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Governo prepara regras para travar abusos na atribuição de vistos gold O Ministério da Justiça e a APEMIP estão a preparar protocolos com entidades chinesas para aumentar a transparência dos vistos e impedir que os compradores paguem preços inflacionados pelas casas Economia, 19 QUA 26 FEV 2014 EDIÇÃO LISBOA Lei que entrou ontem em vigor dá mais poderes à Autoridade de Segurança Alimentar, que tem brigadas para fiscalizar empresas p20 Comissão Europeia estima que o crescimento da economia portuguesa pode atingir 1,3% este ano. O cálculo é de Oli Rehn p16/17 Os novos líderes perfilam-se para enfrentar os desafios de um país ameaçado pela instabilidade p22/23 ASAE já tem 50 processos sobre más práticas do comércio Ianukovich está em fuga mas ucranianos querem processá-lo Periféricos ganham terreno face ao Norte da Europa Relatório conclui que 12,3% da população portuguesa com mais de 60 anos foi vítima de violência física, financeira ou psicológica. Um cenário preocupante p2/3 Mais de 300 mil idosos acima dos 60 vítimas de violência MÁRIO COLUNA MORREU O LÍDER DE UMA GERAÇÃO DOURADA Desporto, 40/41 SPORT LISBOA E BENFICA TVI24 FAZ 5 ANOS “A POLÍTICA É CADA VEZ MAIS PARA OS ESPECTADORES DO CABO”, DIZ JOSÉ ALBERTO CARVALHO Portugal, 6 Ano XXIV | n.º 8720 | 1,10| Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Miguel Gaspar, Simone Duarte, Pedro Sousa Carvalho | Directora de Arte: Sónia Matos ISNN:0872-1548 HOJE Colecção Grandes Óscares DVD 3 – Cisne Negro Por + 5,95PUBLICIDADE al, 6 www.edp.pt a energia que nos une

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Governo prepara regras para travar abusos na atribuição de vistos goldO Ministério da Justiça e a APEMIP estão a preparar protocolos com entidades chinesas para aumentar a transparência dos vistos e impedir que os compradores paguem preços infl acionados pelas casas Economia, 19

QUA 26 FEV 2014EDIÇÃO LISBOA

Lei que entrou ontem em vigor dá mais poderes à Autoridade de Segurança Alimentar, que tem brigadas para fi scalizar empresas p20

Comissão Europeia estima que o crescimento da economia portuguesa pode atingir 1,3% este ano. O cálculo é de Oli Rehn p16/17

Os novos líderes perfi lam-se para enfrentar os desafi os de um país ameaçado pela instabilidade p22/23

ASAE já tem 50 processos sobre más práticas do comércio

Ianukovich está em fuga mas ucranianos querem processá-lo

Periféricos ganham terreno face ao Norte da Europa

Relatório conclui que 12,3% da população portuguesa com mais de 60 anos foi vítima de violência física, fi nanceira ou psicológica. Um cenário preocupante p2/3

Mais de 300 mil idosos acima dos 60 vítimas de violênciaMÁRIO COLUNA

MORREU O LÍDER DE UMA GERAÇÃO DOURADADesporto, 40/41

SPORT LISBOA E BENFICA

TVI24 FAZ 5 ANOS“A POLÍTICA É CADA VEZ MAIS PARA OS ESPECTADORES DO CABO”, DIZ JOSÉ ALBERTO CARVALHOPortugal, 6

Ano XXIV | n.º 8720 | 1,10€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Miguel Gaspar, Simone Duarte, Pedro Sousa Carvalho | Directora de Arte: Sónia MatosISNN:0872-1548

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2 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014

ENVELHECIMENTO

Mais de 300 mil portugueses acima dos 60 anos já foram vítimas de violência

Vila real

Fonte: Estudo Populacional do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge sobre a violência PÚBLICO

Por região, em % Por tipos de violência na população com mais de 60 anos, em %

Por grupo etário e género, em %

Violência contra idosos

Financeira

Física

Psicológica

Negligência

Sexual

Global, incluindo agressores desconhecidos

6,3

2,3

6,3

0,4

0,2

15,0

60-69 anos

70-79 + 80

6,3

17,5

5,88,2

23,121,5

MasculinoFeminino

AçoresMadeira

Algarve

Alentejo

Lisboa e Vale do Tejo

Centro

Norte

14,5

13,8

10,86,8

13,7

15,4 11,0

“Dá-me outra tareia, per-corri a cozinha toda, fui bater no fogão, no con-tador da água. Depois caí, não sei como é que ele me mandou ao chão

e quando estou no chão começo a sentir qualquer coisa a correr, vou com a mão à boca — isto é sangue”. O testemunho é de Luís, 71 anos, ví-tima de violência por parte do fi lho, e faz parte do relatório do projecto Envelhecimento e Violência que in-clui dois estudos e foi promovido pelo Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge.

Os números impressionam: 12,3% da população portuguesa com mais de 60 anos já foi vítima de, pelo me-nos, condutas violentas por parte de um familiar, amigo, vizinho ou pro-fi ssional. Os dados, apresentados on-tem em Lisboa, fazem parte de um dos estudos do projecto, neste caso o Estudo populacional sobre a violên-cia, baseado numa amostra de 1123 pessoas com mais de 60 anos.

O relato de Luís não é caso úni-co. Os nomes são fi ctícios, mas as histórias foram todas contadas aos investigadores na primeira pessoa. “Quando voltou ele disse: mãe, eu vou para o Canadá. Vou para o Ca-nadá, vou vender o apartamento. Eu vou e não posso ir sem dinheiro. Eu disse-lhe: olha uma coisa e onde

é que eu fi co? Ó mãe, olha, vais pa-ra debaixo da ponte, vais para um sítio qualquer que queiras”, conta Filipa, 75 anos, sobre a violência exercida pelos fi lhos.

A coordenadora do projecto, Ana Paula Gil, considera que haver 123 pessoas desta faixa etária num uni-verso de mil que, em Portugal, fo-ram alvo de algum tipo de violência é um valor “preocupante”, sobretu-do quando comparado com outros países. Por exemplo, citou, no Reino Unido um estudo semelhante indica que 26 pessoas em mil foram alvo de violência, enquanto na Irlanda são 22 pessoas em mil. Já os Estados Unidos têm valores mais próximos dos por-tugueses, com 114 pessoas em mil.

A investigadora mostra-se ainda preocupada com a questão da vio-lência fi nanceira: “A apropriação, o roubo, o pressionar a pessoa a as-sinar documentos, passar procura-ções”, enumera, defendendo é ne-cessário não só agilizar o processo judicial, como também haver mais “articulação institucional”, uma vez que há casos de vítimas que passam por várias instituições sem verem o problema resolvido.

De acordo com este estudo popula-cional, estima-se que, entre Outubro de 2011 e Outubro de 2012, este pro-blema da violência tenha afectado cerca de 31.4291 pessoas com mais de 60 anos a residir em Portugal. A violência fi nanceira e a psicológica foram as mais frequentes, afectando

6,3% da população com idade supe-rior a 60 anos. Este estudo teve como objectivo, entre outros, estimar a pre-valência de pessoas, com 60 e mais anos, sujeitas a violência — física, psicológica, fi nanceira, sexual e ne-gligência — em contexto familiar, nos 12 meses anteriores à entrevista.

Nas pessoas com mais de 76 anos, o risco de se ser vítima aumentou 10% por ano. Além disso, o risco na-queles que precisam de ajuda nas ac-tividades da vida diária foi o dobro do apresentado pelas pessoas inde-pendentes. Por outro lado, concluiu-se que a escolaridade foi um factor protector da violência. Os indivíduos que concluíram o 2.º e 3.º ciclo são os que estarão em menor risco: o risco de ser vítima de violência para este grupo é 83% inferior aos dos in-divíduos sem escolaridade.

Considerando, neste primeiro es-tudo, a violência no global, os prin-cipais agressores foram outros fami-liares (27%), descendentes (16,1%), (ex-)cônjuges ou (ex-)companheiros (13,4%), e amigos/vizinhos (11,6%), sendo que 13,5% recusou identifi car o agressor. No entanto, centrando o olhar na violência fi nanceira, os descendentes surgem em primeiro lugar (26,1%). Já na violência psicoló-gica, os outros familiares destacam-se, com 37,4% dos casos, sendo a violência física sobretudo perpetra-da pelos (ex-)cônjuges ou (ex-)com-panheiros — 56,4% das situações.

O estudo revela ainda que cerca de

Violência física, fi nanceira, psicológica: Portugal revela realidade mais preocupante do que países como Reino Unido ou Irlanda

Maria João Lopes

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PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014 | DESTAQUE | 3

64,9% das vítimas de crime e violên-cia não falaram nem apresentaram queixa sobre a situação vivida. Na procura de ajuda, 20,7 % dirigiram-se às forças de segurança e 4,5% pro-curaram ajuda junto de um profi s-sional de saúde. Alguns dos motivos evocados pelas vítimas para não de-nunciarem ou apresentarem queixa foram considerar que o incidente foi irrelevante (38,1%), a importância da família e dos laços afectivos com o agressor (10,5%) e o medo (5,9%).

Casos mais gravesO projecto Envelhecimento e Vio-lência incluiu, no entanto, um outro estudo sobre as vítimas de violência. Este segundo estudo compreendeu uma amostra de 510 vítimas de vio-lência, com mais de 60 anos, resi-dentes em domicílios particulares em Portugal e sinalizadas pelas en-tidades parceiras do projecto.

A entidade proponente do projec-to, que decorreu entre 2011 e 2014, é o Instituto Nacional de Saúde Dou-tor Ricardo Jorge e os parceiros são o Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa, o Ins-tituto de Medicina Legal e Ciências Forenses, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, o Instituto da Se-gurança Social, e a Guarda Nacional Republicana.

A investigadora Ana Paula Gil res-salva que esta segunda amostra inci-diu sobre casos de vitimização mais graves e mais continuados: “Digamos

que são situações-limite”, explicou. Neste estudo, no que toca à caracteri-zação das vítimas, predominaram as mulheres (76,1%) e o grupo etário dos 60 aos 69 anos (49,8%). Mais de me-tade dos participantes eram casados (61,5%) e viviam num núcleo familiar composto sobretudo por duas pes-soas (57,2%). 65,7% tinham o ensino básico, 22,9% não tinham escolari-dade, 78,8% estavam em situação de reforma e auferiam um rendimento baixo, até 500 euros (66,4%). Cerca de um terço das vítimas (23%) tinham difi culdade na realização de pelo me-nos uma das actividades da vida diá-ria e 76,3% referiram ter pelo menos uma doença crónica.

Nesta amostra, porém, as pessoas apontaram com mais frequência te-rem sido vítimas de violência física (87,8%), seguindo-se a psicológica (69,6%) e a fi nanceira (47,5%). As agressões ocorreram mais do que uma vez, tendo a maioria sido víti-ma de múltiplos tipos de violência (74,1%). As formas que mais se des-tacaram foram o “bater/agredir”, referido em 89,2% dos casos, o “gritar” em 78%, o “ameaçar” em 48,3%, o ignorar em 47,4% e o rou-bo em 46,4% situações. Os princi-pais agressores de violência física e psicológica foram (ex-)cônjuges ou companheiros, seguidos dos des-cendentes. Na violência fi nanceira, os descendentes, (ex-)cônjuges ou (ex-)companheiros foram os prin-cipais agressores.

A secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, Teresa Morai s , revelou on-tem, à margem da apre-sentação do projecto

Envelhecimento e Violência, que propôs ao Ministério da Educação e Ciência (MEC) a criação de um programa de escolarização de idosas, em parceria com câmaras municipais das regiões do interior. “Estamos agora a identifi car quem podem ser os parceiros”, disse, acrescentando que espera que ar-ranque já este ano.

Os distritos identifi cados como tendo maior incidência de analfabe-tismo feminino foram Beja, Évora, Portalegre, Castelo Branco, Guarda e Vila Real. “A proposta feita ao MEC foi no sentido de que pudéssemos constituir uma parceria entre a Edu-cação e a Igualdade para, convidando as câmaras municipais nesses distri-tos, criar cursos de alfabetização pa-ra essas mulheres idosas”, adiantou. Para a secretária de Estado medidas como esta podem ajudar a comba-ter a “particular vulnerabilidade das mulheres” no que toca à violência, sobretudo se tiverem baixa escolari-dade e forem idosas.

Uma outra medida passa por, tam-bém em articulação com o MEC, “le-var a alfabetização às casas-abrigo”: “Verifi ca-se que há mulheres acolhi-das, nas estruturas de acolhimento da rede pública de casas-abrigo, que não são alfabetizadas”, disse, frisan-do que “é um factor que difi culta” autonomização e o acesso ao mer-cado de trabalho.

“Surgiu em conversas com o MEC a possibilidade de formarmos equi-pas de docentes que, para já numa experiência-piloto, farão alfabetiza-ção de mulheres em casas-abrigo”, afi rmou, acrescentando que tam-bém espera que o projecto arranque este ano. “Estão a ser contactadas as casas-abrigo no sentido de identifi -carmos que casas têm mulheres com este perfi l acolhidas e que veriam com bons olhos esta experiência-piloto. Quando tivermos identifi ca-do estas casas arrancamos com uma

Governo deverá arrancar este ano com plano de escolarização para idosas

equipa de docentes que percorrerá essas casas-abrigo de acordo com um calendário que vamos forma-tar”, explicou.

Teresa Morais frisou que o Plano Nacional contra a Violência Domés-tica e de Género incluiu a preocupa-ção de verifi car quais as casas-abrigo que devem apostar numa resposta “qualifi cada para o acolhimento e atendimento” específi co da popula-ção idosa. Ainda que a maioria das mulheres que estão nestas estrutu-ras não seja idosa, “pode justifi car-se que se identifi quem algumas casas-abrigo particularmente vocaciona-das para este atendimento”.

Neste plano, em vigor desde 1 de Janeiro e que será executado até 2017, foram também incluídas me-didas como mais acções de forma-ção para as forças de segurança: “É preciso multiplicar essas acções ao nível de todas as forças de seguran-ça e também em meio urbano mais alargado, em que a proximidade é mais difícil. Nos meios rurais, a GNR está mais acessível, nos meios urbanos a grande concentração de população torna a polícia menos

PAULO PIMENTA

Maria João Lopes

Nas pessoas com mais de 76 anos, o risco de se ser vítima aumentou 10% por ano

acessível”, diz, acrescentando que uma das propostas do Ministério da Administração Interna passa por apostar num “policiamento de pro-ximidade” junto de famílias de risco e casos de violência doméstica.

Teresa Morais salientou ainda ser “fundamental” aumentar a formação dos profi ssionais de saúde: “Foi-se percebendo ao longo do tempo que muitos dos funcionários do Serviço Nacional de Saúde, médicos, médicas e enfermeiros não sabiam lidar com os casos de violência doméstica que lhes chegavam às mãos e tinham di-fi culdade em dar-lhes resposta”, ex-plicou, garantindo que está prevista, de acordo com um plano do Minis-tério da Saúde, uma “multiplicação das acções de formação ao nível das Administrações Regionais de Saúde”.

No que toca à justiça, a secretária de Estado salientou, como “resulta-dos visíveis”, o facto de haver mais reclusos a cumprir pena por crimes de violência doméstica: à data de 17 de Outubro de 2012, eram 292; a 15 de Outubro de 2013, 417. Quanto a dados sobre vigilância electrónica, no fi nal de 2013, havia 210 pessoas proibidas de contactar outra, en-quanto em 2012 eram 116.

Teresa Morais é ainda defensora da ideia da criação de um Plano Ge-rontológico Nacional “que pudesse analisar os problemas do envelhe-cimento no seu conjunto”, que ti-vesse “uma visão multidisciplinar dos problemas que a velhice trans-porta”, na perspectiva da justiça, da protecção social, da segurança social, e da educação.

PEDRO INÁCIO

Docentes farão alfabetização de mulheres em casas-abrigo

Alfabetização pode ajudar a combater a “particular vulnerabilidade das mulheres” no que toca à violência

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4 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014

PJ Militar investiga esquema de desvio de doentes para hospital privado

Efectuadas mais de uma dezena de buscas para desmantelar fraude a subsistemas de saúde. Não houve detidos, mas quatro médicos e três estabelecimentos de saúde foram alvo de buscas

JONATAS LUZIA

Esquema que envolve médicos a trabalhar nos hospitais militares é mais uma fraude na saúde pública

A Polícia Judiciária (PJ) Militar reali-zou ontem mais de uma dezena de buscas em instituições hospitalares, residência de médicos e empresas, no âmbito de uma operação que visa desmantelar um esquema fraudu-lento que terá causado “elevados prejuízos” em dois subsistemas pú-blicos de saúde: a ADM (Assistência na Doença aos Militares) e a ADSE.

A informação foi divulgada num comunicado da PJ Militar, assinado pelo coronel Luís Vieira, director--geral daquela força tutelada pelo Ministério da Defesa. “Os suspeitos implementaram um esquema do qual lograram conseguir vantagens patrimoniais, causando elevados prejuízos aos subsistemas de assis-tência na doença, ADM e ADSE”, lê-se na nota.

O comunicado adianta que o in-quérito, dirigido pela 9.ª Secção do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, in-vestiga crimes de corrupção, entre outros. A PJ Militar completa ainda que a operação envolve “parte subs-tancial dos seus investigadores” e vários peritos forenses.

O PÚBLICO confi rmou que na operação não foi detido ninguém, tendo sido essa uma opção estraté-gica dos responsáveis pela investi-gação.

Segundo a SIC, as buscas ocorre-ram no Hospital Militar de Lisboa e no Hospital das Forças Armadas, também na cidade, e no Hospital Saint Louis, uma instituição parti-cular de solidariedade social pro-priedade da Sociedade Francesa de Benefi cência com dois pólos na capi-tal (Bairro Alto e Campo Grande).

Em causa, diz a estação de televi-são, está um esquema para desviar doentes de hospitais militares para unidades privadas de saúde, para a realização de tratamentos com pre-ços infl acionados e que muitas ve-zes nem sequer eram necessários. A radioterapia interna seria um deles, que chegava a custar à ADM 16 mil a 18 mil euros, comparticipados a 100%. No sistema público, o mesmo tratamento fi caria por cerca de seis mil euros.

O Hospital Saint Louis, a unidade privada para onde seriam desviados

lizados para prevenir, diagnosticar ou tratar uma doença.

A Ordem dos Médicos confi rma que as buscas foram acompanhadas por um médico do Conselho Regio-nal do Sul, por solicitação das auto-ridades judiciais, tal como aconte-ce neste tipo de diligências sempre que há envolvimento de médicos. Segundo a SIC, quatro clínicos, um radiologista e três urologistas, um dos quais é chefe de serviço no Hos-pital Militar de Lisboa, foram alvo de buscas domiciliárias.

Macedo elogia rapidezApesar de não conhecer em porme-nor as buscas, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, comentou ontem, em Vila Nova de Gaia, a operação da PJ Militar, evidenciando a “rapi-dez” da investigação e a “solidez de prova” encontrada.

“Não conheço em detalhe, porque são buscas da Polícia Judiciária Mi-litar, mas estamos sistematicamen-te a ver acções destas com provas sólidas e com evidência, portanto é uma área a prestar atenção para evitar os custos associados à fraude, mas também à corrupção. Destaco a rapidez das autoridades que pro-duzem prova”, declarou o ministro Paulo Macedo, à margem da inau-guração do Centro de Reabilitação do Norte.

O governante defendeu que mais importante do que punir os envolvi-dos nestas fraudes é desincentivar outros de continuar a cometer es-tes ilícitos. Paulo Macedo quer que “este tipo de acções de investigação desencadeie um efeito desincentiva-dor de fraude” e garante que o seu ministério está a tomar “medidas de prevenção” que passam, desde logo, pelo “controlo a grandes concentra-ções que possam ser irregulares ou prescrições irregulares”. O ministro sublinhou ainda o “avanço que tem havido nos sistemas de informação para controlar a prescrição médica e o apoio assistencial”.

Este mês, Paulo Macedo disse em entrevista ao Diário Económico que os casos em investigação ou sinali-zados como suspeitas de fraude ou corrupção na área da saúde, nos úl-timos dois anos e meio, envolverão valores na ordem dos 229 milhões de euros. Pelo menos um caso já está a ser julgado. com Margarida Gomes e Catarina Gomes

Justiça Mariana Oliveira

os doentes, informou em comuni-cado “que está a colaborar com as autoridades de investigação em pro-cesso respeitante a actos cirúrgicos referentes a doentes abrangidos pela ADM e encaminhados por profi ssio-nais do Hospital Militar”. Acrescen-

tou que “cumpre escrupulosamente os normativos legais e dará todas as informações pertinentes às autori-dades, sendo certo que é alheio a qualquer eventual irregularidade de terceiros”.

O PÚBLICO apurou ainda que

a investigação tenta também des-mantelar uma fraude relacionada com dispositivos médicos utilizados para combater determinados tipos de cancro. Estes dispositivos são ins-trumentos de saúde que englobam um vasto conjunto de produtos uti-

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6 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014

Há dois anos a TVI24 estava em risco de fechar. Agora aproxima-se da SIC Notícias — em Janeiro teve 1,6% de share e a SIC N 1,9%. A que se deve esta subida contínua: mérito da TVI24 ou o cansaço do público com o modelo que a concorrência explora há anos?Nunca acho que haja demérito da concorrência. A concorrência é muito forte, está instalada há mais tempo do que nós e quem tinha um problema era a TVI24:falta de visibilidade e de audiência.O que fi zeram?Iniciámos um processo de mudança radical a 9 de Janeiro de 2012. Mudámos tudo — logótipo, cores, programação, rostos, métodos de trabalho internos na redacção. A TVI24 pretendia ser o mais ágil dos canais informativos portugueses. As notícias são rápidas e a opinião é valiosa e infl uente. E a TVI24 é o principal ecrã multimédia do país. Somos o único canal de notícias com uma aplicação móvel própria — há três anos. A TVI24 apostou na Liga dos Campeões, mas as equipas portuguesas já saíram. Foi um revés para o investimento?A negociação da Champions foi feita a pensar na TVI24 e não apenas na TVI. Foi negociado como um conteúdo táctico e determinante para melhorar os resultados da TVI24 pela visibilidade, pelo posicionamento da marca e pelo impacto que o futebol tem em Portugal.O que é preciso limar no canal?Assumo que queremos maior integração, o casamento entre o broadcast e a broadband, quero a TV nas redes sociais e as redes sociais na TV.Em que é que a TVI24 é diferente dos outros três canais informativos?Na agilidade e capacidade de reacção, nos comentadores credíveis, infl uentes e controversos; na cobertura de grandes eventos, de grandes manifestações sociais; no desporto, sobretudo a cobertura

“A política é um conteúdo cada vez mais para os espectadores do cabo”

José Alberto Carvalho No 5.º aniversário da TVI24, o director de Informação fala da agilidade da informação e a infl uência dos comentadores como as mais-valias do canal. E quer disputar a liderança com a SIC Notícias

NUNO FERREIRA SANTOS

de share. Conseguem os 2,5% num horizonte de dois anos?Acho difícil e ambicioso mas possível. Depende da evolução económica do país, da regulamentação do sector, da concorrência, da TDT, dos modelos de fi nanciamento dos concorrentes, como o público.O cenário da RTP Informação em sinal aberto na TDT é uma ameaça à TVI24 e SIC N?É uma ameaça a dezenas de postos de trabalho sem contribuir com nada de novo para a maioria dos portugueses.Do ponto de vista do consumidor que paga a CAV, não faz sentido ter os canais de serviço público em sinal aberto?Se não tivessem publicidade, talvez

solução que não seja substituir os comentadores ou rever o programa a partir do momento em que for publicado o decreto com a convocação das eleições.E outros novos programas?Temos umas apostas em avaliação, mas é precoce falar sobre elas. Uma delas não é informação pura e dura. Vamos fazer uma programação especial para o 25 de Abril, com um conjunto de cinco grandes reportagens para a TVI e TVI24 sobre liberdades.Não é contraditório que as pessoas não queiram saber de política e dos políticos, mas queiram ouvi-los como comentadores?É contraditório. Mas estamos a falar de coisas diferentes. A TVI24 está claramente a apostar no caminho da despolitização do debate político e do comentário político. Temos programas com políticos e temos comentadores políticos. Temos Augusto Santos Silva (PS) e Manuela Ferreira Leite (PSD), e temos Medina Carreira que não é político.Os dois primeiros são políticos até à medula.Pois são, mas a ideia é mesmo essa. No comentário político nós estamos apostados na despolitização. O comentário político deve ser assumido por jornalistas, por comentadores não enfeudados, fi liados ou engajados em correntes ideológicas ou partidos políticos. A nossa tendência é ter cada vez mais pessoas a comentar política e que não sejam políticos. Tendo, de preferência, os políticos mais combativos, argumentativos, assertivos em antena ao mesmo tempo. Isto é compatível.A saída de Marques Mendes foi uma perda. Era um comentador que dava notícias e audiências.O que é que o comentador e a SIC ganharam com isso? O dr. Marques Mendes ganhou público, mas a sua voz perdeu infl uência. Os seus comentários eram mais amplifi cados na TVI24, onde tinha menos espectadores, do que agora. Mesmo no papel em que muitas vezes parecia jornalista, ele traz novidades? Eu não tenho sentido muito isso na intervenção dele aos sábados na SIC.

isso merecesse um estudo. Agora, não se pode ter tudo. Não se pode ter taxa, publicidade e acesso às plataformas de distribuição em condições de desigualdade para com os outros.Dois dos comentadores da TVI24 foram apresentados como candidatos às europeias pelo PSD e PS. Vai mantê-los em antena?Isso demonstra a infl uência dos comentadores da TVI24, que consegue ter no mesmo programa os dois cabeças de lista dos maiores partidos. Sobre a continuidade. Face à não alteração da legislação e atendendo ao histórico das resoluções da CNE e dos tribunais sobre a equidade no tratamento dos candidatos, não terei outra

Entrevista Maria Lopes

da Champions, com os jogos da Taça da Liga. E temos maior diversidade de formatos em antena do que os nossos concorrentes, mais ousadia. Não há nenhum que faça comentários como a Constança Cunha e Sá, não há nenhum programa como o Mais Futebol, nem como o Olhos nos Olhos, o Governo Sombra. Temos um programa em horário nobre que se chama Política Mesmo. A política tende a ser um conteúdo informativo cada vez mais para os espectadores do cabo e cada vez menos para os generalistas.Na TVI generalista não cabe a médio prazo um programa de grande informação?Não vejo essa possibilidade no horizonte e duvido que alguma vez volte a haver. Os grandes debates de actualidade, nacionais e internacionais, estão hoje no cabo.Olha para a toda a concorrência de igual forma?Não desvalorizo ninguém, não me sinto ameaçado por ninguém. Estou atento aos outros.Neste momento está em segundo.Sim, mas já estou no espelho retrovisor do que vai à frente. Estamos muito satisfeitos com os resultados do último ano. A TVI24 teve subidas em relação ao ano anterior no total do dia de 51% de audiência e no horário nobre 33%. E nunca fi xamos nenhum objectivo.A administradora deixou-os bem defi nidos. Quer ultrapassar a SIC Notícias em 2015. Acha que consegue ainda este ano?Não sei. Depende do que eles fi zerem. Sabe qual foi o melhor mês da TVI 24 no ano passado? Julho. Não houve nenhuma competição de futebol. Foi o pico da crise política, a demissão de Gaspar e de Portas, etc. Este ano vamos ter um mês difi cílimo, o do Mundial.Como vão contornar?Ignoramos. Vamos fazer cobertura jornalística, claro, mas de forma simplista. Porque este espectáculo é na casa do vizinho, não vou mandar os convites para a festa dele. Mas acho interessante cobrir a situação social no Brasil durante o mundial de futebol.Estão com uma média de 1,4%

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PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014 | PORTUGAL | 7

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A ex-ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues e Boaventura Sousa Santos, director do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, são duas das dezenas personalidades que subscrevem um abaixo-assinado do Bloco de Esquerda a apelar aos deputados para aprovarem medidas que previnam as praxes violentas.

“As praxes são, com as suas prá-ticas de submissão e violência, in-compatíveis com a vida universitá-ria”, observa a ex-ministra de José Sócrates, criticando a “ambiguidade

Lurdes Rodrigues e Boaventura Sousa Santos aderem a proposta do BE para controlar praxes

de posições dos dirigentes académi-cos” sobre a matéria. Intitulado Pa-ra que tudo não fi que na mesma, o abaixo-assinado do BE acompanha um projecto de resolução que será discutido esta sexta-feira no Parla-mento conjuntamente com outro do PSD e do CDS. O constituciona-lista Pedro Bacelar Vasconcelos, a escritora e professora universitária Teolinda Gersão, os escritores José Luís Peixoto e Luísa Costa Gomes, o politólogo André Freire e os sociólo-gos António Firmino da Costa e João Teixeira Lopes são outras fi guras que integram o mesmo abaixo-assinado, que fala da praxe como “uma cultura que se alimenta de um sistema de obediência hierárquico e arbitrário, contrário aos valores mais básicos da democracia e cidadania”.

Os bloquistas preconizam a distri-buição obrigatória aos estudantes de informação sobre a matéria no acto de candidatura ao ensino superior,

Ensino superior Ana HenriquesProjectos de resolução bloquista e social-democrata/centrista são discutidos sexta-feira no Parlamento

tes e sejam consentidas nós tolera-mos a praxe”, explica o deputado social-democrata Duarte Marques. E acrescenta: “A maioria dos estu-dantes é favorável à praxe.” Este projecto de resolução prevê que as instituições de ensino superior e as associações de estudantes “pro-movam uma acção pedagógica que defenda a liberdade dos estudantes de participar ou não na praxe e que reforce os mecanismos de denúncia às autoridades competentes de qual-quer prática violenta e abusiva”.

Embora os bloquistas concordem com as propostas dos partidos do Governo, acham-nas insufi cientes. Já o PSD entende que as ideias do BE põem em causa a autonomia univer-sitária. Seja como for, ainda é cedo para dizer se os pontos de discórdia serão de molde a impedir que os dois documentos sejam fundidos num só, votado favoravelmente por uma lar-ga maioria de deputados.

nomeadamente aquela que se refe-re às consequências disciplinares e penais de algumas destas práticas. “Em alternativa às redes informais de praxe, a integração dos novos alunos deve ser feita pelas próprias institui-ções de ensino superior”, defende o deputado do BE Luís Fazenda. Para este partido, devem ser as faculdades e institutos a promover as actividades lúdicas de recepção aos caloiros. “Há muitos anos que a direita é a principal defensora da cultura praxista”, acusa o parlamentar, que quer ainda ver montada uma rede de apoio psicoló-gico e jurídico para os estudantes que peçam ajuda ou denunciem casos de praxe violenta ou não consentida.

Já a proposta do PSD e do CDS vai no sentido de ser criada uma cam-panha institucional de sensibilização pela tolerância zero à praxe violenta, à semelhança das campanhas contra a violência doméstica. “Desde que não sejam violentas nem humilhan-

Breve

Justiça

Tribunais: ANMP admite recorrer a instâncias comunitáriasO presidente da Associação de Municípios Portugueses (ANMP), o socialista Manuel Machado, admitiu ontem que poderá recorrer a “instâncias comunitárias” para travar o novo mapa judiciário, que prevê o fecho de 20 tribunais e a conversão de 27 em secções de proximidade. Segundo Machado, a nível interno cabe a cada município a decisão de avançar com a contestação judicial, mas sublinhou que ANMP está também a diligenciar para ser ouvida pelas instâncias comunitárias.

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Maioria dos portuguesescom excesso de peso

O alerta foi feito ontem pela Organiza-ção Mundial de Saúde (OMS): o exces-so de peso “é tão comum que arris-ca tornar-se a nova norma na região europeia”. Para fundamentar esta conclusão, a OMS apresenta médias que considera “alarmantes” entre adolescentes e adultos, mas princi-palmente entre crianças. Na Europa, mais de 27% das crianças com 13 anos e 33% com 11 anos têm excesso de pe-so. Portugal está entre os países com piores indicadores: aos 11 anos, 32% das crianças têm peso a mais.

A OMS revela “níveis preocupan-tes” de excesso de peso resultantes de uma má alimentação e inactivida-de física. De acordo com dados reco-lhidos entre 2009 e 2010, a Grécia lidera, por exemplo, na percentagem de crianças de 11 anos com excesso de peso (33%), seguida de Portugal (32%) e da Irlanda e Espanha (ambas com 30%). No fi m da lista encontram-se a Holanda e a Suíça, com 13% e 11%, respectivamente. Entre as crianças portuguesas, a OMS apresenta ainda valores para os meninos e as meni-nas com sete anos. O excesso de peso está presente em 40,5% dos rapazes e em 35,5% das raparigas. A obesi-dade, na mesma faixa etária, é me-nor, 16,7% e 12,6%, respectivamente.

No caso de adolescentes de 13 anos, a prevalência do excesso de peso foi verifi cada em mais de 27%

OMS avisa que Portugal é dos países europeus com mais excesso de peso infantil

destes jovens nos 36 países da Euro-pa com dados disponíveis. Quando analisados os adolescentes com ou mais de 15 anos, essa percentagem atinge o seu valor mais alto na Gré-cia (23%) e mais baixo na Arménia, Lituânia e Rússia (10%). Em Portugal, 31% dos rapazes e 18% das raparigas têm excesso de peso. Aos 15 anos a obesidade atinge os 24% e os 17%, para cada sexo.

Davide Carvalho, endocrinologis-ta e presidente da Sociedade Portu-guesa para o Estudo da Obesidade (SPEO), diz que a situação de obesi-dade infantil em Portugal é “muito preocupante” e é “previsível que se venha a agravar”.

O médico indica que a médio pra-zo é expectável que 30% a 50% das crianças se tornem obesas na idade adulta, uma realidade possível que se deve à redução do número de horas de actividade física nas escolas do ensino básico, às crianças passarem cada vez mais tempo em frente ao televisor ou ao computador e à crise económica que afectou a alimenta-ção. “É necessário aumentar a activi-dade física das crianças e que os pais reduzam o tempo que as crianças es-tão frente ao ecrã para as duas horas diárias recomendadas. Uma criança activa é um adulto activo”, acrescen-ta o presidente da SPEO.

Dados de 2008 relativos a 46 paí-ses europeus com dados disponíveis indicam que mais de 50% da popula-ção adulta, com 20 ou mais anos, ti-nha excesso de peso, valor que dimi-nui em termos de obesidade (mais de 20%) quando estudados 40 países. Entre os 46 Estados, a média mais baixa e mais alta de homens com ex-cesso de peso varia entre 31%, no Tad-jiquistão, e 72%, na República Checa. A maior percentagem de mulheres com peso a mais foi verifi cada na Turquia (64%). O Tadjiquistão voltou a apresentar o valor mais baixo, 31%.

Portugal apresenta outros valo-res para a população adulta: 59,1% tem excesso de peso e 24% é obesa. A prevalência de excesso de peso é maior entre os homens (61,8%) que nas mulheres (56,6%). Quando se fala em obesidade, essas percentagens descem para 21,6% e 26,3%, respec-tivamente. Uma alimentação pouco saudável e sedentarismo podem ex-plicar estes valores. “Com o envelhe-cimento da população, a prevalência da obesidade aumenta”, diz Davide Carvalho, mas “o consumo de sal muito elevado e o limite que atingi-mos quanto à ingestão de gordura saturada” ajudam ao agravamento dos dados entre os portugueses.

