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23 Caderno de Atividades / Livro do Professor . Série LITERATURA BRASILEIRA REALISMO E NATURALISMO 1. Gabarito: a I. Trata-se do Romantismo, que surge para romper as tra- dições do Arcadismo. II. Trata-se do Arcadismo, estética que primava pelos ide- ais clássicos de simplicidade. III. Trata-se do Naturalismo, que preferia a análise científi- ca e patológica da vida. IV. Trata-se do Realismo, estética que privilegiava a vida como ela é, sem os floreios do Romantismo. 2. Gabarito: c Os autores do Realismo buscaram explorar, analisar e re- produzir a realidade fielmente e, para isso, assumiram uma postura cientificista em relação aos fatos reais. As carac- terísticas da literatura realista se evidenciam na represen- tação de cenários urbanos e na valorização do ambiente social. Há a preocupação com a contemporaneidade, com o momento histórico em que se vivia, e com a sociedade em seus contextos políticos e econômicos. As personagens criadas não são idealizadas como no Romantismo, mas sim, compostas com base em pessoas comuns, com suas qualidades e também seus vícios e falhas de caráter. 3. Gabarito: b No romance, O Cortiço, João Romão recebe, no final, um diploma de “sócio benemérito” dos abolicionistas, prêmio que sugere ironicamente o comportamento explorador por- tuguês, o qual se valeu da escrava fugida Bertoleza para seu de enriquecimento. Em Memórias de um Sargento de Milícias, o tráfico negreiro é tratado como uma atividade comercial comum e normal, sem haver julgamentos mo- rais quanto à escravidão no Brasil. No romance ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’, Prudêncio, escravo da família do narrador, quando criança é alvo de maus tratos de Brás Cubas, que o chicoteia e xinga. 4. Gabarito: a a) CORRETA. Tanto “Viagens na minha terra” quanto “Me- mórias de um sargento de milícias” estão inseridas no movimento literário do Romantismo, o que não impede essas obras de criticarem certos aspectos dessa esté- tica, tais como o excesso de idealização, que acaba por deformar a percepção da realidade empírica. Em “Me- mórias de um sargento de milícias”, o narrador ironiza a importância atribuída ao primeiro amor. Em “Viagens na minha terra”, Carlos se apaixona simultaneamente por duas mulheres: Georgina e Joaninha. b) INCORRETA. Não há um sentimento de repulsa ou aver- são em relação a cidades estrangeiras. O romance de Garret não se apoia na dualidade espacial cidade x campo, mas, sim, na dualidade: espiritualismo x mate- rialismo e liberalismo x absolutismo. c) INCORRETA. Não há no romance de Graciliano Ramos a defesa da ideia de superioridade da cultura popular sobre a cultura erudita. O que o autor faz em sua obra é criticar um estado que não proporciona a sua popula- ção condições básicas de sobrevivência, e muito menos possibilita o acesso dessa a educação, o que faz com que a condição de miséria a que são submetidos seus personagens não mude. d) INCORRETA. “Niilismo” é o termo utilizado para de- signar certa atitude de descrença generalizada. Essa atitude pode ser constatada em alguns dos capítulos dessa obra de Machado de Assis, porém, não é pos- sível afirmar que “Viagens na minha terra” adote essa postura, uma vez que toda ela é baseada em valores e expectativas otimistas por parte do narrador. e) INCORRETA. Não há nada na obra de Garret que permita rotulá-lo como antibrasileiro. Além disso, tanto o autor quanto o personagem por ele criado (Carlos) represen- tam o Liberalismo.

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23Caderno de Atividades / Livro do Professor

2ª. Série

LITERATURA BRASILEIRA

REALISMO E NATURALISMO

1. Gabarito: a

I. Trata-se do Romantismo, que surge para romper as tra-dições do Arcadismo.

II. Trata-se do Arcadismo, estética que primava pelos ide-ais clássicos de simplicidade.

III. Trata-se do Naturalismo, que preferia a análise científi-ca e patológica da vida.

IV. Trata-se do Realismo, estética que privilegiava a vida como ela é, sem os floreios do Romantismo.

2. Gabarito: c

Os autores do Realismo buscaram explorar, analisar e re-produzir a realidade fielmente e, para isso, assumiram uma postura cientificista em relação aos fatos reais. As carac-terísticas da literatura realista se evidenciam na represen-tação de cenários urbanos e na valorização do ambiente social. Há a preocupação com a contemporaneidade, com o momento histórico em que se vivia, e com a sociedade em seus contextos políticos e econômicos. As personagens criadas não são idealizadas como no Romantismo, mas sim, compostas com base em pessoas comuns, com suas qualidades e também seus vícios e falhas de caráter.

3. Gabarito: b

No romance, O Cortiço, João Romão recebe, no final, um diploma de “sócio benemérito” dos abolicionistas, prêmio que sugere ironicamente o comportamento explorador por-tuguês, o qual se valeu da escrava fugida Bertoleza para seu de enriquecimento. Em Memórias de um Sargento de Milícias, o tráfico negreiro é tratado como uma atividade comercial comum e normal, sem haver julgamentos mo-rais quanto à escravidão no Brasil. No romance ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’, Prudêncio, escravo da família do narrador, quando criança é alvo de maus tratos de Brás Cubas, que o chicoteia e xinga.

4. Gabarito: a

a) CORRETA. Tanto “Viagens na minha terra” quanto “Me-mórias de um sargento de milícias” estão inseridas no movimento literário do Romantismo, o que não impede essas obras de criticarem certos aspectos dessa esté-tica, tais como o excesso de idealização, que acaba por deformar a percepção da realidade empírica. Em “Me-mórias de um sargento de milícias”, o narrador ironiza a importância atribuída ao primeiro amor. Em “Viagens na minha terra”, Carlos se apaixona simultaneamente por duas mulheres: Georgina e Joaninha.

b) INCORRETA. Não há um sentimento de repulsa ou aver-são em relação a cidades estrangeiras. O romance de Garret não se apoia na dualidade espacial cidade x campo, mas, sim, na dualidade: espiritualismo x mate-rialismo e liberalismo x absolutismo.

c) INCORRETA. Não há no romance de Graciliano Ramos a defesa da ideia de superioridade da cultura popular sobre a cultura erudita. O que o autor faz em sua obra é criticar um estado que não proporciona a sua popula-ção condições básicas de sobrevivência, e muito menos possibilita o acesso dessa a educação, o que faz com que a condição de miséria a que são submetidos seus personagens não mude.

d) INCORRETA. “Niilismo” é o termo utilizado para de-signar certa atitude de descrença generalizada. Essa atitude pode ser constatada em alguns dos capítulos dessa obra de Machado de Assis, porém, não é pos-sível afirmar que “Viagens na minha terra” adote essa postura, uma vez que toda ela é baseada em valores e expectativas otimistas por parte do narrador.

e) INCORRETA. Não há nada na obra de Garret que permita rotulá-lo como antibrasileiro. Além disso, tanto o autor quanto o personagem por ele criado (Carlos) represen-tam o Liberalismo.

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5. Gabarito: d

a) CORRETA. Em muitos de seus discursos Brás Cubas profere críticas implacáveis e corrosivas, estas reve-lam, e ao mesmo tempo, depreciam a tudo e a todos, inclusive a si mesmo.

b) CORRETA. Em determinado momento, o personagem defunto explica que a obra fora escrita com pena da galhofa e tinta da melancolia, o que evidencia, respec-tivamente o cômico e o sério, ou seja, o uso de um tom humorístico e irônico para tratar de questões cruciais.

c) CORRETA. Um exemplo disso está no fato de Brás Cubas escrever sua obra depois de morto, o que rompe com os limites da verossimilhança.

d) INCORRETA. Um dos aspectos fundamentais da obra machadiana é a linguagem, que se destaca por ser aca-dêmica, concisa, objetiva, e por obedecer à norma culta. Valendo-se, ainda, de digressões e intertextualidades.

e) CORRETA. Ele cita as cartas trocadas entre Virgília e Brás, bilhetes anônimos que carregam acusações de adultério, resumo da história de alguns personagens, como a de dona Plácida e a do negrinho Prudêncio.

6. Gabarito: a

A questão exige que o candidato tenha uma compreensão de três livros com relação ao seu contexto histórico e aos desdobramentos no enredo. Os três romances elencados na questão têm em comum apenas a invasão napoleônica. Em Viagens na minha terra, a invasão de Napoleão e a con-sequente Guerra Ibérica são o estopim para o surgimento dos Liberais e a futura Guerra Civil retratada no livro. Essa invasão também é importante no início de Memórias de um sargento de milícias, com a fuga de portugueses para o Brasil e o início do reinado de D. João VI (Era no tempo do rei). Em Memórias póstumas, a invasão napoleônica é tema de controvérsia entre o pai e o tio de Brás, já que discorda-vam quanto à figura de Napoleão.

7. Gabarito: bRubião é descrito pelo narrador como um interiorano ingê-nuo que, ao receber a herança deixada por Quincas Borba, parte rumo ao Rio de Janeiro e lá se torna um capitalista eminente. Rubião usa sua herança como modo legítimo de estabelecer vínculos sociais, oferecendo seus recursos a qualquer um que precisasse de dinheiro. O herdeiro de Bor-ba faz isso em uma tentativa de ser inserido na sociedade e, por sua falta de sagacidade, é extorquido pela “gente da capital”.

8. Gabarito: a.

a) CORRETA. Tanto Quincas Borba, de Machado de Assis, quanto O cortiço, de Aluísio Azevedo, se passam em um período em que, devido à industrialização e à urbani-zação (processos que estão incipientes no Brasil) os

escravos não constituíam mais uma força de trabalho economicamente interessante.

b) INCORRETA. O período histórico em que os dois roman-ces se passam contempla uma diminuição do tráfico negreiro, por estar cada vez mais escasso o papel da escravidão no contexto nacional econômico, que visava ao progresso.

c) INCORRETA. Possuir escravos na época colonial signi-ficava ter status, ascender socialmente – fato que se postula em Senhora, de José de Alencar. Porém, pela preocupação e urgência que Rubião apresenta em ven-der os escravos, percebe-se que a escravidão funciona como um entrave aos processos de urbanização e in-dustrialização vigentes no país. Assim, no período em que se passa o romance de Machado de Assis, verifi-ca-se que a prática da escravidão está prestes a ser encerrada.

d) INCORRETA. O romance Quincas Borba não discute a presença do escravo no ambiente escolar e tampouco afirma ser esse um impedimento à formação do jovem, tal como se declara em O Ateneu, de Raul Pompeia.

e) INCORRETA. Compreender o Brasil como ente multirra-cial, como se vê simbolicamente no romance de Mário de Andrade, Macunaíma, ainda é um caminho muito distante a ser percorrido em uma sociedade na qual, aos poucos, a condição servil deixava de existir.

9. a) O conselho é irônico e contraditório, visto que Brás Cubas

– membro de uma elite patriarcal do século XIX – viveu da herança de seu pai, nunca precisou trabalhar e des-qualificava o trabalho, já que este era feito por escravos. Toda essa questão é bem representada no trecho do “Ca-pítulo das Negativas”: “coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto”.

b) Embora Quincas Borba e D. Plácida sejam de origem simples, praticamente mendicantes diante de Brás Cubas, a Quincas ele aconselha o trabalho e a D. Pláci-da ele beneficia com favores financeiros (como é o caso dos cinco contos de réis que ele próprio achou em um passeio que fez no bairro de Botafogo). Esse tratamento diferenciado em relação a D. Plácida é motivado pelo interesse que Brás Cubas tem em comprar o silêncio da mesma, já que ela acoberta sua relação adultera com Virgília.

10. Gabarito: c

a) CORRETA. Como é possível constatar em quase todas as linhas do texto, destaca-se na narrativa o comporta-mento de Conceição, sobretudo quanto aos seus movi-mentos e à sua expressão corporal: “[...] agora, porém, ergueu-se rapidamente [...] tinha não sei que balanço no andar [...]”.

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Literatura brasileira

b) INCORRETA. Essa informação pode ser considerada verdadeira para parte do conto, mas não para o conto inteiro.

c) INCORRETA. Tendo em vista os padrões culturais da época (século XIX), o fato de que Conceição era casada e de que Nogueira era mais jovem, não é possível consi-derar acanhado o comportamento de Conceição.

d) INCORRETA. A repetição dessa conversa ocorre apenas uma vez. Não acontece em todo o texto.

e) INCORRETA. Os movimentos executados por Conceição são planejados, muito mais do que improvisados ou inesperados.

11. a) Marcela, uma prostituta de luxo durante sua juventude, re-

presenta a classe de pessoas marginalizadas, mas não ne-cessariamente pobres. Seus interesses pessoais sempre estiveram acima de qualquer moral ou convenção social. Virgília, uma fiel representante da burguesia carioca, deve-ria, aos olhos da sociedade, representar a honestidade, a fidelidade e os bons costumes. O excerto 2 mostra como Virgília pode ser facilmente subornada e interesseira, da mesma forma que a prostituta Marcela era.

b) Considerando o último excerto, Brás Cubas avalia sua vivência amorosa com Virgília de maneira pessimista e negativa. Esse fato pode ser ilustrado pela maneira como o narrador descreve os corações dos dois: “mur-chos” e “devastados”. Além disso, o uso de expressões como “mais nada havia ali” evidenciam a perda de sig-nificação e o cansaço em relação à vida.

12. Gabarito: c

Afirma-se no texto que Rita Baiana “era o veneno e o açúcar gostoso”. Essa imagem ilustra, metaforicamente, o desejo que Jerônimo nutria pela mulata: destruidor e prazeroso, ao mesmo tempo. A ideia de destruição tem por base os princípios deterministas: Jerônimo fora vencido pelo meio, reformou seus hábitos de aldeão português, transforman-do-se em um brasileiro habitante de cortiços, fora domina-do pelos seus instintos e desejos, que estão simbolizados pela posse da mulata.

13. Gabarito: b

A “necessidade de autodefinição nacional”, tão evidente na literatura do Romantismo, e que simboliza para essa estética a apresentação do Brasil por meio de suas ca-racterísticas próprias (a exaltação da fauna e da flora, dos diferentes costumes, da formação populacional constituída de diferentes povos) aparece de forma menos idealizada no Naturalismo. No excerto apresentado pela questão, o nar-rador nos mostra as impressões causadas por Rita Baiana em Jerônimo; contempla, assim, o elemento natural brasi-leiro de maneira intensa e descritiva. Além disso, em alguns

aspectos, o Naturalismo brasileiro se apresenta como uma continuidade do Romantismo, pela exposição de um Brasil identificado pela mistura ética e cultural.

