queixa crime roberta_souza_carolina_tavares

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1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DO RECIFE QUEIXACRIME NOELIA LIMA BRITO, devidamente qualificada no instrumento procuratório anexo, vem, por seu patrono, constituído pelo instrumento de mandato antes referido, perante Vossa Excelência, apresentar QUEIXACRIME contra DANIEL FRANCISCO WANDERLEY DE SEIQUEIRA CAMPOS, brasileiro, casado, digitador, residente na rua Manoel de Almeida Belo, nº 85, Bairro Novo, Olinda, CEP 53.030 030, telefone 87356586 e 30115769, portador do RG nº 4.558.243 e do CPF nº 881.779.55420; JAMESON MAGALHÃES DE OLIVEIRA, brasileiro, solteiro, digitador, residente e domiciliado na rua Bernardo de Vasconcelos, nº 78, Ponto de Parada, Recife, CEP 50.041400, telefones 84594600 e 33552360, portador do RG 373.205 (SSP/PE) e do CPF 832.802.19434; MARIA CAROLINA TAVARES DE ARAÚJO, brasileira, casada, digitadora, residente na Rua Assaí, nº 102, Campina do Barreto, Recife, Pernambuco, CEP 52.121071, telefone 88078017, portadora do RG nº 5.222.980 (SDS/PE) e do CPF nº 030.625.85419 e contra ROBERTA SOUZA DA CUNHA MELO, brasileira, solteira, digitadora, residente e domiciliada na Rua João Fontes, nº 112C, Imbiribeira, Recife/Pe, CEP 51.150050, telefones 87234419 e 34713521, portadora do RG 4739961 (SSP/PE) e CPF Nº 018.648.14462, todos com endereço profissional na Rua do Imperador Pedro II, 512, Térreo, Santo Antônio (Procuradoria da Fazenda Municipal do Recife), pelas razões de fato e de direito que ora passa a expor:

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  1  

EXCELENTÍSSIMO  SENHOR  DOUTOR   JUIZ  DE  DIREITO  DA             VARA  CRIMINAL  DA  

COMARCA  DO  RECIFE  

 

 

 

 

 

 

QUEIXA-­‐CRIME  

 

 

 

NOELIA   LIMA   BRITO,   devidamente   qualificada   no   instrumento  

procuratório  anexo,  vem,  por  seu  patrono,  constituído  pelo  instrumento  de  mandato  

antes  referido,  perante  Vossa  Excelência,  apresentar  QUEIXA-­‐CRIME  contra  DANIEL  

FRANCISCO   WANDERLEY   DE   SEIQUEIRA   CAMPOS,   brasileiro,   casado,   digitador,  

residente  na  rua  Manoel  de  Almeida  Belo,  nº  85,  Bairro  Novo,  Olinda,  CEP  53.030-­‐

030,   telefone   8735-­‐6586   e   30115769,   portador   do   RG   nº   4.558.243   e   do   CPF   nº  

881.779.554-­‐20;   JAMESON   MAGALHÃES   DE   OLIVEIRA,   brasileiro,   solteiro,  

digitador,  residente  e  domiciliado  na  rua  Bernardo  de  Vasconcelos,  nº  78,  Ponto  de  

Parada,  Recife,  CEP  50.041-­‐400,  telefones  8459-­‐4600  e  3355-­‐2360,  portador  do  RG  

373.205   (SSP/PE)   e   do   CPF   832.802.194-­‐34;   MARIA   CAROLINA   TAVARES   DE  

ARAÚJO,  brasileira,  casada,  digitadora,  residente  na  Rua  Assaí,  nº  102,  Campina  do  

Barreto,   Recife,   Pernambuco,   CEP   52.121-­‐071,   telefone   8807-­‐8017,   portadora   do  

RG  nº  5.222.980  (SDS/PE)  e  do  CPF  nº  030.625.854-­‐19  e  contra  ROBERTA  SOUZA  DA  

CUNHA  MELO,  brasileira,  solteira,  digitadora,  residente  e  domiciliada  na  Rua  João  

Fontes,   nº   112-­‐C,   Imbiribeira,   Recife/Pe,   CEP   51.150-­‐050,   telefones   87234419   e  

34713521,  portadora  do  RG  4739961  (SSP/PE)  e  CPF  Nº  018.648.144-­‐62,  todos    com  

endereço   profissional   na  Rua   do   Imperador   Pedro   II,   512,   Térreo,   Santo  Antônio  

(Procuradoria   da   Fazenda  Municipal   do   Recife),   pelas   razões   de   fato   e   de   direito  

que  ora  passa  a  expor:  

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DA   COMPETÊNCIA   DA   VARA   CRIMINAL   PARA   PROCESSAMENTO   DA   PRESENTE  

QUEIXA-­‐CRIME  

Somadas,   as   penas   máximas   previstas   para   os   delitos   imputados  

aos  Querelados  são  superiores  a  02  (dois)  anos,  razão  pela  qual,  a  competência  para  

processamento  da  presente  Queixa-­‐Crime  é  da  Vara  Criminal.  

   

Às  penas  dos  crimes  praticados  pelos  Querelados,  em  concurso  de  

agentes,   devem   ser   aumentadas  de  1/3   (um   terço),   uma  vez  que  os  delitos   foram  

cometidos   contra   funcionária  pública,   em   razão  de   suas   funções  e  na  presença  de  

várias  pessoas.  

 

DA   LEGITIMIDADE   DA   OFENDIDA   PARA   APRESENTAR   AÇÃO   PENAL   PRIVADA.  

SÚMULA  714,  STF.  

 

Em  se  tratando,  como  de  fato  se  trata,  de  crime  contra  a  honra  de  

servidor  público  no  exercício  de  suas  funções,  a  Súmula  714,  do  STF,  já  estabeleceu  

que  “é  concorrente  a  legitimidade  do  ofendido,  mediante  queixa,  e  do  Ministério  

Público,   condicionada  à   representação  do  ofendido,  para  a  ação  penal  por   crime  

contra  a  honra  de  servidor  público  em  razão  do  exercício  de  suas  funções”.  

 

A   ofendida,   portanto,   tem   legitimidade   para   oferecer   a   presente  

Queixa-­‐Crime.  Nesse  sentido:  

 

“RESP  533651  

Relator(a)  Ministro  PAULO  GALLOTTI  

Data  da  Publicação  23/10/2003  

Decisão  

RECURSO  ESPECIAL  Nº  533.651  -­‐  MG  (2003/0054100-­‐2)  

RELATOR  :  MINISTRO  PAULO  GALLOTTI  

RECORRENTE  :  EPAMINONDAS  FULGÊNCIO  NETO  

RECORRENTE  :  BERTOLDO  MATEUS  DE  OLIVEIRA  FILHO  

ADVOGADO  :  DÉCIO  FULGÊNCIO  ALVES  DA  CUNHA  

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RECORRIDO    :  PAULO  ROBERTO  MOREIRA  CANÇADO  

RECORRIDO    :  GILVAN  ALVES  FRANCO  

ADVOGADO  :  ANTÔNIO  FRANCISCO  PATENTE  

DECISÃO:  

PENAL.   CRIME   CONTRA   A   HONRA   PRATICADO   CONTRA   FUNCIONÁRIO  

PÚBLICO   PROPTER   OFFICIUM.   LEGITIMIDADE   CONCORRENTE   DOS  

OFENDIDOS   E   DO   MINISTÉRIO   PÚBLICO.   VIOLAÇÃO   DE   DISPOSITIVO  

CONSTITUCIONAL.  IMPOSSIBILIDADE  DE  EXAME  EM  RECURSO  ESPECIAL.  

1.   É   impossível   o   exame   de   violação   a   dispositivos   constitucionais   em  

sede  de  recurso  especial,  mister  reservado  ao  Supremo  Tribunal  Federal  

pela  via  do  extraordinário.    

2.  É  pacífico  o  entendimento  desta  Corte  no  sentido  de  que,  nos  crimes  

contra   a   honra   de   funcionário   público   propter   officium,   a   legitimidade  

para  o   ajuizamento  da  ação  penal     é   tanto  do  ofendido,   em  ação  penal  

privada,   quanto   do   Ministério   Público,   em   ação   penal   pública  

condicionada.  

3.  Recurso  especial  parcialmente  provido.”  

 

DOS  FATOS  E  DO  DIREITO  A  ESTES  APLICÁVEL  

 

Os  Querelados,  no  último  dia  10  de   abril   de   2014,   com  o   intuito,  

único   e   exclusivo   de   desconstruírem   a   imagem   pública   da   Querelante,   mediante  

ataques  mesquinhos,   inverídicos  e  rasteiros  à  sua  honra,  em  concurso  de  pessoas,  

nos  moldes  previstos  pelo  artigo  29,  do  Código  Penal,  tiveram  a  ousadia  de  inventar  

todo  tipo  de  descalabros,  chegando  ao  cúmulo  do  absurdo  de  imputar,  à  Querelante,  

a  prática  de  crimes  contra  suas  próprias  honras  e  à  honra  de  terceiros,  com  o  que  se  

tem   por   consumadas   as   condutas   tipificadas   nos   arts.   138,   139   e   140,   do   Código  

Penal  Brasileiro.  

 

O   art.   138,   do   CP   dispõe:   “Caluniar   alguém,   imputando-­‐lhe  

falsamente  fato  definido  como  crime”.    A  pena  é  de  detenção  de  6  (seis)  meses  a  2  

(dois)  anos.  O  §  1º  do  mesmo  artigo  ainda  dispõe  que  incorre  na  mesma  pena  aquele  

que  sabendo   falsa  a   imputação,  a  propala  ou  divulga.   Já  o  §  3º,   também  do  artigo  

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138,   diz   que   para   o   crime   de   calúnia   é   admitida   a   exceção   da   verdade,   salvo   se  

constituindo  o  fato  imputado  crime  de  ação  privada,  o  ofendido  não  foi  condenado  

por  sentença  irrecorrível.  

 

Os   crimes   foram   praticados   durante   interrogatório   em   inquérito  

administrativo   forjado   pela   gestão   Geraldo   Júlio,   do   PSB,   portanto,   do   subalterno  

prefeito   secretário   do   presidenciável   Eduardo   Campos,   a   quem   a   Querelante   faz  

oposição   ferrenha,   corajosa   e   quase   solitária,   dentro   do   Estado   de   Pernambuco,  

conforme  prova  documental  ora  acostada.  

 

Não  é  a  primeira  vez  que  os  Querelados,  movidos  por  sentimentos  

menores,  aliaram-­‐se  para  atacar  a  honra  da  Querelante.  Em  2011,  os  Querelados  já  

demonstravam   seu  animus   caluniandi,  difamandi  e   injuriandi   contra   a  Querelante,  

quando   produziram   um   abaixo-­‐assinado   onde   faziam   acusações   com   uso   de  

expressões   de   baixíssimo   calão,   atribuindo-­‐as   à  Querelante   e   esta,   por   ser   pessoa  

cristã   e   de   sentimentos   elevados,   tendo   em   vista   pensar   que   os  Querelados   eram  

indivíduos   hipossuficientes,   chegou   a   relevar,   naquela   ocasião,   as   ofensas   que   lhe  

eram  assacadas.  

