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RECOMENDAÇÃO O MINISTÉRIO PÚBLICO DE GOIÁS, através das PROMOTORIAS DE DEFESA DO CONSUMIDOR e PROMOTORIAS DE DEFESA DO PATRIMÔNIO PÛBLICO que abaixo subscrevem vem, através desta, RECOMENDAR ao Digno Diretor Presidente da SANEAGO, Dr. Roberto Ferreira Marques que tome conhecimento e analise as informações aqui carreadas sobre procedimento licitatório aberto pela empresa SANEAGO com o fim de terceirizar a exploração e ampliação do serviço de esgotamento sanitário e as ações comerciais do serviço de abastecimento de água das cidades de APARECIDA DE GOIÂNIA, TRINDADE, RIO VERDE e JATAÍ, pelo prazo 30 anos. A exploração e ampliação do sistema de esgotamento sanitário será fechado entre as quatro cidades e será terceirizado através de contrato de subdelegação. Este modelo de terceirização não se caracteriza como uma PPP é inédito sem semelhança com qualquer outro e já foi rejeitado em outros Estados da Federação por acarretar na entrega da concessão da exploração do serviço de saneamento. Após minuciosa análise do (1) Edital de licitação (Doc. 2) e seus anexos, dentre eles o (2) Contrato Programa de Concessão (Doc. 1) e a (2) Minuta do Contrato de Subdelegação (Doc. 3) pudemos CONSTATAR a existência de inúmeras CÁUSULAS ILÍCITAS (ilegais e/ou abusivas – desproporcionais), a delinear um modelo de terceirização que tem como preocupação principal resguardar os lucros e as vantagens da empresa SUBDELEGATÁRIA e que vai acarretar em um prejuízo histórico para a empresa pública SANEAGO, para os CONSUMIDORES do sistema estadual de saneamento e para os MUNICÍPIOS envolvidos. O processo de terceirização, segundo a SANEAGO, tem como objetivo elevar o atendimento em esgotamento sanitário a 90% da população num prazo máximo de 6 anos e investir R$ 782.731.000,00 nos quatros municípios envolvidos e, durante os 30 anos de subdelegação, os investimentos chegariam a R$ 1.066.000.000,00 (Hum bilhão e

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RECOMENDAÇÃO

O MINISTÉRIO PÚBLICO DE GOIÁS, através das PROMOTORIAS

DE DEFESA DO CONSUMIDOR e PROMOTORIAS DE DEFESA DO

PATRIMÔNIO PÛBLICO que abaixo subscrevem vem, através desta,

RECOMENDAR ao Digno Diretor Presidente da SANEAGO, Dr. Roberto

Ferreira Marques que tome conhecimento e analise as informações aqui

carreadas sobre procedimento licitatório aberto pela empresa SANEAGO

com o fim de terceirizar a exploração e ampliação do serviço de

esgotamento sanitário e as ações comerciais do serviço de

abastecimento de água das cidades de APARECIDA DE GOIÂNIA,

TRINDADE, RIO VERDE e JATAÍ, pelo prazo 30 anos.

A exploração e ampliação do sistema de esgotamento sanitário será

fechado entre as quatro cidades e será terceirizado através de contrato de

subdelegação. Este modelo de terceirização não se caracteriza como uma

PPP é inédito sem semelhança com qualquer outro e já foi rejeitado em

outros Estados da Federação por acarretar na entrega da concessão da

exploração do serviço de saneamento.

Após minuciosa análise do (1) Edital de licitação (Doc. 2) e seus

anexos, dentre eles o (2) Contrato Programa de Concessão (Doc. 1) e

a (2) Minuta do Contrato de Subdelegação (Doc. 3) pudemos

CONSTATAR a existência de inúmeras CÁUSULAS ILÍCITAS (ilegais e/ou

abusivas – desproporcionais), a delinear um modelo de terceirização que

tem como preocupação principal resguardar os lucros e as vantagens

da empresa SUBDELEGATÁRIA e que vai acarretar em um prejuízo

histórico para a empresa pública SANEAGO, para os CONSUMIDORES do

sistema estadual de saneamento e para os MUNICÍPIOS envolvidos.

O processo de terceirização, segundo a SANEAGO, tem como

objetivo elevar o atendimento em esgotamento sanitário a 90% da

população num prazo máximo de 6 anos e investir R$ 782.731.000,00

nos quatros municípios envolvidos e, durante os 30 anos de subdelegação,

os investimentos chegariam a R$ 1.066.000.000,00 (Hum bilhão e

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sessenta e seis milhões de reais), conforme o plano de METAS

COMPATIBLIZADAS PELA SANEAGO, Anexo V, deste edital (Doc. 10):

Ano 1 – 53.554.000

Ano 2 – 110.450.000

Ano 3 – 163.000.000

Ano 4 – 189.345.000

Ano 5 – 127.790.000

Ano 6 – 138.367.000

Total = 782.731.000 (Fonte Gerentec – 2011)

OBS 1. Atualmente, o sistema de esgotamento sanitário das quatro

cidades e as ações comerciais da água têm faturamento bruto de

cerca de R$ 50 milhões de reais por ano, sem contar o

acréscimo das expansões na rede coletora já concluídas em

Aparecida de Goiânia e que estão elevando o índice a 40% de

atendimento.

OBS 2. Se a SANEAGO pode dispor de uma receita de mais de R$

50 milhões anuais em favor e em proveito de um sistema

terceirizado privado, não poderia ela própria comprometer estes R$

50 milhões na captação de recursos a serem investidos nestas

quatro cidades?

Todo o processo de terceirização se fundamenta em quatro peças

básicas:

1) Plano Municipal de Saneamento (Docs. 5, 6 e 7) – Foi

elaborado pela empresa Senha Engenharia um Plano de Saneamento para

cada um dos quatro municípios envolvidos na terceirização. Este plano

apresenta uma previsão das obras e o valor dos investimentos necessários

para ampliação e melhoria do do serviço de esgotamento sanitário até o

índice de 90% em cada um dos municípios.

2) Contrato Programa de Concessão (Doc. 1) – Assinado em

1o.11.2011, entre cada um dos quatro Municípios e a SANEAGO, pelo

qual, renovou-se a concessão por mais 30 anos, que vai até 2041, e tem

também como objeto a autorização para a SANEAGO terceirizar os

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serviços os seguintes serviços:

1 – a ampliação e a exploração do serviço de esgotamento

sanitário;

2 – a exploração das ações comerciais do serviço de abastecimento

de água (leitura, corte, religação etc) e;

3 – o controle financeiro e administrativo das receitas de todo o

serviço de abastecimento de água.

OBS. Os Contratos Programas já chegaram prontos às Prefeituras.

São todos iguais. Mais 30 anos de concessão. Os Prefeitos os

assinaram sem saber o que estavam assinando; pela simples

promessa de receberem 90% de esgoto em 6 anos. Não leram os

Contratos Programas de Concessão e não os submeteram à análise

técnica, jurídica e econômica de técnicos da Administração

Municipal. Assinaram sem saber o seu conteúdo e as consequências

e teor de suas cláusulas.

3) Edital de Licitação (Doc. 2) – Contém as regras do

procedimento licitatório, dentre as quais, as que estabelecem um índice

de universalização de 90% de atendimento a ser atingido no prazo de 6

anos (item 2. Objeto e item 14. Objetivos e metas); o valor mínimo da

outorga em R$ 90.000,00 e sua forma de pagamento em 30 parcelas

anuais (item 4. Do valor da outorga); o capital social mínimo 5% do valor

total do contrato, ou seja, íntimos R$ 53.300.000,00 (item 12.5.1)

capitalizado em somente 25% até o final do primeiro ano de contrato, R$

13.325.000,00 e o restante até o final do sexto ano de contrato (item

12.5.2) e a garantia da proposta fixada em R$ 10.066.000,00 (item 7.5.4.

Documentação relativa à qualificação econômica financeira, letra ‘c’ e ‘d’)

e o valor contratual dos investimentos projetados em 1 bilhão e 66

milhões de reais em 30 anos, com base em agosto de 2011 (item 12.15).

OBS. Como já se disse, atualmente, só a arrecadação do

sistema de esgotamento sanitário e das ações comerciais do

serviço de abastecimento de água das quatro cidades

envolvidas ultrapassa a R$ 50 milhões de reais ao ano.

4) Minuta do Contrato de Subdelegação (Doc. 3) – Compõe o

Anexo XV do Edital de Licitação. A ser assinado entre a SANEAGO e a

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empresa SUBDELEGATÁRIA vencedora da licitação, com anuência

expressa de cada um dos quatro Municípios. Tem por objeto estabelecer

os parâmetros para que a empresa SUBDELEGATÁRIA possa: (1) explorar

e expandir o serviço de esgotamento sanitário; (2) explorar as ações

comerciais do fornecimento de água de cada um dos quatro municípios e;

(3) exercer o controle financeiro e administrativo de toda a receita

advinda do serviço de abastecimento de água.

O Edital de Licitação e seus ANEXOS, com todas as

nulidades apontadas pelo Ministério Público, pode ser acessado no sítio da

SANEAGO na internet (www.saneago.com.br).

1. DAS OBRAS NO SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO

CUSTEADAS COM RECURSOS DO PAC

1.1. CONSIDERANDO que o relatório abaixo, resultante de pesquisa

feita pelo Ministério Público junto à empresa SENHA ENGENHARIA, que

elaborou os projetos e também os planos de saneamento dos quatro

municípios, detalha que os investimentos em andamento (obras e projetos

em processo de licitação, conclusão etc.) no sistema de esgotamento

sanitário de Aparecida de Goiânia, com recursos advindos do Governo

Federal (BNDES, PAC 1 e PAC 2) chegam a 240 milhões de reais.

- R$ 59.000.000,00 PAC 1 e BNDES ETE Santo Antônio, Elevatória Almeida, Interceptor e rede coletora dos sistemas Pipa e Almeida.= 11.600 ligações – 40.000 pessoasFase da obra: Fase final de execução (todo o sistema já está pronto e faltam somente as bombas da ETE)

- R$ 22.340.000,00 PAC 2 - (OGU - parceria Pref. Aparecida)Vila Maria e Cândida de Queiroz – Interceptor, rede coletora, ligações domiciliares e duas elevatórias.= 5.500 ligações – 20.000 pessoasFase da obra: fase final da licitação.

