randolph frederich rodrigues alves§ão-popular... · 1 day ago · com base do painel de compras...
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EXCELENTÍSSIMO JUÍZO FEDERAL DA __ VARA FEDERAL CÍVEL DA SEÇÃO
JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL
RANDOLPH FREDERICH RODRIGUES ALVES, brasileiro, divorciado, Senador da
República, inscrito no CPF sob o nº 431.879.432-68, Título de Eleitor nº 001331132526 Zona
2ª, Seção 56ª, com domicílio em Brasília-DF, no Anexo I, 9º andar, Senado Federal, Praça dos
Três Poderes vem, por seu advogado infra-assinado, com endereço profissional sito ao Palácio
do Congresso Nacional, Senado Federal, Anexo I, 9º pavimento, local que indica para receber
as intimações e notificações de praxe, vêm, respeitosamente, perante a Vossa Excelência, com
fulcro no art. 5.º, inciso LXXIII, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, e
na Lei n.º 4.717/65, propor a presente
AÇÃO POPULAR
(com pedido de liminar inaudita altera pars)
Em face da UNIÃO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público, representada em juízo
pela Advocacia-Geral da União, com endereço no Setor de Autarquias Sul - Quadra 3 - Lote
5/6, Ed. Multi Brasil Corporate - Brasília-DF - CEP 70.070-030 - Fones: (61) 2026-9202 /
2026-9712, em virtude de ato/omissão pelo desperdício dos escassos recursos públicos com
compras de produtos alimentícios perecíveis de duvidosa utilidade à Administração Pública
Federal, pelos fatos e fundamentos que passa a expor.
1. BREVE SÍNTESE DOS FATOS
Com efeito, fomos surpreendidos no início dessa semana com a notícia de que o
Governo Federal gastou mais de R$ 1,8 bilhão de reais com compras aparentemente
injustificáveis e avessas à verdadeira finalidade pública. Para que não restem dúvidas, veja-se
a íntegra da reportagem que primeiramente noticiou o fato : 1
Disponível em: . Acesso em 26/1/2021.
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https://www.metropoles.com/brasil/mais-de-r-18-bilhao-em-compras-carrinho-do-governo-federal-tem-de-sagu-a-chicleteshttps://www.metropoles.com/brasil/mais-de-r-18-bilhao-em-compras-carrinho-do-governo-federal-tem-de-sagu-a-chicletes
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Mais de R$ 1,8 bilhão em compras: “carrinho” do governo federal tem de sagu a chicletes O valor representa aumento de 20% em relação a 2019. Só em goma de mascar, a conta custou R$ 2.203.681, 89 aos cofres públicos
Na polêmica disputa “com ou sem uva-passa“, o Executivo federal, ao que parece, tem um lado bem definido. Em 2020, os órgãos sob comando do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) gastaram pouco mais de R$ 5 milhões na compra da fruta desidratada. O gasto (e o gosto) com o produto, questionável para alguns, não é nem 1% do valor total pago na compra de supermercado do governo.
Levantamento do (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, com base do Painel de Compras atualizado pelo Ministério da Economia, mostra que, no último ano, todos os órgãos do executivo pagaram, juntos, mais de R$ 1,8 bilhão em alimentos – um aumento de 20% em relação a 2019. Para a reportagem, foram considerados apenas os itens que somaram mais de R$ 1 milhão pagos.
Além do tradicional arroz, feijão, carne, batata frita e salada, no “carrinho” estiveram incluídos biscoitos, sorvete, massa de pastel, leite condensado – que associado ao pão forma uma das comidas favoritas do presidente – , geleia de mocotó, picolé, pão de queijo, pizza, vinho, bombom, chantilly, sagu e até chiclete.
Os valores chamam a atenção. Só em goma de mascar, foram R$ 2.203.681, 89 aos cofres públicos. Sem contar a compra de molho shoyo, molho inglês e molho de pimenta que, juntos, somam mais de R$ 14 milhões do montante pago. Pizza e refrigerante também fizeram parte do cardápio do ano. Débito de R$ 32,7 milhões dos cofres da União.
Os frutos do mar não ficaram de fora das refeições (R$ 6,1 milhões) e muito menos peixes – in natura e conserva – (R$ 35,5 milhões), bacon defumado (R$ 7,1 milhões) e embutidos (R$ 45,2 milhões). Para as sobremesas, muito açúcar: sorvete, picolé, fruta em calda, doce em tablete, cristalizado, para cobertura, granulado ou confeitado. Ao gosto do cliente, por R$ 123,2 milhões.
Maiores pagantes Para alguns órgãos, a conta custou mais e o cardápio foi bem mais variado. A maior parte das compras e o montante mais alto é ligado ao Ministério da Defesa. Foram mais de R$ 632 milhões com alimentação. A compra de vinhos, por exemplo, que somou R$ 2.512.073,59, foi quase toda bancada por eles.
O Ministério da Educação fica como o segundo maior pagante do governo – pelo menos R$ 60 milhões. O Ministério da Justiça gastou bem menos, mas é o terceiro lugar entre os órgãos, com despesas que superam R$ 2 milhões. A maior parte foi para a Fundação Nacional do Índio (Funai), que, entre os itens comprados teve milho de pipoca, leite condensado e até sagu. Procuradas, as pastas não responderam até o fechamento da reportagem.
Segundo o Ministério da Economia, a maior parte desse tipo de despesa está no Ministério da Defesa “porque se refere à alimentação das tropas das forças armadas em serviço”, disse a pasta, em nota. “Toda despesa efetuada pela Administração Pública Federal está dentro do orçamento”, continuou.
O professor Francisco Antônio Coelho Junior, do Departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em gestão pública, ressaltou, no entanto, que é preciso entender e questionar o real interesse do executivo na compra desses alimentos. “Um dos princípios da administração pública é a questão da eficiência, e um dos critérios de eficiência é a economicidade. Considerando o real
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interesse, é necessário pensar essencialmente que estamos em um ano de pandemia. É preciso entender quais os reais interesses, ressaltando que a moralidade e legalidade são também princípios essenciais da administração”, disse.
Outro lado De acordo com nota das Forças Armadas, o órgão tem a responsabilidade de promover a saúde do seu efetivo – composto de 370 mil pessoas – por meio de uma dieta balanceada diária. O texto argumenta ainda que, de acordo com o Estatuto dos Militares, Lei nº 6.880/80, a alimentação é direito assegurado ao militar, assim como as refeições fornecidas aos funcionários em atividade.
“Pelos motivos citados acima, é compreensível que parcela considerável de despesas com gêneros alimentícios da União se dê no âmbito deste Ministério. A administração militar deve esforçar-se para assegurar a excelência da alimentação militar, quer nas Organizações Militares de Terra, quer nos navios, em tempo de paz e de guerra”, diz a nota
Ainda segundo o texto, durante 2020, ao contrário de muitas organizações, o Ministério da Defesa (MD) e as Forças Armadas mantiveram em andamento suas atividades.
“Uma vez que a defesa do país e a segurança das fronteiras marítima, terrestre e aérea, bem como o treinamento e o preparo, são obviamente essenciais e não podem ser interrompidas. Na realidade, a atual pandemia intensificou ainda mais as ações envolvendo o MD e as Forças Armadas. A Operação Covid-19, de combate à pandemia, envolveu diariamente mais de 34 mil militares, operando em todo o território nacional. A Operação Verde Brasil 2, de combate aos crimes ambientais na Amazônia, por outro lado, envolveu grande esforço de coordenação, de segurança e de logística, para apoio às agências ambientais, em uma área que representa metade do território nacional. Tudo isso envolveu enorme esforço deste Ministério e das Forças Armadas”, diz a nota.
Leia o restante do texto completo:
Com disponibilidade permanente e dedicação exclusiva, os militares realizam atividades inerentes à profissão militar e que possuem exigências físicas específicas em diferentes áreas de atuação e nas mais diferentes regiões do território nacional. Assim, cumprem ações que requerem, em grande parte, atividades físicas ou jornadas de até 24 horas em escalas de serviço, demandando energia e propriedades nutricionais que devem ser atendidas para a manutenção da eficiência operacional e administrativa com a disponibilização de uma dieta adequada.