 

Malsatisfeitos,   porém,   ou   quiçá,   sentindo-­‐se   amparados   ou  

premiados  pela  impunidade,  ao  invés  de  se  mostrarem  gratos  pela  generosidade  da  

Querelante,   voltaram   a   ofendê-­‐la   com   o   propósito   repugnante   de   servir   à   atual  

gestão   da   qual   a   Querelante   é   crítica   e   contra   a   qual   já   apresentou,   inclusive  

denúncia  à  Polícia  Federal  por  fraudes  em  licitações,  acompanhada  de  pedidos  de  

investigação   de   ameaças   perpetradas   contra   si   e   contra   sua   genitora,  do  mesmo  

modo   que   se   prestaram   a   servir   à   anterior,   também   alvo   de   denúncias   de  

irregularidades  por  parte  da  Querelante  que  iam  desde  a  falsificação  de  assinaturas  

de   procuradores   e   comprovantes   de   quitação   de   débitos,   no   âmbito   da  

Procuradoria   da   Fazenda   Municipal   do   Recife,   até   desvios   de   finalidade   nas  

terceirizações  de  digitadores  na  mesma  Procuradoria,  passando  por  contratações  

de  estagiários  fantasmas,  tudo  conforme  documentação  em  anexo.  

 

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Os  fatos  a  seguir  narrados  demonstrarão  cabalmente  o  verdadeiro  

conluio   formado   pelos   Querelados   no   sentido   de   desqualificarem   a   Querelante   e  

destruírem  sua  honra,  razão  pela  qual  devem  ser  severamente  punidos  nos  termos  

da   lei   penal   vigente,   para   que   finalmente   cessem   com   a   perseguição   que   vêm  

praticando  maldosa   e   desumanamente   contra   a   Querelante,   tão   somente   porque  

querem  prestar  serviço  aos  poderosos  de  ocasião.    

 

Conforme   se   vê,   todos   os   Querelados,   apesar   de   serem  

terceirizados   e,   portanto,   nunca   terem   prestado   concurso   público,   mantém-­‐se  

vinculados  à  Procuradoria  da  Fazenda  Municipal,  quando  muitos  de  seus  colegas  já  

foram   desligados.   Alguns   já   passaram   por   gestões   do   PFL,   de   Roberto  Magalhães,  

hoje  DEM,  do  PT  de  João  Paulo,  do  PT  de  João  da  Costa,  que  rompeu  politicamente  

com  o  primeiro  e  agora  estão  inseridos  na  gestão  do  PSB,  de  Geraldo  Júlio,  o  que  só  

comprova  sua  disposição  para  servir  a  quem  estiver  no  comando,  mesmo  que  para  

isso  tenham  que  destruir  a  reputação  de  pessoas  honradas  como  a  Querelante.  

 

Em  seu  depoimento  de  fls.  137/140  do  Inquérito  Administrativo  nº  

2412/2013-­‐CCI,  a  Querelada  MARIA  CAROLINA  TAVARES  DE  ARAUJO,  em  ato  falho,  

após   difamar   ferozmente   a   Querelante,   deixou   escapar   a   seguinte   declaração:  

“quem   não   tem   medo   de   ser   demitido”,   ao   perceber   seu   ato   falho,   o   qual   a  

Querelante   fez   questão   que   fosse   consignado   no   Termo   de   Depoimento,   pela   CCI  

(doc.  anexo),  a  Querelada  tentou  fazer  crer  que  o  medo  da  demissão  seria  causado  

pela   Querelante,   chegando   a   afirmar   no   mesmo   depoimento   que   esse   medo   lhe  

teria  sido  incutido  pela  procuradora  Juliana  Santa  Cruz,  que,  segundo  a  Querelada,  

MARIA  CAROLINA  TAVARES  DE  ARAUJO,  era  uma  espécie  de  protetora  sua:  “Que  

Dra.  Juliana  Santa  Cruz  ainda  disse  a  ela  depoente  que  ela  tivera  sorte,  pois  havia  

interferido  no  sentido  dela  depoente  permanecer  como  prestadora  de  serviços  na  

procuradoria,  vez  que  a  investigada  iria  demiti-­‐la.”  

 

Causa  espécie  à  Querelante  que  a  procuradora  Juliana  Santa  Cruz  

tenha  feito  tal  declaração  à  Querelada,  uma  vez  que  como  restou  comprovado  pelo  

depoimento  prestado  pelo  então  secretário  de  Assuntos  Jurídicos  à  mesma  CCI,  Dr.  

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Cláudio   Ferreira,   a   Querelante   jamais   teve   poderes   para   demitir   ninguém,   sendo  

essa  atribuição  exclusiva  do  Secretário,  razão  pela  qual  e  tendo  em  vista  o  histórico  

de   inverdades   produzidas   pelos  Querelantes   em   seus   depoimentos,   não   é   factível  

pensar   que   fora   a   procuradora   Juliana   Santa   Cruz   quem   estivesse   a   disseminar  

inverdades   entre   os   prestadores   de   serviços,   entre   estes,   a   própria   Querelada,  

MARIA   CAROLINA   TAVARES   DE   ARAUJO,   pois   referida   procuradora,   obviamente,  

tinha  conhecimento  do  que  restou  confirmado  pelo  ex-­‐secretário  Cláudio   Ferreira,  

em   seu   depoimento.   A   documentação   acostada   também   comprova   que   a  

competência  para  contratar  ou  dispensar  terceirizados  é  exclusiva  do  Secretário  de  

Assuntos  Jurídicos  e,   jamais,  de  qualquer  procurador,  mesmo  do  procurador-­‐chefe,  

como,   aliás,   é   de   conhecimento   público   e   notório   na   Procuradoria   do   Município,  

onde   não   é   raro   ocorrerem   apadrinhamentos,   daí   porque,   conforme   restou  

demonstrado  em  vários  depoimentos  prestados  à  CCI,  por  procuradores,  inclusive,  a  

ora  Querelante  sempre  defendeu  a  criação  de  cargos  efetivos  para  o  corpo  auxiliar  

das  Procuradorias  e  a   realização  de   concurso  público  para  provê-­‐los,  o  que  é  bem  

diferente   de   chamar   terceirizados   de   “vagabundos”,   “barrigas   de   lombrigas”,  

“ladrões”  e  “menos  dispostos  do  que  seu  cachorro”.    

 

O   fato   dos   Querelados   terem   seus   Interesses   de   alguma   forma  

contrariados  ou  ameaçados  pela  postura  em  defesa  da   legalidade  e  da  moralidade  

administrativas   não   justifica   o   cometimento   dos   crimes   contra   a   honra   da  

Querelante,   devendo   ser   restabelecida   a   ordem   jurídica   que   tem   sido  

sistematicamente  violada  pelos  prefalados  ofensores.  

 

Às  fls.  125,  do  Inquérito  administrativo  nº  2412/2013  (doc.  anexo),  

a   Querelada   ROBERTA   SOUZA   DA   CUNHA   MELO   afirmou   categoricamente   “que  

ouviu  em  outras  oportunidades  a   investigada  dizer  que  os  prestadores  de  serviço  

estavam   roubando   ou   recebendo   vantagens;   que   em   determinado   dia,   por  

exemplo,   atendia   contribuinte   no   2º   andar   da   Procuradoria   e   aquilo   chamava   a  

atenção   da   investigada,   vez   que   o   atendimento   era   no   térreo,   ao   público,  

chegando   a   proibir   e   nessas   oportunidades   era   que   ela   assacava   acusações  

referidas,   no   sentido   de   que   os   prestadores   de   serviços   estariam   roubando   ou  

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recebendo  vantagens  para  tanto;  que  a  investigada  costumava  dizer  em  ambientes  

públicos  que  os  prestadores  de  serviços   ‘eram  vagabundos  e  não  queriam  nada’”  

(grifamos)  

 

Em   outro   trecho   de   seu   depoimento   prestado   na   qualidade   de  

informante,   à   Comissão   de   Inquérito   da   Prefeitura   do   Recife,   no   último   dia  

10/04/2014,  portanto,  sem  prestar  compromisso,  podendo  mentir  à  vontade,  o  que  

não   lhe  dá,  porém,   imunidade  para   cometer   crimes   contra   a  honra  de  quem  quer  

que  seja,  o  que  inclui  a  honra,  por  óbvio,  da  ora  Querelante,  a  Querelada  ROBERTA  

SOUZA  DA  CUNHA  MELO  vai  mais  além,  chegando  a  afirmar  “que  ‘ouviu  falar’  que  o  

prestador  de  serviços  Carlos,  conhecido  pela  alcunha  de  Carlão  se  sentiu  atingido  

por   comentários   feitos   por   parte   da   investigada   no   sentido   de   que   o   mesmo  

participava   de   falcatruas   e   se   sentindo   lesado   foi   questionar   a   investigada  

diretamente,  esta  lhe  disse  que  não  tinha  lhe  dirigido  qualquer  acusação  e  que  por  

esse  motivo   se   sentiu   confortável,  por  entender  que  a  acusada   se   retratara;  que  

não  sabe  informar  se  o  prestador  de  serviço  Carlão  além  de  advogado  é  professor  

de   cursinho   de   direito;   que   não   tem   conhecimento   de   que   o   prestador   Carlão  

tenha   registrado   alguma   ocorrência   contra   ela   investigada,   ou   ação   por   danos  

morais.”  

 

A   conduta   da   Querelada   ROBERTA   SOUZA   DA   CUNHA   MELO   se  

adequa  perfeitamente  ao  tipo  penal  previsto  no  precitado  art.  138  do  CP,  uma  vez  

que   por   diversas   oportunidades,   em   seu   depoimento   como   informante,   imputou  

falsamente   à   Querelante   à   prática   dos   crimes   de   calúnia,   difamação   e   injúria,   ao  

afirmar  categoricamente  que  a  Querelante  acusara  a  ela  e  a  terceiros  de  praticarem  

roubos  (art.  157,  CP)  e  de  solicitarem  vantagens  indevidas  (corrupção  passiva,  art.  

317,   CP)   a   contribuintes,   de   “vagabundos”   e   além   das   rasteiras   expressões  

“vagabundinha”  e  “barrigas  e  lombrigas”.    

 

O  crime  de  calúnia  foi  praticado,   inclusive,  na  forma  prevista  no  §  

1º   do  mesmo   artigo,   uma   vez   que   apesar   de   ciente   de   que   a   Querelante   negara,  

segundo   a   suposta   vítima   “Carlão”,   tê-­‐lo   caluniado,   a   ponto   deste,  mesmo   sendo  

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advogado  e  professor  de  cursinhos  de  direito,   jamais   ter  movido  qualquer  ação  ou  

queixa-­‐crime,   ou   mesmo   pedido   de   danos   morais   em   ação   trabalhista   em  

decorrência  do  contrato  de  prestação  de  serviços  junto  à  Procuradoria,  ainda  assim,  

a  Querelada  fez  questão  de  propagar  a  mentirosa  acusação.  

