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    CURSO ADIANTADODE FILOSOFIA

    YOGUEdo

    Yogue Ramachraca

    **** Abas ****Escritor de mltiplos recursos no campo dos estudos orientais, apresenta-nos o YogueRamachraca este "Curso Adiantado de Filosofia Yogue", destinado a conduzir e orientar em seusestudos a todo aquele que deseja investigar os princpios dessa Filosofia, to antiga como sublime.

    O profundo pensamento filosfico dos Yogues aqui est condensado, com a habitual clarezado escritor, o que constitui notvel estimulo que impele o leitor a prosseguir neste estudo, comconfiana e alegria.

    Uma das principais virtudes do livro o carter, que encerra, de uma mensagem deesperana, para aprendermos a conquistar o nosso reino interno, principalmente agora que o homem

    j se precipita na conquista dos espaos siderais, antes de aprender a conquistar a si mesmo. . .(Cont. na outra dobra)

    Valioso material destinado ao desenvolvimento espiritual do estudante, so os excelentescomentrios s 21 Regras de "Luz no Caminho", o que constitui, logo de incio, magnfica atrao.A seguir, encontrar o estudante importante lio sobre a Conscincia Espiritual, qualRamachraca dedicou longas pginas, dada a sua real importncia, demonstrando que odesenvolvimento dessa Conscincia no depende de um processo automtico, mas sim de um

    processo calma e inteligentemente dirigido, pois a flor perfeita que "se abrir durante o silncioque segue a tormenta..."As lies que apresenta sobre Os Mantrams A Meditao Prtica de RelaxamentoMuscular Karma Yoga Gnani Yoga Bhakti Yoga O Enigma do Universo etc.,constituem saborosos frutos, que muito agradaro aos nossos caros leitores, proporcionando-lhes osmeios de aperfeioar a si prprios e servir de bom exemplo aos demais.**** fim das Abas ****

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    YOGUE RAMACHRACA

    CURSO ADIANTADODE

    FILOSOFIA YOGUEE

    OCULTISMO ORIENTAL

    Traduo deFRANCISCO WALDOMIRO LORENZ

    5. Edio

    EDITRA PENSAMENTOSO PAULO

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    COLEO YOGUECurso Adiantado de Filosofia Yogue

    Capa dePEDRO GAMBAROTTO

    NDICEPrefcioI Lio Um Pouco de Luz no CaminhoII " Mais Luz no CaminhoIII " Conscincia EspiritualIV " A Voz do SilncioV " Karma-YogaVI " Gnani-YogaVII " Bhakti-YogaVIII " DarmaIX " Continuao Sobre o Darma

    X " O Enigma do UniversoXI " Matria e ForaXII " Mente e Esprito

    PREFCIO

    O presente livro a continuao das QUATORZE LIES DE FILOSOFIA YOGUE eOCULTISMO ORIENTAL, e destinado queles que, tendo recebido as instrues elementares deocultismo, sentem em si uma sria atrao pelos estudos dos planos mentais superiores e pelas

    profundas verdades da cincia sagrada. Todos os aspirantes evoluo espiritual encontraro nestaslies utilssimos conselhos e explicaes dadas em estilo claro e fcil.

    O caminho do ocultista que quer chegar plenitude do saber e desenvolver os podereslatentes de sua alma, rduo; as trevas da ignorncia espiritual o encobrem vista do nefito, quefacilmente pode desviar-se, entrando em sendas falsas de egosmo e erros. Por isso, abre o autorestas lies com um comentrio do importantssimo livrinho de Mabel Collins, intitulado LUZ NOCAMINHO, para iluminar o entendimento e a conscincia dos que sobem pelos primeiros degrausda escada espiral da Realizao.

    O estudante advertido que, antes de tudo, deve purificar os seus pensamentos, vencer todasas inclinaes ms e egostas, e viver cheio de amor fraternal aos seus semelhantes. S assim seradmitido ao Templo do Saber e poder tomar-se um yogue perfeito, se perseverar na senda e

    continuar a prtica dos entreinamentos prescritos, para o que encontra as necessrias explicaes eindicaes no resto das presentes lies."Yoga" quer dizer "Unio" e designa a unio do Homem com a Divindade, ou (o que o

    mesmo) a unio do Eu inferior com o Eu superior. Esta unio o objeto e o fim de toda a vida; asntese da religio, cincia, arte e atividade prtica. O que nos diz a Luz no Caminho o mesmo quese ensinava nos templos egpcios e o que se ensina em todas as lojas brancas.

    Desejamos que este livro encontre muitos leitores e que todos tirem aproveitamento real desua leitura. Aos que o estudarem com ateno, servir para prepar-los a ouvirem a palavra sagradado Mestre que est no interior de cada um e que se apresentar quando o discpulo estiver

    preparado, dissipando todas as dvidas e irradiando a Luz Infinita.Editora Pensamento

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    I LIOUM POUCO DE LUZ NO CAMINHO

    Saudamos os nossos velhos discpulos que voltaram para estudar conosco o CursoAdiantado. Sentimos que, daqui por diante, no ser necessrio repetirmos as explicaeselementares que formaram uma parte to importante do nosso trabalho da primeira classe e

    poderemos ir diretamente ao objeto dos nossos ensinamentos, certos de que todos os estudantesesto preparados para receb-los.Alguns leram as primeiras lies por curiosidade; outros se interessaram tanto que desejam

    saber mais; outros, ainda, no acharam o alimento sensacional que tinham esperado encontrar eabandonaram as fileiras. sempre assim que acontece. So muitos os que veem, mas apenas umacerta porcentagem est pronta a prosseguir. De mil sementes que o semeador lana na terra, s umacentena manifesta a vida. Mas o trabalho feito por causa desta centena, e ela pagar ao semeador oseu labor. O nosso trabalho d ainda mais satisfao, porque certo que os outros novecentostambm viro a mostrar vida, uma vez, no futuro. Nenhum dos ensinos ocultos se perde; tudo

    produz o fruto em seu tempo prprio.Saudamos os estudantes do Curso Adiantado; congratulamo-los conosco prprios por termos

    to grande nmero de ouvintes interessados felicitamos os estudantes por haverem chegado aoestado em que sentem tanto interesse no estudo e por estarem preparados a adiantar-se.

    Escolhemos para objeto das nossas primeiras quatro lies a Vereda do Aperfeioamento, oCaminho. E no conhecemos melhor mtodo para dirigir os passos do estudante que entrou naVereda, do que os inigualveis preceitos do pequeno manual Luz no Caminho, escrito por M. C.(Mabel Collins, uma senhora inglesa), a pedido de algumas almas adiantadas (em carne ou foradela) que o inspiraram.

    Em nosso ltimo captulo das Quatorze Lies, dissemos que tencionvamos escrever umapequena obra que talvez explicaria os preceitos da Luz no Caminho. Depois, porm, achamosprefervel fazer deste trabalho uma parte do Curso Adiantado, em vez de prepar-lo como um livroespecial para a distribuio e venda geral. Deste modo, podemos falar com mais extenso e menosreserva, sabendo que os estudantes do curso o compreendero muito melhor do que o pblico emgeral. Por isso, o livrinho no ser publicado e o ensinamento ser dado somente nestas lies.Citaremos do pequeno manual, preceito aps preceito, dando em seguida, a cada um, uma concisaexplicao.

    Aqui ser bom chamar a ateno para o fato de que a Luz no Caminho um livro inspirado ecomposto to cuidadosamente que admite uma variedade de interpretaes. O estudante podeescolher o significado que convm ao seu prprio estado de desenvolvimento. Neste respeito, olivrinho diferente dos livros comuns. preciso chegar-se a este livro com alguma coisa, para

    poder obter-se alguma coisa dele.No Caminho Iluminado encontra-se uma interpretao parcial, baseada no plano psquico ou

    astral. A nossa interpretao destinada para as aplicaes na vida do estudante que entra noCaminho para o principiante. Esforar-nos-emos por esclarecer um dos primeiros preceitos naluz da "Karma Yoga" e depois mostraremos o sentido dos preceitos relativos aos desejos superiores;em seguida, passaremos s explicaes dos preceitos que se referem ao desenvolvimento daConscincia Espiritual, que , com efeito, a nota fundamental do pequeno manual. Esforar-nos-emos por tornar mais claro ao estudante o sentido oculto do livrinho, traduzindo em vernculo asideias expressadas com tanta beleza, em linguagem potica do simbolismo oriental.

    O nosso trabalho no ser contraditrio interpretao dada no Caminho Iluminado apenas ir ao lado dele, paralelamente, em outro plano de vida. A alguns parecer ser presunoquerer "interpretar" aquelas joias de ensino oculto, que tm o ttulo de Luz no Caminho; mas anossa empresa tem a aprovao do nosso Eu Superior. Ainda que seja rude o nosso trabalho, a sua

    inteno ser til a alguns; assim no fosse no teria sido sugestionado."Estas regras foram escritas para todos os discpulos. Segue-as."Estas regras foram escritas, em verdade, para todos os discpulos e ser bem para ns todos,

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    segui-las. As regras de conduta para os ocultistas sempre tm sido as mesmas e sempre sero asmesmas, em todo o tempo, em todos os pases e sob qualquer nome que o ensino seja dado. Elas se

    baseiam nos princpios da Verdade, e foram experimentadas, confirmadas e praticadas desde asmais remotas pocas, e chegaram at ns trazendo os sinais de contato das multides que passaramante ns os nossos irmos mais velhos no Esprito aqueles que uma vez brilharam o caminhoem que ns agora estamos entrando, aqueles que se elevaram s alturas a que ns tambm

    subiremos um dia. Estas regras so para TODOS os que seguem o Caminho; para estes foramescritas e no h melhores. Elas nos foram dadas por aqueles que SABEM."Antes que os olhos possam ver, devem ser incapazes de chorar. Antes que o ouvido possa

    ouvir, deve ter perdido a sensibilidade. Antes que a voz possa falar em presena dos Mestres, deveter perdido a possibilidade de ferir. Antes que a alma possa erguer-se em presena dos Mestres, necessrio que os ps tenham sido lavados no sangue do corao."

    Antes que os olhos possam ver com a clara viso do Esprito, ho de ter-se tornadoincapazes de verter as lgrimas de orgulho ofendido, criticismo desagradvel, imerecido abuso,observaes desfavorveis, desprezo, sarcasmo, incmodos da vida quotidiana, insucessos edesenganos da existncia. No queremos dizer que a alma deve ser endurecida e insensvel vistadestas coisas; ao contrrio, "endurecimento" no faz parte dos ensinos ocultos. No plano material,

    cada pessoa est incessantemente sendo exposta merc dos outros que se acham no mesmo plano,e quanto mais delicada a sua constituio, com mais viveza sente a dor da vida, que vem doexterior. Porm, se tenta lutar contra ela, reagir a estas dentadas e a estes golpes, mais enleada ficana rede da vida material. A nica possibilidade de escapar est em crescer tanto que se eleve acimadaquele plano de existncia e morrer nas regies superiores da mente e do Esprito. Isto no querdizer que deve fugir do mundo; pelo contrrio, se algum tenta fugir do mundo antes de teraprendido as suas lies, ser forado a voltar a ele repetidas vezes, at que cumpra a sua tarefa.Entretanto, o homem espiritualmente aperfeioado pode viver de tal modo que, ainda que esteja nomeio da luta da vida quotidiana sim, at sendo um general no combate em realidade viveacima de tudo isto, v que tudo isto no seno um jogo infantil de homens e mulheres pueris e,embora jogue bem a sua parte, sabe que se trata somente de um jogo e no coisa real. E, assimsendo, comea a sorrir atravs das suas lgrimas, quando batido no tumulto do jogo; ento cessatotalmente de chorar e, em lugar das lgrimas, aparece um riso, porque quem v as coisas em suasverdadeiras relaes, dificilmente pode suprimir um sorriso. No pode deixar de rir-se, quando olhaao redor de si e observa os brinquedos e as bagatelas, a que os homens consagram a sua vida,

    julgando que so coisas reais. E quando desperta para o conhecimento da realidade das coisas, a suaprpria parte que impelida a jogar, evoca nele necessariamente um sorriso. Isto no so merossonhos e ideais impraticveis. Causar-vos-ia surpresa se soubsseis quantos homens de altarepresentao no mundo social e financeiro chegaram ao conhecimento da verdade!

