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RECEPÇÃO, PARTICULARIDADES E LIMITES DA ARQUITETURA MODERNISTA PRODUZIDA EM BELÉM Celma Chaves * Resumo Nas últimas décadas, vários eventos na área buscam difundir, recuperar e situar a produção da arquitetura moderna realizada nos países latino-americanos, e principalmente nas cidades que estariam mais distanciadas dos centros de produção e debates sobre esta arquitetura. No Brasil, esta questão adquire maior relevância se nos detemos na diversidade, nas diferenças socioculturais, econômicas e geográficas que separam não apenas lugares físicos, mas entendimentos e concepções sobre a arquitetura e a cidade. Especificamente no caso da Amazônia Oriental Brasileira, em que o desenvolvimento da arquitetura e da cidade sofreu o influxo de seus ciclos econômicos e de suas particularidades regionais, esta questão merece ser tratada com mais atenção. Sabe-se que as obras desse período, realizadas por arquitetos e engenheiros, apresenta referências claras dos elementos da chamada “escola carioca”, ainda que incorpore soluções inventivas para atualizá-la, afrontando as limitações técnicas e buscando adequá-la às condições climáticas locais. O esforço conjunto entre individualidades e grupos sociais abastados, encontra-se em um desejo comum pelo “novo e moderno”, no qual figuratividade e funcionalidade, localização privilegiada e novas espacialidades, comporão o cenário do padrão de modernidade da “Belém modernista”. Diante das evidências de que em Belém essa arquitetura assume particularidades, tanto em sua expressão material, quanto em sua representatividade na cultura urbana local, este artigo indaga-se sobre os limites desse “modernismo”, a despeito da tendência atual em considerar uma ampliação do recorte cronológico para abranger as “outras” arquiteturas modernas, e sobre sua possível afirmação e consolidação nas décadas posteriores à fundação da escola de Arquitetura em 1964. Palavras-chave: Belém, arquitetura moderna, modernização. Abstract In recent decades, several events in architecture have sought to promote, restore and locate the production of modern architecture carried out in Latin American countries, especially in those cities farther from the centers of production and discussions concerning this architecture. In Brazil, this subject becomes more relevant if we concentrate on the diversity, on the socio-cultural, economic and geographic differences that not only separates places physically, but also understandings and ideas about architecture and city. Specifically, in the case of the Eastern Brazilian Amazon where the development of architecture and the city experienced an influx of economic cycles and regional particularities, this issue deserves to be treated more carefully. It is known that the works of this period, carried out by architects and engineers have clear references to the elements of the "Rio school," despite their incorporation of inventive solutions to update it, violating the technical limitations and seeking to adapt it to local climatic conditions. The joint effort between individualities and wealthy social groups is found in a common desire for "new and modern", in which figurativity and functionality, privileged location and new spatialities will form the scene of the modern standard of "modernist Belém." Confronted with evidence that in Belém this architecture has its particularities, both in its material expression, and representativity in the local urban culture, this paper questions on the limits of "modernism," despite the current tendency to consider an extension of the chronological cutto coverthe "other" modern architectures, as well as its possible affirmation and consolidation in the decades after the creation of the School of Architecture in 1964. Key-words: Belém, modern architecture, modernization. * UFPA | [email protected]

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RECEPÇÃO, PARTICULARIDADES E LIMITES DA ARQUITETURA MODERNISTA PRODUZIDA EM BELÉM