- R$ 59.000.000,00 PAC 2 (Recursos da OGU)R$ 30 milhões para ampliação da ETE Sto. Antônio (mais 25%) e interceptor Tamanduá (10,6km) mais R$ 19 milhões para rede coletora nos setores Cidade Satélite São Luiz,

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Mansões Paraíso, Papillon Park e Cidade Vera Cruz.= 8.000 ligações – 28.000 pessoasFase da obra: em processo de licitação

- R$ 7.100.000,00 PAC 2 (Recursos da OGU)Rede coletora nos setores Serra Durada, Colina Azul e Marista Sul.= 2.600 ligações – 9.100 pessoasFase da obra: em processo de licitação

- R$ 69.000.000,00 PAC 2, 2a ed. (Recursos da OGU)Rede coletora nos setores Nova Era e região do Setor Garavelo e mais 4,2 km do interceptor Tamanduá.= 10.260 ligações – 36.000 pessoasFase da obra: Projeto executivo em análise no Ministério das Cidades, inscrito no PAC 2, 2a ed.,

- R$ 23.000.000,00PAC 2, 2a ed. (Recursos da OGU – Prefeitura Aparecida)Interceptor Santo Antônio – 9,6 KmRede coletora (105 Km) – Do Parque Veiga Jardim até o Setor Buriti Sereno.= 4.600 ligações - 16.100 pessoasFase da obra: Projeto executivo em análise no Ministério das Cidades, inscrito no PAC 2, 2a ed.

- R$ 6.400.000,00 Recursos do BNDESElaboração do Projeto Executivo de todo restante da Bacia Santo Antônio e da Bacia Dourados (interceptores, redes coletoras e elevatórias e ETE Dourados).

TOTAL = R$ 239.440.000,00 – PAC 1 e PAC 2Recursos a serem aplicados no esgotamento sanitário de Aparecida de Goiânia com recursos do PAC, advindos do Orçamento Geral da União - OGU= 42.6600 ligações – mais de 153.000 pessoas

1.2 CONSIDERANDO que a Portaria n. 40, de 31 de janeiro de 2011

(Doc. 4), do Ministério das Cidades, órgão gestor dos recursos do PAC

para o saneamento, veda que obras de saneamento executadas com

recursos do PAC possam ser objeto de terceirização. Determina o art. 23

da Portaria n. 40 que estas obras deverão ser imediatamente suspensas e

os recursos já gastos deverão ser devolvidos à Caixa Econômica Federal, a

partir do momento da assinatura do contrato que repassa os serviços de

saneamento para empresas privadas (ou com maioria de capital privado).

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1.3. CONSIDERANDO que, nos termos da Portaria n. 40 do Ministério

das Cidades (Doc. 4), a efetivação do processo de terceirização

(subdelegação com entrega da concessão) em favor de uma empresa

privada vai acarretar na paralização de todas as obras mencionadas que

estão em andamento, além da devolução do que já foi gasto nas obras

ainda não concluídas e vai também privar os municípios envolvidos,

incluindo Aparecida de Goiânia, de receber novos recursos não onerosos

do Governo Federal. Neste sentido:

PORTARIA No 40, DE 31 DE JANEIRO DE 2011

Aprova o Manual de Instruções para Contratação e Execução dos Programas e Ações do Ministério das Cidades inseridos na segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC 2.

O MINISTRO DE ESTADO DAS CIDADES, no uso das atribuições que lhe conferem os incisos I e II, do parágrafo único, do art. 87 da Constituição Federal, o inciso III, do art. 27 da Lei no 10.683, de 28 de maio de 2003, e o art. 3o, do Anexo I do Decreto no 4.665, de 3 de abril de 2003, resolve:

Art. 1o Aprovar o Manual de Instruções para Contratação e Execução dos Programas e Ações do Ministério das Cidades inseridos na segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC 2, constante do anexo.

Parágrafo único. O Manual, identificado no caput deste artigo, encontra-se disponível no sítio eletrônico do Ministério das Cidades: www.cidades.gov.br

Art. 2o Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

MÁRIO NEGROMONTE

MINISTÉRIO DAS CIDADES

Manual de Instruções para Aprovação e Execução dos Programas e Ações do Ministério das Cidades inseridos na 2a. fase do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC 2(...)

23. DISPOSIÇÕES GERAIS

23.1. Nos casos em que a operação ou a prestação dos serviços de abastecimento de água e/ou de esgotamento sanitário do município beneficiado pelo Termo de Compromisso seja(m) transferido(s), no todo ou em parte, para empresa ou instituição em que o poder público não detenha a maioria das ações com direito a voto, durante a vigência do respectivo instrumento de repasse, o desbloqueio dos recursos deverá ser suspenso a partir do momento da assinatura do contrato de concessão ou

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instrumento congênere.

23.1.1. Constatada a situação prevista no subitem 23.1, a funcionalidade da etapa do empreendimento executada até então deverá ser avaliada e adotado um dos seguintes procedimentos:

a) caso a etapa executada possua funcionalidade imediata, os serviços executados deverão ser medidos pelo PROPONENTE, aferidos pela CAIXA e os valores correspondentes desbloqueados. Na sequência deverão ser adotados os procedimentos regulares para encerramento do Termo de Compromisso;

b) caso a etapa executada não possua funcionalidade imediata, a CAIXA deverá solicitar a devolução dos repasses desbloqueados, devidamente corrigidos nos termos estabelecidos pela legislação pertinente, sob pena de instauração de tomadas de contas especial, nos termos da alínea “j” do subitem 2.1.2.2;

c) caso parte do que foi executado não possua funcionalidade imediata, o procedimento previsto na alínea “b” deverá ser adotado apenas para os valores de repasse correspondentes à parcela que não possui funcionalidade.

23.2. As alterações no Termo de Compromisso, a serem aprovadas pela CAIXA, somente serão permitidas nos casos em que se fizerem necessárias, devidamente justificadas tecnicamente e de modo tempestivo pelo COMPROMISSÁRIO, ou ante a ocorrência de fato imprevisível, desde que mantida a finalidade original da obra e observados os limites da ação prevista na Lei Orçamentária Anual.

OBS. O serviço de abastecimento de água de Aparecida de

Goiânia está recebendo cerca de R$ 250 milhões de reais

de investimentos vindos do PAC do Governo Federal, sendo

que a maior parte são recursos não onerosos, sem

contrapartida e sem impacto na tarifa. Segundo informações

colhidas no Ministério das Cidades, Aparecida de Goiânia é

um dos Municípios do Brasil que mais recebeu verbas do

Governo Federal para investir no Saneamento. Estes

investimentos chegam a quase 500 milhões de reais .

Pergunta-se:

Qual o motivo de interesse público que justificaria a

privatização do serviço de esgotamento sanitário do

município de Aparecida de Goiânia?

2. DAS OBRAS NO SISTEMA DE ABASTECIMENTO D’ÁGUA

CUSTEADAS COM RECURSOS DO PAC

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2.1. CONSIDERANDO que a SANEAGO está terceirizando também as

AÇÕES COMERCIAS DO SERVIÇO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA dos

quatro municípios e que o Município de Aparecida de Goiânia está

recebendo cerca de R$ 246 milhões de reais advindos do Governo

Federal (BNDES, PAC 1 e PAC 2) para ampliação e melhoria do sistema de

abastecimento de água da cidade.

OBS. As AÇÕES COMERCIAS DO SERVIÇO DE

ABASTECIMENTO DE ÁGUA subdividem em três grupos:

a) FATURAMENTO: 1- cadastramento; 2- recadastramento;

3- análise de cadastro; 4- reanálise de castro; 5-

inclusão/exclusão; 6- leituras; 7- revisões de leituras; 8-

emissões simultâneas do faturamento; 9- entrega de faturas;

10- correções de críticas; 11- inclusão/exclusão de

hidrômetros no sistema.

b) COBRANÇA: 1- corte; 2- religação 3- aviso de corte; 4-

reaviso de corte; 5- supressão da ligação; 6- reaviso de

débito; 7- negociação de débitos; 8- cobrança extrajudicial e

judicial.

c) ARRECADAÇÃO: 1- baixa de receitas

2.2. CONSIDERANDO que o faturamento do serviço de abastecimento

de água advém não só da receita pelo consumo medido de cada

consumidor, mas, também das receitas advindas dos serviços prestados

pela concessionária através da exploração das AÇÕES COMERCIAIS do

serviço de abastecimento de água;

2.3. CONSIDERANDO que cerca de R$ 246.000.000,00 de recursos do

PAC estão sendo investidos em obras de ampliação e melhoria no sistema

de abastecimento de água de Aparecida de Goiânia e vão proporcionar um

considerável aumento no número de ligações e de consequência, no

faturamento da empresa concessionária , decorrentes não somente do

consumo efetivo de água mas também da receitas das AÇÕES

COMERCIAIS do serviço de abastecimento de água;

OBS 1. Investimentos que estão sendo feitos pelo Governo

Federal no Sistema de Abastecimento de Água de Aparecida

de Goiânia:

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- R$ 22.000.000,00PAC 1 - SaneagoAdutora da Elevatória Adelia (de 600 para 1.000 litros/seg); Reservatório Garavelo (3.000 litros) Res. Helvécia (3.000 litros); adutoras, equipamentos etc.Fase da obra: em conclusão.

- R$ 43.000.000,00FGTS – Prefeitura de Aparecida de GoiâniaFase da obra: em execução.

- R$ 20.000.000,00BNDES – Prefeitura de Aparecida de GoiâniaFase da obra: em execução.

- R$ 31.000.000,00PAC 2 - 1a Ed. - OGURedes, adutoras, reservatórios em vários bairrosFase da obra: em licitação.

- R$ 130.000.000,00PAC 2 – 2a Ed. – OGUAdutora de 1.500mm - ligação da ETA Meia Ponte em Goiânia com Aparecida, várias elevatórias e reservatórios, redes etc.Fase da obra: Projeto Executivo inscrito no PAC 2, 2a ed., em análise no setor de projetos do Ministério das Cidades.

