capacitação de animadores socioculturais

60
NELSON CARVALHO MARCELLINO Capacitação de Animadores Socioculturais UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA DEPARTAMENTO DE ESTUDOS DO LAZER MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO SECRETARIA DE DESPORTOS DEPARTAMENTO DE DESPORTO SÓCIO-EDUCACIONAL PROGRAMA DE FOMENTO DESPORTIVO NA COMUNIDADE Primeira edição 1994 Edição atual São Paulo 2013

Upload: others

Post on 15-Apr-2022

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Capacitação de Animadores Socioculturais

NELSON CARVALHO MARCELLINO

Capacitação de Animadores

Socioculturais

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS DO LAZER

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO SECRETARIA DE DESPORTOS

DEPARTAMENTO DE DESPORTO SÓCIO-EDUCACIONAL PROGRAMA DE FOMENTO DESPORTIVO NA COMUNIDADE

Primeira edição 1994

Edição atual – São Paulo 2013

Page 2: Capacitação de Animadores Socioculturais

Comunidade:

“Nada mais abstrato do que a comunidade, e

nada mais concreto quando nos declararmos

seus representantes.”

Drummond de Andrade, Carlos. O avesso das coisas:

Aforismos, Rio de Janeiro, 1987, p.34

301.15 Marcellino, Nelson Carvalho, 1950 -

M331C Capacitação de animadores sócio-

culturais / Nelson Carvalho Mar-

celino. - Campinas: UNICAMP, FEF,

DEL; Brasília, D.F.: MED, SEED,

PFDC, 1994.

48p.

1. Dinâmica de grupo; 2. Lazer

Filosofia; 3. Relações Humanas. I.

Título.

Page 3: Capacitação de Animadores Socioculturais

FICHA DE IDENTIFICAÇÃO (Favor PREENCHER, DESTACAR e ENTREGAR ao Coordenador do Curso).

1. Nome:

2. Endereço:

Número: Complemento:

Bairro: CEP:

Cidade: Estado:

Fone: e-mail:

3. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

4. Idade: anos

5. Escolaridade: ( ) primeiro grau incompleto ( ) primeiro grau

( ) segundo grau incompleto ( ) segundo grau

( ) superior incompleto ( ) superior

curso:

6. Cargo/Função:

7. Já colaborou na programação ou realização de atividades de Lazer Comunitário,

ou não?

( ) sim - tipo de atividade:

( ) não

Page 4: Capacitação de Animadores Socioculturais

FICHA DE IDENTIFICAÇÃO

(Favor PREENCHER, DESTACAR e ENTREGAR ao Coordenador do Curso).

1. Nome:

2. Endereço:

Número: Complemento:

Bairro: CEP:

Cidade: Estado:

Fone: e-mail:

3. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

4. Idade: anos

5. Escolaridade: ( ) primeiro grau incompleto ( ) primeiro grau

( ) segundo grau incompleto ( ) segundo grau

( ) superior incompleto ( ) superior

curso:

6. Cargo/Função:

7. Já colaborou na programação ou realização de atividades de Lazer Comunitário,

ou não?

( ) sim - tipo de atividade:

( ) não

Page 5: Capacitação de Animadores Socioculturais

SUMÁRIO

1o DIA

Apresentação do Curso

Apresentação Pessoal

“Quebra Gelo”

Normas do Grupo

Regras de Trânsito

Papéis

Tempo e Atitude

Ainda sobre Tempo e Atitude

Avaliação

2o DIA

Desempenho de Papéis

O Conteúdo do Lazer

Novos Usos Para...

Atividade e Passividade

Clínica do Rumor

As Barreiras para o Lazer

Um Duplo Processo Educativo

Avaliação

3o DIA

Desempenho de papéis

Equipamentos não específicos

Equipamentos específicos

Ataque e defesa

Ação comunitária

Quebra cabeças

Detalhamento de Comissões

Avaliação

4o DIA

Desempenho de papéis

Tomada de Decisões

Levantamento da situação – confronto

de valores e estabelecimento de

objetivos

Conhecendo a situação de sua região

Projeto - elaboração - explicação

detalhada

Reuniões - explicações detalhadas

Avaliação

5o DIA

Desempenho de Papéis

Elaboração de projetos – exercício

Apresentação de projetos

Preparação da primeira reunião com a

comunidade

Avaliação final

Page 6: Capacitação de Animadores Socioculturais

APRESENTAÇÃO DO CURSO

Este curso faz parte de um processo de Capacitação de Animadores

Sócio-Culturais, interessados no desenvolvimento de programas de Lazer,

baseados na estratégia da “Ação Comunitária”.

O curso é composto de três eixos em termos de conteúdo,

diretamente interligados, e trabalhados concomitantemente: “Teoria do Lazer”,

“Trabalho em Grupos” e “Ação Comunitária”, e é desenvolvido através de

técnicas de “Dinâmica de Grupo”, adaptadas.

Os textos e a forma de trabalhá-los são o que pude reunir de mais

simples, propositadamente, através do trabalho desenvolvido durante mais de oito

anos, como “orientador social” do SESC - Serviço Social do Comércio; mais de

seis anos, como docente da PUCCAMP - Pontifícia Universidade Católica de

Campinas; e mais de seis anos, como docente da UNICAMP - Universidade

Estadual de Campinas, uma vez que, a pretensão é atingir o maior número de

pessoas possível, interessadas em atuar neste campo, e inclusive a serem “agentes

multiplicadores”, a partir da vivência das experiências do processo, do qual este

curso é parte.

Não posso deixar de registrar meus agradecimentos a todas as

pessoas que vivenciaram comigo, ao longo de quase vinte anos de trabalho, essa

troca de experiências, para mim muito rica, que possibilitou a elaboração deste

material.

Ficamos no aguardo de críticas e sugestões. Consulte nosso site:

Grupo de Pesquisa em Lazer - GPL - www.unimep.br/gpl.

NELSON CARVALHO MARCELLINO

Agosto de 2013

Page 7: Capacitação de Animadores Socioculturais

APRESENTAÇÃO PESSOAL

Preencha e coloque o seu “crachá” de identificação, usando o

nome ou “apelido” pelo qual gosta de ser chamado, em letra grande e legível,

usando para isso os “pincéis atômicos”.

Você terá três minutos para entrevistar o(a) colega que está

sentado(a) ao seu lado.

Faça as perguntas que julgar mais significativas para conhecê-lo(a)

e escreva no espaço abaixo:

Agora o(a) colega fará o mesmo com você; procure responder do

modo mais adequado possível, não ultrapassando, também aqui, o tempo de três

minutos.

Finalmente, cada um de vocês apresentará o outro ao grande grupo.

OBS: a apresentação poderá ser feita também pessoalmente, ao grande grupo,

individualmente, como forma opcional.

Page 8: Capacitação de Animadores Socioculturais

VOCÊ SABE SEGUIR INSTRUÇÕES?

A)

B)

1. Leia tudo antes de executar qualquer tarefa indicada;

2. Escreva seu nome na linha A, acima;

3. Escreva a data de hoje na linha B, acima;

4. Faça um círculo em volta da palavra “nome” da frase dois;

5. Desenhe cinco quadradinhos no canto esquerdo superior desta folha;

6. Ponha um “X” dentro de cada quadradinho;

7. A seguir ao título, escreva: “SIM, SIM, SIM”;

8. Faça um “X” no canto direito desta folha;

9. Desenhe um retângulo em torno da palavra “folha” da frase n° 5;

10. Desenhe um triângulo em torno do “X” que foi feito no canto direito desta

folha;

11. Ao chegar a esta parte do teste, diga seu primeiro nome em voz alta;

12. Conte em tom de voz normal, de dez até um;

13. Se você for o primeiro a chegar até este ponto, diga em voz alta: “FUI O

PRIMEIRO A CHEGAR ATÉ ESTE PONTO, DE MODO QUE SOU UM

CAMPEÃO EM SEGUIR INSTRUÇÕES”;

14. Sublinhe todos os números pares ao lado;

15. Agora que acabou de ler tudo com atenção, execute apenas a instrução número

2.

OBS.: Anote no espaço abaixo, as conclusões que você chegou após o uso desta

técnica.

FINALIDADES:

1.

2.

OUTRAS TÉCNICAS DE “QUEBRA-GELO”:

1.

Page 9: Capacitação de Animadores Socioculturais

NORMAS DO GRUPO

Todo jogo tem regras que devem ser seguidas pelos participantes:

o cumprimento de regras não implica em perda de espontaneidade. A ausência de

regras não configura uma situação de liberdade, mas de desordem. O que

caracteriza um grupo autônomo é o livre estabelecimento de regras.

Exemplos de Normas do Grupo:

1. Dispor as cadeiras em círculo de modo que todos se vejam. No círculo não existe

destaque ou dominação;

2. Não forme subgrupos: o subgrupo é uma agressão ao grupo. Sente-se ao lado de

pessoas que você não conhece. Não se sente duas vezes ao lado da mesma pessoa;

3. Não se alheie dos fatos que ocorrem durante as sessões. Não se prepare mentalmente

para falar: ouça tudo;

4. 4.Ao intervir, sempre que possível, refira-se sempre à última afirmação formulada.

