reapresentaÇÃo do relatÓrio cientÍfico projeto temático

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1 REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático – Lideranças Políticas no Brasil: características e questões institucionais Nº do processo – 2012/50987-3 No primeiro Relatório Científico - período de 01/07/2013 a 30/08/2014, apresentamos a estruturação da pesquisa, a montagem das equipes, alguns resultados parciais possíveis em um primeiro momento da pesquisa e esclarecimentos sobre as participações e publicações dos pesquisadores. Embora já tivéssemos alguns dados e pesquisas desenvolvidas neste curto período de tempo, nos restringimos a apresentar, sucintamente a estrutura de um Banco de Dados sobre Lideranças Políticas no Brasil e as linhas de estruturação teórica. Convém lembrar que desenvolvemos um grande esforço para montar a estrutura e a estratégia da pesquisa, de modo a avançar de forma consistente nas quatro linhas do projeto. Este primeiro relatório foi avaliado e, em consequência, solicitadas complementações ao mesmo. Neste sentido, atendendo às recomendações do parecerista, complementamos o relatório científico, conforme as indicações dadas no parecer. Seguimos de forma sistemática as indicações emitidas no parecer. GRUPO 1: LIDERANÇAS POLÍTICAS NAS TEORIAS E SISTEMAS DE PENSAMENTO Procuramos sistematizar os estudos realizados neste primeiro ano de trabalho acerca das abordagens teóricas que esperamos responder às solicitações do parecerista. A conexão entre pensadores de teorias e épocas distintas se dará no sentido contrastante, com base na formulação do problema. Nosso objetivo é construir um campo teórico conceitual que dê conta da diversidade do comportamento político, estilos de atuação, procedência das lideranças em contextos históricos distintos. Essa delimitação teórico-conceitual é imprescindível para a análise das lideranças políticas brasileiras selecionadas.

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Page 1: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

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REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO

Projeto Temático – Lideranças Políticas no Brasil: características e questões institucionais

Nº do processo – 2012/50987-3

No primeiro Relatório Científico - período de 01/07/2013 a 30/08/2014, apresentamos a

estruturação da pesquisa, a montagem das equipes, alguns resultados parciais possíveis

em um primeiro momento da pesquisa e esclarecimentos sobre as participações e

publicações dos pesquisadores. Embora já tivéssemos alguns dados e pesquisas

desenvolvidas neste curto período de tempo, nos restringimos a apresentar,

sucintamente a estrutura de um Banco de Dados sobre Lideranças Políticas no Brasil e

as linhas de estruturação teórica. Convém lembrar que desenvolvemos um grande

esforço para montar a estrutura e a estratégia da pesquisa, de modo a avançar de forma

consistente nas quatro linhas do projeto.

Este primeiro relatório foi avaliado e, em consequência, solicitadas complementações ao

mesmo. Neste sentido, atendendo às recomendações do parecerista, complementamos o

relatório científico, conforme as indicações dadas no parecer. Seguimos de forma

sistemática as indicações emitidas no parecer.

GRUPO 1: LIDERANÇAS POLÍTICAS NAS TEORIAS E SISTEMAS DE PENSAMENTO

Procuramos sistematizar os estudos realizados neste primeiro ano de trabalho acerca das

abordagens teóricas que esperamos responder às solicitações do parecerista. A conexão

entre pensadores de teorias e épocas distintas se dará no sentido contrastante, com base

na formulação do problema. Nosso objetivo é construir um campo teórico conceitual

que dê conta da diversidade do comportamento político, estilos de atuação, procedência

das lideranças em contextos históricos distintos. Essa delimitação teórico-conceitual é

imprescindível para a análise das lideranças políticas brasileiras selecionadas.

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Divisamos inicialmente três grandes linhas de desenvolvimento analítico que estão em

processo de construção, mas já apresentaram produtos efetivos para a construção

conceitual.

I. Com base no pensamento político a partir das leituras de autores

clássicos e modernos discernimos algumas abordagens contrastantes entre o

pensamento da antiguidade greco-romana, medieval e a época moderna.

Um traço distintivo do período antigo (inclusive medieval) é o predomínio de uma

concepção de governo como um exercício da arte de comando. A dimensão

institucionalizada do poder soberano não configura um aspecto central. Platão no seu

diálogo a República define o governante como aquele dotado de uma arte específica

adquirida num longo processo de educação. O governante se distingue pela techné

regida por normas justas do agir.

Aristóteles, diferentemente de Platão, nos livros IV, V e VI da Política empreende uma

separação entre os domínios teóricos e a ação (práxis), inaugurando um campo de saber

prático. Assim, uma forma de governo deve ser pensada não somente do ponto de vista

da sua idealidade, mas como exequível. Temos, então, uma gênese do que, mais tarde,

nas épocas modernas e contemporâneas constituiria os estudos específicos da ciência

política. Trata-se da busca de uma estabilidade política ou fixar um ordenamento ou

taxis que imprima racionalidade ou previsibilidade às ações políticas. Em Max Weber o

êthos político da responsabilidade se aproxima da phronesis (uma práxis prudencial)

aristotélica. Embora a Constituição da cidade ou a forma do governo, em Aristóteles,

não se distingue do modo de ordenamento da vida política dos cidadãos, o problema

político do filósofo é de evitar a corrupção ou stásis de uma forma de governo: de uma

forma legítima com base na lei para uma forma corrupta com base nas paixões pessoais

dos governantes. A aproximação dos pensamentos de Weber e Aristóteles é profícua

e vai merecer uma atenção especial neste próximo ano de pesquisa.

Longe de reduzir a tradição antiga em Platão e Aristóteles, temos que registrar a

corrente de pensamento do estoicismo que exerceu grande influência nas artes de

comando nos períodos helenístico e do Império romano. Trata-se de um pensamento

político importante para definir um êthos de atuação política que deve orientar os

governantes ou liderança política.

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O pensamento medieval, com destaque para a diversidade das correntes do cristianismo,

fez uma releitura da antiguidade imprimindo um sentido próprio. Cabe destacar que a

centralidade no exercício do governo, ou poder político, conferido pelos pensadores,

toma a forma de deveres a serem cumpridos segundo uma tábua de valores prévios.

Durante um longo período, o governo dos reis se colocou como submisso ao governo

eclesiástico, numa clara separação de funções entre o governo das almas e dos corpos,

com a superioridade do primeiro em relação ao segundo.

Seguindo as sugestões de Michel Senellart (2006), os modos de exercício do governo

implicam em diversos tipos de regime político. As artes de governar ganham destaques

nos períodos em que não se configura o Estado como detentor da soberania. Até

Maquiavel no século XVI o termo stato é empregado no sentido de exercício do poder

político. Já com Hobbes, no século XVII, as práticas de governo se submetem às

exigências de uma poder soberano.

Grosso modo, em que pesem as nuanças dos pensadores políticos antigos e medievais, a

concepção de governo como uma arte de comando, transmuta, com a razão de Estado no

século XVII, na capacidade de fazer-se obedecer (SENELLART, 206, p. 37).

*

A partir de um problema do presente, a governamentalidade nas democracias

contemporâneas, Foucault retoma a Antiguidade grega do período clássico para a

análise do termo parresía que compõe, segundo Políbio, juntamente com o termo

isegoria, a definição da Democracia. Por governo, Foucault entende o conjunto das

instituições e práticas através das quais se guiam os homens desde a administração até a

educação. Trata-se de um conjunto de procedimentos, técnicas, métodos que garantem a

orientação dos homens, uns pelos outros (FOUCAULT, 2010b p. 345). Tendo em vista

a sugestão do autor, entendemos ser importante para a delimitação de um campo

analítico da liderança política a retomada de suas pesquisas sobre o exercício do

governo na antiguidade.

Silvana Tótora e Miguel Chaia apresentaram o grupo de Teoria Política do IX Encontro

da Associação Brasileira de Ciência Política, o trabalho intitulada, Liderança política:

parresía e virtù. Elaboramos um texto publicado nos anais do Encontro e para a

apresentação oral na Sessão da Área Temática, Democracia, liderança e teoria política

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na América Latina, em Brasília no dia 05 de agosto de 2014. Este texto foi o produto de

discussões no grupo de pesquisa com vistas à delimitação de um campo teórico

conceitual para a liderança na atualidade. O texto integral será trabalhado para a

publicação em um Periódico no próximo ano, como um primeiro produto consistente da

pesquisa. (anexo o texto integral em sua primeira versão não revisada).

*

Do artigo Liderança política: parresía e virtù, gostaríamos de destacar uma primeira

elaboração de linhas de análises das lideranças políticas tendo em vista a construção de

tipologias organizadas em dois grandes blocos.

No primeiro bloco podemos reunir diferentes atuações políticas de liderança tendo

como diferencial a ascendência de uns sobre os outros, pelos seguintes fatores: dar

início a algo novo, a fundação de novas instituições e arranjos políticos, catalisar

grandes mudanças sociais; um êthos expresso na coragem da verdade (parresía) no

enfretamento dos que governam, pondo em risco sua vida. Essa opção analítica é

profícua em razão de seu sentido aberto ao contexto histórico que inclui também o fluxo

do pensamento e os valores adotados.

No segundo bloco estão os líderes como efeitos do dispositivo de poder e que por sua

vez fazem com que esses mecanismos funcionem. Cumpre salientar que essas

tecnologias não são estruturas generalizáveis que se aplicam igualmente em diferentes

contextos históricos. Ao contrário, elas exigem um minucioso estudo descritivo de seu

funcionamento, elas sofrem mutações e tem uma história descontínua. Tais lideranças

podem variar numa escala que vai do tipo grotesco 1 (descrito por Foucault [2001] no

seu curso “Os anormais”) ao governante burocrata. Um mesmo personagem poderá, em

determinado contexto e momento da história, se configurar como liderança que afronta

                                                            1 Para uma formulação conceitual de liderança política seria profícua a sugestão de Foucault (2001 p. 15-17) sobre o funcionamento do “soberano infame”. Se situarmos o problema da liderança política como um conjunto de mecanismos para fazer funcionar o governo e produzir efeitos de poder, o líder infame, grotesco, a autoridade ridícula e todos os graus do que se poderia nominar de “indignidade do poder”, passam a ser relevantes para a análise e formulação conceitual. Além dos exemplos óbvios de Mussolini, Hitler, Bush, podemos acrescentar, no caso brasileiro, os de Jânio Quadros, Paulo Maluf e Collor de Melo. Acerca dos “governantes infames”, ou no caso desse estudo, de precisar um tipo de “liderança infame”, podemos adotar a analítica de Foucault, mostrando explicitamente o poder como abjeto, infame, ubuesco ou simplesmente ridículo, não se trata, de limitar os seus efeitos (...). Parece [segundo o autor] que se trata, ao contrário, de manifestar da forma mais patente a incontornabilidade, a inevitabilidade do poder, que pode precisamente funcionar com todo rigor e na ponta extrema da sua racionalidade violenta, mesmo quando está nas mãos de alguém efetivamente desqualificado (FOUCAULT, 2001, p. 17). 

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os próprios mecanismos de governo e tornar-se, em outro momento, um líder que faz

funcionar esses mesmos mecanismos.

Esses blocos analíticos podem nos servir de orientações para uma pesquisa com

enraizamento na realidade histórica cujas especificações apontam para diferentes

possibilidades de lideranças políticas.

Desses blocos analíticos elaboramos dois conceitos distintos para liderança política, a

partir dos problemas em pauta.

O primeiro deles foi retomado dos estudos de Foucault sobre a governamentalidade 2,

situamos o problema da liderança política com base nos mecanismos, procedimentos e

técnicas que fazem funcionar uma dada relação de poder, ou exercício de governo de

uns sobre os outros. A liderança, neste caso, consistiria numa tecnologia de poder,

mais precisamente, do exercício do governo do Estado.

Outro conceito de liderança veio dos estudos do pensamento antigo, especificamente

dos estudos de Foucault (2010). Foucault recupera dos gregos o conceito de aleturgia,

cujo significado diz respeito ao conjunto de procedimentos de manifestação da verdade.

Esse termo é empregado para todo o exercício de poder que se realiza pela enunciação

da verdade. Segundo LEME, José Luis Câmara, “a crise da governamentalidade e o

poder ubuesco”(2008, p. 184-185), com o emprego desse termo Foucault pode

desvencilhar-se da dicotomia entre verdade e poder e desenvolver a ideia de “governo

pela verdade” e, com isso, realizar um deslocamento do eixo do poder para o êthos.

No seu curso de 1983, Foucault dedica-se ao estudo da parresía. Segue uma formulação

conceitual deste termo:

A parresía (...) é uma certa maneira de falar. Mais precisamente, é uma maneira de dizer a verdade. (...) Uma maneira de dizer a verdade tal que abrimos para nós mesmos um risco pelo fato de dizer a verdade. (...) A parresía é uma maneira de abrir esse risco vinculado ao dizer-a-verdade constituindo-nos de certo modo como parceiros de nós mesmos quando falamos, vinculando-nos ao enunciado da verdade e vinculando-nos à enunciação da verdade. Enfim, a parresía é uma maneira de se vincular a si mesmo no enunciado da verdade, de vincular livremente a si mesmo e na forma de um ato corajoso. A parresía é a livre coragem pela qual você

                                                            2 Foucault empregou pela primeira vez o termo governamentalidade no curso de 1978, Segurança, Território e População, para designar o governo das condutas dirigido à população com os recursos da economia política e dos dispositivos de segurança (FOUCAULT, 2008). Trata-se, portanto, de conceito construído para a análise do exercício do governo na época moderna.  

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se vincula a si mesmo no ato de dizer a verdade. Ou ainda a parresía é a ética do dizer-a-verdade em seu ato arriscado e livre. Nessa medida, para essa palavra parresía (...) poderemos (...) propor [como tradução] o termo “veridicidade”. O parresiasta, aquele que utiliza a parresía, é o homem verídico, isto é, aquele que tem a coragem de arriscar o dizer-a-verdade e que arrisca esse dizer-a-verdade num pacto consigo mesmo, precisamente na medida em que é o enunciador da verdade. Ele é o verídico. (FOUCAULT, 2010, P. 63-64).

Foucault retoma a definição de democracia cunhada por Políbio. Trata-se de uma

combinação de parresía e isegoria. Esse caráter indissociável entre a parresía e a

democracia significa que o uso da parresía como a fala franca, o dizer-a-verdade,

pressupõe a constituição da cidade (politeía) que assegure o direito à palavra, a isegoria,

que é constitutivo da cidadania. Mas a parresía é algo diferente de isegoria. Afirma

Foucault:

[A Parresía] é um elemento que, no interior desse âmbito da politeía democrática que dá a todos o direito de falar, permite que os indivíduos adquiram certa ascendência uns sobre os outros (...). A isegoria define simplesmente o marco constitucional em que a parresía vai atuar como sendo livre e, consequentemente, corajosa atividade de alguns que se adiantam, tomam a palavra, tentam persuadir, dirigem os outros, com todos os riscos que isso comporta. (2010, p. 147).

Com o sentido acima de parresía no interior de uma constituição democrática podemos

formular um enunciado de liderança política. Por liderança política entendemos

alguém que assume ascendência sobre os demais e exerce o comando sobre eles pelo

uso da palavra franca com todos os riscos que isso comporta. Trata-se de um

exercício do governo das condutas com base num êthos.

O governo pela verdade não se restringe ao contexto histórico grego, mas se manifesta

em outros pensadores modernos e contemporâneos, como por exemplo, respeitando as

diferenças históricas e teóricas, no marxismo. Também constitui a atuação de lideranças

políticas revolucionárias no século XIX. O desdobramento desta concepção de governo

para o mundo moderno será desenvolvida nesta próxima etapa da pesquisa.

Podemos divisar pelo menos dois tipos de lideranças políticas. Primeira uma liderança

que emerge no interior das tecnologias de poder, trata-se de um efeito desses

mecanismos. Lideranças partidárias, parlamentares, governantes.

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Segundo, uma liderança parresiasta cujo móvel é a coragem da verdade no afrontamento

dos poderes instituídos. Emerge nos interstícios da política, em situações de confronto e

resistência, arrisca a vida na luta, cria algo novo, afronta as estruturas de poder. Essa

liderança se move em meio a situações de risco e insegurança. Lideres revolucionários,

líderes de movimentos minoritários, insurrecionais.

II. Uma segunda linha de abordagem teórica corresponde aos autores que

priorizam a ação da liderança política no âmbito das instituições

políticas.

Destacam os pensamentos de Max Weber e a especialização da liderança política com

base numa vocação que se profissionaliza na atuação política: trata-se, pois, dos

políticos profissionais. Para Weber o Parlamento seria o lócus privilegiado para a

emergência de uma liderança política. Schumpeter, na esteira de Weber, refere-se ao

acesso destas lideranças aos cargos políticos por meio dos partidos que disputam o voto

no mercado eleitoral para a obtenção do poder político. Há uma combinação entre o

conflito político e a racionalidade jurídico-política que assegura a vigência não

disruptivas dos afrontamentos conflitivos.

A liderança política, neste caso, depende do bom funcionamento das instituições da

democracia representativa. Assim, o problema da liderança política deverá ser analisado

à luz do ordenamento político institucional da democracia liberal representativa,

particularmente da perda da legitimidade de seus mecanismos na atualidade:

parlamento, partidos políticos e eleições. Cabe a pergunta: não estaria estas instituições

padecendo de um esgotamento e com elas o próprio sentido da liderança profissional?

Os sinais desse esgotamento, nas duas últimas décadas, tornaram-se visíveis a partir das

mobilizações, protestos e revoltas emergentes nos vários continentes, particularmente

no Brasil, no que ficou conhecido como as Jornadas de Junho de 2013. Não podemos

desvincular os impasses entre a vigência das lideranças institucionais no regime

democrático e a dinâmica capitalista neoliberal de gerenciamento da economia. Este

será o foco da nossa investigação para o segundo ano da pesquisa. Assim poder

contemplar à sugestão do parecerista sobre a articulação dos pensamentos de

Weber e Foucault

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Selecionamos além dos autores considerados seminais uma extensa bibliografia de

abordagem das instituições políticas.

II 1. excurso Realizamos uma extensa discussão com o pesquisador da equipe Carlos Melo com base

no seu texto publicado na Aurora. Melo (2012) sugere uma colocação do problema com

base na ética entendida no sentido que lhe confere Aristóteles, as virtudes que orientam

o agir político. Combina na construção da análise da liderança política a ética da

responsabilidade de Weber própria da racionalidade moderna, em que se articulam

meios e fins, com princípios do agir da ética aristotélica. Sugere uma tipologia da

liderança política com base nas seguintes qualidades: a virtude aristotélica do senso de

proporção que evita os extremos, trata-se do justo meio ou justa medida; a disposição

para agir e o carisma. Essas qualidades deverão ser balizadas por uma análise da

realidade concreta e da história.

Numa direção distinta, mas igualmente profícua para a discussão da liderança política

no mundo moderno, Chaia no referido texto, construído com Tótora: “Liderança

política, parresía e virtú”, destaca o pensamento de Maquiavel, particularmente o

conceito de virtù.

A virtù possibilita que o príncipe se defronte com a fortuna e, simultaneamente dê vazão

às qualidades ou às energias que são próprias do homem em ação. Portanto, há uma

especificidade no agir político do príncipe ao se considerar a virtù, pois supõe um gasto

de energia potencializadora da ação, do cálculo e da estratégia selecionada.

Assim, imbuído da virtù, e ampliando o conceito de liderança, pode-se pensar o príncipe

como um líder inovador e fundador na esfera política, elaborando um projeto

significativo fora do âmbito das instituições. O príncipe novo em Maquiavel desafia as

leis e os costumes tradicionais (cap. VI). O príncipe se move em meio ao perigo e

ameaças permanentes ao seu governo não só dos poderosos, mas do conjunto dos

súditos que não desejam ser governados. Daí a habilidade pessoal do príncipe em reunir

meios da fortuna e da virtù para um governo razoavelmente seguro.

III. O pensamento político brasileiro e latino americano. Destacamos o

estudo específico da obra de vários autores que conferiram destaque à

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liderança política ou forjaram conceitos para a análise da ação política de

governantes.

1. Destaque para os conceitos: bonapartismo, cesarismo e populismo. Com base

nestes conceitos selecionamos, dentre outros autores, para um a primeira

abordagem: Gino Germani, Laclau, Octávio Ianni e Francisco Weffort.

2. Selecionamos teses, dissertações e monografias específicas sobre uma liderança

política. Realizamos um seminário com o objetivo de leitura e exposição destes

trabalhos.

3. Elegemos alguns estudos de autores de destaque no pensamento político

brasileiro que abordaram o tema da liderança política. Dentre eles: Azevedo

Amaral, Plínio Salgado.

Predomina entre os pensadores conservadores do período de 20 e 30 uma concepção

elitista da liderança política com base nos pensamentos de Mosca e Pareto. Para Mosca,

a massa tem um papel bem definido de obedecer e legitimar uma minoria que nascera

para o mando. Observável desde as primeiras civilizações. Com base na presença deste

tipo de liderança que Amaral diferencia uma revolução de uma rebelião das massas.

Estas sem uma liderança só destroem e nada edificam, pois a massa é o conjunto de

indivíduos que se encontra no mundo sem condição de pensar a sua realidade

circunstancial por meio de sua própria singularidade.

Se uma concepção de liderança com base no pensamento elitista vinha acompanhada da

defesa de regimes autoritários. No Pós-1945 o elitismo combina-se com procedimentos

democráticos. Os lideres são selecionados em processos eleitorais de livre competição

pelo voto do eleitorado. As democracias liberais representativas ensejam uma

profissionalização da liderança política.

No Brasil particularmente emerge uma liderança populista. O líder se relaciona com as

massas trabalhadoras urbanas por meio de comícios, manifestações públicas, políticas

sociais e trabalhistas sem um vínculo partidário ou institucional consistente. Trata-se de

um fortalecimento do Poder Executivo Federal e dos executivos estaduais na figura do

Presidente da República e dos governadores.

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Esta terceira linha de pesquisa encontra-se em processo de construção. Ressaltamos,

entretanto, uma vasta produção de teses e dissertações dos pesquisadores integrantes

deste projeto temático.

Esperamos que com este texto tenhamos respondido às solicitações do parecerista.

Bibliografia

I. primeira linha analítica

ARISTÓTELES. Política. Brasilia: Editora UNB, 1985. Livros IV, V, VI

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Trad. Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973.

FINLEY, Moses. I. “Lideres e liderados”. Democracia antiga e moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1988.

FOUCAULT, Michel. O governo de si e dos outros. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

FOUCAULT, Michel. (2010b). “Conversa com Michel Foucault”. Manoel Barros da

Motta (Org.). Ditos e Escritos V.. Rio de Janeiro: Forense Universitária.

FOUCAULT, Michel. (2008). Segurança, território, população. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes.

FOUCAULT, Michel. (2004). “Política e ética: uma Entrevista”. Ditos e Escritos V.