TOTAL: R$ 246.000.000,00

2.4. CONSIDERANDO que a SANEAGO está terceirizando o serviço e a

exploração do sistema de esgotamento sanitário de Aparecida de Goiânia

e entregando também no pacote da terceirização, praticamente “de

graça” todo o serviço e a arrecadação das AÇÕES COMERCIAIS DO

SERVIÇO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA de Aparecida de Goiânia e das

outras três cidades envolvidas, sem nenhuma necessidade, sem

nenhuma contrapartida e em proveito exclusivo da empresa

SUBDELEGATÁRIA;

2.5. CONSIDERANDO que a Portaria n. 40, de 31 de janeiro de

2011, do Ministério das Cidades, órgão gestor dos recursos do PAC para o

saneamento, veda que obras de saneamento executadas com

recursos do PAC possam ser objeto de terceirização e que o art. 23

da Portaria n. 40 (Doc. 4) determina que estas obras deverão ser

imediatamente suspensas e os recursos já gastos deverão ser devolvidos

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à Caixa Econômica Federal, a partir do momento da assinatura do

contrato que repassa os serviços de saneamento para empresas com

maioria de capital privado.

2.6. CONSIDERANDO que a efetivação do processo de terceirização

(subdelegação com entrega da concessão) em favor de uma empresa

privada vai acarretar na paralização de todas as obras mencionadas que

estão em andamento com a devolução do que já foi gasto nas obras não

concluídas e ainda vai privar o município de Aparecida de Goiânia de

receber novos recursos não onerosos do Governo Federal para

ampliação e melhoria do sistema de abastecimento de água do

Município, nos termos do referido art. 23 da Portaria n. 40 do

Ministério das Cidades (Doc. 4), incluindo os R$ 130.000.000,00 já em

análise pelo Ministério das Cidades, no PAC 2, 2a ed., para construção da

adutora, reservatórios e elevatória para ligação do sistema de Aparecida

de Goiânia com a ETA Meia Ponte, em Goiânia.

3. DAS AUDIÊNCIAS PÚBLICAS

3.1. CONSIDERANDO que a SANEAGO alega que já teria realizado

audiências públicas ainda no mês de novembro de 2011, em cada um dos

municípios envolvidos na terceirização.

3.2. CONSIDERANDO que este já é o terceiro edital publicado e desde a

publicação do primeiro edital, em janeiro de 2012, e que além da exclusão

da cidade de Anápolis, a SANEAGO já promoveu uma série de

modificações no Edital de Licitação (Doc. 2) e na Minuta do Contrato de

Subdelegação (Doc. 3) que representam substancias alterações no

conteúdo e no modelo de terceirização.

3.3. CONSIDERANDO que o primeiro edital, publicado em janeiro de

2012, foi anulado no mês seguinte. E, no mês de maio de 2012 foi

publicado um novo edital, com a exclusão da cidade de Anápolis e com

substanciais modificações no próprio edital e nas partes substanciais do

contrato de subdelegação, como por exemplo, aumentou-se o prazo de

universalização de 5 para 6 anos, também diminuiu-se o valor da outorga

para irrisórios R$ 90 milhões de reais e recalcularam o valor do contrato,

estipulando-o em R$ 1,06 bilhões etc.

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3.4. CONSIDERANDO que antes da finalização do prazo do segundo

edital, tudo foi anulado novamente e, no final do mês de agosto de 2012

publicaram um novo edital, com novas modificações no procedimento e

abertura das propostas prevista para 06.11.2012.

3.5. CONSIDERANDO que, novamente, antes do prazo final do edital de

agosto de 2012, a SANEAGO editou o Comunicado n. 08 (Doc. 2),

fazendo novas modificações no Edital e na Minuta Contratual e, mais uma

vez prorrogou o prazo final para abertura das propostas para

03.12.2012.

3.6. CONSIDERANDO que a população das quatro cidades está exausta

com este vai e vem de modificações e desinformações, e a Lei Federal n.

11.445, de 05.01.2007, dispõe que a transparências das ações é

princípio fundamental nos serviços públicos de saneamento e que o

controle social das ações passa pela informação adequada à sociedade,

e que é condição de validade dos contratos, a realização prévia de

audiência pública sobre o edital de licitação :

Art. 2o Os serviços públicos de saneamento básico serão prestados com base

nos seguintes princípios fundamentais:

IX - transparência das ações, baseada em sistemas de informações e processos decisórios institucionalizados;

Art. 3o Para os efeitos desta Lei, considera-se:

IV - controle social: conjunto de mecanismos e procedimentos que garantem à sociedade informações, representações técnicas e participações nos processos de formulação de políticas, de planejamento e de avaliação relacionados aos serviços públicos de saneamento básico;

Art. 11. São condições de validade dos contratos que tenham por objeto a prestação de serviços públicos de saneamento básico:

IV - a realização prévia de audiência e de consulta públicas sobre o edital de licitação, no caso de concessão, e sobre a minuta do contrato.

3.7. CONSIDERANDO que há necessidade de realizar novas audiências

públicas nos quatro municípios envolvidos para esclarecer e debater com a

população consumidora, as autoridades e as instituições locais sobre as

hipotéticas vantagens, desvantagens, as contradições e as consequências

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da terceirização do sistema de esgotamento sanitário dos Municípios

através deste proposto modelo de contrato de subdelegação,

4. DA FALTA DE ESTUDOS TÉCNICOS FEITOS PELA PREFEITURA

SOBRE O EDITAL E SEUS ANEXOS

4.1. CONSIDERANDO que antes da publicação do edital, a SANEAGO

deve submeter a minuta do EDITAL DE LICITAÇÃO (Doc. 2) e todos os

seus ANEXOS, incluindo o ANEXO XV (MINUTA DO CONTRATO DE

SUBDELEGAÇÃO) (Doc. 3), à PRÉVIA ANÁLISE fundamentada (jurídica,

técnica e econômica) dos técnicos de cada um dos MUNICÍPIOS para

colher deles a autorização expressa e FUNDAMENTADA, exigida pelo art.

23.2, par. 2o do CONTRATO PROGRAMA DE CONCESSÃO (assinado com

os municípios em 1o.11.2011) (Doc. 1):

CLÁUSULA VIGÉSIMA TERCEIRA – DOS CONTRATOS DA SANEAGO COM TERCEIROS

23.1 Sem prejuízo as responsabilidades e dos riscos previstos neste contrato, a SANEAGO poderá, mediante licitação, delegar a terceiros, total ou parcialmente, a prestação dos serviços PÚBLICOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA e SERVIÇOS COMPLEMENTARES que lhe forem correlatos.(...)Par. 2o – A SANEAGO deverá submeter à aprovação do MUNICÍPIO as minutas do Edital e de todos os seus anexos, antes de sua publicação, como condição de validade dos respectivos instrumentos.

4.2. CONSIDERANDO que as expressões “aprovação do MUNICÍPIO” ,

“antes de sua publicação”, significam que antes da publicação do edital,

como condição de validade do processo licitatório, cada um dos quatro

municípios deve manifestar-se por escrito e de forma fundamentada

sobre todo o edital e seus anexos, com análise técnica (Laudo feito

por engenheiro da Prefeitura Municipal), jurídica (feita pela Procuradoria

do Município) e econômica (feito por pessoa com capacidade técnica

analisar o impacto dos investimentos na tarifa e todas as cláusulas

contratuais que garantem o equilíbrio econômico financeiro dos

investimentos) fundamentada sobre:

a) a quebra do subsídio cruzado da tarifa permitida de forma

mascarada na Minuta do Contrato de Subdelegação, no art. 22.3,

inc. I e 22.5 (Doc. 3); a possibilidade de DIFERENCIAÇÃO DE

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TARIFA e limite de tarifa estabelecido em paridade com as demais

221 cidades do sistema SANEAGO, nos termos do art. 14, inc. II da

Lei Federal 11.445/2007, sem prejuízo de atraso no cronograma de

obras a serem concluídas no prazo estabelecido de seis anos;

b) o cronograma de obras de esgotamento sanitário (com

data de início e fim e custos de cada uma das etapas) a serem

realizadas pela empresa SUBDELEGATÁRIA no prazo estabelecido

para se atingir a universalização (que seria de seis anos), bem

como o percentual de universalização a ser atingido gradativamente

em cada um destes anos, até chegar ao índice proposto (anunciou-

se que seria de 90%) e, por último, as MULTAS em favor do

MUNICÍPIO a serem estipuladas pelo descumprimento do

cronograma em cada ano. Lembrando-se que Rio Verde ainda não

tem projeto executivo do sistema de esgotamento sanitário (SES) e

os que existem de Jataí e Trindade estão totalmente defasados .

Todos os três novos projetos executivos estão sendo licitados pela

SANEAGO. Para Aparecida de Goiânia está sendo licitado o

projeto executivo das bacias Santo Antônio e Dourados, com

possibilidade de se projetar a construção de uma nova ETE

(Dourados) que sequer é mencionada no PLANO DE AMPLIAÇÃO E

MELHORIA (Doc. 8) e na PROJEÇÃO DE INVESTIMENTOS (Doc. 9).

Pergunta-se: como licitar a exploração do sistema de esgotamento

sanitário de cidades que sequer têm projeto básico de ampliação e

melhoria do sistema?

c) o cronograma de obras da SANEAGO para se atingir em

menos de seis anos e manter por 30 anos os 100% no

abastecimento de água do quatro municípios envolvidos

(condição indispensável para se atingir os propalados 90% de

esgoto), bem como, as multas a serem pagas pela SANAEGO em

favor dos Municípios, em cada ano de descumprimento deste

referido índice de universalização da água a ser atingido;

d) as inúmeras cláusulas ilícitas e desproporcionais do edital

e da minuta do contrato de subdelegação, entre elas, a que

permite a desigualdade de tarifas em favor do equilíbrio econômico

financeiro, além da omissão contratual a favor da empresa

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SUBDELEGATÁRIA referente a relação entre o preço da tarifa de

água (fixada pela SANEAGO) e o preço da tarifa de esgoto (fixada

pela SUBDELEGATÁRIA) – art. 22.3., inc. I e 22.5, todos da Minuta

do Contrato de Subdelegação (Doc. 3).

