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Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997 1

NESTNESTNESTNESTNESTA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃO

As matérias e artigos assinados nãoexpressam necessariamente a opinião da

revista e são de inteira responsabilidade

dos autores.A sua reprodução ou aproveitamento,

mesmo que parcial, só será permitidamediante a citação da fonte e dos autores.

S e ç õ e s

Agrop. Catarinense, Florianópolis, SC, v.10, n.4, p.1-64, dezembro 1997

347

16 a 1823 a 2546 e 47

5764

Agribusiness ..............................................................................Reflorestar .................................................................................Pesquisa em Andamento ...............................................................Registro ...............................................................................Novidades de Mercado .............................................................Flashes ................................................................................Lançamentos Editoriais .................................................................Vida Rural - soluções caseiras .........................................................

5

8

14

19

41

48

51

58

T e c n o l o g i a

Avaliação de fungicidas no controle de podridão dosbulbos do alho causada por Penicillium sppArtigo de Amauri Bogo ........................................................................................

A agroindustrialização de pequeno porte: higiene,qualidade e aspectos legaisArtigo de Leomar Luiz Prezotto ...........................................................................

As aranhas como agentes de controle biológico de pragasArtigo de Flávio Roberto Mello Garcia ...................................................................

Controle de pragas na floração da nectarinaArtigo de Eduardo Rodrigues Hickel, Jean-Pierre Henri Joseph Ducroquete Cangussú Silveira Matos ....................................................................................

Erosão e degradação em dois solos do Oeste CatarinenseArtigo de Milton da Veiga e Leandro do Prado Wildner .......................................

Cruzamento industrial de ovelhas Corriedale com Hampshire DownArtigo de Volney Silveira de Ávila, José Carlos da Silveira Osório,Pedro Osório da Conceição Jardim e Marcelo Alves Pimentel ..............................

Características de qualidade de amostras de polvilhoazedo. Parte 2 - Santa CatarinaArtigo de Ivo Mottin Demiate, Tarleide Oliveira de Souza,Silvana Pugsley, Marney Pascoli Cereda e Gilvan Wosiacki ...................................

Lei de Proteção de Cultivares: como fica o comércio de sementese mudas melhoradasArtigo de Miguel Pedro Guerra e Rubens Onofre Nodari ......................................

R e p o r t a g e m

Nova tecnologia melhora rendimento e qualidade da maçãReportagem de Paulo Sergio Tagliari e fotos de José Luiz Petri .......................

A agroindústria artesanal: uma conquista da dignidade e do valor dapequena agricultura familiarReportagem e fotos de Paulo Sergio Tagliari ....................................................

Controle integrado é destaque no combate à doença do maracujáReportagem e fotos de Paulo Sergio Tagliari ....................................................

26 a 29

30 a 37

38 a 40

O p i n i ã o

Editorial ..................................................................................................................

“O engenheiro agrônomo e a política agrícola”Carlos Pieta Filho ....................................................................................................

Mudanças institucionaisGlauco Olinger ........................................................................................................

2

62

63

A agroindustrialização caseira tem grande afinida-de com a estrutura fundiária e com o modelo agrícolade Santa Catarina.

Esta edição da revista Agropecuária Catarinensetraz uma reportagem e um artigo técnico sobre o tema,com o intuito de colaborar para o melhor aproveitamen-to desta oportunidade que se apresenta ao Estado.

Temos ainda outras duas reportagens: sobre ma-racujá e sobre uma nova tecnologia para a cultura damacieira.

Além disto, e das seções habituais, a revista traz seteartigos técnicos abordando alho, suinocultura,tecnologia de alimentos, nectarina, conservação dosolo, controle biológico e legislação sobre o comércioe o uso de sementes e mudas melhoradas.

Vale lembrar que esta é a nossa quadragésimaedição (v.10, n.4), orgulho e alegria que queremospartilhar com os amigos leitores, assinantes, anuncian-tes e colaboradores.

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2 Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997

Edi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia l

REVISTA TRIMESTRAL COLABORARAM COMO REVISORES TÉCNICOS NESTA EDI-ÇÃO: Áurea Tereza Schmitt, Eduardo Rodrigues Hickel, Gui-lherme Caldeira Coutinho, João Afonso Zanini Neto, José Ange-lo Rebelo, José Itamar da Silva Boneti, José Maria Milanez, LuizGonzaga Ribeiro, Murito Ternes, Paulo A. de Souza Gonçalves,Paulo Sergio Tagliari, Richard Bacha, Tássio Dresch Rech, VeraTalita Machado Cardoso

JORNALISTA: Homero M. Franco (SC 00689 JP)

ARTE-FINAL: Janice da Silva Alves

DESENHISTAS: Jorge Luis Zettermann, Vilton Jorge de Souza,Mariza T. Martins

CAPA: Hargolf Grassmann e Escritório Local de Gaspar/Epagri

PRODUÇÃO EDITORIAL: Daniel Pereira, Janice da Silva Alves,Maria Teresinha Andrade da Silva, Marlete Maria da SilveiraSegalin, Rita de Cassia Philippi, Selma Rosângela Vieira, VâniaMaria Carpes

DOCUMENTAÇÃO: Selma Garcia Blaskiviski

ASSINATURA/EXPEDIÇÃO: Ivete Ana de Oliveira e MirnaBianchini Vali/Rosane Chaves Furtado e Zulma Maria VascoAmorim - GMC/Epagri, C.P. 502, Fones (048) 234-1344 e234-0066, Ramais 245 e 243, Fax (048) 234-1024, 88034-901 Florianópolis, SC.Assinatura anual (4 edições): R$ 15,00 à vista.

PUBLICIDADE: Florianópolis: GMC/Epagri - Fone (048)234-0066, Ramal 263 - Fax (048) 234-1024 - São Paulo, Riode Janeiro e Belo Horizonte: Agromídia - Fone (011) 259-8566- Fax (011) 256-4786 - Porto Alegre: Agromídia Fone (051)221-0530, Fax (051) 225-3178. Agropecuária Catarinense - v.1 (1988) - Florianópolis:

Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária 1988 -TrimestralEditada pela Epagri (1997- )1. Agropecuária - Brasil - SC - Periódicos. I. Empresa Catari-

nense de Pesquisa Agropecuária, Florianópolis, SC. II. Empresade Pesquisa Agropecuária e Difusão de Tecnologia de SantaCatarina, Florianópolis, SC.

15 DE DEZEMBRO DE 1997

Impressão: EPAGRI CDD 630.5

AGROPECUÁRIA CATARINENSE é uma publicação da Epagri- Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de SantaCatarina S.A., Rodovia Admar Gonzaga, 1.347, Itacorubi, CaixaPostal 502, Fones (048) 234-1344 e 234-0066, Fax(048) 234-1024, 88034-901 Florianópolis, Santa Catarina,Brasil

EDITORAÇÃO: Editor-Chefe: Dorvalino Furtado Filho, Editor--Técnico: Vera Talita Machado Cardoso, Editores-Assistentes:Marília Hammel Tassinari, Paulo Sergio Tagliari

COMITÊ DE PUBLICAÇÕES:PRESIDENTE: Dorvalino Furtado FilhoSECRETÁRIA: Vera Talita Machado CardosoMEMBROS: Airton Rodrigues Salerno, Celso AugustinhoDalagnol, Eduardo Rodrigues Hickel, Carlos Luiz Gandin,Roger Delmar Flesch

A Epagri é uma empresa da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura.

A produção familiar no mercado globalA produção familiar no mercado globalA produção familiar no mercado globalA produção familiar no mercado globalA produção familiar no mercado global

No final deste mês de outubroficou definitivamente provado que aglobalização da economia é um fatoconsumado. Não se trata mais deuma tendência, de uma perspectiva,de uma idéia a ser aceita ou comba-tida. É uma realidade.

O efeito de uma queda nas bolsasde valores asiáticas correu o planetaem questão de horas e em poucashoras as dificuldades da economiabrasileira, que já eram grandes, fi-caram maiores, obrigando o gover-no a uma série de medidas, prova-velmente necessárias para a nação,mas desagradáveis para o cidadão. Eo Natal da maioria dos brasileirosficou mais pobre, sem que eles tives-sem feito absolutamente nada paraisto.

Este fato consumado, ou esta re-alidade, que é a economia globalizadatem sido e continuará sendo objetode análises, debates e estudos vas-tos e variados, em razão da comple-xidade e da abrangência da sua natu-reza. Assim, não se pretende nestepequeno espaço e neste breve co-mentário mais do que chamar aatenção para alguns de seus aspec-tos que afetam direta e intensamen-

te a agricultura e o setor público agrí-cola de Santa Catarina.

Como é sabido, os sistemas esubsistemas, sejam econômicos ou na-turais, são tanto mais vulneráveisquanto mais complexos, ou seja, osníveis e a amplitude dos riscos aumen-tam com a sofisticação e a dependên-cia. E a globalização implica justa-mente isto: aumentar a interdepen-dência dos sistemas e subsistemas.Daí os estragos imediatos da criseasiática na economia brasileira, comode resto no mundo inteiro.

Diante da realidade global eglobalizante, a questão prática que secoloca - e que é alvo desta reflexão - ésaber como fica e como ficarádoravante a agricultura catarinense.E mais ainda: qual o futuro da peque-na propriedade, o sistema de produçãobásico e majoritário na economia agrí-cola de Santa Catarina?

Do ponto de vista social, uma dascaracterísticas indesejáveis do grandesistema econômico global é o alto ris-co a que ficam sujeitos os agentesindividuais. Outra é a probabilidadealta de exclusão de um grande núme-ro destes agentes face ao acirramentoda concorrência. Portanto, quem ti-

ver interesse em manter, preservare desenvolver estes pequenos agen-tes produtivos - caso da pequenapropriedade rural - terá que lhes darsegurança, via sustentabilidade, eeficiência, via especialização.

A Epagri tem este interesse, tan-to que a sustentabilidade e acompetitividade da agriculturacatarinense face aos mercadosglobalizados são os alvos do seu re-cém elaborado plano estratégico, do-cumento que fixa a missão, os obje-tivos e as diretrizes da Empresa, eque resultou de um longo e necessá-rio processo de planejamento estra-tégico.

A agroindustrialização caseira éum exemplo do que pode ser feitopara aumentar a renda e diminuiros riscos das pequenas proprieda-des, ampliando e garantindo a parti-cipação da agricultura familiar nomercado. A Epagri está apoiandoestas atividades, conforme se cons-tata em matéria nesta edição darevista Agropecuária Catarinense.Pode não ser uma solução, mas éuma opção. E na aldeia global sobre-viverão os que tiverem mais e me-lhores opções.

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Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997 3

AGRIBUSINESS

RuralTRuralTRuralTRuralTRuralTech 98 - Mostra Internacionalech 98 - Mostra Internacionalech 98 - Mostra Internacionalech 98 - Mostra Internacionalech 98 - Mostra Internacionalde Tde Tde Tde Tde Tecnologia para Agribusinessecnologia para Agribusinessecnologia para Agribusinessecnologia para Agribusinessecnologia para Agribusiness

Modernizar a base produtivaregional, disponibilizando solu-ções tecnológicas que agreguemvalor à empresa rural. Este é oobjetivo da RuralTech 98, 1a Mos-tra Internacional, que será reali-zada durante a 38a Exposição Agro-pecuária e Industrial de Londri-na, de 9 a 19 de abril do próximoano.

Promovido pela Associação doDesenvolvimento Tecnológico deLondrina - Adetec, em parceriacom instituições locais doagronegócio, a Chamada Inter-nacional de Trabalhos ofereceráUS$ 18 mil em prêmios aos trêsprimeiros colocados e os 30 sele-cionados serão expostos no Pavi-lhão RuralTech da 38a Expo-Lon-drina, em estante cedidos pelaorganização.

Apóiam a Chamada Interna-cional de Trabalhos entidadescomo Sociedade Rural do Paraná,Embrapa-Soja, Instituto Agronô-mico do Paraná - IAPAR, Univer-sidade Estadual de Londrina -UEL, Universidade do Norte doParaná - Unopar, Fundação deApoio à Pesquisa e aoAgronegócio - Fapeagro, Progra-ma Paraná Europa, Grupo Pro-motor do Desenvolvimento Re-gional - GPDR, Prefeitura deLondrina/Secretaria da Agricul-tura, Secretaria da Agricultura eAbastecimento do Paraná e As-

sociação dos Engenheiros Agrô-nomos de Londrina.

A RuralTech 98 é voltadapara acadêmicos, especialistas,cientistas, empresários e profis-sionais de todas as áreas quedesenvolvam softwares, produ-tos, processos, protótipos, tec-nologias e/ou projetos relacio-nados ao tema: “Soluções paraagregar valor à empresa rural”.

Os trabalhos deverão ser en-caminhados à Adetec até o dia 30de janeiro de 1998, data de en-cerramento das inscrições. Umabanca avaliadora, composta porrepresentantes de empresas einstituições do setor deagribusiness, fará a seleção dos30 melhores trabalhos relacio-nados ao tema central da Cha-mada Internacional: “Soluçõespara agregar valor à empresarural”.

A premiação ocorrerá em so-lenidade marcada para o dia 19de abril de 1998, na SociedadeRural do Paraná.

Mais informações e regula-mento:

Vértice - Escritório de Im-prensa

Fone/Fax: 55 (043) 324-6210,Londrina, PR, Brasil

E-mail: [email protected]

Internet: http://www.sercomtel.com.br/ruraltech.

Equipamento da Embrapa facilitaEquipamento da Embrapa facilitaEquipamento da Embrapa facilitaEquipamento da Embrapa facilitaEquipamento da Embrapa facilitacongelamento de embriõescongelamento de embriõescongelamento de embriõescongelamento de embriõescongelamento de embriões

As propriedades do óleo de palmaAs propriedades do óleo de palmaAs propriedades do óleo de palmaAs propriedades do óleo de palmaAs propriedades do óleo de palma

Devido às suas propriedadesa palma vem sendo cada vezmais utilizada pelas indústriasalimentícias e oleoquímicas, fatoque a coloca na posição de se-gundo óleo mais consumido nomundo. “Acreditamos nessemercado, tanto que desenvolve-mos constantemente novas tec-nologias para melhorar aindamais a qualidade dos derivados”,explica Harald Brunckhorst, di-retor do Grupo Agropalma,maior produtor de palma do país.

A palma gera muitas fraçõesem diferentes pontos de fusão,variando de 15 a 58oC, o queamplia a sua aplicação em mar-garinas, biscoitos, frituras indus-triais, sorvetes, chocolates, sa-bões, sabonetes e cosméticos fi-nos. O fracionamento é um pro-cesso natural e não provoca mu-danças químicas na estruturados triglicerídeos.

Outra vantagem é que a gor-dura elaborada à base de palmaapresenta alta resistência à oxi-dação, prolongando a vida útildos alimentos. Diferente dos ou-tros óleos, ele não precisa serbombardeado com nitrogênio e

níquel, processo de hidrogenação,questionado por nutricionistaspela presença de componentesquímicos nocivos à saúde.

Além das características ide-ais para as indústrias, os deriva-dos da palma têm propriedadesimportantes para o organismohumano. Rica em vitamina E(tocotrienóis), a oleaginosa elimi-na os radicais livres oxidados,moléculas de oxigênio resultan-tes do metabolismo e que danifi-cam as células. O óleo ainda éindutor natural do benéfico HDL--colesterol e 97% digestível.

A Agropalma preserva essascaracterísticas investindo emtecnologia. O óleo bruto, por exem-plo, é extraído por prensagem me-cânica, sem o uso de solventes.Recentemente o grupo inaugu-rou a primeira refinaria do país,única habilitada pelo InstitutoBiodinâmico de Desenvolvimen-to Rural (IBDR), órgão reconhe-cido pelo International Federa-tion of Organic AgricultureMovements (IFOAM), para pro-cessar derivados de palma orgâni-cos, ou seja, sem aditivos quími-cos.

A Empresa Brasileira de Pes-quisa Agropecuária - Embrapa,vinculada ao Ministério da Agri-cultura e do Abastecimento, estálançando um equipamento naci-onal para congelar embriões emnível de campo. ChamadoIsocriogen, vai facilitar o traba-lho de técnicos e permitir o acessode criadores à tecnologia de trans-ferência de embriões. O custo écerca de 20% dos similares impor-tados.

O Isocriogen é um aparelhoportátil que permite o congela-mento de embriões paraestocagem. Com isso, boa partedos criadores de vacas, eqüinos,caprinos e ovinos, por exemplo,terão acesso facilitado à técnica.Os embriões poderão ser conge-

lados na própria fazenda e o cria-dor poderá esperar a época ade-quada para levá-los ao labo-ratório, onde será feita ainseminação.

Já existem cerca de dez pro-tótipos do equipamento, que es-tão sendo utilizados por univer-sidades, centros de pesquisa ealguns técnicos do campo. Agorachega a vez do criador. Os equi-pamentos usados até hoje exi-giam que o congelamento deembriões fosse realizado em lo-cais onde o transporte não de-morasse mais de quatro horas.Isto, na prática, inviabilizava ouso da técnica em propriedadesmais afastadas, onde não há fa-cilidades para rápido desloca-mento.

Outra vantagem doIsocriogen é o fato de que seuuso não depende de energia elé-trica. E, além de simples manu-seio, é leve, podendo ser trans-portado com facilidade.

O equipamento foi desen-volvido pela Embrapa RecursosGenéticos e Biotecnologia. Oconjunto completo sairá por cer-

ca de mil reais, enquanto, no mer-cado, um equipamento importadosemelhante custa R$ 5.000,00.Mais informações contatar comEmbrapa Recursos Genéticos eBiotecnologia, pesquisadoresAssis Roberto de Bem e Regi-valdo V. Souza, Fone (061)340-3600. Texto do jornalista Jor-ge Duarte.

Banco de dados sobre sites deBanco de dados sobre sites deBanco de dados sobre sites deBanco de dados sobre sites deBanco de dados sobre sites deagropecuária na Internetagropecuária na Internetagropecuária na Internetagropecuária na Internetagropecuária na Internet

Está na Internet um novoserviço de informações sobreagropecuária em http://www.infoagri.com.br. Trata-sedo InfoAgri, um site de pesquisaonde o visitante poderá, atravésde palavras-chave, encontrarendereços e informações úteisna área. Além da seção de pes-quisa, o site apresenta um fórumde discussão onde os interessa-dos poderão debater sobre as-suntos relacionados à agrope-cuária, emitir opiniões, fazernegócios, etc.

Depois dos poderosos “search

engines” como Alta Vista, Yahoo,Hot Bot, Cadê, começa o tempodos sites de busca especia-lizados. Enquanto nos sites debusca genéricos você procura in-formações por “milho”, por exem-plo, e recebe a referência de10.000 documentos (um artigo dedez páginas que fale de tudo etenha apenas uma vez a palavra“milho” é recuperado), no InfoAgrisó existem no banco de dados re-ferências relevantes para aagropecuária, tornando o resul-tado da busca muito mais eficien-te.

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4 Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997

REFLORESTAR

Sementes e mudasSementes e mudasSementes e mudasSementes e mudasSementes e mudasflorestaisflorestaisflorestaisflorestaisflorestais

Na área de sementes e mudasestão sendo conduzidos alguns expe-rimentos sobre armazenamento etratamentos pré-germinativos paraacelerar e uniformizar a germinaçãode sementes, bem como avaliar tiposde substratos e embalagens no de-senvolvimento de mudas. Estão sen-do pesquisadas alternativas para con-servação de sementes de palmeira--real-da-austrália, uma vez que aprodução de mudas estende-se aolongo do ano e a colheita de semen-tes concentra-se na primavera, iní-cio do verão. Outro aspecto jápesquisado nessa espécie é o pontode maturação dos frutos para colhei-ta de sementes com maior viabilida-de e percentagem de germinação.Verificou-se que as sementes germi-nam melhor e num menor períodoquando os frutos são colhidos madu-ros, isso quer dizer, bem vermelhos.Ainda com relação à palmeira-real,estão sendo avaliados quatro tiposdiferentes de embalagens, onde se-rão considerados o grau de desenvol-vimento das mudas e o custo daembalagem e mão-de-obra para en-chimento das mesmas.

Além dos experimentos com pal-meira-real, estão em andamento tes-tes com durabilidade de embalagens(laminado de pínus), tratados e nãotratados com outras seis espéciesflorestais. Pelos resultados prelimi-nares, verificou-se que no período deoito meses as embalagens não trata-das estavam em avançado estado dedegradação, enquanto que as em-balagens tratadas permaneceram fir-mes.

Diferentes tipos de composiçãode substratos também estão sendoavaliados no desenvolvimento demudas de diferentes espécies.

O laboratório de sementes flores-tais vem sendo equipado para apri-morar as informações sobre as se-

mentes florestais, uma vez que estassão o principal insumo para produçãode mudas de qualidade.

Pau-marfimPau-marfimPau-marfimPau-marfimPau-marfim

O pau-marfim é conhecidocomumente como marfim, guatambu,pequiá-mamona, pequiá-mamão (San-ta Catarina), farinha-seca (São Pau-lo), guataia, guarataia, gramixinga,guamuxinga, pau-liso e pau-cetim.

Cientificamente é conhecido comoBalfourodendron riedelianum (Engler)Engler, e pertence à família dasRutáceas (Rutaceae).

É uma árvore alta, chegando a 25-35m de altura e 40 a 90cm de diâmetrona altura do peito (DAP). O tronco écilíndrico e às vezes um pouco tortuo-so, com copa relativamente pequena eachatada. A folhagem é verde-escuramuito característica.

A inflorescência é uma panícula de6 a 10cm de comprimento. As floressão pequenas, com 2 a 3mm de com-primento e de cor branca. O fruto écoriáceo, delgado e alado, de tamanhoentre 25 e 40mm de comprimento e 20a 25mm de largura. As sementes têmde 8 a 9mm de comprimento, sãoaladas, em forma de elipse e bemescuras.

O pau-marfim floresce desde outu-bro até janeiro, ficando seus frutosmaduros na primavera. É encontradodesde o Estado de Minas Gerais até oRio Grande do Sul, se estendendo atéos países do Paraguai e Argentina.Em Santa Catarina esta espécie ocor-re muito na região da mata latifoliadado Rio Uruguai, subindo os vales dosrios até altitudes de 500 a 700m.

No Vale do Itajaí, região da MataAtlântica, o guatambu ocorre muitoraramente.

O guatambu é uma árvore abun-dante na região da bacia do rio Paranáe muito característica daquela mata.O limite austral desta espécie se en-

contra a noroeste do Estado do RioGrande do Sul e por este motivo estaespécie é mais rara no Oeste deSanta Catarina. É uma planta pio-neira e heliófita, exigente quanto àluz, e por isso bastante comum nasclareiras, matas secundárias,capoeirões e às vezes no meio daspastagens. Apresenta uma boa rege-neração natural, mostrando uma cer-ta agressividade nas matas secundá-rias. Produz anualmente abundan-tes frutos e sementes férteis quegarantem a estabilidade da espécie.

O pau-marfim é considerado umadas árvores com melhores caracte-rísticas de espécie pioneira da matalatifoliada da bacia do rio Paranáe do Alto Uruguai. No Paraná, jun-tamente com o angico-vermelho e aperoba-rosa, se infiltra nas submatasdos pinhais do Oeste paranaense,enquanto que em Santa Catarina seinfiltra juntamente com o angico eguajuvira.

Nas florestas maduras e som-brias, o guatambu é pouco freqüen-te, enquanto que na floresta secun-dária e vegetações mais abertas ecom maiores índices de luminosidadea espécie é mais abundante. Comoproduz muita semente anualmente,o guatambu apresenta boas condi-ções para testes em plantios a campoaberto.

A semeadura é feita na primave-ra e em torno de 40 dias inicia agerminação. Com um ano de idade,as mudas atingem a 50cm de altu-ra.

A madeira do guatambu é consi-derada nobre, pesada, dura mas compouca resistência aos agentes noci-vos. É muito empregada na fabrica-ção de móveis, instrumentos agríco-las, hélices de pequenos aviões, ba-tedeiras de teares, formas de sapa-tos, tacos de bilhar, réguas de cálcu-lo, objetos torneados, forro, portas,tacos, soalhos e demais obras inter-nas. É sem dúvida uma das maisimportantes madeiras brasileiras dafamília das Rutáceas.

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Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997 5

Fi tossanidadeFi tossanidadeFi tossanidadeFi tossanidadeFi tossanidade

Avaliação de fungicidas no controle de podridão dosAvaliação de fungicidas no controle de podridão dosAvaliação de fungicidas no controle de podridão dosAvaliação de fungicidas no controle de podridão dosAvaliação de fungicidas no controle de podridão dosbulbos do alho causada por bulbos do alho causada por bulbos do alho causada por bulbos do alho causada por bulbos do alho causada por Penicillium Penicillium Penicillium Penicillium Penicillium sppsppsppsppspp

Amauri Bogo

podridão dos bulbos do alho, cau-sada por diferentes espécies de

Penicillium, é uma doença problemá-tica, que ocorre todos os anos nosplantios de alho no Estado de SantaCatarina. Os prejuízos mais gravesocorrem nos bulbilhos, durante o pe-ríodo decorrente entre o plantio e aemergência e nos bulbilhos adultos,pouco antes da colheita (1).

Os bulbilhos atacados na fase deemergência ficam cobertos por massade micélio, lesões e frutificações abun-dantes de coloração amarelada a ne-gra, dependendo da espécie dePenicillium. Em condições de pós--armazenamento dos bulbilhos, opatógeno desenvolve-se em profundi-dade e, em seguida, produz na super-fície da película externa uma camadadensa e contínua, constituída porfrutificações do fungo (2).

Os bulbilhos de alho, já infectados,são os meios de transmissão maisfreqüente para os próximos plantios,e o maior teor de umidade dos bulbilhoscaracteriza uma maior suscetibilidadeà infecção (3).

O tratamento químico de bulbilhosde alho antes do plantio e noarmazenamento, com produtos à basede pentacloronitrobenzeno (PCNB) eoxicloreto de cobre é indicado porvários autores (4). Considerando asperdas provocadas na cultura do alhopela podridão dos bulbos, quando ascondições ambientais se tornam favo-ráveis, é de grande interesse estudara eficiência de controle de outrosfungicidas como forma alternativa aosprodutos utilizados atualmente. Por-tanto, este trabalho teve como objeti-vo avaliar a eficiência de fungicidasaplicados no tratamento de bulbilhos

de alho no controle de Penicillium sppem condições de laboratório.

Material e métodos

Os ensaios foram conduzidos noLaboratório de Fitopatologia do Cen-tro de Ciências Agroveterinárias (CAV-Lages) da Universidade do Estado deSanta Catarina. Os tratamentos utili-zados no ensaio com as respectivasdoses (g i.a./litro) foram: testemu-nha, thiabendazole (2,0 e 1,0); captan(1,5 e 1,0); iprodione (1,5 e 1,0);vinclozolin (1,5 e 1,0) e quintozene(1,5 e 1,0).

Para avaliação dos fungicidas,bulbilhos de alho tipo 5 da cultivarQuitéria, previamente desinfestadoscom hipoclorito de sódio a 3% durantecinco minutos, foram perfurados comagulhas esterilizadas. Os bulbilhosforam mantidos em repouso por 24horas à temperatura de 24 a 26oC eapós foram inoculados por pulveriza-ção de uma suspensão de conídios dePenicillium spp, com cinco dias deidade, na concentração de 108 conídios/ml. Os bulbilhos foram incubados àtemperatura de 28oC, com 100% umi-dade relativa por 48 horas (5 e 6). Otratamento com os fungicidas foi rea-lizado por meio de imersão dosbulbilhos nas suspensões de fungicidaspor quinze minutos, sendo que a tes-temunha não recebeu qualquer trata-mento. Em seguida, os bulbilhos fo-ram plantados em bandejas plásticasde 60 x 60 x 20cm, contendo 4kg devermiculita previamente esterilizadaem autoclave. As bandejas forammantidas a 26+2oC, sendo irrigadas aintervalos de 24 horas. A avaliação doefeito dos fungicidas sobre o desenvol-

vimento de Penicillium spp foi reali-zada oito dias após os tratamentos,utilizando-se como parâmetros o diâ-metro das colônias e o diâmetro daslesões.

Utilizou-se o delineamento experi-mental inteiramente casualizado comquatro repetições.

Resultados e discussão

Pelos resultados obtidos nos ensai-os de laboratório, observou-se quetodos os fungicidas utilizados forameficazes no controle de Penicilliumspp, diferindo significativamente datestemunha (Tabelas 1 e 2), compro-vando que independente do produtoutilizado, controlando em maior oumenor intensidade, o tratamento quí-mico dos bulbilhos é uma medidafitossanitária indispensável para con-trole de podridão por Penicilliumspp.

Quando foi medido o diâmetro daslesões, os tratamentos que mais sedestacaram foram iprodione equintozene, na dose de 1,5g i.a./litro(Tabela 1), nos dois testes realizados.Estes produtos apresentaram maiorcapacidade de inibição do crescimentodo fungo, retardando o avanço da do-ença. Muitos autores já comprova-ram a eficiência do pentacloro-nitrobenzeno para o controle dePenicillium spp, porém sem compará--los a outros produtos. No caso doiprodione, apesar de não diferenciarsignificativamente do quintozene, pro-duto à base de pentacloroni-trobenzeno, apresentou menor diâ-metro de lesões na dosagem de 1,50gi.a./litro.

Quando se avaliou o diâmetro das

#

A

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6 Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997

Fi tossanidadeFi tossanidadeFi tossanidadeFi tossanidadeFi tossanidade

colônias de Penicillium spp, osfungicidas mais eficientes, nos doistestes, foram vinclozolin equintozene na dose de 1,5g i.a./litro.A utilização de vinclozolin nas duasdoses (1,0 e 1,5g i.a/litro) proporcio-nou um controle total de Penicilliumspp, impedindo completamente a for-mação de colônias nos bulbilhos ino-culados. Quando se utilizaramiprodione e thiabendazole, pode-seobservar que não houve efeito do au-mento de dosagem no controle dadoença, podendo-se com isso utilizardoses menores, evitando perdas deprodutos.

Literatura citada

1. MATTA, A.; GARIBALDI, A. Doença das

culturas hortículas. Lisboa: Editorial

Presença, 1987. 200p.

2. JACCOUD FILHO, D.S.; ZAMBOLIM, L.;

CRUZ FILHO, J. da. Doenças causadas

por fungos e bactérias em alho e cebola.

Informe Agropecuário, Belo Horizon-

te, v.11, n.131, p.3-13, 1985.

3. EMPASC. A cultura do alho em Santa

Catarina. Florianópolis: 1983. 93p.

4. KIMATI, H.; SOAVE, J.; KUROZAWA, C.;

ESKES, A.B.; KUROZAWA, C.;

BRIGNANI NETO, F.; FERNANDES,

N.G. Guia de fungicidas agrícolas.

Piracicaba: Livroceres, 1986. 28lp.

5. DURBIN, D.; UCHYTIL, T. F. The role of

allicin in the resistance of garlic to

Penicillium spp. Phytopathologia

Mediterranea, Bologna, v.10, p.227-230,

1971.

6. SMALEY, E.B.; HANSEN, H. N.

Penicillium decay of garlic.

Phytopathology, St. Paul, v.52, p.666-

678, 1962.

Amauri Bogo, eng. agr., M.Sc., Centro de

Ciências Agroveterinárias (CAV - UDESC),

Caixa Postal 281, Fone/Fax (049)225-2866 ou

(049)225-3401. 88520-000 Lages, SC.

Tabela 2 - Efeito de fungicidas(A) aplicados no tratamento de bulbilhos de alho, no

controle de Penicillium spp, expresso pelo diâmetro das colônias

Diâmetro colônias(cm)

1o teste 2o teste

Iprodione 1,50g i.a./litro 0,07b 0,00bIprodione 1,00g i.a./litro 0,20a 0,02aThiabendazole 2,00g i.a./litro 0,15a 0,04aThiabendazole 1,00g i.a./litro 0,14a 0,03aCaptan 1,50g i.a./litro 0,06bc 0,00bCaptan 1,00g i.a./litro 0,22a 0,06aVinclozolin 1,50g i.a./litro 0,00c 0,00bVinclozolin 1,00g i.a./litro 0,00c 0,00bQuintozene 1,50g i.a./litro 0,02c 0,05aQuintozene 1,00g i.a./litro 0,12a 0,08aTestemunha - 1,37d 1,02c

CV% - 28,35 -

(A) Os fungicidas correspondem aos produtos comerciais Rovral, Tecto, Captan500PM, Ronilan 50 e Pecenol PM, respectivamente.

Nota: Os dados são médias de dez repetições. Quando seguidos pela mesma letra, osdados não diferem entre si, em nível de 5% de probabilidade, pelo teste deDuncan.

Tabela 1 - Efeito de fungicidas(A) no tratamento de bulbilhos de alho no controle de

Penicillium spp, expresso pelo diâmetro das lesões

Diâmetro das lesões(cm)

1o teste 2o teste

Iprodione 1,50g i.a./litro 0,23c 0,24cIprodione 1,00g i.a./litro 0,40b 0,49bThiabendazole 2,00g i.a./litro 0,37b 0,38bThiabendazole 1,00g i.a./litro 0,50b 0,55bCaptan 1,50g i.a./litro 0,40b 0,39bCaptan 1,00g i.a./litro 0,85a 0,88aVinclozolin 1,50g i.a./litro 0,33b 0,42bVinclozolin 1,00g i.a./litro 0,83a 0,80aQuintozene 1,50g i.a./litro 0,25c 0,26cQuintozene 1,00g i.a./litro 0,44b 0,51bTestemunha - 1,23d 1,25d

CV% - 25,4 -

(A) Os fungicidas correspondem aos produtos comerciais Rovral, Tecto, Captan500PM, Ronilan 50 e Pecenol PM, respectivamente.

Nota: Os dados são médias de dez repetições. Quando seguidos pela mesma letra, osdados não diferem entre si, em nível de 5% de probabilidade, pelo teste deDuncan.

Produto Dose

Produto Dose

o

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Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997 7

PESQUISA EMANDAMENTO

Culturas para coberturaCulturas para coberturaCulturas para coberturaCulturas para coberturaCulturas para coberturado solo em sucessão aodo solo em sucessão aodo solo em sucessão aodo solo em sucessão aodo solo em sucessão ao

feijoeirofeijoeirofeijoeirofeijoeirofeijoeiro

Na região Meio Oeste e no PlanaltoCatarinense tem sido observado umacréscimo acentuado na adoção do siste-ma de manejo do solo em plantio direto.Este sistema tem como fundamentosprincipais a existência de cobertura dosolo (plantas e resíduos), nãorevolvimento do solo e rotação de cultu-ras.

O feijoeiro é uma das culturas deverão que se apresenta como uma boaopção econômica num sistema de rota-ção de culturas, sendo cultivado em boaparte da região, com altos níveis de pro-dutividade. Esta cultura, no entanto,produz muito pouca palha, necessitandode cuidados especiais quando usada emplantio direto, para não resultar em bai-xa cobertura do solo após a colheita. Oprimeiro cuidado seria a escolha da cul-tura de inverno para cobertura do soloanteriormente à semeadura do feijoeiro,sendo recomendável culturas que apre-sentam uma boa persistência da palha(menor velocidade de decomposição).Esta característica é apresentada pelasgramíneas, como a aveia preta, o centeio,o triticale e o azevém. Outro cuidadoseria a semeadura de culturas para co-bertura do solo imediatamente após acolheita do feijoeiro, evitando-se deixaro solo descoberto até a implantação dasculturas de inverno.

Para estudar as culturas que pode-riam ser semeadas após a colheita dofeijoeiro, está sendo conduzido um expe-rimento na Estação Experimental deCampos Novos. As principais caracte-rísticas que estão sendo avaliadas são avelocidade de cobertura e a produção demassa seca. Neste ano foram avaliadasculturas comerciais e adubos verdes deverão e, no próximo ano, serão avaliadasas culturas de inverno, antecipando-se aépoca de semeadura.

Entre as culturas de verão estuda-das, a que apresentou maior velocidadede cobertura do solo foi o trigo mourisco,seguido pelo milheto e pelo teosinto. Omilho destacou-se como a cultura queproduziu maior quantidade de massaseca ao final de dois meses, produzindopróximo de 3t/ha. O trigo mourisco e omilho também se destacaram na produ-

ção de massa seca (em torno de 1,5t/ha noperíodo). Desta forma, o trigo mourisco e omilheto foram, entre as espécies de verãoestudadas, as mais apropriadas para se-meadura após a colheita do feijoeiro, tan-to pela velocidade de cobertura do solocomo pela produção de massa seca. Omilho, apesar de apresentar um bom po-tencial, não deve ser utilizado em áreasonde ele é cultivado como cultura comer-cial de verão.

Competição deCompetição deCompetição deCompetição deCompetição decultivares de milho ecultivares de milho ecultivares de milho ecultivares de milho ecultivares de milho e

sorgo para ensilagem nosorgo para ensilagem nosorgo para ensilagem nosorgo para ensilagem nosorgo para ensilagem noOeste CatarinenseOeste CatarinenseOeste CatarinenseOeste CatarinenseOeste Catarinense

A pecuária leiteira em Santa Catari-na, na sua grande maioria, é explorada empequenas e médias propriedades. Estaatividade vem crescendo de forma acentu-ada na região Oeste Catarinense, o que éjustificável diante da instabilidade e dobaixo retorno econômico que os produtoresvêm obtendo com a suinocultura e a avicul-tura.

Entre as alternativas, a pecuária lei-teira está ocupando aquele espaço, e comisso problemas com a escassez de umaalimentação adequada, principalmentenos períodos de outono e inverno, estão semostrando preocupantes.

Aliada a isso, a competição decorrenteda abertura de mercado com o advento doMercosul exige que os produtores seprofissionalizem e busquem alternativastécnica e economicamente viáveis.