Org. Manoel Barros da Motta. Rio de Janeiro: Forense Universitária.

FOUCAULT, Michel. Os anormais. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo, Martins

Fontes, 2001.

FOUCAULT, Michel. “O que são as luzes?”. Ditos e Escritos II – Arqueologia das ciências e história dos sistemas de pensamento. MOTA, Manoel de Barros (organizador). Trad. Elisa Monteiro. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 2000.

FOUCAULT, Michel. “Nietzsche, a genealogia e a história”. Roberto Machado (org.). Microfísica do poder. 10ª edição. Rio de Janeiro: Graal, 1992a.

FOUCAULT, Michel. “sobre a história da sexualidade”. Roberto Machado (org.). Microfísica do poder. 10ª edição. Rio de Janeiro: Graal, 1992.

GROS, Frédéric. “Situação do curso”. FOUCAULT, Michel. O governo de si e dos outros. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

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LEME, José Luis Câmara, “a crise da governamentalidade e o poder ubuesco”. ALBUQUERQUE; VEIGA-NETO; SOUZA (Orgs.). Cartografia de Foucault. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. PLATÃO. A República. Trad. Maria Helena da Rocha Pereira. 5ª Edição. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, s/d. Livros VIII, IX

SENELLART, Michel. As artes de Governar. Trad. De Paulo Neves. São Paulo:

Editora 34, 2006.

EXCURSO:

MACHIAVELLI, Nicolo. O Príncipe. Trad. Lívio Xavier. Rio de Janeiro: Ediouro

Publicações, 1972.

MELO, Carlos. “Notas e reflexões sobre ‘Liderança Política’: contribuição para delimitação de um campo de estudo”. Aurora: revista de arte, mídia e política, São Paulo, v.5, n.14, p.11-30, jun.-set. 2012.

II. Segunda linha analítica:

WEBER, M, A política como vocação.

WEBER, M. Parlamento e governo.

SCHUMPETER, Joseph. Capitalismo, socialismo e democracia. Rio de Janeiro: Zahar,

1984.

GRUPO 2 - LIDERANÇAS POLÍTICAS NOS DISTINTOS PERÍODOS HISTÓRICOS

DIVISÃO CRONOLÓGICA

Às atividades do grupo ‘Lideranças políticas nos distintos períodos históricos’ foram

concentradas no estabelecimento das diretrizes necessárias para o desenvolvimento das

fichas biográficas, concomitante ao desenho inicial do banco de dados onde são

tabulados os dados constantes destas fichas. Antes, no entanto, foi estabelecida pelos

pesquisadores do grupo uma divisão cronológica dos distintos períodos políticos

brasileiros. Para a concepção desta divisão cronológica utilizou-se o critério

institucional das mudanças políticas no Brasil considerando, pois, as alterações de

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forma e/ou sistema político do período colonial aos dias atuais. Assim, chegou-se a uma

divisão cronológica de 13 códigos:

1. Período colonial (1500-1808) 2. Transição para a Independência (1808-1822) 3. I Reinado (1822-1831) 4. Regência (1831-1840) 5. II Reinado (1840-1889) 6. I República (1889-1930) 7. Era Vargas/Governo Provisório (1930-1934) 8. Era Vargas/Constitucional (1934-1937) 9. Era Vargas/Estado Novo (1937-1945) 10. República Nova (1946-1964) 11. Regime Militar (1964-1985) 12. Redemocratização (1985-1989) 13. Período Democrático (1990 - ...)

SELEÇÃO INICIAL DAS LIDERANÇAS POLÍTICAS

Uma vez definida a divisão cronológica a pesquisa, então, realizou um levantamento

inicial das lideranças políticas em cada período, constituindo uma lista inicial de 158

nomes. É certo que nem todos os nomes serão trabalhados em profundidade nas metas

futuras do projeto, bem como deverá haver, também, recorte mais profundo na análise

do período contemporâneo. Em todo caso, neste primeiro momento da pesquisa, a fim

de que se possa analisar os diversos casos e reunir material suficiente para realizar

comparações e justificar exclusões ou inclusões, bem como recortes futuros, o grupo

tem arrolado tudo que julga ser historicamente pertinente para constituição de uma

tipologia de liderança política em cada período da cronologia política do Brasil,

independentemente da liderança ser parlamentar, popular, de um determinado grupo e

etc.. Daí que foram incluídas, também, lideranças do campo das artes, como Mário de

Andrade e Glauber Rocha e lideranças de grupos específicos, tal como Edson Carneiro

representando uma liderança política negra e etc. Assim, registra-se, pois, que esta lista

inicial deve aumentar e em etapas posteriores, após farta comparação que o banco de

dados permitirá, poder-se-á justificar o recorte mais aprofundado para períodos mais

importantes para a compreensão do presente, bem como será possível escolher na

plêiade de lideranças aquelas mais representativas e historicamente mais substanciais

para análises mais profundas. Os critérios desta seleção posterior deverão, pois, estar

fundamentados na pesquisa. De todo modo, registramos abaixo a lista inicial das

lideranças políticas elencadas para concepção do banco de dados:

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1. Abdias Nascimento 2. Ademar Pereira de Barros 3. Aécio Neves 4. Afonso Arinos de Melo Franco Filho 5. Afonso Penna 6. Alberto Sales 7. Alceu de Deus Collares 8. Almino Afonso 9. Aloízio Mercadante Oliva 10. André Franco Montoro 11. Antonio Aureliano Chaves de Mendonça 12. Antonio Carlos Magalhães 13. Antonio Carlos Magalhães Neto 14. Antony Garotinho 15. Apolonio de Carvalho 16. Armênio Guedes 17. Artur da Costa Silva 18. Artur da Silva Bernardes 19. Benedito Valadares Ribeiro 20. Benjamin Constant Botelho de Magalhães 21. Bernardo Pereira de Vasconcelos 22. Berta Lutz 23. Brás Florentino 24. Café Filho 25. Carlos Lacerda 26. Carlos Lamarca 27. Carlos Luz 28. Carlos Marighella 29. César Epitácio Maia 30. Chico Alencar 31. Ciro Gomes 32. Clóvis Moura 33. Delfim Moreira da Costa Ribeiro 34. Dilma Vana Rousseff 35. Diogo Antonio Feijó 36. Dom Paulo Evaristo Arns 37. Duarte da Costa 38. Eduardo Campos 39. Eduardo Cunha 40. Eduardo da Costa Paes 41. Eduardo Matarazzo Suplicy 42. Emílio Garrastazu Médici 43. Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa 44. Ernani Peixoto 45. Ernesto Geisel 46. Evaristo de Moraes Filho 47. Fernando Affonso Collor de Mello 48. Fernando Haddad 49. Fernando Henrique Cardoso 50. Fernando Paulo Nagle Gabeira

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14  

51. Floriano Peixoto 52. Francisco de Assis Chateubriand Bandeira de Melo 53. Francisco de Paula Rodrigues Alves 54. Francisco Julião 55. Geraldo Alckmin 56. Getúlio Dornelles Vargas 57. Gilberto Kassab 58. Glauber Rocha 59. Golbery Couto Silva 60. Gregório Bezerra 61. Guilherme Boulos 62. Heloísia Helena 63. Hermes da Fonseca 64. Humberto Alencar Castelo Branco 65. Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de

Bragança e Bourbon 66. Itamar Augusto Cautiero Franco 67. Ivan Valente 68. Jackson de Figueiredo 69. Jacob Gorender 70. Jacques Wagner 71. Jânio Quadros 72. Jarbas Passarinho 73. Jean Willys 74. João Amazonas de Souza Pedroso 75. João Figueiredo 76. João Goulart 77. João Mangabeira 78. João Maria José Francisco Xavier de Paula Luiz Antonio Domingos Rafael de

Bragança 79. João Pessoa 80. Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo 81. Joaquim da Silva Rabelo 82. Joaquim José da Silva Xavier 83. José Bonifácio de Andrada e Silva 84. José Carlos do Patrocínio 85. José da Silva Lisboa 86. José Dirceu de Oliveira e Silva 87. José Genoíno Guimarães Neto 88. José Linhares 89. José Martiniano de Alencar 90. José Oiticica 91. José Sarney 92. José Serra 93. Júlio Prestes 94. Júlio Prestes de Castilhos 95. Juscelino Kubitschek de Oliveira 96. Leonel de Moura Brizola 97. Luciana Genro 98. Luis Carlos Prestes

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15  

99. Luis Inácio Lula da Silva 100. Luiza Erundina de Souza 101. Manuel Deodoro da Fonseca 102. Manuel Ferraz de Campos Sales 103. Manuel Ferraz de Campos Sales 104. Manuela Dávila 105. Marcelo Freixo 106. Márcio Emanuel Moreira Alves 107. Marco Antonio de Oliveira Maciel 108. Maria Leopoldina de Áustria 109. Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima 110. Mário Covas Júnior 111. Mário de Andrade 112. Mario Palmério 113. Mário Xavier Andrade Pedrosa 114. Marta Teresa Smith Vasconcelos Suplicy 115. Mem de Sá 116. Michel Temer 117. Miguel Arraes 118. Miro Teixeira 119. Moreira Franco 120. Mota Assunção 121. Nereu Ramos 122. Nilo Peçanha 123. Olívio de Oliveira Dutra 124. Onyx Lorenzoni 125. Orestes Quércia 126. Padre Cícero 127. Paulino José Soares 128. Paulo Salim Maluf 129. Pedro Aleixo 130. Pedro de Alcantara Francisco Antonio João Carlos Xavier de Paulo Miguel

Rafael Joaquim José Gonzaga Paschoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon

131. Pedro Jorge Simon 132. Pedro Ventura Filipe de Araújo Pomar 133. Petrônio Portela Nunes 134. Plínio de Arruda Sampaio 135. Plínio Salgado 136. Prudente José de Moraes Barros 137. Ranieri Mazzilli 138. Regente Araújo 139. Roberto Costa de Abreu Sodré 140. Roberto Freire 141. Roberto Requião 142. Robson Rodovalho 143. Rodrigues Alves 144. Roseana Sarney 145. Rui Barbosa 146. Rui Costa Pimenta

Page 16: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

16  

147. Sérgio Cabral Filho 148. Silas Malafaia 149. Silva Jardim 150. Tancredo de Almeida Neves 151. Tarso Fernando Herz Genro 152. Tasso Jereissat 153. Teotônio Brandão Vilela 154. Tomé de Souza 155. Ulisses Silveira Guimarães 156. Venceslau Brás 157. Washington Luís 158. Zacarias de Góes e Vasconcelos

DIRETRIZ PARA ELABORAÇÃO DAS BIOFICHAS

Concomitantemente à definição da cronologia e o levantamento dos nomes, a pesquisa

desenvolveu um modelo básico para orientar os pesquisadores do projeto na concepção

das fichas biográficas. Esta diretriz foi transmitida a todos os integrantes da pesquisa,

bem como discutida e aprimorada coletivamente em reunião. A seguir segue o modelo

final da diretriz:

______________________________________________________________________

_______________

Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política (NEAMP) – PUC/SP

Projeto Temático FAPESP - Lideranças políticas no Brasil: características e questões institucionais (2013-2018)

FICHA BIOGRÁFICA – LIDERANÇAS POLÍTICAS BRASILEIRAS

Nome: Nome de registro completo

Nome(s) político(s): Nomes e/ou alcunhas e apelidos políticos ao longo da carreira

Data de nascimento: dd/mm/aaaa

Data de falecimento: dd/mm/aaaa ou ‘não se aplica’

Cidade natal: nome da cidade

Cidade de falecimento: nome da cidade ou ‘não se aplica’

Estado natal: UF ou nome da província quando for o caso

Estado de falecimento: UF ou nome da província quando for o caso (se falecido em

outro país colocar o nome do país no próximo campo) ou ‘não se aplica’

País de falecimento: nome do país no qual a liderança faleceu

Causa da morte: causa ou ‘não se aplica’

Page 17: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

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Formação: curso de formação superior quando for o caso ou ‘não se aplica’

Instituição de formação: nome e sigla da instituição ou ‘não se aplica’

Ano de ingresso: ano ou ‘não se aplica’

Ano de conclusão: ano ou ‘não se aplica’

Nota biográfica com no mínimo 1500 e no máximo 3000 caracteres com espaço. A nota

biográfica deve ser original de modo que não se pode simplesmente copiar e colar o

texto de outras referências. O texto não deve conter citações e/ou referências (as

referências de consulta vão abaixo em item específico) e deve ser feito levando-se em

consideração os itens biográficos da lista acima, bem como contexto político em que

desenvolveu sua trajetória e quais cargos políticos e/ou institucionais ocupou e por ou

em quais organizações. Se político e intelectual, deve-se compor a nota considerando

estas duas esferas na trajetória. Reitera-se que é importante frisar os partidos e

instituições pelas quais passou, bem como alianças e relações mais próximas com outras

lideranças quando for o caso. A composição do texto deve ser realizada em formato

dissertativo; não utilizar tópicos, portanto.

No caso das atuações políticas e/ou institucionais deve-se colocar entre parênteses de

frente ao cargo e/ou posição ocupada o ano de início e fim. Quando se tratar de cargo

eletivo deve-se considerar o ano da eleição como o ano de início e o término de

mandato como ano de fim no seguinte formato ex.: Presidente da República (2002-

2006).

A nota deve ser feita em Calibri, corpo 12, espaçamento 1,5 entrelinhas, alinhamento

justificado, espaçamento de 1,25 na primeira linha (parágrafo). Formato do arquivo A4

(não carta), margens superior e inferior 2,5cm e esquerda e direita 3,0 cm. Páginas

numeradas no canto inferior à direita. Utilize esse modelo como base uma vez que já há

o cabeçalho.

Nos campos abaixo, as referências bibliográficas devem seguir as normas da ABNT.

Nestes campos devem ser inseridas todas as referências que forem encontradas.

Seguir a padronização é importante para que o trabalho posterior de indexação do

arquivo ao banco de dados seja uniforme e facilitado. Abaixo segue uma ficha pronta

como modelo.

O arquivo deve ser salvo individualmente, isto é, uma liderança por arquivo, em

extensão .doc (word). O título do arquivo deve ser o principal nome político da

liderança separado por underline, ex.: Tancredo_Neves

Page 18: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

18  

Referências utilizadas para composição da nota biográfica

Neste item deve-se listar as referências, sites e etc (no padrão ABNT) que foram

utilizados para compor a nota biográfica original. Atenção: não há limites de caracteres

para as referências.

Referências da liderança

Neste item deve-se listar as referências de todo material textual produzido pela liderança

(no padrão ABNT). Caso não tenha escrever: ‘Não consta’. Atenção: não há limites de

caracteres para as referências.

Referências sobre a liderança

Neste item devem-se listar as referências de todo material textual, possível de ser

consultado, produzido sobre a liderança (no padrão ABNT). Devem ser separados pelas

categorias abaixo… Caso não tenha escrever: ‘Não consta’. Atenção: não há limites de

caracteres para as referências.

Livros

Dissertações e teses

Artigos

Outros (audiovisual, internet, artes e etc...)

ELABORAÇÃO DAS BIOFICHAS

Com o objetivo de pré-testar o modelo desenvolvido verificando sua viabilidade o

grupo desenvolveu 10 biofichas. Uma vez desenvolvidas foi possível identificar as

principais dificuldades na concepção, bem como estipular metas e prazos para o

desenvolvimento das fichas posteriores. Como ainda podem ser arrolados novos nomes

à lista e, também, como há diversos nomes com pouca informação disponível para

pesquisa foi definido que o grupo trabalhará com levas de 40 nomes distribuídos a cada

Page 19: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

19  

2 meses de atividades. Desse modo espera-se que até o fim do primeiro semestre de

2015 todas as biofichas estarão completas. Abaixo registramos as dez biofichas

desenvolvidas que, como explicitaremos no próximo tópico, foram tabuladas nos

primeiros testes do banco de dados. Deve-se registrar que ao final dos trabalhos, antes

de qualquer disponibilização do material, serão estudados aspectos formais de

diagramação, bem como o material passará por revisão de texto.

_____________________________________________________________________________

Nome: Afonso Arinos de Melo Franco Filho

Nome(s) político(s): Afonso Arinos

Data de nascimento: 11/11/1930

Data de falecimento: não se aplica

Cidade natal: Belo Horizonte

Cidade de falecimento: não se aplica

Estado natal: MG

Estado de falecimento: não se aplica

País de falecimento: Brasil

Causa da morte: não se aplica

Formação: Direito

Instituição de formação: UFRJ

Ano de ingresso: 1949

Ano de conclusão: 1953

Afonso Arinos de Melo Franco Filho é formado em Direito (Ciências Jurídicas e

Sociais) pela antiga Universidade do Brasil, atual UFRJ. Depois graduou-se no Instituto

Rio Branco (1951) iniciando sua carreira diplomática. Em seu histórico familiar

constam parentes que exerceram cargos políticos e diplomáticos e um tio-avô escritor,

Afonso Arinos de Melo Franco, homônimo de seu pai e membro da Academia

Brasileira de Letras. Por sua vez, seu pai foi deputado federal por Minas Gerais (1946-

1959); senador pelo Distrito Federal (1959-1967); Ministro das Relações Exteriores

(1961-1962) e membro da Academia Brasileira de Letras.

Sua carreira seguiu uma trajetória comum ao seu meio familiar tendo sido parlamentar,

diplomata e escritor, a exemplo de parentes próximos. Foi eleito deputado estadual

Page 20: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

20  

constituinte no Estado da Guanabara, atual Rio de Janeiro, pela União Democrática

Nacional (UDN). Em seu primeiro mandato como deputado estadual (1960-1963) foi

presidente da Comissão de Educação da Assembleia. Após o golpe militar de 1964 e

com a implantação do bipartidarismo em 1966 filiou-se ao Movimento Democrático

Brasileiro (MDB), de oposição ao regime autoritário.

Seu primeiro posto diplomático foi exercido na Embaixada do Brasil em Roma, como

primeiro secretário (1956-1959), depois ocupando o mesmo cargo em outras

importantes representações diplomáticas do país no exterior. Foi o Embaixador do

Brasil na Venezuela (1983-1985), no Vaticano (1986-1990) e em Haia (1990-1994).

Encerrou a carreira diplomática em 1994 quando filiou-se ao Partido Socialista

Brasileiro (PSB) e candidatou-se a deputado federal pelo Rio de Janeiro, não sendo

eleito. Em 2002 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras e quatro anos mais

tarde, em 2006, publica seu livro de memórias, Mirante, onde relata suas experiências

na diplomacia internacional e fatos políticos vividos como parlamentar no início dos

anos 1960.

Referências utilizadas para composição da nota biográfica

Portal Academia Brasileira de Letras. Disponível em <www.academia.org.br>. Acesso

em 19 de junho de 2014.

Verbete Afonso Arinos de Melo Franco Filho. Disponível em <www.fgv.br/cpdoc>.

Acesso em 19 de junho de 2014.

Referências da liderança

ARINOS FILHO, A. Primo canto: memórias da mocidade. Rio de Janeiro: Civilização

Brasileira, 1976.

ARINOS FILHO, A. Atrás do espelho: cartas de meus pais. Rio de Janeiro: Record,

1994.

ARINOS FILHO, A. Perfis em alto relevo. São Paulo: Paz & Terra, 2002.

ARINOS FILHO, A. Diplomacia independente: um legado de Afonso Arinos. São

Paulo: Paz e Terra, 2001.

ARINOS FILHO, A. Mirante. São Paulo: Topbooks, 2006.

Page 21: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

21  

Referências sobre a liderança

Livros

Não se aplica

Dissertações e teses

Não se aplica

Artigos

Não se aplica

Outros (audiovisual, internet, artes e etc...)

Não se aplica

_____________________________________________________________________________

Nome: Armênio Guedes

Nome(s) político(s): Armênio Guedes; Lázaro Feitosa (codinome utilizado durante

exílio no Chile, entre 1971 e 1973); Júlio (codinome utilizado durante exílio na França,

em 1973)

Data de nascimento: 30 de maio de 1918 (96 anos)

Data de falecimento: Não se aplica

Cidade natal: Mucugê

Cidade de falecimento: Não se aplica

Estado natal: Bahia - BA

Estado de falecimento: Não se aplica

País de falecimento: Não se aplica

Causa da morte: Não se aplica

Formação: intelectual autodidata com produção nas áreas de História e Política, iniciou

o curso de Direito em 1934

Instituição de formação: Faculdade de Direito da Bahia

Ano de ingresso: 1934

Ano de conclusão: Não se aplica

Nota biográfica:

Nascido em 1918, um ano após a Revolução Russa, aos três anos de idade, Armênio

Guedes, baiano de Mucugê, se mudou para Salvador com o pai, a mãe e seus dez

Page 22: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

22  

irmãos. Com estímulo do pai, iniciou os estudos pelos livros de ciências jurídicas e, aos

dezesseis anos, entrou na Faculdade de Direito da Bahia, para se formar bacharel.

Tomou contato com as ideias comunistas por influência do irmão mais velho, Enéas, e

se filiou ao grupo baiano do Partido Comunista, em 1935, levando consigo o irmão mais

novo, Celito. Em 1941, fugindo da perseguição que o Estado Novo de Getúlio Vargas

havia imposto aos comunistas, Armênio Guedes veio para São Paulo e, em seguida, foi

para o Rio de Janeiro. Com vários líderes comunistas presos, Armênio articulou entre

companheiros paulistas e cariocas a Conferência da Mantiqueira, que praticamente

refundou o PCB, em 1943. Com a queda de Getúlio Vargas em 1945, o Partido

Comunista foi legalizado. Os líderes presos, incluindo o secretário geral Luís Carlos

Prestes, foram soltos e Armênio se tornou integrante do quadro profissional do PCB ao

ser indicado secretário particular de Prestes. No entanto, a legalidade dos comunistas

durou pouco. O partido foi cassado e a ilegalidade o levou ao isolamento. Com a saúde

abalada por uma doença pulmonar, Armênio Guedes foi se tratar em Moscou, em 1952,

onde viveu três anos, período que coincide com a morte de Stalin e com os preparativos

do vigésimo Congresso do Partido Comunista Soviético, onde Nikita Kruschev (1894-

1871), secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética por onze anos,

considerado um líder político mundial, denunciou os crimes do stalinismo. Em Moscou,

Armênio Guedes já questionava a cartilha soviética. De volta ao Brasil, torna-se um dos

principais articuladores da Declaração de Março, de 1958, que colocou a democracia

como objetivo da ação política do Partido Comunista. Nessa época, atuou como

assessor parlamentar e dirigiu a revista Estudos Sociais, junto ao escritor e jornalista

Astrojildo Pereira (1890- 1965), um dos fundadores do partido. Depois de 1964, mesmo

com a repressão do governo militar aos movimentos de esquerda, Armênio ficou no

Brasil clandestinamente até 1971. Saiu do país depois de ser abordado por um agente da

Agência Central de Inteligência Americana (CIA) em frente da casa onde morava e se

exilou no Chile. Com o codinome Lázaro Feitosa, se juntou aos outros exilados como

José Serra, Fernando Gabeira, Almino Afonso, Maria Conceição Tavares e Betinho, em

ações políticas para denunciar a repressão no Brasil. Nesse período, perde o irmão mais

próximo, Celito Guedes, que foi preso torturado e morto no Rio de Janeiro. Com o

golpe militar de Pinochet e a morte de Allende em 1973, Armênio buscou exílio na

França, onde chegou com o codinome Júlio. Com os exilados em Paris, entre eles Oscar

Niemeyer, Miguel Arraes, Aloysio Nunes Ferreira, Luiz Hildebrando Pereira, José Leite

Lopes, Armênio também organiza um esquema de denúncia da ditadura brasileira. E se

Page 23: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

23  

torna o responsável pelo jornal do partido, Voz Operária, levando seu grupo a

consolidar o princípio de que a democracia é um valor permanente e não apenas tático.