Encadeie a verbalização. Não dê saltos;

5. Conclua suas intervenções com uma pergunta: deixe o assunto em aberto. Provoque

dúvidas;

6. Duvide de tudo: não aceite nada sem provas;

7. Todas as contribuições merecem atenção de sua parte: insignificante para você não se

confunde com insignificante:

8. Não deixe para criticar após a reunião: seja leal e autêntico. Intervenha na hora em que

achar conveniente;

9. Quem não sabe o assunto é extremamente útil ao grupo por que faz perguntas. Talvez

seja ele o criativo;

10.Permita que todos falem. Estimule os tímidos. Bloqueie os dominadores. Seja breve:

discurso é chato;

11.Se não puder cumprir suas tarefas, solicite colaboração dos demais. Mobilize todos

para auxiliá-lo;

12.Não use títulos de tratamento. Embora diferentes, no grupo todos são equivalentes.

Chame pelo nome;

13.Evite falar baixo com alguém ao seu lado: tudo que é formulado no curso interessa a

todos ou a ninguém. Se interessa, fale para todos. Se não interessa, não fale;

14.Se não compreendeu algo, interrompa na hora e peça esclarecimentos. Pergunte o

significado de palavras que não conhece. Não permita equívocos;

15.Não espere ser convidado à participação: exija seu lugar no grupo. Reivindique.

OBS.: Cada uma das normas deverá ser discutida e aceita, ou não, pelo grupo. O

grupo poderá propor novas regras, que também serão submetidas à discussão.

Page 10: Capacitação de Animadores Socioculturais

REGRAS DE TRÂNSITO A construção das regras de trânsito constitui uma forma de estabelecer um ponto

de partida para o funcionamento do grupo, criando novos hábitos, por meio da

definição de normas cujo não cumprimento, no interior do grupo, acarreta uma

pequena multa que é cumulativa.

É interessante que essa dinâmica faça parte do primeiro dia de curso e que possa,

no último dia, ser retirada, para que seja possível perceber a mudança no

comportamento do grupo.

Resumo das normas do grupo a serem seguidas pelos participantes do curso:

1. Faltar sem motivo justificado;

2. Chegar atrasado;

3. Deixar de cumprir tarefas;

4. Conversar paralelamente;

5. Chamar alguém por título ou qualquer tratamento cerimonioso;

6. Deixar de usar o crachá;

7.

8.

9.

10.

Caberá ao grupo determinar a multa que será imposta aos

infratores das “Regras de Trânsito”.

O grupo poderá resumir outras normas, baseadas nas “normas do

grupo”, estabelecidas à página anterior.

Page 11: Capacitação de Animadores Socioculturais

PAPÉIS

A cada participante caberá um papel específico, que deverá ser desempenhado

durante todo o curso.

Se você julgar que não tem aptidão para desempenhar o papel que lhe foi

atribuído, encare isto como um desafio para o desenvolvimento de mais esta

capacidade.

Cada papel faz parte de uma equipe. O Grupo funcionará com três equipes:

A) EQUIPE DE ANIMAÇÃO: responsável pelo “aquecimento”:

1. Animador: promove atividades recreativas breves; leva o grupo a espontaneidade;

elimina as tensões, quebra o formalismo;

2. Repórter: encarregado do jornal mural; noticia os principais acontecimentos

envolvendo o grupo;

3. Fotógrafo: Caricatura o perfil dos participantes; fotografa as distrações; destaca as

reações dos participantes;

4. Decorador: cuida da decoração do local do curso;

5. Fofoqueiro: descobre o inventa fofocas; imagina o que cada participante pensou,

mas não disse.

B) EQUIPE DE ORGANIZAÇÃO: responsável pela ordenação e bom andamento dos

trabalhos:

6. Recapitulador: relembra ao grupo as etapas percorridas; destaca pensamentos e

ações do dia anterior;

7. Controlador: controla as regras de trânsito;

8. Tesoureiro: cobra as multas das infrações de trânsito;

9. Programador: cuida da formação do grupo nas diversas ativida- des; controla o

horário, a freqüência e os atrasos; acelera a execução dos trabalhos, evitando a perda

de tempo;

10. Dicionarista: explica ao grupo o significado dos termos empregados no curso;

11. Merendeiro: cuida do lanche do grupo;

12. Provedor: providencia o material necessário e cuida da arrumação da sala;

13. Relações públicas: entrevista, diariamente, algum participante sobre o curso, ou

presta informações extra-cursos, como filmes, teatro, cinema, TV, etc.

C. EQUIPE DE AVALIAÇÃO: responsável pela verificação dos eventos do curso:

14.Superego do grupo: analisa o desempenho do grupo como um todo;

15.Incentivador: aplica ao grupo a didática do elogio; descobre ações elogiáveis;

16.Superego do coordenador: analisa o desempenho do coordenador;

17.Relações humanas: faz o grupo conhecer cada um: entrevista pública, leva todos a

ajudarem a todos; dá conjunto ao grupo.

OBS.: a cada componente do grupo caberá desempenhar o papel correspondente

ao _________ colocado no seu “crachá”.

Page 12: Capacitação de Animadores Socioculturais

TEMPO E ATITUDE *

Nelson Carvalho Marcellino

Nas reivindicações das associações de moradores, nos luminosos das

lojas, nos anúncios de imobiliárias, nas propostas dos candidatos a cargos

públicos, nos títulos de revistas, nas seções dos jornais, e em muitas outras

situações da vida quotidiana, a palavra “lazer” vem aparecendo com uma

frequência cada vez maior, que não se verificava até bem pouco tempo atrás, pelo

menos com tanto destaque. Isso faz com que seja quase inevitável, quando se

aborda de maneira específica a temática do lazer, iniciar-se destacando os vários

entendimentos que a palavra comporta na nossa sociedade, motivados pela

incorporação relativamente recente do termo ao vocabulário comum. Além disso,

não se pode deixar de considerar, ainda, que se trata de um termo carregado de

preconceitos, motivados por um pretenso caráter supérfluo dessas atividades,

contrapondo-se a nossa situação socioeconômica e pela sua utilização como

instrumento ideológico, contribuindo para o mascaramento das condições de

dominação nas relações de classes (“Pão e Circo”).

Com relação à utilização da palavra “lazer” o que se verifica, com

maior frequência, é a simples associação com experiências individuais

vivenciadas, dentro de um contexto mais abrangente que caracteriza a sociedade

de consumo, o que, muitas vezes, implica na redução do conceito à visões parciais,

restritas aos conteúdos de determinadas atividades. Dessa forma, para algumas

pessoas, lazer é futebol, para outras é pescaria, ou jardinagem, etc, etc. O uso

indiscriminado e impreciso da palavra, englobando conceitos diferentes e até

mesmo conflitantes, fundamenta a necessidade de tentar precisá-lo no sentido de

orientar discussões que contribuam para o seu entendimento e significado na vida

quotidiana de todos nós. Na intervenção na comunidade, considerando que se

trabalha com equipes de voluntários, é fundamental que seja estreitada a relação

do povo com a equipe técnica envolvida no projeto.

Apenas pelo exemplo citado percebe-se que o entendimento do

lazer não pode ser estabelecido somente a partir do conteúdo da ação, ou pelo

menos que ele não constitui condição suficiente para a conceituação. Se para

algumas pessoas o futebol, a pescaria, a jardinagem constituem atividades de lazer,

certamente isso não se verifica, em todas as oportunidades, para o jogador

profissional, o pescador que depende da sua produção ou para o jardineiro. Além

disso, aquilo que pode ser altamente atraente e prazeroso para determinada pessoa,

não raro significa tédio ou desconforto para outro indivíduo. Assim, as

circunstâncias que cercam o desenvolvimento dos vários conteúdos são

básicas para a concretização das atividades.

Nesse particular, podem ser destacados como fundamentais os

aspectos tempo/espaço e atitude. O lazer considerado como atitude será

Page 13: Capacitação de Animadores Socioculturais

caracterizado pelo tipo de relação verificada entre o sujeito e a experiência

vivida, basicamente a satisfação provocada pela atividade. O lazer ligado ao

aspecto tempo, considera as atividades desenvolvidas no tempo liberado do

trabalho, ou no “tempo livre”, não só das obrigações profissionais, mas também

das familiares, sociais e religiosas. Apesar da polêmica sobre o conceito, a

tendência que se verifica, na atualidade, entre os estudiosos do lazer, é no sentido

de considerá-lo tendo em vista os dois aspectos - tempo e atitude.

A consideração do aspecto tempo na caracterização do lazer tem

provocado uma série de mal entendidos. Um deles diz respeito ao conceito “livre”

adicionado a esse tempo. Na realidade, considerado do ponto de vista histórico,

tempo algum pode ser visto como livre de coações ou normas de conduta social.

Talvez, fosse mais correto se falar em tempo disponível. Mesmo assim,

permanece a questão da consideração do lazer como esfera permitida e controlada

da vida social, o que provocaria a morte do lúdico, e a ocorrência do lazer marcada

pelas mesmas características alienantes verificadas em outras áreas de atividade

humana.

* Estudos do Lazer – uma introdução. Campinas: Autores Associados, 1996.

Técnica: leitura e discussão em grande grupo.

OBS: procure ler pausadamente o texto para facilitar seu entendimento e o do

restante do grupo.