O Ministério da Defesa fornece diariamente alimentação para militares e servidores civis que permaneceram com atividades essenciais ao cumprimento de sua missão institucional, mesmo durante a pandemia, por meio de suas Unidades Gestoras. A aquisição de alimentos variados e conforme a disponibilidade de mercado, leva em consideração, naturalmente, que o fornecimento de uma dieta inadequada tem potencial de deixar de conduzir o homem a um estado nutricional saudável para a realização de suas atividades laborais.
O MD informa ainda que para fins de esclarecimento, existem processos de licitação em fase inicial de compra tipo Registro de Preços, que se trata de um edital para pregão, sem, contudo, haver sido consumada a compra dos itens discriminados. Nesta modalidade, a administração pública não está obrigada a firmar as contratações dos itens listados no pregão e o licitante fica obrigado a fornecer o material registrado durante o período de doze meses. Portanto, as quantidades elencadas não representam necessariamente a eventual aquisição e são estimativas para o período de
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um ano. Além disso, os preços constantes do chamamento público são valores de referência compatíveis com o mercado.
Por fim, as Unidades Gestoras obedecem aos requisitos previstos na Lei n 8.666, de 21 Jun 1993 – Lei de licitações e contratos.
Detalhes específicos sobre contratações estão disponíveis em transparência ativa na plataforma eletrônica do site www.comprasnet.gov.br (grifos acrescidos)
Sabendo-se que os itens que compõem a cesta básica brasileira são carne, leite, feijão, 2
arroz, farinha, batata, tomate, pão, café, banana, açúcar, óleo e manteiga, é injustificável o
gasto de quase R$ 15 milhões com achocolatado, mais de R$ 4 milhões com amendoim
torrado, quase R$ 13 milhões com azeitona, mais de R$ 7 milhões de bacon defumado, mais
de R$ 13 milhões com barra de cereal, R$ 9 milhões com bebida láctea, quase R$ 9 milhões
com bombom, R$ 2 milhões com chiclete, quase R$ 11 milhões com cogumelo, R$ 20
milhões com doce, mais de R$ 7 milhões com geleia, mais de R$ 10 milhões com massa de
lasanha e pastel, mais de R$ 3 milhões com shoyo, quase R$ 3 milhões com picles em
conserva, mais de R$ 1 milhão com pizza, mais de R$ 6 milhões com pó de pudim, mais de
R$ 30 milhões com refrigerante, mais de R$ 15 milhões com requeijão, mais de R$ 2 milhões
com sagu, quase R$ 14 milhões com sorvete e mais de R$ 2 milhões com vinho.
O colunista Leonardo Sakamoto exemplificou bem o que representam esses gastos na
reprodução da famigerada desigualdade social brasileira:
A cereja do bolo, ou o seu recheio, foram os R$ 15,6 milhões consumidos na forma de leite condensado - produto que Jair Bolsonaro gosta de passar no pão no Palácio do Alvorada.
Enquanto isso, milhões de brasileiros deixaram de lado esses itens ao fazer as contas no caixa do supermercado por conta do aumento nos preços do arroz, do feijão, do óleo de soja. No ano passado, a inflação para os mais pobres foi de 6,22% enquanto a que atingiu os mais ricos ficou em 2,74%, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Como justificativa para os gastos, o Poder Executivo afirmou que precisa sustentar uma tropa, literalmente, apontando que o maior gasto nessa área foi das Forças Armadas. Os valores precisam ser investigados. Até porque a reportagem mostra que ao consumir R$ 1,8 bilhão em alimentos, o governo gastou 20% a mais do que em 2019 - como referência, o IPCA de 2019 foi de 4,31%. É esperado que governos comprem alimentos para
Disponível em: . Acesso 2em 26/1/2021.
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https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quais-produtos-compoem-a-cesta-basica/http://www.comprasnet.gov.br
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militares, estudantes, servidores, convidados, mas que também cuidem bem da coisa pública. 3
Para que não se perca o valor de perspectiva, seria possível construir cerca de 180
hospitais de campanha para atendimento à população, tão carente em momentos de 4
pandemia. Seria também possível pagar mais “uma parcela” de R$ 600,00 (seiscentos reais) a
título de auxílio emergencial a cerca de 3 milhões de famílias, que certamente precisam mais
do que nunca de qualquer assistência do Estado para exercerem o seu mais basilar direito
fundamental de simplesmente sobreviver com o mínimo de dignidade.
Não podem os gestores do Executivo Federal entender que os agentes públicos são
mais cidadãos do que boa parte da população brasileira, que vive, no máximo, nos limites da
cesta básica. O dinheiro público vem justamente dos tributos, em essência (dada a
regressividade do sistema tributário), da classe mais baixa da população. Tais atos são uma
verdadeira ofensa aos princípios que devem reger a atuação administrativa, quais sejam:
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Assim, urge a necessidade de manifestação do Poder Judiciário frente à comprovada
má-utilização do dinheiro público, configurando evidente patrimonialismo por parte daqueles
que deveriam prezar pelo interesse comum.
2. REQUISITOS FORMAIS
2.1 DA LEGITIMIDADE ATIVA
A Constituição estabelece em seu artigo 5º, LXXIII, que:
“qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;”
A Lei nº 4.717, de 1965, que regula a ação popular, define que:
Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito
Disponível em: . Acesso em 26/1/2021.
Disponível em: . Acesso em 26/1/2021.
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https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2020/04/08/ao-custo-de-r-10-milhoes-1o-hospital-de-campanha-do-governo-federal-comeca-a-ser-erguido-e-goias-e-tera-200-leitos.ghtmlhttps://g1.globo.com/go/goias/noticia/2020/04/08/ao-custo-de-r-10-milhoes-1o-hospital-de-campanha-do-governo-federal-comeca-a-ser-erguido-e-goias-e-tera-200-leitos.ghtmlhttps://noticias.uol.com.br/colunas/leonardo-sakamoto/2021/01/26/auxilio-emergencial-nao-tem-mas-sobra-leite-condensado-na-gestao-bolsonaro.htmhttps://noticias.uol.com.br/colunas/leonardo-sakamoto/2021/01/26/auxilio-emergencial-nao-tem-mas-sobra-leite-condensado-na-gestao-bolsonaro.htmhttps://noticias.uol.com.br/colunas/leonardo-sakamoto/2021/01/26/auxilio-emergencial-nao-tem-mas-sobra-leite-condensado-na-gestao-bolsonaro.htm
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Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos.
O autor é brasileiros e eleitor, no uso e gozo de seus direitos civis e políticos, apto,
portanto, à propositura da ação popular, nos termos da legislação vigente).
2.2 DA LEGITIMIDADE PASSIVA
O ato questionado é a má-utilização do dinheiro público da União para a
desnecessária aquisição de alimentos perecíveis absolutamente fora do escopo do
princípio da finalidade pública, tendo em vista a grande quantidade de itens supérfluos
e os vultosos gastos despendidos.
Portanto, conforme o artigo 6º da Lei nº 4.717, de 1965, a União é parte legitimada
passiva para a presente ação:
Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.
2.3 DO CABIMENTO DA AÇÃO POPULAR
A ação popular é instrumento que possui natureza constitutiva-condenatória, devendo
ser apresentada quando houver ato ilegal e lesivo a qualquer um dos bens ou valores citados
no inciso LXXIII do art. 5º da Constituição Federal. Nesse sentido, consequentemente, a ação
tem por finalidade condenar os responsáveis e os beneficiários diretos ao ressarcimento dos
danos correspondentes.
No presente caso, o ato questionado viola à moralidade administrativa, sendo
claramente ilegal e lesivo ao patrimônio público, haja vista que houve enorme gasto de
dinheiro público, que é escasso, por sinal, com compras de produtos alimentícios de duvidosa
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utilidade à Administração Pública, ofendendo diretamente os princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, que deve nortear todos os atos da
Administração Pública. Nesse sentido, a comprovação do binômio ilegalidade-lesividade se
faz presente para a procedência da presente Ação Popular, que visa à consequente condenação
dos responsáveis ao ressarcimento ao erário em face do prejuízo atestado.
