reabilitação do bairro de n. s. da conceição - painéis para a candidatura ao prémio ihru 2012

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REABILITAÇÃO DO BAIRRO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO Guimarães contemporânea ficou fortemente marcada pela construção massiva de habitação, dita “social”, em alguns pontos notáveis da paisagem, após abril de 74. O Bairro de Nossa Senhora da Conceição é um dos bairros desta geração e é o mais central em Guimarães, marcando indelevelmente uma das suas mais movimentadas entradas. Com o passar dos anos a degradação física dos edifícios, cuja qualidade construtiva se revelou ineficaz para o uso e conforto habitacional, apropriou-se do Bairro o que terá contribuído para a sua progressiva marginalização, explicitada na alcunha depreciativa de “Bairro dos Jagunços”. A r eabilitação dos edifícios realizada pelo IHRU despertou uma oportunidade para Câmara Municipal de Guimarães, através do MAPa2012, estudar uma proposta capaz de: - (re)pensar uma entrada na Cidade; - ensaiar intervenções de baixo custo capazes de alto retorno em termos de Cidade; - integrar o espaço público e de dar resposta às necessidades de conforto ambiental; - eliminar estigmas. O envolvimento de Agatha Ruiz de la Prada foi determinante porque despoletou interesses e atenções diversas e elevou as responsabilidades envolvidas. Por outro lado, cumpriu o objetivo inicial, rompendo a imagem de marginalidade que estava associada ao Bairro. Não se tratou de uma intervenção nas fachadas, como hoje, para muitos, parecerá. Foi uma transformação profunda do espaço público. Coordenada pela Arquitetura, envolvendo disciplinas diversas que, em conjunto, cozeram os retalhos que ali encontraram num todo coerente. O envolvimento participativo da população residente, de várias associações e entidades locais no processo contribuiu para o estabelecimento de uma sinergia positiva, que certamente foi favorável para uma resposta mais eficaz aos problemas reais da população residente, e para uma maior sustentabilidade do projeto no tempo. Foi necessária consensualização, encontros de vontades, espírito integrador e inovador tendo em conta os problemas em questão bem como as expetativas de todos os envolvidos. ADAPTAÇÃO Tomar em consideração as alterações climáticas e culturais com o intuito de desenvolver espaços aptos para os desafios futuros. COERÊNCIA Promover propostas onde questões organizacionais, políticas e técnicas são resolvidas com um num desenho coerente; Procurar simplicidade física e visual através da cuidadosa seleção de soluções e materiais e elementos integrantes do espaço público adequados e duráveis. INTEGRAÇÃO Habilitar o espaço público a todos e a diferentes tipos de uso; Estabelecer conectividade com redes urbanas promovendo uma circulação mais sustentável; Pensar para além dos pressupostos convencionais do desenho urbano: melhorar a acessibilidade, promover a diversidade de escolha de circuitos e minimizar interrupções para os peões, pela continuidade dos percursos. COMPROMISSO Estabelecer um compromisso de trabalho continuado e com a manutenção e gestão dos espaços após a sua execução; Elaborar propostas com rigor técnico e prever o uso de materiais de elevada qualidade e durabilidade. VISÃO Cooperar e integrar com um amplo conjunto de profissionais de diferentes disciplinas, da sociedade civil e das autoridades locais; Interagir com o local e sua história: percepção da importância emocional e psicológica do bairro e na relevância de tais qualidades para a segurança, o bem-estar e a promoção do civismo; Desafiar suposições pré-estabelecidas: o espaço público manifesta uma importância clara na regeneração económica e social; Estabeler um quadro propício a um diálogo claro, crítico e criativo. valorização e integração da paisagem urbana A intervenção insere-se numa estratégia de valorização das entradas da cidade recente, e de integração entre a cidade consolidada e os vários núcleos (bairros, loteamentos, conjuntos habitacionais) que constituem hoje o primeiro anel envolvente da Cidade de Guimarães. Integrar um Bairro marginalizado na cidade, no sistema de espaços público, constituiu uma oportunidade para regenerar e reforçar a coerência da paisagem urbana. hierarquização, qualificação As intervenções valorizaram a definição da hierarquia no espaço público: principal, secundário; viário, pedestre, etc. A revisão das passagens para peões, convertendo algumas em passeios, invertendo