recurso wagner rodrigues desiró
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RECURSO CONTRA DECISÃO RELATIVA AO CONCURSO PÚBLICO
PARA PREENCHIMENTO DE VAGAS DE SOLDADO POLICIAL MILITAR
(QPM 1-0) E DE SOLDADO BOMBEIRO MILITAR (QPM 2-0) DA POLÍCIA
MILITAR DO PARANÁ, PUBLICADO NO EDITAL Nº EDITAL N.º 1107/2012,
REALIZADO PELA FUNDAÇÃO DE APOIO FAFIPA.
1. IDENTIFICAÇÃO
Eu, Wagner Rodrigues Desiró, portador do documento de
identidade nº13.225.065-0, inscrição nº 9920067537, candidato a vaga de
BOMBEIRO MILITAR, apresento recurso contra decisão do resultado da etapa
de AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA.
2. DOS FATOS CONSTANTES
2.1 FATO PRÉ-AGRAVANTE:
No edital de abertura e nos demais publicados pela BANCA
FAFIPA existe a distinção dos cargos relacionados à PMPR, no entanto o Perfil
Profissiográfico citado no edital de abertura n.º 1107/2012 – ANEXO VII não faz
nenhuma diferenciação frente a estas duas profissões (POLICIAL MILITAR e
BOMBEIRO MILITAR) e dá prioridade a função do Policial Militar, fato
comprovado ao citar o porte de arma (item 1 do referido anexo supracitado).
O próprio MINISTÉRIO DA JUSTIÇA no uso de suas atribuições
vem através da SECRETARIA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA na
publicação “ESTUDO PROFISSIOGRÁFICO E MAPEAMENTO DE
COMPETÊNCIAS, Perfil dos Cargos das Instituições Estaduais de Segurança
Pública” regulamenta tais atuações, por saber:
“- POLICIAL MILITAR – Missão constitucional: Art. 144, § 6º da
Constituição Federal: às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a
preservação da ordem pública.”
“- CORPO DE BOMBEIROS MILITAR - Missão constitucional Art.
144, § 6º da Constituição Federal: aos corpos de bombeiros militares, além das
atribuições definidas em lei, incumbe a execução da defesa civil.”
Destacando ainda os dizeres descritos nas considerações finais:
“Dessa forma, a pesquisa de profissiografica e mapeamento de
competências aponta para a importância de se repensar, planejar e executar
cuidadosamente as ações relacionadas a toda a trajetória de um profissional
dentro da sua instituição, ou seja, da seleção até o desligamento.
Primeiramente, destaca-se a importância de processos seletivos embasados
no real perfil do cargo...”.
Por meio do descrito pelo próprio Ministério da Justiça, se faz
necessário uma diferenciação entre os Policiais Militares e o Bombeiro Militar, e
a aplicação dos testes equivalentes em conteúdos e em quesitos avaliados se
torna fonte de erros para os candidatos concorrentes ao cargo de BOMBEIRO
MILITAR, tendo em vista o claro enquadramento do Perfil Profissiográfico
citado para o cargo de POLÍCIAL MILITAR no edital supracitado, em especial
no Anexo VII do mesmo.
FONTE DO MINISTÉRIO DE JUSTIÇA
http://portal.mj.gov.br/services/DocumentManagement/FileDownload.EZTSvc.asp?
DocumentID=%7B1AEDA7CD-0E35-4C3E-B250-91247E64EDCE
%7D&ServiceInstUID=%7BB78EA6CB-3FB8-4814-AEF6-31787003C745%7D
2.2. FATOS AGRAVANTES NO CURSO DA AVALIAÇÃO
No dia em questão da avaliação psicológica, entrei na sala e pude
observar que a sala estava disposta com 5 fileiras de 7 ou 8 carteiras,
totalizando um total de 38 carteiras, que no início dos testes estavam
totalmente preenchidas.
No quadro estava presente o nome da psicóloga e o seu CRP.
Na sala estava presente apenas uma psicóloga para atender a
todos os candidatos, e esta nos informou que seria realizado um total de seis
testes, sendo uma sequencia de três testes, um intervalo de aproximadamente
15 minutos, e que após este “intervalo” seria dado início a segunda bateria de
três testes.
A psicóloga se apesentou, falou se sua formação e leu algumas
instruções contidas em um manual onde posso destacar que as ordens dos
manuais e por ela descrita não fossem cumpridas os candidatos poderiam ser
punidos com a desclassificação do concurso.
