reaproveitamento do coco verde como alternativa de ... das mesmas para conservação da...

38
Reaproveitamento do coco verde como alternativa de sustentabilidade Dezembro/2015 ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/2015 dez/2015 Reaproveitamento do coco verde como alternativa de sustentabilidade Valquíria Fabiane Garcia - [email protected] MBA Gestão de Projetos em Engenharias e ArquiteturaIPOG - Instituto de Pós-Graduação Resumo O presente estudo reúne informações sobre o aproveitamento da casca de coco verde, seus principais usos e potencialidades e tem como objetivo avaliar o potencial de aproveitamento das mesmas para conservação da biodiversidade bem como, estudo de casos das principais aplicações. Informações sobre o processo de obtenção da fibra de coco, suas propriedades e aplicações. Descrição da composição do fruto, método e equipamentos para obtenção da fibra, sua utilização como substrato agrícola, como matéria-prima para fabricação de objetos de jardinagem, na construção de placas acústicas e de isolamento térmico, no revestimento para bancos de automóveis, na adição como reforço em compósitos poliméricos, fibrocimento, concreto e mistura asfáltica, fabricação de mantas para proteção de encostas, recuperação de áreas desmatadas e biofilme em tratamentos de efluentes. Palavras-chave: Coco verde; Fibra de coco; Sustentabilidade. 1 - INTRODUÇÃO No decorrer dos anos para se atender às necessidades humanas foi-se desenhando uma equação desbalanceada: retirar, consumir e descartar. É exatamente na ponta desta equação que está um dos problemas da sociedade moderna a produção de resíduos (SÃO PAULO, 1998). Das cidades mais populosas até as comunidades mais carentes um número crescente de pessoas e administrações municipais estão se esforçando para encontrar as melhores soluções para as questões dos resíduos sólidos urbanos. Esses problemas são realmente novos se comparados com décadas atrás, e infelizmente não se resolvem sozinhos. As situações são bem diferentes em cada município, porém pode-se garantir que diante dos recursos humanos e materiais atualmente existentes e disponibilizados em cada administração pública, as dificuldades ainda são grandes, cabendo as prefeituras procurar soluções adequadas para gerenciar os resíduos sólidos municipal. O expressivo crescimento do consumo de água de coco considerada um isotônico natural no país gerou um grave problema para as empresas de limpeza urbana. A água de coco representa entre 20% e 25% do peso total do fruto e a casca pode demorar até oito anos para se decompor. Um copo de 250 ml de água de coco gera mais de um quilo de lixo. Devido ao seu grande volume, este lixo transformou-se num problema para os serviços municipais de coleta, sobrecarregando os aterros sanitários e vazadouros, favorecendo a presença de vetores transmissores de doenças, mau cheiro, e possibilidade de contaminação do solo e da água.

Upload: vuongdieu

Post on 12-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Reaproveitamento do coco verde como alternativa de sustentabilidade Dezembro/2015

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/2015 dez/2015

Reaproveitamento do coco verde como alternativa de sustentabilidade

Valquíria Fabiane Garcia - [email protected]

MBA Gestão de Projetos em Engenharias e Arquitetura– IPOG - Instituto de Pós-Graduação

Resumo

O presente estudo reúne informações sobre o aproveitamento da casca de coco verde, seus

principais usos e potencialidades e tem como objetivo avaliar o potencial de aproveitamento

das mesmas para conservação da biodiversidade bem como, estudo de casos das principais

aplicações. Informações sobre o processo de obtenção da fibra de coco, suas propriedades e

aplicações. Descrição da composição do fruto, método e equipamentos para obtenção da fibra,

sua utilização como substrato agrícola, como matéria-prima para fabricação de objetos de

jardinagem, na construção de placas acústicas e de isolamento térmico, no revestimento para

bancos de automóveis, na adição como reforço em compósitos poliméricos, fibrocimento,

concreto e mistura asfáltica, fabricação de mantas para proteção de encostas, recuperação de

áreas desmatadas e biofilme em tratamentos de efluentes.

Palavras-chave: Coco verde; Fibra de coco; Sustentabilidade.

1 - INTRODUÇÃO

No decorrer dos anos para se atender às necessidades humanas foi-se desenhando uma

equação desbalanceada: retirar, consumir e descartar. É exatamente na ponta desta equação

que está um dos problemas da sociedade moderna – a produção de resíduos (SÃO PAULO,

1998).

Das cidades mais populosas até as comunidades mais carentes um número crescente de

pessoas e administrações municipais estão se esforçando para encontrar as melhores soluções

para as questões dos resíduos sólidos urbanos. Esses problemas são realmente novos se

comparados com décadas atrás, e infelizmente não se resolvem sozinhos. As situações são

bem diferentes em cada município, porém pode-se garantir que diante dos recursos humanos e

materiais atualmente existentes e disponibilizados em cada administração pública, as

dificuldades ainda são grandes, cabendo as prefeituras procurar soluções adequadas para

gerenciar os resíduos sólidos municipal.

O expressivo crescimento do consumo de água de coco — considerada um isotônico natural

— no país gerou um grave problema para as empresas de limpeza urbana. A água de coco

representa entre 20% e 25% do peso total do fruto e a casca pode demorar até oito anos para

se decompor. Um copo de 250 ml de água de coco gera mais de um quilo de lixo. Devido ao

seu grande volume, este lixo transformou-se num problema para os serviços municipais de

coleta, sobrecarregando os aterros sanitários e vazadouros, favorecendo a presença de vetores

transmissores de doenças, mau cheiro, e possibilidade de contaminação do solo e da água.

2

O Nordeste é o principal produtor do coco distribuído em todo o país, especialmente nos

grandes centros urbanos como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, e nas praias das

capitais da região Sul durante o verão. Apenas na orla do Rio de Janeiro estima-se que o

consumo chegue a dois milhões de cocos por mês.

A crescente preocupação com a quantidade de resíduos sólidos produzidos e o aumento do

custo da matéria-prima, aliados ao desenvolvimento de tecnologia, viabilizam o

aproveitamento e reciclagem cada vez maior dos resíduos, promovendo economia de recursos

naturais, diminuição da poluição ambiental, geração de empregos diretos e indiretos e redução

do volume de material a ser disposto.

As pesquisas e soluções para o aproveitamento da casca de coco estão bastante avançadas e as

alternativas são muitas. Entre os projetos de pesquisa realizados pela Embrapa Agroindústria

Tropical, o intitulado “Alternativas de aproveitamento da casca de coco verde”, financiado

pelo Banco do Nordeste do Brasil, estima que 70% do lixo recolhido nas praias brasileiras são

compostos de cascas de coco verde, cascas que representam até 80% do peso final do fruto.

O Brasil produz cerca de 8,1 bilhões de unidades de coco e este material vem sendo disposto

em aterros e lixões, provocando um enorme problema aos serviços municipais de coleta de

lixo devido ao seu grande volume. O meio ambiente leva de 8 a 12 anos para decompor o

coco. O desenvolvimento de alternativas de aproveitamento da casca de coco verde possibilita

reduzir a quantidade de resíduos sólidos nos aterros sanitários, além de proporcionar uma

nova opção de rendimento (VALE; SOARES; CASAGRANDE, 2007; CARRIJO; LIZ;

MAKISHIMA, 2002).

No entanto, ao contrário das cascas de coco seco que são utilizadas tradicionalmente para a

produção de pó e fibra, o resíduo do coco verde é descartado. O material vem sendo disposto

em aterros e lixões, o que vem provocando um enorme problema aos serviços municipais de

coleta de lixo, em função, principalmente, do grande volume.

Com a grande expansão da produção de coco, a garantia da disponibilidade de matéria-prima

aumentou, possibilitando a fabricação dos mais variados produtos. Segundo informações do

Grupo de Coco do Vale, a área plantada no país, somente com o coco anão, destinado à

produção de água-de-coco, aumentou cerca de 57 mil hectares, dos quais cerca de 33 mil

encontram-se no Nordeste do Brasil (VALE; SOARES; CASAGRANDE, 2007; CARRIJO;

LIZ; MAKISHIMA, 2002).

Analisando o comportamento histórico do coco verde no mercado observa-se um expressivo

crescimento dos plantios nos últimos cinco anos, contudo, ao contrário das cascas de coco

seco, grande parte do coco verde ainda é descartado como resíduo, cerca de sete mil toneladas

de fibra são beneficiadas, enquanto dois milhões de toneladas de coco são produzidas

anualmente. O processo de coleta da casca ocorre nos próprios locais de venda de água de

coco, descartando-se aquelas de coloração marrom, por apresentarem dificuldade no

processamento (VALE; SOARES; CASAGRANDE, 2007; CARRIJO; LIZ; MAKISHIMA,

2002).

O desenvolvimento de alternativas de aproveitamento da casca de coco verde possibilita a

redução da disposição de resíduos sólidos em aterros sanitários e proporciona uma nova opção

de rendimento junto aos sítios de produção.

As fibras de coco se destacam por apresentarem alta disponibilidade no país, baixo custo e

propriedades físico-químicas adequadas à confecção de diversos produtos como cordas,

escovas, tapetes, estofamentos automotivos, reforço em compósitos, entre outros (DUARTE;

IMAI; NII, 2009).

Um coco fornece cerca de 70 gramas de fibra, sendo que, do processo de desfibramento,

somente 25% da casca é revertida em fibras multidimensionais aproveitáveis, o restante é

3

formado principalmente por fibras de comprimento reduzido e pó de coco que têm sido

utilizados experimentalmente como adubo (DUARTE; IMAI; NII, 2009).

Diferentemente da casca do fruto maduro, as cascas geradas pelo consumo do coco verde não

possuíam, há muito pouco tempo, tecnologia adequada que viabilizasse seu aproveitamento.

No entanto, uma tecnologia está sendo desenvolvida com o apoio da Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para aproveitar a casca de coco na produção de colchões,

palmilhas e fibras vegetais. As cascas são trituradas por máquinas feitas especialmente para

essa finalidade e depois prensadas, para perderem a umidade. Em seguida, outra máquina

separa o pó e a fibra. Assim, além dos usos ditos anteriormente, as fibras também podem ser

utilizadas na fabricação de vasos parecidos com os de xaxim, e material de jardinagem, como

peças de artesanato, coberturas para proteção do solo e substrato para a agricultura, além de

estofados de veículos.

Além de dar um fim às cascas de coco, essa tecnologia vai ajudar a diminuir o lixo nas praias.

Isso porque o resíduo em questão e as polpas representam de 70% a 80% do lixo das praias do

nordeste, de acordo com a mesma pesquisa.

Segundo Kiperstok e outros (2002), na impossibilidade dos resíduos serem reutilizados ou

reciclados no processo produtivo (internamente), o reuso e a reciclagem externa bem como a

recuperação de alguns componentes ou energia deverá ser adotada ao invés de sua simples

disposição no ambiente. Para Valle (1995), um material deixa de ser considerado resíduo pela

sua valorização como matéria-prima para a produção de novos produtos. Com isso, as cascas

do coco verde, enquanto matéria-prima não utilizada apresenta custos e impactos para a

sociedade e meio ambiente, ao passo que o seu aproveitamento, para geração de energia, bem

como de outros subprodutos, agrega valor ao resíduo e pode trazer benefícios para o meio

como um todo.

1.1 - Problematização

O aproveitamento das cascas de coco vem sendo feito em alguns estados brasileiros a

exemplo do Pará, Ceará e Rio de Janeiro. Empresas automobilísticas, de beneficiamento do

coco, a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias – EMBRAPA, Universidades

Federais e Estaduais, dentre outras, estão investindo em pesquisas para encontrar maneiras de

utilização das cascas de coco verde.

De acordo com os dados levantados pela Associação Brasileira de Produtores de Coco -

ASBRACOCO (BRASIL, 2002), a produção brasileira é comercializada como descrito a

seguir:

Trinta e cinco por cento (35%) destinam-se às agroindústrias, que produzem,

principalmente, coco ralado e leite de coco, para atender a demanda de grandes empresas

produtoras de chocolate, biscoito, iogurtes, sorvetes e padarias. Deste percentual, 99% são

constituídos de coco seco e o restante é destinado à indústria engarrafadoras de água de coco

verde;

Trinta e cinco por cento (35%) destinam-se aos mercados Sudeste/Sul para atender às

pequenas indústrias, a exemplo de docerias, padarias, sorveterias, e outras, sendo em torno de

90% de frutos verdes e os outros 10% de coco seco;

Os trinta por cento (30%) restantes ficam no mercado nordestino, para atender ao

consumo “in natura”, tanto de coco seco como de coco verde. Em decorrência da forte

tradição do consumo na culinária e o grande número de pequenas indústrias, estima-se que

80% do consumo nordestino sejam de coco seco e 20% de coco verde. Desta forma, do

consumo estimado de coco no mercado brasileiro, 62% é de coco seco e 38% é de coco verde.

Segundo os dados do IBGE (2006), o Brasil possui uma área com plantação de coco de

294.161 ha sendo a produção de 1.985.478.000 frutos. Desta produção 66,52% encontra-se no

4

nordeste e a Bahia, o Estado brasileiro que mais produz coco, com uma área plantada de

81.686 ha, teve uma produção de 628.376.000 frutos na safra 2006. A Bahia é responsável por

47,57% da produção de coco do nordeste e 31,32% da produção nacional.