Anote o funcionamento:

Page 14: Capacitação de Animadores Socioculturais

Figuras representativas do texto:

Figura 1 - Relação tempo/espaço e atitude no lazer – natureza das obrigações

TEMPO ESPAÇO

ATITUDE

Figura 2 – O lúdico como elemento da cultura

CULTURA

Religião

Escola

Família

Trabalho

Partido

Político

Obrigações

Sociais

LAZER

ESPORTE

TURISMO

ARTE

LÚDICO

Obrigações profissionais

Obrigações familiares

Obrigações políticas

Obrigações sociais

Obrigações religiosas

LAZER

Desinteressada

Descompromissada

Prazer

Livre Adesão

Descanso

Divertimento

Desenvolvimento

Público

Privado

Atividade

Não-Atividade

Page 15: Capacitação de Animadores Socioculturais

AINDA SOBRE TEMPO E ATITUDE*

Nelson Carvalho Marcellino

Conforme já verificamos neste espaço, a consideração dos

aspectos tempo e atitude é fundamental para o entendimento do âmbito do lazer.

Já colocamos, inclusive, que essa consideração não deve ficar isolada num único

desses aspectos, mas sim combiná-los, uma vez que o simples isolamento de cada

um pode provocar uma série de equívocos, decorrentes de situações nebulosas na

sua consideração.

Dessa forma, o lazer encarado apenas como atitude, como um

estilo de vida, independente de um tempo determinado, fica na dependência

exclusiva da relação da pessoa envolvida com a atividade. E, assim, qualquer

atividade poderia ser considerada lazer, até mesmo o trabalho, desde que atendesse

determinada características, como a escolha individual, e um nível de satisfação e

de prazer elevados. Ora, sabemos que para a maioria da população o trabalho não

pode ser assim considerado, e mesmo para a minoria privilegiada em termos de

escolha e satisfação profissional, o componente de obrigação é marcante,

principalmente em nossa sociedade que valoriza, sobretudo, a produtividade. Esse

componente forte de obrigação está presente em uma série de outras atividades,

como as familiares, os compromissos sociais, religiosos, etc. Talvez, o ideal seria

caminhar em busca da gradativa eliminação do componente obrigação em todas

essas atividades, mas a história tem demonstrado que ele é uma constante,

variando em suas formas.

Por outro lado, a consideração isolada do aspecto tempo, traz uma

série de interrogações. Por exemplo: como poderiam ser consideradas as

atividades desenvolvidas no tempo em que o trabalhador se desloca do local de

trabalho para o local de moradia, ou vice versa? Como considerar as ações

prazerosas desenvolvidas no âmbito de tempo dedicado às obrigações familiares?

Não seria o lazer, nesse sentido um elemento desagregador, uma vez que os

interesses na família são bem diversificados?

Por tudo isso, e conforme já colocamos a tendência atual, entre os

estudiosos do lazer, é considerá-lo tendo em vista a combinação dos dois aspectos

– tempo/espaço e atitude.

Outras questões se colocam quando o lazer é examinado levando

em conta o aspecto tempo. Que tempo é esse? Quais as suas características?

Antes de mais nada, o tempo do lazer encontra-se não em

oposição, mas em relação com o tempo das obrigações. Sobretudo com as

obrigações profissionais - com o trabalho. E aqui algumas questões podem ser

colocadas. Apenas a título de exemplo: o tempo do desempregado poderia ser

considerado como lazer? A questão que pode, a primeira vista, parecer fora de

propósito, na realidade é bastante atual, quando se analisa programas de lazer

desenvolvidos por determinados organismos, tentando preencher o tempo do

Page 16: Capacitação de Animadores Socioculturais

desempregado com atividades “sadias”. Na condição de desemprego seria mais

pertinente considerarmos a ociosidade do trabalhador dentro do sistema produtivo

e não a dimensão do ócio que é uma das possibilidades do lazer.

Considerando apenas a esfera das atividades profissionais - do

trabalho, o tempo do lazer situa-se no “tempo liberado” do trabalho, portanto,

supõe a sua existência. Dessa forma, o tempo gerado pelo desemprego nunca pode

ser considerado tempo liberado, mas sim tempo desocupado que reflete a

ociosidade do trabalhador decorrente da incapacidade do sistema econômico gerar

trabalho. Além disso, pelas próprias características da situação de desempregado, a

pessoa nessa circunstância não tem condições de desenvolver atitudes adequadas

para o desenvolvimento do lazer, vivenciando as possibilidades de descanso

(ócio), desenvolvimento e divertimento.

* Estudos do Lazer – uma introdução. Campinas: Autores Associados, 1996.

Técnica: leitura e discussão em grande grupo.

Anote o funcionamento:

Page 17: Capacitação de Animadores Socioculturais

O CONTEÚDO DO LAZER *

Nelson Carvalho Marcellino

A realização de qualquer atividade de lazer envolve a satisfação de

aspirações dos seus praticantes. Há alguma coisa de comum entre o que se busca

indo ao cinema ou ao teatro, e que difere das razões que motivam o

desenvolvimento de esportes, por exemplo. Enquanto, no primeiro caso, a

satisfação estética pode ser considerada como critério orientador, no segundo caso,

via de regra, prevalece o movimento - o exercício físico.

É exatamente a distinção entre o que se busca de forma

preponderante no desenvolvimento das várias atividades, que abre a

possibilidade para a classificação dos seus conteúdos. Embora os campos

abrangidos sejam de difícil demarcação, a separação pode ser estabelecida em

termos de predominância. Dessa forma, ainda com referencia ao exemplo citado

acima, pode-se argumentar que o domínio do movimento ou do exercício físico

também é um campo para a manifestação estética, mas não de modo tão específico

como ocorre no terreno das artes. Os vários interesses que as aspirações pela

prática do lazer envolvem formam um todo interligado e não constituído por

partes estanques. A distinção só pode ser estabelecida em termos de

predominância, representando escolhas subjetivas, o que evidencia uma das

características das atividades de lazer - a opção.

Não há dúvidas de que as atividades de lazer devem procurar

atender as pessoas no seu todo. Mas, para tanto, é necessário que essas mesmas

pessoas conheçam as atividades que satisfaçam os vários interesses, sejam

estimuladas a participar e recebam um mínimo de orientação que lhes permita a

opção entre várias possibilidades. Em outras palavras, a escolha, a opção, em

termos de conteúdo, está diretamente ligada ao conhecimento das alternativas que

o lazer oferece. Por esse motivo, é importante a distinção das áreas abrangidas pelo

conteúdo do lazer.

A classificação mais aceita é a que distingue seis áreas

fundamentais: os interesses artísticos, os intelectuais, os físicos, os manuais, os

sociais e os turísticos.

O campo de domínio dos interesses artísticos é o imaginário - as

imagens, emoções e sentimentos; seu conteúdo é estético e configura a beleza do

encantamento. Abrange todas as manifestações artísticas.

Já nos interesses intelectuais, o que se busca é o contato com o

real, as informações objetivas e explicações racionais. A ênfase é dada ao

conhecimento vivido, experimentado. A participação em cursos ou a leitura são

exemplos.

Por sua vez, as práticas esportivas, os passeios, a pesca, a ginástica

e todas as atividades onde prevalece o movimento, ou o exercício físico, incluindo

Page 18: Capacitação de Animadores Socioculturais

as diversas modalidades esportivas - constituem o campo dos interesses físicos

esportivos.

O que delimita os interesses manuais é a capacidade de

manipulação, quer para transformar objetos ou materiais - por exemplo, o

artesanato e o “bricolagem” - quer para lidar com a natureza, por exemplo, a

jardinagem e o cuidado com os animais.

Quando se procura fundamentalmente o relacionamento, os

contatos face a face, a predominância deixa de ser cultural e passa a ser social,

manifestando-se os interesses sociais no lazer. Exemplos específicos são os bailes,

os bares e cafés, servindo de pontos de encontro, a frequência à associações, etc.

Já o que caracteriza a satisfação dos interesses turísticos é a busca

da quebra da rotina temporal ou espacial e o contato com novas situações,

paisagens e culturas. Os passeios e as viagens constituem exemplos.

Tendo em vista os conteúdos do lazer, o ideal seria com que cada

pessoa praticasse atividades que abrangessem os vários grupos de interesses ,

procurando, dessa forma, exercitar, no tempo disponível, o corpo, a imaginação, o

raciocínio, a habilidade manual, o relacionamento social, o intercâmbio cultural e a

quebra da rotina, quando, onde, com quem e da maneira que quisesse. No entanto,

o que se verifica é que as pessoas geralmente restringem suas atividades de lazer a

um campo específico de interesses. E geralmente o fazem não por opção, mas por

não terem tomado contato com outros conteúdos.

* Estudos do Lazer – uma introdução. Campinas: Autores Associados, 1996.

(classificação baseada em Joffre Dumazedier)

Técnica: leitura e exposição em grande grupo.

Anote o funcionamento:

Page 19: Capacitação de Animadores Socioculturais

Figura representativa do texto:

ATIVIDADES LAZER MANIFESTAÇÕES HUMANAS

TEMPO/ CONTEÚDOS

ESPAÇO CULTURAIS

Atividades são

baseadas nos

interesses

predominantes das

pessoas ao fazê-las, e

que consubstanciam

em 6 conteúdos

culturais:

Físico-Esportivo

Social

Artístico

Manual

Intelectual

Turístico

Cada um desses

conteúdos pode ser

desenvolvido em

três níveis de

participação:

Inferior

caracterizado pelo

conformismo

Superior

caracterizado pela

criatividade

Médio

caracterizado pela

criticidade

Gêneros da participação → Praticar ------ Conhecer ------- Assistir

Cultura do povo

Cultura erudita

Cultura de massa

Page 20: Capacitação de Animadores Socioculturais

“NOVOS USOS PARA”

No espaço abaixo, enumere novos usos, diferentes daquele para o

qual ele já foi concebido, para o objeto colocado no centro do grupo; para isso

você terá três minutos. A tarefa é individual. Esgotado o tempo, não escreva mais

nada.

