculares. Como as justificativas para o autoritarismo eram
normalmente hipócritas, cheias de interesses e mascaravam a corrupção generalizada pela elite dominante, frequentemente era esquecido
que países como Iraque, Síria e Líbia tinham governos centrais poderosos por um motivo — e poderiam se desintegrar sem estes regimes.
Estes regimes foram se enfraquecendo e entrando em colapso ao longo do Oriente Médio e do Norte da África. O nacionalismo e o
socialismo não oferecem mais a coesão ideológica para manter estados seculares unidos ou para motivar pessoas a lutar por eles até a última
bala, como fazem os fiéis pela imagem fanática e violenta do Islã sunita defendida pelo EI, pelo Jabhat al-Nusra e pelo Ahrar al-Sham.
Autoridades iraquianas admitem que uma das razões para que o exército iraquiano tenha se desintegrado em 2014 e nunca tenha se
reconstituído por completo é que "pouquíssimos iraquianos estão preparados para morrer pelo Iraque."
Grupos sectários como o EI deliberadamente cometem atrocidades contra xiitas e outros na certeza de que isso vai provocar retaliações
contra os sunitas, que vão ficar sem alternativa além de olhar para o EI como seu defensor. O incentivo ao ódio comum é um trabalho a favor
do EI e infecta países como o Iêmen, onde antes existia pouca consciência da divisão sectária, apesar de um terço da população de 25 milhões
pertencer aos xiitas da vertente zaydi.
A probabilidade de uma fuga em massa aumenta ainda mais. No início deste ano, quando corriam rumores de que um ataque do Exército
Iraquiano e da milícia xiita tinha o objetivo de recapturar a cidade sunita de Mosul, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Alto
Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) começaram a reunir alimentos para mais um milhão de pessoas que poderiam vir a deixar suas
casas.
Os europeus ficaram abalados com as imagens do pequeno Alyan Kurdi afogado em uma praia da Turquia e dos famintos sírios que
abarrotavam trens húngaros. Mas, no Oriente Médio, a nova diáspora miserável dos impotentes e despropriados esteve evidente nos últimos
três ou quatro anos. Em maio, eu estava prestes a atravessar o Rio Tigre entre a Síria e o Iraque em um barco com uma mulher curda e sua
família, quando eles foram obrigadas a descer porque uma letra do seu nome estava errada na sua licença.
— Mas eu estou esperando há três dias com a minha família na margem do rio! — ela gritou em desespero. Eu estava a caminho de Erbil, a
capital do Curdistão, que até um ano atrás aspirava ser "a nova Dubai" mas, agora, está repleta de refugiados amontoados em hotéis,
shoppings e bairros de luxo nunca inteiramente construídos.
O que pode ser feito para interromper estes horrores? Talvez a primeira questão seja como nós podemos prevenir que eles fiquem piores,
mantendo em mente que cinco destas nove guerras começaram em 2011. Existe um risco de que, ao atribuir fugas em massa a muitas causas
diversas, como as mudanças climáticas, os líderes políticos responsáveis por estes desastres fiquem livres da pressão pública para agir de
forma eficaz e pôr um fim aos mesmos.
A atual crise de refugiados na Europa é, em grande parte, o primeiro real impacto da guerra civil da Síria no continente. É verdade que a
ausência de segurança na Líbia levou o país a ser hoje o caminho para os países partidos e empobrecidos pela guerra nas proximidades do
Saara. Foi pela costa de 1770 quilômetros da Líbia que 114 mil refugiados percorreram seu caminho até a Itália neste ano, sem contar as
milhares de pessoas que se afogaram no percurso. E, por pior que seja, a situação não é tão diferente do ano passado, quando 112 mil pessoas
usaram esta rota até a Itália.
Muito diferente é a guerra na Síria e no Iraque, que elevou o número de pessoas tentando chegar à Grécia pelo mar de 45 mil a 239 mil no
mesmo período. Por três décadas, o Afeganistão produziu grande número de refugiados, de acordo com o ACNUR; mas, no último ano, a Síria
tomou seu lugar. Hoje, um novo refugiado a cada quatro no mundo é sírio. Uma sociedade inteira foi destruída e o resto do mundo fez muito
pouco para impedir que isso acontecesse. Apesar da recente enxurrada de atividades diplomáticas, nenhum dos atores da crise da Síria mostra
urgência para tentar terminá-la.
A Síria e o Iraque estão no coração da atual crise de refugiados de outra forma, já que é lá que o EI e grupos semelhantes à al-Qaeda
controlam territórios significativos e são capazes de espalhar o veneno sectorial para o resto do mundo islâmico. Eles estimulam gangues de
assassinos que operam, em grande parte, da mesma forma, quer estejam na Nigéria, no Paquistão, no Iêmen ou na Síria. As fugas em massa
vão acontecer enquanto a guerra na Síria e no Iraque continuar.
FONTE: http://oglobo.globo.com/mundo/de-onde-vem-os-refugiados-por-que-17480704
Alemanha pode receber até 1 milhão de refugiados em 2015 (France Presse)
O vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, afirmou nesta segunda-feira (14) que a Alemanha pode receber até um milhão de refugiados em
2015, um número superior à estimativa anterior de 800 mil
"Há muitos sinais que mostram que este ano não teremos que admitir 800 mil refugiados como previu o ministério do Interior, e sim 1
milhão", declarou Gabriel ao site do Partido Social-Democrata, que ele preside.
O número de 800 mil demandantes de asilo para 2015 já constituía um recorde na Europa.
Em entrevista ao jornal Tagesspiegel, Gabriel afirmou que a "inação europeia na crise de refugiados levou a Alemanha ao limite de suas
capacidades".
"O primeiro problema não é o número de refugiados e sim a rapidez com que chegam, o que complica a tarefa dos Estados regionais e das
cidades para recebê-los", disse.
O país anunciou neste domingo (13) a reintrodução provisória de controles nas fronteiras para "conter o fluxo de refugiados que chegam à
Alemanha", com a mobilização de "centenas" de policiais.
"A Alemanha introduz provisoriamente controles em suas fronteiras, em particular com a Áustria", indicou o ministro do Interior da
Alemanha, Thomas de Maizier, em Berlim, depois que nas duas últimas semanas 63.000 imigrantes chegaram a Munique, principal porta de
entrada na Alemanha. "Também é absolutamente necessário por razões de segurança", acrescentou o ministro em uma breve declaração à
imprensa.