hierarquias, clarificou transições público/ semi-público/ privado. Reforçou eixos visuais, desde logo no “exterior do Bairro”, na R. de Santa Eulália, com o alinhamento de castanheiros-da-índia, que, em poucos anos, contribuirão para uma entrada visual e ambientalmente qualificada. acessibilidade integração funcional / continuidade Foi criado um contínuo entre o Bairro e a cidade. Um contínuo coerente, seguro, confortável, acessível. A introdução de corrimãos nas escadas e rampas, garantindo melhorias ao nível da acessibilidade e da segurança. Trabalhos de manutenção dos pavimentos deteriorados. Revisão e criação de canais superficiais de condução e drenagem de águas pluviais. racionalidade construtiva As opções construtivas foram sempre determinadas por um princípio de intervenção mínima, procurando reduzir o investimento necessário e, assim, garantir a sua viabilidade. A definição de um conjunto de intervenções cirúrgicas, permitiu comprovar que, com um baixo orçamento, é possível introduzir melhorias muito significativas quer ao nível do usufruto local, quer ao nível do sistema urbano e da sua clareza. viabilidade económica A preocupação de se estabelecerem relações compreensivas entre uma estrutura de decisão composta por vários atores: a estilista, a Câmara e os residentes do bairro permitiu que se pudesse fazer uma avaliação da singularidade do local e implementar um procedimento adequado que pudesse integrar as perspectivas de cada um dos agentes, sem desperdício de recursos. reabilitar a imagem social A alteração na imagem do Bairro foi extremamente bem recebida e alterou dramaticamente a forma como é visto pelos “de fora”, mas também pelos “de dentro”. A estima e respeito pelo que ali se fez. A responsabilidade que lhes foi confiada é evidente para quem circula pelo Bairro. “Vamos mostrar que somos tão bons e civilizados como os demais! Não deixaremos que estraguem o nos ofereceram.” um projeto participativo / colaborativo A cooperação e participação dos residentes foi essencial. Os moradores foram envolvidos em muitas das decisões. Se, em assembleia plenária convocada por nós, tivessem votado contra a intervenção nas fachadas, estas não teriam avançado. Esta ação participada no processo de reabilitação proporcionou aos moradores a possibilidade de serem agentes ativos, apropriando-se e abraçando um projeto primeiramente destinado a eles. Neste caso houve uma preocupação de envolver as pessoas, fazendo com que elas colaborassem e participassem no processo de reabilitação, numa visão alargada e abrangente do seu âmbito e um dialogo que proporcionou aos residentes a possibilidade de se apropriarem do projeto. A captação de investimento, e o envolvimento de parceiros vários, como a Dyrup, Lucios e Lameirinho na execução da obra, assim como da própria população, permitiram realizar uma intervenção de amplo impacto com pouco investimento, tornando este projeto num exemplo sustentável capaz de ser alargado a outras intervenções. Em termos estratégicos, a reabilitação do bairro de Nossa Senhora da Conceição enquadrou-se num programa de mediatização com o objetivo de tornar este um caso visível por força do que nele é singular e específico. Através de um trabalho que compreende a médio prazo o favorecimento de novas formas de aprendizagem dentro do próprio bairro e de apoio à criação e à expressão popular, num espírito integrador, foi claro através dos resultados desencadeados por este projeto, que também é nestes espaços que se sedimenta uma história comum e urbana da cidade de Guimarães. Do Bairro que é “de Nossa Senhora da Conceição”, “da Agatha Ruiz de la Prada” – com o prédio “das flores”, “do céu”, “do amor”. Do Bairro que, por esta via, já não é “dos Jagunços” (se alguma vez o foi). uma intervenção exemplar A captação de investimento privado e o envolvimento da própria população na intervenção geraram interesse público e contribuiu diretamente para repartir responsabilidades e diminuir o investimento público. Este fator foi determinante já na perspetivação de atuações noutras áreas, com caráter similar. Agora o sucesso da intervenção levada a cabo transforma-o num exemplo das possibilidades de uma reabilitação consciente e sustentável, que a avaliar pelas repercussões na qualidade de vida dos habitantes, pode e deve ser alargado a outras situações semelhantes. BAIRRO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO PROMOÇÃO PÚBLICA DE HABITAÇÃO Os presentes painéis foram realizados para