1.1.2 – Principais impactos causados com a disposição das cascas de coco

Esta seção aborda os principais impactos causados com a disposição do resíduo do coco

verde, tais como: a grande demanda de área, já que este tipo de resíduo ocupa muito espaço

nos aterros; a proliferação de vetores devido ao acúmulo de água nas cascas e a oferta de

alimento no lixo; a emissão de gás metano devido a decomposição do resíduo e o impacto

visual.

DEMANDA DE ÁREA

No Brasil, 71,51% dos resíduos sólidos são dispostos em lixões, ou seja, em áreas afastadas

dos centros urbanos sem os devidos cuidados de preservação ambiental e de engenharia

sanitária enquanto 17,32 % dos resíduos são dispostos em aterros sanitários (IBGE, 2000).

A crescente urbanização, as questões ambientais e econômicas limitam as áreas disponíveis

para a disposição final dos resíduos sólidos. Muitas vezes grandes cidades precisam exportar

seus resíduos para áreas de municípios vizinhos.

Considerando uma população urbana de até 30 mil habitantes a área mínima admitida para

viabilizar um aterro sanitário simplificado é de no mínimo 05 ha e para um aterro sanitário

convencional a área deve ser suficiente para implantar também a Estação de Tratamento de

Efluente. Com isso observa-se que para a disposição adequada dos resíduos demandam-se

grandes áreas. Como este tipo de resíduo leva em torno de 08 anos para se degradar e

associado a sua forma e constituição as quais dificultam a sua compactação, tem-se como

conseqüência a ocupação de maiores áreas no aterro para sua disposição devido ao seu

volume.

O aproveitamento do resíduo do coco verde surge como uma alternativa para o aumento da

vida útil do aterro já que uma parcela considerável de resíduo deixará de ser disposta neste

local. Ressalta-se também que a reciclagem, reutilização e aproveitamento de diversos tipos

de resíduos farão com que não exista, ou seja, bem menor as áreas requeridas para futuros

aterros sanitários com isso, haverá uma disponibilidade maior de áreas para utilização de

outras atividades tais como: habitação, lazer, escolas, usinas e indústrias.

PROLIFERAÇÃO DE VETORES

Os resíduos sólidos depositados de maneira inadequada além de degradar a paisagem e

produzir mau cheiro colocam em risco o meio ambiente e a saúde pública. O acúmulo de

resíduos sólidos contribui na transmissão de doenças por meio de vetores como: moscas,

mosquitos, baratas e roedores que encontram nos resíduos alimentos, abrigo e condições

adequadas para proliferação.

A deficiência do serviço público de coleta regular de resíduos sólidos favorece o acúmulo de

recipientes como: vasilhames, latas, casca de coco, garrafas, pneus, dentre outros, que

acumulando água no seu interior tornam-se locais propícios, por exemplo, para que o

mosquito da dengue ponha os seus ovos, que ficando acumulados por vários dias tornam-se

larvas e geram novos mosquitos, fazendo com que o vírus se espalhe cada vez mais por toda a

área atingindo a população. Todo o resíduo que não é coletado fica exposto a céu aberto nas

ruas, quintais das casas, terrenos baldios, encostas, praias, áreas verdes e próximos a córregos

conseqüentemente os vetores se instalam nestes locais e proliferam doenças nos seres

humanos. Contudo, para que seja evitada a proliferação de vetores e haja uma redução dos

criadouros do Aedes aegypti, por exemplo, por intermédio dos recipientes encontrados nos

5

resíduos sólidos acumulados, é necessário que se faça armazenamento, coleta, transporte e se

dê um destino adequado aos resíduos, além de incentivar e educar a população a reciclar,

reutilizar e criar tecnologias e meios para aproveitamento dos vários tipos de resíduos que são

atualmente descartados como o resíduo do coco verde. Esses devem ser recolhidos

diariamente e levados para locais que tenham uma infra-estrutura adequada, para que a

disposição inadequada aliada com a falta de coleta não se constitua também como um foco

potencial de transmissão de doenças.

POLUIÇÃO VISUAL

Quando se fala em poluição todos lembram logo da poluição ambiental causada, dentre outras

maneiras, pelo lançamento de efluente e resíduo nos rios, emissão de dióxido de carbono

(CO2) no ar, utilização de agrotóxicos nas plantações e não se recordam da poluição visual.

Na realidade nem sempre é possível separar a poluição ambiental por modalidades, pois

muitas vezes elas ocorrem conjuntamente havendo vários fatores de interdependência entre as

mesmas. Segundo Santos (2004), poluição visual são os efeitos danosos resultantes dos

impactos visuais causados por determinadas ações e atividades, a ponto de prejudicar a saúde,

a segurança e o bem estar da população; criar condições adversas às atividades sociais e

econômicas; afetar desfavoravelmente a biota; afetar as condições estéticas e sanitárias do

meio ambiente. A definição de Santos remete, basicamente, o que está estabelecido na Lei Nº

6.938/81 de Política Nacional do Meio Ambiente no Art. 3º Inciso III alíneas “a” a “d” com

relação à poluição. De acordo com o glossário do Fórum Empresarial para o Meio Ambiente –

FEMA, a poluição visual é um conceito subjetivo que diz respeito às interferências do homem

na paisagem natural ou antrópica, em desarmonia com os demais elementos que a definem (a

paisagem) ou considerados desagradáveis pelo observador. Os fatores que contribuem para a

poluição visual são, por exemplo, as pichações, fios de eletricidade e telefônico, edificações

com falta de manutenção e a disposição inadequada do resíduo sólido (ROLLO, 2006). Pelo

fato da poluição visual afetar mais o psicológico do que o físico, geralmente, não é dado à

devida atenção por parte do Poder Público, já que as suas conseqüências não são facilmente

observadas. Porém assim como os outros tipos de poluição, ela causa danos à saúde como:

stress, fadiga, ansiedade, podendo até desencadear o início de uma depressão (MAURANO,

2007; MOTA, 1981). Diante do exposto, pode-se observar que a paisagem urbana deve ser

preservada a fim de garantir a população uma melhor qualidade de vida além de um ambiente

sustentável. Como já foi supracitado, a disposição inadequada dos resíduos sólidos causa

poluição visual, com isso as cascas de coco verde oriundas da venda de água de coco “in

natura” estão contribuindo para a poluição visual a medida que estes resíduos ficam dispostos

nos logradouros, na areia da praia e quando são armazenados os recipientes são inadequados.

Como a limpeza da praia e a coleta são realizadas geralmente durante a noite, esta situação

permanece por um longo período de tempo afetando os turistas, esportistas e a população em

geral que freqüentam/transitam nestas área

2 – Composição do fruto

O coco, fruto formado a partir de uma semente chamada drupa, é constituído basicamente por

um epicarpo, que consiste em uma camada externa fina e lisa que forma a sua casca;

mesocarpo, camada intermediária fibrosa de onde obtém-se a fibra; endocarpo, uma camada

lenhosa e dura e a castanha chamada de albúmem sólido, que é a parte do fruto de maior valor

comercial, além da água de coco. O fruto chega a alcançar o peso médio de 3 a 4 Kg e a

quantidade de água diminui à medida que o coco amadurece (PORTAL SÃO FRANCISCO

[200-?]; FAGURY, 2005).

6

Figura 1 - Estrutura do coco

3 - PRINCIPAIS USOS DA CASCA DE COCO VERDE

3.1 - Substrato agrícola

O termo substrato agrícola se aplica a todo material sólido, natural ou sintético, bem como

residual ou ainda mineral ou orgânico, distinto do solo, que colocado em um recipiente em

forma pura ou em mistura permite o desenvolvimento do sistema radicular, desempenhando,

portanto, um papel de suporte para a planta (ABAD; NOGUERA, 1998). Os substratos podem

intervir (material quimicamente ativo) ou não (material inerte) no complexo processo da

nutrição mineral das plantas.

O cultivo de plantas utilizando substratos é uma técnica amplamente empregada na maioria

dos países de horticultura avançada. Esta técnica apresenta vantagens, entre elas, o manejo

mais adequado da água, evitando a umidade excessiva em torno das raízes. O substrato a ser

utilizado deve ser capaz de favorecer a atividade fisiológica das raízes.

Diferentes tipos de resíduos agroindustriais vêm sendo progressivamente indicados como

substrato agrícola. É o caso do pó da casca de coco maduro que, inicialmente visto como

subproduto da extração da fibra, origina um substrato agrícola (“coir dust”, “coir fibre pith”

ou pó da fibra de coco) com grande aceitação e demanda crescente. Ganhou interesse

comercial principalmente como substrato inerte, substituto da turfa em cultivos envasados.

O pó de coco é um material biodegradável, renovável, muito leve e bastante parecido com as

melhores turfas de Sphagnum encontradas no Norte da Europa e América do Norte. Apresenta

uma estrutura física vantajosa, proporcionando alta porosidade, alto potencial de retenção de

umidade, favorecimento da atividade fisiológica das raízes (ABAD et al., 2002).

As propriedades físicas e químicas do pó de coco diferem entre diferentes fontes de resíduo,

em função principalmente do método usado para processar a fibra e idade do fruto. Assim, o

controle das características do material antes do uso como substrato é de grande importância.

Nesse particular, a salinidade é uma das características mais importantes a ser controlada.

O resíduo do coco verde é um material que também apresenta uma salinidade de média a

elevada, o que confere elevada condutividade elétrica. Nesse caso, a eficiência da etapa de

prensagem, durante o processamento das cascas, é de fundamental importância para a

adequação do nível de salinidade do pó obtido no processamento. A casca de coco verde

apresenta 85% de umidade e um conteúdo de sais em níveis tóxicos para o cultivo de várias

espécies vegetais. A extração desta umidade, via compressão mecânica, possibilita a extração

conjunta de uma grande quantidade de sais solúveis. Este aspecto impõe que a casca do coco

verde seja processada o quanto antes possível após o consumo ou retirada da água de coco.

A utilização do pó/fibra de coco na horticultura depende dos tratamentos dispensados ao

material, quais sejam: tempo de estabilização do produto, número de lavagens realizadas,

conteúdo de sais solúveis indesejáveis, enriquecimento com fertilizantes, adição de outros

componentes para aumentar ou diminuir a aeração e retenção de água, etc.

Para a comercialização, o produto deverá ser homogêneo e padronizado de modo a assegurar

ao usuário um certo grau de qualidade e confiabilidade. Em geral, o pó de coco pode ser

comercializado em sacos ou em ladrilhos (prensado).

7

O uso predominante do pó de coco como substrato agrícola se dá como meio inerte; ou seja,

funcionando apenas como sustentação para o desenvolvimento de plantas e não como

fornecedor de nutrientes para a planta. A exemplo do que já ocorre com o coco maduro, o uso

das cascas do coco verde na forma de substrato agrícola inerte já é uma realidade, sendo

utilizado como meio de crescimento ou componente de crescimento para produção de plantas.

As boas características agronômicas do substrato a base de coco verde foram atestadas no

cultivo de mudas de alface, caju, tomate, pimentão, coentro, berinjela, melão, abacaxi

ornamental e flores (ROSA et al., 2001b, CORREIA et al., 2003, SALGADO et al., 2006,

CAPISTRANO et al., 2006, OLIVEIRA et al., 2006, CORREIA et al., 2001, BRÍGIDO et al.,

2002 PAIVA et al., 2005). A Figura 2 ilustra esta utilização.

Figura 2 – Mudas de alface cultivadas em substrato de coco verde

O pó de coco verde pode ser usado também como substrato (após compostagem), puro ou em

composição com outros materiais. A compostagem é uma técnica utilizada para se obter mais

rapidamente e em melhores condições, a estabilização da matéria orgânica em material

humificado, com atributos físicos, químicos e biológicos superiores (sob o aspecto

agronômico) àqueles encontrados no material de origem. Aplicado nas plantações, o

composto adiciona matéria orgânica, melhora a estrutura do solo e a retenção de água, reduz a

necessidade de fertilizantes e o potencial de erosão do solo.

3.2 - Fibras

O material fibroso que constitui o mesocarpo do fruto, também denominada “coir”, “bonote”

ou fibra, é um produto tradicional em países como a Índia e Sri Lanka, habituados a processar

o coco maduro. Estes países dominam o mercado mundial deste produto, sendo responsáveis

por mais de 90% da produção mundial. Atualmente a produção anual de fibras de coco é de

aproximadamente 550.000 toneladas métricas, produzidas principalmente pela Índia e Sri

Lanka (Tabela 1).

Historicamente o Sri Lanka tem sido o principal exportador de fibras e a Índia de produtos

com maior valor agregado.

As atividades relacionadas ao beneficiamento da fibra de coco empregam na Índia e Sri Lanka

mais de 500.000 pessoas, principalmente mulheres na zona rural, sendo considerada uma

atividade estratégica do ponto de vista social.

8

Tabela 1 - Produção mundial de fibra de coco entre 2000 e 2006

Fonte - FAO (2007)

No Brasil a tecnologia de aproveitamento da casca de coco seco já é conhecida e utilizada há

algum tempo. As principais empresas que atuam no mercado de derivados da casca de coco

seco têm entre 30 e 15 anos de existência. No entanto, a produção nacional ainda se destina

principalmente ao mercado interno. As exportações só começam a ser observadas nos últimos

cinco anos (Tabela 2), caracterizadas principalmente pela exportação de mantas geotêxteis.