A forragem conservada na forma desilagem é uma prática que precisa serutilizada com maior freqüência na regiãoOeste Catarinense, visando obter produ-ções de leite mais constantes e equilibra-das, principalmente nos períodos maiscríticos do ano. Todavia, são poucas asinformações, devido aos poucos trabalhosde pesquisa realizados no Estado comforrageiras destinadas à produção desilagem e às constantes trocas de cultiva-res no mercado.

O sorgo (Sorghum bicolor L. Moench),planta que permite uso como forragemverde, grãos e como forragem conservadapor meio de feno e silagem, pode vir a seruma excelente alternativa. Resultadospreliminares de levantamento realizadona região mostram cultivares de sorgocom produções de matéria verde e seca

maiores que as do milho. Sabe-se tam-bém que a cultura do sorgo é mais tole-rante a estiagens que a cultura do milhoe isto pode ser vantajoso do ponto devista de rendimento de forragem, umavez que na região geralmente ocorremperíodos de estiagem durante o verão.

O objetivo deste projeto, que se ini-ciou na safra 96/97, é avaliar cultivaresde milho e sorgo comerciais para a elabo-ração de silagem.

Na safra 96/97 foram avaliadas novecultivares de sorgo e quinze de milho,cuja semeadura ocorreu no dia 30 deoutubro de 1996. Foram utilizadas po-pulações de 62.500 e 187.500 plantaspor hectare, respectivamente, para omilho e sorgo. Durante a condução doexperimento foram feitas três capinascom enxada e uma química. As plantasforam cortadas a 10cm do solo, quandoatingiram o estádio de grão farináceo.Procedeu-se a separação das partes dasplantas em colmos, folhas e panículas/espigas em apenas uma repetição, comotambém a confecção de silagens. Para aensilagem foram utilizadas cinco plan-tas da parcela útil, as quais foram pica-das em partículas de aproximadamente2cm. As amostras, uma vez homo-geneizadas, foram colocadas em tubosde PVC, seguindo o processo normal deensilagem. Os silos foram abertos após40 dias, quando se coletaram amostras.Estas foram congeladas e posterior-mente enviadas ao Laboratório de Nu-trição Animal da Epagri, em Lages, SC,para a realização das análises broma-tológicas.

Os resultados para o milho foramproduções médias de 37,5t/ha de maté-ria verde, ou 14,3t/ha de matéria seca. Aqualidade média das silagens mostrouteores de 7,2% de proteína bruta e 61,4%de nutrientes digestíveis totais.

Com relação ao sorgo, os dados mé-dios foram 50,1t/ha de matéria verde, ou14,3t/ha de matéria seca, com um teorprotéico de 7,6% e 58,4% de nutrientesdigestíveis totais.

Este projeto está sendo conduzidopelos pesquisadores da área de produ-ção animal do Centro de Pesquisa paraPequenas Propriedades - CPPP daEpagri e deve continuar ainda nestasafra. Já foram enviadas cartas convitepara as empresas produtoras de semen-tes, o que propiciará, mais adiante, aindicação de cultivares mais adequadaspara a confecção de silagens quantitati-va e qualitativamente melhores.

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8 Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997

Legislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseira

A agroindustrialização de pequeno porte: higiene,A agroindustrialização de pequeno porte: higiene,A agroindustrialização de pequeno porte: higiene,A agroindustrialização de pequeno porte: higiene,A agroindustrialização de pequeno porte: higiene,qualidade e aspectos legaisqualidade e aspectos legaisqualidade e aspectos legaisqualidade e aspectos legaisqualidade e aspectos legais11111

Leomar Luiz Prezotto

presente artigo se propõe a dis-cutir a agroindustrialização de

pequeno porte2 e sua relação com ainspeção sanitária para os produtosde origem animal e com o conjunto deleis que normatizam estes serviços.Considera-se que os estabelecimen-tos produtores de alimentos em pe-quena escala desempenham impor-tante papel no desenvolvimento daagricultura familiar e dos pequenosmunicípios em Santa Catarina e que,no entanto, a legislação sanitária quenormatiza os serviços de inspeção e ofuncionamento das agroindústriasimpõe importantes limitações para aimplantação destes empreendimen-tos. Constata-se, por um lado, quesignificativa quantidade de alimentosé colocada no mercado sem o devidocontrole de qualidade, e por outro,que muitos empreendimentos deixamde existir (ou trabalham clandestina-mente), em função da carga de exi-gências que devem cumprir para ob-tenção da certificação de inspeção sa-nitária.

Na primeira parte do texto levan-tam-se alguns pontos sobre a agricul-tura familiar em Santa Catarina, so-bre os atuais sistemas de integraçãoàs grandes agroindústrias e sobre aimportância da agregação de valor eda geração de postos de trabalho nomeio rural, para a construção de umdesenvolvimento sustentável.

Em seguida, analisam-se algunselementos da legislação sanitária deprodutos de origem animal (federal eestadual), suas limitações para o de-senvolvimento das pequenasagroindústrias, e alguns elementos

da problemática da comercializaçãode alimentos não inspecionados.

Por fim, destacam-se duas experi-ências que, através da criação de leisdiferenciadas, abrem espaços para aimplantação e o funcionamento deagroindústrias de pequeno porte.

Agricultura familiar eagroindustrialização

A agricultura familiar é responsá-vel por mais da metade da produção dealimentos no Estado de Santa Catari-na. Grande parte da matéria-primaque abastece o parque agroindustrialcatarinense tem sua origem nestetipo de agricultura.

Nos últimos dez anos, as grandesagroindústrias vêm intensificando ochamado processo de “expansão verti-cal”, ou seja, o aumento da produção éacompanhado pela diminuição do nú-mero de produtores integrados. Esseprocesso resulta na exclusão de agri-cultores familiares das cadeias produ-

tivas, o que é possível observar naTabela 1, conforme dados coletadospelo Instituto Cepa/SC.

Não se trata aqui de discutir osméritos da integração ou da exclusãoem si dos agricultores. O que se queré discutir, a partir do reconhecimentodo problema e de sua caracterização,a necessidade de buscar alternativasque permitam o desenvolvimento sus-tentável da agricultura familiar.

Para o caso da avicultura estimati-vas recentes do Instituto Cepa/SCapontam uma diminuição até o ano2000 de 10% no número de produtoresde aves integrados. Pelos dados daTabela 1, deve-se destacar que, mes-mo tendo ocorrido um crescimento nonúmero de integrados entre 85 e 95, aprodução média por avicultor aumen-tou de 66.000 para 69.000 cabeças porano. Na suinocultura, ainda segundoestimativas recentes do InstitutoCepa/SC, na próxima década perma-necerão apenas 10.000 produtores naatividade. O número de produtores de

1.Uma versão inicial deste texto foi apresentada na disciplina “Agricultura Familiar”, do Curso de Mestrado em Agroecossistemas - CCA/UFSC.O artigo se beneficiou de comentários e sugestões dos professores Wilson Schmidt e Eros Marion Mussoi - Depto. Zootecnia CCA/UFSC.

2.Entende-se por agroindústria de pequeno porte uma unidade industrial de transformação e/ou beneficiamento de produtos agropecuários,localizada no meio rural, gerenciada pelos próprios agricultores, em escala não industrial tradicional (de grande agroindústria).

Tabela 1 - Agricultores integrados às agroindústrias em Santa Catarina

Produto Ano No de produtores(A) Produção total

Suínos 1985 22.106 3.966.100 cabeças1995 18.000 6.408.100 cabeças

Leite 1990 42.500 230.000.000 litros1995 35.000 310.000.000 litros

Aves 1985 4.250 284.000.000 cabeças1995 5.600 390.000.000 cabeças

(A) Têm na suinocultura mais de 50% da sua renda bruta.

O

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Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997 9

Legislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseira

suínos fora do processo de integração,por sua vez, não passa atualmente de10.000. Esse número deverá cair sig-nificativamente nos próximos cincoanos, e o mesmo deverá ocorrer nabovinocultura de leite. Estas tendên-cias podem se confirmar se mantidasas condições atuais.

Na região Oeste do Estado estatendência à concentração é ainda maisforte: 90% dos 100 mil estabelecimen-tos agrícolas daquela região são ca-racterizados como de agricultura fa-miliar diversificada (1). No entantoesta economia está ameaçada. Osmesmos autores identificam como oprincipal fator da crise “(...) a insufici-ente geração de oportunidades de tra-balho para a mão-de-obra disponíveldos setores econômicos, com reflexosdiretos no êxodo rural e regional (...)”3.Eles afirmam, ainda, que em um es-paço de tempo de até dez anos, poderáocorrer a exclusão de 250 mil pessoasda produção agrícola comercial, dasquais 80 mil economicamente ativas(1).

Uma das alternativas apontadaspelos autores é a criação de pequenasagroindústrias que utilizem tecnolo-gias simples, principalmente atravésde cooperativas, ou a industrializaçãoartesanal, principalmente para o abas-tecimento dos mercados locais ou re-gionais.

Para os agricultores familiares aindustrialização dos produtosagropecuários não se constitui emuma novidade, ela faz parte da suaprópria história e da sua cultura. Comoexemplo, pode-se citar a transforma-ção de frutas em doces e bebidas, aelaboração de conservas em geral,assim como a fabricação de embutidose defumados de carne e queijos. Essesprodutos são principalmente voltadospara o consumo da família e, em me-nor grau, ao mercado local. Nesteúltimo caso, tem-se os exemplos dosmoinhos coloniais, dos alambiques,

dos engenhos de farinha e das cerve-jarias. Ressalte-se que muitos destesestabelecimentos foram fechados pelafiscalização, em conseqüência das le-gislações sanitárias.

Recentemente, verifica-se em San-ta Catarina uma nova experiência,desenvolvida de forma articulada en-tre Organizações Não-Governamen-tais - ONGs (Cepagro, Apaco, Vianei,STRs, CCA/SC) 4 e órgãos governa-mentais (Epagri, CCA/UFSC, prefei-turas)5, voltada principalmente paraos mercados locais ou para determi-nados segmentos de mercado. Esteprograma, chamado Agroindústria dePequeno Porte, tem como objetivopromover a organização dos agricul-tores para implantação de pequenasagroindústrias que, através da agre-gação de valor, geram renda e empre-gos no meio rural.

Neste momento em que se discu-tem políticas para o desenvolvimentorural que tenham a noção do susten-tável como orientação básica, aagroindustrialização de característi-cas familiares se torna um instru-mento importante, possibilitando ageração de empregos e de renda aosagricultores. Os alimentos por elaproduzidos abastecem especialmenteos mercados locais, sendo colocadosrapidamente à disposição dos consu-midores e a preços compatíveis. Alémdisso a produção descentralizada geramenor concentração de resíduospoluidores, tornando mais fácil e ade-quado o seu tratamento.

Mas é preciso sempre ter em contaque as pequenas unidadesagroindustriais processam alimentos.Por isso, a implantação e o funciona-mento destas, especialmente as deprodutos de origem animal, necessi-tam passar por sistemas de fiscaliza-ção e de controles sanitários que ga-rantam a qualidade (sanitária) dosprodutos. No Brasil existem váriosconjuntos de leis (federal, estadual e

municipal) que regulamentam os ser-viços de inspeção sanitária de produ-ção industrial de alimentos. São suascaracterísticas e seus problemas quese analisam a seguir.

A legislação sanitária deprodutos de origem animal

A legislação sanitária brasileira deprodutos de origem animal foi criadahá quase meio século. Basicamente,ela é composta pela lei no 1.283 de1950 (2) e pelo decreto no 30.691 de1952 (3). A primeira lei “dispõe sobrea inspeção industrial e sanitária dosprodutos de origem animal” e estabe-lece a obrigatoriedade da prévia fisca-lização, sob o ponto de vista industriale sanitário, de todos os produtos deorigem animal, comestíveis e não--comestíveis. Ao estabelecer as com-petências para a realização da fiscali-zação, ela atribui às secretarias oudepartamentos de Agricultura dos Es-tados, dos territórios e do distritofederal a responsabilidade de realizá-la nos estabelecimentos que façamcomércio municipal e intermunicipal.Para os demais casos (comércio inte-restadual e internacional) a responsa-bilidade é do Ministério da Agricultu-ra. Já a fiscalização nas casas ataca-distas e varejistas fica para os órgãosde saúde pública dos Estados, territó-rios e distrito federal. Ressalte-se quea lei determina a proibição deduplicidade de fiscalização sanitáriaem qualquer estabelecimento. O de-creto 30.691 de 1952 (3), que regula-menta a lei anterior, e é composto por952 artigos, “institui as normas queregulam, em todo o território nacio-nal, a inspeção industrial e sanitáriade produtos de origem animal”. Eledefine que todas as ações de inspeçãofederal ficam a cargo da Divisão deInspeção de Produtos de Origem Ani-mal - Dipoa, no Ministério da Agricul-tura.

3.Para os autores, trata-se da saída de pessoas desta região para outras. Entre os anos de 1980 e 1991, a participação oestina na população doEstado de Santa Catarina decresceu de 25,3% para 22,6% (p.26).

4.Cepagro: Centro de Estudos e Promoção da Agricultura Familiar; Apaco: Associação dos Pequenos Agricultores do Oeste Catarinense; Vianei:Centro Vianei de Educação Popular; STR: Sindicato dos Trabalhadores Rurais; CCA/SC: Cooperativa Central de Reforma Agrária de SantaCatarina.

5.Epagri: Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina; CCA/UFSC: Centro de Ciências Agrárias da UniversidadeFederal de Santa Catarina. #

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10 Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997

Legislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseira

Conforme o próprio enunciado destedecreto, trata-se de normas para aprodução do tipo industrial (grandeescala). Pode-se constatar, em diver-sos de seus artigos, as pesadas exigên-cias em instalações (número de salas,dimensões das construções) e equipa-mentos. Conseqüentemente, este ní-vel de estrutura implica um grandevolume de recursos financeiros para aimplantação de uma unidade de trans-formação. Esse volume de recursosnão se justifica economicamente parauma pequena agroindústria. Em fun-ção de sua pequena escala de produ-ção, ela não gera receita suficientepara retornar o capital investido, tor-nando assim inviável o empreendi-mento.

Com o passar dos anos poucas alte-rações foram realizadas nesta legisla-ção, sempre mantendo, de um modogeral, os aspectos já mencionados aci-ma. É o caso, por exemplo, dos decre-tos 1.255/1962 (4), 923/1969 (5) e66.183/1970 (6), e da lei 7.889/1989 (7).Esta última, entretanto, redefine acompetência dos Estados e municí-pios, descentralizando os serviços deinspeção que até então eram executa-dos pela União e os Estados. Por umlado, representou um avanço porque,ao aproximar os órgãos responsáveispela inspeção dos estabelecimentos,propiciou-lhes melhor compreensãoda realidade destes últimos. Isto podeabreviar e facilitar os procedimentosde registros e possibilitar maior efici-ência, com os conseqüentes aumentodo número de estabelecimentos aten-didos e diminuição dos custos da exe-cução dos serviços. Por outro lado,criou importantes limitações para acomercialização, pois todo produtooriundo de estabelecimento com oServiço de Inspeção Municipal - SIMpode circular apenas dentro do limitedo município onde está sendo produzi-do. Da mesma forma, produtosinspecionados pelo Serviço de Inspe-ção Estadual - SIE somente podem sercomercializados no respectivo Esta-do. Os estabelecimentos com comér-cio interestadual ou internacionalpermanecem a cargo do Serviço de

Inspeção Federal - SIF.Em Santa Catarina, a legislação

sanitária compõe-se principalmenteda lei n o 8.534/1992 (8) e do decretoregulamentar n o 3.748/1993 (9), queseguem, de um modo geral, as nor-mas federais. São válidas, portanto,as mesmas observações já realizadas.Nos municípios, o processo de criaçãode leis e de serviços de inspeção temsido lento. Hoje poucos municípioscatarinenses dispõem de um SIM.Deve-se considerar aqui as dificulda-des de ordem financeira e estruturale de acesso às informações que têmgrande parte dos municípios paraimplantar um serviço de inspeçãodeste tipo.

Vários aspectos chamam a atençãoneste conjunto de leis (federal, esta-dual, municipal). O primeiro deles dizrespeito às restrições de abrangênciade mercado (já mencionadas), princi-palmente aquelas impostas aos esta-belecimentos inspecionados por umSIM. Mesmo em se tratando de umapequena indústria, o mercado localnão é, em muitas situações, suficientepara absorver toda a produção. Estarestrição não se justifica quanto aoaspecto de saúde pública, pois umproduto quando inspecionado tem cer-tificada a sua qualidade e pode oupoderia ser consumido por qualquercidadão, independentemente de ondereside, no município ou fora dele. Aqualidade dos produtos não está ounão deveria estar condicionada ao lo-cal onde vai ser consumido. Por isso é

questionável que sua certificação dequalidade, fornecida por profissionaise órgãos habilitados para tal6 , sejasumariamente anulada pelo fato deultrapassarem as divisas do municí-pio onde foram produzidos. O segundoaspecto diz respeito ao nível de exi-gência em relação às instalações eestruturas (já mencionadas anterior-mente) para o funcionamento de pe-quenas unidades de processamentode alimentos. Segundo a legislaçãoem vigor, estas exigências são asmesmas para, por exemplo, uma uni-dade que industrializa 1 milhão delitros de leite por dia ou para umaminiusina com produção de 800 litrosao dia. O que se quer em últimainstância é a qualidade dos produtos.Esta qualidade não está, no entanto,necessariamente condicionada ao ta-manho do estabelecimento. Ela não é,também, sinônimo de grande estru-tura. A qualificação das instalações eequipamentos e os critérios de higie-ne e limpeza, estes sim, são essenci-ais para a produção de alimentos comqualidade.

Em decorrência dos aspectos le-vantados tem-se, dentre outras, duasconseqüências relevantes: de um ladoos altos índices de produtos que circu-lam no país sem a devida inspeção e deoutro a exclusão dos pequenos produ-tores do processo produtivo e do mer-cado. Sobre o consumo de alimentosnão inspecionados, os dados apresen-tados na Tabela 2 indicam a gravidadedo problema, conforme coletados no

6.Conforme os critérios estabelecidos em lei.

Tabela 2 - Dados sobre a produção e inspeção de leite em Santa Catarina - 1993/96

Produção de leite Quantidade inspecionada(A)

(milhões de litros) (%)

1993 735,8 36,31994 780,1 36,81995(B) 800,00 40,01996(B) 800,00 43,7

(A)Devem ser acrescentadas a estas quantidades a produção de leite inspecionadopelo SIE/SC e pelos SIMs e, ainda, a produção do tipo A. Esta última, segundoestimativas do Instituto Cepa/SC, é inferior a 10% do total produzido.

(B) Estimativa do Instituto Cepa/SC.

Ano

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Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997 11

Legislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseira

Instituto Cepa/SC.Estes dados demonstram que apro-

ximadamente 50% da produçãocatarinense de leite não passa porprocesso de inspeção. Pode-se consi-derar que uma parte dela é consumidana própria unidade produtiva, seja naalimentação humana, seja na alimen-tação animal, mas parcela significati-va é comercializada nos mercados lo-cais, sob forma de leite fluido ou dederivados.

No caso da carne, a situação éainda mais preocupante. Segundo da-dos da Delegacia do Ministério daAgricultura de São Paulo, aproxima-damente 50% da carne consumida nopaís não é inspecionada (10). Em San-ta Catarina, o presidente do Sindicatodos Médicos Veterinários (Simevets)afirmou que “(...) é praticamente im-possível inspecionar tudo o que saidas pequenas propriedades no Esta-do” (11).

Desta forma a população, ao con-sumir estes alimentos, corre sériosriscos de intoxicações ou doenças. Nãose trata aqui de dizer que os alimentosnão inspecionados sejam necessaria-mente de má qualidade, mas, sobre-tudo, da necessidade de haver na em-balagem de cada produto um selo oucarimbo, informando sobre sua devi-da inspeção e certificação.

A experiência de Brasília

O distrito federal foi pioneiro natentativa de resolver o problema dafalta de controle de qualidade dosalimentos. Neste aspecto, sua reali-dade não se diferenciava das demaisregiões do país ou era até maispreocupante. O Departamento deInspeção de Produtos de Origem Ve-getal e Animal - Dipova/DF, diz que70% das carnes vermelhas láconsumidas eram de origem clandes-tina (12, p.1). O leite e seus derivadosapresentavam números semelhantes.Ainda segundo este órgão, as causasprincipais eram as muitas exigênciaspara a legalização de um pequenoestabelecimento, situação esta que searrastava há mais de 25 anos, “(...) um

abatedouro visando colocar carne nomercado do distrito federal seria obri-gado a cumprir o mesmo nível deexigências imposto a um grande gru-po que pretendesse exportar alimen-tos para a Europa, por exemplo”. Se-gundo os técnicos, o primeiro passopara a superação do problema estavana “(...) elaboração de uma legislaçãoprópria e compatível com a realidadedo distrito federal”.

Foi criado então um conjunto deleis, decretos e portarias que passa-ram a regulamentar toda a produ-ção de alimentos no distrito fede-ral. Uma das principais caracterís-ticas desta legislação é o tratamentodiferenciado que é dado para cadatipo de estabelecimento e para cadaescala de produção (tamanho da uni-dade).

Pode-se citar como exemplo a leidistrital n o 229, de 10 de janeiro de1992, que “dispõe sobre a inspeçãosanitária e industrial dos produtos deorigem animal”, e o decreto no 13.770,de 06 de maio de 1992, que regula-menta esta lei. De um modo geralesta legislação estabelece normas parao funcionamento de estabelecimen-tos que industrializam produtos deorigem animal em escala industrial ede estabelecimentos de pequeno por-te (escala limitada). Pode-se citar,entre estes últimos, as estâncias lei-teiras, os matadouros para abasteci-mento regionalizado, os apiários e osestabelecimentos destinados aoprocessamento artesanal de produtosde origem animal. Todos estes tiposde estabelecimentos devem funcionarconforme as normas específicas de-terminadas para cada um deles. Com-põe-se assim, um conjunto de leispara o distrito federal7. A portaria n o

06/92 SA/DF, de 23 de dezembro de1992, estabelece, por exemplo, as nor-mas para a implantação e funciona-mento de estabelecimentos deprocessamento artesanal de produtosde origem animal. Neste caso, as exi-gências em instalações e equipamen-tos levam em conta a escala de produ-ção da unidade e os aspectos de higie-ne necessários para a obtenção de

alimentos com qualidade.De maneira geral, a importância

destas leis específicas para cada tipode estabelecimento está no tratamen-to diferenciado que cada um delesnecessita ter para se concretizar. As-sim, os que industrializam em peque-na escala devem dispor de instalações(número e dimensão das salas) e equi-pamentos simples e pequenos. Elesdevem, no entanto, cumprir várioscritérios relativos ao controle da sani-dade dos animais que servirão dematéria-prima, à higiene e à localiza-ção adequada das instalações. Devem,da mesma forma, realizar todos osexames laboratoriais previstos, arotulagem das embalagens conformeas regras do Código de Defesa doConsumidor e, conseqüentemente, doselo que identifique a inspeção. Ointuito desta legislação é “(...) permi-tir que a propriedade rural seja econo-micamente viável, agroindústrias se-jam criadas, gerando lucro, empre-gos, negócios para a comunidade”(12). Este conjunto de leis se carac-teriza pela sua afinidade com a reali-dade social e econômica do local. Osseus resultados são expressivos, tan-to em número de novos empreendi-mentos como de empregos gerados,como se observa na Tabela 3, segundoinformações obtidas junto ao Dipova/DF.

A possibilidade aberta com estanova legislação para a geração denovos empreendimentos e empregos,somada à segurança em termos dequalidade que têm os consumidoresquando adquirirem os produtos, justi-fica ações como esta.

Santa Catarina: a leino 10.356/97

O Estado de Santa Catarina, que édestaque nacional na produção de ali-mentos, principalmente na área decarne, também vive o problema dafalta de inspeção nos alimentos. Apósum intenso debate, que envolveu pro-dutores e suas organizações, ONGs,organizações governamentais e depu-

7.São ao todo duas leis, dois decretos, quatro portarias e uma instrução de serviço. #

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12 Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997

Legislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseira

tados estaduais, che-gou-se à criação de umalei para a normatizaçãoda pequena produção daindústria alimentar. Alei no 10.356, de 10 dejaneiro de 19978, “dis-põe de normas sanitári-as para a elaboração ecomercialização de pro-dutos artesanais comes-tíveis de origem animale vegetal no Estado deSanta Catarina” (13).Em seus diversos arti-gos estão descritos oscritérios para o enqua-dramento dos estabele-cimentos, os princípiosde sanidade dos animais(quando for o caso) quedarão origem à maté-ria-prima, a higiene dasinstalações e equipa-mentos, a rotulagem,embalagem, conserva-ção e o transporte dosprodutos e os examesnecessários para a com-provação de sua qualidade. O objeti-vo desta lei é permitir que estabe-lecimentos possam funcionar comequipamentos e instalações (salas)simples e pequenos, economicamen-te compatíveis com a sua escala deprodução. De um modo geral, estascaracterísticas permitem a simpli-ficação das instalações, mas sempremantendo um rigoroso controle dequalidade dos alimentos.

Outro grande mérito desta lei estána possibilidade do funcionamento depequenas agroindústrias, inspecio-nadas numa parceria entre os servi-ços de inspeção estadual e municipal.Esta parceria se dará através de con-vênios. Nele caberá ao Estado orien-tar e treinar os técnicos, supervisio-nar e acompanhar o desenvolvimentoda inspeção. Já o município executaráas ações de implantação, funciona-mento, inspeção e fiscalização dos es-tabelecimentos. Para isso e de acordocom esta lei deverão dispor de estru-

Tabela 3 - Incremento na implantação de agroindústrias de alimentos de origem vegetal e animal -DF - 1992/95

Tipo de Registrados até Registrados até Em processo Empregosestabelecimento 1992 março 1995 de registro diretos

Agroindústrias na áreavegetal 0 7 2 36

Industriais(A) 8 11 5 168

Matadouros regionalizados 0 12 11 100

Indústrias artesanais(derivados de carne) 0 7 1 68

Estâncias leiteiras 0 13 46 232

Indústrias artesanais(derivados de leite) 0 2 10 44

Total geral 8 52 75 648

(A) Matadouro industrial, matadouro público, charqueada, fábrica de conserva, entreposto de carne,pescado e ovos, laticínios e fábrica de produtos derivados de carne não comestíveis.

tura adequada.Um aspecto importante chama a

atenção nesta parceria. Ela permite,por se tratar de lei estadual, que osprodutos inspecionados dentro doscritérios por ela estabelecidos possamser comercializados em todo o Estadocatarinense. Recorde-se que, até en-tão, os pequenos estabelecimentos,quando inspecionados por serviçosmunicipais, estavam impedidos deultrapassar as fronteiras do seu muni-cípio.

Desta forma a nova lei se apresen-ta como um instrumento capaz dediminuir expressivamente a pro-dução de alimentos sem fiscali-zação, contribuindo com a saúde pú-blica.

Do ponto de vista econômico estalei abre espaços para novos empreen-dimentos que, com baixo volume deinvestimentos, possam ser instaladose funcionar legalmente. Caracteriza--se, assim, como uma alavanca, incen-

tivando a geração de postos de traba-lho e novas oportunidades de rendaaos agricultores familiares através daagregação de valor. Essa (re)inserçãodos produtores no mercado formalfavorece o desenvolvimento local, atra-vés do aumento da arrecadação deimpostos. Isto se torna importantenos pequenos municípios onde os in-vestimentos descentralizados podemter um peso importante na geração deempregos.

Pela importância deste tipo deprodução aponta-se a necessidade denovos estudos que aprofundem otema. Estes estudos devem indicarnovos critérios de funcionamentopara as agroindústrias artesanaisno meio rural. Devem, também,subsidiar o desenvolvimento dosserviços de inspeção (federal, esta-dual e municipal), estimulando asparcerias entre as diversas instân-cias e órgãos responsáveis pela suaexecução.

8. De autoria do deputado estadual Eni Voltolini, e co-autoria dos deputados estaduais Idelvino Furlanetto, Gelson Sorgato, Afonso Spagniol eOdacir Zonta (e alterado pelo substitutivo global do deputado estadual Herneus de Nadal).

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Legislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseiraLegislação: agroindústria caseira

Literatura citada

01. TESTA, V.M.; NADAL, R. de; MIOR, L.C.;BALDISSERA, I.T.; CORTINA, N. Odesenvolvimento sustentável do OesteCatarinense (Proposta para discussão) .Florianópolis: EPAGRI, 1996. 247p.

02. BRASIL. Lei n. 1.283, de 18 de dezembrode 1950. Dispõe sobre a inspeção indus-trial e sanitária dos produtos de origemanimal. Diário Oficial da RepúblicaFederativa do Brasil, Brasília, 19 dez.1950.

03. BRASIL. Decreto n. 30.691, de 29 demarço de 1952. Aprova o novo Regula-mento da inspeção industrial e sanitá-ria dos produtos de origem animal.Diário Oficial da República Federati-

va do Brasil, Brasília, 7 jul. 1952.

04. BRASIL. Decreto n. 1.255, de 25 de junhode 1962. Altera o decreto n. 30.691 de 29de mar. de 1952, que aprovou o regula-mento da inspeção industrial e sanitá-ria de produtos de origem animal. Diá-rio Oficial da República Federativa doBrasil, Brasília, 4 jul. 1962.

05. BRASIL. Decreto-Lei n. 923, de 10 deoutubro de 1969. Dispõe sobre a

comercialização do leite. Brasília. Diá-rio Oficial da República Federativa doBrasil, Brasília, 13 out. 1969.

06. BRASIL. Decreto n. 66.183, de 5 de feve-reiro de 1970. Regulamenta o Decreto--Lei n. 923, de 10 de outubro de 1969,que dispõe sobre a comercialização doleite cru. Diário Oficial da República

Federativa do Brasil, Brasília, 6 fev.1970.

07. BRASIL. Lei n. 7.889, de 23 de novembrode 1989. Dispõe sobre a inspeção sani-tária e industrial dos produtos de ori-gem animal, e dá outras providências.Diário Oficial da República Federati-va do Brasil, Brasília, 24 nov. 1989.

08. SANTA CATARINA. Lei n. 8.534, de 19 dejaneiro de 1992. Dispõe sobre aobrigatoriedade da fiscalização dos pro-dutos de origem animal. Cria o sistemaestadual de inspeção sanitária dos pro-dutos de origem animal e dá outrasprovidências. Diário Oficial do Estadode Santa Catarina, Florianópolis, n.14.369, p.1, 24 jan. 1992.

09. SANTA CATARINA. Decreto n. 3.748, de12 de julho de 1993. Aprova o regula-mento da inspeção industrial e sanitá-ria de produtos de origem animal. Diá-

rio Oficial do Estado de Santa Catari-na, Florianópolis, n. 14.739, p.3-43, 28jul. 1993.

10. CARVALHO, M.C. Carne ilegal domina60% do mercado. Folha de São Paulo,São Paulo, 31 mar., p.1, Cad.3: Cotidia-no.

11. BACH, G. É impossível fiscalizar tudo oque se produz no campo. Jornal Indús-tria e Comércio, Florianópolis, 30 jul.1996, p.A-9. Entrevista.

12. DISTRITO FEDERAL. Secretaria da Agri-cultura. Legislação do Distrito Federalpara produtos de origem animal.Brasília: Dipova, 1993. 93p.

13. SANTA CATARINA. Lei n. 10.356, de 10de janeiro de 1997. Dispõe sobre asnormas sanitárias para a elaboração ecomercialização de produtos artesanaiscomestíveis de origem animal e vegetalno Estado de Santa Catarina e adotaoutras providências. Diário Oficial doEstado de Santa Catarina, Florianópo-lis, n.15.592, p.1-2, 10 jan. 1997.

Leomar Luiz Prezotto, eng. agr., M.Sc.,Cart. Prof. 30.744-8, CREA/SC, CCA/UFSC,Coordenador do Programa Agroindústria dePequeno Porte - Cepagro, C.P. 6.073, Fone/Fax (048) 233-3176. 88036-791 Florianópolis,SC.

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o

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Controle biológicoControle biológicoControle biológicoControle biológicoControle biológico

As aranhas como agentes de controle biológicoAs aranhas como agentes de controle biológicoAs aranhas como agentes de controle biológicoAs aranhas como agentes de controle biológicoAs aranhas como agentes de controle biológicode pragasde pragasde pragasde pragasde pragas

Flávio Roberto Mello Garcia

maioria das pessoas sente medoquando vê aranhas, haja vista

muitas espécies serem consideradaspeçonhentas; todavia, muitas outrassão úteis, principalmente no que serefere à atividade agrícola.

No Brasil as aranhas são encontra-das em lavouras e pomares, além éclaro de viverem também em ambien-tes urbanos e florestais. As aranhassão encontradas, por exemplo, emlavouras de arroz irrigado (1), de soja(2), de amendoim (3), de trigo (4) e empomares de frutíferas rosáceas (5).

A importância das aranhas resideno fato de serem exclusivamentepredadoras, contribuindo na regu-lagem dos níveis populacionais daspragas e, conseqüentemente, no con-trole natural delas. Dentre os ani-mais que fazem parte da dieta alimen-tar das aranhas estão os insetos, des-tacando-se as moscas e mariposas.

Comportamento dasaranhas

As aranhas utilizam principalmen-te três técnicas para captura das pre-sas: a caça visual, a caça por embosca-da e a caça através da teia. As aranhascaçadoras visuais são assim denomi-nadas por utilizarem como principalsensor a visão. Segundo seus hábitos,podem ser divididas em dois grupos:as nômades ou epígeas, que são aque-las que habitam o solo, e as fitófilas,que vivem sobre a vegetação, comoocorre com as papa-moscas (Salticidae)(6).

Outro mecanismo de captura utili-zado pelas aranhas é a emboscada, eneste caso utilizam uma postura pas-siva, geralmente sobre flores, cujascores mimetizam (imitam) à espera

de um inseto visitante (6).A técnica de captura através da

teia é feita pelas aranhas tecelãs.Estas aranhas conseguem detectar elocalizar suas presas pelos fios da teiaque transmitem estímulos vibratóriosaté seus sensores (6). A teia atuatambém como uma extensão do apa-rato sensorial da aranha. O fio de sedaé ótimo transmissor de vibrações, atra-vés do qual a aranha percebe o mundoao seu redor (7).

Importância em programasde controle biológico

A aranha Mallos gregalis(Dictynidae) constrói teias comunitá-rias nas quais podem conviver 20.000indivíduos, sem haver canibalismo.Tal espécie, por sua excelente capaci-dade de captura de moscas domésti-

cas, foi introduzida na França comoagente potencial de controle biológico(8 e 9).

Cinco famílias de aranhas incluemespécies predadoras de moscas-das--frutas em frutíferas rosáceas no suldo Brasil (5) como o pessegueiro (10).

Aranhas são constantemente en-contradas nos frascos caça-moscas emfunção do grande número de moscas,mariposas e outros insetos que estesfrascos atraem. Neste caso, a disponi-bilidade de caça acaba atraindo tam-bém as aranhas para dentro dos fras-cos (10).

As aranhas papa-moscas(Salticidae), principalmente a espécieErophrys sutrix, são um dos princi-pais predadores de moscas-das-frutasem pomares de pessegueiro em PortoAlegre, Rio Grande do Sul (10).

Exames de conteúdos de teias

Aranha caçadora

AAAAA

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Controle biológicoControle biológicoControle biológicoControle biológicoControle biológico

mostram serem os insetos fitófagos,como tripes, pulgões, cigarrinhas,moscas, percevejos, além de ácaros,os mais freqüentemente apanhadosem teias, ao passo que insetos preda-dores e polinizadores são menos en-contrados nas teias (6).

Estudos realizados na Grã-Bre-tanha concluíram que as aranhas de-voram por ano uma quantidade deinsetos superior, em peso, a toda apopulação humana daquela ilha. Emum país tropical como o Brasil, ondehá uma maior riqueza de insetos earanhas, essa relação pode ser bemmaior (11).

Existem cerca de 40.000 espéciesde aranhas incluídas em 105 famílias,

das quais há pouca infor-mação sobre hábitos ehabitats, predominante-mente daquelas que habi-tam lavouras e/ou poma-res.

Assim é importanteevitar-se o extermínio dearanhas em agroecossis-temas, e estudar maisacuradamente as espé-cies existentes, bem comosuas interações com aspopulações de outros ani-mais, principalmente comos insetos.

Literatura citada

01. CORSEUIL, E.; PAULA,M.C.Z. de; BRESCOVIT,A.D. Aranhas associadasa uma lavoura de arrozirrigado no município de

SIMPÓSIO DE CONTROLE BIOLÓ-GICO, 3., 1992, Águas de Lindóia, SP.Anais. Jaguariúna: EMBRAPA/CNPDA, 1992. p.177.

05. LORENZATO, D. Controle integrado demoscas-das-frutas em frutíferasrosáceas. Ipagro Informa . Porto Ale-gre, n.31, p.57-70, 1988.

06. LISE, A. Aranhas no controle biológico. In:ENCONTRO SUL-BRASILEIRO DECONTROLE BIOLÓGICO DE PRA-GAS, 1., 1986, Passo Fundo, RS. Anais.Passo Fundo: Associação dos Engenhei-ros Agrônomos de Passo Fundo, 1986.p.169-177.

07. VEINCINQUE, E.M; FOWLER, H.G.;CARVALHO JÚNIOR, M.C. A evolu-ção da sociabilidade entre as aranhas.Ciência Hoje, São Paulo, v.21, n.123,p.32-37, 1996.

08. BERLAND, L. Utilisation pour la capturades mouche, des nids de l’Araignéemexicane Coenothele gregalis Simon.Bulletin du Museum Nationald’Histoire Naturelle, Paris, p.432-433,1913.

09. SEMICHON, L. Observations sur unearaignée mexicaine transportée enFrance. Bulletin de la SocietéEntomologique de France, Paris, p.338-340, 1910.