3. DO MÉRITO
3.1. DA VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA MORALIDADE
No presente caso, aliado ao prejuízo ao erário, temos que o princípio da moralidade
está sendo severamente afetado, mormente na época em que estamos todos a discutir o
combate à corrupção e a boa aplicação dos escassos recursos públicos, vemos a União, por
meio de seus órgãos subordinados, gastar mais de R$ 1,8 bilhão de reais, com boa parte das
compras como aparentemente injustificáveis.
Em primeiro lugar, quando da edição da Lei da Ação Popular (1965), ainda não havia
efetiva preocupação com a moralidade administrativa. Não obstante, a Constituição Federal
de 1988, ao eleger a moralidade como um dos princípios basilares da Administração Pública,
também ampliou o objeto de abrangência da ação popular. Veja-se:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”.
A preocupação com a moralidade ganhou tanta ênfase – talvez justamente pelo
doloroso processo de impeachment presidencial vivido no final 1992 –, que a Emenda
Constitucional de Revisão nº 4, de 1994, ampliou ainda mais seu âmbito de proteção, ao
acrescer a sua necessária observância para o exercício de mandato eletivo. Veja-se:
“Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: (...) § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência
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do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta”.
Ao se comparar a redação revisada com aquela originalmente prevista pelo legislador
constituinte, vê-se claramente que o constituinte revisional se preocupou com a probidade
administrativa e com a moralidade para o exercício do mandato, inclusive com análise da vida
pregressa do candidato.
Passados 25 anos da emenda constitucional, o cenário brasileiro não parece ter
mudado: numerosos escândalos de corrupção assolam os jornais diariamente nas mais
variadas esferas federativas; recentemente passamos por outro doloroso processo de
impeachment presidencial; ex-presidentes e congressistas do mais alto relevo presos; enfim,
os exemplos são infindáveis.
Contudo, mesmo com a exigência de exposição dos gastos no Portal da Transparência,
gestores públicos parecem não se importar com o uso de dinheiro público para compras que
ofendem a moralidade administrativa, com compras de alimentos e bebidas que, de forma
alguma, atendem o interesse público, mas, sim, o privado, violando frontalmente o princípio
constitucional da moralidade e impessoalidade.
3.2. DA ILEGALIDADE DO OBJETO E DO DESVIO DE FINALIDADE
De acordo com o art. 5º, LXXIII, da Constituição, e o art. 1º da Lei nº 4.717/95, a ação
popular é o meio constitucional adequado para que qualquer cidadão possa evitar a prática ou
pleitear a invalidação de atos administrativos ilegais e lesivos ao patrimônio público, à
moralidade pública e a outros bens jurídicos indicados no texto constitucional.
Ao dispor sobre a nulidade dos atos lesivos ao patrimônio das entidades públicas
nominadas no art. 1º, da Lei nº 4.717/65, o art. 2º da referida Lei assim estabelece:
Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: a) incompetência; b) vício de forma; c) ilegalidade do objeto; d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade. Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas: a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou; b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato;
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c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo; d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido; e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência.
Na presente hipótese, é possível vislumbrar ao menos dois vícios extremamente
graves. Mesmo que se trate de alimentação de tropas, gastos milionários, por exemplo, com
vinhos, goma de mascar e surpreendentes R$ 15 milhões com leite condensado, apenas a
título de exemplo, não se coadunam com o princípio da finalidade que deve conduzir atos da
Administração Pública.
Há uma peculiaridade com uma das empresas que possui contratos com o governo e
foi exposta nesse escândalo. A Saúde & Vida Comercial de Alimentos (CNPJ
17.024.148/0001-69), pertence a mesma família da DFX Comércio e Importação (CNPJ
14.636.755/0001-91) e da Schuab Abreu Engenharia (CNPJ 21.937.441/0001-94) , ambas
receberam milhões do governo federal.
Tudo isso foi denunciado por vários veículos de comunicação e transcrevemos abaixo
a bela reportagem investigativa feita pela Revista Crusoé:
Empresas ligadas a militar do Exército venderam R$ 45 milhões em produtos para o governo Três empresas pertencentes a uma mesma família — duas delas sediadas no mesmo endereço — mantêm contratos de 45 milhões de reais com o governo federal para fornecer diferentes produtos e serviços ao Exército. As firmas forneceram toneladas de alimentos e de uniformes e equipamentos de proteção a tropas. As empresas, visitadas por Crusoé, funcionam em pequenas salas comerciais de Brasília — uma delas não tem nem sequer placa de identificação (foto).
No centro desses negócios, autorizados em grande parte pelo Ministério da Defesa e pelo Comando do Exército, está Elvio Rosemberg da Silva Abreu Junior.
Ele aparece como dono da empresa DFX Comércio e Importação, que fornece uniformes e tecidos. Segundo o Portal da Transparência, a empresa recebeu 25 milhões de reais do governo federal. Em um boletim do Exército datado de 2009, o nome de Elvio Junior aparece em uma longa lista de tenentes promovidos na corporação. O Exército foi procurado por Crusoé, mas ainda não informou se ele continua na ativa.
Além de ter uma das empresas em seu nome, Elvio Junior é filho de Azenate Barreto Abreu, dona da Saúde & Vida Comercial de Alimentos, que já recebeu 12,5 milhões de reais do governo. A empresa fornece alimentos para as tropas, que vão desde feijão e carnes até leite condensado. Os números com os gastos gerais do governo com alimentos em 2020 foram revelados nesta terça-feira, 26, em reportagem publicada pelo portal Metrópoles.
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Vizinhos da firma afirmam que o lugar é frequentemente visitado por homens fardados.
Já a terceira empresa está registrada no nome de Cynthia Nascente Schuab Abreu, mulher de Elvio Junior. Ela figura como dona da Schuab Abreu Engenharia, que recebeu 7,1 milhões de reais do governo federal, também para fornecer produtos para o Exército. Na sede empresa, que é vizinha da DFX, da que o próprio Elvio Junior é sócio, um homem dava expediente nesta quarta. Ele disse ser responsável por receber materiais. Segundo o funcionário, a sala onde a Schaub está formalmente registradas serve apenas como depósito dos produtos da firma vizinha. No lugar havia caixas com a logomarca da DFX.
Crusoé tentou contato com Elvio, Cynthia e Azenate, mas eles não atenderam as ligações.
A empresa Saúde & Vida Comercial de Alimentos, que já recebeu 12,5 milhões de
reais em contratos e fornece alimentos como carne, feijão e até leite condensado para as
tropas, pertence a Azenate Barreto Abreu, casada com Elvio Rosemberg da Silva Abreu.
A DFX Comércio e Importação pertence a Elvio Rosemberg da Silva Abreu Junior,
filho de Azenate e Elvio. A empresa fornece uniformes e tecidos e segundo o Portal da
Transparência, a empresa recebeu 25 milhões de reais do governo federal. Em um boletim do
Exército datado de 2009, o nome de Elvio Junior aparece em uma longa lista de tenentes
promovidos na corporação.
A terceira empresa está registrada no nome de Cynthia Nascente Schuab Abreu,
mulher de Elvio Junior. Ela figura como dona da Schuab Abreu Engenharia, que recebeu 7,1
milhões de reais do governo federal, também para fornecer produtos para o Exército.
A DFX Comércio e Importação e a Schuab Abreu Engenharia estão sediadas no
mesmo endereço, em pequenas salas comerciais de Brasília — uma delas não tem nem sequer
placa de identificação. Segundo funcionário, a sala onde a Schaub está formalmente registrada
serve apenas como depósito dos produtos da firma vizinha.
O único possível motivo de todos os fatos presentes na ação é a continuidade da
arcaica cultura de patrimonialismo que ainda insiste em ser promovida por determinados
gestores públicos, que insistem em achar que determinados agentes públicos devem ser
destinatários de benesses às custas do dinheiro público. Isso acarreta a nulidade do ato lesivo
ao patrimônio público, o que, em consequência, gera o ônus de reparar o erário.