SaúdeCláudia BancaleiroSituação é “preocupante” e poderá levaro excesso de peso a tornar-se a “norma” na Europa

Os professores com menos de cin-co anos de serviço que não fi zeram a componente comum da prova de avaliação para professores — ou que, apesar de a terem feito, não a viram corrigida — poderão candidatar-se à vinculação e a dar aulas no próximo ano lectivo. Esta informação — mar-ginal, em relação ao que estava em causa — foi o único “ganho” da reu-nião de ontem com o Ministério da Educação e Ciência (MEC), disse o dirigente da Federação Nacional de Educação (FNE), Dias da Silva, que saiu do encontro convencido de que não haverá acordo quanto aos ter-mos do concurso extraordinário para a vinculação de docentes.

Com a prova de avaliação para pro-fessores suspensa pelos tribunais, a dúvida sobre o que aconteceria aos docentes com menos de cinco anos de serviço, que não foram dispen-sados de a fazer, “estava a causar alguma inquietação”. “Mas está ga-rantido: a prova não conta seja para o que for, este ano tudo decorrerá co-mo no ano passado”, disse João Dias da Silva ao PÚBLICO, após a reunião com o MEC. Lamentou, contudo, que aquele “esclarecimento, marginal à negociação do diploma que vai regu-lar o concurso extraordinário para a vinculação de professores, seja, para já, o único aspecto positivo”.

A direcção da FNE, tal como a da Federação Nacional de Professores

Prova para docentes sem influência nos próximos concursos

Educação Graça Barbosa Ribeiro

(Fenprof ), mais tarde, exigiu que o MEC se comprometesse a integrar nos quadros todos os docentes que, independentemente do grupo disci-plinar, cumpriram, desde 2001, três anos de contratos de trabalho anuais e sucessivos, com horário comple-to. Ambas as federações sindicais reclamaram ainda a realização de um concurso interno que permita que todos — aqueles e os que já se encontram nos quadros — se repo-sicionem e concorram às vagas que entretanto serão abertas.

O dirigente da FNE disse que, da “parte do Governo, não houve qual-quer abertura em relação” àqueles aspectos, o que, considerou, “criou uma distância demasiado grande pa-ra que ainda possa haver acordo”. Ví-tor Godinho, um dos representantes da Fenprof no primeiro dia de nego-ciações, disse que os representantes do MEC apenas registaram as propos-tas, não as aceitando ou recusando.

A negociação prossegue sexta-fei-ra, “com a tentativa de resolver al-guns problemas criados pelo diploma que está em discussão”, disse Dias da Silva. Um dos aspectos que ainda não estão garantidos é a abertura do concurso de vinculação a todos os docentes que nos últimos três anos tenham cumprido 365 dias de ser-viço, independentemente do grupo de recrutamento em que o fi zeram. “Infelizmente, nem isso fi cou claro”, lamentou o dirigente da FNE.

A possibilidade de os candidatos à vinculação terem cumprido os 365 dias de serviço em mais do que um grupo de recrutamento e de pode-rem concorrer a todos aqueles para os quais tenham habilitações é tam-bém reivindicada pela Federação Na-cional de Professores (Fenprof ), que, à semelhança da FNE, saiu da reu-nião sem resposta a esta questão.

O ministro da Saúde, Paulo Mace-do, negou ontem, em Braga, que os principais hospitais do país estejam a recusar tratar doentes que não es-tejam na sua área de infl uência. De acordo com o governante, o que foi feito foi rever os critérios de admis-são a consulta dos doentes que não estavam referenciados para aquelas unidades hospitalares, de modo a evitar um esvaziamento dos hospi-tais de proximidade.

Ontem, o Diário de Notícias titulava que os grandes hospitais “recusam tratar doentes de província”. Depois do Hospital de S. João, no Porto, e do de Santa Maria, em Lisboa, também o São José teria deixado de receber doentes fora da sua área de infl u-ência. Macedo responde que “não há recusa de um hospital a receber doentes fora da área de residência”.

O ministro falava à margem da conferência sobre os desafi os do futuro na área da Saúde, que de-correu na Reitoria da Universidade do Minho, em Braga. Macedo subli-nha que não se pode dizer aos do-entes “que podem ir todos ao hos-pital central para tudo”, uma vez que há unidades de proximidade que podem oferecer tratamentos em várias áreas. Os doentes devem ser encaminhados para os grandes hospitais “para aquilo que é neces-sário”, defende.

Hospitais como o S. João, o S. Jo-sé e o Santa Maria recebem doentes de uma grande área geográfi ca, que são referenciados pelas unidades de proximidade. Essa é uma regra que existe no Serviço Nacional de Saúde “há anos”, sublinha Paulo Macedo. O que foi feito mais recentemente pelas administrações dos centros hospitalares, em articulação com a tutela, foi averiguar quais os motivos pelos quais os doentes recorriam às consultas dos hospitais centrais sem serem referenciados.

“Podiam ter uma patologia dife-rente ou qualquer outra coisa que o hospital da sua área de residência não pudesse fornecer”, explica o mi-nistro da Saúde. Nos casos em que esse motivo não existe, os doentes eram recusados. Essa é uma medida para proteger os hospitais mais pe-quenos, afi rma o governante: “Se to-dos acorrerem a um hospital central mais diferenciado, o fi nanciamento vai cada vez mais para esse hospital e os hospitais de proximidade fi cam sem fi nanciamento”.

Ministro nega que hospitais recusem doentes

SaúdeSamuel Silva

Crato e docentes ainda não chegaram a acordo sobre vinculação

PAULO PIMENTA

FNE saiu da reunião com MEC sem esperança num acordo quanto ao diploma que regulará concurso para vinculação de docentes

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DANIEL ROCHA

Seguro propõe um “novo desenvolvimento” assente em clusters

Seguro retoma a aposta nos clusters defendida nos Governos Sócrates

António José Seguro testou uma nova linha de discurso sobre o seu “pla-no nacional” no encerramento das jornadas parlamentares do PS. Para sustentar o seu objecto de um “novo desenvolvimento” para o país, o líder socialista avançou com a criação de clusters em sectores com elevado po-tencial de crescimento.

As eleições europeias também pai-raram pelas intervenções do secre-tário-geral e do líder parlamentar, no rescaldo do anúncio do nome de Francisco Assis para cabeça de lista na corrida a Bruxelas. Em relação à qual Seguro ensaiou um discurso de campanha, colocando o primeiro-ministro como apenas mais um “da família política ideológica a que este Governo pertence na Europa”. Para tentar incutir nos portugueses que a culpa da austeridade repousava nos liberais que chegavam até ao “topo de todas as instituições europeias”.

Se para a Europa as propostas apresentadas por Seguro não trou-xeram novidades, já para o desen-volvimento económico avançou com um novo rumo discursivo. Foram três os exemplos a que recorreu: saúde, agricultura e no sector portuário. Áreas onde entendia que se podiam fazer “alianças entre o parco inves-timento público e a capacidade de empreender com os portugueses”. E interligando mesmo algumas áreas. Propôs “criar um cluster na Saúde aproveitando os recursos do mar”, antes de lembrar o sucesso do in-vestimento no Alqueva. Que havia permitido montar um perímetro de rega capaz de fazer chegar água, no Alentejo, “aonde nunca tinha chega-do uma gota”. E cujo resultado se via agora na produção-recorde de azeite. E retomou a ideia de Sines enquanto plataforma logística, mas também como local onde se poderiam “ins-talar empresas de transformação de matérias-primas” capazes de produ-zir “produtos acabados” para depois distribuir pela Europa.

A aposta nos clusters não é uma novidade na política económica so-cialista. Nos anteriores Governos Sócrates, estes eram vistos como uma ferramenta para a “promoção da competitividade”, recordou o secretário-nacional Eurico Dias. Pa-

ra criar “pólos de competitividade” num “conjunto de sectores onde estão muito presentes as pequenas e médias empresas”. Seguro tem assumido desde cedo essa política como uma estratégia a aplicar nos mais variados sectores. A sua moção ao último congresso que o reelegeu secretário-geral, há um ano, defi nia como objectivo a criação de clusters nas energias renováveis, no mar, no sector agrícola e agro-alimentar, na fl oresta, no turismo, e no “sistema científi co e tecnológico”.

Foi com a apresentação das pro-postas de Seguro que se percebeu a razão do convite para ouvir Silva Lopes e Paes Mamede nas jorna-das. Dois economistas que partiam de leituras diametralmente opostas em muitas questões, mas que con-vergiam precisamente na questão do crescimento económico. Paes Mame-de, que foi um dos signatários do Mo-vimento 3D, defendeu a negociação da dívida pública, Silva Lopes con-siderou que esse passo só “ia fazer com que a nossa situação fosse ainda pior do que já é”, por exemplo.

Mas ambos consideraram que “a coisa mais importante” em que um Governo se podia empenhar era no crescimento económico. Paes Mame-de — que contactou expressamente o PÚBLICO depois de Francisco Assis ter assumido que gostava de o ver a colaborar na preparação do progra-ma para as europeias, para deixar claro que não estava disponível pa-ra fazer parte da lista às europeias ou sequer desenhar um projecto eleitoral — defendeu “políticas para maximizar a procura da produção nacional”, depois de ter identifi cado como uma das fragilidades portugue-sas a “estrutura produtiva ainda mais frágil” nos últimos anos.

Já Silva Lopes, ex-governador do Banco de Portugal sustentou — de-pois de uma intervenção pejada de críticas a anteriores governações so-cialistas — que era imprescindível um partido como o PS estudar formas de se conseguir um crescimento aci-ma dos 2,5%, mas “assente nos bens transaccionáveis”. E explicou como: com um “tratamento discriminató-rio a favor” desse sector, com mais crédito e benefícios fi scais para as PME e a aposta no “agrupamento” de empresas em sectores-chave. Fazen-do depender os benefícios estatais a essa mesma disponibilidade.

Líder do PS falou na Saúde, na Agricultura e em Sines, depois de o grupo parlamentar ter ouvido nas suas jornadas dois economistas diferentes mas que concordavam na importância do crescimento económico

PartidosNuno Sá Lourenço

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PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014 | 11

Rio nada fará para voltar à política

Rui Rio, ex-presidente da Câmara do Porto eleito pelo PSD, foi escolhido pela Boyden, empresa de recruta-mento de executivos de topo, para ocupar a função de senior advisor (conselheiro principal, numa tra-dução literal), um cargo de alta res-ponsabilidade dentro do escritório em Portugal da multinacional, que opera em 45 países.

Fernando Neves de Almeida, pre-sidente da Boyden e fundador da Neves de Almeida HR Consulting, confi rmou ao PÚBLICO a notícia avançada ontem pelo Jornal de Negócios. E contou que a escolha de Rui Rio é justifi cada pelas suas “competências de gestão e de lide-rança”.

“O nosso negócio tem a ver com escolher as pessoas certas para os lu-gares certos e privilegiamos pessoas com experiência de gestão e suces-so. Acreditamos que nada melhor do que gestores para recrutar gestores e o dr. Rui Rio inegavelmente possui essas competências”, disse.

A oportunidade de emprego sur-giu quando a Boyden procurava um alto quadro para ocupar a posição de senior advisor, alguém que terá de falar com potenciais clientes, conduzir processos de recrutamen-to e escolher as pessoas certas para apresentar às empresas que que-rem recrutar um novo presidente executivo.

“Conheço o dr. Rui Rio desde o

Rui Rio vai escolher candidatos a cargos de presidentes executivos de empresas

fi nal do mandato como presidente da Câmara do Porto, nunca tinha sido meu cliente, nem nunca tinha trabalhado profi ssionalmente com ele. Estava a fazer uma pesquisa pa-ra este cargo e o seu nome surgiu como uma possibilidade de contra-tação”, descreve Fernando Neves de Almeida, garantindo que não esco-lheu o ex-autarca pelas suas ligações e conhecimentos na área política. “É uma coisa que não nos interessa e, infelizmente, não fazemos recruta-mento para cargos públicos.”

Em declarações ao PÚBLICO, o ex-presidente da Câmara do Porto confi rma que conheceu o presiden-te da Boyden antes de terminar o seu último mandato autárquico. “A primeira abordagem para falarmos sobre a minha eventual entrada pa-ra a Boyden aconteceu em Setembro depois de férias.” E garante que en-quanto autarca nunca encomendou qualquer estudo àquela empresa.

Embora como gestor tenha estado sempre ligado à vertente fi nanceira, Rio revela que a sua passagem pela autarquia lhe deu uma grande ex-periência na área dos recursos hu-manos. “Trabalhar numa empresa destas, que faz recrutamento de alta direcção, nunca trabalhei, mas na Câmara do Porto estava muito pre-ocupado com os recursos humanos e enquanto presidente encomendei estudos para fazer a macroestrutura e para as empresas municipais [Do-mus Social, Águas do Porto, Porto Lazer].”

Dos vários estudos que man-dou realizar no plano dos recur-sos humanos, Rui Rio reduziu em cerca de um milhar o número de funcionários do município, que são agora cerca de 3000. Visivel-mente satisfeito com as suas no-vas funções, diz que “as empresas portuguesas têm mais défi ce no campo dos recursos humanos, no qual há muito a fazer, do que no capítulo da gestão fi nanceira”: “Se a economia começar a despertar e as empresas se tornarem mais competitivas, vai ser preciso olhar mais para os recursos humanos.”

“Vou iniciar uma nova etapa e vou dedicar-me à profi ssão”, afi r-ma, antecipando uma grande en-trega e um grande envolvimento às novas funções que ocupará a partir do dia 1 de Março. Quanto à polí-tica, prefere não falar sobre isso. Apesar de o seu nome ser referido com alguma insistência para uma eventual candidatura à liderança do PSD, Rui Rio reafi rma que “na-da fará para voltar à vida política”.

EmpresasAna Rute Silva e Margarida GomesEx-autarca do Porto foi escolhido pela Boyden para senior advisor pelasua experiência de gestão

O Laboratório de Investimento Social pretende ser um centro de referência na área do investimento social, procurando difundir as melhores práticas internacionais e instrumentos financeiros inovadores e estudando a sua aplicabilidade à realidade portuguesa.

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12 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014MIGUEL MANSO

Morais Sarmento admite que o Presidente possa voltar a insistir num consenso após europeias

“O risco das eleições é um risco PS”, ou seja, “uma derrota ou uma vitó-ria tangencial do PS põe em causa a liderança de Seguro no partido”. Foi este um dos cenários políticos que o antigo ministro do PSD Nu-no Morais Sarmento colocou para o período que se segue às eleições europeias de 25 de Maio. Sarmento, que participava ontem num debate organizado pela Câmara de Comér-cio Luso-Britânica em Lisboa, prevê que as eleições europeias coloquem pressão no PS, mas acredita que em Junho o foco possa voltar para o lado do Governo de Passos e na gestão das expectativas do pós-troika.

Se o cenário de um mau resultado para o PS se confi rmar, “o quadro altera-se completamente”: “António Costa pode voltar a emergir como putativo líder do PS”, prevê o co-mentador da RTP. E António Costa, explica o social-democrata, não tem os mesmos problemas que Seguro. “Seguro tem problemas criados por si próprio”, afi rmou. Um deles vem

Sarmento conclui que “vitória tangencial” do PS nas europeias põe Seguro em risco

do momento em que pediu eleições antecipadas em Julho passado, com a “posição extrema de ‘eleições já!’” e sem aceitar “nenhuma proposta” do Governo. Para Sarmento, nessa altura o líder socialista “colocou-se num beco sem saída, bloqueado pela decisão que tomou”. E depois, “ten-tou correr atrás do prejuízo, primeiro com a previsão da espiral recessiva e depois negando os sinais positivos da economia”.

Sarmento, que voltou a falar da im-portância de um “consenso alargado com o PS”, considerou que a posição de Pedro Passos Coelho saiu reforça-da do congresso do PSD o que, na sua opinião, coloca o líder social-demo-crata numa “posição descontraída”. Pelo menos para já. O ex-dirigente do PSD defende que a pressão está agora sobre o PS de António José Seguro, que acusa de criar “disfuncionalida-des no sistema político”, através da “campanha política muito pouco ob-jectiva” que já começou a fazer. Mas se o PS tiver um mau resultado e se António Costa for para a liderança do partido, “a pressão volta a estar do lado do Governo e de Passos Co-elho”, acredita.

Riscos para a maioriaMas, prosseguiu, se “Seguro ultrapas-sar as eleições europeias” com uma vitória que lhe permita continuar na liderança do partido, o foco tam-bém volta para o Governo, que terá

de gerir um conjunto de factores, tais como as expectativas dos por-tugueses para o fi m do programa de reajustamento fi nanceiro, que coin-cide no tempo com o sufrágio para o Parlamento Europeu. “O pobre do português ouve dizer que isto está melhor e depois chega a Julho e está tudo na mesma, numa situação que não é sustentável e que corresponde a um universo grande de pessoas”, reconheceu.

Sobre a saída da troika, o convi-dado da Câmara de Comércio Luso-Britânica disse: “A questão coloca-se em saber se a Europa está disposta ou não a um programa cautelar. E parece que não”. Assim, o Governo PSD/CDS irá governar “sem guião”, e logo sem “metas e compromis-sos”. E vai “descomprimir”. Mas aí surge outro risco, porque, depois do memorando, “os portugueses vão achar que temos opções daí para a frente e que a responsabilidade pelo caminho tomado é do Governo”.

Seja como for, considera que o ce-nário de eleições legislativas anteci-padas não se coloca “antes do fi nal do ano” em curso e a liderança do PSD não irá ser posta em causa. A não ser que o Presidente da Repúbli-ca coloque a hipótese do “consenso alargado” como prioridade máxi-ma. “Se os partidos não chegarem a acordo, alterações [nas lideranças] nos partidos têm de ser feitas”, con-sidera.

PartidosMelissa LopesCentrado na saída da troika e nas eleições europeias, o ex-ministro do PSD traçou cenários para o Governo e para a oposição

O PSD não desiste de tentar envolver os partidos num consenso político e de alargar esse entendimento aos parceiros sociais. Apesar dos “sinais negativos do PS”, o vice-presidente e porta-voz do partido, Marco António Costa, anunciou ontem que o PSD vai solicitar audiências a todos os partidos com assento parlamentar e aos parceiros sociais para “iniciar uma linha de diálogo político-institu-cional e partidário em volta de temas que sejam centrais e fundamentais para a construção dos consensos que são indispensáveis”.

Esta decisão consta das conclu-sões da primeira reunião da nova Comissão Política Nacional após a realização do XXXV congresso, que decorreu este fi m-de-semana em Lis-boa. Mas um dos temas que foram debatidos na reunião de ontem dos sociais-democratas foram as Jorna-das Parlamentares do PS.

Segundo Marco António, as au-diências que o partido vai solicitar esta semana destinam-se a apre-sentar as conclusões da reunião magna do PSD. Contra “tacticismos e calculismos políticos”, o vice-presidente evidenciou a “boa-fé” por parte dos sociais-democratas e disse que “é tempo de os partidos políticos serem capazes de demons-trar sentido de responsabilidade em Portugal”. “Pela nossa parte,

PSD vai pedir audiências aos partidos e aos parceiros sociais

estamos como sempre estivemos dispostos a colaborar com sinceri-dade neste processo”, sublinhou.

Sobre as Jornadas Parlamentares do PS, Marco António manifestou “preocupação” pelos “sinais negati-vos que emergem” no PS. E advertiu que [estes sinais] “são o contrário daquilo que os portugueses dese-jam”. “Esta atitude de intransigência absoluta relativamente à construção do diálogo e de afastamento relativa-mente ao consenso. Entendemos que são sinais negativos que emergem das jornadas parlamentares”, disse.

Marco António Costa, que falou aos jornalistas enquanto decorriam os trabalhos da reunião da comissão política nacional, revelou que o PSD irá continuar “na linha de busca de um diálogo político-partidário que seja capaz de vencer a teimosia e receio que o PS manifesta” e aludiu a declarações recentes de António Costa para evidenciar diferenças. “No dia 7 de Fevereiro, o dr. António Costa disse de forma clara ver gran-de relevância política num grande consenso social em Portugal”.

Na sequência desta declaração do presidente da Câmara de Lisboa, o porta-voz do PSD referiu-se ao “dis-curso irrealista” da actual direcção política do PS que — sustentou — “raia o populismo e assenta numa base praticamente demagógica” par-ticularmente em relação às questões europeias. E a este propósito, disse: “Nós compreendemos que o PS tente transmitir uma mensagem simplista aos portugueses no sentido de dizer que todos os problemas que o país atravessa se resolveriam num passo de mágica através de soluções euro-peias”. “Este discurso é a negação do discurso da própria família política do PS”, constatou.

Partidos Margarida GomesMarco António Costa diz que “é tempo de os partidos serem capazes de demonstrar sentido de responsabilidade”

NUNO FERREIRA SANTOS

Marco António Costa acusa PS de ter discurso “a raiar o populismo”

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PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014 | 13

O processo fi cou concluído para despacho na véspera do congresso do PSD, em que foi anunciado o re-gresso de Relvas à política activa, mas só está concluído para o juiz a partir de amanhã, de acordo com a data indicada à Lusa.

A acção foi proposta contra a Uni-versidade Lusófona de Humanida-des e Tecnologias, tendo como inte-ressado o ex-governante e teve por base um relatório da Inspecção-Ge-ral de Educação e Ciência (IGEC).

Relvas não é réu nesta acção administrativa, mas fi gura como contra-interessado, podendo ser envolvido em função da relação com os factos aludidos na queixa, de acordo com o código adminis-trativo. O antigo ministro adjun-to e dos Assuntos Parlamentares anunciou a demissão do cargo a 4 de Abril, alegando “falta de condi-ções anímicas” para continuar a exercer funções.

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O processo da Universidade Lu-sófona que inclui a atribuição da licenciatura a Miguel Relvas está concluído e pronto para o juiz de-cidir a partir de sexta-feira. “Está para o senhor juiz despachar. Fi-zemos a conclusão do processo no dia 21 para o senhor juiz poder de-cidir a partir do dia 27. Só no dia 27 [quinta-feira] é que o processo está concluso para o juiz”, afi rmou um elemento do Tribunal Administra-tivo de Lisboa. Contactado pela Lu-sa, Miguel Relvas afi rmou apenas: “Não sei de nada.”

O Ministério Público pediu, em

Processo da Lusófona sobre licenciaturas como a de Relvasestá pronto para despacho

Junho, a declaração de nulidade do acto de atribuição de licenciatura a Relvas, na acção administrativa especial intentada contra a Univer-sidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, segundo informação divulgada na altura pela Procura-doria-Geral da República (PGR). “O Ministério Público no Tribunal Ad-

ministrativo do Círculo de Lisboa intentou acção administrativa espe-cial na qual peticiona, para além do mais, a declaração de nulidade do acto de atribuição de licenciatura a Miguel Relvas”, lia-se numa nota da PGR então emitida.

Justiça

Processo teve por base um relatório da Inspecção-Geral de Educação e Ciência

Miguel Relvas não é réu nesta acção administrativa, mas figura como contra-interessado

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14 | LOCAL | PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014

“Quebra de confi ança” suspende realização da Feira do Livro no Porto

Negociações entre a Câmara do Porto e a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros foram interrompidas na sequência de declarações do presidente da associação que organiza o evento

PAULO RICCA/ARQUIVO

Já tinha sido anunciado que a feira iria decorrer este ano na Rotunda da Boavista, mas agora já não é certo

Já havia data — a Feira do Livro do Porto iria realizar-se entre 26 de Ju-nho e 13 de Julho, na Rotunda da Boavista, e podia contar com 129 pavilhões. A APEL — Associação Portuguesa de Editores e Livreiros já comunicara à Câmara do Porto que pretendia anunciar estas datas no mesmo dia em que foram aber-tas as inscrições para a feira de Lis-boa, no passado dia 21, mas desde ontem que todo o processo fi cou suspenso.

As declarações do presidente da APEL, João Alvim, a um diário e a reacção, em comunicado da câma-ra, deixaram a feira por um fi o. O município diz que “não vê satisfei-tas as condições de confi ança ne-cessárias para a assinatura de qual-quer protocolo com a APEL”.

A 8 de Fevereiro, Paulo e Cunha Silva garantia, numa notícia do PÚBLICO, que “vai haver feira do livro”. O vereador da Cultura do executivo de Rui Moreira apontava a realização do evento para “Julho” e avançava que não iria regressar à Avenida dos Aliados, mudando-se para a Rotunda da Boavista. Além disso, Cunha e Silva mostrava-se satisfeito com “o grande processo negocial” que permitiria que, este ano, a câmara não comparticipasse fi nanceiramente, oferecendo ape-nas o apoio logístico.

As declarações de Cunha e Sil-va nunca foram desmentidas pela APEL. Mas na edição de ontem do Correio da Manhã, João Alvim levan-tava dúvidas sobre a realização da Feira do Livro do Porto, dizendo-se surpreendido com o facto de o município não dar apoio fi nanceiro. Ao PÚBLICO, o líder da APEL con-fi rmou que estava acordado com a autarquia a nova localização, na Ro-tunda da Boavista, mas considerou que a sua realização no Porto estava “longe de estar fechada”. Em con-creto, o responsável da APEL disse não estar disponível para assinar um protocolo relativo apenas à Feira do Livro deste ano, que era o documen-to que a câmara estava a ultimar.

Alvim garantiu que a APEL estava disposta a aceitar que, este ano, o município não apoiasse fi nanceira-mente a feira, desde que assinasse

não implicasse um apoio fi nanceiro para os próximos anos.”

Em comunicado emitido na tarde de ontem, a autarquia mostrou-se também surpreendida com as decla-rações de João Alvim afi rmando que, “a 20 de Fevereiro, o secretário-ge-ral da APEL comunicou por escrito à Câmara Municipal do Porto que iria anunciar ofi cialmente a data e o local da Feira do Livro no Porto, por ocasião da abertura das inscrições para a Feira do Livro de Lisboa”.

No mesmo documento, a câma-ra garante que o processo negocial entre o vereador da Cultura e re-presentantes da APEL — incluindo o secretário-geral da estrutura, Bruno Pacheco —, se prolongou por “dois meses” e acrescenta-se: “As declarações do presidente da APEL hoje tornadas públicas sobre o assunto são, por isso, no mínimo, surpreendentes, impedindo a Câ-mara Municipal do Porto de pros-seguir com o processo, porquanto representam uma grave quebra de confi ança, senão entre as partes, pelo menos entre os representantes mandatados pela APEL para as ne-gociações e o presidente da mesma associação”.

Confrontado com o comunicado,

o presidente da APEL começou por rematar: “Então não há Feira do Li-vro no Porto”. João Alvim conside-rou como “um bocadinho abusiva” a referência da câmara à “quebra de confi ança” e classifi cou a posi-ção da autarquia como “uma certa falta de vontade”, explicando: “O que o vereador disse [ao PÚBLICO a 8 de Fevereiro] não está em con-tradição com nada do que eu disse agora. Nós aceitamos as limitações de apoio para este ano, mas disse-mos que era necessário chegar a um compromisso para vários anos e, até agora, nem sim nem não. A APEL faz a Feira do Livro este ano desde que haja um protocolo para vários anos. A câmara que nos envie esse protocolo e nós veremos que res-posta damos.”

Sobre a ausência, até ontem, de qualquer comentário da APEL às de-clarações de Paulo Cunha e Silva, o mesmo responsável afi rmou que “quem está a tratar desta questão são duas pessoas muito operacio-nais da APEL que não têm autono-mia para fazer declarações em nome da direcção”.

A Feira do Livro do Porto não se realizou, pela primeira vez, no ano passado, depois de um impasse negocial entre a APEL e a vereação de Rui Rio. Após o fi m do protoco-lo, em 2012, que garantiu, durante quatro anos, um apoio municipal anual de 75 mil euros, Rio recusou-se a satisfazer a exigência da APEL de continuar a apoiar nos mesmos moldes.

Agora, João Alvim admite que esse valor — 75 mil euros anuais — seria o ponto de partida negocial da APEL para fazer a feira regres-sar ao Porto, mas salvaguarda: “As negociações existem para se en-contrar uma verba que acomode toda a gente. Sempre se fi zeram protocolos plurianuais”. O presi-dente da APEL dá como exemplo o município de Lisboa, que “todos os anos” apoia fi nanceiramente a feira da capital.

Questionado sobre o valor dessa comparticipação, João Alvim recu-sou-se a precisar o montante, mas garantiu que “é muito superior ao que o Porto dava”.

Depois de o regresso da Feira do Livro do Porto ter sido dado como certo, aparentemente a cidade fi ca-rá mais um ano sem o certame.

Cultura Patrícia Carvalho

Em Lisboa começa a 29 de Maio

No Parque Eduardo VII até 15 de Junho

Em 2014, a Feira do Livro em Lisboa vai ser como é habitual no Parque Eduardo VII e decorre de 29 de Maio

a 15 de Junho, segundo um comunicado enviado ontem pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL). E volta a ter um horário alargado.

Assim, de segunda a quinta-feira, a Feira do Livro de Lisboa estará aberta desde as 12h30 até às 23h e à sexta-feira fica aberta até à meia-noite. Aos sábados e vésperas de feriado o evento funciona das 11h à meia-noite. Domingos e

feriados começa também às 11h e termina às 23h. No ano passado, a feira contou com 250 pavilhões e a APEL disse ao PÚBLICO que este ano espera ultrapassar esse número. As inscrições para a Feira do Livro de Lisboa começaram dia 24 de Fevereiro e estão abertas até dia 7 de Março. Já há 50 pavilhões reservados pelos editores (em apenas um dia de inscrições) e para a associação isso “faz prever [para este ano] uma forte adesão por parte dos editores e livreiros à Feira”. Ana Abreu

Questionado sobre como enten-dia as palavras de Paulo Cunha e Sil-va ao PÚBLICO, no início do mês, João Alvim referiu que “deve ter sido qualquer mal-entendido”. “Eu não estive nas reuniões, mas as pessoas que participaram não estavam man-datadas para aceitar um acordo que

um protocolo plurianual defi nindo uma comparticipação para os pró-ximos anos que, de alguma forma, compensasse “o esforço” suplemen-tar que a associação iria fazer este ano. “Ou há um compromisso global para vários anos ou não há feira”, disse.

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PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014 | LOCAL | 15

NUNO FERREIRA SANTOS

PIPARU já pagou obras de reabilitação no valor de 43,4 milhões

O vereador da Reabilitação Urbana entende que a Câmara de Lisboa deve, depois de esgotados os 117 mi-lhões de euros do Programa de In-vestimento Prioritário em Acções de Reabilitação Urbana (PIPARU), “con-trair novos empréstimos”, para dar continuidade ao trabalho desenvol-vido na área da reabilitação.

“Seria de toda a conveniência con-trair novos empréstimos do tipo do PIPARU”, afi rmou Manuel Salgado, defendendo a importância desses instrumentos para solucionar “situ-ações que só através da intervenção directa do município é possível levar para a frente”.

Salgado preconiza também o recurso a fundos comunitários, mediante a captação cruzada de verbas destinadas ao aumento da resistência sísmica e à melhoria da efi ciência energética dos edifícios. Algo que deverá ser complementado pela construção de “um programa de fi nanciamento a privados”, “não com fi nanciamento a fundo perdido, mas com empréstimos em condições favoráveis”.

O vereador admitiu no entanto que isso não será sufi ciente: “O municí-pio tem de ter uma acção mais mus-culada” para garantir que os privados realizam as acções de reabilitação periódica a que estão obrigados nos termos do Regime Jurídico de Urba-nização e Edifi cação, disse. Salgado frisou também a necessidade de se “encontrar uma solução para os edi-fícios devolutos”.

Manuel Salgado falava na Assem-bleia Municipal de Lisboa, que ontem aprovou uma proposta que prevê a reprogramação fi nanceira do PIPA-RU, adiando a sua conclusão para Dezembro de 2015. “Estamos con-fortáveis com este prazo”, garantiu Salgado aos deputados municipais, adiantando que foram já adjudicadas obras no valor de 77,1 milhões de eu-ros, encontrando-se 5,3 milhões “em fase fi nal de celebração de contratos” e 23,7 milhões em concurso. “Já pa-gos” foram contratos de empreitada no valor de 43,4 milhões de euros.

Foi Victor Gonçalves (PSD) quem perguntou o que iria a câmara fazer

Câmara de Lisboa admite novos empréstimos para a reabilitação a partir de 2016

para dar continuidade ao PIPARU de-pois de esgotadas as suas verbas. “É de facto uma iniciativa com algum mérito, mas não vai chegar. É ne-cessário que se pense num meio de haver mais investimento nesta área”, alertou o deputado municipal, frisan-do que “o edifi cado todos os dias se degrada”.

Também aprovadas pela assem-bleia foram três propostas relativas à alteração dos planos de urbanização do núcleo histórico do Bairro Alto e Bica, do núcleo histórico de Alfama e Colina do Castelo e do núcleo his-tórico da Mouraria. PCP, PEV e BE votaram contra e CDS, MPT e PAN abstiveram-se. Algumas das críticas feitas pelos partidos da oposição tive-ram a ver com o facto de a câmara ter optado pela introdução de alterações em planos já existentes, e não pela elaboração de planos de pormenor de salvaguarda, à semelhança daque-le que entrou em vigor em 2011 para a Baixa Pombalina.

Manuel Salgado explicou que os planos de urbanização em causa “fo-ram feitos em meados dos anos 90”, sendo o principal objectivo das mo-difi cações agora introduzidas “pô-los de acordo” com o Plano Director Mu-nicipal entretanto aprovado. “Para não atrasar optámos por fazer estas alterações cirúrgicas”, justifi cou, ga-rantindo que os planos de salvaguar-da estão já a ser elaborados.

“São planos muito pesados, de-moram muito a fazer”, salientou, ex-plicando que incluem o desenho de todos os alçados da área em causa. No caso da Colina do Castelo, exem-plifi cou, são 2325. Segundo Manuel Salgado, o primeiro dos planos de salvaguarda em causa, o da Madra-goa, será discutido em Março pela Câmara de Lisboa.

Assembleia Municipal Inês BoaventuraO PIPARU prolonga-se até Dezembro de 2015. Depois disso, Manuel Salgado admite o recurso à banca e fundos europeus

A decisão da Carris de introduzir cortes em várias carreiras de autocarros de Lisboa está “suspensa”.

A informação foi dada na Assembleia Municipal pelo vereador Duarte Cordeiro. “O Governo informou a Câmara de Lisboa de que tinha suspenso a alteração de carreiras e de horários”, anunciou o autarca, acrescentando, em declarações ao PÚBLICO, que face a essa decisão seria “prematuro” o município assumir uma posição sobre os cortes previstos. De acordo com o PCP, estava em causa o fim da carreira 722, a supressão ao fim-de-semana das carreiras 764 e 797 e o encurtamento das carreiras 706, 712 e 738.

Por outro lado, os deputados municipais aprovaram, com os votos contra do PSD e do CDS e a abstenção do deputado do movimento Parque das Nações Por Nós, uma moção pedindo a “revogação imediata” da chamada Lei das Rendas. “É uma lei injusta, criminosa”, disse o deputado socialista Miguel Coelho, antecipando que quando acabarem os mecanismos de protecção previstos na lei “vamos ter uma nova classe de sem-abrigo”, formada por “idosos e reformados com mais de 65 anos que serão lançados na rua”. I.B.

Cortes em carreiras da Carris suspensos

O ministro do Ambiente, Jorge Mo-reira da Silva, anunciou ontem que está garantida uma verba “adicional” de 17 milhões de euros — superior aos dez milhões prometidos há dias — pa-ra reparar os estragos provocados pe-lo mau tempo em 29 concelhos do litoral. A verba será paga por fundos comunitários e junta-se a 11 milhões de euros já previstos no Plano de Ac-ção para a Valorização e Protecção do Litoral (PAVPL) 2012-2015.