Em 1979, com a Lei de Anistia, retorna ao Brasil. No ano seguinte, Prestes rompe com

o PCB, que já mostrava outra divisão: de um lado, os que pregavam a democracia e

criticavam o modelo soviético, como Armênio, de outro, os que discordavam dessa

linha. A divergência levou mais gente a deixar o partido. Armênio Guedes saiu em

1986. Encerrou ali a militância de cinquenta anos. Continuou como ele mesmo diz, um

comunista. Mas sem partido e sem carteirinha. Em 30 de março de 2012, recebeu o

título de Cidadão Paulistano, oferecido pela Câmara Municipal de São Paulo.

Page 24: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

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Referências utilizadas para composição da nota biográfica:

VAIA, Sandro. Armênio Guedes: sereno guerreiro da liberdade. São Paulo: Barcarolla,

2013.

Programa Roda Viva da TV Cultura: entrevista com Armênio Guedes (11 de agosto de

2008). Disponível em:

http://www.rodaviva.fapesp.br/materia_busca/573/marxismo/entrevistados/armenio_gue

des_2008.htm

Referências da liderança:

Não encontrado

Referências sobre a liderança:

Livros

VAIA, Sandro. Armênio Guedes, sereno guerreiro da liberdade. São Paulo: Editora

Barcarolla, 2013.

Dissertações e teses

Não encontrado

Artigos

LUA NOVA. Revolução hoje? In: Lua Nova, vol.3 n.1, São Paulo, jun. 1986.

Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64451986000200009

Outros (audiovisual, internet, artes e etc...):

Programa Roda Viva da TV Cultura: entrevista com Armênio Guedes (11 de agosto de

2008). Disponível em:

Page 25: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

25  

http://www.rodaviva.fapesp.br/materia_busca/573/marxismo/entrevistados/armenio_gue

des_2008.htm

Vídeo Armênio Guedes, da série Os Protagonistas, de julho de 2010, no You Tube.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FEogXxn3NUQ

Nome: Artur da Silva Bernardes

Nome(s) político(s): Artur Bernardes

Data de nascimento: 08/08/1875

Data de falecimento: 23/03/1955

Cidade natal: Viçosa

Cidade de falecimento: Rio de Janeiro

Estado natal: Minas Gerais - MG

Estado de falecimento: Rio de Janeiro - RJ

País de falecimento: Brasil

Causa da morte: ‘não se aplica’

Formação: Direito

Instituição de formação: Faculdade de Direito de São Paulo - Largo São Francisco

(atual USP)

Ano de ingresso: ?

Ano de conclusão: 1900

Artur Bernardes nasceu em Viçosa cidade mineira da Zona da Mata. Como quase todos

os Presidentes da República de então, formou-se em Direito pelo Largo São Francisco.

Começa advogando em sua cidade natal e atuando na imprensa local como colaborador

e diretor do jornal A Cidade de Viçosa (1903-1905).

Exerce o cargo de vereador em sua cidade (1905-1906) pelo Partido Republicano

Mineiro (PRN). Posteriormente exerceu dois mandatos como Deputado Federal (1909-

1910) e (1915-1918). Entre 1910 e 1914 foi secretário de finanças do Estado de Minas

Gerais e entre 1918 e 1922 tornou-se presidente do mesmo Estado.

Com eleições diretas, em 15 de novembro de 1922 é eleito Presidente do Brasil

sucedendo Epitácio Pessoa até 1926.

Page 26: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

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O seu governo se desenvolveu sobre forte instabilidade política e com diversas crises

sociais e internas proveniente das mudanças ocorridas no país durante este período. As

revoltas tenentistas iniciadas no Rio Grande do Sul e que se estenderam até São Paulo

forçou um governo em Estado de Sítio.

Em 1927, foi eleito Senador e tornou-se um dos responsáveis pela Revolução de 1930

em Minas Gerais sendo um das principais reivindicações o não reconhecimento da a

eleição de Júlio Prestes. Liderou a Revolução Constitucionalista em seu Estado em

1932, sendo preso e exilando-se em seguida. Com a Anistia de 1934 retorna ao Brasil

elege-se Deputado Federal (1935-1937) e no ano de 1946 tornou-se Deputado

Constituinte.

Com o golpe do Estado Novo, sua atuação restringe-se ao Rio de Janeiro e Viçosa. Em

1943, é um dos articuladores da candidatura do Brigadeiro Eduardo Gomes à

Presidência da República.

Em 1945, torna-se membro da comissão provisória da União Democrática Nacional

(UDN) e também participa da fundação do Partido Republicano (PR), sendo seu

primeiro presidente. Falece na cidade do Rio de Janeiro em 1955.

Referências utilizadas para composição da nota biográfica

http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/ex-presidentes/arthur-bernardes

http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/biografias/artur_bernardes

Referências da liderança

Mensagem do Presidente Artur Bernardes ao Congresso Nacional na abertura da

terceira sessão da décima primeira legislatura - 1923

Disponível em: <http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/ex-presidentes/arthur-

bernardes/mensagens-presidenciais/mensagem-ao-congresso-nacional-na-abertura-da-

terceira-sessao-da-decima-primeira-legislatura-1923/download>. Acesso em:08/2014.

Mensagem do Presidente Artur Bernardes ao Congresso Nacional na abertura da

terceira sessão da décima segunda legislatura - 1924

Page 27: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

27  

Disponível em: <http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/ex-presidentes/arthur-

bernardes/mensagens-presidenciais/mensagem-ao-congresso-nacional-na-abertura-da-

primeira-sessao-da-decima-segunda-legislatura-1924/download>. Acesso em: 08/2014.

Mensagem do Presidente Artur Bernardes ao Congresso Nacional na abertura da

terceira sessão da décima segunda legislatura - 1925

Disponível em: <http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/ex-presidentes/arthur-

bernardes/mensagens-presidenciais/mensagem-ao-congresso-nacional-na-abertura-da-

segunda-sessao-da-decima-segunda-segunda-legislatura-1925/download>. Acesso em

08/2014.

Mensagem do Presidente Artur Bernardes ao Congresso Nacional na abertura da

terceira sessão da décima segunda legislatura - 1926

Disponível em: <http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/ex-presidentes/arthur-

bernardes/mensagens-presidenciais/mensagem-ao-congresso-nacional-na-abertura-da-

terceira-sessao-da-decima-segunda-segunda-legislatura-1926/download>. Acesso em:

08/2014.

Referências sobre a liderança

Livros

________, Quatriennio Arthur Bernardes 1922-1926, Jornal do Commercio, Editora

Typ. Jornal do Comércio, 1926.

AMORA, Paulo, Bernardes: O Estadista de Minas na República, Companhia Editora

Nacional, 1964.

BARATA, Júlio, A Palavra de Arthur Bernardes, 1934.

BERNARDES, Arthur da Silva, Discursos e Pronunciamentos Políticos, Editora Belo

Horizonte, 1977.

BRANDT, Antônio, Arthur Bernardes e a Revolução Constitucionalista, Editora

Academia Letras Viçosa, 1999.

CHATEAUBRIAND, Assis, A vocação Revolucionária do Presidente Arthur Bernardes,

Editora O Jorna, Rio de Janeiro, 1926.

Page 28: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

28  

GÓES MONTEIRO, Norma de, Organizadora, Idéias Políticas de Artur Bernardes,

Editora do Senado Federal, 1984.

JÚNIOR, Amaurílio, Arthur Bernardes e a Revolução, Editora São Benedicto, 1931.

KOIFMAN, Fábio (org.) - Presidentes do Brasil, Editora Rio, 2001.

LIMA, Alberto de Souza, Arthur Bernardes Perante a História, Editora: I. H. G, Belo

Horizonte, 1983.

MAGALHÃES, Bruno de, Arthur Bernardes Estadista da República, Editora Loje, 1973.

PAVÃO, Ary, Arthur Bernardes e o Brasil, Editora Moderna, Rio de Janeiro, 1931.

Dissertações e teses

Não se aplica

Artigos

Não se aplica

Outros (audiovisual, internet, artes e etc…)

http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/biografias/artur_bernardes

Nome: Benjamin Constant Botelho de Magalhães

Nome(s) político(s): Benjamin Constant; “Fundador da República Brasileira”

Data de nascimento: 18/10/1833

Data de falecimento: 18/01/1891

Cidade natal: Niterói

Cidade de falecimento: Rio de Janeiro

Estado natal: Rio de Janeiro

Estado de falecimento: Rio de Janeiro

País de falecimento: Brasil

Causa da morte: Complicações derivadas da malária adquirida na Guerra do Paraguai

Formação: Militar/Engenheiro e Doutor em Ciências Matemáticas e Físicas

Instituição de formação: Escola Militar do Rio de Janeiro/Real Academia Militar/

Observatório Astronômico do Rio de Janeiro

Ano de ingresso: 1852

Ano de conclusão: 1859

Page 29: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

29  

Nascido na cidade de Niterói, estado do Rio de Janeiro, Benjamin Constant ingressa na

Escola Militar do Rio de Janeiro em 1852 e em 1854 começa sua carreira como

professor de matemática naquela instituição.

Em 1862 é nomeado professor de matemática do Instituto dos Meninos Cegos, que fora

fundado em 1854 por Dom Pedro II. Dada à atuação de Benjamin Constant, que

chegaria a ser seu terceiro diretor, o instituto recebe, em 1891, o nome Instituto

Benjamin Constant. Foi ainda professor de matemática no Imperial Colégio de Pedro II

e fundou a Escola Normal Superior (1880).

Na década de 1870, sua atuação para divulgação do positivismo no Rio de Janeiro e no

Brasil se torna mais efetiva. Em 1876 participa da fundação da Sociedade Positivista do

Rio de Janeiro.

Sua atuação de apenas um ano na Guerra do Paraguai (1865-1870) - a malária contraída

o fez retornar ao Brasil - foi suficiente para que percebesse as iniquidades do campo de

batalha, que não se circunscreviam somente ao inimigo, mas na precariedade em que as

tropas brasileiras se viam enredadas.

Com essa amálgama de ideias e vivências, mescla do cientificismo do positivismo, do

liberalismo e do pacifismo advindo de sua experiência na Guerra do Paraguai, Benjamin

Constant conduziu sua atuação como liderança enquanto docente no meio militar e

positivista distinto da ortodoxia sectária de outros partidários de Comte, sobretudo no

campo político.

Daí vem a sua perspectiva do cidadão soldado, e a formação da geração de “bacharéis

soldados” em oposição a simples fazedores de guerras e de sua independência em

relação ao positivismo na medida em que abraça a liberdade oriunda do liberalismo.

Em 1887 Benjamin Constant funda o Clube Militar, instituição que se dedicou à

propaganda republicana. A sessão de 9 de novembro de 1889, que decidiria pela queda

da Monarquia, foi presidida por Constant, que após a proclamação da república ocupa o

cargo de Ministro da Guerra do Governo Provisório, com o posto de General-de-

brigada. Segundo seus biógrafos, por discordar das ideias de Deodoro da Fonseca, é

afastado do cargo e assume a pasta, para ele criada, da Instrução Pública, Correios e

Telégrafos.

Muitos dos seus ex-alunos iriam assumir cargos junto à República recém-fundada, o que

aponta que sua liderança se dava, sobretudo no plano das ideias que divulgava como

docente.

Page 30: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

30  

Com o Decreto nº 981 de 8 de novembro de 1890 – concebido na sua gestão junto ao

Ministério da Instrução Pública, Correios e Telégrafos – aprova-se o regulamento da

instrução primária e secundária do Distrito Federal, que pretendia dar ao Rio de Janeiro

- e por conseguinte influenciar o país - uma perspectiva de educação, neste dois níveis,

mais próxima ao seu ideário. Diz o Decreto n. 981, que a educação será: “...Livre,

gratuita e leiga, com disciplinas concentradas na matemática, português, geografia,

história, instrução moral e cívica, língua francesa, ciência físicas, noções de direito e

economia politica....”.

Referências utilizadas para composição da nota biográfica

(http://www.e-biografias.net/benjamin_constant/) último acesso 20/06/2014

http://educacao.uol.com.br/biografias/benjamin-constant.jhtm último acesso

20/06/2014

Lemos, Renato Luís do Couto Neto e (1997) Benjamin Constant: Biografia e

Explicação Histórica. Estudos Históricos. Rio de Janeiro.

Referências da liderança

Nada consta (Sem publicação passível de citação)

Referências sobre a liderança

Livros

Lemos, Miguel. (1943) Heróis Brasileiros – Benjamin Constant. Rio de Janeiro. Editora

Globo.

Lemos, Renato Luís do Couto Neto e. (1997) Benjamin Constant – vida e historia.

ToopBooks Editora.

Dissertações e teses

Page 31: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

31  

Guelere, Gabriela Doll. (2008)A liberdade individual para Benjamin Constant. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. USP.

Artigos

Lemos, Renato Luís do Couto Neto e (1997) Benjamin Constant: Biografia e

Explicação Histórica. Estudos Históricos. Rio de Janeiro.

Outros (audiovisual, internet, artes e etc...)

Não consta

Nome: Manuel Ferraz de Campos Sales

Nome(s) político(s): Campos Sales

Data de nascimento: 15/02/1841

Data de falecimento: 28/06/1913

Cidade natal: Campinas

Cidade de falecimento: Santos

Estado natal: São Paulo

Estado de falecimento: São Paulo

País de falecimento: Brasil

Causa da morte: natural

Formação: Direito

Instituição de formação: Faculdade de Direito de São Paulo

Ano de ingresso: 1859

Ano de conclusão: 1863

Campos Sales ingressa na política em 1867, filiando-se ao Partido Liberal. Em 1873 participa

da fundação do Partido Republicano Paulista (PRP) criado durante a Convenção de Itu. Entre

as ideias estabelecidas pela convenção estava o fim da monarquia e da escravidão.

Durante o Império foi vereador em São Paulo (1872), deputado provincial em São Paulo

(1867- 1871; 1882-1883 e 1888-1889) e deputado geral entre 1885-1888 (um dos três únicos

republicanos eleitos para a função no período).

Page 32: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

32  

Com o advento da República em 1889 tornou-se ministro da Justiça do governo provisório de

Deodoro da Fonseca (1889-1991) e simultaneamente Senador da República pelo estado de

São Paulo para a Assembleia Nacional Constituinte. Entre 1892 e 1893 parte para a Europa e

atua como colaborador para o jornal Correio Paulistano.

Foi presidente do estado de São Paulo de 1894 até 1898, quando o estado enfrentou um

grande surto de febre amarela ao mesmo tempo em que enviava tropas do estado para a

Guerra de Canudos.

Em 1898 ocorreram as eleições diretas para a Presidência da República e Campos Sales sai

vencedor e assume a presidência no dia 15 de novembro de 1898, governando até 1902.

Apoiou a agricultura com o cultivo de café. Recusou adotar medidas de proteção à indústria

brasileira em decorrência da política de encilhamento criada por Ruy Barbosa. Sales

renegocia a dívida brasileira com os banqueiros ingleses, o que ficou conhecido como

funding loan, caracterizado pelo combate à inflação e a desvalorização da moeda, além da

retirada de grande quantia de circulação e não permissão de emissão de papel-moeda pelos

bancos.

Foi responsável por afastar os militares da República e estabeleceu a chamada política dos

governadores. Com isso, emerge o pacto oligárquico caracterizado num acordo entre o poder

central e o local, na prática a não intervenção do poder do Estado nacional no mando dos

partidos e dos coronéis nos estados e municípios. Em troca, o presidente recebia apoio no

âmbito federal.

Este cenário tornou possível a criação da “política do café-com-leite”. Mineiros e paulistas

revezavam a presidência e a vice-presidência da República. Sales indicou o paulista

Rodrigues Alves como seu sucessor à presidência, o que veio a ocorrer 1º de março de 1902.

Referências utilizadas para composição da nota biográfica

CORRÊA, Arsênio Eduardo. O Pensamento Político de Campos Sales. Londrina:

Humanidades, 2009.

Referências da liderança

SALES, Campos., Mensagem apresentada ao congresso nacional na abertura da terceira

sessao da quarta legislatura pelo presidente da republica m. Ferraz de Campos Sales em 15

de novembro de 1898. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1898.

Page 33: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

33  

Referências sobre a liderança

Livros

CORRÊA, Arsênio Eduardo. O Pensamento Político de Campos Sales. Londrina:

Humanidades, 2009.

DEBES, Célio. Campos Salles: perfil de um estadista. Livraria F. Alves Editora, 1978.

MARCONDES, Ayrton. Campos Salles: uma investigação da República Velha.

Bauru: EDUSC, 2001.

GUANABARA, Alcindo. A presidência Campos Salles politica e finanças, 1898-1902 Rio de

Janeiro : Laemmert & co., 1902.

MENEZES, Raimundo de. Vida e obra de Campos Salles. Campinas, Secretaria de

Educação, Cultura Esportes e Turismo, 1974.

MONTEIRO, Tobias, O Presidente Campos Salles na Europa. Editora F. Briguiet, 1928.

Salles, Antônio Carlos. O idealismo republicano de Campos Salles. Rio de Janeiro: Z.

Valverde,[1944.

VILLEGAS, Maria Zelia de Camargo de El gobierno de manuel ferraz de campos salles, el

restaurador de las finanzas (1898-1902) Caracas : Instituto de Altos Estudios de America

Latina, 1993.

Dissertações e teses

Não consta

Artigos

Não consta

Outros (audiovisual, internet, artes e etc...)

Não consta

Nome: Carlos Marighella

Nome(s) político(s): Carlos Marighella

Data de nascimento: 05/12/1911

Data de falecimento: 04/11/1969

Cidade natal: Salvador

Page 34: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

34  

Cidade de falecimento: São Paulo

Estado natal: Bhaia - BA

Estado de falecimento: São Paulo - SP

País de falecimento: Brasil

Causa da morte: Assassinado

Formação: Engenharia Civil

Instituição de formação: Escola Politécnica da Bahia

Ano de ingresso: 1929

Ano de conclusão: não concluiu

Nasceu em Salvador, capital do estado da Bahia, em 5 de dezembro de 1911. Filho de

uma família pobre com sete filhos, sua mãe era baiana, descendentes de escravos e seu

pai, mecânico de origem italiana. Seu pai teria sido um dos influenciadores das ideias

socialistas em Marighella. Cursou o primário e o secundário em Salvador e em 1929

ingressou na Escola Politécnica da Bahia para cursar Engenharia Civil. No início da

década de 30, ingressa no então PCB (Partido Comunista do Brasil) e é preso. Embora

tenha abandonado a universidade em 1932, continuou na militância estudantil. Passa a

ser um dos principais articuladores do partido até 1936 quando parte para o Rio de

Janeiro para ajudar na direção nacional do PCB.

Nesse mesmo ano (1936), é preso mais uma vez após o fracasso da Intentona Comunista

e a prisão de diversos líderes comunistas. Em 1937 sai da prisão e parte para São Paulo

tentar reorganizar o PCB. Em 1939, é preso novamente, onde permanece em reclusão

até 1944, divididos entre o presídio de Ilha Grande e Fernando de Noronha.

Com o fim do Estado Novo em 1945 e o surgimento de uma nova organização política,

incluindo a legalização do PCB, Marighella é eleito para a Assembleia Nacional

Constituinte (ANC). Em 1947, o registro do PCB é cancelado pelo TSE e, mais tarde,

seus deputados seriam cassados pela Câmara Federal. Volta para a clandestinidade junto

com seu partido. Na década de 50 exerceu vários cargos dentro do partido, sempre na

ilegalidade, atuando ao lado de sindicalistas e outros militantes nas atividades políticas.

Nesse período apoiou a greve de abril/maio de 1953 que, embora com a paralisação de

milhares de trabalhadores não obteve grandes resultados, a par os aumentos parciais nos

salários. Durante a década de 50 o PCB viveu grande crise interna de reorientação

devido à publicação do relatório Kruschev que denunciava os crimes de Stálin.

Page 35: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

35  

Na passagem da década de 50 para 60, o PCB aprova uma nova resolução que prega um

caminho para o socialismo pelas vias institucionais. Após o Golpe de 64, Marighella

não acreditava mais no caminho pacífico para o socialismo. No dia 9 de maio do mesmo

ano, recebeu voz de prisão por policiais do DOPS (Departamento de Ordem Política e

Social) em uma sessão de cinema no Rio de Janeiro, resistiu à prisão e foi alvejado com

3 perfurações por arma de fogo. EM 31 de julho de 1964 foi solto graças a um habeas

corpus defendido pelo seu advogado, Sobral Pinto. As divergências entre Marighella e o

PCB tornam-se cada vez mais insustentáveis. Em fins de 1966, deixa a comissão

executiva do PCB e defende a luta revolucionária para por fim à ditadura militar. Em

1968, funda a Aliança Libertadora Nacional, difundindo a guerrilha urbana no Brasil

com sequestros e assaltos à banco para angariar fundos para seu desenvolvimento que

recrudesceram a partir do AI-5, em 13 de dezembro de 1968.

Em 15 de agosto de 1969, um grupo liderado por Marighella ocupa a Rádio Nacional

em São Paulo, propriedade das Organizações Globo, e emite um manifesto escrito pelo

dirigente da ALN. Na noite de 4 de novembro do mesmo ano, em confronto com

policiais chefiados por Sérgio Paranhos Fleury, Carlos Marighella foi assassinado, na

Alameda Casa Branca em São Paulo. Até hoje existem divergências sobre o fato de ele

estar armado ou não e a presença de frades dominicanos na ação que resultou em sua

morte.

Referências utilizadas para composição da nota biográfica

MARIGHELLA, Carlos. (verbete). Disponível em:

<http://www.fgv.br/cpdoc/busca/Busca/BuscaConsultar.aspx>. Acesso em: 01/09/2014.

MAGALHÃES, Mário. Marighella, o querrilheiro que incendiou o mundo. 1ª ed. São

Paulo: Cia das Letras, 2012.