 

Conforme  disposto  no  art.  29,  do  CP,  “Quem,  de  qualquer  modo,  

concorre   para   o   crime   incide   nas   penas   a   este   cominadas,   na   medida   de   sua  

culpabilidade”.    

 

A   leitura   do   conjunto   dos   depoimentos   deixa   claro   que   houve  

prévio   ajuste   entre   os   Querelados   para   que   seus   depoimentos   produzissem   o  

resultado   criminoso   contra   a   honra   da   Querelante,   sendo   de   fácil   percepção   as  

remissões  que  uns  faziam  aos  outros  numa  total  e  evidente  cumplicidade.  

 

Em   dado   momento   de   seu   depoimento,   a   Querelada   MARIA  

CAROLINA   TAVARES   DE   ARAÚJO,   prestado   no   dia   10/04/2014,   afirma   “que  

presenciou  a  investigada  chamando  os  prestadores  de  serviços  ‘de  vagabundos’  e  

que   ‘seu   cachorro   era   mais   disposto   do   que   os   prestadores   de   serviços.’”  

Afirmações   vagas,   sem   provas,   como   as   dos   demais   co-­‐autores   o   que   por   si   já  

demonstra   seu   animus   caluniandi,   uma   vez   que   sendo   ela   uma   das   prestadoras,  

portanto,  ofendida,  em  tese,  pelas  supostas  agressões  verbais,  jamais  ingressou  com  

queixa-­‐crime   ou   mesmo   com   denúncia   ao   Ministério   Público   do   Trabalho   ou   ao  

sindicato  de  sua  categoria,  que,  após  a  data  em  que  os  fatos  pela  Querelada  teriam  

ocorrido,  firmaram  Termo  de  Ajustamento  de  Conduta  com  o  Município  do  Recife  e  

a   empresa   terceirizada   empregadora   da  Querelada   e   demais   co-­‐autores,   sem   que  

em  nenhum  momento  fosse  estabelecida  qualquer  cláusula  a  respeito  de  reparação  

de  danos  morais.  

 

Por   outro   lado,   a   Querelada   MARIA   CAROLINA   TAVARES   DE  

ARAÚJO,   confessa   que   “não   requereu   danos   morais   ao   ingressar   com   a  

mencionada   reclamação   trabalhista   contra   a   Capitá   (sic),   que   não   fez   qualquer  

denúncia  contra  a  investigada  perante  outros  órgãos,  salvo  o  ora  em  apuração.”    

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Estranhamente,   passados   mais   de   três   anos   da   data   em   que   os  

Querelados  afirmam  caluniosamente  que  a  Querelante  teria  cometido  crimes  contra  

suas   honras   e   a   de   seus   colegas   (estes,   em   geral,   sequer   identificados)   e   após  

diversas  oportunidades  passadas  diante  de  autoridades  isentas  em  que  poderiam  ter  

requerido  reparação,  deixaram  precluir  seu  suposto  direito  para  virem  agora  atacar  

a   honra   da   Querelante   com   suas   infâmias.   Qual   o   propósito   perseguido   pelos  

Querelados   se   não   o   de   destruir   a   reputação   da   Querelante?   Isso,   pela   simples  

observação  do  modus  operandi  dos  caluniadores,  fica  bem  evidente.  

 

Em  seu  depoimento,  às  fls.  128/131,  do  inquérito  administrativo  nº  

2412/2013-­‐CCI,   por   exemplo,   o   Querelado   DANIEL   FRANCISCO   WANDERLEY   DE  

SIQUEIRA  CAMPOS  afirma  que  “em  determinado  dia  a  investigada  abriu  a  porta  da  

sala  onde  ele  depoente  estava,  e  jogando  dois  papeis  sobre  a  mesa,  indagou  quem  

eram   aquelas   pessoas,   tendo   ele   depoente   esclarecido   que   se   tratava   (sic)   de  

Henrique   e   Tiago,   os   quais   faziam   entrega   de   documentos   externos;   que   ela  

investigada  procurou  saber  onde  eles  estavam,  tendo  ele  depoente  informado  que  

já  haviam  saído  para   realizar  entregas.  Que  a   investigada  chamou  os  mesmos  de  

vagabundos   defronte   de   todas   as   pessoas   que   estavam   ali   presentes;   que   essas  

pessoas   eram   contribuintes,   prestadores   de   serviços   e   funcionários   do   quadro  

desta  Prefeitura”.  

 

Por  sua  vez,  o  Querelado  JAMESON  MAGALHÃES  DE  OLIVEIRA,  em  

seu  depoimento  de   fls.  132/134,  prestado  no  mesmo  dia  10/04/2014,  afirma  “que  

presenciou   em   determinada   oportunidade,   a   investigada   procurar   por   alguns  

motoboys   e   não   estando   presentes   disse   que   ‘iria   demitir   aqueles   vagabundos’;  

que   a   investigada   não   procurou   identificar   quem   seriam   estes  motoboys;   que   a  

investigada  nunca  tratou  ele  depoente  de  forma  que  não  fosse  urbana”.  

 

Em  outro  ponto  de  seu  depoimento,  ainda  o  Querelando  JAMESON  

MAGALHÃES  DE  OLIVEIRA   afirma  que  quanto  ao  abaixo-­‐assinado  escrito  em  2011  

onde   ele   reconhece   sua   assinatura   se   dizendo   “testemunha”   de   atos   ofensivos  

contra   prestadores   que   teriam   sido   praticados   pela   Querelante,   naquela  

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  10  

oportunidade,   apenas   “leu   de   forma   superficial”   e   que   “escutou   nos   corredores  

alguns   prestadores   de   serviço   comentarem   que   a   investigada   havia   gritado   com  

eles  ou  chamado  de  vagabundos;  que  não  se  recorda  no  momento  o  nome  desses  

prestadores   que   fizeram   os   aludidos   comentários,   que   não   sabe   informar   quem  

redigiu  ou  digitou  o  documento  constante  destes  autos  objeto  da  denúncia,  bem  

como,   não   se   recorda   quem   tenha   levado   o   referido   documento   para   colher   a  

assinatura  dele  depoente.”  

 

Sobre  os  terceirizados  que  teriam  sido  atacados  em  sua  honra  pela  

Querelada,  os  “motoboys”  a  que  se  refere  o  Querelado  JAMESON  MAGALHÃES  DE  

OLIVEIRA   em   seu   depoimento   difamatório   e   mentiroso   prestado   no   último   dia  

10/04/2014,   este   ainda   afirma   “que   não   sabe   informar   quantos   motoboys  

trabalhavam  na  Procuradoria  Fiscal,  pois  prestavam  serviços  para  outros  setores”  e  

“que  assinou  os  ab  (sic)  abaixo-­‐assinados  em  face  dos  fatos  já  mencionados  por  ele  

depoente,  com  relação  aos  motoboys  e  conversas  de  corredores”.  

 

A   trama   urdida   pelos   difamadores   é   tão   atrapalhada   que   para  

inventarem   mais   mentiras   contra   a   Querelante,   envolvem   personagens   fictícias,  

como   os   tais   “motoboys”.   Ocorre   que   sequer   existia   contrato   de   prestação   de  

serviços  entre  a  secretaria  de  Assuntos  Jurídicos  e  empresas  de  serviços  de  entregas  

de  documentos  durante  o  período  em  que  a  Querelante  esteve  na   chefia  daquele  

órgão.   Além   disso,   todos   os   documentos   da   Procuradoria   da   Fazenda   Municipal  

eram   entregues   por   servidores   administrativos   do   próprio   quadro,   dois   contínuos  

que,   inclusive   recebiam   vale-­‐transporte   para   fazerem   suas   locomoções   ou   eram  

levados  por  veículos   locados  pela  Secretária  e  postos  à  disposição  da  Procuradoria.    

Já  as  cartas  de  cobrança  eram  entregues  por  “estafetas”  fornecidos  pela  Secretearia  

de   Finanças.   Se   havia   “motoboy”   prestando   algum   serviço   de   entrega   de  

documentos  para  a  Procuradoria,   foram  contratados  por  quem?  Estavam  a  serviço  

de  quem?  Cumpriam  ordens  dadas  por  quem?  Que  tipo  de  documentos  entregavam  

e   para   quem?   Quem   autorizou   tal   serviço   clandestino   por   parte   desses  

terceirizados?    

 

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  11  

Desde  outubro  de  2007,   quando   venceu  o   contrato  nº   227/2005,  

não   há   mais   serviço   de   “motoboys”   à   disposição   da   Procuradoria   da   Fazenda   do  

Recife.  Nova  licitação  foi  tentada,  mas  restou  deserta,  inclusive  tendo  em  vista  ação  

judicial  movida  pela  Empresa  Brasileira  de  Correios  e  Telégrafos  alegando  que  esse  

tipo   de   contrato   feria   o   monopólio   da   estatal.   Assim,   acaso   alguém   estivesse  

patrocinando   tal   prática   estaria   incorrendo   em   gravíssima   ilegalidade   e   em  

descumprimento  de  ordem  judicial:  

 

 A   Justiça   Federal   não   admite   que   a   Prefeitura   se   utilize   de  

terceirizados   para   entregar   documentos,   autorizando,   tão   somente,   que   essa  

entrega  seja  feita  por  servidores  da  própria  Municipalidade,  senão  vejamos:  

   

ADMINISTRATIVO.  ENTREGA  DE  CARNÊS  DE  IPTU  POR  

SERVIDORES  DA  PREFEITURA.  QUEBRA  DO  MONOPÓLIO  DOS  CORREIOS.  

INEXISTÊNCIA.   I.   Agravo   de   instrumento   interposto   contra   decisão   que  

determinou   que   a   Prefeitura   Municipal   do   Recife   se   abstivesse   de  

entregar  os  carnês  de  IPTU  sem  a  intermediação  da  Empresa  Brasileira  de  

Correios  e  Telégrafos.  II.  Não  há  afronta  ao  monopólio  da  EBCT,  quando  a  

Prefeitura  pretende   fazer  a  entrega  dos   carnês  de   IPTU  através  de   seus  

próprios  servidores.  A  administração,  dentro  do  poder  discricionário  que  

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  12  

lhe   é   conferido,   pode   optar   por   executar   o   serviço   de   entrega   de   seus  

próprios   documentos.   III.   Esta   Turma   fixou   entendimento   de   que   o  

monopólio  da  EBCT  seria  restrito  à  entrega  de  cartas,  não  se  aplicando  a  

outras   espécies   de   documento.   Precedente:   AGTR   59735   (Rel.   Desemb.  

Federal   Marcelo   Navarro,   4ª   Turma,   TRF   5ª   Região,   DJ   14/09/2005,   p.  