Tal fato também pode ser atribuído em decorrência de que os preços internacionais para a

fibra em 2004 se encontravam a US$/t 185,00 para a fibra bruta e US$/t 207,00 para o pó

(FAO, 2006). Neste período estes produtos eram comercializados no Brasil em média a US$/t

360,00 e US$/t 220,00 respectivamente, sendo que o substrato agrícola comercializado pela

líder de mercado atingia os US$/t 360,00.

Tabela 2 - Exportações brasileiras de fibra de coco e derivados no período de 2000 a 2007

Fonte - Ministério do desenvolvimento indústria e comércio exterior (2007)

As fibras de coco verde apresentam-se como mais uma opção para este nicho do mercado e

seu uso vem sendo atestado positivamente com resultados equivalentes aos obtidos com a

fibra do coco maduro. A demanda crescente por fibras de coco se dá em razão do interesse

por produtos ecologicamente corretos, por ser proveniente de uma fonte renovável,

biodegradável e de baixo custo e por suas características oferecerem diversas possibilidades

de utilização. A fibra de coco é adequada para exercer a função de reforço em materiais,

graças a sua alta resistência e rigidez. De um modo geral, possui grande durabilidade,

atribuída ao alto teor de lignina e polioses, baixo teor de celulose, elevado ângulo espiral

quando comparada com outras fibras naturais, o que lhe confere um comportamento

diferenciado. Possui baixa densidade, grande percentual de alongamento e valores pequenos

de resistência à tração e de módulo de elasticidade. Utilizada há várias décadas como um

produto isolante em diversas situações, a fibra de coco tem hoje uma diversidade de

aplicações. A fibra em forma de manta geotêxtil é um excelente material para ser usado em

superfícies sujeitas à erosão provocada pela ação de chuvas ou ventos, como em taludes nas

margens de rodovias e ferrovias, em áreas de reflorestamento, em parques urbanos e em

qualquer área de declive acentuado ou de ressecamento rápido. A sua utilização na elaboração

de compósitos (novos materiais conjugados formados por pelo menos dois componentes,

9

sendo um deles um componente de reforço, na forma de fibras) tende a diminuir a densidade

do material com bom potencial de 14 alongamento e capacidade de reforço mediana, porém

com possibilidades de aumento de desempenho da interação fibra-matriz devido à ação

aglutinante da lignina. A ação do calor na formação do compósito tende a aumentar tal

capacidade de interação. Apesar do baixo teor de celulose, a estrutura da fibra é bem fechada,

devendo ser esta a razão de sua melhor resistência à ação dos álcalis do que fibras de alto teor

de celulose (REDDY; YANG, 2005; VAN DAM, 2004). Na indústria de embalagens existem

projetos para a utilização da fibra de coco como carga para o Poli Tereftalato de Etila (PET),

podendo gerar materiais plásticos com propriedades adequadas para aplicações práticas e

resultando em contribuição para a resolução de problemas ambientais, ou seja, reduzindo o

tempo de decomposição do plástico. A indústria da borracha é receptora também de grande

número de projetos envolvendo produtos ecológicos diversos, desde a utilização da fibra do

coco maduro e verde na confecção de solados de calçados, até encostos e bancos de carros.

Estudo desenvolvido por Vale et al. (2006) sobre a viabilidade do uso de fibras de coco verde

em misturas asfálticas detectou sua boa eficiência com relação ao escorrimento, apresentando

resultados similares aos tradicionalmente obtidos com celulose. Além dos usos já citados, a

fibra da casca de coco verde pode ser utilizada na confecção de vasos, placas e bastões para o

cultivo de diversas espécies vegetais. Além de substituírem os produtos tradicionais a base de

barro, cimento e plástico, também se apresentam como uma alternativa aos subprodutos

extraídos da samambaiaçu (Dicksonia sellowiana), buscando a inserção no mercado ocupado

hoje pelo xaxim, que é um produto de exploração cada vez mais restrita pela legislação

brasileira. A confecção de artesanatos variados também representa uma importante forma de

aproveitamento não apenas da fibra mas também do pó da casca de coco verde, podendo

originar uma grande gama de itens, haja visto que o Brasil tem sido cada vez mais um

importante destino para os turistas de outros países, grandes consumidores deste tipo de

produto.

3.3 - Embalagem de fibra de coco

Chamados de “coco bag” são sacos feitos com fibra de coco para armazenamento de substrato

e germinação de mudas, substituindo os tradicionais sacos de plástico (Figura 3). Suas

principais características são (ENGEPLAS, [200-?]):

• eliminação do lixo residual, devido a degradação do saco após um tempo;

• produto reciclável e biodegradável;

• expansão do saco quando adicionado água.

Figura 3 – Sacos de fibra de coco

Fonte: (ENGEPLAS, [200-?])

3.4 - Adição de fibra de coco em concreto não estrutural

10

Diversos estudos sobre adição de fibras em concreto com intuito de melhoramento das

propriedades do concreto convencional foram realizados entre eles a adição da fibra de coco

(BENTO et al., 2008).

Ensaios laboratoriais foram realizados para avaliar as vantagens e desvantagens para a

utilização do concreto acrescido de fibras de coco. Para a analise utilizou-se duas

composições de concreto. A primeira havia brita, areia, cimento, água e fibra de coco. A

segunda não possuía a fibra. Foram feitos corpos de provas das duas amostras de concreto

submetendo-as a testes de tração e compressão para então compara-los (BENTO et al., 2008).

O concreto composto com a fibra de coco apresentou resultado satisfatório apenas para a

aplicação não estrutural onde não sofre grandes solicitações, pois a degradação da fibra em

relação ao tempo não permite que ele suporte grandes esforços tanto de compressão como

tração. Entretanto ele apresentou boa propriedade de vedação devido ao baixo módulo de

elasticidade, além de isolamento acústico e térmico (BENTO et al., 2008).

3.5 - Uso de fibras de coco em compósitos

O desenvolvimento de novos materiais com adição de fibras vegetais tem sido pesquisado e

utilizado para substituição da fibra de vidro em compósitos poliméricos, com intuito de

reduzir a quantidade destas fontes não renováveis. Com o advento desta tecnologia, os

compósitos reforçados com fibra de coco, sisal e juta estão competindo com os plásticos

reforçados com fibra de vidro (PASSOS, 2005). As vantagens apresentadas pelos compósitos

a base de fibras quando comparadas a outros materiais sintéticos são (PANNIRSELVAM et

al., 2005):

• Altas propriedades mecânicas específicas;

• Biodegradabilidade e reciclabilidade;

• Baixa densidade e não-abrasividade;

• Baixo consumo de energia e custo de produção;

• Oferta de empregos rurais;

• Resistência a temperaturas (até 2000C) altas sem perda significativa das suas propriedades.

A utilização de fibras vegetais em compósitos de fibrocimento também tem sido estudada

para substituição do asbesto, um mineral com propriedade carcinogênicas, proibido em

diversos países, que provoca asbestose, uma doença respiratória que ocorre devido ao

acúmulo de fragmentos deste material nos pulmões (PASSOS, 2005; TELHA..., [200-?]).

O novo produto foi desenvolvido a partir de uma mistura de cimento, resíduos siderúrgicos,

fibras vegetais (de bananeira, sisal, coco, eucalipto ou outras plantas) e sintéticas. Seu nome

técnico é fibrocimento vegetal (TELHA..., [200-?]).

Ensaios mecânicos de tração, testes físicos de permeabilidade, densidade e absorção de água

comprovaram a eficiência do produto em substituição ao fibrocimento tradicional, além de

apresentar algumas vantagens, entre elas, a maior capacidade de isolamento térmico, leveza e

durabilidade equivalente ao fibrocimento com asbesto. Entretanto, sua maior vantagem é que

não oferece riscos à saúde (TELHA..., [200-?]).

Outra possibilidade é a produção de compósitos com celulose de papel usado e fibras de coco

para a utilização em coberturas de edificações, substituindo os compósitos tradicionais

(PASSOS, 2005).

O processo desenvolvido consistiu na mistura de água, papel e fibra de coco em um refinador

sob agitação, transformando estes componentes em uma massa que foi transferida para um

equipamento chamado desaguadouro, para formação de placas e eliminação do excesso de

água. Seguindo para secagem em estufa a uma temperatura de 70°C, então foram prensadas a

frio e aparadas para o processo de impermeabilização com cimento asfáltico (CAP 20) a

180ºC por 2 horas. O resultado pode ser observado na Figura 4 (PASSOS, 2005).

11

Figura 4 – (a) placa de compósito com papel e fibra de coco (b) telha do compósito impermeabilizada

Fonte: (PASSOS, 2005)

3.6- Adição de fibras de coco em misturas asfálticas

Com o aumento do volume de tráfego e da carga dos veículos nas rodovias, a preocupação em

desenvolver pavimentos de alta durabilidade e segurança que atendam os requisitos de custo e

beneficio é cada vez mais importante, pois este é um fator que exerce forte influência na

escolha do revestimento (VALE; SOARES; CASAGRANDE, 2007).

A utilização de uma camada de rolamento com misturas asfálticas mais resistentes e duráveis

tem sido uma alternativa para a redução de custos de manutenção e operação das vias. Como

resposta das pesquisas, obteve-se uma mistura de graduação descontínua chamada SMA. Esse

tipo de mistura asfáltica tem sido muito utilizado na Alemanha, Bélgica, nos Estados Unidos e

no Canadá. Sua aplicação tem sido realizada principalmente em vias de tráfego intenso,

pesado e aeroportos (VALE; SOARES; CASAGRANDE, 2007).

A mistura SMA é um concreto asfáltico usinado a quente de alto desempenho estrutural e

funcional, é utilizado como camada de aderência em pista molhada, na diminuição efetiva do

borrifo de água pelos pneus, na redução da reflexão das luzes de faróis em noites chuvosas, e

na redução de ruídos nas áreas lindeiras à via. A espessura de aplicação varia entre 1,5 a 7,0

cm, dependendo da faixa granulométrica. A formação de pequenos canais devido a sua

macrotextura promove uma drenagem superficial bastante eficiente (VALE; SOARES;

CASAGRANDE, 2007).

A composição da mistura SMA consiste basicamente em uma elevada quantidade de

agregados graúdos (entre 70 a 80%) preenchidos por um ligante asfáltico (6 a 7%) e fibras,

que penetram nos espaços vazios formando o revestimento (Figura 5). Este ligante aumenta o

contato entre os grãos, formando um revestimento asfáltico resistente e impermeável com um

volume de espaços vazios menor que 4% (VALE; SOARES; CASAGRANDE, 2007).

Figura 5 – Mistura asfáltica SMA

Fonte: (VALE; SOARES; CASAGRANDE, 2007)

As principais fibras utilizadas na Europa e na América do Norte são as de celulose e minerais.

As fibras de celulose apresentam vantagens em relação às minerais, devido ao fato de serem

produzidas a partir de fontes renováveis (VALE; SOARES; CASAGRANDE, 2007).

No Brasil, devido a grande quantidade de coco produzida, a pesquisa utilizou a fibra deste

fruto para avaliar sua aplicabilidade quando incorporada ao revestimento em substituição a

celulose. A percentagem de fibra adicionada ao revestimento asfáltico varia entre 0,3 a 0,4%,

12

apesar das fibras não exercerem influencia no desempenho da mistura após a compactação.

Quando adicionada ela forma uma película ao redor do granulado retardando a oxidação, a

penetração de umidade e a sua separação e, consequentemente, aumentando a resistência ao

desgaste do concreto asfáltico produzido (VALE; SOARES; CASAGRANDE, 2007).

Foram realizados ensaios de resistência à tração, a fadiga, de escorrimento e resistência à

tração retida por umidade induzida. Os valores encontrados foram comparados ao

revestimento com a fibra de celulose. A fibra de coco apresentou boa eficiência com relação

ao escorrimento, contudo apresentou dificuldade de trabalhabilidade devido ao seu

comprimento, o que levou a concluir que ela não pode ultrapassar 20 mm de comprimento.

Quanto à resistência a tração, o revestimento apresentou resultados satisfatórios, entretanto,

nas análises de fadiga, os resultados foram equivalentes tanto com as fibras de celulose e coco

como sem a presença delas (VALE; SOARES; CASAGRANDE, 2007).

3.7 - Produção de mantas e retentores de sedimento

As mantas produzidas a partir das fibras de coco podem ser trançadas em malhas de nylon,

telas de polipropileno ou juta ou borrifadas com látex. As mantas podem ser usadas em

superfícies sujeitas a erosão provocada pela ação de chuvas e ventos, como em taludes nas

margens das rodovias e ferrovias, áreas de reflorestamento, parques urbanos, qualquer área de

declive acentuado ou de ressecamento rápido, sobre dunas, ravinas, voçorocas, encostas

rochosa, concreto projetado, dentre outros (ARAGÂO, 2002; DEFLOR, 2006).

A usina da Embrapa Agroindústria Tropical atualmente esta produzindo mantas para serem

utilizadas sobre dunas localizadas em alguns municípios do Estado do Ceará.