10. GARCIA, F.R.M. Aranhas coletadas comfrascos caça-moscas em pomares depessegueiro em Porto Alegre, Rio Gran-de do Sul. Episteme, Tubarão, v.4, n.9,1997 (No prelo).

11. BARBARO, K.C.; JARED, C.; MOTA, I.Aranhas venenosas no Brasil. CiênciaHoje, São Paulo, v.19, n.114, p.48-52,1995.

Flávio Roberto Mello Garcia, biólogo,M.Sc., CRB 17.071-03D, Prof. do curso deBiologia da Unoesc, rua Senador AttílioFontana, 591-E, C.P. 747, Fone (0497) 22-5033, Fax (0497) 22-2343, 89809-000 Chapecó,SC; E-mail: [email protected].

Aranha tecelã

Itaqui, Rio Grande do Sul, Brasil,Biociências , Porto Alegre, v.2, n.2,p.49-56, 1994.

02. CORSEUIL, E.; BRESCOVIT, A.D.;HEINECK, M.A. Aranhas associadas acultura da soja em Eldorado do Sul, RioGrande do Sul, Brasil. Biociências, Por-to Alegre, v.2, n.1, p.95-105, 1994.

03. CAMPOS, O.R.; KOGA, P.S.; CAMPOS,A.R. Flutuação populacional deartrópodes na cultura do amendoim(Arachis hypogaea) na região de IlhaSolteira. In: CONGRESSO BRASILEI-RO DE ENTOMOLOGIA, 15., 1993,Piracicaba, SP. Resumos. Piracicaba:Sociedade Entomológica do Brasil/FEALQ, 1993. p.163.

04. GASSEN, D.N.; TAMBASCO, F.J. Aranaeem lavouras de trigo no sul do Brasil. In:

o

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16 Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997

REGISTRO

Epagri inauguraEpagri inauguraEpagri inauguraEpagri inauguraEpagri inauguraUnidade deUnidade deUnidade deUnidade deUnidade de

Aclimatação de MudasAclimatação de MudasAclimatação de MudasAclimatação de MudasAclimatação de Mudasmicropropagadas demicropropagadas demicropropagadas demicropropagadas demicropropagadas de

bananeirabananeirabananeirabananeirabananeira

Um grande passo está sendo dadopara um maior avanço na moderni-zação da agricultura catarinense. AEpagri, através da Estação Experi-mental de Itajaí, acaba de inauguraruma moderna Unidade deAclimatação de Mudas que permiteobter clones de plantas (mudas deproveta) com alta qualidade e emgrande quantidade, o que não é pos-sível conseguir no sistema tradicio-nal. Para se ter uma idéia, estaunidade, que consiste de uma áreade 800m2 com estrutura de concretoe coberta com sombrite, permiteclimatizar 1 milhão de mudas debananeira ao ano, oriundas demicropropagação (clones). A cons-trução da estrutura e mais equipa-mentos de laboratório, comoautoclave, balança digital, câmarade fluxo laminar, peneira motoriza-da para solo, peagâmetro, etc. sãooriundos de convênio com o Ministé-rio da Agricultura e Secretaria de

Estado do Desenvolvimento Rural eda Agricultura, num total de R$101.250,00.

Segundo informam os pesquisado-res Robert Harri Hinz, AirtonRodrigues Salerno, Jorge LuizMalburg, Luiz Alberto Lichtemberg eNeri Samuel Dalenogare, responsá-veis pelo projeto, as mudas de bana-neira produzidas através damicropropagação vegetativa são isen-tas de nematóides e brocas e dasprincipais doenças da cultura. Alémdisso, dizem os técnicos, as plantassão mais uniformes e a produção éantecipada.

Dois milhões de mudas

Em 1981 iniciaram-se as pesquisasem bananicultura, e em 1985 a esta-ção estabeleceu os primeiros viveirosde mudas que produziram 30 milmudas por ano até 1990. As experiên-cias com micropropagação começa-ram em 1988, mas só em 1992 produ-ziram-se tecnicamente os primeirosclones e, com o apoio da empresaDuas Rodas, inaugurou-se, em 1994, olaboratório que garantiu o salto emquantidade e em qualidade, com aprodução de 300 mil mudas por ano.Atualmente, revelam ainda os pesqui-

sadores, com a produção de um mi-lhão de mudas anualmente, a Epagripassa do patamar de 6% das mudasofertadas para 20% do necessário, jáque tecnicamente para renovação eimplantação de bananais são neces-sárias cerca de 5 milhões de mudaspor ano. Os técnicos estimam quelogo vai ser possível produzir 2 mi-lhões de mudas sem dificuldades.

A Unidade de Aclimatação fazparte do Laboratório de Cultivo deTecidos Vegetais que consiste basi-camente de um laboratório onde sãoproduzidas as mudas oriundas deuma gema apical extraída do rizomade plantas jovens de bananeira. Olaboratório possui câmara de fluxolaminar que permite um tratamentoaltamente asséptico no material,evitando-se qualquer contaminação;possui também salas de crescimen-to, onde as mudas crescem e sãomultiplicadas. As gemas crescem,multiplicam-se e aí é necessáriopassá-las (repicá-las) para novos vi-dros isoladamente onde se desenvol-vem e posteriormente sãotransferidas para a unidade deaclimatação para um período de adap-tação a condições naturais : radiaçãosolar, temperatura ambiente, etc.Daí vão a campo para plantio.

Os interessados em adquirir asmudas clonadas ou em mais infor-mações sobre o projeto, contatar coma Estação Experimental de Itajaí,Rodovia Antônio Heil, km 6, C.P.277, 88301-970 Itajaí, SC, Fone (047)346-5244 e Fax (047) 346-5255.

Lichtemberg e Dalenogare mostram as mudas micropropagadas na nova Unidade

de Aclimatação

Mercosul - Porto SecoMercosul - Porto SecoMercosul - Porto SecoMercosul - Porto SecoMercosul - Porto SecoInternacionalInternacionalInternacionalInternacionalInternacional

O Porto Seco Internacional deDionísio Cerqueira e Bernardo deIrigoyen, Argentina, foi homologadoem abril de 1979, estando localizadono epicentro do Mercosul, sendo arota terrestre que mais aproximagrandes centros como São Paulo eBuenos Aires.

De 1992 a 1996 o movimento decaminhões pelo porto seco passou de

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Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997 17

Regist roRegist roRegist roRegist roRegist ro

512 para 5.921 unidades, ou seja, umacréscimo de 1.150%.

No mesmo período o valor decargas subiu de US$ 6 milhões paraUS$ 50 milhões. Já no primeiroquadrimestre de 97 o movimento foide 63% superior a igual período de1996.

Em janeiro de 1997, passarampelo porto seco internacional, 38 milturistas argentinos, paraguaios e chi-lenos.

No descompasso desta realidade,as instalações aduaneiras do portopossuem a mesma estrutura de 20anos atrás; não suportando o atualvolume de cargas, o que se agravapelo fato de as aduanas não seremintegradas.

No último mês de junho, toda acomunidade local e regional inicioumobilização pró-efetivação da cons-trução da Aduana Integrada de Fron-teira e da Estação Aduaneira de Fron-teira, haja vista os impactos positi-vos que trará no desenvolvimentoregional.

Como conseqüência destamobilização, realizou-se no dia 23 deagosto passado, em DionísioCerqueira, o Seminário Interesta-dual Mercosul Porto Seco Interna-cional. Na ocasião, autoridades, con-vidados, lideranças, técnicos e a co-munidade buscaram canalizar for-ças para a construção da nova adua-na, visando o desenvolvimento ruralsustentado.

53.236ha, com uma produção total937.735t, enquanto que o Alto Vale doItajaí representou, no mesmo ano,24% da área total e 29,6% da produção(1). Esta produção destina-se basica-mente à indústria feculeira e à indús-tria de farinha, ou ao consumo napropriedade como alimentação ani-mal e humana.

Na região do Alto Vale do Itajaí,em função das condições climáticas, acolheita das raízes na maior parte daslavouras é feita em cultivo de doisciclos, com plantio de setembro a no-vembro e a colheita durante os mesesde abril a setembro, perfazendo de 18a 22 meses de cultivo (2).

O material de propagação utilizadonormalmente são ramas originadasde lavouras em final do 2 o ciclo, quan-do estas se apresentam fisiologica-mente maduras. Além da preocupa-ção com a maturidade das ramas, quese caracteriza pela perda gradativadas folhas de baixo para cima, o produ-tor tem que se preocupar principal-mente com a possibilidade de even-tuais geadas, as quais podem, confor-me a intensidade, comprometer todaa produção de material de plantio paraimplantação da nova lavoura (3).

No Alto Vale do Itajaí as condiçõesclimáticas são adversas, com ocorrên-cia de diversas geadas por ano. Emfunção destas, há necessidade de ar-mazenar as ramas em condições ade-quadas desde maio até a época deplantio que normalmente ocorre a

partir do mês de setembro (2). Ossistemas de armazenamento maiscomumente utilizados na região sãoem “leira” ou “forge”, os quais podemcomprometer a qualidade dasmanivas de acordo com a intensida-de do frio ou pelo excesso de precipi-tação pluviométrica que ocorre du-rante o período de armazenamento.Este excesso de chuva provoca perdaexcessiva de ramas por ocorrênciade fungos ou pelo próprioencharcamento do local onde foiconstruída a leira. As perdas podemchegar até 60% das ramas armaze-nadas.

Material e métodos

O trabalho foi realizado na Esta-ção Experimental de Ituporanga nosanos de 1989 e 1990. As ramas dacultivar Mico foram colhidas de la-voura no fim do crescimentovegetativo do segundo ciclo, no mêsde maio, e armazenadas em feixes de25 unidades, por um período de 90dias (meados de junho a meados desetembro). Foram testados a camposeis formas de armazenamento, sen-do que em cinco delas as ramasforam armazenadas em “leiras” (ra-mas dispostas horizontalmente) ecobertas com diferentes materiais, eem pé, conforme segue: 1 - leiracoberta com terra; 2 - leira cobertacom terra + plástico preto; 3 - leiracoberta com palha + terra; 4 - leira

coberta com palha+ terra + plástico;5 - leira cobertacom serragem, e6 - rama em pécoberta com palha+ plástico. No tratamento

6 as ramas foramdispostas vertical-mente sobre o solo(de pé), cobertascom palha seca eposter iormenterevestidas complástico preto, comtroca de gases como meio exterioratravés de um

Uma das formas de armazenamento: cobertura complástico

Formas deFormas deFormas deFormas deFormas dearmazenamento e aarmazenamento e aarmazenamento e aarmazenamento e aarmazenamento e a

qualidade de ramas dequalidade de ramas dequalidade de ramas dequalidade de ramas dequalidade de ramas demandiocamandiocamandiocamandiocamandioca

Lucio Francisco Thomazelli, MuritoTernes, Edison Xavier de Almeida e

José Dalvino Petri

A cultura da mandioca é de funda-mental importância para o Estado deSanta Catarina, tanto no aspectosocial como econômico. No ano de1994 foram colhidos no Estado #

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18 Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997

tubo de mangueira de ½ polegada dediâmetro, situado na base das ramaspróximo ao solo (4).

Foi utilizado delineamento emblocos ao acaso com quatro repeti-ções. As características avaliadasforam as seguintes: viabilidade dasramas (percentagem de ramas viá-veis em relação ao comprimento to-tal das mesmas); percentagem dematéria seca (em estufa com circu-lação forçada de ar a 60oC até pesoconstante) e percentagem de emer-gência das manivas. Para as duasprimeiras características foi uti-lizada uma amostra de dez ramaspor parcela. O plantio de manivaspara a determinação da emergên-cia a campo foi efetuado em meadosdo mês de setembro, sendo que fo-ram utilizadas 20 manivas de 20cmde comprimento, com quatro a seisgemas viáveis cada, por parcela.Utilizaram-se quatro repetições emblocos casualizados, sendo a avalia-ção efetuada 30 dias após.

Pode-se observar pela Tabela 1que todas as formas de armazena-mento testadas mantiveram as ra-mas em bons níveis de viabilidade,não havendo diferenças estatísticasentre elas.

Os primeiros cinco tratamentos(em forma de leira) mostraram quemesmo variando as diversas cober-turas, as ramas tiveram comporta-mentos parecidos. A viabilidade eemergência das ramas armazenadasem pé com cobertura de palha e

Regist roRegist roRegist roRegist roRegist ro

plástico também foram consideradasmuito boas, o que pode caracterizaresta forma de armazenamento comouma alternativa viável para os produ-tores.

A percentagem de matéria secaavaliada em todos os tratamentostambém não apresentou diferençasestatísticas significativas, embora ostratamentos 1 (leira + terra - usual-mente utilizado pelos produtores) e 6(armazenamento de ramas em pécom cobertura de palha e plástico -uma nova opção), mostrassem namédia de dois anos de avaliação maiorteor.

Na avaliação de emergência todasas formas de armazenamento tam-bém mostraram-se viáveis, porém comdestaque para os tratamentos 1 e 6,que se caracterizam pela maior per-centagem de matéria seca (5 e 6),indicando uma possível correlaçãoentre estas duas variáveis.

Conclusões

Todas as formas de armazenamentotestadas tiveram bom desempenho napreservação das ramas quanto aosparâmetros avaliados. Cabe ressaltarque o tratamento seis (ramas de pécobertas com palha e plástico), alémde ter sido eficiente durante o períodode avaliação, é um sistema prático ebarato, podendo ser viabilizado próxi-mo à área de plantio, reduzindo comisto a mão-de-obra e podendo suportarperíodos prolongados de chuva por

ocasião do ar-mazenamento,sem danificar asramas.

Literatura citada

1. INSTITUTO CEPA/SC. Mandioca. In: INSTI-TUTO CEPA/SC. Síntese anual da agri-cultura de Santa Catarina - 1995. Flori-anópolis: 1996. p.104-107.

2. EMPASC/EMATER-SC/ACARESC. Sistemade produção para mandioca; Santa Cata-rina (2a revisão). Florianópolis: 1987. 38p.(EMPASC/ACARESC. Sistema de Produ-ção, 9).

3. SOUZA, A. da S.; MATTOS, P.L.P. da;ALMEIDA, P.A. de. Material de plantio:poda, conservação, preparo e utilização.Cruz das Almas, BA, EMBRAPA-CNPMF,1990. 42p. Trab. apres. no 7. CursoIntensivo Nacional da Mandioca.

4. BOY, A. Conservación de batata bajo polietileno.San Pedro (Argentina): INTA, 1974. 6p.(INTA. Boletim Agropecuário, 3).

5. MATTOS, P.L.P. da. Poda e conservação deramas de mandioca. Cruz das Almas, BA:EMBRAPA-CNPMF, 1977. 9p. Trab.apres. no 2. Curso Intensivo Nacional daMandioca.

6. MATTOS, P.L.P. da; THOMAZELLI, L.F.;MAEREGGER, T.G.; CUNHA, A.A.;CANDIA, J.C.; PLETSCH, R.;TAKAHASHI, M. Manejo de material depropagación de mandioca; unidades deaprendizaje para la capacitación entecnología de produción de mandioca. Cali,Colômbia: CIAT, 1992. 4p.

Lucio Francisco Thomazelli, eng. agr., M.Sc.,Cart. Prof. 3.822-D, CREA-PR, Epagri/EstaçãoExperimental de Ituporanga, C.P. 121, Fone/Fax (047) 833-1409. E-mail:[email protected], 88400-000 Ituporanga, SC; MuritoTernes, eng. agr., Ph.D., Cart. Prof. 454-D,CREA-SC, Epagri/Estação Experimental deItajaí, C.P. 277, Fone (047) 346-5244, Fax (047)346-5255, 88301-970 Itajaí, SC, Edison Xavierde Almeida, eng. agr., M.Sc., Epagri/EstaçãoExperimental de Ituporanga, C.P. 121, Fone/Fax (047) 833-1409, E-mail: [email protected], 88400-000 Ituporanga, SC e JoséDalvinoPetri, técnico agrícola, Cart. Prof. T1 -29.188-9, CREA-SC, Epagri/Estação Experimen-tal de Ituporanga, C.P. 121, Fone/Fax (047)833-1409, 88400-000 Ituporanga, SC.

o

Tabela 1 - Avaliação das ramas de mandioca provenientes dosegundo ciclo de crescimento da cultivar Mico, armazenadas em

seis sistemas diferentes, durante o período de junho a setembro, noAlto Vale do Itajaí. Dados médios de quatro repetições, coletados

nos anos de 1989 e 1990

Viabilidade Matéria seca Emergência(%) (%) (%)

1 - Leira (terra) 87,8 a 34,0 a 97,2 a2 - Leira (terra + plástico) 88,6 a 27,7 a 94,9 a3 - Leira (palha + terra) 84,1 a 30,5 a 94,8 a4 - Leira (palha + terra + plástico) 89,5 a 30,4 a 96,2 a5 - Leira (serragem) 86,4 a 28,9 a 92,1 a6 - Pé (palha + plástico) 89,0 a 33,5 a 98,3 a

Nota: Médias seguidas da mesma letra não apresentam diferençasestatísticas significativas entre si, pelo teste de Tukey (5%).

Tratamentos

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Frut icul turaFrut icul turaFrut icul turaFrut icul turaFrut icul tura

Controle de pragas na floração da nectarina

Eduardo Rodrigues Hickel, Jean-Pierre Henri Joseph Ducroquete Cangussú Silveira Matos

nectarina, Prunus persica var.nuscipersica (L.), é uma fruta

proveniente do pêssego comum, sen-do característico seus frutos apresen-tarem ausência total de pêlos. A áreaplantada com esta cultura geralmen-te acompanha aquela destinada a fru-tas de caroço, na proporção de 10% daárea de pêssego. Assim, os maioresplantios catarinenses estão na regiãodo Vale do Rio do Peixe.

Aparentemente em razão da au-sência de pêlos nos frutos, a nectarinaapresenta maior suscetibilidade a pra-gas e doenças que o pêssego, princi-palmente durante a floração e iníciode frutificação. Estes entraves exi-gem do produtor de nectarina ummaior cuidado com a cultura, o quenem sempre ocorre, dada a tendênciade se empregar os mesmos tratosdestinados ao pessegueiro.

A intenção deste artigo é pois apre-sentar e discutir os procedimentos aserem tomados pelo produtor duran-te a floração da nectarina, para evitarmaiores perdas de produção pela inci-dência de pragas.

Estágios fenológicos danectarina

Para o correto acompanhamento eaplicação de medidas de controle depragas durante a floração, é impor-tante conhecer os diferentes estágiosfenológicos por que passa a planta denectarina, após a quebra da dormênciahibernal.

Será adotada a escala proposta porBaggiolini, citado pela AEASC (1),parcialmente modificada, conformeapresentado na Figura 1. Para efeitode aplicação prática, deve-se conside-rar como determinante o estágio

fenológico que estiver predominantenas plantas do pomar.

Pragas na floração danectarina

Tripes da nectarina

Conhecendo melhor os tripes

Os tripes são minúsculos insetos (la 1,5mm de comprimento), de forma-to alongado, que incidem na floraçãoda nectarina, dentro da flor. As asasnos indivíduos adultos são franjadas eestes voam quando molestados. Osovos são postos inseridos no tecidovegetal tenro e eclodem após 3 a 15dias. As formas jovens não voam egeralmente são de cores claras. Apre-sentam um período de desenvolvi-

mento variando de 8 a 26 dias, ampla-mente determinado pelas condiçõesambientais de temperatura. À tempe-ratura de l5oC o ciclo ovo-adulto seestende por 44 dias, a 20oC o mesmodura 21 dias e a 26,7 oC apenas 14 dias(2).

Três espécies foram constatadasna região do Vale do Rio do Peixe,sendo uma delas o tripes negro da flor,Haplothrips gowdeyi (Franklin)(Thysanoptera: Phlaeothripidae) (Fi-gura 2). A outra, mais abundante, otripes verde da flor, Frankliniellacondei John (Thysanoptera: Thripidae)(Figura 3); e uma terceira espécie deFrankliniella, que não pôde ser deter-minada com maior precisão (espéciesemelhante ao tripes verde da flor).

A espécie Frankliniella occidentalis(Pergande), mundialmente conhecida

Figura 1 - Estágios fenológicos da nectarina, segundo Baggiolini (parcialmente

modificado). A - gema dormente; B - gema inchada; C - cálice descoberto;D - corola descoberta; E - estames descobertos; F - flor aberta; G - queda de pétalas;

H - fruto formado; I - separação do cálice; J - fruto verde

A

#

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Frut icul turaFrut icul turaFrut icul turaFrut icul turaFrut icul tura

como praga da nectarina (2 e 3), nãofoi encontrada nas amostras detripes enviadas para identificação. Istocontudo não significa que ela não es-teja presente nos pomares catari-nenses.

Como os tripes surgem a cada ano

Os tripes passam o rigor do inver-no como indivíduos adultos na restevaou em hospedeiros alternativos. Plan-tas leguminosas (trevos por exem-plo), compostas (dente-de-leão) oucrucíferas (nabos e nabiças) emfloração são as preferidas (3).

Nem todos os anos ocorre ataquede tripes nos pomares e parece que ascondições climáticas do inverno sãodeterminantes no controle das popu-lações. Invernos úmidos e rigorosossão indicativos de baixa incidência detripes, enquanto que as infestaçõesmais severas têm sido verificadas emperíodos secos após invernos poucorigorosos. Nos invernos amenos pa-rece haver uma maior proliferaçãodos tripes nos hospedeiros alternati-vos, cuja dispersão para os pomaresde nectarina é facilitada quando não

chove com freqüência nos meses deagosto e setembro.

Os danos provocados pelos tripes

Os tripes causam raspaduras edeformações na película do ovário(Figura 4). As flores atacadas ge-ralmente caem inteiras, não vingan-do o fruto. Quando se desenvolve, ofruto atacado apresenta a casca defei-tuosa, áspera e com nodosidades (Fi-gura 5), o que deprecia seu valorcomercial.

Em determinados anos o ataquedos tripes pode ser tardio, ocorrendoentre a queda de pétalas (estágio G) ea separação do cálice (estágio I), o quegeralmente resulta em pouca quedade frutos, porém em mais frutos de-formados.

Terminado o período de floração,especialmente após a separação docálice, os tripes migram para outrasplantas na vegetação rasteira do po-mar ou fora do pomar, não ameaçan-do mais os frutos de nectarina (4).Em alguns países pode haver umsegundo ataque dos tripes no pe-ríodo de maturação, causando um pra-

Figura 2 - Tripes negro (Haplothripsgowdeyi (Franklin)) sobre o ovário de flor

de nectarina

CRÉDITO: E.R. HICKEL

CRÉDITO: E.R. HICKEL

Figura 3 - Tripes verde (Frankliniellacondei John) sobre o ovário e pistilo de

flor de nectarina

CRÉDITO: E.R. HICKEL CRÉDITO: G.F. MCLAREN

Figura 4 - Dano de tripes no ovário de

flor de nectarina

Figura 5 - Fruto de nectarina deformado

em função dos danos de tripes na

floração

teamento da película dos frutos (3 e 5),embora isto não tenha sido observa-do nos pomares catarinenses (6).

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Frut icul turaFrut icul turaFrut icul turaFrut icul turaFrut icul tura

Medidas de controle

O controle dos tripes é extrema-mente problemático, tendo em vista operíodo em que ocorre o ataque. Nafloração os agentes polinizadores es-tão com máxima atividade, e qual-quer distúrbio de maior gravidadepode interferir sobremaneira napolinização (3 e 5). Assim sendo, antesdo emprego de medidas mais drásti-cas de controle, é conveniente execu-tar amostragens expeditas no pomar,para verificar a presença dos tripesnas flores (3 e 4). Estas amostragensdevem se iniciar quando as gemasapresentam a corola descoberta (pon-ta rosada), estágio D, e compreendema coleta de um mínimo de 50 flores emplantas espalhadas pelo pomar (l0 flo-res em l0 plantas constituem umaamostra recomendável). Estas floressão colocadas em um saco plásticotransparente, que ao final deve serchocalhado com energia. Caso os tripesestejam presentes, a agitação provocasua saída das flores, e estes ficamandando no interior do saco, permi-tindo sua constatação.

A princípio as amostragens expedi-tas devem ser executadas a cada trêsdias, podendo-se ampliar ou reduzireste período em função do desenvolvi-mento fenológico da floração. São re-alizadas até a separação do cálice (es-tágio I), uma vez que os tripes aindapodem causar dano neste período.

O nível para controle com pulveri-zação de inseticidas em cobertura (em-pregado na França), é de 1,5 tripes porflor na plena floração. Contudo noBrasil não se dispõe de inseticidasregistrados que possam ser aplicadosna plena floração da nectarina (todossão muito tóxicos para as abelhas).Desta forma as alternativas seriam aaplicação de inseticidas de curto efei-to residual no estágio D, quando severifica este nível de infestação nosbotões florais; ou a aplicação de pro-dutos sistêmicos ou com ação de pro-fundidade no período compreendidoentre a queda de pétalas (estágio G) ea separação do cálice (estágio I), quan-do se verifica o nível de controle apartir da plena floração (Tabela 1).

Em outros países tem-se buscadoprodutos com menor efeito sobre in-

setos benéficos para o controle dostripes da nectarina. Na França (2),além da aplicação de fluvalinato naplena floração, inseticida menos tóxi-co às abelhas, procura-se adequar, apartir do estágio G, o uso daacrinatrina e da abamectina, produ-tos estes recomendados em outrosprogramas de manejo integrado depragas. Os inseticidas metamidofós ecloropirifós ainda integram o esque-ma de rodízio de produtos. Já na Áfri-ca do Sul (3), durante a floração indica--se o uso dos produtos flufenoxurom eendosulfan, e próximo à maturação oacefato, o metamidofós, o metomil e omercaptotiom. Cabe ressaltar quenenhum destes produtos possui atual-mente registro para uso em pesse-gueiro no Brasil.

Um aspecto importante a se obser-var no manejo integrado dos tripesem nectarina é o não dessecamentodas ervas invasoras dentro do pomarna saída do inverno. Em anos propí-cios à incidência de tripes o uso deherbicidas pode levar a uma maiorinfestação nas plantas de nectarina,dada a eliminação das fontes de ali-mentação encontradas nos hospedei-ros alternativos (3). Caso odessecamento seja necessário, emfunção do controle de geadas tardias,

este deve ser previsto e realizado noinício ou no mais tardar em meadosdo inverno.

Vaquinha

Conhecendo melhor a vaquinha

As vaquinhas, Diabrotica speciosa(Germar) (Coleoptera: Chryso-melidae), são pequenos besouros decoloração predominante verde com 5a 6mm de comprimento e com seismanchas amarelas no dorso (três emcada élitro) (Figura 6). É praga impor-tante de culturas anuais como feijão,milho e batatinha, e utiliza a nectarinacomo hospedeiro alternativo na faltados hospedeiros preferenciais.

Os adultos da vaquinha se alimen-tam numa vasta gama de plantas. Jáas larvas, por outro lado, são insetosde solo que se alimentam de raízes etubérculos. Tendo raízes de milhocomo substrato alimentar, as larvaslevam cerca de 18 dias para atingiremo completo desenvolvimento, quandose transformam em pupas. Passados12 dias emergem os adultos, perfa-zendo um ciclo evolutivo de 29 a 30dias. A longevidade de adultos emlaboratório é alta, atingindo de 32 a 69dias nos machos e 43 a 73 dias nas

#

Tabela 1 - Relação de inseticidas para controle de tripes e vaquinha em nectarina

Produto Praga Dose Período de Carência(nome técnico) controlada (i.a./100 litro) proteção (dia) (dia)

Carbaril Vaquinha 130g 5 7

Deltametrina (A) Tripes 1ml 5 5

Diazinom Vaquinha 60ml 15 14

Dimetoato Tripes 50ml 15 3

Fenitrotiom Tripes e vaquinha 75ml 12 14

Fentiom Tripes e vaquinha 50ml 15 21

Malatiom Vaquinha 100ml 5 7

Triclorfom Tripes e vaquinha 120ml 5 7

(A) Aplicação apenas no estágio D - corola descoberta (ponta rosada).Fonte: AEASC - Núcleo Alto Vale do Rio do Peixe.

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22 Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997

fêmeas, quando alimentados com fo-lhas de feijão (7).

Como as vaquinhas surgem a cada ano

O grande número de indivíduoscriados nas culturas anuais estivais(milho e feijão) permanece em hospe-deiros alternativos durante o inver-no. A nectarina é um destes hospedei-ros e é infestada pelas vaquinhas nasaída do inverno dada a oferta dealimento disponível nas partes tenrasoriundas da floração e brotação.

A medida que avança o períodoprimaveril, e passam a surgir outroshospedeiros, há uma tendência de sereduzir a incidência de vaquinha nospomares.

Os danos provocados pelas vaquinhas

As vaquinhas incidem nas folhas,flores e frutos, onde se alimentam,deixando perfurações ou escoriaçõesirregulares (Figura 6). O dano de fo-lhas em pomares em produção tempouco significado econômico. Já o danoem flores e frutos pode ser expressi-vo, principalmente para nectarina.

Apesar de atacarem as flores, osdanos geralmente não afetam o ová-rio e com isso a flor não cai. Nosfrutinhos recém-formados é que o es-trago pode ser maior. Neste caso asvaquinhas se alimentam da casca dosfrutinhos, cujas escoriações posteri-ormente se transformam em gravescicatrizes, tirando todo o valor comer-cial destes frutos (Figura 7). O ataqueaos frutinhos pode ocorrer a partir doestádio I (separação do cálice) atépróximo ao raleio.

Medidas de controle

O controle às vaquinhas em poma-res de nectarina está muito mais emfunção da ocorrência de surtos dapraga do que de níveis populacionaisaferidos por amostragem. Assim, naeventualidade de ser necessário apli-car um tratamento para controle, po-dem ser empregados os inseticidaslistados na Tabela 1. Deve-se dar pre-ferência aos produtos de baixo efeitoresidual (período de proteção), fazen-

CRÉDITO: E.R. HICKEL

Figura 7 - Cicatrizes em frutos denectarina resultantes dos danos de

vaquinha em frutinhos recém-formados

Frut icul turaFrut icul turaFrut icul turaFrut icul turaFrut icul tura

Figura 6 - Vaquinha (Diabrotica speciosa (Germar)) e respectivos danos em folhas

de ameixeira (Prunus salicina Lindl.) (este mesmo dano é comum em nectarina)

CR

ÉD

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: E.R

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do a pulverização localizada sempreque possível.

Uma alternativa muito eficaz nocontrole de vaquinhas em pomaresestá no uso de raízes de tajujá

(Cayaponia spp). O tajujá é uma plan-ta silvestre, da mesma família dochuchu e da melancia, que produzuma raiz tuberosa, por vezes muitogrande. Esta raiz é altamente atrati-va para as vaquinhas e o esquema decontrole consiste em cortar a raiz emrodelas, embebê-las numa calda inse-ticida (triclorfom ou malatiom prefe-rencialmente) e espalhá-las pela peri-feria do pomar, pendurando-as emarbustos ou nos quebra-ventos. Even-tualmente pode-se colocar algumasdestas iscas tóxicas dentro do pomar,em plantas que estão sofrendo forteataque; contudo isto não deve serrotineiro para não estimular umamaior entrada de vaquinhas na áreado pomar.

Como é difícil localizar plantas detajujá no mato no início da primavera,dado que as ramas e folhas secam,principalmente nas regiões sujeitas ageadas no inverno, é interessantemarcar sua localização nos meses doverão, para poder recolher raízes quan-do for necessário. O plantio de algu-mas áreas marginais com tajujá tam-bém pode ser interessante, principal-mente naquelas propriedades onde oataque de vaquinha é mais freqüente.Nestes plantios podem ser usadaspartes de raízes ou ramas enraizadas

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Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997 23

o

encontradas nos matos.

Agradecimentos

Os autores desejam expressar seusagradecimentos aos Drs. M. Lacey--Theisen e S. Nakahara (ambos doSystematic Entomology Laboratory -USDA), pelos esforços na identifica-ção das espécies de tripes.

Literatura citada

1. AEASC. Núcleo de Engenheiros Agrôno-mos do Alto Vale do Rio do Peixe. Guia

para o controle de doenças, pragas eplantas invasoras do pessegueiro. Flo-rianópolis: ACARESC, 1990. 32p.

2. LEPRAT, G. Thrips Frankliniella

occidentalis un fléau sur fraisiers maisaussi sur pêchers et nectariniers.L’Arboriculture Fruitière, Paris, n.453,p.38-40, 1992.

3. BARNETT, W.W; RICE, R.E. Insect andmite pests. ln: LaRUE, J.H.; JOHNSON,R.S. Peaches, plums, and nectarinesgrowing and handling for fresh market.Oakland: University of California, 1989.cap. 16, p.94-117.

4. BOURNIER, A. Dégats de thrips surnectarines. Phytoma, Paris, v.221, p.26-29, 1970.

5. JACOBS, S. Thrips damage and control innectarine orchards. Deciduous FruitGrower, Cape Town, v.45, n.7, p.274-280, 1995.

6. HICKEL, E.R. Pragas do pessegueiro e

ameixeira e seu controle no Estado deSanta Catarina. Florianópolis:EPAGRI, 1993. 45p. (EPAGRI. BoletimTécnico, 66).

7. MILANEZ, J.M. Ciclo biológico da vaqui-nha, praga do milho na região Sul dopaís. Agropecuária Catarinense, Flori-anópolis, v.10, n.1 , p.9-11, 1997.

Eduardo Rodrigues Hickel, eng. agr., M.Sc.,Cart. Prof. 7.394-D, CREA-SC, Epagri/Esta-ção Experimental de Videira, C.P. 21, Fone/Fax (O49)566-0054, 89560-000 Videira, SC;Jean-Pierre Henri Joseph Ducroquet,eng. agr., Dr., Cart. Prof. 17.954-D, CREA-PR, Epagri/Estação Experimental de Videira,C.P. 21, Fone/Fax (049)566-0054, 89560-000Videira, SC e Cangussú Silveira Matos,Licenciado em Ciências Agrícolas, M.Sc.,Epagri/Estação Experimental de Videira, C.P.21, Fone/Fax (049)566-0054, 89560-000 Vi-deira, SC.

Frut icul turaFrut icul turaFrut icul turaFrut icul turaFrut icul tura

NOVIDADESDE MERCADO

Novo misturador vertical de ração da EmbrapaNovo misturador vertical de ração da EmbrapaNovo misturador vertical de ração da EmbrapaNovo misturador vertical de ração da EmbrapaNovo misturador vertical de ração da Embrapapossibilita mistura de qualidadepossibilita mistura de qualidadepossibilita mistura de qualidadepossibilita mistura de qualidadepossibilita mistura de qualidade

nente: não necessita manutenção periódi-ca;

- rolamento autocompensador: corrigepossíveis desalinhamentos do eixo cen-tral;

- portas de limpeza na base e no corpo domisturador: permitem fácil acesso para exe-cução da limpeza interna do equipamento.

A Embrapa identificou a demanda juntoao produtor, depois desenvolveu ametodologia que determinou o tempo ótimode mistura. Em seguida avaliou osmisturadores mais utilizados no mercado.Publicou os resultados. Desenvolveu umnovo misturador. E acrescentou-lhe opçõesde facilitação, através do uso opcional dotemporizador e do dosador de óleo.

Informações adicionais podem ser obti-das junto à Área de Comunicação Empresa-rial da Embrapa Suínos e Aves, pelo telefone(049) 442-8555 (Ramais 316/319) e/ou juntoà empresa Bergazzi Máquinas e Equipa-mentos Ltda., pelos telefones (049) 442-4216/442-4681. Texto da jornalista TâniaMaria Giacomelli Scolari.

Frango de corte daFrango de corte daFrango de corte daFrango de corte daFrango de corte daEmbrapa foi lançado naEmbrapa foi lançado naEmbrapa foi lançado naEmbrapa foi lançado naEmbrapa foi lançado na

Expointer/97Expointer/97Expointer/97Expointer/97Expointer/97

O Centro Nacional de Pesquisa de Suí-nos e Aves, Embrapa Suínos e Aves, sede emConcórdia, Santa Catarina, desenvolveu umprograma de pesquisa e desenvolvimentode linhagens nacionais de aves para corte. Omaterial genético básico se constituía dequatro linhas puras para frangos de corte(duas de macho e duas de fêmea).

Segundo o pesquisador Élsio Figueiredo,da área de melhoramento genético avícola,“na Embrapa Suínos e Aves o programa demelhoramento genético avançou com o ob-jetivo de se formar pacotes comerciais quepossam ser utilizados por empresas brasilei-ras, para dar suporte ao lugar de destaqueque o Brasil ocupa no cenário mundial.”Logicamente que além do material genéti-co, propriamente dito, também se treinampessoas (várias teses de mestrado foramrealizadas no âmbito desse projeto) e sedesenvolvem metodologias de seleção e me-lhoramento, que dão suporte a programasidênticos a serem conduzidos pelas empre-sas brasileiras.

O frango de corte da Embrapa, denomi-nado Embrapa-021, foi lançado no dia 5 desetembro, durante a Expointer/97, em Es-teio, RS. É formado por avós descendentesde linhas puras das raças Cornish Branca e

A Embrapa Suínos e Aves, em parceriacom a empresa Bergazzi Máquinas e Equipa-mentos Ltda., sede em Concórdia, SantaCatarina, lançou durante a Expointer/97,em Esteio, RS, o novo Misturador Verti-cal de Ração Embrapa Bergazzi BMV500-E que apresenta vantagens diferenciaisquando comparado aos atualmente existen-tes no mercado, como:

• Vantagens na mistura- menor tempo de mistura: o processo de

mistura se completa em apenas cinco minu-tos;

- dosador: permite a adição de óleo namistura (de uso opcional);

- temporizador: assegura o tempo idealde mistura, com economia de tempo e mão--de-obra do produtor (de uso opcional);

- baixa velocidade: assegura mistura maishomogênea, com menor desgaste no helicói-de;

- visor grande: para fácil acompanha-mento do processo de mistura;

- descarga: sem necessidade de ligar omisturador;

- sistema de dupla descarga: com duassaídas laterais, permite maior versatilidade;

- carregamento frontal: facilita a adiçãode componentes à mistura;

- bandeja de carregamento: maior facili-dade de carregamento do misturador;

- grade de proteção: maior segurança dooperador.