MAGALHÃES, Mário. Disponível em:

<http://blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br/2014/07/31/ha-50-anos-com-

ajuda-de-sobral-pinto-marighella-se-despedia-da-cadeia/>. Acesso em: 01/09/2014.

_____________. Disponível em:

<http://blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br/2014/05/09/ha-50-anos-baleavam-

marighella-no-cinema-leia-gratis-relato-da-biografia/>. Acesso em 02/09/2014.

_____________. Disponível em:

<http://blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br/2014/08/15/ha-45-anos-guerrilha-

tomou-radio-e-transmitiu-manifesto-de-marighella/>. Acesso em: 30/08/2014

Page 36: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

36  

Referências da liderança

Livros

MARIGHELLA, Carlos. Poemas: rondo da liberdade. 1ª ed. São Paulo: Brasiliense,

1994.

_________________. Manual do guerrilheiro urbano e outros textos. 2ª ed. Lisboa:

Assírio & Alvin, s/d.

_________________. Escritos de Carlos Marighella. 1ª ed. São Paulo: Livramento,

1979.

_________________. Por que resisti à prisão. s/ed. São Paulo/Salvador:

Brasiliense/Edufba, 1994 [1965].

_________________. A questão agrária no Brasil. s/ed. s/local: Editora Brasil Debates,

1980.

_________________. Escritos de Carlos Marighella. s/ed. s/local: Editora Livramento,

1979.

_________________. A crise brasileira. 1966. (não foram encontradas mais

informações bibliográficas).

_________________. Minimanual do guerrilheiro urbano. 1969. (não foram

encontradas mais informações bibliográficas).

Referências sobre a liderança

Livros

BETTO, Frei. Batismo de Sangue: Guerrilha e Morte de Carlos Marighella. 14ª ed. rev.

e ampliada. Rio de Janeiro: Rocco, 2006.

JOSÉ, Emiliano. Carlos Marighella - O Inimigo Número Um Da Ditadura Militar. 1ª ed.

São Paulo: Editora Casa Amarela, 2004.

MAGALHÃES, Mário. Marighella, o querrilheiro que incendiou o mundo. 1ª ed. São

Paulo: Cia das Letras, 2012.

MARINGONI, Gilberto; CAMARGOS, Marcia; SACCHETTA, Vladimir (org). A

imagem e o gesto: fotobiografia de Carlos MArighella. 1ª ed. São Paulo: Perseu

Abramo, 1999.

NOVA, Christiane & NOVOA, Jorge (org). Carlos Marighella: o homem por trás do

mito. 1ª ed. São Paulo: UNESP, 1999.

Page 37: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

37  

REZENDE, Claudinei Cássio de. Suicídio revolucionário: a luta armada e a herança da

quimérica revolução em etapas. (ebook - ePUB). s/local, Ed. Scielo/UNE, 2012.

SILVA Jr., Edson Teixeira. Carlos, a face oculta de Marighella. 1ª ed. São Paulo:

Editora Expressão Popular, 2009.

Dissertações e teses

Não se aplica

Artigos

Outros (audiovisual, internet, artes e etc…)

MARIGHELLA, Carlos. (verbete). Disponível em:

<http://www.fgv.br/cpdoc/busca/Busca/BuscaConsultar.aspx>. Acesso em: 01/09/2014.

MAGALHÃES, Mário. Disponível em:

<http://blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br/2014/07/31/ha-50-anos-com-

ajuda-de-sobral-pinto-marighella-se-despedia-da-cadeia/>. Acesso em: 01/09/2014.

_____________. Disponível em:

<http://blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br/2014/05/09/ha-50-anos-baleavam-

marighella-no-cinema-leia-gratis-relato-da-biografia/>. Acesso em 02/09/2014.

_____________. Disponível em:

<http://blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br/2014/08/15/ha-45-anos-guerrilha-

tomou-radio-e-transmitiu-manifesto-de-marighella/>. Acesso em: 30/08/2014.

MELITO, Leandro. Disponível em: <http://www.ebc.com.br/cidadania/2014/08/ha-45-

anos-organizacao-de-marighella-tomava-transmissores-de-radio-em-sp-para>. Acesso

em: 02/09/2014.

Música

Racionais MCs - Carlos MArighella: Mil faces de um homem leal. Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=5Os1zJQALz8>. Acesso em 02/09/2014.

Filmes

Batismo de Sangue. Helvecio Ratton, Brasil, documentário, 2006, 110 min.

Marighella, Retrato falado de um guerrilheiro. Silvio Tendler, Brasil, documentário, s/d.

Marighella. Isa Grinspum Ferraz, Brasil, documentário, 2012, 100 min.

Page 38: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

38  

Nome: Delfim Moreira da Costa Ribeiro

Nome(s) político(s): Delfim Moreira

Data de nascimento: 07/11/1868

Data de falecimento: 01/07/1920

Cidade natal: Cristina

Cidade de falecimento: Santa Rita do Sapucaí

Estado natal: MG

Estado de falecimento: MG

País de falecimento: Brasil

Causa da morte: Sífilis terciária

Formação: Direito

Instituição de formação: Faculdade de Direito de São Paulo

Ano de ingresso: 1886

Ano de conclusão: 1890

Décimo presidente do Brasil, Delfim Moreira exerceu o cargo com a morte do titular

Rodrigues Alves, no período de 15/11/1918 a 28/07/1919. Era mineiro, nascido em

Cristina, e representante, portanto, da política do café com leite.

Como defensor do republicanismo participou da fundação dos jornais: República

Mineira e Vinte e Um de Abril. Após a conclusão do curso de direito, trabalha como

promotor público e juiz municipal em Santa Rita do Sapucaí. Sua carreira política

começa com eleição para vereador e presidente da Câmara Municipal desse município.

Foi deputado federal por dois mandados (1894-1902) e no mesmo período exerceu

simultaneamente o cargo de secretário do interior de Minas Gerais. Foi presidente de

Minas Gerais (equivalente ao cargo de governador hoje) no período de 1914 a 1918.

Compôs a chapa vitoriosa de Rodrigues Alves como vice-presidente em 1918. Com o

falecimento de Rodrigues Alves, infectado pela gripe espanhola, Delfim Moreira

assume a presidência por um curto período de tempo até a realização de um novo

processo eleitoral vencido por Epitácio Pessoa.

Sua presidência ficou conhecida como “regência republicana”, período marcado por

greves e problemas sociais. Também afetado por problemas de saúde, sua curta gestão

ficou marcada pela transferência de tarefas para o ministro Afrânio de Melo Franco.

Referências utilizadas para composição da nota biográfica

Page 39: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

39  

MINISTÈRIO DA JUSTIÇA. Centro de Informações de Acervo dos Presidentes da

República. Disponível em: http://www.an.gov.br/crapp_site/default.asp. Acesso em

26/06/2014.

HISTÓRIA BRASILEIRA. Biografias: Delfim Moreira. Disponível em:

http://www.historiabrasileira.com/biografias/delfim-moreira/. Acesso em 25/06/2014.

Wikipideia. Delfim Moreira. Disponível em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Delfim_Moreira. Acesso em 24/06/2014.

UOL Educação. Biografias: Delfim Moreira. Disponível em:

http://educacao.uol.com.br/biografias/delfim-moreira-da-costa-ribeiro.jhtm. Acesso

24/06/2014.

ESTADÃO (acervo). Personalidades: Delfim Moreira. Disponível em:

http://acervo.estadao.com.br/noticias/personalidades,delfim-moreira,927,0.htm. Acesso

em 25/06/2014.

Referências da liderança

Não Consta

Referências sobre a liderança

Livros

KOIFMAN, Fábio, Organizador – Presidentes do Brasil, Editora Rio, 2001.

http://www.duplipensar.net/dossies/historia-das-eleicoes/presidente-delfim-

moreira.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Delfim_Moreira

SILVA, Hélio, Os Presidentes - Rodrigues Alves/ Delfim Moreira , Editora Três, 1983.

Dissertações e teses

Não consta

Artigos

CPDOC. Dicionário de Elite Política Republicanas (19889-1930). Verbete Delfim

Moreira. Disponível em: http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-

republica/MOREIRA,%20Delfim.pdf. Acesso em 26/06/2014.

Page 40: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

40  

GONÇALVES, Irlen Antônio. Um bacharel na secretaria do interior e justiça: o

intelectual Delfim Moreira ea reforma do ensino em Minas Gerais. Revista Brasileira de

História da Educação, 2012, 8.1 [16]: 125-146.

Outros (audiovisual, internet, artes e etc...)

Não consta

Nome: Manoel Deodoro da Fonseca

Nome(s) político(s): Marechal Deodoro da Fonseca

Data de nascimento: 05/08/1827

Data de falecimento: 23/08/1892

Cidade natal: Alagoas

Cidade de falecimento: Barra Mansa

Estado natal: Maceió

Estado de falecimento: Rio de Janeiro

País de falecimento: Brasil

Causa da morte: crise aguda de dispneia

Formação: Militar

Instituição de formação: Escola Militar do Rio de Janeiro

Ano de ingresso: 1843

Ano de conclusão: 1847

Presidente da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul (1886-1888), comandante

militar em Mato Grosso (1888-1889) e Primeiro Presidente da República (1889-1891).

O escritor e jornalista Laurentino Gomes (segundo blog do autor - ver nas referências

abaixo) escreveu que Deodoro da Fonseca era um “tarimbeiro”, jargão usado na época

para designar os militares veteranos da Guerra do Paraguai, com escassa formação

intelectual, mas grande experiência nos campos de batalha e na vida de caserna. Era um

homem vaidoso, intempestivo, rancoroso e de gênio difícil. Mas tudo indica que era

também um homem honesto, íntegro, incapaz de aceitar vantagens pessoais em troca de

favores ou prestígio político. Até as vésperas da Proclamação da República era

monarquista convicto e dizia-se amigo do imperador Dom Pedro II. Em 1888, numa

Page 41: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

41  

troca de cartas com um sobrinho, também militar, afirmou que “a república no Brasil

seria uma tragédia”.

O marechal foi personagem das circunstâncias históricas uma vez que sua participação

no golpe de Quinze de Novembro se deveu mais a mágoas e desavenças pessoais do que

a convicções políticas. Nos anos que antecederam a queda da monarquia, os

republicanos civis estavam divididos, não tinham votos e não viam perspectivas de

chegar ao poder pelas urnas. A mocidade militar de Benjamin Constant era ardorosa,

mas não tinha capacidade de mobilizar as forças armadas contra o Império. Por isso,

todos viam em Deodoro a única figura com autoridade moral para assumir a liderança

do golpe. E foi nessa condição que ele ergueu a espada contra o império em 15 de

novembro de 1889.

Feita a troca de regime, sua atuação à frente do governo republicano foi permeada por

complicações e crises. Durante o primeiro ano, a rotatividade nos governos estaduais foi

altíssima. Havia dificuldades de toda a natureza pela frente, a começar pela falta de

quadros republicanos para ocupar os postos chaves da administração e a pouca

experiência dos novos governantes. O estado do Rio Grande do Norte, por exemplo,

teve dez administrações. Minas Gerais, treze; Paraná, onze; Pernambuco, oito; e

Sergipe, sete.

Habituado à vida na caserna e desconfiado das reais intenções dos civis, que ele

conhecia pouco, Deodoro preferiu de início delegar esses cargos aos seus companheiros

de armas. Por essa razão, os militares dominaram por completo a cena política

brasileira. Uma reforma financeira e bancária decretada por Rui Barbosa, então ministro

da Fazenda, gerou a primeira grande corrida especulativa no Brasil, chamada

Encilhamento. A inflação atingiu níveis altíssimos. Muitos ministros pediram demissão.

Em meio ao nervosismo, Deodoro chegou a desafiar Benjamin Constant para um duelo

durante uma reunião ministerial. O resultado da crise foi o fechamento do Congresso e a

renúncia de Deodoro em novembro de 1891.

Deodoro morreu dez meses mais tarde, em agosto de 1892. Foi enterrado à paisana, sem

honras militares, como era seu desejo.

Page 42: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

42  

Fonte: http://laurentinogomes.com.br/blog/2013/10/deodoro-da-fonseca-de-refem-da-historia-a-heroi-republicano/

Referências da liderança

‘Não consta’.

Referências sobre a liderança

‘Não consta’.

Livros Deodoro e a verdade histórica para 15 de novembro de 1937 Leôncio CORREIA Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1937. Comissão Pró-Monumento Deodoro, por ocasião da inauguração do seu monumento, 1937

Fonseca, uma família e uma história Walter FONSECA Universidade do Texas: Editora Obelisco, 1982

Deodoro: A espada contra o Império ROBERTO MAGALHÃES JÚNIOR Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional, 1957 Deodoro, subsídios para a história Ernesto SENNA Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1981

Deodoro da Fonseca : primeiro presidente do Brasil Hélio Carneiro SILVA E Maria Cecília Ribas. Universidade do Texas: Editora Três, 1983

Dissertações e teses

MELLO, Rafael Reis Pereira Bandeira de. O Apostolado positivista e o projeto da ditadura republicana no Brasil (1889-1891) ' 01/11/2011 153 f. Mestrado Acadêmico em História Social Instituição de Ensino: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Biblioteca Depositária: UERJ - REDE SIRIUS - BIBLIOTECA CEHD Orientador: MAGALI GOUVEIA ENGEL

Artigos

República Federativa do Brasil: origem histórica e a influência da Federação norte-americana no sistema brasileiro - DOI: 10.4025/actascihumansoc.v25i1.2211 The Federative Republic of Brazil: historical origin and influence of the U.S. federation on the Brazilian political system - DOI: 10.4025/actascihumansoc.v25i1.2211 Aroldo Luiz Morais ; Janaina Vandresen

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43  

Acta Scientiarum : Human and Social Sciences, 2003, Vol.25(1), p.185 [Periódico revisado por pares] Portal de Periódicos da Capes

Outros (audiovisual, internet, artes e etc...)

Nome: Dilma Vana Rousseff

Nome(s) político(s): Dilma Rousseff

Data de nascimento: 14/12/1947

Data de falecimento: não se aplica

Cidade natal: Belo Horizonte

Cidade de falecimento: não se aplica

Estado natal: Minas Gerais - MG

Estado de falecimento: não se aplica

País de falecimento: não se aplica

Causa da morte: não se aplica

Formação: Economista

Instituição de formação: Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS

Ano de ingresso: 1974

Ano de conclusão: 1977

Nascida na cidade Belo Horizonte (MG), Dilma Rousseff é filha de imigrante búlgaro

Pedro Rousseff e de Dilma Jane da Silva, nascida em Resende (RJ).

A militância política de Dilma Rousseff começa ainda na década de 60, quando aos 16

anos se aproxima da Organização Revolucionária Marxista – Política Operária –

POLOP. Inicia então sua militância em organizações da esquerda revolucionária, que a

partir da instalação dos governos militares em 1964, combatem o regime autoritário

militar, ao mesmo tempo em que entendiam ser possível estabelecer um processo

revolucionário no país.

Em 1967 passa a militar no Comando de Libertação Nacional – Colina. Em 1969, já na

clandestinidade, integra-se a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares - VAR –

Palmares, organização advinda da união da Colina e da Vanguarda Popular

Revolucionária. Presa em 1970 é condenada pela Justiça Militar por subversão e cumpre

pena de três anos no presídio Tiradentes em São Paulo.

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Libertada, após breve estada em Minas Gerais onde buscou se recuperar das torturas

físicas e psicológicas sofridas na prisão, estabelecesse em 1973 em Porto Alegre, onde

mais tarde participa da fundação do Partido Democrático Trabalhista – PDT (1979).

Em 1974 ingressa no curso de economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

– UFRGS, retomando os estudos universitários interrompidos em Minas Gerais devido

à sua militância política na década de 60.

Entre 1980 e 1985 trabalha como assessora da bancada estadual PDT. De 1985 a 1988,

na gestão de Alceu Colares, foi Secretária da Fazenda do Município de Porto Alegre.

Em 1989 passa a ser Diretora Geral da Câmara Municipal de Porto Alegre, onde

permanece até 1990.

Com o apoio de Brizola a Lula no segundo turno da eleição presidencial de 1989,

Dilma, segue seu partido, o PDT, e apoia o candidato do Partido dos Trabalhadores,

derrotado naquela eleição por Fernando Collor.

De 1991 a 1993 foi Presidente da Fundação de Economia e Estatística – FEE do Rio

Grande do Sul. Em 1993 é nomeada, pelo então Governador Alceu Colares, Secretária

de Energia, Minas e Comunicações do Rio Grande do Sul, permanecendo no cargo até

1994. Durante a gestão do Governador Antônio Britto do PMDB (janeiro de 1995 a

janeiro de 1999), Dilma trabalha de 1995 a 1997 novamente na FEE, agora como

técnica. De 1999 a 2002 foi Secretária de Minas e Energia do Rio Grande do Sul no

governo de Olívio Dutra do Partido dos Trabalhadores, partido no qual Dilma se filiou

em 2001.

Com a posse do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva em 2003, Dilma

assume o cargo de Ministra de Minas e Energia, cargo que só deixaria em 2005 para

assumir a Casa Civil substituindo o Ministro José Dirceu envolvido com o escândalo do

mensalão.

Escolhida por Lula como sua sucessora, Dilma Rousseff foi eleita em 2010 à primeira

mulher a ser presidente da república. Em julho de 2014, em convenção do Partido dos

Trabalhadores, por aclamação, Dilma é indicada a candidata à reeleição ao cargo de

presidente da república.

Referências utilizadas para composição da nota biográfica

http://www2.planalto.gov.br/presidencia/presidenta/biografia último acesso em

20/06/2014

Page 45: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

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http://www.e-biografias.net/dilma_rousseff/ último acesso em 20/06/2014

http://www.dilma.com.br/site/biografia último acesso em 20/06/2014

http://educacao.uol.com.br/biografias/dilma-rousseff.jhtm último acesso em 20/06/2014

http://lattes.cnpq.br/1357261451494509 último acesso em 20/06/2014

Referências da liderança

Artigos completos publicados em periódicos

ROUSSEFF, D. V. . O Crédito e a Inadimplência. Informe Econômico Rs, Porto Alegre

- RS, 1997.

_____________. Política Monetária e o Sistema Financeiro: A Estabilização das Taxas

de Juros e a Internacionalização do Mercado de Varejo Bancário. Indicadores

Econômicos Fee, Porto Alegre - RS, v. 25, n.2, p. 19-34, 1997.

_____________. Política Monetária e o Sistema Financeiro: A Elevação das Taxas de

Juros e a Concentração Bancária. Indicadores Econômicos Fundação de Economia e

Estatística – FEE, Porto Alegre - RS, 1997.

_____________. O Déficit e a Dívida Interna dos Estados. Informe Econômico RS,

Porto Alegre - RS, 1997.

_____________. O Desempenho da Economia Gaúcha e os Números da Federação das

Indústrias do Estado do RS (FIERGS). Informe Econômico Rs, Porto Alegre - RS,

1996.

_____________. O Aumento da Inadimplência e a Taxa de Juros. Informe Econômico

Rs, Porto Alegre, 1996.

_____________. A Dívida Mobiliária dos Estados e Municípios. Informe Econômico

Rs, Porto Alegre - RS, 1996.

_____________. A Privatização do Setor Elétrico no Chile e na Argentina . Indicadores

Econômicos Fee, Porto Alegre - RS, 1995.

_____________. A Inadimplência e o Sistema de Crédito. Indicadores Econômicos Fee,

Porto Alegre - RS, 1991.

Page 46: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

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_____________. A Economia Gaúcha nos Anos 80. Indicadores Econômicos Fundação

de Economia e Estatística – FEE, 1989.

Capítulos de livros publicados

ROUSSEFF, D. V. . Por Uma Política de Energia Elétrica . In: Luiz J. Marques. (Org.).

Rio Grande do Sul - Estado e Cidadania. Porto Alegre: Palmarinca, 1999, v. , p. -.

Trabalhos completos publicados em anais de congressos

ROUSSEFF, D. V. . A Nova Planta de Valores do Município de Porto Alegre. In:

Conferência Regional Sobre Impostos Municipais, 1988, Porto alegre, 1988.

_____________. O Ganho Inflacionário e o Repasse das Quotas-Parte do ICM . In: I

Encontro dos Prefeitos de Capitais e Secretários de Fazenda, 1987, Corumbá, 1987.

_____________. Por Uma Constituição Municipalista. In: Encontro Estadual de

Municípios da Região Sul, 1986, Florianópolis, 1986.

_____________. O Desenvolvimento Capitalista no Rio Grande do Sul e a Produção de

Alimentos. In: II Congresso dos Economistas do Terceiro Mundo, 1981, Havana, 1981.

Outras produções bibliográficas

ROUSSEFF, D. V. ; MIGLIOLI, J. ; OUTROS . Coleção Grandes Artistas Sociais -

Kalecki, Economia, 1980. (Tradução/Livro)

Referências sobre a liderança

Livros

Alencar, Jakson Ferreira de. (2012) A Ditadura Continuada: Fatos, Factoides e

Partidarismo da Imprensa na Eleição de Dilma Rousseff. São Paulo. Editora Paulus.

Amaral, Ricardo Batista. (2011) A Vida Quer é Coragem: A Trajetória Dilma Rousseff,

a Primeira Presidenta do Brasil. São Paulo. Primeiros Passos.

Fernandes, Carla Montuori. (2012) A liderança Política da presidente Dilma Roussef na

mídia internacional. São Paulo. Scortecci Editora

Solnik, Alex. (2011) O Cofre Do Adhemar - A Iniciação Política De Dilma Rousseff E

Outros Segredos Da Luta Armada. Rio de Janeiro SEXTANTE

Dissertações e teses

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Bernardes, Walkyria Wetter (2009) A constituição identitária feminina no cenário político brasileiro pelo discurso midiático globalizado : uma abordagem discursiva crítica. Programa de Pós-Graduação em Linguística, Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas, Instituto de Letras da Universidade de Brasília.

Gadret, Débora Thayane de Oliveira Lapa. (2011) Os enquadramentos de Dilma Roussef no Jornal Nacional : suspeição, humanização e competência. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação. Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação.

Holanda, Janete Abreu. (2012) Jogos de verdade sobre Dilma Rousseff na mídia: análise de editoriais do jornal folha de S. Paulo e da revista Carta Capital. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Goiás.

Artigos

Cagnin, Rafael Fagundes; Prates, Daniela Magalhães; Freitas, Maria Cristina P. de;

Novais, Luís Fernando (2013) A gestão macroeconômica do governo Dilma (2011 e

2012). Novos estud. - CEBRAP no. 97 São Paulo Nov. 2013.

Gomes, Maria Carmen Aires; BarbaraII; Leila (2011) Mulheres, política e mídia:

algumas incursões em torno da representação sociocultural de Dilma Rousseff. DELTA

vol.27 no. 2 São Paulo in

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-44502011000200006.