Segundo Moreira da Silva, os 17 milhões de euros vão ser pagos na íntegra pelo Programa Operacional de Valorização do Território, através de uma nova linha de fi nanciamento lançada ontem. “Foi uma solução ex-pedita. Espero que nos próximos dias as autarquias, a Agência Portuguesa do Ambiente e as Administrações das Regiões Hidrográfi cas e as socieda-des Polis possam concertar-se para a apresentação de candidaturas, para que estes investimentos possam ser realizados até à abertura da época balnear”, disse.

Moreira da Silva visitou ontem al-guns dos concelhos mais afectados

Governo garante 17 milhões de euros adicionais para obras na orla costeira

pelos temporais das últimas semanas e admitiu que o mau tempo revelou “fragilidades maiores do que as pre-vistas” no PAVPL. Segundo o gover-nante, 25% da orla costeira está em erosão e 75% está em risco de perda de território.

O périplo começou em Caminha, onde anunciou que a obra para re-por o curso natural do rio Âncora, na freguesia de Vila Praia de Âncora deve avançar em Setembro e vai cus-tar 1,4 milhões de euros. No mesmo concelho, mas na praia de Moledo, também será reposto o cordão du-nar. A obra foi adjudicada por 400 mil euros e deve avançar “nos próxi-mos dias”, tendo conclusão prevista para Junho.

Moreira da Silva passou por Gaia, onde indicou que já estava previs-ta no PAVPL uma obra no valor de 500 mil euros para repor a protecção do muro e substituir o passadiço na praia de Lavadores. “Se o concurso permitir a adjudicação em Abril, como está previsto, penso que essa obra pode estar pronta a tempo da época balnear.”

À tarde, visitou S. João da Capari-ca, em Almada, onde o cordão du-nar recuou 20 metros desde o início do ano. A Associação dos Apoios de Praia da Frente Urbana da Costa da Caparica quer reduzir o número de nadadores-salvadores, de 12 para dois, se não houver reposição de areias nas praias da zona norte antes da época balnear. Lusa/PÚBLICO

Mau tempo

No total, serão investidos 28 milhões de euros em 29 concelhos do litoral. Algumas intervenções devem arrancar em breve

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MARIA ISABEL DIAS COELHO TEIXEIRA DA CUNHA

FALECEU

Seus Irmãos, Cunhados, Sobrinhos e demais Família participam o seu falecimento. O corpo irá encontrar-se em câmara-ardente hoje, 4.ª feira, a partir das 18 horas nas Capelas Exequiais da Basílica da Estrela, sendo celebrada Missa de Corpo Presente amanhã, 5.ª feira, pelas 10.30 horas, seguindo-se o funeral para o Cemitério do Alto de São João.

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16 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014

Economias dos periféricos recuperam terreno face ao Norte da Europa

Segundo a Comissão Europeia, que publicou as suas previsões econó-micas de Inverno ontem, o cresci-mento português poderá atingir este ano 1,3%, em vez dos 0,8% es-perados em Novembro. A revisão em alta dos valores para este ano resulta do crescimento no quarto trimestre de 2013 “muito superior” ao previsto, justifi cou Olli Rehn, comissário europeu responsável pelos Assuntos Económicos e Fi-nanceiros.

Uma estimativa mais precisa das previsões portuguesas só será co-nhecida no decurso da avaliação que está em curso à execução do programa de ajustamento econó-mico e fi nanceiro ligado à ajuda externa, avisa Bruxelas. Mesmo as-sim, Rehn calcula que a revisão em alta tanto em 2013 como em 2014 se situará entre 0,25 e 0,5 pontos percentuais, o que signifi ca que o crescimento deste ano poderá che-gar a 1,3%. Para 2015, a Comissão mantém a estimativa anterior de um crescimento de 1,5%, embora este valor também possa ser revis-to em alta devido ao efeito de ar-rastamento da melhoria esperada para 2014.

Bruxelas confi rma igualmente que a evolução positiva da eco-nomia portuguesa registada nos últimos três trimestres de 2013 se deveu ao “sólido” crescimento do consumo privado e do investimen-to, que mais que compensou a que-bra das exportações.

A Espanha também teve uma re-visão em alta face aos valores de Novembro, devendo a sua econo-mia crescer este ano 1% em vez dos 0,5% esperados em Novembro. A melhoria da situação espanhola é, aliás, largamente responsável pela revisão em alta, numa décima, das previsões para o conjunto da zona euro para 1,2% este ano.

Na Grécia, a economia deverá re-gressar fi nalmente este ano a terre-no positivo depois de cinco anos

consecutivos de recessão econó-mica, embora o seu crescimento se deva limitar a uns tímidos 0,6%. Em 2015, porém, a economia deve-rá crescer 2,9%, o que a colocará entre os melhores valores de toda a zona euro.

A Itália deverá crescer este ano os mesmos 0,6% que Atenas, o que neste último caso representa uma revisão em baixa de uma décima face às estimativas de Novembro. Roma permanece, no entanto, um motivo de preocupação para a zona euro, não só pelo valor abissal da sua dívida pública – 133,7% do PIB previsto para este ano, o segundo pior resultado depois dos 137% da Grécia – como pelas suas difi culda-des políticas.

Retoma, mas modestaEstes quatro países estiveram em recessão económica, tanto em 2012 como em 2013, quando o resto da Europa já estava a recuperar da pior crise económica desde o fi m da II Guerra Mundial. “A actividade progride nos países mais frágeis”, congratulou-se o comissário Olli Rehn, embora renovando os seus apelos à continuação dos proces-sos de consolidação orçamental e reformas económicas. Para o co-missário, aliás, mesmo se “o pior da crise fi cou provavelmente para trás” a retoma permanece “modes-ta”, o que “não pode levar a um relaxamento dos esforços”.

Dos 18 países da zona euro, só Chipre, que enfrenta um progra-ma de ajuda draconiano, e a Eslo-vénia, que tem conseguido evitar ir pelo mesmo caminho, estarão este ano em recessão, de -4,8% e -0,1% respectivamente. Ao invés, a melhor previsão é a da Letónia, recém-chegada ao euro, que deverá crescer 4,2%, seguida da Estónia e Eslováquia, com 2,3%.

Entre as maiores economias, a Alemanha terá um crescimento de 1,8% e a França de 1%. Paris re-presenta, porém, uma nova dor de cabeça para Bruxelas, devido a uma nova derrapagem orçamental que levará o país a falhar uma vez mais a meta da sua redução para

Comissão Europeia estima que crescimento da economia nacional possa atingir 1,3% este ano, o que signifi cará uma revisão em alta face aos 0,8% previstos em Novembro

Previsões Isabel Arriaga e Cunha, Bruxelas, e Sérgio Aníbal

Olli Rehn avisou que não pode haver um “relaxamento de esforços”

JOHN THYS/AFP

Zona euro em recuperação

Fonte: Comissão Europeia, Previsões de Inverno/PÚBLICO, INE

Nova previsão

Diferença face às previsões de Outono

Crescimento do PIB em 2014Em %

BÉLGICA

PORTUGAL

ESPANHA ITÁLIA

LUXEMBURGO

MALTA

HOLANDAALEMANHA1,8 0,7 p.p.

1,8 0,1 p.p.

1 0,5 p.p.

2,1 0,2 p.p.

0,6 -0,1 p.p.

1 0,1 p.p.

1 0,8 p.p.

1,5 -0,1 p.p.

0,8 =

1,4 0,3 p.p.

2,2 0,4 p.p.

IRLANDA

FRANÇA

ÁUSTRIA

Os indicadores referentes a Portugal deverão ser revistos no âmbito da avaliação da troika que está a decorrer

Exportações portuguesasde bens em 2013

Total

47.340Milhões de euros

Zona euro

34.134

11.181

5490

5513

ExportaçõesMilhões €

França24,7%

Espanha50,4%

Alemanha24,9%

22.184(46,8%)

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PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014 | ECONOMIA | 17

menos de 3% do PIB prevista pa-ra 2015. Segundo as previsões da Comissão Europeia, o défi ce fran-cês será no próximo ano de 3,9%, apenas menos uma décima que o valor previsto para este ano. O dé-fi ce de Espanha também voltará a derrapar de 5,8% do PIB este ano para 6,5% no próximo.

Na frente do desemprego, as di-vergências permanecem abissais entre os países do euro. Enquanto a Áustria e a Alemanha terão este ano taxas de desemprego de 4,8% e de 5,2% da população activa, res-pectivamente, o número de desem-pregados será de 26% na Grécia e de 25,7% em Espanha. Em Portugal, segundo as estimativas prelimina-res de Bruxelas, o desemprego será de 16,8% este ano e menos três dé-cimas em 2015, que terá o mesmo valor de 2013.

Fragilidades portuguesasO relatório Comissão Europeia afi r-ma que “os indicadores económicos [para Portugal] do último trimestre

de 2013 são consistentes com uma nova estabilização da recuperação económica”. E diz, em relação ao mercado de trabalho, que a recen-te subida do número de empregos “não é fundamentalmente um fe-nómeno sazonal”, antevendo que este indicador continue a crescer “a um ritmo moderado”.

Apesar das revisões em alta que deverão ser feitas no fi nal da 11.ª avaliação, a Comissão Europeia deixa no relatório publicado ontem alguns avisos em relação às fragili-dades da situação económica em Portugal. “Embora o cenário-base implique que a recuperação esteja cada vez mais enraizada, o ritmo da retoma continua a depender dos desenvolvimentos da zona eu-ro e, em particular, dos principais parceiros de Portugal”, afi rma o relatório.

Outra causa para preocupação são os elevados níveis de endivi-damento do sector privado, que podem pesar no consumo e no in-vestimento. Bruxelas afi rma ainda que “Portugal continua vulnerável a uma deterioração signifi cativa do sentimento nos mercados fi nancei-ros, ligado quer às incertezas rela-cionadas com a implementação das políticas pelas autoridades portu-guesas, quer a um ambiente exter-no mais fraco”.

Os técnicos da Comissão Euro-peia assinalam ainda a existência de riscos no cumprimento dos objecti-vos orçamentais, mas consideram que estes são possíveis de atingir em 2014, caso Portugal avance com as medidas de consolidação de 1,2% do PIB que prometeu apresentar no âmbito do processo de reforma do Estado a aprovar até ao fi nal de Março.

Ainda assim, estas reticências são apresentadas pela Comissão Euro-peia de forma bastante mais suave do que as dúvidas colocadas pelo Fundo Monetário Internacional so-bre a força da retoma da economia portuguesa.

No relatório da décima avaliação do programa português, conhecido na semana passada, a entidade lide-rada por Christine Lagarde defen-deu que o crescimento das expor-tações poderia não ser sustentável, uma vez que estava demasiado ba-seado nas vendas de combustíveis e no turismo, afi rmando ainda que as reformas estruturais na economia poderiam ainda não ser sufi cien-temente fortes para garantir taxas de crescimento elevadas a prazo na economia.

O Estado gastou em Janeiro 38,3 mi-lhões de euros com o pagamento de indemnizações por rescisões amigá-veis, um valor que ainda fi ca muito abaixo dos objectivos inicialmente traçados pelo Governo. O boletim de execução orçamental publicado ontem pelo Ministério das Finanças revela que as despesas com pessoal registaram um acréscimo de 0,4% no primeiro mês deste ano, face ao período homólogo de 2013.

Esta subida aconteceu apesar de se estar a aplicar este ano um corte mais acentuado nos salários dos funcioná-rios públicos. Uma das explicações do Governo está relacionada com o programa de rescisões por mútuo acordo que foi lançado em Novem-bro do ano passado, mas que impli-cava o pagamento de indemnizações precisamente em Janeiro.

O executivo não apresentou ainda valores defi nitivos para a primeira fase deste programa, destinada a assistentes técnicos e operacionais da função pública. O que se sabia até agora é que tinha havido 3019 adesões, o que não signifi ca neces-sariamente que estes funcionários tenham acabado por decidir avançar mesmo para a rescisão amigável.

Ao anunciar que a despesa com o pagamento das indemnizações foi de 38,3 milhões de euros, fi cou confi r-mado que, até agora, este programa está abaixo das estimativas orçamen-tais. O executivo afi rmou inicialmen-te que se estimava uma despesa com

indemnizações situada entre os 300 e os 500 milhões de euros.

Entretanto, está em curso o pro-grama destinado aos professores, que encerra a 28 de Fevereiro e que o Ministério da Educação diz contar já com cerca de 2000 adesões, e outro destinado aos técnicos superiores do Estado, que fecha no fi nal de Abril. No relatório da décima avaliação do programa da troika, o Governo colo-ca em cima da mesa a possibilidade de avançar, já no segundo trimestre do ano, com um novo programa de rescisões amigáveis, destinado aos assistentes técnicos e operacionais.

O pagamento das indemnizações aconteceu num mês em que a admi-nistração pública conseguiu registar um excedente. Uma subida de 10% na cobrança de impostos e uma des-cida de 7,4% nas remunerações pagas aos funcionários públicos foram as principais responsáveis pelo saldo positivo de 638,7 milhões de euros, um valor cerca de 500 milhões mais positivo do que o registado em igual período do ano passado.

A subida da receita fi scal teve co-mo principal contributo o IRS, cuja cobrança aumentou 24,5%. A receita do IVA aumentou 4,2%, um facto que o Ministério das Finanças atribui à “recuperação da actividade económi-ca” e à “crescente efi cácia das novas medidas de combate à evasão fi scal e à economia paralela, em resultado da reforma da facturação e da reforma dos documentos de transporte”.

Do lado da despesa, na administra-ção central registou-se uma redução de 3,8% face ao mês de Janeiro do ano passado. A redução de 8% no pa-gamento dos juros da dívida pública (um resultado que tem apenas a ver com o calendário de pagamento dos cupões dos títulos de dívida, já que os encargos com juros até deverão aumentar este ano) contribuiu para este resultado.

A taxa de inflação vai permanecer muito baixa na zona euro, mas não ao ponto de preocupar

a Comissão Europeia sobre os riscos de emergência de um cenário de deflação, com uma queda generalizada dos preços. “Dado o reforço progressivo da retoma e a recuperação da confiança, a probabilidade de choques suficientemente importantes para fazer a União Europeia entrar em deflação é marginal”, afirma nas suas previsões económicas do Inverno.

Segundo Bruxelas, o aumento dos preços na zona euro será de 1% este ano e de 1,3% no próximo. Estes valores são muito inferiores ao limiar à volta de 2% que constitui a definição de inflação do Banco Central Europeu (BCE) para a concepção da sua política monetária. “O risco de uma deflação imediata é bastante distante”, reforçou Olli Rehn, comissário europeu responsável pelos Assuntos Económicos e Financeiros. Isto, sublinhou, tanto mais que “o BCE afirmou com muita clareza que fará tudo o que for preciso para contrariar qualquer tendência” nesse sentido.

Rehn sublinhou que uma inflação baixa é parte do processo de reequilíbrio das economias dos países mais frágeis, como Portugal, Espanha ou Grécia, em resultado sobretudo das reduções de despesas e salários. Mas, ao mesmo tempo, o comissário reconheceu que uma inflação muito baixa no conjunto da zona euro representa um problema para a recuperação económica destes países, que enfrentarão assim dificuldades acrescidas para ganhar competitividade face aos seus concorrentes do Norte da Europa. “Uma inflação muito baixa durante um período de tempo prolongado na zona euro provocará riscos para o reequilíbrio da economia”, reconhece a Comissão. I.A.C.

Bruxelas afasta risco de deflação

Estado gastou 38,3 milhões em rescisões amigáveis

Execução orçamentalSérgio AníbalNúmero de Janeiro fica muito abaixo das estimativas iniciais. Governo tem outros programas de rescisões a decorrer

OXANA IANIN

Executivo tinha previsto gastar até 500 milhões com indemnizações

PÚBLICO

ESLOVÁQUIA

ESLOVÉNIA

CHIPRE

GRÉCIA

FINLÂNDIA0,2 -0,4p.p.

-4,8 0,9 p.p.

-0,1 0,9 p.p.

2,3 0,2 p.p.

2,3 0,7 p.p.

0,6 =

ESTÓNIA

4,2 0,1 p.p.LETÓNIA

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18 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014

As fraudes com cartões de débito e crédito no espaço único de pagamen-tos em euros (SEPA) aumentaram em 2012, pela primeira vez desde 2008, e atingiram 1330 milhões de euros, revelou ontem o Banco Central Euro-peu (BCE). Segundo o terceiro relató-rio do supervisor fi nanceiro europeu sobre fraude nos pagamentos com cartão, em 2012 um em cada 2,635 euros gastos através deste meio de pagamento perdeu-se em operações fraudulentas.

O valor total cresceu 14,8% face a 2011, atingindo 1330 milhões de euros, e o aumento fi cou a dever-se, essencialmente, às fraudes regista-das nas vendas através da Internet, explicou o BCE. Por isso, “a indús-tria tem de fazer muito mais para re-forçar os mecanismos de segurança dos cartões e, em particular, os das vendas online”, defendeu o super-visor fi nanceiro.

Segundo o estudo, os cartões emitidos em França, Reino Unido e Luxemburgo foram aqueles que registaram maiores prejuízos decor-rentes de burlas em proporção do número de operações regulares.

A SIBS, entidade que gere a re-de Multibanco, veio sublinhar que o relatório do BCE mostra que o sistema português de pagamentos com cartão é “reconhecido como um dos mais seguros da Europa e do mundo”. Portugal surge no grupo de países identifi cados pelo BCE como tendo um “elevado grau de utiliza-ção de pagamentos com cartão e reduzidos níveis de fraude”. Ainda assim, o BCE refere que, entre os países com baixo nível de operações fraudulentas com cartões, Portugal esteve entre aqueles que em 2012 apresentaram algum agravamento, à semelhança da Polónia.

Apesar do aumento das situações de fraude verifi cados em 2012, o BCE notou que o peso destas transacções no volume global de compras efec-tuadas no espaço SEPA (União Eu-ropeia, Islândia, Liechtenstein, Mó-naco, Noruega e Suíça) mantém-se abaixo dos níveis de 2008 e de 2010. No total, está em causa uma fatia de 0,038% de transacções com um vo-

Fraudes com cartões na zona euro aumentaram 14,8% em 2012

lume de 3,5 biliões de euros.Já em comparação com 2008,

o volume total de fraudes recuou 9,3%, enquanto o valor global das transacções aumentou 17%. “Os números mostram que devemos estar vigilantes, embora também seja tranquilizador verifi car que o nível de fraudes é inferior dentro do espaço SEPA, graças aos elevados padrões de segurança adoptados”, afi rmou o vice-presidente do BCE, Vítor Constâncio.

O relatório compilado pelo BCE e pelos 18 bancos centrais da zona euro refere que 60% dos casos de burla ocorreu em situações em que os cartões não estiveram fi sicamen-te presentes, ou seja, pagamentos através de email, telefone ou Inter-net (CNP). Este é também o tipo de irregularidades mais comuns no ca-so português, ainda que o número esteja abaixo da média europeia.

Outras situações verifi caram-se através dos terminais de pagamento (POS) e caixas de levantamento auto-mático (ATM), mas o BCE destaca em particular o crescimento das fraudes

CNP nos últimos anos – 21% entre 2011 e 2012. A tendência também se explica pelo aumento de transacções deste tipo: o BCE estima que as com-pras CNP tenham aumentado entre 15% a 20% ao ano, comparativamen-te com o crescimento anual de 4% das transacções POS e ATM.

O banco central refere ainda que os países onde as situações frau-dulentas mais progrediram foram aqueles onde as tentativas de refor-çar a segurança das transacções se baseou mais em alterações de pas-swords do que em técnicas mais so-fi sticadas como a geração de códigos aleatórios e a utilização de leitores de chips. Estas técnicas, em conjun-to com uma maior sensibilização pa-ra questões de segurança dos con-sumidores e comerciantes é indis-pensável, porque “é garantido que este tipo de fraudes vai continuar a aumentar”, vaticina o relatório. No caso das transacções em ATM e POS, as situações de fraude ocor-reram essencialmente fora da área SEPA (65%), através da clonagem de cartões.

PagamentosAna BritoAumento está relacionado com crescimento das vendas online. Portugal surge entre países com menores níveis de fraude

Novas regras estão em vigor na CGD desde 19 de Fevereiro

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) passou a cobrar comissões nas transferências online inferiores a 100 mil euros para outros bancos em Portugal, juntando-se ao BCP e ao Santander, que já cobravam por estas operações. De acordo com a Lusa, entre os cinco maiores ban-cos nacionais, apenas o BPI e o BES continuam a isentar os clientes des-te encargo.

Este aumento das comissões acontece numa altura em que os bancos registam uma diminuição signifi cativa nas suas contas de ex-ploração, na sequência de menos concessão de crédito e de outras operações fi nanceiras, a que acres-cem ainda margens muito reduzi-das no crédito à habitação, por cau-sa das baixas taxas de juro.

Já nos últimos anos se tem verifi -cado um crescente comissionamen-to de serviços até agora gratuitos, designadamente nos serviços onli-ne, bem com o aumento de valores já anteriormente cobrados. Fonte do sector disse ao PÚBLICO que “os clientes não têm essa percepção, mas os canais remotos, ou serviços garantidos online, representam cus-tos avultados para os bancos”.

A mesma fonte considera que não deve ser estabelecida uma relação entre este aumento e a proposta eu-

CGD junta-se ao BCP e Totta e passa a cobrar comissões nas transferências online

ropeia de redução das taxas a pagar pelos comerciantes sempre que são feitos pagamentos com cartões de débito e de crédito, com os limites a passarem para 0,2% e 0,3%, res-pectivamente.

Aquela proposta já foi aprovada pela Comissão de Assuntos Econó-micos do Parlamento Europeu e será objecto de votação fi nal em Abril. Em reacção a esta iniciativa, a Associação Portuguesa de Bancos (APB) e a Federação Europeia de Bancos já vieram defender que a redução das taxas interbancárias será paga pelos consumidores.

De acordo com a Lusa, o banco público vai passar a cobrar 0,52 euros (0,50 euros de comissão e 0,02 euros de imposto do selo), quando o cliente fi zer pela Internet uma transferência para uma conta de outro banco, operação até agora gratuita.

O preçário do banco público já indica a cobrança da comissão des-de 1 de Janeiro. No entanto, apesar da entrada em vigor nessa data, só nos últimos dias a CGD começou de facto a cobrar estes valores aos clientes, independentemente do va-lor envolvido na transferência. “En-trou em vigor a 1 de Janeiro, mas a efectivação da cobrança começou a 19 de Fevereiro”, disse à Lusa fonte ofi cial do banco do Estado.

A CGD junta-se, assim, ao BCP e ao Santander Totta na cobrança de comissões em transferências de montantes inferiores a 100 mil eu-ros, mesmo nas operações nacio-nais feitas nas páginas dos bancos na Internet [homebanking], sem intervenção de operador.

Segundo os preçários dos princi-pais bancos a operar em Portugal, o BCP cobra um euro nas transferên-cias interbancárias até mil euros, aumentando o encargo consoante o montante transferido, que atinge o máximo de 19,50 euros a partir de 100 mil euros. Já no Santander Totta são cobrados 1,25 euros em transferências inferiores a 100 mil euros, não especifi cando o banco no seu preçário comissões para va-lores superiores.

Por sua vez, o BES isenta de co-missão todas as transferências in-dependentemente do valor, desde que efectuadas pelo homebanking, enquanto o BPI não cobra comissão nas transferências feitas pela Inter-net até 100 mil euros, sendo que a partir desse valor aplica 15 euros. Já as transferências feitas através dos ATM estão isentas em todas as instituições fi nanceiras.

BancaRosa SoaresBanco está a cobrar 0,52 euros por transferências abaixo dos 100 mil euros. Apenas BPI e BES ainda não adoptaram comissões

Fonte: BCE PÚBLICO

Fraudes aumentam nas vendas online

0200400600800100012001400

36%

46%

18%

37%

50%

13%

31%

52%

17%

25%

56%

19%

23%

60%

17%

Terminais depagamento

Pagamentosà distância

Caixas automáticas

Em milhões de euros e percentagem por tipo de pagamento

2008 2009 2010 2011 2012

MIGUEL MADEIRA

Operações fraudulentas atingiram 1330 milhões de euros em 2012

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PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014 | ECONOMIA | 19

O investimento estrangeiro na aquisi-ção de imóveis poderá atingir os 600 milhões de euros em 2014, o dobro do montante registado em 2013. O negócio de venda de imóveis a es-trangeiros, maioritariamente chine-ses, está a correr bem, como revelam as 56 autorizações concedidas já este ano, mas também estão a ser acom-panhadas com preocupação no sec-tor e dentro do Governo. Em causa estão notícias de alegados abusos, que poderão começar nas agências de imigração, mas que também pas-sarão pele infl acionamento de preços de imóveis, pela prática de comissões elevadas e pela mediação ilegal.

Com o propósito de travar abusos que possam comprometer as eleva-das potencialidades do negócio, o PÚBLICO apurou que a Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) está a preparar a assina-tura de protocolos com autoridades chinesas, no âmbito do Portugal-China Property & Investment Road Show 2014, um evento que vai de-correr em Xangai, entre 14 e 17 de Março, e onde a APEMIP participa a convite da Associação Industrial Portuguesa (AIP).

O PÚBLICO apurou ainda que o próprio Instituto da Construção e do Imobiliário (INCI), a entidade regu-ladora do sector, já terá recebido al-gumas queixas, designadamente em relação à intermediação de negócios realizados por grandes escritórios de advogados. E que o assunto também preocupa o vice-primeiro-ministro, grande impulsionador do programa de Autorização de Residência para Actividades de Investimento (ARI), os designados “vistos gold”. Ao PÚBLI-CO fonte ofi cial do gabinete de Pau-lo Portas adiantou que o governante “está atento a eventuais abusos” e que “tem mantido regularmente con-tactos com os agentes envolvidos, no sentido de avaliar as suas preocupa-ções e aperfeiçoar o sistema”.

Os protocolos estão a ser prepa-rados com a colaboração do Minis-tério da Justiça, envolvendo outros serviços públicos, e visam travar abusos na captação de investidores

APEMIP e Governo preparam protocolos com chineses para travar abusos nos vistos gold

teceu noutros países, com a mesma rapidez com que estes investidores chegam também partem.

A APEMIP divulgou ontem dados relativos aos vistos gold, que, com os 56 já concedidos no corrente ano, já superam os 542. Deste universo, os chineses são responsáveis por 433, seguindo-se a Rússia com 23 e o Bra-sil e Angola, com 14 cada. A APEMIP, que espera que o investimento ascen-da a 600 milhões de euros este ano, defende que os dados mostram que “o sector é exportável” e reclama ver-bas para a promoção do imobiliário português.

Para Luís Lima, o valor de inves-timento estrangeiro no imobiliário pode ser multiplicado várias vezes. “Um euro investido no nosso país é facilmente multiplicado por cinco ou seis. Estes investidores irão também acabar por gastar dinheiro em mobi-liário, gastronomia, lazer ou saúde, contribuindo em muito para a di-namização da economia interna do país”, defende Luís Lima. “É preciso que estejamos nos locais certos, nas feiras internacionais do sector, nos fóruns económicos. É preciso que os agentes do sector possam promover o imobiliário português transmitindo as suas melhores características e a transparência e segurança deste mer-cado”, defende o responsável.

O líder associativo denuncia, no entanto, que o sector que não conta, até agora, com apoios para se pro-mover além-fronteiras. “O país tem de ser sufi cientemente inteligente para olhar para este mercado e per-ceber que o imobiliário português é exportável. Os agentes do sector têm levado a cabo acções de captação de investimento, mas promover efi caz-mente a nossa economia sem apoios é muito difícil”, destaca a APEMIP.

estrangeiros, com a contrapartida de autorização de residência por seis anos. Contactado pelo PÚBLICO, o presidente da APEMIP confi rmou a preparação dos protocolos, adiantan-do que os mesmos visam “promover uma maior divulgação dos vistos gold, das potencialidades do mercado imo-biliário português e garantir maior transparência às operações”.

Questionado sobre os alegados abusos na venda de imóveis a in-vestidores estrangeiros, como já foi

noticiado pelo Expresso, Luís Lima foi cauteloso. “Tais informações, a serem verdadeiras, deixam-me pre-ocupado”, disse, escusando-se a con-fi rmar se conhece situações concre-tas. Ainda a este propósito, referiu que sempre foi “contra a especulação de preços e de comissões, porque é negativo para o sector”.

Ponce Leão, ex-presidente do INCI e que agora trabalha numa consulto-ra ligada à captação de investimento estrangeiro, disse que a existência de abusos pode “matar a actual galinha dos ovos de ouro do sector imobiliá-rio”, defendo que o investimento de-ve ser pensado numa lógica sustentá-vel, ou seja, garantindo rentabilidade aos investidores. Para o responsável, vários ministérios, incluindo o da Economia, deveriam estar a olhar para a forma como está a correr es-te programa, porque, como já acon-

ImobiliárioRosa SoaresVenda de imóveis acima do preço do mercado e cobrança de comissões elevadas estão no centro das preocupações

Valor da bitcon caiu 3%

APEMIP acredita que vistos gold podem gerar 600 milhões em 2014

A crise do Chipre fez crescer a popu-laridade da bitcoin, apresentando-a como uma moeda a salvo de decisões políticas, mas o fecho inesperado da maior plataforma de negociação veio lançar a incerteza sobre a segurança e o futuro da moeda digital.

O Mt.Gox, maior site de compra e venda de bitcoins de origem japone-sa, foi desactivado ontem ao fi nal do dia e, com ele, terá levado mais de 700 mil bitcoins, o que equivalente a cerca de 350 milhões de dólares (aproximadamente 255 milhões de euros), que representam 6% do total de bitcoins em circulação.

O fecho da plataforma apanhou o mercado desprevenido e deixou os utilizadores sem saber o destino das suas aplicações, mas a verdade é que as contas do Mt.Gox estavam conge-ladas desde 7 de Fevereiro, depois de a empresa ter detectado “actividades fora do normal” na sua plataforma electrónica. Segundo a imprensa internacional, o Mt.Gox cancelou todos os pagamentos depois de ter detectado uma falha do sistema que permitia levantar várias vezes a mes-ma moeda e convertê-la em outras divisas. Este “buraco” terá feito com que, ao longo dos anos, mais de uma centena de milhões de bitcoins fosse desviada do sistema.

Sem prévio aviso, o site foi desac-tivado e, num fundo branco, publi-cada uma mensagem pouco escla-recedora assinada pela “equipa do Mt.Gox”: “Em virtude dos últimos acontecimentos e das suas poten-ciais repercussões nas operações do Mt.Gox e do mercado, tomámos a decisão de encerrar todas as activi-dades, de maneira a proteger o site e os utilizadores. Vamos acompanhar de perto a situação.”

Até à data, os utilizadores do Mt.Gox nada mais sabem quanto ao futuro da plataforma e principalmen-te dos seus investimentos. A CNN ci-tava ontem um documento atribuído à corretora japonesa, mas “cuja vera-cidade não foi confi rmada”, em que se referia que o site fez desaparecer um total de 744.408 bitcoins, equi-valentes a 367 milhões de dólares. O documento, intitulado Rascunho de Estratégia de Crise, revelava ainda

Fecho do site Mt.Gox lança dúvidas sobre futuro da bitcoin

que o Mt.Gox planeava alterar a mar-ca para Gox, acrescentou a CNN.

Este fecho inesperado pôs em evi-dência as fragilidades de um instru-mento de enorme volatilidade (quan-do os bancos fecharam em Chipre, a bitcoin chegou a valer 180 euros, mas em sete dias caiu para cerca de 50 euros), que não é regulado e sobre o qual os investidores não têm quais-quer garantias, ao contrário do que é esperado nos depósitos do sistema fi nanceiro convencional. Este “cor-ralito” da bitcoin, como lhe chama o El País, parece desmontar a ideia de moeda alternativa, capaz de escapar à intervenção política, e fortalece as críticas de quem a vê como um ins-trumento de risco.

Perante este golpe na credibilidade da moeda, as outras empresas que comercializam bitcoins vieram de-marcar-se do Mt.Gox. “Esta violação trágica da confi ança dos utilizadores é resultado das acções questionáveis de uma empresa, mas não refl ectem a resiliência e o valor da bitcoin e da indústria de divisas digitais”, afi rma-ram, num comunicado conjunto emi-tido ontem ao fi nal do dia, a Circle, a Blockchain, a BTC China, a Bitstamp, a Kraker e a Coinbase.

Segundo a imprensa norte-ame-ricana, a plataforma de negociação apagou todos os seus tweets e o pre-sidente executivo da empresa, Mark Karpeles, demitiu-se da direcção da Fundação Bitcoin (organização sem fi ns lucrativos criada para defender a promoção das melhores práticas da moeda digital). O encerramento da corretora japonesa, que era responsá-vel pela comercialização de 20% das bitcoins existentes no mercado fez o preço da moeda digital cair cerca de 3%, para 490 dólares, atingindo o va-lor mais baixo desde Novembro.

InvestimentoAna BritoMaior corretora mundial de bitcoins sai de linha e faz desaparecer o equivalente a 350 milhões de dólares

542É o número de vistos gold atribuídos até agora, dos quais 433 são da responsabilidade de investidores chineses, seguindo-se os russos, com 23

FERNANDO VELUDO/NFACTOS

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20 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014

Bolsas

PSI-20 Última Sessão Performance (%)Nome da Empresa Var% Fecho Volume Abertura Máximo Mínimo 5 dias 2014

PSI 20 INDEX 0,47 7341,93 167374923 7325,41 7341,93 7291,62 0,61 11,94ALTRI 3,06 2,87 450535 2,78 2,89 2,78 -0,25 27,95BANIF 0 0,01 54599413 0,01 0,01 0,01 0,00 11,43BPI 0,94 1,72 1319025 1,71 1,73 1,70 0,77 41,78BCP 0,26 0,20 67171478 0,20 0,20 0,19 -0,25 18,03BES -0,58 1,38 17977127 1,40 1,40 1,37 1,31 32,82COFINA 0,63 0,64 1253002 0,62 0,64 0,62 -2,62 27,15EDP 1,22 3,06 6480415 3,03 3,06 3,02 3,14 14,57EDP RENOVÁVEIS 0,85 4,76 717761 4,73 4,83 4,72 3,49 23,28ESFG -0,04 4,82 63323 4,86 4,91 4,82 -0,37 -0,78GALP ENERGIA -0,12 12,01 556873 12,05 12,07 11,96 1,82 0,80J. MARTINS 0,85 13,01 890699 12,91 13,04 12,78 -1,38 -8,48MOTA-ENGIL 1,95 5,17 676863 5,08 5,23 5,05 1,99 19,66PT 0,95 3,29 5161524 3,27 3,31 3,24 -3,72 4,05PORTUCEL -0,38 3,18 147318 3,18 3,19 3,15 1,33 9,28REN -0,11 2,72 199705 2,71 2,73 2,71 0,44 21,31SEMAPA -0,53 10,29 47470 10,41 10,41 10,01 -0,53 26,37SONAE IND. -3,13 0,80 2988901 0,82 0,83 0,78 -3,49 42,81SONAE 2,8 1,32 6068557 1,29 1,32 1,27 1,58 25,93ZON OPTIMUS -1,02 5,35 604934 5,41 5,41 5,33 -0,11 -1,02

O DIA NOS MERCADOS

Acções

Divisas Valor por euroDiário de bolsa

Dinheiro, activos e dívida

Preço do barril de petróleo e da onça, em dólares

MercadoriasPetróleoOuro

ObrigaçõesOT 2 anosOT 10 anos

Taxas de juroEuribor 3 mesesEuribor 6 meses

Euribor 6 meses

Portugal PSI20

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Obrigações 10 anos

Mais Transaccionadas Volume

Variação

Variação

Melhores

Piores

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Europa Euro Stoxx 50

BCP 67.171.478BANIF 54.599.413BES 17.977.127EDP 6.480.415SONAE 6.068.557

ALTRI 3,06%SONAE 2,8%MOTA-ENGIL 1,95%

SONAE INDÚSTRIA -3,13%ZON OPTIMUS -1,02%BES -0,58%

Euro/DólarEuro/LibraEuro/IeneEuro/RealEuro/Franco Suíço

4,5

5,0

5,5

6,0

6,5

1,37450,8234140,483,2073

1,2195

0,289%0,387%

110,041341,56

2,138%4,860%

PSI20Euro Stoxx 50Dow Jones

Variação dos índices face à sessão anterior

2800

2900

3000

3100

3200

5750

6125

6500

6875

7250

0,300

0,325

0,350

0,375

0,47%0,01%

-0,21%

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) já tem em mãos 50 processos de práticas restritivas do comércio que, até agora, estavam a ser analisados pela Autoridade da Concorrência (AdC). A nova lei que regula as vendas com prejuízo ou prá-ticas negociais abusivas entrou ontem em vigor, transferindo para a ASAE o poder para instruir processos.