• Vantagens na manutenção- rolamentos com lubrificação perma-

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24 Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997

Plymouth Rock Branca, selecionadas paraque quando cruzadas produzam frangos decorte para a venda de carcaça inteira.

peito de frango, peito de peru e pernil suíno,os produtos são temperados com ingredientesnaturais - sal, alho, cebola, sendo que o desuíno leva também vinho - e congelados emespetinhos de madeira. Vêm com dez unida-des em cada embalagem, totalizando pesolíquido de 1kg. Expostos em ilhas polares oufreezers verticais, vêm em caixas litogravadascom instruções de preparo, dicas de desconge-lamento e sugestões de acompanhamentos,permitindo que se descongele somente partedo produto, para quem não for usar todo o seuconteúdo de uma só vez, já que são congelados

de cinco em cinco. Podem ser preparadosgrelhados, fritos, assados em forno conven-cional ou utilizados em churrasco. O Espeti-nho Fácil Sadia tem prazo de validade de umano a partir da data de fabricação, se mantidosob temperatura de 12 graus negativos. Nageladeira eles podem permanecer por atétrês dias.

Para facilidade dos varejistas, a linhatraz código de barras tanto nas embalagensao consumidor como nas de transporte, sen-do que esta última contém doze unidadescada. O lançamento conta com apoiomercadológico nos pontos de venda, incluin-do móbiles, folhetos, brindes, broadsides

para distribuidores e demonstração.Os itens Espetinho de Peito de Frango,

Espetinho de Peito de Peru e EspetinhoSuíno são produzidos na unidade da SadiaConcórdia S.A. Ind. e Com., da cidade deConcórdia, SC, e o Espetinho Bovino, naunidade da Sadia Oeste S.A. Ind. e Com., deBarra do Garças, MT. Concebida e lançadapela Divisão de Carnes in Natura do GrupoSadia, a nova linha tem um crescimentoestimado de 5% ao ano, segundo o setor demarketing da divisão. Assessoria de Comu-nicação do Grupo Sadia, Fone (011) 7296-4105/06.

Pessoas interessadas em informaçõesmais detalhadas podem telefonar para (049)442-8555 ou escrever para a Área de Comu-nicação Empresarial (ACE) - Embrapa Su-ínos e Aves, Caixa Postal 21, 89700-000Concórdia, SC. Texto de Tânia MariaGiacomelli Scolari.

Sadia lança linhaSadia lança linhaSadia lança linhaSadia lança linhaSadia lança linhaEspetinho Fácil, comEspetinho Fácil, comEspetinho Fácil, comEspetinho Fácil, comEspetinho Fácil, comquatro tipos de carnequatro tipos de carnequatro tipos de carnequatro tipos de carnequatro tipos de carne

A Sadia lançou este ano no mercado,inicialmente nos Estados de São Paulo, Riode Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco,Bahia, Sergipe, Goiás, no Distrito Federal,em Florianópolis e no Litoral Catarinense alinha Espetinho Fácil, que conta comquatro itens: Espetinho de Peito de Frango,Espetinho de Peito de Peru, Espetinho deSuíno e a versão reposicionada do Espeti-nho Bovino, lançado no mercado em 1989.A nova linha faz parte dos cerca de 30 novosprodutos que a empresa tenciona lançardurante o ano de 1997.

A linha Espetinho Fácil visa atender àsnecessidades de consumidores de todas asclasses que exigem redução no tempo depreparo e versatilidade, com produtos prá-ticos, semi-elaborados, porcionados emquantias ideais para uma família média,além de origem garantida. A linha tambémintegra a estratégia adotada há alguns anospela empresa de lançar produtos de maiorvalor agregado.

Elaborados com carnes nobres, como

Embrapa lança nova versão do programa deEmbrapa lança nova versão do programa deEmbrapa lança nova versão do programa deEmbrapa lança nova versão do programa deEmbrapa lança nova versão do programa deformulação de ração para suínosformulação de ração para suínosformulação de ração para suínosformulação de ração para suínosformulação de ração para suínos

O Centro Nacional de Pesquisa de Suínose Aves, Embrapa Suínos e Aves, Unidadedescentralizada da Embrapa com sede emConcórdia, SC, lançou durante a Expoin-ter/97, em Esteio, RS, o software ProsuinoVersão 3.0 para Windows desenvolvidoem parceria com a empresa Plancassi Ltda.,São Paulo, SP.

O Prosuino é um programa de compu-tador que formula rações balanceadas decusto mínimo para suínos, nas suas diversasfases de criação. Essa versão do programacontém uma lista predefinida de alimentos,com valores de composição nutricional obti-dos na Tabela de Composição Química e Va-lores Energéticos de Alimentos para Suínos eAves, da Embrapa Suínos e Aves, e com níveisde restrição de uso para cada fase da vida dosuíno. Também estão incluídas 16 tabelas deexigências nutricionais para as diferentesfases, com níveis já estabelecidos para osprincipais nutrientes. O Prosuino permite ainclusão de novos alimentos, novas tabelas deexigências e novos nutrientes, bem como aalteração dos valores já existentes no progra-ma. Junto com o programa o usuário recebeum manual técnico explicativo que detalha oseu uso e orienta sobre o manejo da alimen-

tação, auxiliando na tomada de decisão nomomento da formulação.

Terezinha Marisa Bertol, pesquisadorada área de nutrição da Embrapa Suínos eAves, que trabalhou no desenvolvimentodesse programa, explica que, na produçãode suínos, a alimentação representa en-tre 60 e 70% dos custos de produção.Assim, “através de um corretobalanceamento da ração, de acordo comas exigências de cada fase de vida dosuíno, também é possível melhorar oaproveitamento dos nutrientes da dieta,melhorando a eficiência alimentar e ataxa de crescimento e reduzindo a idadede abate e o custo da alimentação, além detambém reduzir a quantidade de nutrien-tes perdidos nas fezes.” Segundo a pesquisa-dora, o uso de níveis adequados deaminoácidos e de energia na dieta é impres-cindível para a produção de carcaças commaior proporção de carne magra e menorteor de gordura, exigidas pelo mercado atu-almente.

Para adquirir o software basta soli-citar por escrito à Embrapa Suínos eAves, Área de Comunicação Empresarial,Caixa Postal 21, 89700-000 Concórdia,

Novidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercado

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Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997 25

Novidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercado

Nova versão de CD-ROM reúne todo o acervo daNova versão de CD-ROM reúne todo o acervo daNova versão de CD-ROM reúne todo o acervo daNova versão de CD-ROM reúne todo o acervo daNova versão de CD-ROM reúne todo o acervo dapesquisa agropecuária brasileirapesquisa agropecuária brasileirapesquisa agropecuária brasileirapesquisa agropecuária brasileirapesquisa agropecuária brasileira

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-pecuária - Embrapa, vinculada ao Ministé-rio da Agricultura e do Abastecimento, pre-parou uma nova versão do CD-ROM Basesde Dados da Pesquisa Agropecuária, atuali-zada até abril 97, reunindo registros biblio-gráficos de toda a produção científica daEmpresa, desde a sua criação, em 1973.Estão incluídos, ainda, toda a bibliografiaadquirida pela Embrapa e uma coleção dosprincipais periódicos nacionais e estrangei-ros da área agrícola.

O CD-ROM abre, para um leque maiorde usuários, como pesquisadores,extensionistas, estudantes, professoresuniversitários e produtores rurais, apossibilidade de consulta a uma base deregistros, desenvolvida pelas bibliotecas da

Embrapa. São 217.604 referências e 7.449títulos de periódicos e suas respectivas cole-ções.

Também está disponível um cadastro comendereços, serviços prestados e áreas de atu-ação de 120 instituições do Sistema Nacionalde Pesquisa Agropecuária - SNPA, coordena-do pela Embrapa.

A base de dados foi gerada a partir dosoftware Ainfo, desenvolvido pela EmbrapaInformática Agropecuária, unidade da Em-presa em Campinas, SP, para a gestão inte-grada de bases de dados documentais e deprocessos bibliográficos. Mais informaçõescontatar com a Embrapa Informática Agro-pecuária, Fone: (019) 239-9800, Fax: (019)239-9594, E-mail: cnptia@cnptia. embrapa.br.

Texto do jornalista Roberto Penteado.

Santa Catarina, enviando cheque nominalno valor de R$ 150,00 (cento e cinqüentareais).

Informações adicionais podem ser

obtidas pelo telefone (049) 442-8555, Ramal316.

Texto de Tânia Maria Giacomelli Scola-ri.

A sinergia entre indústria de alimentos e criaçãoA sinergia entre indústria de alimentos e criaçãoA sinergia entre indústria de alimentos e criaçãoA sinergia entre indústria de alimentos e criaçãoA sinergia entre indústria de alimentos e criaçãode suínos reduz custos no arraçoamentode suínos reduz custos no arraçoamentode suínos reduz custos no arraçoamentode suínos reduz custos no arraçoamentode suínos reduz custos no arraçoamento

A nova tecnologia de alimentação ani-mal consiste em buscar o racional reaprovei-tamento de alimentos normalmente des-perdiçados, transformando-os em matéria--prima.

Esta é a verdadeira função social da

zootecnia: produzir proteína para o homemsem que o animal se torne concorrente no usode grãos e cereais.

Grandes resultados neste sentido já têmsido realizados pela moderna tecnologia dealimentação animal e estão disponíveis no

Brasil, equipamentos com “know-how” su-ficiente para eliminar a utilização de grãose rações secas na alimentação animal, subs-tituindo estas matérias-primas por uma sériede subprodutos bastante valiosos, porématé agora pouco utilizados.

O Brasil, por ser um país rico em maté-rias-primas vegetais hidratadas, porém ca-rente de grãos e cereais, está encontrandonesta técnica, bastante utilizada na Europa,uma solução econômica para oarraçoamento de suínos.

Mandioca, inhame, batata, frutas, ver-duras, etc. são produtos que geram no Brasilgrandes quantidades de resíduos na fase deprodução, comercialização e industrializa-ção, devido à disponibilidade destas matéri-as-primas e à carência de sistemas adequa-dos de armazenamento e de conservação.

Todos estes resíduos da indústria dealimentação, excedentes de produção, sãoreaproveitados através da tecnologia Vomme do equipamento Pastonizador TM-600que foi concebido para eliminar o uso dasrações secas aproveitando no seu lugar re-síduos e subprodutos agroalimentícios.

Como parte protéica podem ser utiliza-dos: vísceras, penas, interiores de frango,esterco de aves, ovos quebrados, pintinhose muitos outros resíduos protéicoshidratados, normalmente disponíveis emgranjas e matadouros.

O Pastonizador Vomm TM-600 efetuaum processo de pasteurização microbioló-gica, pelo cozimento em alta temperatura(processo HTST) e pela transformação des-tes em massa pastosa bombeável, permitin-do alimentar diretamente os cochos comexcelente resultado sanitário e grande eco-nomia nutricional.

O equipamento TM-600 é fabricado noBrasil com tecnologia italiana e conta com aslinhas de crédito do FINAME.

o

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26 Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997

Reportagem de Paulo Sergio Tagliarie fotos de José Luiz Petri

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Nova tecnologia melhora rendimentoNova tecnologia melhora rendimentoNova tecnologia melhora rendimentoNova tecnologia melhora rendimentoNova tecnologia melhora rendimentoe qualidade da maçãe qualidade da maçãe qualidade da maçãe qualidade da maçãe qualidade da maçã

Um produto que melho-ra a frutificação da maci-eira pode ser o novo aliadodos fruticultores brasilei-ros. Testes pioneiros depesquisa desenvolvidos naEstação Experimental deCaçador, durante seteanos seguidos, revelarame confirmaram efeitos po-derosos para a melhoriada produtividade e quali-dade da fruta.

em dúvida nenhuma um dosmaiores avanços em produtivi-

dade e qualidade de um cultivo agríco-la brasileiro, nos últimos vinte e cincoanos, ocorreu no sul do país, envol-vendo a cultura da macieira (ver box).Com poucos hectares plantados noinício da década de 70 em Santa Cata-rina, e com um rendimento que nãopassava de 10 a 12t/ha, hoje a áreacultivada com a fruta beira os 15 milhectares, a produtividade saltou para22t/ha, em média, e o volume produ-zido no Estado atingiu 308 mil tonela-das na última safra de 1996/97, o que

representa mais de 50% do total naci-onal. Mas estes números não vãoestacionar por aí. Especialistas afir-mam que a produtividade média dacultura pode elevar-se ainda mais, e jáexistem pomares plantados após 1980que atingem facilmente 40, 50 ou60t/ha.

Tal é a rapidez da evolução docultivo da maçã em Santa Catarina, etambém nos outros Estados sulinos(RS e PR), que as cultivares Gala eFuji já estão sendo exportadas inclusi-ve para tradicionais produtores dafruta, como é o caso dos Estados Uni-

dos e Europa. Mas este sucesso nãoveio por acaso. O espírito empreende-dor de fruticultores pioneiros que acre-ditaram no potencial da fruta na re-gião Serrana e Planalto Catarinenseserviu de ponto de partida para ocrescimento da cultura. Com o apoiodo serviço de assistência técnica eextensão rural, aliado ao crédito ruralfarto nos primeiros anos, os pomaresse multiplicaram. E foi com os traba-lhos da pesquisa agrícola que a cultu-ra da maçã conseguiu se expandirainda mais, não só em volume, mastambém em qualidade. As primeiras

S

Maior rendimento e melhor qualidade são os resultados da novatecnologia da Epagri

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

pesquisas se desenvolveram na Esta-ção Experimental de Videira, e poste-riormente os trabalhos foram trans-feridos para as Estações Experimen-tais de Caçador e São Joaquim, ondepermanecem até hoje. As tecnologiasde quebra de dormência da macieira,o calendário fitossanitário, a reco-mendação e o lançamento de novascultivares, entre outros, são avançoscientíficos desenvolvidos por pesqui-sadores catarinenses e consagradosno país e no exterior.

Abelha química

Agora uma nova técnica está dan-do o que falar, e com ótimas repercus-sões nos meios científicos nacionais emundiais, atraindo a atenção dos fru-ticultores, empresários e profissio-nais do setor. A descoberta foi feitapelo engenheiro agrônomo e pesqui-sador José Luiz Petri, da EstaçãoExperimental de Caçador. Trata-se deum produto que possibilita aumentara frutificação e também o tamanho dofruto, melhorando a qualidade e aforma, e com isto consegue-se umaestabilidade na produção. É tudo o queos maleicultores brasileiros precisa-vam.

Tudo começou em 1991, quandoPetri testava produtos para quebra dedormência e, quase por acaso, verifi-cou que um dos princípios ativos expe-rimentados, o thidiazuron ou TDZ (dogrupo das feniluréias), influenciou

positivamente a produção de maçã,aumentando a frutificação efetiva (fru-tos que vingaram). Também observouque o produto aumentava o tamanhoe o peso da maçã, resultando emaumento de produção e produtivida-de. Em seguida, Petri testou o produ-to num pomar experimental da Esta-ção com as cultivares Gala e GoldenDelicious, constatando um ganhomédio no peso dos frutos de, respecti-vamente, 47,2 e 44,5%, porém, namédia dos outros anos, aumentou emtorno de 20%.

Mas o que é o thidiazuron, comoele funciona? Na verdade, normal-mente ele tem sido utilizado comodesfolhante na cultura do algodão,função para qual o Ministério da Agri-cultura registrou o produto. A litera-tura especializada, até a descobertade seu efeito no aumento dafrutificação efetiva da macieira, o re-portava somente como um agente dequebra de dormência ou como tendoação de citocinina (hormônio produzi-do pela planta) em cultura de tecidos,em outras espécies. José Luiz Petri,que é um especialista em fisiologiavegetal, esclarece que o TDZ não temfunção direta de hormônio e sim ageindiretamente retardando a degrada-ção da citocinina, o que favorece apolinização e a divisão celular, com oconseqüente incremento do númerode frutos e do seu tamanho. Os dadossão experimentais, todavia, ao longodos últimos anos, o pesquisador da

Epagri confirmou a eficácia do produ-to. Além de área experimental daprópria estação, Petri buscou testar oproduto em algumas propriedades defruticultores em localidades diferen-tes para comprovar a ação positiva doproduto em condições reais de campo.“Nós agora temos a abelha química”,comentou um desses produtores refe-rindo-se à característica do TDZ quefunciona como um verdadeiro aliadoda polinização. Petri agrega aindamais, dizendo que em anos ruins, comperíodos de chuvas intensas quandoas abelhas não conseguem trabalhar,ou quando faltam cultivarespolinizadoras, o produto complementaa ação da natureza, propiciando umaboa frutificação final. Inclusive esteano pôde-se comprovar bem o fato, jáque choveu bastante na época defloração e muitos fruticultores estãotendo prejuízos consideráveis, ao pas-so que nas áreas experimentais pul-verizadas com o TDZ é visível o seuefeito positivo, resultando em boafrutificação. Para se ter uma idéia daação do TDZ, um fruticultor que pos-sui uma área experimental da pesqui-sa afirma que em condições normaisde tempo o rendimento do seu pomarchega a 30t/ha. Porém as chuvas in-tensas este ano (setembro, outubro)derrubaram muitas flores, e algunsvizinhos seus que não usam o produtoesperam colher não mais que 3 ou 4t.Ao custo de apenas cinco dólares doproduto por hectare, dá para se calcu-lar a grande vantagem na utilizaçãodo TDZ. Como se não bastasse estasqualidades, o fruticultor confirma ou-tra propriedade do produto, ou seja, oTDZ também prolonga o ciclo da maçã,oferecendo maior período de colheita.O produto também tem efeito nasculturas da pereira, quivi e videira.

Eficiência e baixo custo

Em média, o aumento na produçãode frutos, principalmente na cultivarGala, a que mais é influenciada peloproduto, tem ficado em torno de 20 a30%, confirma o pesquisador. Alémdos parâmetros frutificação efetiva epeso médio dos frutos, a pesquisa temavaliado outras variáveis, como pro-Efeitos importantes do TDZ: aumento no tamanho e forma do fruto #

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28 Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

dução por planta, número de semen-tes por fruto, comprimento, diâmetroe relação C/D dos frutos, firmeza dapolpa, amido, sólidos solúveis totais,acidez, pigmentação dos frutos, teo-res minerais nas folhas e frutos. Naprática, reconhece Petri, a maiorfrutificação e aumento do peso e ta-manho dos frutos são os parâmetrosque realmente têm influenciado naprodução e produtividade (Tabelas 1 e2).

Outro aspecto interessante do TDZé o seu baixo custo em relação aprodutos similares utilizados interna-cionalmente. No Chile, por exemplo,um produto concorrente tem o custode 2 mil dólares por hectare, ao passoque o TDZ fica em torno de 5 dólares,ou seja, 400 vezes menos! Mesmoassim, o produto concorrente conti-nua sendo vendido no Chile, pois o seucusto benefício ainda compensa paraos fruticultores chilenos.

Quanto à fitotoxicidade do produ-to, os sete anos de testes e observa-

Tabela 2 - Efeito do TDZ na frutificação da macieira (cultivar Gala) - comparaçãomédia de seis anos com a última safra

Peso médiodos frutos (g) No de sementes

Média geralMédia 1996/97 Média 1996/97

Testemunha 14,8 33,4 120,8 122,9 4,36TDZ - 5 ppm 21,0 41,3 143,0 140,6 3,01TDZ - 10 ppm 19,0 54,1 129,3 133,6 2,75

Tabela 1 - Efeito do TDZ na frutificação da macieira (cultivar Gala) - médiade seis anos

No de cachos No de frutos Frutificação efetiva Relaçãoflorais por planta (frutos que vingam) C/D (96/97)

Testemunha 214 132 59 0,94TDZ - 5 ppm 314 155 71 0,98TDZ - 10 ppm 217 168 125 1,00

Nota: 5 ppm = 5g /ha do princípio ativo ou 10g/ha do produto comercial.10 ppm = 10g/ha do princípio ativo ou 20g/ha do produto comercial.

Tratamento

Tratamentokg/planta

ções levados a efeito pelo pesqui-sador da Epagri não revelaramsintomas colaterais em qualquerparte da planta, nas doses utili-zadas. E em relação à toxicidadeao ser humano, a recomendaçãode 10g do princípio ativo porhectare, diluídos em 1.000 litrosde água por ocasião da floração,não oferece riscos, pois testeslaboratoriais bastante precisosnão detectaram resíduos do pro-duto nos frutos. Só para compa-rar, a recomendação do TDZ parao algodão é de 100 a 150g deprincípio ativo por hectare. Petriespera que, em função dos dadosexperimentais obtidos, o produ-to possa ser registrado oficial-mente no Ministério da Agricul-tura para a cultura da maçã e,assim, beneficiar os fruticulto-res brasileiros e até de outrospaíses produtores de frutas tem-peradas.

Para mais informações, aspessoas interessadas podem en-trar em contato com o engenhei-ro agrônomo José Luiz Petri,Estação Experimental de Caça-

Petri mostra a frutificação da cultivar Gala no

pomar experimental da Epagri onde foi aplicadoo TDZ

dor, Rua Geral s/n.o , Bairro BomSucesso, Caixa Postal 591, Fone/Fax(0496) 63-3211, 89500-000 Caçador,SC.

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Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997 29

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Maçã - situação do Brasil no “ranking” de países produtoresJosé Luiz Petri

Publicação de março de 1997 emWorld Apple Review apresenta aperformance dos 25 países principaisprodutores de maçã. No geral o Brasil jáse encontra em décimo primeiro lugar.

Os critérios adotados para medir aperformance basearam-se em três pon-tos:

• Eficiência na produção.• Infra-estrutura de indústria e qua-

lidade.• Financeiro e fatores de mercado.Para cada um destes pontos os se-

guintes critérios foram estabelecidos:• Eficiência na produtividade- Troca na percentagem de produção.- Relativa variabilidade da produ-

ção.- Percentagem de área que não entrou

em produção.- Percentagem da produção de novas

cultivares.- Densidade de plantio.- Média de produção por ha.• Infra-estrutura de indústria e qua-

Situação dos principais produtores de maçã no mundo

Eficiência Financeira ena produção mercado

1 Nova Zelândia Áustria Chile Nova Zelândia2 Chile Holanda Estados Unidos Japão3 Holanda Nova Zelândia Nova Zelândia Holanda4 Estados Unidos Bélgica Argentina Bélgica5 Áustria Brasil África do Sul França6 Bélgica Coréia do Sul Canadá Estados Unidos7 França África do Sul Brasil Chile8 Japão Japão França Inglaterra9 África do Sul Chile Alemanha Áustria10 Alemanha França Turquia África do Sul11 Brasil Alemanha Austrália Canadá12 Argentina Itália Bélgica Austrália13 Austrália Estados Unidos Itália Itália14 Itália Polônia Áustria Coréia do Sul15 Canadá Austrália Holanda Alemanha16 Coréia do Sul China Japão Argentina17 Inglaterra Turquia Espanha Espanha18 Espanha Espanha Inglaterra Brasil19 Turquia Argentina Coréia do Sul China20 China Rússia México Turquia21 México Canadá China México22 Polônia México Hungria Hungria23 Hungria Inglaterra Polônia Polônia24 Rússia Romênia Rússia Rússia25 Romênia Hungria Romênia Romênia

lidade- Adequação de armazenagem.- Modernas facilidades de packing.- Eficiente distribuição.- Sistema de marketing.- Disponibilidade de terra.- Disponibilidade de água.- Disponibilidade de mão-de-obra.- Custos.• Financeiro e fatores de mercado- Taxas de juro.- Taxa de inflação.- Disponibilidade de capital.- Segurança ao direito de propriedade.- Controle de qualidade.- Percentagem de produção exportada.- Preço médio de exportação.Em todos os critérios foi dado um nú-

mero de 1 a 10 que resultou no escore queclassificou os países.

Destaca-se que na produção de novascultivares o Brasil aparece com o maiorescore, sendo superior inclusive à NovaZelândia. Outro ponto que merece comen-tário é no item produtividade em que o

Brasil aparece com 20t/ha, porém paísescomo Espanha, Canadá, Austrália es-tão abaixo, e Hungria, Japão e Argentinamuito próximos de nossa produtividademédia.

De acordo com os três pontos estabe-lecidos a classificação dos 25 países éapresentada na Tabela ao lado.

O trabalho sugere que o “ranking”seja utilizado para identificar as áreasem que o país é forte ou para identificaras barreiras que dificultam acompetitividade e as estratégias quesão necessárias para melhorar acompetitividade.

A análise dos 21 critérios que foramconsiderados apontam a Nova Zelândiaem primeiro lugar e o Chile em segundo,o que não é nenhuma surpresa, pois estespaíses têm se destacado na liderança deprodução e demonstrado sua compe-titividade principalmente na exporta-ção. A surpresa pode ser o Brasil que,apesar da pouca experiência com a cultu-ra da macieira, menos de 30 anos, e dascondições climáticas que não são as maisfavoráveis, já figura em décimo primeirolugar na colocação geral. Nos critérios deeficiência da produção já figuramos emquinto lugar, onde mostrou grande in-fluência o critério percentagem de produ-ção de novas cultivares (Gala e Fuji) e apercentagem da área que não entrou emprodução. No que se refere à infra-estru-tura também já figuramos em sétimolugar. O fator que o Brasil não está bemcolocado é o critério financeiro e mercado,com a décima oitava colocação, tendopara tanto colaborado as altas taxas dejuros e a percentagem da produção ex-portadora.

Embora as informações devam seranalisadas com cautela, devemos desta-car que há menos de dez anos o Brasilnem aparecia nas estatísticas interna-cionais como produtor de maçã. Estesavanços devem-se a vários fatores des-tacando-se o espírito empresarial, a ge-ração de tecnologias, a adoção das tecno-logias geradas ou adaptadas e a organi-zação dos produtores na defesa de seusinteresses comuns. Talvez este possaser o exemplo a ser seguido por outrossetores da fruticultura brasileira.

José Luiz Petri, eng. agr., M.Sc., Cart. Prof.2.987-D, CREA-SC, Epagri/Estação Experimen-tal de Caçador, C.P. 591, Fone (049) 663-0211,Fax (049) 663-3211, 89500-000 Caçador, SC.

Classificação Geral Infra-estrutura

o

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

A agroindústria artesanal: uma conquista da dignidade eA agroindústria artesanal: uma conquista da dignidade eA agroindústria artesanal: uma conquista da dignidade eA agroindústria artesanal: uma conquista da dignidade eA agroindústria artesanal: uma conquista da dignidade edo valor da pequena agricultura familiardo valor da pequena agricultura familiardo valor da pequena agricultura familiardo valor da pequena agricultura familiardo valor da pequena agricultura familiar

Reportagem e fotos de Paulo Sergio Tagliari

A oportunidade de agregar valor ao produto agropecuárioestá levando muitos pequenos produtores rurais catarinenses

a partirem para uma nova atividade em suas vidas. Com oapoio técnico de extensionistas da Epagri e de muitas

prefeituras do Vale do Itajaí, a pequena produção artesanalde alimentos está se expandindo, oferecendo novas oportunidades,

novos empregos, e desenvolvendo economicamente a região.

Entusiasmo e muita união é a receita das microempresárias de Camboriú, SC

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Globalização, o Mercosul e oPlano Real são eventos que es-

tão marcando a economia brasileira,principalmente nestes três últimosanos, e o setor agropecuário tambémvem sofrendo grande influência destanova era econômica. Entre as influên-cias sentidas está a questão dadescapitalização dos agricultores, prin-cipalmente os pequenos produtoresrurais familiares. O drama dadescapitalização das propriedades ru-rais, entretanto, não é de agora. Parase ter uma idéia, segundo recentesestudos da Fundação Getúlio Vargas,de 1980 a 1996, enquanto o volumeproduzido das principais culturas bra-sileiras elevou-se em 34% e a áreaagricultável permaneceu praticamen-te a mesma, a renda bruta do produ-tor caiu 49%. Um levantamento rea-lizado por pesquisadores do Centro dePesquisa para Pequenas Proprieda-des - CPPP da Epagri, em Chapecó,SC, entre 1980 e 1991, em face dodesestímulo à agricultura, constatouuma redução populacional de 70 milpessoas no oeste catarinense. Estestécnicos prevêem que poderá haverainda a exclusão de mais 50 mil famí-lias rurais da produção agrícola co-mercial na região nos próximos cincoa dez anos. O destino destas milharesde famílias ninguém pode prever aocerto.

A premência da criação de novosempregos e a preservação dos já exis-tentes é um objetivo fundamental dequalquer governo ou sociedade nosdias de hoje. Na agricultura é sabidoque o custo da criação de um novoemprego é, em média, seis vezesmenor do que na indústria. E é deamplo conhecimento, e isto ocorre nomundo todo, que as pequenas e médi-as propriedades rurais empregam, porárea, bem mais que os grandes em-preendimentos. Neste sentido, todosos esforços para viabilizar a pequenaou média propriedade agrícola e pes-queira familiar são benvindos. Umtrabalho de grande fôlego que estásendo desenvolvido em alguns muni-cípios catarinenses diz respeito aoestímulo à transformação dos produ-tos agrícolas e pesqueiros para agre-gação de maior renda, a chamada

agroindustrialização caseira rural.Alguns exemplos deste trabalho o lei-tor poderá acompanhar a seguir, osquais ressaltam a coragem, o espíritoinovador de pequenos agricultores, amaioria mulheres, que resolverampartir para a luta, ajudar na rendafamiliar, enfim, sentir-se úteis, maisseguras de si, contribuindo para odesenvolvimento social e econômicodo Estado e país.

Conservas, biscoitos,musses, sucos e geléias

O Vale do Itajaí abriga pequenascidades, onde habitam brasileiros des-cendentes de europeus, a maioria ale-mães e italianos, que se estabelece-ram nesta região na metade final doséculo passado. O espírito empreen-dedor, a seriedade e grande capacida-de no trabalho são algumas das carac-terísticas deste povo, que desenvol-veu um estilo de pequena agriculturae indústria herdados dos seus pais naEuropa. É o caso do município dePomerode e de famílias como osGrützmacher, os Pein, os Keske, osTribess e muitas outras. Utilizandoem grande parte recursos própriospara ampliar os seus pequenos negó-cios, estas famílias estão aperfeiçoan-do os conhecimentos adquiridos dos

mais antigos com a ajuda dos cursosde industrialização caseira da Epagri,e assim conseguem aumentar a rendafamiliar. A extensionista Vitoria Ma-ria S. Lenzi, o engenheiro agrônomoSergio Flohr e o técnico agrícola NiltonProvensi Machado são os técnicos daEpagri responsáveis pela assistênciano município.

Nelson Grützmacher, esposa e fi-lho desenvolvem uma unidade padrãode produção de conservas e geléias,modelo orientado pela Epagri e queestá sendo difundido em todo o Valedo Itajaí. A família processa hortali-ças como beterraba, pepino, cenoura,couve-flor, etc., e frutas diversas, amaioria produtos de cultivo próprio.As novidades são a utilização de pal-meira-real em conserva, que substi-tui sem problemas o palmito, e aconserva de repolho roxo. Tambémcomercializam o milho verde no vidroe produzem os “Kochkäse” (queijosfundidos). Nelson recém terminou anova construção, que fica ao lado dagaragem, tudo conforme as normastécnicas de higiene e saúde. A vendaé feita quase toda no município, e sóum ou outro produto é comercializadoem cidades vizinhas, como Blumenau.

Os panificáveis são as especialida-des de Eleonora Pein que conta sócom a ajuda da cunhada, pois os filhos

A

Produto natural do pequeno agricultor direto ao consumidor #

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são pequenos ainda. Fabrica bolachas,biscoitos, rosquinhas, polvilhos, cho-colate branco ou marrom. Uma dasespecialidades é a bolacha aman-teigada que leva trigo, ovos, açúcar,gordura vegetal e condimentos. Emtodos os produtos utiliza a margarinavegetal sem colesterol, um cuidadoque ela faz questão de anunciar. Cadaembalagem de venda dos produtos deEleonora e dos outros pequenos em-presários de Pomerode leva um rótu-lo padronizado indicando a marca, otipo de produto, ingredientes, peso,endereço e data de fabricação. O ca-pricho e a limpeza estão sempre pre-sentes.

Já o Sr. Ortvino Keske especi-alizou-se em melado e musse, e comotem freguesia certa, mesmo sem aju-da de empréstimo bancário, conse-guiu ampliar sua produção aumen-tando de 300 para 825kg acomercialização de melado, e o musse,que no início do ano vendia de 80 a90kg, passou agora (mês de novem-bro) para 400 kg. “Vem até gente deJoinville, Blumenau e Jaraguá com-prar meus produtos”, conta orgulhosoo pequeno empresário. Mas quem estáorgulhoso também é o Sr. Reno Maske,

que processa conservas de hortaliças,e que está terminando de construirsua unidade padrão de processamento,modelo Epagri (ver Figura 1), o quevai tornar mais fácil e eficiente seutrabalho, já que até agora tem feitodentro de sua própria casa, onde oespaço é pequeno. Reno revela que ocusto total da unidade construída dematerial, que contém sala de recep-ção, mesa de processamento, depósi-to, bwc, sala de processamento e salade vendas, com cerca de 40m 2, vaicustar não mais que 5 mil reais, utili-zando sua própria mão-de-obra. JáTheo David Tribess não vai precisar,pelo menos, por enquanto, ampliarsuas instalações onde processa polpade frutas e sucos. Aproveitando espa-ço de sua garagem e pátio interno dacasa, realizou algumas modificações,colocou azulejos, fez pintura, tudocom o máximo cuidado de higiene elimpeza. O pai de Theo já é apicultorhá 25 anos, e numa sala ao lado daunidade de processamento, vendemos produtos derivados do mel e ossucos e a polpa de diversas frutas -acerola, framboesa, goiaba, mamão,maracujá, pêssego, etc. Algumas des-sas frutas são produzidas no sítio da

família, o resto é comprado de distri-buidores na região.

A Lei da AgroindústriaArtesanal

A reportagem da revista Agrope-cuária Catarinense participou emPomerode de uma reunião envolven-do produtores, autoridades, engenhei-ros agrônomos e extensionistas soci-ais da Epagri na qual foi discutida asituação da pequena agroindústriarural na região. O encontro foi coor-denado pelo Conselho Estadual deDesenvolvimento Rural - Cederural econtou também com a participação detécnicos do BRDE-Banco Regional deDesenvolvimento Econômico. O Cede-rural foi criado em 1992, junto com alei agrícola e pesqueira, pela Assem-bléia Legislativa Estadual. Funcionano prédio da Secretaria de Estado doDesenvolvimento Rural e da Agricul-tura, em Florianópolis, SC e tem porobjetivo apoiar e articular os diversossetores da agropecuária catarinense,por meio das chamadas câmarassetoriais. “Estas câmaras funcionamcomo instrumentos para o encami-nhamento de reinvidicações”, explicaJosé Carlos Madruga da Silva, secre-tário-executivo do Cederural. Ele citao caso do setor da cebola e alho quetêm utilizado sua câmara setorial paraencaminhar junto aos bancos a de-manda por crédito para a atividade.Ou o caso da câmara de recursos natu-rais e meio ambiente, que no momen-to concentra suas energias para asse-gurar a continuidade do Projeto Micro-bacias. E há ainda outras, como porexemplo a da uva e vinho, envolvendoprodutores e cantinas, em que deveráser premiada a uva de melhor quali-dade.

Com a criação da câmara setorialde industrialização rural, formou-seambiente propício para o surgimentodo Programa Estadual da IndústriaRural de Pequeno Porte e para odebate sobre a legislação necessáriapara garantir o desenvolvimento des-ses empreendimentos. Alguns frutosjá estão sendo colhidos, a exemplo darecentemente aprovada Lei daAgroindústria Artesanal, antiga lutados pequenos produtores catarinenses,

Figura 1 - Exemplo de uma das unidades-padrão de processamento de produtoscaseiros rurais - modelo Epagri

Legenda:

1 - Fogão2 - Tachos3 - Mesa de

processamento4 - Tanques5 - Mesa6 - Pedilúvio

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

e que adapta a legislação sanitáriaantiga, orientada mais para grandesempreendimentos, aos microempre-endedores rurais. O próprio Secretá-rio Estadual da Agricultura, Deputa-

do Gerson Sorgato, um dos deputadosque ajudou a elaborar a Lei, estáconfiante na sua validade, e é um dosque mais apóia a sua pronta regula-mentação. “Apesar de não ser aindatotalmente perfeita, ela pretendecompatibilizar o interesse da fiscaliza-ção da saúde humana, animal e vege-tal, com a situação dos pequenos pro-dutores”, pondera RenataMuehlhausen, responsável geral pe-los Cursos de Profissionalização daAgroindústria Artesanal da Epagri, evai mais longe, dizendo que “dada acomplexidade da atual (anterior) le-gislação sanitária e as enormes exi-gências para os pequenos agriculto-res, muitos estabelecimentos têmoperado na clandestinidade,comercializando alimentos sem ins-peção e sem garantia de qualidade”.Com a nova legislação, consumidorese produtores saem beneficiados, poisa lei permite que os órgãos estaduais,tipo Serviço de Inspeção Estadual -SIE, conveniem-se com os municípi-os, por meio de laboratórios, equipestécnicas e estruturas de apoio. Damesma forma, ela agiliza os serviçosmunicipais de inspeção para aquelesprodutos que circulam dentro do mu-nicípio.