    Muitos destes homens jogam bem a sua partida, com energia e aparente ambio, porquecompreendem que tudo isso tem um fim, um significado e que eles so partes necessrias no

    mecanismo da evoluo. Mas nos fundos recnditos de suas almas sabem a que tudo isso serve.Quem entrou no Caminho, h de ser valente e h de adquirir domnio sobre a natureza emocional.Este preceito no se refere s s lgrimas fsicas, pois estas invadem os olhos, muitas vezes,involuntariamente, ainda que no mesmo instante nos riamos. Refere-se ao pensamento que hajaalguma coisa que merea realmente ser chorada. o pensamento atrs das lgrimas, e no as

    prprias lgrimas.A lio que estas regras nos apresentam para aprendermos e que devemos elevar-nos acima

    dos incidentes da personalidade e lutar para realizarmos a nossa individualidade. Devemos desejarrealizar a conscincia do EU SOU, que est acima dos sofrimentos da personalidade. Devemosaprender que todas essas coisas no podem prejudicar o Eu Real; pois sero tiradas da areia dotempo, pelas guas da eternidade.

    Igualmente o nosso ouvido h de perder a sua sensibilidade aos incidentes desagradveis dapersonalidade, antes que possa ouvir a verdade claramente, e livre dos discordantes rudos da lutaexterior. necessrio crescermos para podermos ouvir estas coisas com um sorriso nos lbios,

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    confiando na cincia da alma, seus poderes e seu destino. Havemos de crescer para podermos ouvira palavra desagradvel, o criticismo injusto, a observao desdenhosa, sem que impressionem onosso Eu Real. Havemos de deixar tais coisas no plano material a que pertencem e nunca permitir nossa alma descer ao plano em que poderia ser impressionada. Havemos de aprender a poder ouvir

    palavras pronunciadas com desprezo e mofa contra as verdades que nos so sagradas, por aquelesque no compreendem; eles no podem ser censurados, porque no compreendem. Deixai as

    crianas que brinquem; tal a sua natureza. Um dia elas tero experimentado (como vs) as doresdo crescimento e amadurecimento espiritual e passaro igualmente pelo que vs passais agora. Umavez fostes como elas; mais tarde elas sero como vs sois. Diz o ditado: "Deixai entrar essas coisas

    por um ouvido e sair pelo outro." No as deixeis chegar vossa conscincia real. Ento os ouvidosouviro as coisas que devem ouvir e serviro de passagem limpa para a entrada da Verdade.

    Sim, "antes que a voz possa falar em presena dos Mestres, deve ter perdido a possibilidadede ferir". A voz que querela, mente, abusa, queixa-se e fere, nunca pode atingir os planos mais altos,onde moram as inteligncias adiantadas da raa humana. Antes que possa falar para ser ouvida poraqueles seres elevados na ordem da vida e da inteligncia espiritual, deve ter esquecido j, pormuito tempo, como ferir outros com palavras speras, desprezveis e indignas.

    O homem adiantado no hesita dizer a verdade, ainda que seja desagradvel, quando acha

    que assim deve fazer, porm fala como um irmo amoroso que no critica, querendo mostrar-semais santo do que o outro, mas somente porque sente a dor do outro, v o seu erro e quer dar-lhe amo para o ajudar. Ele est longe do desejo de ofender ou envergonhar o outro com as suasexpresses, longe de querer impor-se-lhe ou humilh-lo: o homem adiantado no usa destas coisas,como no usamos um manto rasgado que se deita fora.

    "Antes que a alma possa erguer-se em presena dos Mestres necessrio que os ps tenhamsido lavados no sangue do corao." preceito demasiado duro para muitos que entram noCaminho. Muitos interpretam mal o sentido verdadeiro deste preceito, porque julgam que, com a

    palavra "corao", se designa a faculdade de amar. Mas no este o sentido daquela palavra; oocultismo no ensina que se deve matar o verdadeiro amor; ensina que o amor um dos maiores

    privilgios do homem e que, medida que se adianta, a sua faculdade de amar cresce, at que incluitoda a vida.

    O "corao" mencionado a natureza emocional e os instintos da mente inferior e maisanimal. Estas coisas parecem ser tal parte de ns, antes que nos desenvolvemos, que nos separardelas parece-nos como tirar-nos o nosso corao. Primeiro nos desapegamos de uma coisa e depoisde outra, da nossa velha natureza animal, com dor e sofrimento, e os nossos ps espirituais socomo lavados no sangue do corao.

    Apetites, sede da natureza inferior, desejo da parte animal de ns, velhos costumes,convencionalismos, pensamentos hereditrios, iluses de raa, coisas que esto enraigadas nosangue e osso da nossa natureza, ho de ser arrancadas, uma por uma, com muitos pressentimentose dvidas, ao princpio, e com muitas dores e sangrias do corao, at que cheguemos posio, de

    onde podemos ver o que tudo isso significa. No s necessrio que arranquemos os desejos do Euinferior, mas havemos de separar-nos necessariamente de muitas coisas que nos pareciam semprecaras e sagradas, porm que, na pura luz que comea a emanar da nossa Mente Espiritual, aparecemcomo imaginaes infantis.

    Mas, ainda que vejamos o que so essas coisas, contudo causa-nos dor a necessidade de nossepararmos delas, e choramos em alta voz e o nosso corao verte sangue. Depois, chegamos muitasvezes ao ponto onde se separam os caminhos, onde somos obrigados a abandonar oacompanhamento mental de pessoas que nos so caras, deixando-as prosseguir na estrada queescolheram, enquanto que ns dirigimos os nossos passos a um novo caminho de ideias, que aindano tnhamos experimentado. Tudo isto so dores. E, depois, o horror da solido mental e espiritualque vos invadiu, logo que tnheis dado os primeiros passos no Caminho aquela primeira

    iniciao, pela qual passaram as almas de muitos dos que leem estas palavras aquele sentimentoespantoso de estar s, sem haver ningum perto de vs, quem vos pudesse compreender e apreciaros vossos sentimentos! E, depois, de um lado vs que vedes os grandes problemas da vida,

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    enquanto que os outros no reconhecem a existncia de nenhum desses problemas, e que, de acordocom isso, continuam indo pelo seu caminho, danando, lutando, querelando e mostrando todos ossinais de cegueira espiritual; tudo isso vos impele a ficardes s e entristece a vossa vista. E ento, osangue corre do vosso corao. E a vossa conscincia das dores do mundo, a falta de compreenso

    para tudo isso e o vosso sentimento de fraqueza, quando vos esforais por achar um remdio parasanar esses males: tudo isto sangra o vosso corao. E todas estas coisas provm do vosso despertar

    espiritual; o homem do plano material no sente nada disso, e nada disso v. Ento, quando os psda alma tm sido banhados no sangue do corao, o olho comea a ver as verdades espirituais, oouvido comea a ouvi-las, a lngua comea a ser capaz de dize-la aos outros, e conversar com osque se tm adiantado no Caminho. E a alma se ergue e olha a face de outras almas adiantadas,

    porque comeou a compreender os mistrios da vida, o sentido de tudo isso comeou acompreender algumas coisas do Grande Plano, tornou-se capaz de sentir a conscincia de sua

    prpria existncia e pde dizer: EU SOU, conscientemente. Achou-se a si mesma, venceu as dores,elevou-se acima delas. Levai estes pensamentos convosco ao Silncio e deixai-os cair em vossamente, para que se arraiguem, cresam, floresam e deem frutos.

    1. Mata a ambio.2. Mata o desejo de viver.

    3. Mata o desejo de bem-estar.4. Trabalha como trabalham os que so ambiciosos. Respeita a vida como o fazem os que a

    desejam. S feliz como o so os que vivem para a felicidade.Muitas destas verdades ocultas so escritas em forma de paradoxos, mostrando ambos os

    lados da tabuleta. Isto est de acordo com o plano da Natureza. Todas as expresses da verdade noso seno expresses parciais; h dois lados, ambos bons, para cada argumento. Cada aspecto deverdade s a metade dessa verdade; buscai bastante e descobrireis a metade oposta. Cada coisa "e no "; cada completa expresso de verdade h de ser paradoxal, porque o nosso ponto de vista,sendo finito, nos deixa ver s um lado do objeto por uma vez. Do ponto de vista do infinito, v-setodos os lados ao mesmo tempo; todos os pontos do globo so visveis ao observador infinito que

    pode igualmente ver atravs do globo, como ao redor dele.Os quatro preceitos acima citados so exemplos desta lei de paradoxo. E, no obstante, estes

    preceitos so razoveis e absolutamente verdadeiros. Consideremo-los.A chave para compreender-se estas (e todas as verdades) est na capacidade de distinguir

    entre o ponto de vista "relativo" ou inferior, e "absoluto" ou superior. Gravai-o bem na memria,porque isto vos dar a possibilidade de ver em muitos recantos escuros e vos esclarecer muitaspalavras duras. Apliquemos esta chave aos nossos quatro preceitos.

    Dizem-nos: "Mata a ambio." O homem ordinrio recua, ouvindo estas palavras, e exclamaque tal conduta faria do homem uma criatura sem esprito e sem dignidade, porque lhe parece que aambio o fundamento de toda a atividade humana. Adiante l, no quarto preceito: "Trabalhacomo trabalham os que so ambiciosos" e, enquanto no se lhe abrir a vista da Mente Espiritual,

    sua confuso aumentar ainda mais. As duas coisas, entretanto, so possveis e muito bempraticveis. A "ambio" de que se trata aquela emoo que incita o homem a agir por motivos devangloria e egosmo, impele-o a esmagar tudo que encontra no seu caminho e faz cair todos comquem vem em contato. Porm, esta ambio apenas uma imitao falsificada da ambioverdadeira, e to anormal como os mrbidos apetites que usurpam o nome de fome e sede, de queso meras imitaes; como os ridculos costumes de decorar pessoas com ornamentaes brbaras,que so falsas imitaes do instinto natural de cobrir-se com roupa apropriada para defender-se domau tempo; como o costume absurdo de onerar-se e onerar outros com a sustentao de palcios,que uma absurda imitao do desejo natural de ter um lar e um abrigo; como as prticaslicenciosas e erticas de muitos homens e mulheres que so falsificaes dos naturais instintossexuais dos homens e das mulheres normais, cujo principal objetivo a preservao da espcie.