Em resposta enviada ao PÚBLICO, fonte ofi cial do Ministério da Econo-mia, que tutela a ASAE, afi rmou que, tal como previsto, estes casos já tran-sitaram para a autoridade alimentar “para a realização da instrução”. Mas, nesta fase, não é possível “adiantar a que matérias se referem”. Há vários meses que o PÚBLICO tenta, sem su-cesso, obter mais informações da AdC sobre o número de casos em análise durante o ano de 2013.

As informações mais recentes so-bre este assunto foram divulgadas em Março do ano passado durante uma audição parlamentar a Manuel Sebastião, ex-presidente da AdC. En-tre 2003 e 2012, foram abertos 781 processos e 44% resultaram em con-denações. Quase 240 prescreveram. De entre as condenações das vendas abaixo do preço de custo está a da Jerónimo Martins, na sequência da promoção feita pelos supermercados Pingo Doce, no feriado do 1.º de Maio de 2012, de 50% de desconto em qua-se todos os produtos para compras no valor mínimo de 100 euros.

Com novas responsabilidades, a ASAE criou três brigadas especiali-zadas em cada unidade regional que vão fi scalizar o cumprimento da lei e aplicar as medidas cautelares previs-tas no diploma. “Procurou-se que os inspectores que compõem estas bri-gadas tivessem valências em econo-mia, gestão ou contabilidade. Estes inspectores frequentaram já uma ac-ção de formação teórica ministrada pela AdC”, referiu a mesma fonte.

Os 21 artigos que compõem o di-ploma têm dado dores de cabeça a todos os intervenientes na cadeia de abastecimento: produtores, for-necedores e grande distribuição. A Centromarca, Associação de Empre-sas de Produtos de Marca, que sem-

ASAE já tem 50 processos sobre más práticas do comércio

pre defendeu a nova lei, acabou por pedir o seu adiamento na véspera da entrada em vigor, depois de várias “dúvidas jurídicas” que surgiram.

Na prática, o diploma obriga a al-terar os contratos com os fornecedo-res num prazo de 12 meses. E alguns tipos de descontos a efectuar nos produtos passam a contribuir para a formação do preço de compra (co-mo os descontos em cartão). Caso haja uma fi scalização, a formação do preço é essencial para verifi car se houve ou não venda com prejuízo.

As coimas a aplicar (aumentaram de um máximo de 30 mil euros para 2,5 milhões) afectam não só os reta-lhistas, mas também os fornecedo-res, que não podem praticar preços discriminatórios. Como lembrou re-centemente, a Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios (ANIL), os descontos têm de constar nas fac-turas que são emitidas pelos fornece-dores, quando vendem algum produ-to aos comerciantes. Com a nova lei, as cadeias de distribuição pediram para incluir a totalidade dos descon-tos no preço do produto facturado, “seja de forma directa, através da ob-tenção de um preço líquido, seja com a discriminação destes descontos na factura”, referiu a ANIL.

Se a factura contiver o desconto líquido, o valor pode variar de em-presa para empresa (há reduções de preço de acordo com a quantidade de produtos vendidos, por exem-plo, e por isso os descontos não são iguais para todas as cadeias). “Mes-mo que o preço líquido seja igual, o que aparece nas facturas é outro valor e isso é considerado uma ven-da discriminatória”, adianta Paulo Costa Leite, director-geral da ANIL. Em caso de fi scalização, o fornece-dor pode ser multado.

DistribuiçãoAna Rute SilvaLei que entrou ontem em vigor dá mais poderes à Autoridade de Segurança Alimentar, que tem brigadas para fiscalizar empresas

Nova lei tem gerado dúvidas

Breves

Auto-estradas

Resultados

Obras do túnel do Marão retomadas no próximo Verão

Lucro da Jerónimo Martins sobe 6%, para 382 milhões de euros

A conclusão das obras do túnel do Marão, paradas há mais de três anos, irá ser retomada no Verão, na sequência do lançamento de quatro concursos públicos até ao final desta semana. Os quatro concursos subentendem um investimento de 204 milhões de euros e dizem respeito à construção do túnel de seis quilómetros, dos acessos poente e nascente (com dez quilómetros cada) e ainda à instalação do sistema de portagens. O secretário de Estado das Infra-estruturas, Transportes e Comunicações afirmou que “foi dado um passo determinante” para a conclusão de um projecto “prioritário”, destacando a atitude “corajosa” do Governo ao rescindir o contrato com a antiga concessionária.

O resultado líquido atribuível à Jerónimo Martins cresceu 6% em 2013, para 382 milhões de euros. As vendas subiram 10,7%, para 11.800 milhões. Se for excluído o efeito cambial, o crescimento foi de 11,1%. O presidente do grupo, Pedro Soares dos Santos, afirmou, num comunicado divulgado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, que 2013 foi “um ano exigente e de grandes desafios”, nomeadamente com o início das operações na Colômbia, em Março, com a rede de supermercados Ara, que contava com 36 lojas no final de Dezembro. A Biedronka, cadeia que o grupo detém na Polónia, manteve-se em 2013 como o principal destino do programa de investimento, absorvendo um total de 402 milhões de euros.

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PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014 | CIÊNCIA | 21

Células que reagem ao enfarte dão pistas para a regeneração do coração

MOSQUEIRA ET AL

Tudo começa com um bloqueio num vaso sanguíneo que alimen-ta as células musculares cardíacas com nutrientes e oxigénio. Ocorre um enfarte no coração, podendo haver uma dor forte no peito, bra-ço e costas. As células morrem e naquela região forma-se uma ci-catriz que põe em causa o bom funcionamento do coração. Uma equipa internacional de cientistas, que inclui portugueses, percebeu pela primeira vez como as células que dão origem às células muscula-res do coração reagem a esta cica-triz. Os resultados, publicados na revista ACS Nano, dão pistas para se pensar na manipulação destas células de modo a regenerar o co-ração após o enfarte.

“As alterações mecânicas do teci-do cardíaco são pressentidas pelas células adjacentes à zona de enfarte através das proteínas YAP e TAZ”, explicou ao PÚBLICO Diogo Mos-queira, o primeiro autor do artigo, que fez a investigação no Instituto de Engenharia Biomédica (INEB), no Porto, e no Instituto Nacional de Ciências Materiais, em Tsukuba, no Japão, durante o mestrado.

Durante o desenvolvimento do coração, as células progenitoras cardíacas são comandadas para se multiplicarem, para se dife-renciarem em células do tecido vascular (os vasos sanguíneos) e

in vitro onde confi rmou que uma alteração na dureza da matriz ce-lular alterava a expressão das duas proteínas nas células progenitoras: “Ficou demonstrado que as prote-ínas YAP e TAZ desempenham um papel crucial na percepção, pelas células progenitoras cardíacas, das propriedades mecânicas das su-perfícies onde são cultivadas — e que controlam portanto o destino celular.”

Nas experiências, os investigado-res verifi caram que estas células, depois de activarem a YAP e a TAZ, agarravam-se à matriz artifi cial de cultura. E quando essas células eram submetidas a certas condi-ções, diferenciavam-se em células vasculares ou em fi bras cardíacas.

“Existem indícios de que as célu-las progenitoras cardíacas possam contribuir para gerar os cardiomió-citos que vão substituir os que mor-reram aquando de um enfarte. Ain-da não é claro como esse processo poderá ser controlado”, diz o in-vestigador. No entanto, acrescenta, esta descoberta revela que é a via de sinalização YAP/TAZ que se deve manipular para um dia conseguir-se regenerar aquele tecido a partir das células progenitoras. Como? “Desenhando nanomateriais que seriam transplantados na região do enfarte” ou “usando fármacos” que actuem naquela via de sinalização e façam com que as células-mãe per-cepcionem a matriz “como tendo as propriedades que mais favorecem a diferenciação cardíaca”.

Equipa internacional com investigadores portugueses analisou a resposta das células progenitoras das fi bras dos músculos cardíacos à cicatriz causada pelo enfarte de coração em ratinhos

Biologia celularNicolau Ferreira

células progenitoras que rodeiam a cicatriz. “A matriz extracelular é um elemento fundamental na regulação do destino celular, pois controla não só a sinalização bioquímica a que as células estão expostas, mas também as propriedades do microambiente em que as células estão inseridas”, diz Diogo Mosqueira.

É aqui que entra em cena a acti-vidade da dupla de proteínas YAP/TAZ, explica o investigador, que dentro das células progenitoras lêem os sinais vindos da matriz extracelular. “As proteínas YAP e TAZ são dos principais respon-sáveis pela resposta das células a factores mecânicos e estruturais da matriz extracelular.” E, no coração dos mamíferos, provocam normal-mente uma proliferação das células musculares cardíacas logo após o nascimento do animal.

Como estas proteínas desempe-nham a sua função no núcleo das células, local onde estão os cromos-somas, que contêm o ADN, elas po-dem infl uenciar a expressão gené-tica. Por isso, Diogo Mosqueira e a equipa foram procurar, em rati-nhos, a actividade destas proteínas no núcleo das células progenitoras cardíacas após o enfarte.

“Verifi cámos que as proteínas YAP e TAZ são expressas no nú-cleo das células adjacentes à região do enfarte, ao passo que as células mais distantes da zona de enfarte apenas expressam estas proteínas no citoplasma”, explica o cientis-ta. A equipa fez ainda experiências

em células do tecido muscular, os cardiomiócitos, que são as fibras musculares que mantêm o bati-mento cardíaco.

Mas ainda se está longe de com-preender que papel as células pro-genitoras têm no coração adulto. “Os resultados experimentais mais sólidos sugerem que essas células terão um papel na geração directa de cardiomiócitos apenas em situ-ações de stress, quando há lesão ou envelhecimento [do tecido car-díaco]”, explica Diogo Mosqueira, que foi orientado pela investigadora Perpétua Pinto-do-Ó, que pertence ao grupo de investigação NEWThe-rapies do INEB, e também assina o artigo, ao lado de investigadores a trabalharem no Japão, Finlândia e noutros países.

O destino fi nal de uma célula progenitora cardíaca depende de inúmeros sinais que caracterizam o microambiente onde está inserida. Há sinais biológicos transmitidos por células adjacentes e a matriz extracelular, constituída por várias moléculas complexas e que dá su-porte às células, é por seu lado uma fonte de sinais mecânicos.

A forma como a célula progeni-tora lê, interpreta e reage a todos estes sinais ainda é desconhecida. Mas no enfarte do coração há uma mudança radical. As células que fi cam sem acesso aos nutrientes e ao oxigénio morrem, mas a matriz extracelular continua lá, só que en-rijece. A equipa foi estudar o efeito desta alteração da matriz sobre as

As células progenitoras cardíacas estão cultivadas in vitro numa matriz com diferentes geometrias, nas três fotografi as de microscopia. As proteínas YAP e TAZ, a verde, estão maioritariamente no núcleo que está marcado a azul. O citoesqueleto das células está marcado a vermelho

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22 | MUNDO | PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014

Ucrânia quer processar Ianukovich por crimes contra a humanidade

À frágil situação fi nanceira da Ucrâ-nia juntam-se as crescentes amea-ças de separatismo, complicando a missão da nova classe política, que ainda se está a organizar. A nomea-ção de um novo executivo foi adia-da até amanhã e depois iniciar-se-á uma longa campanha eleitoral para a presidência — os candidatos come-çaram a apresentar-se. Mas um pri-meiro passo será pedir ao Tribunal Penal Internacional (TPI) que abra um processo contra o ex-Presidente Viktor Ianukovich por “crimes con-tra a humanidade”.

O Parlamento aprovou ontem por larga maioria uma resolução onde acusa Ianukovich e outros dois membros da sua administração de serem responsáveis pela violência policial contra os manifestantes nas últimas semanas e que originou a morte de mais de 80 pessoas. Para além de Ianukovich, o diploma in-clui ainda o ex-ministro do Interior, Vitali Zakharchenko, e o ex-procu-rador, Viktor Pshonka, que estão a monte.

A Ucrânia não ratifi cou o Estatuto de Roma, que estabelece o Tribunal de Haia, pelo que a sua intervenção terá de ser pedida directamente. “Um governo pode fazer uma de-claração em que aceita a jurisdição do tribunal para eventos passados”, esclareceu à Reuters o porta-voz do TPI, Fadi El Abdallah.

Não é contudo certo que o tribu-nal abra um caso sobre a Ucrânia. A jurisdição do TPI só se aplica a casos de crimes internacionais graves e apenas quando as autoridades locais não têm capacidade para efectuar investigações. Para além disso, são os juízes do TPI que determinam quem deve ser investigado, sem in-terferências dos governos.

Enquanto continuam a ajustar contas com os dirigentes derruba-dos, os novos responsáveis políticos mereceram um voto de confi ança da União Europeia. A chefe da diplo-macia europeia, Catherine Ashton, quis demonstrar “um forte apoio” à nova situação política, mas apelou

à formação de um governo “inclusi-vo” e à manutenção da integridade territorial do país.

Ashton dirigiu-se também à Rús-sia, um dia depois de Moscovo ter recusado reconhecer legitimidade aos novos líderes. “É crucial que a Rússia, como um importante vizinho da Ucrânia, dê o seu apoio para asse-gurar que o país possa prosseguir da maneira que desejar”, afi rmou.

Moscovo adoptou um perfi l mais conciliador. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, disse querer “que a Ucrânia faça parte da família europeia, em todos os sen-tidos da palavra”. “Seria perigoso e contraproducente tentar forçar a Ucrânia a uma escolha segundo o princípio ‘ou estás connosco ou contra nós’”, afi rmou.

Neste momento, a prioridade é a formação de um novo gover-no, o que deverá acontecer ama-nhã. Deveria ter sido ontem, mas o Presidente interino Oleksander Turchinov anunciou o adiamento. “Fazemos consultas de dia e noite, mas é preciso que [o processo] seja transparente”, justifi cou.

Klitschko candidatoO líder da oposição Arseni Iatseniuk é uma das maiores apostas para o posto de primeiro-ministro, segun-do a AFP, o que a concretizar-se poderia abrir caminho a uma can-didatura presidencial de Iulia Ti-moshenko. A ex-primeira-ministra é a líder do partido Pátria, mas foi Iatseniuk quem o liderou durante os protestos, enquanto Timoshenko esteve presa.

Quem já confi rmou a sua candi-datura às eleições de 25 de Maio foi Vitali Klitschko, o líder do Udar e um dos rostos mais célebres da oposi-ção. O ex-pugilista afi rmou querer “restabelecer a justiça” para “mudar completamente os princípios e as re-gras do jogo da Ucrânia”. Klitschko junta-se ao governador da província de Kharkov, Mikhail Dobkin, uma personalidade próxima de Ianuko-vich.

Um dos principais problemas que os próximos dirigentes ucranianos terão de resolver é a situação crítica da economia, que se aproxima do

Na Maidan, no centro de Kiev, limpam-se os estragos e recordam-se as vítimas da revolta

Entre manifestações de apoio da Europa, os novos líderes vão-se perfi lando para enfrentar os desafi os de um país ameaçado pela instabilidade

RevoluçãoJoão Ruela Ribeiro

Iulia Timochenko vai tratar das costas à Alemanha

É provável que se venha a candidatar à presidência

Iulia Timoshenko foi libertada pela revolução, após 30 meses na prisão, mas deu sinais de não querer ser

primeira-ministra. O seu partido anunciou que tenciona ir à Alemanha tratar-se das hérnias discais — que a fizeram aparecer na Maidan numa cadeira de rodas, no sábado. O convite foi feito pela chanceler Angela Merkel, avança a AFP, citando o comunicado do partido de Timochenko, o

Pátria, mas a 6 de Março ela deverá assistir ao congresso do Partido Popular Europeu em Dublin, na Irlanda. É pouco provável que Iulia Timoshenko não preveja candidatar-se à presidência — embora o seu nome suscite muitas críticas. Afinal, ela também faz parte dos oligarcas, os milionários que têm dominado a política ucraniana desde a independência da União Soviética. E as suas tiradas melodramáticas ajudaram

muito a fomentar a instabilidade política ucraniana. Mas é mais entusiasmante que os políticos da oposição — uma velha piada diz que Timoshenko é o único homem na política ucraniana. Resta ver que papel poderá ter na actual situação, positivo ou negativo. As Femen ucranianas, em Paris, manifestaram-se junto à Torre Eiffel, com tranças louras como as dela — e traziam escrito sobre o peito “a nova marioneta de Putin”.

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PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014 | MUNDO | 23

colapso. As necessidades do país em termos de ajuda externa são de cerca de 25 mil milhões de euros durante os próximos dois anos e o ministro interino das Finanças alertou que o dinheiro deveria chegar nas próxi-mas semanas. A cotação da hryvnia atingiu um novo mínimo histórico na terça-feira, segundo a Reuters.

As diplomacias europeias têm-se esforçado para auxiliar fi nanceira-mente a Ucrânia. O plano de Bruxe-las deverá passar pela conjugação de esforços internacionais para juntar um pacote de resgate. O comissário europeu para os Assuntos Económi-cos, Olli Rehn, falou em organizar-se uma “conferência de doadores”, o que iria permitir “aos Estados-mem-bros e aos outros países juntar um pacote substancial” de ajuda. Para

além dos EUA, poderiam juntar-se países como o Japão, a China ou a Turquia.

Outro risco de instabilidade são as ameaças de separatismo, sobretu-do na Crimeia, região autónoma de maioria russa. Em Sebastapol houve uma manifestação de cerca de 500 simpatizantes pró-russos e dois car-ros blindados foram chamados pa-ra proteger o estado-maior da frota russa do Mar Negro, ali estacionada, e a Casa de Moscovo, no centro da cidade, de acordo com a AFP.

Na véspera, outra manifestação juntou vários milhares de pessoas, muitas delas com bandeiras da Rús-sia, segundo a RIA Novosti, e que pediam a nomeação de um empre-sário pró-russo para liderar a câma-ra municipal.

LOUISA GOULIAMAKI/AFP

O QUE ELES DIZEM

Lanço um apelo aos nossos parceiros internacionais, em particular à Rússia, para trabalharem connosco para garantir uma Ucrânia unida, que seja um factor de estabilidade no continente europeuDurão Barrosopresidente da Comissão Europeia

A exposição importante dos bancos russos à Ucrânia pode afectar a solvência de algumas instituições, se as tensões políticas e económicas continuarem” FitchAgência de notação de crédito

Estamos de acordo que é perigoso e contraprodutivo forçar a Ucrânia a escolher “ou nós” ou eles”Serguei LavrovMinistro dos Negócios Estrangeiros russo

É crucial que a Rússia, como importante vizinho da Ucrânia, apoie este país para que possa fazer aquilo que quiserCatherine Ashtonchefe da diplomacia da UE

25mil milhões de euros é de quanto a Ucrânia necessita durante os próximos dois anos para sobreviver. As primeiras ajudas têm de chegar em breve

É talvez um dos mais hobbies mais re-centes na Ucrânia: adivinhar o para-deiro do Presidente em fuga, Viktor Ianukovich. Tudo tem servido para alimentar várias teorias divergentes que, para já, têm poucos factos pa-ra as suportar. Está o odiado gover-nante em Donetsk, a sua terra natal? Estará nalguma cidade portuária da Crimeia, província fortemente pró-russa? A bordo de um iate de luxo? A caminho da Rússia?

A última vez que foi avistado foi no domingo à noite, enquanto saía da sua residência em Balaclava, uma pequena cidade no mar Negro, na província da Crimeia, de acordo com o actual ministro interino do Interior, Arsen Avakov. Ianukovich estaria apenas acompanhado de um pequeno grupo de guarda-costas que se voluntariou a segui-lo.

No dia seguinte, a Justiça ucra-niana emitia um mandado de cap-tura para Ianukovich sob a acusa-ção de “homicídio em massa”. O Parlamento, tomado por um fervor revolucionário e já sem a presen-ça de grande parte dos deputados mais fi éis ao ex-Presidente, apro-vou um conjunto de diplomas que inverteram o sistema político e no-mearam um novo governante que fi cará em funções até 25 de Maio.

Na noite de sexta-feira, Ianukovich saiu da sua mansão de Kiev e voltou a aparecer na televisão no sábado, em local desconhecido, para afi rmar que iria permanecer no cargo. Atira-va acusações à oposição e anuncia-va que ia viajar para o sul e leste do país para recolher apoios. O ainda Presidente esteve em Kharkov e de-pois dirigiu-se de helicóptero para Donetsk, o seu principal feudo.

Alguns relatos dão conta de uma tentativa falhada de fuga para o es-trangeiro. Ianukovich terá tentado subornar os responsáveis do aero-porto de Donetsk, mas os guardas fronteiriços impediram-no de aban-donar o país por lhe faltarem alguns documentos. Foi nesta altura que a sua comitiva se fez à estrada e se di-rigiu para a Crimeia. O destino da viagem de mais de 400 quilómetros era o aeroporto militar de Sebasto-pol, mas sabendo que o recém-em-possado ministro do Interior esta-

Onde se escondeu o Presidente em fuga?

ria no local, Ianukovich mudou de planos. Para onde terá ido então?

Foi Avakov que informou que o ex-Presidente, e o seu antigo chefe da Administração, Andrei Kliuiev, aban-donaram Balaclava em três carros “em direcção desconhecida”.

Uma televisão local, citada pelo The Guardian, afi rma que Ianukovi-ch fugiu a bordo de um navio militar russo, que terá saído do porto de Se-bastopol, no mar Negro, em direcção à Rússia. No entanto, os responsáveis do porto negam ter quaisquer infor-mações que o comprovem.

Outras versões dão conta do súbito desaparecimento do iate Bandido, que pertence a um dos fi lhos de Ia-nukovich, Oleksander. Desde 11 de Fevereiro que o Bandido não aparece nos radares. Oleg Zakapko, um dos líderes dos protestos de Kharkov, afi rmou a um jornal canadiano que o Presidente teria seguido para Ialta, também na Crimeia.

Esta terça-feira, um assessor de Kliuiev revelou que o ex-dirigente foi baleado numa perna, não correndo risco de vida, mas não foi confi rmado se estaria com Ianukovich.

E há ainda o rumor, de pendor mais romântico, que o ex-Presiden-te estará algures num mosteiro no Leste do país. Para quem gostar de verdadeiras teorias da conspiração, existe a especulação da Gazeta Russa, próxima do Kremlin, de que a Admi-nistração norte-americana concedeu asilo a Ianukovich, como paga pela assinatura do acordo com a oposição.

A única certeza é a de que de um governante odiado pelos manifes-tantes da Praça da Independência Ianukovich passou a ser despreza-do até nos meios que lhe eram mais próximos. O Partido das Regiões, por exemplo, não se coibiu em apelidar a sua fuga de “cobarde” e responsa-bilizou-o pela violência da repressão policial das últimas semanas.

João Ruela Ribeiro

A Gazeta Russa, próxima do Kremlin, especula que os próprios Estados Unidos deram asilo a Ianukovich

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24 | MUNDO | PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014

Nicolás Maduro marca conferência de paz mas pode ser tarde de mais

CARLOS GARCIA RAWLINS/REUTERS

A classe média é o grupo mais representado nos protestos, mas os mais pobres podem juntar-se em breve

Nicolás Maduro quer conversar sobre a paz e estendeu a mão à oposição. Mas não houve quem lha agarrasse, comprometendo a conferência nacio-nal de paz que o Presidente marcou para hoje, no Palácio de Mirafl ores de Caracas, a sede do Governo.

Um dos mais fortes líderes da opo-sição, Leonardo López, que está pre-so, mandou dizer pela mulher que não acredita na iniciativa presiden-cial. “A Venezuela não vai parar, o descontentamento é nacional”, disse à Associated Press Lilian Tintori.

O outro líder da oposição, Henri-que Capriles, não disse claramente que não participará. Mas poucos acreditam que apareça. Na segunda-feira — e depois de ter confi rmado presença — não foi ao Conselho Fe-deral do Governo, a reunião habitual dos governadores com o Presidente (é governador de Miranda, o estado a que pertence Caracas, a capital). Outros governadores da oposição também não compareceram.

“Na situação em que estamos, de violação dos direitos humanos e de repressão, não podemos ir a Mirafl o-res. O palácio não é um lugar para se falar de paz, é ali que, todos os dias, se ordena a repressão”, disse Capriles na segunda-feira.

Maduro convidou outros interve-nientes — os sindicatos do partido so-cialista bolivariano, no poder, alguns empresários (sobretudo ligados ao petróleo), líderes da Igreja e os go-vernadores “ofi cialistas”. Pode fi car a falar sozinho, devido à ausência da outra parte do confl ito na Venezuela, um país onde se multiplicam os pro-testos contra o Governo e as denún-cias de repressão por parte as forças policiais, paramilitares e milícias po-pulares de apoio ao regime.

Nos protestos, que começaram em Janeiro (já morreram 15 pessoas), é a classe média que está mais repre-sentada. A revolta foi iniciada pelos estudantes do ensino superior, que exigiam maior segurança nas ruas. Juntaram-se outros grupos sociais (comerciantes, pequenos lojistas, distribuidores, muito afectados pe-la crise económica e pelas restrições à circulação de produtos) e a oposi-ção, e as manifestações tornaram-se políticas. Há protestos contínuos em

taxa de homicídios é pior do que em Bagdad”.

Rowan, que foi um consultor liga-do à oposição, diz que o clima que se vive lembra o de “os últimos dias” de um regime.

ApaziguamentoÉ nesta ideia que se apoia a oposi-ção e que a leva a recusar dialogar com Maduro — as presidenciais estão marcadas para 2018, López e Capri-les (de partidos diferentes) não que-rem esperar tanto tempo. E tentam que os muitos descontentamentos dos muitos grupos de cidadãos os conduzam ao seu objectivo — uma mudança ideológica no país.

Dentro do Governo, faz-se uma tentativa de apaziguamento em vá-rias frentes, depois de se ter, numa primeira fase, negado a contestação. Maduro chamou-lhe “golpe de Esta-do em curso”; alguns membros do

Caracas, Maracay, Maracaíbo, Vale-ra, Valência, Barinas e San Cristóbal, entre outras cidades.

Chega aos bairros popularesMas as críticas — e as queixas sobre a decadência do nível de vida — já surgem nos bairros mais pobres, que têm sido a grande base de apoio do chavismo, o nome do regime funda-do há 15 anos por Hugo Chávez após vencer as eleições presidenciais.

“Se olharmos para os problemas de distribuição de alimentos das últi-mas semanas, deve ser uma questão de muito pouco tempo até termos os sectores populares nos protestos”, escreveu o economista venezuelano Angel García Banchs nas páginas de opinião do El Universal.

“Quando se tenta desumanizar o ser humano, sobretudo quando a escassez aumenta, os colectivos [revolucionários] não são sufi cien-

Governo já falam, agora, em “pro-testos” e em punir os que, na polícia e na Guarda Nacional, cometeram “excessos”.

Na semana passada, Nicolás Ma-duro apelou aos Estados Unidos — que acusa de alimentar a oposição e a revolta contra o chavismo — para aceitar conversar sobre a “verdade” do que se passa na Venezuela. Mas o Governo de Washington respondeu-lhe para dialogar com os venezue-lanos. E, ontem, o Governo de Wa-shington deu 24 horas a três diploma-tas venezuelanos para abandonarem o país, uma represália pela expulsão de três diplomatas americanos acu-sados de conspirarem contra o Go-verno de Caracas.

Pressionado nas ruas e limitado nas opções, Nicolás Maduro mar-cou a conferência de paz. Leopoldo López mandou dizer, pela mulher, que “é tarde de mais”.

O Governo de Caracas tenta recuar na dureza da resposta à contestação. Mas a oposição, que vê o descontentamento crescer e sinais de fi m de regime, diz que não há diálogo possível

VenezuelaAna Gomes Ferreira

temente fortes para conter os opri-midos, que terão de sair em defesa da sua liberdade, devido à necessidade de sobreviver”, considera Banchs. O economista concluiu que “a fome” poderá fazer avançar a segunda linha de descontentes para as ruas.

Outro analista — Michael Rowan, que trabalhou como consultor na Venezuela — explicava no mesmo jornal que o Governo do país está “encurralado” e não tem meios para dar a volta à decadência económica, fi nanceira e social que motivou esta crise nas ruas. “A produção petrolí-fera desce a pique. Só os EUA pagam [o petróleo] na totalidade. A dívida subiu 48 mil milhões de dólares des-de 2008. O crédito é proibitivo e a Venezuela paga juros de 20%, tanto quanto cobra um usurário numa casa de penhores. A Venezuela compete com a Síria pelo lugar de país com maior hiperinfl acção do mundo. A

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PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014 | MUNDO | 25

O escritor e jornalista Stieg Larsson, autor da trilogia Millennium, enviou à polícia sueca material que acreditava ligar o assassínio, a 28 de Fevereiro de 1986, do primeiro-ministro Olof Palme, a um antigo militar sueco com alegadas ligações à África do Sul.

A notícia de que Larsson, que mor-reu em 2004 vítima de ataque cardí-aco, enviou 15 caixas de documentos à polícia foi dada ontem pelo jornal Svenska Dagbladet. A maioria dos documentos dizia respeito a Bertil Wedin, um ex-militar sueco a viver no Chile.

A morte de Palme — à saída de um cinema no centro de Estocolmo — de-sencadeou uma série de teorias da conspiração na Suécia. O caso ainda não foi resolvido.

O primeiro-ministro era um crí-tico feroz do regime do apartheid na África do Sul. Wedin, alegava Larsson, era um mercenário que tinha ligações aos serviços secretos da África do Sul. Num caso no Rei-no Unido, Wedin tinha confessado estar em contacto com um agente sul-africano.

A maioria dos documentos chegou a Larsson através da fundação Sear-chlight, que supervisiona movimen-tos de direita. O escritor e jornalista continuou depois a investigação, e partilhou algumas descobertas com a polícia. A sua companheira Ewa Gabrielsson disse ao Svenska Dag-bladet que Larsson não saiu muito bem impressionado do seu primeiro encontro com a polícia, chamando-lhes “idiotas” e contando que teve de “lhes dar uma aula sobre as diferen-ças entre nazis e socialistas”.

A polícia nunca questionou o an-tigo militar sueco, apesar de ter re-cebido os dados de Larsson um ano depois do assassínio de Palme.

Bertil Wedin, agora com 73 anos, deu uma entrevista exclusiva ao jor-nal, dizendo que não gostava de Pal-me mas não o odiava, e negou ter sido mercenário na África do Sul. Na primeira vez que a “pista sul-africa-na” foi relatada pelos media suecos, cerca de dez anos depois da morte de Palme, Wedin disse ter convidado a polícia sueca para falar com ele em Chipre, mas ninguém apareceu.

Stieg Larsson investigou a morte de Olof Palme

Suécia

Escritor achava que primeiro-ministro tinha sido morto por mercenário com ligações ao regime do apartheid Clegg e Cameron: a experiência de coligação não é para repetir

É mais um sinal que David Came-ron envia na esperança de agradar à ala direita do seu partido. Com os conservadores em risco de fi car em terceiro lugar nas eleições europeias — uma humilhação que daria armas a quem pede a sua cabeça —, o pri-meiro-ministro britânico muda de estratégia e prepara-se para anun-ciar que não vai entrar num novo governo de coligação, mesmo que os tories vençam sem maioria absoluta as legislativas de 2015.

A promessa deverá ser inscrita no programa eleitoral do partido, disse ao jornal The Daily Telegraph um co-laborador de Cameron: “Ele é bem claro: não quer outra coligação”. A revelação é feita uma semana depois de Nick Clegg, vice-primeiro-minis-tro e líder dos Liberais Democratas, ter admitido uma coligação pós-elei-toral com os trabalhistas.

Mais do que traduzir o desgaste da inédita coligação saída das eleições de 2010, as declarações mostram até que ponto os dois dirigentes, sob pressão da oposição interna, tentam inverter o declínio dos res-pectivos partidos nas sondagens. No caso dos lib-dem – com intenções de voto abaixo dos 10% – a prioridade é recuperar o apoio dos que fugi-ram para a esquerda, descontentes com as políticas de austeridade. Já Cameron vê no regresso aos temas

Cameron não quer voltar a governar em coligação

da direita a sua tábua de salvação e, nessa estratégia, a coligação (e os compromissos que ela implicou) é vista como uma menos-valia.

Conclusão que terá saído reforçada depois de uma sondagem, divulgada no fi nal de Janeiro, ter revelado que 65% dos britânicos acreditam que se-rá mau para o Reino Unido que não saia um vencedor claro das legislati-vas de Maio de 2015. “Incluir no pro-grama a promessa de que não haverá acordos depois das eleições torna as coisas muito claras para os eleitores”, explicou a mesma fonte ao The Tele-graph. Uma estratégia de risco – em caso de vencer sem maioria, teria de liderar um governo em desvantagem no Parlamento, exposto aos ataques da oposição e dos eurocépticos –, sobretudo quando as sondagens co-locam os tories cinco a sete pontos percentuais atrás do Labour.

No entanto, escreve o The Guar-dian, esta cedência à ala mais à di-reita do partido (a que mais se in-digna com os bloqueios dos lib-dem a políticas que lhe são caras, seja na imigração ou na relação com a União Europeia) tem como objectivo blin-dar o primeiro-ministro contra uma eventual revolta interna no caso, cada vez mais provável, de os popu-listas do Partido da Independência (UKIP) vencerem as europeias, rele-gando os tories para terceiro lugar.

Seria a primeira vez desde a II Guerra Mundial que nenhum dos dois grandes partidos britânicos venceria uma votação nacional — um feito que é tanto mais preocu-pante para Cameron quanto os es-tudos mostram que o sucesso dos populistas se deve à fuga de votos dos conservadores (45% dos que apoiam o UKIP votaram nos tories em 2010).

LUKE MACGREGOR/REUTERS

Reino UnidoAna Fonseca PereiraMudança de estratégia vista como tentativa de antecipar revolta nos tories face a provável vitória do UKIP nas europeias

Acusações, desmentidos e pedidos de demissão. A política turca continua a viver ao ritmo de escândalos. O úl-timo episódio envolve directamente o primeiro-ministro: conversas tele-fónicas que Recep Tayyip Erdogan desmente ter tido com um fi lho, nas quais se fala de fazer desaparecer centenas de milhares de euros, leva-ram a oposição a pedir, uma vez mais, a demissão do chefe do Governo.

É mais um desenvolvimento no es-cândalo de corrupção que envolve aliados do primeiro-ministro turco e que o Governo diz ser fruto de uma conspiração movida por Fethullah Gülen, o imã que lidera uma rede global de escolas e instituições de caridade e que quando era aliado de Erdogan colocou seguidores em altos cargos das forças de segurança e do poder judicial.