efeitos de candidatura ao Prémio IHRU de Construção e Reabilitação 2012 – Espaço Público. Constituem uma compilação de informação escrita, gráfica e fotográfica que retrata o processo da Reabilitação do Bai rro de Nossa Senhora da Conceição - Espaço Público, localizado na freguesia de Azurém, concelho de Guimarães. A informação apresentada é uma recolha de elementos produzidos desde o início deste processo. Este projeto da Câmara Municipal de Guimarães, elaborado e conduzido pela Divisão MAPa 2012 envolveu a participação dos moradores e de numerosos parceiros locais e internacionais. A intervenção gráfica nas fachadas dos edifícios é da autoria de Agatha Ruiz de La Prada. PROJETO Conceção geral, Arquitetura e Coordenação: Ricardo Rodrigues, arquiteto Murais: Agatha Ruiz de la Prada Arquitetura Paisagista: João Pessoa, arquiteto paisagista Engenharia: Nuri Batista, engenheira civil Colaboração (técnica): Helena Ferreira, arquiteta estag. Joana Matos, arquiteta estag. Paulo d’Almeida, assistente técnico Colaboração (geral): Associação de moradores OBRA Murais: José Mendo - Decorações Pinturas e Representações, Lda. Espaços verdes, pinturas, equipamento urbano e sinalética: Departamento de Serviços Urbanos e Ambiente (DSUA) Pavimentações: Departamento de Obras Municipais (DOM) INVESTIMENTO Espaços Verdes, Pavimentações, etc.: Câmara Municipal de Guimarães - 30.090,06 EUR. Murais: Dyrup CANDIDATURA AO PRÉMIO IHRU 2012 Coordenação: Ricardo Rodrigues Design, Edição de conteúdos e Maquetação: Marta Soutinho Samuel Pinto Desenhos e Imagens: MAPa 2012 - CMG Fotografias: MAPa 2012 - CMG © Divisão MAPa 2012 / Câmara Municipal de Guimarães, 2012 Rua Egas Moniz 115 4810-082 Guimarães Portugal T: 253 511 213 M: [email protected] S: www.mapa2012.tumblr.com ESPAÇO PÚBLICO CANDIDATURA AO PRÉMIO IHRU 2012 O Bairro de Nossa Senhora da Conceição integra quatro blocos de habitação coletiva cuja propriedade é, em maioria, do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), promotor do concurso a que agora nos candidatamos. O IHRU promoveu uma empreitada de reabilitação nos edifícios mencionados que envolveu, entre outros aspetos, a envolvente exterior – as fachadas. Assim, cumpre informar que as pinturas respeitantes à intervenção de Agatha Ruiz de la Prada não se incluem naquela empreitada e fazem parte da proposta de qualificação do espaço público. O objeto da candidatura é o “Espaço Público”, cujo domínio é público e gerido pela Câmara Municipal de Guimarães (CMG) e todas as intervenções nos espaços públicos são da sua responsabilidade. Justifica-se esta nota prévia na medida em que se tratou de um processo extremamente complexo, no qual foram envolvidos inúmeros intervenientes; contando com várias dimensões e manifestações: construtivas, artísticas, cívicas; pelo que, em rigor, se trata aqui de muito mais do um “mero” trabalho de qualificação física, de arranjos exteriores: trata-se de uma transformação profunda do Espaço Público. Foi esse o sentido que determinou a presente candidatura. Ordinary places A intervenção no Bairro de Nossa Senhora da Conceição foi realizada no âmbito dos objetivos MAPa 2012 onde, para além do património classificado de indiscutível interesse histórico, artístico ou cultural, interessa colocar no mapa a Cidade, o Património, tidos como correntes, “banais”. Áreas urbanas que normalmente apenas são noticiadas por ocorrências negativas. Revelar o potencial paisagístico, ambiental e humano, destas áreas, onde vive e passam o seu tempo a maioria das pessoas, sendo influência incontornável na sua qualidade de vida. Por outro lado, emerge hoje a noção de que o futuro económico e a coesão da sociedade dependem do capital social gerado nestas áreas. A melhoria das condições para o usufruto da cidade, dos seus espaços verdes, envolvendo-os na manutenção dos mesmos, instigando ao seu uso produtivo – através do recurso a frutícolas, hortícolas, etc. - bem como a criação de extensos circuitos pedonais, cicláveis; seguros, acessíveis. São a chave para adaptar hábitos quotidianos, mitigar efeitos de alterações climáticas. Melhorar a realidade que nos circunda, através de intervenções de baixo custo, dirigidas às necessidades mais prementes da vida urbana. Demarcar o Direito à Cidade, mas também o seu Dever. PINTURAS DE FACHADAS 4.600 m 2 PLANTAÇÕES 63 árvores 800 arbustos 3.500 m 2 MOBILIDADE 4.600 m 2 pavimentos ACESSIBILIDADE 75 m/l corrimãos PROJETO 15.364,10 m 2 área total O POVO - 20 DE MAIO DE 2011