Peixoto, Vitor; Rennó, Lucio (2011). Mobilidade social ascendente e voto: as eleições

presidenciais de 2010 no Brasil. Opin. Publica vol.17 no.2 Campinas in

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-62762011000200002

Outros (audiovisual, internet, artes e etc...)

Presidente Dilma Rousseff concede entrevista exclusiva ao SBT – junho de 2014

http://www.youtube.com/watch?v=Wp4lb79Suhc

http://www.youtube.com/watch?v=Lyj2skMNFVM

Fantastico - Patrıcia Poeta entrevista Dilma Rousseff (Rede Globo) setembro de 2011

http://www.youtube.com/watch?v=Mc22nyhwSfs

Page 48: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

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Hebe visita Dilma - COMPLETO – março de 2011

http://www.youtube.com/watch?v=E01FGfsj4fU

TodaysNetworkNews: US Pres. Obama's Meets Pres. Dilma Rousseff of Brazil – Agosto de 2012

http://www.youtube.com/watch?v=HPlkxVWY48Q

Dilma Rousseff e José Serra no debate Rede Globo 2º Turno 29/10/2010 (1/7)

http://www.youtube.com/watch?v=6sbbZB9mqa4

Entrevista de Dilma no Roda Vida 28 de junho de 2010 - parte 1

http://www.youtube.com/watch?v=XOB4NFKCj8w

Brazilian President Dilma Rousseff's Full UN Address – setembro de 2013

http://www.youtube.com/watch?v=3_hzgIyz4X0

Nome: Fernando Affonso Collor de Mello

Nome(s) político(s): Collor

Data de nascimento: 12/08/1949

Data de falecimento: -

Cidade natal: Rio de Janeiro

Cidade de falecimento: -

Estado natal: Rio de Janeiro - RJ

Estado de falecimento: não se aplica

País de falecimento: não se aplica

Causa da morte: não se aplica

Formação: Economia

Instituição de formação: Universidade Federal de Alagoas

Ano de ingresso: 1968

Ano de conclusão: 1972

Nascido na cidade do Rio de Janeiro, Fernando Affonso Collor de Mello formou-se

Bacharel em Ciências Econômicas na capital de Alagoas, Maceió, em 1972. Atuou

como diretor da Gazeta do Alagoas, jornal de propriedade de seu pai, Arnon de Mello.

Também exerceu o cargo de Superintendente da organização Arnon de Mello. Filiou-se

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a Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e iniciou sua carreira política como Prefeito

de Maceió (1979-1982).

Foi eleito Deputado Federal pelo Partido Democrático Social (PDS), pelo estado de

Alagoas (1983-1986). Elegeu-se Governador do Estado de Alagoas (1987-1989) pelo

Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Em seu mandato como

governador de Alagoas ganhou notoriedade por combater marajás, termo usado para

denominar os funcionários públicos que ganhavam salários exorbitantes.

Fundou o Partido da Reconstrução Nacional (PRN) e lançou-se candidato a Presidência

da República, em 1989. Em uma disputa acirrada com Luís Inácio Lula da Silva, do

Partido dos Trabalhadores (PT), o candidato Collor (PT) ganhou em primeiro turno, a

primeira eleição direta, desde o ano de 1960, e tornou-se o presidente mais jovem da

história política do Brasil.

No exercício da presidência, lançou em 1990, um rígido plano econômico de controle a

inflação, denominado “Plano Collor”, que possuía como uma das principais medidas, a

proibição de saques de poupança e de conta-correntes no período de 18 meses. Diante

de uma medida impopular e sem conter a inflação, que passou a contar com indicadores

ascendentes a partir de abril de 1991, o Presidente Collor (PRN) foi acusado de

envolvimento em esquemas de corrupção, liderados por Paulo César Cavalcante Farias,

tesoureiro de sua Campanha Presidencial. O escândalo tornou-se ainda maior após as

denúncias do irmão Pedro Collor de Mello, que reafirmou a fraude.

Foi aberta uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o processo,

que ficou conhecido como “Esquema PC”. Comprovado o envolvimento do Presidente

Collor (PRN) no esquema de corrupção, seu impeachment foi encaminhado a Câmera

de Deputados em agosto de 1991. No senado, Collor (PRN) foi condenado por crime de

responsabilidade e obteve a perda definitiva do mandato e seus direitos políticos foram

cassados por oito anos.

Em 2002, concorreu as eleições para Governador do Estado de Alagoas pelo Partido

Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), quando perdeu para o adversário Ronaldo

Lessa, do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Foi eleito Senador pelo Estado de

Alagoas (2006-2014) no Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) e migrou no

primeiro dia do mandato para o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). No ano de 2009,

Collor tornou-se Presidente da infraestrutura do Senado Federal. Foi eleito Membro da

Academia Alagoana de Letras, em 2009. Foi candidato ao Governo do Estado de

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Alagoas pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) no ano de 2010 e saiu derrotado no

primeiro turno.

Referências utilizadas para composição da nota biográfica

http://www.senado.gov.br/senadores/dinamico/paginst/senador4525a.asp último acesso

em: jun.2014

http://www.e-biografias.net/fernando_collor/ último acesso em: mai.2014 último acesso

em: jun.2014

Referências da liderança

MELLO, Fernando Affonso Collor. O Desafio de Maceió. Alagoas: Gráfica Editora Gazeta de Alagoas, 1981.

MELLO, Fernando Affonso Collor. Brasil: Um projeto de Reconstrução Nacional. Alagoas: Gráfica Editora Gazeta de Alagoas, 1991.

Referências sobre a liderança

Livros

BRESSER PEREIRA, Luís Carlos. Os Tempos Heróicos de Collor e Zélia. São Paulo: Nobel, 1991.

CARVALHO, Rodrigo. A Era Collor – da Eleição ao Impeachment. São Paulo: Anita Garibaldi, 2012.

CLARET, Martin. O fenômeno Collor. São Paulo: Martin Claret Editores, 1989.

CONTI, Mário Sérgio. Notícias do Planalto: A imprensa e Fernando Collor. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 1999.

FIGUEIREDO, Lucas. Morcegos Negros: PC Farias, Collor, máfias e a história que o Brasil não conheceu. Rio de Janeiro: Record, 2000.

KRIEGER, Gustavo; NOVAES, Luiz Antônio; FARIA Tales. Todos os Sócios do Presidente. São Paulo: Scritta Editorial, 1992.

LAMOUNIER, Bolívar. (org.). De Geisel a Collor: o balanço da transição. São Paulo: Idesp, 1990.

LATTMAN-WELTMAN, Fernando; CARNEIRO, José Alan Dias, RAMOS, Plínio de Abreu (Orgs). A imprensa faz e desfaz um presidente. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994.

Page 51: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

51  

MÉLO, Carlos Alberto Furtado de. O ator e suas circunstâncias. São Paulo, Novo Conceito, 2007.

MELLO, Pedro Collor de. Passando a limpo - a trajetória de um farsante. Rio de Janeiro: Record, 1993.

OLIVEIRA, Francisco. Collor, a falsificação da ira. Rio de Janeiro: Imago, 1992.

PEREIRA, Luis Carlos Bresser. Os tempos heróicos de Collor e Zélia. São Paulo: Nobel, 1991.

PINTO, José Nêumanne. A República na Lama: uma tragédia brasileira. São Paulo: Geração Editorial, 1992.

REALE, Miguel. De Tancredo a Collor. São Paulo: Siciliano, 1992.

SILVA, Cláudio Humberto Rosa. Mil dias de solidão: Collor bateu e levou. São Paulo: Geração Editorial, 1993.

SKIDMORE, Thomas. A queda de Collor: uma perspectiva histórica. In: Corrupção e reforma política no Brasil: O impacto do impeachment de Collor. (org.) Rosenn, K. & Downes. São Paulo: FGV, 2000.

SUASSUNA, Luciano; PINTO, Luís Costa. Os fantasmas da Casa da Dinda. São Paulo: Contexto, 1992.

VASCONCELLOS, Gilberto. Collor - A cocaína dos pobres. São Paulo: Ícone, 1989.

Dissertações e teses

AGUIAR, Carly Batista de. Imprensa e eleições 1989: razão e sedução na opinião das elites. Doutorado em Comunicação, USP, 1993.

AMORIM, Maria Salete Souza. Collor: Um Case de Marketing Político - Análise da Relação Mídia e Democracia No Processo Eleitoral de 1989. Mestrado em Ciências Sociais. PUC-SP, 1998.

BENITES, Luis Eduardo Sandim. O Populismo nas eleições de 1989: A constituição do povo nos discursos de Collor e Lula. Mestrado em Sociologia. UFP, 2012.

BIAR, Liana de Andrade. Água mole em pedra dura tanto bate até que fura: uma análise sociocognitiva dos usos das repetições nos discursos de Fernando Collor. Mestrado em Letras, UERJ, 2007.

CASARÕES, Guilherme Stolle Paixão e. A economia política do governo Collor: discutindo a viabilidade de governos minoritários sob o presidencialismo de coalizão. Mestrado em Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP, 2008.

Page 52: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

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FERREIRA, Soraya Venegas. A imagem de Collor nas capas da revista VEJA: construção, consolidação e queda de um mito. Mestrado em Comunicação, UFRJ, 1996.

FLORES, Maria Cândida Galvão. A presidência Collor de Mello: olhares, imagens e representações de um atribulado percurso político. Doutorado em História, UERJ, 2008.

LUQUES, Solange Ugo. Metáfora e argumentação: uma análise crítica do discurso político. Mestrado em Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP, 2010.

MACHADO, Maria Berenice da Costa. O duelo final: Collor x Lula: estudo da eficácia do confronto político na televisão durante as eleições presidenciais de 1989 no Brasil. Mestrado em Comunicação, UFRGS, 1991.

MACIAL, David. De Sarney a Collor: Reformas políticas, democratização e crise (1985-1990). Doutorado em História, UFG, 2008.

MÉLO, Carlos Alberto Furtado de. Collor: Fortuna sem Virtú - a ascensão e queda de um medalhão. Doutorado em Ciências Sociais, PUC-SP, 2003.

MENDONÇA, Kátia Marly Leite. A salvação pelo espetáculo: o mito político do herói no Brasil Novo. Doutorado em Ciência Política, USP, 1997.

PERES, Liege Socorro Albuquerque. O período Collor: análise da cobertura das revistas VEJA e ISTO É de antes da eleição presidencial até o impeachment. Mestrado em Ciência Política, USP, 1998.

PIVA, Otávio. Presidencialismo sem coalizão: a ruptura do modelo de relacionamento entre poderes no Governo Collor. Mestrado em Ciências Sociais, PUC-RS, 2010.

SANTOS, Anderson dos. O espetáculo na política brasileira: a despolitizaçăo do político através das imagens de Fernando Collor nas capas da revista VEJA (1988-1992). Mestrado em História, UFP, 2008.

SOUZA, Paulo Roberto da Silva de. Fernando Collor na imprensa brasileira: representações em torno da sedução e da satanização. Mestrado em História, UFES, 2008.

VIGGIATO, Katharinne Dantas. Memória, corrupção e o acontecimento discursivo PC Farias espetacularizado na mídia. Mestrado em Memória: Linguagem e Sociedade. UESB, 2012.

Artigos

MARTINS, Luciano. A autonomia política do governo Collor. Revista Brasileira de Economia, 1991, vol. 45, páginas 27-33.

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53  

MELO, josé marques. Eleições e meios de comunicação no Brasil: análise do fenômeno Collor de Mello. Barcelona, 1992. Disponível em: http://www.icps.cat/archivos/WorkingPapers/WP_I_56.pdf

PINTO, Celi Regina Jardim. Brasil: eleições presidenciais 89: Collor e Lula na batalha pelo voto. Cadernos de estudo: Programa de Pós-Graduação em História, UFRGS. Porto Alegre. N. 5 (maio 1991), p. 1-52

Outros (audiovisual, internet, artes e etc...)

Não consta

CONCEPÇÃO INICIAL E TABULAÇÕES NO BANCO DE DADOS

A partir das primeiras biofichas a pesquisa desenvolveu a base de dados inicial listando

os campos necessários à tabulação dos itens constantes na ficha biográfica tal como

definidos no modelo básico de concepção das fichas. O desenvolvimento inicial da base

para lançamento dos dados foi feita em Microsoft Excel, mas já estudávamos outras

linguagens e plataformas de informação para o registro do banco. A ideia agora é, a

partir de mais tabulações, definir listas codificadas de partidos, períodos e outras,

pertinentes a fim de facilitar a tabulação, verificação e consistência dos dados. A seguir

copiamos a visualização de partes deste banco de dados inicial:

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ENSAIO PERÍODOS HISTÓRICOS

Como meta futura para caracterização geral dos distintos períodos históricos elencados,

com vistas a compreender os elementos que permitem a formação e o aparecimento de

lideranças em cada um desses períodos, desenvolveremos, ao longo do primeiro

semestre de 2015, um ensaio coletivo.

O objetivo deste ensaio será o de compreender as condições históricas que propiciaram

a emergência de determinadas lideranças em seus respectivos períodos históricos. Duas

questões orientarão a pesquisa e a escrita: como as lideranças desse período se

relacionaram com o desenho institucional e com as ideologias políticas? e; qual a

relação (caso tenham) com o período histórico anterior e o posterior ao analisado

buscando um sentido histórico de mudança, ruptura ou conservação na construção das

lideranças.

O ensaio deverá trazer também uma revisão bibliográfica, considerada fundamental para

estudo do período, e ser feito em Calibri, corpo 12, espaçamento 1,5 entrelinhas,

alinhamento justificado, espaçamento de 1,25 na primeira linha (parágrafo). Formato do

arquivo A4 (não carta), margens superior e inferior 2,5cm e esquerda e direita 3,0 cm.

Número de páginas de 10 a 15 laudas.

O ensaio final abarcará, assim, os 13 períodos considerados com foco na questão das

lideranças políticas, gerando um texto final de 130 à 200 páginas que deverá servir de

base para as etapas ulteriores do projeto e constituirá material de referência para o

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desenvolvimento de seminários e discussões no grupo, bem como poderá se

consubstanciar, também, posteriormente, em item para consulta e leitura de estudantes e

pesquisadores externos ao projeto.

GT 3 – AS REPRESENTAÇÕES DAS LIDERANÇAS POLÍTICAS NA MÍDIA E

NA ARTE

A partir dos três eixos construídos para o estudo do grupo 3 e das observações feitas

pelo parecerista do processo, solicitando “meios e nomes a serem analisados” pelo

referido grupo, complementamos o relatório anterior com outras indicações referentes

às representações das lideranças políticas na mídia e na arte. Mas, lembramos que

outros recortes e nomes ainda poderão ser acrescidos para o melhor desenvolvimento da

pesquisa e, também, assinalamos que o grupo 3 trabalha de forma orgânica com os

demais grupos do projeto.

O grupo 3 da pesquisa em andamento selecionou para estudo, duas lideranças que

atuaram na esfera cultural de forma significativa e, também, levantou um nome de um

artista que produziu interpretações simbólicas sobre lideranças políticas. Assim, nesta

primeira etapa do projeto, iniciou-se o estudo das concepções e das práticas das

seguintes lideranças que ganharam dimensões políticas no cenário brasileiro:

- Mário de Andrade, escritor e intelectual ativo que se expressou por meio da literatura

e, também, desenvolveu pesquisas culturais e atuou no cenário publico (nome já

incluído no banco de dados e discutido pelo grupo 2).

- Glauber Rocha, que fez do cinema sua plataforma para irradiar uma concepção sobre a

política brasileira e sobre o Terceiro Mundo (nome já incluído no banco de dados e

discutido pelo grupo 2). Observe-se que Glauber Rocha também criou representações de

lideranças políticas em seus filmes, mídia que ganha destaque para uma melhor

interpretação do significado das lideranças políticas.

Simultaneamente, decidiu-se por estudar algumas pinturas produzidas na história da arte

brasileira cujo tema refere-se à liderança política. Para tanto, após devidas avaliações,

optou-se pela análise de obras de Pedro Américo, cujo meio de ação se deu pelas artes

plásticas.

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Mário de Andrade e Glauber Rocha, da perspectiva teórica como apontada pelo grupo

1, afetam de forma significativa o entorno cultural e político, fundando movimentos e

engendrando projetos culturais para o país. Os pensamentos e práticas dos dois

intelectuais impactaram nos dispositivos do poder, facilitados que foram pelo gozo da

‘virtú’ e da sabedoria em agir aproveitando-se das circunstâncias dadas. Vale enfatizar

que são dois atores significativos que, agindo no campo cultural, foram homens de ação

que fundaram situações e inovaram, tanto no nível da linguagem quanto nas propostas

para mudanças sociais no país.

Trata-se de lideranças culturais que surgem fora do âmbito institucional do Estado,

mesmo que mais tarde venham a contribuir para a criação de instituições publicas.

Ainda, a partir do terceiro nível teórico do grupo 1, pode-se proceder a um inicial

exercício teórico e aproximar Mário de Andrade (intelectual que discute a ideia de

nação), e principalmente, Glauber Rocha (que discute a natureza e os limites da política

brasileira), à ideia de “parresia”, enquanto lideres portadores de “maneira de dizer a

verdade”, que exercem o “direito da fala”, condições facilitadas pelo potencial da arte e

da autoria criativa – associado ao carisma portado por estas lideranças culturais. Neste

sentido, cabe imputar a estes líderes culturais e políticos a “coragem da verdade” e a

capacidade de “afrontar os poderes instituídos”, conforme conceituações constantes na

parte do relatório do grupo 1. Observe-se que as concepções políticas inovadoras

desenvolvidas por estas lideranças repercutem amplamente pelo país – e

internacionalmente, no caso de Glauber Rocha – até os dias de hoje.

As primeiras abordagens já indicam que estas duas lideranças, e pode-se incluir também

Pedro Américo, estiveram preocupadas em entender e analisar o Brasil e, para isso,

buscaram dar expressão às principais forças sociais em atuação no país, incentivando a

crítica e as transformações sociais ou os aprimoramentos institucionais. Desta forma

vale destacar a importância da crítica cultural para a política brasileira. Assim, enquanto

Mário de Andrade lançou bases para construir dispositivos culturais para a

governabilidade, Glauber Rocha apontou os limites da ação dos políticos brasileiros e

apontou formas radicais de transformação social, mesmo que mais tarde venha se

direcionar para a possibilidade de uma transição política pacífica.

Pedro Américo, recortando o período do Império, retratou Dom Pedro I, Dom Pedro II e

produziu uma das mais significativas pinturas da história da arte brasileira: “Tiradentes

Page 60: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

60  

esquartejado”. Por sua vez Glauber Rocha, em “Terra em transe” criou uma tipologia

representativa de lideranças políticas por meio de duas personagens alegóricas: Felipe

Vieira/José Lewgoy representa o líder populista, carismático e democrático; Porfírio

Diaz/Paulo Autran representa o líder autoritário, conservador e golpista. Enquanto

Pedro Américo elaborou signos visuais para amplificar a importância da relação entre

liderança e poder político, Glauber Rocha focou as lideranças para melhor compreender

o funcionamento da política e enfatizar a importância destes tipos de atores na política

brasileira, seja para eventuais progressos ou como formas de entraves para o

fortalecimento das instituições ou da sociedade.

A seguir apresentamos um levantamento inicial que permite embasar o papel de

lideranças política desempenhado por Mário de Andrade e Glauber Rocha e a escolha

de Pedro Américo como um criador e disseminador de imagens referentes ao líder

político.

MÁRIO DE ANDRADE (1893-1945)

Ao contrário do que se supõe no senso comum, Mário de Andrade não foi apenas um

grande escritor de literatura ou o homem ligado às artes e cultura, embora essa é sua

face mais conhecida. Há outra dimensão fundamental para entender sua importância: ele

também foi um intelectual, pensador que se debruçou em estudos, pesquisas e viagens

com a intenção de melhor compreender o Brasil e os brasileiros, fundamentalmente a

partir do campo cultural e artístico. Neste sentido, a pesquisa deverá abordar Mario de

Andrade desenvolvendo reflexões e ações no campo da política brasileira.

Santos (2012) aponta o fim dos anos 20, particularmente com suas viagens etnográficas

(conhecidas pelo livro O Turista Aprendiz, como um momento de formação de Mário

de Andrade que repercutiria em sua atuação política na década de 30. A partir de 1935,

Mário de Andrade coordena o Departamento de Cultura do Município de São Paulo,

onde dirigiu dois projetos de suma importância para analisar seu papel de líder político:

a Sociedade de Etnologia e Folclore (SEF) e a Missão de Pesquisas Folclóricas (MPF).

A primeira incentivou a formação de pesquisadores, na então incipiente academia

brasileira, para a coleta de materiais e objetos que pudessem ser recolhidos, registrados

com a intenção de contribuir com o desenvolvimento de áreas acadêmicas e científicas

que surgiam no Brasil. A segunda foi um projeto responsável por viajar pelo Brasil para

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61  

identificar e recolher manifestações artísticas e folclóricas do Brasil, ajudando no

entendimento e institucionalização dessas práticas.

Vale referir brevemente, aqui, que a criação da Sociedade de Etnologia e Folclore,

anterior à MPF, tinha como objetivo a formação de pesquisadores e técnicos capazes de

reconhecer e coletar dados de populações tradicionais brasileiras, inspirados em

trabalhos que ocorriam em outros lugares do mundo e que Mário de Andrade conhecia a

partir de revistas e livros que colecionava. Para isso, criou cursos que eram coordenados

pela etnóloga Dina Lévi-Strauss, primeira mulher do antropólogo Claude Lévi-Strauss.

Tanto a MPF quanto a SEF são representativos do que Mário de Andrade entendia por

pesquisas sobre cultura popular brasileira. De acordo com Antonio Candido (211), era

Mário de Andrade, no grupo modernista, quem tinha a preocupação maior em pensar

com profundidade a realidade brasileira. Algumas das ações desse homem público

propiciaram a visão da cultura popular brasileira como um legado, um patrimônio que

deveria ser estudado e preservado. Essa ideia permanece viva até os dias atuais. Esses

dois projetos institucionais, tão caros a Mário de Andrade, ecoam traços já delineados

por ele próprio na realização de suas viagens, são, por todos esses motivos, objeto de

análises mais acuradas.

Assim, analisamos aqui, o papel do autor modernista como ‘homem público’,

compreendido aqui em uma acepção mais ampla, como alguém que exerceu cargo

político na Prefeitura de São Paulo, desenvolvendo atividades que buscavam

institucionalizar politicas culturais no município de São Paulo, e que no futuro serviram

de base e fundamento para as políticas culturais brasileiras. Além disso, também

guardavam preocupações referentes à preservação do patrimônio histórico, artístico e

cultural brasileiro, seja material ou imaterial.