5. DA QUEBRA DO SUBSÍDIO CRUZADO E DA UNIFORMIZAÇÃO DA

TARIFA

5.1. CONSIDERANDO que não há nenhuma cláusula na Minuta do

Contrato de Subdelegação – ANEXO XV (Doc. 3), que garanta o

subsídio cruzado da tarifa de modo a não permitir que o preço da

tarifa entre as quatro cidades seja diferenciado entre elas e seja

diferenciado entre elas e as demais cidades do sistema estadual da

SANEAGO e assim, garantir a fiel observância do art. 14, inc. II, da Lei

Federal n. 11.445 de 05.01.2007 – Lei Nacional de Diretrizes de

Saneamento:

DA PRESTAÇÃO REGIONALIZADA DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE SANEAMENTO BÁSICO

Art. 14. A prestação regionalizada de serviços públicos de saneamento básico é caracterizada por:

I – um único prestador do serviço para vários Municípios, contíguos ou não;

II – uniformidade de fiscalização e regulação dos serviços, inclusive de sua remuneração;

III – compatibilidade de planejamento.

5.2. CONSIDERANDO que não há nenhuma cláusula no CONTRATO DE

SUBDELEGAÇÃO – ANEXO XV (Doc. 3) que estabeleça limitação no

preço da tarifa de esgotamento sanitário nestas quatro cidades, de

modo a garantir preços módicos e paridade na tarifa com as demais

cidades do sistema estadual da SANEAGO (limitação no preço máximo da

tarifa);

Obs. Após questionamento do Ministério Público, suprimiu-se

na atual minuta do CONTRATO DE SUBDELEGAÇÃO a

cláusula 18.3 que fazia parte da minuta de contrato anterior

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(licitação de novembro/2011) que garantia expressamente a

quebra do subsídio cruzado e permitia a diferenciação de

tarifas entre as quatro cidades do sistema da subdelegação:

CLÁUSULA DÉCIMA OITAVA – DO SISTEMA TARIFÁRIO

18.3 As tarifas inicialmente praticadas nos Municípios abrangidos pela prestação regionalizada poderão diferenciar-se ao longo do CONTRATO em razão das particularidades da prestação dos serviços no território de cada um dos Municípios.

OBS. Entretanto, para maquiar a situação a SANEAGO

suprimiu o referido dispositivo (18.3) e deixou a questão do

subsídio cruzado das tarifas sem nenhuma regulamentação.

Como o edital e o contrato de subdelegação são omissos, a

SUBDELEGATÁRIA fica com o controle total do sistema de

tarifas, podendo suprimir o subsídio cruzado e estabelecer

tarifas diferenciadas entre as quatro cidades e entre elas e as

demais 221 cidades do Sistema SANEAGO. Não há nenhuma

cláusula que veda tal possibilidade, como.

5.3. CONSIDERANDO que a QUEBRA DO SUBSÍDIO CRUZADO e a

garantia do equilíbrio econômico financeiro em favor da SUBDELEGATÁRIA

através do aumento diferenciado de tarifas a ser estipulado por ADITIVO

CONTRATUAL está expressamente previsto nas cláusulas 22.3 e 22.5 da

MINUTA CONTRATUAL (Doc. 3):

22.3. Para a recomposição do equilíbrio econômico-financeiro do contrato serão admitidas as medidas abaixo elencadas, individual ou conjuntamente a forma pela qual será implementada:

I – revisão de tarifas;

II – revisão das metas de expansão e universalização dos serviços, inclusive mediante postergação ou diferimento de investimentos a cargo da SUBDELEGATÁRIA, mediante aprovação da SANEAGO;

III – revisão dos encargos da SUBDELEGATÁRIA;

IV – outorga de direitos ou vantagens patrimoniais à DELEGATÁRIA, tais como, exemplificadamente, a cessão de créditos não tributários, a outorga de direitos em face da SANEAGO e/ou dos MUNICÍPIOS e a outorga de direitos sobre bens da SANEAGO e/ou bens públicos

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dominicais dos MUNICÍPIOS.

22.5. A recomposição do equilíbrio econômico-financeiro do contrato será formalizada mediante termo aditivo a ser firmado entre a SUBDELEGATÁRIA e a SANEAGO e os MUNICÍPIOS e a AGR, na condição de intervenientes-anuentes;

OBS 1. Trata-se de uma cláusula mandato inserida de

forma disfarçada e com interpretação dúbia e, por isso,

abusiva e nula no sentido formal. No sentido material, esta

mascarada CLÁUSULA MANDATO estabelece (por uma das

interpretações possíveis) que a recomposição do equilíbrio

econômico-financeiro através do aumento da tarifa (inclusive,

diferenciado entre os quatro municípios) pode ser feito por

aditivo contratual estabelecido unilateralmente entre a

SUBDELEGATÁRIA e a SANEAGO, sendo a AGR e os

MUNICÍPIOS meros anuentes que, desde já, estão

contratualmente obrigados por esta cláusula-mandato

submeterem-se ao que for estabelecidos pela

CONCESSIONÁRIA e sua SUBDELEGATÁRIA. Desta forma, o

aumento de tarifa indeferido pela AGR pode ser estabelecido

via ADITIVO CONTRATUAL, unilateralmente fixado pela

SUBDELEGATÁRIA (e CONCESSIONÁRIA) no seu exclusivo

interesse.

OBS 2. Em última hipótese, conforme se extrai do

mencionado art. 22.3, da Minuta do Contrato de

Subdelegação, não deferido o aumento de tarifa para

recomposição do equilíbrio econômico financeiro, a

SUBDELEGATÁRIA pode revisar as metas de expansão e

atrasar a universalização dos serviços (inc. II). Ou então,

pode ainda, lançar mão de outros créditos da SANEAGO (inc.

IV), tais como, a receita auferida pelo abastecimento de

água das quatro cidades, que passa primeiro pelo controle e

segregação de receitas pela SUBDELEGATÁRIA (conforme

art. 23 da Minuta Contratual), para só depois ser repassada à

SANEAGO.

OBS 3. Quando inciso IV do art. 22.3 da Minuta Contratual

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diz que a SUBDELEGATÁRIA pode lançar mão de “créditos

não tributários” da SANEAGO, significa que a receita do

serviço de abastecimento d’água das quatro cidades, antes

de entrar nos cofres da SANEAGO, passa pelo controle e

segregação financeira da SUBDELEGATÁRIA (art. 23 da

Minuta Contratual). Isso também significa que todo o

sistema de subsídio cruzado do Estado de Goiás é

avalista solidário do equilíbrio econômico financeiro

que não puder ser alcançado pelo aumento da tarifa.

5.4. CONSIDERANDO que a SANEAGO está sendo omissa ao não

estabelecer regras que impeçam a quebra do subsídio cruzado entre as

cidades pela SUBDELEGATÁRIA. E, também não estabeleceu qual o

limite da tarifa de esgoto em relação percentual com a tarifa de

água (atualmente o limite da tarifa de esgoto é de 100% da tarifa de

água quando há a coleta, o afastamento e o tratamento). As tarifas de

esgoto das quatro cidades serão reajustadas pelo mesmo índice da

tarifa de água? A minuta do contrato de subdelegação (Doc. 3) é

omisso nesta questão:

CLÁUSULA VIGÉSIMA TERCEIRA – DA AÇÃO COMERCIAL INTEGRADA

Art. 23.3.2. Na hipótese de cobrança com base em volume estimado de consumo de água, o faturamento dos serviços de esgotamento sanitário será feito com base nas regras de comercialização estabelecidas no Regulamento de Serviços;

OBS. Quando o dispositivo acima diz que “Na hipótese de

cobrança com base em volume estimado de consumo de

água”, significa que a tarifa do esgotamento sanitário pode

ser cobrada em “outra hipótese” que seria a sua

desvinculação do índice de aumento da tarifa estabelecido

para o consumo d’água, o que permitiria que a tarifa de

esgoto pudesse ultrapassar o valor da tarifa de água, para

cobrir o equilíbrio econômico-financeiro do contrato. Desta

forma, o consumidor vai pagar sozinho pela conta deste

nefasto “negócio” que está sendo feito irresponsavelmente

pela SANEAGO.

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5.5. CONSIDERANDO que não foi apresentado um real e atualizado

(de 2012) estudo de impacto nas tarifas de esgotamento sanitário das

cidades de Aparecida de Goiânia, Trindade, Rio Verde e Jataí, com

projeção de preço da tarifa em face do montante dos investimentos a

serem realizados para atender 90% da população com esgotamento

sanitário;

OBS. A primeira edição do edital previa que o atendimento

do esgotamento sanitário chegaria a 90% da população. Mas

como a SANEAGO não apresentou ainda nenhum cronograma

de obras para se atingir 100% da população com o

abastecimento de água nas quatro cidades (só há esgoto

onde há água) a Minuta Contratual e o Edital foram

alterados para “90% da população servida por água”. Ou

seja, com isso, a SUBDELEGATÁRIA vai lavar as mãos

porque a SANEAGO não apresentou nenhum plano-

cronograma (com multas pelo descumprimento) para elevar

o índice de esgotamento sanitário para 90% da população,

onde não houver 100% de água.

6. DO CRONOGRAMA DE OBRAS

6.1. CONSIDERANDO que a SANEAGO não apresentou o

CRONOGRAMA DE OBRAS (dia do início e fim e custos de cada uma das

obras) a serem realizadas em cada um dos quatro municípios para se

atingir 90% de atendimento de esgotamento sanitário no anunciado prazo

de 6 (seis) anos. A Lei Federal n. 11.445/07 fala em “metas progressivas

e graduais de expansão dos serviços”, mas, metas a serem alcançadas

(que estão no Plano de Saneamento do Município) não passam de um

detalhamento genérico que não se confunde com cronograma de obras;

6.2. CONSIDERANDO que o ainda desconhecido CRONOGRAMA DE OBRAS

com metas progressivas e graduais de expansão dos serviço de

esgotamento sanitário não foi submetido a APROVAÇÃO (com análise

técnica, jurídica e econômica) de cada um dos quatro municípios, na

condição de Poder Concedente, conforme determina o art. 23.1, par. 2o do

Contrato Programa de Concessão (Doc. 1).