14. Gabarito: e

a) CORRETA. A interação constante com o ambiente está nas comparações que o narrador faz entre Rita Baiana e os elementos da natureza brasileira. Ao final do excerto, o narrador deixa claro que a nuvem de cantáridas que zumbia em torno de Rita Baiana espalhava-se pelo ar “numa fosforescência afrodisíaca”.

b) CORRETA. Os receptores sensoriais humanos estão pre-sentes em quase todo o trecho, já que ele trata das im-pressões que Rita Baiana causou no português: “calor”, “aroma”, “doce”, “viscosa”, “luz”, etc.

c) CORRETA. Plantas e animais são os elementos da natu-reza mais destacados pelo autor no excerto. Exemplos: “trevos”, “palmeira”, “sapoti”, “cobra”, “lagarta”, etc.

d) CORRETA. É característico da estética naturalista o uso de metáforas que ligam as atitudes humanas às atitu-des animalescas. Isso tem por base os ideais determi-nistas, que considera o homem como um ser que está condicionado às leis naturais como outros indivíduos.

e) INCORRETA. Os processos de seleção natural estão pre-sentes na obra e eles representam uma força direciona-dora do processo evolutivo, porém, no excerto, não há referência a essa luta pela sobrevivência que é um dos temas de O cortiço.

15. Gabarito: a

a) CORRETA. Jerônimo pode ser considerado na obra, a principal comprovação do determinismo de meio, uma das teorias às quais O cortiço se apega. Primeiramente se apresenta como aldeão português, um homem bom e honesto, depois “abrasileira-se”, reformando todas as suas referências éticas, morais e culturais. O ápice da sua mudança é quando ele se muda para o cortiço e se apaixona por Rita Baiana, que por sua vez, sintetiza to-das as impressões provocadas nele pelo ambiente na-tural brasileiro. Assim, a mudança de comportamento e de personalidade de Jerônimo expõe o contraste que há entre a sua experiência prévia e sua vida atual.

b) INCORRETA. Não há continuidade entre a experiência prévia de Jerônimo e sua vida atual, já que este sofre imposições mesológicas que modificam radicalmente seu modo de viver.

c) INCORRETA. No Brasil, Jerônimo encontra um ambiente natural completamente novo e totalmente diferente da-quele onde vivera em Portugal.

d) INCORRETA. A influência que o meio exerce sobre Jerô-nimo não parte da forma como ele vê a realidade, mas, sim, da imposição de uma lei natural a que ele não tem poder de escapar.

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e) INCORRETA. Mostrar a diversidade de ambientes e de seres humanos que os habitam é uma das caracterís-ticas da literatura de Aluísio Azevedo, que vê o Brasil como um país mestiço. Assim, não há o que a alternati-va chamou de “estreitamento da experiência de vida do personagem”, há uma extensão.

16. No Brasil escravocrata, o agregado era um indivíduo que vivia junto a uma família, mas sem precisar ter com ela la-ços sanguíneos. José Dias realizava tarefas de confiança e atuava, muitas vezes, como conselheiro da família, quando esta precisava tomar uma decisão importante. A relação de dependência econômica direta determinava as oscilações de suas opiniões e atitudes. É por isso que ele, em última instância, sempre concorda com a matriarca D. Glória.

17. Gabarito: c

O personagem de José Dias, do romance Dom Casmurro, é um agregado. Por se tratar de uma figura muito comum, carente e solitária, usava inúmeros superlativos, para au-mentar a sua importância na vida. Como agregado, não fazia parte da família, mas a ela se ligava. Nesse caso, é um personagem típico de Machado de Assis, um homem comum, incomodado com a sua posição no mundo.

18. Gabarito: d

a) INCORRETA. A menção à vila de Itaguaí cria um referen-cial sobre a origem das crônicas, porém, isso não prova que a história exista além no plano ficcional.

b) INCORRETA. O final do excerto desmente esta suposi-ção, pois D. Evarista não deu ao Dr. Bacamarte filhos.

c) INCORRETA. A frase destacada pela alternativa não denuncia que D. Evarista tinha conhecimento de sua infertilidade, revela apenas que as expectativas de Dr. Bacamarte foram frustradas já que sua mulher não pode lhe dar filhos.

d) CORRETA. As boas condições de procriar eram expli-citamente valorizadas por Bacamarte na noiva que escolhera, “apta para dar-lhe filhos robustos, sãos e inteligentes”.

e) INCORRETA. O tio de Bacamarte não se posicionou con-tra a sua escolha, apenas ficou surpreso com ela.

19. Gabarito: c

I. INCORRETA. A classificação de “O Alienista” como obra naturalista é descabida; trata-se, na verdade, de um dos mais brilhantes exemplos do realismo satírico de Machado de Assis.

II. CORRETA. Machado de Assis apresenta e critica os va-lores sustentados pelo Romantismo, como: a amizade, o amor, o casamento, a religião; estes são por vezes desa-creditados ou mesmo ridicularizados. O adultério, a hipo-crisia, as segundas intenções e a vaidade são os grandes

corruptores dos relacionamentos humanos. Além disso, questiona e ironiza a supremacia da perspectiva científi-ca vigente na segunda metade do século XIX.

III. CORRETA. Ao considerar que D. Evarista lhe daria filhos robustos, sãos e inteligentes, dadas suas caracterís-ticas (nem bonita, nem simpática), Dr. Bacamarte, re-presentante do cientificismo da época, se engana, pois sua mulher simplesmente não lhe dará filhos, o que se postula como uma ironia quanto à avaliação cientificista da época.

20. Gabarito: c

Em O Ateneu, a personagem do diretor, Aristarco, apresenta duas dimensões principais. A primeira delas é mais evidente e representa o educador interessado na correção moral da juventude; a outra, mais inconfessável – mas percebida e registrada pelo narrador, Sérgio –, é o interesse comercial, que determina muitas de suas ações como educador, e a pre-sunção de ser conhecido e respeitado na sociedade do II Im-pério brasileiro. A “sede de lucro” é exemplificada na decisão do diretor de reformar periodicamente o estabelecimento, “como os negociantes que liquidam para recomeçar com ar-tigos de última remessa” [cap. 1]. A “vaidade” é evidenciada na maneira como Aristarco se apresenta nas ocasiões festi-vas: “Não admira que […] o largo peito do grande educador desaparecesse sob constelações de pedraria, opulentando a nobreza de todos os honoríficos berloques” [cap. 1].

21. Gabarito: b

Embora faça propaganda de seus esforços como educador dedicado à formação moral dos estudantes, as ações de Aristarco revelam que seu interesse primordial é a auto-promoção. O que fica evidente logo no primeiro capítulo, por exemplo, quando o narrador se refere a ele: “Gozava a sensação prévia, no banho luminoso, da imortalidade a que se julgava consagrado”.

22. Gabarito: a

A personagem Aurélia Camargo, protagonista do romance Senhora, nasceu pobre e foi preterida em seu amor por um jovem leviano chamado Fernando Seixas. Por um in-crível lance do destino, Aurélia viu-se herdeira de grande fortuna e passou a desprezar os vários pretendentes que vinham admirar tanto a sua beleza quanto o seu dinheiro. Ela agia com muita frieza, e, por meio de um claro pro-cesso de mineralização, foi comparada diversas vezes a uma estátua. Isso se pode notar, por exemplo, no seguinte trecho: “Os olhares ardentes e cúpidos dessa multidão de pretendentes, os sorrisos contrafeitos dos tímidos, os gestos fátuos e as palavras insinuantes dos mais afoitos quebravam-se na fria impassibilidade de Aurélia. Não era a moça que ali estava à janela; mas uma estátua, ou, com mais propriedade, a figura de cera do mostrador de um cabeleireiro da moda.”.

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27Caderno de Atividades / Livro do Professor

Literatura brasileira

23. Gabarito: c

O Naturalismo, movimento literário em que se insere O Cortiço, possui como principais características o condicio-namento do ser humano ao meio social em que vive, as descrições ricas em detalhes, a linguagem marcada pela coloquialidade, a violência, a miséria, a exploração social e o condicionamento do ser humano à sua hereditariedade. Entretanto, ao contrário do que se afirma na alternativa c, os sentimentos pessoais dos autores eram suprimidos para dar lugar a uma observação científica da realidade.

24. Gabarito: b

a) INCORRETA. De acordo com o Determinismo, corrente de pensamento presente nas obras naturalistas, o meio, a raça e as situações sociais determinam o compor-tamento humano, o que não permite afirmar que isso o leve à condição plena de cidadão, pelo contrário, os tipos retratados por essas obras servem de ilustração a degradação desse homem condicionado.

b) CORRETA. No livro O Cortiço, de Aluísio Azevedo, a so-ciedade é abordada de forma materialista, seguindo as teorias cientificistas do final do século XIX. Dessa forma, o homem é encarado como um produto biológi-co, agindo de acordo com seus instintos mais básicos (zoomorfismo). Tal teoria é abordada diversas vezes na narrativa, principalmente nas trajetórias de Jerônimo e Pombinha.

c) INCORRETA. As personagens são condicionadas pelo meio, raça e situações sociais a que são expostas, o que previamente determina o destino delas na obra.

d) INCORRETA. A obra recebeu influência das correntes deterministas, positivistas e evolucionistas.

e) INCORRETA. As obras naturalistas se apresentam como romances de tese, elas tentam comprovar certos pres-supostos cientificistas, entre eles o Determinismo. A ótica rigorosamente científica, em muitos momentos, passa a ser a única forma de visão e análise da so-ciedade. Esse aspecto que embora possa enfraquecer a qualidade da obra, não faz com que a mesma perca prestígio.

25. Gabarito: e

Aluísio Azevedo, ao descrever o ambiente em que se situam as personagens de O Cortiço, aproxima o leitor de um meio sem privacidade, relatando a intimidade da vida de muitos tipos sociais. Dentro do cortiço vivem pessoas que ocupam diversas funções na sociedade, como lavadeiras, policiais, prostitutas e trabalhadores braçais do Rio de Janeiro do século XIX.

26. Gabarito: b

Brás Cubas, protagonista de Memórias Póstumas de Brás Cubas, vive em sua juventude um breve romance com Mar-

cela, uma cortesã espanhola “amiga de dinheiro e de rapa-zes”. Após Marcela amá-lo “durante quinze meses e onze contos de réis”, o protagonista é obrigado a estudar direito em Portugal. Brás volta para o Brasil e conhece Virgília, com quem planeja se casar. Entretanto, Virgília prefere Lobo Ne-ves, pretendente que se mostra mais atirado, decidido e que certamente terá um futuro político bem mais promissor do que o narrador. Brás Cubas mantém durante alguns anos uma relação adulterina com Virgília.

27. a) O Humanitismo, sistema filosófico destinado a arruinar

todos os outros, segundo Quincas Borba, é uma crítica satírica às correntes filosóficas e científicas da segunda metade do século XIX, como o Evolucionismo e o Posi-tivismo. Segundo Quincas Borba, a sobrevivência dos mais aptos é a força propulsora de todos os fenômenos humanos, daí a guerra ser uma calamidade conveniente e a fome, uma provação. A máxima filosófica de Huma-nitas é “Vida é luta” e, desse combate, apenas os mais fortes saem vencedores, selecionando-se os aptos à vida, o que remete à teoria evolucionista de Darwin. Além disso, o Humanitismo satiriza o Positivismo, se-gundo o qual o conhecimento científico é a única forma de saber verdadeiro, isto é, apenas os métodos científi-cos são válidos, desconsiderando-se crenças religiosas ou superstições.

b) O Cortiço é apontado como exemplo bem acabado do Naturalismo, escola literária a que pertence, o que se percebe pela incorporação do pensamento filosófico e científico da época. Essa filiação é notada pelo respei-to ao Darwinismo, que colocou em destaque a análise “biologizante” do comportamento humano, vista nas constantes referências à zoomorfização, às imagens escatológicas, na concepção do homem como prisio-neiro dos impulsos sexuais e também no predomínio do mais apto, como é o caso de João Romão. Já o Ex-perimentalismo, doutrina segundo a qual uma narrativa deveria servir de instrumento para a comprovação da tese de seu autor, dá-se, por exemplo, na história de Jerônimo como prova de que o meio seria capaz de comandar a natureza humana. Por fim, enxerga-se a vinculação ao Determinismo, segundo o qual a per-sonalidade do homem seria dirigida por fatores como raça, meio e momento. Em algumas ocasiões O Cortiço obedece a essa doutrina (Rita Baiana, como mestiça, seria “natural mente” leviana), em outros momentos a subverte (João Romão e Jerônimo, ambos brancos, portugueses e da segunda metade do século XIX, en-contram destinos opostos).

28. Gabarito: e

O Capítulo CVI do livro, Dez Libras Estrelinas, traz o seguinte trecho:

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28 2ª. Série

Quanto às puras economias de dinheiro, direi um caso, e basta. Foi justamente por ocasião de uma lição de astrono-mia, à Praia da Glória. Sabes que alguma vez a fiz cochilar um pouco. Uma noite perdeu-se em fitar o mar, com tal força e concentração, que me deu ciúmes.

— Você não me ouve, Capitu.

— Eu? Ouço perfeitamente.

— O que é que eu dizia?

— Você... você falava de Sírius.

— Qual Sírius, Capitu. Há vinte minutos que eu falei de Sírius.

— Falava de... falava de Marte, emendou ela apressada.

Realmente, era de Marte, mas é claro que só apanhara o som da palavra, não o sentido. Fiquei sério, e o ímpeto que me deu foi deixar a sala; Capitu, ao percebê-lo, fez-se a mais mimosa das criaturas, pegou-me na mão, confessou-me que estivera contando, isto é, somando uns dinheiros para descobrir certa parcela que não achava. Tratava-se de uma conversão de papel em ouro. A princípio supus que era um recurso para desenfadar-me, mas daí a pouco estava eu mesmo calculando também, já então com papel e lápis, sobre o joelho, e dava a diferença que ela buscava.