Celma Chaves∗ Resumo Nas últimas décadas, vários eventos na área buscam difundir, recuperar e situar a produção da arquitetura moderna realizada nos países latino-americanos, e principalmente nas cidades que estariam mais distanciadas dos centros de produção e debates sobre esta arquitetura. No Brasil, esta questão adquire maior relevância se nos detemos na diversidade, nas diferenças socioculturais, econômicas e geográficas que separam não apenas lugares físicos, mas entendimentos e concepções sobre a arquitetura e a cidade. Especificamente no caso da Amazônia Oriental Brasileira, em que o desenvolvimento da arquitetura e da cidade sofreu o influxo de seus ciclos econômicos e de suas particularidades regionais, esta questão merece ser tratada com mais atenção. Sabe-se que as obras desse período, realizadas por arquitetos e engenheiros, apresenta referências claras dos elementos da chamada “escola carioca”, ainda que incorpore soluções inventivas para atualizá-la, afrontando as limitações técnicas e buscando adequá-la às condições climáticas locais. O esforço conjunto entre individualidades e grupos sociais abastados, encontra-se em um desejo comum pelo “novo e moderno”, no qual figuratividade e funcionalidade, localização privilegiada e novas espacialidades, comporão o cenário do padrão de modernidade da “Belém modernista”. Diante das evidências de que em Belém essa arquitetura assume particularidades, tanto em sua expressão material, quanto em sua representatividade na cultura urbana local, este artigo indaga-se sobre os limites desse “modernismo”, a despeito da tendência atual em considerar uma ampliação do recorte cronológico para abranger as “outras” arquiteturas modernas, e sobre sua possível afirmação e consolidação nas décadas posteriores à fundação da escola de Arquitetura em 1964. Palavras-chave: Belém, arquitetura moderna, modernização. Abstract In recent decades, several events in architecture have sought to promote, restore and locate the production of modern architecture carried out in Latin American countries, especially in those cities farther from the centers of production and discussions concerning this architecture. In Brazil, this subject becomes more relevant if we concentrate on the diversity, on the socio-cultural, economic and geographic differences that not only separates places physically, but also understandings and ideas about architecture and city. Specifically, in the case of the Eastern Brazilian Amazon where the development of architecture and the city experienced an influx of economic cycles and regional particularities, this issue deserves to be treated more carefully. It is known that the works of this period, carried out by architects and engineers have clear references to the elements of the "Rio school," despite their incorporation of inventive solutions to update it, violating the technical limitations and seeking to adapt it to local climatic conditions. The joint effort between individualities and wealthy social groups is found in a common desire for "new and modern", in which figurativity and functionality, privileged location and new spatialities will form the scene of the modern standard of "modernist Belém." Confronted with evidence that in Belém this architecture has its particularities, both in its material expression, and representativity in the local urban culture, this paper questions on the limits of "modernism," despite the current tendency to consider an extension of the chronological cutto coverthe "other" modern architectures, as well as its possible affirmation and consolidation in the decades after the creation of the School of Architecture in 1964. Key-words: Belém, modern architecture, modernization.

∗ UFPA | [email protected]

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Recepção, particularidades e limites da arquitetura modernista

produzida em Belém

Introdução

O tema da circulação de ideias é recorrente nos debates atuais sobre a arquitetura moderna1, e

sugere questões como a identidade da modernidade da arquitetura latino-americana, a

necessidade de interpretações que confiram ao produzido na América Latina a legitimidade de

distintos tempos, os processos e o caráter dessa arquitetura; o limite cronológico do uso do termo

“moderno” para classificar a produção latino-americana, entre outras questões que foram temas

de vários estudos.2

Embora desde meados da década de 1960, tem-se reconhecido a diversidade das “poéticas e

posturas” (COMAS, 2006) na prática e na cultura disciplinar da arquitetura moderna internacional

(TAFURI, 1976; JENCKS, 1985; FRAMPTON, 1980) na historiografia brasileira, somente na

década de 1990 apresenta-se uma interpretação que postule o reconhecimento de outras

manifestação da arquitetura moderna no Brasil, com a inclusão de produções desconhecidas de

outros “processos” ocorridos no país e o intercâmbio dos arquitetos peregrinos que colaboraram

para sua difusão3 (SEGAWA, 1999). Apesar da abordagem ampliada, é válido ressaltar que:

“Esta visão não fica de todo imune à discussão da genealogia. Ela consegue, no entanto,

pela metodologia do acréscimo, combinar a genealogia tradicionalmente indicada pela

historiografia tradicional com outras fontes, outros "processos". Mas a estratégia de

acréscimo está longe de desfazer-se de uma hierarquização e de um juízo de valor para os

quais a adjetivação utilizada pelo autor, para a distinção dos diversos processos, nos

antecipa algumas pistas.4”

Especificamente no caso da Amazônia Oriental Brasileira, onde o desenvolvimento da arquitetura

e da cidade sofreu o influxo de seus ciclos econômicos e de suas particularidades em relação aos

outros centros urbanos do Brasil, esta questão adquire significado. Durante a década de quarenta

e cinquenta, grupos sociais em ascensão na capital do Pará, passam a demandar um estilo de

vida condizente com sua nova posição de comerciantes e empresários bem sucedidos,

encomendando suas residências para engenheiros e construtores - já que não existiam arquitetos

locais titulados – bem como o poder público, que viam nas construções modernizadas, símbolos

de sua representatividade e legitimidade. O esforço conjunto entre individualidade e

institucionalidade gerará então um desejo comum pelo “novo e moderno”, no qual figuratividade e