De acordo com as informações da Deflor (2006), algumas mantas são capazes de reter até 04

vezes do seu peso em água, suportando índices pluviométricos de até 20mm/hora, ajudando

no controle da erosão até o completo estabelecimento da vegetação. Conforme o uso há uma

variação na degradabilidade do material que pode ser de 08 a 60 meses, dependendo também

do tratamento que pode ser dado com fungicidas e bactericida. O uso das mantas

biodegradáveis tem as seguintes vantagens: protege imediatamente o solo contra erosão

superficial, serve para germinação de sementes, aumenta a capacidade de troca iônica do solo,

reduz a erodibilidade e incorpora matéria orgânica no solo, possui degradação programável,

reduz a evaporação de água no solo, reduz a insolação direta sobre o solo, ancora sementes e

fertilizantes, reduz o escoamento superficial da água, favorece a infiltração 83 de água no

solo, reduz o carreamento de sedimentos para os cursos d´água, permite o plantio em épocas

de estiagem, incorpora e mantém os nutrientes no solo, melhora o aspecto visual das áreas

degradadas imediatamente, proporciona rapidez no processo de revegetação e impede a

erosão eólica além de proteger margens de cursos d´água, reservatórios e canais de drenagem

(DEFLOR, 2006).

A Deflor também desenvolveu os retentores de sedimentos chamados de bermalonga o qual

pode ser constituído de fibra de coco, formando um cilindro flexível, envolvido por uma

malha resistente de polipropileno. Estes bermalongas podem ser utilizados para ancorar e reter

sedimentos, construir bermas artificiais e reduzir o comprimento dos taludes, proteger

margens de reservatórios e cursos d´água, reter e absorver vazamentos de óleos e produtos

tóxicos, ornamentação e paisagismo, dentre outros.

13

Figura 6 – Biomanta de fibra de coco aplicada em talude

Fonte: D`arte flores, 2007.

Figura 7 – (a) Mantas de fibra de coco produzidas na usina da Embrapa Agroindústria Tropiacla (b)

Bermalongas

Fonte: DEFLOR, 2006

Também podem ser incorporadas a sementeiras para germinação e para enraizamento de

várias espécies, evita o crescimento de mato e ervas daninhas, auxilia na retenção de adubos,

água e nutrientes no solo (ENGEPLAS, [200-?]).

Suas características diferenciadas atendem a processos erosivos específicos, sendo adaptáveis

a diferentes locais e finalidades. Algumas vantagens da sua utilização são degradação

programável e adição de matérias orgânicas e nutrientes ao solo (ENGEPLAS, [200-?]).

Figura8 – Manta para contenção de encostas

Fonte: (ENGEPLAS, [200-?])

Outra variedade de manta de fibra são as semiprensadas, chamadas de mantas fofas, utilizadas

como antirruído para aplicação em veículos ou máquinas, filtros de contenção de material

particulado (poeira, tintas, etc.), decorações, tapetes, cortinas e palmilhas (ENGEPLAS, [200-

?]).

Figura 9 – Manta semi-prensada

Fonte: (ENGEPLAS, [200-?])

14

3.8 - Chapas de fibra de coco

A confecção de chapas usando fibras de coco e resinas como aglutinante, com a finalidade de

isolamento acústico e térmico, tem ganho mercado devido ao custo e a sustentabilidade do

produto. O isolamento acústico é uma das utilidades mais nobres da fibra de coco. A elevada

quantidade de lignina produz placas rígidas que absorvem as baixas frequências, reduzindo

substancialmente os níveis sonoros, quer seja por impacto ou aéreos, tornando o material um

excelente isolante. Sua utilização em conjunto com a cortiça apresenta um dos melhores

índices de isolamento acústico (SILVA et al., 2003).

A confecção de painéis acústicos a partir da fibra de coco atende às exigências técnicas

quanto ao controle da qualidade, equiparando-se com os materiais disponíveis no mercado,

inclusive com baixo custo para sua aquisição (MACHADO; DAMM; FORNARI JUNIOR,

2009).

Estas placas de fibra possuem resistência inferior à madeira, entretanto, sua capacidade de

isolamento térmico representa um alto ganho energético com refrigeração, principalmente em

países de clima tropical. Sua aplicação em paredes e tetos é recomendada nestas regiões

(PASSOS, 2005).

Dentro desta concepção, diversos produtos foram introduzidos no mercado com as mais

variadas finalidades.

A utilização de fibras de coco aglomeradas com látex natural e acoplada com plástico e tecido

não tecido (TNT) como revestimento para piso possui grandes vantagens, além da

sustentabilidade (Figura 11). A utilização deste piso reduz em torno de 20% os ruídos quando

comparados aos demais e isola o frio e umidade devido a sua camada de plástico

(ENGEPLAS, [200-?]).

Figura 11 – Piso de fibra de coco

Fonte: (ENGEPLAS, [200-?])

Utilizadas na construção civil como pisos, forros e paredes, as placas são aglomeradas com

látex natural e resina acrílica (Figura 12). Funcionam como antirruído, junta de dilatação e

isolante térmico. Suas principais características são redução de ruído e isolamento térmico de

20%, fácil aplicação, possuem várias densidades e espessuras (ENGEPLAS, [200-?]).

Figura 12 – Placa de fibra de coco

Fonte: (ENGEPLAS, [200-?])

15

3.9 – Banco de automóveis

A utilização de fibra de coco na composição de assentos para automóveis teve inicio com a

Mercedes-Benz em 1994, com a fabricação de encostos de cabeça para os caminhões. A partir

de 1999 a fibra passou a ser utilizada na composição dos assentos dianteiros do modelo

Classe A. Hoje, diversas fábricas europeias utilizam o estofamento de fibra de coco (Figura.

13) (CLAUS, [200-?]).

Comparando os assentos fabricados com fibra de coco e os de espuma derivada de petróleo,

considera-se a fibra superior à espuma devido a condensação do vapor do corpo que a espuma

provoca, enquanto que a fibra permite a aeração, evitando assim o incômodo do suor

(ENGEPLAS, [200-?]).

Algumas vantagens da fibra de coco em relação às espumas de poliuretano, que geralmente

são usadas nos estofamentos, estão descritas a seguir (ENGEPLAS, [200-?]): Permite troca de

calor com o ambiente; • Fabricado com produtos naturais de fontes renováveis; • Contém

tanino, um fungicida natural; • Resistente a impactos; • Maior conforto devido a possibilidade

de ter várias densidades em uma mesma peça; • Biodegradável e reciclável; • Alta resistência;

• São retardantes de chama; • Não tem odor; • Mais durável que os materiais similares.

Figura 13– Bancos de automóveis com fibra de coco

Fonte: (ENGEPLAS, [200-?])

Salazar e Leão ([200-?]) pesquisaram a qualidade dos assentos de fibra de coco utilizados em

automóveis, comparando-os aos de poliuretano. Para as análises de teste de qualidade e vida

útil desenvolveu-se um equipamento que realiza simultaneamente a compressão e torção do

material com o objetivo de simular as condições de uso.

A simulação do envelhecimento foi feita por aquecimento em estufa com circulação de ar por

um período de 7, 30 e 45 dias, com temperatura entre 70 e 750C. Os testes foram realizados

tomando por base que o usuário utilize o assento pelo menos 10 vezes ao dia. Estabelecendo-

se assim 4000 ciclos no ano, como fator de segurança, foram realizados 5000 ciclos no teste.

Cada ciclo corresponde a uma torção e uma compressão. Após os ciclos fez-se a medida para

avaliar a deformação (SALAZAR; LEÃO, 2000).

Com base nos testes de comparação concluiu-se que todas as amostras com fibra de coco

apresentaram deformação superior a da espuma, independente das condições de

envelhecimento e umidade (SALAZAR; LEÃO, 2000).

3.10 - Obtenção de papel

A preocupação em encontrar alternativas sustentáveis para a fabricação de papel e evitar o

desflorestamento tem incentivado o resgate dos processos de fabricação a partir de resíduos

agrícolas (SENHORAS, [2004]).

Diante dessa preocupação, a utilização da casca do coco verde para substituição da madeira é

uma possibilidade visto que, dentro dos padrões industriais, a casca de coco é considerada um

material vegetal apto para a produção de papel, pois possui 33% de celulose em sua

composição (SENHORAS, [2004]).

16

O engenheiro Fred Albán desenvolveu uma pesquisa para a produção de papel com fibras de

coco mescladas à de pinheiros e eucaliptos comumente utilizadas na produção de papel.

Segundo ele, esta mescla é necessária, pois as fibras de coco não são suficientemente

compridas para obter um papel flexível e resistente (SENHORAS, [2004]).

A utilização da fibra de coco reduz a quantidade dos outros materiais, diminuindo tempo de

corte das árvores e área de plantio. Entretanto, existem limitações quanto ao planejamento e a

gestão logística, é necessária uma integração entre a indústria de papel e celulose e a cadeia

agroindustrial do coco verde (SENHORAS, [2004]).

3.11 – Produção de enzimas

Uma boa alternativa para a casca de coco verde é a utilização em processos fermentativos,

com a produção de enzimas. Assim como os demais rejeitos agroindustriais, a fibra de coco

verde contém grande quantidade de compostos como celulose, hemicelulose e pectina que

funcionam como indutores na produção de enzimas extracelulares, como as celulases,

xilanases, pectinases e outras, sendo adequada para o desenvolvimento microbiano sem que

haja necessidade de grandes complementações nutricionais (SENHORAS, [2004]).

A inserção deste processo na fabricação de enzimas no Brasil é muito importante, sendo que o

desenvolvimento da indústria de enzimas nacional é muito pequeno. A maioria das enzimas

utilizadas é importada. É grande o interesse gerado por processos que envolvem tecnologia de

baixo custo energético, com menor impacto ambiental e que utiliza matériasprimas

renováveis, adequando-se ao reaproveitamento de subprodutos da agroindústria

(SENHORAS, [2004]).

3.12– Complementação alimentar animal

A complentação alimentar para animais ruminantes durante os períodos de secas nas regiões

áridas e semiáridas é uma difícil tarefa para os produtores rurais, sendo a utilização de

subprodutos agropecuários, como as palhas, o bagaço de cana-de-açúcar e a fibra do coco

verde uma alternativa satisfatória nesta época (SENHORAS, [2004]). A alimentação animal

não deve ser feita exclusivamente com a fibra de coco como ração, pois a baixa

digestibilidade e pouca palatabilidade dificultam a ingestão voluntária, além de possuir

quantidades insuficientes de minerais, energia e proteínas. Por isso, é necessário o acréscimo

de outros complementos. Para melhorar o aproveitamento da fibra do coco verde é necessário

um tratamento químico relativamente fácil barato e bastante acessível aos produtores

(SENHORAS, [2004]).

3.13–Fabricação de vassouras, cordas e capachos

As fibras de coco podem ser usadas para a fabricação de cordas, capachos e vassouras. Para

fabricação de cordas e vassouras são utilizadas as fibras curtas, o processo é simples e não

exige pessoal especializado (SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

DE SANTA CATARINA, [200-?]).

Até a Segunda Guerra Mundial, as cordas eram feitas de fibras naturais como cânhamo, linho,

coco, sisal, com o surgimento das fibras sintéticas hoje existem diversos tipos de cordas para

diferentes funções (NÓS..., 1999).

Algumas desvantagens das cordas naturais são facilidade de desgaste quando exposta ao sol e

a produtos químicos, o inchamento quando em contato com água e a menor resistência devido

ao fato das fibras naturais não serem contínuas como as sintéticas (NÓS..., 1999).

Os capachos de fibra de coco são resistentes ao tráfego podendo ser usados em encaixe de

entradas, elevadores e escadas. Suas fibras funcionam como escovas que limpam e retêm a

sujeira em até 70% deixando o ambiente mais limpo e um piso protegido. Geralmente, sua

base é emborrachada e antiderrapante, tornando-o mais seguro, além de proteger as fibras,

17

aumentando sua vida útil e mantendo-o livre da umidade (REAL TAPETES, [200-?]).

Algumas desvantagens do capacho de fibra natural em relação a fibra sintética é que ele não

permite a pintura de boa qualidade e não pode ser lavado, devido ao elevado tempo de

secagem (REAL TAPETES, [200-?]).

3.14 – Suporte para biofilme em sistema de tratamento de efluente

Em busca de um método sustentável para minimizar os impactos causados pelos efluentes

industriais realizou-se um estudo de sistema de tratamento biológico utilizando fibra de coco

como suporte para a formação do biofilme. Estes tratamentos geram um menor custo e alta

eficiência na redução da matéria orgânica. Foram realizados testes em colunas de acrílico

utilizando a fibra de coco como suporte. Estas colunas foram alimentadas com um efluente de

esgoto contaminado artificialmente com cádmio. Análises de demanda química de oxigênio

(DQO), demanda biológica de oxigênio (DBO) e microscopia eletrônica de varredura (MEV)

demonstraram que a utilização da fibra apresentou desempenho satisfatório em relação a

redução de DQO, DBO e cádmio (BEZERRA; RIZZO; AZEVEDO, 2008).

