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Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religião - Por Fernando Martins NOVUS ORDO SECLORUM WICCA O RETORNO À ANTIGA RELIGIÃO

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  • 1. Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religio - Por Fernando MartinsNOVUS ORDO SECLORUM WICCAO RETORNO ANTIGA RELIGIO

2. Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religio - Por Fernando MartinsClique o smbolo na apresentao em Flash acima para acessar o Site Oficial da Pagan Federationpor Fernando Martins (*)Alto Sacerdote da Antiga ReligioFonte: http://svmmvmbonvm.org/wicca.htm"Antes da civilizao se instalar, a terra uma divindade universal... uma criatura viva, uma fmea porque recebe a energiado sol, animada por meio disso e tornada frtil... O elemento maisantigo e mais profundo em qualquer religio o culto ao esprito da terra em seus muitos aspectos."The Earth Spririt - John MichellO Olhar Mgico 3. Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religio - Por Fernando MartinsRELIGIOSIDADE nasceu com o prprio homem. De sua necessidade de buscar meios para sobreviver em ambiente to hostil como era nos primrdios. O entendimento do mundo que o cercava era por demais complexo. Era a chuva, era o sol, dia e noite, troves, queimadas... Estas foras temidas e respeitadas num primeiro momento, com o passar do tempo, passaram a serem reverenciadas como foras superiores, sobrenaturais. Nos diz Paulo Urban, mdico psiquiatra e analista junguiano, que o pensamento mgico foi a primeira operao da mente humana. nico elo capaz de explicar o mundo e seus fenmenos aos nossos antepassados. Nos diz Urban: "O pensamento mgico o alicerce de todas as religies e civilizaes emergentes, que, por sua vez, desenvolveram suas artes e cincias. Estas ltimas so hoje capazes de proceder maravilhas cada vez mais prximas do ato mgico da Criao". Com o passar do tempo, a organizao social comeando a ser estruturada, o homem passou a buscar uma nova forma de relacionar-se com estas foras naturais. interessante observar, que, inexplicavelmente, mesmo sem se comunicarem por questes geogrficas, em todo o planeta, onde houvesse uma comunidade humana, brotavam formas comuns de relacionamento com estas foras da natureza. Podemos dizer que comeava a nascer ai, um algo que hoje chamamos de espiritualidade que esta relao do homem com foras maiores. A estas foras maiores, chamaremos aqui de Divino. Em todo o planeta, o homem primitivo, passou a criar formas de se relacionar com o Divino. Onde existisse uma comunidade humana, havia de ter este olhar para o mundo do inexplicvel e poderoso, pautado em uma linguagem mgica. Esta interao com o Divino, era feita atravs do que hoje definimos como formas ritualsticas. Estes rituais eram praticados e manifestados atravs de simbolismos. A Wicca trabalha com o simbolismo e a dinmica das relaes simblicas. Esta dinmica simblica a prpria linguagem mgica. Podemos ento comear a entender o porque a partir de uma linguagem mgica, o homem iniciou a criao de rituais para se relacionarem com o Divino. De certo que por questes de organizao social e localizao geogrfica, os smbolos utilizados nas diversas partes do mundo tinham suas particularidades sendo que, todas visavam uma s coisa, a relao com o Divino. Temos a a origem das mais variadas concepes religiosas nos quatro cantos do mundo. Nos situaremos aqui no espao geogrfico europeu, onde as bases pags da Wicca surgiram, sendo a 4. Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religio - Por Fernando Martins mulher o primeiro elemento a ser o representante dos smbolos sagrados. Ela era comparada prpria natureza. Assim como a terra gera seus frutos, a mulher gera novos seres e tanto um quanto outro, alimentam vidas com o alimento vindo de seu prprio corpo. Veja a a relao simblica. Deste simbolismo nasceu a concepo de uma Divindade de carter feminino. O Principio Feminino que tanto citaremos aqui. Uma vez delineada esta forma simblica, este entendimento mgico, o homem passou a honrar a Grande Deusa e a reverenciar todos os seus frutos bem como as divindades sol e lua e todas as manifestaes da natureza. Talvez seja esta a razo dos primeiros mitos da criao terem partido do princpio feminino como fora criadora do Todo que nos cerca. Na antiga Europa, temos o mito grego Geia, a me terra. Dela nascendo todos os Deuses primgenos. Da frica nos vem o mito Nag que originou o Candombl, onde Nana Buruqu d origem a todos os orixs. Nas Amricas, a lenda Asteca onde Xoxiquetzl, a me terra a tudo originou. Como antes observado, vemos que as distancias geogrficas no so obstculos para este olhar mgico do antepassado do homem. Sendo que em todos estes pontos, o aspecto feminino, ligado a capacidade de gerar vida, foi sempre observado como algo sagrado. Margareth Murray, antroploga do sculo XIX, que dedicou parte de seu tempo a pesquisar sobre as religies pr-crists, aponta para o perodo nmade do homem, em que a caada era a atividade para a sobrevivncia. De certo neste perodo, relaes com divindades ligadas a caa, eram desenvolvidas. Somente em um momento posterior, j no perodo agrcola, que o aspecto feminino teria fixado a sua importncia. So estudos, so possibilidades.... A partir do momento que desenvolveu armas para caar animais de grande porte, a questo fora fsica passou a ter destaque e ser observada como um item importante dentro dos cls. O homem j envolvido com toda uma forma mgico-religiosa de conceber o mundo a sua volta, desenvolve a idia de uma Divindade das Caadas. Divindade que teria a fora dos grandes animais e buscando interagir com esta Divindade, o homem se fortaleceria para enfrent-los. Temos a, o princpio masculino mostrando sua face. Os "Feiticeiros", geralmente os elementos mais antigos dos cls, incorporavam as foras destes animais canalizando-as para o seu grupo energia suficiente para que os guerreiros obtivessem xito em suas caadas. Os rituais comeam a tomar forma cerimonial. Esta grande divindade das caadas torna-se o Grande Deus de Chifres, o Deus Cornfero que detm em si a fora para a luta. ele evocado nos primeiros rituais existentes conduzidos pelos primeiros sacerdotes da humanidade. O princpio masculino se alinha com o princpio feminino. Temos a a Deusa, geradora da vida e o Deus a 5. Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religio - Por Fernando Martins fora protetora. Analogamente, nasciam novas concepes para as entidades Deusa e Deus. A Deusa ganhava mais uma faceta, alm de Deusa Me passa a ser tambm a Deusa Donzela, que era cortejada pelo Deus. O Deus Cornfero alm de seu filho, pois dela era nascido, passa a ser tambm seu amante, pois a fertilizava para que um novo ser surgisse. Este simbolismo partia da observao dos ciclos da natureza. O ciclo da natureza passava a ser o ciclo da relao da Deusa e do Deus. As estaes do ano e a dinmica natural em seus momentos do semear, fertilizar, fecundar, nascer, crescer, amadurecer e morrer para novamente renascer atravs da semente deixada. De uma forma ou de outra, estes dois aspectos se complementam. O aspecto feminino ligado, gerao da vida, e o aspecto masculino, ligado ao fecundar. Esta a base do conceito de Divino na Wicca. O Divino abrangeria tanto o aspecto feminino como o masculino, no se opondo, mas se complementando, na unio das polaridades. E de cada aspecto, teramos as divindades, nossas deusas e deuses, cada qual representando uma faceta destas polaridades, conseqentemente, uma faceta do Divino. Bem podemos ento perceber, que a religiosidade nasceu da leitura mgica do homem para o mundo que o cercava. Uma leitura antes potica do que supersticiosa, diferente do que dizem os cticos. Mas e a Bruxaria? Onde entraria ai? E sobre isto que falaremos mais adiante.... Continuemos nossa jornada.O Nascimento da Bruxaria 6. Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religio - Por Fernando Martins O Conceito de Bruxaria Seria muito pretensioso tentar definir o que bruxaria. E no ser esta minha pretenso, mas sim, buscar entender porque foi ela a primeira forma de religiosidade que existiu na humanidade, sendo praticada extensivamente em todos os continentes desde tempos remotos. Para iniciar nosso entendimento, temos que ampliar nossa viso e no nos atermos ao termo bruxa, como imposto pela Igreja Catlica aos pagos, no perodo da Inquisio, e que contem uma conotao pejorativa. Temos sim, que viajar pelos 5 continentes e verificar que em todos eles, as primitivas prticas religiosas tinham em comum, o culto a terra, aos espritos da natureza e a interao entre o homem e estas foras. Como j dito, vamos nos ater ao longo do texto ao continente europeu onde nasceu a Wicca mas cabe agora, citarmos algumas antigas civilizaes, onde havia o culto a uma diversidade de deuses e sua interao com eles. Se verificarmos o antigo Egito, veremos tanto l quanto no seio da frica Negra como tambm em diversos locais da Amrica pr colombiana, atividades voltadas para a relao do homem com as divindades e todas com as caractersticas j citadas. Elas lidam com o culto da terra e com os espritos da natureza, representados atravs de uma mitologia. Na Europa medieval, proibido que era a cura atravs das ervas, uma vez que a doena era tida como algo enviado por Deus, as mulheres que lidavam com este tipo de tratamento, eram tidas como bruxas. Vemos que nas Amricas e na frica, estes problemas no existiram, durante a poca das invases, chamadas de colonizao. Nesta altura, os bruxos africanos e amerndios, foram recebendo outro nome que no os de bruxos, embora o que praticassem como culto religioso, por todas as caractersticas, poderia se enquadrar perfeitamente no conceito de Bruxaria. Hoje, quando pensamos nas elaboraes mgicas dos ndios, utilizamos o termo xamanismo. No seria a mesma coisa que bruxaria, tal a semelhana das prticas? Mas enfim, a pecha de bruxa, associada ao diabo e todas estas classificaes pejorativas, ficaram apenas limitadas Europa, pois l, que a Igreja Catlica na sua tentativa de manuteno do poder, eliminava a todos que no seguissem suas regras, e ao chamados pagos no foi de outra forma. Com o advento da igreja catlica, os povos do campo (pagani) passaram a ser classificados como atrasados, superticiosos, enfim... Temos ai as bases da magia popular europia, baseada principalmente nas prticas xamnicas dos povos brbaros. Prticas estas que envolviam toda uma sacralidade. Na Idade Mdia, a Igreja definitivamente no podia mais aceitar a existncia de curandeiras, de mulheres livres, de pessoas que festejavam seus deuses de forma alegre pois a alegria no era bem vista naqueles tempos sombrios, muito menos, de pessoas que diziam falar diretamente com os deuses e deles absorver o 7. Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religio - Por Fernando Martins poder da cura e de fazer coisas somente permitidas ao Todo Poderoso. Esta questo da luta pelo poder e a tentativa da manuteno da submisso da populao fica clara nos relatos descritos nos livros da antroploga Margareth Murray. Foi neste perodo, que a idia da associao das bruxas com as coisas demonacas comeou a surgir, sendo que esta idia permanece ainda hoje dentre muitos seguimentos da sociedade. A Bruxaria ia virando sinnimo de coisa demonaca. Deste perodo pouco se sabe hoje em dia, podemos apenas imaginar, que as vertentes anticrists, como o Satanismo e todos os seguimentos de adoradores do Diabo, antagonistas da igreja, foram geradas neste perodo. De certo muitos utilizaram as prticas mgicas da Bruxaria para construir estas doutrinas satanistas. Mas esta uma outra histria. Os satanistas e todos os ditos adoradores do demnio, nada tem a ver com a Bruxaria em si. Os pagos no acreditavam no Deus cristo, logo, no havia porque combat-lo, se opor a ele e muito menos crer e se aliar ao seu rival. Infelizmente essa associao se v at hoje. Talvez pelos termos por eles usados como Magia Negra. A Magia no tem cor para os antigos pagos muito menos para os atuais neopagos como os praticantes da Wicca. O Satanismo e todas as prticas anticrists foram na verdade, geradas e desenvolvidas dentro do prprio cristianismo, por cristos opositores do status quo vigente. A situao ficou gravssima a partir da criao dos Tribunais do Santo Ofcio e durante este perodo que