1 Especialmente os encontros do Docomomo e do SAL. 2 Naslavsky (2011); Comas (2009); Waisman (1995) 3 Apesar de incluir os inícios da modernização em capitais brasileiras durante a década de 1930, a narrativa de Segawa deixou de fora, entretanto, os engenheiros tratados neste artigo, que produziram durante a década de 1950. 4 MARQUES, Sonia; NASLAVSKY, Guilah (2001). Estilo ou causa? Como, quando e onde? Os conceitos e limites da historiografia nacional sobre o Movimento Moderno. São Paulo: Vitruvius, 2001. Disponível em www.vitruvius.com.br

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funcionalidade, localização privilegiada e novas espacialidades, comporão o cenário do padrão de

modernidade da “Belém modernista”.

1. Cultura arquitetônica em Belém no período 1942-1970

Durante a década de 1930, enquanto a frágil economia amazônica forçava a redução dos

investimentos públicos, a prática nacionalista do Presidente Getúlio Vargas impulsionava a

construção de edifícios públicos que vinculassem um caráter modernizador às principais capitais

brasileiras, através de um programa de construções públicas: escolas, agência de correios,

hospitais mercados. Estes edifícios despontavam em um cenário marcado por expressões do

ecletismo, onde se mesclavam moradias do período colonial, edifícios com fachadas de ornatos e

elementos classicizantes, edificações de expressão neocolonial, e algumas expressões de um

estilismo art déco, símbolo das classes em ascensão social.

Em cidades como Belém, as ideias de modernidade e modernização já haviam se introduzido na

estrutura cultural desde as iniciativas do intendente Antonio Lemos no início do século XX. É, no

entanto, em outro momento histórico, que denomino de “segunda modernização”, caracterizado

por uma frágil estrutura econômica em que os interesses individuais, intenções tecnicistas,

vontade de integrar-se à nova modernidade (CHAVES, 2011) se associavam, que a arquitetura

produzida em Belém assumiu em seu corpus projetual os estilismos modernos, em soluções

arquetípicas de partido arquitetônico, em elementos e detalhes formais e de suporte estrutural.

Estas soluções perseguem certas constantes compositivas: a adequação das soluções espaciais

às funções exigidas, o uso de uma geometria tipificada que está presente tanto em espaços

interiores como nas superfícies exteriores. Estes procedimentos também são processos que

definem uma imagem a essa arquitetura, instrumentos que uniformizam certas soluções e que

estava em processo de aceitação entre o meio burguês da cidade. Estas expressões seriam

assimiladas nas arquiteturas anônimas dos anos setenta, apontando para a disseminação dessas

ideias para além dos limites do gosto erudito. No entanto, será entre a classe de maior poder

aquisitivo que as obras que apresentam as referências modernas irão se estender durante os

anos cinquenta. Como afirma Tafuri:

“(...) frente à atualização das técnicas a produção, e frente à expansão e a nacionalização

do mercado (...) não se trata de dar formas a elementos singulares na malha urbana, nem

no limite, a singelos protótipos. Uma vez identificada na cidade, a unidade real do ciclo de

produção, o único trabalho do arquiteto é aquela de organizador do ciclo”5.

5 TAFURI, Manfredo. Por uma crítica da ideologia arquitetônica. Em: TAFURI, Manfredo; DAL CO, Francesco; CACCIARI, Máximo. (1972). Da Vanguarda à Metrópoles. Crítica radical à arquitetura. Gustavo Gili, Barcelona, 1967, págs. 53 e 54.

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Esse processo inicia-se com a arquitetura do engenheiro Camilo Porto de Oliveira graduado em

1946 pela Escola de Engenharia de Pará e como arquiteto em 19666, no curso de arquitetura,

para o qual foi um dos artífices de sua fundação. Este engenheiro introduziu as inovações da

arquitetura moderna brasileira em Belém, especialmente as soluções da arquitetura de Oscar

Niemeyer. Entre o ano de 1946 e inícios dos anos cinquenta, o engenheiro projetará várias

residências, aproveitando-se da febre dos bangalôs, símbolo e expressão do grupo social de

maior poder aquisitivo. A cidade de Belém crescia em direção às áreas suburbanas, onde os

terrenos apresentavam generosas dimensões, e que tinham sido adquiridos por empresários,

comerciantes, advogados de tradicionais famílias ou grupos imobiliários que alí construíram os

primeiros condomínios da cidade. Neste tecido urbano em expansão e nos projetos de residências

em áreas centrais da cidade, o engenheiro pôde por em prática seus exercícios formais.