3.3 DO DESCUMPRIMENTO DO PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA
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O princípio da eficiência é uma inovação decorrente da promulgação da Emenda
Constitucional nº 19/98, que o acrescentou explicitamente ao art. 37, que trata dos princípios
constitucionais da Administração Pública.
A eficiência foi inserida como um dos princípios norteadores da Administração
Pública, impondo dever de eficiência ao gestor público, exigindo-lhe que realize suas
atividades produzindo resultados positivos que atendam às necessidades da população, e
sempre de forma econômica e dentro dos critérios legais e morais para a melhor utilização dos
recursos públicos.
A economicidade, prevista no art. 70 da Constituição Federal, exige dos agentes
públicos o dever de análise anterior em relação ao custo/benefício do ato administrativo. A
partir dos fatos narrados, não há dúvidas de que gastos executados com itens supérfluos e não
essenciais, como nos casos das dezenas de milhões de reais gastos com vinhos, bombons,
chicletes e leite condensado, principalmente em um momento de grave crise financeira e
social vivenciada pelo Brasil em razão da pandemia pela Covid-19, é uma verdadeira ofensa a
esse importante princípio.
3.4. DA VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
Justamente no dia em que ganhou repercussão nacional, a reportagem que revelou os 5
gastos de R$ 1,8 Bilhão com alimentos em 2020, o Portal da Transparência, site de acesso
livre, no qual o cidadão pode encontrar informações sobre como o dinheiro público é
utilizado, inexplicavelmente, ficou indisponível para toda a população brasileira, entre entre
a noite de terça-feira, 26 de janeiro de 2021, e a manhã de quarta-feira, 27 de janeiro de 2021.
Trata-se de fortes indícios de atos de improbidade administrativa, conforme art. 11 da
da Lei nº 8.429/1992,
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
https://www.metropoles.com/brasil/mais-de-r-18-bilhao-em-compras-carrinho-do-governo-federal-tem-de-5sagu-a-chicletes
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https://www.metropoles.com/brasil/mais-de-r-18-bilhao-em-compras-carrinho-do-governo-federal-tem-de-sagu-a-chicleteshttps://www.metropoles.com/brasil/mais-de-r-18-bilhao-em-compras-carrinho-do-governo-federal-tem-de-sagu-a-chicletes
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I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência;
[...]
IV - negar publicidade aos atos oficiais;
Em manifestação, o Governo Federal afirmou no dia 27/01/2021 que a Secretaria de 6
Gestão do Ministério da Economia identificou “aparente incongruência nos gastos decorrentes
de falhas técnico-operacionais no preenchimento dos formulários e no tagueamento das
despesas” e ordenou que os técnicos realizasse mudanças para “aumentar a transparência."
Não há razão que justifique restrição de acesso a dados que são legalmente públicos e
de direito de acessados de todo e qualquer cidadão, em qualquer horário do dia ou da noite.
Estranhamente, apenas o Portal da Transparência ficou indisponível, enquanto as demais
páginas do Poder Executivo funcionaram normalmente, mais um forte indício de interrupção
intencional de apenas um sítio eletrônico. Fica claro que o princípio da publicidade foi
frontalmente desrespeitado
3.5. DA NECESSIDADE DE RESSARCIMENTO AO ERÁRIO
Nesse contexto, a presente ação popular possui pedido imediato de natureza
desconstitutivo e condenatório, porquanto objetiva, precipuamente, a declaração de nulidade
do ato ilegal e lesivo e a condenação dos responsáveis e beneficiários diretos ao
ressarcimento.
Tem-se, dessa forma, como imprescindível a comprovação do binômio ilegalidade-
lesividade, como pressuposto elementar para a procedência da ação popular e a consequente
condenação da União, por meio de seus ordenadores de despesa, a ressarcimento ao erário em
face dos prejuízos. A ilegalidade está plenamente demonstrada, por outro lado, a lesividade
deve ser quantificada no momento da execução, pois depende de avaliação, conforme
explicita o art. 14 da Lei nº 4.717/1965.
https://www.metropoles.com/brasil/governo-fala-em-erros-de-dados-oficiais-do-portal-de-compras-e-ordena-6mudancas
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No entanto, fica claro que a conduta de desperdício de recursos públicos com
compras de produtos perecíveis de duvidosa utilidade para a Administração Pública se alinha
ao preceituado na Lei nº 8.429/1992, popularmente conhecida como Lei de Improbidade
Administrativa, violando os seguintes dispositivos:
Seção II
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;
[...]
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular;
Ou seja, as condutas descritas na presente ação estão absolutamente conectadas ao
disposto na legislação de improbidade administrativa. E uma das sanções para as hipóteses de
improbidade que causam prejuízo ao erário é justamente o ressarcimento integral do dano.
4. DA LIMINAR REQUERIDA – PRESENÇA DE FUMUS BONI IURIS E
PERICULUM IN MORA
A ação popular parece em um primeiro momento apenas uma medida corretiva, que
busca impugnar atos que efetivamente já tenham causado prejuízo ao erário, entretanto, o que
se verifica da leitura do § 4º do art. 5° da Lei 4.717/1965 é o claro caráter preventivo da ação
popular uma vez que tal dispositivo estabelece que “na defesa do patrimônio público caberá a
suspensão liminar do ato lesivo impugnado”.
Conforme se verifica é certo que há violação a determinações constitucionais e legais
no presente caso ao ferir-se os princípios da legalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
O fumus boni iuris pode ser facilmente depreendido dos argumentos já expostos nesta
inicial, na medida em que são demonstradas evidentes violações e ofensa aos princípios
basilares que devem reger a Administração Pública.
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Por outro lado, o periculum in mora decorre da provável continuidade na prática de
aquisição de alimentos perecíveis, muitos deles supérfluos, fora do escopo do princípio da
finalidade pública. O ato praticado no presente caso só foi descoberto pela publicação de
reportagem investigativa na imprensa, não havendo ainda por parte do governo federal uma
manifestação no sentido de se condenar a prática continuada de seus gestores. O que impedirá
que essa prática possa ser praticada, enquanto não houver julgamento definitivo sobre o
mérito da questão, é justamente a determinação firmada por este Juízo.
É oportuno destacar que a concessão de medida cautelar não demanda qualquer juízo
de certeza, mas mero juízo de plausibilidade, de aparência verossímil. Caso a União deixe
evidente que as razões aqui sindicadas são improcedentes, a liminar poderá, caso concedida,
ter seus efeitos revisados. Assim, restam demonstrados o periculum in mora e
o fumus boni juris.
Desta forma, não remanescem dúvidas quanto à existência da probabilidade do direito
e do perigo na demora, a demandar a tutela de urgência no sentido de determinar à UNIÃO
(Poder Executivo) que se abstenha de realizar compras de itens alimentícios supérfluos como
vinhos, chicletes, bombons e sorvetes e outros que o Poder Judiciário assim compreender.
5. DOS PEDIDOS
Diante de todo exposto, requer respeitosamente a V. Exa, como decorrência do poder
geral de cautela conferido ao douto Magistrado,
a) Que seja deferida a TUTELA DE URGÊNCIA inaudita altera pars, determinando à
UNIÃO (Poder Executivo) que se abstenha de realizar compras de itens alimentícios
supérfluos como vinhos, chicletes, bombons e sorvetes e outros que o Poder Judiciário
assim compreender, sob pena de multa a ser fixada ao prudente arbítrio de Vossa
Excelência, bem como caracterização de ato de improbidade administrativa pelos
responsáveis, à exceção do Presidente da República, submetido ao rito dos crimes de
responsabilidade;
b) Que seja deferida a TUTELA DE URGÊNCIA inaudita altera pars para oficiar o
Ministério Público Federal e o Tribunal de Contas da União para que instaurem os
respectivos procedimentos administrativos de apuração de legalidade e juridicidade
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das compras governamentais ora combatidas, inclusive com o manejo de ações de
ressarcimento ao erário e ações de improbidade administrativa;
c) A citação da UNIÃO (Poder Executivo) para, querendo, oferecer resposta e, conforme
exigência do art. 334, § 5º do CPC/2015, manifesta desde logo NÃO haver interesse
na realização de audiência de conciliação;
d) A intimação do Ministério Público Federal para atuar na qualidade de fiscal do direito
(custos juris), nos termos do art. 7º, inciso 1, alínea a, da Lei n. 4.717/1965. e para
apuração de eventuais crimes;
e) A intimação do Tribunal de Contas da União para que, considerando necessário,
realize a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da
União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade e economicidade dos gastos relacionados ao objeto da presente Ação
Popular, conforme art. 70 da Constituição Federal;
f) Que, no julgamento do mérito, confirme a tutela de urgência e julgue totalmente
procedente a presente ação para determinar o ressarcimento, por parte dos gestores
públicos da União ordenadores das despesas, em virtude de ato/omissão pelas
compras, com recursos públicos, de produtos alimentícios fora dos princípios
norteadores dos atos da Administração Pública.
g) A condenação da Ré aos ônus da sucumbência, nos termos do art. 12 da Lei nº 4.717,
de 1965.