O cargo de chefia do Departamento de Cultura foi ocupado por Mário de Andrade entre

1935-38 e, mais tarde, ocupou também cargo no MES (Ministério da Educação e Saúde

no governo Vargas), durante a gestão de Gustavo Capanema. Mário de Andrade foi o

principal idealizador (ao lado de Paulo Duarte) e primeiro diretor daquele departamento,

que 50 anos mais tarde inspiraria a criação do Ministério da Cultura (MinC) do Brasil. É

nesse momento que Mário de Andrade, o homem ‘público’, coloca o Departamento de

Cultura como um modelo de pesquisas sobre a cultura brasileira (Santos: 2012, 17).

A proposta desta vertente de pesquisa é analisar a forma particular que Mário de

Andrade se apoia para se tornar uma liderança política, pelo viés da cultura.

Principalmente pelo entendimento e concepção que teve do Brasil, a partir da viagens

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etnográficas que empreendeu e o auxiliou na construção cultural do Brasil. Assim, o

trabalho é uma tentativa de observar a fundamentação da prática política de Mário de

Andrade através da dimensão da cultura brasileira, seja por suas viagens mas também

nas redes de relações sociais que estabeleceu com outros artistas e intelectuais.

É sabido, por ampla literatura acadêmica e pesquisas, que os anos 20 e 30 foram

fundamentais para a consolidação de determinados direcionamentos políticos que

influenciaram o Brasil até os dias atuais. No caso aqui específico, não podem ser

esquecidas as ações ocorridas no interior do movimento Modernista. Antonio Candido

em Literatura e Sociedade (2000) lembra que:

A força do Modernismo reside na largueza com que se propôs a encarar a nova situação, facilitando o desenvolvimento até então embrionário da sociologia, da história social, da etnografia, da teoria educacional, da teoria política. Não é preciso lembrar a sincroniza dos acontecimentos literários, políticos, educacionais, artísticos, para sugerir o poderoso impacto que os anos de 1920-1935 representam na sociedade e na ideologia do passado (Candido: 2000, 122) .

Assim, o movimento modernista pode ser sintetizado como: um movimento, uma

estética e um período (Candido e Castello: 2006, 9). Assim, esse movimento expande

sua importância para além do campo cultural e artístico, ao contribuir em aspectos da

própria sociedade e política brasileira. A própria Semana de Arte Moderna de 22, ponto

de partida oficial do modernismo brasileiro é definido por alguns autores como uma

nova mentalidade.

Em perspectivas largas, o Modernismo foi apenas, na década de 20, a outra face de um ímpeto de reforma, inclusive política e social, de que se surpreendem as exsurgências mais diversas e inesperadas. Parece, portanto, perfeitamente correto tomar o ano de 1916 como a data convencional em que a caracterização de um novo estado de espírito implicará no aparecimento de uma nova escola literária e artística capaz de substituir o Parnasianismo e o Simbolismo, já então decididamente esgotados enquanto tipo de sensibilidade coletiva. (Paes & Moisés: 1964, 164).

Dentro dessa abordagem, ao procurar por uma nova sensibilidade coletiva, Mário de

Andrade dá mais ênfase em procurar por uma nova brasilidade, dentro do modernismo.

E essa brasilidade repercutiria no futuro de suas ações políticas. Essa busca é ressaltada

por Moraes (1978).

Podemos verificar na oposição de Mário a Oswald de Andrade, particularmente na defesa que o primeiro faz da sabedoria, do estudo, da “sabença” para utilizar sua expressão, que as vias de construção da cultura brasileira começavam a divergir. Sabemos como Mário de Andrade, desde essa época, preocupava-se mais em pesquisar, no sentido quase universitário da palavra, os elementos que constituem a brasilidade. Sua obra, com raras exceções, é obra de um estudioso. Ao final, de sua vida, Mário haverá de recriminar a si próprio o fato de ter praticamente abandonado o setor de criação artística da sua obra e de ter encaminhado para empreender o imenso levantamento da cultura brasileira em que ele energicamente batalhou (Moraes: 1978, 93).

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63  

Telê Lopez (2002) também defende que parte da reflexão modernista vinha deste

contacto que se pretendeu direto com uma parcela do povo brasileiro, pôde focalizar os

processos de criação popular (…) apresentando coincidência com propostas de

determinadas vanguardas europeias (p.16). Ou seja, o que se observa é uma tentativa

de incorporação de parcelas significativas do povo brasileiro para o fazer artístico e

cultural do Brasil, aqui compreendido em sua dimensão política.

Ao fazer a divisão periódica do modernismo brasileiro, Candido e Castello (2006)

ressaltam que para além do ambiente artístico, a emergência de novas áreas do

conhecimento como resultado do movimento.

É o caso dos estudos históricos e sociais: Sociologia, folclore, etnologia, história econômica e social, que passam por acentuada renovação, focalizando com intensidade crítica a realidade do País nas obras de Gilberto Freyre, Artur Ramos, Sérgio Buarque de Holanda, Fernando de Azevedo, Caio Prado Júnior e outros. É o momento em que se fundam grandes coleções de estudos brasileiros e as primeiras Faculdades de Filosofia, Ciência e Letras, que teriam influência decisiva na formação dos quadros intelectuais. O movimento editorial se firma e se amplia, em escala nunca vista, terminando a dependência das firmas estrangeiras. A vida artística assume importância antes desconhecida, na pintura, na arquitetura, na música, na renovação teatral (Candido & Castello: 2006, 32).

Como Mário de Andrade era uma das figuras proeminentes no modernismo brasileiro,

esteve diretamente envolvido, por exemplo, com a relação criada, estabelecida entre

artistas e academia, principalmente quando se analisa o papel que desempenhou com a

criação da SEF e o apoio dado ao casal Lévi-Strauss, que estavam no Brasil com a

Missão Francesa (grupo de professores que veio desenvolver a recém criada

Universidade de São Paulo - USP).

Durante as viagens etnográficas, principalmente a segunda, que esteve mais voltada

para os estudos (Lopez, 2002; Santos, 2012) é possível notar a preocupação de Mário de

Andrade com os Homens-do-povo e as condições de subsistência deles. Certamente,

sensibilizando-o para o abandono que se encontravam e contribuindo, dessa forma, para

as preocupações de Mário de Andrade em suas atuações políticas.

Vale lembrar ainda que, no Brasil, movimento modernista e política tem uma relação

dada por seus atores. Nosso modernismo nunca foi uníssono e dele partiram várias

vertentes tanto estéticas como políticas que o levaram a diversas subdivisões bem

conhecidas como: Movimento Pau Brasil, Movimento da Anta, Movimento Verde-

amarelo, Movimento Antropofágico. Alguns com colorações mais à progressistas e

outros mais conservadores, cujo exemplo mais eloquente é o verde-amarelismo de

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Plínio Salgado que culmina com o projeto político da Ação Integralista Brasileira (AIB)

(Santos, 2012).

A análise aqui desenvolvida defende que Mário de Andrade foi um sujeito político sob

duas perspectivas: a primeira, como participante ativo de um debate público (com o

projeto modernista), que propunha reformulações e intervenções artísticas e culturais,

com claros interesses estéticos, mas também ideológicos. Também pode-se considerá-lo

como político no sentido da carreira institucional que desenvolveu como ‘homem

público’ que institucionalizou o campo cultural na política brasileira. Assim se propõe a

pensar a esfera do sujeito cultural atuando na política, pois Mário de Andrade sempre

teve como preocupação, demonstrada em diversos momentos de sua obra, a função

social do artista. Ou seja, o papel do artista no conjunto da sociedade. Assim, também

como político observamos o pilar ‘homem pesquisador’, uma vez que sua atuação

baseou-se em práticas metodológicas de cunho científico, que reverberaram na sua

atuação institucional.

As três faces do poeta modernista estudadas aqui, portanto, não devem ser

desmembradas: estão necessariamente interligadas. Como Coutinho (1988) afirma, o

século XX espalhou “a convicção que o Brasil podia ser ‘vivido’ intelectualmente, e,

com a matéria prima que oferece, recriado artisticamente” (pg. 236). Assim, Mário de

Andrade não só recria o Brasil artisticamente mas também age também como

fomentador de transformações políticas (Santos: 2012, 19).

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GLAUBER ROCHA (1939-1981)

O cineasta Glauber Rocha nasceu, em Vitória da Conquista, no estado da Bahia. Com

inserção no jornalismo e na literatura, Rocha pode ser descrito como um artista

catalisador de tendências estéticas e políticas que atravessaram a cultura brasileira dos

anos 1960 em diante. Enquanto cineasta é responsável pelas principais obras

cinematográficas produzidas no Brasil, sendo também um dos artistas brasileiros mais

reconhecidos internacionalmente. Rocha é objeto de retrospectivas de sua obra em

cinematecas, universidades e instituições culturais em inúmeros países, bem como tema

de pesquisa acadêmica em áreas de conhecimento que saem do escopo da teoria do

cinema, envolvendo também as teorias social e política, bem como estudos semióticos e

estéticos.

Sua trajetória de vida também se entrecruzou de forma incisiva com as perspectivas

econômico-políticas vivenciadas pelo país: nacional-desenvolvimentismo dos anos 1950

às modalidades tecnocráticas adotadas pelo regime militar nos anos 1960, que refletem

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67  

na sua obra cinematográfica e especialmente na forma como atuou enquanto artista

agregador de tendências estéticas e politicas. Seus filmes eram uma recusa do modelo

tradicional de narração e criação cinematográfica, pois procuravam observar o país em

seus múltiplos fluxos e em uma realidade multifacetada: os rituais afro-brasileiros

expostos em “Barravento” (1961); a síntese do desenvolvimento político brasileiro em

“Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964); a crise do populismo político em “Terra em

Transe” (19967) representa um avanço não apenas na teoria do cinema mas na

capacidade desse meio em examinar e produzir um diagnóstico totalizante do país e sua

inserção nos fluxos globais.

Glauber, inicialmente preocupado em desvendar os mecanismos que sustentam e

reproduzem o poder político, acabou produzindo um retrato mais amplo da formação

das inúmeras forças sociais que sustentavam o país: de uma burguesia atrelada aos

fluxos internacionais; do campesinato com seus rituais arcaicos e uma religiosidade

primitiva; de uma classe média incipiente e, sobretudo insegura diante dos processos de

modernização econômica em curso, forças essas que entravam em choque e nessa

dinâmica assimilavam uma às outras. Assim questões como a emergência de um padrão

cultural no Brasil; as relações entre identidade nacional, América Latina e

neocolonialismo cultural; as fusões entre diferentes culturas e tempos históricos,

transformaram de forma definitiva não somente o cinema no Brasil, mas o estado da

arte brasileira em geral.

Com tamanha ambição era natural que o cinema de Glauber não apenas o projetasse no

campo artístico, mas também no cenário político. Próximo da esquerda cultural dos

anos 1960 e simpático ao marxismo acadêmico então em voga, não deixou de imprimir

sua marca pessoal em todas essas balizas, muitas vezes as ultrapassando de forma

radical. Desde o início de sua carreira no final dos anos 1950 – seu primeiro filme, “O

Pátio”, de 1959, realizado na Bahia, chamou a atenção de críticos em São Paulo e no

Rio de Janeiro – até a sua morte em 1981, foi um artista agregador. Sua posição no

interior da cultura brasileira o aproxima de outros intelectuais com atividades que

extrapolam sua atividade original como, por exemplo, Mário de Andrade. Rocha

também mantinha uma correspondência intensa com amigos, cineastas e políticos,

indicando posições e trajetórias a serem perseguidas. Como Mário, aproximou-se das

instituições estatais e de uma concepção particular acerca do desenvolvimento político

do país, ultrapassando as fronteiras que delimitam o ofício do artista.

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Glauber também foi o principal líder do movimento Cinema Novo, que ocorreu no

Brasil entre os anos 1950 a 1960. Além de atualizar a arte cinematográfica brasileira

com o debate internacional, o movimento propunha uma atuação política mais direta,

seja por meio dos filmes ou por atuação direta no poder político. Sua atuação enquanto

liderança no meio artístico pode ser observada em depoimentos, cartas e diversos

documentos, sendo que Rocha esgarçava as fronteiras do artista tradicional assumindo o

papel de condutor de um processo maior cujo objetivo era definir um padrão para a

cultura brasileira. E se essa sofre um processo de descaracterização cultural devido aos

fluxos econômicos internacionais, cabia então abrir uma nova frente de atuação tendo

Glauber operado uma transformação no sentido tradicional de liderança ao assumir uma

interlocução com as instituições estatais e o poder político. 3

Aqui Rocha propunha uma linha de atuação às instituições governamentais, mesmo

diante de um governo autoritário que dificultava a capacidade de articulação entre

artistas e Estado. Desde o começo dos anos 1960 encontramos nos escritos de Glauber

uma concepção de instituições estatais e de política cultural disposta a abrigar uma nova

concepção de cinema no Brasil. Essa capacidade de articulação cultural e política

possibilitou a abertura dos centros de decisão e de formulação de políticas. Sua

aproximação gradual com um núcleo influente de militares com perfil nacionalista

ajudou a consolidar um diálogo institucional entre o regime autoritário e agências

estatais de produção e difusão cultural. O resultado dessa ação de Glauber resultou

numa cunha aberta no interior do Estado ocupada posteriormente por cineastas e

produtores culturais. 4

Aqui notamos Rocha examinando o regime autoritário a partir de certas características

que seriam verificadas décadas depois, ou seja, a porosidade do regime autoritário em

                                                            3  O cineasta Nelson Pereira dos Santos definia esse comportamento agregador de Glauber: “há quem diga, jocosamente, que o Cinema Novo é o Glauber Rocha no Rio de Janeiro. Quando o Glauber aparece no Rio, fala-se, discute-se, combate-se, funda-se, liquida-se o Cinema Novo. O Glauber fundou o Cinema Novo e uma vez escreveu um artigo para acabar com o Cinema Novo. Ele tem essa capacidade de fazer onda, de arregimentar pessoas (grifo do autor). Revista Civilização Brasileira, n. 01, 1965, p.186. 4 Ivana Bentes analisou a correspondência de Glauber Rocha entre os anos de 1950 a 1980, notando assim um perfil de liderança que estipulava um ritmo e um papel aos diversos atores: “Glauber é dominado por esse “fogo de realização” que se alastra por todo um grupo ou geração. Impressiona o número de cartas em que estipula para si, para o remetente ou para o grupo de amigos um programa ou projeto coletivo, uma série de tarefas, obras e filmes a serem realizados. O tom é impositivo e cúmplice, dizendo o que fazer, como e por que fazer. Uma espécie de reforma agrária-estética-cinematográfica, distribuindo regiões do Brasil, roteiros e temas possíveis entre os cineastas, num desejo de mapear estética e politicamente o país”. BENTES, Ivana. Cartas ao mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p. 19.

 

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69  

relação à diversos segmentos da sociedade brasileira e a necessidade de responder a

demandas vocalizadas por grupos sociais específicos. A criação de diferentes agências

de suporte ao filme brasileiro – Instituto Nacional de Cinema (1967); Embrafilme

(1969) – respondiam à diferentes motivações e pressões, mas certamente a liderança

catalisadora de Glauber foi um elemento decisivo.

Transitando entre a cultura e a política, Glauber Rocha modificou os termos que

constituem uma liderança tradicional: não apenas mobilizou mas criou um conjunto de

ideias e argumentos que semeou em múltiplas direções; articulou uma visão sistêmica

para a atuação governamental e especialmente dialogou com diferentes concepções de

poder político. O seu exílio nos anos 1970 pode ser uma decorrência do escopo de sua

atuação; sua morte em 1981 não finalizou um estilo de liderança político e cultural, mas

consolidou um espaço para um tipo de líder atento aos distintos contextos – e sua

movimentação no interior deles – e aberto ao debate em uma sociedade que caminhava

rapidamente para a pluralização de suas instâncias de representação política e social. Os

anos 1980 em diante - com o processo de redemocratização do país - vai encontrar este

perfil de liderança melhor consolidado.

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PEDRO AMÉRICO (1843-1905)

A pesquisa toma por objeto a produção artística de Pedro Américo Figueiredo e Melo

na pintura, mormente os itens de sua produção voltados à figuração de lideranças

políticas brasileiras do período imperial (1822-1889) e objetiva uma compreensão que

ilumine problematizações sobre a cultura política relacionada a líderes brasileiros por

meio da análise de algumas de suas telas.

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71  

A abordagem poderá se dar sobre dois tipos de quadros produzidos pelo artista: aqueles

em que a liderança política é retrato, objeto central da tela, ou em que ela apareça como

protagonista em um cenário, contexto histórico. Como exemplo do primeiro caso pode-

se citar Tiradentes Esquartejado (1893) obra em que Pedro Américo retratou o líder da

Inconfidência Mineira, não obstante suas qualidades míticas, após sua execução; como

exemplo do segundo caso pode-se citar Independência ou Morte (1888) cujo cenário é o

da independência do Brasil em que figura a liderança de Dom Pedro I.

A obra de Pedro Américo situa-se entre as de maior repercussão entre os pintores

brasileiros pós-independência. Figura chave do Academismo brasileiro o pintor ainda se

destacou como escritor, político, teórico e cientista. Sua obra não raras vezes foi e é

utilizada na ilustração de livros didáticos de história do Brasil, bem como se ajustou e se

ajusta facilmente aos acervos dos museus brasileiros, sobretudo nas sessões voltadas ao

acervo de itens da política nacional. Pinturas de Pedro Américo cujo tema é lideranças

ou momentos da história política do Brasil podem ser encontrados nos acervos de

museus históricos como Museu Paulista - SP e Museu Histórico Nacional – RJ.

Destarte pode-se depreender certa leitura da cultura política brasileira a partir da

produção artística de Pedro Américo. Nesta proposta que toma por objeto as

representações das lideranças políticas em seus quadros este objetivo se coloca de

maneira mais aguda: compreender a criação e representação e porque não dizer o

reforço e/ou invenção de lideranças políticas brasileiras no imaginário nacional a partir

da produção pictórica de um artista brasileiro da segunda metade do século XIX.

Para o desenvolvimento da análise que permita alguma compreensão da cultura política

brasileira relacionada à representação de lideranças políticas na obra do pintor Pedro

Américo, selecionaremos quadros de dois tipos.

As do primeiro tipo são aquelas pinturas voltadas à representação figurativa de

personalidades reconhecidas no imaginário político nacional como lideranças políticas

sejam elas institucionais, populares ou não. Essas pinturas podem ser retratos, bem

como podem ser representação de um momento histórico específico, mas, nesse último

caso, a cena deverá estar voltada à representação da personagem, devendo outros

elementos ser coadjuvantes.

Um retrato específico foi selecionado para análise inicial. Trata-se do de Dom Pedro I,

pintado na década de sessenta do século XIX quando o segundo reinado era uma

realidade nas mãos do pai do retratado, Dom Pedro II. (Imagem 1).

Page 72: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

72  

Imagem 1 – Dom Pedro I

Fonte:http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&ve

d=0CAMQjxw&url=http%3A%2F%2Fwww.fotolog.com%2Fart3_xpresion%2F73500

525%2F&ei=Tv2FVJHOLYekgwTL9YCYAw&bvm=bv.80642063,d.eXY&psig=AFQ

jCNFBtmE_5mmNf2_Vkt5Jzmd6DN8hLg&ust=1418153673003301. Último acesso:

nov.2014

Page 73: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

73  

Serão analisados, também, dois quadros que representam momentos históricos

específicos em que as lideranças são foco da representação. Trata-se de um voltado a

representação de um evento institucional de grande importância que marcava a abertura

do ano legislativo no período imperial. A fala do trono, pintado em 1873, retrata o

protagonismo de Dom Pedro II. (Imagem 2)

Imagem 2 – A fala do trono (1873)

Fonte: http://joseliocarneiro.blogspot.com.br/2013/03/maior-e-principal-colecao-

dopintor.html.

Último acesso em: nov.2014

A segunda pintura que representa momento histórico específico com figuração central

de protagonismo político está relacionada, diferente da anterior, a uma liderança política

popular. Trata-se de Tiradentes Esquartejado, pintada em 1893, quatro anos após a

queda do império. Não obstante, pois, será analisada essa possível mudança na escolha

de personagens políticos figurados por Pedro Américo após a queda da monarquia em

1889. (Imagem 3)

Page 74: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

74  

Imagem 3 – Tiradentes esquartejado (1893)

Fonte: http://joseliocarneiro.blogspot.com.br/2013/03/maior-e-principal-colecao-

dopintor.html.

Último acesso em nov. 2014

A análise das pinturas será feita por meio de recursos anunciados, principalmente, em

Mangel (2001). Dar-se-á maior ênfase à análise interna das obras, procurando desvelar

os sentidos impressos pelo artista na figuração das personagens no que tange a relação

destas com a formação do imaginário político brasileiro.

A análise interna deverá, pois, elaborar uma sistematização que possibilite a formação

de chaves compreensivas para a formulação de uma relação entre o pintado pelo autor e

a realidade, isto é, da representação da liderança na obra de Pedro Américo e a

consubstanciação destas lideranças no imaginário político brasileiro.

Em um segundo movimento será verificado a difusão e utilização da obra de Pedro

Américo na iconografia brasileira, seja ela didática, museológica e/ou de referência. Isto

é, investigaremos os usos das pinturas de Pedro Américo ao longo da história, na

composição iconográfica de livros, materiais didáticos, documentários e etc. a fim de

verificar a popularização da obra do pintor na narração de fatos históricos.

O segundo tipo de pinturas do artista a serem analisadas são aquelas voltadas

diretamente à representação de momentos históricos específicos, cuja representação da

liderança fique explícita por meio da figuração do protagonismo. Isto é, a liderança

Page 75: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

75  

deverá aparecer não só representada como liderança, mas deverá estear agindo tal com

uma em um momento, episódio específico.

O recurso inicial de análise neste caso não é diferente do utilizado no primeiro, mas

serão incorporadas as noções de Testemunha Ocular (2004) de Peter Burke uma vez que

o volume traz estratégias de análise interessantes para pensar a relação da representação

de momentos históricos nas artes. Aqui será submetido à nossa análise um dos quadros

mais representativos da obra de Pedro Américo devido a sua dimensão e grande

repercussão histórica. Trata-se do Independência ou morte, pintado em 1888, um ano

antes, pois, à proclamação da República. (Imagem 4)

Imagem 4 – Independência ou morte (1888)

Fonte: http://joseliocarneiro.blogspot.com.br/2013/03/maior-e-principal-colecao-

dopintor.html

Ultimo acesso em nov. 2014

Após a análise interna das obras será realizada pesquisa sobre contexto em que viviam

as personalidades representadas com o objetivo de ampliar o campo de visão da

observação inicial para as relações com a narrativa anterior à produção dos quadros,

suas relações com a história política oficial ou não, bem como com a construção da

personagem e do fato na historiografia e a relação com a pintura.

Ademais, haverá também pesquisa sobre a trajetória e as relações do pintor com as

artes, com a política, crítica e público de seu tempo no sentido de produzir o material

empírico necessário à contextualização da relação autor, público e obra.