    O homem "ambicioso" torna-se insano pelo sucesso, porque o instinto foi pervertido e fez-seanormal. Ele imagina que as coisas pelas quais luta lhe traro felicidade, mas engana-se: elas seconvertem em cinza como as frutas do Mar Morto, porque no so a fonte da felicidade duradoura.

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    essa Ambio que vos habilita a trabalhar em harmonia e em unssono com a obra Divina, que perptua, e no em desarmonia e discordncia. Deixai a Divina energia agir por meio de vs eexpressai-a plenamente em vossa tarefa. Abri-vos a ela e experimentareis o gosto do prazer que

    provm de servio desta qualidade: esta a verdadeira ambio, mas a outra no seno umamiservel imitao e falsificao que retarda o crescimento da vossa alma.

    "Mata o desejo de viver", diz o segundo preceito; mas o quarto lhe responde: "Respeita a

    vida como o fazem os que a desejam." Eis aqui uma outra verdade expressada em paradoxo. necessrio tirar da mente toda a ideia de que a vida fsica seja alguma coisa. Tal ideia impede-nos oconhecimento da vida particular no corpo como uma coisa inteira, em vez de compar-la s com umgro de areia na praia de um mar eterno. necessrio que o homem cresa at que sinta que viversempre, seja no corpo, seja fora dele, e que esta particular "vida" fsica apenas uma coisa de quefaz uso o Eu Real, que no pode morrer. Matai, pois esse desejo de viver que vos causa o medo damorte e que faz com que deis importncia indevida existncia corporal, diminuindo assim aimportncia da vida e conscincia mais larga. Extirpai da vossa mente aquela opinio errnea deque, quando o corpo morrer, vs morrereis, porque vs continuareis a viver e sereis to vivos comosois agora ou talvez ainda mais. Vede na vida fsica aquilo que ela , e no vos enganeis. Deixai deolhar a morte com horror, venha ela a vs, ou para os que vos so caros. A morte to natural como

    a vida (neste estado de desenvolvimento), e no altera a verdadeira felicidade. difcil libertar-sedo velho horror da dissoluo fsica e muitos combates renhidos ho de ser travados e ganhos, antesque se possa exterminar essa iluso antiga, que a humanidade alimentou por tanto tempo, apesar deconfessar continuamente a f na vida futura.

    As Igrejas falam da "vida de alm-tmulo" que os fiis devem esperar, mas os mesmos"fiis" tremem e se espantam, quando pensam na morte. Vestem-se de preto quando morre um entequerido, em vez de semearem o tmulo de flores e regozijar-se porque o desencarnado entrou em"um pas melhor" (para usarmos uma frase velha que se ouve tantas ocasies, porm que noconsola). O homem h de crescer at que tenha positivamente o "sentimento" ou a conscincia davida eterna, para poder destruir esse velho medo; e nenhum credo, nenhuma expresso de f servira este fim, enquanto no chegar a este estado de conscincia. Para quem "sente", em suaconscincia, o fato da sobrevivncia da individualidade e a continuao da vida alm-tmulo, amorte perde o seu terror, o tmulo o seu horror, e o "desejo de viver" (a vida relativa) era verdadeest morto, porque a cincia da vida (absoluta) ocupou o seu lugar.

    Mas no esqueamos o reverso da tabuleta. Leiamos de novo no quarto preceito; "Respeita avida como o fazem os que a desejam." Isto no se refere s vida dos outros, mas igualmente vossa prpria, porque, extirpando a velha ideia da relativa importncia da vida no corpo, deveisevitar de cairdes no outro extremo que consiste em negligenciar o corpo fsico.

    O corpo vosso conforme a determinao do plano Divino, e, com efeito, ele o Templo doEsprito. Se no fosse bom para vs ter um corpo, ficai convencido de que no o tereis. Ele vos necessrio neste estado de desenvolvimento e vs sereis incapaz de fazer a vossa obra de

    desenvolvimento espiritual sem ele. No caias, pois, na tolice de desprezar o corpo ou a vida fsica,como indignos de vs. So muito precisos para vs, neste degrau, e podeis fazer muitas coisas spor meio deles. Desprezai-os, seria como recusar-se a usar uma escada que nos d a possibilidadede subirmos s alturas. Em verdade, deveis "respeitar a vida, como o fazem os que a desejam", edeveis respeitar o corpo como o fazem aqueles que pensam que o corpo o Eu.

    O corpo deve ser considerado como instrumento da alma e do Esprito, conservado puro, soe forte. Deve ser respeitado e bem empregado. No vos aflijais por estar retido nesta vida; nuncatereis melhor ocasio para fazer as experincias que encontrais agora; aproveitai-a da melhor forma

    possvel. A vossa "vida" uma coisa gloriosa e vs deveis viver sempre no "presente", extraindodele todo o prazer que a cada momento da vida encontra o homem adiantado.

    "Vida, vida, mais vida", exclamou um escritor, e teve razo. Vivei cada momento da vossa

    vida de um modo normal, so e puro, conhecendo sempre o verdadeiro sentido da vida e no vosafligindo com cuidados do passado ou do futuro. Estais na eternidade tanto agora como em qualqueroutro tempo; porque, pois, no aproveitar o presente? Na vida, sempre h "agora" e os momentos

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    chamados "agora" nunca faltaro.Se quisermos resumir a ideia deste preceito de no desejar a vida e da sua parte oposta que

    diz que deveis respeitar a vida como se a desejsseis realmente, diremos: O desejo de que se trata o desejo relativo, que provm da ideia errnea de que a vida fsica a nica vida. O absoluto desejode vida provm do saber o que a vida inteira do homem e o que esta curta vida fsica; por isso,enquanto que o homem adiantado no a deseja (de modo relativo), no obstante no a despreza, em

    realidade a deseja (de modo absoluto), porque ela forma uma parte de sua vida inteira, e ele noquer perder ou apartar de si nenhuma parte do que o Plano Divino decretou que lhe deva pertencer.O homem adiantado no teme a morte, nem a procura; ele no teme nem a morte nem a vida; no asdeseja (relativamente) e, contudo, deseja-se ambas, isto no sentido absoluto. O indivduo nestascondies invencvel; nem a vida nem a morte o atemorizam. Quando se alcanou um vez estaconscincia, a pessoa reveste-se de tal poder que a sua irradiao sentida pelo mundo em que vive.Gravai em vossa memria estas palavras: No temais nem a morte nem a vida. No temais a mortenem a procureis. Quando tiverdes chegado a este grau, ento sabereis verdadeiramente o que avida e o que a morte, pois ambas so manifestaes da VIDA.

    O terceiro preceito diz-nos: 'Mata o desejo de bem-estar", mas o quarto acrescenta: "S felizcomo o so os que vivem para a felicidade." Tambm este ensino paradoxal e segue a mesma

    linha como os que j falamos. A sua aparente contradio provm dos dois pontos de vista, isto ,do relativo e do absoluto. Aplicai este resolvente a todos os ensinos ocultistas, aparentementecontraditrios e podereis separar cada parte de maneira que a possais examinar cuidadosamente.Apliquemo-lo a este caso.

    "Mata o desejo de bem-estar.". A primeira vista, parece que isto aconselha extremoascetismo; mas no este o seu verdadeiro significado. O que se chama ascetismo , em muitoscasos, uma fuga das coisas que ns consideramos muito agradveis. Parece que nas mentes demuitas pessoas de todas as formas de f religiosa h uma ideia de que as coisas que do prazer hode ser necessariamente "ms". Um escritor pe na boca de um dos seus personagens as seguintes

    palavras: " to triste ver-se que todas as coisas agradveis na vida so consideradas como sefossem ms." Parece que geral a crena que Deus acha prazer em ver a gente ser infeliz e praticarcoisas desagradveis; de acordo com esta crena muitas pessoas chamadas "religiosas" enrugaram afronte em vista dos prazeres normais da vida e agiram como se um sorriso fosse ofensivo Divindade. Tudo isto errneo. Todos os prazeres normais so dados ao homem para serem por eleusados, mas a nenhum deles deve ser permitido usar o homem. O homem deve ser sempre o senhore no o escravo, em relao aos prazeres da vida. Em certas formas de treinamento, o estudante hde cultivar a Vontade; alguns dos exerccios a ele prescritos consistem em fazer coisasdesagradveis e contrrias a seu gosto. Mas esta disciplina tem por fim somente fortalecer aVontade do estudante e no se deve pensar que haja especial mrito na prtica de uma tarefadesagradvel! ou alguma virtude especial no abnegado candidato que se priva de certas coisasagradveis a que est acostumado: trata-se somente de exercer a Vontade para poder resistir; privar-

    se de coisas e fazer coisas contra o costume usual e contra os hbitos do indivduo exerccio estede cuja prtica resulta a fora de Vontade. O princpio sobre o qual se opera o mesmo que fazexercitar os msculos movendo-os.

    Estes exerccios e prticas so bons e pode ser que tenhamos ocasio de nos referir a eles emalguma das nossas lies. Os jejuns e a penitncia, prescritos pela Igreja Catlica, tm mrito nosentido acima indicado, fora de qualquer significado particular religioso.

    Mas, para voltarmos ao assunto: este preceito no quer pregar ascetismo. O ocultismo noinsiste nisso. Ele ensina, porm, que no devemos permitir que os nossos coraes sejam ligadosaos prazeres e ao bem-estar da vida em to alto grau que isso nos induza a cessarmos de adiantar-nos e desenvolver a nossa natureza superior. O homem pode ser arruinado com o luxo demasiado eso conhecidos muitos casos em que as influncias superiores que agem debaixo da Lei tiraram a

    certos homens aquelas coisas que lhes eram obstculos do crescimento espiritual e colocaram-nosnuma posio em que se viram obrigados a viver normalmente e, por isso, puderam crescer edesenvolver-se. O ocultismo prega "Vida simples". Ele ensina que, quando algum tem demasiado

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    muitas coisas, acontece facilmente que tomam possesso dele, em vez de serem por ele possudas; ohomem torna-se assim um escravo, em vez de ser senhor.

    "Matar o desejo de bem-estar" no significa que devemos dormir sobre tabuas duras, paracom isso agradarmos Divindade, nem que devemos comer po duro e seco, esperando assim obtero favor Divino; nenhuma destas coisas tero um efeito semelhante; a Divindade no vende o seufavor e no tem prazer especial em ver como um dos seus filhos se faz de louco. Mas o preceito

    citado nos diz que no devemos ligar-nos a alguma ideia de bem-estar e que no devemos imaginarque a verdadeira felicidade possa provir dele. Gozai os prazeres normais e racionais da vida, masconservai sempre o vosso domnio sobre eles e no permitais que vos levem consigo. E lembrai-vossempre que a verdadeira felicidade vem de dentro e que o luxo e o "bem-estar" no so necessrios

    para o homem real, pois so apenas coisas que devem ser usadas para o que prestam.O bem-estar e o luxo so apenas incidentes do plano fsico e no atingem o Eu Real. O

    homem adiantado usa todas estas coisas como instrumento (ou at como brinquedos, quando necessrio tomar parte no brincar de outros), mas sabe sempre o que elas so e nunca deixa-seenganar com elas. Absurda lhe parece a ideia de que sejam necessrias para sua felicidade. E quantomais um homem se adianta espiritualmente, mais simples se torna o seu gosto. Pode gostar decoisas bem feitas, de boa qualidade, as melhores para o seu fim, mas no tem necessidade delas, e

    ostentao e exposio so estranhas a seus gostos e suas inclinaes. No necessrio que tenha"matado" os referidos gostos, pois eles mesmos o deixam, no encontrando os seus quartos mentaisadequados para a sua acomodao.