Suas frequentes viagens ao Rio do Janeiro e a São Paulo lhe proporcionariam o repertório de

projeto que a partir da década de cinquenta serão utilizadas em variadas propostas residenciais.

Nestes projetos, se identificam estruturas, volumetrias, suportes estruturais, que o engenheiro

assimila e converte em princípios modeladores de atualização de sua arquitetura.

No início dos anos cinquenta, o projeto da “Maison Errazuris” de Le Corbusier já havia completado

duas décadas e o grande salão com cobertura de dupla inclinação – “cobertura mariposa” – havia

deixado seus traços em numerosas produções da arquitetura moderna no Brasil e em outros

países.

Certamente, Porto do Oliveira não conhecia ou pelo menos não tinha referências claras do projeto

da casa Errazuris, de Le Corbusier, mas estava familiarizado com as obras de Niemeyer, seja por

meio das publicações ou das viagens que empreendia para conhecer as experiências da

arquitetura, assim que recebia algum encargo de projeto. Como nos afirmou o próprio engenheiro

Porto: “os professores aconselhavam a não imitar a arquitetura do Niemeyer”, mas sua perspicaz

observação de que na cidade não se fazia uma “autêntica” arquitetura moderna, foi segundo ele, o

motivo do projeto de sua primeira residência a “Moura Ribeiro” (1949).

6 A implantação do curso de Arquitetura em Belém foi viabilizada entre outras coisas, pelo interesse do grupo de engenheiros que já exerciam suas atividades em Belém, mas não podiam projetar obras de “grande porte”, pois para isto exigia-se, na época, o diploma de arquiteto. Esses engenheiros passaram então por uma “adaptação” de dois anos para fazer jus ao referido diploma.

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Figuras 1 e 2: Camilo Porto de Oliveira - Casa Moura Ribeiro (1949) Fonte: Acervo Antonio Couceiro

Figuras 3: Camilo Porto de Oliveira Casa

Bittencourt (1955) Fonte: Alcione Silva (1998)

Figuras 4: Camilo Porto de Oliveira - Projeto para residência Bendahan, anos 50

Fonte: Derenji (1995)

A “Casa Bittencourt” (1955) construída na então Avenida Tito Franco, hoje Almirante Barroso,

novo corredor de expansão da cidade, apresenta os mesmos elementos figurativos, utilizando a

cobertura em dois planos inclinados como uma fina casca que tem função estrutural. A marquise,

que Niemeyer introduz pela primeira vez no “Cassino da Pampulha” em 1942, converte-se em um

apoio, que é como uma extensão do espaço interior.

Na formação de Camilo Porto como engenheiro, assim como dos seus contemporâneos que

desenvolviam atividades em Belém, a aproximação com as experiências das vanguardas

européias ou com a arquitetura moderna brasileira foram quase inexistentes. As referências que

este engenheiro tinha de Le Corbusier eram, segundo suas próprias palavras, como um

reformador, mas pouco sabia de suas realizações.

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Figura 5: Casa Belisário Dias (1954) Fonte: Celma Chaves (2006;2010)

Figura 6: Ed. Dom Carlos, anos 50 Fonte: Celma Chaves (2006;2010)

Nesta casa, Porto do Oliveira toma como modelo os elementos, as formas, as soluções, mas os

integra dentro de outra topología e outra situação de projeto. O jogo plástico das vigas em

curvatura, combinados com a marquise inclinada, penetra no espaço interior, se prolonga e

emoldura as duas fachadas7. Elementos vazados, brise soleil vertical, rampas, são recursos

formais e funcionais, que o engenheiro incorpora também em outras obras como o edifício “Dom

Carlos” também dos anos cinquenta.