1133).   IV.   Agravo   de   instrumento   provido.   Agravo   inominado  

prejudicado.  

 (TRF-­‐5   -­‐   AGTR:   67782   PE   2006.05.00.016041-­‐0,  

Relator:   Desembargadora   Federal   Margarida   Cantarelli,   Data   de  

Julgamento:   11/07/2006,   Quarta   Turma,   Data   de   Publicação:   Fonte:  

Diário  da  Justiça  -­‐  Data:  02/08/2006  -­‐  Página:  710  -­‐  Nº:  147  -­‐  Ano:  2006)  

 

Quanto   mais   falam,   mais   os   difamadores   se   enrolam   em   suas  

próprias  mentiras.  

 

É   importante  destacar  que  a   referência   ao  documento  de  2011  é  

apenas   para   demonstrar   o   grau   de   irresponsabilidade   dos   Querelados   e   seu   total  

descaso   com   a   honra   alheia,   vez   que   todos,   sem   exceção,   embora   reconhecendo  

terem  assinado  o  sobredito  documento,  dizem  não  saber  quem  o  concebeu,  quem  o  

redigiu,  quem  colheu  suas  assinaturas  e,  o  que  é  mais  grave,  confessam  ter  mentido  

acintosamente  ao  assinarem  as  acusações  ali  lançadas  contra  a  ora  Querelante,  das  

quais  sequer  foram  testemunhas  e  que  não  passavam  de  fofocas  e  maledicências  de  

pessoas  que  nem  ao  menos  sabem  ou  querem  declinar  quem  seriam,  estas  sim,  de  

índole  perversa  e  criminosa  por  espalharem  boatos  e  difamações  numa  atitude  que  

beira   o   terrorismo,   se   é   que   tais   pessoas   de   fato   existem.   Se   mentiram   em  

documento   escrito   e   assinado,   quando   expressamente   afirmaram   ter  

“testemunhado”   o   que   agora   dizem   não   passar   de   “fofocas   ouvidas   em  

corredores”,   com   a   intenção   única   e   exclusiva   de   prejudicar   a   ora   Querelante   e  

agradar  a  quem  lhes  garante  alguma  vantagem,  nem  que  seja  a  manutenção  de  seus  

empregos  sem  concurso,  por  que  não  o  fariam  agora  e  por  que  não  o  farão  amanhã  

se  não   forem  tolhidos  de   imediato,  em  mais  essa  sua   investida  contra  a  honra  e  a  

reputação  da  Querelante?    

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  13  

As  condutas  dos  Querelados  JAMESON  MAGALHÃES  DE  OLIVEIRA  

e  DANIEL   FRANCISCO  WANDERLEY  DE   SIQUEIRA  CAMPOS   também  se  enquadram  

perfeitamente  do   tipo  do  artigo  138,   do  CP,   ao   imputarem  à  Querelante   a  prática  

dos   crimes   de   difamação   e   injúria   contra   os   terceirizados   por   eles  mencionados   e  

identificados   pelo   primeiro   como   “motoboys”   e,   pelo   segundo,   como   “Henrique   e  

Thiago”.  

 

Agrava  a   situação  dos  Querelados  o   fato  de  não  poderem  sequer  

lançar  mão   da   chamada   Exceção   da   Verdade,   prevista   no   §   3º,   também  do   artigo  

138,  vez  que  os  crimes  que  imputam  à  Querelante  são  de  ação  privada.  

 

Em   seu   depoimento   prestado   no   dia   10/04/2014,   a   Querelada  

ROBERTA  SOUZA  DA  CUNHA  MELO  chega  a  acusar  a  procuradora  Juliana  Santa  Cruz  

pela  prática  do  crime  de  condescendência  criminosa,  já  que  afirma  ter  se  reportado,  

reclamando   do   suposto   comportamento   inapropriado   da   Querelante,   sem   que  

aquela   procuradora   tomasse   nenhuma   providência.   Vejamos:   “que   já   chegou   ela  

depoente  a  fazer  reclamação  à  Procuradora  Juliana  que  estava  substituindo  ou  na  

sala   da   investigada,   acerca  do   comportamento  desta”.  Em  outro   trecho  reafirma:  

“que  sua  única  denúncia  pessoal,  além  da  reportada  nestes  autos,  se  deu  perante  a  

Procuradora  Juliana,  consoante  acima  já  aludido;  que  não  fez  qualquer  reclamação  

perante   o   Ministério   Público   do   Trabalho;   que   também   não   fez   denúncia   ao  

Sindicato  da  Procuradoria   (sic);  que  não  sabe   informar  se  na  época  dos   fatos  ora  

em   apuração   e   dito   nesta   oitiva   se   ela   depoente   era   empregada   na   Empresa  

Prestadora   de   Serviços   CAPITA(sic)   ou   SERVINAC;   que   somente   intentou  

reclamação  trabalhista  nesse  período  que  presta  serviços  a  esta  edilidade,  diante  

da   Empresa   SERVINAC;   que   não   pediu   danos   morais   em   sua   RT;   que   quando  

ingressou  com  a  referida  reclamação  trabalhista  a   investigada   já  havia  sido  a  sua  

chefe  na  Procuradoria”.  

 

Daí  já  se  percebe  o  padrão  comportamental  dos  Querelados  que  se  

mostram   contumazes   no   sentido   de   atacar   a   honra   das   pessoas,   sem   nenhuma  

responsabilidade.   De   se   destacar,   também,   que   embora   tenham   reconhecido   suas  

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assinaturas  no  documento  difamatório  destinado  à  procuradora  Juliana  Santa  Cruz,  

que   naquela   data,   ou   seja,   em   29   de   abril   de   2011,   era   a   procuradora-­‐chefe   da  

Procuradoria  da   Fazenda  Municipal   do  Recife,   documento  este  que   repousa  às   fls.  

03/06,  do  Inquérito  administrativo  nº  2412/2013-­‐CCI  (cópia  anexa),  sendo,  inclusive,  

a  assinatura  da  Querelada  ROBERTA  SOUZA  DA  CUNHA  MELO,  a  que  tem  a  “honra”  

de   inaugurar   as   ofensas   proferidas   desmesuradamente   contra   a   reputação   da  

Querelante,  onde  se   lê,  expressamente,  a  acusação  ou  melhor  seria  dizer,  a   fofoca  

difamatória   onde   todos   afirmam   que   “Fomos   testemunhas   de   críticas   e  

comentários  maldosos   por   parte   da   Procuradora   já   citada,   referentes   a   pessoas  

hierarquicamente   superiores   a   ela,   inclusive   o   nosso   Secretário   de   Assuntos  

Jurídicos,   o   Chefe   da   Procuradoria   Judicial   e   a   Vossa   Senhoria”,   em   seus  

depoimentos   confessam   suas  mentiras,   a   exemplo  do  que   foi   revelado  às   fls.   126,  

dos  autos  do  já  referido  inquérito,  ocorrido  em  10  de  abril  do  corrente  ano,    quando  

a  Querelada  ROBERTA  SOUZA  DA  CUNHA  MELO  que  afirmara,  repita-­‐se,  por  escrito,  

ter   “testemunhado”   a   Querelante   fazer   “críticas   e   comentários   maldosos   contra  

superiores  hierárquicos”,  agora  diz  que  “não  presenciou  a  investigada  fazer  alusões  

que   destratassem   as   pessoas   do   então   Secretário   Cláudio   Ferreira,   Juliana   Santa  

Cruz  ou  Renato  Deác  (sic)”.  

 

Percebe-­‐se,  assim,  que  os  Querelados  não  têm  compromisso  com  a  

verdade,   carecendo,   portanto,   de   qualquer   credibilidade,   pois   inventam   e  mudam  

suas  versões  ao  sabor  de  suas  conveniências  e  segundo  interesses  inconfessáveis  de  

quem  por  ventura  os  esteja  orientando.  

 

Naquele   momento   em   que   lhes   interessava   agradar   o   chefe   de  

ocasião,   conceberam,   produziram,   e   colocaram   em   execução   um   plano   ardiloso,  

sórdido,  para  atacar  a  honra  e  desmoralizar  a  Querelante  e,  para  tanto,  associaram-­‐

se  entre  si  para  produzir  o  tal  documento  difamatório.  Agora,  retomam  a  formação  

criminosa   para,   novamente,   cometerem   crimes   contra   a   honra   da  Querelante   que  

errou,  sim,  mas  foi  em  não  tê-­‐los  processado  já  nas  primeiras  ofensas  ocorridas  em  

2011.  

 

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Resta  claro  que  os  mentores  de  toda  a  farsa  foram  os  Querelados,  

que  até  parecem  escolhidos  a  dedo  pelo  presidente  da  Comissão  de  Inquérito  ou  por  

quem   forjou  o  procedimento  administrativo   seródio,   porque   instaurado  quando   já  

prescrita   a   pretensão   punitiva   estatal,   conforme   bem   lembrou   o   ex-­‐secretário  

Cláudio  Ferreira  em  seu  depoimento,  com  o  que  se  tem  por  evidenciada  a  tramoia  

com  o  escopo  exclusivo  de  causar  novo  gravame  contra  a  honra  da  Querelante.    

 

Causa  espécie  o  fato  de  que  uma  das  depoentes,  do  dia  10  de  abril  

de  2014,  NAYAMMA  ALEXANDRINA  PEREIRA  DE  FRANÇA  revelou  que  a  assinatura  

que  aparecia  como  sua,  no  documento  difamatório  datado  de  29  de  abril  de  2011  

era   FALSA,   o   que   por   si   só   já   demonstra   o   nível   ético   daqueles   que   tramaram   e  

confeccionaram   o   tal   documento   (doc.   anexo),   uma   gente   misteriosa   que   os  

irresponsáveis  que  assinaram  a   lista   referendando  mentiras  que  depois  assumiram  

como  tal,  sequer  têm  a  dignidade  de  revelar  quem  sejam.  Causa  maior  estranheza,  

ainda,  que  após  essa   revelação   tenha  o  presidente  da  CCI   ignorado  a   falsidade  do  

documento   que   dera   ensejo   à   instauração   do   PAD,   preferindo   seguir   colhendo  

depoimentos   caluniosos   e   agravando   os   danos   morais   já   devidos   pela  

Municipalidade  e  seus  agentes  à  ora    Querelante.  