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OBS 1. As metas de expansão do atendimento do

esgotamento sanitário apresentadas no Plano Municipal de

Saneamento – Anexo V do Edital (Docs. 5, 6 e 7), não

podem substituir o cronograma de obras que ainda não

existe, pois, além de desatualizado (a base de informações

do Plano de Saneamento de Aparecida de Goiânia é de 2009

e já estamos entrando em 2013 – quase quatro anos a mais)

ele não detalha quais obras (como e em que prazo)

exatamente serão executadas (reservatórios, elevatórias,

redes, interceptores, estação de tratamento etc.) para se

elevar gradualmente o atendimento ao fantasioso índice de

90%.

OBS 2. As metas de expansão apresentadas no Plano de

Saneamento não podem ser considerados como cronograma

de obras, visto que, já estão defasados (foram feitos com

dados de 2009) e as cidades de Rio Verde, Jataí e Trindade,

sequer têm Projeto Executivo de Ampliação e Melhoria do

Sistema de Esgotamento Sanitário. A SANEAGO ainda está

concluindo processo licitatório para elaboração de novo

projeto de esgotamento sanitário para estas três cidades

(lote 1 - no valor de R$ 8.1 milhões - recurso do BNDES).

6.3. CONSIDERANDO que a SANEAGO não apresentou o

CRONOGRAMA DE SUAS OBRAS de universalização do serviço de

abastecimento de água para se atingir 100% em menos de seis

anos (nos quatro municípios), que é condição indispensável para se

atingir 90% de esgotamento sanitário em seis anos – só há esgoto onde

há água. Atualmente Trindade tem apenas 70% de atendimento de água.

7. DAS MULTAS PELOS DESCUMPRIMENTO DO CONTRATO EM

FAVOR DOS MUNICÍPIOS

7.1. CONSIDERANDO que o CONTRATO PROGRAMA DE CONCESSÃO

(Doc. 1) e a minuta do CONTRATO DE SUBDELEGAÇÃO (Doc. 3) não

contêm nenhuma cláusula contratual que estabeleçam as MULTAS a

serem pagas aos MUNICÍPIOS pela empresa SUBDELEGATÁRIA e

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também pela SANEAGO (como co-responsável) quando ocorrer o

descumprimento de cada uma das etapas anuais do cronograma de obras

para se atingir progressiva e gradualmente, os propalados 90% de

esgotamento sanitário em seis anos. Elevar a 100% o abastecimento

de água é condição sine qua non para se atingir 90% de esgotamento

sanitário. Neste sentido, é o art. 27.6 da MINUTA DO CONTRATO DE

SUBDELEGAÇÃO (Doc. 3):

CLÁUSULA VIGÉSIMA SÉTIMA – DAS SANÇÕES ADINISTRATIVAS

27.6 As multas deverão ser recolhidas nos prazos que a SANEAGO determinar, sob pena de sujeição à cobrança judicial, ou então serão descontadas de qualquer crédito da SUBDELEGATÁRIA existente na SANEAGO, em favor desta última, ou da caução depositada, sem prejuízo do devido processo legal.

7.2. CONSIDERANDO que o CONTRATO PROGRAMA DE CONCESSÃO

(Doc. 1) e a Minuta do CONTRATO DE SUBDELEGAÇÃO (Doc. 3) também

não contém nenhuma cláusula contratual que estabeleça as MULTAS a

serem pagas aos MUNICÍPIOS pela empresa SANEAGO, pelo

descumprimento de cada uma das etapas anuais do cronograma de obras

de universalização, para se atingir progressiva e gradualmente os 100%

de abastecimento de água em menos seis anos , o qual, é condição

necessária para se atingir 90% de esgotamento sanitário em seis anos –

só há esgoto onde há água.

8. DA AVALIAÇÃO DA EXPANSÃO PROGRESSIVA DO ATENDIMENTO

DE ATÉ 90% NO PRAZO DE SEIS ANOS

8.1. CONSIDERANDO que não há no corpo do EDITAL DE

LICITAÇÃO (Doc. 2) e seus ANEXOS, incluindo a MINUTA DO CONTRATO

DE SUBDELEGAÇÃO (Doc. 3), nenhuma linha sequer que mencione

como, quando e quem fará a avaliação progressiva, gradual e anual do

índice de atendimento de esgotamento sanitário até atingir a cobertura de

90% no prazo de seis anos. Numa total incoerência, a SANEAGO anuncia

90% de esgoto para Trindade e Aparecida, enquanto que, nem Goiânia,

a Capital do Estado, atingiu ainda 90% de esgotamento sanitário.

9. DAS CLÁUSULAS ILÍCITAS E ABUSIVAS NA MINUTA DO

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CONTRATO DE SUBDELEGAÇÃO

9.1. CONSIDERANDO que a Minuta do CONTRATO DE SUBDELEGAÇÃO

(Doc. 3) a ser firmado entre a SANEAGO e a EMPRESA

SUBDELEGATÁRIA, contém CLÁUSULA MANDATO que autoriza as partes

acima estabelecer obrigações de efeitos potestativos a serem

cumpridas pelo MUNICÍPIO, sem manifestação expressa da sua

vontade.

CLÁUSULA VIGÉSIMA SEGUNDA – DO REEQULÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO

22.5 A recomposição do equilíbrio econômico-financeiro do contrato será formalizada mediante termo aditivo a ser firmado entre a SUBDELEGATÁRIA e a DELEGATÁRIA e os MUNICÍPIOS e a AGR, na condição de intervenientes-anuentes.

OBS. No sentido de maquiar a cláusula mandato acima, a

SANEAGO publicou um novo edital, onde se suprimiu a parte

final do artigo que constava nos editais anteriores: “no

respectivo instrumento, valendo a presente disposição

contratual como cláusula-mandato para tal representação”.

Mas, manteve a expressão “na condição de

intervenientes-anuentes”. Este novo final do artigo não

descaracteriza a CLÁUSULA MANDATO e ainda permite que

um novo aditivo contratual de equilíbrio econômico financeiro

para aumento de tarifas possa ser firmado unilateralmente

entre a SUBDELEGATÁRIA e a SANEAGO, sendo que os

MUNICÍPIOS e a AGR, desde já, por esta cláusula, se

colocam na mera “condição de interveniente-anuentes” deste

aditivo.

9.2. CONSIDERANDO que por esta cláusula mandato, a SANEAGO e a

SUBDELEGATÁRIA podem firmar entre elas um ADITIVO CONTRATUAL

para restabelecer o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato (nos

casos de aumento de tarifa acima do índice estabelecido pelo órgão

regulador, alongamento dos prazos e diminuição do índices de

universalização - 90% em mais de seis anos), ficam a SANEAGO e a

SUBDELEGATÁRIA desde já autorizadas a suprir a vontade do MUNICÍPIO

e da AGR se eles não concordarem com os termos do referido aditivo.

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Trata-se de cláusula mandato de efeitos potestativos totalmente ilegal,

que fere a autonomia Constituicional do Município e os princípios que

regem o direito administrativo.

9.3. CONSIDERANDO que a cláusula 31.1.5 da Minuta do CONTRATO DE SUBDELEGAÇÃO (Doc. 3) estabelece que nenhum dos quatro municípios poderá isoladamente declarar a caducidade do contrato de subdelegação por inadimplemento da SUBDELEGATÁRIA, mesmo após procedimento administrativo com amplo defesa e contraditório, pois a retomada ou encampação do serviço de esgotamento sanitário só poderá ser feita de forma conjunta nos quatro municípios. Desta forma, a autonomia municipal de retomada da concessão fica condicionada à disposição dos outros três municípios de também fazerem a retomada do serviço.

31.1.5. Considerando que a presente SUBDELEGAÇÃO tem por objeto a PRESTAÇÃO REGIONALIZADA dos serviços previstos neste instrumento, fica expressa e irrevogavelmente estipulado, com a ANUÊNCIA dos MUNICÍPIOS e do REGULADOR, que a declaração de caducidade do CONTRATO pressupõe deliberação unânime dos MUNICÍPIOS, não sendo possível a extinção do contrato por este fundamento por parte de apenas um ou alguns do MUNICÍPIOS, isoladamente.

10. DA COMISSÃO DE LICITAÇÃO

10.1. CONSIDERANDO que os MUNICÍPIOS não exerceram a

prerrogativa e a SANEAGO não disponibilizou efetivamente aos

Municípios a indicação de um representante para compor a Comissão de

Licitação, conforme exige o art. 23.2, par. 3o do CONTRATO PROGRAMA

DE CONCESSÃO (Doc. 1):

23.2. Para garantia de viabilização dos investimentos correspondentes, a Saneago se obriga a instaurar procedimento licitatório para subdelegação dos serviços públicos de esgotamento sanitário e serviços complementares.(...)Par. 3o O Município terá a prerrogativa de indicar um de seus agentes para compor a Comissão de Licitação.

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Obs. Compor a Comissão de Licitação efetivamente e

participar de forma ativa de todo o processo licitatório. E,

não como “boi de presépio”, figura decorativa e submissa aos

interesses exclusivos da SANEAGO, mas com direito à

participação ativa para opinar, influir e questionar no

interesse dos municípios e dos consumidores.

11. DA NULIDADE DO ANEXO V DO EDITAL: “PLANO DE

AMPLIAÇÃO E MELHORIA DO ESGOTAMENTO SANITÁRIO DE

APARECIDA DE GOIÂNIA”

11.1. CONSIDERANDO que o Capítulo 7 - Plano de Ampliação e

Melhoria do Esgotamento Sanitário de Aparecida de Goiânia (Doc. 8) – e

o Capítulo 8 - Projeção de Investimentos no Esgotamento Sanitário

de Aparecida de Goiânia (Doc. 9), todos do ANEXO V do Edital, foram

elaborados com dados do ano de 2009, estão eles absolutamente

defasados e seu conteúdo não condiz mais com a realidade atual do

saneamento no Município para 2012, ano em se contabiliza investimentos

de cerca de R$ 250.000.000,00 de recursos para o esgotamento sanitário

vindos do Governo Federal (PAC, FGTS, BNDS etc);

OBS. No Capítulo 7, das Obras Previstas no Plano de

Ampliação e Melhoria do Esgotamento Sanitário de Aparecida

de Goiânia – Anexo V do Edital (Doc. 8), especificadas no

item 7.1, no Quadro 7.1 (Número de ligações a serem

implantadas), constam alguns dados do sistema de

esgotamento sanitário de Aparecida de Goiânia que estão

totalmente defasados em relação à realidade atual. O

número de ligações apresentadas no quadro (30.188 lig.) já

foi superado pelas obras concluídas após 2009. O mesmo

Quadro 7.1 apresenta proposta de universalização em 90%

de atendimento em cinco anos (de 2.010 a 2.215), sendo

que a CLÁUSULA 5.1 do Edital de Licitação (Doc. 2) exige o

que este índice de 90% seja atingido em seis anos.