se chamou de Perodo Inquisitria, as mulheres que outrora foram o smbolo da sacralidade, passaram a ser a principal vtima do poder do homem. Era o simbolismo da liberdade, sensibilidade e harmonia sendo soterrado para dar lugar em definitivo, ao simbolismo da fora e da racionalidade. Reparemos, que um dos princpios da Wicca exatamente a harmonia destes plos opostos, sem destacar um ou outro, apenas dando nfase ao aspecto feminino por conta da sua particularidade de ser fora criadora. Durante este perodo, podemos imaginar que s restaram aos pagos, o anonimato, os subterrneos, os grupos fechados e secretos, como tentativa de manter seus cultos. Sem nada registrar, suas lies e tradies de certo foram sendo passadas oralmente de gerao em gerao, entre membros da mesma famlia ou vizinhos prximos na mesma aldeia. Talvez possamos associar a esta postura dos pagos sobreviventes, o principal fundamento para formao de um Coven (grupo de praticantes) na Wicca, que tambm utilizado nas organizaes ocultistas e hermticas originadas na poca, que o lema "perfeito amor, perfeita confiana". A Concepo da Wicca 8. Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religio - Por Fernando Martins "Penso que deveremos dizer adeus aos Feiticeiros. O Culto est condenado, tenho medo, parte por causa das contingncias modernas; a conseqente escassez de casas, e a diminuio donmero de familiares, mas principalmente por causa da educao.A criana moderna no est interessada. Ela sabe que os Feiticeiros so apenas fantasia..."(Gerald Gardner,"Witchcraft Today" - Ed. Rider, Londres, UK) Entramos o Sculo XX com vrios lanamentos de livros falando a cerca das antigas tradies religiosas europias. Na dcada de 20, dois ttulos importantes foram lanados, um deles foi "The Golden Bough" (O Ramo Dourado), escrito pelo antroplogo escocs, James George Frazer (1854-1941). Uma obra extensa, escrita entre os anos de 1890 e 1915, embora pautada em pesquisa secundria, apresenta uma extensa investigao sobre as prticas pags na antiga Europa. No mesmo perodo, uma antroploga, especialista em cultura egpcia, Margaret Murray, lana "The Witch Cult in Western Europe (O Culto de Bruxaria na Europa Ocidental). Neste livro, Murray mostra a Bruxaria como uma antiga religio organizada, presente em vrios pontos da Europa e que segundo ela, apesar das perseguies sofridas havia sobrevivido de maneira oculta, continuando suas prticas. Prosseguindo desenvolvendo o tema, Murray lana na dcada de 30, "The God of the Witches", onde resgatava a idia de que havia cultos pagos ainda existentes, praticados de formas diferentes em vrios pontos da Europa, de maneira oculta, mas ainda viva. Murray foi durante muitos anos, consultora para a temtica bruxaria, na Enciclopdia Britnica e veio a prefaciar o segundo livro de Gardner, WitchCraft Today. Em 1938, publicado o livro "The White Goddes" (A Deusa Branca), escrito por Robert Ranke Graves, escritor ingls (1895-1985), que de maneira erudita e lrica, analisava os grandes mitos do ocidente. "A Deusa Branca", vem a ser uma crtica a concepo do culto a um Deus apresentado por Murray em "The God of the Witches". Graves, embora concordasse com Murray quanto existncia de cultos pagos em vrios pontos do territrio europeu, sustentava a tese de que a divindade mais importante para estes pagos era uma Deusa e no um Deus. Todos estes autores, foram lidos por Gerald Gardner e a partir da, a Wicca comeava a nascer. Gerald Gardner e a Wicca 9. Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religio - Por Fernando Martins Gerald Brosseau Gardner nasceu na cidade de Blundellands, na Inglaterra em 13 de junho de 1884. Passou boa parte de sua vida no Oriente, em viagens na infncia e posteriormente, trabalhando pelo governo Britnico na Malsia. Talvez este longo perodo em contato com as coisas orientais tenha influenciado Gardner a ser indiferente com as doutrinas crists. Reformou-se em 1936, retornando a Inglaterra neste mesmo ano. Com tempo e dinheiro, pode se dedicar aos estudos e aos contatos com um mundo que sempre o fascinou: o mundo da magia, do folclore, da mitologia e das cincias ocultas. Em 1938, ingressou na Folklore Society e no mesmo ano, ao inaugurado Rosicrucian Theatre em Christchurch onde diz ter encontrado Old Dorothy Clutterbuck, que viria a ser a sumo sacerdotisa de um Coven remanescente dos tempos da Inquisio e que sobrevivera at ento. Podemos utilizar o ano de 1939, como o ano em que a Wicca comearia a ser desenvolvida. Foi neste ano que Gardner diz ter se iniciado no Coven localizado em New Forest e conduzido por Old Dorothy. O encontro com este Coven vinha a confirmar as teorias expostas nos livros de Murray e Graves. Gardner tinha ento 55 anos e aos 65 anos, 10 anos depois da sua suposta iniciao no Coven de New Forest, lana seu primeiro livro, High Magic Aid. O livro lanado com o pseudnimo de Scire, pois ainda vigia na Inglaterra a Witchcraft Act (Ato da bruxaria), criado em 1735, que proibia a prtica e tudo que se relacionava com a bruxaria. Embora este livro verse sobre informaes que ele teria recebido no Coven, muitas outras informaes so percebidas bem como, trechos oriundos de outras fontes que no as do Coven de New Forest. Neste livro vemos contedos advindos das Clavculas de Salomo, o que demonstra que Gardner combinava as formas naturais da magia com a Alta Magia Cerimonial. O prprio Gardner na introduo diz: Os rituais Mgicos so autnticos, em parte da Chave de Salomo e em parte de MSS mgico que se encontra na minha posse. Percebemos a, que Gardner no s era envolvido com o mundo da bruxaria natural mas tambm, com o mundo oriundo do hermetismo. O prprio pseudnimo adotado, Scire, era na verdade no seu nome no Coven de Old Dorothy, mas sim, o nome escolhido como membro da OTO (Ordo Templi Orientis), organizao ao qual ingressou atravs de Aleister Crowley em 1946, ou seja, 3 anos antes de lanar High Magic Aid. O que buscamos dizer com isto que a Wicca de fato uma colcha de retalhos, misturando a bruxaria natural com toda uma ritualstica advinda tanto do antigo mundo celta, germano dentre outras culturas como das vrias escolas de conhecimento e sociedades secretas, oriundas de bases hermticas. O nascimento da Wicca O termo Wicca tem uma variedade de verses quanto a sua origem. Gardner a cita pela primeira vez no seu terceiro e ltimo livro The Meaning of Witchcraft: 10. Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religio - Por Fernando Martins "Apercebi-me que tinha encontrado algo de interessante, mas fui meio-iniciado antes de me aperceber o que era a palavra "wica" que eles usavam, e apercebi-me onde estava e que a Velha Religio ainda existia. Assim, encontrei-me no Crculo e a tomei o usual voto de secretismo, que obrigava-me a no revelar certas coisas." interessante que nesta citao, Gardner tenha escrito Wicca apenas com um "c", sendo que o termo citado apenas neste ltimo livro, no estando presente nos dois anteriores, Witchcraft Today (1954) e High Magics Aid (1949). Ainda em The Meaning of Witchcraft, Gardner d uma suposta explicao para o origem da palavra: "Eles no tinham qualquer nome em especial para designa-los. Contudo, inventaram um nome a partir de "wig" um dolo, e "laer", aprender, "wiglaer" que foi encurtado para "wicca". Em ABC of Witchcraft, Doreen Valiente, um dos nomes mais importantes na histria da Wicca, quando descreve o termo bruxaria, menciona a origem sax da palavra em wicca ou wicce. Esta posio modificada posteriormente em novo livro, The Rebirth of Witchcraft, quando rejeita esta teoria a favor da raz indo-europeia "Weik", que se relaciona com coisas ligadas magia e religio. Independente de sua real origem, o termo Wicca se estabeleceu como sendo a Bruxaria moderna embora j tenhamos percebido que sua origem no puramente a bruxaria natural nem mesmo, o suposto encontro de Gardner com o Coven de New Forest e sua Sumo Sacerdotisa, Old Dorothy e sim, uma mescla destes conhecimentos e experincia com uma vertente hermtica. Como j dito, Gardner em seu retorno Inglaterra ingressou na Folklore Society e tornou-se posteriormente, o feiticeiro residente do museu de Cecil Williamson, Folklore Center, levando para este toda a sua coleo de objetos rituais e artefatos. O museu seria comprado posteriormente por Gardner. Neste perodo, Gardner sai do Coven de New Forest e cria o seu prprio Coven. Iniciando pessoas a partir do contedo de uma espcie de grimoire que veio a ser chamado Book of the Shadows (Livro das Sombras). Em 1952, Doreen Valiente apresentada a Gardner que a inicia e percebe estar ali, algum que durante um bom tempo seria seu brao direito. Doreen percebe a influncia de Crowley atravs dos rituais descritos no BOS (Book of the Shadows). Segundo dilogo entre Doreen e Gardner, descrito por Julia Philips, Gardner explicou a Doreen que material de Crowley fora inserido no BOS (Book of the Shadows) pois os rituais que recebeu do Coven da Old Dorothy estavam bastante fragmentados e de modo a torna-los exequveis, teve de suplement-los com outro material. Dentre estas passagens, a Missa Gnstica ter tido uma enorme influncia. No s a poesia, mas tambm as prticas mgicas na Wicca, so na sua maioria derivadas das fontes da OGD. Algumas destas prticas so descritas por Julia Philips. So elas: 11. Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religio - Por Fernando Martins A maneira de talhar o crculo: isto , a visualizao do crculo e os pentagramas nos quartos (pontos cardeais), so ambos baseados no Ritual do Pentagrama da Golden Dawn; Palavras como "Atalaias" (ou Guardies) que so do sistema de Magia Enoquiana, passado para a Wicca atravs da Golden Dawn (embora deva tornar claro que o seu uso dentro da Wicca no possui qualquer relao com o uso dado em Enoquia a nica semelhana no nome); Os Elementos e as cores geralmente atribudos aos Quartos so os usados na OGD; Os instrumentos e as suas atribuies so uma combinao de OGD, Crowley e Chave de Salomo. Dentre outros procedimentos... Doreen reescreveu junto com Gardner um novo BOS, retirando muito do material original e inserindo novos conceitos mais ligados bruxaria natural. Julia Philips ainda nos esclarece que: Por conta do que Gardner admite por um lado e Doreen confirma por outro, digo ser seguro presumir que os rituais e filosofia usada na Wicca descende das tradies da Franco-Maonaria e Magia Cerimonial, em vez de uma nica fonte comum. Contudo, como diz Hudson Frew no seu comentrio ao livro de Aidan Kelly, Crafting the Art of Magic, o fenmeno das tcnicas e prticas da magia cerimonial influenciarem a magia e as tradies, largamente reconhecido por antroplogos e certamente no indica plgio. E claro, existem muitos aspectos de bruxaria tradicional na Wicca. Em 1953, acontece a revogao do Witchcraft Act - ato da bruxaria, e Gardner pode ento escrever e publicar o primeiro livro da Bruxaria Moderna: "Witchcraft Today", onde afirma estarem certas as teorias de Murray, pois ele mesmo era um bruxo iniciado. Este livro foi publicado em edio recente no Brasil pela editora Madras. Nasce neste momento a Wicca. O sucesso do livro foi imediato, o que acarretou um crescente movimento de formao de Covens por toda a Inglaterra. Gardner v-se subitamente como sendo o centro das atenes. Em 1959, Gardner publica seu ultimo livro "The Meaning of Witchcraft", onde j dito, a palavra Wicca aparece pela primeira vez. Em 1964, aps viagem para o Lbano, Gardner falece no navio que o trazia de volta a Inglaterra no dia 12 de fevereiro de 1964, aos 80 anos. No seu testamento, Gardner deixa o seu Museu e todos os seus objetos e direitos de autor para Monique Wilson uma de suas ultimas sacerdotisas. Segundo descreve Julia Philips, Monique e Campbell Wilson so infames, em vez de famosos, como os herdeiros de Gardner que venderam o seu equipamento mgico e possesses aps a sua morte, aos Ripleys nos EUA. 12. Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religio - Por Fernando Martins Julia ainda diz em conferncia que: Alguns wiccans hoje em dia ainda cospem quando o seu nome mencionado. Pat Crowther foi bastante severa acerca dela numa entrevista e em The Rebirth of Witchcraft, embora Doreen fale da venda das possesses mgicas de Gardner aos Ripleys, nunca menciona o nome dos Wilson. De fato, a Arte fechou fileiras sua volta e eles tornaram-se marginais. O nome de Monique Wilson hoje ligado iniciao do ingls Raymond Buckland, que at hoje publica livros sobre a Wicca e conhecido no s nos Estados Unidos onde reside, mas em todo o mundo. Mas Doreen Valiente foi a sua sacerdotisa mais fiel, embora tenham se desentendido e Doreen se afastado de Gardner. A Wicca ps Gardner A partir da dcada de 70, a Wicca vai se distanciando de suas origens gardnerianas e tomando vrias formas, principalmente em solo americano. Em 1971, nasce a Pagan Federation International, rgo que busca reunir, organizar e fazer o intercmbioentre neo-pagos bem como informar sobre as varias vertentes existentes dentro de seguimento pago, como a prpria Wicca, bem como o Druidismo, o satr, dentre outras. Na dcada de 90, a PFI estabeleceu uma coordenao no Brasil que abrange alm do Brasil, toda o restante da Amrica do Sul. O entendimento da Wicca como sendo uma criao de Gardner observada pela PFI, ao contrrio da maioria das organizaes norte americanas. Nos Estados Unidos, em 1973, ocorreu o Conselho de Bruxos Americanos, onde segundo o seu manifesto, buscavam definir a Bruxaria Moderna de acordo com as experincias e necessidades americanas (bem a moda imperialista). Levando a risca este enunciado, a Wicca transformou-se pura e simplesmente em um novo nome para a palavra Bruxaria. Gardner passou a ser apenas um nome qualquer e autores, como Scott Cunninghan, trataram de enterra-lo de vez, com publicaes como o livro Guia da Bruxa Solitria, onde demonstra a possibilidade da prtica individualizada da Wicca, que na sua origem essencialmente coletiva. Procedimentos como estes visavam e visam at hoje, um mercado consumidor que vai se expandindo cada vez mais e a Wicca, que uma forma de manuteno das antigas tradies pags e uma opo de religiosidade vlida, vai se transformando em mero modismo e produto de consumo esotrico. Devemos entender esta forma de prtica solitria diferente da prtica apontada por Doreen, quando o que queria dizer era a prtica individualizada, partindo de uma iniciao e o prosseguimento individual de sua prtica sem envolvimentos com Covens que como ela apontou, esto cada vez mais voltados para sua estrutura organizacional e poltica. A rede mundial corrobora com a confuso e a falta de esclarecimento em torno da Wicca, transformando qualquer pessoa que se vista de preto e ostente um pentagrama no pescoo em um wiccan ou bruxo como tambm pode ser chamado o praticante da Wicca. 13. Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religio - Por Fernando Martins Devemos deixar claro aqui, que a Bruxaria algo maior, mais amplo. Que bruxos, todos podem vir a se transformar ou se descobrir, mas que no necessariamente, todo bruxo seja um wiccan, embora, todo wiccan seja um bruxo. A seguir alguns conceitos gerais que podem variar de grupos ou Tradies mas que podem ser considerados bsicos na Wicca em geral.Conceitos da Wicca Vamos agora ao invs de focar na parte histria, dar nfase doutrina e ritualstica da Wicca em geral. Percebam que a descrio dos conceitos e questionamentos que seguem so voltados para aspectos comuns em toda Tradio ou Senda na Wicca e apresentado da forma mais simples possvel para facilitar o entendimento. As Tradies O termo Tradio indica a forma particular de um determinado grupo praticar a Wicca. Cada Tradio tem seu panteo de divindades, suas formas alegricas particulares, sua prpria doutrina. Embora existam procedimentos bsicos, que visto em qualquer Tradio, existe uma liberdade de adaptao e variaes dentro de uma mesma Tradio. O termo surgiu aps Gardner ter trazido a bruxaria luz, quando muitos bruxos e bruxas surgiram, se dizendo bruxos por hereditariedade, sendo iniciados antes da apario de Gardner, At mesmo sacerdotisas iniciadas por Gardner, como Rae Bone, dizia ser uma bruxa hereditria, iniciada antes de conhecer Gardner, em um Coven conhecido como Cumbria Group. Mas o mais famoso foi Robert Cochrane. Cochrane, cujo nome verdadeiro era Roy Bowers, tido como o criador do termo Tradio para distinguir as vrias formas de prtica da Wicca. No livro Witchcraft: A Tradition Renewed escrito por Evan John Jones e Doreen Valiente, descrito a tradio derivada de Robert Cochrane que se chamava Clan of Tubal-Cain, tambm conhecida como The Royal Windsor Curvee, ou pelo nome mais famoso, Tradio 1734. Cochrane faleceu em 1966 devido a uma overdose. Aps sua morte, seus Covens se dispersaram dando origem a Tradio The Regency, atuante at hoje. Na dcada de 60, um novo nome surge na Wicca: Alex Sanders. Um personagem controvertido, criticado por muitos, querido por outros tantos, Alex Sanders foi certamente um revolucionrio. Sem nunca ter sido iniciado em Covens Gardnerianos, Sanders criou sua prpria Tradio. 14. Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religio - Por Fernando Martins Dizendo-se neto de uma bruxa, Sanders baseado nos ensinamentos da av aliado a elementos encontrados no Livro das Sombras de Gardner (como ele teve acesso ao Livro at hoje ningum sabe e ningum nunca saber) concebeu uma nova corrente dentro da Wicca, que veio a chamar-se Tradio Alexandrina. Ao contrrio de Gardner, um homem circunspeto e avesso mdia, Sanders era dado s luzes do palco e das cmeras da TV. Rapidamente ganhou notoriedade, se auto intitulando Rei dos Bruxos. Sua ento chamada Tradio foi divulgada e decantada aos quatro ventos o que o colocou no mesmo patamar da criao de Gardner. Alex Sanders faleceu em 1988 e sua Tradio hoje uma das mais difundidas no mundo, juntamente com outra Tradio posteriormente criada, a Algard, que une a Tradio de Alex Sander a de Gardner (AL + GARD). Temos como conhecidos praticantes desta Tradio, o casal Janet e Stewart (j falecido) Farrar, irlandeses, autores de importantes livros, que inseriram muito da cultura cltica nos seus ritos. Aconselhamos inclusive aos leitores a procurarem os livros do casal Farrar, so eles muito ligados Doreen Valiente, embora sejam muito voltados para o ambiente geogrfico deles. Nos EUA, a Wicca chegou trazida por Raymond Buckland, um iniciado em Covens Gardnerianos, que criou em terras americanas a Seax-Wicca ou Tradio Saxnica, 10 anos depois de