Assim, em certa medida, nossa proposta quer gerar uma compreensão sobre a

representação de lideranças políticas brasileiras nas artes sem perder e vista a relação do

pintor com seu tempo, com os temas que pintou, com a história, com o público e com a

crítica. O centro da análise, no entanto, não poderá se desviar do compromisso de tentar

Page 76: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

76  

conhecer o que é político no que é artístico, com vistas a conhecer melhor esta relação e

abrir janelas de compreensão a formação do mito, do imaginário, da iconografia das

lideranças políticas no Brasil.

Referências

BURKE, Peter. Testemunha ocular. São Paulo, Bauru: Edusc, 2004.

MANGEL, Alberto. Lendo imagens. São Paulo: Cia das Letras, 2001.

Pesquisa bibliográfica inicial

CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de

Janeiro: Pinakotheke, 1983.

LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Edição Raul

Mendes Silva. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.

OLIVEIRA, Cecília Helena (org.); MATTOS, Claudia Valladão de (org.). O brado do

Ipiranga. São Paulo: EDUSP/Museu Paulista da USP, 1999.

OLIVEIRA, J. M. Cardoso de. Pedro Américo: sua vida e suas obras. Rio de Janeiro:

Imprensa Nacional, 1943.

GRUPO 4: DIMENSÕES DA POLÍTICA A TUAL E A LIDERANÇA POLÍTICA

EM QUESTÃO

A pesquisa desenvolvida por esta linha de pesquisa se desdobrou em algumas análises e atividades relatadas a seguir:

1) Análise do debate sobre as lideranças políticos nos coletivos de ciberativismo

durante a partir das manifestações ocorridas durante junho de 2013, conhecidas

como Jornadas de Junho.

Page 77: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

77  

Apresentaremos a seguir algumas reflexões produzidas pelo grupo apresentadas no IX

Congresso da ABCP(Associação Brasileira de Ciência Política) e no 38o. Encontro

Anual da ANPOCS - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências

Sociais

Para a análise do debate sobre as lideranças políticas durante as Jornadas de Junho

selecionamos os perfis dos seguintes coletivos, considerando o número de curtidas

(pessoas que leram os posts colocados no facebook): Passe Livre São Paulo, Ocuppy

Brazil, Anonymous Brasil, Partido Pirata Brasil

Tendo como objetivo compreender os tipos de discurso presentes neste heterogêneo

movimento foi analisado o conjunto de postagens veiculadas nas páginas supracitadas

ao longo do mês de junho de 2013, período em que se desenvolveram os protestos,

inicialmente contra o aumento das tarifas dos transportes públicos em São Paulo e,

posteriormente se expalharam pelo país.

A análise foi organizada partir dos seguintes temas que emergiram nesse debate,

conforme observado nas páginas: i) partidos políticos; ii) liderança (des)centralizada;

iii) representação; iv) uso da violência; v) produção de informação e vi) livre circulação

na cidade.

Para cumprir os objetivos expostos acima, optamos pelo uso de instrumentos

metodológicos qualitativos e da estatística descritiva. Dessa forma, observamos as

publicações realizadas durante o mês de Junho de 2013 pelos movimentos Passe Livre

São Paulo, Anonymous Brasil, Partido Pirata e Occupy Brazil em suas respectivas

páginas do Facebook e, em seguida, quantificamos e geramos indicadores e

cruzamentos a respeito dos temas das postagens, dos recursos utilizados e da

interatividade.

Os critérios metodológicos utilizados na seleção dessas páginas foram: i) a quantidade

de perfis que curtem a página; ii) a interatividade gerada a partir das publicações nas

páginas durante o período analisado (número de curtidas, comentários e

compartilhamentos); iii) a discussão sobre os temas supracitados e iv) a relevância das

publicações dessas páginas na organização das manifestações no espaço público.

A partir da observação das referidas páginas foram criadas dezesseis categorias

temáticas para tipificar o conteúdo veiculado pelos coletivos no Facebook, assim como

dez categorias indicativas dos recursos empregados nos posts:

Categorias temáticas:

Page 78: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

78  

Categorias temáticas

T1 - Mobilização para os atos e atividades convocadas pelo movimento

T2 – Crítica aos políticos

T3 – Críticas às instituições democráticas

T4 – Crítica aos partidos políticos

T5 – Crítica ao capitalismo

T6 – Crítica aos meios de comunicação tradicionais

T7 – Crítica à polícia

T8 – Veiculação de informação alternativa

T9 – Infiltrados no movimento

T10 – Apoio ao movimento em outras cidades

T11 – Propostas

T12 – Divulgação de ações

T13 – Crítica aos grandes eventos

T14- Autopromoção da página e do movimento

T15- Veiculação de informação dos meios tradicionais

T16- Outros

Recursos utilizados pelos coletivos:

Tabela B:

Categorias indicativas dos recursos

R1- Fotos

R2- Gráficos

R3- Charges

R4- Vídeos

R5- Áudios

R6- Ilustrações/ Imagens

R7- Links

R8 – Hashtags

R9 – Pesquisa

R10- Outros /textos

Page 79: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

79  

2. Descrição dos coletivos estudados

2.1 Movimento Passe Livre São Paulo (MPL)

A página do Movimento Passe Livre (MPL) foi criada em 05 de junho de 2011. Este

movimento social, que se autodenomina como “horizontal, autônomo, independente e

apartidário, mas não “antipartidário”, engaja-se na mobilização pela gratuidade e

qualidade no transporte público urbano, enfatizando a defesa da Tarifa Zero, desde

2005. As ações do MPL se baseiam nos princípios da autonomia, horizontalidade,

independência, apartidarismo e federalismo. Além disso, o MPL utiliza-se do método

do consenso nos seus processos decisórios internos, adotando a forma deliberativa

apenas como último recurso, quando se verifica o esgotamento das formas de

argumentação capazes de atingir o consenso para a elaboração das estratégias de ação.

As postagens realizadas na página do MPL no Facebook revelam que vários dos

princípios acima mencionados foram exercidos e discutidos na rede social. Precursor

das Jornadas de Junho, o Movimento Passe Livre São Paulo contava até o momento

com 302 mil curtidas.

A partir da observação do gráfico 1 podemos perceber que três temas se sobressaíram

nas postagens realizadas na página do MPL, caracterizando assim o uso do Facebook

pelo movimento: “veiculação de informação alternativa” (18,31%)”, “mobilização para

os atos” (15,49%), e “propostas” (15,49%).

Gráfico 1

Page 80: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

80  

Ao cruzarmos essas informações com os dados do gráfico 2 notamos uma convergência,

pois esses são os temas que também geraram os maiores índices de interatividade na

página do movimento. Colabora para a explicação dessa convergência o fato de que

estes temas estavam sempre inter-relacionados nas postagens, em especial nas notas

oficiais geradas pelo site do movimento e reproduzidas em sua página no Facebook.

O MPL aproveitou-se da rede social para desfrutar da visibilidade, do espaço e da voz

que lhe são negados pelos meios de comunicação tradicionais (BACHINI, 2013).

Assim, o Facebook foi usado fundamentalmente pelo movimento para produzir e

veicular informações sobre si mesmo, divulgar suas propostas e convocar a população

para os seus atos.

Gráfico 2

15,49%

9,15%

6,34%

3,52%

5,63%

1,41%

10,56%

18,31%2,11%

0,00%

15,49%

8,45%

0,70%

0,00%0,00%

2,82%

Temas MPL

Mobilização para os atos

Crítica aos políticos

Críticas às instituições democráticas

Crítica aos partidos políticos

Crítica ao capitalismo

Crítica aos meios de comunicaçãotradicionais

Crítica à polícia

Veiculação de informaçãoalternativa

Infiltrados no movimento

Propostas

Divulgação de ações

Outros

Page 81: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

81  

Os membros do MPL usaram a página para divulgar e viralizar fotos e vídeos dos atos

que não circularam nos veículos de comunicação tradicionais, especialmente aquelas

que denunciavam a reação truculenta da polícia ao movimento (tema presente em

10,56% dos posts). O espaço e os recursos disponíveis foram aproveitados também para

que se defendessem das acusações da grande imprensa, que em larga escala

criminalizava o movimento, para divulgar informações a respeito dos militantes presos,

para angariar doações para as fianças desses militantes e para denunciar a renovação dos

contratos da prefeitura com a empresa de transporte responsável por diversas

ilegalidades.

A veiculação dessas informações alternativas colaborou com a mobilização para os atos

do movimento contra o aumento da tarifa do transporte público e para os atos de outros

movimentos com os quais desenvolve uma interlocução, tais como o movimento

“Contra a Copa do Mundo”.

Dentre as postagens relacionadas ao tema “mobilização para os atos”, destacaram-se o

número de confirmações para o 5º ato, aproximadamente 300 mil pessoas, e o post de

convocação para o 6º ato, que gerou 9.083 compartilhamentos, sendo esse o maior

índice registrado por esse recurso de interatividade.

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

45000

50000

Temas x Interatividade ‐MPL

Curtiu Comentou Compartilhou

Page 82: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

82  

Chamou a atenção também o uso da página pelo movimento para tecer “crítica aos

políticos” envolvidos no caso do aumento da tarifa e nas ações da polícia contra o

movimento. Este tema respondeu por 9,15% das postagens e foi responsável pelo

terceiro maior índice de interatividade gerado. Foram foco das críticas do movimento

especialmente Fernando Haddad, prefeito do Município de São Paulo e Geraldo

Alckmin, governador do Estado de São Paulo.

Tendo em vista os objetivos principais dessa pesquisa, outra constatação importante é

que em nenhuma das postagens há algum integrante do movimento que se destaca com

relação aos demais. Todas as postagens analisadas foram produzidas única e

exclusivamente em nome do MPL. Este fato corrobora com a tese da liderança

descentralizada ou compartilhada exercida nesses novos movimentos sociais que se

organizam em rede (HARDT e NEGRI, 2001; CASTELLS, 2013).

Com relação às postagens relacionadas à categoria “propostas”, presente em 15,49% das

inserções, estas se referiam basicamente a luta pela revogação do aumento da passagem

e a proposição de um espaço de negociação onde pudesse ser discutida a pauta única do

movimento.

No dia 20.06.2013 a prefeitura e o governo do Estado cancelaram o aumento da tarifa

do transporte público, configurando uma vitória do movimento.

Apesar da vitória, o MPL continuou utilizando a página do Facebook para defender a

sua principal bandeira: a Tarifa Zero.

2.2 Anonymous Brasil

Trataremos agora da página do Facebook Anonymous Brasil. A página começou em 22

de Julho de 2012 e até o dia 15 de junho de 2013 aproximadamente 400 mil pessoas a

haviam curtido. É importante ressaltar que esta página alcançou mais de um milhão de

curtidas no final de Junho de 2013. De acordo com as informações divulgadas pela

própria página, esse crescimento acompanhou o aumento no número de postagens

durante o mês referido.

O aumento de curtidas veio acompanhado de um grande número de postagens

divulgando a própria página, 29,55% do total, postagens essas que muitas vezes

divulgavam o número de curtidas já recebidas. Esses dados indicam que o coletivo

aproveitou-se do momento de ebulição dos protestos mais para se autopromover do que

como um instrumento de conscientização e mobilização popular, como o MPL.

Page 83: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

83  

A estratégia de autopromoção da página, ao que tudo indica, obteve êxito, tendo em

vista que algumas análises indicam o Anonymous como o coletivo mais atuante durante

as Jornadas de Junho, mesmo que essa atuação tenha sido apenas para divulgar os

protestos realizados.

Essas análises corroboram com a hipótese da ausência de lideranças centralizadas das

Jornadas de Junho, posto que mesmo sem participar ativamente da organização e

divulgação dos protestos, a página do Anonymous Brasil foi uma das que gerou maior

interatividade durante o período ao disseminar informações sobre as manifestações

realizadas.

Podemos encontrar aqui um indicativo do uso das redes sociais pelos coletivos durante

as Jornadas de Junho, o de circular a informação. Esse uso vai de encontro a uma das

bandeiras mundiais do Anonymous, que é a abertura de dados, especialmente os de

caráter público.

Contudo, diferentemente de outros coletivos, na página do Anonymous o tipo de

informação que gerou maior interatividade era proveniente dos meios de comunicação

tradicionais e não produzida pelos próprios manifestantes. Observamos que a página

funcionou como uma espécie de filtro de notícias, selecionando e indicando as

informações consideradas relevantes.

Outra categoria de assuntos que se destaca em 12,82% das postagens é “crítica aos

políticos”. Essas críticas foram um dos temas recorrentes durante as Jornadas de Junho

que ficaram marcadas pela forte descrença na classe política e nas instituições políticas.

Para melhor compreender como as pessoas que curtiram a página interagem com os

temas propostos, propomos a observação dos gráficos 3 e 4. Novamente, chama a

atenção, o grande número de curtidas (62447) e compartilhamentos (44776) das

postagens de divulgação do movimento e da página, mostrando que as pessoas que

curtiram a página tinham o interesse de divulgar o seu crescimento ao longo do mês de

Junho de 2013. Porém, o número de comentários (2288) não foi tão expressivo assim.

Gráfico 3

Page 84: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

84  

Gráfico 4

12,82%

2,56%2,56%

2,56%

5,13%

2,56%

10,26%

10,26%

35,90%

15,38%

Temas ‐ Anonymous Brasil

Crítica aos políticos

Crítica aos partidos políticos

Crítica aos meios de comunicaçãotradicionais

Crítica a polícia

Veiculação de informaçãoalternativa

Apoio ao movimento em outrascidades

Critica aos grandes eventos

Autopromoção da página e domovimento

Veiculação de informação dasmídias tradicionais

Outros

Page 85: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

85  

A página do Anonymous Brasil apresentou postagens com perguntas sobre os políticos

e sobre os próprios protestos. Uma delas propunha uma pesquisa que visava

compreender a opinião das pessoas que visitavam a página acerca das lideranças

políticas. Estas postagens também tiveram um número expressivo de curtidas e

compartilhamentos.

Esse tipo de postagem teve o caráter consultivo, portanto não apresentava postagens

propositivas. Ao mesmo tempo, reforçavam a multiplicidade de pautas e o processo de

um movimento, ainda em fase de construção. Assim, o uso do Facebook pelo

Anonymous está em consonância como um dos anseios mais propagados nas ruas ao

longo das Jornadas de Junho, o de não se buscar a uniformidade do movimento, mas

garantir a pluralidade.

2.3 Partido Pirata

O Partido Pirata, ainda em fase de organização no Brasil, surgiu em 2007 e integra a

rede internacional de partidos piratas cujo eixo central de atuação se baseia na defesa do

acesso à informação, no compartilhamento do conhecimento, na transparência na gestão

pública e na garantia da privacidade. Apesar de ainda não estar oficializado, o partido

teve participação ativa no processo de elaboração e de discussão do Marco Civil da

Internet.

Entre os princípios definidos para a atuação no país, destaca-se a forma colaborativa em

todo processo de discussão e o questionamento às formas partidárias tradicionais que

consideram burocráticas, hierárquicas e verticalizadas. Embora seja uma agremiação

política, o Partido Pirata critica as estruturas partidárias tradicionais, independentemente

do seu caráter ideológico.

No período da análise, o partido estava envolvido com o processo de convenções

regionais para sua legalização e esse foi um dos debates principais observados nos posts

da página. Contudo, notamos o envolvimento do partido no processo de mobilização

das Jornadas de Junho, que utilizou a página do Facebook para convocar as

manifestações no município de São Paulo, apoiar os protestos em outras cidades e

criticar a organização dos grandes eventos, como por exemplo, a Copa do Mundo,

conforme podemos observar no gráfico abaixo.

Page 86: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

86  

A crítica à repressão policial nos protestos também teve destaque, tanto nos posts

quanto nos comentários e nas fotos mostrando a atuação violenta com que as polícias

militares, principalmente em São Paulo, utilizaram para conter os protestos.

Gráfico 5

Constatamos o interesse da página em divulgar as manifestações, embora não se possa

afirmar que o partido tenha participado ativamente do processo de organização dos

protestos. Nesse sentido, observamos em alguns posts de ativistas ligados ao partido a

reivindicação de uma atuação mais efetiva do partido nas articulações das

manifestações.

Por fim, concluímos que a intensa participação do coletivo no processo de discussão do

Marco Civil da Internet não foi verificada nas Jornadas de Junho. Embora o partido

tenha se posicionado e defendido as manifestações, notamos que o envolvimento no

processo de discussão do movimento não demonstrou a mesma intensidade.

2.4 Occupy Brazil

29,03%

3,23%

16,13%6,45%

3,23%

25,81%

16,13%

Temas ‐ Partido Pirata

Mobilização para o ato

Críticas às instituiçõesdemocráticas

Crítica à polícia

Veiculação de informaçãoalternativa

Infiltrados no movimento

Apoio ao movimento em outrascidades

Critica aos grandes eventos

Page 87: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

87  

A página do Occupy Brazil foi criada em 17 de setembro de 2011 com o objetivo de

divulgar as informações referentes aos ocupantes de Wall Street e aos protestos contra a

corrupção no Brasil. Segundo sua auto-descrição, a página não representa nenhuma

bandeira ou organização. Contudo essa informação se contradiz com outra da página

onde o movimento se apresenta como engajado na luta contra a corrupção em todo o

mundo e entende esse problema como fruto do “falho sistema capitalista”. Atualmente a

página conta com 47 mil curtidas.

Reforçando a tese da conexão entre os movimentos sociais na sociedade em rede

(CASTELLS, 2013), o Occupy Brazil afirma estar conectado com outros movimentos

como o Occupy Together, o Global Revolution e o Acampadas Brasil e por isso todas as

informações referentes à identificação da página vêm sempre escritas em português e

inglês. Esta conexão com outros movimentos se torna evidente quando observamos o

gráfico 6, no qual o tema “apoio ao movimento em outras cidades” é registrado em

7,02% das postagens.

Porém são os estímulos do movimento aos seus seguidores em prol de uma gestão

colaborativa da página que se refletem nos temas de maior destaque no gráfico referido.

A página do Occupy Brazil convoca seus seguidores a participarem da gestão daquele

espaço e a contribuírem de outras formas para o combate à corrupção, como a

produzindo de reportagens a respeito deste fenômeno.

Observamos o predomínio entre as postagens dos temas “divulgação de ações”,

responde por 21,05% das inserções na página durante o período analisado, seguido por

“veiculação de informação alternativa”, registrado em 19,30% dos posts, “mobilização

para os atos” e “propostas”, estes últimos presentes em 10,53% das postagens.

Page 88: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

88  

Gráfico 6

3. Análises por eixos temáticos

Ao propormos este artigo, pontuamos a necessidade de analisar as Jornadas de Junho

através dos temas que vieram à tona a partir do debate entre os manifestantes e não por

bandeiras especificas ou somente a partir dos movimentos em si. Esse posicionamento

se baseia na tese de que a Multidão, organizada em rede, tem como principal

10,53% 3,51%

3,51%

1,75%

3,51%

0,00%

1,75%

19,30%

1,75%

7,02%

10,53%

21,05%

5,26%

3,51%

1,75%

5,26%

Temas ‐ Occupy Brazil

Mobilização para o ato

Crítica aos políticos

Críticas às instituições democráticas

Crítica aos partidos políticos

Crítica ao capitalismo

Crítica à polícia

Veiculação de informação alternativa

Infiltrados no movimento

Apoio ao movimento em outrascidades

Propostas

Divulgação de ações

Outros

Critica aos grandes eventos

Auto‐promoção da página e domovimento

Veiculação de informação das mídiastradicionais

Page 89: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

89  

característica a heterogeneidade e a pluralidade de demandas, em oposição a

movimentos que estabelecem pautas e opiniões mais uniformes.

É inquestionável que um conjunto de pautas foi colocado na agenda política a partir das

Jornadas de Junho, mas não é somente pelo fato de entrarem na agenda que elas se

tornaram relevantes e sim pelo processo que fez com que determinados temas

ganhassem a centralidade das preocupações da opinião pública. Nesse sentido, talvez

esse seja um dos aspectos mais importantes do que poderíamos chamar de legado das

Jornadas de Junho.

Por isso, nessa parte do trabalho analisaremos as postagens veiculadas nas páginas

supracitadas a partir dos seguintes temas que emergiram nesse debate, tendo em vista

compreender os tipos de discurso presentes neste heterogêneo movimento: i) direito à

cidade, ii) lideranças e representação, iii) violência, iv) partido políticos e v) produção

de informação.

3.1 Direito à cidade

O transporte público e, mais especificamente a mobilidade urbana, são aspectos que

afetam a vida de milhões de pessoas em todo país. Por isso, a combinação do aumento

da passagem com as precárias condições de vida encontradas nos grandes centros

urbanos, fez com que a questão urbana e o direito à cidade entrassem na pauta política.

Os coletivos analisados, mesmo que de formas diferentes, colocaram essa perspectiva,

que também já foram observadas em outros protestos globais, tais como o Indignados

da Espanha, o Occupy nos EUA, Primavera Árabe, apenas para citar os mais

emblemáticos.

Em todos eles, há algumas características em comum como a ocupação do espaço

público como forma de reapropriação da cidade pelo “cidadão” e o entendimento da

cidade como espaço de circulação e de conexão do homem.

Castells (2013) explica essa relação dos movimentos sociais com essas demandas a

partir do conceito de espaço da autonomia, que seria o espaço híbrido que se forma a

partir da conexão entre o espaço público tradicional e o ciberespaço, onde os indivíduos

adquirem a autonomia de produzir informação. Com a emergência desses espaços, os

movimentos se iniciam nas redes, nela crescem e se fortalecem e, posteriormente,

tomam as ruas. Portanto, “a rua é a rede e a rede está na rua”, frase repetida pelos

ocupantes da Puerta del Sol, pelos manifestantes dos Indignados da Espanha em 2011.

Page 90: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

90  

Na visão de Pomar (2013), o tema do transporte e da circulação na cidade está

diretamente associado a uma crítica ao sistema capitalista, pois é por meio do transporte

que a força de trabalho se desloca para os locais de produção e tem acesso à cidade.

Porém, como o sistema de transporte se organiza a partir dos arranjos entre as empresas

de ônibus, o governo e a indústria automobilística acabam por refletir as desigualdades

produzidas socialmente. Nas palavras do autor:

“O desenvolvimento urbano no Brasil desnuda as

características mais cruéis de uma sociedade marcada

estruturalmente pela desigualdade. As cidades, esses tesouros

monstruosos que concentram as grandes conquistas científicas e

tecnológicas da humanidade, crescem de acordo com os

interesses das grandes corporações financeiras e são o polo de

atração de camadas expressivas da população migrante em

busca de oportunidades. (...) As cidades crescem e se tornam

espraiadas, entremeadas de espaços vazios, subproduto do

capital especulativo imobiliário que expulsa a pobreza cada vez

mais para a periferia.