Se a arquitetura de Porto do Oliveira interpretava os desejos de um grupo e traduzia

materialmente uma vontade comum de produzir algo próprio, podemos afirmar que tentou

incorporar em sua arquitetura um desejo de regionalizar, através de uns dispositivos que

potencializassem a ventilação, do recurso utilizado para elevar a edificação do chão para evitar

possíveis umidades, ou o uso de pedras e tijolos locais mais adequados ao clima. Por sua

capacidade de relacionar-se com a precariedade de um meio tecnológico e material, ou fazer de

sua obra um elemento criador de uma nova realidade para parte da sociedade, e uma referência

de modernização para os que não podiam pagar por seus projetos, este profissional contribuiu

para a difusão de uma maneira própria e regional de produzir a arquitetura nesta parte da

Amazônia brasileira.

Outros engenheiros se inspirariam nas formas arquitetônicas deste repertório moderno, entre eles

o engenheiro português Laurindo Amorim. A “Casa Gabbay” inaugurada em 1954 se localiza em

uma área de crescimento predominantemente verticalizada, nos bairros adjacentes à Avenida 15

de Agosto. Nesta casa, apresenta as particularidades das obras feitas com uma visão pragmática

que buscava adequar o programa a um terreno de dimensões reduzidas, sem deixar de introduzir

os ícones mais utilizados no período. Amorim também se mostra um fiel tributário do ideário

formal da arquitetura moderna brasileira nas soluções que incorpora à sede do clube Tuna Luso

7 Esse preciosismo formal do engenheiro teve como conseqüência, segundo estudos realizados em algumas de suas residências, um comprometimento no desempenho das funções de conforto térmico, embora segundo ele, tenha adotado e adaptado dispositivos de adequação climática.

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Brasileira dos anos 50. Outros projetos de sede de clubes em Belém como a “Assembleia

Paraense” (1955) e “Bancrévea” (1956), na área de expansão da cidade, do arquiteto e

engenheiro Camilo Porto, também promoviam e expressavam a imagem que o grupo social

usuário de suas instalações ansiavam, “uma necessidade há muito reclamada”8, comenta um

jornal local.

Figura 9: “Casa Gabbay” - Engenheiro Laurindo Amorim (1954)

Fonte: Celma Chaves (2008)

Figura 10: Edifício Piedade (1949) – Judah Levy.

Fonte: Celma Chaves (2007)

O engenheiro Judah Levy formado pela Escola de Engenharia, de onde sairia em 1941, também

foi um dos personagens fundamentais no processo de modernização nas áreas centrais da

cidade. Seus edifícios expressam sua formação técnica, mas assimilam também as arquiteturas

conhecidas em sua viagem ao Rio, que ele soube traduzir para atender as aspirações de

modernização de parte da sociedade: “Eu gostava dos edifícios modernos e práticos, sem

adornos e com simplicidade. Em todos, queria que tivessem um bom acabamento.”9

8 “Folha do Norte”, 14 de outubro de 1956. 9 Entrevista do engenheiro Judah Levy Ao jornal “O Liberal” em 03 de dezembro de 2000.

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Figura 11: Ed. Palácio do Rádio do engenheiro Judah Levy e à esquerda edifício do antigo IAPI (1955),

arquiteto Edmar Penna de Carvalho. Fonte: Acervo Flavio Nassar

Figura 12: Edmar Penna de Carvalho - Escola Benvinda de França Messias (1950).

Fonte: Celma Chaves (2008)

O engenheiro e arquiteto Feliciano Seixas, autor do projeto do edifício Manoel Pinto da Silva

(1951-1960) cultivava sua admiração pelas propostas de funcionalidade da arquitetura moderna.

“a forma, nada mais é que o fruto da necessidade de uma época, do espírito dominante da

mesma, traduzida com as possibilidades dos materiais e do progresso técnico”10, declarava o

arquiteto. Em sua concepção, a forma arquitetônica era a consequência de um uso acertado e

atualizado das técnicas e dos materiais. O conceito inerente a essa construção, relacionava a

prática arquitetônica principalmente a seus aspectos funcionais. Como afirma o engenheiro e

arquiteto, “a forma terá que ser modificada em função da primitiva utilidade da construção e será

sempre dependente desta (...) a forma em arquitetura, em qualquer época, sempre esteve em

razão da função”11.