 

Assim  como  também  continuam  convenientemente  desaparecidos,  

cabos  eleitorais,  Mario   José  do  Nascimento  e  Deyvson   Felix  Barbosa,  que  são  tão  

íntimos  do  prefeito  Geraldo   Julio,   do   PSB,   que  protocolaram  diretamente   em   seu  

gabinete,  uma  cópia  do  mencionado  documento  de  2011,  que  agora  se  sabe  conter  

até   assinaturas   falsificadas,   em   vez   de   o   fazerem,   como   qualquer   cidadão,   no  

Protocolo  Geral,  do  edifício-­‐sede  da  Prefeitura  do  Recife  (docs.  Anexos),  documento  

este   que   deu   origem   à   instauração   do   precitado   PAD,   dando   ensejo   para   que   os  

Querelados   pudessem   despejar   seu   manancial   pútrido   de   calúnias,   difamações   e  

injúrias  contra  a  Querelante.1  

 

                                                                                                               1     Contra   ambos   será   protocolada   representação   para   a   Promotoria   Criminal   por  denunciação  caluniosa,  nos  termos  do  art.  339.  CP.  2  A   Querelante   protocolará   representação   ao   Ministério   Público   denunciando   toda   a   tramoia  urdida  para  forjar  inquéritos  contra  si,  para  coibi-­‐la  de  denunciar  irregularidades  encontradas  no  âmbito  da  Secretaria  de  Assuntos  Jurídicos  do  Recife,  da  Procuradoria  da  Fazenda  Municipal  e  de  

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  16  

Cometem,  ainda,  os  Querelados,  os  crimes  de  Difamação  (art.  139,  

CP),  para  o  qual  está  prevista  a  pena  de  3  meses  a  um  ano  e  multa  e   Injúria   (Art.  

140,  CP),  cuja  pena  é  de  um  a  seis  meses  ou  multa.  

 

Tem-­‐se   por   consumado   o   crime   de  Difamação   quando   o   agente  

imputa   a   outrem,   fato   ofensivo   a   sua   reputação.   Na   Difamação,   o   bem   jurídico  

atingido  é  a  honra  objetiva,  ou  seja,  o  conceito  de  que  o  sujeito  passivo  desfruta  no  

meio   social.   Em   seu   depoimento   prestado   no   dia   10   de   abril   de   2014,   como  

informante,   a   Querelada   ROBERTA   SOUZA   DE   CUNHA   MELO   afirmou   que   a  

Querelante   teria   declarado,   em   2011,   que   “os   prestadores   de   serviços   eram  

preguiçosos   que   o   seu   cachorro   era   mais   disposto   de   que   os   prestadores   de  

serviços,  que  eram  barriga  de  lombriga;  vagabundos  e  que  não  queriam  trabalhar”.  

 

Já   em  outro   trecho,   a  mesma  Querelada   atribui   à  Querelante   ter  

chamado   uma   terceira   pessoa,   que   sequer   foi   capaz   de   identificar,   de   “a   outra  

vagabundinha”.  

 

Segundo   a   Querelada,   ROBERTA   SOUZA   DE   CUNHA   MELO,   a  

Querelante   também   teria   o   costume   de   “dizer   em   ambientes   públicos   que   os  

prestadores  de  serviços  ‘eram  vagabundos  e  não  queriam  nada’”.  

 

A  Querelante  além  de  procuradora  judicial  do  Município  do  Recife  

é   uma   figura   pública   de   bastante   projeção   no  meio   político   e   social   do   Estado   de  

Pernambuco,   com   destaque,   ainda,   a   nível   nacional,   em   alguns   seguimentos   dos  

meios  de  comunicação  e  movimentos  sociais.  

 

Como  procuradora-­‐chefe  da  Procuradoria  da  Fazenda  Municipal  do  

Recife,   da   qual   esteve   à   frente   apenas   por   11   meses,   teve   destacada   atuação,  

devendo   ser  mencionado   seu   pioneirismo   na   idealização   e   realização   do   primeiro  

Mutirão   de   Conciliação   dos   Executivos   Fiscais   Municipais,   realizado   no   Estado   de  

Pernambuco,  em  cooperação  com  o  Tribunal  de  Justiça  e  que  ganhou  destaque  nas  

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  17  

primeiras   páginas   de   todos   os   jornais   do   Estado,   no   CNJ,   Consultor   Jurídico   e   em  

vários  sites  especializados.    

 

Como   procuradora   judicial   concursada   do  Município   do   Recife,   a  

Querelante  tem  nada  menos  que  17  longos  anos  de  serviços  prestados  com  extrema  

dedicação   ao   interesse   público,   sem   jamais   ter   registrado   qualquer   fato   que  

desabonasse  sua  conduta  funcional,  muito  pelo  contrário,  sendo  conhecida  por  sua  

reputação  ilibada  e  atuação  independente,  razão  pela  qual  jamais  compactuou,  nem  

compactuará   com   quaisquer   desvios   de   conduta   praticados   em   detrimento   do  

interesse  público,   sejam  quais   forem  as   formas  de   chantagens  e  perseguições  que  

forem  utilizadas  para  intimidá-­‐la.    

 

Várias   foram   as   denúncias   de   irregularidades   que   a   Querelante  

levou  ao  conhecimento  das  autoridades  competentes,  sem  jamais  se  quedar   inerte  

diante  da  tentação  da  prevaricação,  tão  sedutora  para  muitos  e  não  resta  dúvidas  de  

que  por  essa  razão  sempre  foi  alvo  de  perseguições  e  aleivosias,  sendo,  porém,  uma  

das  mais  abjetas,  a  que  ora  urge  combater  por  meio  da  presente  Queixa-­‐Crime.  

 

Só   no   âmbito   da   Procuradoria   da   Fazenda   Municipal,   onde   os  

Querelados   trabalham,   foram   da   Querelante   as   denúncias   levadas   às   autoridades  

competentes,   pedindo  providências  na   apuração  e   correção  de  desvios  de   função,  

como   os   praticados   por   uma   prima   da  Querelada  MARIA   CAROLINA   TAVARES   DE  

ARAUJO   (cujo   parentesco   foi   por   esta   declinado   em   seu   depoimento   à   CCI),  

juntamente   com   a   servidora   que   chefiava   o   Setor   de   Controle   de   Processos   da  

Procuradoria,    a  quem,  aliás,  atribui-­‐se  a  coleta  de  assinaturas  do  abaixo-­‐assinado:2  

 

                                                                                                               2  A   Querelante   protocolará   representação   ao   Ministério   Público   denunciando   toda   a   tramoia  urdida  para  forjar  inquéritos  contra  si,  para  coibi-­‐la  de  denunciar  irregularidades  encontradas  no  âmbito  da  Secretaria  de  Assuntos  Jurídicos  do  Recife,  da  Procuradoria  da  Fazenda  Municipal  e  de  outros  órgãos  do  Município,  inclusive  com  ameaças  já  encaminhadas  à  Polícia  Federal.    

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  18  

   

Na  denúncia,  fartamente  documentada,  restou  comprovado  que  a  

prima  da  Querelada,  apesar  de  ser  apenas  terceirizada,  exercia  de  fato  a  Chefia  do  

Setor  de  Controle  de  Processos,  enquanto  a  servidora  apenas  recebia  a  gratificação  

da   função.  A   ilegalidade   só   cessou  após   chegar   ao   conhecimento  do  Secretário  de  

Assuntos   Jurídicos,   mas   nenhum   inquérito   foi   instaurado   por   este,   para   apurar  

responsabilidades.  

 

Foi   também   por   denúncia   da   Querelante   que   foi   instaurado  

Inquérito  Policial  na  Delegacia  de  Crimes  contra  a  Ordem  Tributária  para  investigar  

falsificações   de   assinaturas   de   um   procurador,   de   petições   e   comprovantes   de  

quitações   de   mais   de   três   milhões   de   débitos   em   execuções   fiscais,   falsificações  

referentes   a   documentos   gerados   por   setores   da   Procuradoria   da   Fazenda   e   cujas  

execuções  fiscais  permaneceram  inexplicavelmente  guardadas  dentro  do  armário  do  

gabinete   do   chefia   da   Procuradoria,   até   que   esta   foi   assumida   pela   Querelante,  

conforme  comprova  a  notitia  criminis  que  deu  origem  ao  referido  Inquérito  Policial.  

O   descaso   com   que   o   caso   foi   tratado   já   gera   prejuízos   ao   Erário,   inclusive   com  

decretações  de  prescrição  em  favor  dos  beneficiários  das  faslsificações:  

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  19  

 

2ª  Vara  dos  Executivos  Fiscais  Municipais  da  Capital  

Processo  nº  001.1996.110038-­‐0  

NPU  0110038-­‐73.1996.8.17.0001  

Execução  Fiscal  

Exeqüente:  Prefeitura  da  Cidade  do  Recife  

Executada:  Centro  Hospitalar  Casa  Forte  Ltda  

DESPACHO  

Antes  de  apreciar  o  pedido  feito  pela  Fazenda  Municipal  de  extinção  da  

Execução   fiscal   referida,   com   fundamento   nos   artigos   794,   I   e   795   do  

Código   de   Processo   Civil   combinados   com   o   artigo   156,   I,   do   Código  

Tributário  Nacional   (fls.04),  por   cautela,   será  útil,  principalmente  para  a  

Exeqüente   ter   conhecimento   da   situação   jurídica   duvidosa   quanto   ao  

pagamento  da  dívida  exeqüenda  pela  Executada   -­‐  CENTRO  HOSPITALAR  

CASA  FORTE  LTDA.  

Tendo   chegado   ao  meu   conhecimento,   através   do   exame   das   questões  

suscitadas   pelo   Município   do   Recife   nos   Embargos   de   Declaração   com  

Efeitos  Infringentes  em  face  da  sentença  de  fls.07  proferida  nos  autos  da  

Execução   Fiscal   nº   001.2001.043014-­‐9,   que   este   Juízo   extinguiu   o   feito  

executivo   em   razão   de   pretenso   pagamento,   anunciado   nos   autos   por  

meio  de  petitório  e  documento  de  quitação  que,  entretanto,  não  foram  

confeccionados/emitidos   pela   Procuradoria   da   Fazenda   Municipal   nem  

por   outro   órgão   da   Administração   Municipal.   Em   outras   palavras,   o  

petitório  e  o  documento  em  comento  foram,  ao  que  tudo  indica,  objeto  

de   falsidade   e   que,   ainda,   suscita   a   dúvida   quanto   a   assinatura   dele  

constante,  como  do  douto  Procurador  Municipal,  Humberto  Cabral  Vieira  

de  Melo,  não  condiz  com  a  sua  firma  original,  somando-­‐se  a  isso  o  fato  de  

que   o   número   de   sua  matrícula   não   é   o   grafado   na  peça   em   comento,  

fatos   que,   a   propósito,   refletem   nestes   autos   de   Execução   Fiscal   nº  

0011996.110038-­‐0,  movida   contra   a  mesma   parte   Executada   -­‐   CENTRO  

HOSPITALAR   CASA   FORTE   LTDA   e   nos   demais   feitos   em   que   o   aludido  

Procurador   Judicial   supostamente   subscreveu   petição   de   extinção   da  

execução   pelo   pagamento   do   débito,   tais   como:   Execução   Fiscal   nº  

001.1999.688152-­‐3   -­‐   Execução   Fiscal   nº   001.2005.196786-­‐4   e   outras,  

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  20  

conforme  pesquisa  realizada  no  JUDWIN/Guia  de  Remessa/Origem:  196  -­‐  

Protocolo   Geral   do   Fórum   do   Recife/progefacil,   onde   consta   o   registro  

das  outras  petições  (tendo  como  parte  Executada  -­‐  CENTRO  HOSPITALAR  

CASA   FORTE   LTDA),   DETERMINO   VISTA   DOS   AUTOS   a   fim   de   que   a  

FAZENDA  MUNICIPAL  se  manifeste  acerca  da  autenticidade  da  petição  de  

fls.04,   ratificando  o  pedido  nela   contido  de   extinção  da   Execução   Fiscal  

referida,  com  fundamento  nos  artigos  794,  I  e  795  do  Código  de  Processo  

Civil   combinados   com  o  artigo  156,   I,   do  Código  Tributário  Nacional,  no  

prazo  de  05  (cinco)  dias.  