(...) Nesse contexto, o transporte coletivo é, ao mesmo

tempo, a primeira etapa da venda da força de trabalho, que por

imperiosa necessidade, desloca-se todos os dias para os locais de

produção e venda de mercadorias, e o instrumento primordial e

transversal que garante o acesso aos equipamentos públicos e à

cidade”. (POMAR, 2013; p. 15)

3.2 Lideranças e representação

A crítica à política apresentada pelos coletivos pode ser entendida como um caminho

para o aperfeiçoamento institucional. Nesse sentido, observamos nas postagens uma

cobrança sobre o papel das instituições e inúmeras críticas à atuação dos políticos,

principalmente relacionadas às denúncias de corrupção. O combate à corrupção aparece

como a salvação da política e como a forma de solucionar todos os problemas da gestão

pública.

Page 91: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

91  

Por outro lado, verificamos também a crítica que não se destina ao aperfeiçoamento das

instituições e aos procedimentos da política, mas que está na perspectiva da ruptura com

os modelos tradicionais da política e em consonância com os movimentos globais do

período, tais como o Democracia Real Ya da Espanha, movimento surgido nos protestos

ocorridos em 2011. Trata-se, no geral, do debate colocado a partir da perspectiva de

grupos de orientação anarquista ou libertária, que afirmam a impossibilidade de

aperfeiçoamento institucional e criticam as reformas por considerarem-nas insuficientes

para a solução dos problemas políticos do país.

A democracia representativa é questionada e vista como forma insuficiente para o

atendimento das necessidades políticas. Para esses manifestantes, “a representação não

é, de fato, um veículo da democracia, mas sim um obstáculo para sua realização”

(NEGRI e HARDT, 2014, p. 40).

Observamos que o questionamento às lideranças políticas está relacionado ao repúdio à

política tradicional e às formas verticalizadas, próprias das estruturas partidárias,

sindical e dos movimentos políticos tradicionais, que também são alvo de muitas

críticas. Nesse sentido, o discurso frequente é o da necessidade de criação de novas

formas de organização social e política, baseadas na horizontalidade, na quebra da

centralização dos debates focados na figura das lideranças e na afirmação do exercício

da democracia direta, considerada como a única forma capaz de incorporar mais sujeitos

políticos nos processos deliberativos e ampliar a participação política na sociedade.

3.3 Violência

A partir dos relatos da imprensa e do livro “A Multidão Foi ao Deserto”, observamos

dois tipos de abordagem relativas a violência: i) abordagens que tratam da violência

sofrida pelos manifestantes através das instituições repressoras como a polícia, e a

consequente recusa do movimento ao uso desse tipo de estratégia e ii) abordagens nas

quais a violência é considerada um instrumento político do próprio movimento.

Dividindo-as por relação entre os atores chegamos a três relações diferentes: o

confronto entre os próprios manifestantes (físico ou não), o confronto entre a polícia e

os manifestantes e a depredação de patrimônio.

A relação violenta entre os próprios manifestantes se dá no momento em que temos uma

discussão interna em relação à presença ou não de partidos nas manifestações, incluindo

bandeiras, camisetas, etc. Foi possível perceber a presença desta discussão dentro das

Page 92: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

92  

páginas do Facebook considerando que temas “crítica aos políticos”, “crítica as

instituições democráticas” e “crítica aos partidos políticos” juntos somam 14,39% das

postagens, mostrando a insatisfação dos participantes das Jornadas com o

funcionamento da Democracia de modo geral.

Gráfico 7

Os violentos confrontos entre a polícia e os manifestantes que ocorreram em diversos

momentos durante as Jornadas e em diferentes cidades foram mencionados nas páginas

do Facebook em 8,81% das postagens. Além disso, 1,84% das postagens tratavam da

existência de policiais infiltrados nas manifestações.

É interessante ressaltar neste embate o encontro entre a Multidão e o Estado e a

consequente relação que se estabelece entre esses dois tipos de organização, a Multidão

em rede e o Estado hierárquico, que se chocam e se estranham nas suas formas tão

diferentes. Não cabe nesse artigo nos estendermos sobre esse aspecto, mas talvez esse

encontro seja uma das chaves para entendermos o funcionamento das estruturas em

rede. (GALLOWAY, 2007)

A depredação de patrimônio público e privado, especialmente pelos Black Blocs, foi

tema de grande repercussão na imprensa. Contudo, essa expressão das manifestações

pouco apareceu nas postagens analisadas, nem como crítica a este tipo de atuação, nem

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Temas ‐ Agrupado

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93  

como um tipo de violência justificada, apesar de a violência policial ter sido alvo de

críticas nas postagens.

No livro “A Multidão foi ao Deserto”, o autor Bruno Cava diferencia os dois tipos de

violência, e coloca que a depredação ao patrimônio público foi a forma encontrada pelos

jovens que “tatuando a cidade e os monumentos cuja reverência e autoridade ele não

reconhece, o “vândalo” reafirma o simples propósito de existir” (CAVA, 2013; p. 33).

Desse modo, o autor justifica a violência praticada pelos manifestantes contra o

patrimônio e, ao mesmo tempo, critica a violência da polícia como uma reação do poder

constituído diante da Multidão.

3.4. Crítica aos partidos políticos

O tema “crítica aos partidos políticos” é um dos temas que mais aparece nas postagens

analisadas, corroborando com as hipóteses a respeito da crise da representação política.

Em seu livro, Cava identifica a distância existente entre os manifestantes a as

instituições políticas e midiáticas tradicionais de nossa sociedade. Na visão do autor,

essa desconexão gerou uma procura pela criação de conteúdos próprios dos

manifestantes, através de canais de comunicação alternativos.

As reflexões acerca desse eixo temático dão continuidade à discussão já realizada na

parte do eixo sobre liderança e representação, ressaltam mais uma vez multiplicidade de

visões presentes na Multidão. Alguns dos coletivos que participaram das Jornadas e

tiveram suas páginas analisadas, como o MPL, o Anonymous Brasil e o Occupy Brazil

são apartidários. Outros, como o Partido Pirata, estão se organizando para tornarem-se

um partido político. Desses quatro, nenhum se declara como anti-partidário, mas a

crítica aos partidos é sem dúvida um dos temas levantados durante as Jornadas de

Junho, este embora tenha sido proporcionalmente pouco comentado nas páginas

estudadas.

3.5. Produção de Informação

O uso das tecnologias de informação e comunicação (TICs) por esses coletivos e

movimentos corrobora com as hipóteses anteriores a respeito das potencialidades

democráticas da internet e contribui para a realização das formas de organização e

participação que estes movimentos defendem.

Page 94: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

94  

As potencialidades democráticas previstas nessas hipóteses baseiam-se na arquitetura

em rede da internet, que permite o exercício: i) do princípio da isegoria; ii) da produção

de informação; iii) da liderança horizontalizada; iv) da ação descentralizada dos

militantes; e v) da organização e da mobilização de cidadãos independentes.

(BACHINI, 2013; CASTELLS, 2013)

Atentando especialmente à segunda potencialidade democrática do uso das redes, a

produção de informação, Castells (2009) formula sua tese a respeito do poder de

comunicação (communication power). Para o autor, a arquitetura das redes provoca o

deslocamento do poder de produzir informação, que antes se concentrava nas mãos dos

mass media, democratizando-o e difundindo-o, e gera outra forma de poder que se

fundamenta na capacidade relacional dos indivíduos.

Desse modo, alguns autores entendem que o poder de comunicação que emerge das

redes tende a propiciar o empoderamento dos indivíduos e a estimulá-los ao debate e ao

engajamento políticos, ampliando assim as formas de participação na vida pública.

(PUTNAM, 2000; GOMES, 2011)

“A verdadeira democracia eletrônica consiste em encorajar,

tanto quanto possível – graças às possibilidades de comunicação

interativa e coletiva oferecidas pelo ciberespaço – a expressão e

a elaboração dos problemas da cidade pelos próprios cidadãos, a

auto-organização das comunidades locais, a participação nas

deliberações por parte de grupos diretamente afetados pelas

decisões, a transparência das políticas públicas e a sua avaliação

pelos cidadãos” (LÉVY,1999; p. 190)

A partir da análise de conteúdo realizada nas páginas dos coletivos que participaram das

manifestações de junho, observamos que esses se utilizaram do Facebook

essencialmente para produzir informação contra-hegemônica ou alternativa aos mass

media e mobilizar os cidadãos para os atos.

Com base no gráfico 1, notamos que esse espaço fora usado para que os integrantes

desses coletivos expressassem sua crítica a respeito dos políticos, das instituições

representativas, do sistema capitalista, da polícia e dos mass media.

Especialmente no que se refere a esses dois últimos usos, averiguamos a partir das

postagens relacionadas aos temas 6, 7, 8 e 12 que os coletivos se aproveitaram desse

Page 95: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

95  

espaço para corrigir as distorções da cobertura midiática e do governo sobre os atos e

denunciar a repressão truculenta que sofriam por parte da polícia militar. Para tanto, os

coletivos se utilizaram na maioria das vezes de fotos e vídeos produzidas pelos

manifestantes a partir de seus celulares durante os atos, conforme podemos verificar no

gráfico abaixo:

Gráfico 8

Chama a atenção também no gráfico 8 a alta frequência do uso de links nas postagens.

Esse uso está relacionado fundamentalmente as categorias 11 e 14, e revela que os

coletivos se aproveitaram desse espaço para dar a visibilidade não obtida em outros

meios às suas propostas. Nesse caso, destacou-se a página do MPL, que em diversas

postagens publicizou suas propostas, conforme podemos observar no gráfico 1.

Contudo talvez o uso mais bem-sucedido do Facebook por esses coletivos deu-se na

mobilização da população para os atos. De acordo com o gráfico 2, verificamos que esse

foi um dos tipos de postagem que mais estimulou os seguidores a interagir com a

página. Além disso, dados de fontes secundárias5 revelam que essa mobilização via

internet levou às ruas de pelo menos 350 municípios milhões de pessoas ao longo do

mês de junho de 2013.

Nesse sentido, os dados apresentados convergem com os estudos de Castells (2013)

acerca dos movimentos sociais que emergiram fora do Brasil a partir de 2011, e

especialmente, com sua tese a respeito da formação do espaço da autonomia.

                                                            5 Dados oficiais da Polícia Militar extraídos de SINGER, 2013 e divulgados amplamente pela imprensa.

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Sem Recursos Fotos VídeosIlustrações/ ImagensLinks Hashtag Pesquisa Outros

Recursos

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Nas palavras de Castells,

“Compartilhando dores e esperanças no livre espaço

público da internet (...) indivíduos formaram redes, a despeito de

suas opiniões pessoais ou filiações organizacionais. Uniram-se.

E sua união os ajudou a superar o medo, essa emoção

paralisante em que os poderes constituídos se sustentam para

prosperar e se reproduzir (...). Da segurança do ciberespaço,

pessoas de todas as idades e condições passaram a ocupar o

espaço público, num encontro às cegas entre si e com o destino

que desejavam forjar, ao reivindicar seu direito de fazer história,

sua história, numa manifestação de autoconsciência que sempre

caracterizou os grandes movimentos sociais”. (CASTELLS,

2013; p.8)

Outro comportamento observado nos coletivos participantes das manifestações de junho

que os aproxima desses movimentos internacionais e, consequentemente, das

inferências de Castells, reside na produção colaborativa de conteúdo já prevista na

hipótese da inteligência coletiva de Levy (1999) e caracterizada nas análises de HARDT

e NEGRI (2001).

Para esses autores, a internet pode ampliar os canais de participação na vida pública ao

apresentar espaços colaborativos que não se resumem apenas a publicização das

informações, mas que inserem o cidadão em discussões globais e permitem a

formulação de ações políticas conjuntamente. A partir de então, os cidadãos passam a

exigir a abertura dos “códigos–fonte das sociedades” assim como os dos softwares

livres, no sentido “que todos possam trabalhar em cooperação na solução de seus

problemas e na criação de novos e melhores programas sociais”. (HARDT E NEGRI,

2001; p.425)

Além de todas as páginas serem abertas para os seguidores publicarem, nesse sentido

destacou-se a página do Occupy Brazil, que estimulava seus seguidores a produzirem

conteúdo e colaborarem com a gestão daquele espaço e postava todos os conteúdos em

inglês e português para que os seus apoiadores de coletivos internacionais, como o

Occupy Together e o Global Revolution, pudessem compreendê-las.

Page 97: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

97  

Observamos que durante as Jornadas de Junho, os coletivos que se organizaram

utilizando os sites de redes sociais (social networking sites) apresentaram

questionamentos sobre as formas tradicionais de organização política, tais como

partidos, movimentos sociais e sindicatos. Entre os principais questionamentos,

notamos a crítica à insuficiência da democracia representativa na condução dos

processos políticos contemporâneos.

Para Manin (1997), a chamada crise da representação política nos países ocidentais

decorre da metamorfose da democracia de partido para a democracia de audiência (ou

público), metamorfose essa cujo motor foi a introdução dos mass media na política.

Para o autor, o resultado desse processo é o declínio das relações de identificação entre

representantes e representados e da determinação das políticas públicas por parte do

eleitorado.

Contudo, ao refletir sobre os protestos atuais, Manin (2013) compreende que a

emergência desses novos movimentos sociais críticos à ordem vigente é uma

característica da própria democracia representativa, que tem como um de seus princípios

a liberdade de expressão e oposição.

Outra característica desses movimentos é o uso das tecnologias de informação e de

comunicação para a ação política. Nesse caso específico, constatamos que não se trata

apenas do uso comunicacional, mas a própria arquitetura em rede (CASTELLS, 2009)

dessas mídias expressa uma modificação no processo político, considerando o caráter

horizontal, sem centralização, as formas interativas e, principalmente, o aspecto

conectivo entre os coletivos políticos.

A incorporação de ferramentas digitais nos processos políticos proporciona um conjunto

de mudanças nos espaços tradicionais de discussão, nas instâncias de formulação e de

deliberação possibilitando a inovação nas formas de participação dos atores (GOMES,

2011).

Verificamos também a utilização de dispositivos digitais e virtuais na articulação de

redes sociais com o objetivo de dinamizar e descentralizar o debate político, de ampliar

as possibilidades de organização das ações coletivas e de processos de resistência,

incorporando os sujeitos aos debates sobre as questões sociais e políticas.

O uso das redes sociais para a ação política expressa uma modificação significativa no

papel das lideranças e na própria característica dos movimentos articulados em torno de

reivindicações sociais, econômicas, culturais e políticas. No geral, observamos a

multiplicidade de demandas (HARDT & NEGRI, 2005) e, ao mesmo tempo, a ausência

Page 98: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

98  

de uma liderança com projeção no cenário político nacional. Contudo, ao utilizarem as

redes sociais para publicizar suas propostas, esses temas encontram ressonância no

campo social e ganham visibilidade, inclusive nas mídias tradicionais.

Observamos que as redes sociais potencializam determinadas questões do campo social

e podem catalisar sentimento de protesto ou de indignação em algumas convocatórias,

demonstrando uma capacidade que há muito os partidos políticos e movimentos sociais

tradicionais vêm perdendo. Temas considerados periféricos a agenda de debates ou até

mesmo que envolvem questões relacionadas às políticas públicas ganham outro

tratamento, uma abordagem que se difere das formas utilizadas pelas lideranças

tradicionais.

O funcionamento em rede sem um centro que concentre a capacidade de informar e de

convocar possibilita a descentralização da política e estimula o redimensionamento do

papel das lideranças políticas. Evidentemente, as redes sociais não encerram o papel das

lideranças políticas, mas impõem às lideranças a necessidade de se pensar em novas

práticas que convirjam com os anseios que hão de estruturar a chamada nova política.

“Devemos resistir precisamente a uma tradução assim

apressada da energia das manifestações para um conjunto de

demandas pragmáticas “concretas”. Sim, os protestos realmente

criaram um vazio – um vazio no campo da ideologia

hegemônica -. E será algum tempo para preenchê-lo de maneira

apropriada, posto que se trata de um vazio que carrega consigo

um embrião, uma abertura para o verdadeiro Novo” (ZIZEK,

2012, p. 18)

Em suma, observamos um processo em aberto, mas já deflagrado, em que os coletivos

estão buscando seus caminhos. Suas respostas não estão dadas previamente, mas em

fase de construção a partir do questionamento das atuais práticas políticas, das formas

institucionais e organizativas e da proposição e novas formas de se fazer política.

4. Referências Bibliográficas:

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Page 99: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

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2. Acompanhamento dos coletivos atuantes nas Jornadas de Junho durante as

eleições presidenciais de 2014

A pesquisa se concentrou na criação de uma metodologia de coleta e tabulação de

postagens feitas no facebook por alguns coletivos durante o período das eleições de

2014.

Page 101: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

101  

O critério de seleção dos coletivos se deu principalmente pela intensa participação

online e offline que exerceram nas Jornadas de Junho, pois a questão norteadora desta

etapa da pesquisa foi verificar o posicionamento que teriam em relação a este pleito

tendo em conta o contexto de crítica às lideranças políticas tradicionais que perpassou

as Jornadas.

A fim de obter uma uniformidade tanto na coleta quanto na proposição dos coletivos de

tal modo que pudesse coincidir com o debate eleitoral nacional, minimizando assim as

idiossincrasias locais dos discursos na rede, optamos por analisar coletivos que

apresentam uma plataforma nacional e não somente estadual, como é o caso do

Movimento Passe Livre que a despeito de seu intenso protagonismo possui uma

organização geograficamente descentralizada.

Assim, foram selecionados os seguintes coletivos:

1. Anonymos Brasil;

2. Anonymos BR;

3. Quero fim da corrupção;

4. A verdade nua e crua;

5. Mídia Ninja;

6. Fora do Eixo;

7. MTST (Movimento dos trabalhadores sem-teto).

Tendo estabelecido tal questão de pesquisa, o recorte temporal de coleta das postagens

se deu entre o dia 05 de setembro, um mês antes do primeiro turno, ao dia 26 de

outubro, o dia do segundo turno.

Contudo, definimos duas datas para a coleta de todos os coletivos, a primeira no dia 19

de outubro, das postagens do dia 05 ao dia 12 de outubro, e a segunda no dia 02 de

novembro, das postagens do dia 13 ao dia 26 de outubro.

Esse critério foi adotado primeiro para buscar uma padronização procedimental de

coleta e segundo para a que a interatividade – no caso do facebook através do

curtir/comentar/compartilhar – pudesse ocorrer em um tempo maior, minimizando esse

fator na interatividade na medida em que postagens feitas em apenas algumas horas ou

um dia, pois podem ter uma diferença de interatividade menor, não por um desinteresse

ao tema, mas pelo tempo menor de exposição na time-line.

Page 102: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

102  

As postagens coletadas foram tabuladas em uma planilha feita em Microsoft Excel, que

pode ser verificada na cópia abaixo:

Adotamos a análise de discurso como metodologia de construção das categorias de

análise das postagens dos coletivos separadas em nove blocos: o bloco 1, por tratar de

variáveis discretas foi quantitativamente categorizado; do bloco 2 ao 8 categorizamos de

forma binária, 0 (zero) quando não apresenta a ocorrência considerada, e 1 (um) quando

apresenta, pois se trata de variáveis iminentemente qualitativas ou nominais, elas podem

apresentar mais de uma das categorias em cada postagem; e o último bloco é um campo

descritivo.

Aos blocos 4 e 5 acrescentamos a variável da valência, positiva ou negativa, pois além

da menção à liderança ou ao partido político, consideramos ser importante identificar a

valoração empregada nesse discurso.

Os blocos são:

1. Interatividade

Engloba as categorias: curtir/comentar/compartilhar. e foram quantitativamente

categorizadas.

2. Estratégias de comunicação

Page 103: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

103  

Empreendemos uma definição conceitual dos tipos específicos de comunicação

utilizados na rede, sendo eles:

a) Evento off-line.

b) Informação: relato descritivo.

c) Posicionamento político: posicionamento e adesão a uma causa e/ou

discurso, demonstração de politização.

d) Debate: confrontação de ideias de forma mais explícita. Geralmente

ocorre nos comentários.

e) Evento online: criado no facebook.

f) Petição.

3. Temas (gerais e que poderiam ser tratados nas postagens segundo

recorte previamente estabelecido considerando o contexto político e

social atual)

a) Segurança pública.

b) Saúde.

c) Habitação.

d) Violência policial.

e) Presos políticos.

f) Mobilização urbana.

g) Pesquisas eleitorais.

h) Religião.

i) Educação.

j) Corrupção.

k) Reforma política.

l) Reforma tributária.

m) Reforma previdenciária.

n) Economia.

o) Agronegócio.

p) Sustentabilidade e meio-ambiente.

q) Relações exteriores.

r) Gênero.

s) Questão racial.

t) Desigualdade social.

Page 104: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

104  

4. Recursos utilizados (nas postagens)

a) Foto.

b) Texto.

c) Filme.

d) Ilustrações.

e) Meme (ou virais).

f) Outros.

5. Lideranças citadas / valência (todas de âmbito nacional)

a) Dilma Rousseff.

b) Aécio Neves.

c) Marina Silva.

d) Eduardo Campos.

e) Eduardo Jorge.

f) Lula.

g) Fernando Henrique Cardoso.

6. Partidos citados / valência

a) PT.

b) PSDB.

c) PV.

d) Outros.

7. Temas-chave (considerados segundo escopo da pesquisa)

a) Democracia representativa.

b) Mídia tradicional.

8. Temas polêmicos

a) Aborto.

b) Drogas.

c) GLBTT.

9. Observações (questões que precisam ser aprofundadas em postagens

que apresentaram significativa interatividade, ou questões importantes

que não foram consideradas incialmente)

3. Elaboração e desenvolvimento de projeto de cooperação internacional FAPESP-ATN, em conjunto com a University of Queensland, Austrália

Page 105: REAPRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO CIENTÍFICO Projeto Temático

105  

Considerando que uma das principais características das novas formas de participação

política é o uso das tecnologias de informação e de comunicação para a ação política, o

projeto de cooperação Brasil e Austrália tem como objetivo principal elaborar

metodologia conjunta para analisar as práticas políticas desenvolvidas em rede.

Entendendo que a incorporação de ferramentas digitais nos processos políticos

proporciona um conjunto de mudanças nos espaços tradicionais de discussão, nas

instâncias de formulação e de deliberação, possibilitando a inovação nas formas de

participação dos atores e necessitam de procedimentos teórico-metodológicos de caráter

interdisciplinar para abarcar a complexidade dos fenômenos sócio-políticos da

contemporaneidade.

A proposta elaborada conjuntamente pelos pesquisadores brasileiros e australianos foi

aprovada pela FAPESP no mês de novembro de 2014. O projeto terá dois anos para ser

executado (de 01.12.2014 a 31.11.2016) e pressupõe a realização de quatro missões para

a realização de seminários conjuntos entre as equipes, além da produção de publicação

conjunta com o resultado da produção das atividades de pesquisa.

São Paulo, 15 de dezembro de 2014.

Vera Lucia Michalany Chaia

Coordenadora do Projeto Temático