Como se pode perceber, a alternativa e não procede. Todas as demais apontam para as desconfianças de Bentinho.

29. a) Nessa resposta, o candidato dispunha de alguns as-

pectos que poderiam ser considerados para a definição do gênero do livro Memórias póstumas de Brás Cubas e que poderiam ter gerado a dúvida em Capistrano de Abreu. Em primeiro lugar, poderíamos considerar o livro como um romance, pois se enquadraria na definição de ser uma obra em “prosa, mais ou menos longa, na qual se narram fatos imaginários, às vezes inspirados em histórias reais, cujo centro de interesse pode estar no relato de aventuras, no estudo de costumes ou tipos psicológicos, na crítica social etc.” Se considerarmos a vida de Brás e a apresentação dos costumes cariocas, temos um romance. Mas poderíamos também conside-rar o livro como uma memória, já que temos um narra-dor que resolve rememorar sua vida para desvelá-la ao leitor. Fato comprovado já no prólogo. Também poderí-amos considerar o livro como uma sátira menipeia, já que traz um narrador morto que se dirige aos leitores viventes para refletir e criticar a sociedade dos homens. A reflexão sobre um desses aspectos poderia produzir uma resposta adequada à questão.

b) No prólogo Machado refere-se a três autores que esta-riam ligados à sua obra no que tange à forma de com-posição: Sterne, Garrett e Maistre. Os três autores se relacionam de forma direta ou indireta com a estética romântica. Ao referir-se no final do trecho que seu livro seria uma taça de igual escola, dificilmente estaria se referindo ao Romantismo ou mesmo ao Realismo. Ma-

chado refere-se, na verdade, às inovações que estes autores propuseram à literatura: Sterne com o fluxo de consciência; de Garrett as digressões, indefinição de gênero e conversa com o leitor; de Maistre, as digres-sões com tempo não linear e capítulos curtos. O que diferencia esses autores é o pessimismo schopenhaue-riano de Machado.

30. Gabarito: b

Das obras citadas pela questão, pode-se dizer que o estilo apresentado pelo romance Viagens da minha terra é o que tem maior probabilidade de impacientar o leitor, pois não apresenta linearidade e intercala gêneros narrativos: a crô-nica de viagem, a novela passional, a epistolografia. O leitor identificaria “irregularidades” semelhantes em Brás Cubas.

31. a) Essas reflexões sobre a religiosidade de superfície apli-

cam-se integralmente a Memórias de um sargento de milícias. Os eventos religiosos são mais sociais e fes-tivos que de devoção e contrição, como exemplifica a passagem em que a madrinha de Leonardo, a parteira, vai a várias missas. Na verdade, o que a movia não era uma busca mística, mas a curiosidade pela vida alheia, pois no culto ela conseguia entregar-se às fofocas.

b) Essas reflexões sobre a superficialidade religiosa tam-bém se aplicam integralmente a Brás Cubas, quando menino. Embora sua mãe o doutrinasse com preces, o que o governava eram “os nervos e o sangue”. Brás Cubas, de manhã, pedia que Deus lhe perdoasse, mas, até o cair da noite, cometia atos maldosos, conforme se vê no capítulo “O menino é o pai do homem”. Além dis-so, pode-se lembrar de que o tio de Brás Cubas era um padre que não dominava as questões místicas, mas era extremamente apegado às formalidades de um ritual. Sua religiosidade é, portanto, superficial.

32. Gabarito: b

Flora é uma moça ingênua que se vê constantemente di-vidida pelo amor dos gêmeos Pedro e Paulo. Não podendo namorar ao mesmo tempo os dois irmãos, tem de escolher um deles, idênticos na aparência, mas completamente di-ferentes em personalidade. A dúvida sobre com qual dos irmãos deve ficar é tamanha que lhe desgasta emocional-mente e a leva a uma morte prematura.

33. a) Apesar de lidarem com suas condições de maneira dis-

tinta, uma passiva e outra ativamente. Bertoleza e Rita Baiana se encontram na base da pirâmide social, pois são dependentes dos homens a que se associam. Berto-leza vive na condição de escrava, sua força de trabalho é explorada por João Romão; Rita Baiana seduz Jerônimo, fazendo com que este dependa sexualmente dela.

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Literatura brasileira

b) Jerônimo, apesar de ser empregado da pedreira de João Romão, vivia bem, tem família, é um homem honesto. Porém, sua vivência no cortiço e sua aproximação com Rita Baiana fazem com que ele se degenere – o meio o corrompe. Seu desfecho no romance foi matar o ri-val e abandonar sua família. João Romão é desonesto, imoral, mas obstinado, consegue enriquecer e prospe-rar à custa da pobreza alheia. O dono do cortiço está associado a pessoas de outro ambiente social, estas são capazes de lhe proporcionar o sonhado prestígio. No final, ele se casa com Zulmira e seu cortiço torna-se Avenida São Romão, que é habitada por pessoas que ocupam posições sociais mais altas do que os antigos moradores, estes são forçados a se deslocar para outro cortiço. João Romão consegue com isso ascender a um patamar mais alto da pirâmide social.

34. Gabarito: d

Podemos perceber, por meio do trecho destacado, que a obra de Machado de Assis é marcada por uma visão niilista, ou seja, de descrença e pessimismo. O narrador deixa claro, ao leitor, como a vida humana é deplorável e finita. Tal tra-ço pode ser apresentado de modo figurado, pelo vocábulo “cemitério”. Além disso, há a presença marcante da ironia, figura de linguagem que afirma o contrário do que se quer dizer, ou seja, que realiza uma espécie de “carnavalização” da linguagem, marcada pelo humor.

35. Gabarito: d

a) INCORRETA. Em “Esaú e Jacó” não há menção a um possível adultério envolvendo Natividade e Batista. A obra mais emblemática de Machado de Assis que abor-da essa temática, mas não com esses mesmos perso-nagens, é “Dom Casmurro”.

b) INCORRETA. O casamento como forma de ascensão social aparece em outras obras de Machado de Assis, como “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, mas não em “Esaú e Jacó”.

c) INCORRETA. As alterações no cenário político brasileiro são um elemento importante na narrativa de “Esaú e Jacó”. Contudo, o romance explora a transformação do Brasil monárquico em Brasil república, o que ocorreu no século XIX, e não no XVIII.

d) CORRETA. O romance “Esaú e Jacó” se constrói na du-alidade entre os gêmeos Paulo e Pedro, idênticos na aparência, mas completamente diferentes em suas personalidades e opiniões. Paulo é republicano e Pedro, monarquista. O primeiro cursa Direito em São Paulo, e o segundo Medicina, no Rio de Janeiro. Enquanto Pedro é dissimulado e cauteloso, Paulo é arrojado e impetu-oso. A briga dos dois, que se inicia no útero materno, estende-se por toda a vida. O que une os gêmeos é o amor pela mãe, Natividade, e o que os separa, além das diferentes personalidades, é a paixão por Flora.

36. a) No trecho “com toda uma escura humanidade formi-

gando entre patas e rodas” percebe-se nitidamente a influência da estética naturalista, marcada pelo zoo-morfismo utilizado ao descrever a humanidade que “formigava” com suas “patas”.

b) O narrador Zé Fernandes, ao chegar a Paris e estreitar relações com Jacinto, fica admirado e embevecido com a cidade que vivenciava o auge da Belle Époque, com toda a reestruturação arquitetônica e paisagística e as novas invenções dos transportes, comunicações, moda e costumes. Essa experiência, no entanto, caracteriza justamente a crítica que se faz aos homens da Belle Époque que, qual dândis, viviam para a contemplação e aparência e deixavam a vida, de fato vivida, legada ao esquecimento e decadência.

37. Gabarito: e

I. CORRETO. Essas características podem ser encontra-das no trecho: “Poderia eu tirar ao leitor o gosto de notar por si mesmo a frieza, a perspicácia e o ânimo dessas poucas linhas traçadas à pressa”.

II. CORRETO. Essas observações são exemplificadas pelo trecho: “a tempestade de outro cérebro, a raiva dissi-mulada”.

III. CORRETO. A perspicácia no conteúdo do texto, que Ma-chado de Assis nos propõe, projeta-se sobre sua estru-tura. O fio narrativo é entrelaçado por um simples bilhe-te a reverberar-se em Shakespeare (intertextualidade), Virgília e Lobo Neves (personagens) e na constituição da trama: “eis aí o drama”.

38. Gabarito: e

A filosofia do Humanitismo, sistema filosófico destinado a arruinar todos os outros, segundo Quincas Borba, é uma crítica satírica às correntes filosóficas e científicas da se-gunda metade do século XIX, como o Evolucionismo e o Positivismo. Segundo Quincas Borba, a sobrevivência dos mais aptos é a força propulsora de todos os fenômenos hu-manos, daí a guerra ser uma calamidade conveniente e a fome, uma provação. A máxima filosófica de Humanitas é “Vida é luta” e, desse combate, apenas os mais fortes saem vencedores, selecionando-se os aptos à vida, o que remete à teoria evolucionista de Darwin. Além disso, o Humanitis-mo satiriza o Positivismo, segundo o qual o conhecimento científico é a única forma de saber verdadeiro, isto é, ape-nas os métodos científicos são válidos, desconsiderando-se crenças religiosas ou superstições.

39. Gabarito: c

O cortiço é um romance naturalista, publicado em 1890, por Aluísio Azevedo. O livro conta a história de um cortiço, que se configura como uma pré-favela, onde vivem pessoas humil-

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des e carentes. Por conta das influências das teorias de Da-rwin e Comte, o autor procura analisar o comportamento dos personagens como resultado de questões étnicas e sociais do meio em que viviam, porém, ao tentar descrever esses aspectos da vida dos moradores, acaba fazendo uma grande análise das classes sociais e da exploração econômica.

40. Gabarito: e

a) INCORRETA. A linguagem com que a criada Juliana se refere ao primo Basílio não é descuidada ou negligente.

b) INCORRETA. A fala da criada não revela nenhuma in-timidade ou mesmo proximidade com Basílio. Além disso, a análise da obra evidencia não haver nenhuma relação amorosa entre Juliana e o primo de Luísa.

c) INCORRETA. O comentário de Juliana pode, sim, ser descrito como malicioso, mas em nenhum momento a criada sugere ou mesmo incentiva Luísa a manter uma relação com o rapaz. Em momento posterior da obra, o que a criada faz é chantagear Luísa com as provas do adultério.

d) INCORRETA. Juliana se refere a Basílio de maneira in-discreta, mas, ao contrário do que é sugerido pela al-ternativa, Basílio visitava frequentemente a casa de Lu-ísa, uma situação socialmente malvista, pois as visitas eram feitas na ausência de Jorge, o marido da patroa.

e) CORRETA. Jorge, marido de Luísa, está a trabalho no interior de Portugal. É nessa época que Luísa começa a receber visitas de seu primo Basílio, que fora seu na-morado na adolescência. Quando anuncia a chegada de Basílio, qualificando-o como “o sujeito do costume”, a criada apresenta atitude ambígua, pois dá margem a mais de uma interpretação. Além de anunciá-lo, deixa entrever certa crítica ao hábito da patroa de receber outro homem em sua casa na ausência do marido. Esse comentário deixa Luísa corada (envergonhada) e preocupada em informar a empregada de que se trata de um primo, para que esta não tire conclusões preci-pitadas.

41. Gabarito: c

a) INCORRETA. Após inúmeras chantagens de Juliana, que descobriu o caso que a patroa mantinha com o primo, Luísa pensa em fugir com seu amante, como muitas vezes tinham planejado. Contudo, Basílio finge receber um telegrama urgente que requisita a sua presença em Paris, deixando-a sozinha. Assim, Luísa não abandona o marido, nem mesmo foge com o primo; na verdade, é abandonada por Basílio.

b) INCORRETA. O tema do romance não é a vingança de Luísa, uma vez que, mesmo tendo sido abandonada por Basílio anos antes como noiva e, agora, como aman-te, ela não opta por se vingar do amado. Assim, Luísa pode ser considerada a vítima do relacionamento com

Basílio. Ademais, a atitude de Juliana até poderia ser interpretada como vingativa, uma vez que a criada é motivada pelo sentimento de injustiça por se sentir prejudicada por sua condição servil em relação a sua patroa. Contudo, esse não é o tema central do romance.

c) CORRETA. No último trecho, em que há o uso do discur-so indireto livre, expõem-se reflexões de Juliana acerca dos fatos que observou, como o contato de Luísa com Basílio justamente quando Jorge não está presente. Além disso, a criada percebe que as visitas do primo fazem com que a patroa se comporte de maneira dife-rente, passando a usar roupas novas, a passear mais, a suspirar e a exibir olheiras. Essas considerações evi-denciam o tema motivador de O Primo Basílio: o adul-tério de Luísa.

d) INCORRETA. Luísa já era uma mulher casada quando começou a se envolver novamente com Basílio e, dife-rente do que acontece no romance Senhora, de José de Alencar, não oferecia dinheiro a Basílio. Os motivos que a levaram a se entregar a ele, com base nos relatos do narrador, foram o ócio, a curiosidade em ter um amante, as vaidades que a incendiavam e, sobretudo, o desejo físico.

e) INCORRETA. Luísa conheceu Jorge três anos após o abandono e rompimento – por carta – do namoro com seu primo Basílio. Embora seu casamento tenha sido um tanto leviano, uma vez que ela e Jorge se casaram mais por convenção do que por amor, ela era vista pela sociedade e pelo próprio marido como uma boa esposa. Luísa não foi lograda ou enganada, mas, sim, enganou o marido mantendo uma relação amorosa com Basílio.

42. Gabarito: e

a) INCORRETA. O trecho, em seu conjunto, expõe a socie-dade portuguesa da época, mas não o faz com a in-tenção de resgatar a tradição e os vínculos sociais. O intuito é representar o atraso dessa sociedade burgue-sa e provinciana em um mundo profundamente trans-formado pela Revolução Industrial.

b) INCORRETA. As relações humanas apresentadas nessa obra não são idealizadas, mas extremamente realistas, expõem a hipocrisia e a falsa moral burguesa. O narra-dor faz com que seus personagens passem por situa-ções ridículas, como o fato de D. Felicidade, falsa beata, sofrer de gases. Esse pode ser considerado um traço naturalista presente na obra, o que recupera a ideologia realista-naturalista vigente na época.

c) INCORRETA. O autor, Eça de Queiroz, adepto à tendên-cia realista-naturalista, critica a escola romântica, cuja visão de mundo é idealizada e centrada no indivíduo. Dessa forma, o romance O Primo Basílio critica o pen-samento romântico, apresentando enredo e persona-gens contrários aos padrões do Romantismo.