Nas conversas divulgadas segunda-feira à noite, a voz identifi cada como de Erdogan discute com o fi lho Bilal como reduzir a zero os fundos arma-zenados em várias casas; Bilal suge-re distribuir o dinheiro por vários empresários. Os telefonemas terão acontecido entre 17 e 18 de Dezem-bro, quando foi revelada a investi-gação de corrupção, fraude e bran-queamento de capitais que levou à demissão de três ministros e à de-tenção de muitas pessoas ligadas ao AKP (Partido da Justiça e do Desen-

Erdogan desmente telefonemas que o implicam em escândalo de corrupção

volvimento), no poder desde 2002. No mesmo dia em que alguém publi-cou as conversas no YouTube, dois jornais próximos do AKP acusavam magistrados ligados a Gülen de terem posto sob escuta milhares de pesso-as, incluindo o primeiro-ministro.

Aproveitando a reunião semanal com os deputados do AKP, ontem, o primeiro-ministro denunciou uma “montagem vergonhosa” e um “ata-que odioso” para prejudicar o par-tido. “Nunca cederemos, só o povo pode decidir afastar-nos e mais nin-guém”, disse. É nas urnas, então, que Erdogan quer saber se os turcos con-tinuam com ele. Para além das elei-ções municipais, a 30 de Março, a Turquia vai ter em Agosto as primei-ras presidenciais directas e Erdogan nunca escondeu que quer suceder ao Presidente Abdullah Gül.

“O Governo deve demitir-se, per-deu toda a legitimidade”, defendeu Haluk Koç, vice-presidente do maior partido da oposição, o CHP (Parti-do Republicano do Povo). A Turquia, disse, “não pode continuar no seu caminho com esta sujidade, com este fardo”. O líder dos nacionalistas do MHP, Davlet Bahçeli, preferiu anun-ciar que “o fi m absoluto e certo está próximo para Erdogan”.

Já depois da ida ao Parlamento, o primeiro-ministro viu a inauguração da nova auto-estrada que atravessa a Universidade Técnica do Médio Oriente, em Ancara, tornar-se numa manifestação contra o Governo. Esta universidade já tinha sido palco de protestos no Verão, na vaga de con-testação desencadeada pelo plano para demolir um parque no centro de Istambul e violentamente repri-mida. Ontem a polícia dispersou os manifestantes com canhões de água e gás lacrimogéneo.

TurquiaSofia LorenaAlegadas conversas do primeiro-ministro divulgadas após arranque da campanha para as municipais do fim de Março

ADEM ALTAN/AFP

Erdogan promete resistir a tudo e a todos

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26 | MUNDO | PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014

Telemóveis ajudam a financiarum conflito sangrento

Cronologia dos conflitos

O Congo liberta-se do domínio belga e torna-se independente.

Joseph Mobutu, que tomara o poder seis anos antes num golpe de Estado, muda o nome do país para Zaire e oseu próprio nome para MobutuSese Seko.

O Zaire não consegue pagaros empréstimos concedidos pela Bélgica, terminamos programas de desenvolvimento impulsionados pelos belgas e a economia deteriora-se.

O exército protesta pela falta de salários e acaba por fazer pilhagens na capital, Kinshasa. Mobutu aceita formar um governo de coligação com a oposição. Mais tarde, acabaram por ser formados dois governos opositores, um deles com Mobutu.

Rebeldes tutsi tomam conta da região leste do país.

Os rebeldes tomam conta da capital, coma ajuda do Ruanda.O país é renomeadoe passa a chamar-se República Democrática do Congo.Laurent-Désiré Kabilaé nomeado Presidente.

Facções de rebeldes apoiadas pelo Uganda e pelo Ruanda revoltam-se contra Kabila e atacam Kinshasa. Para além das forças de Kabila, a capital é defendida com tropas de Angola, do Zimbabwe e da Namíbia. Os rebeldes assumem o controlo da região leste. As facções rebeldes acabam depois por começar confrontos entre si.

Fontes: www.worldbank.org; MONUSCO.org; Tantalum-Niobium International Study Center; www.raisehopeforcongo.org; “Faced with a gun,what can you do?”, Global Witness.org; “Trading Conflict for Development”, by Nicholas Garrett and Harrison Mitchell; www.enoughproject.org; http://bloodinthemobile.org/; IDC

Já houve quem lhes chamasse “telemóveis de sangue”, emborao fenómeno não esteja restritoa estes aparelhos. A República Democrática do Congo é um dos países onde são explorados minérios que depois seguem para as fábricas asiáticas, para serem usados como matéria-prima em

1960 1971 1989 1991-93 1996-97 1997 1998-99

componentes de muitos disposi-tivos electrónicos. A estes minérios − vulgarmente chamados 3T, numa alusão aos nomes em inglês −junta-se o ouro, também retirado de minas na RDC onde, frequente-mente, as condições de trabalho e segurança são praticamente inexistentes e o desrespeito pelos

direitos humanos é a norma.As zonas das minas, bem como os trajectos que as ligam às cidades onde a matéria-prima é vendida, são controladas por grupos armados ou pelo exército, que, ilegalmente, lucram o que se estima serem dezenas de milhões por ano com a actividade mineira do país.

A República Democrática do Congo exporta minerais usadosem muitos aparelhos tecnológicos, incluindo computadores,tablets e smartphones. Célia Rodrigues e João Pedro Pereira

SmartphoneTabletPC portátilPC secretária

2013* 2017*

148,4 202 128,3

722,4

Total

1201 milhões

Previsões até 2017

milhões

milhões

1516

141241

352

Milhões de dispositivosenviados para o retalho 916 1201 1556 2250

20122011

CABINDA

Brazzaville

Kinshasa

Rio Zaire

Rio Kasai

ANGOLA

REPÚBLICA DEMOCRÁTICADO CONGO

CONGO

REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA

Estanho (Cassiterita)

Volfrâmio (tungsténio)

Ouro

Coltan* (tântalo/nióbio)

40.000refugiados

5,4milhões

de mortos 132.000

1993-2013 Iraque e Afeganistão2003-2011

* É o nome local atribuído à mistura de dois minérios: columbite (extrai-se o nióbio) e tantalite (tântalo). São elementos com a mesma estrutura mineral e existem combinados na natureza, sobre a forma de cristais a que se dá o nome de pirocloro. Quando contém mais tântalo que nióbio dá-se o nome de tantalite e vice-versa.

Vítimas na RDC

Mbandaka

Kananga

Bandundu

Matadi

Mbuji-MayiPrincipais reservas minerais

Deslocados internos

2.600.000

O pirocloro é um óxido mineral complexo formado ainda por outros elementos residuais como o silício, ferro, manganês, titânio, zircónio, urânio, etc.

ga

Mbu

EQUADOR

KASAIOCIDENTAL

KASAIORIENTAL

BANDUNDU

BAIXO CONGO

KINSHASA

dos trabalhadores nas minassão crianças e jovens

40%Onde são usados estes minérios

Soldaduras (usadas em circuitos electrónicos)Revestimentos anti-corrosãoObjectos vários

Componentes electrónicos (telemóveis, computadores e automóveis, etc.) Ligas metálicas resistentesMotores a jacto Lentes de câmaras

Filamentos de lâmpadasPeças de automóveis e aviõesCircuitos integrados (chips) de telemóveis,computadores e outros equipamentos

Cassiterita Tântalo Tungsténio

População

65milhões

10,5

PIB per capita

272 dólares

229.º no mundo

20.182 dólaresPORTUGAL

IHD 186.ºO último lugar no Índice de DesenvolvimentoHumano, a par do Níger

*Previsões

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PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014 | MUNDO | 27

Os seis países africanos envolvidos na guerra assinam um cessar-fogo. As tropas dos outros países começam a retirar-se, num plano acompanhado pela ONU.

Laurent-Désiré Kabila é assassinado por um guarda-costas. Sucede-lhe o filho, Joseph Kabila.

É assinado um acordo de paz. Rebeldes, oposição e Governo concordam em partilhar o poder num governo interino, que tem como missão preparar eleições.

São realizadas eleições, com o apoio da comunidade internacional. A primeira ronda é inconclusiva. Forças fiéis a Kabila e forças do candidato e líder da oposição, Jean-Pierre Bemba, entram em confrontos. Uma segunda ronda de votações dá Kabila como Presidente. Um grupo armado do general dissidente Laurent Nkunda inicia confrontos com o exército oficial, que é apoiado pela ONU.

O Governo assina um acordo de paz com milícias rebeldes, incluindo o grupo do general Nkunda. Meses depois, retomam os confrontos, com milícias do Ruanda e com as forças de Nkunda. Os conflitos intensificam-se, sobretudo na região leste.

Há motins no exército porque os soldados não estão a ser pagos.

Kabila ganha as eleições. Ao longo dos últimos anos, as organizações internacionais relataram vários crimes de guerra na República Democrática do Congo, incluindo violações em massa e recrutamento de crianças para combate.

Os minérios são transportados para pequenas cidades nas imediações das minas para serem vendidos a comerciantes, que por sua vez os vendem a empresas maiores nas duas grandes cidades da zona leste do país, Goma e Bukavu.

Verificar a origem da matéria-prima

1999 2001 2002 2006 2008 2009 2011

Há mecanismos desenhados para certificar que os minérios são oriundos de minas legais, mas o sistema de controlo é muito falível, acusam as organizações internacionais. The Enough Project, uma ONG, criou uma classificação baseada nos procedimentos seguidos pelas empresas de electrónica para determinar a origem das matérias-primas usadas. A pontuação é atribuída com base em respostas de cada empresa. A classificação máxima é 100.

Têm tomadoMEDIDAS EFICAZES para controlar as origens da matéria-prima dos seus fornecedores

Têm tomadoALGUMAS MEDIDAS para investigar as suas cadeias de fornecimento

NÃO TOMARAM MEDIDAS para adquirir matérias-primas legais e/ou não tomaram posição sobre a legislação e os esforços da indústria nesse sentido

**Estimativas para valores anuais, entre 2008 e 2009. Há estimativas muito discrepantes para estes valores. Os intervalos resultam da compilação de estimativas das várias fontes consultadas.

≥30

11 a29

≤10

HTCSharpNikonCanonLenovoToshiba

SonySamsungLGIBMPanasonicNokiaMotorolaMicrosoftAppleDell

AcerRIMAMDSanDiskPhilips HPIntel

200 km

LagoTanganica

ZÂMBIA

UGANDA

TANZÂNIA

BURUNDI

RUANDA

SUDÃO

Lubumbashi

Bukavu

Goma

Kindu

Kisangani

Populações fogem da epidemia de cólera na região de Lubumbashi

920.000deslocados doKivu do Norte

Volfrâmio(Tungsténio)

Coltan(Tântalo)

Estanho(Cassiterita)

Ouro

Exportações (RDC)

55%

40%

4%

1%

4888

1721

272727273335353838404042444848

5460%

Kisang

Os comerciantes enviam os minérios para países vizinhos, como o Ruanda, o Uganda e o Burundi, (bem como para a Bélgica, que tem ligações históricas com o Congo) que os exportam para países do sudeste asiático.

Os metais são comprados às refinarias para o fabrico de equipamentos de electrónica.Os componentes electrónicos são vendidos para o mundo inteiro.

São enviados para refinarias para serem transformados em metais. O minério proveniente da África Central é misturado com o de outras origens (Brasil, Rússia, Canadá, Austrália e China), tornando-se difícil controlar o seu comércio.

A extracção pode ser em pequenas minas artesanais ou em explorações de grande escala. Muitas são ilegais e controladas por grupos armados, como as Forças Democráticas da Libertação do Ruanda, ou pelo próprio exército congolês. Em qualquer dos casos, é usada violência (incluindo violação de mulheres e raparigas) para obrigar as populações a trabalhar por salários muito baixos.

Minérios de conflito

A exploração é feita com ferramentas rudimentares em condições muito perigosas. Os desabamentos são frequentes

KATANGA

KIVU DOSUL

KIVU DONORTE

MANIEMA

ORIENTAL

L

A ROTA DOS 3T

3

4

2

1

Nestes percursos, os grupos armados, o exército ou membros do Governo cobram taxas ilegais para permitir a passagem em segurança

Pop. abaixo dolimiar de pobreza

Esperançade vidaà nascença

Dados de 2011

48 anos

81 anos

71%

18%

O circuito do ouro passa pelo Dubai nos EAU

Minérios de outras origens

Fotografias: Reuters/Radu Sigheti, Antony Njuguna, Eric Feferberg, M. Hutchings; AP/Michel Euler

Receitas ilegais obtidas**

37 a 50milhões de euros

59 a 85

3 a 9

2 a 5

Tungsténio

Tântalo

Cassiterita

Ouro

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28 | CULTURA | PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014

Um piano prodigiosoà deriva em Belém

Em Julho do ano passado, quando foi anunciado ao microfone do Fes-tival Músicas do Mundo (FMM), em Sines, que o dueto previsto de Trilok Gurtu e Tigran Hamasyan não po-deria acontecer devido a sucessivos atrasos com os voos do percussio-nista indiano, temeu-se o descala-bro. Hamasyan era apenas um no-me estranho vindo da Arménia, um propalado prodígio no piano, mas a quem não se conheciam méritos que se adivinhasse poderem ocupar o palco principal a solo e conquistar um público festivaleiro.

“O desafi o foi mesmo não estar a tocar numa sala lindíssima, com uma acústica óptima e um público em si-lêncio”, recorda hoje ao PÚBLICO. “O desafi o foi tocar para um público de pé, à espera de ser animado, algo que faço regularmente mas em trio ou com banda.” O que não se imagi-nava, portanto, era que Hamasyan começasse por uma demonstração virtuosística de um reportório de fundo clássico e barroco, e logo ex-pandisse todo este universo musical com assobios fantasmagóricos, lo-ops de piano eléctrico, resquícios de música vocal tradicional da Arménia e uma convincente simulação dos sons das tablas de Gurtu em modo human beatbox (com recurso ape-nas aos sons produzidos pela boca, entenda-se). No fi nal, como escre-vemos na altura, tínhamos assistido a um dos mais belos e inesperados concertos do FMM.

Em palco, é fácil de perceber que a voz de Hamasyan corre muitas ve-zes atrás das notas que lhe saem das mãos, algo que se foi observando ao longo dos anos em pianistas exímios como Glenn Gould ou Keith Jarrett. No caso do músico arménio, e sa-bendo-se da sua paixão pela música tradicional indiana (que estabelece a ponte para o duo com Gurtu), po-deria tratar-se de uma derivação da prática bol, os vocábulos com que os tocadores de tablas acompanham os seus ritmos. Mas, na verdade, des-mistifi ca Tigran, é apenas “um pés-simo hábito”. “Só que não consigo

DR

evitar fazer barulho quando canto”, justifi ca-se. “Por vezes, tento estar mais consciente para o evitar. Mas também é verdade que, noutras oca-siões, canto propositadamente, por-que o piano não é capaz de obter os mesmos sons que a voz e esta é chamada a ajudar na emoção que se quer extrair da nota.”

Nascido pouco antes de a Arménia se tornar o primeiro país a reclamar a independência da União Soviética, em 1991, Tigran Hamasyan benefi -ciou de crescer com um piano em casa e, aos três anos, já começava a explorar o instrumento. Curiosa-mente, a instabilidade no período pós-independência acabaria por funcionar como incentivo para a ascensão meteórica da sua técnica pianística — a miséria económica do país e o confl ito armado entre arménios e azerbaijanos levaria a constantes apagões. “Coincidiu com a altura em que comecei”, explica, “e por isso não havia mais nada para fazer senão tocar piano.”

A sua formação, de acordo com a forte tradição musical soviética, conduziu-o então a uma sólida base clássica. Mas a rápida apreensão de toda a música com que contactava não demorou a empurrá-lo para o contacto com o jazz, de fascínio ime-diato e pela mão de um tio que lhe deu a ouvir Miles Davis e, sobretudo, os anos 1970 de Herbie Hanco-ck, pejados do funk com que o músico nor-te-americano queria imitar Sly Stone. Daí que Hamasyan tente relativi-zar e classifi car como “um exa-gero” o facto de, em 2008, com apenas 20 anos, ter ouvido Han-cock declarar no Festival Jazz Or-léans que aquele jovem músico ar-ménio nascido em

Tigran Hamasyan, um músico ecléctico, nascido há 26 anos na Arménia, toca esta noite no Centro Cultural de Belém, em Lisboa (21h)

ConcertoGonçalo Frota

Hamasyan, aquele que Herbie Hancock elegeu há tempos como o seu novo mestre, mostra a solo no CCB como não há caminhos impossíveis para a sua expressão

Gyumri (quando Hancock há muito inscrevera o seu nome na história do jazz) tinha passado a ser o seu mestre.

Uma guitarra para TigranNão é difícil supor com reduzido risco o que passava pela cabeça de Herbie Hancock para lhe saírem tais palavras. Para alguém cuja marca no jazz está muito fi rmada na fusão, a imprevisibilidade e a forma eston-teante como Tigran deita as garras de fora e se apropria das mais varia-das correntes musicais e as integra com coerência no seu discurso terá sempre de produzir admiração. Até

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PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014 | CULTURA | 29

Um técnico superior e três assisten-tes técnicas que desempenhavam funções na Biblioteca Municipal da Nazaré foram dispensados, mas se-rão substituídos em breve por fun-cionários que integram os quadros da autarquia e que dispõem das ne-cessárias competências técnicas, ga-rantiu ao PÚBLICO o vice-presidente da câmara, Manuel Sequeira.

Os contratos a termo certo que os quatro técnicos mantinham com a empresa municipal Nazaré Qualifi ca expiraram na segunda-feira e não fo-ram renovados. Ontem, a biblioteca esteve aberta, mas já funcionou com apenas três funcionários.

Numa reunião da assembleia municipal realizada a 21 de Feve-reiro, o presidente da autarquia, o socialista Walter Chicharro, justifi -cou a decisão com as difi culdades fi nanceiras que a câmara enfrenta. Interpelado nessa reunião por um representante da direcção da As-sociação Portuguesa de Bibliotecá-rios, Arquivistas e Documentalistas (BAD), Bruno Eiras, Chicharro, que conquistou a câmara nas últimas eleições autárquicas, argumentou que esta política de contenção de custos resulta do excesso de endi-vidamento da autarquia em 2013, uma situação que afi rma ter herda-do do executivo anterior, liderado por Jorge Barroso, um independen-te eleito pelo PSD.

Bruno Eiras disse ao PÚBLICO que a BAD irá acompanhar o pro-cesso para perceber se os técnicos dispensados irão efectivamente ser substituídos.

Manuel Sequeira reconhece que “cortar relações laborais nunca é agradável”, mas que, “na actual con-juntura económica, os funcionários em causa já sabiam que isto pode-ria acontecer”. O vice-presidente da autarquia assegura que “a planifi -cação da biblioteca vai ser execu-tada” e que esta vai funcionar em pleno. Adianta que todos os quatro funcionários serão substituídos e afi rma esperar que os novos técni-cos da biblioteca possam assumir funções “já a partir da próxima se-gunda-feira”.

Biblioteca da Nazaré dispensa técnicos

BibliotecasLuís Miguel QueirósCâmara garante que serão substituídos por funcionários devidamente habilitados do quadro de pessoal da autarquia

DR

Vítor Amadeu III de Saboia, de Francesco Antonio Mayerle (1755, óleo)

É mais uma parceria internacional do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, depois da cola-boração com o Museu do Prado, em Madrid. Desta vez o interesse veio de Itália, do Museo Civico d’Arte Antica – Palazzo Madama. A Turim o MNAA vai levar a exposição A Arquitectura Imaginária: pintura, escultura, artes decorativas e em troca viajam para Lisboa 125 obras para a exposição Reis e Mecenas. A Arte ao Serviço dos Saboia: Turim 1730-1750.

Enquanto em Turim o MNAA pro-põe repensar a arquitectura como utopia e conceito na exposição que

O Museu Nacional de Arte Antiga vai viajar até Turim e Turim viaja até Lisboa

põe lado a lado peças como uma pin-tura de Gregório Lopes, um cofre em cristal de 1600 ou um projecto de Álvaro Siza, em Lisboa, é inaugurada uma mostra de arte italiana setecen-tista especialmente concebida pelo Museo Civico d’Arte Antica – Palazzo Madama para o MNAA. A inaugura-ção das duas exposições é separada apenas por uma semana, abrindo primeiro a mostra do MNAA em Tu-rim a 8 de Maio e, depois, no dia 16, em Lisboa é inaugurada a exposição Reis e Mecenas. A Arte ao Serviço dos Saboia: Turim 1730-1750. O último dia das exposições é o mesmo: 21 de Setembro. E a escolha destas datas não é por acaso.

“É para aproveitar o comboio das obras, vamos dividir os custos”, diz o director do Museu Nacional de Arte Antiga, António Filipe Pimentel, que apresentou ontem esta parceria aos jornalistas ao lado do director adjun-to, José Alberto Seabra Carvalho. Or-ganizar estas exposições em simul-tâneo é uma forma de minimizar os

custos, esclarece Pimentel, explican-do que foi no fi nal de 2012 que o mu-nicípio de Turim mostrou interesse, com o patrocínio do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Itália, em ter o MNAA como parceiro. Nessa al-tura, veio uma comitiva a Lisboa e a exposição que estava patente no mu-seu era exactamente A Arquitectura Imaginária: pintura, escultura, artes decorativas, que despertou a atenção dos italianos.

“A primeira coisa que se defi niu foi a vontade de Turim em acolher uma exposição do MNAA, como museu bandeira português. Nós colocámos vários projectos em al-ternativa, mas a comitiva italiana fi cou entusiasmada com A Arquitec-tura Imaginária”, conta o director do museu, para quem esta escolha mostrará em Turim que em Portu-gal “há um país crítico, com uma cultura espessa e uma refl exão que atravessa o tempo”.

Para António Filipe Pimentel, o interesse de Turim no museu por-tuguês é o resultado da aposta na in-ternacionalização que o museu tem feito nos últimos três anos. “O que é de destacar é que o primeiro contac-to veio da cidade de Turim e não foi nosso, como seria esperado”, diz Pi-mentel, explicando que esta parceria surge numa iniciativa mais ampla do município italiano “para consolidar a relação cultural com Lisboa”. “Aquilo que se pretende é um intercâmbio de conhecimento, de investigação, de gestão de colecções e, simulta-neamente criar grandes eventos”, continua o director, não duvidando que “Turim vai ser uma plataforma de visibilidade enorme, porque é em si mesmo um grande centro turístico universal”.

O Pallazo Madama é uma das 21 residências reais dos Sabóia, den-tro ou nos arredores desta cidade italiana, que em 1997 receberam a chancela da UNESCO como Patri-mónio da Humanidade. O palácio alberga hoje o Museo Civico d’Arte Antica e é este museu, com a Galle-ria Sabauda, que organizará a expo-sição do MNAA com 125 obras não só da sua colecção, mas também de outros museus e residências reais italianas. “É uma exposição monu-mental que tem o efeito espelho da mostra A Encomenda Prodigiosa. Da Patriarcal à Capela Real de S. João Batista [exposição que encerrou no MNAA em Outubro de 2013]”, diz Pimentel, explicando que esta mos-tra vem complementar e dialogar com a colecção do Museu Nacional de Arte Antiga.

ParceriaCláudia CarvalhoMNAA leva em Maio ao Palazzo Madama a exposição A Arquitectura Imaginária. Lisboa recebe arte italiana setecentista

porque, cada vez mais, a música do pianista deixa escapar as suas ori-gens, fugindo de uma linguagem inscrita de forma inequívoca no jazz. “Percebi que a música tradi-cional arménia está dentro de mim, porque da primeira vez que a ouvi com clareza pensei: ‘Isto é muito bonito, nem sabia que transpor-tava esta música comigo.’ E então comecei a ouvi-la todos os dias, tal como oiço jazz, rock ou música elec-trónica.” Mas não é um exclusivo nacionalista. Quaisquer tradições — fala, nomeadamente, da escan-dinava e da indiana — o seduzem pela razão simples de que “é aí que tudo começa, é a música mais natu-ral”. Shadow Theater, o seu álbum de 2013, gravado com banda, viaja livremente por todas essas referên-cias, recusando-se a aportar numa única. O motor parece ser, a cada segundo, a deriva.

A perplexidade instala-se, no en-tanto, quando Tigran Hamasyan, que é desde a edição do seu álbum de piano solo A Fable (2010) apon-tado como um dos maiores talentos emergentes no jazz mundial, revela que o seu maior sonho era, afi nal, ser guitarrista de uma banda de thrash metal. “Há muito tempo que gosta-va de ser guitarrista e ainda hoje o sinto. É um sonho que nunca conse-gui concretizar. Toco piano desde os três anos e nunca consegui mudar para a guitarra. Desde os 17, aliás, que componho regularmente mú-sica pesada, heavy metal arménio, e quem me dera poder ser eu a tocá-la. Mas acho que tenho de arranjar um guitarrista, porque vou acabar por tocar piano nessas músicas.”

Na verdade, a fi gura desconcer-tante de Tigran Hamasyan parece simplesmente perseguir o impos-sível e não se contentar com tudo aquilo que conquista com uma faci-lidade espantosa. Neste momento, o músico que há um par de anos po-deria ser confundido com um sósia de Bob Dylan da época de Blonde on Blonde, faz uma pausa na sua vida de Los Angeles (para onde foi aos 18 anos) e regressa provisoriamente à Arménia, entre concertos e grava-ções, em busca de um sossego que lhe permita praticar e compor em paz absoluta.

É para lá que voltará pouco de-pois do concerto a solo desta noite no Centro Cultural de Belém, a fi m de preparar um álbum de música religiosa arménia e uma outra gra-vação que quer manter em segredo. Algo que, tendo em conta, a sua na-tureza, pode querer dizer tudo.

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30 | CULTURA | PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014

Portugal, Catalunha e Espanha ou o uso que o nacionalismo faz da história

Usa-se a história para criar uma impressão de unanimidade em torno da ideia de que há povos que estão destinados a viver separados. O que se sabe hoje sobre a revolta portuguesa de 1640 desmente essa ideia

ALBERT GEA/REUTERS

A Catalunha está actualmente a comemorar o tricentenário de 1714, ano em que a guerra da sucessão de Espanha terminou. O programa de comemorações tem como linha dominante a ideia de que 1714 marcou o início da exploração da Catalunha por Castela, coroa que, alegadamente, terá exercido uma dura repressão sobre o mundo catalão ao longo de todos os últimos 300 anos.

“Catalonia calling”, número especial da revista Sàpiens (de Barcelona), é uma das iniciativas destas comemorações. Trata-se de uma publicação que faz parte de uma agressiva campanha política a favor da independência da Catalunha e que, na tentativa de legitimar historicamente esta causa, assenta naquilo que considero ser uma fl agrante instrumentalização nacionalista do passado.

Infelizmente, o meu nome está associado a essa publicação: sem que me tivesse apercebido, uma entrevista que concedi, há alguns meses, à revista Sàpiens, foi incluída nesse manifesto. No convite que me foi dirigido para conceder essa entrevista jamais foi feita qualquer referência ao carácter panfl etário da publicação. Pelo contrário, apresentaram-me o projecto como sendo uma publicação plural e de divulgação histórica, da qual participariam outros historiadores estrangeiros, sem que me fosse revelado o propósito de veicular apenas uma única visão da história espanhola, a saber, a ideia de que 1714 marcaria o início da exploração da Catalunha por Espanha.

Já afi rmei publicamente, em várias ocasiões, que discordo totalmente desta interpretação e fi quei estupefacto quando vi que a minha entrevista tinha sido publicada numa revista que assenta, toda ela, naquilo que para mim constitui uma versão da história instrumentalizada por uma ideologia nacionalista. E o facto

como o período mais “triste” da história portuguesa. Acerca desse período imperavam leituras nacionalistas que representavam o Portugal dos Filipes como uma vítima indefesa da dominação e da exploração espanholas. Predominava uma interpretação a-histórica e teleológica do passado português, na qual as explicações eram sistematicamente construídas em função dos objectivos políticos da ditadura de Salazar. Tal regime, profundamente nacionalista, apresentava sempre Portugal e a sua história como um caso excepcional, na Península Ibérica, na Europa e, até, no mundo. Os portugueses eram representados como uma nação com oito séculos de idade e desde sempre destinada a ser independente. Como se sabe, essa era uma leitura do passado português que, embora tivesse sido forjada no século XIX, foi formulada de um modo programático sob o regime de Salazar. Os historiadores que divergissem eram afastados da universidade e alguns acabaram mesmo por ter de se exilar.

Hoje, felizmente, o panorama historiográfi co é completamente diferente, e tal mudança aconteceu, em boa medida, porque, depois da democratização de Portugal e de Espanha, quase todos os historiadores dos dois países

puseram de lado as paixões nacionalistas e desenvolveram investigações cientifi camente alinhadas com o que de melhor se faz no plano internacional. A comunidade historiográfi ca portuguesa benefi ciou, também, da formidável renovação que a historiografi a espanhola conheceu no decurso das últimas três décadas. A partir da década de 1980 foram lançados inúmeros projectos luso-espanhóis, alguns deles envolvendo colegas catalães, também eles tanto ou mais empenhados em dar o seu contributo para esta renovação historiográfi ca, sempre num ambiente de rigor científi co, de pluralismo intelectual e de tolerância. Como consequência, a história espanhola passou a ser muito melhor conhecida em Portugal, o mesmo sucedendo em Espanha relativamente à história portuguesa.

O período durante o qual a Monarquia Hispânica e Portugal estiveram unidos (1581-1640) benefi ciou muitíssimo desta renovação historiográfi ca, e hoje podemos sem dúvida dizer que essa é uma das épocas da história de Portugal que melhor conhecemos. De tal renovação historiográfi ca resultou não propriamente uma “versão cor-de-rosa” do Portugal dos Áustrias, mas sim uma compreensão muito mais rigorosa e aprofundada desse período. Continuaram a ser estudados as tensões e os confl itos entre os portugueses e a Monarquia Hispânica, mas dedicou-se também atenção às dinâmicas de aproximação e de integração.

As razões e as motivações dos actores políticos foram analisados de um modo detalhado, o que permitiu superar os maniqueísmos simplifi cadores que até aí prevaleciam. Quanto à linguagem política, foi estudada à luz do seu contexto de origem, os séculos XVI e XVII, e os textos produzidos pela propaganda da época passaram a ser vistos como isso mesmo, como propaganda carregada de ideologia e de xenofobia, e não como o refl exo fi el daquilo que todos os portugueses “realmente” sentiam. Percebeu-se também que, naquela época, as opções

OpiniãoPedro Cardim

de a revista incluir entrevistas de alguns historiadores não-espanhóis em nada contribui para lhe conferir pluralidade, pois, pelo contrário, o tratamento editorial condiciona o modo como estas entrevistas são lidas, integradas que estão dentro de uma publicação cuidadosamente editada de forma a conduzir o leitor para uma única e determinada direcção.

Sou historiador de profi ssão há mais de 20 anos e sou professor de História numa universidade pública portuguesa. Nessa qualidade, sinto que tenho a obrigação de contribuir, com o meu trabalho, para um sentido de cidadania que fortaleça o Estado de direito democrático. Por esse motivo, rejeito, com idêntico vigor, todas as instrumentalizações nacionalistas da história, vindas da direita ou da esquerda e levadas a cabo tanto por Estados centrais quanto por governos de comunidades autónomas.

Como historiador e professor, trabalho no sentido de fomentar investigações sobre a história de Espanha e de Portugal durante os séculos XVI e XVII, promovendo estudos que se pautem por rigorosos critérios científi cos, por honestidade intelectual e por uma atitude crítica face a toda e qualquer leitura nacionalista

que enviese a nossa memória do passado. Tenho desenvolvido este trabalho tirando partido do clima de entendimento que, felizmente, tem existido entre os nossos dois países desde que fi zeram as suas transições para a democracia.

Nem sempre foi assim, é importante lembrá-lo. Há três décadas os contactos entre historiadores portugueses e espanhóis eram mínimos, e muito condicionados por preocupações nacionalistas. Predominavam as interpretações essencialistas e a-históricas, as simplifi cações maniqueístas e, ainda, as desconfi anças motivadas por sentimentos xenófobos que só produziam incompreensão e rancor. Fiz a minha formação primária no começo da década de 1970, numa altura em que Portugal era ainda governado por uma ditadura, e recordo-me bem do meu primeiro manual escolar de história: todo ele era atravessado por uma visão nacionalista da história portuguesa e, também, por sentimentos antiespanhóis.

Uma das principais “vítimas” dessas abordagens nacionalistas foi o tempo durante o qual Portugal fez parte da Monarquia Hispânica (1581-1640). Essa era uma das épocas menos conhecidas da história de Portugal e classifi cada

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PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014 | CULTURA | 31

políticas eram ditadas por um leque bastante variado de factores e de sentimentos identitários, entre os quais a ligação à “pátria” ou à “nação” estava longe de ser o ingrediente mais forte. Quanto à realidade nacional, deixou de ser vista como algo de essencialista e a-histórico, constatando-se que toda e qualquer nação, para além de não ser um todo homogéneo, era uma criação recente.

No que especifi camente respeita ao Portugal dos Áustrias, percebeu-se que, ao invés de uma exploração espanhola, aquilo que aconteceu a partir de 1581 foi o envolvimento directo de Portugal na história da Monarquia Hispânica, um envolvimento não isento de tensões e de confl itos mas, apesar disso, com grande participação de largos sectores da população. Quanto a 1640, ou seja, o ano em que se deu a revolta que pôs fi m ao Portugal

dos Filipes, verifi cou-se que essa ruptura política foi acima de tudo o resultado algo imprevisível de uma série de tensões e de lutas entre facções, e não propriamente um inevitável movimento “nacional” alimentado por sentimentos patrióticos. Tornou-se evidente que a conotação patriótica de 1640 foi adicionada depois de a revolta ter acontecido, um trabalho levado a cabo pela propaganda do período pós-1640 tendo em vista legitimar a rebelião, justifi car a ruptura política e mobilizar a população para a guerra contra a Monarquia Espanhola. E percebeu-se, fi nalmente, que foi essa mesma propaganda que criou e difundiu a ideia de que Portugal tinha sido explorado pela Monarquia Espanhola durante 60 anos.

Nas minhas frequentes passagens por Barcelona tenho-me apercebido de que, nos sectores

independentistas, Portugal é por vezes apresentado como uma espécie de precedente, como a prova de que Espanha, como comunidade política, é inviável. Os portugueses, em 1640, ter-se-iam rebelado alegadamente em massa porque, para todos eles, era supostamente impossível manter aquela situação política. O que acabei de expor nos parágrafos anteriores demonstra que o 1640 português não pode ser reduzido a esta leitura tão simplista.

Hoje sabemos que a ruptura portuguesa, longe de ser inevitável, foi o fruto de uma conjugação bastante imprevisível de factores e de motivações, e sabemos, também, que o seu principal motor não foi um sentimento nacional acalentado pelas massas. Está provado que, a par do grupo que liderou a revolta, muitos eram os lusos que pretendiam que Portugal

permanecesse na Monarquia Espanhola, exigindo, porém, que a autonomia do seu reino fosse mais respeitada. A par deles sabe-se que existia, e que continuou a existir, um grupo que era convictamente a favor de uma maior integração de Portugal na Monarquia Espanhola. Por último, sabemos também que a maioria das pessoas era bastante indiferente em relação ao que se estava a passar, e que a muitos não repugnava continuar na Monarquia Espanhola, bem pelo contrário. Bastava dar continuidade ao que tinham feito nos 60 anos anteriores.