Após,  voltem-­‐me  os  autos  conclusos.  

Junte-­‐se  cópia  da  pesquisa  realizada  por  este  Juízo.  

Intime-­‐se,  observando-­‐se  o  que  determina  o  art.  25  e  seu  parágrafo  único  

da  Lei  nº  6.830/80.  

Recife,  14  de  setembro  de  2011.  

JOSÉ  SEVERINO  BARBOSA  

JUIZ  DE  DIREITO  

 

Foi  durante  a  rápida  chefia  de  apenas  11  meses  da  Querelante,  que  

a  verdadeira  “linha  de  montagem”  de  reconhecimento  de  prescrições  que  existia  no  

Núcleo   Estratégico   de   Reconhecimento   de   Prescrição   e   do   Atendimento   ao  

Contribuinte,  que  fora  criada  pela  chefia  anterior,  foi  extinta.    

 

Assim   como   foi   por   “culpa”   da   Querelante   que   um   verdadeiro  

esquema   de   contratação   de   estagiários   “fantasmas”,   iniciado   também   na   gestão  

anterior  a  sua,   foi  desbaratado,  conforme  comprova  o  Ofício  em  anexo,   informado  

ao  então  Secretário  de  Assuntos  Jurídicos,  que  após  recadastramento,  nada  menos  

que  15  estagiários  contratados  pela  SAJ,  para  a  Procuradoria  da  Fazenda  Municipal,  

eram  “fantasmas”.  E,  assim,  a  Querelante  foi  se  tornando  odiada,  persona  non  grata,  

por   aqueles   que   só   veem   seus   interesses  mesquinhos,   sempre   em   detrimento   do  

interesse   público.   Daí   porque   o   zelo   pela   coisa   pública   precisa   ser   desmoralizado  

para  ser  confundido  com  “assédio  moral”  e  outras  barbaridades  da  mesma  ordem.    

 

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  21  

   

É   claro   que   há   pessoas   poderosas   por   trás   desses   ataques   feitos  

pelos  Querelados  à  honra  da  Querelante,  pessoas  ainda  não  identificadas,  mas  que  

não  demorarão  a  ser  desmascaradas,  tão  logo  a  Polícia  Federal  revele  os  nomes  dos  

responsáveis  pelas  ameaças  feitas  à  Querelante  e  a  sua  genitora,  ameaças  essas  que  

utilizam,   justamente,   sua   condição   de   pertencer   à   “procuradoria   da   pcr”   é  

expressamente  mencionada  pelos  “fakes”  que  fizeram  as  ameaças,  como  fator  que  

seria  usado  para  prejudicá-­‐la  acaso  desagradasse  o  ex-­‐governador  Eduardo  Campos  

e  o  prefeito  Geraldo  Júlio:  

 

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  22  

Mas  a  notoriedade  da  Querelante  não  está  na   sua   atuação   como  

procuradora   e   sim   como   ativista   nos   movimentos   sociais   e   como   comentarista  

política  nas  Mídias  e  Redes  Sociais  e  em  debates  que  participa  com  frequência,  em  

vários  meios  de  comunicação  e  acadêmicos,  inclusive  universidades,  para  os  quais  é  

convidada:  

 

 

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  23  

 

Para   se   ter   uma   ideia,   somente   nos   meses   de   março   e   abril,   a  

Querelante   participou   de   vários   debates   com   jovens   estudantes   universitários,   a  

convite   destes,   sobre   temas   os  mais   variados,   desde   a   Reforma  Política,   passando  

pela  Conjuntura  Eleitoral.  Deu  entrevistas  sobre  a  participação  feminina  na  política,  

para  estudantes  de  Jornalismo,  da  UNICAP,  tendo  participado  ainda  de  debates  com  

alunos   de   Ciências   Sociais,   História   e   Pedagogia,   no   Centro   de   Educação   da  UFPE,  

onde,   juntamente   com  o  Comitê  Popular  da  Copa  e  os  movimentos   sociais,   foram  

discutidos   os   impactos   sociais   da   Copa   do  Mundo   sobre   as   populações   vítimas   do  

higienismo   social,   uma   vez   que   a   Querelante   atua,   ativamente,   como   advogada  

voluntária   dos   movimentos   sociais,   notadamente   dos   jovens   que   participam   dos  

protestos  pelo  Passe  Livre  e  contra  a  Repressão  Policial:  

 

 

 

A  Querelante  também  é  articulista  semanal  de  um  dos  Blogs  mais  

conceituados  do  Estado  e,  sem  dúvida,  o  Blog  mais  acessado  do  Norte/Nordeste,  o  

Blog   de   Jamildo,   hospedado  no  Portal   NE10,   do  UOL   e   vários  de   seus  artigos,   em  

defesa  dos  Direitos  Humanos  e  contendo  análises  da  conjuntura  social  e  política,  são  

frequentemente   compartilhados   por  milhares   de   leitores   em   todo   o   país   e   até   no  

exterior,  além  de  serem  reproduzidos  por  jornais  e  blogs  nacionais,  como  o  Blog  do  

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  24  

jornalista   Luis   Nassif   e   pelo   site   “Combate   ao   Racismo   Ambiental”.   Entrevistas  

sobre  movimentos   sociais   com   a  Querelante   já   foram   reproduzidas   por   Portais   da  

Inglaterra   e   feitas   por   jornalistas   estrangeiros.   A   repercussão   das   opiniões   e   do  

ativismo  social  e  político  da  Querelante,  já  lhe  rendeu  um  Perfil,  de  3  páginas,  para  o  

importante   e   conceituado   Caderno   “Aurora”,   do   Diário   de   Pernambuco  

(http://aurora.diariodepernambuco.com.br/2013/09/que-­‐venha-­‐o-­‐proximo-­‐embate/).    

 

Todas  essas  citações  não  têm  por  escopo  fazer  qualquer  apologia  à  

pessoa  da  Querelante,  mas  demonstrar  o  grau  máximo  a  que  chega  a  difamação  que  

os   Querelados   estão   perpetrando   contra   a   honra   da   Querelada,   dado   o   nível   de  

projeção  política  e  social  que  esta  detém  junto  à  comunidade.    

 

Não  bastasse  isso,  o  próprio  Blog  pessoal  da  Querelante,  já  chegou  

a  ter  28  mil  acessos  em  uma  só  postagem,  enquanto  outra  dessas  postagens  levou  o  

Ministério  Público  a  instaurar  investigação  criminal  contra  o  ex-­‐governador  Eduardo  

Campos   e   o   prefeito   de   Ipojuca,   do   PSDB,   Carlos   Santana,   bem   como   contra   a  

secretária  de  educação  desse  município  (doc.  anexo).  A  Querelante  recebe  inúmeros  

convites   para   produção   de   artigos   para   vários   Blogs   que,   infelizmente,   não   tem  

condições  de  atender,  dada  a  exiguidade  de   seu   tempo.   Isso  demonstra  a  enorme  

credibilidade   que   detém   junto   à   opinião   pública,   conquistada   após   anos   de  

incansável   labor   em   defesa   dos   menos   favorecidos,   do   interesse     público   e   da  

moralidade  administrativa.  

 

Dentre   os   artigos   de   maior   destaque   já   produzidos   pela  

Querelante,   publicados   pelo   Blog   de   Jamildo   e   amplamente   compartilhados   e  

republicados  por  outros  blogs  e  sites,  merecem  destaque  os  seguintes,  dos  quais  se  

extrai   alguns   trechos,   apenas   a   título   ilustrativo,   de  modo   a   demonstrar   como   as  

difamações  proferidas  nos  depoimentos  prestados  pelos  Querelados,  contra  a  honra  

da   Querelante,   são   ofensivos   e   destinados,   deliberadamente,   a   destruir-­‐lhe   a  

reputação:  

 

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  25  

http://blogs.ne10.uol.com.br/jamildo/2014/02/18/estado-­‐de-­‐direito-­‐ou-­‐estado-­‐

de-­‐barbarie/  

 

“O   mês   de   fevereiro   de   2014   ficará   marcado   em   nossas  

memórias  pela  banalização  do  mal.  Foi  em  fevereiro  de  2014  que  vimos,  em  uma  

espécie  de  sequência  bizarra,  a  que  ponto  chegou  a  barbárie  de  uma  sociedade  

que  se  pretende  moderna  e  civilizada.  

Enquanto   jovens   são   despidos   e   amarrados   a   postes,   pelo  

pescoço,   por   pretensos   e   pretenciosos   “justiceiros”   e   crianças   são   espancadas  

por  seguranças  de  lojas  pela  simples  suspeita  trazida,  seja  pela  cor  de  suas  peles,  

seja  por  sua  condição  social,  de  serem  bandidos,  vemos  um  Congresso  dominado  

por   Renans,   Collors,   Sarneys,   Bolsonaros,   Eduardos   Cunha,   em  polvorosa,   para  

aprovar  uma  Lei  Antiterrorismo,   cuja   finalidade  é,   tão   somente,   criminalizar  os  

movimentos   sociais,   aproveitando-­‐se,   oportunisticamente,   da  morte   trágica   de  

um   pai   de   família,   durante   um   protesto,   ao   mesmo   tempo   que   fazem   vista  

grossa  para  tantas  outras  mortes  das  vítimas  do  terrorismo  de  Estado,  que  eles  

mesmos  patrocinam.  

Nos   presídios   e   nos   centros   de   reeducação   de   menores,  

persistem  os  assassinatos  com  requintes  de  crueldade,  torturas,  decaptações,  o  

abominável,   o   impensável.   E   tudo   sob   a   tutela   e   vigilância   complacente   do  

Estado.  

O   que   nos   resta,   alguns   hão   de   pensar,   é   o   recesso   dos  

nossos  lares.  A  tranquilidade  da  vida  em  família.  Mas  não,  ledo  engano,  pois  nem  

ali   há   paz   para   milhares   de   crianças   e   mulheres,   vítimas   da   violência,   aliás,  

principalmente  ali,  não  há  paz  para  esses  milhares  de  crianças  e  mulheres,  já  que  

é   justamente   na   intimidade   da   vida   doméstica   que   a   violência   se  mostra  mais  

presente  e  perversa.  