Novos usos para

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

8.

9.

10.

Verifique quantos itens você conseguiu enumerar; anote aqui .

Verifique quantos itens o membro do grupo que produzir mais conseguiu

enumerar; anote aqui .

Verifique quantos itens o grupo conseguiu enumerar; anote aqui .

OBS.:

1. Superioridade do trabalho em grupo sobre o individual, mesmo quando o grupo

ainda não está funcionando como tal, mas como uma simples somatória de

pessoas;

2.

3.

Page 21: Capacitação de Animadores Socioculturais

ATIVIDADE E PASSIVIDADE *

Nelson Carvalho Marcellino

Um dos temas sempre presente nas discussões que envolvem o lazer, diz

respeito à distinção entre a prática e o consumo. É comum o alerta sobre os riscos do

consumismo e, por outro lado, a lamentação pela perda de oportunidades, sempre

crescente, pelo desenvolvimento “prático” de atividades culturais.

Não podemos negar que as condições sociais são bem mais favoráveis

ao consumo do que a criação cultural. Porém, a questão precisa ser examinada com

cuidado para que não se reduza a constatações simplistas.

A distinção entre a prática e o consumo é acompanhada, via de regras,

por juízos de valor. À apologia da prática, frequentemente colocada, opõe-se os perigos

da passividade do consumo. No entanto, em se considerando as atividades de lazer, o que

seriam atividade e a passividade? Todo o “assistir”, todo o consumo, pertenceria ao

campo da passividade? Então seria preferível executar uma harmonia primária a tomar

contato com obras musicais mais elaboradas, indo a um concerto ou ouvindo uma

gravação? Ou jogar uma “pelada”, ao invés de ir a uma sessão de cinema de arte? O

sociólogo francês Joffre Dumazedier procura estabelecer que, em si mesmo, a atividade

de lazer não é ativa ou passiva, e que esta distinção é dependente da atitude que o

indivíduo assume. Assim, tanto a prática como o consumo, poderão ser ativos ou

passivos, dependendo de níveis de participação da pessoa envolvida, níveis esses que

Dumazedier classifica em elementar ou conformista, médio ou crítico e superior ou

inventivo. Na tentativa de definir o espectador ativo, o sociólogo arrola como

características a seletividade, a sensibilidade, a compreensão, a apreciação e a explicação

- é preciso reunir todas as suas possibilidades racionais e da sensibilidade para interpretar

e recriar o objeto “do consumo”, trabalho esse que deve ser desenvolvido junto a

comunidade.

Concordo com as ponderações do estudioso francês, mas também não

posso deixar de considerar que as barreiras socioeconômicas e o baixo nível educacional

cria todo um clima favorável para a indústria cultural. As poucas pesquisas de que

dispomos na área do lazer dão conta que a maioria do tempo disponível é usufruído nos

próprios locais de moradia, dentro das casas, o que propicia a formação de um “público

cativo” da televisão. É notadamente através desse veículo que os padrões dos grandes

centros, em especial do eixo Rio-São Paulo, vêm sendo impostos a todo o país, em

virtude do surgimento das redes, alternativas econômicas para produção. Esse fato, aliado

a outros, como o crescente processo de urbanização, vem contribuindo para o

desaparecimento de manifestações culturais autênticas, nos vários gêneros, notadamente

das festas, tanto lúdico religiosas como lúdico-folclóricas.

A necessidade do estímulo para o consumo rápido faz com que o nível

da maioria das obras veiculadas seja elementar e fragmentário. A pobreza de conteúdo é

uma constante da produção oferecida ao grande público, nos vários gêneros culturais,

notadamente naqueles mais consumidos, caso dos filmes feitos pela televisão, das

fotonovelas, da música “pop” e dos “best-sellers”. É uma enfadonha repetição de estilos,

de ritmos, de temas, de estrutura.

Page 22: Capacitação de Animadores Socioculturais

Contudo, não podemos negar a importância dos meios de comunicação

de massa na difusão nas atividades de lazer, levando-as até mesmo à casa das pessoas. O

que se questiona é o baixo nível dessas programações. Se por um lado é certo que as

manifestações da indústria cultural poderiam cumprir pelo menos alguns requisitos que

contribuíssem para o desenvolvimento cultural, é também verdadeiro que, na prática, as

decisões são tomadas em termos de rentabilidade financeira, evidenciando a

homogeneização do consumo.

Não podemos deixar de considerar as questões colocadas quanto ao

consumo puro e simples de bens culturais. Por outro lado, é importante reconhecer que o

valor cultural de uma atividade está ligado, fundamentalmente ao nível alcançado, seja na

prática, seja no consumo. Isso não significa negar a importância ao estímulo para a

prática do lazer como criação cultural. Esse aspecto não pode deixar de ser considerado,

principalmente se levarmos em conta o caráter de desenvolvimento do lazer. Entretanto,

a simples prática não significa participação, assim como nem todo “consumo”

corresponde necessariamente à passividade.

A partir dessas considerações vamos perceber que o valor de uma atividade,

depende do como você a realiza e não exatamente do que você faz! Nem toda atividade

prática é passividade está relacionada a uma atitude consumista dos conteúdos no lazer,

por isso ela pode ser trabalhada de maneira equilibrada com a comunidade a partir dos

gêneros de participação no lazer: praticar, conhecer e assistir, estabelecendo outras

possibilidades para interesses antes vivenciados apenas na dimensão prática.

A exceção é feita as crianças, categoria social, em que as atividades devem

priorizar a prática visando à construção de seu repertório pessoal. Uma vez que ainda

não possui um repertório consolidado, as crianças perdem a possibilidade de decodificar

as informações culturais e, assim, desenvolver seu lado espectador e conhece seus

interesses no campo do lazer.

* Estudos do Lazer – uma introdução. Campinas: Autores Associados, 1996.

Técnica: leitura e discussão em pequenos grupos e debate a partir de questão geradora.

Questão geradora:

Anote o funcionamento:

Page 23: Capacitação de Animadores Socioculturais

“CLÍNICA DO RUMOR”

O coordenador pedirá a cinco pessoas que saiam da sala. Em seguida, contará um

fato que deverá ser anotado, por todos os presentes no espaço abaixo:

O coordenador escolherá um membro do grupo, que relatará, sem consultar o

escrito, o fato, ao primeiro componente do grupo, que será convidado a retornar a

sala; este, por sua vez, relatará ao segundo, e assim sucessivamente. O último dos

cinco que retornar, contará o fato ao grupo, que escreverá no espaço abaixo:

Compare os dois relatos.

Anote as conclusões:

1. A importância da comunicação no grupo

2.

3.

Page 24: Capacitação de Animadores Socioculturais

AS BARREIRAS PARA O LAZER *

Nelson Carvalho Marcellino

Embora possa ser discutida a qualidade das ocupações

desenvolvidas pelas pessoas em seu tempo de lazer, não se pode negar que, em

grande parte ele é preenchido com atividades culturais. No entanto, quando se

observa a realidade concreta, verifica-se um rompimento do quadro ideal do

desenvolvimento do lazer pela população em geral, podendo ser observado que,

mesmo em cidades de “tradição”, no que se refere a essa esfera de atividade, como

o Rio de Janeiro, grande parcela dos habitantes trabalha nos finais de semana e,

mesmo as pessoas que não exercem atividades profissionais, restringem suas

programações, à grande maioria ficando presa ao ambiente doméstico.

O fato de que alguns gêneros de atividades são bastante difundidos

entre a população em geral, nos dá apenas uma visão muito particularizada da

apropriação do lazer. É preciso que sejam considerados aspectos importantes,

verificados na situação, que restringem quantitativa e, sobretudo, qualitativamente,

o acesso à produção cultural.

As pesquisas de que dispomos nessa área, no Brasil, são poucas e

restritas ao uso de determinados equipamentos, como cinemas, teatros, bibliotecas,

parques, etc., e não fornecem muitos indicadores que permitam caracterizar, com

precisão, os participantes. A despeito disso, podemos distinguir, em linhas gerais,

um público marcadamente jovem, com instrução secundária ou superior,

pertencente aos estratos mais elevados da população. Nesse sentido, é fundamental

compreendermos quais são as barreiras existentes para a prática do lazer, essas

podem ocorrer interclasses sociais (decorrem das diferenças de classe) ou

intraclasse social (independem da classe social) conforme vamos observar pelos

exemplos a seguir.

O fator econômico é determinante desde a distribuição do tempo

disponível entre as classes sociais, até as oportunidades de acesso à escola, e

contribui para uma apropriação desigual do lazer. Sempre tendo como pano de

fundo esse fator econômico, podemos distinguir uma série de aspectos que inibem

e dificultam a prática do lazer, fazendo com que se constitua em privilégio.

Um deles é o sexo e nesse aspecto, as mulheres são desfavorecidas

comparativamente aos homens, ou pela rotina do trabalho doméstico, ou pela

dupla jornada de trabalho e, principalmente pelas obrigações familiares

decorrentes do casamento, numa sociedade que, apesar dos avanços nesse sentido,

continua machista.

Outro deles é a faixa etária. Aqui as crianças e os idosos são os

esquecidos. A criança, por não ter ainda entrado no “mercado produtivo”, não é

considerada como a faixa etária que deve ser vivenciada, mas apenas como uma

etapa de preparação para o futuro. O idoso, por já ter saído do mesmo “mercado”,

também tem dificuldades de participação nas atividades de lazer. Na atualidade, as

Page 25: Capacitação de Animadores Socioculturais

os fatores econômicos tem contribuído para que o idoso prolongue sua

permanecia no mercado de trabalho em partes para compor a renda da familiar e,

em alguns casos se tornando arrimo de família.