Diferentemente de engenheiro Judah Levy, Feliciano Seixas declarava sua gratidão à arquitetura

e a “filosofia” de Le Corbusier e Oscar Niemeyer, este último seu contemporâneo na Escola de

Nacional de Belas Artes em Rio do Janeiro. Destes, assimilou as lições mais relacionadas às

questões da economia e da funcionalidade. No entanto, a forma surge como um elemento

significativo da aparência exterior de seu edifício. Seixas concebe as fachadas deste edifício

dinamizadas plasticamente por suas sacadas sinuosas, potencializando a forma construída em

uma área desprovida de grandes construções. O edifício podia ser contemplado sem problema de

um generoso ângulo de visão, ao mesmo tempo em que de suas sacadas, podia-se contemplar as

vistas da cidade.

As obras referidas até aqui, são produtos do pragmatismo construtivo e da tradução da linguagem

dos engenheiros que desenvolviam suas atividades antes da fundação do curso de arquitetura na

cidade em 1964, e já estão impregnadas das referências da arquitetura moderna brasileira, e

10 Reportagem do Jornal Folha do Norte de 09 de janeiro de 1954. 11 Idem.

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algumas delas, apesar de seu caráter mimético, se antecipariam ao uso da estética moderna,

conteúdo que os professores do curso transmitiriam em suas aulas. Nestas obras existe, de

maneira geral, a intenção em sintetizar a funcionalidade, a plasticidade compositiva e o sentido

construtivo, em consonância com as inovações formais que se apresentavam no cenário brasileiro

nos anos 40 e 50.

Com a fundação do curso de Arquitetura em 1964, é evidente a influência e participação do

arquiteto Edgar Graeff, formado em 1947 na Faculdade Nacional de Arquitetura de Rio do Janeiro.

A presença deste arquiteto em Belém contribuiu para divulgar as referências da arquitetura

moderna carioca e dos preceitos da escola de Montevidéu, e confirmariam seu relevante papel na

formação ideológica dos estudantes locais nesse período. Outra contribuição do professor Graeff

em sua passagem por Belém foi dar a conhecer as ideias do arquiteto Richard Neutra,

especialmente seu enfoque direcionado à arquitetura dos países de clima quente, que intitula um

dos livros mais apreciados neste momento pelos arquitetos locais, e que utilizariam as lições de

Neutra para reforçar duas décadas mais tarde, uma manifestação arquitetônica denominada em

Belém de “arquitetura tropical amazônica”.

À medida que os jovens professores conheciam a realidade local, novas contribuições eram

acrescentadas às aulas. A convivência com os veteranos engenheiros favorecia a transmissão de

experiências, mas os arquitetos recém-chegados observavam que muitos deles, faziam uma

arquitetura em muitos casos desvinculada das condições ambientais locais. Os professores

iniciam uma reação crítica a essa arquitetura, aplicando em seus próprios projetos os princípios

que já defendiam: dispositivos de ventilação, da observância dos períodos de sombreado das

fachadas, embora algumas soluções de projeto inadequadas acabariam por impor-se, como a

introdução e massificação dos telhados de fibrocimento, em função da escassa produção de

telhas cerâmicas em Belém.

A produção dos anos setenta, pelo menos até a metade desta década, caracteriza-se por

realizações dispersas, que por um lado pretende retomar um modo próprio de fazer a arquitetura

através de incorporação das práticas vernáculas aos elementos modernizados. Por outro lado, há

uma atitude de marcada continuidade para a arquitetura de Porto em moradias construídas a

partir de 1970 até 1978, aproximadamente. Destas experiências, algumas provêm do grupo dos

engenheiros-arquitetos, graduados entre 1967 e 1969. Embora estas experiências de meios dos

setenta já estejam fora de nosso período de estudo, é importante situar estes fatos, já que se

pode considerá-la continuidade dos procedimentos anteriormente explicados, com exceção de

algumas tentativas de instaurar uma arquitetura de sentido regional, que se inicia nos anos

oitenta.

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2. Articulando conceitos e experiências na arquitetura de Belém

A partir das experiências analisadas neste texto, podemos formular algumas posições a respeito

dos três conceitos incluídos no título deste trabalho: recepção, particularidades e limites. No caso

de Belém, o processo de recepção pode ser analisado em três grupos distintos: a dos interesses

individuais dos profissionais que empreenderam a construção de obras neste período; do grupo a

quem essa arquitetura era destinava; e da ideologia governamental vigente.