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Painéis realizados para efeitos de candidatura ao Prémio IHRU de Construção e Reabilitação 2012 – Espaço Público. Uma compilação de informação escrita, gráfica e fotográfica que retrata o processo da Reabilitação do Bairro de Nossa Senhora da Conceição - Espaço Público, localizado na freguesia de Azurém, concelho de Guimarães.

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Page 1: Reabilitação do Bairro de N. S. da Conceição - Painéis para a Candidatura ao Prémio IHRU 2012

REABILITAÇÃO DO BAIRRO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

Guimarães contemporânea ficou fortemente marcada pela construção massiva de habitação, dita “social”, em alguns pontos notáveis da paisagem, após abril de 74. O Bairro de Nossa Senhora da Conceição é um dos bairros desta geração e é o mais central em Guimarães, marcando indelevelmente uma das suas mais movimentadas entradas.

Com o passar dos anos a degradação física dos edifícios, cuja qualidade construtiva se revelou ineficaz para o uso e conforto habitacional, apropriou-se do Bairro o que terá contribuído para a sua progressiva marginalização, explicitada na alcunha depreciativa de “Bairro dos Jagunços”.

A reabilitação dos edifícios realizada pelo IHRU despertou uma oportunidade para Câmara Municipal de Guimarães, através do MAPa2012, estudar uma proposta capaz de: - (re)pensar uma entrada na Cidade;- ensaiar intervenções de baixo custo capazes de alto retorno em termos de Cidade;- integrar o espaço público e de dar resposta às necessidades de conforto ambiental;- eliminar estigmas.

O envolvimento de Agatha Ruiz de la Prada foi determinante porque despoletou interesses e atenções diversas e elevou as responsabilidades envolvidas.Por outro lado, cumpriu o objetivo inicial, rompendo a imagem de marginalidade que estava associada ao Bairro.

Não se tratou de uma intervenção nas fachadas, como hoje, para muitos, parecerá. Foi uma transformação profunda do espaço público. Coordenada pela Arquitetura, envolvendo disciplinas diversas que, em conjunto, cozeram os retalhos que ali encontraram num todo coerente.

O envolvimento participativo da população residente, de várias associações e entidades locais no processo contribuiu para o estabelecimento de uma sinergia positiva, que certamente foi favorável para uma resposta mais eficaz aos problemas reais da população residente, e para uma maior sustentabilidade do projeto no tempo.