Em comunicado, a Comissão Europeia afirmou que a Alemanha parece estar legalmente justificada em restituir controle de fronteiras neste
domingo, especialmente em sua divisa com a Áustria, e disse que isso mostrou a necessidade de os países do bloco definirem uma abordagem
comum à questão dos refugiados.
"A reintrodução temporária dos controles de fronteira entre os estados-membros é uma possibilidade excepcional explicitamente prevista e
regulada pelo código de fronteiras Schengen, em caso de uma situação de crise", disse a Comissão Europeia em comunicado. "A situação atual
na Alemanha, à primeira vista, parece ser uma situação abrangida pelas regras".
FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/alemanha-pode-receber-ate-1-milhao-de-refugiados-em-2015.html
Foto chocante de menino morto revela crueldade de crise migratória. Corpo de garoto foi encontrado em praia turca após naufrágio. Jornal
inglês questiona se poder da imagem fará Europa mudar política. (G1, em São Paulo - 02/09/2015)
As imagens de um menino sírio morto numa praia da Turquia viraram símbolo da crise
migratória que já matou milhares de pessoas do Oriente Médio e da África que tentam chegar à
Europa para escapar de guerras, de perseguições e da pobreza.
O corpo do menino apareceu nesta quarta-feira (2) em Bodrum depois que duas embarcações
com imigrantes naufragaram. Pelo menos nove sírios morreram, segundo a agência AFP -- outros
veículos já citam 12. As duas embarcações haviam partido de Bodrum e tentavam chegar à ilha
grega de Kos, anunciaram as autoridades locais.
A foto virou um dos assuntos mais comentados no Twitter e diversos veículos da imprensa
internacional o destacaram como emblemática da gravidade da situação, até mesmo com
potencial para ser um divisor de águas na política europeia para os imigrantes.
saiba mais
"Se estas imagens com poder extraordinário de uma criança síria morta levada a uma praia
não mudarem as atitudes da Europa com relação aos refugiados, o que mudará?", questiona o
jornal britânico "Independent". As fotos são "um forte lembrete de que, enquanto os líderes
europeus progressivamente tentam impedir refugiados e imigrantes de se acomodarem no continente, mais e mais refugiados estão
morrendo em seu seu desespero para escapar da perseguição e alcançar a segurança", acrescenta.
"The Guardian", outro jornal britânico, disse que as fotos levaram para as casas das pessoas "todo o horror da tragédia humana que vem
acontecendo no litoral da Europa".
O americano "Washington Post" classificou a imagem de "o mais trágico símbolo da crise de refugiados do Mediterrâneo".
Grave crise
O mundo enfrenta a pior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial, segundo organizações como a Anistia Internacional e a
Comissão Europeia. Mais de 350 mil imigrantes atravessaram o Mediterrâneo desde janeiro deste ano e mais de 2.643 pessoas morreram no
mar quando tentavam chegar à Europa, segundo dados da OIM (Organização Internacional para as Migrações).
Quase 220 mil chegaram à Grécia e quase 115 mil, à Itália. Mais de 2 mil chegaram à Espanha e uma centena a Malta. O número no decorrer
de 2015 supera com folga o total de 2014, quando 219 mil migrantes tentaram atravessar o Mediterrâneo.
A maioria dos migrantes que chegam à Grécia por mar são sírios em fuga da guerra em seu país. Entre os que chegaram à Itália, os mais
numerosos são os eritreus.
A travessia do Mediterrâneo é feita em botes ou em embarcações superlotadas, sem os mínimos requisitos de segurança, por traficantes de
pessoas. A viagem pode custar mais de R$ 10 mil por pessoa, o que torna o negócio altamente lucrativo - uma única embarcação pode render
US$ 1 milhão.
Reação da Europa
A chegada de centenas de milhares de imigrantes confundiu a União Europeia, que eliminou todos seus controles fronteiriços para viagens
entre 26 países de sua área, mas requer que as pessoas que buscam asilo permaneçam no país onde chegaram, até que suas aplicações sejam
processadas.
Alguns governos têm se recusado a receber refugiados e resistido a propostas da União Europeia para criar um plano comum para lidar com
a crise.
No sábado (29), a Hungria anunciou que finalizou a construção de uma barreira constituída de três rolos de arame farpado que se estende ao
longo de 175 km da fronteira com a Sérvia. A medida foi criticada pela França. A Comissão Europeia também deixou claro seu desagrado com
a cerca húngara, mas o país não enfrenta sanção por construí-la.
A Alemanha tem tomado algumas iniciativas positivas com relação à acolhida dos refugiados. Inicialmente, o país favoreceu que os sírios
peçam refúgio diretamente à Alemanha após excluí-los do Regulamento de Dublin. Esse regulamento indicava que esse estrangeiro fosse
encaminhado ao país onde migrante ingressou na União Europeia. Países como a Itália e Grécia, por exemplo, têm recebido um número
muito elevado de migrantes que chegam pelo mediterrâneo.
FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/foto-chocante-de-menino-morto-vira-simbolo-da-crise-migratoria-europeia.html
A partir da leitura dos fragmentos de textos colocados abaixo e de seus argumentos sobre o tema, elabore um texto
‘dissertativo-argumentativo’ (entre 25 e 30 linhas), com o uso da norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “A saga dos
refugiados: o caminho entre a fuga e a xenofobia.” Não se esqueça de dar um título a seu texto.
Apresente uma proposta de intervenção. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos em
defesa de um ponto de vista.
Policiais paramilitares turcos
investigam o local onde apareceu o
corpo de uma criança imigrante numa
praia de Bodrum, na Turquia
REDAÇÃO - CURSO PROF. MARCO ANTÔNIO 01/10/2015
De onde vêm os refugiados e por quê
Fluxo migratório é o primeiro impacto real da crise síria no
continente europeu (Patrick Cockburn - Independent - 14/09/2015)
LONDRES — Esta é uma era de violência no Oriente Médio e no
norte da África, com nove guerras civis em curso em países islâmicos
entre o Paquistão e a Nigéria. É por isso que tantas pessoas estão
fugindo para salvar suas vidas. Metade das 23 milhões de pessoas
da Síria foi forçada a deixar suas casas, com quatro milhões de
pessoas tendo se refugiado em outros países.