3.15 – Outros usos da casca de coco verde que serão abordados no presente estudo

Fonte alternativa de energia - Briquetes

As cascas de coco verde podem ser transformadas em briquetes por meio de um processo de

compactação a elevadas pressões. Os briquetes constam de pequenas toras, resultantes da

compactação do resíduo. Mais densos, com formato padrão e com alto poder calorífico, seu

uso tem atraído estabelecimentos que, para reduzir custos e aproveitar melhor seu espaço

físico, estão aderindo a esta tecnologia. São considerados um “carvão ecológico” de alta

qualidade e substituem com enormes vantagens a queima de óleo combustível e madeira em

fornalhas, processos de gaseificação, lareiras etc.

Os briquetes são ideais para serem usados em caldeiras a vapor e fornos, onde produzem

vapor e calor de qualidade superior aos combustíveis fosseis, gerando uma economia de até

60%. O briquete pode ser utilizado em segmentos industriais como: abatedouros, cerâmicas,

cervejarias, cosméticos, hospitais, hotéis, indústrias alimentícias, indústrias de ração animal,

laticínios, lavanderias, metalúrgicas, tinturarias e qualquer empresa que possua caldeiras para

produção a vapor que podem ser matéria-prima para a produção de energia, emitindo muito

menos gás carbônico do que as formas tradicionais de geração.

Além dessas vantagens, esse processo também gera lucro para o produtor.

Coco na construção civil

A crise energética mundial tem motivado o desenvolvimento de pesquisas sobre o

fibrocimento ou fibroconcreto devido ao fato de a fabricação de cimento exigir menor

demanda de energia comparada com a necessária à fabricação do aço ou dos plásticos. Assim,

no Brasil, a utilização da fibra de coco verde na construção civil pode criar possibilidades no

avanço da questão habitacional, através da redução do uso e do custo de materiais,

envolvendo a definição de matrizes que inter-relacionam aspectos políticos e

socioeconômicos.

Alternativa ao sintético

A fibra pode ser também uma alternativa viável ao material sintético, como as fibras de vidro,

podendo conferir propriedades interessantes em materiais poliméricos, como boa rigidez

dielétrica, melhor resistência ao impacto e características de isolamento térmico e acústico.

Na indústria de embalagens existem projetos para a utilização da fibra de coco, como carga

18

para o PET, podendo gerar materiais plásticos com propriedades adequadas para aplicações

práticas. O resultando será uma bem vinda contribuição para a resolução de problemas

ambientais ao reduzir o tempo de decomposição do plástico. A indústria da borracha é

receptora também de grande número de projetos envolvendo produtos ecológicos diversos,

desde a utilização da fibra do coco maduro e verde na confecção de solados de calçados, até

encostos e bancos de carros. Devido às suas excepcionais performances acústicas, a fibra de

coco (verde e maduro) contribui para uma redução substancial dos níveis sonoros, sendo a

solução ideal para muitos dos problemas na área acústica, superando largamente os resultados

obtidos com a utilização de outros materiais.

4 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O aproveitamento da fibra de coco além de reduzir a quantidade de resíduos sólidos

proporciona uma nova opção de rendimento. A alta disponibilidade, baixo custo e

propriedades físico-químicas adequadas proporcionam a fabricação de diversos produtos de

utilidade para a agricultura, indústria e construção civil, em substituição a outras fibras

naturais e sintéticas.

A fibra, tecida em forma de manta é um excelente material para ser usado em superfícies

sujeitas à erosão provocada pela ação de chuvas ou ventos, como em taludes nas margens de

rodovias e ferrovias, em áreas de reflorestamento, em parques urbanos e em qualquer área de

declive acentuado ou de ressecamento rápido.

Compósitos reforçados com fibras naturais podem ser uma alternativa viável em relação

aqueles que usam fibras sintéticas como as fibras de vidro. As fibras naturais podem conferir

propriedades interessantes em materiais poliméricos, como boa rigidez dielétrica, melhor

resistência ao impacto e características de isolamento térmico e acústico.

Na indústria de embalagens existem projetos para a utilização da fibra de coco como carga

para o PET, podendo gerar materiais plásticos com propriedades adequadas para aplicações

práticas e resultando em contribuição para a resolução de problemas ambientais, ou seja,

reduzindo o tempo de decomposição do plástico.

A indústria da borracha é receptora também de grande número de projetos envolvendo

produtos ecológicos diversos, desde a utilização da fibra do coco maduro e verde na

confecção de solados de calçados, até encostos e bancos de carros.

Devido às suas excepcionais performances acústicas, a fibra de coco verde e maduro contribui

para uma redução substancial dos níveis sonoros, quer de impacto, quer aéreos, sendo a

solução ideal para muitos dos problemas na área acústica, superando largamente os resultados

obtidos com a utilização de outros materiais.

A crise energética mundial das últimas duas décadas tem motivado o desenvolvimento de

pesquisas sobre o fibro-cimento ou ou fibro-concreto devido ao fato de a fabricação de

cimento exigir menor demanda de energia comparada com a necessária à fabricação do aço ou

dos plásticos. Assim, no Brasil, a utilização da fibra de coco verde na construção civil pode

criar possibilidades no avanço da questão habitacional, através da redução do uso e do custo

de materiais, envolvendo a definição de matrizes que inter-relacionam aspectos políticos e

sócio-econômicos.

A confecção de artesanatos variados também representa uma importante forma de

aproveitamento da fibra da casca de coco verde, haja vista que o Brasil tem sido cada vez

mais um importante destino para os turistas de outros países, grandes consumidores deste tipo

de produto.

Os principais estados potenciais consumidores deste tipo de produto são São Paulo, Minas

Gerais, Bahia e Espírito Santo.

O pó de coco é um meio de cultivo 100% natural utilizado para germinação de sementes,

propagação de plantas em viveiros e no cultivo de flores e hortaliças. Como o preço da turfa

19

está cada vez mais elevado e as extratoras de turfas foram fechadas, o pó da casca de coco

verde surge como uma alternativa que evita a aplicação de substratos que produzem impactos

ambientais negativos (turfas, areia, entre outros).

Assim como a fibra o pó da casca de coco verde também pode ser utilizado na confecção de

artesanato, compondo uma massa moldável que pode originar uma grande gama de produtos.

As características de absorção de líquidos do pó também possibilita seu uso em

derramamentos de óleo e como cama para animais de estimação e laboratório.

Por fim, comprimido o pó se transforma em um bricket que substitui a madeira em fornos de

pizzarias, padarias, siderúrgicas e outros

A utilização de fibra de coco na composição de assentos para automóveis, além da

sustentabilidade, possui vantagens como troca térmica com o ambiente, fungicida, não tem

odor, entre outros.

A preocupação em diminuir o desmatamento tem desenvolvido novas alternativas para a

fabricação de papel. A utilização de fibra de coco na fabricação de papel associada às fibras

convencionais mostrou-se eficiente, produzindo um papel de qualidade e boa flexibilidade.

A grande parte dos projetos e pesquisas desenvolvidos para a criação de novos produtos de

custos mais baixos e de boa qualidade obtiveram bons resultados com uso dos princípios da

conservação ambiental e do desenvolvimento para a sustentabilidade.

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, F. A. P.; FURTADO, A. A. L., BRÍGIDO, A. K. L.; NORÕES, E. R. V. Processo

agroindustrial: obtenção de pó de casca de coco verde. Comunicado Técnico 61. Dezembro,

2001a. Fortaleza,CE. 4p.

Aceitabilidade de produtos para a construção civil produzidos a base de fibra de coco na visão

de especialistas do setor: um estudo de caso para a cidade de Natal. Natal: UFRN, 2003.

Disponível em: . Acesso em: 25 março 2014.

AQUINO, A.J.S., BEZERRA, F.C., PAULA, L.A.M. Produção de mudas de meloeiro em

composto à base de casca de coco verde, irrigadas com diferentes soluções nutritivas. Revista

Horticultura Brasileira, Brasília, v. 21, n. 2, p.322, jul. 2003.

ARAÚJO, D.B.; LIMA, A.V.R. dos. Uso de substratos à base de casca de coco verde na

produção de mudas de Calliopsis elegans HORT. In: V Encontro Nacional sobre Substratos

para Plantas (V ENSUB), 2006b, Ilhéus. Resumos...Ilhéus/BA: 2006 p.149. BRÍGIDO,

A.K.L.; ROSA, M.F.; BEZERRA, F.C. Utilização de pó de coco como substrato de

enraizamento para mudas de crisântemo. Fortaleza, 2002, VIII Encontro de Iniciação à

Pesquisa da UNIFOR. Resumos, p.266. Fortaleza, 2002

BENTO, Alinne T. T. M. et al. Aproveitamento da fibra de coco como adição em concreto

não estrutural e suas vantagens em relação ao meio ambiente. In: SIMPÓSIO

INTERNACIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA USP, 16., 2008, São Paulo. Resumos...

São Paulo: USP, 2008. Disponível em: . Acesso em: 25 março 2015.

BEZERRA, Rodrigo dos Santos; RIZZO, Andréa Camadella de Lima; AZEVEDO, Bianca de

Souza Manhães de. Utilização da fibra da casca de coco verde como suporte para formação de

biofilme visando o tratamento de efluentes. In: JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

DO CETEM, 16., 2008, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: Cetem, 2008. Disponível em:

. Acesso em: 25 março 2015.

CLAUS, Carlos. Ciência das fibras: coco. [S.I.], [200-?]. Disponível em: . Acesso em: 25

março 2015.

CARRIJO, O. A.; LIZ, R. S. de; MAKISHIMA, N. Fibra da casca do coco verde como

substrato agrícola. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, n. 4, p. 533-535, 2002.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Processamento da casca do

coco verde para produção de substrato: agricultura orgânica. Gama, DF: Embrapa Hortaliças,

20

[200-?]. Disponível em: . Acesso em: 25 maio 2014. ENGEPLAS. Fibra de coco. Curitiba,

[200-?]. Disponível em: . Acesso em: 25 maio 2014.

FAGURY, Régia Vânia Guilliod. Avaliação de fibras naturais para a fabricação de

compósitos: açaí, coco e juta. 2005. 80 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia

Mecânica, Universidade Federal do Pará, Belém, 2005. Disponível em: . Acesso em: 25 maio

2014.

FARIAS, D.F., FERREIRA, P.M.P., CARVALHO, A.F.F.U., CARVALHO, A.F.U.

Avaliação preliminar do uso da fibra de coco (Cocos nucifera) como cama de animais de

laboratório. Revista da Universidade Rural - Série Ciências da Vida, Rio de Janeiro, v. 24, n.

Suplemento, p. 233-236, 2005.

FRUTAS DO BRASIL. Coco. Pós-colheita. Editor técnico Wilson Menezes Aragão; Brasília:

Embrapa Informação Tecnológica, 2002. 76p. HANDRECK, K. A. Properties of coir dust,

and it use in the formulation of soilless potting media. Comunications in Soil Science and

Plant Analysis, 24, p.349-363, 1993.

HELVÈCIO, J.S. Caracterização morfológica do fruto e química da água de coco em

cultivares de coqueiro anão. Embrapa. Aracaju. 2002.

MIRANDA, F.R., OLIVEIRA, F.N.S., ROSA, M.F., LIMA, R.N. Efeito da cobertura morta

com a fibra da casca de coco sobre a temperatura do solo. Revista Ciência Agronômica, v. 35,

n. 2, p. 335–339, 2004.

MIRANDA, F.R., SOUSA, C.C.M., CRISOSTOMO, L.A. Utilização da casca de coco como

cobertura morta no cultivo do coqueiro anão-verde. Revista Ciência Agronômica, v. 38, n.1,

p. 41-45, 2007.

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Coco pós-colheita. Frutas do Brasil.

Embrapa.Brasília, 2002.75p.

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Coco Produção. Frutas do Brasil.

Embrapa.Brasília, 2003.106p.

ROSA, M.F., BEZERRA, F.C., ARAÚJO, F.B.S NORÕES, E.R.V. Utilização do pó de coco

verde na germinação de alface hidropônico. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 2, p.

294, jul. 2001. Suplemento ref. 545. Edição de resumos do XLI Congresso Brasileiro de

Olericultura, Brasília, DF, jul. 2001b.

ROSA, M. F.; BEZERRA, F. C.; CORREIA, D.; SANTOS, F. J. S.; ABREU, F. A. P.;

FURTADO, A. A. L.; BRÍGIDO, A. K. L.; NORÕES, E. R. V. Utilização da casca de coco

como substrato agrícola. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2002. 24 p.

(Documentos, 52)

SALAZAR, Vera Lúcia Pimentel; LEÃO, Alcides Lopes. Aproveitamento da fibra de coco

com látex para aplicação em assentos automobilísticos. In: CONGRESSO

INTERAMERICANO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 27., 2000, Porto

Alegre. Anais... Porto Alegre: ABES-RS, 2000. Disponível em: . Acesso em: 25 março 2014

SANTIAGO, Brunno Henrique de Souza. Estudo analisa mercado e produtos gerados pelo

emprego industrial da fibra de coco. [S.I.], 2010. Disponível em: . Acesso em: 25 março 2014.

TELHA de fibrocimento vegetal. São Paulo: Redetec, [200-?]. Disponível em: . Acesso em:

25 março 2014.

SENHORAS, Elói Martins. Oportunidades da cadeia agroindustrial do coco verde: do coco

verde nada se perde, tudo se desfruta. Revista Urutágua, Maringá, [2004]. Disponível em: .