Mas nem tudo são flores, adver-tem os participantes do encontro dePomerode. Agricultores, lideranças etécnicos são unânimes em afirmarque existe ainda muita burocracia noprocesso de registro legal dos peque-nos empreendimentos. Outro pontoimportante diz respeito ao financia-mento bancário. Mesmo programasde crédito destinados aos pequenosprodutores rurais, como Proind ePronaf, cobram juros e correção, e“nem todos têm condições de assumirempréstimos bancários e riscos”, de-sabafou um dos agricultores presen-tes, e completou: “o ideal seria quetivéssemos alguma forma de subsí-dio, assim como outros países queprestigiam sua agricultura”. Nãoobstante estes percalços, todos reco-nhecem que a pequena agroindústriado Vale do Itajaí possui um grandemarketing natural, ou seja, é o apeloà tradição européia, que significa qua-lidade, capricho, limpeza, e os consu-midores brasileiros e dos países vizi-nhos do Mercosul sabem muito bemdisso.

Um lugar ao sol

Quem poderia imaginar que pe-quenos agricultores, morando emáreas afastadas dos centros urbanos,ousariam comercializar seus produ-tos, processados artesanalmente, emgrandes cadeias de supermercados?Pois este desafio está sendo vencidopor Milton Gamborgi e IvanildeRampelotti, ambos do município deGaspar, vizinho a Blumenau. Miltonacertou quando apostou naagroindústria como alternativa paracontinuar suas atividades de produtorrural. Dono de uma propriedade de47ha, a Granja Cachoeira, na localida-de de Lagoa (margem esquerda do rioItajaí), ele cria gado holandês, cominspeção constante da Cidasc, comrigoroso controle sanitário. Os seusprodutos (leite, iogurte e queijo mi-nas frescal) saem da Granja Cachoei-ra com o Selo de Inspeção Municipal,o que garante aos consumidores evarejistas a qualidade do produto. Masdentro em breve ele vai ter um novoespaço para a produção de laticínios,

Família Schlei de Timbó, SC: ajuda do Pronaf e recursos próprios na construção da

unidade de processamento

A agricultora Ivanilde Rampelotti:

pequeno produtor já consegue espaço

entre as grandes empresas

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que deverá estar enquadrado nas nor-mas exigidas pelo Serviço de InspeçãoEstadual, e terá até estação de trata-mento de efluentes. Com isso, MiltonGamborgi poderá destinar seus pro-dutos a todo o Estado. Mas agora, osseus iogurtes de vários sabores e comuma consistência difícil de encontrarem outros produtos semelhantes,mesmo de grandes empresas, assimcomo seu queijo minas, estão fazendoo maior sucesso no comércio de Gaspare, em especial, em grandes supermer-cados de Blumenau. “O Plano Realsacrificou muito os produtores rurais,passamos a receber menos, mas ovalor dos insumos aumentou e a in-dústria continuou nos pagando o mes-mo pelo leite”, desabafa o pecuarista epequeno empresário. A solução paraGamborgi foi montar sua mini-indús-tria de laticínios, e hoje já ganhou umlugar ao sol, ao lado de poderosasempresas nacionais e multinacionais.

A mini-indústria de dona Ivanildeiniciou há quase vinte anos, quandovendia seu queijinho e nata na comu-nidade de Alto Gasparinho, localidadebem afastada do município, no meiodo mato, alto de serra. Apesar dadistância e das dificuldades encontra-das (na época andava de carroça e asestradas não eram boas), ela tevepersistência e muito espírito de luta,e como recompensa por todo o cons-tante esforço, a maior cadeia de su-permercados de Santa Catarina, queinaugurou recentemente emBlumenau o mais moderno estabele-cimento do ramo no Estado, tem exi-bido os produtos de dona Ivanilde nassuas gôndolas. “No início não comprá-vamos de pequenos agricultores”, re-vela Pedro Berkenbrok Schreiber, oresponsável pelo setor de laticínios,“por causa dos problemas com a vi-gilância sanitária, mas com a persis-tência de dona Ivanilde (ela entregaduas vezes por semana no supermer-cado e faz questão de colocar ela pró-pria os produtos nas gôndolas) e, prin-cipalmente, pela qualidade e sabordos seus produtos, não temos maisdúvidas, recebemos constantementeseus produtos - queijo azedo, chama-do também de requeijão, e a nata - enão nos arrependemos”. Também não

Elzira Nagel e filha: ajuda na renda da propriedade

se arrependeu até agora Nelson CarlosMoura, gerente do setor de frios elaticínios do supermercado concor-rente, que fica na frente do outro, eque também recebe os produtos colo-niais de Ivanilde Rampelotti. “Paranós também é interessante abrirmosespaço para os pequenos, até pelafacilidade do giro, não há necessidadede fazer estoque, com isso há maiorrentabilidade”, esclarece o gerente.

A grande vantagem para o peque-no agricultor investir no proces-samento artesanal de seus produtosestá no ganho real, na agregação devalor. Por exemplo, vendendo o leitepara a indústria, o produtor ganha, nomáximo, 20 centavos de real, emmédia, ao passo que fazendo 1 litro deiogurte (precisa de 2 litros de leite),chega a receber até 1,5 reais do vare-jo, e o consumidor paga 2 reais. Pas-sando para as frutas, o produtor ruralque vender para o intermediário 1kgde laranja vai ganhar, no máximo, 20centavos (menos até se for época dasafra), enquanto que 1 litro de sucoenvasado é vendido por 1 real, ou seja,5 vezes mais. Outros exemplos, acebola e o pepino comercializados bru-tos para os intermediários não ren-dem mais do que 20 ou 30 centavos oquilo; já em conserva conseguem de 1a 2 reais.

Por causa disso, o casal Elzira eGuido Nagel, também de Gaspar, re-solveram apostar na produçãoartesanal. Enquanto o seu Guido cui-da do rebanho leiteiro composto de 43vacas da raça holandesa, dona Elzirafabrica deliciosos licores, num total de18 sabores (jabuticaba, maracujá, figo,laranja, etc.) e 13 tipos de geléias.Para se ter uma idéia, um vidro degeléia de 300 gramas custa para donaElzira cerca de 0,85 centavos, e elavende no comércio local, em feiras, a1,30 reais. Já a garrafa de um litro delicor sai a 2,50 reais, e ela comercializaa 3,00 reais. Assim como muita genteda região, o casal Nagel sofreu bas-tante com as enchentes de 1983 e 84.“Perdemos quase tudo, o rio Itajaí--açu invadiu nossa casa e proprieda-de, a sorte que temos vizinhos quemoram nas terras mais altas, como ospais do Milton Gamborgi que nos de-ram guarida”, relembram os Nagel.Mas, apesar de tudo, conseguiram serecuperar, e hoje querem crescer emelhorar.

Por trás de todos esses exemplos,está uma equipe técnica muito bempreparada, que presta seu apoio eassistência aos produtores. São pes-soas como a extensionista social SôniaMaria Medeiros e o engenheiro agrô-nomo Paulo Warmeling da Epagri,

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

leite, com aquela qualidade que omais exigente dos consumidores re-quer. Perto dali, na localidade de Bri-lhante, a família Lira, que envolvecinco irmãos, morando todos perto, etradicionais produtores de arroz irri-gado, resolveram arriscar e aposta-ram na produção de sucos e polpa defrutas. Chegaram até a vender umacasa na praia para comprar uma câ-mara de refrigeração e com isso con-seguem manter um bom estoque deproduto, esperando a alta temporadaque se aproxima. Também em Itajaí,na comunidade Baía, mora JuraciPassos Copi Scheffer. A dona Duda,como é conhecida, começou vendendobiscoitos de casa em casa, e hoje, coma construção de uma sala de panifica-ção de 48m2, geminada a sua casa, jáemprega três pessoas durante o ano,e perto do Natal conta com um totalde sete mulheres. Esses produtoresde Itajaí contam com a assistênciaconstante e dedicada da extensionistaMaria da Graça B. Silva.

De Itajaí viajamos para o MédioVale, para a bela e limpa cidade deTimbó, sede de importantes fábricasde material metal-mecânico onde aagricultura convive harmonicamentecom a moderna indústria. Acompa-nhados da extensionista Katia MarlyZ. de Mello visitamos a família Schlei,que produz caprichosamente conser-vas e geléias. O Sr. Sigfried, esposa efilhos estão contentes, acabam de cons-truir uma unidade de processamento

O agricultor Paulo Roberto Lira e a produtora Léia Gamborgi: caprichando naqualidade dos produtos

trabalhando em conjunto com os téc-nicos da Prefeitura de Gaspar AdilsonSchmitt e Ilmar Bailler. Este pessoalnão tem descanso, a demanda pelosserviços é grande, seja uma exposiçãode produtos, seja um cursoprofissionalizante, tudo gira em tornodo aprimoramento da pequena produ-ção artesanal. Sônia relata que todosos dias acontece uma feira municipal,menos nas segundas-feiras, e isto fa-vorece os produtores que assim têmum canal fixo de comercialização. Epara dezembro está previsto mais umcurso profissionalizante, desta vezpara industrialização de carne de pes-cado. Ela revela que só no municípiode Gaspar existem cerca de 300 pisci-cultores. A equipe da Epagri e daPrefeitura está planejando mais lon-ge. A intenção é também viabilizar acomercialização dos produtosartesanais nas chamadas fazendasrurais que estão proliferando na re-gião.

Negócios pequenos, mas desucesso

As páginas da revista não são sufi-

cientes para registrar por completo osinúmeros exemplos de árduo traba-lho e dedicação dos pequenos agricul-tores que a reportagem visitou. Exem-plos como o de Carmelina AntoniaLegal e seu esposo Euclides Legal, dacomunidade de Itaipava, em Itajaí,que participaram do cursoprofissionalizante da Epagri e hoje jáconseguem montar um negócio vito-rioso, comercializando derivados do

Dona Duda e

sua fábrica de

biscoitos:

pequenaprodução com

qualidade,

higiene e

limpeza

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com empréstimo do Pronaf - Progra-ma de Financiamento para a Agricul-tura Familiar. “Agora minhas vendasvão aumentar”, comenta o produtor,que só lamenta não ter pego um valormaior no financiamento para a cons-trução, e acabou usando dinheiro dopróprio bolso para terminar a unida-de. Já a dona Marta Klieske, quemora perto da saída para o municípiovizinho de Rio dos Cedros, aproveitouum nicho de mercado ainda não explo-rado, os bolinhos de peixe, que estãofazendo sucesso nas choperias, hotéise restaurantes de Timbó. “A idéiasurgiu num curso profissionalizante

Entusiasmo eEntusiasmo eEntusiasmo eEntusiasmo eEntusiasmo evontade de vencervontade de vencervontade de vencervontade de vencervontade de vencer

Nada mais representativo do peque-no agricultor na luta por sua organizaçãoe um lugar ao sol na comercialização deseus produtos do que o grupo de mulhe-res do município de Camboriú, no litoralcatarinense (não confundir com o Balne-ário Camboriú, que fica ao lado). Todas,sem exceção, esposas de agricultores quenão estão mais encontrando bom preçopara seus cultivos agrícolas, decidirammudar suas vidas e ajudar nas finançasda casa, participando dos cursos deprofissionalização de industrializaçãocaseira da Epagri. Com a ajuda da Pre-feitura, construíram perto da praça cen-tral da cidade um quiosque, e ali funda-ram a Feira da Indústria Caseira Rural,em março de 1994, onde vendem diver-sos produtos, desde geléias, musses elicores, conservas de hortaliças e deriva-dos do leite, passando pelos congelados,pães, bolos, biscoitos e bolachas. Têmainda cucas, beijus e cuscus, mas o maisvendido é o tortéi, que atinge cerca de1.500 unidades por mês. Orientadas pelaextensionista social da Epagri Ivone Ven-tura, o grupo formou uma pequena asso-ciação na qual todas têm funções especí-ficas como presidente, secretária, dire-tora, tesoureira, etc., e contam com umlivro caixa, que lhes permite acompa-nhar a contabilidade de suas vendas.

São atualmente nove mulheres quese revezam duas vezes por semana noquiosque, às terças e sextas-feiras. Otrabalho não é fácil e além das lides decasa, não é raro ficarem até de madruga-da trabalhando. “O importante é queexiste união entre elas, e também muitoentusiasmo e vontade de vencer, e isto éfundamental na organização dos peque-nos agricultores “, enfatiza Ivone Ventu-ra. Por outro lado, Dona Maria Gervásio,da comunidade de Lageado, resume umapreocupação comum entre elas, “quasenão consigo dar conta de tudo, as nossasfilhas não gostam mais das lides decasa, só pensam em ir trabalhar na cida-de”. É o drama de muitas famílias deagricultores, que, atraídos pelos encan-tos enganosos dos médios e grandes cen-tros urbanos e por promessas de melho-ra de vida, muitas vezes se arrependem.Só para exemplificar, uma balconista

Marta Klieske

e Anatália

Klieske:produtos

diferenciados e

de grande

procura

da Epagri”, conta ela, “no início fizalguns para os vizinhos, mas comotodos gostaram, resolvi partir comcoragem para uma produção maior”.Tortas, pães doces, biscoitos e boloscom os mais criativos e deliciososrecheios são a especialidade da donaAnatália Klieske, que começou naatividade há anos, “com certo receio”,diz ela e complementa, “mas quemtem boa vontade de aprender as coi-sas consegue chegar aonde quer”.Apesar de toda sua experiência, estáfazendo curso de panificação, minis-trado pelas extensionistas da Epagri,num convênio com o Sine - SistemaNacional do Emprego.

O sucesso desses pequenos empre-endimentos, como se verificou, nãosurgiu ao acaso ou golpe de sorte. “Éum longo trabalho de preparação, de-dicação, erros e acertos”, revela MarliEggers, experiente extensionista,administradora do Centro de Treina-mento em Itajaí e que coordena oscursos de profissinalização no Vale doItajaí. “Nós temos um trunfo, que é oexcelente material humano com quetrabalhamos, temos tido apoio funda-mental de prefeituras, empresas pri-vadas e outros órgãos governamen-tais. Algumas arestas terão que seraplainadas, mas acredito que, no fi-nal, a compreensão e o bom sensoprevalecerão, e as pequenas empre-sas familiares proliferarão ainda maise com melhor qualidade”, finaliza con-fiante.

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não tira, em média, mais do que um salá-rio mínimo, ao passo que as vendas decada uma das mulheres rende em torno de200 a 300 reais por mês, e isto que elasestão apenas iniciando no novo empre-endimento. “No começo nossos maridosdesconfiaram, muitos não aprovaramnossas atitudes, queriam que ficássemostrabalhando em casa, acho que fica-ram com ciúme”, conta a agricultoraEvandir de Melo Pereira, da comunidadede Rio Canoas, atual vice-presidente dogrupo, e complementa: “mas hoje elescompreendem nosso esforço, até ir nobanco e sacar dinheiro já sabemos fazer ecom isso podemos reforçar a caixa da fa-mília”.

Até novembro de 1997, a associaçãovendeu cerca de 27 mil reais em produtos,confirma a presidente Lenir Matias, tam-bém da comunidade de Rio Canoas. Elasnão só vendem no quiosque mas tambémem casa ou em mercados do município.

Esses produtos caseiros ru-rais estão tendo cada vezmais aceitação pelo consu-midor, mercê de suas carac-terísticas naturais, sem a uti-lização de conservantes eflavorizantes químicos. A as-sociação até começou a rece-ber visitas de outros gruposde mulheres agricultoras deoutras cidades que preten-dem partir para o mesmo ca-minho da agregação de valorao produto agrícola.

Comunidadeesquecida

Um exemplo de solidariedade, abne-gação e entusiasmo pode ser encontradono interior do município litorâneo de PortoBelo, SC. Uma comunidade praticamenteesquecida pela sociedade, apesar de rela-tivamente perto de importantes centrosurbanos catarinenses, está sendo ajuda-da a se integrar ao desenvolvimento eco-nômico e social. São 32 famílias de raçanegra, totalizando mais de 100 pessoas,possivelmente originárias de antigos es-cravos, e que até bem pouco tempo viviamisoladas, quase sem nenhum contato como mundo civilizado, a não ser por fugazesidas e vindas de alguns de seus membrospara vender produtos agrícolas e comprarmantimentos no município vizinho deTijucas. É algo difícil de se acreditar quepossa ainda existir, principalmente con-siderando-se que Santa Catarina é umEstado cuja situação desenvolvimentistapode ser comparada inclusive a algunspaíses europeus. Agora, graças à assis-

tência integrada de institui-ções como a Prefeitura dePorto Belo, a Epagri, Lions,Rotary, Igreja Adventista emesmo empresas privadas,estas famílias, antes aban-donadas, estão se reintegran-do à sociedade. A começarpelo trabalho da extensio-nista social da Epagri ZildaAlexandre Pereira, que ini-ciou recentemente um cursode processamento caseiro defrutas, hortaliças, pães, bis-coitos, sucos e geléias para16 mulheres, uma das quaiscom 86 anos, do SertãoValongo, como é chamada a

comunidade.“No início foi difícil contatar este

pessoal, eram muito arredios, foi com aajuda de um pastor adventista e suaesposa, que chegaram recentemente aolocal e ali moram, que consegui fazeramizade com eles e pegar a confiança daturma”, conta a extensionista. Até a mu-lher do prefeito, a Dona Verônica, parti-cipa ativamente nas atividades que Zildae eventualmente voluntários prestamaos moradores. Fora o curso de industri-alização caseira, todas as terças-feirasZilda visita a comunidade para ensinaralgo, seja corte e costura, seja noções desaneamento e higiene, entre outros.“Parase ter uma idéia da situação da comuni-dade”, revela Zilda, “muitas casas nemprivadas possuem, o saneamento é bas-tante precário, a luz só há pouco tempochegou”. Felizmente a Prefeitura estáprevendo dotar a comunidade de um mí-nimo de infra-estrutura de encanamen-tos para buscar água em fontes próxi-mas não contaminadas e conduzi-la àscasas dos moradores. Com ajuda doRotary e do Lions, a Prefeitura comprouum equipamento que faz tijolos utili-zando dez partes de barro e meia partede cimento, e vai reconstruir várias ca-sas para os moradores do Sertão Valongoa um custo barato, mas eficiente. En-quanto isso, Zilda tem que trazer águapotável da sede do município para poderlavar as verduras e frutas, visando ensi-nar as mulheres no preparo das conser-vas, sucos e geléias. “Eu parto do básico,oriento até as normas mais simples comolimpar bem as unhas e mãos, vestir umlenço na cabeça, e os guarda-pós brancoseu tenho alguns de cursos anteriores queempresto para elas”, explica aextensionista e, com entusiasmo, acres-centa: “eu mesma me sinto gratificada,pois na última reunião conseguimos pre-parar 32 vidros de conserva. Foi um avan-ço e tanto para quem nem verdura comiaaté há pouco tempo”. Num futuro próxi-mo o objetivo de Zilda e das mulheres évender estes produtos processados emfeiras ou mercados de localidades próxi-mas, ou na própria comunidade, dentrode um programa de turismo rural incen-tivado. Assim, as mulheres do SertãoValongo, por meio do seu próprio traba-lho, conquistam sua dignidade e valor,bem como a cidadania, ajudando na ren-da da família, que antes só os maridosconseguiam.

Família Lira de Itajaí, SC: casa da praia trocada por

câmara de refrigeração

Mulheres do Sertão Valongo: conquista do valor e da

cidadania

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Controle integrado é destaque no combateControle integrado é destaque no combateControle integrado é destaque no combateControle integrado é destaque no combateControle integrado é destaque no combatea doença do maracujáa doença do maracujáa doença do maracujáa doença do maracujáa doença do maracujá

Reportagem de Paulo Sergio Tagliari

maracujá amarelo (Passifloraedulis) é uma das frutas de gran-

de preferência pelos consumidores nomundo inteiro, e no Brasil as regiõesnorte e nordeste tradicionalmente sãoas grandes produtoras e exportadorasda fruta. Mas no sul, especialmenteem Santa Catarina, o cultivo do mara-cujá vem atraindo os produtores ru-rais nos últimos anos, mercê de seupreço atrativo no mercado (ver maté-ria sobre o maracujá na edição dedezembro de 1995 desta revista). Dos30ha existentes em 1991, houve umsalto para 750ha em 1995 e estima-seem 1.000ha a atual área de cultivo noEstado. Considerando-se um rendi-mento médio de 20t/ha, calcula-se em20 mil toneladas a produção totalanual catarinense.

Mas esta produção pode estarameaçada por doenças constatadasem frutos nos pomares e na pós co-lheita, por ocasião da comercialização,e que podem causar grandes prejuízosaos agricultores e supermercados. Oalerta é da professora Anne-LoreSchroeder e do estudante de mestradoLuiz Augusto Martins Peruch, ambosdo Centro de Ciências Agrárias-CCAda Universidade Federal de SantaCatarina, em Florianópolis, SC, osquais desenvolvem um trabalho pio-neiro de pesquisa com o maracujá emSanta Catarina. O estudo objetiva, emresumo, encontrar formas de contro-lar a antracnose, causada por umfungo, cujo nome científico éColletotrichum gloeosporioides, e quefoi o mais ocorrente entre diversospatógenos encontrados nos frutos pe-los dois pesquisadores, e que atacatanto as folhas como os ramos e frutosdo maracujazeiro.

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A antracnose é uma das principais doenças do mara-cujazeiro, e em Santa Catarina é a mais ocorrente,causando prejuízos aos agricultores e ao comércio emgeral. A Universidade Federal de Santa Catarina estáestudando os melhores métodos para combater aantracnose, destacando o controle integrado, no qual autilização de uma levedura tem se mostrado eficaz nostestes preliminares.

Fruto do maracujá atacado pela antracnose

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Pesquisas necessárias

Antes de 1960, no Brasil, o mara-cujá já era cultivado nos quintais dascasas e sítios rurais, não existindopomares comerciais. No começo,esta produção foi suficiente paraatender às necessidades da própriafamília e o pequeno mercado regio-nal. Com a formação de algumas in-dústrias de maior porte na década de70, começou a industrialização do ma-racujá e surgiram os primeiros poma-res técnicos comerciais. No início,nas pequenas parcelas das casas ru-rais, o maracujazeiro estava em equi-líbrio, mas ao aumentar a área deplantio, ao surgirem os grandes po-mares comerciais, surgiram as doen-ças e pragas. Enquanto no exterior sechegava a produzir 40t/ha ao ano,aqui no Brasil não se chegava a 10t.Por que isso? A resposta não foidifícil: faltou pesquisa regional e na-cional com a cultura. Não bastava sóproduzir, só traduzir livros e experi-mentos científicos internacionais. Eranecessário investigar, adaptar resul-tados obtidos longe, a milhares dequilômetros, à nossa realidade. As-sim conseguiu-se elevar a produtivi-dade da cultura para 20t/h, expandiu-

-se o maracujazeiro a vários Estados,inclusive aqui no sul, e as perspecti-vas são de maiores incrementos norendimento da cultura em futuro nãomuito longe. Mas agora novos proble-mas começam a surgir, e são impor-tantes novas investigações da pesqui-

sa, principalmente para situações pró-prias da região sulina.

Até agora o controle daantracnose, a principal doença domaracujá amarelo, tem sido comfungicidas protetores e sistêmicos àbase de cobre, zinco e manganês, empulverizações semanais (uma ou maisaplicações) nas épocas chuvosas equinzenais quando não ocorrem chu-vas ou quando elas são fracas. Entre-tanto o controle tem sido deficiente,conforme revelam os autores da pes-quisa universitária. Além disso, acrescente consciência ambiental dasociedade, que exige produtos de me-lhor qualidade com pouco ou ne-nhum tipo de agrotóxico, levou osprofessores Anne-Lore Schroeder(coordenadora do projeto) e FabioDalsoglio a orientar o mestrandoLuiz Augusto Peruch a utilizarmétodos alternativos de controle daantracnose, com ênfase no chamadocontrole integrado de doenças. Napesquisa utilizam-se a associação docontrole químico, práticas culturaise o controle biológico na fase depré-colheita da fruta, ou seja, quandoela ainda está no pomar. E, na fase depós-colheita, quando o fruto é pre-parado para comercialização, é utili-

Vista geral do pomar experimental onde o CCA/UFSC testa o controle integrado na

cultura do maracujá

O mestrando Luiz Augusto Peruch indicando a parcela tratada com o método de

controle integrado, à esquerda, e a testemunha, sem nenhum tratamento, à direita

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

zado o chamado tratamentotermoterápico, que usa o calor, aliadoaos métodos químicos e biológicos.

Levedura antagonista

A reportagem da revista Agrope-cuária Catarinense acompanhou oengenheiro agrônomo e mestrandodo curso de Agroecossistemas do CCA/UFSC em sua pesquisa de campo paratestar os diferentes métodos de con-trole da antracnose, na fase de pré--colheita. O local do experimento é apropriedade do agricultor Osmar Do-mingos da Silva, no município deTijucas, no litoral centro do Estado,cerca de 50km de Florianópolis. Nalocalidade existem cerca de 25 pe-quenos produtores, com áreas plan-tadas que não ultrapassam, em mé-dia, 2ha. Seu Osmar explica que omaracujá amarelo para ele tem sidouma boa alternativa, já que outrasculturas atualmente não rendemtanto. Segundo o produtor, conse-gue-se em torno de quatro reais pelacaixa da fruta graúda e dois reaispela miúda. O seu custo de produçãooscila entre um e um e meio reais acaixa.

O experimento de pesquisa no cam-po consta de diferentes métodos decontrole nos quais são combinadas aretirada de folhas e ramos doentes e

aplicações de cálcio, fungicidas emicroorganismos antagonistas. O tra-tamento químico utiliza um fungicidanormalmente recomendado para ocontrole da antracnose, e no tra-tamento cultural é adotada alimpeza sistemática de folhas e ramosdoentes do pomar para evitar a disse-minação do fungo. Utiliza-se o cálcio,na forma de cloreto de cálcio, paraconferir maior resistência à planta eao fruto contra infecção pelo patógeno,atuando na parede celular. O contro-le biológico é feito com microor-ganismos antagonistas, ou seja, ospesquisadores selecionam fungos oubactérias que se espera tenham açãode combate à antracnose. O sistemade condução do maracujá na áreaexperimental é a espaldeira, condu-zido segundo as normas dos profis-sionais da extensão rural cata-rinense.

As grandes novidades do experi-mento são a utilização de uma levedu-ra antagonista (parente da usadanas cervejarias) e a volta àstradições, como a retirada de folhasdoentes durante o ciclo, técnicasestas que aparentemente têm mos-trado eficiência no combate àantracnose, pelo menos é o que sina-lizam os primeiros resultados na par-cela experimental. Nas pulverizaçõescom a levedura não há necessidade de

se usar os equipamentos de proteção,como no caso das aplicações comagrotóxicos, pois os antagonistas sãoprodutos biológicos sem efeitos noci-vos ao homem e ao meio ambiente.Para o agricultor Osmar saber que nocalor do verão poderá evitar o uso demáscara sufocante, vestimenta pesa-da, luvas, etc. é um grande alívio,assim como para centenas de produ-tores rurais em Santa Catarina queanualmente pulverizam seus poma-res com os mesmos produtos e equi-pamentos.

Para os pesquisadores, o próximopasso é identificar corretamente alevedura, a que família pertence, seunome científico, etc., a fim de sermelhor estudada e, caso comprovadasua eficácia no controle da antracnose,também testá-la para outras doençasque atacam o maracujá, como averrugose, que também é uma doen-ça epidêmica nos pomarescatarinenses.

Para mais informações sobre oexperimento, os interessados pode-rão contatar com o mestrando LuizAugusto Peruch junto ao Centro deCiências Agrárias da UniversidadeFederal de Santa Catarina - UFSC,Rodovia Admar Gonzaga, Km 3,Bairro Itacorubi, Fone (048) 234-2266,Fax (048) 234-2014, E-mail:[email protected].

A pulverização com produto biológico (levedura) traz mais conforto ao aplicador (à esquerda) do que a aplicação

com produtos químicos (à direita)

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Erosão e degradação em dois solos do Oeste CatarinenseErosão e degradação em dois solos do Oeste CatarinenseErosão e degradação em dois solos do Oeste CatarinenseErosão e degradação em dois solos do Oeste CatarinenseErosão e degradação em dois solos do Oeste Catarinense11111

Milton da Veiga e Leandro do Prado Wildner

relação entre a erosão e a pro-dutividade do solo tem sido obje-

to de muitos estudos no Brasil e emvários outros países. Os efeitos daerosão são conhecidos e facilmentepercebidos: solos degradados, de bai-xa fertilidade, que dão origem a lavou-ras ruins e de baixo rendimento.

A redução da produtividade ocorrepelas alterações nas propriedades físi-cas, químicas e biológicas, provocadaspela erosão. Como o processo erosivoé seletivo, as partículas mais impor-tantes para a fertilidade do solo (argi-la e matéria orgânica) são levadaspela enxurrada. Com isso, há umadiminuição da fertilidade do solo, al-teração de algumas propriedades físi-cas, principalmente as que determi-nam a capacidade de retenção de águano solo e redução da atividade biológi-ca.

Em casos severos de erosão, nasquais camadas de solo são arrastadasmorro abaixo, provocando inclusiveexposição do subsolo, ocorre uma drás-tica redução na fertilidade e principal-mente na profundidade efetiva do solo.

Para estudar a relação entre ero-são e produtividade do solo, foraminstalados experimentos em 18 paí-ses da África, Ásia, Europa e AméricaLatina, fazendo parte de uma redeinternacional de pesquisa coordenadapela Organização das Nações Unidaspara Agricultura e Alimentação (FAO/ONU). No Brasil foram instaladosexperimentos em São Paulo (IAC),Paraná (Iapar) e Santa Catarina(Epagri).

Metodologia

Em Santa Catarina, o primeiroexperimento foi instalado no Centrode Pesquisa para Pequenas Proprie-

dades - CPPP/Epagri, Chapecó, emum Latossolo Roxo distrófico comdeclividade média de 16%, emjaneiro de 1989. O segundo expe-rimento foi instalado no Colégio Agrí-cola São José (CASJ/FESC -Itapiranga), em um Cambissoloeutrófico com declividade média de24%, em agosto de 1991. Nestes solosse encontra grande parte das lavourasda região utilizadas com motome-canização e com tração animal, res-pectivamente.

O estudo foi realizado em duasetapas: na primeira, realizada nostrês primeiros anos, foram provocadasdiferentes taxas de erosão do solo; nasegunda, foram avaliadas as caracte-rísticas do solo remanescente e foiimplantada uma cultura (milho) pararelacionar sua produtividade com aerosão ocorrida anteriormente.

Os experimentos foram conduzi-dos no campo, sob condições de chuvanatural, e as diferentes taxas de ero-são foram obtidas variando-se o graude proteção do solo. Esta proteção foiobtida utilizando-se sombrite de dife-rentes aberturas de malha ou peloefeito das culturas e/ou plantas dani-nhas, conforme o tratamento. Osombrite foi colocado sobre toda aextensão das parcelas protegidas, auma altura de 20cm da superfície dosolo. Desta forma, a cobertura comsombrite apenas dissipou a energiacinética das gotas da chuva, não inter-ferindo no escoamento superficial deágua.

Os tratamentos empregados noLatossolo Roxo foram: 1 - solo conti-nuamente descoberto; 2 - solo cobertocom sombrite 18% (abertura da malha7mm x 3mm); 3 - solo coberto comsombrite 25% (abertura da malha 2mmx 1mm); 4 - solo coberto com sombrite

30% (abertura da malha 1mm x1mm) e; 5 - milho/pousio continu-ado. No Cambissolo os tratamentosforam: 1 - solo continuamente desco-berto; 2 - solo coberto com sombrite18%; 3 - solo coberto com sombrite30%; 4 - milho/pousio com preparo e;5 - milho/pousio continuado. Nesteúltimo experimento foi substituído otratamento solo coberto com sombrite25% pelo milho/pousio com preparoporque, pelas observações prelimina-res do experimento desenvolvido emChapecó (CPPP/Epagri), não havia di-ferenças entre as coberturas comsombrite 25% e 30%. Nos tratamen-tos solo descoberto e naqueles comcobertura com sombrite, procurou-semanter o solo sem vegetação durantea primeira fase, seja através de capi-nas ou de aplicação de herbicidas. NoCambissolo, em função de sua fertili-dade natural alta, em algumas épocashouve desenvolvimento significativode plantas daninhas.

Toda a instalação, condução e ava-liações foram realizadas segundometodologia preconizada por Stocking(1 e 2), com algumas adaptações paraas condições do trabalho. As parcelasexperimentais tinham 3,5m de largu-ra e 10,5m de comprimento, no senti-do do declive, e foram dispostas emblocos ao acaso, com três repetições.Uma vista geral dos experimentosinstalados no CPPP/Chapecó e noCASJ/Itapiranga são apresentadas nasFiguras 1 e 2, respectivamente.

Após cada chuva que resultava emenxurrada, foram efetuadas mediçõesde seu volume e coletadas amostraspara determinação da concentraçãode sedimentos. A partir desses dadosforam calculadas as perdas de solo ede água (Tabelas 1 e 2 e Figuras 3 e 4).

Terminada a primeira fase, foram

1. Trabalho executado em convênio com a FAO/ONU e com recursos do Projeto Microbacias/BIRD e FEPA.

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Conservação do soloConservação do soloConservação do soloConservação do soloConservação do solo

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Conservação do soloConservação do soloConservação do soloConservação do soloConservação do solo

coletadas amostras de solo nas parce-las, na profundidade de 0 a 20cm, paraavaliação da condição de fertilidade dosolo em função da erosão ocorrida. Osresultados estão apresentados nasTabelas 1 e 2.

Para dar início à segunda fase, aárea experimental foi preparada comescarificador + gradagem, em Chapecó,e com arado fuçador de tração animal,em Itapiranga. Como culturaindicadora foi utilizado o milho

(‘Cargill C 701’), semeado sem aplica-ção de adubo. Em Itapiranga, o milhofoi semeado no segundo ano com adu-bação, nas quantidades recomenda-das para reposição (3), com uma ex-pectativa de produtividade média(110kg de N, 40kg de P2O5 e 60kg K2O/ha). Os resultados de produção tam-bém estão apresentados nas Tabelas1 e 2.

Cobertura do solo x erosão

De acordo com o esperado, a maiorperda de solo ocorreu no tratamentocom solo descoberto, nos dois locais. Aperda total de solo, no entanto, foimuito maior em Chapecó. A existên-cia de pedras na superfície do solo,que funcionam como cobertura, asso-ciada à maior permeabilidade doCambissolo (Itapiranga), são as prin-cipais razões da diferença ocorrida.Nos demais tratamentos, onde foiutilizado sombrite, as perdas de soloforam menores do que no solo desco-berto, e proporcionalmente menoresà medida em que a abertura da malhado sombrite foi reduzida, ou seja, como aumento da cobertura.

Observou-se que o efeito da cober-tura por sombrite foi maior noCambissolo, sendo que o sombrite30% apresentou uma perda menor doque nos tratamentos onde o solo foicultivado. A perda de água foi muitopequena neste tratamento, sendo in-ferior, inclusive, à dos tratamentoscom cultivo. Deve-se salientar que,em função da alta fertilidade naturaldeste solo, mesmo com a eliminaçãoperiódica das plantas daninhas cons-tatou-se desenvolvimento destas emgrau muito superior ao do LatossoloRoxo. Esta pode ser, também, umadas razões para a menor perda de solono Cambissolo.

Diferentemente, no Latossolo Roxoa menor perda de solo ocorreu notratamento 5 (milho/pousio continua-do). A partir desses resultados pode--se inferir que, no Latossolo Roxo, ocomponente da erosão devido à en-xurrada é muito importante, respon-dendo por praticamente 1/3 do totalda perda de solo. Entre os tratamen-tos 3 e 4 (sombrite 25% e 30%) a

Figura 1 - Vista geral do experimento instalado no Centro de Pesquisapara Pequenas Propriedades - CPPP/Epagri, Chapecó, SC, em um

Latossolo Roxo distrófico, com declividade média de 16%

Figura 2 - Vista geral do experimento instalado no Colégio Agrícola SãoJosé - CASJ, Itapiranga, SC, em um Cambissolo eutrófico, com

declividade média de 24%

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Conservação do soloConservação do soloConservação do soloConservação do soloConservação do solo

diferença foi pequena, porque a me-nor dimensão de abertura da malhafoi a mesma (1mm), e praticamentetodas as gotas foram interceptadas efragmentadas. Se considerarmos quea energia cinética das gotas da chuvafoi quase totalmente dissipada nestestratamentos, a erosão, desta forma,foi provocada predominantemente pelaenxurrada. Isto também está relacio-nado com o maior volume de enxurra-da que ocorreu no Latossolo Roxo,principalmente em algumas chuvasmais erosivas. No tratamento comvegetação, houve o efeito da cobertu-ra verde e de resíduos, atuando sobreos dois componentes que determinama erosividade da chuva, quais sejam oimpacto das gotas sobre a superfície eo escoamento superficial (4). Assim,mesmo havendo uma perda de águamaior do que no solo coberto comsombrite 30%, a vegetação e os resí-duos dispostos sobre o solo reduzirama velocidade de escoamento e, porconseqüência, a erosão.

A perda total de solo foi muitogrande em todos os tratamentos noLatossolo Roxo, muito acima da perdatolerada para este solo num períodode três anos, que é de aproximada-mente 30t/ha (10t/ha/ano). NoCambissolo, mesmo tendo havido per-das menores, somente no tratamentosombrite 30% a perda se situou empatamar inferior à perda tolerada,que seria ao redor de 9t/ha no períodode três anos. A tolerância de perda desolo no Cambissolo é muito baixa emfunção, principalmente, de sua peque-na profundidade efetiva (5).