Foi necessária consensualização, encontros de vontades, espírito integrador e inovador tendo em conta os problemas em questão bem como as expetativas de todos os envolvidos.

ADAPTAÇÃOTomar em consideração as alterações

climáticas e culturais com o intuito de desenvolver espaços aptos para os

desafios futuros.

COERÊNCIAPromover propostas onde questões organizacionais, políticas e técnicas

são resolvidas com um num desenho coerente;

Procurar simplicidade física e visual através da cuidadosa seleção de

soluções e materiais e elementos integrantes do espaço público adequados

e duráveis.

INTEGRAÇÃOHabilitar o espaço público a todos e a

diferentes tipos de uso;

Estabelecer conectividade com redes urbanas promovendo uma circulação

mais sustentável;

Pensar para além dos pressupostos convencionais do desenho urbano:

melhorar a acessibilidade, promover a diversidade de escolha de circuitos e

minimizar interrupções para os peões, pela continuidade dos percursos.

COMPROMISSOEstabelecer um compromisso

de trabalho continuado e com a manutenção e gestão dos espaços após

a sua execução;

Elaborar propostas com rigor técnico e prever o uso de materiais de elevada

qualidade e durabilidade.

VISÃOCooperar e integrar com um amplo

conjunto de profissionais de diferentes disciplinas, da sociedade civil e das

autoridades locais;

Interagir com o local e sua história: percepção da importância emocional

e psicológica do bairro e na relevância de tais qualidades para a segurança, o

bem-estar e a promoção do civismo;

Desafiar suposições pré-estabelecidas: o espaço público manifesta uma

importância clara na regeneração económica e social;

Estabeler um quadro propício a um diálogo claro, crítico e criativo.

valorização e integração da paisagem urbanaA intervenção insere-se numa estratégia de valorização das entradas da cidade recente, e de integração entre a cidade consolidada e os vários núcleos (bairros, loteamentos, conjuntos habitacionais) que constituem hoje o primeiro anel envolvente da Cidade de Guimarães. Integrar um Bairro marginalizado na cidade, no sistema de espaços público, constituiu uma oportunidade para regenerar e reforçar a coerência da paisagem urbana.

hierarquização, qualificaçãoAs intervenções valorizaram a definição da hierarquia no espaço público: principal, secundário; viário, pedestre, etc.A revisão das passagens para peões, convertendo algumas em passeios, invertendo hierarquias, clarificou transições público/ semi-público/privado. Reforçou eixos visuais, desde logo no “exterior do Bairro”, na R. de Santa Eulália, com o alinhamento de castanheiros-da-índia, que, em poucos anos, contribuirão para uma entrada visual e ambientalmente qualificada.

acessibilidade integração funcional / continuidadeFoi criado um contínuo entre o Bairro e a cidade. Um contínuo coerente, seguro, confortável, acessível. A introdução de corrimãos nas escadas e rampas, garantindo melhorias ao nível da acessibilidade e da segurança. Trabalhos de manutenção dos pavimentos deteriorados. Revisão e criação de canais superficiais de condução e drenagem de águas pluviais.

racionalidade construtivaAs opções construtivas foram sempre determinadas por um princípio de intervenção mínima, procurando reduzir o investimento necessário e, assim, garantir a sua viabilidade.A definição de um conjunto de intervenções cirúrgicas, permitiu comprovar que, com um baixo orçamento, é possível introduzir melhorias muito significativas quer ao nível do usufruto local, quer ao nível do sistema urbano e da sua clareza.

viabilidade económicaA preocupação de se estabelecerem relações compreensivas entre uma estrutura de decisão composta por vários atores: a estilista, a Câmara e os residentes do bairro permitiu que se pudesse fazer uma avaliação da singularidade do local e implementar um procedimento adequado que pudesse integrar as perspectivas de cada um dos agentes, sem desperdício de recursos.