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Literatura brasileira

d) INCORRETA. A obra não ataca e tampouco defende as famílias de Lisboa enquanto instituição. Eça apenas as descreve, como meio de representar o seu atraso ideológico.

e) CORRETA. Tem-se no trecho, assim como na leitura do romance em conjunto, o contraste entre o estilo de vida da empregada, que se mostra insatisfeita e rancorosa com a sua condição de vida, e o estilo de vida da patroa, que se entrega ao ócio e à fruição de prazeres. Em linhas gerais, o que é apresentado no romance é um contexto de oposição de classes. A pas-sagem também expõe a iminência de um adultério, que mais adiante se concretizará. Esse tipo de situa-ção, de acordo com o autor, é fruto de uma educação romântica à qual está submetida a mulher burguesa do século XIX, que do seu ponto de vista é defeituosa. Desta maneira, O Primo Basílio exerce o papel de um romance que compõe um retrato crítico da sociedade lusitana da época.

43. Gabarito: e

a) INCORRETA. O narrador dessa obra machadiana não espera ter o mesmo número de leitores que Stendhal, além de esse fato ser algo que não o afligirá. Ademais, o narrador não se propõe a explicitar o processo de com-posição da obra, como podemos constatar na seguinte passagem: “Conseguintemente, evito contar o processo extraordinário que empreguei na composição destas Memórias, trabalhadas cá no outro mundo. Seria curio-so, mas nimiamente extenso, e aliás desnecessário ao entendimento da obra”.

b) INCORRETA. De acordo com o trecho “Trata-se, na ver-dade, de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabugens de pes-simismo”, verifica-se que a intenção do narrador não é seguir a forma livre de Sterne ou de Xavier de Maistre, mas indicar que, se caso tenha adotado uma dessas formas, o fez de maneira mais pessimista.

c) INCORRETA. O que o narrador chama de “as duas co-lunas máximas da opinião” não são os dois tipos de leitores, o grave e o frívolo, mas “a estima dos graves e o amor dos frívolos”.

d) INCORRETA. O narrador tece comentários irônicos sobre as possíveis fragilidades da obra. Essa postura satiriza a sua real consciência sobre o texto, uma vez que, na realidade, o narrador está confiante com o trabalho que fez. Contudo, o teor zombeteiro do prólogo transcrito poderia levar o leitor a apontar como correta essa alter-nativa, pois ela corresponde a um entendimento literal do texto, sem que sua ironia seja considerada.

e) CORRETA. O narrador ironicamente desdenha a sua obra, admitindo que compôs um trabalho difuso. Em seguida, apresenta-a como “obra de finado” escrita com “pena da galhofa e tinta da melancolia”, o que significa dizer que, por trás das elusivas agitações dos homens, jaz o vazio da existência. Essa atitude aparen-temente depreciativa é, de fato, irônica, pois, confiante em seu trabalho, ele conclui afirmando que “a obra em si é tudo” e considera “fino” o leitor a quem ela agra-de, prometendo um piparote (um golpe com o dedo que implica repreensão) àquele a quem a obra não agradar.

PARNASIANISMO

44. Gabarito: v – f – f – v – f – f

a) (V) Os parnasianos não apelavam à subjetividade.

b) (F) O Parnasianismo não se preocupa com questões existenciais.

c) (F) O Parnasianismo não faz poesia engajada social-mente.

d) (V) Trata-se do conceito de arte pela arte.

e) (F) O Parnasianismo não vai além da objetividade das imagens.

f) (F) Esse é um dos pressupostos do Simbolismo.

45. Gabarito: b

a) INCORRETA. O eu lírico apresenta uma apreciação pu-ramente estética das esculturas gregas, desvinculada de elementos místicos. Não há evocação à natureza; o enfoque do poema é a beleza daquelas esculturas.

b) CORRETA. Todas as características indicadas na alter-nativa são partilhadas entre o poema de Raimundo Cor-reia e a estética parnasiana. O poema menciona Vênus, sem, contudo, explorar aspectos místicos. Ao contrário: a imagem que se faz da escultura destaca a sensualidade feminina. Além disso, o texto manifesta a busca pela per-feição formal. No conteúdo do poema, o eu lírico estabe-lece os tipos gregos de escultura como ideais estéticos, e, na forma do texto, a preocupação estética transparece na elaboração de rimas ricas, isto é, com palavras de di-ferentes classes gramaticais (como ocorre em “escultu-ra” e “enfezadas”, que são, respectivamente, substantivo e adjetivo) e na escolha de versos decassílabos.

c) INCORRETA. Embora se perceba uma preocupação quanto à elaboração da linguagem, não há indícios de engajamento social no texto, tal como não havia preo-cupação em abordar esse tema no Parnasianismo. O

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32 2ª. Série

cultismo, que se caracteriza pela riqueza das palavras e uso abundante de metáforas e hipérboles, remete à literatura barroca – e não parnasiana.

d) INCORRETA. A poesia parnasiana preza pela perfeição formal, que se manifesta no elevado nível de linguagem e na metrificação. Quanto à temática, essas obras são voltadas a temas universais, sem a subjetividade que caracteriza as obras do Romantismo. O poema de Rai-mundo Correia se espelha nessas características par-nasianas, tanto na forma como no conteúdo, ao enfocar o ideal grego de beleza.

46. a) A perfeição formal é a característica parnasiana mais

evidente no poema quanto a sua forma. O conteúdo, por outro lado, também evoca os postulados da estética: a cena é descrita predominantemente de forma objetiva, sem interferências subjetivas.

b) Em um único momento: Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando. O restante do poema mantém-se nos pa-drões objetivos da estética.

47. Gabarito: b

“Igreja”, “divina”, “domina” e “troveja” são as últimas pala-vras do primeiro ao quarto verso do soneto, respectivamen-te, que pertencem, também respectivamente, às classes de “substantivo”, “adjetivo”, “verbo” e “verbo”, o que torna a alternativa b correta.

48. a) O poeta evita a utilização de palavras da mesma classe

gramatical em suas poesias, buscando tornar as rimas esteticamente ricas (tudo e mudo, levanta e garganta). Uso de linguagem rebuscada e vocabulário culto (asco, refulgia, sepulcro). Preferência pelo uso de sonetos. Va-lorização da metrificação: o mesmo número de sílabas poéticas é usado em cada verso.

b) Pensamento e forma, já que esta não se move, aquele ferve.

49. Gabarito: v – v – v – v – f

a) (V) No primeiro quarteto é visível a imagem dos deuses.

b) (V) Seu esquema é 4-4-3-3.

c) (V) Os versos decassílabos são comuns no Parnasianismo.

d) (V) verdade – alguma – majestade – suma (ABAB) / di-vindade – bruma – acostuma – saudade (ABBA) / gar-ço – tinto – esparto (CDC) / tristeza – extinto – beleza (EDE).

e) (F) A chave de ouro aparece no segundo terceto.

50. a) Trata-se de um soneto (14 versos divididos em dois

quartetos e dois tercetos), em versos decassílabos, com esquema de rimas ABBA/ BAAB/ CDC/ DCD. Há presen-ça de rimas ricas e raras.

b) “Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!”

c) “... que a imagem fique nua,/ Rica mas sóbria, como um templo grego.»

SIMBOLISMO

51. Gabarito: f – f – f – f – v

a) (F) A poesia dessa época não se engaja socialmente.

b) (F) O Simbolismo mantinha o verso musicado, com ri-mas e com ritmo.

c) (F) A ideia de sugestão é própria do Simbolismo. O Parnasianismo não sugere: diz.

d) (F) O soneto era a forma preferida dos simbolistas, que usavam a língua formal.

e) (V) Essa é a definição de “arte pela arte”.

52. Gabarito: e

O “registro da realidade através da percepção sensorial do poeta” não é exclusivo do Simbolismo, pois pode ser as-sociado, por exemplo, ao Romantismo e, de forma geral, a grande parte da produção poética de todos os tempos. Embora se trate de uma alternativa inespecífica, que não responde adequadamente à questão proposta, é a melhor

das alternativas. A b, que fala em “lirismo sentimental e intimista” é, num certo sentido, mais inespecífica ainda que a alternativa e, além de conter uma qualificação – “senti-mental” – que não pode ser aplicada a um poema comple-tamente isento de sentimentalismo.

53. Gabarito: e

Todos os trechos apresentam características próprias do Simbolismo, como a preferência pelo branco, a aliteração, o universo onírico, a sugestão e a musicalidade. Na alter-nativa E, porém, o foco está na produção de arte pela arte, e na prática do fazer poético, características marcantes do Parnasianismo.

54. Gabarito: a

Os versos da alternativa (a) correspondem totalmente à tese apresentada pelo texto de Alfredo Bosi, no que diz respeito à poesia de Cruz e Sousa. Bosi menciona a ob-

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33Caderno de Atividades / Livro do Professor

Literatura brasileira

SIMBOLISMO

sessão de Cruz e Souza pelo branco e pelo translúcido. Os dois primeiros versos “Ó formas alvas, brancas. Formas claras / De luares, de neves, de neblinas, em que se nota, explicitamente, a palavra branco” confirmam essa incli-nação. Essa correspondência ainda se faz notar quando temos em vista a segunda indicação de Bosi, segundo a qual a preferência pelos objetos luminosos também se aplica à poesia de Cruz e Souza. A ocorrência da pala-vra incenso, no último verso da estrofe transcrita, reforça essa tese.

55. Gabarito: b

A estética simbolista importa-se, sobretudo, com o univer-so onírico e etéreo das imagens escolhidas, o que culmina com a demonstração de sugestões ao longo do texto, em vez da apresentação objetiva dos fatos.

56. Gabarito: b

É explícita a referência, no poema de Cruz e Sousa, à voz do(a) destinatário(a): “o som da tua voz deliciava”.

57. Gabarito: c

O reaproveitamento original “de uma forma poética da tra-dição”, mencionado na alternativa de resposta, deve refe-rir-se ao soneto, de que Cruz e Sousa e outros simbolistas foram praticantes virtuosísticos. Ocorre, porém, que os can-didatos não tinham condições de perceber que se tratava dessa forma poética tradicional, pois só foram transcritos os quartetos do poema.

58. Gabarito: aa) CORRETA. O vocabulário onírico, que faz referencia aos

sonhos, colabora com a difícil interpretação das ima-gens etéreas, ou seja, divinas.

b) INCORRETA. O verbo preterir significa deixar de lado, justamente o oposto dessa estética, na qual há o pre-domínio de paisagens desoladamente esfumaçadas, de visões esgarçadas, de um estilo etéreo e de um penum-brismo no ambiente.

c) INCORRETA. Essa afirmação refere-se à poesia de Au-gusto dos Anjos, poeta pré-modernista.

d) INCORRETA. O Simbolismo alienou-se em relação aos assuntos sociais.

e) INCORRETA. A cor local não aparece no Simbolismo, pois a preocupação dos poetas centrava-se no universo humano como um todo.

59. Gabarito: bCacofonia é um vício de linguagem segundo o qual duas palavras formam uma terceira, normalmente indesejada ou ridícula no contexto. Os poetas do Simbolismo usavam as aliterações com finalidades sugestivas propositais. Não há nenhum vício de linguagem em seu uso.

60. Gabarito: cEmbora todas as alternativas tragam figuras de linguagem usadas pelos simbolistas, nesse trecho a mais visível é a aliteração – a repetição de fonemas consonantais, como a letra v.

PRÉ-MODERNISMO

61. Gabarito: e

a) INCORRETA. O nacionalismo exacerbado, muito comum na poética romântica, no livro de Lima Barreto, na ver-dade, é ironizado.

b) INCORRETA. O romance de Lima Barreto é um típico exemplo de obra do Pré-Modernismo brasileiro e, por isso, é pós-realista.

c) INCORRETA. O romance de Lima Barreto, do ponto de vista estilístico, não pode ser caracterizado como ex-perimental, além disso, foi escrito no período pré-mo-dernista.

d) INCORRETA Os romances da segunda fase do Moder-nismo tinham a intenção de fazer uma denúncia das mazelas sociais, detendo-se especificamente sobre o Nordeste brasileiro.

e) CORRETA. Lima Barreto foi um dos autores de maior destaque do Pré-Modernismo brasileiro. Nesse perío-do, encontram-se, de modo geral, romances sobre a

realidade brasileira do Vale do Paraíba, estas procuram denunciar certas condições sociais. Do ponto de vista estilístico, as obras pertencentes a esta estética ainda não fazem uso da liberdade e da experimentação, que são características modernistas.

62. Gabarito: b

a) INCORRETA. O eufemismo é a figura de linguagem na qual se substituem palavras ou expressões que tenham um significado desagradável por outras mais suaves. Como, por exemplo, o uso de “doente dos pulmões” em vez de “tuberculoso”.

b) CORRETA. Usa-se a ironia quando se pretende dizer o contrário daquilo que se pensa. O verso “Toma um fós-foro. Acende teu cigarro!” surpreende o leitor de forma irônica e provocativa. Por meio da surpresa, o eu líri-co pretende quebrar a expectativa do leitor, como se o aconselhasse a se preparar para ler a afirmação cruel

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34 2ª. Série

que vem a seguir: “O beijo, amigo, é a véspera do es-carro,/A mão que afaga é a mesma que apedreja”.

c) INCORRETA. O emprego de palavras que se opõem quanto ao seu sentido é o que caracteriza a antítese. Por exemplo: “Sua aparência frágil escondia o tempe-ramento forte”. Porém, no trecho em análise não há uso de antíteses.

d) INCORRETA. A perífrase permite designar um ser por meio de alguma de suas características ou atributos, como se pode verificar em: “o poeta dos escravos [Cas-tro Alves] morreu muito jovem”.