Protesta pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em especial,
documental suplementar, testemunhal, pericial e depoimentos pessoais dos representantes
legais da ré.
Atribui-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais), somente para efeitos de alçada,
rito processual e fiscais, considerando-se o seu valor inestimável seja ele material e/ou ético,
além de versar sobre moralidade administrativa.
Termos em que pedem o deferimento.
Brasília-DF, 29 de janeiro de 2021.
RUBEN BEMERGUY
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OAB/AP nº 192
Sumário de documentos
DOC 1 – documento de identificação - Randolph Frederich Rodrigues Alves
DOC 2 – certidão de quitação eleitoral - Randolph Frederich Rodrigues Alves
DOC 3 – procuração - Randolph Frederich Rodrigues Alves
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EXCELENTÍSSIMO JUÍZO FEDERAL DA __ VARA FEDERAL CÍVEL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALRANDOLPH FREDERICH RODRIGUES ALVES, brasileiro, divorciado, Senador da República, inscrito no CPF sob o nº 431.879.432-68, Título de Eleitor nº 001331132526 Zona 2ª, Seção 56ª, com domicílio em Brasília-DF, no Anexo I, 9º andar, Senado Federal, Praça dos Três Poderes vem, por seu advogado infra-assinado, com endereço profissional sito ao Palácio do Congresso Nacional, Senado Federal, Anexo I, 9º pavimento, local que indica para receber as intimações e notificações de praxe, vêm, respeitosamente, perante a Vossa Excelência, com fulcro no art. 5.º, inciso LXXIII, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, e na Lei n.º 4.717/65, propor a presenteAÇÃO POPULAR(com pedido de liminar inaudita altera pars)Em face da UNIÃO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público, representada em juízo pela Advocacia-Geral da União, com endereço no Setor de Autarquias Sul - Quadra 3 - Lote 5/6, Ed. Multi Brasil Corporate - Brasília-DF - CEP 70.070-030 - Fones: (61) 2026-9202 / 2026-9712, em virtude de ato/omissão pelo desperdício dos escassos recursos públicos com compras de produtos alimentícios perecíveis de duvidosa utilidade à Administração Pública Federal, pelos fatos e fundamentos que passa a expor.1. BREVE SÍNTESE DOS FATOSCom efeito, fomos surpreendidos no início dessa semana com a notícia de que o Governo Federal gastou mais de R$ 1,8 bilhão de reais com compras aparentemente injustificáveis e avessas à verdadeira finalidade pública. Para que não restem dúvidas, veja-se a íntegra da reportagem que primeiramente noticiou o fato:Mais de R$ 1,8 bilhão em compras: “carrinho” do governo federal tem de sagu a chicletesO valor representa aumento de 20% em relação a 2019. Só em goma de mascar, a conta custou R$ 2.203.681, 89 aos cofres públicosNa polêmica disputa “com ou sem uva-passa“, o Executivo federal, ao que parece, tem um lado bem definido. Em 2020, os órgãos sob comando do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) gastaram pouco mais de R$ 5 milhões na compra da fruta desidratada. O gasto (e o gosto) com o produto, questionável para alguns, não é nem 1% do valor total pago na compra de supermercado do governo.Levantamento do (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, com base do Painel de Compras atualizado pelo Ministério da Economia, mostra que, no último ano, todos os órgãos do executivo pagaram, juntos, mais de R$ 1,8 bilhão em alimentos – um aumento de 20% em relação a 2019. Para a reportagem, foram considerados apenas os itens que somaram mais de R$ 1 milhão pagos.Além do tradicional arroz, feijão, carne, batata frita e salada, no “carrinho” estiveram incluídos biscoitos, sorvete, massa de pastel, leite condensado – que associado ao pão forma uma das comidas favoritas do presidente – , geleia de mocotó, picolé, pão de queijo, pizza, vinho, bombom, chantilly, sagu e até chiclete.Os valores chamam a atenção. Só em goma de mascar, foram R$ 2.203.681, 89 aos cofres públicos. Sem contar a compra de molho shoyo, molho inglês e molho de pimenta que, juntos, somam mais de R$ 14 milhões do montante pago. Pizza e refrigerante também fizeram parte do cardápio do ano. Débito de R$ 32,7 milhões dos cofres da União.Os frutos do mar não ficaram de fora das refeições (R$ 6,1 milhões) e muito menos peixes – in natura e conserva – (R$ 35,5 milhões), bacon defumado (R$ 7,1 milhões) e embutidos (R$ 45,2 milhões). Para as sobremesas, muito açúcar: sorvete, picolé, fruta em calda, doce em tablete, cristalizado, para cobertura, granulado ou confeitado. Ao gosto do cliente, por R$ 123,2 milhões.Maiores pagantesPara alguns órgãos, a conta custou mais e o cardápio foi bem mais variado. A maior parte das compras e o montante mais alto é ligado ao Ministério da Defesa. Foram mais de R$ 632 milhões com alimentação. A compra de vinhos, por exemplo, que somou R$ 2.512.073,59, foi quase toda bancada por eles.O Ministério da Educação fica como o segundo maior pagante do governo – pelo menos R$ 60 milhões. O Ministério da Justiça gastou bem menos, mas é o terceiro lugar entre os órgãos, com despesas que superam R$ 2 milhões. A maior parte foi para a Fundação Nacional do Índio (Funai), que, entre os itens comprados teve milho de pipoca, leite condensado e até sagu. Procuradas, as pastas não responderam até o fechamento da reportagem.Segundo o Ministério da Economia, a maior parte desse tipo de despesa está no Ministério da Defesa “porque se refere à alimentação das tropas das forças armadas em serviço”, disse a pasta, em nota. “Toda despesa efetuada pela Administração Pública Federal está dentro do orçamento”, continuou.O professor Francisco Antônio Coelho Junior, do Departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em gestão pública, ressaltou, no entanto, que é preciso entender e questionar o real interesse do executivo na compra desses alimentos. “Um dos princípios da administração pública é a questão da eficiência, e um dos critérios de eficiência é a economicidade. Considerando o real interesse, é necessário pensar essencialmente que estamos em um ano de pandemia. É preciso entender quais os reais interesses, ressaltando que a moralidade e legalidade são também princípios essenciais da administração”, disse.Outro ladoDe acordo com nota das Forças Armadas, o órgão tem a responsabilidade de promover a saúde do seu efetivo – composto de 370 mil pessoas – por meio de uma dieta balanceada diária. O texto argumenta ainda que, de acordo com o Estatuto dos Militares, Lei nº 6.880/80, a alimentação é direito assegurado ao militar, assim como as refeições fornecidas aos funcionários em atividade.“Pelos motivos citados acima, é compreensível que parcela considerável de despesas com gêneros alimentícios da União se dê no âmbito deste Ministério. A administração militar deve esforçar-se para assegurar a excelência da alimentação militar, quer nas Organizações Militares de Terra, quer nos navios, em tempo de paz e de guerra”, diz a notaAinda segundo o texto, durante 2020, ao contrário de muitas organizações, o Ministério da Defesa (MD) e as Forças Armadas mantiveram em andamento suas atividades.