Acesso em: 25 março 2014.

site:http://www.cnpat.embrapa.br/home/portfolio/tecnologia.php? id=10 Acesso em: 25

março 2015

SOUSA, F.W.; ANDRÉ, G.O.; MOREIRA, S.A.; ROSA, M.F.; CAVALCANTE, R.M.;

NASCIMENTO, R.F. Estudo da viabilidade de uso da casca de coco verde como adsorvente

21

para remoção de metais pesados de efluentes industriais (aceito Nº QN 264/06). Química

Nova, 2007.

VALE, Aline Colares do; SOARES, Jorge Barbosa; CASAGRANDE, Michele Dal Toe.

Aplicabilidade de fibras de coco em misturas asfálticas tipo SMA. In: CONGRESSO

BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM PETRÓLEO E GÁS, 4., 2007,

Campinas. Resumos... Campinas: ABPG, 2007. Disponível em: . Acesso em: 25 março 2014.

VASOS com fibra de coco verde. Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, São

Paulo, 2009. Disponível em: . Acesso em: 25 março 2014.

WADT, Letícia Helena de Oliveira. Avaliação de divergência genética em coqueiro (cocos

nucifera) usando marcadores RAPD em amostras de plantas individuais ou compostas.

1997.109f. Tese. Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias - Universidade Estadual do

Norte Fluminense. Rio de janeiro.

WWF.Mapa com os biomas brasileiro. Disponível em: acesso 15 Dez 2014.

ANEXO 1

PRODUÇÃO DE COCO NO MUNDO, NO BRASIL E NA BAHIA.

A produção de coco vem crescendo a cada ano a nível mundial, nacional e baiano, nas

Tabelas 01, 02 e 03 isto pode ser melhor visualizado.

A Tabela 01 representa a produção de coco dos principais países produtores do mundo.

Tabela 1 - Principais países produtores de coco com produção no período de 2001 a 2004 (1.000 T)

Fonte: Organização de Alimentos e de Agricultura das Nações Unidas - FAO, 2006.

22

Como pode ser observado, a Indonésia lidera como o país que mais produz coco no mundo,

seguido da Índia e do Brasil.

Os dados da Organização de Alimentos e de Agricultura das Nações Unidas - FAO,

representados na Tabela 01 apontam uma produção de coco para o Brasil superior aos da

Tabela 02 fornecidos pelo IBGE (2006). Este fato pode estar relacionado com a falta de

esclarecimento dos dados, ou seja, os dados do IBGE tratam da produção de coco-da-baía e os

dados da FAO podem abranger outras espécies de coco.

A Tabela 02 mostra a quantidade produzida de coco-da-baia segundo as grandes regiões e os

dois Estados com maior produção em cada região do Brasil no período de 2001 a 2006.

Tabela 2 – Quantidade produzida de coco-da-baia,por região e os dois estados com maior produção em cada

região do Brasil de 2001 a 2006 (1.000 frutos) Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal, 2006.

Analisando a Tabela 02, observa-se que a maior produção de coco no Brasil está na região

nordeste, representando 66,52 % da produção nacional no ano de 2006. A Bahia é o Estado

brasileiro que mais produz coco, representando 47,57 % da produção do nordeste e 31,67 %

da produção nacional no ano de 2006. A produção do Nordeste caiu 7,77% de 2005 para 2006

devido a queda na produção nos Estados do Maranhão, Paraíba, Pernambuco e Bahia,

conforme dados do IBGE (2006).

Com relação à produção nas regiões Norte e Sudeste, houve um acréscimo de 2,98% e 3,82%,

respectivamente, devido ao aumento de produção nos estados do Pará, Rio de Janeiro e

Espírito Santo, conforme mostra a Tabela 02.

A Tabela 03 apresenta os municípios com maior produção de coco-da-baía no Estado da

Bahia no período de 2001 a 2006.

23

Tabela 3 – Municípios baianos com maior produção de coco sa baia no pe’riodo de 2001 a 2006 (1.000 frutos)

Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal, 2006.

De acordo com a Tabela 03, pode-se observar que os municípios de Conde e Esplanada,

localizados no Litoral Norte, lideravam a produção de coco do Estado da Bahia no período de

2001 a 2005 chegando a representar juntos 42,64% da produção do Estado em 2005. Porém,

em 2006 houve uma queda de 50% na produção de coco no município de Conde, ficando na

liderança estadual o município de Esplanada.

A microrregião de Alagoinhas possui dois grandes produtores de coco: os municípios de

Acajutiba e Rio Real. Já a microrregião de Juazeiro tem como o maior produtor o município

de Juazeiro que em 2006 aumentou sua produção em 65%. Os municípios do sul da Bahia

com maior produção de coco são: Valença e Cairu.

Ressalta-se que os municípios de Mata de São João e Camaçari no ano de 2001 tiveram uma

produção de coco de 17.100.000 e 14.850.000 frutos, respectivamente, se destacando entre os

maiores produtores do Estado; porém a partir de 2002 iniciou-se um decréscimo na produção

sendo que em 2006 a quantidade produzida foi de 3.900.000 frutos para Mata de São João e

6.702.000 frutos para Camaçari.(IBGE, 2006), este fato poderá está associado ao aumento de

implantação de loteamentos e hotéis nestes municípios em áreas antes ocupadas por

coqueirais.

24

ANEXO 2

DIMENSIONAMENTO DE UMA UNIDADE DE BENEFICIAMENTO DE CASCA DE COCO

VERDE PARA A PRODUÇÃO DE SUBSTRATO AGRÍCOLA E FIBRA BRUTA

A implantação de uma unidade de beneficiamento de casca de coco verde pode assumir uma

grande diversidade de formas. Tal variação é fruto do produto final pretendido. No caso de

uma unidade para a produção de substrato agrícola e fibra bruta, é necessário um galpão para

processamento de 200 m² e uma área de armazenamento de igual tamanho. Considerando o

custo por metro quadrado de área construída de R$ 350,00, tem-se um investimento em obra

civil da ordem de R$ 140.000,00. Soma-se a este valor o investimento em equipamentos da

ordem de R$ 50.000,00.

Uma unidade deste porte tem capacidade para beneficiar mais de 5.500 toneladas de cascas de

coco por ano, produzindo 250 toneladas de fibra e 485 toneladas de pó. O tempo de retorno

esperado para o investimento é de um ano.

Uma unidade de beneficiamento de casca de coco verde é composta pelos seguintes

elementos: Área de recepção, Área de beneficiamento da casca, Área de lavagem, Pátio de

secagem, Baias de fermentação, Área de beneficiamento da fibra, Área de beneficiamento do

substrato, Secador e Área de armazenagem, Sistema de tratamento de efluentes.

1 - Recepção

A moega de recepção deve ter dimensões suficientes para receber a carga de um caminhão por

vez e ter seu piso em declive (10%) para facilitar o escoamento das cascas

até a boca de saída da moega. A construção deve ser feita em alvenaria e concreto com o

revestimento cimentado natural. A boca de descarga da moega deve estar localizada sobre a

esteira de alimentação da trituradora de cascas possibilitando a alimentação automática da

máquina.

2 - Área de beneficiamento da casca

Na área de beneficiamento das cascas o piso será do tipo “corodur” industrial, ou cimentado

natural (no entanto a aspereza desse prejudica a limpeza do local), com inclinação de 1% em

direção ao esgotamento de águas residuais. Por ser área destinada a instalação de maquinário

25

pesado o piso deverá ser feito em concreto armado para que tenha melhor resistência ao

impacto. Nesta área o as cascas de coco verde serão trituradas, prensadas e serão separadas as

fibras longas do pó e fibras curtas. Para tanto serão instalados os seguintes equipamentos:

Elevador com esteira conduzida por moto redutor (mod moto via) de 1:60 e motor de 0,5 cv

IV pólos. Dimensões: L:0,90 C:1,40 A:1,65 P:80 Kg. Produção 1500 a 2000 cocos/hora

Triturador de Coco Verde motor de 20 cv II pólos. Dimensões: L:0,91 C:1,20 A:1,30 P:300

Kg. Produção 2500 a 3500 cocos/hora

Prensa Rotativa Horizontal motor de 3 cv IV pólos moto redutor de 1:40. Dimensões: L: 0,70

C: 1,00 A: 1,20 P: 300 Kg. Produção 15000 a 18000 kg coco verde por dia.

Classificador de Fibra e Pó motor de 10 cv II pólos. Dimensões: L: 0,60 C: 1,60 A: 1,90

P:300 kg. Classifica 15000 a 18000 de Pó e Fibra por dia.

A área necessária a instalação destes equipamentos deve ser coberta com dimensões de 9,00 x

6,00 m, para que seja possível a descarga dos produtos das máquinas e a circulação dos

operadores. Caso a área não seja contígua a uma parede que possa servir de anteparo para a

fibra que é expelida do classificador é necessária a construção de uma gaiola de tela.

Na saída de líquido da prensa deve ser instalado um dreno para que o líquido seja conduzido à

estação elevatória que levará o líquido para a estação de tratamento de efluentes ou para a

rede de esgotamento sanitário. A entrada do dreno deve ser construída em desnível,

possibilitando o encaixe de um quadro de tela de malha de 1mm, preferencialmente metálica,

mas pode ser utilizada com malha de nylon, com a desvantagem da constante danificação da

mesma.

3 - Área de lavagem

A área de lavagem deverá possuir tanques de alvenaria impermeabilizada, ou de fibra de vidro

para a lavagem do pó da casca do coco. São necessários oito metros quadrados de área de

tanques com profundidade de 1,2 m, para atender a cada 10.000 cocos/dia, considerando

quatro lavagens diárias de pó. O dreno deve ser protegido com tela fina para que o pó seja

filtrado ao final da lavagem.

Os tanques deverão estar localizados próximos ao pátio de secagem para facilitar o transporte

do pó molhado.

A água resultante do processo de lavagem do pó deve ser canalizada para a estação elevatória

que levará o líquido para a estação de tratamento de efluentes ou para a rede de esgotamento

sanitário.

4 - Pátio de secagem

O pátio de secagem será feito de piso concretado com juntas de dilatação, ou asfaltado. Para a

secagem de fibras e pó e fermentação/compostagem, são necessários a cada 1.000 cocos

beneficiados diariamente, serão necessários 100 m2 . Quanto maior a insolação no local

menor a necessidade de pátio.

5 - Área de beneficiamento da fibra

Área coberta, com piso industrial, ou cimentado natural e dimensões de 9,00 x 7,00m. Caso a

área não seja contígua a uma parede que possa servir de anteparo para a fibra que é expelida

26

do classificador é necessária a construção de uma gaiola de tela. Na área de beneficiamento da

fibra serão instalados:

1. Peneira Tipo Túnel de 5 M comprimento com malha de 30mm para Fibra.

2. Prensa Hidráulica 20 T para Fibra do Coco. Dois cilindros hidráulicos, dupla ação. Haste de

2” x 0,90. Um comando dois elementos. Motor de 5cv II pólos. Dimensões: L:1,12 C:4,20

A:1,35 P:500 Kg. Produção estimada 20 a 24 fardos por dia de dimensão: 0,60x0,75x0,75

com peso de 40 a 60 kg.

6 - Área de beneficiamento do substrato

Área coberta, com piso industrial, ou cimentado natural e dimensões de 10,00 x 4,00m.

Localizada próximo às baias de fermentação, para facilitar o transporte do substrato. Nessa

área estarão instalados:

1. Peneira Vibratória com 3 crivos diferentes 2,5 – 5 – 7,5 mm. Motor 1,5 cv IV pólos com

massa excêntrica de 800 gramas.

2. Balança mecânica com capacidade para 500kg e precisão de 100g.

3. Máquina de costura portátil para sacaria.

7 - Secador

Existem no mercado diversos tipos de secadores para este tipo de material, aqui

recomendamos secadores contínuos do tipo tubular ou secadores tipo barcaça. O primeiro

oferece vantagens de produtividade e uniformidade do processo de secagem e o segundo tem

vantagens de custo inferior de instalação. Ambos podem ter como fonte de aquecimento a

lenha ou a queima de gás natural ou GLP. As especificações da área de construção destinada a

cada um dos equipamentos variarão conforme o fornecedor.

8 - Área de armazenagem

Área coberta, com piso industrial, ou cimentado natural e 400m2 . O pé direito deve ser de

5m.

9 - Sistema de tratamento de efluentes

A elevada concentração de matéria orgânica torna o líquido da casca do coco verde (LCCV)

adequado para o tratamento anaeróbio, onde pode ser utilizado sistemas de alta taxa como os

reatores anaeróbios de fluxo ascendente (RAFA ou UASB), ou sistemas de baixa taxa como

as lagoas anaeróbia, dependendo da disponibilidade de área e mão de obra especializada para

operação do sistema de tratamento. Vale ressaltar que, embora reatores anaeróbios possam ser

operados com elevadas cargas orgânicas, eles não conseguem produzir efluente com

parâmetros adequados para ser dispostos no meio ambiente, necessitando de pós-tratamento.

Para tanto, podem ser utilizados sistemas aeróbios (lagoas de facultativas, de maturação ou

polimento, lodos ativados) ou processos como leitos de secagem e disposição no solo. Deve-

se levar em conta que sistemas de tratamento têm custo elevado, sendo necessário um estudo

caso a caso para a adoção da solução ótima.