Nos tratamentos com milho epousio (tratamento 5 no LatossoloRoxo e tratamentos 4 e 5 noCambissolo), as perdas de solo foramexpressivas apenas no início da con-dução dos experimentos. Este com-portamento ocorreu devido à coinci-dência de chuvas erosivas logo após opreparo do solo, semeadura e início decrescimento do milho, período de ne-nhuma ou muito pouca proteção dosolo. Após esse período inicial, as per-das de solo foram muito pequenasnesses tratamentos, devido à manu-tenção dos resíduos na superfície notratamento 5 nos dois solos e a não

Tabela 1 - Perdas totais de solo e de água em três anos em um Latossolo Roxodistrófico submetido a diferentes graus de cobertura do solo; resultados de

análises químicas do solo coletado nas parcelas e produção de matéria seca

e de grãos após este período (CPPP, Chapecó, SC)

Tratamentos(A)

Determinação1 2 3 4 5

Perda total de solo (t/ha) 858,6 a 560,9 b 281,3 c 226,9 cd 74,8 cPerda de água (% da chuva) 13,7 a 10,1a 9,7 b 6,9 b 8,9 bpH em água 4,7 b 5,0 ab 5,1 a 5,1a 5,3 aFósforo extraível (mg/l) 5,2 c 6,1 bc 11,1 a 9,4 ab 6,5 bcPotássio trocável (mg/l) 52 b 62 ab 81 a 76 ab 55 abMatéria orgânica (g/l) 32 ab 31 b 35 ab 36 a 34 abCa + Mg trocáveis (cmolc/l) 4,5 b 5,8 ab 7,0 a 6,8 a 7,5 aAlumínio trocável (cmolc/l) 1,7 a 1,2 ab 0,7 b 0,9 ab 0,7 bMassa seca sem adubo (kg/ha) 1.912 b 1.829 b 2.232 b 2.178 b 4.992 aMassa grãos sem adubo (kg/ha) 708 b 640 b 625 b 785 b 1.749 a

(A) Tratamentos: 1 - solo continuamente descoberto.2 - sombrite 18% (abertura de malha 7 x 3 mm).3 - sombrite 25% (abertura de malha 2 x 1 mm).4 - sombrite 30% (abertura de malha 1 x 1 mm).5 - milho/pousio continuado.

Nota: Médias seguidas pela mesma letra na linha não diferem estatisticamente(Duncan, 5%). Médias de três repetições.

Tabela 2 - Perdas totais de solo e de água em três anos em um Cambissolo eutróficosubmetido a diferentes graus de cobertura do solo; resultados de análises químicas do

solo coletado nas parcelas e produção de grãos após este período

(CASJ, Itapiranga, SC)

Tratamentos(A)

Determinação1 2 3 4 5

Perda total de solo (t/ha) 68,5 a 26,8 b 3,4 c 14,5 c 14,6 cPerda de água (% da chuva) 9,3 a 7,0 a 0,7 b 2,4 b 2,5 bpH em água 5,6 b 5,6 b 5,6 b 5,8 a 5,7 bFósforo extraível (mg/l) 10,1 a 9,4 a 10,5 a 11,3 a 8,5 aPotássio trocável (mg/l) 212 c 231 bc 235 bc 346 a 282 bMatéria orgânica (g/kg) 22 a 22 a 24 a 25 a 25 aCa + Mg trocáveis (cmolc/l) 19,2 a 18,4 a 17,4 a 19,3 a 18,8 aAlumínio trocável (cmolc/l) 0,0 a 0,0 a 0,0 a 0,0 a 0,0 aMassa seca sem adubo (kg/ha) 3.142 b 3.929 ab 4.744 a 4.763 a 4.923 aMassa grãos sem adubo (kg/ha) 2.703 a 2.564 a 3.145 a 2.419 a 2.950 aMassa seca com adubo (kg/ha) 6.285 a 7.184 a 4.785 a 4.611 a 6.406 aMassa grãos com adubo (kg/ha) 3.069 a 3.870 a 4.217 a 3.888 a 3.944 a

(A) Tratamentos: 1 - solo continuamente descoberto.2 - sombrite 18% (abertura de malha 7 x 3 mm).3 - sombrite 30% (abertura de malha 1 x 1 mm).4 - milho/pousio com preparo.5 - milho/pousio continuado.

Nota: Médias seguidas pela mesma letra na linha não diferem estatisticamente(Duncan, 5%). Médias de três repetições.

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44 Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997

Conservação do soloConservação do soloConservação do soloConservação do soloConservação do solo

Figura 3 - Perdas acumuladas de solo, em um Latossolo Roxodistrófico, com declividade média de 16%, submetido a diferentes

graus de cobertura do solo, em um período de três anos sobchuva natural (CPPP/Epagri, Chapecó, SC)

Figura 4 - Perdas acumuladas de solo, em um Cambissolo eutrófico, comdeclividade média de 24%, submetido a diferentes graus de cobertura do

solo, em um período de três anos sob chuva natural (CASJ/FESC,Itapiranga, SC)

coincidência de chuvas erosivas naépoca de preparo e semeadura noCambissolo (tratamento 4).

Nas Figuras 2 e 3 pode-se verificar,também, que as perdas de solo foramconcentradas em certos períodos,onde há uma maior inclinação da li-nha de perda de solo acumulada. Estaconstatação é importante para reco-mendação de sistemas de preparo dosolo aos produtores, pois, num curtoperíodo, o potencial de perdas de soloé elevado. Havendo coincidência des-ses períodos com a época de preparodo solo e semeadura, a erosão nalavoura será severa. Em termos mé-dios é isso que acontece na regiãoOeste Catarinense, onde as chuvaserosivas se concentram nos meses desetembro e outubro, quando o solo épreparado e são semeadas as culturasde verão (safra), bem como janeiro efevereiro, quando são implantadas asculturas de safrinha (6). No entanto,há possibilidade de ocorrência de perí-odos com chuva de alta erosividadeem qualquer época do ano, e estandoo solo sem proteção por resíduos e/oupor culturas a erosão poderá ocorrerem taxas muito maiores do que astoleradas (6). Estes dados reforçam arecomendação de que o solo deve sermantido coberto durante todo o ano,tanto pelas culturas comerciais comopelos adubos verdes ou pelos resíduosdestas. A utilização de sistemas demanejo do solo que favoreçam essacondição, notadamente o plantio dire-to, é indispensável para reduzir aerosão para níveis aceitáveis na re-gião Oeste Catarinense.

Pelos dados apresentados observa--se que foram obtidas diferentes taxasde erosão natural nos dois solos estu-dados, o que implica dizer que o prin-cipal objetivo da primeira fase do ex-perimento foi alcançado.

Erosão x característicasquímicas do solo

As diferentes taxas de erosão ocor-ridas na primeira fase provocaramalterações nas características quími-cas do solo, mais notadamente noLatossolo Roxo, onde houve diferen-ças significativas em todos os

#

T1 - solo descobertoT2 - sombrite 18%T3 - sombrite 25%T4 - sombrite 30%T5 - milho/pousio continuado

T1 - solo descobertoT2 - sombrite 18%T3 - sombrite 30%T4 - milho/pousio com preparoT5 - milho/pousio continuado

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Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997 45

parâmetros (Tabela 1). No Cambissolohouve diferenças significativas ape-nas no pH em água e no teor depotássio trocável (Tabela 2).

No Latossolo Roxo as maiores va-riações de pH, alumínio trocável, cál-cio + magnésio e matéria orgânicaforam observadas nos tratamentos 1e 2, exatamente onde ocorreram asmaiores perdas de solo. Isto ocorreuporque, com a remoção de uma cama-da superficial do solo previamentecorrigido, parte da amostra foi coleta-da na camada subsuperficial nãocorrigida, que originalmente apresen-ta baixo pH e alto teor de alumíniotrocável. O teor de cálcio + magnésiofoi menor nos tratamentos com maiorperda de solo e maior nos demaistratamentos, pelas mesmas razões davariação no pH e no alumínio trocável.O teor de matéria orgânica foi reduzi-do mais acentuadamente nos trata-mentos 1 e 2. Vale ressaltar que nostratamentos 1 a 4 não foi permitido ocrescimento de qualquer tipo de vege-tação nos três anos iniciais, o quepode ter interferido na redução damatéria orgânica pela mineralização.Os teores de P e K, neste solo, apre-sentam comportamento semelhante,sendo menores nos tratamentos 1, 2 e5 e maiores nos tratamentos 3 e 4. Ocomportamento nos tratamentos 1 a4 é explicado pela diferença no grau deerosão, enquanto que o menor teordesses elementos no tratamento 5 éem parte explicado pela extração pro-movida pela cultura do milho, já queo mesmo foi cultivado sem adubação,não sendo compensada pela reciclagemdeste elemento.

No Cambissolo verificou-se umapequena variação no pH em água(Tabela 2). Com relação ao potássio,observaram-se maiores teores nos tra-tamentos 4 e 5, onde foi semeadomilho. Neste caso, o maior teor nasparcelas cultivadas, mesmo sem adu-bo, pode ser explicado pela reciclagempromovida pelo milho e plantas dani-nhas e pelo alto teor deste nutrienteencontrado no Cambissolo. Nas par-celas sem culturas, em função da boapermeabilidade e do baixo teor deargila, o potássio pode ter sido lixiviadopara camadas abaixo da profundidade

amostrada. Não houve diferenças es-tatísticas significativas nos demaisnutrientes estudados.

Erosão x produtividade

No Latossolo Roxo apenas o trata-mento 5 apresentou produção de ma-téria seca e de grãos diferente dosdemais (Tabela 1). Isto pode estarrelacionado ao fato de, nos demaistratamentos, a perda de solo ter sidoelevada, e também por ter sido este oúnico tratamento onde houve cresci-mento de vegetação, possibilitando areciclagem de nutrientes e o aporte dematéria orgânica. Como o milho foicultivado sem adubo, a falta de mate-rial orgânico fresco nos demais trata-mentos pode ter resultado em menoraporte de nutrientes para a cultura,principalmente o nitrogênio. Esta podeter sido uma das principais razõespara não haver diferenças significati-vas entre os tratamentos 1 a 4, mes-mo com grandes diferenças nas taxasde erosão anterior e nas característi-cas químicas do solo. A manutençãodo solo sem vegetação, durante o pe-ríodo de indução de diferentes taxasde erosão, constitui-se numa das limi-tações ao estudo da relação entreerosão e produtividade do solo emcondições naturais (7). Nesse solo, porproblemas detectados na área experi-mental, não foi possível efetuar ocultivo do milho com aplicação deadubo.

No Cambissolo, houve diferençassignificativas apenas na produção dematéria seca no primeiro ano, quandoa cultura foi cultivada sem adubo (Ta-bela 2). Neste ano, a maior produçãode grãos foi obtida no tratamento 3(sombrite 30%), onde ocorreu a me-nor perda de solo. A menor produçãono cultivo sem adubo ocorreu no trata-mento 4, onde vinha sendo cultivadomilho nos anos anteriores. No cultivodo segundo ano observou-se um au-mento na produção de milho, o quenão pode ser creditado exclusivamen-te à aplicação de adubo, porque ocultivo foi efetuado em anos diferen-tes, havendo, portanto, o componenteclimático. Neste ano a produção foimenor no tratamento 1, onde ocorreu

a maior erosão na primeira etapa.É importante ressaltar que as

menores diferenças de produção demilho observadas no Cambissolo es-tão relacionadas à menor perda totalde solo. A redução de produção portonelada de solo erodida, no entanto,é maior neste solo. Esta redução podeser estimada a partir da relação entrea diferença de produção de milho e adiferença de perda de solo entre ostratamentos 1 e 5 (maior e menorerosão, respectivamente). NoLatossolo Roxo verificou-se uma re-dução na produção de milho de 1,3kgpor tonelada de solo erodido. NoCambissolo, a redução foi de 4,6 e16,2kg por tonelada de solo erodido,no primeiro e segundo ano, respecti-vamente. Este maior impacto sobre aprodutividade do solo, associado a suamenor profundidade efetiva, confir-ma a menor tolerância de perda desolo no Cambissolo, comparativamen-te ao Latossolo Roxo.

Conclusões erecomendações

• Nas condições estudadas, oLatossolo Roxo mostrou-se mais sus-cetível à erosão do que o Cambissolo,indicando uma maior necessidade deadoção de práticas de conservação dosolo para reduzir a erosão para níveistoleráveis. As perdas de solo e de águaapresentaram relação inversa com ograu de cobertura nos dois solos estu-dados.

• As alterações nas característicasquímicas foram diretamente relacio-nadas às taxas de erosão e, por suavez, refletiram-se na produção demilho.

• Em qualquer época do ano podeocorrer chuvas com alto potencial deprovocar erosão, o que aponta para anecessidade de se adotar sistemas demanejo que mantenham a superfíciedo solo coberta, como por exemplo osistema plantio direto.

Agradecimentos

Os autores agradecem aos profes-sores e alunos do Colégio Agrícola SãoJosé (CASJ/FESC - Itapiranga), pela

Conservação do soloConservação do soloConservação do soloConservação do soloConservação do solo

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condução do experimento instaladonaquele colégio. Agradecem, também,ao técnico agrícola responsável e aosfuncionários de campo e do Laborató-rio de Solos do Centro de Pesquisapara Pequenas Propriedades (CPPP/Epagri - Chapecó), pelo apoio na con-dução do experimento, coleta e análi-se das amostras de solo.

Literatura citada

1. STOCKING, M. Erosion and soilproductivity: a review. Roma: FAO/AGLS, 1984. 103p. (Consultants’Working Paper, 1).

2. STOCKING, M. Erosion-induced loss insoil productivity: a research design.Roma: FAO/AGLS, 1985. 33p.(Consultants’ Working Paper, 2).

3. COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO- RS/SC. Recomendações de adubaçãoe calagem para os Estados do Rio Gran-de do Sul e Santa Catarina. 2. ed. PassoFundo: SBCS - Núcleo Regional Sul/EMBRAPA-CNPT, 1989. 128p.

4. WISCHMEIER, W. H.; SMITH, D.D.Predicting rainfal-erosion losses: aguide to conservation planning.Washington: USDA, 1978. 58p. (USDA.Agriculture Handbook, 537).

5. PUNDEK, M. Utilização prática da equa-ção de perdas de solo para as condiçõesde Santa Catarina - estudo preliminar.Florianópolis: EPAGRI/Gerência deRecursos Naturais, 1992. 29p. (Nãopublicado).

6. VEIGA, M. da; MASSIGNAM, A.M.;WILDNER, L. do P. Potencial erosivodas chuvas em Santa Catarina. In:SANTA CATARINA. Secretaria de Es-tado da Agricultura e Abastecimento.Manual de uso, manejo e conservaçãodo solo e da água. 2. ed. Florianópolis:EPAGRI, 1994. p. 131-147.

7. TENGBERG, A.; STOCKING, M.A.;VEIGA, M. da. The impact of erosion onthe productivity of a Ferralsol and aCambissol in Santa Catarina, southernBrazil. Soil Use and Management,Oxford, v.13, p.90-96, 1997.

Milton da Veiga, eng. agr., M.Sc., Cart. Prof.7.290-D, CREA-SC, Estação Experimentalde Campos Novos/Epagri, C.P. 116, Fone(049) 544-1748; Fax (049) 544-1777, 89620-000 Campos Novos, SC e Leandro do PradoWildner, eng. agr., M.Sc., Cart. Prof. 42.856-D, CREA-RS, Centro de Pesquisa para Pe-quenas Propriedades/Epagri, C.P. 791, Fone(049) 723-4877, Fax (049) 723-0600, 89801-970 Chapecó, SC.

Conservação do soloConservação do soloConservação do soloConservação do soloConservação do solo

o

FLASHES

Embrapa edita oEmbrapa edita oEmbrapa edita oEmbrapa edita oEmbrapa edita osegundo catálogo desegundo catálogo desegundo catálogo desegundo catálogo desegundo catálogo de

reprodutores suínos dereprodutores suínos dereprodutores suínos dereprodutores suínos dereprodutores suínos dealto valor genéticoalto valor genéticoalto valor genéticoalto valor genéticoalto valor genético

O Centro Nacional de Pesquisa deSuínos e Aves, Embrapa Suínos e Aves,sede em Concórdia, Santa Catarina,está colocando à venda o segundo ca-tálogo de Reprodutores suínos de altovalor genético para número deleitões nascidos vivos por leitegada.43p.

Através do catálogo é possível escolhercachaços e porcas, e seus descendentes,com o maior valor genético para o númerode leitões nascidos vivos por leitegada, comvistas à seleção nas raças Duroc, Landracee Large White e, também, para a produçãode fêmeas F-1.

Os animais avaliados, listados no catá-logo, fazem parte de um universo de 16.828porcas e 3.247 cachaços Landrace, 14.396porcas e 2.827 cachaços Large White, 5.304porcas e 1.119 cachaços Duroc de um totalde 390 granjas localizadas nos Estados doRio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.Os animais são registrados na Asso-ciação Brasileira de Criadores de Suínos(ABCS).

Nesse catálogo são apresentados os 200cachaços e as 500 porcas Landrace e LargeWhite, e os 50 cachaços e as 200 porcasDuroc, com o maior valor genético estimadopara o número de leitões nascidos vivos na1a, 1a e 2a, e 1a, 2a e 3a leitegadas.

O catálogo é dirigido a criadores dereprodutores, empresas de melhoramentogenético de suínos, órgãos governamen-tais, associações de criadores de suínos ecentrais de inseminação artificial de suí-nos.

Interessados podem solicitar, por escri-to, à Área de Comunicação Empresarial(ACE) - Embrapa Suínos e Aves, CaixaPostal 21, 89700-000 Concórdia, SC, ane-xando ao pedido cheque nominal à empresano valor de R$ 6,00 (seis reais), acrescenta-dos de R$ 2,00 (dois reais) correspondentesao valor da postagem. Texto da jornalistaTânia Maria Giacomelli Scolari.

Melhoramento deMelhoramento deMelhoramento deMelhoramento deMelhoramento decampo nativo emcampo nativo emcampo nativo emcampo nativo emcampo nativo em

UrupemaUrupemaUrupemaUrupemaUrupema

Durante o mês de agosto foram implan-tadas seis unidades demonstrativas de me-lhoramento de campo natural, em Urupema,através da introdução de espécies sobre apastagem nativa. Os trabalhos foram coor-denados pela Secretaria de Agricultura eMeio Ambiente e a Epagri e viabilizadosatravés de uma parceria entre o Fundo paraPromoção do Desenvolvimento Rural deUrupema - Funder, que financiou as se-mentes, e os produtores, que adquiriram osdemais insumos.

O objetivo da introdução dessa técnicano município é colocar à disposição dosagropecuaristas uma alternativa para com-pensar a “flutuação estacional na oferta dealimentos” ao rebanho local, acentuada-mente caracterizado por uma época de boadisponibilidade (em quantidade e qualida-de), que é primavera-verão, e por outra degrande escassez, outono-inverno, resultan-do num saldo de ganho de peso vivo porhectare muito pequeno. Também se preten-de que após a adoção dessa prática os produ-tores deixem de praticar a queimada.

Para a introdução das espécies a equipetécnica local optou pelo método desobressemeadura, seguida de gradagem,em quatro unidades, sendo que nas demais,em função da declividade e afloramento derochas, não se realizou nenhum trabalhomecânico. Para adequar a acidez e a fertili-dade do solo, aplicaram-se 2t/ha de calcáriodolomítico e 300 quilos de fosfato naturalcom reativo de Israel.

As espécies sobressemeadas foram tre-vo branco, azevém e cornichão. Tambémforam testados a festuca e o cornichão “ElRincon” (importada do Uruguai). As semen-tes de leguminosas foram inoculadas comRhizobium específico. Quanto à época, op-tou-se por agosto, para diminuir o risco detemperaturas extremas que ocorrem nosdemais meses de inverno e comprometem asobrevivência de plântulas, e por ser esse operíodo mais indicado para realização dessaprática na Nova Zelândia, país com grandetradição em melhoramento de pastagensnativas e que possui condições edafo-climá-ticas semelhantes às do Planalto Catarinen-se.

A instalação dessas unidades demons-trativas também marca o início de uma novaproposta de trabalho, com o objetivo dedesenvolver a pecuária de Urupema, atra-vés de ações em parceria entre a PrefeituraMunicipal/Secretaria de Agricultura e MeioAmbiente, Sindicato dos Produtores Rurais/Federação da Agricultura do Estado de San-ta Catarina, Epagri, Cidasc e produtoresrurais. Ainda em 1997 foram realizadas

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Agrop. Catarinense, v.10, n.4, dez. 1997 47

excursões a Esteio (Expointer), Lages(Expolages), palestras sobre manejo do re-banho de cria, manejo de pastagens, aquisi-ção conjunta de sais minerais. Em julho foirealizada uma excursão a Bom Retiro paraconhecer unidades demonstrativas sobremelhoramento de campo nativo, com o ob-jetivo de conhecer essa importante alterna-tiva para a pecuária da nossa região.

Embrapa lançaEmbrapa lançaEmbrapa lançaEmbrapa lançaEmbrapa lançacultivares de sojacultivares de sojacultivares de sojacultivares de sojacultivares de soja

Durante a XXV Reunião de Pesquisa deSoja da Região Sul, promovida pelo CentroNacional de Pesquisa de Trigo - EmbrapaTrigo, em Passo Fundo, RS, no período de 5a 7 de agosto de 1997, ocorreu o lançamentode cinco novas cultivares de soja para cultivono Rio Grande do Sul e sete para o Estadode Santa Catarina.

A Embrapa Trigo lançou duas cultivaresde soja para cultivo no Rio Grande do Sul,denominadas Embrapa 137 e Embrapa 138.Também passou a recomendar a cultivarEmbrapa 59, lançada pelo Centro Nacionalde Pesquisa de Soja - Embrapa Soja, a qualjá está sendo cultivada no Paraná.

Esses três novos materiais recomenda-dos para o Sul do país, segundo EmídioBonato, pesquisador da Embrapa Trigo,representam um avanço para a produção desoja, uma vez que elas apresentam excelen-te produtividade unida à resistência àsdoenças. Texto da jornalista LianeMatzenbacher.

Agricultura sustentávelAgricultura sustentávelAgricultura sustentávelAgricultura sustentávelAgricultura sustentávele pequenae pequenae pequenae pequenae pequena

agroindústria no Oesteagroindústria no Oesteagroindústria no Oesteagroindústria no Oesteagroindústria no Oeste

O alto custo dos insumos, adescapitalização e a falta de atividades alter-nativas mais viáveis têm levado muitas fa-mílias de agricultores do Oeste Catarinensea abandonarem o campo, tentando novavida nas cidades. Para evitar, ou pelo menosdiminuir o êxodo rural na região, coopera-tivas, prefeituras, Epagri e Cidasc estãosomando esforços para apresentar uma pro-posta concreta aos agricultores oestinos. ACooperativa Agropecuária São Miguel doOeste - Cooper São Miguel, por exemplo,com a ajuda das outras instituições citadasestá cadastrando 90 famílias rurais que apre-sentam condições de implantar pequenasagroindústrias caseiras em suas proprieda-des, com vistas a agregar valor aos produtosagropecuários oriundos desses estabeleci-mentos rurais.

A novidade deste projeto, segundo in-

forma o engenheiro agrônomo JurandiTeodoro Gugel, gerente de assistência técni-ca da Cooper São Miguel, é que especialistasapontaram um grande potencial de mercadopara os chamados produtos alternativos ouecologicamente corretos. Nesta linha, Jurandirevela que as avaliações feitas pela coopera-tiva e pelos especialistas indicam possibilida-des de fabricar açúcar mascavo, conservas deovos de codorna, de hortaliças e de frutas, bemcomo queijos, embutidos de cortes especiaisde frango caipira e de carne suína, tudo à basede produção orgânica. Das 90 famílias jácadastradas, 44 atuarão na área animal e 46na área vegetal.

Controle integrado deControle integrado deControle integrado deControle integrado deControle integrado demoscas em vídeomoscas em vídeomoscas em vídeomoscas em vídeomoscas em vídeo

O Centro Nacional de Pesquisa de Suínose Aves, Embrapa Suínos e Aves, Concórdia,Santa Catarina, e a Emater/RS, Porto Alegre,lançaram durante a Expointer/97, em Esteio,RS, fita de vídeo sobre o Controle integra-do de moscas na área rural.

A realização do vídeo é decorrência daconstatação da grande proliferação de moscasna região Oeste de Santa Catarina, onde acriação de suínos é intensa e o manejo dosdejetos não é efetuado de forma adequada.Some-se a isso o lixo orgânico formado pelassobras dos alimentos, que, não recebendo otratamento adequado, transforma-se em pontode criação de moscas. O resultado é que asmoscas estão em toda parte, na área rural ena cidade, incomodando e irritando pessoas eanimais e transmitindo doenças.

Esse trabalho teve início em 1990 atra-vés de um levantamento feito em diversaspropriedades. Segundo Doralice Pedroso--de-Paiva, pesquisadora da área deparasitologia da Embrapa Suínos e Aves, aEmbrapa está divulgando os resultados depesquisa alcançados - a causa da criaçãoexcessiva de moscas é o mau manejo dosdejetos - sobre o controle integrado de mos-cas na área rural.

Além de divulgar o controle integrado demoscas através de cursos dirigidos a públi-cos específicos, agora a Embrapa Suínos eAves está lançando essa informação emvídeo com o objetivo de facilitar aos técnicose produtores o acesso a esse conhecimen-to.

A fita tem duração de 15 minutos e osinteressados em adquiri-la podem solicitarpor escrito à Área de Comunicação Empre-sarial (ACE) - Embrapa Suínos e Aves,Caixa Postal 21, 89700-000 Concórdia, SC,anexando ao pedido cheque nominal àempresa no valor de R$ 40,00 (quarentareais). Texto de Tânia Maria GiacomelliScolari.

Curso de agroecologiaCurso de agroecologiaCurso de agroecologiaCurso de agroecologiaCurso de agroecologiapara agricultorespara agricultorespara agricultorespara agricultorespara agricultores

A gerência regional da Epagri de SãoMiguel do Oeste, com a colaboração da Es-tação Experimental de Ituporanga, realizouum curso de agroecologia que reuniu agri-cultores do município de Guaraciaba, mui-tos dos quais foram cadastrados paraparticipar do projeto de agroindústria casei-ra da Cooper São Miguel. O curso teve aduração de cinco dias corridos, no período de10 a 14 de novembro de 1997, totalizando 50horas, e foi ministrado por extensionistas daregião de São Miguel do Oeste e por pesqui-sadores da Estação Experimental deItuporanga.

Entre os principais assuntos discutidos,destacaram-se: solos, calagem e adubaçãoorgânica, fundamentos e perspectivas daagroecologia, teoria da trofobiose,biofertilizantes e compostagem evermicompostagem. Também constaram docurso o manejo integrado de pragas e doen-ças, rotação e consorciação de culturas, pro-dução de sementes na propriedade. Os téc-nicos e pesquisadores ressaltaram que aprodução orgânica visa, sobretudo, dar aoagricultor uma atividade alternativa técni-ca, social e economicamente válida, agre-gando valor ao seu produto agrícola. A pro-dução orgânica ou ecológica é mais susten-tável, pois utiliza recursos da propriedade,livrando o produtor de comprar os insumosindustriais cada vez mais caros, e evitandoa contaminação do ambiente pelosagrotóxicos e adubos solúveis.

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OvinoculturaOvinoculturaOvinoculturaOvinoculturaOvinocultura

Cruzamento industrial de ovelhas Corriedale comCruzamento industrial de ovelhas Corriedale comCruzamento industrial de ovelhas Corriedale comCruzamento industrial de ovelhas Corriedale comCruzamento industrial de ovelhas Corriedale comHampshire DownHampshire DownHampshire DownHampshire DownHampshire Down

Volney Silveira de Ávila, José Carlos da Silveira Osório,Pedro Osório da Conceição Jardim

e Marcelo Alves Pimentel

m Santa Catarina, a ovinocul-tura está voltada para a produ-

ção de carne, devido principalmente àestrutura fundiária, caracterizada pelaconcentração de pequenas proprieda-des, onde cerca de 89% delas têmmenos de 50ha.

Tendo como objetivo fomentar aprodução ovina no Estado, a Secreta-ria de Estado do DesenvolvimentoRural e da Agricultura promoveu re-centemente a importação do Uruguaide 21.500 fêmeas da raça Corriedale,sendo a maioria delas cobertas porcarneiros de raças de carne (Suffolk,Hampshire Down, Texel e Ile deFrance).

Este tipo de cruzamento é umaforma de acasalamento entre indiví-duos cujo grau de parentesco é menorque a média da população da qualprovêm, sendo a alternativa mais em-pregada para incrementar a produçãode carne ovina no Estado.

O cruzamento de ovelhas de raçasde duplo propósito, ou mesmo semraça definida, com carneiros de raçasprodutoras de carne é utilizado comsucesso em outros Estados e países,promovendo o incremento da produ-ção de carne, através da manifestaçãodo vigor híbrido ou heterose.

A utilização do cruzamento indus-trial no rebanho catarinense pode tra-zer um incremento na produção e naeconomia, tendo em vista o sistemade criação atualmente utilizado. En-tretanto, há necessidade de estudar--se a produção de carne nas raçasexistentes e nos diferentes tipos decruzamentos dessas ovelhas com asraças de aptidão para carne, em con-dições de campo nativo e, numa etapamais avançada, com melhorias no sis-tema de alimentação.

Estudos realizados nas mais diver-sas condições mostram que o cruza-

mento é vantajoso para incrementarquantitativa e qualitativamente a pro-dução de carne (1, 2 e 3).

A produção de carne ovina é com-plexa e sobre ela atuam fatoresdeterminantes de sua quantidade equalidade. Esses fatores podem serextrínsecos ao animal, como é o casoda alimentação, ou intrínsecos, comono caso do sexo, idade, etc.

Os cordeiros machos geralmentepesam entre 5 e 12% mais do que asfêmeas (4). Também foi verificado quecordeiros inteiros são 9 e 5% maispesados do que os castrados ecordeiras, respectivamente (5).

Além do efeito isolado dos fatoresintrínsecos e extrínsecos, existe ainteração de um ou mais fatores sobrea produção de carne. O cruzamentopode ser viável em uma determinadaidade e em outra não (6). Portanto, opeso ou idade de abate ótimo econômi-co deve ser estudado em cada raça, ou

cruzamento, em função do sexo, ida-de, alimentação, etc.

O presente trabalho objetivou ve-rificar a produção de carne de cordei-ros machos e fêmeas, procedentes docruzamento de ovelhas Corriedale comcarneiros Hampshire Down, criadosexclusivamente à base de campo nati-vo e abatidos com idade média de setemeses.

Material e métodos

Os dados utilizados neste estudoforam coletados de um experimentorealizado na Fazenda Santa Anita,distrito de Aceguá, município de Bagé,no Rio Grande do Sul.

Bagé situa-se na região fisiográficadenominada de Campanha, com umrelevo suavemente ondulado, altitu-de variando entre 80 e 180m. A preci-pitação média é de 1.350mm ao ano, atemperatura média anual é de 17,6oC

E

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OvinoculturaOvinoculturaOvinoculturaOvinoculturaOvinocultura

e a umidade relativa do ar oscila entre75 e 85%.

Foram utilizados cordeiros produ-zidos na propriedade, cruzas Corriedalex Hampshire Down, de ambos os se-xos, criados em campo nativo e abati-dos com idade média de sete meses,no Departamento de Zootecnia da Uni-versidade Federal de Pelotas (UFPel)com o intuito de observar o efeito dosexo sobre as características da carca-ça. Para isto, foram realizadas medi-

das na carcaça, relativas ao seu de-sempenho e características, tais comopeso, morfologia, composição regio-nal, composição tecidual, além de ou-tras medidas (cor, textura emarmorização da carne). O peso vivoao abate foi obtido após jejum de 12horas, imediatamente antes do abate.

Resultados e discussão

As Tabelas 1, 2 e 3 apresentam os

resultados referentes a característi-cas de produção de carne, composiçãoregional (pescoço, paleta, costilhar +vazio, quarto) e tecidual (osso, múscu-lo e gordura) da carcaça. Da análisedestes dados pode-se inferir que:

• Existe um efeito de sexo sobre ascaracterísticas de produção, composi-ção regional e tecidual, nos cordeirosprocedentes do cruzamento de ove-lhas Corriedale com Hampshire Down.

• A quebra ao resfriamento (em kge %) foi maior nas fêmeas do que nosmachos, possivelmente devido à me-nor espessura de gordura de cobertu-ra nas fêmeas. Em compensação elasapresentam maior deposição de gor-dura renal e pélvica do que os machos.

• Os rendimentos (verdadeiro ecomercial), tanto nos machos comonas fêmeas, situaram-se acima de 41%.

Os valores encontrados no presen-te estudo, quanto aos rendimentosdas carcaças de ambos os sexos, estãodentro dos limites estabelecidos (7),entre 42 e 46% para animais em regi-me de pasto.

As explicações para o fato das fê-meas tenderem a produzir carcaçascom maior rendimento (8), refere-se àcaracterística dos machos apresenta-rem maior conteúdo digestivo, commaior peso das vísceras, menor nívelde engorduramento a um mesmopeso, com maiores perdas aoresfriamento.

Em cordeiros o peso das víscerastende a aumentar com o aumento dopeso vivo de abate, sendo maior nosmachos do que nas fêmeas (9).

• A percentagem de pescoço foimaior nas fêmeas e a de costilharmaior nos machos.

• Os machos apresentaram maiorpercentagem de músculo e as fêmeasmaior de gordura, na paleta. No quar-to, embora a diferença não tenha sidoestatisticamente significativa, obser-va-se, igualmente, uma maior per-centagem de músculo nos machos euma maior percentagem de gorduranas fêmeas.

• Para uma uniformização da qua-lidade do produto da carcaça e carne,os cordeiros machos e fêmeas devemser abatidos a uma idade ou pesodiferente.

Tabela 1 - Características de produção de carne

Machos FêmeasCaracterísticas

Média Média

Peso vivo ao abate (kg) 25,08 24,18Carcaça quente (kg) 11,01 10,86Carcaça fria (kg) 10,72 10,23Quebra em (kg) 0,29 0,638Quebra em (%) 2,73 6,27Rendimento verdadeiro 44,00 44,54Rendimento comercial 42,78 41,79Conformação subjetiva (1 a 12) 3,00 4,44Compacidade da carcaça 0,20 0,19Comprimento da carcaça (L) 52,9 52,9Comprimento da perna (F) 33,4 31,5Espessura gordura (C) 0,046 0,018Gordura renal + pélvica (kg) 0,148 0,252Gordura renal + pélvica (%) 0,58 0,99Textura (índice 1 a 5) 4,4 3,9Marmoreio (índice 1 a 5) 1,6 3,1Cor da carne (1 a 5) 3,8 4,1

Notas:Rendimento verdadeiro = peso da carcaça quente/peso vivo abate x 100.Rendimento comercial = peso da carcaça fria/peso vivo abate x 100.

Tabela 2 - Composição regional da carcaça

Machos FêmeasCaracterísticas

Média Média

Pescoço (kg) 0,378 0,456Paleta (kg) 1,054 0,986Costilhar + vazio (kg) 1,948 1,521Quarto (kg) 1,840 1,771Pescoço/PMCco (%) 7,22 9,51Paleta/PMCco (%) 20,27 20,99Costilhar/PMCco (%) 37,10 31,73Quarto/PMCco (%) 35,41 37,77

Nota: PMCco = peso da meia carcaça corrigido (pescoço + paleta + costilhar + quarto).

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A esse respeito, foi observado umataxa de crescimento mais elevada,carcaças com menor teor de gordurae mais músculo nos machos do quenas fêmeas de mesmo peso (10).

Essa tendência de maior teor degordura na carcaça das fêmeas deve--se a sua precocidade fisiológica, pro-movendo uma maior demanda de ali-mento para o mesmo ganho de peso,havendo a necessidade de serem aba-tidas com menor peso vivo (11).

03. LASLEY, J.E. Genetics of livestock

improvement. 3.ed. London: PrenticeHall, 1978. 126p.

04. BLACK, J.L. Growth and development oflambs. In: HARESING, W. (Ed.)London: Butterworths, 1983. p.21-58.

05. AZZARINI, M. Produção de carne ovina.In: JORNADA TÉCNICA DE PRODU-ÇÃO OVINA NO RIO GRANDE DOSUL, 1., 1979. Bagé, RS. Anais. Bagé:1979. p.49-63.

06. OSÓRIO, J.C.S.; SIERRA, I.; SAÑUDO,C.; GUERREIRO, J.L. JARDIM, P.O.Componentes do peso vivo em cordei-ros e borregos Polwarth e cruzas Texelx Polwarth. In: CONGRESSO INTER-NACIONAL DE ZOOTECNIA, 1991,Evora, Portugal. Resumos. p.49-50.

07. SAÑUDO, C.; SIERRA, I. Calidad de lacanal en la especie ovina. Ovino, One

S.A., Barcelona, Sep., p.127-153, 1986.

08. COLOMER, F.; ESPEJO, M. Determi-nación del peso ótimo de sacrificio de loscorderos procedentes del cruzamientoManchego x Rasa Aragoneza en funcióndel sexo. Información Técnica

Económica Agrária, Zaragoza, v.6,p.219-235, 1972.

09. ALCALDE, M.J. Producción de carne en

la raza Merina: crecimiento y calidadde la canal. Zaragoza, España: Fac. deVeterinaria, 1990, 192p. Tesina de Li-cenciatura.

10. MAKARENCHIAN, M.; WHITEMAN, J.V.;WALTERS, L.E.; MUNSON, A.W.Relationships between growth rate,dressing percentage and carcasscomposition in lambs. Journal of Ani-

mal Science, Champaign, v.46, n.6,p.1610-1616, 1968.

11. BERG, T.T.; BUTTERFIELD, R.M. Nuevosconceptos sobre desarrollo de ganado

vacuno. Zaragoza: Acribia, 1979. 297p.