(…)  

O  machismo,  porém,  não  é  um  fenômeno  patológico,  a  ser  

tratado  por  psiquiatras  e  terapeutas.  Antes  fosse.  Assim  como  a  homofobia,  que  

é   uma   das   facetas   do   próprio   machismo   e   o   racismo,   o   machismo   é   um  

fenômeno   social,   de   classe,   de   dominação   e   como   tal   tem   que   ser   tratado   e  

combatido   mediante   políticas   públicas   efetivas   porque   traz   consequências  

gravíssimas  que  as  páginas  policiais  não  permitem  aos  governos  esconder.  

Para   se   ter   uma   rápida   noção   do   quanto   é   grave   e  

acentuado   o   machismo   em   nossa   sociedade,   levantamento   feito   pelo   IPEA,  

somente  na  última  década,  concluiu  que,  no  Brasil,  uma  mulher  é  morta  a  cada  

uma  hora  e  meia,  por  causa  do  machismo.  Foram  cerca  de  50  mil   feminicídios,  

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  26  

entre  2001  e  2011,  ou  seja,  algo  em  torno  de  5.000  mulheres  assassinadas  por  

ano,   pelo   simples   fato   de   serem   mulheres.   470,   por   mês   e   15,   por   dia,  

exclusivamente   por   causa   do   machismo.   Em   pelo   menos   um   terço   desses  

homicídios,  o  local  onde  se  deu  a  morte  foi  no  próprio  domicílio  da  vítima,  o  que  

demonstra  que  o  lar  é  um  lugar  extremamente  perigoso  para  muitas  mulheres.”  

 

http://blogs.ne10.uol.com.br/jamildo/2014/02/11/negros-­‐e-­‐pobres-­‐ja-­‐nascem-­‐

em-­‐perigo/  

“Mas   os   problemas   de   Eduardo   Campos   com   os   Direitos  

Humanos  não  param  por  aí.  Já  não  é  novidade  que  Pernambuco  foi  denunciado,  

em  seu  governo,  a  organismos   internacionais  de  defesa  dos  Direitos  Humanos,  

em   razão  das  péssimas   condições  da  FUNASE   (que  a  propaganda  do   candidato  

Eduardo  Campos  tem  chamado  de  FEBEM),  onde  menores  são  decapitados  em  

rebeliões  e  do  presídio  Aníbal  Bruno,  considerado  o  pior  da  América  Latina,  pior  

até  que  o  presídio  de  Pedrinhas,  no  Maranhão.  

Mas   o   descaso   do   governador   Eduardo   com   os   Direitos  

Humanos,   também   se   volta   contra   vítimas   e   testemunhas   ameaçadas,   senão  

vejamos   a   quantas   anda   o   PPCAAM,   Programa   de   Proteção   a   Crianças   e  

Adolescentes  Ameaçados  de  Morte.  

O  PPCAAM  é  um  programa  federal  criado  em  2003  e  posto  

em   execução   a   partir   de   2007,   em   parceria   com   os   governos   estaduais   e  

organizações   não   governamentais.   Tem   por   finalidade   a   redução   das  

mortalidade   infanto-­‐juvenil,   mediante   a   proteção   de   crianças   e   adolescentes  

ameaçados  de  morte,  dando  especial  ênfase  à  proteção  integral  e  à  convivência  

familiar.”  

 

http://blogs.ne10.uol.com.br/jamildo/2013/11/19/novo-­‐recife-­‐ou-­‐estado-­‐novo/  

“Algumas  medidas  capitaneadas  pelo  secretário  João  Braga,  

a  mando   do   prefeito  Geraldo   Julio   (PSB),   têm   causado   desgastes   a   sua   gestão  

junto  aos  movimentos  sociais  e  aos  defensores  dos  direitos  humanos,  mas,  por  

outro   lado,   têm   agradado   em   cheio   àqueles   que   sonham,   há   tempos,   com   a  

implantação  de  uma  política  higienista  na  cidade.  

São  remoções  de  camelôs,  de  feirantes,  enfim,  moradores  e  

população  de  baixa   renda  que  não   se   enquadrem  no   seu  modelo  moderno  de  

cidade,   no   qual   se   encaixam,   à   perfeição,   Torres   e   arranha-­‐céus   autorizados   a  

subir  no  centro  da  cidade,  com  a  alteração  gritante  das  feições  originais  desses  

cenários,   até   então   caríssimos   ao   patrimônio   histórico   e   cultural   da   capital  

pernambucana  e  que  desta  sempre  foram  referência  internacional.  

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O  processo  de  gentrificação,  portanto,   tem  contado  com  a  

total  cumplicidade  da  gestão  Geraldo  Júlio,  a  ponto  de  referido  processo  parecer  

mesmo  ser  o  mote,  a  diretriz  da  sua  política  de  urbanismo,  a  cada  dia  com  mais  

feições  higienistas.  

(…)  

Mas  quem  pensar  que  o  higienismo  é  coisa  de  Geraldo  Júlio  

engana-­‐se   mais   ainda.   Ele   também   cumpre   ordens,   assim   como   Agamenon  

cumpria  ordens  de  Getúlio.  Para  se  ter  uma  ideia  do  caráter  higienista  do  projeto  

de  poder  de  Eduardo  Campos  não  precisamos  ir  muito  longe.  Basta  lembrarmos  

da  extinção  do  sagrado  direito  de  nascer,  decretado  por  Eduardo,  em  Fernando  

de  Noronha.   Lá,   em  Noronha,   gente  não  pode  nascer.   Só  o  que  pode  nascer  é  

empreendimento  turístico  para  desfrute  e  lucro  de  empresários.  

Nem   maternidade   funciona   em   Noronha.   Se   houver   uma  

emergência  dessa  natureza,  a  paciente  tem  que  ser  deslocada  para  o  continente  

correndo  todos  os  riscos,  pois  o  Estado  não  pode,  ele  mesmo,  correr  o  risco  de  

que   mais   ninguém   nasça   do   paraíso   de   Fernando   de   Noronha   e   adquira   os  

direitos  de  nativo  do  lugar.”  

 http://blogs.ne10.uol.com.br/jamildo/page/1/?s=noelia+brito+inserçao  

“No   último   fim   de   semana   estive   em  Natal   e   lá   conheci   a  

presidente  da  APAE  de  Caicó,  a  professora  aposentada,  Gildete  Medeiros  que  me  

falou   sobre   o   valoroso   trabalho   dessa   instituição   como   fomentadora   e  

responsável   direta   pela   inclusão   das   pessoas   com  deficiências   na   sociedade.   A  

APAE   –   Associação   de   Pais   e   Amigos   dos   Excepcionais   surgiu   em   1954   com   a  

missão  de  promover  a  atenção  integral  às  pessoas  com  deficiência  intelectual  ou  

múltipla.   Hoje,   nada  menos   que   2  mil  municípios   brasileiros   contam   com  uma  

unidade  da  APAE.  

Dentre   as   várias   conquistas   do   movimento   apaeano,   uma  

das   mais   importantes,   segundo   os   que   fazem   parte   do   movimento,   foi   a  

obrigatoriedade  de   realização  do  Teste  do  Pezinho,  pelo  qual   se   faz  um  exame  

laboratorial,  chamado  também  de  triagem  neonatal,  que  detecta  precocemente  

doenças  metabólicas,  genéticas  e  infecciosas,  que  poderão  causar  alterações  no  

desenvolvimento  neuropsicomotor  do  bebê.  

Essa   não   é   uma   conquista   a   ser   desprezada   num   país   em  

que   segundo   o   Censo   do   IBGE,   ainda   em   2000,   tinha   uma   população   de  

aproximadamente   24,5   milhões   de   pessoas   com   deficiência,   8,3%   das   quais,  

diagnosticadas  com  algum  tipo  de  deficiência  mental.  

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A  partir  dessa  conversa  com  a  professora  Gildete,   recordei  

das   várias   denúncias   que   já   haviam  me   chegado   dando   conta   das   agruras   por  

que  passam  os  alunos  com  necessidades  especiais  e  seus  responsáveis,  quando  

procuram  a  tão  sonhada  –  e  propalada  –  inserção  na  rede  regular  de  ensino.  

Não   foi   à   toda,   portanto,   que   o   Estatuto   da   Criança   e   do  

Adolescente   e   a   Lei   de   Diretrizes   e   Bases   da   Educação   previram   a  

obrigatoriedade  da  inclusão  das  crianças  com  necessidades  especiais  no  sistema  

regular  de  ensino,  pois  isso  foi  fruto  de  longos  anos  de  luta  daqueles  que,  assim  

como   o  movimento   apaeano,   estiveram   na   vanguarda   das   reivindicações   pelo  

reconhecimento   dos   direitos   das   pessoas   com   necessidades   especiais   se  

integraram  à  sociedade  de  onde  jamais  deveriam  ter  sido  alijadas.”  

 

http://blogs.ne10.uol.com.br/jamildo/2014/01/28/judiciario-­‐que-­‐exclui-­‐esta-­‐

muito-­‐longe-­‐de-­‐ser-­‐moderno-­‐e-­‐mais-­‐distante-­‐ainda-­‐do-­‐povo/  

“O  Brasil,   como   signatário  da  Convenção   sobre  os  Direitos  

das   Pessoas   com   Deficiências,   a   chamada   Convenção   de   Nova   Iorque,   deve  

respeito  aos  princípios  ali  insculpidos  porque  têm  a  força  de  normas  de  natureza  

constitucional.  

Dentre   os   princípios   a   que   o   Brasil   se   tornou   co-­‐obrigado,  

ao  subscrever  a  Convenção  que  trata  dos  Direitos  das  Pessoas  com  Deficiência,  

entendidas   estas   como   as   que   “te?m   impedimentos   de   natureza   fi?sica,  

intelectual  ou  sensorial,  os  quais,  em  interac?a?o  com  diversas  barreiras,  podem  

obstruir  sua  participac?a?o  plena  e  efetiva  na  sociedade  com  as  demais  pessoas”  

(art.   1º,   Convenção),   destacam-­‐se   o   “respeito   pela   dignidade   inerente,  

independe?ncia  da  pessoa,  inclusive  a  liberdade  de  fazer  as  pro?prias  escolhas,  e  

autonomia   individual”,   bem   como   a   “igualdade   de   oportunidades”   e   a  

“acessibilidade”.  

Dito   isso,   causa   espécie   que   parta   justamente   do   Poder  

Judiciário   uma   das   principais   iniciativas   descumpridoras   dessa   conquista   tão  

arduamente   buscada   pelos   que  militam   em   prol   da   causa   ora   em   destaque.   É  

que  a  pretexto  de  modernizar  o   sistema  de  acompanhamento  e  administração  

de  processos,  o  Poder  Judiciário  findou  por  criar  um  processo  judicial  altamente  

exclusivo,   com   o   chamado   Processo   Judicial   Eletrônico,   o   PJe,   que   alija   os  

profissionais   do   direito   com   deficiência   visual   de   sua   utilização,   tornando-­‐os  

totalmente   dependentes   de   uma   terceira   pessoa   para   que   possam   utilizar   o  

sistema,  descumprindo  acintosamente  o  que  vem  determinado  pela  Convenção  

em  tela.”  