No primeiro caso, consideramos que os interesses dos grupos locais comprometidas em

recuperar uma modernidade perdida com o fim dos recursos provenientes da economia da

borracha, foram relevantes para que os projetos dos engenheiros pudessem se materializar em

projetos de residências e edifícios. Entretanto, a recepção desses profissionais às ideias

modernas, esteve frequentemente condicionada às suas próprias formações, de cunho

evidentemente técnico, e aos postulados acadêmicos vigentes. Situam-se na fronteira entre a

absorção de modelos externos e sua inventividade.

Entre os grupos destinatários das obras, a experiência precedente, ou seja, a construção dos

primeiros bangalôs modernizados, as incursões de Camilo Porto em atualizar a arquitetura

residencial com o projeto da casa “Moura Ribeiro”, e as edificações públicas e privadas que

iniciam a modernização da principal avenida da cidade na década de 1930, são os referenciais

que ampliam as expectativas de um futuro moderno. O tempo histórico, evocado aqui é aquele de

quase quatro décadas atrás, da modernidade da belle époque, mas as ideias são renovadas pela

presença de novos modos de circulação e difusão das ideias: os catálogos, as revistas e as

experiências precedentes. Assim, articulam-se nesse momento essas expectativas sociais,

culturais e políticas, com a busca por recuperar uma experiência de modernidade passada, já

perdida, no que Koselleck (2006) denomina de tempo histórico, situado entre as categorias da

expectativa e da experiência.

Nos anos cinquenta, o compromisso dos engenheiros com a construção de edifícios que

expressassem as normativas da técnica, embora ainda precária, delineiam em uma região ainda

ruralizada, as condições similares de incipiente industrialização que ocorrera nos centros do país

durante os anos trinta. No contexto local, de limitados recursos econômicos, as mesmas

aspirações modernizadoras que haviam impulsionado as ações do inicio do século XX, aparecem

agora nos novos processos construtivos, embora de limitados meio técnicos, materiais e

humanos. Estabelece-se um impasse similar àquele ocorrido na arquitetura moderna brasileira,

fenômeno não compreendido por Giedion Martins (2010), entre as “condições sociais e

econômicas que suportam a atividade construtiva como um todo e a expressão cultural alcançada

pela arquitetura erudita”.

Face às restrições financeiras que a administração municipal apresenta depois do fim da

economia da borracha, as tentativas de modernização da cidade principalmente entre as décadas

de 1940 a 70 consistiam em financiar edificações públicas, como escolas e edifícios institucionais,

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que buscavam legitimar as políticas populistas, e posteriormente desenvolvimentistas dos

governos vigentes. A adoção de uma linguagem moderna estava diretamente relacionada com as

pautas políticas adotadas pelo governo federal12.

Recepção e desejo por modernizar-se, articulam-se em episódios - embora em abrangência

menor do que se verifica na arquitetura moderna brasileira - sob condições aparentemente

desfavoráveis ao desenvolvimento de qualquer inovação, apontando particularidades que se

apresentam como resistência e persistência, face às restritas interconexões com os outros

estados brasileiros e, mais ainda, com outros países.

Essa interconexão se realizava principalmente na aproximação às ideias, conceitos e experiências

assimiladas em catálogos de arquitetura comerciais, manuais populares, literatura teórica

acadêmica (na sua maioria provenientes de Buenos Aires)13 e periódicos especializados, e que

constituíram as fontes dos profissionais desde a década de 1940 até os primeiros graduados

egressos do curso de arquitetura, conforme seus relatos:

“Mas a ideia toda era essa, no sentido mais moderno, mais novo, nos padrões que a gente

recebeu lá....onde tu caias num academicismo era criticado[....]. A gente incentivava muito a

leitura das revistas, Módulo, Architecture D’aujourdhui etc.”14

“Se hoje é difícil você encontrar uma bibliografia em português, naquela época era

impossível, não existia. A informação era muito difícil. Todos nossos livros tinham que ser

em inglês, em espanhol, a gente conseguia muita coisa na Gustavo Gili, que eram vendidos

nas livrarias de Buenos Aires, mas mesmo aqui não era encontrado.”15

Diante do processo de concepção e materialização dessas expressões arquitetônicas, podemos

afirmar que a circulação de ideias no período aqui analisado ocorreu, não somente como

transposição direta do ideário moderno europeu ou das realizações brasileiras, mas foi matizada

por aspirações de certa modernidade que aqui já havia sido experienciada. O relato de um

engenheiro e arquiteto atesta um desses episódios:

“Richard Neutra era meu ‘gurú’. Antes de entrar prá escola de arquitetura eu já conhecia o

livro dele. Ele tem uma retaguarda documental imensa [....] Também tenho um livro

importante, o testamento de Frank Lloyd Wright [...] é fantástico, ele trabalhava com a

estrutura como um elemento orgânico e plástico [...] O interessante é que aquelas

coberturas dele eu já fazia aqui, aqueles telhados [...]”