Volney Silveira de Ávila, méd. vet., M.Sc.,Cart. Prof. 0868, CRMV-SC, Epagri/EstaçãoExperimental de Lages, C.P. 181, Fone (049)224-4400, Fax (049) 222-1957, 88502-970,Lages, SC, José Carlos da Silveira Osório,méd. vet., M.Sc., Doutor, CRMV-RS, profes-sor titular da FAEM/UFPel, bolsista do CNPq,Pelotas, RS, Pedro Osório da ConceiçãoJardim, méd. vet., M.Sc., CRMV-RS, profes-sor da FAEM/UFPel, Pelotas, RS e MarceloAlves Pimentel, méd. vet., M.Sc., CRMV-RS, professor da FAEM/UFPel, Pelotas,RS.

Tabela 3 - Composição tecidual da paleta e quarto

Machos FêmeasCaracterísticas

Média Média

PaletaOsso (kg) 0,242 0,265Músculo (kg) 0,702 0,619Gordura (kg) 0,094 0,144Osso/PPco (%) 23,24 26,01Músculo/PPco (%) 67,81 60,09Gordura/PPco (%) 8,95 13,90

QuartoOsso (kg) 0,432 0,414Músculo (kg) 1,286 1,251Gordura (kg) 0,108 0,157Osso/PQco (%) 23,69 23,08Músculo/PQco (%) 70,45 68,62Gordura/PQco (%) 5,86 8,30

Notas:PPco = peso da paleta corrigido (osso + músculo + gordura da paleta).PQco = peso do quarto corrigido (osso + músculo + gordura do quarto).

Literatura citada

01. ALBERDANEJO, D. Importancia de las

razas ovinas precoces en España. 2. ed.Barcelona: 1986. p.15-16. (MonografiaOvina One).

02. CAÑEQUE, V.; HUIDOBRO, F.R.; DOLZ,J.F.; HERNÁNDEZ, J.A. Producción

de carne de cordero. Madrid: Min. deAgric., Pesca y Alimentación, 1989.515p.

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Características de qualidade de amostras de polvilhoCaracterísticas de qualidade de amostras de polvilhoCaracterísticas de qualidade de amostras de polvilhoCaracterísticas de qualidade de amostras de polvilhoCaracterísticas de qualidade de amostras de polvilhoazedo. Parte 2 - Santa Catarinaazedo. Parte 2 - Santa Catarinaazedo. Parte 2 - Santa Catarinaazedo. Parte 2 - Santa Catarinaazedo. Parte 2 - Santa Catarina

Ivo Mottin Demiate, Tarleide Oliveira de Souza,Silvana Pugsley, Marney Pascoli Cereda

e Gilvan Wosiacki

agroindústria do polvilho azedocaracteriza-se por apresentar

unidades agrupadas em regiões bemdefinidas, constituindo-se em nichosonde coexistem unidades rurais debaixo investimento e indústrias maisorganizadas. No Estado de Santa Cata-rina, onde o processo de industriali-zação de mandioca representa umsegmento expressivo em termos eco-nômicos (1), podem ser identificadosdois grupos distintos, um localizadono Litoral Sul com 39 unidades deprodução de polvilho azedo e outro, noAlto Vale do Itajaí, com 2 unidades.Pode ser observado, ao se visitar es-tas localidades, a importância econô-mica da atividade industrial assimcomo o grau de satisfação dos produ-tores e comerciantes com relação àtecnologia ou à qualidade do produto(2).

O polvilho azedo, obtido a partir dafermentação natural da fécula damandioca com amplas aplicações naculinária sul-americana e, em espe-cial na brasileira, é um produto aindanão caracterizado quanto ao padrãode qualidade dado o nível de tecnologiaempregado no processamento. Deuma forma geral, embora seja possí-vel encontrar unidades de pequenoporte, mesmo tipo “fundo-de-quintal”coexistindo com outras bem melhorestruturadas, o processo de produçãoé similar, diferindo apenas no grau deautomatização empregado face ao ta-manho das unidades (2). Os procedi-mentos de controle de qualidade, quan-do existem, são baseados em fatosempíricos, sem fundamentação cien-tífica.

Os resultados de estudosconcernentes à qualidade de polvilhoazedo podem ser encontrados na lite-ratura especializada (3 a 8), referen-tes a poucas amostras; a qualidade de31 amostras coletadas no Estado doParaná foi pesquisada visando subsi-diar o estabelecimento do padrão dequalidade do produto (9). Em atençãoao fato de que este produto vem sendoobservado com certo interesse visan-do processos de exportação,notadamente no Mercosul, e que noEstado de Santa Catarina a produçãoé expressiva (1), o estabelecimentodas características de qualidade dopolvilho azedo passa a ser necessário,principalmente em se considerandoque modificações ou inovaçõestecnológicas podem ser introduzidasna cultura local a fim de garantir aqualidade total do produto, aumen-tando a produtividade e acompetitividade.

Neste sentido, no presente traba-lho são apresentadas as característi-cas de qualidade de 26 amostras depolvilho azedo produzido oucomercializado no Estado de SantaCatarina, coletadas nas regiões pro-dutoras de Santa Rosa do Sul, SãoJoão do Sul e de Rio do Sul, assimcomo nos supermercados de outrascidades, representadas, cada uma, portrês pacotes de 1kg.

Procedimentosexperimentais

Para a pesquisa de sujidades, amos-tras do polvilho azedo foramhidrolisadas com HCl a 10%,

tamisadas a 230 MESH e examinadasem microscópio estereoscópico comaumento de 20 vezes visando a deter-minação da freqüência de fragmentosde insetos, de insetos inteiros, deácaros, de larvas ou pupas, de pêlos deroedores e observação da presença ouausência de matéria arenosa-terrosa.Para fins de comparação foram utili-zados os resultados já relatados naliteratura sobre amostras de polvilhoazedo produzido no Paraná (9).

As propriedades analisadas com-preenderam o teor de umidade, ovalor do pH, e a acidez total titulável(10). Foram incluídas também as aná-lises de solubilidade e deentumescimento dos grânulos, reali-zadas em um mesmo ensaio utilizan-do-se uma suspensão de amido a 1,25%(p/v) que foi aquecida a temperaturade 50oC, para a determinação da solu-bilidade e da capacidade de absorçãode água fria, e a 95oC, para a determi-nação da solubilidade e da capacidadede absorção de água quente. As amos-tras foram mantidas nestas tempera-turas por 30 minutos após o que foramresfriadas e centrifugadas por 15 mi-nutos a 2.200 rpm. Do sobrenadantefoi retirada uma amostra para o esta-belecimento da relação entre os pesosseco e úmido, indicador do grau desolubilidade, e do sedimentado foiobtido o grau de absorção de água dosgrânulos. A propriedade de expansãode biscoitos foi avaliada segundo afórmula descrita por CEREDA (11) e,após confecção, os produtos forampesados e seus volumes determina-dos pelo método do deslocamento desementes. O volume específico foi#

A

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obtido pela razão entre o volume finale o peso final, e o grau de expansão,pela razão entre o volume final e ovolume inicial, de cada biscoito. Tam-bém para fins de comparação, foramutilizados dados relatados na literatu-ra sobre polvilho azedo (9) e polvilhodoce (12).

Resultados

As amostras de polvilho azedo fo-ram inspecionadas com relação à pre-sença de material biológico e arenoso--terroso. Nas amostras de polvilhoazedo analisadas foram encontradosde 1 a 9 fragmentos de insetos em 11amostras (42,3%), de 10 a 20 em 11(42,3%), e de 21 a 40, em 4 (15,4%).Estes dados atestam que todas asamostras continham fragmentos deinseto em menor ou maior quanti-dade, distribuídos conforme a Figu-ra 1.

Estes resultados são semelhantesaos relatados para amostras de polvi-lho azedo produzidas no Paraná (9),que apresentaram os percentuais decontaminação de 38,7%, 45,2% e16,1%, respectivamente. Se for consi-derado como limite a presença de até9 fragmentos (13), 11 (61,5%) amos-tras do conjunto testado seriamdesqualificadas para consumo huma-no; as amostras do Paraná apresenta-ram nível de descarte semelhante (9).Assim, torna-se necessário melhoraro manejo nas etapas de fermentação ede secagem ao sol, onde a contamina-ção com insetos é facilitada.

Com relação a insetosinteiros os resultados en-contrados não foram tãoinsatisfatórios, uma vezque em 22 amostras nãoforam encontrados; as de-mais 4 amostras conti-nham de 1 a 3 unidades.Assim, 15,4% das amos-tras deveriam serdesqualificadas para usodo polvilho azedo como in-grediente alimentar. A dis-tribuição está apresenta-da na Figura 2.

Os resultados das aná-lises de polvilho azedo noParaná são semelhantes, com umdescarte de 22,6% das amostras, indi-cando a necessidade de maior atençãona etapa de armazenamento do pro-duto final, em ambos os casos (9).

A presença de ácaros foi constata-da em 6 (23,1%), com 1 a 2 unidadesconforme demonstra aFigura 3.

No conjunto analisadodo Paraná o produto a serdescartado seria menor,de 6,5%, uma vez que ape-nas 2 amostras estavamcontaminadas (9).

Larvas ou pupas fo-ram encontradas em 11amostras de polvilhoazedo, o que representaum percentual de descar-te de 42,3% no conjuntoanalisado. A Figura 4 ilus-tra a distribuição encon-

trada. No caso do

polvilho azedono Paraná,este tipo decontaminaçãofoi detectadoem 51,6% dasamostras (9),portanto comum descarteum pouco su-perior. A con-taminação nosdois conjuntosde amostrasindica a neces-

Figura 1 - Freqüência de fragmentos de insetos

Figura 2 - Freqüência de insetos inteiros

Figura 3 - Freqüência de ácaros

sidade de maior cuidado noprocessamento e em especial na fasede armazenamento.

A presença de pêlos de roedores,que representa uma contaminaçãoaltamente indesejável, conseqüênciade manejo inadequado no processo de

Figura 4 - Freqüência de larvas ou pupas

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armazenamento, foi encontrada em 3amostras com número mínimo (umaunidade), sendo que a grande maio-ria, 23 amostras (88,5%), apresenta-va-se sem este tipo de contaminação.O nível de descarte (11,5%) foi umpouco inferior ao já relatado paraamostras do Paraná (19,4%), mas su-ficiente para indicar a necessidade deserem estabelecidas condições maisadequadas na fase de armazenamento.

A Figura 5 ilustra a distribuiçãonas amostras analisadas.

A presença de sujidades do tipomatéria arenosa ou terrosa, contami-nação proveniente das dornas defermentação assim como do processode secagem em campos não grama-dos, foi constatada em todas as amos-tras sob aspecto subjetivo. Foi veri-ficado que 16 amostras estavam umpouco contaminadas, 8 já tinhamcontaminação considerada média e 2estavam muito contaminadas. A Fi-gura 6 ilustra a distribuição nas amos-tras.

Resultados similares foram verifi-cados no Paraná (9), onde o percentualde amostras muito contaminadas foimaior, de 22,6%, contrastando com os7,7% observados neste conjunto.

Assim, de uma forma geral podeser observado que nas amostras depolvilho azedo inspecionadas foramverificadas freqüências indesejáveisde fragmentos de insetos, de insetosinteiros, contaminação com ácaros,

larvas ou pupas, com pê-los de roedores; todas asamostras apresentaramcontaminação com mate-rial arenoso-terroso.

Os resultados das aná-lises físico-químicas e fun-cionais feitas com as amos-tras de polvilho azedo en-contram-se na Tabela 1,compreendendo os valo-res mínimos e máximos,as amplitudes, as médias,desvios padrões e coefici-entes de variação.

A fim de poder compa-rar estes valores com ou-tros já disponíveis na lite-ratura com relação ao pol-vilho azedo no Paraná (9)e ao polvilho doce na re-gião Sul do país (12) osresultados são apresenta-dos na Tabela 2: estão som-breadas aquelas proprie-dades úteis na discrimina-ção dos conjuntos.

Pode ser observado quea umidade média dasamostras é superior aopreconizado pela legisla-ção, de 14% (14): 23 amos-tras estavam acima destelimite. Os valores já rela-tados para polvilho azedo compreen-dem a média de umidade mais baixa,de 13,00g% (9) e a do conjunto de

Figura 5 - Presença de pêlos de roedores

Figura 6 - Presença de matéria areno-terrosa

Tabela 1 - Características de qualidade de polvilho azedo

N=26 Estatística descritiva

Desvio Coeficientepadrão de variação

Umidade, g% [p/p] 12,1 17,2 5,1 14,17 1,48 10,44%pH(A) 3,2 4,4 1,2 3,78 0,29 7,67%Acidez, ml/100g 1,0 8,2 7,2 3,08 1,59 51,62%Absorção a 50oC(A) 2,4 3,8 1,4 3,08 0,38 12,34%Absorção a 95oC(A) 29,4 53,3 23,9 43,16 6,47 14,99%Solubilidade a 50oC [p/p](A) 1,2 8,4 7,2 2,87 1,78 62,02%Solubilidade a 95oC [p/p](A) 47,9 104,0 56,1 73,63 15,97 21,69%Volume específico, ml/g 5,4 15,5 10,1 8,62 2,83 32,83%Grau de expansão(A) 4,8 12,7 7,9 7,46 2,05 27,48%

(A) Adimensional.

Variáveis, dimensão Mínimo Máximo Amplitude Média

polvilho doce, ainda menor, de 12,5%(12).

Os valores de pH nas amostras depolvilho azedo apresentarama média de 3,78 ± 0,29 unida-des, o que implica um coefi-ciente de variação de 7,67%,próximos dos valores já re-latados (9) mas distintos dosencontrados em amostras depolvilho doce (12).

Os resultados das análi-ses de acidez total titulávelindicaram um valor médiode 3,08 ml de NaOH 1N por100g de amostra, demons-trando que o conjunto deamostras de polvilho azedocoletado em Santa Catarinaé mais ácido do que o coleta-do no Paraná e, embora nãodifiram significativamenteentre si, são ambos distintos#

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tas duas propriedades, a de volumeespecífico a de grau de expansão, e suaadequação como critérios na defini-ção dos padrões de qualidade.

A distribuição dos valores de volu-me específico no conjunto de amos-tras de polvilho azedo coletadas emSanta Catarina é apresentada na Fi-gura 7, podendo ser claramente ob-servada a sua diferença com relaçãoao valor médio do volume específicodo polvilho doce. Semelhante disper-são também pode ser observada comrelação à propriedade grau de expan-são, apresentada na Figura 8.

Assim, como as propriedades devolume específico e de grau deexpansão se apresentam como maisaplicáveis no processo de qualificaçãodo polvilho azedo, apresenta-se a se-guir o nível de descarte das amostrasem diferentes valores possíveis deserem usados como limites (Tabela3).

É possível verificar que são apre-sentados com clareza e discriminadosos dois conjuntos de amostras, o depolvilho azedo e o do polvilho doce,representado no gráfico com o seuvalor médio (12). É oportuno explicitarque os valores mínimos desta propri-edade para o polvilho azedo são muitosuperiores aos valores máximos en-

Tabela 2 - Propriedades físico-químicas e funcionais dos conjuntos de amostras depolvilho azedo e polvilho doce

Polvilho azedo Polvilho docePropriedades

Santa Catarina Paraná

Umidade, g% [p/p] 14,17 + 1,48 13,00 + 1,49 12,30 + 1,20pH(A) 3,78 +

0,29 4,05 + 0,34 5,50 + 0,37Acidez [ml/100g] 3,08 + 1,79 4,79 + 1,89 0,54 + 1,16Absorção a 50oC(A) 3,08 + 0,38 2,95 + 0,65 3,13 + 0,80Absorção a 95oC(A) 43,16 + 6,47 28,26 + 9,17 30,54 + 4,01Solubilidade a 50oC [p/p](A) 2,87 + 1,78 4,43 + 1,93 1,26 + 0,40Solubilidade a 95oC [p/p](A) 73,63 + 15,97 72,65 + 15,29 22,10 + 8,19Volume específico, ml/g 8,62 + 2,83 7,66 + 2,08 1,81 + 0,35Grau de expansão(A) , no vezes 7,46 + 2,05 8,32 + 2,16 1,43 + 0,22

(A) Adimensional.Fonte: DEMIATE et al. (1997) e SANTOS & WOSIACKI (1996)

Polvilhodoce

do conjunto de amostras de polvilhodoce.

Estas duas variáveis, pH e acideztotal titulável, podem, pois, ser úteisno processo de identificação de indica-dores de qualidade para polvilhos, tantoazedos quanto doces.

A capacidade de absorção de águafria, medida a 50oC, apresentou umvalor médio de 3,08 e a medida a95oC, o valor médio de 43,16; o au-mento da temperatura causou, por-tanto, um aumento de 14 vezes nestapropriedade das amostras de polvilhoazedo. Em ambos os casos o conjuntode amostras mostrou-se relativamen-te heterogêneo. Estes resultados as-semelham-se aos dos conjuntos depolvilho azedo e doce, não havendodiferença significativa entre eles (9 e12).

A solubilidade do polvilho azedo a50 oC apresentou valor médio de2,87g% e a 95oC, o valor médio passoua 68,55g%, o que mostra o aumento de24 vezes em função da temperatura.Embora a influência do aquecimentoseja marcante e semelhante nos trêsconjuntos, o de polvilho doce apresen-ta-se com solubilidade mais baixa,com significância estatística.

O volume específico, com um valormédio de 8,62ml/g é semelhante ao de7,66ml/g relatado (9) mas diferente do1,81ml/g do polvilho doce (12). O graude expansão, por outro lado, com a

média de 7,46 vezes, é semelhante aojá relatado (9), de 8,32 vezes, masdiferente do atingido no conjunto depolvilho doce, de 1,43ml/g (12).

Como estas três últimas proprie-dades podem ser úteis no processo dediscriminação de conjuntos de polvi-lhos azedos e doces, e como as rela-cionadas ao volume final dos biscoitossão mais facilmente adaptáveis àscondições no ambiente de produção,optou-se por analisar os valores des-

Figura 7 - Distribuição dos valores de volume específico

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grau de correlação entre as variáveis,que se mostram, pois, independentesentre si; a única exceção é, sem dúvi-da, a correlação negativa entre o pH ea acidez titulável, pelos próprios con-ceitos físico-químicos. A tentativa deencontrar uma explicação para o graude expansão nas demais variáveis es-tudadas não mostrou mais do queuma pequena influência da solubi-lidade a 95 oC, sem expressão estatís-tica.

A análise dos componentes princi-pais considerando as respostas encon-tradas no conjunto das amostras depolvilho azedo levou a observação deum dendrograma de pouca utilidadena demonstração de níveis de simila-ridade para formação de grupos afins;assim, observa-se um conjunto alta-mente heterogêneo, em se conside-rando as propriedades analisadas -quando a análise foi efetuada incluin-do os dados das amostras de polvilhodoce não houve modificação dos resul-tados.

Como conseqüência não é possívelidentificar conjuntos tecnicamentesignificantes em projeçõesbidimensionais dos dois primeiros com-ponentes principais e nem mesmocom variáveis selecionadas como maisinteressantes para discriminações, aexemplo da solubilidade a 95oC, dovolume específico e do grau de expan-são.

Conclusões

As amostras analisadas de polvilhoazedo apresentaram-se contaminadascom material areno-terroso e commaterial biológico, em menor oumaior grau, o que indica claramente anecessidade de intervenção técnicano processo de produção visando amelhoria da qualidade do produto fi-nal.

Foi verificado também que as pro-priedades de umidade e de absorçãode água são comuns aos dois conjun-tos de amostras, de polvilho azedo ede polvilho doce. As propriedades depH, acidez, solubilidade, e de volumeespecífico e de grau de expansão,entretanto, podem ser utilizadaspara discriminar os conjuntos, se

contrados para o conjunto de polvilhodoce (12). Pode-se assim sugerir tantovalores mínimos para o primeiroquanto valores máximos para o se-gundo.

Do gráfico, e dos dados apresenta-dos nas Tabelas 1 e 2, e da literatura(9 e 12), pode-se observar que as amos-tras de polvilho azedo apresentamvalores de volume específico e de graude expansão mínimos superiores a

5,0ml/g e 5 vezes, respectivamente,enquanto que os biscoitos de polvilhodoce atingem, no máximo, o valor de2,54 ml/g e 1,6 vezes de expansão.

Com a intenção de identificar grausde semelhanças ou divergências en-tre as amostras, as característicasanalisadas foram ainda estudadas soba óptica da análise estatísticamultivariada. A inspeção dos núme-ros revela que não existe nenhum

Tabela 3 - Exclusão de amostras em função de limites estabelecidos

Volume específico Grau de expansão

Limite Amostras Percentual Limite Amostras Percentual

4ml/g 0 0 4 vezes 0 05ml/g 0 0 5 vezes 2 7,69%6ml/g 5 19,23% 6 vezes 7 26,92%7ml/g 10 38,46% 7 vezes 13 50,00%8ml/g 13 50,00% 8 vezes 15 57,69%9ml/g 16 61,54% 9 vezes 21 80,77%10ml/g 17 65,38% 10 vezes 23 88,46%11ml/g 18 69,23% 11 vezes 24 92,30%12ml/g 23 88,46% 12 vezes 25 96,15%13ml/g 25 96,15% 13 vezes 26 100,00%14ml/g 25 96,15% 14 vezes 26 100,00%15ml/g 25 96,15% 15 vezes 26 100,00%16ml/g 26 100,00% 16 vezes 26 100,00%

Figura 8 - Distribuição dos valores do grau de expansão

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estabelecidos os limites de cada con-junto.

É possível sugerir os valores de5ml/g e 5 vezes, respectivamente, paraas propriedades de volume específicoe de grau de expansão, como limitesmínimos para as amostras de polvilhoazedos.

Agradecimentos

Os autores são agradecidos aMareci Mendes e Eliane D.G. Danesipela revisão do texto, e a MariaEtelvina M. Ramos, pela revisão dascitações bibliográficas.

Literatura citada

01. TAGLIARI, P.S. Agroindústria de man-dioca: desafios para os pequenos em-presários. Agrop. Catarinense, Floria-nópolis, v.9, n.3, p.37-42, set. 1996.

02. SANTOS, D.S.; WOSIACKI, G. Caracte-rização da gestão agroindustrial nasunidades produtoras de polvilho azedono Estado de Santa Catarina. In: MA-RATONA DE PESQUISA EM CIÊN-CIA E TECNOLOGIA DE ALIMEN-TOS, 4., 1996, Ponta Grossa, PR. Anais .Ponta Grossa: Imprensa Universitária,1996. p. 35-47.

03. CEREDA, M.P. Padronização de qualida-de de fécula de mandioca fermentada(polvilho azedo). II - Ensaio de absorçãode água. Boletim SBCTA, Campinas,v.17, n.3, p. 287-96, 1983.

04. CEREDA, M.D. Avaliação da qualidade defécula fermentada comercial de mandi-oca (polvilho azedo). I - Característicasviscográficas e absorção de água. Re-vista Brasileira de Mandioca, Cruz dasAlmas, v.3, n.2, p.21-23, 1985.

05. CEREDA, M.P.; BONASSI, I.A. Avaliaçãoda qualidade da fécula fermentada co-mercial de mandioca (polvilho azedo).III - Ácidos orgânicos e absorção deágua. Revista Brasileira de Mandioca,Cruz das Almas, n.3, v.2, p.21-30, 1985.

06. CEREDA, M.P.; CATANEO, A. Avaliaçãode parâmetros que influem na qualida-de do polvilho azedo. In: CONGRESSOBRASILEIRO DE MANDIOCA, 4.,1986, Balneário Camboriú, SC. Resu-mos. Balneário Camboriú, SBM, 1986.p.62.

07. DEMIATE, I.M.; CARBONI, F.;WOSIACKI,G. Avaliação da qualidadede cinco amostras de polvilho azedo. In:ENCONTRO NACIONAL DE ANA-LISTAS DE ALIMENTOS, 8., 1993,Porto Alegre, RS . Resumos. Porto Ale-gre: 1993. p.171

08. DEMIATE, I.M .; VOGLER, Z.; SENGER,S. A.; WOSIACKI, G.. Características

de qualidade do polvilho azedo produzi-do no Paraná - Região dos CamposGerais. In: CONGRESSO BRASILEI-RO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DEALIMENTO, 14., 1994, São Paulo, SP.Programa e comunicações científicas.São Paulo: SBCTA, 1994. p.221.

09. DEMIATE, I.M.; SENGER, S.A.;VOGLER, Z.; CEREDA, M.P.;WOSIACKI, G. Características de qua-lidade de amostras de polvilho azedoproduzido ou comercializado no Estadodo Paraná. Arquivos de Biologia e

Tecnologia, Curitiba, v.40, n.2, abr./jun./1997 (No prelo).

10. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normasanalíticas; métodos químicos e físicospara análises de alimentos. São Paulo:1976. 271p.

11. CEREDA, M.P. Padronização de qualida-de de fécula de mandioca fermentada(polvilho azedo). I - Formulação e pre-paro de biscoitos. Boletim do SBCTA,Campinas, v.17, n.3, p. 287-295, jul./set.1983.

12. DEMIATE, I.M.; NOGUEIRA, A.; SOU-ZA, T.O.; WOSIACKI, G.; CEREDA,M.P. Características de qualidade dopolvilho doce. In: REUNIÃO ANUALDA SBPC, 49., 1997, Belo Horizonte,MG. Anais. Belo Horizonte: SBPC, 1997.p.18.

13. ZAMBONI, C.Q.; ALVES, H.I.; BATISTIC,M.O.; RODRIGUES, R.M.M.S.; ATUI,M.B.; SANTOS, M.C. Sujidades e frau-des em amidos e féculas. Boletim doCEPPA, Curitiba, v.9; n.1, p.1-8, jan./jun. 1991.

14. BRASIL. Leis, decretos, etc. Decreto no

12.486, de 20 de outubro de 1978. Nor-mas técnicas especiais relativas a ali-mentos e bebidas. Diário Oficial doEstado de São Paulo. São Paulo, 21 out.1978. p.3-25.

Ivo Mottim Demiate, eng. agr., M.Sc., De-partamento de Zootecnia e Tecnologia deAlimentos da Universidade Estadual de Pon-ta Grossa, Caixa Postal 992. 84010-330 PontaGrossa, PR; Tarleide Oliveira de Souza eSilvana Pugsley, acadêmicas dos cursos defarmácia e bioquímica e de licenciatura emciências biológicas, respectivamente, bolsis-tas do CNPq; Marney Pascoli Cereda, eng a

agra, Doutora em Tecnologia de Alimentos,pesquisadora do CNPq, Centro de RaízesTropicais - CERAT/Faculdade de CiênciasAgronômicas da UNESP - Botucatu, SP eGilvan Wosiacki, eng. químico, M.Sc., Dou-tor em Ciências de Alimentos, pesquisador doCNPq, Departamento de Zootecnia eTecnologia de Alimentos da UniversidadeEstadual de Ponta Grossa.

Figura 9 - Grau de similaridade das amostras de polvilho azedo

Tecnologia de alimentosTecnologia de alimentosTecnologia de alimentosTecnologia de alimentosTecnologia de alimentos

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LANÇAMENTOSEDITORIAIS

* Estas e outras publicações da Epagri podem ser adquiridas na Sede da Empresa em Florianópolis, ou mediante solicitação ao seguinte endereço:GMC/Epagri, C.P. 502, Fone (048) 234-0066, 88034-901 Florianópolis, SC.

Normas técnicas para o to-mateiro tutorado na região doAlto Vale do Rio do Peixe. Bo-letim Técnico no 27. 60p.

O trabalho reúne as tecnologi-as adotadas e recomendadas parao cultivo do tomateiro na região doAlto Vale do Rio do Peixe, onde aárea de plantio teve um aumentosignificativo nos últimos dez anos.

Economia na atividade lei-teira - Tecnologias para produ-ção de leite. Boletim Técnico no

84. 52p.Segundo os autores, engenhei-

ros agrônomos Irceu Agostini,Silvano Marcelo Pires Santos,Amaro Hillesheim e o economistaMaurício César Silva, o objetivodeste trabalho é mostrar que asanálises econômicas que envolvema atividade leiteira devem semprecontemplar um sistema e não situ-ações isoladas.

Alimentos utilizados naprodução de leite em SantaCatarina - Tecnologias paraprodução de leite. Boletim Téc-nico no 85. 29p.

Mais um trabalho da série “Tec-nologias para produção de leite”,cujo objetivo é divulgar, neste volu-me, os aspectos ligados à alimen-tação. Uma equipe de pesquisado-res e extensionistas ligados a vári-as instituições agropecuárias doEstado, e liderados pela Epagri,tem-se valido do conhecimento e daexperiência dos profissionais aolongo do tempo para divulgar ostemas técnicos-produtivos,gerenciais e econômicos que com-põem o setor produtivo dabovinocultura de leite.

Os autores desta publicação,os engenheiros agrônomos daEpagri Edison Azambuja Gomesde Freitas e Jorge Homero Dufloth,discorrem sobre a importância dosalimentos no aumento da produ-ção leiteira.

Principais forrageiras parao Planalto de Santa Catarina.Boletim Técnico no 86. 51p.

Neste trabalho os engenheirosagrônomos Mario Angelo Vidor,Miguel Dall’Agnol e Fernando LuizFerreira de Quadros dão ênfaseespecial àquelas espécies de maioradaptação e/ou potencialidadepara as regiões de clima Cfb doEstado.

Melhoramento genético degado de leite - seleção de vacase touros. Tecnologias para pro-dução de leite. Boletim Técnicono 88. 44p.

O trabalho, que é uma ediçãoconjunta com a Embrapa Gado deLeite, apresenta os princípios bási-cos da seleção, os fatores não genéti-cos que afetam a produtividade deleite, os procedimentos de avaliaçãode vacas e touros, além de fornecersubsídios para escolha dereprodutores. A autoria é do enge-nheiro agrônomo Nilson MilagresTeixeira, pesquisador da EmbrapaGado de Leite.

Adubação e calagem de plan-tas forrageiras - Tecnologias paraprodução de leite. Boletim Técnicono 89. 48p.

Este boletim aborda sucintamen-te os aspectos básicos relacionados aadubação e calagem de plantasforrageiras, com ênfase nas caracte-rísticas edafoclimáticas e nas espéci-es recomendadas para as condiçõeslocais. Os engenheiros agrônomosNévio João Nuernberg (Epagri) eCarlos Alberto Bissani (UFRGS/ Fa-culdade de Agronomia - Departa-mento de Solos) são os autores desteboletim.

Conservação de forragens -Tecnologias para produção deleite. Boletim Técnico no 90. 46p.

Segundo os autores Edison Xavierde Almeida (pesquisador da Epagri)e Fernando Luiz Ferreira de Quadros(Universidade Federal de SantaMaria/Departamento de Zootecnia) épossível minimizar o problema daestacionalidade da produçãoforrageira ao longo do ano, por meiode um bom manejo dos pastos, dan-do-se lugar à conservação de forra-gens nas formas de silagem ou feno,ou de ambas. O trabalho apresentaas técnicas de ensilagem e fenação,as principais forrageiras indicadaspara cada processo, as perdas e oscustos de produção.

Solos orgânicos: aspectos ge-rais e recomendações prelimi-nares de adubação e calagempara o arroz irrigado. BoletimTécnico no 91. 24p.

O objetivo deste trabalho é o deprestar algumas informações preli-minares sobre solos orgânicos e apre-sentar sugestões de ordem práticasobre a adubação e calagem do arrozirrigado nestes solos. O autor é oengenheiro agrônomo RonaldirKnoblauch, pesquisador da Epagri/Estação Experimental de Itajaí.

Avaliação de sistemasagroflorestais com erva-mate eculturas anuais no Oeste Catari-nense. Boletim Técnico no 92. 29p.

O trabalho avalia o comporta-mento da erva-mate com milho, soja

e feijão, em diferentes espaçamentos,arranjos e densidades de plantas. Aautoria é de Dorli Mario Da Croce,Raul de Nadal e Paulo Alfonso Floss,pesquisadores do Centro de Pesqui-sa para Pequenas Propriedades -CPPP/Epagri.

Cultivo protegido de hortali-ças - Manual técnico. Boletim Di-dático no 18. 62p.

José Angelo Rebelo, Pedro PauloFantini, Euclides Schallenberger eHonório Francisco Prando (Epagri/Estação Experimental de Itajaí) ela-boraram este manual com técnicasrecomendadas para cultivo de horta-liças em abrigos que servem de pro-teção das plantas em todas as fasesda cultura, desde as sementes até àcolheita.

Como conservar frutas e ver-duras. Boletim Didático no 19. 10p.

O trabalho apresenta as formasmais apropriadas de aproveitamen-to de frutas e hortaliças, como geléi-as, doces, compotas, sucos, vinhos,picles, conservas, congelados e fer-mentados.

Recomendações técnicaspara a cultura do feijão em SantaCatarina. Sistemas de Produção no

29. 70p.Mais uma publicação da série

Sistemas de Produção, onde estãoreunidas as principais tecnologiasrecomendadas para o cultivo do fei-jão.

Em área, o feijão é atualmente asegunda cultura mais importante noEstado de Santa Catarina. Em con-dições favoráveis, a produçãocatarinense anual tem oscilado entre290 e 340 mil toneladas, represen-tando cerca de 11% da produção na-cional.

Zoneamento agrícola para acultura do feijão em Santa Cata-rina. Documentos 186. 33p.

Por determinação do ConselhoMonetário Nacional, os agricultoresque semearem feijão segundo ozoneamento agrícola da cultura te-rão uma redução na taxa do Proagro,que passará de 4,7% para 1,7% apartir da safra agrícola 1996/97.Também o Banco do Brasil somenteliberará crédito de plantio àquelesprodutores que obedecerem o referidozoneamento.

Em Santa Catarina coube àEpagri, com o apoio do Ministério daAgricultura e do Abastecimento, atarefa de realizar o zoneamento dofeijão, apresentado e divulgado nestedocumento. Os autores deste traba-lho são os pesquisadores da EpagriVera Magali Radtke Thomé, Sergio

Luiz Zampiere, Hugo José Braga,Angelo Mendes Massignam, DarciAntônio Althoff e os bolsistas doMinistério da Agricultura e do Abas-tecimento, Cristina Pandolfo e Gui-lherme Xavier de Miranda Jr.

Zoneamento agrícola paraa cultura do arroz irrigado emSanta Catarina . Documentos no

189. 37p.Os autores deste trabalho são

os engenheiros agrônomos daEpagri Vera Magali Radtke Thomé,Sergio Luiz Zampiere, Hugo JoséBraga, Darci Antônio Althoff e osbolsistas do Ministério da Agricul-tura e do Abastecimento, CristinaPandolfo e Guilherme Xavier deMiranda Jr.

Biologia dos Solos dosCerrados

É o novo livro, lançado pelaEmbrapa Cerrados, dirigido aprodutores, técnicos e estudan-tes que desejam conhecer e ado-tar uma agricultura sustentávelna região, reduzindo custos parao agricultor e protegendo o meioambiente, principalmente ossolos.

A obra traz o mais completoestudo sobre o assunto,condensando toda a pesquisaaté hoje realizada desde o iníciodos trabalhos, há 25 anos. São524 páginas, com orientação eestudos sobre diversos assun-tos, destacando-se a fixação bi-ológica de nitrogênio em feijão,soja e leguminosas forrageiras,além da manutenção da maté-ria orgânica do solo, visando amelhoria das características daterra.

Os editores são os pesqui-sadores Milton A.T. Vargas (daEmbrapa Cerrados) eMariângela Hungria (daEmbrapa Soja), que fazem par-te do único Grupo de Excelênciaem Fixação Biológica do Nitrogê-nio, aprovado pelo Programa deApoio de Núcleos de Excelência,do Ministério da Ciência eTecnologia, que financiou aspesquisas dos dois cientistas.Com prefácio de Carlos MagnoCampos da Rocha, Chefe Geralda Embrapa Cerrados, o livroconta com artigos dos editores,de outros pesquisadores daEmbrapa e das universidadesde Brasília, Federal de MinasGerais e do Rio de Janeiro.

Os interessados podem ad-quirir o livro por R$ 20,00, naEmbrapa Cerrados, Setor deVendas e Publicações, fone (061)389-1171. Texto do jornalistaJorge Reti.

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Lei de Proteção de Cultivares: como fica o comércio deLei de Proteção de Cultivares: como fica o comércio deLei de Proteção de Cultivares: como fica o comércio deLei de Proteção de Cultivares: como fica o comércio deLei de Proteção de Cultivares: como fica o comércio desementes e mudas melhoradassementes e mudas melhoradassementes e mudas melhoradassementes e mudas melhoradassementes e mudas melhoradas

Miguel Pedro Guerra e Rubens Onofre Nodari

m 25/04/97, o presidente da Re-pública sancionou a lei 9.456

que trata da proteção de cultivares.No Brasil, as iniciativas para a criaçãode legislação a respeito da proteçãolegal dos direitos de melhorista da-tam de 1965, com a discussão da lei desementes. Durante estes 30 anos re-petidas vezes este assunto veio à tona.

Um dos primeiros países a adotara proteção de cultivares foi os EstadosUnidos em 1930, com o “Plant PatentAct”. Esta medida garantia aomelhorista o direito de propagar asmudas de variedades protegidas porum período de 17 anos. A justificativautilizada para a implantação da medi-da foi incentivar o investimento empesquisas com plantas de propagaçãovegetativa. Somente 40 anos maistarde os Estados Unidos implantaramo sistema de proteção de cultivarescom propagação sexuada, o “PlantVariety Protection Act”.

O desenvolvimento de novas culti-vares e de outras tecnologias agríco-las provocou um grande impacto naagricultura mundial. Concomitante-mente a isto ocorreu uma grandemobilização para estabelecer siste-mas de proteção nos países industria-lizados. No ano de 1961, em Paris,ocorreu a primeira convenção inter-nacional que resultou na criação daUnião Internacional para a Proteçãode Obtenções Vegetais - UPOV. AUPOV é um organismo internacio-nal, que estabelece os direitos demelhorista ou de propriedade intelec-tual sobre as variedades melhoradas.Posteriormente esta convenção foirevisada em 1972, 1978 e 1991. Aadesão a uma das duas últimas con-venções (1978 ou 1991) requer que o

país tenha estabelecido uma legisla-ção própria e compatível com as dire-trizes estabelecidas. Além disso, aOrganização Mundial de PropriedadeIndustrial (WIPO ou OMPI) determi-nou que os países membros que nãotivessem estabelecido legislação so-bre o assunto não poderiam aderir àConvenção de 78, estando automati-camente incluídos na Convenção de1991.