“Uma vez que a defesa do país e a segurança das fronteiras marítima, terrestre e aérea, bem como o treinamento e o preparo, são obviamente essenciais e não podem ser interrompidas. Na realidade, a atual pandemia intensificou ainda mais as ações envolvendo o MD e as Forças Armadas. A Operação Covid-19, de combate à pandemia, envolveu diariamente mais de 34 mil militares, operando em todo o território nacional. A Operação Verde Brasil 2, de combate aos crimes ambientais na Amazônia, por outro lado, envolveu grande esforço de coordenação, de segurança e de logística, para apoio às agências ambientais, em uma área que representa metade do território nacional. Tudo isso envolveu enorme esforço deste Ministério e das Forças Armadas”, diz a nota.Leia o restante do texto completo:Com disponibilidade permanente e dedicação exclusiva, os militares realizam atividades inerentes à profissão militar e que possuem exigências físicas específicas em diferentes áreas de atuação e nas mais diferentes regiões do território nacional. Assim, cumprem ações que requerem, em grande parte, atividades físicas ou jornadas de até 24 horas em escalas de serviço, demandando energia e propriedades nutricionais que devem ser atendidas para a manutenção da eficiência operacional e administrativa com a disponibilização de uma dieta adequada.O Ministério da Defesa fornece diariamente alimentação para militares e servidores civis que permaneceram com atividades essenciais ao cumprimento de sua missão institucional, mesmo durante a pandemia, por meio de suas Unidades Gestoras. A aquisição de alimentos variados e conforme a disponibilidade de mercado, leva em consideração, naturalmente, que o fornecimento de uma dieta inadequada tem potencial de deixar de conduzir o homem a um estado nutricional saudável para a realização de suas atividades laborais.O MD informa ainda que para fins de esclarecimento, existem processos de licitação em fase inicial de compra tipo Registro de Preços, que se trata de um edital para pregão, sem, contudo, haver sido consumada a compra dos itens discriminados. Nesta modalidade, a administração pública não está obrigada a firmar as contratações dos itens listados no pregão e o licitante fica obrigado a fornecer o material registrado durante o período de doze meses. Portanto, as quantidades elencadas não representam necessariamente a eventual aquisição e são estimativas para o período de um ano. Além disso, os preços constantes do chamamento público são valores de referência compatíveis com o mercado.Por fim, as Unidades Gestoras obedecem aos requisitos previstos na Lei n 8.666, de 21 Jun 1993 – Lei de licitações e contratos.Detalhes específicos sobre contratações estão disponíveis em transparência ativa na plataforma eletrônica do site www.comprasnet.gov.br(grifos acrescidos)Sabendo-se que os itens que compõem a cesta básica brasileira são carne, leite, feijão, arroz, farinha, batata, tomate, pão, café, banana, açúcar, óleo e manteiga, é injustificável o gasto de quase R$ 15 milhões com achocolatado, mais de R$ 4 milhões com amendoim torrado, quase R$ 13 milhões com azeitona, mais de R$ 7 milhões de bacon defumado, mais de R$ 13 milhões com barra de cereal, R$ 9 milhões com bebida láctea, quase R$ 9 milhões com bombom, R$ 2 milhões com chiclete, quase R$ 11 milhões com cogumelo, R$ 20 milhões com doce, mais de R$ 7 milhões com geleia, mais de R$ 10 milhões com massa de lasanha e pastel, mais de R$ 3 milhões com shoyo, quase R$ 3 milhões com picles em conserva, mais de R$ 1 milhão com pizza, mais de R$ 6 milhões com pó de pudim, mais de R$ 30 milhões com refrigerante, mais de R$ 15 milhões com requeijão, mais de R$ 2 milhões com sagu, quase R$ 14 milhões com sorvete e mais de R$ 2 milhões com vinho.O colunista Leonardo Sakamoto exemplificou bem o que representam esses gastos na reprodução da famigerada desigualdade social brasileira:A cereja do bolo, ou o seu recheio, foram os R$ 15,6 milhões consumidos na forma de leite condensado - produto que Jair Bolsonaro gosta de passar no pão no Palácio do Alvorada.Enquanto isso, milhões de brasileiros deixaram de lado esses itens ao fazer as contas no caixa do supermercado por conta do aumento nos preços do arroz, do feijão, do óleo de soja. No ano passado, a inflação para os mais pobres foi de 6,22% enquanto a que atingiu os mais ricos ficou em 2,74%, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).Como justificativa para os gastos, o Poder Executivo afirmou que precisa sustentar uma tropa, literalmente, apontando que o maior gasto nessa área foi das Forças Armadas. Os valores precisam ser investigados. Até porque a reportagem mostra que ao consumir R$ 1,8 bilhão em alimentos, o governo gastou 20% a mais do que em 2019 - como referência, o IPCA de 2019 foi de 4,31%. É esperado que governos comprem alimentos para militares, estudantes, servidores, convidados, mas que também cuidem bem da coisa pública.Para que não se perca o valor de perspectiva, seria possível construir cerca de 180 hospitais de campanha para atendimento à população, tão carente em momentos de pandemia. Seria também possível pagar mais “uma parcela” de R$ 600,00 (seiscentos reais) a título de auxílio emergencial a cerca de 3 milhões de famílias, que certamente precisam mais do que nunca de qualquer assistência do Estado para exercerem o seu mais basilar direito fundamental de simplesmente sobreviver com o mínimo de dignidade.Não podem os gestores do Executivo Federal entender que os agentes públicos são mais cidadãos do que boa parte da população brasileira, que vive, no máximo, nos limites da cesta básica. O dinheiro público vem justamente dos tributos, em essência (dada a regressividade do sistema tributário), da classe mais baixa da população. Tais atos são uma verdadeira ofensa aos princípios que devem reger a atuação administrativa, quais sejam: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.Assim, urge a necessidade de manifestação do Poder Judiciário frente à comprovada má-utilização do dinheiro público, configurando evidente patrimonialismo por parte daqueles que deveriam prezar pelo interesse comum.2. REQUISITOS FORMAIS2.1 DA LEGITIMIDADE ATIVAA Constituição estabelece em seu artigo 5º, LXXIII, que:“qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;”A Lei nº 4.717, de 1965, que regula a ação popular, define que:Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos.O autor é brasileiros e eleitor, no uso e gozo de seus direitos civis e políticos, apto, portanto, à propositura da ação popular, nos termos da legislação vigente).2.2 DA LEGITIMIDADE PASSIVAO ato questionado é a má-utilização do dinheiro público da União para a desnecessária aquisição de alimentos perecíveis absolutamente fora do escopo do princípio da finalidade pública, tendo em vista a grande quantidade de itens supérfluos e os vultosos gastos despendidos.Portanto, conforme o artigo 6º da Lei nº 4.717, de 1965, a União é parte legitimada passiva para a presente ação:Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.2.3 DO CABIMENTO DA AÇÃO POPULARA ação popular é instrumento que possui natureza constitutiva-condenatória, devendo ser apresentada quando houver ato ilegal e lesivo a qualquer um dos bens ou valores citados no inciso LXXIII do art. 5º da Constituição Federal. Nesse sentido, consequentemente, a ação tem por finalidade condenar os responsáveis e os beneficiários diretos ao ressarcimento dos danos correspondentes.No presente caso, o ato questionado viola à moralidade administrativa, sendo claramente ilegal e lesivo ao patrimônio público, haja vista que houve enorme gasto de dinheiro público, que é escasso, por sinal, com compras de produtos alimentícios de duvidosa utilidade à Administração Pública, ofendendo diretamente os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, que deve nortear todos os atos da Administração Pública. Nesse sentido, a comprovação do binômio ilegalidade-lesividade se faz presente para a procedência da presente Ação Popular, que visa à consequente condenação dos responsáveis ao ressarcimento ao erário em face do prejuízo atestado.3. DO MÉRITO3.1. DA VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA MORALIDADENo presente caso, aliado ao prejuízo ao erário, temos que o princípio da moralidade está sendo severamente afetado, mormente na época em que estamos todos a discutir o combate à corrupção e a boa aplicação dos escassos recursos públicos, vemos a União, por meio de seus órgãos subordinados, gastar mais de R$ 1,8 bilhão de reais, com boa parte das compras como aparentemente injustificáveis.Em primeiro lugar, quando da edição da Lei da Ação Popular (1965), ainda não havia efetiva preocupação com a moralidade administrativa. Não obstante, a Constituição Federal de 1988, ao eleger a moralidade como um dos princípios basilares da Administração Pública, também ampliou o objeto de abrangência da ação popular. Veja-se:“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”.A preocupação com a moralidade ganhou tanta ênfase – talvez justamente pelo doloroso processo de impeachment presidencial vivido no final 1992 –, que a Emenda Constitucional de Revisão nº 4, de 1994, ampliou ainda mais seu âmbito de proteção, ao acrescer a sua necessária observância para o exercício de mandato eletivo. Veja-se:“Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: (...)