Ainda no plano social é possível identificarmos barreiras

relacionadas à violência, ao avanço científico e tecnológico – com a constituição

do espaço virtual e a exigência do domínio das máquinas, além do

desenvolvimento de linguagens específicas que em si já configuram a seletividade.

Além disso, no plano cultural, uma série de preconceitos restringe

a prática do lazer aos mais habilitados, aos mais jovens e aos que se enquadram

dentro dos padrões estabelecidos de “normalidade”.

Dessa forma, a classe social, o nível de instrução, a faixa etária, o

sexo, entre outros fatores, limitam o lazer a uma minoria da população. São

indicadores indesejáveis e necessitam ser atacados por uma política que objetive a

democratização do lazer.

* Estudos do Lazer – uma introdução. Campinas: Autores Associados, 1996.

Técnica: Discussão em pequenos grupos e painel.

Anote o funcionamento:

Page 26: Capacitação de Animadores Socioculturais

UM DUPLO PROCESSO EDUCATIVO *

Nelson Carvalho Marcellino

Praticamente todos os autores, ligados ao estudo do lazer,

reconhecem seu duplo aspecto educativo. Trata-se de um posicionamento baseado

em duas constatações: a primeira, que o lazer é um veículo privilegiado de

educação; a segunda, que para a prática das atividades de lazer é necessário o

aprendizado, o estímulo, a iniciação, que possibilitem a passagem de níveis

menos elaborados, para níveis mais elaborados, complexos, com o enriquecimento

do espírito crítico, na prática ou na observação. As possibilidades de vivência do

lazer como descanso, desenvolvimento e divertimento (3D’s) constituem em si

dimensões educativas. Verifica-se, assim, um duplo processo educativo - o lazer

como veículo e como objeto de educação.

Apesar disso, a baixa ressonância do lazer leva a sua aproximação

com a escola, acarretando entendimentos restritos que lhe consideram apenas na

perspectiva recreativa por meio do desenvolvimento de atividades dirigidas. Ao

mesmo tempo essa aproximação com a escola, permite o despertar de outro

entendimento do lazer: (1) como veículo de educação, capaz de contribuir com o

processo educativo, especialmente por guardar sua ligação com a dimensão lúdica

da cultura; e (2) como objeto de educação, perpassando as várias disciplinas e os

tempos de contraturno escolar, mas para tal é necessário que exista o estímulo e a

iniciação aos vários conteúdos.

Tratando-se do lazer como veículo de educação, é necessário

considerar suas potencialidades para o desenvolvimento pessoal e social dos

indivíduos. Tanto cumprindo objetivos consumatórios, como o relaxamento e o

prazer propiciados pela prática ou pela contemplação, quanto objetivos

instrumentais, no sentido de contribuir para a compreensão da realidade, as

atividades de lazer favorecem, a par do desenvolvimento pessoal, também o

desenvolvimento social, pelo reconhecimento das responsabilidades sociais, a

partir do aguçamento da sensibilidade ao nível pessoal, pelo incentivo ao auto-

aperfeiçoamento, pelas oportunidades de contatos primários e de desenvolvimento

de sentimentos de solidariedade.

Por outro lado, para o desenvolvimento de atividades no “tempo

disponível”, de atividades de lazer, quer no plano da produção, quer no plano do

consumo não conformista e crítico, é necessário aprendizado. Entretanto, quando

a análise é dirigida ao lazer como objeto de educação - o que implica na

consideração da necessidade de difundir seu significado, esclarecer a importância,

incentivar a participação e transmitir informações que tornem possível seu

desenvolvimento, ou contribuam para aperfeiçoá-lo, entra-se numa área polêmica

e marcada por muitas interrogações.

A principal delas talvez seja: como educar para o lazer conciliando

a transmissão do que é desejável em termos de valores, funções, conteúdos, etc.,

Page 27: Capacitação de Animadores Socioculturais

com suas características de livre escolha e expressão? Creio que a escolha será

tão mais autêntica quanto maior for o grau de conhecimento que permita o

exercício da opção entre alternativas variadas.

Além disso, as barreiras impostas pelos preconceitos e pelas várias

correntes ideológicas, verificadas no plano cultural, poderão ser relativizadas com

mais facilidade, à medida que o lazer vá sendo convenientemente entendido em

termos dos seus valores e funções. E tal fato contribuiria para que a expressão

através das atividades de lazer adquirisse uma extensão muito maior. A própria

passagem de níveis elementares para superiores teria condições de se concretizar

mais rapidamente, através da ação educativa para o lazer somada à sua vivência,

do que se dependesse unicamente da participação nas atividades, ou seja, se se

restringisse à educação pelo lazer.

A educação para o lazer pode ser entendida também como um

instrumento de defesa contra a homogeneização e internacionalização dos

conteúdos veiculados pelos meios de comunicação de massa, atenuando seus

efeitos, através do desenvolvimento do espírito crítico. Além do mais, a ação

conscientizadora da prática educativa, inculcando a ideia e fornecendo meios para

que as pessoas vivenciem um lazer criativo e gratificante, torna possível o

desenvolvimento de atividades até com um mínimo de recursos, ou contribui para

que os recursos necessários sejam reivindicados, pelos grupos interessados, junto

ao poder público.

Nesse sentido a atuação em comunidade exige o esclarecimento

sobre como as formas e visões ideológicas que se tem da sociedade podem

influenciar o trato do lazer. A figura complementar procura elucidar o

entendimento da visão funcionalista do lazer e da visão materialista.

* Estudos do Lazer – uma introdução. Campinas: Autores Associados, 1996.

Técnica: leitura e discussão em grande grupo

Anote o funcionamento:

Page 28: Capacitação de Animadores Socioculturais

FIGURA COMPLEMENTAR

VISÕES IDEOLÓGICAS DO LAZER

é estática.

“FUNCIONALISTA”

Visão idealista de ser humano,

Sociedade e Mundo

“CRÍTICA”

Visão materialista de ser humano,

de sociedade e de mundo

A idéia precede a matéria

A matéria precede a idéia

Baseado no Materialismo

Histórico e Dialético, que vê a

sociedade composta por infra-

estrutura, estrutura e

superestrutura

Baseada no positivismo, e

Funcionalismo, que vê a

Sociedade, como um sistema,

composto de sub-sistemas

Ideologias Críticas

Ideologia Liberal e Neo-liberal

O que impera no sistema é a

harmonia, a ordem, que leva

necessariamente ao progresso.

Harmonia,

a ordem, que leva

necessariamente, ao

progresso.

O que impera na estrutura social é

o conflito entre interesses

opostos, o que leva ao movimento

da sociedade- (dialética), de

acordo com o processo histórico.

O lazer faz parte da super-

estrutura da sociedade – cultura –

e varia de acordo com o modo de

produção - economia.

O lazer é um subsistema, que

mantem a “ordem e progresso”

pois, se supõe que a sociedade é

estática

Como o indivíduo é posterior à

sociedade, cabe a ele

conformar-se com a ordem

estabelecida

Exige-se um indivíduo crítico e

criativo, para a construção da

história Acredita-se que o lazer seja um

subsistema, que ajude o sistema

a funcionar como está, levando

o ser humano, a conformar-se à

sociedade, sem questioná-la,

atuando como válvula de

escape.

Acredita-se que o lazer é

determinado pelo modo produção,

mas pode influir sobre ele, de

modo dialético, preparando

mudanças de ordem cultural e

“moral”.

em

busca da sua

superação

Page 29: Capacitação de Animadores Socioculturais

LAZER

“FUNCIONALISTA”

Visão idealista de ser humano,

Sociedade e Mundo

“CRÍTICA”

Visão materialista de ser humano,

de sociedade e de mundo São verificadas 4 nuanças

São verificadas 2 nuanças Moralista

Compensatória

Romântica

Utilitarista

Crítica:

que só vê possibilidade de

mudança a partir do movimento:

infra-estrutura x super-estrutura.

Crítico-criativa:

que crê na importância da infra-

estrutura, mas também crê na

possibilidade de mudança

ça a partir do movimen-

to:infra-estrutura x

super-estrutura x estru-

turaCrítica:

que só vê possibilidade de

mudança a partir do movimento:

infra-estrutura x super-estrutura.

LAZER

Sub-sistemas

ESTRUTURA

SUPER ESTRUTURA

INFRA-ESTRUTURA

SUPER-ESTRUTURA

Cultura - Lazer

ESTRUTURA

INFRA-ESTRUTURA

Escravagista – Feudal –

Capitalista (3 pelo menos)

Visão Crítica (fechada e cínica)

Visão Crítico-Criativa

SUPER-ESTRUTURA

Cultura - Lazer INFRA-ESTRUTURA

Escravagista – Feudal –

Capitalista (3 pelo menos)

ESTRUTURA

Page 30: Capacitação de Animadores Socioculturais

A CASA, O BAR, A RUA... EQUIPAMENTOS NÃO

ESPECÍFICOS *

Nelson Carvalho Marcellino

Ponha-se no seu lugar! Uma simples frase, mas carregada de

significados. Entre outros o de “sugerir” que a pessoa ocupe o espaço que lhe é

“próprio” tendo em vista critérios os mais variados, mas todos de natureza política.