63. Gabarito: d

a) INCORRETA. A prática de maltratar física e moralmente Negrinha, assim como ocorria com negros escraviza-dos, era vista socialmente como aceitável nos tempos de escravidão, porém é algo recriminável para a socie-dade contemporânea.

b) INCORRETA. Negrinha ficara órfã na infância: “órfã aos 4 anos, por ali ficou feito gato sem dono, levada a pon-tapés”. A menina recebia castigos, merecendo ou não, como comprova o trecho: “o corpo de Negrinha era ta-tuado de sinais, cicatrizes, vergões. Batiam nele os da casa todos os dias, houvesse ou não houvesse motivo”.

c) INCORRETA. Ao final da história, Negrinha morre “na es-teirinha rota, abandonada de todos, como um gato sem dono”, sem nunca ter experimentado um ato sequer de bondade da Dona Inácia, restando no mundo apenas a saudade da patroa em dar-lhe boas surras.

d) CORRETA. O que é enunciado na alternativa pode ser exemplificado nas seguintes passagens: “A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de escravos” e “o 13 de Maio tirou-lhe das mãos o azorrague, mas não lhe tirou da alma a gana”.

64. Gabarito: b

a) INCORRETA. O poeta Augusto dos Anjos não se encaixa perfeitamente em nenhuma escola literária brasileira, pois trabalha de maneira muito particular com elemen-tos de uma poética própria. Por vezes, é classificado como simbolista ou parnasiano, mas mais comumente como pré-modernista.

b) CORRETA A característica mais marcante da produção de Augusto dos Anjos é a melancolia de seus versos, que apontam a capacidade inexpressiva da língua e fa-zem constante referência a teorias científicas, usando, inclusive, termos da área.

c) INCORRETA. Por vezes, o autor dialoga com o Parnasia-nismo e o Simbolismo, também sendo associado ao Ex-pressionismo, ao Pré-Modernismo e ao Realismo, mas nunca à dicotomia e à religiosidade barroca.

d) INCORRETA. Os temas do poeta giravam em torno da morte, da negação material, da melancolia e da decom-posição.

e) INCORRETA. Por conta do pessimismo e da referência à morte, sua poesia pode ser associada ao Romantismo, mas não há devaneios amorosos em sua obra.

65. Gabarito: dA única afirmativa incorreta é a I, pois a divisão da obra acontece em 1 – A Terra; 2 – O Homem; 3 – A Luta.

66. Gabarito: dFica claro, pelas escolhas lexicais do autor, que ele perce-be a morte como uma questão físico-química, atrelando ao verme a sua desenvoltura.

67. Gabarito: aO asco e o horror, de que trata o autor do excerto em sua definição, podem ser percebidos na preferência de Augus-to dos Anjos pelos micróbios na descrição da morte, como aparece no primeiro trecho.

68. Gabarito: cOs autores do Pré-Modernismo, em geral, fazem justa-mente o oposto daquilo que é afirmado pela alternativa: regionalizam o Brasil e apresentam algumas característi-cas sociais próprias de espaços geográficos até então não contemplados pela literatura. Trata-se de um detalhamento das regiões do Brasil.

69. Gabarito: dO funcionário público Policarpo Quaresma, nacionalista e patriota extremado, é conhecido por todos no Arsenal de Guerra, onde exerce a função de subsecretário, como ma-jor Quaresma. Sem muitos amigos, vive isolado com sua irmã Dona Adelaide, os dois mantêm os mesmos hábitos há trinta anos. Seu fanatismo patriótico se reflete nos autores nacionais de sua vasta biblioteca e no modo de ver o Brasil. Para ele, tudo do país é superior, chegando até mesmo a “amputar alguns quilômetros ao Nilo” apenas para desta-car a grandiosidade do Amazonas. Por isso, em casa ou na repartição, é sempre incompreendido.

70. Gabarito: f – f – f – va) (F) Euclides da Cunha posiciona-se contrariamente à

barbárie feita pelo governo na região de Canudos.

b) (F) Mesmo percebendo que sua luta foi em vão, Major Quaresma não se rende, e nem mesmo apoia as exe-cuções.

c) (F) Ele não se demoveu dessa crença; pelo contrário, pôde comprovar tal ideia.

d) (V) A literatura de Monteiro Lobato centra-se no inte-rior de São Paulo e traz tipos regionais próprios dessa localização.

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35Caderno de Atividades / Livro do Professor

Literatura brasileira

71. Gabarito: a

O brasileiro Policarpo, que tanto acreditava em mudanças e melhoras, que tanto valorizava o que de mais brasileiro ha-via, acaba sendo acusado de traidor no final do romance e morre na prisão. Ele, antes de sua morte, chega à conclusão de que toda a sua vida, sua luta e seus sonhos foram em vão. A pátria brasileira, pela qual ele tanto sonhou e lutou, não existia.

72. Gabarito: a

Clara dos Anjos é uma mulata pobre do subúrbio, filha do carteiro João dos Anjos e de Engrácia, uma mulher “seden-tária e caseira”. Por meio de amigos do pai, Clara conhece Cassi Jones, malandro de família mais abastada e notório galanteador. A despeito dos alertas de seu padrinho – que será brutalmente assassinado –, Clara inicia uma relação com Cassi. A partir desse encontro fadado à tragédia, Lima Barreto coloca o leitor dentro de um jogo de tensões de classe, sedução e preconceito. Ao mesmo tempo, traça um rico e minucioso panorama do cotidiano nos subúrbios do Rio de Janeiro, com suas tristezas e mazelas, mas também como um local onde a vida da cidade acontece.

73. Gabarito: c

A única alternativa que não condiz com o texto é a c. Milkau

se mostra bastante seguro — não reticente — a respeito da integração entre a Terra e o homem. Em sua fala, a per-sonagem utiliza verbos conjugados no futuro do presente do indicativo, como “virá”, “receberá” e “dispensará”, dan-do à sua afirmação um caráter preditivo, o que demonstra sua certeza sobre os acontecimentos que estão por vir.

74. Gabarito: b

I. CORRETA. Sua obra representa com detalhes o interior paulista e a decadência da produção de café; ela tam-bém apresenta os tipos humanos regionais, com sua linguagem característica.

II. CORRETA. A intenção do autor era basicamente fazer um tratado sobre a imigração, motivo pelo qual a histó-ria fica em segundo plano.

III. CORRETA. O enredo da obra focaliza na discussão anta-gônica sobre a migração no Brasil.

IV. INCORRETA. Não há idealização na obra de Euclides da Cunha: tudo é tratado da maneira mais científica pos-sível.

75. Gabarito: c

O verme pode ser considerado outro “personagem” do poe- ma, pois representa uma espécie de inimigo do eu lírico quando ele “declara guerra à vida”, sendo essa sua ação.

VANGUARDAS EUROPEIAS E SEMANA DE ARTE MODERNA

76. Gabarito: f – v – f – f – v – v – v – f

a) (F) A Semana de Arte Moderna não retomou os ideais românticos.

b) (V) A revisão da cultura brasileira era uma de suas pautas.

c) (F) A Semana de Arte Moderna buscou o homem do in-terior do Brasil como o típico brasileiro.

d) (F) Os modernistas da primeira geração romperam com a norma culta do idioma.

e) (V) A Semana de Arte Moderna tinha como intenção va-lorizar a matéria tipicamente brasileira.

f) (V) A iconoclastia – quebra de ícones – era um dos ide-ais da Semana de Arte Moderna.

g) (V) O Brasil era visto como um país multicultural.

h) (F) Todas as formas de arte foram revisitadas.

77. Gabarito: e

a) CORRETA. Ao apreciar a obra de Munch, percebe-se a disformidade da paisagem e da figura humana repre-sentadas na tela, o que representa angústia e deses-pero. Dessa forma, Drummond traduz essa relação por

meio de versos, descrevendo uma natureza que parece gritar em meio à dor expressa pelo próprio quadro, o que fica explícito no verso “Dói o quadro”.

b) CORRETA. O desespero, sentimento fundamentalmen-te humano, foi representado na tela por Edvard Munch por meio da figura humana e, consequentemente, está impregnado na natureza. Esse dado está explicitado no poema de Drummond: “A natureza grita, apavorante”.

c) CORRETA. Por exagero “dramático e aterrorizante” po-de-se depreender no texto a atribuição do grito e da dor à natureza e ao quadro, respectivamente.

d) CORRETA. O texto em questão compõe a série “Arte em exposição”, conjunto de 32 poemas de Carlos Drum-mond de Andrade publicado no livro Farewell. Nessa sé-rie, o poeta propõe uma interpretação poética de várias obras de arte, de artistas e períodos distintos.

78. a) As vanguardas europeias foram manifestações artístico-

-literárias surgidas na Europa, nas duas primeiras dé-cadas do século XX, e vieram provocar uma ruptura da

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36 2ª. Série

arte moderna com a tradição cultural do século anterior, inclusive no Brasil, onde as manifestações artísticas estavam crescendo. Elas deixaram suas contribuições, especialmente na Semana de Arte Moderna e na pri-meira geração do Modernismo.

b) As cinco manifestações que mais influenciaram as ar-tes no Brasil foram o Cubismo, o Dadaísmo, o Surrealis-mo, o Futurismo e o Expressionismo.

79. Gabarito: a

A repetição de termos como Vejo e E tudo isto cria as ima-gens que o autor busca em sua poesia. Esse recurso, cha-mado de anáfora – repetição de uma palavra ou grupo de palavras no início de duas ou mais frases sucessivas – en-fatiza o termo repetido.

80. Gabarito: a

Em seu sentido literal, degredo é uma pena de desterro ou exílio imposta judicialmente em caráter excepcional como punição de um crime grave, constituindo uma forma de banimento. A metáfora criada pelo autor no texto estende seu sentido para um afastamento voluntário ou compulsório de um contexto social.

81. Gabarito: e

O índio não é idealizado pelos modernistas, e, sim, pelos ro-mânticos, como acontece em Iracema e O Guarani, de José de Alencar. O índio modernista era real, sem contornos ou ornamentos que o transforma-se em um herói idealizado. O retrato desse índio real pode ser encontrado em Macunaí-ma, de Mario de Andrade, por exemplo.

82. Gabarito: a

I. Alberto Caeiro. É uma poesia aparentemente simples, que na verdade esconde uma imensa complexidade fi-losófica, a qual aborda a questão da percepção do mun-do e da tendência do homem em transformar aquilo que

vê em símbolos, esse homem é incapaz de compreen-der o verdadeiro significado das coisas que o cercam.

II. Ricardo Reis. O médico Ricardo Reis é o heterônimo “clássico” de Fernando Pessoa, observa-se em toda sua obra a influência dos clássicos gregos e latinos, baseada, principalmente, na ideologia do “Carpe Diem”, que afirma a brevidade da vida e a necessidade de aproveitar o momento.

III. Álvaro de Campos. Heterônimo futurista de Fernando Pessoa, também é conhecido por expressa uma angús-tia intensa, que sucede seu entusiasmo diante das con-quistas da modernidade. Em sua fase amargurada, o poeta escreveu longos poemas que revelam um grande desencanto existencial.

IV. Fernando Pessoa, ele mesmo. Seu ortônimo é respon-sável pelo único livro publicado pelo artista em vida em língua portuguesa. Trata-se de Mensagem, em 1934, coletânea de poemas sobre os grandes personagens históricos portugueses. Com uma linguagem musical e subjetiva, Pessoa assume um tom mítico e trágico dian-te da valorização da nação portuguesa.

83. Cubismo – Características gerais: Utilização de formatos geométricos como forma de expressão, sensação de pin-tura escultural e a superposição de partes de um objeto sob um mesmo plano. Na literatura, o Cubismo tem como característica a geometrização da realidade por meio da língua: as palavras são organizadas de tal forma no pa-pel que concebem a formação de imagens. Nome famoso: Pablo Picasso.

Surrealismo – Caraterísticas gerais: A arte do inconscien-te, sem o controle da razão, pensamento livre, presença da fantasia, devaneio e loucura. Na literatura, o Surrealismo segue a ideia de que as palavras deviam ser escritas con-forme viessem ao pensamento, sem a preocupação com a estrutura e a coerência. Nomes famosos: Salvador Dalí, André Breton.

PRIMEIRA GERAÇÃO MODERNISTA: POESIA

84. Gabarito: e

a) INCORRETA. O Barroco foi um movimento, que surgiu no século XVI, e que procurava conciliar o dogma da Igreja Católica com uma visão de mundo mais antropocêntri-ca. Manifestou, assim, as oposições entre carne e alma, terra e céu, teocentrismo e antropocentrismo.

b) INCORRETA. O movimento romântico surgiu no século XIX, com o desenvolvimento das nações-estados e da burguesia. Possuía diferentes manifestações, mas, de modo geral, procurava refletir o nacionalismo insurgen-te e o amor idealizado.

c) INCORRETA. Concomitantemente ao Realismo, surgiu, na poesia, o Parnasianismo, marcado pela volta à tra-dição clássica e pelo rigor formal. A poesia parnasiana caracterizou-se, primordialmente, pela produção de so-netos rimados com métrica rígida.

d) INCORRETA. O Realismo surgiu, no Brasil, no final do sé-culo XIX e início do século XX, marcado, principalmente pela produção em prosa, procurou fazer uma análise da sociedade de forma imparcial e objetiva.

e) CORRETA. O Modernismo surgiu no Brasil na primeira metade do século XX, e foi influenciado por diversas

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37Caderno de Atividades / Livro do Professor

Literatura brasileira

PRIMEIRA GERAÇÃO MODERNISTA: POESIA

correntes vanguardistas europeias. O movimento ca-racterizou-se por muitas manifestações até a década de 1950, mas a sua característica principal foi a defe-sa da liberdade artística, como é possível observar nos versos do enunciado.

85. Gabarito: b

I. INCORRETA. Para os modernistas, tudo era possível em relação à língua escrita.

II. CORRETA. A liberdade era um dos ideais do Modernis-mo.

III. CORRETA. A segmentação em estéticas era avessa aos ideais modernistas.

IV. INCORRETA. Os modernistas não estavam presos a tu-toriais de arte.

86. Gabarito: c

A postura adotada pelos modernistas da primeira geração foi: destrutiva, no sentido de romper com os velhos precei-tos estéticos; heroica, de maneira que tentou impactar o público acostumado com a arte tradicional; e revolucioná-ria, apresentando novas concepções artísticas que se reve-laram inovadoras para o período.