    Lembrai-vos tambm que o quarto preceito vos diz: "S feliz como o so os que vivem paraa felicidade." Isto afugenta a ideia de uma atmosfera triste e pesada. O preceito diz: "S feliz" (eno: "Acredita que s feliz"), como o so aqueles que vivem para a felicidade (como a chamam) quevem das coisas do plano fsico. este ensino so. Sede feliz, vivei de tal modo que possais obterfelicidade s e normal em cada hora da vossa vida.

    O ocultista no um homem miservel, triste, sombrio, apesar de pensar-se assimordinariamente. A sua vida e o seu saber elevam-no acima das vexaes e do medo do povo emgeral, e o conhecimento de seu destino muito inspirador. Ele capaz de elevar-se acima datempestade e montado no dorso da onda, cedendo a todo movimento da enchente, escapa de sersubmergido. Quando as coisas se tornam demasiado desagradveis para serem suportadas no planorelativo, se eleva simplesmente s regies mais altas da sua mente, onde tudo sereno e calmo,satura-se de paz que Nele persiste quando torna a descer, para encontrar as provaes e os fardos dodia.

    O ocultista o homem mais feliz do mundo, porque cessou de ter medo; sabe que nada hque possa temer. Est acima de muitas supersties da raa, que atormentam muitas pessoas.Deixou detrs de si o dio e a Malcia, dando ao Amor o lugar que desocuparam e necessariamenteh de ser mais feliz por causa dessa mudana. Nele no tem mais lugar a ideia de uma Divindadeencolerizada, armando-lhe ciladas; ele ri-se quando ouve o conto infantil do diabo com os cornos e

    cascos de cavalo, cuspindo fogo e enxofre, reinando num enorme abismo onde sero lanados osque se esqueceram de fazer as preces e que, em algum domingo, se divertiram, admirando a belezada terra que Deus criou, em vez de passarem uma hora na igreja, escutando algum longo sermoteolgico.

    O ocultista aprendeu que um filho de Deus, destinado a grandes coisas, e que a Divindade antes um Pai e uma Me amante, do que um cruel carcereiro. Sabe que chegou maioridade e queo seu destino depende, at certo ponto, dele mesmo. O ocultista no pode deixar de ser otimista; vque tudo o que acontece para o bem; que a vida est no Caminho da Aquisio e que o Amor estacima de tudo, abaixo de tudo e em tudo. aprende tudo isto medida que progride e feliz, maisfeliz do que "aqueles que vivem para a felicidade".

    "Procura em teu corao a raiz do mal e arranca-a. Esta raiz vive no corao do discpulo

    fervoroso tanto como no do homem de desejo. Somente o forte pode destru-la. O fraco tem queesperar o seu crescimento, sua frutificao e sua morte. esta uma planta que vive e se desenvolveatravs das idades. Floresce, quando o homem acumulou em si existncias inmeras. aquele que

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    quiser entrar na senda do poder deve arranc-lo do seu corao. E ento do corao brotar sangue ea vida do homem parecer dissipar-se por completo.

    " preciso sofrer esta prova; pode apresentar-se desde o primeiro degrau da perigosa escadaque conduz ao caminho da vida; pode no chegar at o ltimo. Mas lembra-te discpulo! que tens de passar por esta prova e refora as energias de tua alma para tal empresa. No vivas no

    presente nem no futuro, mas sim no eterno. Ali no pode florescer esta erva gigantesca: esta mancha

    da existncia apagada pela prpria atmosfera do pensamento eterno."Esta admoestao um resumo dos primeiros trs preceitos, explanados pelo quarto. Mandao discpulo procurai em seu corao a relativa ideia de vida e tir-la dai. Esta relativa ideia de vidatraz consigo a parte egosta da nossa natureza; aquela parte de ns que nos induz a considerarmo-nos melhores do que nossos irmos; ela a causa de nos julgarmos separados dos nossoscompanheiros na cadeia dos seres, como se no tivssemos conexo com tudo o que vive. a ideiada parte inferior da nossa mente, o nosso animalismo apenas refinado. Aqueles que estudaram comateno o nosso primeiro Curso, compreendero que esta parte da nossa mente a parte bruta dens mesmos, a parte que a sede dos apetites, paixes, desejos de ordem baixa e emoes do planoinferior. Estas coisas no so ms em si mesmas, porm pertencem aos degraus inferiores da vida,ao degrau animal, de que termos passado (ou estamos passando) ao degrau de existncia humana.

    Mas estas tendncias estiveram por longas idades em formao e esto profundamenteenraigadas em nossa natureza, sendo necessrio fazer os mais heroicos esforos para desaloj-las; eo nico meio de desaloj-las substitu-las por estados mentais superiores. Convm chamar agora avossa ateno para um bem estabelecido princpio do treinamento oculto, o qual, entretanto, rarasvezes mencionado nos respectivos ensinamentos. Referimos-nos ao fato que um mau hbito de

    pensar ou agir extirpado com mais facilidade se suplantado por um bom hbito que diretamente o oposto. Arrancar um mau hbito com as razes, requer uma fora de vontade quasisobre-humana; ao passo que desaloj-lo, cultivando em seu lugar um hbito bom, muito mais fcile parece que est de acordo com o plano natural. O bom hbito vai tirando gradualmente o lugar domau, at que este no pode mais existir e, depois de uma final luta pela vida, expira. este o mtodomais fcil para "matar" hbitos e propenses que no sejam desejveis.Quanto s qualidades relativas da mente, pertencem a elas: o amor de si prprio, todos os desejosanimais, incluindo os desejos sexuais "no plano fsico" (h muitas outras manifestaes do sexo,alm deste plano) e todas as paixes, como o dio, a inveja, a malcia, o cime, o desejo devingana, a glorificao e exaltao de si mesmo. O baixo orgulho uma das suas manifestaesmais sutis e perigosas, que volta e toma a voltar, quando pensamos que j o temos exterminado ecada vez apresenta-se em uma forma um tanto mais sutil: o orgulho fsico sucedido pelo orgulhointelectual, orgulho em conhecimentos psquicos, orgulho no desenvolvimento e crescimentoespiritual, orgulho em conduta moral, castidade e carter, orgulho que diz: "Eu sou mais santo doque tu", etc. De novo torna a molestar-nos o orgulho tentador.

    A sua existncia baseia-se na iluso de separatividade, que nos faz imaginar que no temos

    conexo com outras manifestaes de vida e produz em ns o sentimento de antagonismo erivalidade indigna para com os outros seres, em vez de reconhecermos o fato que ns todos somospartes de Uma Vida: alguns muito atrasados, batendo-se no lado dos degraus inferiores da estrada,outros caminhando no mesmo degrau como ns, outros ainda mais adiantados; todos, porm, nocaminho, todos fazendo parte da mesma grande Vida. Preservai-los do Orgulho, esse inimigo maissutil do adiantamento e suplantai-o pela ideia de que todos somos da mesma origem, temos omesmo destino ante ns, o mesmo caminho para percorrer; todos irmos e irms; todos somosfilhos de Deus; todos pequenos discpulos na grande Escola da Vida. Sabei tambm que, emboracada um tenha que estar s antes de poder passar as provas de iniciao, entretanto, todos nssomos interdependentes, e a dor de um a dor de todos, o pecado de um o pecado de todos; quetodos ns somos partes de uma raa que trabalha para se adiantar e crescer, e que o amor e o

    sentimento de fraternidade so as nicas solues boas do problema.Os instintos brutais ainda esto conosco, introduzindo-se continuamente no nosso campo depensamento. Os ocultistas aprendem a curvar e dominar estes instintos inferiores, subordinando-se

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    aos ideais mentais superiores que se desenvolvem at ao campo da conscincia. No percais acoragem, se achais que ainda h muita coisa animal em vossa natureza; ns todos o temos e a nicadiferena esta: que alguns de ns aprenderam a ter domnio sobre o bruto, refre-lo e torn-losubordinado e obediente s partes superiores da nossa natureza, ao passo que outros se deixamgovernar pela besta, e tremem e empalidecem quando ela mostra os dentes, no sabendo que umaconduta firme a uma mente calma so capazes de obrigar a besta a retirar-se a seu recanto e deixar-

    se fechar detrs da barreira. No fiqueis confusos quando achardes constantes manifestaes dabesta dentro de vs, esforando-se por se libertar e obter o seu poder antigo. Isto no sinal defraqueza, porm, em verdade, uma indicao que o vosso crescimento espiritual j comeou. Pois,assim como agora reconheceis o bruto e vos sentis envergonhado, primeiro no senteis a sua

    presena, no notveis a sua existncia, porque vs mesmo reis o bruto. unicamente porquetentais divorciar-vos dele que vos sentis envergonhado de sua presena. No podeis v-lo enquantono comeais a ser "diferente" dele.

    Aprendei, estudante, a ser domador de animais selvagens, porque dentro de vs tendesuma grande coleo deles. Ali esto: o leo, o tigre, a hiena, o macaco, o porco, o pavo e todos osoutros, a todo instante mostrando alguns de seus caractersticos. No tenhais medo deles; ride-vosquando aparecerem, porque sois mais forte do que eles, podeis subjug-los e o seu aparecimento

    vos til para vos fazer sabedor da sua existncia. Vereis que formam uma companhia muitodivertida, quando chegais ao degrau onde vos podeis colocar de lado e olhar como fazem artes e

    pregam peas. Ento sentireis fortemente que eles no so VS, mas alguma coisa aparte de vs,alguma coisa da qual vos estais divorciando rapidamente. No vos aflijais por causa dos animais,

    porque vs sois o senhor deles.A citao da Luz no Caminho, acima apresentada, inclui todas as manifestaes passageiras

    da natureza inferior; mas parece referir-se especialmente quela iluso do Eu inferior, aquele sonhode separatividade, aquela exibio do que tem sido chamado "fico operante no universo", que nosinduz a imaginarmos que somos coisas separadas do resto, alguma coisa melhor, mais santa esuperior aos demais da nossa espcie. Isto se manifesta na emoo de Orgulho, o pavo da nossacoleo de animais. Como j dissemos, esta umas das mais perigosas das nossas qualidadesinferiores, porque bastante sutil e persistente. Observai que a autora diz: "vive no corao dodiscpulo fervoroso tanto como no do homem de desejos".

    Isto vos parece talvez estranho, mas a experincia de todo ocultista adiantado que, muitodepois que pensou que j tinha deixado o Orgulho detrs de si, surpreendido pelo seuaparecimento em nova fase: o orgulho do poder psquico, o orgulho de intelecto, o orgulho docrescimento espiritual. E ento h de comear a trabalhar de novo. Aqui havemos de notar que huma espcie de orgulho que no manifestao do Eu inferior; poder chamar-se a forma"absoluta" de orgulho, se quereis. Aludimos ao orgulho em coisas consideradas como um todo orgulho que o todo to grande, belo e maravilhoso e que somos parte deste todo; que o intelectoque manifestamos parte da Mente Universal; que o nosso crescimento espiritual uma parte das

    grandes possibilidades do gnero humano e que ainda muito mais est aguardando a Humanidadeno futuro. Chegamos, porm, linha perigosa, quando comeamos a excluir algum deste orgulhouniversal; no momento em que separamos uma outra manifestao de vida (por mais inferior queseja) do nosso orgulho universal, fazemos dele um orgulho egosta. No momento em que traamosuma linha divisria para algum de fora, camos em orgulho egosta; porque, enfim, o "fora" noexiste.