11.2. CONSIDERANDO que o item 1 DAS METAS COMPATIBILIZADAS

PELA SANEAGO, (Doc. 10), do ANEXO V do Edital, ao tratar da situação

atual da cobertura de esgoto, menciona um índice de apenas 19,5% de

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cobertura de esgotamento sanitário em Aparecida de Goiânia, sem

considerar as obras já concluídas após 2009 e as que já estão em

fase de execução com recursos públicos do PAC: Sistema Almeida

(interceptores, redes e elevatórias) que está todo concluído, faltando

somente a instalação da bombas da ETE para o efetivo funcionamento de

todo o sistema (mais de 12.000 ligações); Obras de ampliação do Sistema

Lages (2.600 ligações); Obras de ampliação na Vila Maria e outros bairros

(5.502 ligações) o que já eleva o índice de atendimento para muito mais

de 30%;

11.3. CONSIDERANDO que o referido PLANO DE AMPLIAÇÃO E

MELHORIA – Capítulo 7 do ANEXO V do Edital (Doc. 8), elaborado com

dados de 2009, inseriu no custo total de ampliação e melhoria, inúmeras

obras que já estão concluídas; algumas que estão em fase de execução;

outras obras com recursos públicos já destinados para execução; obras

com recursos públicos destinados e que estão em fase de licitação; e

outras obras que já estão com os projetos executivos em fase de análise

pelo Ministério das Cidades, PAC 2, 2a edição, conforme demonstrativo no

item 1.1 desta representação;

11.4. CONSIDERANDO que o Quadro 8.2 do Capítulo 8 do ANEXO V

do Edital - PROJEÇÃO DE INVESTIMENTOS (Doc. 9) prevê investimentos

de R$ 471.265.801,00 a serem feitos pela SUBDELEGATÁRIA na

ampliação da REDE COLETORA e LIGAÇÕES de esgoto de Aparecida de

Goiânia, necessários para se atingir o índice de 90% de atendimento,

sendo que nestes custos estão inseridas obras que já estão sendo

custeadas com recursos públicos do GOVERNO FEDERAL; algumas

obras em fase de conclusão; outras em fase de de licitação ou já em

execução; e outras já em fase de análise pelo Ministério das Cidades, pelo

PAC 2, 2a edição, num total aproximado de R$ 250.000.000,00

(conforme o item 1.1 desta representação) e que por esta razão, todo o

PLANO DE OBRAS DE AMPLIAÇÃO E MELHORIA do sistema de

esgotamento sanitário de Aparecida de Goiânia (Doc. 8) está

ABSOLUTAMENTE NULO, maculando de nulidade insanável todo a

projeção de investimentos e de consequência, o custo total do Contrato de

Subdelegação e todo o EDITAL DE LICITAÇÃO;

11.5. CONSIDERANDO que no Capítulo 8 do Anexo V – PROJEÇÃO DE

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INVESTIMENTOS, o Item 8.1, fl. 8.1 (Doc. 9), o segundo parágrafo tem

o seguinte teor:

“Neste contexto o presente capítulo apresenta uma síntese das intervenções físicas propostas, mediante abordagem econômica, de forma a projetar os investimentos em obras de engenharia dentro do período do plano – 30 anos – com horizonte no ano de 2040” .

11.6. CONSIDERANDO a concessão em favor da SANEAGO foi renovada

por mais 30 anos, a contar de 1o.11.2011 e vai até 2041 e que o

Contrato de Subdelegação proposto na presente licitação, com duração de

30 anos, se iniciaria em 2013 e iria até 2043, só restam mais 28 anos

de concessão em favor da SANEAGO para exploração do serviço de

saneamento em Aparecida de Goiânia. Portanto, não pode a SANEAGO

licitar o serviço baseado numa PROJEÇÃO DE INVESTIMENTO (Doc. 9) e

num PLANO DE AMPLIAÇÃO E MELHORIA (Doc. 8) calculados para 30

anos, num contrato que só tem duração de 28 anos . Assim, todo o

calculo financeiro de compensação do equilíbrio econômico financeiro do

contrato precisa ser refeito e, da mesma forma, todo o planejamento e

previsão das obras de ampliação e melhoria do sistema de esgotamento

sanitário do Município. Assim, NULO está todo o CRONOGRAMA FÍSICO-

FINANCEIRO PARA AMPLIAÇÃO DO sistema de esgotamento sanitário de

APARECIDA DE GOIÂNIA, apresentado no Capítulo 8 (PROJEÇÃO DE

INVESTIMENTOS) do ANEXO V do Edital, no final, fl. 8.8 (Doc. 9), onde

se apresentam os investimentos a serem feitos em novas LIGAÇÕES e na

REDE COLETORA. De consequência, todo o Edital está NULO. Pois,

como licitar a exploração, ampliação e melhoria do serviço de

esgotamento sanitário das quatro cidades envolvidas se os projetos

básicos ainda não foram sequer concluídos?

11.7. CONSIDERANDO que a SANEAGO concluiu recentemente processo

licitatório para contratar a elaboração de projetos de saneamento de

várias cidades e, no lote 1 estão incluídos a elaboração de novos projetos

de esgotamento sanitário para Jataí (R$ 1.035.000,00), Rio Verde (R$

1.339.000,00) e Trindade (R$ 1.349.000,00). Num outro procedimento

está sendo licitado o projeto executivo das bacias Santo Antônio e

Dourados em Aparecida de Goiânia, no valor de R$ 6.400.000,00.

Pergunta-se: Os custos destes projetos foram descontados da Projeção de

Investimentos em cada uma das cidades, apresentados no PLANO DE

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AMPLIAÇÃO E MELHORIA, Capítulo 7 do Anexo V do Edital (Doc. 8) bem

como excluídos da PROJEÇÃO E INVESTIMENTO, Capítulo 8, do Anexo V

do Edital (Doc. 9)? Ou seja, em face de uma nova projeção das

necessidades de esgotamento sanitário destas quatro cidades, o custo

total da terceirização está desatualizado, o CRONOGRAMA de obras ainda

não pode ser feito (sem projeto não há cronograma de obras) e todo o

EDITAL está absolutamente NULO!!

12. DO VALOR DA OUTORGA

12.1. CONSIDERANDO que o valor mínimo da OUTORGA (contrapartida)

foi fixado em R$ 90.000.000,00 (noventa milhões de reais) a serem

pagos em 30 parcelas anuais de R$ 3.000.000,00 (três milhões de

reais) é irrisório e não corresponde à uma justa compensação pela

utilização dos bens afetos à exploração do serviço de saneamento de

Aparecida de Goiânia, Trindade, Rio Verde e Jataí e que serão repassados

à SUBDELEGATÁRIA pelo prazo de 30 anos. Nestes termos é a cláusula

16.3 da MINUTA DO CONTRATO DE SUBDELEGAÇÃO (Doc. 3):

CLAUSULA DECIMA SEXTA. DA OUTORGA.

16.3. O VALOR DA OUTORGA é o montante que caberá à SANEAGO, como compensação pelo uso dos bens afetos ao objeto da SUBDELEGAÇÃO, ofertado pela SUBDELEGATÁRIA em sua Proposta, e pela utilização dos referidos bens, durante a vigência deste contrato, combinado com a exigência de busca de maior índice de ampliação do atendimento do número de usuários, observado o disposto no EDITAL, especialmente no Anexo IX e neste CONTRATO.

12.2. CONSIDERANDO que na presente licitação para terceirização do

esgotamento de Aparecida, Trindade, Rio Verde e Jataí, o MAIOR VALOR

DA OUTORGA tem apenas peso 3 e o CRITÉRIO TÉCNICO tem peso 7,

por óbvio que o valor mínimo de 90 milhões, pagáveis em 30 anos não

será significativamente superado, remontando em considerável prejuízo

para o patrimônio público da SANEAGO, dos quatro MUNICÍPIOS

envolvidos na terceirização e para os demais 220 municípios do sistema

de subsídio cruzado da SANEAGO. Tudo em proveito financeiro da

empresa SUBDELEGATÁRIA vencedora da licitação.

ANEXO XI do Edital de Licitação:

O Objetivo da Proposta Comercial é a definição, por parte da LICITANTE do maior VALOR

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DE OUTORGA TOTAL (VOT) que caberá à SANEAGO, apurado nos termos deste Anexo. O VOT mínimo será de R$ 90.000.000,00 (noventa milhões de Reais), sendo que o VPA mínimo será de R$ 3.000.000,00 (três milhões de Reais).

1 - REGRAS PARA ELABORAÇÃO DA PROPOSTA COMERCIAL

I – A proposta comercial da licitante deverá promover a indicação do valor da outorga que caberá à SANEAGO.

II – O Valor de Outorga Total (VOT) será o resultado da soma do Valor Proposto de Outorga Anual (VPA) do primeiro ao trigésimo ano, conforme fórmula abaixo: VOT = VPA 1 + VPA 2 + .....VPA 30Sendo: VOT = Valor de Outorga Total; VPA = Valor Proposto de Outorga Anual.

III – O Valor Proposto Anual (VPA) será igual e fixo para todos os anos;

EDITAL DE LICITAÇÃO (Doc. 2):

11.13. Os critérios de julgamento e classificação da PROPOSTA COMERCIAL estão expressos no ANEXO IX deste EDITAL.

11.14. O julgamento final das PROPOSTAS será realizado considerando-se a combinação da nota obtida na PROPOSTA TÉCNICA com a nota obtida na PROPOSTA COMERCIAL, segundo a seguinte fórmula: NF = (NPT x 0,7) + (NPC x 0,3).