Cerca de 2,6 milhões de iraquianos se deslocaram por conta das
ofensivas do Estado Islâmico (EI) no último ano e ocupam tendas ou
prédios nunca terminados. Despercebidos pelo resto do mundo,
cerca de 1,5 milhão de pessoas deixaram o Sudão do Sul desde que
os conflitos no país foram retomados no final de 2013.
Outras partes do mundo, especialmente o sudeste asiático, se
tornaram mais pacíficas nos últimos 50 anos. Mas, na vasta faixa de
território entre as montanhas do Hindu Kush e a região oeste do Saara, conflitos religiosos, étnicos e separatistas dilaceram países. Em todo
lugar, nações estão entrando em colapso, se enfraquecendo ou sob ataque; e, em muitos destes lugares, insurgências sunitas extremistas
estão crescendo e usando o terror contra a população para provocar fugas em massa.
Outra característica destas guerras é que nenhuma delas demonstra nenhum sinal de fim e, então, as pessoas não podem voltar às suas
casas. A maioria dos refugiados sírios que partiram para a Turquia, para o Líbano e para a Jordânia em 2011 e 2012 acreditava que a guerra na
Síria terminaria em breve e, então, eles poderiam voltar ao país. Foi apenas nos últimos anos que eles perceberam que isso não iria acontecer
e que eles deveriam procurar refúgio em outro lugar. A extensão destas guerras significa a imensa e irreversível destruição de todas as formas
de trabalho e, então, os refugiados, que a princípio só buscavam segurança, também são atraídos pela necessidade econômica.
Estas guerras estão sendo travadas no Afeganistão, no Iraque, na Síria, no sudeste da Turquia, no Iêmen, na Líbia, na Somália, no Sudão e no
nordeste da Nigéria. Algumas delas começaram há muito tempo, como é o caso
da Somália, onde o Estado entrou em colapso em 1991 e nunca foi
completamente reconstruído. Chefes militares, jihadistas extremistas, partidos
rivais e soldados estrangeiros controlam diferentes partes do país.
Mas a maioria destas guerras começou depois de 2001 e muitas só depois de
2011. A guerra civil no Iêmen só ganhou forma no último ano, enquanto a
guerra civil entre turcos e curdos, que matou 40 mil pessoas desde 1984, foi
retomada com ataques aéreos e de guerrilha. E está crescendo rapidamente:
um caminhão de soldados turcos foi explodido no fim de semana por
guerrilheiros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
Quando a Somália desmoronou, processo que uma intervenção militar dos
EUA não conseguiu reverter entre 1992 e 1994, este parecia um evento
marginal, insignificante para o resto do mundo. O país se tornou um "estado falido", frase usada em termos compassivos ou desdenhosos
enquanto a Somália se tornava um reino de piratas, seqüestradores e terroristas da al-Qaeda.
Mas o resto do mundo deveria olhar para tais estados falidos com medo e com angústia, já que são estes lugares — a exemplo do
Afeganistão nos anos 1990 e do Iraque desde 2003 — que incubaram movimentos como o Talibã, a al-Qaeda e o Estado Islâmico. Todos os três
combinam crenças religiosas fanáticas e competências militares. A Somália, um dia, pode ter aparentado ser um caso excepcional, mas a
"somalianisação" acabou sendo o destino de uma série de países, em especial a Líbia, o Iraque e a Síria, onde até pouco tempo atrás as
pessoas tinham alimentos, educação e atendimento de saúde.
Todas as guerras são perigosas e as guerras civis sempre foram notoriamente impiedosas. Os conflitos religiosos são os piores de todos. É o
que está acontecendo com o Oriente Médio e o Norte da África, com o EI — e clones da al-Qaeda, como os grupos Jabhat al-Nusra e Ahrar al-
Sham na Síria — matando ritualmente seus oponentes e justificando suas ações ao apontar o bombardeamento indiscriminado de áreas civis
pelo governo de Assad.
O que é um pouco diferente nestas guerras é que o EI deliberadamente divulga suas atrocidades contra qualquer um a quem considere seu
inimigo. Isso significa que as pessoas arrebatadas nestes conflitos, particularmente depois da declaração do EI em junho do ano passado,
sofrem com uma carga adicional de medo, o que aumenta as chances de eles fugirem e não voltarem mais. A realidade é a mesma para
professores da Universidade de Mosul, no Iraque, e para aldeões da Nigéria, de Camarões ou do Mali. Sem causar surpresa, os avanços do EI
no Iraque produziram grandes ondas de refugiados, que sabem o que vai acontecer se eles não fugirem.
No Iraque e na Síria, estamos de volta a um período de drásticas mudanças demográficas na região, como nunca vistas desde que os
palestinos foram expulsos ou forçados a fugir pelos isralenses em 1948 ou desde que os cristãos foram exterminados ou expulsos do que é
hoje a Turquia moderna na década que seguiu o ano de 1914. Sociedades multi-confessionais no Iraque e na Síria estão se dilacerando com
terríveis consequências. Poderes estrangeiros não sabiam ou não se importavam com quais demônios sectários eles estavam colocando à solta
nestes países com a quebra do antigo status quo.
O ex-conselheiro de segurança do governo iraquiano, Mowaffaq al-Rubaie, costumava dizer aos líderes políticos americanos, que não
hesitavam em sugerir que os problemas comunitários do Iraque poderiam ser resolvidos com a divisão do país, que era necessário entender o
quão sangrento este processo seria. Inevitavelmente, haveria massacres e fugas em massa "semelhantes à partilha da Índia em 1947".
Por que tantos destes Estados estão desmoronando agora e criando grandes fluxos de refugiados? Quais falhas internas ou pressões
externas insustentáveis eles têm em comum? A maioria deles alcançou a auto-determinação quando as potências imperiais se retiraram
depois da Segunda Guerra Mundial. Até o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970, eles eram governados por líderes militares que dirigiam
estados totalitários. Seus monopólios de poder e riqueza eram justificados pela suposta necessidade de estabelecer a ordem pública,
modernizar seus países, ganhar controle dos recursos naturais e resistir às pressões étnicas e sectárias que cresciam a cada nova fissura.