87. Gabarito: d

O moralismo “trabalhista” implicado na alternativa d é com-pletamente estranho ao amoralismo de Macunaíma, cujo protagonista, como anuncia o subtítulo, é um “herói sem nenhum caráter” – não no sentido de ser mau caráter, mas não ter um caráter definido, bom ou mau, e sim um conjunto contraditório de caracteres opostos e mesmo excludentes.

88. Gabarito: a

a) CORRETA. O autor menciona diversas reações, como o riso, a crítica ou, ainda, sentimentos divergentes que o personagem criado por Chaplin provoca no público, contentando “toda gente”. O texto começa com o se-guinte trecho: “não há hoje no mundo um artista cuja arte contenha maior universalidade que a de Charles Chaplin”, e termina com a afirmação “o Universo é dele”, o que explicita a opinião do autor, de que a arte de Chaplin ultrapassa os limites geográficos.

b) INCORRETA. O autor não diz que a personagem “ori-ginou-se das reações do público”, mas que “não saiu completo e definido da cabeça de Chaplin”, sendo ape-nas moldado com atenção às reações do público.

c) INCORRETA. O personagem é, na verdade, apresentado como um tipo social marginalizado, “sujeito sem nada neste mundo, sem dinheiro, sem amores, sem teto”, mas que, ao mesmo tempo, consegue colocar em evi-dência todas as expressões humanas.

d) INCORRETA. Carlito vive na miséria material, mas está distante de ser um personagem com pouca profundi-

dade emocional, tampouco alguém que satiriza essa condição. O que ele faz é colocar em evidência um novo olhar sobre as situações que um personagem como ele – marginalizado socialmente, mas muito humano em seus mínimos gestos e ações – enfrenta cotidianamente.

e) INCORRETA. A arte de Charles Chaplin causa diversas emoções no público, mesmo que contraditórias entre si. Contudo, isso não implica em desfazer sentimentos contrários.

89. Gabarito: a

Todas as assertivas encontram abrigo no texto, à exceção da IV. Perceba:

I. CORRETA. Passado x presente: “o menino ainda existe” x “quanto tempo passou”.

II. CORRETA. Espaço natural x espaço sociofamiliar: “a voz deste mesmo riacho” x “velha chácara”.

III. CORRETA. O que é desfeito pelo tempo x o que ele não apaga: “não existe mais a casa” x “o menino ainda existe”.

IV. INCORRETA. Não se faz diferença entre a chácara e a cidade.

90. Gabarito: a

a) INCORRETA. A obra Macunaíma insere-se no contexto da primeira fase Modernista.

b) CORRETA. Ao romper com a tradição acadêmica na literatura, o Modernismo procurou construir uma arte totalmente nova. Conquistou, assim, maior liberdade na composição de suas obras, tanto em relação ao conte-údo quanto à forma.

c) CORRETA. O Romantismo traz em suas obras elemen-tos tipicamente brasileiros (belezas naturais, o índio, passado histórico), os quais são mostrados amplamen-te idealizados. No Modernismo, ressaltam-se também elementos que evidenciam as coisas do Brasil: nossas lendas, costumes, nossa gente, etc. Porém, essa estéti-ca posiciona-se, muitas vezes, de maneira crítica, e não mais idealizada. Cada um dos movimentos literários, a seu modo, busca resgatar a identidade nacional e afir-mar a peculiaridade literária brasileira.

d) CORRETA. Todas as informações apresentadas pela al-ternativa correspondem ao movimento romântico. Vale, ainda, ressaltar que o Romantismo se identifica com o cristianismo, em contraposição ao paganismo ligado à tradição greco-latina.

91. Gabarito: c e d

a) CORRETA. A “mudança súbita de registro estilístico”, mencionada por essa alternativa, evidencia o contraste entre as expressões de encarecimento à Lua: “golfão de cismas”, “astro dos loucos e dos enamorados”.

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38 2ª. Série

b) CORRETA. As citações contidas no poema operam inter-textualmente e principalmente com o poema “Plenilú-nio” de Raimundo Correia.

c) INCORRETA. O eu-lírico manifesta afeto pela Lua (“Gos-to de ti assim”), por isso não é possível afirmar que ele se recusa a expressar seus sentimentos, como postula-do pela alternativa.

d) INCORRETA. Não há registros no texto poético que per-mitam afirmar que há um índice espacial que situe o eu-lírico em relação à Lua.

e) CORRETA. O termo “mais-valia” refere-se no poema aos significados que se “constelaram” ao redor da Lua, que é tomada como imagem poética.

92. Gabarito: d

a) INCORRETA. A reflexão estabelecida no poema tem ca-ráter poético e metalinguístico, e não cosmológico.

b) INCORRETA. Não há no poema o “emprego sistemático de antíteses e paradoxos”.

c) INCORRETA. As citações contidas no poema, que se configuram como intertextos, são de poemas produzi-dos poucas décadas anteriores ao autor.

d) CORRETA. Essa alternativa pode ser considerada a “me-nos inaceitável”. Verifica-se nela um problema, pois não se trata propriamente de “reconhecimento do desen-canto do mundo”, mas, sim, de um reconhecimento não mitificado do mundo, este, como se comprova na confissão final do eu-lírico (“Gosto de ti assim: /Coisa em si, / Satélite”), não é menos encantador.

e) INCORRETA. O eu-lírico do poema se configura, sim, como um “sujeito individual e reflexivo”.

93. Gabarito: c

O título assume o sentido de equívoco, esse cometido pelos portugueses ao aculturarem os indígenas, ignorando-lhe

sua cultura. Sem contextualização, a expressão significa erro gramatical, desvio em relação à norma padrão.

94. Gabarito: d

O poema ressalta uma das características da primeira ge-ração modernista, a proposta de diminuir a distância entre a língua falada e escrita, negando, dessa maneira, o pas-sadismo acadêmico e as influências portuguesas nas ar-tes brasileiras (que buscavam através da linguagem uma forma de definir sua identidade nacional). Nesse poema, defende-se o uso da próclise, que segue o padrão fonético brasileiro, em detrimento da ênclise, que segue o padrão português em que se valoriza a norma culta. Outro aspecto desse poema é o uso do verso livre, que traduz a liberdade plena da forma – outra característica modernista.

95. Gabarito: e

O poema de Murilo Mendes apresenta uma oposição entre realidade e imaginação. Essa dualidade é estabelecida, de um lado, pelas restrições de sua atividade como bancário, de outro, pela liberdade que anseia, caso pudesse se ver livre do trabalho. Diante dessa ideia, ele conclui: “Também se o Diretor tivesse a minha imaginação/ o Banco já não existiria mais (...)”. A alternativa E está errada, porque atri-bui a existência do Banco à criatividade do seu Diretor.

96. Gabarito: c

A alternativa c é a incorreta, pois considera o acúmulo de dinheiro e o trabalho burocrático como responsáveis pela dúvida existencial do eu lírico. Na verdade, a dúvida se fun-damenta a partir de sua necessidade: o trabalho no banco lhe é necessário para garantir a sobrevivência. Daí o deva-neio: se pudesse livrar-se dele e tivesse outra garantia ma-terial (como a dos poupadores, cujas economias ele alinha), poderia concretizar seus desejos em outros “caminhos do mundo”.

POESIA DA SEGUNDA FASE DO MODERNISMO BRASILEIRO

97. Gabarito: d

a) INCORRETA. O livro O sentimento de mundo é o terceiro trabalho de Carlos Drummond de Andrade, publicado em 1940, que traz, na verdade, a frustração do poeta diante do mundo, mostrando o seu sentimento de de-solação por causa das guerras e da situação do homem no mundo.

b) INCORRETA. Na verdade, o livro traduz o sentimento de pessimismo e perda do poeta diante da realidade, sem maiores preocupações de ordem metalinguística.

c) INCORRETA. Composto de 28 poemas, produzidos entre 1935 e 1940, traz um olhar crítico e político diante da

situação mundial no pós-guerra.

d) CORRETA. A obra Sentimento do Mundo, de Carlos Drum-mond de Andrade, é a primeira da chamada fase social do artista. Publicado em 1940, o livro aborda questões políticas e sociais de um tempo marcado pela opressão (escrito depois da Primeira Guerra Mundial e quando o mundo se encontrava na iminência da Segunda Guerra, o poeta traz a luta, a contestação e a denúncia das atro-cidades que o mundo parecia aceitar). Alguns exemplos significativos são poemas como “Elegia 1938”, “A noite dissolve os homens”, “Sentimento do Mundo” e “Os om-bros suportam o mundo”. Dessa forma, não é raro que os

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39Caderno de Atividades / Livro do Professor

Literatura brasileira

POESIA DA SEGUNDA FASE DO MODERNISMO BRASILEIRO

textos assumam a função de instrumento de denúncia dos problemas do mundo e retratem a relação conflituo-sa do eu lírico com o mundo em que vive.

e) INCORRETA. Nesse período, os regimes totalitários da Europa estavam em pleno desenvolvimento.

98. Gabarito: d

a) INCORRETA. Configura-se como equívoco julgar como “exagerada” a expressão de dor e tristeza do eu-lírico, o poema não permite essa leitura.

b) INCORRETA. O eu-lírico anuncia previamente o possível rompimento entre ele e a pessoa de quem se aproxi-mou, a quem ele designa como “onda” e “nuvem” – que ilustram imagens passageiras. Contudo, isso não fez com que sua dor diminuísse, o fato de ele ter ficado sem chorar, não significa que ele não sofreu, afinal, ele “caiu”.

c) INCORRETA. O envolvimento não pode ser caracteriza-do como “artificial”, uma vez que eu-lírico confessa ter se entregado totalmente a essa relação: “depus minha vida em ti”. Essa mesma intensidade afetiva não é en-contrada no amante, o que fica evidente pela sua carac-terização: “teu destino frágil”, “onda” e “nuvem” – que são elementos passageiros.

d) CORRETA. O poema apresenta a prévia consciência, do eu lírico, de que o amor seria instável, finito. Percebe-se isso nas metáforas que giram em torno da onda e da nuvem. E é justamente essa consciência dos pró-prios atos que impede a voz poética de chorar quando, enfim, se percebe no momento de tristeza (constatada no verso: “quando caí”): aflição houve, mas o entregar-se voluntário impede a exteriorização dos sentimentos apropriados ao momento (como chorar).

e) INCORRETA. Apesar de estra preparado para a de-silusão, o eu-lírico deixa claro que sofreu muito. Isso demonstra que o preparo anterior não assegura que o sujeito lide melhor com as desilusões.

99. a) Os “conselheiros angustiados” que são mencionados

no poema “Tristeza do Império”, de Drummond, cor-respondem a Brás Cubas (protagonista do romance de Machado de Assis, representante de uma elite patriar-cal, escravocrata, senhorial e proprietária de terras). Percebe-se em ambos os casos uma inaptidão quanto à realização da própria vida, como se vê nas passagens “conselheiros angustiados”, “enfado bolorento de São Cristóvão”, “sorvendo mecânicos”, estados de coisas que se amplificam no título “Tristeza do Império”, e que correspondem a imagens de não realização que constituem o “Capítulo das Negativas” de Memórias Póstumas de Brás Cubas. Outro ponto possível de apro-ximação entre os protagonistas pode ser a alienação

social, tanto dos “conselheiros angustiados” que se es-queciam da Guerra do Paraguai quanto de Brás Cubas que se demonstrava egocêntrico.

b) A percepção da história do Brasil revelada por Drummond é crítica, aguda, irônica, e traz a tona o enfado, a frivoli-dade, a mesmice de atitudes, a inautenticidade de gestos “mecânicos” de uma elite estado novista, antidemocráti-ca, antiparlamentar, que comprou a ilusão de segurança do sistema totalitarista de Getúlio Vargas e era herdeira dos mesmos paradigmas da elite do século XIX.

100. Gabarito: e

a) CORRETA. O espaço exterior é composto pelo céu verde sobre o gramado, a água dourada sobre as pontes, en-fim, pela natureza. Clara é uma personagem leve, sem grandes preocupações (como atesta, por exemplo, a passagem “A boca, o nariz, os olhos estavam abertos. Não havia perigo. Os perigos que clara temia eram a gripe, o calor, os insetos”) e que realiza ações tranqui-las, como passear pelo jardim num dia ensolarado.

b) CORRETA. Todas as formas verbais no trecho estão no passado; alguns exemplos: “passeava, era, eram, passavam, pisou”. Os verbos estão conjugados dessa maneira porque se fala de lembranças de um tempo decorrido.

c) CORRETA. O trecho denuncia, em contraposição às re-ferências de um passado harmônico, um presente con-flituoso, marcado por tempos de medo (“o mundo intei-ro, a Alemanha, a China, tudo era tranquilo em redor de Clara [...] Havia jardins, havia manhãs naquele tempo”).

d) CORRETA. Para deixar entrever o presente sombrio, mar-cado pelo medo, o poema relembra um passado sereno e harmônico de um local vívido, ensolarado e alegre. As oposições: passado X presente e ambiente fecundo, colo-rido X ambiente árido, incerto são marcantes para a per-cepção de que, no presente, não restam mais resquícios das alegrias e da simplicidade do passado.

e) INCORRETA. Nos versos de “Lembrança do mundo an-tigo”, há a descrição – em linguagem poética – de um tempo e de um espaço idealizados, de um mundo coe-rente e harmônico, que não fora marcado pelas guerras ou os demais conflitos mundiais. O emprego de verbos no pretérito imperfeito marca a oposição desse saudoso passado à realidade do tempo presente. Logo, ao con-trário do que se afirma na alternativa, não se trata de um relato direto, objetivo e lógico, mas, sim, poético e simbólico.

101. Gabarito: b

I. CORRETA. O que se vê na cidade do Rio de Janeiro é uma distribuição econômica social ligada à altimetria espacial da cidade, onde as classes mais abastadas fixaram residência em bairros mais baixos (Leblon e

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40 2ª. Série

Copacabana), e as classes econômicas menos favore-cidas se estalaram a beira dos morros, como é o caso do Morro da Babilônia e de São Cristóvão.

II. CORRETA. Em vários poemas, em que o eu-lírico decla-ra que vai cantar o presente, o discurso aparece per-passado por reflexões sobre a história.

III. INCORRETA. Na obra de Drummond, a cultura popular e erudita não são polos opostos e excludentes, mas, sim, complementares. Sua obra concilia aspectos da tradi-ção e inovações modernistas.