 

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http://blogs.ne10.uol.com.br/jamildo/2014/02/04/doutora-­‐deborah-­‐prates-­‐um-­‐

balsamo-­‐a-­‐perfumar-­‐nossas-­‐batalhas-­‐por-­‐vezes-­‐inglorias/  

“Em   nosso   artigo   da   semana   passada,   denunciamos   o  

descaso   com   que   o   Poder   Judiciário   brasileiro   vinha   tratando   a   situação   das  

partes   e   profissionais   com   deficiências   que   necessitam   utilizar   o   sistema  

processual  eletrônico  para  ter  pleno  acesso  à  Justiça,  o  que,  em  si,  já  configurava  

flagrante   descumprimento   das   normas   constitucionais   vigentes,   desde   que   o  

Brasil  se  tornou  signatário  da  Convenção  de  Nova  Iorque.  

A   inconstitucionalidade   e   o   desrespeito   com   o   direito   das  

pessoas   deficientes,   em   especial   aquelas   com   deficiência   visual,   foram  

referendados   por   uma   decisão   do   Ministro   Joaquim   Barbosa,   na   condição   de  

presidente  do  Supremo  Tribunal  Federal  e  do  Conselho  Nacional  de  Justiça.  

Em  nossos  artigos  anteriores  –  vale   lembrar  que  em  nosso  

primeiro  artigo  sobre  o  tema,  quando  falamos  do  papel  das  APAEs  e  tratamos  do  

descaso   dos   governos   estaduais   e   municipais   em   aparelhar   escolas   e   treinar  

educadores   para   lidar   com  os   alunos   com  necessidades   especiais   -­‐,   trouxemos  

dados  ainda  do  Censo  de  2000,  para  demonstrar  a  dimensão  da  exclusão  que  o  

descumprimento,   seja   pelo   Poder   Judiciário,   seja   pelo   Poder   Executivo,   das  

políticas  inclusivas,  causava  ao  nosso  povo.  

(…)  

Felizmente,   durante   as   férias   do  presidente  do   STF,   coube  

ao   vice-­‐presidente,   Ricardo   Lewandowiski   despachar   o  mandado   de   segurança  

MS   32.751,   impetrado   pela   advogada   fluminense,   onde   o   vice-­‐presidente   do  

Supremo,   no   exercício   da   presidência   reconheceu   o   descaminho   por   onde  

enveredara   o   STF,   ao   cercear   o   direito   da   advogada   ao   livre   exercício   da  

profissão,   concedendo   liminar   no   sentido   de   lhe   permitir   peticionar   em  papel:  

“Conforme   narrado   na   inicial   deste   writ,   o   processo   judicial   eletrônico   é  

totalmente  inacessível  às  pessoas  com  deficiência  visual,  pois  não  foi  elaborado  

com  base  nas  normas  internacionais  de  acessibilidade  web.  

Dessa   forma,   continuar  a  exigir  das  pessoas  portadoras  de  

necessidades   especiais   que   busquem   auxílio   de   terceiros   para   continuar   a  

exercer   a   profissão   de   advogado   afronta,   à   primeira   vista,   um   dos   principais  

fundamentos  da  Constituição  de  1988,  qual  seja,  a  dignidade  da  pessoa  humana  

(art.  1º,  III,  da  CF).  

(…)  

A  quem  iremos  responsabilizar?  O  que  mais  de  descaso  em  

termos  de  descumprimento  de  direitos  fundamentais  encontraremos  dentro  do  

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próprio  Poder  Judiciário  e  que  continuarão  ocultos  por  não  encontrarem  pessoas  

como   a   advogada   Deborah   Prates   para   se   insurgirem   contra   eles?   Que   o  

exemplo  de  Deborah  nos  inspire  e  nos  anime  a  seguir  adiante  como  um  bálsamo  

a  perfumar  nossas  batalhas  muitas  vezes  tão  inglórias.  Salve,  salve,  Dra.  Deborah  

Prates!”  

 

Buscando-­‐se   nos   jornais   de   nosso   Estado,   incontáveis   serão   as  

matérias  trazendo  o  nome  da  Querelante  como  defensora  voluntária  de  estudantes  

e  trabalhadores  contra  a  opressão  e  a  repressão.  Na  página  pessoal  no  Facebook  da  

Querelante   são   inúmeros  os   comentários  de  admiração  e   respeito  de  pessoas  que  

acompanham   o   trabalho   combativo   da   Querelante,   sempre   na   defesa   dos  menos  

favorecidos   e   do   povo   de   nosso   Estado,   contra   as   perseguições   dos   poderosos,   a  

ponto   de   alguns   citarem   a   Querelante   como   exemplo   para   suas   próprias   vidas   e  

condutas.   São   jovens  estudantes  universitários,   secundaristas,  pessoas   já  adultas  e  

de   todas  as  profissões  e  classes  sociais  que   já   tiveram  oportunidade  de  manifestar  

publicamente  seu  respeito  e  admiração  pela  conduta  escorreita  da  Querelante.    

 

Resta   evidenciado,   portanto,   que   os   ataques   mesquinhos   e  

desprovidos  de  qualquer  fundamento  ou  veracidade  que  os  Querelados  desferiram  

contra  a  Querelante,  no  dia  10  de  abril  do  corrente  ano,  nada  mais  são  que  crimes  

contra   sua   honra,   difamações   sórdidas,   destinadas   a   desmoralizá-­‐la   perante   a  

opinião   pública,   visando   destruir   a   imagem   que   ergueu   com   muito   esforço   e  

dignidade,  que,  repita-­‐se,  tem  servido  de  inspiração  para  jovens  e  adultos  de  todas  

as  classes  sociais,  hoje  tão  carentes  de  pessoas  íntegras  em  quem  possam  confiar  e  

se  espelhar.  O  desserviço  que  os  Querelados  prestam  não  é  só  à  Querelante,  mas  a  

todos   que   admiram   e   precisam   de   seu   trabalho   por   sentirem-­‐se   por   este  

representados.  Eis  alguns  exemplos:  

 

 

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 http://andradetalis.wordpress.com/2014/04/10/noelia-­‐brito-­‐no-­‐caminho-­‐certo/  

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Conforme   se   percebe   pelos   comentários   expressados   por   um  

número   significativo   de   cidadãos   e   cidadãs   que   acompanham   a   trajetória   e   o  

trabalho  da  Querelante,  muitos,  inclusive,  seus  admiradores,  os  ataques  a  sua  honra  

que   têm   sido  desferidos  pelos  Querelados  não  podem  mais   seguir   impunes,   razão  

pela   qual   a   presente   Queixa-­‐Crime   se   mostra   inadiável   e   inevitável.   Ademais,   o  

número   de   acessos   e   compartilhamentos,   comentários   e   “curtidas”   nas   postagens  

feitas  pela  Querelante  em  seu  perfil  pessoal  no  Facebook,  deixam  claro  o  porquê  da  

vontade  de  seus  detratores  em  difamá-­‐la,  desqualificá-­‐la  e  desmoralizá-­‐la  a  qualquer  

custo,   posto   que   não   convém   aos   interesses   inconfessáveis   dos   coronéis   que  

mandam   em   Pernambuco   e   na   Prefeitura   do   Recife,   que   a   Querelante   seja   uma  

formadora   de   opinião   com   tamanha   repercussão   e   influência   nas   Redes   Sociais,   a  

ponto  de  que  uma  única  postagem  sua,  criticando  atos  desses  “coronéis”  modernos,  

possa   chegar   a   ter   milhares   de   compartilhamentos   e   ainda   instigue   acalorados  

debates,   sem   a   censura   e   o   cabresto   desses   donatários,   que   tratam  o   povo   como  

serviçais  e  o  Estado  como  se  fosse  sua  capitania  hereditária.  Os  cidadãos  e  cidadãs  

livre   pensantes   transformaram   o   perfil   da   Querelante,   no   Facebook,   numa  

verdadeira  Ágora  virtual,  conforme  se  vê  nos  exemplos  adiante:  

 

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Os   Querelados   também   injuriaram   a   Querelante,   praticando   a  

conduta  típica  prevista  no  artigo  140,  do  CP,  ao  acusarem  a  Querelante  de  praticar  

ofensas,  inclusive  de  baixíssimo  nível,  contra  seus  semelhantes,  independentemente  

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de   serem  ou  não   terceirizados   da   Procuradoria   da   Fazenda,   tais   como  a   utilização  

das   impensáveis  expressões  “vagabundinha”  e  “barrigas  de   lombrigas”  ou,  ainda,  a  

comparação  de  quem  quer  que  seja  com  os  animais,  para   lhes  dar  uma  conotação  

depreciativa,   ofende   a   dignidade   da   Querelante,   pois   corresponde   a   chamá-­‐la   de  

pessoa  desprovida  de  moral  e  de  respeito  ao  próximo,  uma  assediadora  desumana,  

o   que   para   uma   pessoa   de   formação   cristã   e  moral   sólida,   como   a   Querelante,   é  

intolerável,  causando-­‐lhe  repulsa  e  indignação,  com  o  que  se  tem  por  consumado  o  

crime  de  injúria.  

 

Conforme   já   exposto,   os   Querelados   cometeram   os   crimes  

previstos   nos   arts.   138,   139   e   140,   do   CP,   contra   a   honra   da   Querelante,   não  

havendo  a  menor  dúvida  de  que  combinaram  entre  si  seus  depoimentos  e  depois  de  

prévio   ajuste   praticaram   no   dia   10   de   abril   do   corrente,   os   delitos   de   calúnia,  

difamação,  injúria,  contra  esta,  com  o  agravante  de  serem  as  ofensas  referentes  ao  

exercício  de  cargo  público.  

 

Diante   de   todo   o   exposto,   requer   a   citação   dos   Querelados,   nos  

termos   do   art.   396,   do   CPP,   processando-­‐se   a   presente   Queixa-­‐Crime   na   forma  

prevista   pelo   art.   519   e   segs,   do   CPP,   para,   ao   final,   ser   julgada   procedente,  

condenando-­‐se  os  Querelados  nas  penas  dos  artigos  138,  139  e  140,  do  CP,  com  as  

agravantes  dos  incisos  II  e  III  do  art.  141,  do  CP.  

 

Protesta  provar  o  alegado  por  todos  os  meios  de  prova  admitidas  

em  direito,  notadamente  pela  oitiva  das  testemunha  abaixo  arroladas.  

 

N.  Termos,  

P.  Deferimento.  

 

Recife,  14  de  abril  de  2014.  

 

MARCOS BEZERRA DE LIMA JÚNIOR OAB/PE n° 31.800