Estes eram geralmente regimes socialistas e nacionalistas de perspectivas seculares. Como as justificativas para o autoritarismo eram
normalmente hipócritas, cheias de interesses e mascaravam a corrupção generalizada pela elite dominante, frequentemente era esquecido
que países como Iraque, Síria e Líbia tinham governos centrais poderosos por um motivo — e poderiam se desintegrar sem estes regimes.
Estes regimes foram se enfraquecendo e entrando em colapso ao longo do Oriente Médio e do Norte da África. O nacionalismo e o
socialismo não oferecem mais a coesão ideológica para manter estados seculares unidos ou para motivar pessoas a lutar por eles até a última
bala, como fazem os fiéis pela imagem fanática e violenta do Islã sunita defendida pelo EI, pelo Jabhat al-Nusra e pelo Ahrar al-Sham.
Autoridades iraquianas admitem que uma das razões para que o exército iraquiano tenha se desintegrado em 2014 e nunca tenha se
reconstituído por completo é que "pouquíssimos iraquianos estão preparados para morrer pelo Iraque."
Grupos sectários como o EI deliberadamente cometem atrocidades contra xiitas e outros na certeza de que isso vai provocar retaliações
contra os sunitas, que vão ficar sem alternativa além de olhar para o EI como seu defensor. O incentivo ao ódio comum é um trabalho a favor
do EI e infecta países como o Iêmen, onde antes existia pouca consciência da divisão sectária, apesar de um terço da população de 25 milhões
pertencer aos xiitas da vertente zaydi.
A probabilidade de uma fuga em massa aumenta ainda mais. No início deste ano, quando corriam rumores de que um ataque do Exército
Iraquiano e da milícia xiita tinha o objetivo de recapturar a cidade sunita de Mosul, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Alto
Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) começaram a reunir alimentos para mais um milhão de pessoas que poderiam vir a deixar suas
casas.
Os europeus ficaram abalados com as imagens do pequeno Alyan Kurdi afogado em uma praia da Turquia e dos famintos sírios que
abarrotavam trens húngaros. Mas, no Oriente Médio, a nova diáspora miserável dos impotentes e despropriados esteve evidente nos últimos
três ou quatro anos. Em maio, eu estava prestes a atravessar o Rio Tigre entre a Síria e o Iraque em um barco com uma mulher curda e sua
família, quando eles foram obrigadas a descer porque uma letra do seu nome estava errada na sua licença.
— Mas eu estou esperando há três dias com a minha família na margem do rio! — ela gritou em desespero. Eu estava a caminho de Erbil, a
capital do Curdistão, que até um ano atrás aspirava ser "a nova Dubai" mas, agora, está repleta de refugiados amontoados em hotéis,
shoppings e bairros de luxo nunca inteiramente construídos.
O que pode ser feito para interromper estes horrores? Talvez a primeira questão seja como nós podemos prevenir que eles fiquem piores,
mantendo em mente que cinco destas nove guerras começaram em 2011. Existe um risco de que, ao atribuir fugas em massa a muitas causas
diversas, como as mudanças climáticas, os líderes políticos responsáveis por estes desastres fiquem livres da pressão pública para agir de
forma eficaz e pôr um fim aos mesmos.
A atual crise de refugiados na Europa é, em grande parte, o primeiro real impacto da guerra civil da Síria no continente. É verdade que a
ausência de segurança na Líbia levou o país a ser hoje o caminho para os países partidos e empobrecidos pela guerra nas proximidades do
Saara. Foi pela costa de 1770 quilômetros da Líbia que 114 mil refugiados percorreram seu caminho até a Itália neste ano, sem contar as
milhares de pessoas que se afogaram no percurso. E, por pior que seja, a situação não é tão diferente do ano passado, quando 112 mil pessoas
usaram esta rota até a Itália.
Muito diferente é a guerra na Síria e no Iraque, que elevou o número de pessoas tentando chegar à Grécia pelo mar de 45 mil a 239 mil no
mesmo período. Por três décadas, o Afeganistão produziu grande número de refugiados, de acordo com o ACNUR; mas, no último ano, a Síria
tomou seu lugar. Hoje, um novo refugiado a cada quatro no mundo é sírio. Uma sociedade inteira foi destruída e o resto do mundo fez muito
pouco para impedir que isso acontecesse. Apesar da recente enxurrada de atividades diplomáticas, nenhum dos atores da crise da Síria mostra
urgência para tentar terminá-la.
A Síria e o Iraque estão no coração da atual crise de refugiados de outra forma, já que é lá que o EI e grupos semelhantes à al-Qaeda
controlam territórios significativos e são capazes de espalhar o veneno sectorial para o resto do mundo islâmico. Eles estimulam gangues de
assassinos que operam, em grande parte, da mesma forma, quer estejam na Nigéria, no Paquistão, no Iêmen ou na Síria. As fugas em massa
vão acontecer enquanto a guerra na Síria e no Iraque continuar.
FONTE: http://oglobo.globo.com/mundo/de-onde-vem-os-refugiados-por-que-17480704
Alemanha pode receber até 1 milhão de refugiados em 2015 (France Presse)
O vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, afirmou nesta segunda-feira (14) que a Alemanha pode receber até um milhão de refugiados em
2015, um número superior à estimativa anterior de 800 mil
"Há muitos sinais que mostram que este ano não teremos que admitir 800 mil refugiados como previu o ministério do Interior, e sim 1
milhão", declarou Gabriel ao site do Partido Social-Democrata, que ele preside.
O número de 800 mil demandantes de asilo para 2015 já constituía um recorde na Europa.
Em entrevista ao jornal Tagesspiegel, Gabriel afirmou que a "inação europeia na crise de refugiados levou a Alemanha ao limite de suas
capacidades".
"O primeiro problema não é o número de refugiados e sim a rapidez com que chegam, o que complica a tarefa dos Estados regionais e das
cidades para recebê-los", disse.
O país anunciou neste domingo (13) a reintrodução provisória de controles nas fronteiras para "conter o fluxo de refugiados que chegam à
Alemanha", com a mobilização de "centenas" de policiais.
