racionalismo - descartes
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Escola Secundária de Santa Maria da Feira
Ano Letivo: 2012/2013
Disciplina: Filosofia
« QUAL A ORIGEM DO CONHECIMENTO? »
Aluna : Daniela Filipa
Nº9 11º E
A origem do conhecimento já é questionada há imensos séculos e
muitas têm sido as respostas a esta questão. Pode-se dizer que é uma
questão que ao longo de muitos séculos despertou reflexões filosóficas de
grandes pensadores, nomeadamente Descartes. Em suma, qual é a origem
do conhecimento? É a esta questão que me vou centrar a responder ao
longo de todo o trabalho, mostrando e defendendo adequadamente, com
fundamentos claros e bem estruturados a corrente racionalista como
resposta a essas mesma questão e tendo em conta o ponto de vista de
René Descartes.
Para além do racionalismo, existem mais duas correntes filosóficas
que respondem à questão formulada, sendo estas o empirismo e o
apriorismo.
O empirismo defende que todo o conhecimento provém da
experiência. Então, segundo esta corrente, não existem ideias,
conhecimentos ou princípios inatos, isto quer dizer que quando nascemos,
nascemos como uma “tábua rasa”, todo e qualquer tipo de conhecimento é
fruto da aprendizagem, fruto da experiência. Esta é uma corrente oposta ao
racionalismo, negando a existência de conhecimentos inatos e afirmando
que a experiência é a base do verdadeiro conhecimento. Dois dos seus
defensores foram John Locke e David Hume, filósofos que se destacaram por
defenderem o empirismo, embora com teorias diferentes. John Locke
afirmava que, ao nascermos, a nossa mente é como um papel em branco,
completamente desprovida de conhecimentos ou ideias. Para ele estas
ideias e conhecimentos são adquiridos através da experiência que resulta
da observação dos dados sensoriais, quer dos objectos sensíveis externos
quer das operações internas da nossa mente, que são por nós percebidas e
reflectidas. Hume é um filósofo cuja teoria assenta num conceito: hábito. É
através deste conceito que se assume como um empirista, no sentido que a
percepção repetida e habitual de uma determinada impressão ou facto nos
leva a elaborar ideias sobre os fenómenos naturais, através de
generalizações indutivas.
Por sua vez o apriorismo Etimologicamente falando, significa o
processo de raciocínio a priori que consiste em partir de princípios
anteriormente aceites. Esta corrente foi defendida por um Filósofo muito
importante na história da Filosofia, Immanuel Kant. Podemos considerar
esta corrente uma mistura das várias correntes que explicam a origem do
conhecimento. O apriorismo de Kant admitia que existiam três fontes de
conhecimento: a sensibilidade, o entendimento e a razão, ou seja, pela
experiência, pela inteligência e pela própria razão, defendendo então partes
das correntes empirista e racionalista, e formando assim uma corrente
“Intermédia”, ao mesmo tempo mais complexa. A defesa desta corrente
encontra-se na sua obra Fundamentos da Metafísica dos Costumes.
O racionalismo, tema a que me propus tratar, é a corrente que
responde, do meu ponto de vista, de forma verdadeira à questão da origem
do conhecimento. Como o próprio nome nos diz, refere-se à explicação de
caracter racional, ao lógico e à razão, que são consideradas as fontes mais
importantes do conhecimento verdadeiro.
A partir da corrente racionalista, considera-se um conhecimento
efectivo quando este é seguro e rigoroso. Para poder ser seguro e
rigorosotem que estar passível de análise a partir da razão, da lógica e se
for universalmente válido, visto este ser constante para toda a Humanidade,
independentemente da experiência que possa existir.
Este tipo de conhecimento, ou seja, o racionalista, é dado pela
matemática, que é válida universalmente e obriga-nos à sua aceitação, com
o risco de entrarmos numa contradição lógica. Por outro lado, a filosofia,
mais concretamente os filósofos, têm vindo a publicar tratados filosóficos
com o objectivo de serem universais (característica inicial da caracterização
da filosofia). Muito foram os filósofos que se destacarm nesta corrente,
Spinoza, Leibnitz, Descartes entre muitos outros.
Descartes (1596-1650) apresentou um modelo racionalista para o
conhecimento no qual refere que a razão possui ideias inatas, sendo estas
claras e distintas, postas por Deus no espírito do Homem. Esta sua corrente
acaba por explicar algumas ideias muito controversas na filosofia, como por
exemplo, a existência de Deus, explicada por Descartes pela razão. Através
da dedução é possível chegar ao verdadeiro conhecimento da realidade.