iniciado nos Covens de Gardner. Buckland o autor do livro The Tree, The Complete Book of Saxon Witchcraft, livro onde expe toda a ritualstica e os processos de fundao de um Coven bem como de iniciao na Tradio Saxonica. Este livro est para a Tradio Saxonica como o Livro das Sombras est para a Tradio Gardneriana. Buckland trouxe a religio neopag em um momento de intensa efervescncia poltico-social na terra do Tio Sam. A identificao tica-esttica da Wicca com os movimentos pacifistas, ecolgicos e principalmente, feministas foi imediata. Na dcada de 70, nascia no Texas, fundada por Morgan McFarland, mais uma Tradio, a Old Dianic, onde a Deusa era representada pela deusa romana, Diana, a caadora. Feministas mais radicais criaram uma dissidncia onde os Covens eram formados apenas por mulheres. Praticantes com forte admirao pelas prticas xamnicas e com tendncia ecolgicas tambm criaram sua Tradio, a Fairy Wicca ou Wicca das Fadas, que tem como grandes expoentes, Victor e Cora Anderson, Gwydion Penderwyn e Starhawk parte do grande nmero de Tradies existentes, importante saber, que uma caracterstica da Wicca exatamente esta liberdade ritualstica, onde o que est em jogo no como desenvolvemos nossos rituais, mas sim, que os realizamos com a clara inteno de interagir com as foras energticas da natureza. Os Pantees - A Deusa e o Deus A Wicca visa sempre o equilbrio. Este equilbrio conseguido atravs da unio dos princpios feminino e masculino. Temos dentro de ns estes dois lados. Temos como base da Wicca esta crena. 15. Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religio - Por Fernando Martins Este equilbrio na Wicca simbolizado pela figura da Deusa e do Deus, o Casal Divino. So eles tudo a nossa volta e ns mesmos. No costumamos dizer: acreditamos na Deusa, pois o conceito difere de outros conceitos em relao s religies monotestas. Estas oram a um Deus, que existe para eles e os observa e supre ou pune. Para ns na Wicca, no h o que se falar de acreditar ou no na Deusa, uma vez que ela tudo, a brisa, o pssaro que voa na brisa, a alegria deste voar, o cu acima e a terra abaixo. Ela a flor e o perfume desta. Ela nosso encanto e espanto. Ela a natureza e ns, que desta natureza fazemos parte. Por isto no acreditamos na Deusa, e sim vivemos a Deusa. Em nossos rituais, evocamos estas duas foras atravs de divindades cujo nome variam conforme o objetivo do ritual e do Panteo utilizado pelo Crculo ou Coven. Panteo o nome do conjunto de divindades pertencentes a uma determinada mitologia. O panteo egpcio, o panteo celta, o panteo grego, o panteo romano, etc. Tradicionalmente, nos rituais so evocadas divindades de origem celta. Mas nada impede, que por conta de uma predileo ou mesmo um conhecimento mais aprofundado, o praticante utilize outros Pantees. Os mitos so sempre associados a algum fenmeno ou momento da natureza ou a algum fenmeno (psquico, emocional, material, fsico) ou momento da vida dos seres humanos. Conhecer os mitos das mais variadas culturas interessante para o praticante da Wicca, por conta da amplitude de viso a respeito do ser humano e do mundo que a compreenso e o exerccio da associao destes mitos proporciona. A cada ritual, uma divindade associada evocada. Quando em um trabalho mgico, determinadas foras so evocadas atravs de especfica divindade. Enfim... quando dizemos que a Deusa tem muitas faces, exatamente por ela ser a Unidade das vrias divindades, das vrias deusas existentes, ou seja, dos vrios momentos, fenmenos, circunstncias, sentimentos e emoes humanas. A Roda do Ano - Os Sabs e os EsbsA Roda do Ano o ponto mximo na prtica ritualstica da Wicca. a Roda um conjunto de perodos e datas associadas aos cultos dos antigos pagos ou a adorao mgica de antigas bruxas que so revividos pelos wiccans em dois momentos distintos que chamamos de Sabs e Esbs. Os Sabs Em nmero de oito, os Sabs so perodos em que os neopagos relembram antigos festivais pagos que buscavam agradecer ou desejar uma boa colheita, evocar a fora fecunda das Deusas para uma boa fertilizao da terra, ou mesmo, venerar seus mortos na virada do ano pago. O ciclo do ano pago est associado ao ciclo da natureza, em sua dinmica de nascer, crescer, reproduzir e morrer. 16. Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religio - Por Fernando Martins A este ciclo da natureza fazemos na Wicca, analogia com a alegoria da histria de amor, de vida e morte, da Deusa e do Deus, o Casal Divino. O nascimento, o desenvolvimento, o crescimento e maturidade do Deus. Seu enlace amoroso com a Deusa. A semente deixada em seu ventre anunciando um novo nascimento aps a partida do Deus para a morte, retratado nas comemoraes dos Sabs. Esta alegoria embora se associe a velhos ritos pagos, foi construda por Gardner pinando ritos de vrias culturas distintas. Nenhuma cultura pag antiga celebrava os oitos Sabs. Os oitos Sabs se dividem em dois grupos: os Sabs maiores e os Sabs menores. Esta diviso reporta exatamente ao comentado no pargrafo acima, a respeito de Gardner ter concebido uma Roda do Ano com oito festivais. Os Sabs maiores so festivais da cultura Celta, sendo os dois mais importantes, Beltane e Samhain e os outros dois Imbolg e Lughnasad. Os Sabs menores so os dois solstcios e os dois equincios. Sendo os solstcios chamados Litha (solstcio de vero) e Yule (solstcio de inverno). So os solstcios festivais da cultura Saxnica. Como nos diz Margareth Murray, "...os celtas no tinham orientao solar. Os saxes aps o declnio do Imprio Romano encontraram-se e interagiram com a tradio celta trazendo os solstcios, quanto aos equincios, nunca foram observados na Bretanha." Vemos que segundo pesquisa de Margareth Murray, os equincios no eram observados na Bretanha, ou seja, podemos supor que estes dois outros Sabs, os equincios, foram introduzidos na Roda do Ano por Gardner, sendo que existem pesquisas atuais que levam a crer que antigas culturas teutnicas observavam estes momentos, mas nada ainda de objetivo foi apresentado. So os equincios as entradas da primavera (Ostara) e do outono (Mabon). Uma grande controvrsia persiste e persistir por muito tempo entre os neopagos do hemisfrio sul e do