"A Alemanha introduz provisoriamente controles em suas fronteiras, em particular com a Áustria", indicou o ministro do Interior da
Alemanha, Thomas de Maizier, em Berlim, depois que nas duas últimas semanas 63.000 imigrantes chegaram a Munique, principal porta de
entrada na Alemanha. "Também é absolutamente necessário por razões de segurança", acrescentou o ministro em uma breve declaração à
imprensa.
Em comunicado, a Comissão Europeia afirmou que a Alemanha parece estar legalmente justificada em restituir controle de fronteiras neste
domingo, especialmente em sua divisa com a Áustria, e disse que isso mostrou a necessidade de os países do bloco definirem uma abordagem
comum à questão dos refugiados.
"A reintrodução temporária dos controles de fronteira entre os estados-membros é uma possibilidade excepcional explicitamente prevista e
regulada pelo código de fronteiras Schengen, em caso de uma situação de crise", disse a Comissão Europeia em comunicado. "A situação atual
na Alemanha, à primeira vista, parece ser uma situação abrangida pelas regras".
FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/alemanha-pode-receber-ate-1-milhao-de-refugiados-em-2015.html
Foto chocante de menino morto revela crueldade de crise migratória. Corpo de garoto foi encontrado em praia turca após naufrágio. Jornal
inglês questiona se poder da imagem fará Europa mudar política. (G1, em São Paulo - 02/09/2015)
As imagens de um menino sírio morto numa praia da Turquia viraram símbolo da crise
migratória que já matou milhares de pessoas do Oriente Médio e da África que tentam chegar à
Europa para escapar de guerras, de perseguições e da pobreza.
O corpo do menino apareceu nesta quarta-feira (2) em Bodrum depois que duas embarcações
com imigrantes naufragaram. Pelo menos nove sírios morreram, segundo a agência AFP -- outros
veículos já citam 12. As duas embarcações haviam partido de Bodrum e tentavam chegar à ilha
grega de Kos, anunciaram as autoridades locais.
A foto virou um dos assuntos mais comentados no Twitter e diversos veículos da imprensa
internacional o destacaram como emblemática da gravidade da situação, até mesmo com
potencial para ser um divisor de águas na política europeia para os imigrantes.
saiba mais
"Se estas imagens com poder extraordinário de uma criança síria morta levada a uma praia
não mudarem as atitudes da Europa com relação aos refugiados, o que mudará?", questiona o
jornal britânico "Independent". As fotos são "um forte lembrete de que, enquanto os líderes
europeus progressivamente tentam impedir refugiados e imigrantes de se acomodarem no continente, mais e mais refugiados estão
morrendo em seu seu desespero para escapar da perseguição e alcançar a segurança", acrescenta.
"The Guardian", outro jornal britânico, disse que as fotos levaram para as casas das pessoas "todo o horror da tragédia humana que vem
acontecendo no litoral da Europa".
O americano "Washington Post" classificou a imagem de "o mais trágico símbolo da crise de refugiados do Mediterrâneo".
Grave crise
O mundo enfrenta a pior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial, segundo organizações como a Anistia Internacional e a
Comissão Europeia. Mais de 350 mil imigrantes atravessaram o Mediterrâneo desde janeiro deste ano e mais de 2.643 pessoas morreram no
mar quando tentavam chegar à Europa, segundo dados da OIM (Organização Internacional para as Migrações).
Quase 220 mil chegaram à Grécia e quase 115 mil, à Itália. Mais de 2 mil chegaram à Espanha e uma centena a Malta. O número no decorrer
de 2015 supera com folga o total de 2014, quando 219 mil migrantes tentaram atravessar o Mediterrâneo.
A maioria dos migrantes que chegam à Grécia por mar são sírios em fuga da guerra em seu país. Entre os que chegaram à Itália, os mais
numerosos são os eritreus.
A travessia do Mediterrâneo é feita em botes ou em embarcações superlotadas, sem os mínimos requisitos de segurança, por traficantes de
pessoas. A viagem pode custar mais de R$ 10 mil por pessoa, o que torna o negócio altamente lucrativo - uma única embarcação pode render
US$ 1 milhão.
Reação da Europa
A chegada de centenas de milhares de imigrantes confundiu a União Europeia, que eliminou todos seus controles fronteiriços para viagens
entre 26 países de sua área, mas requer que as pessoas que buscam asilo permaneçam no país onde chegaram, até que suas aplicações sejam
processadas.
Alguns governos têm se recusado a receber refugiados e resistido a propostas da União Europeia para criar um plano comum para lidar com
a crise.
No sábado (29), a Hungria anunciou que finalizou a construção de uma barreira constituída de três rolos de arame farpado que se estende ao
longo de 175 km da fronteira com a Sérvia. A medida foi criticada pela França. A Comissão Europeia também deixou claro seu desagrado com
a cerca húngara, mas o país não enfrenta sanção por construí-la.
A Alemanha tem tomado algumas iniciativas positivas com relação à acolhida dos refugiados. Inicialmente, o país favoreceu que os sírios
peçam refúgio diretamente à Alemanha após excluí-los do Regulamento de Dublin. Esse regulamento indicava que esse estrangeiro fosse
encaminhado ao país onde migrante ingressou na União Europeia. Países como a Itália e Grécia, por exemplo, têm recebido um número
muito elevado de migrantes que chegam pelo mediterrâneo.
FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/foto-chocante-de-menino-morto-vira-simbolo-da-crise-migratoria-europeia.html
A partir da leitura dos fragmentos de textos colocados abaixo e de seus argumentos sobre o tema, elabore um texto
‘dissertativo-argumentativo’ (entre 25 e 30 linhas), com o uso da norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “A saga dos
refugiados: o caminho entre a fuga e a xenofobia.” Não se esqueça de dar um título a seu texto.
Apresente uma proposta de intervenção. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos em
defesa de um ponto de vista.