Penso que estas refl exões sobre a união e a ruptura entre Portugal e a Monarquia Hispânica devem ser tidas em conta na Catalunha actual, de preferência para permitir, nas comemorações do tricentenário de 1714, uma maior pluralidade de perspectivas sobre o que realmente

aconteceu. Porque o que se está a fazer, nessas comemorações, é usar a história para criar uma impressão de unanimidade em torno da ideia de que há povos que estão naturalmente destinados a viver separados.

Tenho plena consciência de que há diferenças entre a trajectória histórica portuguesa e o passado catalão, mas sei, também, que o caso português pode ajudar a ver melhor aquilo que se está a passar nestas comemorações. Como historiador, a minha posição é totalmente clara: não pactuo com usos nacionalistas do passado, sejam eles quais forem. Quanto ao meu compromisso, ele é igualmente claro: contribuir para um diálogo plural e tolerante entre todas as partes e sensibilidades.

Historiador, Universidade Nova de Lisboa

Hoje sabemos que a ruptura portuguesa, longe de ser inevitável, foi o fruto de uma conjugação bastante imprevisível de factores e de motivações

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Execução Comum; Processo n.º 3554/ 10.0T2SNT; Valor: 104.823,05 €; Ref. Interna: PE 59/2010; Nos autos acima identifi cados, em que é exequente Caixa Económica Montepio Geral e executados Manzambi Samuel, Jandira Leonor Francisco Suamino e Ndona Elizabete Lumueno, encontra-se designado o dia 12 de Março de 2014, pelas 10h15m, no Tribunal da Comarca da Grande Lisboa - Noroeste Sintra - Juízo de Execução - Juiz 1, para a abertura de propostas, que sejam entregues até às 14.00 horas de véspera, na secretaria do referido Tribunal, pelos interessados na compra do seguinte bem: verba única - prédio urbano, designado pela fracção “Z”, sito na Serra das Minas na Rua Planeta Mercúrio, n.º 7, 7-A a 7-I correspondente ao 2.º andar C, com arrecada-ção no sótão, Freguesia de Rio de Mouro, con-celho de Sintra, inscrito na matriz sob o artigo 8811, descrito na 2.ª Conservatória do Registo Predial de Sintra, dob o n.º 5996. VALOR-BASE DA VENDA: 60.000€. Serão aceites propostas de melhor preço igual ou acima de 85% do valor-base anunciado. É fi el depositário do imóvel os executados acima mencionados, à qual devem os mesmos mos-trar o bem caso lhes seja solicitado.Não se encontra pendente quasquer oposição à execução. Existem créditos reclamados e já Graduados, pelo Ministério Público no montan-te de 419,82 euros.Entrega de propostas: As propostas devem ser entregues na Secretaria do Tribunal da Comar-ca da Grande Lisboa - Noroeste Sintra - Juízo de Execução - Juiz 1, até as 14h00m do dia

11 de Março de 2014, em envelope fechado, com a indicação do número do processo executivo, nome do exequente e executado, devendo juntar-lhe a identifi cação (fotocópias do B.I. e Cartão de Contribuinte) e assinatura do proponente, excepto se o proponente es-tivar presente na abertura de propostas, deve constar ainda o preço oferecido.Caução e depósito do preço: No acto da ven-da deve ser depositado à ordem da Agente de Execução 5% do valor anunciado para venda, ou garantia bancária no mesmo valor, e a tota-lidade ou parte das preços em falta no prazo de quinze dias após a venda, nos termos do art.º 824.º do C.P.C.Os pagamentos poderão ser efectuados por entrega de cheque visado à ordem da Agente da Execução, ou por depósito na conta cliente da mesma, aberta no Millennium BCP, com o NIB 003300004537435561505, indicando como referência o número do processo em epígrafe.Ao valor da venda acrescerão os impostos de-vidos, nomeadamente IMT e Imposto de Selo.Este Edital encontra-se afi xado na porta do imóvel, na respectiva Junta de Freguesia e Tri-bunal. São também publicados dois anúncios consecutivos no jornal Público.

A Agente de ExecuçãoMaria Leonor Cosme

Rua das Eiras, 8-A, Loja 2J, 2725-294 Mem MartinsTelef. 219106820 - Fax 219106829

e.mail: [email protected]

Público, 26/02/2014 - 2.ª Pub.

TRIBUNAL COMARCA DA GRANDELISBOA - NOROESTE - SINTRA

Juízo de Execução - Juiz 1

EDITAL DE VENDA DO IMÓVELABERTURA DE PROPOSTAS

MARIA LEONOR COSMEAgente de Execução

Cédula 1389

Faz-se saber que nos autos acima identifi cados, encontra-se de-signado o próximo dia 17 de Março de 2014 pelas 14:00 horas no Tribunal Judicial de Loulé - 1.º Juízo de Competência Mista, para abertura de propostas, que sejam entregues até esse mo-mento, na Secretaria do Tribunal, pelos interessados, propostas essas que se façam acompanhar de cópia do respectivo BI/CC, no caso de serem remetidas pelo correio, ou mediante exibição de tal documento, se apresentadas pessoalmente, para efeitos de compra do seguinte bem:Verba Única - Prédio urbano em propriedade total sito na Nave das Mealhas composta de quatro compartimentos e um logradou-ro 1 piso, descrito na Conservatória do Registo Predial de Loulé sob o n.º 3652 e inscrito na matriz sob o n.º 1221 na freguesia de Salir.VALOR-BASE - € 5.690,00 será aceite a proposta de melhor preço acima do valor de € 4.836,50 que corresponde a 85% do valor-base; Os proponentes devem juntar à sua proposta, como caução, che-que visado, à ordem do Agente de Execução, no montante cor-respondente a 5% do valor-base dos bens, ou garantia bancária no mesmo valor. (Artigo 824.º do CPC).O bem pertence ao executado Domingos Salvador Coelho Ro-cha, residente em Sítio das Pereiras, Apartado 3645, 8135-022 Almancil. É o fi el depositário que o deve mostrar a pedido do(s) interessado(s) até à data que antecede a abertura de propostas.

O Agente de Execução - Helder RodriguesAv. 5 de Outubro, 156 - 3.º, 1050-062 LISBOA

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Processo: 1765/09.0TBLLEVALOR: 10.315,41 €

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ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIACONVOCATÓRIA

Convoco todos os sócios da Liga Portuguesa contra as Doenças Reumáticas para, nos termos do n.º 1 do artigo 9.º e de acordo com a alínea c) do artigo 7.º dos Esta-tutos, se reunirem em Assembleia Geral Ordinária, nas instalações da sua Sede, em Lisboa, na Rua Quinta do Loureiro, n.º 13, loja 2, no dia 13 de Março (quinta-feira) de 2014, pelas 19h00, com a seguinte Ordem de Trabalhos:Ponto um: Leitura da acta da última Assmbleia Geral (30/11/2013);Ponto dois: Apreciar e votar o Relatório de Actividades do ano 2013;Ponto três: Apreciar e votar o Balanço e Contas do ano 2013;Ponto quatro: Outros assuntos de interesse.Nos termos dos estatutos, se à hora marcada na convocatória não houver número de sócios igual a metade e mais um da totalidade dos sócios presentes no pleno uso dos seus direitos, a Assembleia reunirá, com qualquer número de sócios, uma hora depois.

Lisboa, 24 de Fevereiro de 2014O Presidente da Mesa da Assembleia Geral - Dr. J. A. Melo Gomes

LIGA PORTUGUESA CONTRA AS DOENÇAS REUMÁTICAS

TRIBUNAL DE FAMÍLIA E MENORES E DE

COMARCA DE LOURES5.º Juízo Cível

Processo: 700/14.8TCLRS

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerido: André Manuel Reis MotaFaz-se saber que foi distri-buída neste tribunal a ação de Interdição em que é re-querido André Manuel Reis Mota, com residência em domicílio: Rua Teodora Ma-ria de Oliveira, 23, r/c, Bairro São Lourenço, 2680-602 Camarate, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 18463343

Loures, 17/02/2014

O Juiz de DireitoDr. João Paulo Machado

A Ofi cial de JustiçaRosa Maria Fonseca

MelchiorPúblico, 26/02/2014

PAULO JORGE COELHO AMARALFALECEU

Seus Pais e restante Família participam o seu falecimento e que o funeral se realiza amanhã dia 27, pelas 15.00 horas, das Capelas Exequiais de São João de Deus, para o Cemitério do Alto de São João. Às 14.30 horas será celebrada Missa de Corpo Presente.

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AvisoProcedimento concursal para provimento do cargo de Diretor do Departamento de Políticas Europeias do Ga-binete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério das Finanças.1. Nos termos do disposto dos art.ºs 20.º e 21.º da Lei

n.º 2/2004, de 15 de janeiro, republicada pela Lei n.º 64/2011, de 22 de dezembro e alterada pela Lei n.º 68/2013, de 29 de agosto, faz-se público que, confor-me meu despacho de 03.12.2013, se encontra aberto pelo prazo de 10 (dez) dias úteis, a contar do 1.º dia de publicitação na Bolsa de Emprego Público (BEP), o procedimento concursal para provimento do cargo de Diretor do Departamento de Políticas Europeias do Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério das Finanças.

2. A indicação dos respetivos requisitos formais de pro-vimento, do perfi l exigido, dos métodos de seleção e da composição do júri, constará de publicitação na BEP, em www.bep.gov.pt, a efetuar até ao 2.º (se-gundo) dia útil após a data da publicação do presen-te aviso.

10 de fevereiro de 2014 - A Diretora-Geral, Vanda Cunha

AvisoProcedimento concursal para provimento do cargo de Di-retor do Departamento de Mercados, Serviços e Conten-cioso do Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério das Finanças.1. Nos termos do disposto dos artigos 20.º e 21.º da Lei

n.º 2/2004, de 15 de janeiro, republicada pela Lei n.º 64/2011, de 22 de dezembro e alterada pela Lei n.º 68/2013, de 29 de agosto, faz-se público que, confor-me meu despacho de 03.12.2013, se encontra aberto pelo prazo de 10 (dez) dias úteis, a contar do 1.º dia de publicitação na Bolsa de Emprego Público (BEP), o procedimento concursal para provimento do cargo de Diretor do Departamento de Mercados, Serviços e Contencioso do Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério das Finanças.

2. A indicação dos respetivos requisitos formais de provi-mento, do perfi l exigido, dos métodos de seleção e da composição do júri, constará de publicitação na BEP, em www.bep.gov.pt, a efetuar até ao 2.º (segundo) dia útil após a data da publicação do presente aviso.

10 de fevereiro de 2014 - A Diretora-Geral, Vanda Cunha

TRIBUNAL DE FAMÍLIA E MENORES E DE

COMARCADO SEIXAL3.º Juízo Cível

Processo: 789/14.0TBSXL

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerida: Wendy Rodrigues DelgadoFaz-se saber que foi distri-buída neste tribunal a ação de Interdição/Inabilitação em que é requerida Wendy Rodri-gues Delgado, fi lha de Jorge Alberto Rodrigues Delgado e de Ana Maria Dias, nascida em 20/02/1996, residente na Rua Luís de Camões, lote 349 - Fernão Ferro, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 11425481

Seixal, 20/02/2014

O Juiz de DireitoDr. Nelson Barra

A Ofi cial de JustiçaMaria Manuela Martinho

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FREDERICO EDUARDO

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Sua mulher, fi lhos, netos e restante família participam a todas as pessoas das suas relações e amizade o falecimento do seu ente querido e que o seu funeral se realiza hoje pelas 15.00 horas da Basílica da Estrela para o Cemitério do Alto de São João, celebrando-se Missa de Corpo Presente às 14.00 horas no referido templo.

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SAIRCINEMALisboa @CinemaAv. Fontes Pereira de Melo - Edifício Saldanha Residence. T. 210995752RoboCop M16. Sala Vodafone - 14h40, 17h, 19h25, 21h50; O Sobrevivente M16. Sala 1 - 14h25, 16h50, 19h15, 21h40 Cinema City AlvaladeAv. de Roma, nº 100. T. 218413040Blue Jasmine M12. Sala 1 - 13h15; 12 Anos Escravo Sala 1 - 15h10; O Lobo de Wall Street M16. Sala 1 - 17h35; Voltar a Nascer M16. Sala 1 - 13h10, 21h40; Filomena M12. Sala 1 - 13h35, 15h35, 17h50, 19h45, 21h25; Golpada Americana M16. Sala 2 - 18h30; Ao Encontro de Mr. Banks M12. Sala 2 - 15h50; A Estrada da Revolução M12. Sala 3 - 21h35; The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. Sala 4 - 13h20, 15h40, 18h40, 21h30 CinemaCity Campo PequenoC. Lazer do Campo Pequeno. T. 217981420Winter’s Tale - Uma História de Amor M12. Sala 1 - 13h30, 15h45, 18h40, 21h55, 00h10; The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. Sala 1 - 13h20, 15h40, 18h30, 21h30, 23h50; Eclipse em Portugal M16. Sala 1 - 13h25, 15h30, 17h20, 19h20, 21h45, 00h25; O Lobo de Wall Street M16. Sala 2 - 21h40, 23h35; Golpada Americana M16. Sala 2 - 21h35; O Sobrevivente M16. Sala 2 - 13h30, 15h50, 18h50, 21h50, 00h20; Filomena M12. Sala 2 - 13h35, 15h35, 17h35, 19h40; Eu, Frankenstein M12. Sala 3 - 13h40; Jack Ryan: Agente Sombra M12. Sala 3 - 19h35; Aquele Estranho Momento M16. Sala 3 - 17h40; O Clube de Dallas M12. Sala 4 - 13h40; RoboCop M16. Sala 5 - 15h55, 00h10; A Rapariga Que Roubava Livros M12. Sala 6 - 18h45, 21h25; 12 Anos Escravo Sala 7 - 18h35; Uma História de Amor M16. Sala 7 - 16h00, 21h20, 23h55; Chovem Almôndegas 2 M6. Sala 8 - 15h35 (V.Port.) Cinemateca PortuguesaR. Barata Salgueiro, 39 . T. 213596200A Loja da Esquina M12. Sala Félix Ribeiro - 19h; Fellini 8″½ M12. Sala Félix Ribeiro - 21h30; Valquíria M12. Sala Félix Ribeiro - 15h30; O Estado das Coisas M12. Sala Luís de Pina - 19h30; O Exército do Crime M12. Sala Luís de Pina - 22h Medeia Fonte NovaEst. Benfica, 503. T. 217145088Uma História de Amor M16. Sala 1 - 14h10, 16h35, 19h, 21h30; Filomena M12. Sala 2 -14h, 16h, 18h, 20h, 22h; Golpada AmericanaM16. Sala 3 - 14h20, 21h45; Ao Encontro de Mr. Banks M12. Sala 3 - 17h, 19h25 Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223A Grande Beleza M16. Sala 4 - Cine Teatro - 13h15, 16h, 18h45, 21h30; The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. Sala 1 - 12h40, 15h, 17h20, 19h40, 22h; Ninfomaníaca - Vol. 1 M18. Sala 2 - 12h15, 19h25; Uma História de Amor M16. Sala 2 - 14h35, 17h, 21h45; Ninfomaníaca - Vol. 2 M18. Sala 3 - 12h30, 14h50, 17h10, 21h45; Filomena M12. Sala 3 - 19h30 NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362Lágrimas e Suspiros Sala 1 - 13h30, 15h30, 17h30, 19h30, 21h30 UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221Jack Ryan: Agente Sombra M12. Sala 1 -

00h30; Ao Encontro de Mr. Banks M12. Sala 1 - 14h; Blue Jasmine M12. Sala 2 - 19h25; A Rapariga Que Roubava Livros M12. Sala 2 - 14h, 16h40, 21h45, 00h30; O Lobo de Wall Street M16. Sala 3 - 14h15, 18h, 21h30; Gravidade M12. Sala 4 - 19h30; RoboCop M16. Sala 4 - 14h15, 16h50, 00h30; Uma História de Amor M16. Sala 5 - 14h, 16h35, 19h15, 21h55, 00h30; O Sobrevivente M16. Sala 6 - 14h, 16h40, 19h15, 21h50, 00h25; O Clube de Dallas M12. Sala 7 - 19h15, 00h20; Winter’s Tale - Uma História de Amor M12. Sala 7 - 14h05, 16h40; 12 Anos Escravo Sala 8 - 16h25, 21h35; Amor Infinito M16. Sala 8 - 14h10, 19h15, 00h20; The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. Sala 9 - 14h05, 16h35, 19h10, 21h45, 00h25; Quando Tudo Está Perdido M12. Sala 10 - 14h10, 16h40, 19h05, 21h40, 00h10; Um Segredo do Passado M12. Sala 11 - 14h10, 16h40, 19h, 21h35, 24h; A Grande Beleza M16. Sala 12 - 14h30, 17h45, 21h15, 00h15; Filomena M12. Sala 13 - 14h15, 16h30, 18h55, 21h30, 23h55; Golpada Americana M16. Sala 14 - 15h, 18h10, 21h30, 00h25 ZON Lusomundo Alvaláxia Estádio José Alvalade. T. 1699612 Anos Escravo 18h; Filomena M12. 15h40, 21h; Eclipse em Portugal M16. 15h20, 17h30, 19h40, 21h50; The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. 16h10, 18h50, 21h30; RoboCop M16. 16h, 18h40, 21h20; O Lobo de Wall Street M16. 17h30; Eu, Frankenstein M12. 15h30, 21h55; Amor Infinito M16. 17h50; Uma História de Amor M16. 15h50, 18h50, 21h35; O Sobrevivente M16. 16h20, 19h, 21h40; Aquele Estranho Momento M16. 16h40, 19h, 21h15; Gravidade M12. 18h55; O Clube de Dallas M12. 16h30, 21h20; Obsessão Ardente M16. 16h40, 19h, 21h25; Winter’s Tale - Uma História de Amor M12. 16h30, 19h10, 21h45 ZON Lusomundo AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. 13h20, 16h10, 18h50, 21h50, 00h20; A Grande Beleza M16. 12h30, 15h30, 18h30, 21h30, 00h30; Golpada Americana M16. 18h10 ; Filomena M12. 13h40, 15h50, 21h10, 23h30 ; Um Plano Perfeito M12. 12h40, 15h20, 21h40; O Lobo de Wall Street M16. 18h, 00h20; O Sobrevivente M16. 13h, 15h40, 18h20, 21h05, 23h45; 12 Anos Escravo 17h40; Uma História de Amor M16. 20h50, 23h30 ; Ao Encontro de Mr. Banks M12. 14h; O Clube de Dallas M12. 18h50; A Rapariga Que Roubava Livros M12. 13h10, 16h; Winter’s Tale - Uma História de Amor M12. 21h25, 24h ZON Lusomundo ColomboAv. Lusíada. T. 16996Amor Infinito M16. 13h05 ; O Sobrevivente M16. 15h45, 18h30, 21h30, 00h25; Uma História de Amor M16. 23h55; Filomena M12. 13h20, 16h, 18h20; Eclipse em Portugal M16. 12h50, 15h30, 17h50, 21h40, 00h05 ; Ao Encontro de Mr. Banks M12. 12h40; RoboCop M16. 15h25, 18h05, 21h05, 23h50 ; The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. 13h, 15h35, 18h15, 21h20, 24h; 12 Anos Escravo 18h10 ; Eu, Frankenstein M12. 13h30, 15h50, 21h10, 23h40 ; O Lobo de Wall Street M16. 20h30, 00h10 ; Golpada Americana M16. 13h25, 16h30; O Clube de Dallas M12. 18h25; Winter’s Tale - Uma História de Amor M12. 12h55, 15h40, 21h15, 00h15 ; RoboCop M16. Sala Imax: 13h10, 15h55, 18h40, 21h35, 00h20 ZON Lusomundo Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996O Sobrevivente M16. 13h10, 15h50, 18h40,

The Monuments Men - Os Caçadores de TesourosDe George Clooney. Com George Clooney, Cate Blanchett, Matt Damon, Bill Murray, John Goodman, Jean Dujardin. EUA/ALE. 2014. 118m. Acção, Guerra. M12. A história de um grupo de curadores e historiadores de arte que, no fi nal da Segunda Grande Guerra, foram enviados para uma missão de extrema importância: reaver obras de arte que foram saqueadas pelos nazis e devolvê-las aos respectivos donos. Apesar de conscientes dos perigos que signifi cava entrar em território inimigo, estes homens fi zeram tudo que estava ao seu alcance para recuperar e evitar a destruição de algumas das mais importantes obras alguma vez criadas.

A Grande BelezaDe Paolo Sorrentino. Com Toni Servillo, Carlo Verdone, Sabrina Ferilli. FRA/ITA. 2013. 142m. Comédia Dramática. M16. Há já várias décadas que Jap Gambardella vive à sombra do sucesso angariado pelo seu único romance. Em Roma, onde reside, a sua existência tem sido um festival de luxos, prazeres e festas de todos os géneros. Apesar de sempre se ter considerado um homem feliz, agora, à beira do seu 65.º aniversário, Jap está consciente da futilidade das suas ambições. Assim, decidido a mudar o rumo da sua vida, regressa às memórias de um grande amor passado e resolve voltar a escrever...

Eclipse em PortugalDe Alexandre Valente, Edgar Alberto. Com Vítor Norte, Telmo Martins, José Wallenstein, Fernanda Serrano, Sofia Ribeiro, Ricardo Carriço, Silvia Rizzo, Pedro Lima, Sandra Cóias. POR. 2014. 88m. Comédia, Negro. M16.

O caso remonta a Agosto de 1999, quando um casal foi encontrado assassinado em sua casa, num crime que a Polícia Judiciária admitiu estar ligado a rituais litúrgicos de apologia satânica. Inspirados por este fatídico evento, os realizadores Edgar Alberto e Alexandre Valente recriam uma história intencionalmente de “faca e alguidar“, onde a comédia se mistura com a tragédia.

O SobreviventeDe Peter Berg. Com Mark Wahlberg, Taylor Kitsch, Emile Hirsch, Ben Foster, Ali Suliman. EUA. 2013. 121m. Drama, Thriller, Acção. M16. Uma história de heroísmo e coragem sobre quatro membros SEAL da Marinha norte-americana que, numa missão infi ltrada para eliminar Ahmad Shah Massoud, homem de confi ança de Osama Bin Laden, são enviados à província de Kunar, no Afeganistão. Apanhados numa emboscada por um grupo de soldados inimigos prontos a combater, estes homens vão ter de formar alianças inesperadas e superar todos os seus limites. Obsessão ArdenteDe Iain Softley. Com Aneurin Barnard, Tuppence Middleton, Frances de la Tour. GB. 2013. 100m. Drama, Thriller. M16. Micky e Do conheceram-se na infância, quando tudo era simples e inocente. Depois de anos afastadas, reencontram-secasualmente e decidem ir passar uns dias ao local onde, em crianças, passaram os Verões com as respectivas famílias. Porém, quando nada parecia poder quebrar aquele idílio, um incêndio de enormes proporções defl agra na casa onde estavam alojadas, causando a morte de Do e deixando Micky ferida e sem memória.

Em [email protected]@publico.pt

21h30, 00h20; O Clube de Dallas M12. 18h20; Aquele Estranho Momento M16. 13h30, 16h10, 21h, 23h40; O Lobo de Wall Street M16. 23h50; Golpada Americana M16. 18h; Filomena M12. 12h50, 15h20; RoboCop M16. 13h, 15h40, 18h30, 21h20, 00h10; The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. 13h20, 16h, 18h50, 21h50, 00h30; 12 Anos Escravo 24h; Uma História de Amor M16. 15h30, 18h10; Ao Encontro de Mr. Banks M12. 12h40

Almada ZON Lusomundo Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011. T. 16996Eclipse em Portugal M16. 13h, 15h10, 17h30, 21h40, 23h50; The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. 12h35, 15h20, 18h, 21h10, 23h45; O Sobrevivente M16. 12h40, 15h30, 18h15, 21h30, 00h20; RoboCop M16. 12h50, 15h40, 18h25, 21h20, 00h05; Filomena M12. 13h20, 15h50, 18h35, 21h, 23h25; Gravidade M12. 18h50 (3D); Golpada Americana M16. 12h45, 15h45, 21h05, 00h10; Uma História de Amor M16. 12h30, 15h20, 18h10, 21h15, 0h05; A Rapariga Que Roubava Livros M12. 12h30, 15h25, 18h20, 21h20, 00h20; Winter’s Tale - Uma História de Amor M12. 12h45, 15h50, 18h40, 21h25, 00h15; Aquele Estranho Momento M16. 13h, 15h35, 18h, 21h45, 00h05; 12 Anos Escravo 12h30, 15h25, 18h20, 21h15, 00h25; O Clube de Dallas M12. 18h50; Eu, Frankenstein M12. 13h20, 16h10, 21h25, 23h45; O Lobo de Wall Street M16. 16h, 20h, 23h40; Ao Encontro de Mr. Banks M12. 13h; Jack Ryan: Agente Sombra M12. 18h30, 21h40, 00h15; Amor Infinito M16. 13h, 15h30

Amadora UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, Estrada Nacional 249/1, Venteira. T. 707232221Frozen: O Reino do Gelo M6. Sala 1 - 14h05, 16h40 (V.Port.); Jack Ryan: Agente Sombra M12. Sala 1 - 19h15, 21h35; RoboCop M16. Sala 2 - 13h45, 16h15, 18h50, 21h20; The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. Sala 3 - 13h50, 16h25, 19h, 21h35; Winter’s Tale - Uma História de Amor M12. Sala 4 - 13h45, 16h15, 18h50, 21h20; 12 Anos Escravo Sala 5 - 18h55; Amor Infinito M16. Sala 5 - 14h10, 16h35, 21h45; Chovem Almôndegas 2 M6. Sala 6 - 14h05 (V.Port.); Filomena M12. Sala 6 - 18h45, 21h25; Golpada Americana M16. Sala 7 - 21h20; Aquele Estranho Momento M16. Sala 7 - 14h15, 16h45, 19h10; Uma História de Amor M16. Sala 8 - 13h45, 16h25, 21h40; Ao Encontro de Mr. Banks M12. Sala 8 - 19h05; O Sobrevivente M16. Sala 9 - 14h, 16h30, 19h, 21h30; Eclipse em Portugal M16. Sala 10 - 14h15, 16h35, 18h55, 21h45; Coelho Kung Fu M6. Sala 11 - 13h55, 16h (V.Port.); O Lobo de Wall Street M16. Sala 11 - 18h, 21h30

Barreiro Castello Lopes - Fórum BarreiroCampo das Cordoarias. T. 760789789The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. Sala 1 - 15h40, 18h30, 21h30; RoboCop M16. Sala 2 - 15h20, 18h20, 21h20; Aquele Estranho Momento M16. Sala 3 - 15h10, 17h15; Winter’s Tale - Uma História de Amor M12. Sala 3 - 19h10, 21h35; Eclipse em Portugal M16. Sala 4 - 15h30, 17h30, 19h30, 21h40

O Sobrevivente

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Cascais

ZON Lusomundo CascaiShoppingEN 9, Alcabideche. T. 1699612 Anos Escravo 18h15; Filomena M12. 13h30, 15h50, 21h20, 23h40; Eclipse em Portugal M16. 12h50, 15h, 17h, 19h, 21h05, 23h10; Ao Encontro de Mr. Banks M12. 12h30; O Sobrevivente M16. 15h10, 17h50, 21h15, 24h; Golpada Americana M16. 18h05;RoboCop M16. 12h40, 15h20, 21h30, 00h15;The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. 13h, 15h40, 18h20, 21h,23h50; O Lobo de Wall Street M16. 18h; Uma História de Amor M16. 12h35, 15h15, 21h40,00h20; O Clube de Dallas M12. 18h30;Aquele Estranho Momento M16. 21h10, 23h20; Amor Infinito M16. 13h10, 15h30

Caldas da Rainha Vivacine - Caldas da RainhaC.C. Vivaci. T. 262840197Eclipse em Portugal M16. Sala 1 - 15h20, 17h55, 21h25; O Sobrevivente M16. Sala 2 - 15h25, 18h, 21h15; RoboCop M16. Sala 3 - 15h30, 18h10, 21h20; A Rapariga Que Roubava Livros M12. Sala 4 - 15h20, 18h15, 21h15; Frozen: O Reino do Gelo M6. Sala 5 - 15h35 (V.Port.); Winter’s Tale - Uma História de Amor M12. Sala 5 - 18h30, 21h20

Carcavelos Atlântida-CineR. Dr. Manuel Arriaga, C. C.Carcavelos (Junto à Estação de CP). T. 214565653The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. Sala 1 - 15h30, 21h30; Filomena M12. Sala 2 - 15h45, 21h45

Sintra Cinema City BelouraQuinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. Cinemax - 15h40, 18h30, 21h30; O Lobo de Wall Street M16. Sala 1 - 17h50, 21h20; Eclipse em Portugal M16. Sala 1 - 15h45, 17h40, 19h35, 21h40; RoboCop M16. Sala 2 - 16h, 18h50, 21h45; Winter’s Tale - Uma História de Amor M12. Sala 3 - 15h50, 18h40, 21h40; Khumba M6. Sala 4 - 15h55 (V.Port.); A Rapariga Que Roubava Livros M12. Sala 4 - 21h25; Aquele Estranho Momento M16. Sala 4 - 15h30, 17h30, 19h25; Golpada Americana M16. Sala 5 - 15h45, 18h35, 21h35; Jack Ryan: Agente Sombra M12. Sala 6 - 15h35, 17h40, 21h50; Amor Infinito M16. Sala 7 - 19h45 Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789RoboCop M16. Sala 1 - 15h40, 18h20, 21h50; Eclipse em Portugal M16. Sala 2 - 15h20, 17h20, 19h20, 21h45; Eu, Frankenstein M12. Sala 3 - 15h; Aquele Estranho Momento M16. Sala 3 - 17h, 19h, 21h25; The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. Sala 4 - 15h50, 18h30, 21h30; Winter’s Tale - Uma História de Amor M12. Sala 5 - 21h20; Filomena M12. Sala 5 - 18h50; O Lobo de Wall Street M16. Sala 6 - 18h20; Uma História de Amor M16. Sala 6 - 21h35; Amor Infinito M16. Sala 6 - 15h30; O Sobrevivente M16. Sala 7 - 16h, 18h40, 21h40

Leiria Cinema City LeiriaRua Dr. Virgílio Vieira da Cunha, Ponte das Mestras. T. 244845071

O Lobo de Wall Street M16. Sala 1 - 21h30; Aquele Estranho Momento M16. Sala 1 - 15h40, 20h; Amor Infinito M16. Sala 1 - 17h45, 21h55; Eclipse em Portugal M16. Sala 1 - 15h35, 17h35, 19h35, 21h40; O Sobrevivente M16. Sala 2 - 15h55, 18h40, 21h45; Jack Ryan: Agente Sombra M12. Sala 3 - 19h55; Winter’s Tale - Uma História de Amor M12. Sala 3 - 15h20, 17h40, 22h; The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. Sala 3 - 15h45, 18h30, 21h30; A Rapariga Que Roubava Livros M12. Sala 4 - 16h, 18h45; RoboCop M16. Sala 5 - 19h15, 21h50; Eu, Frankenstein M12. Sala 6 - 15h25, 17h25 Cineplace - Leiria ShoppingCC Leiria Shopping, IC2. The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. Sala 1 - 16h40, 19h10, 21h40; O Sobrevivente M16. Sala 2 - 16h30, 19h, 21h30; Aquele Estranho Momento M16. Sala 3 - 15h10; Eclipse em Portugal M16. Sala 3 - 13h10, 17h20, 19h20, 21h20; Uma História de Amor M16. Sala 4 - 17h10; Winter’s Tale - Uma História de Amor M12. Sala 4 - 12h30, 19h45; Filomena M12. Sala 4 - 15h, 22h10; 12 Anos Escravo Sala 5 - 14h; O Clube de Dallas M12. Sala 5 - 16h40; O Lobo de Wall Street M16. Sala 5 - 22h; Golpada Americana M16. Sala 5 - 19h10; Eu, Frankenstein M12. Sala 6 - 13h20, 15h20, 19h55, 21h50; Ao Encontro de Mr. Banks M12. Sala 6 - 17h20; RoboCop M16. Sala 7 - 13h40, 16h10, 18h40, 21h10

Loures Cineplace - Loures ShoppingQuinta do Infantado, Loja A003 - Centro Comercial Loures Shopping. O Sobrevivente M16. Sala 1 - 16h40, 19h10, 21h40; Jack Ryan: Agente Sombra M12. Sala 2 - 17h10; Aquele Estranho Momento M16. Sala 2 - 12h50, 15h; Amor Infinito M16. Sala 2 - 19h30; Filomena M12. Sala 2 - 21h50; 12 Anos Escravo Sala 3 - 13h40; Uma História de Amor M16. Sala 3 - 18h45; Winter’s Tale - Uma História de Amor M12. Sala 3 - 16h20, 21h20; Eclipse em Portugal M16. Sala 4 - 16h, 18h, 20h, 22h; The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. Sala 5 - 14h, 16h30, 19h, 21h30; RoboCop M16. Sala 6 - 13h40, 16h10, 18h35, 21h10; O Clube de Dallas M12. Sala 7 - 19h40; O Lobo de Wall Street M16. Sala 7 - 22h10; Golpada Americana M16. Sala 7 - 14h10; Ao Encontro de Mr. Banks M12. Sala 7 - 17h

Montijo ZON Lusomundo Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 16996RoboCop M16. 16h, 18h40, 21h30; The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. 15h40, 18h20, 21h10; A Rapariga Que Roubava Livros M12. 18h10; Winter’s Tale - Uma História de Amor M12. 15h30, 21h20; Eclipse em Portugal M16. 15h20, 17h30, 19h40, 21h45; Aquele Estranho Momento M16. 15h10, 17h20, 19h30, 21h40; Eu, Frankenstein M12. 16h10, 18h30, 21h

Odivelas ZON Lusomundo Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 16996Winter’s Tale - Uma História de Amor M12. 15h20, 18h, 21h; RoboCop M16. 15h40, 18h20, 21h10; The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. 15h30, 18h30, 21h20; Jack Ryan: Agente Sombra M12. 15h50, 18h10, 21h40; Eu, Frankenstein M12. 15h, 18h, 21h30

Oeiras

ZON Lusomundo Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 1699612 Anos Escravo 18h10; Golpada Americana M16. 12h25, 15h15, 21h05, 00h05;Uma História de Amor M16. 15h50, 18h40, 21h35, 00h20; The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. 12h55, 15h40, 18h30, 21h20, 00h10; O Sobrevivente M16. 12h45, 15h30, 18h20, 21h30, 00h15; O Clube de Dallas M12. 18h05; Filomena M12. 12h50, 15h10, 24h; A Rapariga Que Roubava LivrosM12. 18h45; RoboCop M16. 13h10, 16h, 21h40, 00h25 ; O Lobo de Wall Street M16. 18h; Winter’s Tale - Uma História de Amor M12. 12h40, 15h20, 21h45, 00h25; Ao Encontro de Mr. Banks M12. 13h

Miraflores ZON Lusomundo Dolce Vita MirafloresAv. das Túlipas. T. 707 CINEMACoelho Kung Fu M6. 15h10, 18h10 (V.Port.);Golpada Americana M16. 21h10; Aquele Estranho Momento M16. 15h,18h, 21h;RoboCop M16. 15h20, 18h20, 21h20; O Sobrevivente M16. 15h30, 18h30, 21h30

Torres Novas Castello Lopes - TorreShoppingBairro Nicho - Ponte Nova. T. 707220220RoboCop M16. Sala 1 - 13h20, 15h50, 18h20, 21h10; O Lobo de Wall Street M16. Sala 2 - 18h; Winter’s Tale - Uma História de Amor M12. Sala 2 - 13h, 15h30, 21h20; O Sobrevivente M16. Sala 3 - 13h10, 15h40, 18h30, 21h30

