[recensão a] juvénal - saturae iii, iv, v url

5
A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos. Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s) título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do respetivo autor ou editor da obra. Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por este aviso. [Recensão a] Juvénal - Saturae III, IV, V Autor(es): Medeiros, Walter de Sousa Publicado por: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Instituto de Estudos Clássicos URL persistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/27330 Accessed : 8-Jul-2022 17:12:23 digitalis.uc.pt

Upload: others

Post on 08-Jul-2022

8 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: [Recensão a] Juvénal - Saturae III, IV, V URL

A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis,

UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e

Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos.

Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de

acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s)

documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença.

Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s)

título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do

respetivo autor ou editor da obra.

Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito

de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste

documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por

este aviso.

[Recensão a] Juvénal - Saturae III, IV, V

Autor(es): Medeiros, Walter de Sousa

Publicado por: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Instituto de EstudosClássicos

URLpersistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/27330

Accessed : 8-Jul-2022 17:12:23

digitalis.uc.pt

Page 2: [Recensão a] Juvénal - Saturae III, IV, V URL
Page 3: [Recensão a] Juvénal - Saturae III, IV, V URL

FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

INSTITUTO DE ESTUDOS CLÁSSICOS

H V M A N I T A S

C O I M B R A MCMLXV ־ LXVI

V O L S . X V I I E X V I I I

Page 4: [Recensão a] Juvénal - Saturae III, IV, V URL

283

formosus; acus. pl. em -es) poderá suscitar algumas discordâncias, sobretudo em livro, como este, de intenções científicas.

Apresentação sóbria e agradável: embora pequenos, os caracteres tipográficos são claramente legíveis. Revisão atenta, como se impunha em obra deste género. Um livro de utilidade manifesta, quer para o estudo da uexata quaestio tibuliana, quer para o das relações entre os poetas do círculo de Messala, quer enfim para o da influência de Tibulo na poesia humanística. Porque se não decide a autora, na pró- xima edição, a transformar estas Concordanze em um léxico completo do poeta da «rêverie» e dos seus acólitos?

W. S. M.

Juvenal, Saturae III, IV, V. Édition, introduction et commentaire de René Marache. «Érasme» (Collection de textes latins corn- mentés à l’usage de l’enseignement supérieur): 15. Paris, Presses Universitaires de France, 1965. VIII143 ־ pp.

Juvenal não figura entre os autores predilectos da escola, e é raro que uma antologia das suas sátiras apareça no catálogo dos editores que publicam textos comentados para uso dos estudantes do liceu ou da universidade. Pérsio, e até o epigramatista Marcial, têm obtido melhor fortuna. Mas o prazer com que se recebe este pequeno volume da colecção «Érasme» é mareado pela observação— inevitável — de que uma ou duas das sátiras apresentadas poderiam, com van- tagem para o poeta e para o leitor, ser substituídas por outras mais expressivas ou mais importantes. A sátira 3 é indiscutível, a 4 um pouco menos, mas a 5 ocupa abusivamente um lugar que melhor caberia à 1, à 6, à 9 ou à 10, superiores, de resto, pela matéria ou pela forma, à própria sátira 4.

Marache previu a objecção e alegou, citando por sinal o caso da sátira 1, que a regra da colecção o impedia de publicar obras não «completas» e que, por conse- guinte, lhe era vedado apresentar uma «selecção» (pref., p. V). Se consultarmos, porém, a lista dos textos da «Érasme», verificaremos que, dos quinze volumes publi- cados, apenas cinco, isto é, um terço, são rigorosamente obras «completas» : De breui- tate uitae e Phaedra de Séneca, Bucólicas de Virgílio, Curculio de Plauto e Dialogus de oratoribus de Tácito (?). Todas as outras são parcelares (livro I das Histórias de Tácito, XIII dos Anais do mesmo historiador, I de Livio, I da Guerra Civil, II e III da Guerra Gaulesa de César, I dos Fastos de Ovídio, I da Farsália de Lucano e I das Elegias de Tibulo), à excepção do «Conto de Amor e Psique», que é extraído de três livros (IV.28-VI.24) das Metamorfoses de Apuleio. Ora este volume de Juvenal nem sequer abrange um livro completo, porque lhe faltam, para tanto, as sátiras 1 e 2: encerra apenas, em sequência ininterrupta, as últimas três do livro I. Salvou-se, deste modo, «a regra da colecção»? É difícil responder afirmativamente. Se, ao invés, cada sátira — transcrita sem omissões — for de considerar, como