Policiais paramilitares turcos
investigam o local onde apareceu o
corpo de uma criança imigrante numa
praia de Bodrum, na Turquia
REDAÇÃO - CURSO PROF. MARCO ANTÔNIO 01/10/2015
De onde vêm os refugiados e por quê
Fluxo migratório é o primeiro impacto real da crise síria no
continente europeu (Patrick Cockburn - Independent - 14/09/2015)
LONDRES — Esta é uma era de violência no Oriente Médio e no
norte da África, com nove guerras civis em curso em países islâmicos
entre o Paquistão e a Nigéria. É por isso que tantas pessoas estão
fugindo para salvar suas vidas. Metade das 23 milhões de pessoas
da Síria foi forçada a deixar suas casas, com quatro milhões de
pessoas tendo se refugiado em outros países.
Cerca de 2,6 milhões de iraquianos se deslocaram por conta das
ofensivas do Estado Islâmico (EI) no último ano e ocupam tendas ou
prédios nunca terminados. Despercebidos pelo resto do mundo,
cerca de 1,5 milhão de pessoas deixaram o Sudão do Sul desde que
os conflitos no país foram retomados no final de 2013.
Outras partes do mundo, especialmente o sudeste asiático, se
tornaram mais pacíficas nos últimos 50 anos. Mas, na vasta faixa de
território entre as montanhas do Hindu Kush e a região oeste do Saara, conflitos religiosos, étnicos e separatistas dilaceram países. Em todo
lugar, nações estão entrando em colapso, se enfraquecendo ou sob ataque; e, em muitos destes lugares, insurgências sunitas extremistas
estão crescendo e usando o terror contra a população para provocar fugas em massa.
Outra característica destas guerras é que nenhuma delas demonstra nenhum sinal de fim e, então, as pessoas não podem voltar às suas
casas. A maioria dos refugiados sírios que partiram para a Turquia, para o Líbano e para a Jordânia em 2011 e 2012 acreditava que a guerra na
Síria terminaria em breve e, então, eles poderiam voltar ao país. Foi apenas nos últimos anos que eles perceberam que isso não iria acontecer
e que eles deveriam procurar refúgio em outro lugar. A extensão destas guerras significa a imensa e irreversível destruição de todas as formas
de trabalho e, então, os refugiados, que a princípio só buscavam segurança, também são atraídos pela necessidade econômica.
Estas guerras estão sendo travadas no Afeganistão, no Iraque, na Síria, no sudeste da Turquia, no Iêmen, na Líbia, na Somália, no Sudão e no
nordeste da Nigéria. Algumas delas começaram há muito tempo, como é o caso
da Somália, onde o Estado entrou em colapso em 1991 e nunca foi
completamente reconstruído. Chefes militares, jihadistas extremistas, partidos
rivais e soldados estrangeiros controlam diferentes partes do país.
Mas a maioria destas guerras começou depois de 2001 e muitas só depois de
2011. A guerra civil no Iêmen só ganhou forma no último ano, enquanto a
guerra civil entre turcos e curdos, que matou 40 mil pessoas desde 1984, foi
retomada com ataques aéreos e de guerrilha. E está crescendo rapidamente:
um caminhão de soldados turcos foi explodido no fim de semana por
guerrilheiros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
Quando a Somália desmoronou, processo que uma intervenção militar dos
EUA não conseguiu reverter entre 1992 e 1994, este parecia um evento
marginal, insignificante para o resto do mundo. O país se tornou um "estado falido", frase usada em termos compassivos ou desdenhosos
enquanto a Somália se tornava um reino de piratas, seqüestradores e terroristas da al-Qaeda.
Mas o resto do mundo deveria olhar para tais estados falidos com medo e com angústia, já que são estes lugares — a exemplo do
Afeganistão nos anos 1990 e do Iraque desde 2003 — que incubaram movimentos como o Talibã, a al-Qaeda e o Estado Islâmico. Todos os três
combinam crenças religiosas fanáticas e competências militares. A Somália, um dia, pode ter aparentado ser um caso excepcional, mas a
"somalianisação" acabou sendo o destino de uma série de países, em especial a Líbia, o Iraque e a Síria, onde até pouco tempo atrás as
pessoas tinham alimentos, educação e atendimento de saúde.
Todas as guerras são perigosas e as guerras civis sempre foram notoriamente impiedosas. Os conflitos religiosos são os piores de todos. É o
que está acontecendo com o Oriente Médio e o Norte da África, com o EI — e clones da al-Qaeda, como os grupos Jabhat al-Nusra e Ahrar al-
Sham na Síria — matando ritualmente seus oponentes e justificando suas ações ao apontar o bombardeamento indiscriminado de áreas civis
pelo governo de Assad.
O que é um pouco diferente nestas guerras é que o EI deliberadamente divulga suas atrocidades contra qualquer um a quem considere seu
inimigo. Isso significa que as pessoas arrebatadas nestes conflitos, particularmente depois da declaração do EI em junho do ano passado,
sofrem com uma carga adicional de medo, o que aumenta as chances de eles fugirem e não voltarem mais. A realidade é a mesma para
professores da Universidade de Mosul, no Iraque, e para aldeões da Nigéria, de Camarões ou do Mali. Sem causar surpresa, os avanços do EI
no Iraque produziram grandes ondas de refugiados, que sabem o que vai acontecer se eles não fugirem.
No Iraque e na Síria, estamos de volta a um período de drásticas mudanças demográficas na região, como nunca vistas desde que os
palestinos foram expulsos ou forçados a fugir pelos isralenses em 1948 ou desde que os cristãos foram exterminados ou expulsos do que é
hoje a Turquia moderna na década que seguiu o ano de 1914. Sociedades multi-confessionais no Iraque e na Síria estão se dilacerando com
terríveis consequências. Poderes estrangeiros não sabiam ou não se importavam com quais demônios sectários eles estavam colocando à solta
nestes países com a quebra do antigo status quo.
O ex-conselheiro de segurança do governo iraquiano, Mowaffaq al-Rubaie, costumava dizer aos líderes políticos americanos, que não
hesitavam em sugerir que os problemas comunitários do Iraque poderiam ser resolvidos com a divisão do país, que era necessário entender o
quão sangrento este processo seria. Inevitavelmente, haveria massacres e fugas em massa "semelhantes à partilha da Índia em 1947".