O nosso espaço, que já não é mais o natural, mas o espaço social, é de natureza

política. E o espaço onde o lazer é desenvolvido, não foge à regra. Hoje

começaremos a falar sobre os equipamentos para o lazer que fazem parte da

cidade.

Todas as pesquisas dão conta de que a grande maioria da

população desenvolve suas atividades de lazer, prioritariamente, no ambiente

doméstico. O lar é o principal equipamento não específico de lazer, ou seja, um

espaço não construído de modo particular para essa função, mas que

eventualmente pode cumpri-la. Nessa mesma categoria figuram os bares, as ruas,

as escolas etc.

Quanto ao lar, ainda que possa oferecer condições satisfatórias

para uma minoria de privilegiados, constitui um dos poucos equipamentos,

disponíveis para grandes parcelas da população, “empurradas” para dentro de suas

casas, no tempo disponível para o lazer. Exatamente essas pessoas são as que

menos têm condições para o desenvolvimento de lazer nas suas habitações. O

espaço é exíguo, quer se considere as áreas construídas, ou os quintais e áreas

abertas coletivas, quando existem. Na maioria de nossas cidades há favelados em

barracos e também nas favelas de alvenaria, formadas pelas autoconstruções de

fins de semana, ou pelos cubículos dos programas de habitação popular.

No que diz respeito aos bares, muito preconceito ainda existe,

ligado ao consumo de bebidas alcoólicas. Via de regra, o bar vem perdendo a sua

característica de ponto de encontro, muito embora algumas iniciativas ocorram, no

sentido de sua transformação em espaço alternativo para outras atividades, como

exposições, lançamentos de livros, músicas ao vivo, etc.. A maioria dessas

iniciativas fica restrita aos chamados “barzinhos” e cafés freqüentados por jovens,

quase que na totalidade estudantes. Os tradicionais “botequins”, onde se “jogava

conversa fora”, são substituídos, nas áreas “nobres” pelas lanchonetes, onde o

consumo rápido desistimula a convivência.

As escolas contam com grandes possibilidades para o lazer, em

termos de espaço, nos vários campos de interesse: quadras, pátios, auditórios,

salas, etc.. Deve-se considerar, ainda, seus períodos de ociosidade, em férias e fins

de semana, e a existência de vínculos com a comunidade próxima. No entanto, a

tão propalada “abertura comunitária” desses equipamentos não vem se

verificando, talvez pelo temor dos riscos de depredação. Já tive oportunidade de

desenvolver atividades de lazer em escolas, em trabalhos comunitários e, ao

Page 31: Capacitação de Animadores Socioculturais

contrário do que se possa imaginar à primeira vista, uma ação bem realizada

nesse sentido, só contribui para aumentar o respeito das pessoas pelo equipamento,

uma vez que, à medida que o utilizam, vão desenvolvendo sentimentos positivos,

passando a colaborar na sua conservação. No entanto, o que se verifica, na maioria

das vezes, é a “abertura” desses equipamentos apenas para “festas”, cujo objetivo

principal é a arrecadação de fundos para a sua manutenção.

Com relação às ruas, e mesmo que se considere as praças, quase

sempre são concebidas como locais de acesso, de passagem. Transitá-las é uma

aventura. Algumas iniciativas são tomadas por grupos de moradores “fechando”

espaços para “festas juninas” ou “ruas de lazer”. Mas são atitudes raras e efêmeras.

A precariedade na utilização dos equipamentos não específicos

coloca-nos três questões igualmente importantes: 1- a necessidade de

desenvolvimento de uma política habitacional, que considere, entre outros

aspectos, também o espaço para o lazer - o que não é fácil num País como o nosso,

com alto déficit habitacional, e que deve estimular alternativas criativas em termos

de áreas coletivas; 2- a consideração da necessidade da utilização dos

equipamentos para o lazer, através de uma política de animação; 3- a preservação

de espaços urbanizados “vazios”.

* Suplemento Lazer & Turismo, Correio Popular, Campinas, 10/07/87, p.2.

Técnica: leitura e discussão em grande grupo.

Page 32: Capacitação de Animadores Socioculturais

EQUIPAMENTOS ESPECÍFICOS DE LAZER *

“Como se caracterizam esses equipamentos? Preferimos uma

classificação sob um triplo critério: população, interesses e dimensão física

que, no nosso modo de ver, melhor completa os eventuais dados colhidos junto á

população e aos líderes culturais.

a) microequipamentos especializados - são equipamentos importantes na

escala da pequena cidade ou do bairro da grande cidade: de dimensões reduzidas,

são voltados para um único campo do lazer, seja físico (quadras, piscinas, parques

infantis, jardins), manual (clube de jardinagem, de artesanato), intelectual

(biblioteca, auditório), artístico (cineclube, ateliês de arte) ou associativo ( clubes,

associações). Estas atividades tendem a ser desenvolvidas para uma população

restrita e com interesse bem definido. Uma política urbana de lazer deve criar

todas as condições para a sua efetivação, o que, num plano ideal, iria até à

concessão de espaço e subsídio financeiro. São equipamentos importantes para a

difusão cultural;

b) equipamentos médios de polivalência dirigida - quando se prevê o

atendimento a uma grande população, com interesses diversificados, a melhor

solução, ainda, é a dos chamados centros culturais, equipamentos que abrangem

instalações para os diferentes interesses no lazer (físico-esportivos, manuais,

intelectuais, artísticos e sociais); esta solução é preferível à implantação de

equipamentos isolados, na medida em que permite ao indivíduo despertar para

outros interesses que não o seu próprio; esta modalidade é indicada, sobretudo,

para a cidade média ou polos populacionais de metrópoles, onde os riscos de

isolamento sócio-cultural são maiores;

c) macro-equipamentos polivalentes - trata-se, no caso, de equipamentos

suficientemente amplos, de forma a permitirem que a população deles se aproprie

segundo os mais diferentes interesses; sua característica principal é o verde e a

natureza, colocados à disposição de uma população urbana carente desse aspecto;

é o caso dos clubes de campo, dos grandes parques e jardins; são equipamentos

que se tornam importantes na razão direta do crescimento da cidade, quando a

opressão do cimento gera a nostalgia; para as metrópoles, portanto;

d) equipamentos de turismo social - sejam urbanos (de recepção e

hospedagem de turistas sem recursos, em visita à cidade), sejam não-urbanos

(campings, colônias de férias, pousadas).”

Page 33: Capacitação de Animadores Socioculturais

* CAMARGO, Luís Octávio de Lima. Recreação Pública. Cadernos de Lazer,

4, São Paulo, SESC: 29-36, maio de 1979.

Técnica: leitura e discussão em pequenos grupos e debate a partir de questão

geradora.

Questão geradora:

Page 34: Capacitação de Animadores Socioculturais

ATAQUE E DEFESA

1. O grupo é dividido em dois subgrupos, colocados junto, frente à frente;

2. À escolha do coordenador, um grupo defenderá posições atacando e outro

defendendo, determinada problemática, colocada pelo coordenador, independente

de sua posição sobre o assunto;

3. A palavra é dada, por inscrição, alternadamente a cada um dos subgrupos;

4. Variação:

(anotar após a realização)

5. Tema para discussão

6. Grupo direito - ataca

7. Grupo esquerdo - defende

Conclusão:

1. mostrar que cada assunto comporta, pelo menos, dois pontos de vista; é

necessário levar em conta os diversos pontos de vista, as diversas

possibilidades, antes de tomar decisões;

2. ouvir antes de sugerir;

3. quebrar valores preconceituosos;

4.

5.

6.

7.

Page 35: Capacitação de Animadores Socioculturais

PRESSUPOSTOS DE AÇÃO COMUNITÁRIA - ESTRUTURAS

E CANAIS DE PARTICIPAÇÃO *

Nelson Carvalho Marcellino

A ação comunitária pode ser considerada como uma alternativa

operacional dentro de políticas de ação social, de modo geral, e em especial e de

forma privilegiada, no campo do lazer, quando a Organização que formula a

política não quer ver sua ação confundida ou reduzida à chamada “indústria

cultural”, devendo, portanto, revesti-la de características próprias.

Essa alternativa, em qualquer área do social onde seja

desenvolvida, leva em conta a necessidade do conhecimento da situação, ou seja,

da realidade, interesses e aspirações de determinada clientela; sua participação

efetiva no planejamento, organização e avaliação das ações; e a integração com

órgãos e instituições locais, quer em busca de apoio político, ou de recursos para

manutenção e/ou ampliação da ação.

Tudo isso é fundamental quando se atua com o lazer, visto como

componente da cultura historicamente situada, atendendo a valores não apenas de

descanso e de divertimento, mas também de desenvolvimento pessoal e social, o

que significa levar em conta seu duplo aspecto educativo; assim, a alternativa

operacional caracteriza-se como ação sócio-educativa.

Situa-se, ainda, como uma tentativa de minimizar os riscos da

atuação de “especialistas”, como o direcionamento de programações, o

oferecimento dos chamados “pacotes de lazer”, sua ação como “censores” e a

tendência de valorização de suas preferências.

Outros riscos que podem ser minimizados pela Ação Comunitária

são aqueles decorrentes da ação institucionalizada. Nesse caso, disfarçada na idéia

de participação, pode estar camuflado o cumprimento dos objetivos não dos

grupos envolvidos, mas tão somente da instituição orientadora da ação. Não são

apresentadas alternativas, e a “participação” se dá pela persuasão, em atividades ou

projetos de interesse institucional.