reabilitar a imagem socialA alteração na imagem do Bairro foi extremamente bem recebida e alterou dramaticamente a forma como é visto pelos “de fora”, mas também pelos “de dentro”.A estima e respeito pelo que ali se fez.A responsabilidade que lhes foi confiada é evidente para quem circula pelo Bairro.“Vamos mostrar que somos tão bons e civilizados como os demais! Não deixaremos que estraguem o nos ofereceram.”

um projeto participativo /colaborativoA cooperação e participação dos residentes foi essencial. Os moradores foram envolvidos em muitas das decisões.Se, em assembleia plenária convocada por nós, tivessem votado contra a intervenção nas fachadas, estas não teriam avançado.Esta ação participada no processo de reabilitação proporcionou aos moradores a possibilidade de serem agentes ativos, apropriando-se e abraçando um projeto primeiramente destinado a eles.

Neste caso houve uma preocupação de envolver as pessoas, fazendo com que elas colaborassem e participassem no processo de reabilitação, numa visão alargada e abrangente do seu âmbito e um dialogo que proporcionou aos residentes a possibilidade de se apropriarem do projeto.

A captação de investimento, e o envolvimento de parceiros vários, como a Dyrup, Lucios e Lameirinho na execução da obra, assim como da própria população, permitiram realizar uma intervenção de amplo impacto com pouco investimento, tornando este projeto num exemplo sustentável capaz de ser alargado a outras intervenções.

Em termos estratégicos, a reabilitação do bairro de Nossa Senhora da Conceição enquadrou-se num programa de mediatização com o objetivo de tornar este um caso visível por força do que nele é singular e específico.

Através de um trabalho que compreende a médio prazo o favorecimento de novas formas de aprendizagem dentro do próprio bairro e de apoio à criação e à expressão popular, num espírito integrador, foi claro através dos resultados desencadeados por este projeto, que também é nestes espaços que se sedimenta uma história comum e urbana da cidade de Guimarães.

Do Bairro que é “de Nossa Senhora da Conceição”, “da Agatha Ruiz de la Prada” – com o prédio “das flores”, “do céu”, “do amor”. Do Bairro que, por esta via, já não é “dos Jagunços” (se alguma vez o foi).

uma intervenção exemplarA captação de investimento privado e o envolvimento da própria população na intervenção geraram interesse público e contribuiu diretamente para repartir responsabilidades e diminuir o investimento público.Este fator foi determinante já na perspetivação de atuações noutras áreas, com caráter similar.Agora o sucesso da intervenção levada a cabo transforma-o num exemplo das possibilidades de uma reabilitação consciente e sustentável, que a avaliar pelas repercussões na qualidade de vida dos habitantes, pode e deve ser alargado a outras situações semelhantes.

BAIRRO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

PROMOÇÃO PÚBLICA DE HABITAÇÃO

Os presentes painéis foram realizados para efeitos de candidatura ao Prémio IHRU de Construção e Reabilitação 2012 – Espaço Público. Constituem uma compilação de informação escrita, gráfica e fotográfica que retrata o processo da Reabilitação do Bai rro de Nossa Senhora da Conceição - Espaço Público, localizado na freguesia de Azurém, concelho de Guimarães.

A informação apresentada é uma recolha de elementos produzidos desde o início deste processo. Este projeto da Câmara Municipal de Guimarães, elaborado e conduzido pela Divisão MAPa2012 envolveu a participação dos moradores e de numerosos parceiros locais e internacionais.

A intervenção gráfica nas fachadas dos edifícios é da autoria de Agatha Ruiz de La Prada.

PROJETO

Conceção geral, Arquitetura e Coordenação:Ricardo Rodrigues, arquiteto

Murais:Agatha Ruiz de la Prada

Arquitetura Paisagista:João Pessoa, arquiteto paisagista

Engenharia:Nuri Batista, engenheira civil

Colaboração (técnica):Helena Ferreira, arquiteta estag.Joana Matos, arquiteta estag.Paulo d’Almeida, assistente técnico

Colaboração (geral):Associação de moradores

OBRA

Murais:José Mendo - Decorações Pinturas e Representações, Lda.