    Ns todos estamos dentro; no Todo no h lugar para se designar com a palavra "fora".Quando vos sentis orgulhosos com todos os seres vivos, com toda a vida, com o total dos seres, nosois egostas; mas logo que vos colocais parte numa classe, seja esta classe composta de vs s, oude vs e toda a Humanidade, excetuando um s indivduo, estais cedendo a uma sutil forma deegosmo. No se pode omitir nem o ltimo dos homens. No possuis qualidade ou adiantamento

    que no seja propriedade da Humanidade inteira; alguma coisa que todos alcanam, uns superioridade, apenas um pouco mais de idade, uns mais cedo, outros mais tarde. Tudo de quepensais que superioridade, apenas um pouco mais de idade, um pouco mais de experincia neste

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    plano de existncia.Vosso orgulho o louco orgulho infantil da criana que est saindo da primeira classe para

    entrar na segunda, e olha soberbamente a um bando de pequerruchos que esto entrando na classeque ela j passou. Para os olhos dos que esto em classes superiores, o discpulo do segundo grau um objeto de sorriso de compaixo, mas no o sabe, pensa que "grande" e manifesta todas asqualidades de pavo. Antes, porm, de deixarmos esta ilustrao, queremos dizer que o pequeno

    est justificado por sentir orgulho, porque realizou seu adiantamento; isto um sentimento digno; aparte de pavo vem somente quando olha de cima para os que esto debaixo dele. Esta asubstncia da loucura do Orgulho, este sentimento de superioridade aos que ainda esto nos grausmais baixos. Um sentimento de alegria por ter feito o seu trabalho, por ter subido, no indigno.Preservemo-nos, porm, do sentimento de superioridade aos que ainda esto subindo: aqui est oaguilho do Orgulho. Extrai o aguilho e a vossa vespa inofensiva.

    Se alguma vez sentis que sois tentados a glorificar-vos a vs mesmos, lembrai-vos que,comparado com alguma das inteligncias que, j h muito tempo, passaram pelo vosso presenteestado de desenvolvimento, no sois mais do que a inteligncia de um escaravelho, comparada coma vossa prpria; sabeis que, para as vistas das almas muito desenvolvidas, a vida quotidiana doshomens mais adiantados na terra atualmente se apresenta como brinquedos, saltos, lutas e quedas de

    um bando de cezinhos da Terra Nova, cujos olhos se abriram h poucos dias.Lembrai-vos bem disto e tereis uma ideia de que lugar estais ocupando na escala da

    inteligncia. Isto, porm, no abaixamento de si prprio; absolutamente no. To baixos quesomos, em comparao, contudo estamos no caminho do adiantamento e grandes coisas esto diantede ns; no se nos pode roubar nem um tomo de vida, no se nos pode negar a nossa herana;estamos caminhando adiante, adiante, adiante... para as alturas maiores e ainda maiores. Entretanto,gravai-o bem em vossa alma; no sis VS o nico que aqui est caminhando, mas toda aHumanidade - sim, at o ltimo homem. No vos esqueais disto. No plano do eterno no podehaver semelhante coisa como orgulho egosta; o conhecimento apagou-o para sempre: "Ali no

    pode florescer esta erva gigantesca; esta mancha da existncia apagada pela prpria atmosfera dopensamento eterno."

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    II LIOMAIS LUZ NO CAMINHO

    Antes de passarmos considerao do preceito seguinte, temos que chamar de novo vossaateno para a citao da Luz no Caminho, que estivemos comentando no fim da primeira lio.Aparece nela a sentena. "No vivas no presente nem no futuro, mas sim no eterno."

    Esta sentena causou perplexidade a muitos estudantes, aos quais os ensino lhesrecomendaram como importante, viver no presente e olhar para o futuro como para o campo demais largo desenvolvimento; e esta sentena parece ser contrria aos ensinos prvios. De novo,

    porm, trata-se do ponto de vista absoluto e relativo. Vejamos se v-lo podemos esclarecer.Viver no presente, considerando-o como coisa diferente do futuro, ou viver (na imaginao)

    no futuro, considerando-o como coisa separada do presente, um erro que provm da relativa vistada vida. o velho engano que nos faz reparar o tempo e a eternidade. A absoluta vista do assuntonos mostra que o tempo e a eternidade so uma coisa s; que estamos na eternidade igualmentehoje, como o estaremos em qualquer momento. Isto destri a opinio errnea de que uma largalinha est traada entre este tempo da vida mortal e a "eternidade", em que entraremos quandotivermos sado do corpo e mostra-nos que aqui mesmo, na carne, j estamos na eternidade. Esta

    vida apenas uma parte infinitesimal da grande vida, apenas o nascimento do Sol no grande dia daconscincia. Viver como se este pequeno perodo de vida fosse tudo, a maior loucura dos homensignorantes. No caiais, porm, no erro de irdes ao outro extremo de querer "viver no futuro",ignorando e desprezando a vida presente; lembrai-vos do paradoxo que se encontra em todaenunciao da verdade, do reverso da tabuleta. Desprezar a vida presente igualmente ridculo,como viver pensando que esta vida tudo.

    Assim cometeramos a tolice de "viver no futuro", contra o que o pequeno manual adverte.Esta vida (ainda que aparea pequena e insignificante, quando comparada grande vida), a maisimportante para ns; um degrau no nosso desenvolvimento, que nos necessrio, e no devemosignorar ou desprez-lo. Estamos exatamente onde estamos, porque este o melhor lugar para nsneste grau de nosso desenvolvimento, e no devemos passar esta vida somente em sonhos do futuro,

    porque temos trabalhos para fazer, lies para aprender e nunca nos poderemos adiantar, se notivermos cumprido os deveres do nosso presente grau. Esta vida presente no tudo, mas parte detudo; lembrai-vos disto.

    Estas dificuldades da distino entre o presente e o futuro desaparecem, quando osconsideramos do absoluto ponto de vista. No momento em que nos tornamos plenamenteconscientes de que s o eterno real e que agora o todo da eternidade que podemos conceber coma nossa conscincia, que dentro de ns sempre e ser agora quando sabemos isto, os termosrelativos "presente" e "futuro" perdem para ns o sentido anterior: e tempo e eternidade ontem,hoje, amanh, e sempre e sempre so considerados apenas como manifestaes pouco diferentesdo grande eterno. Agora, em que vivemos a todo o instante da nossa existncia. este viver no eterno

    d-nos regozijo em cada momento da nossa vida presente, permite olharmos para o futuro semmedo, faz-nos sentir conscientemente o que a vida real, auxilia-nos a realizarmos a conscincia doEU SOU, faz-nos perceber as coisas em suas devidas relaes; com poucas palavras, d vida arealidade que de outra forma lhe faltaria, e a causa de que velhas vistas relativas despegam-se dens como as folhas murchas se despegam da rosa. da autora da Luz no Caminho esta belaexpresso:

    "Ali no pode florescer esta erva gigantesca; esta mancha da existncia apagada pelaprpria atmosfera do pensamento eterno."

    "5. Mata todo sentimento de separatividade."6. Mata o desejo de sensao."7. Mata a sede de crescimento.

    "8. Entretanto, mantm-te s e isolado, porque nada de quanto tem corpo, nada de quantono seja eterno pode vir em teu auxlio. Estuda a sensao e observa-a, porque assim unicamentepodes comear a cincia do conhecimento prprio, e colocar o p no primeiro degrau da escada.

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    "Cresce como cresce a flor, inconscientemente, mas ardendo em nsias de entreabrir suaalma brisa. Assim como deves avanar, abrindo a tua alma ao eterno. Mas deve ser o eterno oque deve desenvolver a tua fora e a tua beleza e no o desejo de crescimento. Porque, no primeirocaso, floresces com a louania da pureza, e no outro te endureces com a avassaladora paixo daimportncia pessoal."

    De novo temos diante de ns um trecho de preceitos paradoxais, dos quais os primeiros trs

    dizem-nos que devemos matar certas coisas, e o quarto nos aconselha (aparentemente) a fazer asmesmas coisas sobre as quais acabamos de ser avisados de no as fazer. outro exemplo doParadoxo Divino que est no fundo de todos os ensinos ocultistas os dois lados da tabuleta. Ledeo que temos dito a respeito disto na primeira lio, onde comeamos a comentar o primeiro

    preceito. O que ali dissemos pode aplicar-se quase a todos os preceitos da Luz no Caminho.No quinto preceito diz-se-nos: "Mata todo sentimento de separatividade." O oitavo

    apresenta-nos o reverso da tabuleta: "Entretanto, mantem-te s a isolado, porque nada de quantotem corpo, nada de quanto tem conscincia da separao, nada de quanto no seja eterno pode virem teu auxlio." Aqui se nos comunicam verdades vitais que no so seno diferentes lados de umas verdade. Consideremo-las.

    O sentimento de separatividade que a causa de nos imaginarmos como se tivssemos sido

    feitos de material diferente do que os outros homens e mulheres a causa de nos considerarmosjustos a causa de darmos graas a Deus por sermos diferentes de outros homens e mulheres, emelhores do que eles um erro, e provm do relativo ponto de vista. O ocultista adiantado sabeque todos somos partes de Uma Vida, que toda a diferena consiste apenas em termo-nosdesenvolvido a tal ponto que as partes superiores da nossa natureza podem manifestar-se por ns. Oirmo mais baixo apenas est onde ns estivemos uma vez e, mais tarde, chegar a ocupar a mesma

    posio que ns ocupamos agora.Alm disso, estamos ligados com a vida de cada outro homem e mulher. Participamos das

    condies que contribuem a seus pecados e suas vergonhas. Permitimos que existam, em nossacivilizao, condies e meios que do origem ao crime e misria. Cada bocado que comemos,cada pea de roupa que vestimos, cada moeda que ganhamos tem alguma conexo com outra gentee suas vidas so entremeadas com as nossas; temos mil pontos de contato com toda a humanidade.A lei de causa e efeito faz companheiros e colegas de pessoas que aparentemente esto to longeuma da outra, como os polos.

    Ao que chamamos pecado, muitas vezes no seno o resultado de ignorncia e de energiamal dirigida; se ns estivssemos em posio exatamente igual como os que praticam o mal, com omesmo temperamento, os mesmos costumes, circuito e oportunidade: comportar-nos-amos melhordo que eles? toda a vida est no Caminho, ns todos nos adiantamos devagar, mas notamos at oadiantamento de um p. E todos, em verdade, querem fazer o melhor que podem, ainda que asaparncias muitas vezes sejam contra eles. Ningum de ns deveras bom e perfeito; por que, pois,condenar outros to prontamente? Estendamos a mo para ajudarmos a quem possamos, mas no

    digamos: "Eu sou mais santo do que tu." Lembremo-nos do grande Mestre que disse quepoderamos atirar a primeira pedra a quem pecou, s quando ns mesmos estivssemos sem pecado.Evitemos o sentimento de separatividade no sentido relativo, porque ela uma cilada e a iluso ame de quase todos os erros.