hemisfrio norte em relao comemorao dos Sabs. A controvrsia surge por conta dos Sabs terem sua origem em festivais dos antigos pagos do hemisfrio norte. Como ns estamos no hemisfrio sul, a Roda do Ano invertida. Quando l primavera, aqui estamos entrando no outono. Quando l se comemora Beltane, aqui comemoramos Samhain, quando aqui Litha, l Yule. Existem nesta polmica, dois lados. Os que apiam a celebrao mantendo as datas do hemisfrio norte e os que apiam a celebrao invertendo a Roda. Nos inclumos neste segundo grupo, por entendermos que a partir do momento que a celebrao de um Sab acima de tudo, e est uma das bases da doutrina, um momento de interao entre o wiccan e a natureza que o cerca, no faz sentido para ns, comemorarmos a entrada do vero na entrada do inverno, mesmo as estaes no sendo to bem definidas por aqui como o por l. Para o primeiro grupo, o que importa seria a sintonia entre os neopagos do sul com os do norte, mantendo assim a consistncia da Egrgora. Egrgora seria uma camada energtica, que permeia todo o universo e que composta pela energia lanada pelos neopagos em seus rituais (mas frente falaremos sobre este gesto que vem a ser chamado de elevao do cone). 17. Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religio - Por Fernando Martins Polmicas parte, apresentaremos a seguir, as datas tanto no hemisfrio norte quanto no sul dos oito Sabs, com um pequeno comentrio sobre a associao alegrica da celebrao com a relao do Casal Divino. Deixamos claro que estas datas tm pequenas variaes uma vez que em sua origem no eram datas fixas e sim perodos e os praticantes sempre comemoram em dias prximos conforme sua convenincia. QUADRO DEMONSTRATIVO Os Esbs 18. Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religio - Por Fernando Martins s noites de lua cheia ns chamamos de Esbs. o aspecto lunar da Wicca. Seu lado ldico, mgico, associado ao poder. O poder da lua das bruxas. Embora os Sabs sejam de suma importncia por rememorar os ciclos da colheita dos antigos pagos e o fim/incio do ano pago, o Esb um momento de beleza e pureza da religio. uma data sempre atual e eterna. No se comemora um perodo ou algo antigo como no Sab, mas sim, um dia, uma data presente, um momento que influencia as nossas vidas. Na noite de Esb, ns vemos a lua no cu. No rememoramos atravs de rituais simblicos como nos Sabs, mas sim, a vivncia imediata, no momento presente. A lua no est em algum lugar do passado, est ali, acima de ns. O espao e tempo interagindo. Interagimos com a lua iluminada, visvel em toda a sua plenitude, emanando toda a sua fora energtica. O ano pago seguia o roteiro dos Esbs, sendo 13 luas ao longo do ano. O ciclo lunar observado na Wicca, tambm em seus outros trs aspectos: o crescente, o minguante e a lua negra.A Prtica na Wicca A prtica da Wicca envolve o trilhar dos Mistrios. Devemos entender Mistrios aqui no como segredos, mas como algo que vai alm da leitura racional comumente usada pelo homem. Falamos da leitura sensorial e mgica do mundo. Leitura esta que nos faz entrar em contato diferenciado com este e outros planos da realidade que nos cercam. pura magia esta interao e vai transformando nossas vidas em algo mgico. Para um wiccan as coisas sempre acontecem, basta-o pensar e mentalizar. Esta imerso acontece a partir do momento que comeamos a desenvolver nossas capacidades psquicas e intuitivas. Estas capacidades so denominadas na Wicca "Dons da Deusa", por estarem associadas ao aspecto feminino, assim como, a conscincia e as faculdades lgico-lineares, so denominadas "Dons do Deus". Como em tudo na Wicca, estes Dons buscam um no outro a complementaridade. atravs da nossa capacidade consciente, lgico-linear (Dom do Deus) que poderemos organizar e dar forma a subjetividade psquico-intuitiva (Dom da Deusa) e promover realizaes concretas neste plano sobre esta leitura sensorial e mgica que falamos na Jornada que oferecemos para quem quiser conhecer nossa Senda, chamada Tradio Filosfica. 19. Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religio - Por Fernando Martins Auto Dedicao Quando o leitor, aps um longo perodo de estudos tericos sobre a doutrina, um bom embasamento sobre assuntos gerais que gravitam em torno da Wicca, como hermetismo e ocultismo, conexes da Wicca com outras religies, etc, e principalmente, quando a sensibilidade necessria para ver a vida com os olhos da Magia percebida pelo seu esprito, est na hora de iniciar seu perodo de auto dedicao. este perodo o primeiro compromisso com a Arte. Treze luas se passaro e ao longo delas, o leitor observar cada Esb e cada Sab, ver sua vida progredir sob a Luz da Wicca, aprender mais e mais, desenvolver o que chamamos de Dons, at que ao fim deste perodo seu esprito lhe dir, se chegada a hora ou no da iniciao nos Caminhos. Este momento de inicio de auto dedicao deve ser marcado com um belo ritual. Este ritual poder ser solitrio ou conduzido por um iniciado. Iniciao e Auto Iniciao Muito se fala da validade da chamada auto iniciao na Wicca. O termo Iniciao penso ter sido introduzido na Wicca por conta do histrico de Gardner envolvido com escolas iniciticas, foi ele maon e iniciado na OTO como j vimos. No entanto, embora existam dentro da Wicca, Tradies de carter inicitico, ou seja, com regras especificas para que os interessados iniciem-se como membros e participem de seus Covens, possvel se trilhar caminhos solitrios, aps a iniciao formal. Alm do que, sacerdotes todos somos pois a prtica da Wicca sacerdcio e cada um carrega o seu em si. A grande maioria dos praticantes praticante solitrio. Sendo que por muitas vezes, formam o que chamamos de Crculos, grupo de praticantes solitrios que se agrupam para celebrar juntos os seus rituais, sem terem uma sociedade hierarquizada. Crculos estes que consideramos que seja o futuro da prtica da Wicca, bem ao modo como na citao anterior Doreen Valiente. Busquemos na etimologia, um outro reforo para nosso embasamento. Nos diz Paulo Urban, mdico psiquiatra, terapeuta junguiano e criador da terapia do encantamento: "Esclarecedora a traduao latina: myin = initiare; myesis = initiato; em portugus: iniciar e iniciao. Como diz o nome, iniciao a senda de todo aquele que deseja retirar-se da vida profana para iniciar-se no saber sagrado. Os mistrios, antes de tudo, constituem um caminho de renascimento, regrados pelo secreto sentido da vida. Acha-se implcito aqui o tema da morte simblica, principal etapa a ser vencida por todo candidato que se proponha a renascer na luz espiritual". Morrer simbolicamente e renascer para os Mistrios da Arte, estes so os pontos chaves. O aprender a 20. Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religio - Por Fernando Martins passar de um plano ao outro, em uma passagem que no se d atravs de palavras e sim sensaes, exercitando nossa percepo para que subjetivamente comuniquemo-nos com este plano que pura vibrao, energia e que faz parte (nada sobrenatural) do mundo que nos cerca. Urban nos diz mais a respeito dos processos de Iniciao: "Toda iniciao, enfim, constitui um processo marcante, por meio do qual o iniciado, tambm chamado de nefito, pode vivenciar experincias transcendentais e alcanar melhor compreenso dos segredos da natureza e da prpria condio humana". Explicando o termo nefito, Urban se reporta a sua origem grega que designa "o que foi plantado h pouco" (neo = novo + phits = planta), aquilo que recentemente fecundado na alma. Pois atravs da alma, do esprito, da abertura psquica, que podemos adentrar aos Mistrios e assim iniciarmo-nos na Arte. Ora, s a prpria pessoa pode saber o que passa em seu interior. S a prpria pessoa pode perceber se o seu esprito encontra-se preparado para adentrar este novo mundo. Entra a a questo da chamada auto-iniciao. O leitor embora necessite de algum junto a ele, guiando-o, orientando-o, mostrando-lhe os caminhos que deve seguir na busca do conhecimento, o nico que sentir a hora certa para assumir o compromisso com a Arte. Nos diz Crowley: Quando o discpulo est preparado, o mestre aparece. Infelizmente, as Sendas da Wicca na maioria das vezes so compostas geralmente por elementos advindos de ordens esotricas, escolas hermticas, enfim, organizaes na qual a iniciao d-se atravs de conhecimentos especficos relacionados a estudos dos mais diversos assuntos. Conforme seu desenvolvimento e sua performance junto ao grupo de estudos, os leitores destas Ordens seguem galgando graus iniciticos. Por isto esta polmica em relao auto iniciao. A Wicca uma forma de expresso de religiosidade e no uma organizao secreta. Sua base a bruxaria e nada mais desprendido de regras do que um Coven de bruxas. Por isto afirmo e peo ao leitor que pense nisto. A auto-iniciao valida na medida em que, mesmo acompanhado de algum experiente na Arte guiando a cerimnia de iniciao, ao leitor que coube dizer: estou preparado. Esta afirmao tem de vir de dentro, do esprito. Repetindo as palavras de Don Juan de Mattus: "se queres saber se este o caminho correto, veja se nele existe um corao". o que temos a dizer ao leitor. Escute sempre o seu corao. A Tradio Filosfica 21. Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religio - Por Fernando Martins A Tradio Filosfica uma Senda dentro das muitas Sendas existentes na Wicca. O que a torna uma Senda na Wicca ter sido desenvolvida e criada por pessoas que tem ligao direta com a linhagem de Gardner e Alex Sander e que na sua Iniciao, receberam o poder que vinha sendo transmitido a partir deles. O meu caso particular, conheci ainda criana a Wicca, quando atravs de uma revista na dcada de 70 e que tenho comigo at hoje, li pela primeira vez o nome Wica, assim mesmo, com um C somente. Creio ter sido a primeira vez que esta palavra foi escrita em uma publicao brasileira. Alguns anos depois, j aos 16 anos, conheci efetivamente um wiccan e atravs dela passei a participar de uma comunidade que existia no bairro de Santssimo no Rio de Janeiro. Aps 3 anos de convvio e j com 19 anos fui Iniciado, j em uma Senda adaptada da Tradio de Gardner mas que preservava sua linhagem, pois a sacerdotisa que me iniciou foi iniciada por um homem que foi por sua vez iniciado por Patrcia Crowther, ainda viva e esta, por Gardner. Por isto que costumo dizer ter sido Iniciado em quinto nome. Bem, a nossa Senda tem suas caractersticas particulares mas mantm a base wiccan de celebraes bem como os passes e formas de trabalhos mgicos. Como disse anteriormente, quem quiser conhecer um pouco da Tradio Filosfica, a nica Tradio brasileira e uma das duas Tradies sul americanas a ser comentada no site oficial da Pagan Federation International Coordenao Amrica do Sul, basta escrever para mim em [email protected] . Meu site fica em http://ww.wiccanweb.cjb.net Os site oficial da Pagan Federation fica em http://www.paganfederation.org Atravs destes site voc poder acessar os demais sites das Coordenaes. Hoje estamos espalhados nos cinco continentes e em mais de 25 pases. Sendo a nica Federao Pag do mundo a ter coordenao nos 5 continentes. Consideraes Finais Esperamos que o que foi apresentado aqui tenha fornecido a voc de maneira didtica, linear e coerente, um embasamento terico que vai ajuda-lo a traar diretrizes para desenvolver tambm de forma linear e coerente o aprofundamento em cada tpico apresentado. Finalizamos dizendo: no tema as mudanas, as transformaes. Como nos diz Richard Bach: "O que para a lagarta chama-se morte, para a natureza chama-se borboleta". Abenoados Sejam e Estejam. 22. Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religio - Por Fernando MartinsFernando NOTA:(*) Fernando Martins (foto esquerda), Alto Sacerdote da Antiga Religio, reorganizada no mundo moderno com o nome de Wicca, consultor em RH e terapeuta, organizador Local para o Rio de Janeiro da Pagan Federation International. Fernando dedica-se Wicca desde os 16 anos de idade e foi especialmente convidado pela Ordem de Maat para escrever o artigo aqui apresentado. Na apresentao em Flash ao alto deste trabalho Fernando Martins aparece junto a um Mini-Altar da Antiga Religio.Giant tsunami strikes Asia, death toll tops 289,000 - Your support is needed!! [ TOP ] [ INDEX ] [ HOLY RULE ] [ HOME ] [ LATINO PORTAL ] R+CRosicrucian Top Links 23. Ordo Summum Bonum - Wicca, a Antiga Religio - Por Fernando MartinsRosacruz: clique e adicione o seu site