A ação comunitária é entendida, operacionalmente, como “um

trabalho sócio-educativo que consiste numa intervenção deliberada em

determinada comunidade, através de atividades programadas em conjunto com

pessoas e instituições locais, objetivando despertar e ampliar sua consciência para

os problemas da comunidade, sensibilizá-las para a mobilização e coordenação de

lideranças e predispô-las para a ação que vise o encaminhamento de soluções

daqueles problemas, ou a tentativa de realização de aspirações relacionadas com a

comunidade como um todo” (Renato REQUIXA, Lazer e ação comunitária, São

Paulo, SESC, 1973).

Podemos distinguir, nesse processo de intervenção, um plano

geral de ação composto por três fases interligadas, consideradas em separado

apenas para efeito de análise:

Page 36: Capacitação de Animadores Socioculturais

Primeira Fase:

- é a da deflagração propriamente dita, caracterizando-se pela ação

sensibilizadora, levantamento de necessidades e possibilidades de intervenção,

definição de objetivos condutores da ação, seleção de instrumentos de intervenção

e realização de atividades-impacto.

- a ação dos técnicos está presente com muita intensidade, no planejamento, na

organização e na execução, buscando estimular e coordenar as iniciativas

detectadas na análise da situação.

Segunda Fase:

- é marcada pela avaliação dos resultados da ação, geralmente ocorridos, no que

pode ser denominado de período de carência;

- aqui, a intensidade da ação dos técnicos já é menor, mas continua presente,

através, por exemplo, de contatos, buscando a efetivação de resultados latentes;

- podem ser considerados dois grupos de resultados:

respostas, que estão intrinsecamente ligados aos objetivos da ação, geralmente

necessitando de acompanhamento técnico para a continuidade do processo;

reflexos, que independem de acompanhamento, uma vez que são assumidos por

grupos ou pessoas, ou podem não estar previstos no planejamento da ação.

Terceira Fase:

- caracteriza-se como continuidade da ação, com a retomada dos resultados

dependentes, num período de sedimentação, onde é exigido acompanhamento

direto, necessário à consolidação do processo, tendo em vista o estágio de

autonomia, onde o acompanhamento será levado a efeito a título de reciclagem.

Observa-se, portanto, que o acompanhamento técnico está presente em todas as

fases do processo, variando em intensidade.

(*) Publicado nos “Anais do I Encontro Nacional de Grêmios de Empresas e

Associações de Funcionários”- Salvador/BA - 15 e 16/04/93.

Técnica: leitura e discussão em grande grupo, com exposição do coordenador.

Page 37: Capacitação de Animadores Socioculturais

“QUEBRA-CABEÇAS”

O objetivo do grupo é a montagem de três quebra-cabeças.

Para facilitar o trabalho, assim como no desempenho de papéis, o

grupo será subdividido em três equipes, ou comissões, cada uma encarregada de

montar um quebra-cabeças.

Divisão das 3 equipes em comissões

Divisão e montagem dos quebra-cabeças

Anote aqui o observado:

Conclusões:

1) importância da observação do objetivo comum;

2) importância da comunicação entre as 3 equipes, ou comissões;

3) assim como fizemos para montagem dos quebra-cabeças, o grupo será

subdividido em 3 equipes ou comissões para planejamento, execução e

avaliação da “atividade-impacto”;

4) é importante que a comunicação esteja sempre presente entre as

comissões, pois o objetivo é único - o mesmo - a realização da

atividade, da melhor maneira possível, procurando atingir o objetivo

geral e os específicos previstos.

Page 38: Capacitação de Animadores Socioculturais

COMISSÃO DE COORDENAÇÃO - ROL DE TAREFAS

Levantamento de dados sobre a comunidade: locais em que os programas

podem ser realizados; recursos comunitários a serem mobilizados; lideranças

existentes nas diversas áreas culturais; datas mais adequadas para a realização

de programas.

Execução do plano geral de atividades, estabelecimento dos objetivos

específicos de cada atividade, estabelecimento dos critérios de avaliação,

contato com profissionais que possam orientar atividades especificas.

Reuniões de orientação para a formação das demais comissões, detalhamento

das tarefas de cada comissão.

Recrutamento e realização de reuniões com os voluntários para “monitoria”

das atividades.

Supervisão do andamento das atividades, execução dos ajustes necessários,

adaptações de local, obtenção de alvarás, solicitação de policiamento, obtenção

de transporte, providencias para socorro de eventuais casos graves

(ambulância-hospital).

Recepção dos monitores, entrega de crachás e encaminhamento para comissão

de material - para isso pode ser montada uma equipe especifica.

Obtenção de recursos financeiros, se necessários e fiscalização de sua

utilização.

Supervisão do desenvolvimento das atividades, verificando seu andamento,

providenciando alterações de urgência, observando o desempenho dos

monitores. Para isso pode ser montada equipe específica.

Coordenação da avaliação geral ao fim do programa, elaboração de relatório

de avaliação e de projeto de continuidade das atividades.

Page 39: Capacitação de Animadores Socioculturais

COMISSÃO DE MATERIAL - ROL DE TAREFAS

Coleta de material junto a comunidade, através de doação ou empréstimo;

Obtenção de som e palco, quando necessário;

Compra do material necessário, não obtido por doação ou empréstimo;

Obtenção de caixa de primeiros socorros;

Confecção de materiais e de equipamentos necessários;

Separação do material por atividade;

Guarda do material durante o período de preparação da atividade;

Providenciar os crachás dos monitores e da coordenação;

Transporte do material até o local do evento e distribuição do mesmo pelas

várias atividades;

Recolhimento do material, no horário previsto, feito junto com monitores de

atividades;

Devolução do material obtido por empréstimo, no final da atividade, e

destinação do material adquirido ou doado;

Balanço, após a recreação, do material utilizado, anotando eventuais excessos

ou faltas.

Page 40: Capacitação de Animadores Socioculturais

COMISSÃO DE DIVULGAÇÃO - ROL DE TAREFAS

Elaboração de informes sobre a atividade, bem como do material de

divulgação (circulares, cartazes, folhetos, faixas);

Contatos com autoridade locais, lideranças culturais, empresários, dirigentes

de entidades, para informação e solicitação de apoio (incluindo patrocínio para

confecção do material de divulgação);

Contatos com meios de divulgação locais (jornais, revistas, rádio) preparar

material próprio para essa finalidade;

Contatos com moradores das proximidades do local da atividade, para

esclarecê-los e convida-los;

Visitas a escolas, para divulgação entre os alunos;

Distribuição do material de divulgação, principalmente em locais de grande

concentração pública;

Elaboração do “croquis” do evento; (vide dois exemplos anexo)

Sinalização do local e decoração do ambiente;

Recepção às autoridades e imprensa - preparar material próprio para essa

finalidade;

Elaboração e envio de ofícios de agradecimento, após a realização da

atividade;

Elaboração e entrega dos certificados dos participantes;

Coleta das notícias publicadas sobre a atividade.

Page 41: Capacitação de Animadores Socioculturais

PREPARAÇÃO DAS REUNIÕES DE ORIENTAÇÃO PARA

“MONITORIA” DE ATIVIDADES

1) Auto-apresentação de cada um dos presentes;

2) Explicação do plano geral e do evento em si;

3) Explicação do que é ser monitor;

a) ensinar a atividade - não fazer para as pessoas; fazer com as pessoas;

b) tomar conta do material;

c) qualquer problema dirigir-se aos coordenadores;

d) no horário marcado, encerrar a atividade, avisando aos participantes, com

cuidado, e ajudando a recolher o material até o almoxarifado;

e) em caso de acidentes - chamar os primeiros socorros.

Importante:

1) chegar de 15 a 30 minutos de antecedência antes do horário previsto

para a atividade;

2) ao chegar, dirigir-se à sala da coordenação para pegar o crachá, o

material e saber onde se localiza sua atividade;

3) ao ir embora, no encerramento da atividade, devolver o crachá, no

mesmo local.

Explicar cada uma das atividades programadas.

Anotar o nome completo dos interessados na monitoria de cada uma delas,

em folhas próprias para cada atividade - recomenda-se o uso de pranchetas.

Marcar o dia da reunião de avaliação e entrega de certificados de

participação.

Page 42: Capacitação de Animadores Socioculturais

TOMADA DE DECISÕES

VALORES 2

(critérios de melhoria)

SITUAÇÃO 1

(conhecimento do meio e das

necessidades)

OBJETIVOS E MEIOS 3

(programas e recursos)

RESULTADOS 4

(respostas às necessidades)

(baseado em DUMAZEDIER, Jofre. Planejamento do Lazer, No Brasil: a

teoria sociológica da decisão - SESC - São Paulo, 1980)

SITUAÇÃO (levantamento detalhado incluindo)

1. Lideranças (formais e não-formais)

2. Grupos para monitoria

3. Atrações para apresentações

4. Artistas e artesãos

5. Escolas

6. Recursos Humanos do local onde será realizada a atividade (de apoio e

técnicos)

7. Material disponível no local onde será realizada a atividade

8. “Croquis” do local onde será realizada a atividade

9. Perfil dos freqüentadores do local

10. Perfil da utilização do local

VALORES (democratização cultural)

Leva em conta as limitações estruturais, mas crê na especificidade da ação

no plano cultural, como um dos instrumentos de mudança.

1. participação popular;

2. minimização das barreiras (socioeconômicas, sexo, faixa etária, estereótipos,

equipamentos, etc.);

3. otimização do uso dos equipamentos específicos e utilização de equipamentos

não específicos, devidamente adaptados;

4. diversificação de conteúdos - procurando atender aos seis “interesses” culturais

do lazer;

5. elevação de níveis, tanto no gênero da prática, como no da fruição ou consumo,

quanto no do conhecimento.