    Mas agora vamos ao outro lado da tabuleta. Aprendamos a manter-nos ss; havemos deaprender esta lio para nos adiantarmos. A nossa vida pertence a ns mesmos, ns mesmoshavemos de viv-la. Ningum mais pode viv-la por ns, como tambm no podemos viver a vidade outrem. Cada um h do manter-se sobre os seus prprios ps. Cada um responsvel por seus

    prprios atos. Cada um h de colher o que semeou. Cada um h de sofrer ou gozar, conforme assuas prprias aes. O homem responsvel s perante si mesmo e perante o Eterno. Nada, a noser o Eterno e mesmo, pode vir em seu auxlio. Cada alma h de elaborar o seu prprio destino e

    nenhuma alma pode fazer o que compete a outra. Cada alma contm em si mesma a luz do Esprito,que lhe dar todo o auxlio que pede, e cada alma h de aprender a procurar em si mesma esseauxlio. A lio de Coragem e Confiana em si mesmo h de ser aprendida pela alma que cresce.

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    Ela h de aprender que, como nada do exterior pode auxili-la, igualmente verdade que nada doexterior pode fazer-lhe mal. O Ego inatingvel a qualquer mal e prejuzo, uma vez que fiqueconsciente deste fato. indestrutvel e eterno. A gua no pode afog-lo, o fogo no pode queim-lo; no pode ser destrudo, ele e sempre ser. H de aprender a manter-se direito em seus

    prprios ps. Se precisa da certeza da presena de um auxiliador que nunca falta um que possuiilimitado poder e sabedoria deve olhar o Eterno: ali est tudo de que necessita.

    O sexto preceito diz-nos: "Mata a sede de crescimento." E o oitavo ajunta: "Estuda asensao e observa-a, porque assim unicamente podes comear a cincia do conhecimento prprio ecolocar o p no primeiro degrau da escada." Outro paradoxo. Procuremos a chave.

    A advertncia do sexto preceito dirige-se contra o desejo de satisfazer os sentidos. Osprazeres dos sentidos pertencem ao plano relativo. Comeamos sentindo prazer no que agrada aossentidos grosseiros, e da gradualmente passamos aos prazeres que vm pelos sentidos mais altos.Crescemos acima de certas formas de satisfao dos sentidos. Passamos da sensualidade sensibilidade, nos seus degraus inferiores e superiores. H no homem uma constante evoluoquanto satisfao dos sentidos. As coisas de que temos gostado ontem, parecem-nos hoje semgosto, e assim sempre ser, em cada passo que damos para diante e para cima na escala da vida.Havemos de cessar de nos ligar satisfao dos sentidos; prazeres mais altos aguardam a alma.

    Os prazeres dos sentidos so todos bons e, em seu lugar, tm uma destinao na evoluo da alma,mas esta h de preservar-se de ser ligada ou apegada a eles, porque o seu progresso se retarda comisso; bagagem intil h de se posta de lado, quando a alma sobe; deve marchar sem carregar

    peso. necessrio que corteis audazmente os laos que vos ligam satisfao dos sentidos; s

    assim podereis adiantar-vos. Por isso, "Matai o desejo de sensao". Notai bem, o preceito no dizque deveis matar a sensao, mas o desejo de sensao. Nem desejeis a sensao, nem dela fujas,como se fosse coisa m. Aproveitai a sensao para coisa boa, estudando-a e aprendendo dela alio que d, para poderdes ver o que a sensao vale e serdes capaz de vos libertar dela.

    Diz o oitavo preceito: "Estuda a sensao e observa-a, porque assim unicamente podescomear a cincia do conhecimento prprio e colocar o p no primeiro degrau da escada."

    Isto no quer dizer que deveis entregar-vos satisfao dos sentidos para aprender a lioque ela d; a alma adiantada elevou-se acima deste estado. Deve-se estudar as sensaes como defora, e no necessrio indulgenciar um sentido para aprender a lio que vos deve ensinar. Overdadeiro significado deste preceito que, quando sentimos que experimentamos certas sensaes,devemos pes-las, medi-las, examin-las e no olh-las com horror. Estas coisas so uma parte dens, vm da Mente Instintiva e so nossa herana dos prvios estados inferiores da nossa existncia.

    No so ms em si mesmas, mas so indignas de ns no estado de nosso "Eu", o reflexo das coisasque nos forem prprias e naturais nos nossos estados mais animais, porm acima das quais jestamos crescendo.

    Podereis aprender muito, observando os sintomas dessas manifestaes dos sentidos, j

    moribundas e podereis libertar-vos delas mais depressa do que aconteceria se as temsseis como sefossem manifestaes de uma entidade de fora de vs, como tentaes de um Diabo pessoal. Com otempo, vos libertareis destas coisas e o seu lugar ser ocupado por algo melhor e mais digno. Porenquanto considerai-as como o Instintivo desejo de fazer alguma "arte" de rapaz, que em seu tempoera natural, mas agora no natural nem desejvel. Muitas pessoas adultas dificilmente venceramos costumes infantis de chupar o dedo ou torcer uma madeixa entre os dedos, costumes que so toinocentes nos dias de infncia, mas que causaram muitas repreenses e castigos s crianascrescentes e, nos anos posteriores, muitas vezes foi necessrio exercer a vontade do adulto paraabandon-los. Olhemos deste modo para esses sintomas da infncia da nossa vida d'alma elibertemo-nos deles, compreendendo a sua natureza e significado, e no os consideremos commedo, como "obra do Diabo". O nico Diabo que h a Ignorncia e o Medo.

    O stimo preceito nos diz: "Mata a sede de crescimento." Mas o oitavo adverte: "Crescecomo cresce a flor, inconscientemente, mas ardendo em nsias de entreabrir sua alma brisa. Assim como deves avanar abrindo a tua alma ao Eterno. Mas deve ser o Eterno que deve desenvolver a

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    tua fora e a tua beleza e no o desejo de crescimento. Porque no primeiro caso floresces com alouania da pureza, e no outro te endureces com a avassaladora paixo da importncia pessoal."

    A autora das citadas palavras exps to claramente esta dupla enunciao de verdade, quebasta um curto comentrio, mesmo para os que apenas esto entrando no Caminho. A distinoentre o "desejo de crescer" e o desenvolvimento que vem alma adiantada, est no motivo."Desejo" ou sede de crescimento para glorificao prpria, uma sutil forma de vaidade e uma

    refinada forma de ambio egosta. E este desejo aplicado ao espiritual, tende ao que os ocultistaschamam "magia negra", que consiste em desejo de poder espiritual para us-lo em fins egostas oupara a mera sensao de poder que tal desenvolvimento traz. Nunca demais advertir o estudantede ocultismo contra tais desejos e prticas; o lado preto do quadro e aqueles que seguem ocaminho que vai para baixo encontraro um terrvel castigo em consequncia das suas aes, emuitas vezes ho de trabalhar e sofrer durante sculos, antes que de novo achem o Caminho, sobreo qual o Sol do Esprito brilha to claramente.

    O crescimento que se deve desejar o natural crescimento da alma, o crescimento que comparado com o crescimento da flor gradual e inconsciente, porm ansioso de entreabrir a almaaos raios benficos do grande Sol Central da Vida; este crescimento consiste mais em "deixar" doque em "forar, e vem-nos todos os dias, se no o contrariamos. Se a alma se desenvolve, o Esprito

    manifesta-se gradualmente sua conscincia. Muitos estudantes atormentam-se a si prprios e aseus instrutores, com as perguntas ansiosas: "Que devo fazer?" A nica resposta : "Deixai de fazertrabalho forado e no contrarieis o vosso crescimento." E crescerei, deste modo. Cada diaaumentar vossa experincia, cada ano vos encontrar mais adiante no Caminho. Poder parecer-vos que no estais progredindo; mas comparai-vos com vs mesmos um ano atrs e notareis oadiantamento. Ide adiante, vivendo a vossa vida da melhor forma que sabeis, fazendo a vossa obrada melhor maneira que podeis dia por dia, no vos afligindo com o pensar na vida futura,vivendo no grande e glorioso Presente, e deixando o Esprito trabalhar mediante vs, em confiana,f e amor. E, caro estudante, tudo ser bom para vs. Estais no caminho direito, ide por ele,

    preferindo sempre o do meio, alegrai-vos com o aspecto das cenas que se vos apresentam aos lados,gozai das brisas refrigerantes, achai prazer no dia e na noite tudo bom, e assim estais fazendo

    progressos sem sentirdes os cansaos da viagem.O homem que conta as pedras milirias e, aflito, pensa nas milhas que ainda h de percorrer,

    e como anda devagar, redobra os cansaos e perde as belezas dos arredores. Em vez de pensar noque v, pensa s em milhas, milhas, milhas e ainda mais milhas que tem que percorrer em suaviagem.

    Que que nos diz a sabedoria?"9. Deseja unicamente o que est em ti."10. Deseja unicamente o que est fora de teu alcance."11. Deseja unicamente o que inatingvel."12. Porque em ti est a luz do mundo, a nica que pode difundir-se no caminho. Se s

    incapaz de perceb-la dentro de ti, intil que a procures noutra parte. Est fora do teu alcance,porque quando chegares a ela j no te encontras a ti mesmo. inatingvel, porque retrocedesempre. Entrars no seio da luz, mas nunca tocars a chama."

    Estes quatro preceitos formam outros paradoxos de que est cheio o admirvel manual queestamos comentando. Aos que no acharam a chave, parecer que so muito contraditrios e malcompostos. Ao homem ordinrio parece ridculo dizer que deveis desejar alguma coisa que est emvs e todavia fora do vosso alcance e que inatingvel. Para quem, entretanto, tem a chave,estes ensinos so claros e belos. eles se referem ao desenvolvimento da Conscincia Espiritual, Iluminao, que to insuficientemente descrevemos na primeira srie das nossas lies (CatorzeLies). Esta a primeira grande aquisio que devemos fazer no Caminho. Ela significa tudo parao ocultismo neste ponto da viagem, porque o transfere do plano de mera crena ou aquiescncia

    intelectual ao plano em que sabe que . No o dota para sempre de cincia universal, mas d-lhe aconscincia da verdadeira existncia espiritual, e, em comparao com esta, nada vale qualqueroutra experincia e cincia. Esta conscincia espiritual coloca-nos (talvez s por um instante) face a

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    "14. Deseja ardentemente a paz."15. Deseja as possesses acima de tudo."16. Mas estas possesses devem pertencer alma pura e, por conseguinte, devem ser

    possudas igualmente por todas as almas puras, sendo assim a propriedade especial do todo, queunidas o constituem. Anela as possesses prprias da alma pura, a fim de que possais acumularriquezas para aquele esprito comum de vida, que o teu nico ser verdadeiro. A paz que deves

    desejar aquela paz sagrada que nada pode perturbar e no seio da qual a alma cresce, como cresce aflor santa no seio das lagoas tranquilas. esse o poder a que deve aspirar o discpulo; aquele queo far aparecer como nada aos olhos dos homens.

    "17. Procura a senda."18. Busca o caminho penetrando no interior."19. Busca o caminho avanando resolutamente para o exterior."