Sendo:NF = Nota Final do licitanteNPT = Nota da Proposta TécnicaNPC = Nota da Proposta Comercial

12.3. CONSIDERANDO que pelo pagamento da outorga mínima, fixada

em R$ 90 milhões de reais em 30 anos, a empresa SUBDELEGATÁRIA

irá receber os seguintes bens, conforme a Cláusula Décima Primeira – Dos

bens Integrantes do Contrato de Subdelegação – Contrato de

Subdelegação):

1) Todos os BENS AFETOS À EXPLORAÇÃO do serviço de

esgotamento sanitário (Clausula Primeira – Das Definições – Minuta

do Contrato de Subdelegação – Doc. 3), quais sejam, o conjunto

de bens e instalações, equipamentos, estações de tratamento de

esgoto, rede de interceptoras, rede coletora, reservatórios,

elevatórias e edificações instrumentalizadas para a prestação dos

SERVIÇOS PÚBLICOS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO já existentes

nas quatro cidades envolvidas na terceirização;

2) Toda a RECEITA advinda da exploração do SERVIÇO DE

ESGOTAMENTO SANITÁRIO das quatro cidades. Atualmente, são

cerca de R$ 4 milhões de reais por mês; R$ 48 milhões de

reais ao ano; R$ 480 milhões de reais em 10 anos, sem contar

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os acréscimos de receitas advindas dos novos investimentos já

concluídos, em execução e em licitação, e os demais a serem feitos

para se atingir 90% de esgoto nas quatro cidades nos 6 primeiros

anos de contrato;

3) Toda a RECEITA advinda da exploração DAS AÇÕES

COMERCIAIS DO SERVIÇO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA (leitura,

corte, religação, hidrômetro etc), cujo valor não é ainda conhecido;

4) O gerenciamento e o controle da receita serviço de

abastecimento de água das quatro cidades envolvidas e o banco de

dados da SANEAGO necessários para gerenciar as ações comerciais

do serviço de saneamento.

5) Todas as obras de saneamento em andamento custeadas por

recursos federais (PAC e BNDES) ou estaduais, conforme previsto

no termo de referência e planos de saneamento.

OBS. Conforme se observa no item 1.1 no início deste

relatório, só em Aparecida de Goiânia, estão sendo

concluídas obras no valor de quase R$ 147 milhões de

reais , todas com recursos já disponibilizados (a maioria pelo

PAC), proporcionando mais 27.678 ligações, o que

atenderia cerca de 100.000 pessoas.

Com todos estes investimentos, feitos com dinheiro

público não oneroso (sem impacto na tarifa), estima-se que o

índice de atendimento de esgoto em Aparecida de Goiânia

salte dos atuais 20% para mais de 40% da população do

Município. O faturamento mensal atual em esgoto das quatro

cidades (cerca de R$ 4 milhões por mês) irá aumentar em

1/3, só com a conclusão destas obras.

Mais R$ 93 milhões de reais para Aparecida de

Goiânia já estão em análise no Ministério das Cidades para

levar rede e interceptor para toda região do Setor Garavelo,

interceptor Santo Antônio e rede coletora para toda região ao

norte do anel rodoviário até o Setor Buriti Sereno. Em Rio

Verde e Jataí já foram investidos mais de R$ 20 milhões de

reais na ampliação da rede de esgoto.

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Em face do acervo de BENS e RECEITAS que estão

sendo repassados à empresa SUBDELEGATÁRIA, a outorga

mínima de 90 milhões a ser paga em 30 parcelas anuais

de 3 milhões, com PESO 3 na licitação é INSIGNIFICANTE e

IRRISÓRIA.

13. DA NULIDADE DO EDITAL POR CONTRADIÇÃO NA FORMA DE

PAGAMENTO DA OUTORGA

13.1. CONSIDERANDO que os art. 4 do EDITAL (Doc. 2) estabelece

que o valor da outorga, fixado no mínimo de R$ 90 milhões de reais, deve

ser pago em 30 parcelas anuais, sendo que a primeira delas paga em 180

dias, a partir do início da operação definitiva;

4. DO VALOR DA OUTORGA E DA FORMA DE PAGAMENTO

O valor inicial da outorga será de R$ 90.000.000,00 (noventa milhões de reais). Esse será o valor mínimo. O valor vencedor para a outorga deverá ser pago pelo licitante em 30 parcelas anuais, devidamente atualizadas pelo (IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), com início em 180 (cento e oitenta) dias corridos contados da data de início da OPERAÇÃO DEFINITIVA. As demais parcelas serão pagas após decorrido cada período completo e subsequente de 12 (doze) meses, contada do primeiro pagamento do valor da outorga.

13.2. CONSIDERANDO que o art. 3.1 do EDITAL (Doc. 2) estabelece

que o prazo de vigência do CONTRATO DE SUBDELEGAÇÃO inicia-se na

data da OPERAÇÃO DEFINITIVA e encerra-se na data do término dos

CONTRATOS DE PROGRAMA celebrados pela SANEAGO com os

MUNICÍPIOS, ou seja, em 01.12.2041.

3. PRAZO

3.1. O prazo de vigência do CONTRATO DE SUBDELEGAÇÃO inicia-se na data da OPERAÇÃO DEFINITIVA, que será consignada em instrumento próprio e encerra-se na data o término dos CONTRATOS DE PROGRAMA celebrados pela SANEAGO com os MUNICÍPIOS, ou seja, em 01.12.2041.

3.3. CONSIDERANDO que os CONTRATOS PROGRAMA DE CONCESSÃO

(Doc. 1) firmados entre a SANEAGO e os quatro municípios envolvidos

na terceirização (Aparecida de Goiânia, Trindade, Rio Verde e Jataí) são

iguais e padronizados e todos foram assinados, coincidentemente, em

01.11.2011, concedendo à CONCESSIONÁRIA exploração do serviço de

saneamento pelo prazo de 30 anos.

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CLÁUSULA QUARTA – DO PRAZO

4.1 O prazo de vigência deste contrato é de 30 (trinta) anos , contados da data de sua assinatura, admitindo-se prorrogação, por igual período.

3.4. CONSIDERANDO que o CONTRATO DE SUBDELEGAÇÃO inicia-se a

partir da operação definitiva, que só ocorrerá em meados de 2013, na

melhor das hipóteses, e que o pagamento da primeira parcela da

OUTORGA, a ser feito 180 dias após o início da “operação definitiva” não

poderá ser feito em 30 parcelas conforme estabelece o art. 4 do Edital

(Doc. 2), eis que , nesta data, em 2013, as concessões deferidas

pelos CONTRATOS PROGRAMA estarão reduzidas aos 28 anos

restantes. Ou seja, a SANEAGO está licitando um contrato (de 30

parcelas anuais) cujas obrigações se estendem por períodos que vão além

do período da CONCESSÃO (28 anos restantes) estabelecidas nos

CONTRATOS PROGRAMAS. Por isso, todo o edital está NULO e deve

ser cancelado imediatamente.

14. DO SUPERFATURAMENTO NO PREÇO DAS OBRAS

14.1. CONSIDERANDO que por determinação da Diretoria Colegiada da

SANEAGO foi formado um Grupo de Trabalho composto por técnicos da

própria SANEAGO para analisar e apresentar considerações técnicas,

jurídicas e econômicas sobre o processo de terceirização do esgotamento

sanitário de Aparecida de Goiânia, Trindade, Rio Verde e Jataí, e por isso,

foi apresentado um RELATÓRIO (Doc. 11) que conclui pelo

SUPERFATURAMENTO nos orçamentos e valores apresentados no

Edital, Anexo V, no Capítulo 7 - PLANO DE AMPLIAÇÃO EM MELHORIA

(Doc. 8), no Capítulo 8 - PROJEÇÃO DE INVESTIMENTOS (Doc. 9) e nas

METAS COMPATIBILIZADAS PELA SANEAGO (Doc. 10).

14.2. CONSIDERANDO que o referido Relatório, no Capítulo V, p. 70

(CONSIDERAÇÕES FINAIS) (Doc. 11) dispõe que “os números trazidos do

campo evidenciam a existência de bairros de baixíssimos índices de

adensamento populacional, o que onera substancialmente os custo dos

serviços necessários, podendo acarretar aumento tarifário a apenas esses

municípios” e que por isso seria necessário uma reavaliação das metas de

atendimento expansão dos sistemas de esgotamento sanitário nos quatro

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municípios. Uma alternativa, segundo o referido Relatório seria adotar o

princípio da Equi-Marginalidade e só implantar rede de esgoto quando

a extensão de rede por ligação for inferior a 55m/ligação. Com isso,

haveria uma redução de cerca de 8% no atendimento proposto no Edital

e uma redução de 28% no total investimentos a serem feitos, sem

prejuízo da construção da infraestrutura básica de interceptores,

emissários, elevatórias, estação de tratamento etc., para atender a todo o

município.

14.3. CONSIDERANDO que, por este critério da Equi-Marginalidade o

referido RELATÓRIO (Doc. 11), na p. 70, demonstra que os

investimentos totais no quatro municípios envolvidos para se atingir

o índice de 82% de atendimento não passariam de R$ 563.724.093,04,

sendo que deste montante, somente R$ 349.035.960,48 seriam de

recursos ainda não captados. Muito inferior aos R$ 782.831.000,00

apontados no METAS COMPATIBILIZADAS PELA SANEAGO, Anexo V, item

4 do Edital (Doc. 10), para se atingir 90% de atendimento em seis anos.

“O presente estudo demonstrou a necessidade de R$ 563.724.093,04, dos quais a SANEAGO já tem recursos como fonte definida de R$ 91.417.096,82 e contratados R$ 123.271.035,74, conforme Quadro 1.

Assim, o Grupo de Trabalho sugere que a SANEAGO busque negociar com os Municípios a flexibilização das metas estabelecidas nos Planos de Saneamento e possibilite a captação de financiamentos externos na ordem de R$ 350 milhões nos próximos 10 ano, conforme Quadro do Capitulo V.”