Page 5: [Recensão a] Juvénal - Saturae III, IV, V URL

284

parece razoável para os interesses da colecção (que publica volumes de 120 a 150 pági- nas), uma «obra completa», porque não escolher uma sátira mais representativa que a 5, ou mesmo que a 4 e a 5?

A introdução (pp. 1-25) contém a biografia de Juvenal (sobretudo negativa: suspeitas as uitae da antiguidade, inutilizável a inscrição de Aquino, mítico o exílio, o pecúlio de factos apurados reduz־se, infelizmente, a muito pouco); uma análise dos motivos que justificam a indignatio e a xenofobia do poeta (encontráveis, segundo Marache, na irritação de um romano de velha cepa contra uma sociedade pluto- crática, que abandona à sua penúria os honrados clientes nacionais e premeia com a riqueza a imoralidade dos libertos estrangeiros); e o estudo dos processos de ampli- ficação e de condensação que o satirista aprendera nas escolas de retórica, e que largamente empregou na sua diatribe, temperando-os por vezes com o recurso à hipérbole zombeteira.

Segue-se uma breve história do texto juvenaliano (pp. 27-32), a lista dos manus- critos e das siglas (33-38) e uma bibliografia «sumária» (39-40), em que, prescindindo já da obra apaixonada de Marmorale (Giovenale. Napoli, 1939), alguns estranharão a ausência do livro «clássico» de Labriolle (Les satires de Juvénal. Étude et analyse. Paris, 1932).

Lições adoptadas e aparato crítico dependem sobretudo — é o próprio Marache que nos informa (pref., p. V) — das edições de Housman (Londres, 1905) e Knoche (Munique, 1950). O comentário — destinado, conforme os objectivos expressos da colecção, «ao ensino superior» — é quase exclusivamente histórico-literário e estilístico. Frequentes os cotejos com Horácio, Marcial, Séneca e Tácito (1); jus- tamente sublinhadas as paródias do epos virgiliano (2). A redacção, clara e concisa, e a composição tipográfica arejada estimulam o interesse do leitor.

W. S. M.

(1) Nenhum, pelo contrário, se bem notámos, com Pérsio, do qual, no entanto, como observou Paratore (Storia della letteratura latina. Firenze, 1951, p. 731), «Juvenal parece ter herdado a tendência para dar ao verso uma tensão inexausta, um crepitar contínuo de esboços e alusões digressivas, um carácter sentencioso e estimulante, com uma escolha algo preciosa de vocábulos e locuções não comuns, que indubitàvelmente tornam também a sua poesia de pouco fácil inteligência». Imitações directas é possível que se não encontrem, mas sugestões, módulos esti- lísticos ocorrem algumas vezes. Um exemplo, que parece ter escapado à diligência dos comentadores, nos acudiu ao lermos Juv. 3.183 ss. Quid te moror? /.../ Quid das, ut Cossum aliquando salutes, / ut te respiciat clauso Veiento labello? (cf. Pérs. 5.144 ss. Quid tibi uis? /.../ Tu mare transilias? Tibi torta cannabe fulto / cena sit in transtro Veientanumque rubellum / exhalet uapida laesum pice sessilis obba?)

(2) Mas em 4.100 esqueceu recordar, a propósito da cláusula nudus harena, um passo bem conhecido da Eneida: 5.871 nudus in ignota, Palinure, iacebis harena.