Torres Vedras ZON Lusomundo Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996Aquele Estranho Momento M16. 16h30, 19h, 21h50; RoboCop M16. 15h30, 18h15, 21h; Winter’s Tale - Uma História de Amor M12. 16h15, 18h50, 21h40; O Sobrevivente M16. 15h45, 18h30 , 21h15; The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. 16h, 18h45, 21h30

Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789O Lobo de Wall Street M16. Sala 1 - 14h50,

18h, 21h10; 12 Anos Escravo Sala 2 - 15h50, 18h30; Golpada Americana M16. Sala 2 - 21h15; Eclipse em Portugal M16. Sala 3 - 15h20,1 7h20, 19h20, 21h40; Aquele Estranho Momento M16. Sala 4 - 18h40; RoboCop M16. Sala 4 - 16h, 21h20; Jack Ryan: Agente Sombra M12. Sala 5 - 15h40, 18h10, 21h; Winter’s Tale - Uma História de Amor M12. Sala 6 - 16h10, 18h50, 21h30

Setúbal Auditório CharlotAv. Dr. Ant. Manuel Gamito, 11. T. 265522446Filomena M12. Sala 1 - 21h30

Seixal Cineplace - SeixalQta. Nova do Rio Judeu. RoboCop M16. Sala 1 - 16h50, 19h20, 21h50; O Sobrevivente M16. Sala 2 - 16h30, 19h, 21h30; Eclipse em Portugal M16. Sala 3 - 13h20, 15h20, 17h20, 19h20, 21h20; The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. Sala 4 - 14h10, 16h40, 19h10, 21h40; Uma História de Amor M16. Sala 5 - 17h35, 22h15; Eu, Frankenstein M12. Sala 5 - 13h30; Aquele Estranho Momento M16. Sala 5 - 15h30, 20h10; Winter’s Tale - Uma História de Amor M12. Sala 5 - 12h40, 17h20; Amor Infinito M16. Sala 6 - 15h, 22h; Filomena M12. Sala 6 - 19h50; 12 Anos Escravo Sala 7 - 14h; O Lobo de Wall Street M16. Sala 7 - 22h; Golpada Americana M16. Sala 7 - 16h40; Ao Encontro de Mr. Banks M12. Sala 7 - 19h30

Faro SBC-International CinemasC. C. Fórum Algarve. T. 289887212O Hobbit M12. Sala 1 - 18h10; Golpada Americana M16. Sala 1 - 15h15, 21h25; 12 Anos Escravo Sala 2 - 12h50, 18h15, 21h05; 47 Ronin - A Grande Batalha Samurai M12. Sala 2 - 15h40; RoboCop M16. Sala 3 - 14h15, 16h50, 19h25, 22h; Amor Infinito M16. Sala 4 - 17h05, 21h40; Filomena M12. Sala 4 - 14h50, 19h25; The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. Sala 5 - 13h45, 16h20, 18h55, 21h30; Jack Ryan: Agente Sombra M12. Sala 6 - 14h50, 17h10, 19h30, 21h50; Uma História de Amor M16. Sala 7 - 13h15,15h55, 18h35, 21h15; Ao Encontro de Mr. Banks M12. Sala 8 - 13h20, 16h, 18h40, 21h20; O Lobo de Wall Street M16. Sala 9 - 13h55, 17h30, 21h

Albufeira

Cineplace - AlgarveShoppingEstrada Nacional 125 - Vale Verde. Uma História de Amor M16. Sala 1 - 17h30;Eu, Frankenstein M12. Sala 1 - 15h30, 20h10;Filomena M12. Sala 1 - 13h20; Chovem Almôndegas 2 M6. Sala 2 - 14h30 (V.Port.);RoboCop M16. Sala 2 - 16h40, 19h10, 21h40; 12 Anos Escravo Sala 3 - 21h50; O Lobo de Wall Street M16. Sala 3 - 13h50; Amor Infinito M16. Sala 3 - 17h20, 19h35; Jack Ryan: Agente Sombra M12. Sala 4 - 14h40, 19h25; Winter’s Tale - Uma História de Amor M12. Sala 4 - 17h, 21h50; O Clube de Dallas M12. Sala 5 - 14h; A Rapariga Que Roubava Livros M12. Sala 5 - 22h; Golpada Americana M16. Sala 5 - 19h10; Ao Encontro de Mr. Banks M12. Sala 5 - 16h30; O Hobbit: A Desolação de Smaug M12. Sala 6 - 13h40; Eclipse em Portugal M16. Sala 6 - 16h50, 18h50, 21h; The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. Sala 7 - 13h50, 16h20, 18h50,21h20; O Sobrevivente M16. Sala 8 - 14h, 16h30, 19h, 21h30; Aquele Estranho MomentoM16. Sala 9 - 14h40, 16h50, 19h, 21h10

Portimão Cineplace - PortimãoQuinta da Malata, Lote 1 RoboCop M16. Sala 1 - 13h40, 16h10,18h40, 21h10; O Sobrevivente M16. Sala 2 - 14h10, 16h40, 19h10, 21h40; Aquele Estranho Momento M16. Sala 3 - 15h30, 19h50; Amor Infinito M16. Sala 3 - 13h10, 17h35, 22h;Eclipse em Portugal M16. Sala 4 - 13h20, 15h20, 17h20, 19h20, 21h20; Chovem Almôndegas 2 M6. Sala 5 - 14h50 (V.Port.);Winter’s Tale - Uma História de Amor M12. Sala 5 - 16h50, 19h20, 21h50; The MonumentsMen - Os Caçadores de Tesouros M12. Sala 6 - 14h, 16h30, 19h, 21h30

Tavira Zon Lusomundo TaviraR. Almirante Cândido dos Reis. T. 16996RoboCop M16. 15h50, 18h30, 21h10; The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros M12. 16h, 18h40, 21h20; O Sobrevivente M16. 15h40, 18h20, 21h; Eu, Frankenstein M12. 15h20, 18h, 21h15; Aquele Estranho Momento M16. 15h35, 18h10, 21h15

TEATROLisboaA Barraca - Teatro Cine ArteLargo de Santos, 2. T. 213965360 Hotel Bilderberg - Um Desconcerto Dramático em Dó Menor Enc. Castro Guedes. De 2/2 a 2/3. 4ª às 21h15. Dom às 18h. M/16. Duração: 100m. Casa do Artista - Teatro Armando CortezEstrada da Pontinha, 7. T. 217110890 Camões, Príncipe dos Poetas TIL – Teatro Infantil de Lisboa. Enc. Victor Linhares. De 6/1 a 20/6. 4ª, 5ª e 6ª às 15h30 (para escolas). Informações e reservas: 217154057. D. Quixote Enc. Víctor Linhares. De 11/10 a 20/6. 3ª a 6ª às 11h e 15h (escolas). Sáb e Dom às 15h (público). M/6. Duração: 90m. Informações e reservas: 217154057. Mosteiro dos JerónimosPç. Império. T. 213620034 Auto da Barca do Inferno Enc. António Pires. De 1/11 a 30/4. 3ª a 6ª às 11h e 14h (para escolas, por marcação). Res.213420810/ 918570774 ou [email protected].: 60m.

AS ESTRELAS DO PÚBLICO

JorgeMourinha

Luís M. Oliveira

Vasco Câmara

Caçadores de Tesouros mmmmm mmmmm – Filomena mmmmm – mmmmm

A Grande Beleza mmmmm mmmmm A

Golpada Americana mmmmm mmmmm mmmmm

O Lobo de Wall Street mmmmm mmmmm mmmmm

Ninfomaníaca - parte 1 mmmmm mmmmm mmmmm

Ninfomaníaca - parte 2 mmmmm mmmmm mmmmm

Quando Tudo Está Perdido mmmmm mmmmm mmmmm

Robocop – mmmmm –Uma História de Amor mmmmm mmmmm mmmmm

a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente

Primeiras páginas de jornais e revistas lembram os acontecimentos mais significativos da vida de Eusébio da Silva Ferreira, herói do futebol nacional. Entre eles surgem a Taça dos Campeões Europeus de 1961/62, ganha pelo Benfica, e o Campeonato do Mundo de Futebol de 1966, em que a selecção portuguesa alcançou o terceiro lugar.

Eusébio (1942-2014) também inclui biografias, monografias, crónicas e um poema de Manuel Alegre. A exposição sobre o “pantera negra” está patente na Galeria Mezanino da Biblioteca Nacional de Portugal (Lisboa), até dia 1 de Março. Pode ser visitada entre as 9h30 e as 19h30, nos dias úteis; ao sábado, fecha às 17h30. A entrada é livre.

“Pantera negra” na Biblioteca NacionalMIGUEL MANSO

Page 36: EDIÇÃO LISBOA QUA 26 FEV 2014 HOJE Colecção Grandes ... · PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014 | DESTAQUE | 3 64,9% das vítimas de crime e violên-cia não falaram nem apresentaram queixa

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SAIRTeatro AbertoPraça de Espanha. T. 213880089 Vénus de Vison Enc. Marta Dias. Com Ana Guiomar, Pedro Laginha. De 10/1 a 30/3. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/16. Teatro da ComunaPraça de Espanha. T. 217221770 Dia Conseguido Enc. David dos Santos. De 15/2 a 2/3. 4ª a Sáb às 22h. Dom às 17h. Teatro da Cornucópia - Bairro AltoRua Tenente Raúl Cascais, 1A. T. 213961515 Ilusão Teatro da Cornucópia. Enc. Luis Miguel Cintra. De 20/2 a 9/3. 3ª a Sáb às 21h. Dom às 16h. Teatro Nacional D. Maria IIPraça D. Pedro IV. T. 800213250 Tropa-Fandanga Com João Paulo Soares (piano), Vasco Sousa (baixo acústico e viola), Francisco Cardoso (bateria), Rúben da Luz (trombone), Maria João Cunha (acordeão), Luís Petisca (guitarra portuguesa), André Dias (guitarra portuguesa). Comp.: Teatro Praga. Enc. Pedro Penim, José Maria Vieira Mendes, André e. Teodósio. De 20/2 a 16/3. 4ª às 19h. 5ª a Sáb às 21h. Dom às 16h (na Sala Garrett). Sessão com interpretação em língua gestual portuguesa dia 02 de Março às 16h. Teatro PoliteamaRua Portas de Santo Antão. T. 213405700 Grande Revista à Portuguesa Enc. Filipe La Féria. De 27/6 a 28/2. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 17h e 21h30. Dom às 17h. Robin dos Bosques Enc. Filipe La Féria, Nuno Guerreiro. A partir de 9/11. 3ª a 6ª às 11h e 14h (para escolas). Sáb e Dom às 15h.

AlcobaçaCine-Teatro de AlcobaçaRua Afonso de Albuquerque. T. 262580890 A Caminhada dos Elefantes Enc. Miguel Fragata, Inês Barahona. Com Miguel Fragata. Dia 26/2 às 14h. M/7. Duração: 50m.

AlmadaFórum Municipal Romeu CorreiaPraça da Liberdade. T. 212724920 Lusíadas, Um Poema Visual Associação Cultural O Mundo do Espectáculo. Enc. Ana F. Gouveia, Ângela Ribeiro. De 26/2 a 27/2. 4ª às 10h30 e 14h30. 5ª às 10h30 (para escolas). Marionetas. M/8. Duração: 50m.

Casaca. De 22/2 a 5/4. 4ª, 5ª e 6ª das 17h às 21h. Sáb das 16h às 21h. Desenho. Galeria Miguel NabinhoRua Tenente Ferreira Durão. T. 213830834 Deserto Vermelho De Ana Jotta. De 15/2 a 10/5. 3ª a Sáb das 14h às 20h. Pintura. Galeria MillenniumRua Augusta, nº96. Roteiro de Atmosferas De Boguslaw Kott. De 12/2 a 1/3. 2ª a Sáb das 10h às 18h. Galeria UnderdogsRua Fernando Palha Armazém 56. Find yourself in Chaos De AkaCorleone. De 21/2 a 15/3. 3ª a Sáb das 14h às 20h. Museu Colecção BerardoPraça do Império, CCB. T. 213612878 da cauda à cabeça De Carla Filipe. De 29/1 a 4/5. 3ª a Dom das 10h às 19h (última entrada às 18h30). Instalação, Outros. Exposição Permanente do Museu Colecção Berardo (1960-2010) De Vito Acconci, Carl Andre, Alan Charlton, Louise Bourgeois, José Pedro Croft, Antony Gormley, Jeff Koons, Allan McCollum, Gerhard Richter, Cindy Sherman, William Wegman, entre outros. A partir de 9/11. 3ª a Dom das 10h às 19h (última admissão às 18h30). O Consumo Feliz. Publicidade e Sociedade no Século XX De vários autores. De 17/5 a 27/10. 3ª a Dom das 10h às 19h (última entrada 18h30). Museu do OrienteAv. Brasília - Edifício Pedro Álvares Cabral - Doca de Alcântara Norte. T. 213585200 Febre De James Chu, Alice Kok, Julia Lam, entre outros. De 13/2 a 27/4. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h. Pintura, Escultura, Fotografia, Vídeo. Itinerários De Arlinda Frota. De 21/2 a 18/5. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h. Cerâmica. Jiang Shanqing De 6/2 a 27/4. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h. Pintura. Sombras da Ásia A partir de 28/6. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (gratuito das 18h às 22h).

Museu Nacional de Arte AntigaRua das Janelas Verdes). T. 213912800 Domingos Sequeira. A Adoração dos Magos (estudos preparatórios) De 17/12 a 30/3. 4ª a Dom das 10h às 17h30. 3ª das 14h às 17h30. Pintura, Desenho. Obra Convidada: Virgem com o Menino de Andrea del Verrocchio (c.1435-1488) De 30/1 a 18/5. 4ª a Dom das 10h às 18h. 3ª das 14h às 17h30. Pintura. Pintura e Artes Decorativas do Século XII ao XIX De Vários autores. A partir de 16/12. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das 10h às 18h (encerra 1/1, Dom de Páscoa, 1/5 e 25/12). Pintura, Desenho, Outros. Exposição Permanente. Rubens, Brueghel, Lorrain - A Paisagem Nórdica do Museu do Prado De 3/12 a 30/3. 3ª a 6ª das 10h às 19h. Sáb das 10h às 21h. Dom das 10h às 19h. Pintura. Vita Christi. Marfins Luso-Orientais De vários autores. De 7/12 a 2/3. 4ª a Dom das 10h às 18h. 3ª das 14h às 18h. Sociedade Nacional de Belas ArtesRua Barata Salgueiro, 36. T. 213138510 Finalistas Pintura FBAUL 2012/2013 De vários autores. De 14/2 a 12/3. 2ª a 6ª das 12h às 19h. Pintura.

MÚSICALisboaCentro Cultural de BelémPraça do Império. T. 213612400 Tigran Hamasyan Dia 26/2 às 21h.Galeria Zé dos BoisRua da Barroca. T. 213430205 Tetuzi Akiyama + Rafael Toral Dia 26/2 às 22h. Hot Clube de PortugalPraça da Alegria, 48. T. 213619740 Orquestra do Hot Clube de Portugal Dia 26/2 às 22h30. Palácio FozPç. dos Restauradores. T. 213221200 Ensamble Ditirambo Dia 26/2 às 19h. Restart - Escola de Actividades e Novas TecnologiasRua da Quinta do Almargem. T. 213609450 Cláudia Duarte Dia 26/2 às 19hTeatro TurimEstrada de Benfica, 723A. T. 217606666 Terraza Dia 26/2 às 21h30.

SAIROlival Basto

Centro Cultural da MalapostaRua Angola. T. 219383100 Capitão Miau Miau Enc. Fernando Gomes. De 5/10 a 6/7. 3ª a 6ª às 10h30 e 14h30 (escolas). Sáb às 16h. Dom às 11h (na Sala Experimental). M/3 Duração: 60m.

EXPOSIÇÕESLisboaA MontraCalçada da Estrela, 132. T. 213954401 Dentro de nós, só Deus sabe De Miguel Palma. De 8/2 a 9/3. Todos os dias 24h. Baginski Galeria/ProjectosR. Capitão Leitão, 51/53. T. 213970719 A Viagem da Sala 53 De Ana Vidigal, Igor Jesus, Karlos Gil, Nuno Nunes Ferreira, Vasco Barata. De 22/1 a 15/3. 3ª a Sáb das 14h às 19h. Pintura, Outros. Under Construction De Cecília Costa. De 22/1 a 15/3. 3ª a Sáb das 14h às 19h. Escultura. Biblioteca Nacional de PortugalCampo Grande, 83. T. 217982000 Eusébio (1942-2014) De 15/1 a 1/3. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental. Resgatar a memória De 20/2 a 17/4. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Bloco103 Contemporary ArtR. Rodrigues da Fonseca. T. 213823131 Projecto Centro Social De Ana Velez. De 20/2 a 15/3. 3ª a 6ª das 13h às 19h. Sáb das 15h às 19h. Pintura. Caroline Pagès GalleryRua Tenente Ferreira Durão. T. 213873376 Memória De Isaque Pinheiro. De 8/2 a 29/3. 2ª a Sáb das 15h às 20h. Desenho, Vídeo. Carpe Diem Arte e PesquisaR. de O Século, 79. T. 211924175 16.º Ciclo de Exposições De Albano Afonso, Albuquerque Mendes, Mariana Caló + Francisco Queimadela, Maria Condado, Sara Bichão, Tim Etchells, entre outros. De 15/2 a 26/4. 4ª a Sáb das 13h às 19h.Centro Cultural de BelémPraça do Império. T. 213612400 África Visões do Gabinete de Urbanização

Colonial (1944-1974) De 7/12 a 28/2. 3ª a Dom das 10h às 18h. Desenho, Arquitectura. Centro de Arte Moderna José de Azeredo PerdigãoRua Dr. Nicolau Bettencourt. T. 217823474 Narrativa Interior De João Tabarra. De 13/2 a 18/5. 3ª a Dom das 10h às 18h (Última entrada às 17h45). O Peso do Paraíso De Rui Chafes. De 13/2 a 18/5. 3ª a Dom das 10h às 18h (Última entrada às 17h45). Preso Por Fios De Nadia Kaabi-Linke. De 13/2 a 25/5. 3ª a Dom das 10h às 18h (Última entrada às 17h45).CulturgestR. Arco do Cego. T. 217905155 A Conclusão da Precedente De Ana Jotta. De 14/2 a 11/5. 2ª, 4ª, 5ª e 6ª das 11h às 19h (Última entrada às 18h30). Sáb, Dom e feriados das 14h às 20h (Última entrada às 19h30). A convocação de todos os seres De Luisa Correia Pereira. De 14/2 a 11/5. 2ª, 4ª, 5ª e 6ª das 11h às 19h (Última entrada às 18h30). Sáb, Dom e feriados das 11h às 20h (Última entrada às 19h30). Marginalia De Pedro Casqueiro. De 14/2 a 11/5. 2ª, 4ª, 5ª e 6ª das 11h às 19h (Última entrada às 18h30). Sáb, Dom e feriados das 14h às 20h (Última entrada às 19h30). Fundação e Museu Calouste GulbenkianAvenida de Berna, 45A. T. 217823000 Acesso Interdito De Ana Gaiaz, Márcia Lessa. De 15/2 a 2/3. 3ª a Dom das 10h às 18h.Galeria Arte PeriféricaPraça do Império, CCB, Loja 3. T. 213617100 Musa xparadisiaca De Thomas Nolle. De 22/2 a 20/3. Todos os dias das 10h às 20h. Galeria BoavistaR. da Boavista, 50. T. 213476335 Archiprix Portugal 2013 Finalistas De vários autores. De 15/2 a 1/3. 4ª a Sáb das 14h30 às 19h30. Arquitectura. João Luís Carrilho da Graça De Hisao Suzuki. De 8/2 a 8/3. 4ª a Sáb das 14h30 às 19h30. Fotografia. Galeria das SalgadeirasRua das Salgadeiras, 24. T. 213460881 I = II De António Faria, Catarina Patrício, Diogo Costa, Filipe Abranches, Filipe

O pianista Tigran Hamasyan faz do CCB o seu Shadow Theatre

FARMÁCIASLisboaServiço PermanenteAscenso (Encarnação) - Praça do Norte, 11 - A - Tel. 218511216 Fernandes (São José- Tivoli) - Rua de S. José, 187 - Tel. 213426476 Mendes Gomes (Ajuda) - Calçada da Ajuda, 222 - Tel. 213610197 São Tomé (Lumiar) - Estrada do Desvio, Lt 12 - C - Tel. 217590704 Valle (Próximo à Igreja de Fátima) - Av. Visconde Valmor, 60 - B - Tel. 217973043

Outras LocalidadesServiço PermanenteAbrantes - Silva Tavares (Alferrarede) Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense Albufeira - Piedade Alcácer do Sal - Misericórdia Alcanena - Ramalho Alcobaça - Magalhães Alcochete - Nunes, Póvoas (Samouco) Alenquer - Catarino, Cuco Aljustrel - Dias Almada - Vale Fetal, Moderna (Laranjeiro) Almeirim - Barreto do Carmo Almodôvar - Aurea Alpiarça - Aguiar Alter do Chão - Alter, Portugal (Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama,

Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Cavaca, Dolce Vita Ansião - Teixeira Botelho, Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Vieira Arronches - Batista, Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva, Miranda, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Barreiro - Fidalguinhos Batalha - Moreira Padrão, Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Silveira Suc. Belmonte - Costa, Central (Caria) Benavente - Batista Bombarral - Franca Borba - Central Cadaval - Central, Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)) Caldas da Rainha - Rainha Campo Maior - Central Cartaxo - Central do Cartaxo Cascais - Santos Ferreira (Carcavelos), Cordeiro, Primavera (Parede) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco - Higiene Castelo de Vide - Freixedas

Castro Verde - Alentejana Chamusca - Santa Catarina (Carregueira) Constância - Baptista, Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Almeida Covilhã - Crespo Crato - Saramago Pais Cuba - Da Misericórdia Elvas - Europa Entroncamento - Carvalho Estremoz - Grijó Évora - Paços Faro - Pereira Gago Ferreira do Alentejo - Singa Ferreira do Zêzere - Graciosa, Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda), Serra Fronteira - Costa Coelho Fundão - Vitória Gavião - Gavião, Pimentel Golegã - Oliveira Freire Grândola - Costa Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova), Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Monsantina (Monsanto/Beira Baixa), Freitas (Zebreira) Lagoa - Sousa Pires Lagos - Telo Leiria - Central Loulé - Nobre Passos (Almancil), Martins, Maria Paula (Quarteira) Loures - Saraiva Lourinhã - Quintans (Foz do Sousa), Liberal (Reguengo Grande) Mação - Saldanha Mafra - Ericeirense (Ericeira), Costa Maximiano (Sobreiro) Marinha Grande - Central Marvão - Roque Pinto Moita - Do

Vale Monchique - Moderna Monforte - Jardim Montijo - São Pedro Mora - Canelas Pais (Cabeção), Falcão, Central (Pavia) Moura - Nataniel Pedro Mourão - Central Nazaré - Ascenso, Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Seabra Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos), Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Anamar, Joleni Oeiras - Central Park (Linda-a-Velha), Godinho, Ferreira Bastos (Porto Salvo), Albergaria (Queluz de Baixo) Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros), Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Pacheco Ourique - Nova (Garvão), Ouriquense Palmela - Tavares de Matos (Pinhal Novo) Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Cunha Gil Peniche - Proença Pombal - Torres e Correia Lda. Ponte de Sor - Varela Dias Portalegre - Cunha Miranda Portel - Misericordia Portimão - Rosa Nunes Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda, Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Redondo - Xavier da Cunha Reguengos de Monsaraz - Paulitos Rio Maior - Almeida

Salvaterra de Magos - Carvalho Santarém - Flamma Vitae Santiago do Cacém - Jerónimo São Brás de Alportel - São Brás Sardoal - Passarinho Serpa - Central Sertã - Patricio, Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - Leão Setúbal - Normal do Sul, Portugal Silves - Cruz de Portugal Sines - Monteiro Telhada (Porto Covo), Central Sintra - De Fitares, Químia, Silva Duarte (Cacém), Queluz (Queluz) Sobral Monte Agraço - Moderna Sousel - Mendes Dordio (Cano), Andrade Tavira - Félix Franco Tomar - Ribeiro dos Santos Torres Novas - Nicolau Torres Vedras - Garção (Maxial) Vendas Novas - Ribeiro Viana do Alentejo - Viana Vidigueira - Costa Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Estevão (Brejo), Quinta da Piedade (Quinta da Piedade), Higiene Vila Nova da Barquinha - Carvalho (Praia do Ribatejo) Vila Real de Santo António - Carmo Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Monte Alvito - Baronia Montemor-o-Novo - Sepúlveda Ourém - Avenida Seixal - Pinhal de Frades

DR

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PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014 | 37

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FICARCINEMALost in Translation – O Amor é um Lugar Estranho [Lost in Translation]Hollywood, 21h30Bob Harris (Bill Murray) e Charlotte (Scarlett Johansson) são dois americanos em Tóquio. Bob é uma estrela de cinema, que já perdeu o brilho de outrora e está a atravessar uma crise de meia-idade, e que chega à cidade para gravar um anúncio a um whisky. Charlotte é uma jovem que anda a reboque do seu marido, um fotógrafo viciado no trabalho (Giovanni Ribisi). Os caminhos de Bob e Charlotte cruzam-se, uma noite de insónia, no luxuoso bar do hotel. Este encontro, patrocinado pelo acaso, torna-se rapidamente uma surpreendente amizade. De Sofi a Coppola.

Neds – Jovens Delinquentes [Neds]TVC2, 23h301973. Glasgow, Escócia. No limiar da adolescência, John McGill está prestes a iniciar o ensino secundário. Apesar da sua inteligência, as probabilidades de progredir na vida estão contra ele: oriundo de uma família disfuncional e pobre, com um pai alcoólico e um irmão constantemente a infringir a lei, o futuro não parece ter muito a oferecer. Assim, com as circunstâncias contra si, ele vai fazer um longo percurso por estradas tortuosas que quase o levarão à perdição. De Peter Mullan, um fi lme dramático sobre as difi culdades por que passaram os jovens oriundos das classes trabalhadoras escocesas daquela geração.

O Despertar da Mente [Eternal Sunshine of the Spotless Mind]RTP1, 00h18Joel ( Jim Carrey) descobre que a namorada, Clementine (Kate Winslet), o apagou da memória, a ele e à relação tumultuosa de ambos. Joel contacta então o inventor do processo, o Dr. Howard Mierzwiak, para também ele remover Clementine da sua mente. Mas, à medida que as suas memórias vão sendo apagadas, Joel redescobre o seu amor por Clementine e torna-se óbvio que não vai conseguir tirá-la da cabeça. O Despertar da Mente é a segunda longa-metragem de Michel Gondry – conhecido realizador de videoclips –, a partir de um

argumento de Charlie Kaufman (o argumentista que foi revelado com os fabulosos Inadaptado e Queres Ser John Malkovich?).

INFANTILAnitaPanda, 14h30De segunda a sexta, as aventuras quotidianas de Anita, a personagem que ao longo de décadas deu vida a uma colecção infantil. As histórias da Anita ajudam-na a descobrir o mundo e permitem que os espectadores a acompanhem numa série de actividades diárias. Uma série para crianças em idades pré-escolar e do primeiro ciclo.

MAGAZINESociedade CivilRTP2, 16h30As estações do ano estão cada vez mais imprecisas e as anomalias metereológicas são recorrentes. Eduarda Maio modera uma conversa onde se propõe discutir se o tempo está a mudar e de que forma estas alterações afectam o nosso quotidiano.

DESPORTOFutebol: Liga dos CampeõesDirecto. Continuação da primeira mão dos oitavos de fi nal da Liga dos Campeões: os turcos do Galatasaray recebem os “blues” de José Mourinho, em Istambul (SPTV Live, 19h45). Entretanto, na Veltins-Arena, os alemães do Schalke 04 defrontam o Real Madrid (TVI, 19h35).

DOCUMENTÁRIOIntervenção DivinaNational Geographic, 22h10Três reformadores percorrem os EUA em busca de igrejas que precisem de uma restruturação. No episódio Livin’ On a Prayer, o pastor Kevin Staff ord pede ajuda para os graves problemas fi nanceiros do Templo Zion Baptista Evangélico em Compton, Califórnia. Sem dinheiro para pagar os empréstimos, o pastor Kevin acredita que uma segunda igreja conseguirá atrair novos fi éis à congregação e, consequentemente, mais dinheiro.

O Mentalista, RTP1, 2.05

RTP16.30 Bom Dia Portugal 10.00 Praça da Alegria 13.00 Jornal da Tarde 14.12 Os Nossos Dias 15.06 Portugal no Coração 18.00 Portugal em Directo 19.09 O Preço Certo 20.00 Telejornal 21.09 Bem-vindos a Beirais 21.54 Quem Quer Ser Milionário 22.56 5 Para a Meia-Noite 00.18 Filme: O Despertar da Mente 2.05 O Mentalista 2.49 Ler +, Ler Melhor 2.55 Éramos Seis

RTP27.00 Zig Zag 15.03 No Meio do Nada 15.25 Magnatas e Estrelas de Cinema 16.30 Sociedade Civil 18.00 A Fé dos Homens 18.36 Ler +, Ler Melhor 18.45 Zig Zag 20.46 Ler +, Ler Melhor 20.56 Magnatas e Estrelas de Cinema 22.00 Síntese 24 Horas - Directo 22.25 Agora (Diários) 22.34 Sob Suspeita 23.23 Estado de Graça - Best Of 00.12 Sinais de Vida 00.56 Esec-TV 1.24 Agora (Diários) 1.33 Euronews

SIC6.00 SIC Notícias 7.00 Edição da Manhã 8.40 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.00 Queridas Manhãs 13.00 Primeiro Jornal 14.40 Senhora do Destino 15.45 Boa Tarde 18.35 Sangue Bom 20.00 Jornal da Noite 21.45 Sol de Inverno 22.55 Sorteio do Totoloto 23.00 Amor à Vida 00.00 A Guerreira 1.00 C.S.I. Las Vegas 1.55 A Vingadora 2.50 Mentes Criminosas

TVI 6.30 Diário da Manhã 10.10 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.45 A Outra 16.00 A Tarde é Sua 18.13 Doce Fugitiva 19.00 Jornal das 8 19.35 Futebol: Shalke x Real Madrid 21.52 O Beijo do Escorpião 22.55 Belmonte 00.08 Doida por Ti 00.54 Ele é Ela 1.56 Guestlist 2.31 Resumos Liga dos Campeões 2.47 O Evento 3.27 O Teu Olhar

TVC1 12.55 Agora Fico Bem 14.35 Cidade Dividida 16.20 O Impossível 18.10 A Bicharada Contra-Ataca 19.45 As Vantagens de Ser Invisível 21.30 Monstros: A Universidade (V.O) 23.10 Um Ritmo Perfeito 1.05 Agora Fico Bem 2.50 Cidade Dividida

FOX MOVIES12.24 Cecil B. DeMente 13.50 A Outra

Face 16.05 A Câmara Encerrada 17.54 A Educação de Helen 19.50 Os Simpson - O Filme 21.15 Academia de Polícia 4 - A Patrulha do Cidadão 22.41 Batman 00.44 Green Zone: Combate pela Verdade 2.36 Instinto Fatal

HOLLYWOOD11.50 Forças da Natureza 13.35 Spotlight On - Epic Movie Franchises 14.00 O Ano do Cão 15.35 Congo 17.25 Erin Brockovich 19.35 Exterminador Implacável 3 - Ascensão das Máquinas 21.30 Lost in Translation - O Amor É um Lugar Estranho 23.15 A Estreia da Semana 23.20 A Força em Alerta 2 1.05 Boogie Nights - Jogos de Prazer 3.40 A Grande Evasão

AXN14.20 A Teoria do Big Bang 15.33 O Mentalista 18.03 Castle 19.43 Mentes Criminosas 21.25 Investigação Criminal 22.21 Velas Negras 23.15 Investigação Criminal 00.10 Castle 00.58 Castle 1.45 A Teoria do Big Bang

AXN BLACK13.49 Filme: A Festa do Bode 15.58 Filme: Frost/Nixon 17.58 Sobreviventes 18.55 Boardwalk Empire 19.58 Tempos Primitivos 20.50 Sobrenatural 21.35 Brigada Anti-Vício 22.28 Filme: Frost/Nixon 00.31 Brigada Anti-Vício 1.24 Sobrenatural

AXN WHITE14.41 Doutora no Alabama 15.28 Póquer de Rainhas 16.18 Filme: O Medalhão 17.48 Descobrindo Nina 18.36 Doutora no Alabama 19.24 Homens Trabalhando 20.12 Póquer de Rainhas 21.00 Trocadas à Nascença 21.50 Filme: Lado a Lado 23.55 Trocadas à Nascença 00.41 Medium

FOX 14.19 Os Simpson 14.42 Investigação Criminal: Los Angeles 15.24 Elementar 16.08 C.S.I. 17.34 C.S.I. Miami 18.14 Hawai Força Especial 18.56 Flashpoint 19.41 Lei & Ordem: Intenções Criminosas 20.28 Lei & Ordem: Unidade Especial 21.20 Investigação Criminal: Los Angeles 22.15 Inteligência 23.05 Hawai Força Especial 00.02 Filme: D-Tox 1.49 C.S.I.

FOX LIFE 13.12 No Limite 14.06 Filme: Cheating

Pact 15.36 The Good Wife 16.18 No Limite 17.12 Raising Hope 17.56 Uma Família Muito Moderna 18.41 Um Homem Entre Mulheres 19.24 O Sexo e a Cidade 20.24 Filme: Clara’s Deadly Secret 22.00 The Good Wife 22.48 Uma Família Muito Moderna 23.36 O Sexo e a Cidade 00.39 Body of Proof

DISNEY15.27 A Nova Escola do Imperador 15.40 Os Substitutos 15.52 Os Substitutos 16.05 Os Substitutos 16.17 Os Substitutos 16.30 Littlest Pet Shop 16.55 Phineas e Ferb 17.07 Phineas e Ferb 17.23 Phineas e Ferb 17.35 Boa Sorte, Charlie! 18.00 Violetta 18.55 Boa Sorte, Charlie! 19.20 Boa Sorte, Charlie! 19.43 Boa Sorte, Charlie! 20.05 Jessie 20.30 Violetta 21.25 Liv e Maddie

DISCOVERY18.45 O Segredo das Coisas 19.15 Máquinas Gigantes 20.05 A Febre do Ouro 21.00 Perdido, Vendido 21.30 Perdido, Vendido 22.00 Leilões em Família 22.25 Leilões em Família 22.55 Perdido, Vendido 23.20 Perdido, Vendido 23.45 Mestres do Restauro 00.35 Detectives do Sobrenatural

HISTÓRIA 18.53 A Terra Assassina: Terror no Texas 19.40 O Preço da História: O Grande Falhanço de Corey 20.03 O Preço da História: Culpado 20.28 O Preço da História: Dispara! 20.50 O Preço da História: A Sorte Está Lançada 21.13 Loucos por Carros: Um amor, um carro 21.35 Loucos por Carros: O Carro de Bob Marley 22.00 Caça Tesouros: Cowboys Urbanos 22.50 Caça Tesouros: Arqueologia Automóvel 23.35 O Preço da História: A Sorte Está Lançada 23.57 Loucos por Carros: O Carro de Bob Marley 00.20 Caça Tesouros: Cowboys Urbanos

ODISSEIA19.17 Música, Arma Letal 20.11 Caçadores de Furacões II: Uma Tempestade Épica 20.35 Caçadores de Furacões II: O Furacão Sandy 21.00 1000 Formas de Morrer 21.40 Desastres Domésticos: Desafiando os Elementos 22.03 A Odisseia da Ciência: Porta-aviões, Engenharia de Guerra 22.52 A Odisseia da Ciência: O Carro Inteligente 23.49 1000 Formas de Morrer 00.29 Desastres Domésticos: Desafiando os Elementos

Os mais vistos da TVSegunda-feira, 24

FONTE: CAEM

TVISICTVI

RTP1RTP1

13,512,912,411,611,1

Aud.% Share27,226,225,127,424,8

RTP12:SICTVICabo

Jornal das 8Sol de InvernoO Beijo do EscorpiãoO Preço CertoDireito de Antena

16,2%%2,2

20,524,3

27,2

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38 | PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014

JOGOSCRUZADAS 8720

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Fonte: www.AccuWeather.com * de amanhã

PontaDelgada

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Sol

Viana do Castelo

Braga7º 12º

Porto8º 13º

Vila Real4º 11º

6º 14º

Bragança2º 9º

Guarda2º 7º

Penha Douradas-1º 4º

Viseu4º 10º

Aveiro9º 14º

Coimbra7º 14º

Leiria9º 14º

Santarém7º 16º

Portalegre4º 11º

Lisboa11º 15º

Setúbal7º 16º Évora

5º 15º

Beja5º 14º

Castelo Branco6º 14º

Sines8º 15º

Sagres10º 15º

Faro8º 18º

Corvo

Graciosa

FaialPico

S. Jorge

S. Miguel

Porto Santo

Sta Maria

14º 17º

14º 17º

Flores

Terceira14º 18º

14º 18º

14º 22º

13º 16º

15º

15º

07h14

Nova

18h26

08h0001 Mar.