102. Gabarito: d

O aspecto que se sobressai tanto no poema mencionado quanto no romance de Jorge Amado é o aspecto social. No poema de Drummond, o termo “os soldados” pode indicar tanto os algozes quanto as vítimas. Vale lembra que aqueles que voltaram da campanha de Canudos vão morar num mor-ro do Rio de Janeiro. Em Capitães de Areia, o jovem Jorge Amado, em profunda sintonia com a ideologia comunista, re-presenta a sociedade como uma guerra entre ricos e pobres.

103. Gabarito: d

I. A aliteração de espalmada e espanto (es) e de branco e bruma (br) são recursos próprios da poesia.

II. A repetição da expressão “de repente” auxilia na criação do imaginário de ruptura brusca que a separação traz.

III. Riso e pranto e calma e vento simbolizam a ideia de comparação entre o momento anterior da separação e o posterior.

IV. Quem é responsável por essa metáfora é a palavra calma.

104. Gabarito: d

Publicado em 1951, Claro enigma é um livro de poesias de Drummond, que diferente de outras produções, volta-se para as formas mais tradicionais, como o soneto, a rima e a métrica; porém sem abandonar algumas de suas caracte-rísticas principais, como as reflexões de ordem existencial, a mineiridade (lembrada com nostalgia), certo pessimismo, e a avaliação de cenas cotidianas com um tom desiludido.

105. a) A expressão “felicidade coletiva” conota uma sociedade

sem injustiças sociais ou angústias – completamente avessa ao “mundo caduco” vivenciado pelo eu lírico no contexto da década de 1930. Sentimento do Mundo, publicado em 1940, é o primeiro livro de Drummond que traz a temática da preocupação social. Notam-se, em vários poemas, como em “Elegia 1938”, a tendên-cia socialista e a repugnância ao sistema capitalista, visto como causador da “injusta distribuição”, o oposto da vida plena e da “felicidade coletiva”.

b) Para o eu lírico, a expressão “ilha de Manhattan” sim-boliza o capitalismo ocidental (faz alusão à Bolsa de Va-

lores de Nova Iorque, situada no sul da ilha de Manhat-tan, em Wall Street). Na passagem “dinamitar a ilha de Manhattan”, há referência à destruição do sistema ca-pitalista e das suas inevitáveis crises, como a de 1929. A Bolsa de Valores de Nova Iorque é o principal centro de negócios do sistema capitalista mundial. Além disso, ao empregar a expressão “ilha de Manhattan”, nota-se o uso da figura de linguagem denominada metonímia.

106. Gabarito: a

O trecho da alternativa a traz a imagem social de um traba-lhador. A poesia parnasiana não se preocupou em analisar ou mesmo escrever sobre a realidade social da época, alienou-se desta para compor versos que se definiam pela própria arte em si.

107. a) Para Drummond, a poesia entendida em “Ode no Cin-

quentenário do Poeta Brasileiro” como a arte que nos faz entrar em contato com o humano e o sublime, não encontra espaço em um mundo dominado, seja pela luta social absorvente, seja pelo pragmatismo e utilita-rismo alienantes – um mundo “abafado pelo pregão dos jornais e mil queixas operárias”, em que os “homens (...) combatem ou simples mente ganham dinheiro”, deixando de lado a preocupação com a nobre busca da plena experiência de vida. Daí o eu lírico fazer a inter-rogação, que é também uma queixa: “mas haverá lugar para a poesia?”

b) O eu lírico de Sentimento do Mundo mostra-se abati-do, diminuído diante dos problemas do meio em que se encontra, o que o faz expressar na maioria de seus poemas um profundo desencanto. A figura evocada de Bandeira contrapõe-se a esse pessimismo, já que é um poeta que não abandonou seu lado terno e posi-tivo, mesmo em contato com os problemas sociais e existenciais. Mostrou-se então grandioso, ao se colocar “acima da guerra e do ódio entre os homens”, “sem uma queixa no rosto entretanto experiente”.

108. Gabarito: d

a) INCORRETA. O poeta desconfia da modernidade, o que se configura na opção pelo título da obra, Sentimento do Mundo, como um contraponto ao mundo moderno, marcadamente racional. Sentimento em oposição á ra-cionalidade exacerbada. O poema mostra o subúrbio que resiste, se mantém, ou seja, que não “progride”. Sendo assim, o eu-lírico não adere ao mito do progresso.

b) INCORRETA. O poema não demonstra entusiasmo com a industrialização, pelo contrário, prefere o subúrbio. A leitura metafórica do poema sugere ainda que o campo seria a manhã, em oposição à noite que revelaria as fa-cetas do desigual desenvolvimento industrial brasileiro. Esta noite é identificada com tristeza.

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41Caderno de Atividades / Livro do Professor

Literatura brasileira

c) INCORRETA. Do Futurismo, o poema apresenta o des-locamento de veículos e as sensações que promove no poeta, porém, não se deve restringir o movimento An-tropofágico àquele movimento estético. A Antropofagia incorporou como pressupostos estéticos as influências da Arte Moderna em geral.

d) CORRETA. Drummond incorporou a sua poesia aquilo que fora produzido esteticamente pelos primeiros mo-dernos (o verso livre, a linguagem cotidiana e popular, uso de técnicas cinematográficas de composição), além de conferir à discussão estética do primeiro período um novo enfoque ético, político e ideológico. Quanto ao que fora modificado, está a incorporação do subúrbio à rea-lidade brasileira, elo entre o rural e o urbano, símbolo do desenvolvimento que ainda está por vir, e que revela as facetas da desigualdade da industrialização.

e) INCORRETA. O que invalida a alternativa é o fato de qua-lificar o poeta moderno como pós-moderno.

109. Gabarito: d

O Brasil é retratado através do subúrbio, ou seja, uma linha transitória que conecta a área urbanizada ao setor rural. O velho e o novo, entremeado por uma área cinzenta de sub-desenvolvimento. O Brasil deixa de ser visto como um país por realizar-se e se mostra como um país que se desenvolve hibridamente, com avanços e recuos. Esse desenvolvimento parcial é metaforizado, em certo sentido, pelo subúrbio.

110. a) No poema “Operário no Mar” de Carlos Drummond de

Andrade, o eu-poético faz referência à condição do operário brasileiro durante a Era Vargas. Nesse sentido, refere-se, de modo mais geral, às dúvidas que paira-vam na sociedade sobre o destino do operariado, que acabara de se consolidar no Brasil com a agressiva política urbanizadora e industrializadora da Era Vargas, mas que ainda não se constituíra como classe, como consciência de classe. Nesse sentido, inconsciente de seu destino, alienado de seu papel político-econômico, o operariado “seguia firme” sob o olhar do eu-poético, porém, alienado de sua própria condição, sem cons-ciência da economia-mundo ou da política capitalista que moldavam a sua condição. Nesse sentido, seria um papel relevante da literatura de 30, conforme imagina-vam seus escritores, dar consciência e voz ao operário, como classe.

b) Segundo se depreende do poema “Operário no mar” e de outros poemas da obra Sentimento do mundo, de Drummond de Andrade, a literatura de 30 teria, para além da função estética, uma função social: a função de criticar a realidade e de conduzir, portanto, o traba-lhador, o cidadão, a uma consciência crítica absoluta da realidade e das relações econômicas e políticas que tramavam suas vidas na Era Vargas e, nesse sentido,

conduzir a uma espécie de “revolução socialista”, con-forme desígnios do grupo intelectualizado de escritores de 30, ligado ao Partido Comunista, de que Drummond fazia parte. Todavia, o eu-poético, enxerga dificuldades, quase uma impossibilidade em fazer, apenas com dis-cursos, que o operariado tomasse consciência de sua condição e se movesse a uma aliança com a classe in-telectualizada de esquerda, no sentido de promoverem nessa aliança, uma transformação radical da realidade brasileira para torná-la mais justa.

111. a) Ao referir-se no primeiro verso de seu livro às suas duas

mãos, Drummond revela, na verdade, o quão limitado é promover algum tipo de luta ou mudança no mundo fragmentado que se encontrara o Rio de Janeiro e todo o globo. Essa limitação, representada por suas duas mãos, fracas e desarmadas, dá o tom ao livro, pois faz com que o eu lírico dos poemas tenha uma postura co-varde e vergonhosa perante as injustiças e os proble-mas do mundo – com os quais não sabia lidar.

b) No “Poema de sete faces”, Drummond apresenta alguns aspectos que sua poesia assumirá nos livros seguintes. Na estrofe referida, onde aparece o verso “mais vasto é meu coração”, o eu lírico realizou uma brincadeira metapoética para revelar que todo seu complexo de sentimento não se restringia apenas a palavras rima-das. “Alguma poesia” é um livro marcado por uma ino-cência itabirana e pela influência de Mario de Andrade e Manuel Bandeira. Já “Sentimento do mundo” não traz mais toda a potencialidade de sentimentos do eu lírico, mas os sentimentos de injustiça, sofrimento, angústia e aflição que são absorvidos por Drummond ao chegar ao Rio de Janeiro, porta de entrada para o resto do mundo e para um contexto de guerra iminente – incluindo uma realidade de miséria e pobreza que insistia em saltar aos seus olhos. Nesse sentimento do mundo altera-se a vastidão do coração que agora se retrai e não consegue mais suportar o sentimento dos homens, principalmen-te porque não consegue arriscar a estabilidade de sua vida para uma ação de luta prática e engajada.

112. a) Trata-se da seguinte imagem “(...) os olhos não cho-

ram”, que sintetizam e materializam a secura do “co-ração”. A ausência de lágrimas atesta sua inutilidade: simplesmente não adiantaria chorar, mas somente su-portar o peso do mundo – sentimentos, angústias, abs-trações, tudo resulta inútil.

b) “Mistificação” significa, aqui, inutilidade, engodo, falsi-dade. A vida, com o peso de suas circunstâncias con-cretas, não admite nem compreende qualquer “mistifi-cação”; apenas o “rude trabalho” das mãos.

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42 2ª. Série

113. Gabarito: c

Os poemas do livro A rosa do povo foram escritos em pleno contexto da Segunda Guerra Mundial. Refletem as tensões da época e manifestam a esperança do poeta em um mun-do mais justo. Essa esperança se identifica com o comunis-mo, que é associado a uma força positiva capaz de conter a fúria nazifascita, como se mostra exemplarmente no poema “Carta a Stalingrado”. Essa esperança haveria de se retrair no período histórico conhecido como Guerra Fria.

114. Gabarito: a

O coletivo humano em ação no poema de Drummond se re-laciona ao movimento urbano no horário de almoço, ao dia a dia no mundo dos negócios e dos escritórios, o que pode ser compreendido como uma força de caráter econômico que é justificada pelos versos: “Lentamente os escritórios se recuperam, e os negócios, forma indecisa, evoluem.”. No caso do romance O Cortiço, de Aluísio Azevedo, a for-ma como o agrupamento humano é apresentado está rela-cionada à perspectiva biológica, uma vez que a tendência Naturalista propõe uma visão de mundo voltada para a zoo-morfização do homem e sua submissão às condições do meio em que vive, da raça a que pertence e do momento histórico em que está inserido.

115. Gabarito: e

As práticas erótico-amorosas não estão presentes no poe-ma “Nosso Tempo” e, portanto, não podem ser identificadas como parte do processo generalizado de alienação social, como todas as outras opções mencionadas nas demais alter-nativas: a massificação da sociedade, as ações automatiza-das, a coisificação do homem e a inconsciência da realidade.

116. O poema é uma paródia da Canção do Exílio, de Gonçalves Dias. Diferente do poeta romântico, Murilo Mendes critica a cultura brasileira infestada de estrangeirismos, o abuso de preços, as pessoas que querem sobressair-se às outras.

Sendo assim, o poema não apresenta uma perspectiva ro-mântica da realidade brasileira, mas, sim, uma visão crítica e decepcionada da mesma.

117. a) Entrega ao amor, embora com consciência de sua ins-

tabilidade.

b) Onda, nuvem, destino frágil, caí.

118. Gabarito: b

O poema de Manuel Bandeira retoma a temática amorosa da poesia romântica. No entanto, aqui, a ideia de um amor permanente, que também pode se associar ao Romantis-mo, é relativizada pelo acréscimo do advérbio “logo” ao verso original da quadrinha (“Era vidro e [logo] se quebrou”) e pela ressalva presente no quarto verso (“Eterno!”), que expõe ainda mais a dúvida a respeito da constância amo-rosa. Acrescente-se a ideia de que a “saudade celeste” da amada é preservada tanto em termos que realçam a espi-ritualidade do amor romântico convencional (“conservo na alma”), quanto em uma imagem material que o desmistifica (“o pó que me ficou / Daquele pequenino anel”).

119. Gabarito: a

Em “Inscrição na areia”, de Cecília Meireles, o eu lírico (e não exatamente “a autora”, como afirma o enunciado) nega reiteradamente a importância do amor, seja por meio da repetição do advérbio “não”, seja por meio da retomada integral dos dois primeiros versos nos dois últimos (refrão). Ao girar insistentemente em torno da mesma ideia, contu-do, a voz poética acaba por trair a importância que deposita no amor, como que reproduzindo, no plano semântico, a figura de linguagem da “preterição” – que consiste em ne-gar algo que, afinal, se diz. Por fim, as duas perguntas em “Desfolha-se por quem? / Para quem se perfuma?” reve-lam a insignificância do amor apenas para o amado, mas não para o eu lírico.

PROSA DA SEGUNDA FASE DO MODERNISMO BRASILEIRO

120. Gabarito: b

I. CORRETA. O século XX foi marcado pela polarização en-tre as vertentes ideológicas do capitalismo e do comu-nismo. Vidas Secas foi escrito em 1938, e Capitães de Areia, em 1937, ambas as obras estão alinhadas com a vertente de esquerda dessa polarização.

II. CORRETA. A linguagem em Vidas Secas reflete a pro-blemática da seca e da opressão social. Composto de frases lacônicas, vocabulário enxuto, Graciliano faz com

a linguagem remeta a secura do ambiente retratado. Capitães de Areia apresenta uma linguagem marcada pela oralidade.