Por que tantos destes Estados estão desmoronando agora e criando grandes fluxos de refugiados? Quais falhas internas ou pressões
externas insustentáveis eles têm em comum? A maioria deles alcançou a auto-determinação quando as potências imperiais se retiraram
depois da Segunda Guerra Mundial. Até o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970, eles eram governados por líderes militares que dirigiam
estados totalitários. Seus monopólios de poder e riqueza eram justificados pela suposta necessidade de estabelecer a ordem pública,
modernizar seus países, ganhar controle dos recursos naturais e resistir às pressões étnicas e sectárias que cresciam a cada nova fissura.
Estes eram geralmente regimes socialistas e nacionalistas de perspectivas seculares. Como as justificativas para o autoritarismo eram
normalmente hipócritas, cheias de interesses e mascaravam a corrupção generalizada pela elite dominante, frequentemente era esquecido
que países como Iraque, Síria e Líbia tinham governos centrais poderosos por um motivo — e poderiam se desintegrar sem estes regimes.
Estes regimes foram se enfraquecendo e entrando em colapso ao longo do Oriente Médio e do Norte da África. O nacionalismo e o
socialismo não oferecem mais a coesão ideológica para manter estados seculares unidos ou para motivar pessoas a lutar por eles até a última
bala, como fazem os fiéis pela imagem fanática e violenta do Islã sunita defendida pelo EI, pelo Jabhat al-Nusra e pelo Ahrar al-Sham.
Autoridades iraquianas admitem que uma das razões para que o exército iraquiano tenha se desintegrado em 2014 e nunca tenha se
reconstituído por completo é que "pouquíssimos iraquianos estão preparados para morrer pelo Iraque."
Grupos sectários como o EI deliberadamente cometem atrocidades contra xiitas e outros na certeza de que isso vai provocar retaliações
contra os sunitas, que vão ficar sem alternativa além de olhar para o EI como seu defensor. O incentivo ao ódio comum é um trabalho a favor
do EI e infecta países como o Iêmen, onde antes existia pouca consciência da divisão sectária, apesar de um terço da população de 25 milhões
pertencer aos xiitas da vertente zaydi.
A probabilidade de uma fuga em massa aumenta ainda mais. No início deste ano, quando corriam rumores de que um ataque do Exército
Iraquiano e da milícia xiita tinha o objetivo de recapturar a cidade sunita de Mosul, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Alto
Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) começaram a reunir alimentos para mais um milhão de pessoas que poderiam vir a deixar suas
casas.
Os europeus ficaram abalados com as imagens do pequeno Alyan Kurdi afogado em uma praia da Turquia e dos famintos sírios que
abarrotavam trens húngaros. Mas, no Oriente Médio, a nova diáspora miserável dos impotentes e despropriados esteve evidente nos últimos
três ou quatro anos. Em maio, eu estava prestes a atravessar o Rio Tigre entre a Síria e o Iraque em um barco com uma mulher curda e sua
família, quando eles foram obrigadas a descer porque uma letra do seu nome estava errada na sua licença.
— Mas eu estou esperando há três dias com a minha família na margem do rio! — ela gritou em desespero. Eu estava a caminho de Erbil, a
capital do Curdistão, que até um ano atrás aspirava ser "a nova Dubai" mas, agora, está repleta de refugiados amontoados em hotéis,
shoppings e bairros de luxo nunca inteiramente construídos.
O que pode ser feito para interromper estes horrores? Talvez a primeira questão seja como nós podemos prevenir que eles fiquem piores,
mantendo em mente que cinco destas nove guerras começaram em 2011. Existe um risco de que, ao atribuir fugas em massa a muitas causas
diversas, como as mudanças climáticas, os líderes políticos responsáveis por estes desastres fiquem livres da pressão pública para agir de
forma eficaz e pôr um fim aos mesmos.
A atual crise de refugiados na Europa é, em grande parte, o primeiro real impacto da guerra civil da Síria no continente. É verdade que a
ausência de segurança na Líbia levou o país a ser hoje o caminho para os países partidos e empobrecidos pela guerra nas proximidades do
Saara. Foi pela costa de 1770 quilômetros da Líbia que 114 mil refugiados percorreram seu caminho até a Itália neste ano, sem contar as
milhares de pessoas que se afogaram no percurso. E, por pior que seja, a situação não é tão diferente do ano passado, quando 112 mil pessoas
usaram esta rota até a Itália.
Muito diferente é a guerra na Síria e no Iraque, que elevou o número de pessoas tentando chegar à Grécia pelo mar de 45 mil a 239 mil no
mesmo período. Por três décadas, o Afeganistão produziu grande número de refugiados, de acordo com o ACNUR; mas, no último ano, a Síria
tomou seu lugar. Hoje, um novo refugiado a cada quatro no mundo é sírio. Uma sociedade inteira foi destruída e o resto do mundo fez muito
pouco para impedir que isso acontecesse. Apesar da recente enxurrada de atividades diplomáticas, nenhum dos atores da crise da Síria mostra
urgência para tentar terminá-la.
A Síria e o Iraque estão no coração da atual crise de refugiados de outra forma, já que é lá que o EI e grupos semelhantes à al-Qaeda
controlam territórios significativos e são capazes de espalhar o veneno sectorial para o resto do mundo islâmico. Eles estimulam gangues de
assassinos que operam, em grande parte, da mesma forma, quer estejam na Nigéria, no Paquistão, no Iêmen ou na Síria. As fugas em massa
vão acontecer enquanto a guerra na Síria e no Iraque continuar.
FONTE: http://oglobo.globo.com/mundo/de-onde-vem-os-refugiados-por-que-17480704
Alemanha pode receber até 1 milhão de refugiados em 2015 (France Presse)
O vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, afirmou nesta segunda-feira (14) que a Alemanha pode receber até um milhão de refugiados em
2015, um número superior à estimativa anterior de 800 mil
"Há muitos sinais que mostram que este ano não teremos que admitir 800 mil refugiados como previu o ministério do Interior, e sim 1
milhão", declarou Gabriel ao site do Partido Social-Democrata, que ele preside.
O número de 800 mil demandantes de asilo para 2015 já constituía um recorde na Europa.
Em entrevista ao jornal Tagesspiegel, Gabriel afirmou que a "inação europeia na crise de refugiados levou a Alemanha ao limite de suas
capacidades".
"O primeiro problema não é o número de refugiados e sim a rapidez com que chegam, o que complica a tarefa dos Estados regionais e das
cidades para recebê-los", disse.