§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta”.Ao se comparar a redação revisada com aquela originalmente prevista pelo legislador constituinte, vê-se claramente que o constituinte revisional se preocupou com a probidade administrativa e com a moralidade para o exercício do mandato, inclusive com análise da vida pregressa do candidato.Passados 25 anos da emenda constitucional, o cenário brasileiro não parece ter mudado: numerosos escândalos de corrupção assolam os jornais diariamente nas mais variadas esferas federativas; recentemente passamos por outro doloroso processo de impeachment presidencial; ex-presidentes e congressistas do mais alto relevo presos; enfim, os exemplos são infindáveis.Contudo, mesmo com a exigência de exposição dos gastos no Portal da Transparência, gestores públicos parecem não se importar com o uso de dinheiro público para compras que ofendem a moralidade administrativa, com compras de alimentos e bebidas que, de forma alguma, atendem o interesse público, mas, sim, o privado, violando frontalmente o princípio constitucional da moralidade e impessoalidade.3.2. DA ILEGALIDADE DO OBJETO E DO DESVIO DE FINALIDADEDe acordo com o art. 5º, LXXIII, da Constituição, e o art. 1º da Lei nº 4.717/95, a ação popular é o meio constitucional adequado para que qualquer cidadão possa evitar a prática ou pleitear a invalidação de atos administrativos ilegais e lesivos ao patrimônio público, à moralidade pública e a outros bens jurídicos indicados no texto constitucional.Ao dispor sobre a nulidade dos atos lesivos ao patrimônio das entidades públicas nominadas no art. 1º, da Lei nº 4.717/65, o art. 2º da referida Lei assim estabelece:Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de:a) incompetência;b) vício de forma;c) ilegalidade do objeto;d) inexistência dos motivos;e) desvio de finalidade.Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas:a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou;b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato;c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo;d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido;e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência.Na presente hipótese, é possível vislumbrar ao menos dois vícios extremamente graves. Mesmo que se trate de alimentação de tropas, gastos milionários, por exemplo, com vinhos, goma de mascar e surpreendentes R$ 15 milhões com leite condensado, apenas a título de exemplo, não se coadunam com o princípio da finalidade que deve conduzir atos da Administração Pública.Há uma peculiaridade com uma das empresas que possui contratos com o governo e foi exposta nesse escândalo. A Saúde & Vida Comercial de Alimentos (CNPJ 17.024.148/0001-69), pertence a mesma família da DFX Comércio e Importação (CNPJ 14.636.755/0001-91) e da Schuab Abreu Engenharia (CNPJ 21.937.441/0001-94) , ambas receberam milhões do governo federal.Tudo isso foi denunciado por vários veículos de comunicação e transcrevemos abaixo a bela reportagem investigativa feita pela Revista Crusoé:Empresas ligadas a militar do Exército venderam R$ 45 milhões em produtos para o governoTrês empresas pertencentes a uma mesma família — duas delas sediadas no mesmo endereço — mantêm contratos de 45 milhões de reais com o governo federal para fornecer diferentes produtos e serviços ao Exército. As firmas forneceram toneladas de alimentos e de uniformes e equipamentos de proteção a tropas. As empresas, visitadas por Crusoé, funcionam em pequenas salas comerciais de Brasília — uma delas não tem nem sequer placa de identificação (foto).No centro desses negócios, autorizados em grande parte pelo Ministério da Defesa e pelo Comando do Exército, está Elvio Rosemberg da Silva Abreu Junior.Ele aparece como dono da empresa DFX Comércio e Importação, que fornece uniformes e tecidos. Segundo o Portal da Transparência, a empresa recebeu 25 milhões de reais do governo federal. Em um boletim do Exército datado de 2009, o nome de Elvio Junior aparece em uma longa lista de tenentes promovidos na corporação. O Exército foi procurado por Crusoé, mas ainda não informou se ele continua na ativa.Além de ter uma das empresas em seu nome, Elvio Junior é filho de Azenate Barreto Abreu, dona da Saúde & Vida Comercial de Alimentos, que já recebeu 12,5 milhões de reais do governo. A empresa fornece alimentos para as tropas, que vão desde feijão e carnes até leite condensado. Os números com os gastos gerais do governo com alimentos em 2020 foram revelados nesta terça-feira, 26, em reportagem publicada pelo portal Metrópoles. Vizinhos da firma afirmam que o lugar é frequentemente visitado por homens fardados.Já a terceira empresa está registrada no nome de Cynthia Nascente Schuab Abreu, mulher de Elvio Junior. Ela figura como dona da Schuab Abreu Engenharia, que recebeu 7,1 milhões de reais do governo federal, também para fornecer produtos para o Exército. Na sede empresa, que é vizinha da DFX, da que o próprio Elvio Junior é sócio, um homem dava expediente nesta quarta. Ele disse ser responsável por receber materiais. Segundo o funcionário, a sala onde a Schaub está formalmente registradas serve apenas como depósito dos produtos da firma vizinha. No lugar havia caixas com a logomarca da DFX.Crusoé tentou contato com Elvio, Cynthia e Azenate, mas eles não atenderam as ligações.A empresa Saúde & Vida Comercial de Alimentos, que já recebeu 12,5 milhões de reais em contratos e fornece alimentos como carne, feijão e até leite condensado para as tropas, pertence a Azenate Barreto Abreu, casada com Elvio Rosemberg da Silva Abreu.A DFX Comércio e Importação pertence a Elvio Rosemberg da Silva Abreu Junior, filho de Azenate e Elvio. A empresa fornece uniformes e tecidos e segundo o Portal da Transparência, a empresa recebeu 25 milhões de reais do governo federal. Em um boletim do Exército datado de 2009, o nome de Elvio Junior aparece em uma longa lista de tenentes promovidos na corporação.A terceira empresa está registrada no nome de Cynthia Nascente Schuab Abreu, mulher de Elvio Junior. Ela figura como dona da Schuab Abreu Engenharia, que recebeu 7,1 milhões de reais do governo federal, também para fornecer produtos para o Exército.A DFX Comércio e Importação e a Schuab Abreu Engenharia estão sediadas no mesmo endereço, em pequenas salas comerciais de Brasília — uma delas não tem nem sequer placa de identificação. Segundo funcionário, a sala onde a Schaub está formalmente registrada serve apenas como depósito dos produtos da firma vizinha.O único possível motivo de todos os fatos presentes na ação é a continuidade da arcaica cultura de patrimonialismo que ainda insiste em ser promovida por determinados gestores públicos, que insistem em achar que determinados agentes públicos devem ser destinatários de benesses às custas do dinheiro público. Isso acarreta a nulidade do ato lesivo ao patrimônio público, o que, em consequência, gera o ônus de reparar o erário.3.3 DO DESCUMPRIMENTO DO PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIAO princípio da eficiência é uma inovação decorrente da promulgação da Emenda Constitucional nº 19/98, que o acrescentou explicitamente ao art. 37, que trata dos princípios constitucionais da Administração Pública.A eficiência foi inserida como um dos princípios norteadores da Administração Pública, impondo dever de eficiência ao gestor público, exigindo-lhe que realize suas atividades produzindo resultados positivos que atendam às necessidades da população, e sempre de forma econômica e dentro dos critérios legais e morais para a melhor utilização dos recursos públicos.A economicidade, prevista no art. 70 da Constituição Federal, exige dos agentes públicos o dever de análise anterior em relação ao custo/benefício do ato administrativo. A partir dos fatos narrados, não há dúvidas de que gastos executados com itens supérfluos e não essenciais, como nos casos das dezenas de milhões de reais gastos com vinhos, bombons, chicletes e leite condensado, principalmente em um momento de grave crise financeira e social vivenciada pelo Brasil em razão da pandemia pela Covid-19, é uma verdadeira ofensa a