Espaços verdes, pinturas, equipamento urbano e sinalética: Departamento de Serviços Urbanos e Ambiente (DSUA)

Pavimentações:Departamento de Obras Municipais (DOM)

INVESTIMENTO

Espaços Verdes, Pavimentações, etc.:Câmara Municipal de Guimarães - 30.090,06 EUR.

Murais:Dyrup

CANDIDATURA AO PRÉMIO IHRU 2012

Coordenação:Ricardo Rodrigues

Design, Edição de conteúdos e Maquetação:Marta SoutinhoSamuel Pinto

Desenhos e Imagens: MAPa 2012 - CMG

Fotografias:MAPa2012 - CMG

© Divisão MAPa2012 / Câmara Municipal de Guimarães, 2012Rua Egas Moniz 1154810-082 GuimarãesPortugal

T: 253 511 213M: [email protected]: www.mapa2012.tumblr.com

ESPAÇO PÚBLICOCANDIDATURA AO PRÉMIO IHRU 2012

O Bairro de Nossa Senhora da Conceição integra quatro blocos de habitação coletiva cuja propriedade é, em maioria, do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), promotor do concurso a que agora nos candidatamos.O IHRU promoveu uma empreitada de reabilitação nos edifícios mencionados que envolveu, entre outros aspetos, a envolvente exterior – as fachadas. Assim, cumpre informar que as pinturas respeitantes à intervenção de Agatha Ruiz de la Prada não se incluem naquela empreitada e fazem parte da proposta de qualificação do espaço público.

O objeto da candidatura é o “Espaço Público”, cujo domínio é público e gerido pela Câmara Municipal de Guimarães (CMG) e todas as intervenções nos espaços públicos são da sua responsabilidade.

Justifica-se esta nota prévia na medida em que se tratou de um processo extremamente complexo, no qual foram envolvidos inúmeros intervenientes; contando com várias dimensões e manifestações: construtivas, artísticas, cívicas; pelo que, em rigor, se trata aqui de muito mais do um “mero” trabalho de qualificação física, de arranjos exteriores: trata-se de uma transformação profunda do Espaço Público.

Foi esse o sentido que determinou a presente candidatura.

Ordinary places

A intervenção no Bairro de Nossa Senhora da Conceição foi realizada no âmbito dos objetivos MAPa2012 onde, para além do património classificado de indiscutível interesse histórico, artístico ou cultural, interessa colocar no mapa a Cidade, o Património, tidos como correntes, “banais”. Áreas urbanas que normalmente apenas são noticiadas por ocorrências negativas.

Revelar o potencial paisagístico, ambiental e humano, destas áreas, onde vive e passam o seu tempo a maioria das pessoas, sendo influência incontornável na sua qualidade de vida. Por outro lado, emerge hoje a noção de que o futuro económico e a coesão da sociedade dependem do capital social gerado nestas áreas.

A melhoria das condições para o usufruto da cidade, dos seus espaços verdes, envolvendo-os na manutenção dos mesmos, instigando ao seu uso produtivo – através do recurso a frutícolas, hortícolas, etc. - bem como a criação de extensos circuitos pedonais, cicláveis; seguros, acessíveis. São a chave para adaptar hábitos quotidianos, mitigar efeitos de alterações climáticas.

Melhorar a realidade que nos circunda, através de intervenções de baixo custo, dirigidas às necessidades mais prementes da vida urbana.

Demarcar o Direito à Cidade, mas também o seu Dever.

PINTURAS DE FACHADAS4.600 m2

PLANTAÇÕES 63 árvores800 arbustos3.500 m2

MOBILIDADE4.600 m2 pavimentos

ACESSIBILIDADE75 m/l corrimãos

PROJETO15.364,10 m2 área total

O POVO - 20 DE MAIO DE 2011