    Aqui tendes outro exemplo do relativo e absoluto. "Deseja ardentemente o poder." O poder,entretanto, o poder egosta, a maior maldio do homem que o possui. O poder do Esprito, que "o poder a que deve aspirar o discpulo", pode realmente faz-lo "aparecer como nada aos olhos doshomens" que lutam pelo poder material; porque o poder consciente, do qual o homem ordinrionada sabe do qual incapaz de formar uma ideia ou imagem mental; e muito propenso a

    considerar como um louco o homem que possui esse poder ou quem procura alcan-lo. O poderaplicado com desinteresse incompreensvel para o homem ordinrio que procura o podermundano; mas esse poder mundano e tudo que com se pode alcanar, romper-se- diante da chamado tempo, como um pedao de tecido diante do fsforo e converter-se- em cinza num instante, ao

    passo que o poder real do adiantamento espiritual cresce e torna-se mais forte e mais extenso com odecorrer dos anos. O poder espiritual a substncia, o poder material a sombra; mas o mundoinverte a posio de ambos, por causa da sua viso imperfeita.

    No caiais no erro de pensardes que o dcimo sexto preceito aconselha ao estudanteprocurar "aparecer como nada aos olhos dos homens". No este o sentido; o estudante deve evitara vontade de "aparecer" como nada. Deve evitar as aparncias; elas pertencem ao mundo desombras e o verdadeiro estudante no tem nada com elas. Deixai que o mundo atenda s suas"aparncias"; deixai-o que se divirta com os seus brinquedos e suas bolhas de sabo. No queirais"aparecer"; deixai o mundo que o faa, se diverte com isso e o seu divertimento no vos

    prejudicar. Dizemo-lo, porque alguns interpretaram este preceito como se fosse um incentivo humildade arrogante, semelhante "humildade" de Uriah Heep. Como se "aparecer" nada fossecomo uma virtude especial!

    O preceito indica qual o nico poder digno de ser procurado e, ao mesmo tempo, mostra aoestudante como o mundo profano no reconhece este poder como "poder"; porm, o poder mundano igual ao poder do luntico que, sentado num trono de caixas de sabo, com uma coroa de papeloe um cetro infantil, imagina que o Senhor de tudo. Deixai o mundo que se divirta no vosimporta; vs, porm, procurai o real poder do Esprito, sem que vos influencie a ideia, como

    "aparece" ao mundo."Deseja ardentemente a paz." Mas esta paz a paz que vem de dentro e que podeis gozar,ainda que estejais no meio do combate da vida ainda que sejais o supremo comandante doexrcito do mundo ou um dos seus mais humildes soldados. Esta paz da alma despertada econsciente, em verdade, "aquela paz sagrada que nada pode perturbar e no seio da qual a almacresce, como cresce a flor santa no seio das lagoas imveis". Esta paz vem s aos que despertaram conscincia de sua existncia espiritual. Uma vez atingido, este estado d ao homem a possibilidadede pr de lado uma parte de sua natureza, qual pode retirar-se, quando os embaraos e a luta davida externa o perturbam; e ela o circunda imediatamente com a paz "que superior aoentendimento", porque est alm do domnio do entendimento do intelecto. esse santurio da alma "o porto de descanso para a mente inquieta; ali pode ela procurar o abrigo das tempestades que

    esto uivando por fora. Quando o homem chega conscincia do que realmente e pode ver o que o mundo de iluses, acha este lugar de paz. E, embora as necessidades de sua vida o colocassemnuma posio que o obriga a tomar parte na luta, simplesmente est em luta, mas no homem de

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    luta, porque, enquanto uma parte da sua natureza desempenha o papel que lhe coube, o seu Eusuperior eleva-se acima do tumulto e sorri serenamente a tudo isso. Construiu para vs mesmos umsanturio interno, em que reina Silncio e onde pode a vossa alma retirar-se para descansar erestabelecer-se. Esta a paz a que se referem os Yogues, quando dizem: "A Paz seja contigo." E aPaz seja com todos vs!

    "Deseja as possesses acima de tudo". Isto pode parecer contrrio aos ensinos espirituais;

    porm, lede adiante: "Mas estas possesses devem pertencer alma pura e, conseguintemente,devem ser possudas igualmente por todas as almas puras, sendo assim a propriedade especial dotodo que, unidas, o constituem. Anela as possesses prprias da alma pura, a fim de que possaacumular riquezas para aquele esprito comum de vida, que o teu nico ser verdadeiro." claroque estas possesses no so materiais, mas so as possesses da alma. E que o que a alma pode

    possuir? S o saber, porque tudo o mais irreal e desaparece. Por isso, deve a alma desejar apossesso e a realizao do saber de que necessita a cincia do Esprito. E esta melhor cinciapode ser possuda somente pela alma pura; as almas de outras espcies no a procuram. E a almapura est disposta a possu-la em comunho com todas as outras almas, capazes de aceit-la ecompartilh-la ou fazer dela uso, e nenhuma tentativa se faz de atribuir-se especiais direitos de

    propriedade nessas possesses, que so reconhecidas como a propriedade do "todo unido". No

    pode haver direitos exclusivos na cincia espiritual, embora alguns mortais assim julguem nopode haver monoplio destas possesses, porque so comuns como a gua para todos os quequerem receb-los. E apesar de serem as mais preciosas de todas as possesses, no se compramcom dinheiro, e ai! de quem quiser vender os dons do Esprito, porque vende coisas que no podemser fornecidas seno aos que esto preparados para receb-las, e os que esto preparados parareceb-los no tm necessidade de compr-las; basta servirem-se, como os convidados mesa deum festim.

    Chamamos vossa ateno para a sentena que diz que devemos desejar "acumular riquezaspara aquele esprito comum de vida, que o vosso nico ser verdadeiro". Porque, quando alcanaissaber espiritual, estais acumulando no s para vs mesmos, como tambm para outros; estaistrabalhando tanto para a Humanidade, como para vs mesmo. A Humanidade ganha comadiantamento que os seus membros fazem em aquisio do saber espiritual, e vs a fazeis mais fcil

    para outros, dos quais alguns esto vivendo agora, e outros vivero mais tarde. Estais fazendo avossa parte para elevar o pensamento do mundo. E, como tendes gozado alguns dos tesourosacumulados por aqueles que passaram antes de vs nos tempos idos, igualmente geraes vindourasaproveitaro o que vs agora estais acumulando. Ns somos apenas tomos num poderoso Todo, eo proveito de um proveito de todos. Nada se perde. Por isso: "Deseja as possesses acima detudo."

    "Procura a senda." No a procureis por esforo estrnuo, mas abrindo-vos mesmo aos soprosdo Esprito reconhecendo a fome que a alma tem de po espiritual, e a sede de beber da fonte devida. Absorvei o saber pela Lei de Atrao. Ele vir a vs em obedincia a esta lei. vosso porque

    o procurais e nada pode tirar-vo-lo, nem apartar-vos dele. Diz Emerson: "As coisas que so para ti,gravitam para ti. Oh, acredita, como vives, que cada som que pronunciado no orbe do mundo, paraser ouvido por ti, no teu ouvido vibrar. Cada ao, cada provrbio, cada livro que destinado aservir-te de auxlio ou conforto, com certeza chegar tua casa por passagens abertas ou arejadas."

    E esta ser a vossa prova da verdade: Quando vos vem uma mensagem que parece despertarem vs uma lembrana de alguma verdade quase esquecida, essa verdade vossa pode ser queno seja a verdade inteira, mas tanto quanto sentis que verdade, vosso o resto vir com otempo. Contam que algum, tendo pedido a Emerson que provasse certas palavras que enunciaranuma preleo, respondeu: "Julgo que nunca enuncio uma verdade que precise ser provada." Eleteve razo. A verdade evidente por si mesma.

    Quando a alma que desperta ouve a enunciao de uma verdade, estando j preparada a

    receb-la naquele tempo, instintivamente a reconhece como tal. Pode ser incapaz de explic-la aosoutros, ou at a si mesma, mas sabe que assim , SABE. Quando despertam as faculdades da MenteEspiritual percebem a verdade por seu prprio mtodo. A Mente Espiritual no segue um rumo

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    contrrio razo, mas transcende o Intelecto; vai alm e v que o Intelecto no pode compreender.Lendo ou ouvindo palavras de que se afirma que so verdades, aceitai s aquilo que apela razosuperior e deixai de lado, por esse tempo, aquilo que no apela a ela. Pode ser que encontreis numa

    preleo ou num livro uma s sentena que conforme vossa razo superior: aceitai-a e no vosinquieteis pelo resto. Se aquilo que deixastes de aceitar for realmente verdade, vir a vs, quandoestiverdes preparados e no pode escapar-vos. No vos aflijais, se no podeis compreender tudo que

    ouvis ou ledes; passai por cima do que no desperta o som correspondente nota que est em vs.Isto uma prova certa e uma regra. Aplicai-a a todas as escritas e a todos os ensinamentos inclusive o vosso! No vos deixeis perturbar pelo aparente conflito dos ensinos que ouvis e ledes.Cada instrutor h de ensinar pelo mtodo que lhe prprio, e cada instrutor tocar em alguma coisaomitida pelos outros. Todos os instrutores esto com alguma verdade nenhum com a verdadeinteira. Tomai o que vosso, onde quer que o encontreis; e o resto deixai. No sejais partidriosfanticos dos instrutores; ouvi o que dizem, mas em tudo isso apelai para a aprovao da vossaalma. No sejais adepto cego; sede um indivduo. A vossa alma to boa para julgar como qualqueroutra; para vs at melhor, porque sabe de que necessitais e est arranjando-o continuamente paravs. Instrutores so teis, e livros so teis, porque vos do sugestes e suprem os elos que faltam;(do-vos pontos soltos da ideia que podeis desenvolver em horas vagas; corroboram aquilo que est

    meio despertado em vossa mente; ajudam a vossa mente a dar luz a novos pensamentos. Mas avossa prpria alma h de fazer o trabalho que a ela pertence; ela o primeiro juiz para dar o que melhor para vs; o conselheiro mais sbio, o instrutor mais habilitado. Prestai ateno voz dovosso interior. Confiai em vossa prpria alma, estudante! Olhai para dentro, com confiana, f eesperana. Olhai para dentro, pois ali est a centelha da Chama Divina.

    "Busca o caminho, penetrando no interior." Acabamos de falar desta confiana no interior.Este preceito d mais fora a esta fase do ensino ocultista. Aprendei a penetrar no Silncio e escutaia voz da vossa alma; ela vos falar de muitas coisas grandes. No Silncio se desenvolve a MenteEspiritual, e fornecer vossa conscincia pedaos das grandes verdades que esto enterradas emseus recantos. Fornecer ao Intelecto certos fragmentos de verdade, do seu prprio rico depsito, e oIntelecto os aceitar depois e raciocinar sobre as premissas assim, obtidas. O Intelecto frio, aMente Espiritual calorosa, ativa e dotada de alto sentimento.

    A Mente Espiritual a fonte de muita "inspirao". Poetas, pintores, escultores, escritores,pregadores, oradores e outros receberam esta inspirao no passado e recebem ainda. Esta a fontede onde o vidente obtm a sua viso, o profeta a sua previso. Por meio do desenvolvimento de suaConscincia Espiritual pode o homem por-se em alta relao com esta elevada parte da sua naturezae tornar-se assim possuidor de um saber de que o Intelecto no ousou nem sonhar.