10 - Operando os equipamentos

As máquinas que fazem o beneficiamento inicial da casca de coco só devem ser acionadas

para processar no mínimo 1500 cocos, ou seja, meia hora de funcionamento. Tal

procedimento é necessário para evitar o desgaste do equipamento com acionamentos

constantes e reduzir o consumo de energia elétrica.

27

A ligação das máquinas é feita no quadro de comando e deve seguir a ordem inversa da

entrada das cascas para evitar engasgues. Dessa forma a ordem de ligação é a seguinte:

1. Classificadora

2. Prensa

3. Triturador

4. Esteira

Somente após todos os equipamentos estarem em funcionamento na rotação adequada é que

se dá início à alimentação das máquinas. Esse procedimento também visa evitar engasgues no

equipamento.

O procedimento de desligamento é feito de forma inversa. Após interromper a alimentação da

esteira o operador irá observar se todo o produto que estava dentro das máquina foi expelido,

ou seja:

• O triturador não deve estar alimentando a prensa;

• A prensa não deve estar alimentando o classificador;

• O classificador não deve estar expelindo fibras ou pó.

Tendo sido confirmado que as máquinas não tem mais produto em seu interior o operador irá

começar o desligamento na seguinte ordem:

1. Esteira

2. Triturador

3. Prensa

4. Classificador

10.1 - Manutenção

Os equipamentos de beneficiamento de casca de coco verde são robustos, mas operam em

condições de grande esforço mecânico. Dessa forma a manutenção constante é fundamental

para que se evite quebras e ampliando a vida útil dos equipamentos, reduzindo assim custos e

evitando acidentes.

Antes do Acionamento do Equipamento

1. Antes de acionar as máquinas o operador deverá verificar, as tensões das correias de

acionamento, proceder o esticamento da mesma, se necessário, ou ainda sua substituição em

situação de desgaste excessivo.

2. Antes de ligar o equipamento deve ser feita uma inspeção nas máquinas para verificar a

presença de materiais estranhos ou animais no interior das mesma, o que poderia provocar

acidentes, ou contaminação do produto.

3. Antes de acionar as máquinas o operador deverá verificar, o estado de conservação das

facas e o seu aperto. Uma faca que se solte no interior do triturador em pleno funcionamento

pode atravessar facilmente a carenagem do equipamento e ferir seu operador.

4. Também deve ser observado o estado de, rolos, engrenagens, esteiras e correntes.

Rachaduras no equipamento ou o rompimento de peças podem provocar acidentes sérios.

Após o Acionamento dos Equipamentos

1. O operado deve observar barulhos ou ruídos estranhos e desligar o equipamento

imediatamente quando eles ocorrerem, buscando identificar sua origem e corrigir o problema

antes do novo acionamento da máquina.

2. Observar se a prensa não está travada

3. Observar se não há obstruções no triturado ou classificador.

Após o desligamento dos equipamentos

28

1. Caso seja o final do turno de trabalho o operador deverá lavar o triturador, ou seja, com a

máquina em funcionamento, colocar 2 baldes de água na boca alimentadora, esperar a

expulsão do excesso de água e proceder o desligamento na ordem estabelecida.

2. Ao final de cada dia deverá ser feita a lubrificação dos mancais e correntes, observando o

estado dos gracheiros, rolamentos, engrenagens e partes que necessitem reaperto.

3. Verificar se ficou algum material acumulado no interior dos equipamentos.

10.2 - Considerações sobre segurança

O pessoal que irá trabalhar no beneficiamento da casca de coco verde deverá usar os seguintes

equipamentos de proteção individual:

• Luvas;

• Avental de raspa de couro;

• Protetor auricular;

• Óculos de segurança;

• Botas de borracha.

Não deve ser permitido o uso de colares, pulseiras ou camisas de manga que representem

risco de enganchamento nas máquinas, o que pode causar sérios acidentes.

Também não deve ser permitida a presença de pessoas não capacitadas para a operação das

máquinas na área de processamento. Os equipamento são de alta potência e podem causar

graves acidentes a qualquer deslize ou uso indevido.

Extintores e mangueiras de incêndio devem estar sempre disponíveis, principalmente na área

de armazenagem, onde se concentra o material com baixa umidade.

29

ANEXO 3

ETAPAS DO PROCESSAMENTO DA CASCA DE COCO VERDE

O processo de obtenção do pó e da fibra da casca de coco verde, é feito mecanicamento com a

utilização de um conjunto de equipamento desenvolvidos em parceria da Embrapa

Agroindústria Tropical com a metalúrgica FORTALMAG. A produção de pó e fibra da casca

de coco verde é constituído basicamento de três etapas:

Figura 1 – Equipamento para processamento da casca de coco verde.

Na Figura 1, pode-se observar o equipamento completo, que realiza as seguintes ações:

• Trituração: as cascas inteiras ou cortadas são processadas por uma máquina que possui um

rolo de facas fixas responsáveis pelo esmagamento da parte fibrosa do fruto. Este

procedimento possibilita a realização da etapa de seleção e prensagem.

• Prensagem: o material triturado é transportado para uma prensa rotativa horizontal, que

extrai o excesso de líquido do produto triturado. A casca de coco tem alta concentração de

sais em níveis tóxicos para o cultivo de várias espécies vegetais. A casca de coco verde têm

85% de umidade e a maior parte dos sais se encontra em solução. A extração desta umidade

via compressão mecânica possibilita a extração conjunta dos sais. A eficiência desta etapa é

30

de importância fundamental para a perfeita seleção do material na etapa seguinte e também

para a adequação do nível de salinidade do pó obtido no processamento.

• Seleção: após a prensagem, as fibras, que correspondem a 30% do produto final são

separadas do pó, equivalente a 70%, em uma máquina selecionadora, que utiliza marteletes

fixos helicoidais e uma chapa perfurada. O material é turbilhonado ao longo do eixo da

máquina, o que faz com que o pó caia pela chapa perfurada e a fibra saia no fim do percurso.

Nas etapas subseqüentes, o pó e a fibra seguem rotas distintas de processamento até a

obtenção, respectivamente, do substrato agrícola e da fibra bruta de casca de coco verde que,

por processo apropriado, é convertida em uma grande variedade de produtos. O fluxograma,

no anexo, apresenta as etapas do processo de obtenção de substrato agrícola inerte e fibra

bruta.

1 - Produção de pó e fibra da casca de coco verde

Figura 2 - Fluxograma operacional da etapa de produção de substrato agrícola e fibra de coco verde.

1.1 - Coleta da Casca de Coco Verde e Transporte

Ao chegarem à unidade de beneficiamento, os caminhões carregados de casca de coco verde

(CCV), se possível, deverão ser pesados. No mercado existem vários modelos de balanças

31

para caminhão, o tipo mais adequado deverá ser definido em função do tipo de veículo que

fará o transporte das cascas. Neste momento também será realizada a identificação da origem

do material, tipo (inteiro ou bandas), data de recepção e outras informações relevantes ao

controle do fluxo de entrada de CCV na unidade de processamento. O controle permitirá obter

informações úteis ao processo de planejamento, pois possibilita conhecer melhor a dinâmica

de geração de casca nos pontos de fornecimento, dias da semana e meses do ano com maior

volume de produção, possibilitando o planejamento da produção e da formação de estoques.

Também possibilita verificar a produtividade da fábrica e eliminar possíveis fontes de

desperdício. A casca de coco deve chegar à unidade de beneficiamento em até três dias após a

extração da água. Esse procedimento visa elevar a qualidade dos produtos finais (pó e fibra),

pois a desidratação da casca aumenta a sua densidade e prejudica as etapas seguintes do

processamento, reduzindo a eficiência da retirada dos sais na etapa de prensagem e da

separação das fibras na etapa de classificação. Após a pesagem o caminhão deverá despejar a

carga na moega de recepção. A moega de recepção tem uma declividade que conduz a matéria

prima para esteira de alimentação, que a elevará para a entrada da linha de processamento.

Neste momento deve ser feita a retirada de material estranho ao processamento como,

canudos, plásticos, pedras, cascas ressecadas podres etc. É importante também que seja

mantido um fluxo uniforme de alimentação da linha de processamento para garantir a

eficiência da etapa de prensagem.

Figura 3 - Descarga de cascas de coco

A alimentação da esteira deve obedecer à vazão obtida na etapa de prensagem. Caso o volume

seja muito pequeno a prensagem se torna pouco eficiente e a retirada dos sais, bem como a

etapa de classificação são prejudicadas. Se o volume de cascas é maior que a capacidade de

prensagem, irá ocorrer um acúmulo de material triturado na entrada da prensa e ocorrerá o

travamento da mesma ou “embuchamento”. Para controlar a velocidade de alimentação

existem três formas: 1. Manualmente controlar o número e tamanho de cascas que entram na

máquina; 2. Redução do número de pás/ganchos da esteira de alimentação; e 3. Controle da

velocidade da esteira de alimentação Os modelos de equipamentos mais novos permitem o

controle de velocidade da esteira de alimentação, o que facilita sobremaneira este ajuste da

alimentação. No entanto em casos de embuchamento constante podem ser retiradas

pás/ganchos da esteira numa distribuição uniforme. Estas duas formas de controle do fluxo de

alimentação não substituem a primeira. O monitoramento da esteira deve ser feito

constantemente, tanto para evitar a entrada de materiais estranhos ao processamento, com dito

anteriormente, como para retirar cascas muito grandes ou acumuladas nas pás da esteira.

32

Figura 4 - Alimentação da linha

1.2 - Trituração

Nesta etapa as cascas inteiras ou cortadas são processadas pela máquina trituradora de CCV,

essa possui um rolo de facas fixas que trituram as cascas. Ao final dessa etapa se obtém a

CCV desintegrada. A trituradora da com facas fixas minimiza o corte das fibras, viabilizando

a separação e o aproveitamento posterior das fibras longas. Este procedimento possibilita a

realização das etapas seguintes de prensagem e classificação. Existem no mercado outros

equipamentos para triturar a casca de coco. Podemos agrupá-los segundo suas ferramentas de

corte: Disco e facas, Discos de corte alternados, 0 e moinhos universais. Estes equipamentos

trituram integralmente a casca de coco verde e são úteis em sistemas onde o aproveitamento

da fibra não é requerido.

Figura 5 - Máquina trituradora de casca de coco verde

1.3 - Prensagem

A casca de coco tem alta concentração de sais em níveis tóxicos para o cultivo de várias

espécies vegetais. Segundo Prisco & Oleary (1970), os danos da salinidade na germinação de

sementes estão relacionados aos efeitos osmótico e tóxico dos íons. Porém, muitas

espécies/variedades apresentam diferentes graus de tolerância/sensibilidade aos efeitos

negativos dos sais durante o cultivo. Como um ponto de referência, uma CE de 3 dS/m limita

o crescimento da maioria das plantas. Para o caso de culturas mais sensíveis à salinidade, esse

33

valor deverá situar-se em níveis abaixo de 1,0 dS/m (Ayers & Westcot, 1991). A casca de

coco verde tem 80% de umidade e a maior parte dos sais se encontra em solução. A extração

de parte desta umidade via compressão mecânica possibilita a redução da salinidade de 4,7

dS/m, observada na casca antes do beneficiamento, para próximo de 1,3 dS/m. Assim obtém-

se uma redução na necessidade de água para o processo de lavagem que irá reduzir a

salinidade para próximo de 0,3 dS/m. A CCV desintegrada é prensada num prensa de rolos

horizontais. Ao final da prensagem são obtidas as cascas desintegradas com a umidade

reduzida, e o líquido da casca de coco verde (LCCV), numa proporção de 30% do peso inicial

de cascas processadas é extraído na forma de LCCV, cuja composição possui açúcares

fermentescíveis, compostos fenólicos, cátions (cálcio, magnésio, potássio e sódio) e ânions

(cloreto, bicarbonato e sulfato), além de elevados valores de DQO e DBO. Tais características

indicam a necessidade de tratamento adequado para esta água residuária gerada no processo

de beneficiamento da casca de coco verde.

A eficiência desta etapa é de importância fundamental para a perfeita seleção do material na

etapa seguinte e também para a adequação do nível de salinidade do pó obtido no

processamento. Para obtenção de melhores resultados nesta etapa a casca de coco não pode

estar desidratada, para tanto é importante que seja beneficiada até 3 dias após o consumo, para

que possua o máximo de umidade possível, o que otimiza a retirada de sais. O operador das

máquinas deve estar sempre atento para proceder a limpeza das caixas de tela que filtram o

LCCV que sai da prensa, para evitar que os restos de fibra e pó obstruam a mesma. O material

retido pode ser recolocado na prensa junto com o material novo. Ao fim do beneficiamento o

material restante deve ser descartado.