Inicialmente foi entregue o teste de PARTES, com todas as
explicações inerentes ao procedimento do teste presente nas instruções e a
psicóloga leu as instruções e deu início dos testes com o acionamento de um
cronômetro manual. Após o tempo de exame (3 minutos) ela deu a ordem para
que todos os candidatos largassem a caneta e começou a recolher os exames
preenchidos, no entanto, a presença de apenas uma psicóloga em sala
ocasionou um descumprimento desta ordem, onde alguns candidatos
continuaram a preencher “escondidos” o teste enquanto a psicóloga estava do
outro lado da sala recolhendo os testes, fato que ocorreu em todos os testes
com tempo para ser executado.
Após o teste PARTES, foi iniciado o teste TEACO, que também
trouxe todas as informações em sua capa, informações lidas de forma integral
com a psicóloga, e que também alertou sobre a forma de impressão do teste,
que era oposto a posição da capa.
Após o teste TEACO, foi iniciado o primeiro teste de questões, a
psicóloga disse que ao término do teste nós poderíamos sair da sala portando
apenas os documentos pessoais e que neste intervalo não seria permitido à
conversa entre os candidatos no pátio da escola.
O referido teste foi realizado sem tempo de conclusão, onde ao
final do teste nós nos retiramos da sala. Esta não exigência de tempo para a
realização do teste ocasionou um descompasso na execução dos testes em
todas as salas, pois algumas salas levaram menos tempo para executar os
testes, e saíram alguns minutos antes das outras que levaram mais tempos,
acredito que esta diferença de tempo, que em seu máximo chegou à casa dos
30 minutos entre as salas.
Este descompasso fez com que os candidatos que estavam em
sala por mais tempo para a realização dos testes o fizessem sob barulho
intenso da conversa dos demais candidatos no pátio da escola, devendo tal
fato ter acarretado fontes de erro no teste que estava a ser realizado (me incluo
neste quesito, pois este teste que me levou a inaptidão em um dos requisitos
avaliados). Tal descompasso também ocasionou problema para outras salas,
onde os primeiros candidatos a sair das salas também voltaram em primeiro
lugar, e deram inicio ao quarto teste FLUENCIA, sob barulho e conversa o que
pode ter ocasionado desconforto e se tornado como possível fonte interferente
no referido teste.
O quarto teste (LINGUAGEM) se deu de forma tranquila e sem
problemas.
O quinto teste (MEMÓRIA) foi executado baseado nas instruções
na capa e em algumas instruções ditas pela psicóloga, no entanto, a
informação de que o teste deveria ser preenchido em 3 minutos só foi revelada
após o questionamento feito por algum dos candidatos, ai me pergunto, caso o
candidato não tivesse feito tal questionamento, onde obteríamos esta
informação?
O sexto teste, segundo teste de questões, se deu sem tempo para
conclusão e de saída de sala, a fiscalização dos corredores permitiu que os
candidatos permanecessem nos corredores e pátio da escola, e a conversa fez
novamente parte do certame, atrapalhando o desempenho dos candidatos, fato
este que me incluo.
Diante aos fatos apresentados anteriormente, questiono se foram
seguidas as recomendações atualizadas dos manuais técnicos adotados a
respeito dos procedimentos de aplicação e avaliação quantitativa e qualitativa.
Em vista de que há indícios de que houve condução irregular de aplicações,
erros dos avaliadores em orientar o candidato e falhas nos procedimentos
adotados pela instituição para execução da etapa de Avaliação Psicológica, é
plausível adicionar percentis pouco mais elevado aos erros acumulados pelos
problemas acima descritos.
2.3. FATO PÓS-AGRAVANTE
No edital de abertura nº 1107/2012 – anexo VII é descrito por
meio de uma tabela o Perfil Profissiográfico do profissional em questão, onde
encontramos nas alíneas referentes à Adaptabilidade e de Flexibilidade a
informação de que este deve ter o parâmetro ELEVADO para tais itens, como
podemos observar:
Adaptabilidade Capacidade do indivíduo adaptar seu Elevada
comportamento às mais diversas situações.
Flexibilidade Capacidade do indivíduo agir com desenvoltura
nas mais diversas situações e/ou ideias.
Elevada
Como podemos perceber no trecho acima mencionado, fragmento
retirado do próprio edital regulador do certame, não é fixado um limite superior,
onde a palavra Elevada, conforme o próprio dicionário Michaelis relata “elevar -
1. Pôr mais alto. 2. Fazer subir. 3. Dar maior altura a. 4. Levantar, erguer.
5. Aumentar. 6. Construir. 7. Enobrecer.” O referido texto faz menção a um
quesito que quanto mais alto, melhor enquadrado para a função o candidato
será.