O país anunciou neste domingo (13) a reintrodução provisória de controles nas fronteiras para "conter o fluxo de refugiados que chegam à
Alemanha", com a mobilização de "centenas" de policiais.
"A Alemanha introduz provisoriamente controles em suas fronteiras, em particular com a Áustria", indicou o ministro do Interior da
Alemanha, Thomas de Maizier, em Berlim, depois que nas duas últimas semanas 63.000 imigrantes chegaram a Munique, principal porta de
entrada na Alemanha. "Também é absolutamente necessário por razões de segurança", acrescentou o ministro em uma breve declaração à
imprensa.
Em comunicado, a Comissão Europeia afirmou que a Alemanha parece estar legalmente justificada em restituir controle de fronteiras neste
domingo, especialmente em sua divisa com a Áustria, e disse que isso mostrou a necessidade de os países do bloco definirem uma abordagem
comum à questão dos refugiados.
"A reintrodução temporária dos controles de fronteira entre os estados-membros é uma possibilidade excepcional explicitamente prevista e
regulada pelo código de fronteiras Schengen, em caso de uma situação de crise", disse a Comissão Europeia em comunicado. "A situação atual
na Alemanha, à primeira vista, parece ser uma situação abrangida pelas regras".
FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/alemanha-pode-receber-ate-1-milhao-de-refugiados-em-2015.html
Foto chocante de menino morto revela crueldade de crise migratória. Corpo de garoto foi encontrado em praia turca após naufrágio. Jornal
inglês questiona se poder da imagem fará Europa mudar política. (G1, em São Paulo - 02/09/2015)
As imagens de um menino sírio morto numa praia da Turquia viraram símbolo da crise
migratória que já matou milhares de pessoas do Oriente Médio e da África que tentam chegar à
Europa para escapar de guerras, de perseguições e da pobreza.
O corpo do menino apareceu nesta quarta-feira (2) em Bodrum depois que duas embarcações
com imigrantes naufragaram. Pelo menos nove sírios morreram, segundo a agência AFP -- outros
veículos já citam 12. As duas embarcações haviam partido de Bodrum e tentavam chegar à ilha
grega de Kos, anunciaram as autoridades locais.
A foto virou um dos assuntos mais comentados no Twitter e diversos veículos da imprensa
internacional o destacaram como emblemática da gravidade da situação, até mesmo com
potencial para ser um divisor de águas na política europeia para os imigrantes.
saiba mais
"Se estas imagens com poder extraordinário de uma criança síria morta levada a uma praia
não mudarem as atitudes da Europa com relação aos refugiados, o que mudará?", questiona o
jornal britânico "Independent". As fotos são "um forte lembrete de que, enquanto os líderes
europeus progressivamente tentam impedir refugiados e imigrantes de se acomodarem no continente, mais e mais refugiados estão
morrendo em seu seu desespero para escapar da perseguição e alcançar a segurança", acrescenta.
"The Guardian", outro jornal britânico, disse que as fotos levaram para as casas das pessoas "todo o horror da tragédia humana que vem
acontecendo no litoral da Europa".
O americano "Washington Post" classificou a imagem de "o mais trágico símbolo da crise de refugiados do Mediterrâneo".
Grave crise
O mundo enfrenta a pior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial, segundo organizações como a Anistia Internacional e a
Comissão Europeia. Mais de 350 mil imigrantes atravessaram o Mediterrâneo desde janeiro deste ano e mais de 2.643 pessoas morreram no
mar quando tentavam chegar à Europa, segundo dados da OIM (Organização Internacional para as Migrações).
Quase 220 mil chegaram à Grécia e quase 115 mil, à Itália. Mais de 2 mil chegaram à Espanha e uma centena a Malta. O número no decorrer
de 2015 supera com folga o total de 2014, quando 219 mil migrantes tentaram atravessar o Mediterrâneo.
A maioria dos migrantes que chegam à Grécia por mar são sírios em fuga da guerra em seu país. Entre os que chegaram à Itália, os mais
numerosos são os eritreus.
A travessia do Mediterrâneo é feita em botes ou em embarcações superlotadas, sem os mínimos requisitos de segurança, por traficantes de
pessoas. A viagem pode custar mais de R$ 10 mil por pessoa, o que torna o negócio altamente lucrativo - uma única embarcação pode render
US$ 1 milhão.
Reação da Europa
A chegada de centenas de milhares de imigrantes confundiu a União Europeia, que eliminou todos seus controles fronteiriços para viagens
entre 26 países de sua área, mas requer que as pessoas que buscam asilo permaneçam no país onde chegaram, até que suas aplicações sejam
processadas.
Alguns governos têm se recusado a receber refugiados e resistido a propostas da União Europeia para criar um plano comum para lidar com
a crise.
No sábado (29), a Hungria anunciou que finalizou a construção de uma barreira constituída de três rolos de arame farpado que se estende ao
longo de 175 km da fronteira com a Sérvia. A medida foi criticada pela França. A Comissão Europeia também deixou claro seu desagrado com
a cerca húngara, mas o país não enfrenta sanção por construí-la.
A Alemanha tem tomado algumas iniciativas positivas com relação à acolhida dos refugiados. Inicialmente, o país favoreceu que os sírios
peçam refúgio diretamente à Alemanha após excluí-los do Regulamento de Dublin. Esse regulamento indicava que esse estrangeiro fosse
encaminhado ao país onde migrante ingressou na União Europeia. Países como a Itália e Grécia, por exemplo, têm recebido um número
muito elevado de migrantes que chegam pelo mediterrâneo.
FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/foto-chocante-de-menino-morto-vira-simbolo-da-crise-migratoria-europeia.html
A partir da leitura dos fragmentos de textos colocados abaixo e de seus argumentos sobre o tema, elabore um texto
‘dissertativo-argumentativo’ (entre 25 e 30 linhas), com o uso da norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “A saga dos
refugiados: o caminho entre a fuga e a xenofobia.” Não se esqueça de dar um título a seu texto.
Apresente uma proposta de intervenção. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos em
defesa de um ponto de vista.
Policiais paramilitares turcos
investigam o local onde apareceu o
corpo de uma criança imigrante numa
praia de Bodrum, na Turquia