III. INCORRETA. Não há redenção social dos personagens em Vidas Secas, eles não saem do ciclo da seca e da opressão. Em Capitães de Areia há um momento redentor em que Pedro Bala se torna líder sindical, ocupando essa nova posição, o personagem pode ser propulsor de uma mudança social que proporcionaria um “futuro mundo reconciliado, de felicidade coletiva”.

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43Caderno de Atividades / Livro do Professor

Literatura brasileira

PROSA DA SEGUNDA FASE DO MODERNISMO BRASILEIRO

121. Gabarito: a

a) INCORRETA. Após receber o “cocorote” de Sinhá Vitória, o Menino Mais Velho é confortado pela presença de Ba-leia, que o acompanhou “naquela hora difícil”, além de ser “o único vivente que lhe mostrava simpatia”.

b) CORRETA. A frustação do Menino Mais Velho parte da busca por respostas e da impossibilidade de obtê-las de maneira que satisfaça às suas curiosidades. Os pais apresentam pouco conhecimento formal e muita difi-culdade de se expressar, devido à falta de educação e à condição árdua da vida sertaneja. Além disso, não conseguem dizer ao menino o que as coisas significa-vam. Assim, em vez de Sinhá Vitória lhe explicar algo, ela “tentava convencê-lo dando-lhe um cocorote”.

c) CORRETA. O Menino Mais Velho buscava respostas so-bre o significado da palavra “inferno”, que ouvira da boca de Sinhá Terta, interrogara os pais sobre o assunto e o que recebera em troca fora um “cocorote” da mãe.

d) CORRETA. A alternativa está correta, como confirma o seguinte trecho retirado do capítulo a que a questão faz referência: “ele tinha querido que a palavra virasse coi-sa e ficara desapontado quando a mãe se referira a um lugar ruim com espetos e fogueiras”. O que o menino esperava da mãe era que ela pudesse fazer com que aquela palavra se materializasse e que ele pudesse ver o seu significado.

e) CORRETA. O que é afirmado na alternativa pode ser constatado no seguinte trecho: “Entristeceu. Talvez Si-nhá Vitória dissesse a verdade. O inferno devia estar cheio de jararacas e suçuaranas, e as pessoas que mo-ravam lá recebiam cocorote, puxões de orelhas e pan-cadas com bainha de faca”.

122. Gabarito: e

a) INCORRETA. O trecho está em discurso indireto livre, pois os pensamentos do personagem e a voz no narra-dor se confundem.

b) INCORRETA. Trata-se apenas do pensamento do perso-nagem, que não chega a se manifestar diretamente ao interlocutor.

c) INCORRETA. Não há reação do oponente. O trecho é uma reflexão do personagem pela voz do narrador.

d) INCORRETA. Está evidente que se trata do discurso in-direto livre, no qual o narrador introduz os pensamen-tos dos personagens sem nenhuma marca textual que indique a sua fala ou ideias, fazendo com que a voz do personagem e a do próprio narrador se misturem.

e) CORRETA. A situação de conflito está evidente, pois há um confronto entre Fabiano e o soldado amarelo, porém as ideias expostas no parágrafo do enunciado são, na verdade, pensamentos de Fabiano diante da situação, que ele não chega a verbalizar.

123. Gabarito: c

Embora Vidas secas, de Graciliano Ramos, trate do dra-ma dos retirantes, não é possível estender essa afirmação a toda a obra do autor. Lembre-se, por exemplo, de São Bernardo, que narra a história de um poderoso fazendeiro de Alagoas. Essa constatação torna errada a asserção I. Pode-se considerar correta a afirmação II. Mas algumas ressalvas devem ser feitas. Na obra de Graciliano Ramos, a temática do triângulo amoroso, manifesta em adulté-rios efetivos ou suspeitos, possui peso relativamente forte (em romances como Caetés, Angústia e São Bernardo). No entanto, quando se estende a reflexão para as “obras da geração de 30”, pode-se admitir que a discussão acerca da desigualdade social ganha maior peso, por estruturar a narrativa de romances como Vidas secas, Fogo morto, O quinze, A bagaceira, Jubiabá, entre outros — mesmo que, por vezes, também tangenciem a temática do adulté-rio. A afirmação III é aceitável, desde que se possa inserir na noção de “ambientes rurais” as cidades pequenas que muitas vezes servem de cenário para obras de Gracilia-no Ramos (caso de Caetés). A afirmação IV não apresenta problemas.

124. a) O conflito referido dá-se entre a realidade de dure-

za e precariedade enfrentada pelas personagens e o mundo exterior a essa realidade. Trata-se, portanto, do contraste entre o mundo da seca, que determina o destino das personagens, e o mundo em que a seca não é determinante – o mundo isento dos problemas da seca e da miséria, para o qual as personagens não têm sequer representação linguística. Portanto, o con-fronto entre os dois trechos revela um contraste entre a riqueza de um mundo cheio de objetos, mas que não faz parte do universo das personagens – tanto que elas nem têm capacidade de nomeá-lo – e a misé-ria do universo em que vivem, de mandacurus secos, imobilidade e silêncio.

b) b) Entre as injustiças de que são vítimas as persona-gens de Vidas Secas, a mais profunda é a que as privou de linguagem – ou melhor, apenas lhes concedeu uma linguagem tosca, que não se presta à representação do que seja estranho à precariedade de sua condição. Em outras palavras: os meninos não têm linguagem – nem acreditam que exista linguagem – para designar as “maravilhas” que descobrem para além do mundo de privação em que vivem.

125. Gabarito: d

Os meninos do grupo Capitães da Areia se veem como ir-mãos, como uma família. Portanto, não teriam vergonha de se chamarem de irmãos e, apesar de conflitos, eles se en-tendem como grupo.

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44 2ª. Série

126. a) Os Capitães da Areia passam da condição de menores

delinquentes para a de combatentes na luta revolucio-nária, funcionando como tropa de choque do Partido Comunista. Tal transformação ocorre em consequência da progressiva conscientização política de Pedro Bala e se torna efetiva quando os meninos, estimulados por João de Adão e Alberto, se prestam à tarefa de impedir com violência que trabalhadores recalcitrantes “furas-sem” a greve.

b) O trecho transcrito apresenta os Capitães da Areia como brigada de choque da “organização”, designação disfarçada do Partido Comunista. Esse desfecho torna evidente a tendência política desse romance, que é doutrinário e maniqueísta, pois identifica o mal com as estruturas vigentes na sociedade e vê na implantação do comunismo no Brasil a solução para todos os pro-blemas sociais. Capitães da Areia reflete a polarização ideológica da década de 1930.

127. a) O excerto representa a opinião de um órgão de impren-

sa que, claramente, de maneira parcial e pouco isenta, vincula-se à voz social da burguesia e dos políticos que estavam no poder naquele momento na cidade de Sal-vador na Bahia.

b) É o narrador em terceira pessoa que adere aos sen-timentos, às causas sociais e aos infortúnios vividos pelos garotos membros do grupo Capitães da Areia. Ele dignifica, sensibiliza e humaniza o personagem do Sem-Pernas. No excerto o garoto é, na opinião do autor, capaz de realizar, por si só, uma forma de justiça social. Por tanto, o narrador adere ao ponto de vista de viés socialista e quase panfletário.

128. a) Sem-Pernas representa o grupo dos socialmente exclu-

ídos, aqueles que de nenhuma forma se veem protegi-dos pelo poder público ou policial. Por isso Sem-Pernas é perseguido pela polícia – esta o vê como um potencial inimigo da ordem, e não como um menor abandonado, cujas carências deveriam ser abrandadas pelo poder público que, inversamente, condena-o.

b) A vingança de Sem-Pernas compensa, simbolicamente, a surra que alguns policiais lhe aplicaram na infância; desta vez derradeira, porém, o garoto não se deixaria agarrar: o suicídio era não somente um ato de coragem, mas de negação de uma nova prisão – Sem-Pernas não estava disposto a perder sua própria liberdade, ainda que precisasse sacrificá-la com a morte.

129. a) A seca, como fator de ordem climática e regional, não

era o principal problema de Fabiano e, por extensão,

de sua família – ainda que lhe tornasse a vida mais bruta e escassa; a falta de escolarização, por sua vez, consistia num problema de ordem cultural: Fabiano sa-bia que esse problema lhe emperrava as relações com outros homens, pois o vaqueiro não podia sequer se co-municar adequadamente com os outros. Daí se origina, por exemplo, a admiração que Fabiano nutre por Seu Tomás da Bolandeira, reconhecido como homem culto, letrado. O coronelismo nordestino, claramente criticado em “Vidas secas”, é visível na relação de Fabiano com a terra – daí a opressão exercida pela impessoal figura do “Patrão”; a tal opressão soma-se o nulo letramento do vaqueiro, cuja vida se torna ainda mais escassa e miserável por conta da ignorância.

b) Podemos citar toda a situação retratada no capítulo 10 (“Contas”), em que Fabiano é claramente trapaceado pelo Patrão, que ignora as ponderações do vaqueiro acerca de evidentes erros efetuados no pagamento. Valendo-se do próprio poder e da ignorância e falta de letramento de Fabiano (que confiava nas somas de Si-nhá Vitória, sua esposa), o Patrão prejudica o vaqueiro, mantendo o salário injusto.

130. Gabarito: c

O menino mais velho, em Vidas secas, não se rebela contra a situação de sua família nem contra a brutalidade de Sinhá Vitória. A alternativa c faz menção a uma passagem em que o filho mais velho de Fabiano deseja entender o signi-ficado da palavra “inferno”. Depois de não compreender a explicação que Sinhá Vitória lhe dera, acaba recebendo um tabefe. Todavia, destaca-se que ele não se volta contra a mãe ou o clã familiar após o confronto.

131. Gabarito: b

A união entre Gabriela e Nacib, no romance Grabriela, Cravo e Canela, da Segunda Geração Modernista, foge aos pa-drões oficiais do matrimônio na medida em que os marcan-tes momentos de felicidade do casal ocorrem justamente quando a união não está legalizada. Durante a oficial vida de casada, note-se que Gabriela se sentia oprimida e triste – o que a levou inclusive a trair Nacib com Tonico Bastos. Fora das obrigações legais, porém, ambos se entregam ple-namente aos prazeres e às realizações carnal-amorosas.

132. Gabarito: e

No trecho, o narrador se utiliza da técnica do discurso indireto livre para transmitir os pensamentos do sertanejo Fabiano diante do soldado amarelo. É o segundo encontro entre os dois: no primeiro, ocorrido na cidade, Fabiano foi injustamen-te preso pelo soldado; agora, na fazenda, está em vantagem e chega a pensar em vingança. O soldado, que tinha agido de forma agressiva na cidade, nesse reencontro se mostra covarde, suscitando a Fabiano as ofensas que lhe dirige em pensamento: “Cachorro”, “Sem-vergonha” e “mofino”.

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45Caderno de Atividades / Livro do Professor

Literatura brasileira

133. Gabarito: b

É fato de que o romance Vidas secas se compõe de qua-dros que guardam relativa independência; trata-se, porém, de um processo de composição moderno e adequado ao grande sentido do livro, não de uma “falha” que priva a obra de valor, como quer a alternativa b. Todas as outras alterna-tivas contêm impropriedades – tanto inépcias de redação (“...fisionomia e caráter... impulsionados...”, “...encerra o maior sentimento...”) quanto falhas na caracterização da obra ou apreciação puramente opinativa (“...estado de po-esia...”, “...excessivamente...”) –, mas tais impropriedades não configuram incorreção flagrante, como ocorre com a alternativa b.

134. Gabarito: b

A abolição da escravidão negra não é tema da segunda ge-ração do Modernismo, que acontece a partir de 1930. Esse era um tema presente no Romantismo.

135. Gabarito: d

Longe de um acerto de contas com a realidade, Luís da Silva, narrador de Angústia, entra em consórcio com Luís da Silva, personagem, em busca de um monstro interior que o consome. O processo alucinatório que levou ao assassinato de Julião Tavares é descrito a partir da técnica analisada. Com esse artifício, um efeito de claustrofobia vai empare-dando o leitor que se sente aprisionado com a construção do mundo subjetivo do narrador em todas as linhas da obra. Esse efeito de aprisionamento ocorre em função, sobretu-do, de um personagem que é radicalmente frustrado com sua vida.

136. a) Romance: O Tempo e o Vento / Autor: Erico Verissimo.

b) Romance: O Quinze / Autor: Rachel de Queiroz

c) Romance: Gabriela, Cravo e Canela / Autor: Jorge Amado.

d) Romance: São Bernardo / Autor: Graciliano Ramos.

e) Romance: Menino de Engenho / Autor: José Lins do Rego.

f) Romance: A Bagaceira / Autor: José Américo de Almeida.

g) Romance: Terras do Sem-Fim / Autor: Jorge Amado.

h) Romance: Vidas Secas / Autor: Graciliano Ramos.

137. a) Érico Veríssimo.

b) Capitu – Realismo / Iracema – Romantismo.

138. No romance Vidas Secas, Fabiano constantemente se com-para a um bicho – sente-se resistente como um bicho, por sobreviver à seca, do mesmo modo que Baleia o faz. Outro aspecto reside na dificuldade que o personagem tem de se expressar, fazendo-o por meio de gestos e de sons guturais, como “Hum!” e “Ah!”, sons que facilmente poderiam ser comparados aos latidos de Baleia. Além disso, Fabiano tam-bém tem dificuldades para elaborar ideias mais complexas, quase sempre fica confuso, o que se pode relacionar à irra-cionalidade de Baleia.

139. Gabarito: a

a) INCORRETA. Paulo Honório não sente felicidade alguma em relação ao filho. O nascimento deste não interrom-peu o ciclo de ofensas, desconfianças e humilhações de Paulo Honório em relação à sua esposa, Madalena.

b) CORRETA. Paulo Honório conseguiu tornar-se proprietá-rio de uma fazenda na qual trabalhava.

c) CORRETA. Embora mostrasse aptidão para o trabalho, visão empreendedora e fosse dono de uma grande am-bição, o personagem era rude e quase sem escolari-dade.

d) CORRETA. Comprar a fazendo São Bernardo tornou-se uma obsessão em sua vida, porém a concretização des-sa ação só o deixara mais desconfiado e desorientado.

e) CORRETA. Por conta de sua excessiva insegurança e de seu ciúme doentio, Paulo Honório atormenta constan-temente sua esposa, Madalena, o que faz com que a mesma suicide-se.

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