12 CHAVES, Celma. Arquitetura, modernização e política em Belém entre 1930 – 1945. São Paulo: Vitruvius, 2008. Disponível em www.vitruvius.com.br. 13 Informação de arquiteto local transmitida em entrevista para a autora em 2002, por professor aposentado da Faculdade de Arquitetura, graduado em 1968. 14 Entrevista concedida à autora em 2002. 15 Entrevista concedida à autora em 2002.

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As particularidades socioeconômicas, políticas e culturais que anunciaram a implantação de uma

modernidade arquitetônica a partir dos anos 30 em Belém, são conseqüência da ruptura que se

estabelece com o fim da economia da borracha, mas ao mesmo tempo essa situação particular só

foi possível porque houve uma continuidade cultural da mentalidade, que nutria o desejo do

retorno da modernidade, como já mencionamos anteriormente.

A constatação de que essa arquitetura apresenta interessante diversidade tipológica – clubes,

residências, escolas e edifícios institucionais – gerando um conjunto representativo de obras cujas

formas foram resultantes de um modo de produção local, não isento de contradições. Essas

contradições ficam claras quando se verificam quais os limites dessa arquitetura na cultura local.

Sinalizam esses limites a restrição imposta por um período economicamente frágil que

impossibilitou iniciativas públicas que impulsionassem a dimensão social16 da arquitetura e da

cidade, e a restringe quase que inteiramente às residências da elite. Com exceção do conjunto

habitacional do IAP, construído nos anos 50, e da escola que servia aos seus moradores “Escola

Benvinda de França Messias”, uma pequena notável construção, não há outro exemplo de

arquitetura social.

E como epílogo sobre um tema que está longe de ser concluído, podemos abordar os limites

dessa arquitetura na perspectiva da sua abrangência temporal, ou seja, do recorte cronológico

adotado para defini-la. Até onde se pode afirmar que essa arquitetura é moderna? Quais são os

critérios formais, espaciais, programáticos, sócias, técnicos, culturais e históricos para tal

definição? Ou em último caso, qual a necessidade da classificação? Nas palavras de Tafuri: “[...]

termos como “movimento moderno” ou “racionalismo” se empregarão apenas por antonomásia,

porque estamos convencidos que escondem conceitos contraditórios com as histórias que

pretendemos confrontar com eles.”17

Marc Bloch (1992) propõe uma leitura às avessas, porque o percurso natural de qualquer

pesquisa se faz do melhor ou do menos mal conhecido para o mais obscuro; outro aspecto

apontado por ele é a valorização da história-problema: o historiador deve questionar os

documentos, inseri-los em uma problemática, matriz teórica da conceituação futura da história

estrutural; o recorte histórico não se articula mais segundo os períodos clássicos, mas segundo os

problemas postos em evidência e dos quais se busca a solução. Acreditamos, concordando com

Bloch e Tafuri (1976), que devemos acatar o caráter contraditório e plural da história para exaltá-la

naquilo que realmente é, e, que a tarefa da Historia é recuperar, quando seja possível, as funções

e as ideologias originais que através do tempo defendem e delimitam o papel e o significado da

arquitetura. E nessa recuperação e interpretação cabe também o questionamento das

classificações, que são somente pontos de partida, mas nunca o único ponto de chegada.

16 Comas (2010) assinala o absurdo de se defender a instauração de uma arquitetura entendida primeiramten como serviço social, em um país cuja industrialização era incipiente, e acrescentaríamos, na Amazônia brasileira dos anos 1950, era ainda inexistente. 17 TAFURI, Manfredo & DAL CO, Francesco (1978). Arquitectura Contemporánea. Aguilar, Madrid. Pag. 05.

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Referências

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TAFURI, Manfredo; DAL CO, Francesco. Architettura contemporanea. Milão, Electa, 1976.

WAISMAN, M. El interior de la historia: historiografia arquitetônica para uso de latinoamericanos.Bogotá: Escala, 1995.