Este tipo de racionalismo é denominado de racionalismo cartesiano ou
inatista.
«Não é suficiente ter o espírito bom, mas o principal é aplicá-lo bem».
«Toda a filosofia é como uma árvore, cujas raízes são a metafísica, o tronco é a física e os
ramos que saem do tronco são todas as outras ciências, que se reduzem a três principais, a
saber, a medicina, a mecânica e a moral».
«Não devemos pensar que as verdades
eternas dependem do entendimento
humano (...) mas apenas da vontade de
Deus que, como soberano legislador, as
ordenou e estabeleceu para toda a
eternidade».
O filosofo (Descartes) era um
racionalista dogmático convito
que procurou combater os
cépticos e reabilitar a razão. Este
afirmava que só era possível
superar os argumentos dos cépticos para o qual o conhecimento não é
possível, se forem encontrados fundamentos metafísicos. Então criou um
método que tinha como objetivo a obtenção de uma verdade indiscutível e
era inspirado na matemática visto que as suas proposições vinham de
origem racional. Foi através deste método racionalista que toda a sua
filosofia se assente. Este método cartesiano, segundo Descartes “ (…)
entendo um conjunto de regras certas e fáceis tais que, aquele que as
cumprir correctamente, nunca tomará nada falso por verdadeiro; sem
qualquer desperdício de esforço mental e aumentando o seu conhecimento
passo a passo, chegará ao verdadeiro conhecimento ou entendimento de
todas as coisas que não ultrapassam a sua capacidade”.
Regras que integram o método:
1. A evidência – nunca aceitar qualquer coisa como totalmente
verdadeira caso deixem dúvidas;
Ilustração 1 – René Descartes
2. A análise – simplificar cada problema para que fosse possível resolve-
lo mais facilmente;
3. A síntese – estabelecer uma ordem crescente de complexidade,
permitindo o alcance do conhecimento mais complexo;
4. A enumeração – revisão geral e completa para a certificação de que
nada era omitido.
Estas regras permitiam guiar a razão orientando de uma forma
correcta as operações fundamentais do espírito, ou seja, a intuição e a
dedução. A intuição é a apreensão direta e imediata de noções simples,
evidentes e indubitáveis. Já a dedução é o encadeamento das intuições,para
que através dos princípios evidentes de pudesse cegar as consequências
necessárias.
Dentro do método cartesiano, destaca-se a dúvida, algo bastante
importante porque é através dela que é possível negar tudo aquilo que
levanta alguma suspeita de incerteza, exceto às verdades que estão ligadas
com a fé e com o sobrenatural que não estão sujeitas a esta.
A dúvida é justificada por :
1. Preconceitos e juízos precipitados formulados na infância;
2. O carácter enganador dos sentidos;
3. Não existir um critério que perfima distinguir o sonho da vigília;
4. A existência de um deus enganador ou um génio maligno que engana
no que toca à verdade, levando a que estejamos sempre a ser
enganados a respeito da verdade, das demonstrações matemáticas e
da existância das coisas.
Esta dúvida é metódica, temporária, exagerada, universal, radical,
catártica (visto que liberta o espírito dos erros que o podem perturbar ao
longo do processo de indagação da verdade) e procura impedir a razão de
considerar verdadeiros conhecimentos que não merecem esse nome.
Descartes aplicou a dúvida em tudo o que causava incerteza, como por
exemplo nas informações dos sentidos, nas opiniões, nas crenças, nas
realidades físicas, nos conhecimentos matemáticos e em Deus. O
pressuposto racional dele foi o seguinte: tudo o que acredito vem da razão?
Se não, então vou ter que acreditar naquilo que é racional, logo duvidaria
de tudo o que acreditava ser conhecimento e iria começar do início deste
processo. A isso chamou de dúvida metódica.
A dúvida irá conduzir a uma verdade incontestável . Esta é um acto
de pensamento e não pode acontecer sem a existência de um autor. Se há
dúvida, há pensamento. “Penso, logo, existo” (Cogito ergo sum), surge
neste pressuposto.
Descartes deduziu desta verdade uma enorme quantidade de
proposições de ordem metafísica. No final, considerou que era possível
retirar da dúvida, não apenas os conhecimentos de ordem inteletiva, como
também os de ordem sensível, pois nem estes seriam fruto da experiência,
mas sim resultado de uma atividade inata da razão. Assim, a verdade deve
obdecer aos critérios da clareza e da distinção e trata-se de uma evidência,
pois considera-se um conhecimento claro e distinto que servirá de modelo
para todas as verdades que a razão poderá alcançar.