Na entrevista devolutiva, tive acesso ao laudo com a informação
que a INAPTIDÃO interposta foi ocasionada pela obtenção de um percentil de
75% nos quesitos Adaptabilidade Flexibilidade, e como relatado
anteriormente o motivo de inaptidão imposta ao presente candidato se torna
inconsistente, pois fixou de forma pós-edital e pós-aplicação da avaliação, um
limite superior, sendo este fato inconsistente e totalmente contrario ao exposto
pela Presidência da República através da Casa Civil, sob o Decreto Lei nº 6944
– Artigo 14 inciso 3, por saber:
“§ 3o Os requisitos psicológicos para o desempenho no cargo
deverão ser estabelecidos previamente, por meio de estudo científico das
atribuições e responsabilidades dos cargos, descrição detalhada das atividades
e tarefas, identificação dos conhecimentos, habilidades e características
pessoais necessários para sua execução e identificação de características
restritivas ou impeditivas para o cargo”.
Cabe ainda ressaltar, que de acordo com o referido teste, a
precisão por alfa de Cronbach para o quesito “abertura”, quesito este que
se enquadra o liberalismo, é de 0,74, ou seja, o teste se bem aplicado pode
apresentar um erro de 0,26 ou 26%, e devido às falhas de aplicação já
mencionados este erro pode ser ainda superior.
Posto as informações supracitadas venho requerer a manutenção
do disposto na publicação editalícia e a correta reversão do resultado de
INAPTO para APTP, pois segundo o próprio edital e a resposta contida no
laudo devolutivo, contenho as características pertinentes descritos para
assumir o referido cargo de BOMBEIRO MILITAR no concurso em questão.
FONTES:
Nunes, C. H. S. S., Hutz, C. S., & Nunes, M. F. O. Bateria
Fatorial de Personalidade (BFP): manual técnico. Itatiba, SP: Casa do
Psicólogo.
Nunes, M. F. O., Noronha, A. P. P., Relações entre interesses,
personalidade e habilidades cognitivas: um estudo com adolescentes.
Universidade São Francisco, Itatiba, SP, Brasil.
3 REQUERIMENTOS
Baseado nos fatos citados anteriormente, venho por meio desta
requerer a reversão de INAPTO para APTO da decisão posta no edital nº
1.256/2013 - Convocação para a entrevista devolutiva – ANEXO II para o
presente candidato, pelos seguintes fatos já demonstrados:
3.a) Inconsistência editalícia para reprovação do presente
candidato;
3.b) Margem de erro acumulado total (erro previsto pelo referido
teste somado as falhas na aplicação constantes em ata de
diversas salas nos locais de prova) ser superior à diferença
existente entre a nota por mim adquirida e o limite da
aprovação;
3.c) Falhas na formulação do edital no que compete ao linguajar
compreensível ao leigo e as exigências mínimas para que tal
etapa seja considerada excludente.
Sendo as condições acimas mencionadas insatisfatórias para
reversão da decisão de INAPTIDÃO, me baseado no item 3.1 do Edital nº
1107/2012 - Abertura - RETIFICADO, anexo VII que traz o presente texto: “3.1
Havendo necessidade os candidatos poderão ser submetidos à avaliação
psiquiátrica.” para solicitar tal avaliação para comprovação da INAPTIDÃO do
presente candidato ou reversão de tal condição para APTO.
4. CONCLUSÃO
Quero por fim relatar que toda a doutrina jurídica e a
jurisprudência dos tribunais brasileiros são unânimes no apontar a ilegalidade
de adoção de critérios subjetivos na apresentação dos testes e da sua
correção. A conclusão a não ter o candidato obtido adequação demonstra-se
ser sem fundamentação, pois a característica para não recomendar o
candidato tem de ser comprovada com fatos concretos e sem nenhuma
conotação simbólica e subjetiva, ou seja, tal afirmação para contra indicar o
candidato devem se basear em fatos concretos.
Verifica-se também que o Edital do Concurso não contém
informações, em linguagem compreensível ao leigo (conforme explicitado na
Resolução nº 01/2002 do próprio CFP), sobre a avaliação psicológica a ser
realizada e os critérios de avaliação, relacionando-os aos aspectos
psicológicos considerados compatíveis com o desempenho esperado para o
cargo. Como por exemplo, no item 6 do anexo 7 que fala: “Os candidatos que
não atingirem o percentual mínimo de 50% nos testes objetivos”.
Sendo verdadeiras todas as informações citadas, venho solicitar a
reversão do resultado a mim imposto pelos motivos acima citados.
Caso a banca examinadora venha tornar IMPROCEDENTEDE o
pedido por mim requerido por meio desta, solicitando que o faça por meio de
esclarecimentos específicos para cada item explicitado nos itens 3.a, 3.b e 3.c,
lembrando que todos estes estão devidamente embasados no presente
recurso.