15. DO SUPERFATURAMENTO NO CUSTO DOS INVESTIMENTOS

15.1. CONSIDERANDO que no ANEXO V – METAS CONTABILIZADAS

PELA SANEAGO (Doc. 10) no item 3, “Valores estimados para

investimentos em Esgotamento Sanitário para o período do

contrato” (Fonte: Gerentec – 2011), onde se apresentam a discriminação

das espécies e valores de investimentos a serem feitos em 30 anos para

se atingir e manter o índice de 90% de atendimento, há

superfaturamento nos item “Hidrômetro – R$ 61 milhões de

reais”, porque não foram subtraídos os hidrômetros contabilizados na

ampliação da rede de água de ANÁPOLIS, cidade que não mais está

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inserida no processo de terceirização.

15.2. CONSIDERANDO que no mesmo ANEXO V – METAS

CONTABILIZADAS PELA SANEAGO (Doc. 10) no item 3, “Valores

estimados para investimentos em Esgotamento Sanitário para o

período do contrato” (Fonte: Gerentec – 2011), onde se apresentam a

discriminação das espécies e valores de investimentos a serem feitos em

30 anos para se atingir e manter o índice de 90% de atendimento, há

superfaturamento nos item “Outros – R$ 94 milhões de reais”, os

quais se referem a um custo percentual de 12% a título de

“Fiscalização” e “Administração” do sistema de esgotamento sanitário

e ações comerciais do serviço de abastecimento de água e, da mesma

forma, não foram estes custos subtraídos ANÁPOLIS, cidade que não

mais está inserida no processo de terceirização.

16. DA PROJEÇÃO DE INVESTIMENTOS E A REMUNERAÇÃO DA

SUBDELEGATÁRIA

16.1. CONSIDERANDO que no desatualizado ANEXO V – METAS

CONTABILIZADAS PELA SANEAGO (Doc. 10) no item 4, “Investimentos

estimados para cumprimento do Plano de UNIVERSALIZAÇÃO”

(Fonte: Gerentec – 2011), a SANEAGO apresenta apenas o valor dos

investimentos a serem feitos em cada um dos 30 anos do contrato de

subdelegação, os quais, somados, perfazem um total de R$ 1,66 bilhões

de reais, que é o valor total do contrato, mas não apresenta nenhuma

projeção da receita bruta e da remuneração da SUBDELEGATÁRIA

em cada um dos 30 anos do contrato de subdelegação;

16.2. CONSIDERANDO as receitas advindas do serviço de esgotamento

sanitário e das ações comerciais do abastecimento de água nas quatro

cidades envolvidas, durante os 30 anos de contrato de subdelegação e;

considerando também, o crescimento da população, atualmente já

estimada em 900 mil pessoas, e que pode chegar a 1,5 milhões ao final

dos 30 anos; considerando também o aumento progressivo do número de

ligações de esgotamento sanitário e de fornecimento de água durante 30

anos, é possível de calcular superficialmente que o faturamento bruto da

empresa SUBDELEGATÁRIA irá ultrapassar a R$ 5 bilhões de reais nos

trinta anos do contrato de subdelegação. Em face destas projeções,

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PERGUNTA-SE:

1) qual a projeção de faturamento da empresa

SUBDELEGATÁRIA em cada um dos 30 anos de contrato?

2) qual a projeção de remuneração da empresa

SUBDELEGATÁRIA em cada um dos 30 anos de contrato?

Esta remuneração é justa e razoável?

OBS. Todos estes dados precisam ser previamente

divulgados e auditados para se ter certeza de que não há

uma remuneração desproporcional e altamente lucrativa em

favor da SUBDELEGATÁRIA, em prejuízo do patrimônio

público dos consumidores do sistema de saneamento do

Estado de Goiás.

17. DOS INVESTIMENTOS PÚBLICOS E A SUSTENTAÇÃO DO

SISTEMA DE SUBSÍDIO CRUZADO DO ESTADO DE GOIÁS

17.1. CONSIDERANDO que os investimentos não onerosos feitos pelo

Governo Federal com recursos do PAC são de baixa contrapartida e baixo

impacto na tarifa ou até mesmo, como acontece no PAC 2 2a edição, cujos

recursos não exigem contrapartida e nenhum impacto na tarifa;

15.2. CONSIDERANDO que os recursos não onerosos do PAC, sem

ou quase nenhum impacto na tarifa, mesmo que direcionados a

municípios específicos, como no caso dos recursos do PAC 2, 2a. ed.,

destinados a municípios com mais de 250.000 habitantes, refletem de

forma direta no fortalecimento de todo o sistema de saneamento do

Estado de Goiás em face do sistema de subsídio cruzado da tarifa

(tarifa igual para todas as cidades do sistema);

17.3. CONSIDERANDO que os recursos não onerosos do PAC têm

caráter social e devem ser aplicados no fortalecimentos do sistema

púbico de saneamento como um todo, com a maior extensão possível dos

seus efeitos sociais e econômicos, conforme determina o art. 49 da Lei

Federal n. 11.445 de 05.01.2007 que estabelece as diretrizes nacionais

para o saneamento básico:

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Art. 49. São objetivos da Política Federal de Saneamento Básico: V - assegurar que a aplicação dos recursos financeiros administrados pelo Poder Público se dê segundo critérios de promoção da salubridade ambien-tal, de maximização da relação benefício-custo e de maior retorno social;

17.4. CONSIDERANDO que os recursos não onerosos (e de baixa

onerosidade) advindos do Governo Federal (grande parte do orçamento

geral da União) investidos no saneamento de Aparecida de Goiânia

proporcionam consideráveis reflexos sociais e econômicos nos

outros municípios do sistema SANAEAGO, por força do aumento da

sua capacidade econômica e da diluição desta capacidade para todo o

sistema de subsídio cruzado do Estado;

17.5. CONSIDERANDO que os recursos não onerosos do PAC aplicados

em Aparecida de Goiânia ( R$ 500 milhões reais na água e no esgoto )

proporcionam milhares de ligações a mais nos sistemas de abastecimento

de água e esgotamento sanitários, proporcionando um considerável

aumento na arrecadação do sistema estadual de subsídio cruzado. Este

fortalecimento econômico proporciona um aumento considerável na

capacidade da SANEAGO de fazer investimentos com recursos próprios

nos municípios menores, na capacidade de endividamento para captação

de recursos onerosos, bem como, na execução de obras emergências de

saneamento com recursos próprios – dilação da função social dos

investimentos do PAC;

17.6. CONSIDERANDO que a terceirização do sistema de esgotamento

sanitário e das ações comerciais da água de regiões ou cidades que

receberam ou estão recebendo recursos PAC (não onerosos ou de baixa

onerosidade, sem impacto na tarifa) representa o enfraquecimento e

um desfalque irreparável em todo o sistema público de subsídio

cruzado do saneamento do Estado de Goiás, através do repasse de

todo o investimento feito com recursos advindos dos impostos

arrecadados pela União (de conotação social) em favor e em proveito dos

lucros de uma empresa privada e de umas pouquíssimas privilegiadas

cidades;

18. DA PROBIDADE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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18.1. CONSIDERANDO que o art. 37, caput, da Constituição Federal

determina que a Administração Pública direta e indireta, de qualquer dos

Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,

obedecerá aos princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade,

publicidade e eficiência;

18.2. CONSIDERANDO os termos estabelecidos nos arts 4o e 10o, incs. II

e XV da Lei 8.429 de 12.06.92 (Lei de Improbidade Administrativa):

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:

II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei.

18.3. CONSIDERANDO os termos dos art. 4o, inc. II, letras “a” a “d”, art.

6o, inc. X e 22o, todos do Código de Defesa de Consumidor.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DE GOIÁS, nos termos do art. 12.2 e

art. 6.4, todos do Edital (Doc. 2)

6.4. Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar a CONCORRÊNCIA, por irregularidade na aplicação das leis a que está submetida, devendo protocolizar o pedido até 5 (cinco) dias úteis antes da data fixada para a abertura dos envelopes de habilitação, cabendo à SANEAGO julgar a impugnação em até 3 (três) dias úteis, sem prejuízo da faculdade de representação ao Tribunal de Contas do Estado.

12.12. O Diretor Presidente da SANEAGO, de ofício ou por provocação de terceiros, deverá anular a licitação se verificada qualquer ilegalidade que não possa ser sanada ou convalidada.

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RECOMENDA ao Dr. ROBERTO FERREIRA MARQUES, DD.

DIRETOR PRESIDENTE DA SANEAGO, empresa pública concessionária

do serviço de saneamento do Estado de Goiás que, no prazo máximo de

3 (três) dias úteis, a contar da protocolização desta RECOMENDAÇÃO,

determine:

1) A ANULAÇÃO imediata do EDITAL DE LICITAÇÃO da

Concorrência n. 4.3-001/2012 – SANEAGO – PROCESSO N.

2573/2011 (Doc.2);

2) E, só REABRA novo procedimento licitatório, após:

a) CORRIGIR e SOLUCIONAR todas as irregularidades

apontadas pelo Ministério Público de Goiás nesta

Recomendação;

b) EXAURIR os debates e as explicações detalhadas

sobre o negócio (custos, faturamentos, remunerações,

tarifas, vantagens e desvantagens), inclusive realizar

novas audiências públicas em GOIÂNIA e nos quatro

municípios envolvidos, nos termos do art. 11, IV da Lei

11.445/2007;

c) ENVIAR aos Municípios os relatórios, ofícios,

estudos e informações sobre todas as falhas e

ilegalidades apontadas nesta Recomendação;

d) AGUARDAR um prazo mínimo de 120 dias para

análises das correções que vierem a ser feitas, a

contar da APROVAÇÃO FUNDAMENTADA de todos os

quatro MUNICÍPIOS envolvidos (com análise de

viabilidade técnica, jurídica e econômica do EDITAL e

TODOS seus anexos), nos termos do art. Art. 23.1, par.

2o do Contrato Programa de Concessão.

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Goiânia, 21 de novembro de 2012

Fernando Aurvalle da Silva KrebsPromotor de Justiça

57ª Promotoria de Justiça

Goiamilton Antônio MachadoPromotor de Justiça

70ª Promotoria de Justiça

Rodrigo César Bolelli FariaPromotor de Justiça

Coordenador do CAO do Patrimônio Público

Érico de Pina CabralPromotor de Justiça

Coordenador do CAO do Consumidor