Apesar de a razão conseguir produzir conhecimentos verdadeiros, não
está excluída a hipótese do Deus enganador. Descartes considerou
fundamental demonstrar a existência de um Deus que traga segurança e
garatia das verdades. Para o filosofo era necessário descobrir a causa do
pensamento funcionar como funciona e explicar a causa da existência de
um sujeito pensante. Este parte das ideias que estão presentes no sujeito
( que são de três tipos : adventícias [ que se originam na experiência
sensível] , factícias [ criadas pela imaginação] e inatas [as da própria
razão] ), para provar a existência de Deus, mais própriamente a ideia inata
de perfeição.
Provas da existência de Deus:
1- Se Deus é perfeito, tem que existir. Não é possível considerar Deus
perfeito e não existente em simultâneo;
Esta prova é designada de argumento ontológico sendo desenvolvida
a priori, sem recurso à casualidade ou à experiência;
2- O sujeito pensante não é a causa da ideia do perfeito porque este
mesmo é imperfeito. Logo, a ideia de perfeição só pode ter sido
criada por algo perfeito, isto é, Deus;
3- O ser pensante não pode ter sido o criador de si próprio, pois se o
tivesse feito ter-se-ía perfeito e não imperfeito. Portanto, só a
perfeição divina só ter criado o ser imperfeito que o Homem é e toda
a realidade.
Importância de Deus no sistema cartesiano e a questão dos erros do
Homem:
- Deus, enquanto ser divino e perfeito, é a garantia da verdade das nossas
ideias claras e distintas
- Se Deus é perfeito e criador da realidade, então também é criador das
verdades incontestáveis e o fundamento da certeza
- Segundo Descartes, Deus é quem garante a adequação entre o
pensamento evidente e a realidade, dando assim validade ao conhecimento
- Deus é a perfeição, ou seja o bem , a virtude, a eternidade logo não
poderá ser o criador do mal nem o responsável pelos erros do Homem.
- Se Deus não existisse e não fosse perfeito, nós, Homens, não teríamos a
garantia da verdade dos conhecimentos produzidos pela razão, nem
teríamos garantia de que um pensamento claro e distinto corresponde a
uma verdade incontestável. Se Deus não é enganador então as nossas
evidências racionais são absolutamente verdadeiras.
- Os erros do Homem resultam de um uso descontrolado da vontade,
quando esta se sobrepõe à razão.
- Erramos quando usamos de uma forma inadequada a liberdade e quando
aceitamos como evidentes afirmações que não o são, logo Deus não é
responsável pelos nossos erros, mas sim a garantia das verdades
alcançadas pela razão humana.
Para Descartes pode-se ter ideias claras e distintas dos atributos issênciais
de três tipos de substâncias:
1- Substância pensante (res cogitans ) – o atributo essêncial é o
pensamento
2- Substância extensa (res extennsa) – o atributo fundamental é a
extensão
3- Substância divina (res divina) – cujo atributo fundamental é a
perfeição, a qual se identifica, em virtude da simplicidade divina, com
os vários atributos de Deus : omnipotência, omnisciência, suma
bondade, etc
O ser humano está inserido em duas das três substâncias, ou seja, na
pensante ( unidade de alma ) e na extensa ( do corpo ) .
Podemos concluir que Descartes utilizou um método que lhe
permitiu fundamentar o conhecimento do Homem. As ideias necessárias são
inatas e distintas opondo-se às empíricas, ou seja, a que defende os
sentidos. Os príncipios fundamentais do conhecimento são resumidasdente:
a existência do pensamento, a existência de Deus e a existência de corpos
extensos.
Deus é o principal fundamento de toda a realidade. Ele não é
responsável pelos nossos erros. Estes são causados pelo mau uso da
liberdade. É também ele que valida o conhecimento.
Descartes tentou combater o dogmatismo do realismo ingénuo.
Todavia a sua filosofia, por depositar confiança na razão e por considerar
ser possível alcançar a certeza e a verdade, opõem-se ao ceticismo de
David Hume.
Em seguida, apresento alguns esquemas que pretendem sintetizar a
filosofia cartesiana sobre esta temática.
Web e Bibliografia
http://fil11.blogspot.pt/2008/02/descartes-e-o-racionalismo.html
http://www.notapositiva.com/pt/trbestbs/filosofia/11_origem_do_conhecimento_d.htm