Figura 6- Máquina para prensagem de casca de coco verde

1.4 - Classificação

Após a prensagem são separadas as fibras do pó na máquina classificadora com um rolo de

facas fixas e uma chapa perfurada. O material é turbilhonado ao longo do 22 eixo da máquina,

o que faz com que o pó caia pela chapa perfurada e a fibra saia no fim do percurso. É

necessário que o operador, com um rodo de borracha ou vassoura, auxilie na descarga do pó,

operação que deve ser procedida de 5 em cinco minutos, conforme os orifícios da tela

comecem a ficar obstruído dificultando a saída do pó. O pó selecionado cai na base da

máquina, podendo ser recepcionado em caixas plásticas, carrinhos adaptados ou mesmo no

chão. Nos dois primeiros casos os recipientes são trocados sempre que os estejam cheios e

trocados imediatamente por outros vazios. No terceiro caso de forma contínua o operador faz

a raspagem do pó com um rodo, puxando o material para uma pilha de onde posteriormente

será levado para a etapa de lavagem. Nas etapas subseqüentes o pó e a fibra seguem rotas

34

distintas de processamento até a obtenção do substrato agrícola e da fibra bruta de casca de

coco verde em suas formas de apresentação comercial.

Figura 7 - Descarga de pó da casca de coco verde

2 - Produção de substrato agrícola

2.1 - Lavagem

O pó da CCV obtido após a etapa de classificação tem condutividade elétrica entre 1,3 dS/m.

Como citado anteriormente o substrato agrícola deve ter salinidade próxima a 1,0 dS/m, no

entanto como ao pó de casca de coco ainda serão adicionadas fontes de nutrientes na forma de

adubos químicos ou orgânicos, que irão aumentar novamente a salinidade do substrato, a

condutividade elétrica do pó deve se situa em trono de 0,5 dS/m. Para atingir este nível de

salinidade é necessária a realização de uma lavagem do pó com água limpa (com

condutividade inferior a 0,3 dS/m) na proporção volumétrica de 1:1. Esta lavagem é feita em

caixas d’água de fibra, ou de alvenaria, que são preenchidas com pó até a metade de seu

volume, em seguida adiciona-se água até o enchimento por completo da caixa. Estando a

caixa cheia com o pó e a água é feito um revolvimento do material, ou com o auxilio de uma

haste de metal ou madeira. O pó deve ficar na água por cerca de 15 minutos. Depois retirado o

tampão da saída de água da caixa, deixando-se escoar a mesma. A saída de água deve estar

protegida por um elemento filtrante para evitar a perda de pó. Obtivemos bons resultados com

a utilização de uma camada de 30 a 50cm de fibra da casca de coco, com forme a figura a

seguir.

Figura 8. Esquema do tanque de lavagem do pó da casca de coco

O pó retirado dos tanques e espalhado no pátio de secagem, em camadas de 5,0 a 10cm de

espessura, pelo período de um dia para a evaporação do excesso de umidade. O Efluente

gerado nesta etapa é tratado juntamente com o LCCV. 4.2.2. Fermentação O pó da casca de

coco verde possui uma relação C / N elevada, o que confere ao substrato da casca de coco

verde uma boa estabilidade. No entanto, nos primeiros dias após a sua produção ainda se

observa atividade fermentativa no pó. Caso o pó seja utilizado neste período podem ser

35

observados problemas com a imobilização de nutrientes e morte de raízes, devido às altas

temperaturas observadas durante a fermentação. Para prevenir estes problemas o pó é

acondicionado em baias de fermentação e revolvido semanalmente por 60 dias, ou até que a

temperatura interna da pilha de pó se equilibre à temperatura ambiente (gráfico 1), o que pode

ser medido com um termômetro de haste. As medições de temperatura devem ser feitas pelo

menos três vezes por semana.

No momento de enchimento das baias o pó será misturado com uréia, na proporção de 2

gramas para cada quilo de pó. A forma mais fácil de fazer a distribuição é diluir a uréia em

água e regar o pó enquanto o mesmo estiver espalhado no pátio. Essa operação deve ser feita

utilizando-se o mínimo de água possível para distribuir uniformemente a uréia. Tão logo seja

feita a aplicação da uréia o pó deve ser enleirado (figura 9), pois a exposição ao sol facilita a

perda de nitrogênio por volatilização, o que não é desejável.

Figura 9 - Leiras de fermentação de pó de coco

A etapa de fermentação ou compostagem do pó é fundamental para a qualidade do substrato.

Desta forma, é de fundamental importância que os lotes de pó seja identificados com o

número da leira onde se encontram no momento, dia de início da incubação, dosagem de uréia

aplicada, evolução da temperatura da pilha e condutividade elétrica do pó ao ser incubado.

Essas informações devem ser atualizadas, no mínimo, a cada revolvimento do material.

Figura 10. Revolvimento das leiras de compostagem

2.3 - Tratamento Térmico/Secagem A casca de coco verde beneficiada tem inúmeras origens, indústrias, bares, praias, etc., e não

raro chegam à unidade de beneficiamento já com o ataque de microrganismos e insetos, que

no campo são responsáveis pela degradação das cascas. No entanto, alguns destes podem ser

considerados como pragas em culturas que irão utilizar o pó da casca como substrato agrícola.

A forma recomendada de evitar que estes microrganismo e insetos venham a contaminar o

substrato e causar prejuízos aos clientes da empresa é o uso do tratamento térmico. Outra

vantagem do tratamento térmico é a remoção do excesso de umidade que ainda persiste no

substrato, que, em geral, chega ao final do processo de fermentação com mais de 50% de

umidade, quando o mercado deseja que o pó da casca de coco seja comercializado com cerca

de 30% de umidade.

36

Figura 11 - Secador rotativo.

Como já citado anteriormente, existem vários modelos de secadores no mercado que podem

ser utilizados para o pó de coco. Suas temperaturas de operação variam, mas deve ser

observado, para que se tenha eficiência na descontaminação, pelo menos a aplicação de 80ºC

durante 20 minutos. Com o aumento da temperatura o tempo necessário reduz. Normalmente,

as temperaturas e tempos utilizados para secar o pó até 30% de umidade serão suficientes para

a correta desinfecção do substrato.

2.4 - Moagem

O pó obtido na etapa de classificação ainda traz uma parcela importante de fibras de diversos

comprimentos. Essa desuniformidade do produto pode gerar vários problemas no momento de

sua utilização. O pó tende a se separar das fibras mais longas, descendo no perfil dos vasos

maiores, aumentando a densidade e reduzindo a aeração na porção inferior do mesmo, o que

pode gerar problemas para o desenvolvimento das raízes das plantas. Uma forma de

solucionar este problema é reduzir o comprimento das fibras, melhorando a estabilidade da

mistura pó/fibra. Para tanto é utilizado um moinho de facas paralelas, que irá reduzir as fibras

a menos que 2cm de comprimento. O moinho tem maior eficiência quanto é alimentado com

o pó de coco com umidades inferiores a 50%, quanto mais seco melhor. Dessa forma pode ser

necessária uma secagem ao sol após a etapa de compostagem.

2.5 - Peneiramento

A granulometria exigida para o substrato agrícola de pó da casca de coco verde é variável de

acordo com o tipo de cultivo realizado. No cultivo de mudas em pequenas células é necessário

um substrato fino, composto apenas pelo pó. Em cultivos de plantas ornamentais ou hortaliças

feitos em gandes vasos (também se aplica para sacos, calhas e bolsas de cultivo) o substrato

deve ter uma granulometria mais grossa, sendo composto em parte por fibrilas, evitando assim

problemas futuros com a aeração. Desta forma, a unidade de beneficiamento deve, segundo a

demanda dos clientes, peneirar o substrato em diferentes malhas e realizar a mistura que

resulte na granulometria demandada. Após a secagem este processo se torna mais eficiente e

em escalas menores pode ser feito com peneiras manuais. No entanto, em unidade que atuem

na capacidade de seu equipamento é recomendável a aquisição de peneiras vibratórias ou

giratórias, com diâmetros de furos com as variações de 5, 10 e 20mm, que possibilitarão

agilidade no beneficiamento, economia de mão de obra e o atendimento da maioria das

demandas de granulometria dos substratos utilizados. Algumas demandas podem exigir a

mistura de material, que tenha passado por diferentes peneiras. Nesses casos é interessante

que o cliente envie uma amostra do material de referência, para que este seja analisado em um

laboratório de solos. De posse da caracterização granulométrica do material é possível realizar

a formulação necessária.

37

Figura 12. Peneira rotativa

2.6 - Formulação

O substrato da casca de coco verde é considerado inerte pelos baixos níveis de nutrientes e

sua alta relação C/N, que torna a degradação da matéria orgânica muito lenta. Desta forma, o

substrato normalmente é utilizado em combinação com outras fontes de nutrientes, sejam elas

orgânicas ou concentradas. Essa forma de uso faz com que parte do mercado demande

substratos “formulados” na origem. A adição de nutrientes, ou formulação, pode ser feita em

conformidade com a demanda do cliente após a etapa de peneiramento. Para proceder a

formulação é necessário que o substrato seja enviado a um laboratório de análise de solo que

esteja habituado a analisar substratos. O resultado das análises de fertilidade devem ser

apresentados a um técnico especialista em fertilidade de solos para que o mesmo proceda os

cálculos das necessidades de correção do substrato, fornecendo assim as proporções das

fontes de nutrientes que irão ser utilizadas na formulação. As fontes de nutrientes podem ser

misturadas ao substrato na forma sólida, para tanto é necessária a utilização de um misturador

mecânico, do tipo utilizado em fábricas de ração animal. Outra forma, para menores

quantidades é a utilização de fontes solúveis de nutrientes, como as utilizadas em

fertirrigação. Os fertilizantes são dissolvidos em água, produzindo-se assim uma calda. O pó é

disposto no pátio de secagem em uma camada uniforme de 5 a 8 cm de espessura, então é

distribuída uniformemente a calda sobre o pó com o uso de um regador e feita a

homogeneização do mesmo com uma enxada. Deve ser utilizado o mínimo possível de água

para dissolução dos fertilizantes e para a distribuição uniforme sobre a camada de pó.

2.7 - Embalagem

O substrato agrícola é comercializado usualmente em sacaria de ráfia ou sacos plásticos com

espessura de 15 micras. O tamanho das embalagens varia conforme o mercado pretendido. O

mercado de uso doméstico usualmente aceita melhor embalagens com até 5 litros de substrato

e o mercado agrícola faz uso de embalagens de 100 litros. O ensacamento será feito de forma

manual com o auxílio de uma balança. O fechamento dos sacos de ráfia será feito com costura

e as embalagens plásticas serão seladas em seladoras elétricas.

2.8 - Armazenamento

Após embalados os produtos deverão ser armazenados empilhados sobre pallets, evitando o

contato com o piso, o que poderia transferir umidade ao material. Cada metro cúbico

comporta 12 sacos empilhados e cada saco contém 30 kg de pó de coco a 30% de umidade,

desta forma são necessários, aproximadamente 3m3 para a armazenagem de 1.000kg de pó.

38

Considerando 4m de altura para o empilhamento, temos 0,75m2 de área útil para cada

tonelada de pó armazenada.

3 - PRODUÇÃO DE FIBRA DA CASCA DO COCO VERDE

3.1 - Secagem

A fibra que sai do classificador com umidade acima do desejado que é 18%. Desta forma é

necessário que se proceda sua secagem ao sol. Nesta etapa é importante observar que a fibra

não deve passar a noite exposta em céu aberto para que não seja reumidificada pelo orvalho.

Em locais ou épocas com pouca disponibilidade de sol, pode ser necessário o uso do secador

para realizar esta etapa. Para tanto pode ser utilizado o mesmo secador já dimensionado para o

pó, mas é necessário que no momento de sua aquisição/construção 28 seja previsto este caso,

evitando assim alguns modelos específicos para pó, como os secadores de fluxo concorrente,

comumente utilizados em fábricas de ração animal.

3.2 - Reclassificação

A fibra que sai da classificadora ainda vem com alguns restos do endocarpo do coco e com

um pouco de pó. Para conferir a qualidade final para a comercialização é necessário que seja

feito um peneiramento da fibra, separando-a das impurezas. Para tanto será utilizada a própria

máquina classificadora. É feita a desacoplagem da esteira de alimentação que a liga ao

restante da linha de processamento e alimenta-se a classificadora com a fibra seca de forma

manual. Como sub-produto deste processo obtêm-se fibrilas e casquilhos, que podem ser

utilizador na composição de substratos agrícolas de granulometria mais grossa quando

misturados ao pó da CCV. Para não ter de parar a linha principal de processamento pode ser

necessária a aquisição de uma peneira rotativa específica para realizar a etapa de

reclassificação da fibra.

3.3 - Enfardamento

A fibra é muito pouco densa. Desta forma, para reduzir os custos com seu transporte é feita a

compactação e o enfardamento do material. Existem diferentes modelos de prensa que podem

realizar esta etapa, mas o mais comum é o uso de prensas hidráulicas verticais com carga no

pistão de pelo menos 20 ton. A câmara da prensa é preenchida com a fibra, aciona-se o pistão

da prensa, em seguida eleva-se novamente o pistão e repetem-se as etapas anteriores até que o

fardo tenha as dimensões desejadas e a densidade próxima de 700 kg/m3 . O amarrio é feito

com arame grosso, a exemplo dos fardos de algodão.

3.4 - Armazenamento

Os fardos deverão ser armazenados empilhados sobre pallets, evitando o contato com o piso

que poderia transferir umidade ao material. Cada metro cúbico de fibra enfardada em prensa

de 10 toneladas representa 330 kg de fibra. Desta forma para armazenar uma tonelada de fibra

de coco são necessários cerca de 3m3, com altura de empilhamento de 4m seriam necessários

0,75m2.