Page 43: Capacitação de Animadores Socioculturais

PROPOSTA DE ATIVIDADE-IMPACTO PARA O “CENTRO

ESPORTIVO DOS TRABALHADORES”

A análise de situação do local onde se situa o Centro, revelou a

existência de poucos “equipamentos específicos de lazer” mantidos pelo Poder

Público, mas também detectou uma série de “equipamentos não-específicos”- com

possibilidades de adaptação.

Uma primeira análise dos recursos humanos, em termos de

possibilidades de atuação como “voluntários gerais’ e mesmo para “atividades

específicas”, revelou abundância de pessoal e de alternativas.

Apesar disso, e a despeito de já contar o Centro com um “Conselho

de usuários” embrionário, a participação popular na gestão da programação não

pode ser caracterizada como atuante.

Por outro lado, o Centro continua atendendo apenas a população da

área mais próxima e o uso do equipamento não é otimizado em todos os horários,

e principalmente na relação semana/fins de semana.

Percebe-se, na programação das atividades, a quase exclusividade

dos “interesses físicos no lazer” e não existe uma política específica e

sistematizada para minorar os efeitos das “barreiras” que se verificam no plano

social (econômica, educacional, de sexo, de faixa-etária) e no plano cultural

(estereótipos).

Objetivo Geral:

Tudo isso aponta a necessidade de se deflagrar um processo de participação

popular, orientado pelos valores da democratização cultural, através de uma

atividade impacto,a ser realizada, no dia 29 de abril de 1990.

Objetivos específicos:

1. Buscar mecanismos de participação cultural na gestão das atividades do

Centro, rediscutindo e/ou redimensionando e/ou dinamizando a ação do

conselho de usuários;

2. Formar um grupo de voluntários gerais e específicos;

3. Dar inicio a um processo de minimização das barreiras sociais e culturais

para a prática do lazer, no Centro;

4. Dar inicio a um processo de otimização do uso do equipamento do Centro;

5. Dar inicio às discussões para a extensão da atividades de recreação/lazer do

Centro para outros equipamentos não específicos da região;

6. Dar inicio à diversificação dos conteúdos, procurando contem plar os 6 (seis)

conteúdos culturais do lazer;

7. Dar inicio ao processo de elevação dos níveis, de conformistas, para críticos e

criativos, tanto nos gêneros da prática, como do consumo ou fruição, quanto

no do “conhecimento”.

Page 44: Capacitação de Animadores Socioculturais

EXERCÍCIO:

CONHECENDO A SITUAÇÃO DE SUA REGIÃO

(PREENCHA e DEVOLVA ao Coordenador do Curso)

Proceda o levantamento da situação e descreva abaixo:

Page 45: Capacitação de Animadores Socioculturais

EXERCÍCIO:

CONHECENDO A SITUAÇÃO DE SUA REGIÃO

Proceda o levantamento da situação e descreva abaixo:

Page 46: Capacitação de Animadores Socioculturais

PROJETO - ELABORAÇÃO - EXPLICAÇÃO DETALHADA:

Projeto (nome da

atividade)

Data das às horas

Local

Promoção

Colaboração

Page 47: Capacitação de Animadores Socioculturais

I - Objetivos:

II - Descrição da atividade (incluindo a programação)

Programação

Atividades fixas ou permanentes

Atividades específicas

Horário Atividades

Atividades paralelas

Page 48: Capacitação de Animadores Socioculturais

III - Objeto (Tipo de público a ser atingido)

IV - Metas (Quantificação do público a ser atingido)

V - Recursos

Físicos:

Materiais:

Consumo:

Permanentes:

Humanos:

Page 49: Capacitação de Animadores Socioculturais

VI - Cronograma

Período Procedimentos

(passos para a execução da Atividade)

VII - Avaliação

Page 50: Capacitação de Animadores Socioculturais

REUNIÃO:

Providências anteriores:

1. determinação da data, local e horário

2. preparação da pauta da reunião

3. discussão preliminar da pauta pelos coordenadores

4. estabelecimento das técnicas a utilizar

5. elaboração dos convites e expedição

Providências no ato de realização:

1. recepção dos convidados - preenchimento das fichas de inscrição

2. explicação dos objetivos

3. colocação da pauta e abertura da palavra para inserção de outros itens

4. desenvolvimento da pauta através das técnicas escolhidas

5. avaliação

6. resumo dos pontos mais importantes

Providências posteriores:

1. distribuição do resultado das discussões aos presentes e aos que não

compareceram

2. encaminhamento de soluções para os problemas levantados: pelos

organizadores, pelos participantes ou comissões conjuntas.

Page 51: Capacitação de Animadores Socioculturais

ELABORAÇÃO DE PROJETOS - EXERCÍCIOS (PREENCHA e DEVOLVA ao Coordenador do Curso)

Projeto: (nome da atividade)

Data: das ás horas

Local:

Promoção:

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Colaboração:

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Page 52: Capacitação de Animadores Socioculturais

I - Objetivos:

II - Descrição da atividade (incluindo a programação)

Programação

Atividades fixas ou permanentes

Atividades específicas

Horário Atividades

Atividades paralelas

Page 53: Capacitação de Animadores Socioculturais

III - Objeto (Tipo de público a ser atingido)

IV - Metas (Quantificação do público a ser atingido)

V - Recursos

Físicos:

Materiais:

Humanos:

Page 54: Capacitação de Animadores Socioculturais

VI - Cronograma

Período Procedimentos

(passos para a execução da Atividade)

VII - Avaliação

Page 55: Capacitação de Animadores Socioculturais

PREPARAÇÃO DA PRIMEIRA REUNIÃO COM A

COMUNIDADE

Page 56: Capacitação de Animadores Socioculturais

PREPARAÇÃO DA PRIMEIRA REUNIÃO COM A

COMUNIDADE

(PREENCHA e DEVOLVA ao Coordenador do Curso)

Page 57: Capacitação de Animadores Socioculturais

FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO DO CURSO (PREENCHA e DEVOLVA ao Coordenador do Curso)

FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO DO CURSO *

Você está recebendo um formulário de avaliação do curso que acaba de participar.

Para facilitar nossa tabulação, siga corretamente as instruções, classificando cada

tópico de acordo com a escala abaixo, considerando sempre a contribuição dada

por este curso para a alteração de sua concepção e Capacitação profissional na área

do lazer

PÉSSIMO NÃO CONTRIBUIU EM NADA

RUIM CONTRIBUIU MUITO POUCO

REGULAR SE ALTEROU DE ALGUMA FORMA

BOM SE ALTEROU MAIS FORTEMENTE

ÓTIMO SE ALTEROU DE FORMA SIGNIFICATIVA

ASSINALE A ALTERNATIVA DESEJADA

01. Teoria do lazer

PÉSSIMO RUIM REGULAR BOM ÓTIMO

CONTEÚDO

FORMA

02. Abordagem comunitária

PÉSSIMO RUIM REGULAR BOM ÓTIMO

CONTEÚDO

FORMA

03. Trabalho em Grupo

PÉSSIMO RUIM REGULAR BOM ÓTIMO

CONTEÚDO

FORMA

04. Já participou como monitor de atividades de lazer?

Page 58: Capacitação de Animadores Socioculturais

( ) SIM ( ) NÃO

Durante quanto tempo?

05. Já participou no processo de planejamento, execução e avaliação de atividades

de lazer?

( ) SIM ( ) NÃO

Durante quanto tempo?

06. Se quiser, coloque seu nome.

CASO SINTA NECESSIDADE, DEIXE NO ESPAÇO ABAIXO SUAS

SUGESTÕES PARA FUTUROS CURSOS

Page 59: Capacitação de Animadores Socioculturais

FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO DO CURSO (PREENCHA e DEVOLVA ao Coordenador do Curso)

FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO DO CURSO *

Você está recebendo um formulário de avaliação do curso que acaba de participar.

Para facilitar nossa tabulação, siga corretamente as instruções, classificando cada

tópico de acordo com a escala abaixo, considerando sempre a contribuição dada

por este curso para a alteração de sua concepção e Capacitação profissional na área

do lazer

PÉSSIMO NÃO CONTRIBUIU EM NADA

RUIM CONTRIBUIU MUITO POUCO

REGULAR SE ALTEROU DE ALGUMA FORMA

BOM SE ALTEROU MAIS FORTEMENTE

ÓTIMO SE ALTEROU DE FORMA SIGNIFICATIVA

ASSINALE A ALTERNATIVA DESEJADA

01. Teoria do lazer

PÉSSIMO RUIM REGULAR BOM ÓTIMO

CONTEÚDO

FORMA

02. Abordagem comunitária

PÉSSIMO RUIM REGULAR BOM ÓTIMO

CONTEÚDO

FORMA

03. Trabalho em Grupo

PÉSSIMO RUIM REGULAR BOM ÓTIMO

CONTEÚDO

FORMA

Page 60: Capacitação de Animadores Socioculturais

04. Já participou como monitor de atividades de lazer?

( ) SIM ( ) NÃO

Durante quanto tempo?

05. Já participou no processo de planejamento, execução e avaliação de atividades

de lazer?

( ) SIM ( ) NÃO

Durante quanto tempo?

06. Se quiser, coloque seu nome.

CASO SINTA NECESSIDADE, DEIXE NO ESPAÇO ABAIXO SUAS

SUGESTÕES PARA FUTUROS CURSOS