    Quando aprendemos a confiar ao Esprito, ele nos responde, dando-nos mais frequentesfulgores de iluminao e esclarecimento. medida que o homem se desenvolve em ConscinciaEspiritual, confia mais Voz Interna e torna-se mais capaz de distingui-la dos impulsos que vmdos baixos planos da mente. Aprende a seguir o guia do Esprito e aceita a mo auxiliadora que este

    lhe estende. Ser "guiado pelo Esprito um fato vivo e real na vida de todos os que alcanaramcerto grau de desenvolvimento espiritual.Busca o caminho avanando resolutamente ao exterior. "No temais." Nada pode fazer-vos

    mal. Vs sois uma alma viva, eterna. Por isso, sede resoluto. Olhai ao redor de vs e vede osacontecimentos no mundo e aprendei disso. Vede as obras do grande tear da vida, observai o voodas lanadeiras, vede os estofos de vrios tecidos e de vrias cores, que se est fabricando.Comparai tudo isto Vida. No vos assusteis. Ao redor de vs jazem lies, aguardando que asestudeis e aprendais. Vede a vida em todas as suas fases; isto no quer dizer que deveis ir para trs ecomear a viver de novo fases que j deixastes atrs de vs por t-las concludo; mas olhai para elastodas sem horror e sem desgosto. Lembrai-vos que das fases inferiores se desenvolvem fasessuperiores. Do limo do rio, o belo loto ergue o seu talo, e atravs da gua se eleva ao ar e

    desenvolve as suas lindas flores. Do limo da existncia fsica, eleva-se a planta da vida atravs dagua do plano mental, at no ar do plano espiritual e ali se desenvolve. Olhai ao redor de vs e vedeo que as pessoas esto fazendo, o que esto dizendo, o que esto pensando; tudo isso bom, em

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    todas as suas fases, para os que esto nesses degraus. Vivei a vossa prpria vida, no vosso prprioplano de desenvolvimento, mas no menosprezeis os que ainda esto nos planos inferiores. Vede aVida em todas as suas formas palpitantes e realizai o conhecimento de que sois parte de tudo isso.Tudo isso s Uma Coisa e vs sois parte dela. Sentis o crescimento da onda em baixo de vs,cedei a seu movimento - no sereis submergido, porque estais sentado no seu dorso e vos seguraisno seu seio.

    No temais o exterior, nem quando vos retirardes ao interior: ambos so bons, cada um emseu lugar. O vosso Santurio Interno seja o vosso real lugar de descanso, mas no tenhais medo deavanar para o exterior. O vosso retiro no pode ser cortado. Vede o mundo exterior, sabendo que olar sempre vos aguarda. Entre o dcimo oitavo e dcimo nono preceito no h contradio. Vamosrepetir-vo-los para que compreendais que so apenas os dois lados da mesma verdade: "Busca ocaminho, penetrando no interior e busca o caminho, avanando resolutamente para o exterior."

    No vedes que ambos so necessrios para formarem a enunciao completa de Verdade?"Busca-o, mas no em uma direo." Esta uma precauo necessria. Diz a autora dos

    preceitos: "Para cada temperamento existe uma via ao parecer mais desejvel." Mas aqui h sutiltentao: o estudante poderia facilmente contentar-se com aquela via s que prefere o seutemperamento particular, e, por conseguinte, fechar os seus olhos s outras vias. Assim, porm,

    torna-se fantico, parcial, de vistas curtas. Deveria explorar todos os caminhos que lhe parecemconduzir verdade, aproveitando um pouco aqui e um pouco ali, segurando aquilo que apela suaconscincia interna e deixando o resto, mas sem condenar aquilo que v que no pode aceitar. Nosejais partidrio, nem fantico, nem sectrio. Porque preferis uma forma de ensino, no vosapresseis a concluir que todos os ensinos que no concordam com o vosso sejam necessariamentefalsos. H muitas formas de apresentar a verdade, cada uma prpria para a compreenso de certas

    pessoas. Em muitas formas de expresso, que primeira vista parecem ser contraditrias,reconhece-se mais tarde o mesmo princpio fundamental. Muitas das aparentes diferenas de ensinodependem somente do uso (ou abuso) de palavras. Quando compreendemos cada palavra e termo,usados por outrem, achamos frequentemente que entre ns h muitas coisas comuns, e s poucasdiferenas.

    "20. Busca-o (o caminho), mas no em uma direo nica. Para cada temperamento existeuma via ao parecer mais desejvel. Porm, s pela devoo no se encontra o caminho, nem pelamera contemplao religiosa, nem pelo ardor de progresso, nem pelo laborioso sacrifcio de simesmo, nem pela estudiosa observao da vida. Nenhuma destas coisas por si s faz adiantar aodiscpulo mais de um passo. Todos os degraus so necessrios para percorrer a escada. Os vciosdos homens se convertem em degraus da escada, um a um, proporo que vo sendo dominados.As virtudes do homem so, em verdade, degraus necessrios, dos quais se no pode de modo algum

    prescindir. Entretanto, ainda que criam uma bela atmosfera e futuro feliz, so inteis, se estoisoladas. A natureza toda do homem deve ser sabiamente empregada por aquele que desejar entrarno caminho.

    "Cada homem absolutamente para si mesmo o caminho, a verdade e a vida. Isto, porm, o s quando domina firmemente toda a sua individualidade, e quando, pela energia de sua acordadaespiritualidade, reconhece que esta individualidade no mesmo, mas aquela coisa que crioutrabalhosamente para seu uso e por cujo meio se prope, proporo que o seu crescimentodesenvolve lentamente a sua inteligncia, alcanar a vida alm da individualidade. Quando sabe que

    para isto existe a sua assombrosa vida complexa e separada, ento, em verdade, e s ento se achano caminho. Busca-o, submergindo-te nas misteriosas e esplndidas profundidades do mais ntimodo teu ser. Busca-o, provando toda a experincia, utilizando os sentidos, a fim de compreender odesenvolvimento e a significao da individualidade, a formosura e a obscuridade desses outrosfragmentos divinos que contigo e a teu lado combatem e que formam a raa, qual pertences.Busca-o, estudando as leis do ser, as leis da natureza, as leis do sobrenatural: e busca-o,

    prosternando a tua alma ante a pequena estrela que arde no interior. Enquanto vigias e adoras comperseverana, a sua luz ir sendo mais e mais brilhante. Ento poders conhecer que encontraste ocomeo do caminho. E quando encontrares o fim, a sua luz se converter subitamente em luz

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    III LIOCONSCINCIA ESPIRITUAL

    O preceito vigsimo primeiro da primeira parte da Luz no Caminho, o preceito que se referediretamente quilo a que os preceitos precedentes guiaram, diz-nos:

    "Busca a flor que deve abrir-se durante o silncio que segue a tormenta e no antes. A planta

    crescer e desenvolver-se-, lanar ramos e folhas e formar botes, enquanto continuar atempestade e durar o combate. Mas, enquanto a personalidade toda do homem no se tenhadissolvido e dissipado; enquanto o divino fragmento que a criou no considere como meroinstrumento de experimentao e experincia; enquanto a natureza toda no esteja vencida esubjugada pelo Eu superior, a flor no pode abrir-se. Ento, sobrevir uma calma como a que nos

    pases tropicais sucede a uma chuva torrencial, quando a Natureza age com tanta rapidez que a suaao se pode ver. Uma calma semelhante se difundir sobre o esprito fatigado. E no silncio

    profundo ocorrer o misterioso sucesso que provar que se encontrou o caminho. Podes cham-locomo quiserdes; uma voz que fala onde no h ningum que fale; um mensageiro que vem,mensageiro sem forma nem substncia, ou antes a flor da alma que se abriu. No h metfora que

    possa descrev-lo. Mas pode-se pressentir, procurar e desejar, mesmo no meio da fria da

    tempestade. O silncio pode durar apenas um momento ou pode prolongar-se por milhares de anos;porm, ter fim. Contudo, residir em ti a sua fora. Uma e outra vez tem-se que dar e ganhar abatalha. O repouso da Natureza s pode ser um intervalo."

    A flor que desabrocha no Silncio que segue a tormenta (e s ento e ali) a flor daConscincia Espiritual; a sua produo foi o fim de todos os esforos da Planta da Vida; foi ela quecausou o brotar da semente, a formao das razes, o crescimento da planta atravs do solo, regiomais pura em cima, o lanamento das folhas e dos ramos, at que, enfim, apareceu o pequeno botodo Esprito e o verdadeiro desenvolvimento comeou.

    Este aparecimento do boto da Conscincia Espiritual os primeiros raios de Iluminao assinala o perodo mais crtico na evoluo da alma. E como diz o pequeno manual, a flor seabre somente depois da tormenta s quando o silncio sucedeu e tomou o lugar do rudo dosventos, do rugido e estalido do trovo, dos incidentes tremendos da tempestade. Na calma, no

    perodo de descanso que segue a tormenta aguardam a alma grandes coisas. Assim, lembra-te disso, Alma, quando te achares no meio da grande tormenta de inquietao espiritual, que arranca todosos marcos velhos, destruindo tudo em que te apoiavas, e quando te parecer que tudo te foi tirado, eque ficaste s, sem conforto e sem arrimo. Nesse momento de aflio espiritual, quando ests

    perdendo tudo, vem vindo a ti aquela paz que excede a todo o entendimento, que nunca mais seausentar de ti e que vale a nsia de mil tempestades. O tempo de mera crena cega passou para ti eo tempo do saber chegou.

    difcil falar das altas experincias espirituais com as palavras do plano inferior. Emerson,que experimentou esta conscincia de que falamos, diz: "As palavras do homem que fala para

    exprimir aquela vida, no tm sentido para os que no se acham na mesma altura de pensamento.No ouso falar em favor dela. Minhas palavras no expressam o seu augusto sentido; so curtas efrias. S ela pode inspirar a quem quer... Contudo desejo, ainda que com palavras profanas, uma vezque no posso usar palavras sagradas, indicar o cu desta divindade e contar que senhas colhi datranscendental simplicidade e energia da Lei Suprema." uma coisa que antes deve ser sentida doque compreendida intelectualmente, mas que o Intelecto pode parcialmente compreend-la, quandoa iluminao do Esprito o elevou a planos mais altos.

    Sabendo o que tem diante de si, a mo que escreve estas palavras treme em vista da suatarefa. Tentar pr em palavras compreensveis estas experincias da Vida Superior parece ftil etolo; porm, sentimos que somos chamados a fazer tal esforo. Bem, seja, pois; a tarefa est diantede ns, no recuemos.

    Em nossas Catorze Lies falamos da triplicidade da mente humana, dos trs princpiosmentais, a saber: Mente Instintiva, Intelecto e Mente Espiritual. Ser bom que leiais de novo aslies que tratam deste assunto, prestando especial ateno ao que dissemos a respeito do Sexto

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    Princpio a Mente Espiritual. Esta iluminao, esta flor que se abre no silncio que segue atormenta, vem daquela parte da nossa natureza.

    Primeiro, porm, seja-nos claro o que designado como "tormenta", que precede odesabrochar da flor.

    Pelos degraus superiores da Me