esse importante princípio.3.4. DA VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADEJustamente no dia em que ganhou repercussão nacional, a reportagem que revelou os gastos de R$ 1,8 Bilhão com alimentos em 2020, o Portal da Transparência, site de acesso livre, no qual o cidadão pode encontrar informações sobre como o dinheiro público é utilizado, inexplicavelmente, ficou indisponível para toda a população brasileira, entre entre a noite de terça-feira, 26 de janeiro de 2021, e a manhã de quarta-feira, 27 de janeiro de 2021.Trata-se de fortes indícios de atos de improbidade administrativa, conforme art. 11 da da Lei nº 8.429/1992,Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência;[...]IV - negar publicidade aos atos oficiais;Em manifestação, o Governo Federal afirmou no dia 27/01/2021 que a Secretaria de Gestão do Ministério da Economia identificou “aparente incongruência nos gastos decorrentes de falhas técnico-operacionais no preenchimento dos formulários e no tagueamento das despesas” e ordenou que os técnicos realizasse mudanças para “aumentar a transparência."Não há razão que justifique restrição de acesso a dados que são legalmente públicos e de direito de acessados de todo e qualquer cidadão, em qualquer horário do dia ou da noite. Estranhamente, apenas o Portal da Transparência ficou indisponível, enquanto as demais páginas do Poder Executivo funcionaram normalmente, mais um forte indício de interrupção intencional de apenas um sítio eletrônico. Fica claro que o princípio da publicidade foi frontalmente desrespeitado3.5. DA NECESSIDADE DE RESSARCIMENTO AO ERÁRIONesse contexto, a presente ação popular possui pedido imediato de natureza desconstitutivo e condenatório, porquanto objetiva, precipuamente, a declaração de nulidade do ato ilegal e lesivo e a condenação dos responsáveis e beneficiários diretos ao ressarcimento.Tem-se, dessa forma, como imprescindível a comprovação do binômio ilegalidade-lesividade, como pressuposto elementar para a procedência da ação popular e a consequente condenação da União, por meio de seus ordenadores de despesa, a ressarcimento ao erário em face dos prejuízos. A ilegalidade está plenamente demonstrada, por outro lado, a lesividade deve ser quantificada no momento da execução, pois depende de avaliação, conforme explicita o art. 14 da Lei nº 4.717/1965.No entanto, fica claro que a conduta de desperdício de recursos públicos com compras de produtos perecíveis de duvidosa utilidade para a Administração Pública se alinha ao preceituado na Lei nº 8.429/1992, popularmente conhecida como Lei de Improbidade Administrativa, violando os seguintes dispositivos:Seção IIDos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao ErárioArt. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;[...]XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular;Ou seja, as condutas descritas na presente ação estão absolutamente conectadas ao disposto na legislação de improbidade administrativa. E uma das sanções para as hipóteses de improbidade que causam prejuízo ao erário é justamente o ressarcimento integral do dano.4. DA LIMINAR REQUERIDA – PRESENÇA DE FUMUS BONI IURIS E PERICULUM IN MORAA ação popular parece em um primeiro momento apenas uma medida corretiva, que busca impugnar atos que efetivamente já tenham causado prejuízo ao erário, entretanto, o que se verifica da leitura do § 4º do art. 5° da Lei 4.717/1965 é o claro caráter preventivo da ação popular uma vez que tal dispositivo estabelece que “na defesa do patrimônio público caberá a suspensão liminar do ato lesivo impugnado”.Conforme se verifica é certo que há violação a determinações constitucionais e legais no presente caso ao ferir-se os princípios da legalidade, moralidade, publicidade e eficiência.O fumus boni iuris pode ser facilmente depreendido dos argumentos já expostos nesta inicial, na medida em que são demonstradas evidentes violações e ofensa aos princípios basilares que devem reger a Administração Pública.Por outro lado, o periculum in mora decorre da provável continuidade na prática de aquisição de alimentos perecíveis, muitos deles supérfluos, fora do escopo do princípio da finalidade pública. O ato praticado no presente caso só foi descoberto pela publicação de reportagem investigativa na imprensa, não havendo ainda por parte do governo federal uma manifestação no sentido de se condenar a prática continuada de seus gestores. O que impedirá que essa prática possa ser praticada, enquanto não houver julgamento definitivo sobre o mérito da questão, é justamente a determinação firmada por este Juízo.É oportuno destacar que a concessão de medida cautelar não demanda qualquer juízo de certeza, mas mero juízo de plausibilidade, de aparência verossímil. Caso a União deixe evidente que as razões aqui sindicadas são improcedentes, a liminar poderá, caso concedida, ter seus efeitos revisados. Assim, restam demonstrados o periculum in mora e o fumus boni juris.Desta forma, não remanescem dúvidas quanto à existência da probabilidade do direito e do perigo na demora, a demandar a tutela de urgência no sentido de determinar à UNIÃO (Poder Executivo) que se abstenha de realizar compras de itens alimentícios supérfluos como vinhos, chicletes, bombons e sorvetes e outros que o Poder Judiciário assim compreender.5. DOS PEDIDOSDiante de todo exposto, requer respeitosamente a V. Exa, como decorrência do poder geral de cautela conferido ao douto Magistrado,Que seja deferida a TUTELA DE URGÊNCIA inaudita altera pars, determinando à UNIÃO (Poder Executivo) que se abstenha de realizar compras de itens alimentícios supérfluos como vinhos, chicletes, bombons e sorvetes e outros que o Poder Judiciário assim compreender, sob pena de multa a ser fixada ao prudente arbítrio de Vossa Excelência, bem como caracterização de ato de improbidade administrativa pelos responsáveis, à exceção do Presidente da República, submetido ao rito dos crimes de responsabilidade;Que seja deferida a TUTELA DE URGÊNCIA inaudita altera pars para oficiar o Ministério Público Federal e o Tribunal de Contas da União para que instaurem os respectivos procedimentos administrativos de apuração de legalidade e juridicidade das compras governamentais ora combatidas, inclusive com o manejo de ações de ressarcimento ao erário e ações de improbidade administrativa;A citação da UNIÃO (Poder Executivo) para, querendo, oferecer resposta e, conforme exigência do art. 334, § 5º do CPC/2015, manifesta desde logo NÃO haver interesse na realização de audiência de conciliação;A intimação do Ministério Público Federal para atuar na qualidade de fiscal do direito (custos juris), nos termos do art. 7º, inciso 1, alínea a, da Lei n. 4.717/1965. e para apuração de eventuais crimes;A intimação do Tribunal de Contas da União para que, considerando necessário, realize a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade e economicidade dos gastos relacionados ao objeto da presente Ação Popular, conforme art. 70 da Constituição Federal;Que, no julgamento do mérito, confirme a tutela de urgência e julgue totalmente procedente a presente ação para determinar o ressarcimento, por parte dos gestores públicos da União ordenadores das despesas, em virtude de ato/omissão pelas compras, com recursos públicos, de produtos alimentícios fora dos princípios norteadores dos atos da Administração Pública.A condenação da Ré aos ônus da sucumbência, nos termos do art. 12 da Lei nº 4.717, de 1965.Protesta pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em especial, documental suplementar, testemunhal, pericial e depoimentos pessoais dos representantes legais da ré.Atribui-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais), somente para efeitos de alçada, rito processual e fiscais, considerando-se o seu valor inestimável seja ele material e/ou ético, além de versar sobre moralidade administrativa.Termos em que pedem o deferimento.Brasília-DF, 29 de janeiro de 2021.RUBEN BEMERGUYOAB/AP nº 192Sumário de documentosDOC 1 – documento de identificação - Randolph Frederich Rodrigues AlvesDOC 2 – certidão de quitação eleitoral - Randolph Frederich Rodrigues AlvesDOC 3 – procuração - Randolph Frederich Rodrigues Alves