O Brasil, que agora tem sua lei deproteção de cultivares, poderá aderirà Convenção de 1978, a qual tem apreferência da maioria dos países,uma vez que este é o sistema deproteção mais adequado para o desen-volvimento agrícola mundial. Na rea-lidade, a UPOV dilatou o prazo deadesão, especialmente para que al-guns países, como o Brasil, pudessemaderir à convenção de 1978. Atual-mente, já assinaram esta convençãomais de 20 países, entre os quaisCanadá, Estados Unidos, países daEuropa, Argentina, Uruguai e Chile.Especialistas do mundo inteiro têmsido unânimes em afirmar que a Con-venção de 1991 satisfaz preferencial-mente as grandes empresas produto-ras de sementes em detrimento dointeresse social. Por isto mesmo,poucos países aderiram a esta últimaconvenção.

As formas de proteção

O governo brasileiro tomou a inici-ativa de enviar ao Congresso Nacio-nal o Projeto de Lei de Proteção deCultivares, basicamente em funçãoda globalização da economia e emdecorrência da necessidade de se ajus-tar aos tratados internacionais. Nos

Estados Unidos, bem como na Euro-pa, a Lei de Proteção de Cultivaresproporcionou um aumento de investi-mento privado no setor, com a criaçãode empresas de melhoramento deplantas e de sementes. As justificati-vas levantadas no Congresso Nacio-nal de que esta lei poderia induzir aum aumento nos investimentos dainiciativa privada no desenvolvimen-to de novas cultivares no país já não sesustentam, uma vez que as grandesempresas multinacionais de produtosquímicos ou outras adquiriram ouestão adquirindo as empresas de se-mentes de porte menor na maioriados países.

Embora em alguns países exista odireito de patente sobre variedades, oacordo TRIPS permitiu aos Estadosmembros o direito de excluir dapatenteabilidade as cultivares de plan-tas e as raças de animais. O Brasilutilizou esta prerrogativa. A nova leide propriedade industrial (lei 9.279),também chamada de Lei de Patentes,aprovada em maio de 1996, prevê emseu artigo 18 que as variedades vege-tais não são patenteáveis. Isto foiconsiderado um avanço pelas implica-ções óbvias desta medida. Estariaentão reservado para as espécies ve-getais uma legislação específica. Coma lei 9.456, as cultivares melhoradaspassaram a ser protegidas pelos ‘di-reitos de melhorista’. A diferença en-tre o sistema de patentes e o de direi-tos de melhorista está basicamenterestrita aos efeitos da proteção. Ouseja, a proteção não é tão severa comos pesquisadores, agricultores e con-sumidores, como é o caso das paten-tes. Nos países onde as patentes decultivares são permitidas, a proteção

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Legislação: biotecnologiaLegislação: biotecnologiaLegislação: biotecnologiaLegislação: biotecnologiaLegislação: biotecnologia

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gêneros num prazo de 8 anos, após aentrada em vigor da lei. Em seuartigo 4o, a lei prevê a inclusão dasespécies gradativamente. Assim, numprimeiro momento a lei abrangerácinco espécies, às quais serão acresci-das de mais cinco após três anos daregulamentação da lei. Outras cator-ze espécies serão incorporadas até ooitavo ano após a regulamentação.Quando protegida a cultivar, o deten-tor do registro, chamado de titular,detém os direitos de melhorista. Ouseja, o produtor de sementes (ou mu-das) que quer utilizar a cultivar emlavoura comercial de produção de se-mentes (ou mudas) deverá ter licençado titular, a ser obtida mediante acor-do. Por ocasião da compra de semente(ou muda) de cultivar protegida para oprimeiro plantio de lavoura comer-cial, o agricultor estará pagando osroyalties referente à proteção no pre-ço final do produto.

A lei ainda prevê salvaguardas quepermitem a interferência do Ministé-rio da Agricultura na multiplicação ecomercialização das cultivares prote-gidas. A primeira delas é a licençacompulsória que permite a explora-ção de uma cultivar protegida sem aautorização de seu titular. Nos casosde emergência nacional ou abuso dopoder econômico, uma cultivar prote-gida poderá se tornar de uso públicorestrito. Entretanto, em ambos oscasos, o titular terá assegurado a re-muneração referente à exploração e oassunto terá especificidade em regu-lamento posterior.

A lei e o pequenoprodutor

Do ponto de vista do produtor, a leitambém é flexível ao lhe permitirutilizar como semente para a safraseguinte material colhido no ano an-terior, com exceção da cana-de-açú-car. Para os pequenos produtores, alei permite, além do uso da própriasemente, a troca de material protegi-do com outros pequenos agricultores.Este aspecto é um avanço em relaçãoao texto original. Assim estão assegu-rados os replantios, nos quais se utili-za semente própria. Para os pequenos

agricultores de Santa Catarina e deoutros Estados, a troca de sementes éprática comum e esta prática poderácontinuar sem ferir a legislação. Des-ta forma, uma vez adquirida a semen-te ou muda pela primeira vez, tanto ouso para replantio ou mesmo a trocaentre pequenos agricultores poderãoser feitos livremente. Para tanto, se-gundo a lei 9.456, considera-se peque-no produtor rural aquele que atendaos seguintes requisitos: 1) exploreparcela de terra na condição de pro-prietário, posseiro, arrendatário ouparceiro; 2) mantenha até dois em-pregados permanentes; 3) não dete-nha área superior a quatro módulosfiscais; 4) tenha no mínimo 80% desua renda bruta anual proveniente daexploração agropecuária ou extrativa,e 5) resida na propriedade ou emaglomerado urbano ou rural próximo.

Como o tamanho do módulo fiscalé variável (12 a 24ha), um proprietá-rio, para saber se pode ser considera-do pequeno produtor, deverá verifi-car, na prefeitura de sua cidade ou noInstituto Nacional de Colonização eReforma Agrária (Incra), o tamanhodo módulo fiscal de seu município.Sua propriedade não deve ser superi-or a quatro módulos fiscais. De qual-quer forma, a maioria dos produtoresdo Estado são enquadrados como pe-quenos produtores para os efeitosdesta lei. Assim, os agricultores deChapecó com menos de 80ha ou os deJoinville com menos de 48ha serãoconsiderados pequenos produtores e,portanto, poderão utilizar e trocar assementes colhidas da safra anterior.

Alguns problemas da lei

As decorrências mais imediatasdesta lei referem-se ao estabeleci-mento e funcionamento adequado doServiço Nacional de Proteção de Cul-tivares (SNPC), sua compatibilizaçãono âmbito do Mercosul, a diferencia-ção de uma cultivar essencialmentederivada da cultivar protegida, o cus-to adicional das sementes e mudasdos materiais protegidos e o uso degermoplasma.

Um dos aspectos mais preocu-pantes é a efetiva implantação e funcio-

abrange até a fase de industrializaçãodo produto primário.

Agora o Brasil tem duas leis (lei9.279 e lei 9.456) e a Convenção daBiodiversidade Biológica, cujo textofoi acordado em 5 de Junho de 1992durante a Conferência das NaçõesUnidas sobre o Meio Ambiente e De-senvolvimento, realizada no Rio deJaneiro (Rio 1992) com abrangênciasobre os recursos genéticos vegetais.Entretanto, o uso e o intercâmbio degermoplasma vegetal deverão ser re-gulados por outros instrumentos le-gais, como por exemplo, a Lei deAcessos, que ora tramita no SenadoFederal (PLS 306, de 1995).

A Lei de Proteção deCultivares

Em consonância com a legislaçãodisponível, o órgão a quem compete aproteção das cultivares é o ServiçoNacional de Proteção de Cultivares(SNPC), vinculado ao Ministério daAgricultura e Abastecimento. A lei9.456 não especifica claramente a es-trutura nem as atribuições deste ór-gão, o que deverá ser feito através deum regulamento.

Para o registro de uma determina-da cultivar no SNPC, a mesma deveter nome próprio e apresentar as ca-racterísticas de distinguibilidade,homogeneidade e estabilidade (sim-bolicamente abreviadas por DHE).Portanto, a variedade a ser protegidanão poderá ser idêntica a uma járegistrada no país ou em países comos quais o Brasil tem tratados. Nocaso de cultivares de autofecundaçãoou híbridos, a cultivar também deveapresentar a característica dehomogeneidade, ou seja, não poderáapresentar misturas. Finalmente, acultivar tem que ser estável, ou seja,manter suas características atravésdas gerações.

A Lei de Proteção de Cultivaresprotege pelo período de 18 anos asvideiras, plantas frutíferas, florestaise ornamentais e por 15 anos, as de-mais espécies. A ata vigente da UPOVé a de 1978, pela qual os Estadosmembros devem aplicar a Convençãopara um mínimo de 24 espécies ou

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Legislação: biotecnologiaLegislação: biotecnologiaLegislação: biotecnologiaLegislação: biotecnologiaLegislação: biotecnologia

namento do SNPC. Tanto as atribui-ções como sua estrutura não foramdefinidas pela lei, mas serão por regu-lamento, o qual não se sabe quandoserá feito nem seu conteúdo. A esteórgão caberia receber, processar, con-ceder ou denegar pedidos de registrose proteção de cultivares. Num mo-mento em que todo o sistema públicofederal encontra-se à beira do colap-so, é pouco provável que em curtoespaço de tempo seja possível estabe-lecer uma estrutura compatível coma magnitude e abrangência da lei. Oexemplo ilustrativo é a falta de condi-ções de funcionamento do InstitutoNacional de Propriedade Industrial(INPI) que, por não ser reestruturadoadequadamente, não consegue aten-der as demandas decorrentes da Leide Patentes, mesmo um ano após asua aprovação.

No âmbito do Mercosul a existên-cia de um mercado livre, num curtoprazo de tempo, implica a necessidadede compatibilização das legislaçõesdos Estados membros, que hoje apre-sentam diferenças marcantes. Dospaíses membros do Mercosul, agorasó o Paraguai não tem legislação pró-pria. Embora a legislação a respeitotenha sido tomada há mais tempo, onúmero de espécies ou variedadesprotegidas, tanto na Argentina comono Uruguai e Chile, é ainda baixo,provavelmente pela falta de incentivoao setor. A consolidação deste blococomercial dependerá também de ajus-tes das legislações específicas aos pon-tos consensuais, a serem definidosem negociações futuras entre os Esta-dos membros. Atualmente varieda-des desenvolvidas no Brasil estão sen-do cultivadas nos diversos países daAmérica Latina e vice-versa, semnenhum pagamento de royalties . Porcerto, esta situação deverá ser outraapós esta lei.

Do ponto de vista técnico, a ques-tão mais polêmica é a possibilidade deproteção de cultivar essencialmentederivada. O problema é estabelecer asdiferenças mínimas entre uma culti-var essencialmente derivada e a culti-var ancestral protegida. Estas dife-renças mínimas são difíceis e onero-sas de serem estabelecidas. A própria

lei no seu artigo 3 (incisos III e IX) nãodetermina com precisão qual é a mar-gem mínima que separa ambas, aoremeter para órgão competente o es-tabelecimento dos critérios de dife-renciação. Este aspecto é um indica-dor da complexidade da questão, o quese constitui numa das vulnera-bilidades da lei. Além disso, não ficaestabelecido como será constituído e ofuncionamento do órgão encarregado(SNPC).

Como a lei não fixa o valor daremuneração da proteção, no caso delicença para a produção ecomercialização de cultivares prote-gidas, não há como estimar no mo-mento a repercussão financeira sobreo custo total de sementes e mudas. Omais provável é que a remuneraçãoda proteção seja regulada pelo merca-do, com base na qualidade, aqui defini-da como o conjunto desejável de atri-butos agronômicos, e a aceitação doproduto final pelo consumidor. Contu-do, nos primeiros anos de implanta-ção da lei, acredita-se que nem afiscalização será muito eficiente nemo cumprimento da lei será pleno.Mesmo assim, deve ocorrer um au-mento no preço das sementes. Amagnitude deste aumento não podeser estimada no momento em virtudedos distintos estágios de desenvolvi-mento dos programas de melhora-mento genético e dos níveistecnológicos empregados nas diferen-tes culturas.

Outro aspecto relaciona-se com aremuneração das cultivares a seremproduzidas pelos órgãos oficiais depesquisa, como a Empresa Brasileirade Pesquisa Agropecuária - Embrapa,a Empresa de Pesquisa Agropecuáriae Extensão Rural de Santa Catarina -Epagri e outros institutos ou secre-tarias estaduais. Tais órgãos pratica-rão preços de mercado? Estarão sujei-tos a decisões políticas? Estas indaga-ções só serão respondidas com o tem-po.

Embora a Lei de Patentes proíba opatenteamento de plantas e animais,ela permite o patenteamento de pro-cessos, inclusive os biotecnológicos.Neste caso haveria a possibilidade deuma planta transgênica ser dupla-

mente protegida, pela Lei de Cultiva-res e pela Lei de Patentes. NoBrasil, esta tem sido a forma prefe-rida por empresas do setor paratentar obter o patenteamento de plan-tas transgênicas. Este aspecto vemgerando controvérsias em vários paí-ses, inclusive no âmbito da Comuni-dade Européia, uma vez que algunspaíses membros aceitam a dupla pro-teção.

Uma omissão grave da lei é a au-sência de qualquer dispositivo a res-peito das variedades crioulas. Apesardelas não serem produto melhoradoem programas convencionais de me-lhoramento genético, o germoplasmacrioulo atualmente em cultivo é re-sultante tanto da seleção natural quan-to de seleção artificial praticada pelosagricultores. A história tem demons-trado que as variedades crioulas con-tém genes de grande utilidade, quequando incorporados em variedadescomerciais permitem ganhos finan-ceiros elevados. Levando-se em con-sideração que há a possibilidade realda transferência de genes de varieda-des crioulas para cultivares melhora-das e sua conseqüente proteção, quaisseriam os direitos dos detentores des-te germoplasma? Ora, a própria con-venção da diversidade biológica, daqual o Brasil é signatário, propõe aremuneração para os pequenos agri-cultores e populações indígenas pos-sam continuar conservando esta di-versidade genética. Neste contextocabe uma segunda indagação: serálivre de qualquer ônus o acesso aosmateriais dos bancos de germoplasmamantidos no país e no exterior? Nãoseria pertinente que a Lei dos Aces-sos, em tramitação no CongressoNacional, disciplinasse estes casos?

Conclusão

Finalizando, a Lei de Proteção deCultivares deve ser encarada apenascomo um dos componentes de umsistema normatizador e disciplinadorda conservação, utilização e melhora-mento dos recursos genéticos vege-tais no país. É de todo desejável queeste processo seja amplamente discu-tido pela comunidade científica,

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agronômica, setor público e produti-vo, de tal maneira que, ao contráriodo ocorrido com a tramitação da Leide Patentes, possa haver uma mani-festação das partes interessadas paraque este processo seja aperfeiçoadocontinuamente.

Agradecimentos

Os autores agradecem aos reviso-res pelas sugestões ao texto e tam-bém à professora Glaci Zancan doDepartamento de Bioquímica daUFPR e vice-presidente da SBPC pe-las contribuições, estímulo e pela suapermanente luta pela questão dabiodiversidade no Brasil.

Literatura consultada

1. BRASIL. Lei no 9.279, de 14 de maio de 1996.

Legislação: biotecnologiaLegislação: biotecnologiaLegislação: biotecnologiaLegislação: biotecnologiaLegislação: biotecnologia

o

Regula direitos e obrigações relativos à

propriedade industrial - Lei de paten-

tes. Diário Oficial (da República Fede-

rativa do Brasil), Brasília, n.79, p. 8353-

8366, 1996. Seção 1.

2. BRASIL. Lei no 9.279, de 14 de maio de 1996;

Regula direitos e obrigações relativos à

propriedade industrial - Lei de Paten-

tes. São Paulo: EDIPRO, 1996. 95p.

3. BRASIL. Lei no 9.456, de 25 de abril de 1997.

Institui a Lei de Proteção de Cultivares

e dá outras providências. Diário Ofici-

al (da República Federativa do Brasil),

Brasília, n.79, p.8241-8246, 1997. Seção

1.

4. BRASIL. Projeto de Lei n o 306/95

(Substitutivo do Senador Osmar Dias).

Dispõe sobre o acesso a recursos gené-

ticos e seus produtos derivados e dáoutras providências. Brasília: Senado

Federal, 1997. n.p.

5. VARELLA, M.D. Propriedade intelectual

de setores emergentes. São Paulo: Atlas,

1996. 255p.

Miguel Pedro Guerra, Doutor em Fisiolo-gia Vegetal, professor titular do Departa-

mento de Fitotecnia, Centro de Ciências Agrá-rias/UFSC e secretário da Sociedade Brasilei-

ra para o Progresso da Ciência - Regional deSC, C. P. 476, 88040-900 Florianópolis, SC e

Rubens Onofre Nodari, Doutor em Gené-tica, professor titular do Departamento de

Fitotecnia, Centro de Ciências Agrárias/UFSC,presidente da Sociedade Brasileira de Gené-

tica - Regional SC, C. P. 476, 88040-900 Flo-rianópolis, SC.

A revista Agropecuária Catari-nense aceita, para publicação, artigostécnicos ligados à agropecuária, desdeque se enquadrem nas seguintes nor-mas:1. Os artigos devem ser originais e en-

caminhados com exclusividade àAgropecuária Catarinense.

2. A linguagem deve ser fluente, evi-tando-se expressões científicas e téc-nicas de difícil compreensão. Reco-menda-se adotar um estilo técnico--jornalístico na apresentação da ma-téria.

3. Quando o autor se utilizar de infor-mações, dados ou depoimentos deoutros autores, há necessidade deque estes autores sejam referen-ciados no final do artigo, fazendo-seamarração no texto através de núme-ros, em ordem crescente, colocadosentre parênteses logo após a infor-mação que ensejou este fato. Reco-menda-se ao autor que utilize nomáximo cinco citações.

4. Tabelas deverão vir acompanhadasde título objetivo e auto-explicativo,bem como de informações sobre afonte, quando houver. Recomenda-selimitar o número de dados da tabela,a fim de torná-la de fácil manuseio ecompreensão. As tabelas deverão virnumeradas conforme a sua apresen-

tação no texto. Abreviaturas, quandoexistirem, deverão ser esclarecidas.

5. Gráficos e figuras devem ser acom-panhados de legendas claras e obje-tivas e conter todos os elementos quepermitam sua artefinalização pordesenhistas e sua compreensão pe-los leitores. Serão preparados empapel vegetal ou similar, emnanquim, e devem obedecer às pro-porções do texto impresso. Dessemodo a sua largura será de 5,7 centí-metros (uma coluna), 12,3 centíme-tros (duas colunas), ou 18,7 centíme-tro (três colunas). Legendas claras eobjetivas deverão acompanhar osgráficos ou figuras.

6. Fotografias em preto e branco de-vem ser reveladas em papel brilhan-te liso. Para ilustrações em cores,enviar diapositivos (eslaides), acom-panhados das respectivas legendas.

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10.Todos os artigos serão submetidos àrevisão técnica por, pelo menos, doisrevisores. Com base no parecer dosrevisores, o artigo será ou não aceitopara publicação, pelo Comitê de Pu-blicações.

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12.Situações imprevistas serão resolvi-das pela equipe de editoração da re-vista ou pelo Comitê de Publica-ções.

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OPINIÃO

“O engenheiro“O engenheiro“O engenheiro“O engenheiro“O engenheiroagrônomo e aagrônomo e aagrônomo e aagrônomo e aagrônomo e a

política agrícola”política agrícola”política agrícola”política agrícola”política agrícola”Carlos Pieta Filho

Discurso do presidente da FAEABna abertura do XX Congresso Brasilei-ro de Agronomia em Blumenau, SC.

Repetimos aqui, senhor ministro, auto-ridades, senhores e senhoras, agricultores,presidentes de associações estaduais de en-genheiros agrônomos, colegas presentes, oque foi dito em março de 1994: no Brasilnunca houve e não há um modelo agrícola.As diretrizes econômicas para a agriculturasão, na verdade, apenas uma liberação peri-ódica e até ocasional de recursos financeiros,quase sempre insuficiente e submissa “àsconveniências de caixa”. Sem a característi-ca original do crédito agrícola e transforma-do em apêndice do Banco Central e BNDES,com regras emanadas do Conselho Monetá-rio Nacional, o apoio ao setor caiu na valacomum que burocratiza o acesso aos caríssi-mos recursos para a produção, afastando osprodutores necessitados de capital de giro edos insumos básicos para manter sua produ-ção e produtividade. Não há, no país, incen-tivos e nem subsídios à agricultura, justa-mente o contrário dos países ricos, o quecontribui para, ao invés de inserir o país nacontemporaneidade do primeiro mundo,evidenciar que a realidade brasileira impõerestrições que parecem tão avassaladoras aoponto de se temer uma queda para o quartomundo. Temos ou tínhamos 32 milhões debrasileiros passando fome e temos grandeparcela dos produtores rurais, especialmen-te os pequenos, descapitalizada, desorgani-zada, pouco capacitada e, conseqüentemen-te, fora do “circuito do mercado e do circuitotecnológico.”

Não houve aumento da área cultivada,embora tenhamos outros 47 milhões dehectares propícios à agricultura; não houveaumento significativo na produção nacionalde grãos - os grãos de milho e de soja produ-zidos, em sua maioria, se destinam aos ani-mais, caracterizando um “modelo redutor”de alimentos; tem havido insuficiente ofertade recursos financeiros ao setor agrícola e,quando ofertados, eles o são a altos custosfinanceiros; a não implementação ou nãocumprimento das regras do Proagro; a nãoimplementação da Lei 8.171 que dispõe so-bre a política agrícola; a descaracterizaçãodas atividades e a “estagnação” das atribui-ções do Ministério da Agricultura; baixossalários pagos a nossa categoria pelos órgãospúblicos da administração direta. Recente-mente, no último dia 12 a MP 1.588 preteriuos engenheiros agrônomos do Ministério daAgricultura na criação da Carreira de FiscalAgropecuário; extinção da extensão ruraloficial, deixando nos Estados milhares depequenos produtores rurais sem possibilida-

des de acesso às tecnologias; dificuldade paramanutenção das atividades da Embrapa e osconvênios com as empresas estaduais depesquisa agropecuária; desenfreada e incon-cebível criação de novas escolas de agrono-mia, sem a mínima estrutura, e quando hámilhares de colegas sem emprego ou semoportunidade de credenciamento oficial ou deexercer seu próprio negócio; e, finalmente, ocompleto esquecimento e desconsideraçãopara com as entidades representativas dosprodutores e dos profissionais em ciênciasagrárias, especialmente a categoria dos enge-nheiros agrônomos.

O Plano Real valorizou o câmbio, reduziutarifas de importação e elevou os juros apatamares recordes. A oferta de alimentoocasionada pelo bom desempenho do setor noano anterior foi fundamental para o avilta-mento dos preços, já que o aumento da de-manda (doméstica e externa) foi menor quea expansão da oferta em nível nacional.

O governo federal pouco fez para incen-tivar a produção, já que a estratégia é enxugaros excedentes de mercado, permitindo a ele-vação dos preços até um nível que não com-prometa o controle da inflação. No entanto,com a incerteza do clima e a redução dosestoques mundiais de grãos, esta política po-derá ter conseqüências desastrosas.

As decisões de plantio foram agora toma-das num clima de insatisfação, seja quanto àsperspectivas de mercado, seja quanto à atua-ção do governo através dos seus instrumen-tos de política agrícola. O recuo ou a estagna-ção da área plantada tornou-se inevitável e oBrasil continua produzindo apenas 400kg dealimentos por habitantes por ano, quando asnecessidades são de 800.

Embora as regras de financiamento doBNDES tenham baixado o custo do dinheiropara o “spread” básico e para operações espe-ciais, embora o Finame financie 100% dovalor do equipamento; embora as taxas dejuros no nosso crédito rural caíram de 12 para9,5% ao ano, considerando ainda que o Pronaftrouxe sensíveis melhoras no meio rural e autilização de 7,3 bilhões de reais na últimasafra pelo setor, é bom lembrar que estasmedidas estão ainda muito longe daquelas aque estão sujeitos nossos concorrentes láfora.

Diversas lideranças européias vêm afir-mando que “produzir livremente não podesignificar continuar a praticar a política dodumping através de subvenções às exporta-ções, porque arruínam os agricultores dospaíses em desenvolvimento.”

Esta posição é acompanhada de propostaspara alocação de recursos aos produtores sobo título de ajuda para “manter a paisagemrural, assegurar a harmonia territorial e fa-zer a guarda da natureza.” Ou seja, mantém--se o subsídio.

A conjuntura tem demonstrado, no en-tanto, que as correções de rumo do Plano Realconflitam com a necessidade de financiamen-to da agricultura a taxa de juros baixa. Nossosprodutores necessitam de uma política com-pensatória que sirva para neutralizar, ou pelomenos minimizar, os efeitos da política prote-

cionista difundida no hemisfério norte epara possibilitar um ambiente de segurançaalimentar ainda inexistente no país.

É a agricultura que tem o seu PIB sem-pre crescente, é a agricultura que é a ativi-dade que gera mais empregos por unidade decapital aplicado, é na agricultura que o retor-no do capital investido é rápido, é na agricul-tura que o custo de manutenção da mão-de--obra é mais barato - segundo a FAO, - o custopara a sociedade manter um migrante ruralno meio urbano é sete vezes mais caro do quemantê-lo na sua origem; é na agriculturaque vivem 37 milhões de pessoas, é na agri-cultura que se pode gerar muitos e muitosempregos, enfim está na ciência e tecnologiaagrícola a fonte capaz de prover base desustentação para a retomada do desenvolvi-mento que todos desejamos, beneficiandoprodutores no meio rural e consumidores nomeio urbano.

O governo conseguiu a compensação dacesta básica, a compensação o IPI, através dodesconto do PIS/COFINS, do ICMS da expor-tação, o que, se foi bom para o produtorbrasileiro, causou diminuição de arrecada-ção pelo Estado.

É necessário produzir mais, é necessárioinstituir subsídios, é necessário um grandeinvestimento tecnológico, agregar valor eagregar o valor é agregar cérebro na produ-ção. E aqui é que sobressai o engenheiroagrônomo, profissional de base curricularlarga, de formação eclética, que pode ser umexecutivo polivalente, realizando serviçosencomendados ou o seu próprio negócio,executando assim as mais diversas tarefas eprojetos, tanto no negócio agrícola(“agribusiness”) como na agropecuária emsi.

Os engenheiros agrônomos na condiçãode profissionais da ciência da vida, com atu-ação na produção, industrialização, distri-buição e controle da qualidade dos alimen-tos, na produção de energias renováveis e defibras para o vestuário e na potencializaçãodo lazer e do meio ambiente, estão solidárioscom a sociedade e dispostos a caminharjuntos na construção de um país novo, ondea cidadania e a qualidade de vida nos permi-tam o orgulho deste Brasil.

Louvemos a agricultura e os agriculto-res, que além da função social e de gerarempregos tem a função econômica gerarlucros, porém respeitemos o engenheiroagrônomo. Nós queremos melhores condi-ções de trabalho, queremos mais produção(para alimentar de 160 a 200 milhões deconterrâneos), mais investimentos emtecnologia, na comercialização e na distri-buição dos alimentos, estes com maior segu-rança e com melhor qualidade e a maiornúmero de brasileiros.

Carlos Pieta Filho, eng. agr., Ph.D., Cart. Prof. 31.971-9, CREA-SC, Epagri, C.P. 502, Fone (048)234-0066,Fax (048) 234-1024, 88034-901 Florianópolis, SC epresidente da Federação das Associações de Enge-nheiros Agrônomos do Brasil - FAEAB, Av. W3 NorteQ.516 Bloco A, Salas 502/503, Edifício Inácio de LimaFerreira, Fone (061) 349-5009, Fax (061) 349-3631,70770-515 Brasília, DF.

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CONJUNTURA

MudançasMudançasMudançasMudançasMudançasinstitucionaisinstitucionaisinstitucionaisinstitucionaisinstitucionais

Glauco Olinger

reorganização é o primeiro pen-samento que nasce entre diri-

gentes, administradores e consulto-res, principalmente do setor público,quando é sentida a necessidade demelhorar o desempenho das insti-tuições.

No entanto, mudanças radicaisnos objetivos, clientela, métodos emeios de ação deveriam ser as últi-mas medidas a serem tomadas, quan-do o grande problema está localizadono custo/benefício alcançado pela ins-tituição. Temos sido eternos refor-mistas da imprecisão e demonstra-do, a cada dia e progressivamente, aincompetência para gerir a coisa pú-blica. Nós somos o que fazemos e nãoculpemos aqueles que nos antecede-ram, ainda que tenham sido elesnossos professores, nossos chefes oupatrões, nossos pais, nossas mães,nossas esposas ou nossas namora-das.

Um estudo recente efetuado naCosta Rica concluiu que, após dezanos de mudanças numa instituiçãode pesquisa e extensão, não houvenenhum melhoramento visível nodesempenho de qualquer dos doisserviços, face aos resultados obtidospelo setor produtivo agrícola. As mu-danças eram tão freqüentes que nãohavia tempo suficiente para que seobservasse algum impacto decorren-te das mesmas. Em muitos sistemase empresas públicas, particularmen-te da América Latina, as reorganiza-ções, novos enfoques em planos es-tratégicos, etc., não passam de exer-cícios meramente intelectuais quealimentam a ilusão de progresso edisfarçam a inércia subjacente nasreferidas instituições. As constantesreorganizações estruturais nas em-presas podem transformar-se numaespécie de estado neurótico entreagrupamentos permanentes de bu-rocratas urbanos, dedicados, exclu-

sivamente, a elucubrações teóricassem a vivência prática de campo e,portanto, distantes da realidade ne-cessária a uma mudança desejável.Tais agrupamentos substituem a im-prescindível reavaliação de objetivos,políticas, métodos e meios de açãoverdadeiramente necessários à em-presa, pela emissão de volumosos pla-nos e programas que nunca chegam aser decodificados pelos agentes execu-tores ou transformados em projetosexeqüíveis. Cartapácios acompanha-dos de meras mudanças nosorganogramas raramente sãooperacionais ou significam que seja,precisamente, o que o campo estárequerendo. Algumas mudanças sãorealmente necessárias, de tempos emtempos, para acomodar novas deman-das, sob novas circunstâncias, porémelas só devem ser tomadas quandoefetivamente carentes, especialmen-te quando a demanda vem de fora dainstituição. Uma reorganizaçãomalconduzida nos serviços de pesqui-sa e extensão vem sempre acompa-nhada de elevação dos custosoperacionais e de prejuízos na produ-tividade do trabalho de pesquisadorese agentes de extensão qualificados,que são deslocados de importantesatividades de campo para trabalhos deescritório de duvidosos predicados.Quando o processo de reorganização édemasiadamente prolongado, cria-seuma tendência à introspecção, comalto risco para o deterioramento dasrelações e cooperação que devem exis-tir com outras organizações, especial-mente quanto aos serviços de exten-são junto aos órgãos representativosdos produtores rurais.

Essas afirmações não são hipóte-ses, mas sim realidades constatadasna Costa Rica, Senegal, Nigéria, Bra-sil e outros países, após tentativas dereorganização de suas instituiçõespúblicas prestadoras de serviços depesquisa agropecuária e extensão ru-ral. Elas estão contidas numa publica-ção do International Service forNational Agricultural Research -ISNAR, intitulada “The TechnologyTriangle; (farmers, extension agents,researchers). Summary Report of anInternational Workshop held atISNAR/IICA”. Segundo José de Souza

e Silva, do ISNAR/IICA, no seu rela-tório de consultoria publicado emagosto de 1997, “mais de 70% dasiniciativas de mudança no setor pú-blico falham. Cerca de 28% das falhasocorrem durante o período de con-cepção das propostas e cerca de 72%,no momento da implantação das pro-postas. Entre os principais fatoresque causam as falhas estão: falsapremissa para a mudança, provocan-do mal-estar interno e resistênciascorrespondentes; falta de legitimida-de interna, como conseqüência deiniciativas autoritárias epersonalistas, com baixo grau detransparência, participação eintegração interna; falta de estraté-gias corretas para o processo, dema-siada improvisação e insuficientecompetência; falta de mecanismosinternos de aprendizagem e de cons-trução e aceitação coletiva do proces-so; falta de legitimação externa doprocesso por falta de abertura para acrítica e avaliação externas; falta departicipação efetiva de clientes,beneficiários e sócios da organiza-ção”.

No momento em que se procurareformular a Epagri, parece conveni-ente considerar as experiências vivi-das por outras nações que enfrenta-ram e enfrentam problemas seme-lhantes, além de consultores qualifi-cados, a exemplo de José de Souza,que possuem o conhecimento neces-sário para evitar que venham a fazerparte daquela inaceitável estatística.

Literatura consultada

01. MERRIL-SANDS, D.; KAIMOWITZ, D.;SAYCE, K.; CHATER, S. Thetechnology triangle; linking farmers,technology transfer agents, andagricultural researchers. The Hague:ISNAR, 1989. 118p. Summary reportof an International Workshop, 1989,The Hague.

02. SILVA, J. de S. e. Construção e apropri-ação coletiva de um modelo de exten-são rural para o Brasil centrado naagricultura familiar. Brasília:EMBRAPA, 1997.

Glauco Olinger, eng. agr., conselheiro daEpagri, Cart. Prof. 1.516, CREA-SC, Epagri,C.P. 502, Fone (048) 234-0066, Fax (048) 234-1024, 88034-901 Florianópolis, SC.

A

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VIDA RURALSOLUÇÕES CASEIRAS

Evite as moscas domésticasEvite as moscas domésticasEvite as moscas domésticasEvite as moscas domésticasEvite as moscas domésticas

As moscas são agentes transmis-sores de doenças do homem e dosanimais domésticos. As moscas po-dem carregar os agentes causadoresdas feridas purulentas, das diarréias(como a diarréia dos leitões, da cóle-ra humana e outras desinteriasbacterianas e as causadas porprotozoários) e também são agentestransmissores de viroses, verminosese ovos da mosca do berne. Estesagentes são transportados no corpodas moscas, grudados nos pêlos, naspatas, nas fezes da mosca, nas peçasbucais (tromba) e, principalmente,no vômito (as moscas caseiras e asvarejeiras possuem a tromba mole, epor este motivo precisam vomitarsobre o alimento para “derretê-lo” esugá-lo).

Conhecendo-se o ciclo evolutivoda mosca torna-se mais fácil o com-bate deste inseto (Figura 1).

A mosca adulta põe os ovos noesterco úmido (principalmente de su-ínos e aves) e nos montes de lixo(restos de comida, cascas e sobras defrutas e legumes). Logo após a postu-ra (8 a 12 horas) nascem as larvas quese alimentam do esterco e do lixo,crescendo por cinco a seis dias. Sain-

do do casulo a mosca estica as asas,deixando-as secar e depois voa embusca de alimento. A mosca fêmeaacasala logo após o nascimento (três acinco dias) e pode pôr até 1.200 ovosdurante a vida, em posturas de 100 a

120 ovos de cada vez. Para con-tinuar o ciclo a mosca precisaencontrar esterco úmido ou lixojogados sem o manejo adequa-do.

Existem várias espéciesde moscas que se criam no es-terco. A mosca doméstica é amais comum e, na forma adul-ta, vive de 25 a 45 dias. A moscado estábulo e as varejeiras tam-bém se criam no esterco de su-íno por ser este tipo de estercorico em proteína. Por isso, paraevitar a proliferação de moscas,principalmente nas criações desuínos, é recomendado o mane-jo correto dos dejetos, evitan-do-se o acúmulo de esterco nascanaletas; ao lado das instala-ções, quando não existir

Extraído de: PAIVA, D.P. de. Controle integrado de moscas em criação de suínos. Suinocultura Dinâmica, v.3, n.12, p.1-5, mar. 1994.

Figura 1 - Ciclo de vida da mosca doméstica

canaletas; e embaixo das instalaçõesde madeira. Todo o dejeto deve sercolocado em esterqueiras revestidasou em bioesterqueiras - ou outraforma de tratamento do esterco maisadaptado à propriedade, como aslagoas aeróbias e anaeróbias, tan-ques de oxidação, etc. - verificando--se que ele fique coberto com água. Afalta de água no esterco permite odesenvolvimento das moscas, porémo excesso de água prejudica a quali-dade fertilizante deste esterco (cui-dar para que a água da chuva nãoentre na esterqueira).

Outra forma de combater as mos-cas caseiras sem veneno é a utilizadano interior do Rio Grande do Sul.Com um copo de vidro ou frasco,uma rodela de papelão e um pouco deaçúcar, mel, melaço, ou geléia é pos-sível eliminar grande quantidade deadultos da mosca, interrompendo ociclo reprodutivo do inseto e diminu-indo a proliferação das moscas. Paraisto basta seguir os passos indicadosna Figura 2.

10) Copo20) Rodela de

papelão

30) Orifício (1cm) 40) Melado, geléia, açúcar oumel por baixo da rodela

50) Água com sabão ou detergente60) Colocar o copo em lugar estratégico. As

moscas entrarão pelo furo do papelãoatraídas pelo doce, caindo na água onde

morrem pela ação do sabão

10) Vidro20) Rodela de

papelão

30) Orifício (1cm)

40) Açúcar oumel por dentro

do papel

50) Água comsabão oudetergente

Elástico

Fonte: EMBRATER - Fichário das tecnologias adaptadas.

Figura 2 - Copo e frasco caça-moscas