1-2m

3m

16º

2m

18º1-2m

17º2,5-3m

00h01 3,112h39 3,1

06h23 0,918h45 0,8

12h13 3,100h35* 3,4

05h59 1,018h20 1,0

12h13 3,100h35* 3,4

05h59 1,018h20 1,0

12h15 3,100h39* 3,3

05h55 0,918h16 0,8

3-4m

3-3,5m

3m

13º

15º

14º

Horizontais 1. Recurso (fig.). Porco-bravo. 2. Símbolo de miliampere. Pedaço de madeira. Cingir. 3. Gritos aflitivos. Espécie de taça, geralmente provida de asa, com que os antigos tira-vam vinho da cratera para o deitar nos copos. 4. Estar dorido. Insecto díptero, espécie de mosca. 5. Ligamento entre a parede abdominal e alguma víscera. Endurecimento da pele. 6. Dão crédito. Pragana da espiga. 7. Oferece. Unidade monetária de El Salvador e da Costa Rica. Elas. 8. Que ou aquele que suga. 9. Erva-doce. A tua pessoa. A primeira mulher, segundo a Bíblia. 10. Velo. Dê alento. Prefixo (negação). 11. Enfeitar com objectos de oiro. Parede forte para vedar.

Verticais: 1. Querido. Que se refere a dois. 2. Movimento de calor. Quarta no-ta da escala musical. Partícula de nega-ção. 3. Prefixo que exprime a ideia de meio, metade. Sétima nota musical. 4. Armada Portuguesa (sigla). Recriminar. 5. Antes de Cristo (abrev.). Forma de ne-voeiro tóxico altamente poluente, ocor-rente sobretudo ao nível das grandes concentrações urbanas e industriais. Sódio (s.q.). 6. Tino. Ladrar. 7. Autores (abrev.). Cheiro e sabor a sebo da carne de carneiro. 8. Estado eclesiástico, se-de da Igreja Católica Romana, situado na margem ocidental do Rio Tibre, no centro ocidental de Roma. Preposição que indica lugar. 9. Cortar em toros. Prefixo (repetição). 10. Los Angeles (abrev.). Alvorada. Regressar. 11. Cólera. Habitante de oásis. Depois do problema resolvido encon-tre o provérbio nele inscrito (4 pala-vras).

Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Pombo. Sapal. 2. Rimo. Saliva. 3. Ar. Roendo. 4. Dardo. Da. NO. 5. Ao. Pi. Tua. 6. DE. VIAGEM. 7. Sirtes. AM. 8. Tá. Aiar. Pia. 9. Orago. Aboar. 10. Piar. UMA. Ti. 11. Orate. Roer.Verticais: 1. Prado. STOP. 2. Oira. DIÁRIO. 3. Mm. Raer. Aar. 4. BORDO. Tagra. 5. Oo. Veio. 6. Se. Pisa. UE. 7. Sandia. RAM. 8. Alda. Ga. Bar. 9. Pio. TEMPO. 10. Av. Num. Iate. 11. Lagoa. Parir.Título da obra: Diário de Bordo. Uma Viagem no Tempo.

Oeste Norte Este Sul1♦ passo passo Xpasso 2♣ passo 2♥passo 3♥ passo 4♥Todos passam

Leilão: Qualquer forma de Bridge. Com 16 pontos Sul não deve cometer o erro de marcar 1♥, pois em posição de rea-bertura prometeria somente 8 a 13 pon-tos.

Carteio: Saída: K♦. Com duas perden-tes a paus e duas a espadas, há para já a necessidade de eliminar uma delas, cortar uma espada no morto é sem dú-vida alguma a única forma de limitar as perdentes a 3. Haverá mais alguma pre-caução a ter?

Solução: Com a abertura de 1 ouro de Oeste, podemos assumir que será se-guro cortar o naipe de ouros na nossa mão, sem correr o risco de sermos re-cortados. Assim, podemos afirmar que com duas vazas a espadas (uma natural e mais um corte), mais três a trunfo (o Ás, o Rei e a Dama de trunfo), quatro vazas a ouros (o

Dador: OesteVul: Todos

Problema 5222 Dificuldade: fácil

Problema 5223 Dificuldade: médio

Solução do problema 5220

Solução do problema 5221

NORTE♠ 72♥ K8♦ A952♣ J9643

SUL♠ KQ4♥ AQ10952♦ J♣ A72

OESTE♠ A106♥ J763♦ KQ103♣ K8

ESTE♠ J9853♥ 4♦ 8764♣ Q105

João Fanha/Pedro Morbey ([email protected]) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com

Ás e três cortes) e uma vaza a paus, tere-mos dez vazas para cumprir o contrato. Resta-nos definir o plano de execução. Fazemos a primeira vaza com o Ás de ouros, jogamos ouro que cortamos na nossa mão, Rei de espadas para o Ás (ou caso Oeste não faça o Ás logo, insisti-mos com a Dama). Oeste volta o Rei de paus (a melhor defesa) para o nosso Ás e prosseguimos com espada cortada no morto, ouro cortado, copa para o Rei e o último ouro cortado. Restam agora na nossa mão o Ás e a Dama de trunfo para completarmos a nona e a décima vaza. Assim pode-remos garantir o jogo mesmo com os trunfos 5-0!

Considere o seguinte leilão:Oeste Norte Este Sul 1♦ passo passoX passo 1♥ passo ?

O que diria em Oeste com a seguinte mão?♠AQ96♥Q98 ♦AQ ♣Q854

Resposta: Marcar 1 espada prometeria 5 cartas. Para apoiar o parceiro falta-nos uma car-ta. A voz de 1ST é aquela que encaixa que nem uma luva na nossa mão: 15 a 17 pon-tos com pelo menos uma paragem no naipe do inimigo. Se marcasse 1ST na primeira volta, prometeria apenas 10 a 14 pontos. A boa voz: 1ST.

MeteorologiaVer mais emwww.publico.pt/tempo

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40 | DESPORTO | PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014

“Carregador de piano”, “Monstro sagrado” ou simplesmente “Capitão”. Não faltaram alcunhas para classifi car Mário Coluna durante os 16 anos que passou no Estádio da Luz, rodeado de estrelas do futebol e, sobretudo, de elogios e palavras de reconhecimento. Ele era o patrão do meio-campo, o maestro, o motor da versão mais gloriosa de um Benfi ca que surpreendeu a Europa. E de uma selecção que fez furor no Mundial de 1966. No discurso de Artur Correia, que com ele conviveu no início da década de 1970, Coluna era, acima de tudo, “uma instituição”.

O verdadeiro poder de infl uência de Mário Esteves Coluna, o certifi cado do prestígio que foi granjeando nos relvados ano após ano, chegou em 1967, aquando da organização de um jogo de homenagem ao guarda-redes espanhol Ricardo Zamora. O argentino Helenio Herrera desempenhava, na ocasião, a função de treinador de uma equipa composta por alguns dos melhores futebolistas do planeta, uma espécie de selecção mundial. Entre eles estava o médio do Benfi ca.

No balneário, Herrera deixou duas ideias aos jogadores: a primeira era que nada tinha a recomendar-lhes, a não ser que fi zessem em campo aquilo que estavam rotinados para fazer nos clubes; a segunda era que o capitão seria Mário Coluna. “Fiquei admirado”, confessaria o internacional português anos mais tarde.

Sim, a voz de comando de Coluna já ecoava nos bastidores do futebol. Ele, que era descrito como um capitão de poucas palavras, que muitas vezes nem precisava de abrir a boca para pôr a equipa em sentido. Ele, que chegara a Lisboa como um jovem tímido e que havia

seriamente considerado voltar para Moçambique, depois de um período de adaptação com altos e baixos.

Jogar calçado aos 15 anosFilho de pai português e de mãe moçambicana, Mário Coluna nasceu em Magude, Moçambique, e cresceu num bairro pródigo em produzir futebolistas de eleição, cujas ruas já haviam sido palmilhadas por Vicente, Hilário ou Matateu. O sonho de ser mecânico de automóveis, porém, seria largamente ultrapassado por um talento invulgar para o desporto.

Mas o futebol não foi amor à primeira vista. Ainda adolescente, começou por participar em combates amadores de boxe e, aos 15 anos, ingressou num clube local que promovia a modalidade, o João Albasini. Depois, arriscou no atletismo e chegou a bater o recorde de Moçambique do salto em altura, com uma marca de 1,825m, antes de se fi xar defi nitivamente no futebol.

“Só comecei a jogar futebol calçado aos 15 anos”, revelou há tempos em declarações à Benfi ca TV. E fê-lo justamente no João Albasini, que agrupava um conjunto diversifi cado de desportos. “Quando era júnior, no Lourenço Marques, jogava de manhã nos juniores e à tarde ia jogar nos seniores no João Albasini”, recordou.

Por essa altura, o talento de Coluna já não passava despercebido. De tal modo que começou a despertar atenções fora de portas. De Portugal, chegava uma proposta do FC Porto de 90 contos por dois anos de contrato. Ao saberem da oferta do rival, Sporting e Benfi ca contrapuseram 100 contos. “Se fosse para vir para o Sporting, o meu avô não o deixava vir de maneira nenhuma”, adiantou a fi lha do jogador. “Ele era menor e, sem a autorização do pai, não podia viajar para a metrópole”.

Depois de uma viagem de 34

Mário Coluna 1935-2014 Foi um dos jogadores mais infl uentes da selecção e do Benfi ca que se tornou bicampeão europeu. Foi, acima de tudo, um líder. Dentro e fora de campo

O marionetista que puxou os cordéis de uma geração dourada

ObituárioNuno Sousa

horas, Mário Coluna aterrou em Lisboa em Agosto de 1954, com 19 anos. “Quando cheguei ao aeroporto, estava lá um dos meus tios à espera. O Benfi ca quis mandar-me para uma pensão. E o meu tio disse: ‘Não, não, ele vai para minha casa”, explicou. Ele, que rapidamente passaria a integrar o lar do jogador.

Foram tempos difíceis, os que marcaram os primeiros passos na Luz. Com o lugar no ataque barrado por José Águas, Coluna sentiu difi culdades de adaptação e chegou a pensar em voltar para Moçambique, mas os funcionários que então trabalhavam no lar do jogador tinham ordens para não o deixar sair. O sacrifício inicial acabaria por dar frutos.

Com Otto Glória como treinador, acabou por ver a sua posição redefi nida no campo. Em

Coluna já estava há muito debilitado

Nos últimos dias, o estado de saúde de Mário Coluna, já bastante debilitado, aos 78 anos, foi-se agravando.

De tal forma que a família do antigo jogador optou pelo internamento e, nesse sentido, esteve sob os cuidados da equipa clínica do Instituto do Coração, em Maputo. Ontem de manhã sofreu uma paragem cardiorrespiratória, tendo sido reanimado. Horas depois, já a meio da tarde, viria a confirmar-se a sua morte, devido a uma infecção pulmonar.

Coluna, de resto, já não tinha marcado presença no funeral de Eusébio, no início de Janeiro, precisamente no seguimento

de indicações médicas. Os clínicos desaconselharam uma viagem longa e desgastante ao antigo capitão do Benfica e da selecção, que acabou por permanecer em Moçambique.

No país que o viu nascer, registaram-se ontem também várias manifestações de pesar, uma das quais partiu do presidente da Federação Moçambicana de Futebol: “Foi um grande futebolista e um verdadeiro pai para nós. Temos de homenagear os seus feitos dentro de campo”, assinalou Feizal Sidat, que irá propor à congénere portuguesa que se realize um jogo particular entre as duas selecções.

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PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014 | DESPORTO | 41

19Troféus que conquistou ao serviço do Benfica: duas Taças dos Campeões Europeus, 10 campeonatos e sete Taças de Portugal

677Total de jogos disputados com a camisola do Benfica, ao longo de 16 anos. Neste período, entre 1954-55 e 1969-70, apontou 150 golos

Moçambique, graças a um remate poderoso e a uma capacidade atlética fora do comum, jogava como avançado, mas em Portugal foi baixando no terreno até se impor, inquestionavelmente, como médio-interior. “Passei a jogar a interior-direito, interior- esquerdo. Ia para a frente, ia para trás e foi assim que ganhei a confi ança dos meus treinadores”.

No arranque da temporada 1954-55, foi célere a deixar a sua marca. Marcou nas primeiras quatro jornadas e terminou a época de estreia com 17 golos, só atrás de José Águas na lista de melhores marcadores. “Nunca joguei nas reservas, nunca fui suplente, joguei nas selecções todas”, enfatizou, com orgulho, perante as câmaras da Benfi ca TV.

Tal como aconteceria com Eusébio, não tardaram as aproximações de clubes

estrangeiros, interessados na contratação do pilar do meio-campo “encarnado”. O Vasco da Gama e o Flamengo, impressionados pela performance de Coluna numa visita do Benfi ca ao Brasil, foram os primeiros a avançar, em 1956. “Foi Salazar que não deixou sair, porque não havia profi ssionalismo. Ninguém saía”, recordou Coluna.

Um médio com poderO estatuto de líder desde cedo saltou à vista. Nesses tempos, Coluna seria mesmo um dos poucos negros com verdadeiro poder no exercício da sua profi ssão e com um raio de infl uência alargado, que se transformaria numa espécie de fi gura paternal e de exemplo para a maioria dos jovens jogadores. “Eu dentro do campo mandava. Chamava a atenção aos meus

colegas”, admitiu.Jaime Graça, outra das fi guras

de proa do Benfi ca de então, atesta essa versão: “Era ele que conduzia a forma de nós ocuparmos os espaços no campo. ‘Vai mais à frente, miúdo’, ou ‘vem mais atrás’. Ele levava o jogo todo a dar indicações”, assinalou.

Era Coluna quem, qual marionetista de eleição, puxava cirurgicamente os cordelinhos de um Benfi ca que encantaria a Europa. Conquistou a Taça dos Campeões Europeus em 1961 e 1962, marcando em ambas as fi nais (frente a Barcelona e Real Madrid) e esteve perto de conseguir o “tri” frente ao AC Milan, um ano mais tarde. Nesse 25 de Maio de 1963, viveu um dos dias mais difíceis da carreira.

Ainda durante a primeira parte, no Estádio de Wembley, uma entrada mais dura de um italiano causou-lhe uma fractura no pé. Numa época em que as substituições ainda não eram permitidas, Coluna aguentou estoicamente os 90 minutos, claramente diminuído fi sicamente, até à derrota fi nal (1-2). O líder, o exemplo, voltava a vir ao de cima.

A partir desse ano, torna-se capitão do Benfi ca, cargo que desempenha durante sete temporadas e que acaba por assumir também na selecção nacional. Um dos símbolos da geração dos Magriços, é no Mundial de 1966 que brilha mais intensamente. “O jogo mais difícil foi quando defrontámos os ingleses. Tinham mais público e a própria selecção inglesa foi amparada pela arbitragem”, apontou.

Também sob a orientação de Otto Glória, com a camisola de Portugal mantinha a mesma infl uência que tinha no Estádio da Luz: “O treinador quando falava connosco na cabine dizia: ‘Vamos jogar assim, assim. Lá dentro do campo, quem manda é o Mário Coluna’”.

O próprio jogador daria uma demonstração desse raio de infl uência durante o Campeonato do Mundo, num episódio caricato que envolveu o seleccionador nacional. “Salvei o Otto Glória de ser expulso do banco. Houve uma jogada em que o árbitro marcou falta contra Portugal e o Otto Glória levantou-se do banco, foi até à linha e o árbitro foi ao nosso

banco. E quando o vi a ir, fui atrás dele. Quando chego lá, o árbitro já estava a levantar o braço para expulsar o Otto Glória. Eu cheguei e bati no braço do árbitro e, no meu fraco inglês, disse: “Mr. referee, I’m the captain of my team. I’m so sorry about my coach [Sr. árbitro, sou o capitão da minha equipa. Peço desculpa pelo treinador]”.

O regresso a ÁfricaColuna convenceu o árbitro com a mesma facilidade com que convenceu milhares de adeptos ao longo da carreira. No Brasil, era por muitos considerado “o Didi de Portugal”, por cá também fi cou conhecido como “o Senhor Coluna”, aquele que, em 1969-70, ao fi m de 16 anos de serviço, diria adeus ao Estádio da Luz, após 525 jogos ofi ciais e 328 disputados na qualidade de capitão.

Nessa temporada, Otto Glória abandonou o Benfi ca à 19.ª jornada, tendo sido substituído, até ao fi nal da época, por José Augusto, que deixaria Coluna de fora do “onze”. Foi o mote para a despedida, que não aconteceria sem as honras devidas. Para a ocasião, foram “convocadas” algumas das estrelas mais cintilantes do futebol mundial, como Geoff Hurst, Bobby Moore, Luis Suárez ou Uwe Seeler.

A 8 de Dezembro de 1970, Coluna partia rumo ao Olympique Lyon, pelo qual cumpriria mais duas temporadas, para regressar mais tarde a Portugal, concretamente ao Estrela de Portalegre. No Alentejo, desempenharia as funções de jogador-treinador no clube que assistiu ao adeus defi nitivo ao futebol.

O regresso a África, às origens, foi o passo seguinte de um homem que se preocupava com o desporto para lá do rectângulo de jogo. Chegou a ser eleito deputado pela Frelimo, presidente da Federação Moçambicana de Futebol e inclusive ministro dos Desportos, acabando também por avançar com a criação de uma academia de futebol. Afi nal de contas, tinha sido a modalidade que o tinha catapultado para as bocas do mundo. O futebol, é verdade, proporcionou-lhe uma carreira única. Coluna devolveu a cortesia oferecendo-lhe um nome para a eternidade.

Ao serviço da selecção nacional, Mário Coluna (o segundo da linha de baixo a contar da direita) realizou 57 jogos e envergou dezenas de vezes a braçadeira de capitão

REACÇÕES

“Coluna nasceu diferente, para melhor, bem melhor. Foi e sempre será um génio que engrandeceu o futebol e projectou o Benfica para uma dimensão mundial”Luís Filipe VieiraPresidente do Benfica

“Guardo as melhores memórias dele, um colega extraordinário. Partilhei com ele mais de 20 anos de vida desportiva. Deixa no meu imaginário recordações fabulosas”José AugustoAntigo jogador do Benfica

“É a perda de mais uma grande referência do futebol do Benfica. Tal como Eusébio, Mário Coluna será eterno. É uma referência que fica para sempre”António SimõesAntigo jogador do Benfica

”Infelizmente, a nossa família benfiquista e o futebol perdem mais um ídolo. Descanse em paz, ‘Capitão Mário Coluna’”LuisãoCapitão do Benfica

DR

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42 | DESPORTO | PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014

Olympiacos mergulhou David Moyes e o Manchester United em mais kháos

ALKIS KONSTANDINIDIS/REUTERS

Golo do Olympiakos e a incredulidade de Rooney face a mais uma derrota do seu Manchester United

O Manchester United desceu mais um degrau na espiral negativa que está a ser a época 2013-14. A equipa de David Moyes foi à Grécia perder (2-0) com o Olympiacos, na primeira mão dos oitavos-de-fi nal da Liga dos Campeões. Uma noite embaraçosa para os red devils, incapazes de con-trariar os gregos, que se apuraram à custa do Benfi ca no Grupo C.

Há uma palavra que resume este Manchester United: “caos”. Diz o dicionário que signifi ca desordem, balbúrdia ou confusão. E só vem a propósito que a palavra venha do grego kháos, “abismo”. Na Grécia, o Man. United sofreu a sétima derrota

ram a acreditar: Schmelzer, de ca-beça, afastou um primeiro remate, e depois Rondón acertou no poste. Mas, à terceira, Shatov apareceu a marcar. O Zenit só não contava com a reacção fulminante do Borussia. Três minutos depois, os alemães obrigaram Lodygin a ir buscar a bola ao fundo da baliza. Lewandowski repôs a diferença no marcador.

Passaram dez minutos e houve déjà-vu no Petrovski. Hulk, de penál-ti a castigar falta de Piszczek sobre Fayzulin, apontou o segundo golo do Zenit. Mas o Borussia voltou a ful-minar a defesa russa: Lewandowski recebeu a bola de Reus e, isolado, não teve difi culdades para voltar a marcar. Foi o sexto golo em sete jo-gos na Champions para o interna-cional polaco.

Campeão inglês derrotado na Grécia pelo Olympiacos. Foi a sétima derrota dos “red devils” nas últimas 13 partidas em todas as competições. Borussia Dortmund, fulminante, venceu 2-4 na visita ao Zenit

Futebol internacionalTiago Pimentel

foram sempre mais rápidos, mais acutilantes e mais competitivos.

O cenário manteve-se no segundo tempo. Sinal mais do Olympiacos e o Manchester United remetido à defesa. O segundo remate à baliza dos “red devils” lá surgiu, aos 89’: Roberto segurou o tímido ensaio de Robin van Persie. Mas, antes disso, a formação grega já tinha ampliado a diferença no marcador. Aos 55’, Joel Campbell atirou de fora da área para o 2-0. O costa-riquenho — que até pertence ao Arsena, mas que repre-senta o Olympiacos por empréstimo — tirou Carrick do caminho e dispa-rou sem hipóteses de defesa.

O Olympiacos nunca tinha venci-do o Manchester United. Em qua-tro encontros com os “red devils”, o melhor que tinha conseguido era

nas últimas 13 partidas em todas as provas. Uma equipa que nunca tinha perdido contra adversários gregos fi cou com missão complicada para a segunda mão da eliminatória.

Lentos, previsíveis, descoordena-dos, vazios de confi ança e atitude competitiva, os “red devils” só fi ze-ram um remate enquadrado com a baliza na primeira parte. Um, único, para amostra. Foi aos 43’: Rooney atirou mas Maniatis conseguiu fazer a intercepção. A estatística é esclare-cedora das difi culdades sentidas por um amorfo Manchester United.

Nessa altura, o Olympiacos já esta-va em vantagem no marcador. “Cho-ri” Domínguez, na área, fez um des-vio subtil ao remate de Maniatis, ti-rando David De Gea da jogada (38’). Os jogadores orientados por Míchel

perder por um golo de diferença (2-3 na fase de grupos da Champions, em 2002-03).

Borussia fulminanteEm São Petersburgo, no outro jogo dos “oitavos”, o Borussia Dortmund bateu o Zenit por 2-4, com “bis” de Lewandowski, e fi cou numa exce-lente posição para avançar para os quartos-de-fi nal. O início da partida foi demolidor. Aos 5’, os alemães já venciam por 0-2. Reus entrou na área pelo lado direito e a bola so-brou para Mkhitaryan, que, sem di-fi culdades, fez o primeiro golo aos 4’. A bola foi para o círculo central e regressou ao fundo da baliza do Zenit: desta vez Mkhitaryan e Reus trocaram de papel.

Aos 58’ os adeptos russos volta-

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PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014 | DESPORTO | 43

Breves

Futebol

Futebol

Jorge Paixão vai treinar o Sp. Braga com “orgulho”

Jorge Costa de volta a Portugal para orientar o Paços de Ferreira

Jorge Paixão foi ontem anunciado como novo treinador do Sp. Braga e, ao final da tarde, foi apresentado oficialmente. “É uma grande satisfação e orgulho treinar o Braga, encaro o desafio com grande responsabilidade. Os objectivos passam por ganhar o próximo jogo e pensar no jogo a seguir, sempre com o pensamento na vitória”, vincou o até agora técnico do Farense, da II Liga. No próximo sábado, Jorge Paixão já vai orientar a equipa em Alvalade, frente ao Sporting. “Daí ter viajado logo e ter dado o treino para preparar esse jogo difícil, mas com o grande objectivo de o ganhar”, assumiu. Já António Salvador, presidente do Sp. Braga, deixou elogios ao técnico: “Identifico-me com a sua forma de estar e de trabalhar.”

Um dia depois de o Paços de Ferreira anunciar a saída de Henrique Calisto do comando técnico da equipa, os pacenses comunicaram que Jorge Costa será o novo treinador do clube, com um contrato válido até ao final da temporada 2014-15. Com 42 anos, o antigo internacional português já orientou, no passado, o Sp. Braga, o Olhanense, a Académica e os romenos CFR Cluj. As duas últimas experiências de Jorge Costa foram em Chipre, onde treinou o AEL Limassol e o Anorthosis Famagusta. A apresentação oficial do antigo internacional português como novo treinador do Paços de Ferreira, que ocupa a última posição do campeonato, a três pontos da linha de água, está marcada para a manhã de hoje, no estádio do clube.

Mário Figueiredo tem sido muito contestado pelos clubes

Os clubes portugueses decidiram de-bater o futuro do futebol profi ssional longe da direcção da Liga Portugue-sa de Futebol Profi ssional (LPFP), numa reunião prevista para a pró-xima semana, em que o modelo de governação será um dos pontos em agenda. A clivagem entre a direcção de Mário Figueiredo, presidente da LPFP, e a maioria dos emblemas ga-nhou ontem novos contornos, com a suspensão inesperada da reunião do conselho de presidentes, o único realizado desde o início da época.

No encontro, que decorreu na se-de do organismo, no Porto, os 29 em-blemas presentes votaram por unani-midade a interrupção dos trabalhos, considerando não haver condições para debater o que consideram ser os assuntos mais importantes: a si-tuação na própria Liga.

Esteve presente a maioria dos pre-sidentes dos clubes, nomeadamente dos três “grandes”, tendo faltado à reunião apenas quatro emblemas: Vitória de Setúbal, Paços de Ferreira, Moreirense e Feirense.

Para contextualizar a decisão de suspensão, Pinto da Costa, líder do FC Porto, recordou as três rejeições do presidente da mesa da assembleia geral da LPFP ao requerimento de destituição de Mário Figueiredo: “Es-teve sempre agarrado às legalidades, mas há dois anos que não há AG, o que é a maior ilegalidade.”

Clubes vão discutir governação da Liga à margem da direcção

Sem abrir o jogo sobre as matérias a defender, o líder dos “dragões” afi rmou que o “estado lamentável a que chegou a Liga não é apenas culpa deste presidente”, pois “já vem de responsáveis anteriores”, referindo-se a Fernando Gomes, que esteve no cargo antes de ser eleito presidente da Federação Portuguesa de Fute-bol. “Sendo a Liga uma associação patronal, não faz sentido que os pa-trões não estejam representados na sua direcção, que tem um executivo constituído por gente que não perce-be nada de futebol”, acrescentou.

Pinto da Costa defende o regresso dos clubes à direcção do executivo, mas excluiu qualquer intenção de candidatura dos “dragões” à mesma. Questionado sobre o facto de os três “grandes” terem votado da mesma forma, respondeu: “Entre dois deles, pelos vistos, não há clivagens. Mas, quando o interesse é comum, seria es-túpido não votar no mesmo sentido.”

Confrontado com esta resposta de Pinto da Costa, Bruno de Carvalho, do Sporting, foi lacónico: “Os clubes presentes têm interesses comuns e estiveram unidos para arranjar solu-ções, todos muito de acordo, do lado de querer fazer melhor.”

A propósito da fórmula de gover-nação defendida uns minutos antes pelo presidente do FC Porto, o líder sportinguista recordou que, no pas-sado dia 19, houve uma reunião na Liga “onde não estiveram presentes todos os clubes, mas onde foram propostas mudanças nesse senti-do”. Júlio Mendes, presidente do V. Guimarães, aludiu à “falta de condi-ções” para a realização do conselho de presidentes, considerando que “foi dado um sinal claro de que esta direcção da Liga não está em sintonia com os clubes”. Lusa

RICARDO CASTELO\NFACTOS

Futebol

Conselho de presidentes não chegou ao fim. Pinto da Costa defende regresso dos clubes aos comandos do organismo

Uma das histórias do Galatasaray-Chelsea desta noite é o reencontro da equipa inglesa e de José Mouri-nho com Didier Drogba, que teve uma carreira de sucesso ao serviço dos “blues”.

“Enfrentar Drogba é difícil e é um sentimento estranho. Mas cada um de nós fará o seu trabalho”, disse o português, que desconfi a do cam-peão turco, porque as surpresas “são uma constante” na Liga dos Campe-ões. O avançado marfi nense, por sua vez, acredita que a sua equipa tem uma oportunidade de discutir a eli-minatória, mas atribui o favoritismo ao clube que ajudou a tornar cam-peão europeu em 2012. “O Chelsea é dez vezes melhor do que nós”, su-blinhou Drogba.

A reunião entre Mourinho e Drog-ba foi um dos destaques da conferên-cia de imprensa do português antes do jogo de Istambul. Mas o treinador, que reencontrará igualmente Wesley Sneidjer, também aproveitou para “condenar” o Canal Plus, depois de a estação de televisão ter divulgado um vídeo do português a queixar-se da falta de avançados fi áveis na sua equipa, alegando que os comentários foram feitos na brincadeira e no âm-bito de uma conversa privada, acres-centando que não sabia estar a ser fi lmado e que as observações sobre a idade de Samuel Eto’o não eram para serem levadas a sério.

“O problema do Chelsea é a falta

Mourinho, Drogba e a brincadeira sobre Eto’o

de um goleador. Tenho um [Eto’o], mas ele tem 32 anos. Talvez 35, quem sabe?”, disse Mourinho num evento em Nyon, Suíça, com patrocinadores do Chelsea, momento que foi apa-nhado pela equipa de reportagem do Canal Plus. “Não foi um comen-tário feliz? Absolutamente. Mas não é algo que diria de forma séria, não é algo que faria de forma ofi cial nu-ma entrevista. Penso que, do ponto de vista ético, é uma vergonha que alguém grave uma conversa privada e a torne pública”.

Depois, Mourinho elogiou Eto’o. “Foi com ele que tive a melhor época da minha carreira [no Inter]. É um dos poucos jogadores que estão a tra-balhar comigo num segundo clube e um treinador não faz isso quando não gosta da pessoa. Ele não tem mo-tivos para estar chateado comigo”.

Entretanto, responsáveis do Canal Plus defenderam a emissão das ima-gens, alegando que Mourinho está habituado a enfrentar as câmaras e sabe quando estas estão ligadas.

O outro jogo dos oitavos-de-fi nal agendado para hoje vai disputar-se entre Schalke 04 e Real Madrid, na Alemanha. Numa primeira mão do-minada pelas equipas visitantes, tam-bém nesta eliminatória o favoritismo recai no clube espanhol, motivado pela recente conquista da liderança isolada no campeonato interno. No entanto, historicamente, a Alema-nha não é um país “amigável” para o Real, que venceu apenas um dos 25 encontros realizados em território germânico.

Manuel Assunção

OZAN KOSE/AFP

Mourinho orientou o treino de ontem, já em Istambul

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ESPAÇOPÚBLICOEDITORIAL

CARTAS À DIRECTORA

A falência do chavismo

Uma enciclopédia chamada teimosia

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, quis estender a mão à oposição para falar de paz, mas esta recusou. Não é de espantar. Essa mão estendida era a mesma que o

sucessor de Hugo Chávez brandia na televisão venezuelana, prometendo um “punho de ferro” contra os “fascistas”, ou seja, contra os manifestantes que contestam o seu governo. Não é surpresa para ninguém que Maduro, um político incompetente, ridículo e sem sombra de carisma, esteja a ser incapaz de gerir o “chavismo sem Chávez”. Menos de um ano após a morte do fundador da revolução bolivariana, o “socialismo do século XXI” está reduzido a uma caricatura de si mesmo. A Venezuela é um dos principais produtores de petróleo do mundo. Apesar disso, a sua economia está à beira da catástrofe, com uma

O “chavismo sem Chávez” está à beira do colapso, menos de um ano após a morte do seu fundador

infl ação galopante e uma dívida incontrolável. O chavismo assenta no uso da renda do petróleo para subsidiar as populações mais pobres, mas estas já estão sob a ameaça da fome. O socialismo populista alimentado a petróleo odeia a iniciativa privada e não dá qualquer hipótese à economia. Incapaz de controlar o descontentamento, comporta-se como qualquer ditadura, censurando os meios de comunicação e reprimindo os manifestantes — 14 pessoas já perderam a vida nos protestos. Nicolás Maduro já disse que “a Venezuela não é a Ucrânia”, mas as suas hipóteses de sobreviver politicamente a esta crise são tão débeis quanto eram as do Presidente ucraniano, Viktor Ianukovich. O carisma de Chávez escondia muitas fragilidades do regime. Maduro não é sequer respeitado entre os seus. Mais cedo ou mais tarde, as contradições do “socialismo do século XXI” viriam ao de cima e exporiam a incapacidade da liderança venezuelana em escapar ao beco sem saída. Só que, ontem como hoje, a Venezuela é um país politicamente partido ao meio: metade chavista, metade contra o chavismo. Sem diálogo entre as partes, o risco do caos se instalar é enorme.

Não é defi nitivo, mas a Feira do Livro do Porto está de novo ameaçada. Não se realizou em 2013 e pode não se realizar este ano. Em 2013 sabe-se o que se passou: terminado o

protocolo existente, onde a Câmara do Porto se comprometeu a apoiar a feira com 300 mil euros durante quatro anos (75 mil por ano), Rui Rio não quis renová-lo. E a APEL não fez a feira. Indignações e protestos não demoveram ninguém. Houve o Letras na Avenida, honrado mas espartano, mas feira não. Agora, com a chegada de Rui Moreira ao lugar do Rio, tudo parecia encaminhar-se para um acordo. Até que João Alvim, presidente da APEL, puxou do tudo ou nada: ou havia protocolo plurianual, como dantes, ou não haveria feira. A câmara, temerosa de compromissos a longo prazo, agastou-se. E a feira pode regressar ao limbo. Enquanto não se abre o livro da razão, vai-se relendo a enciclopédia da teimosia. Que, de tanto uso, começa a fi car demasiado gasta.

Adriano MoreiraAndo a ler por estes dias o último livro de uma das nossas maiores e melhores referências intelectuais, Memórias de Um Outono Ocidental — Um Século sem Bússola. Está ali condensado muito do pensamento do professor Adriano Moreira sobre este último século de existência da Europa, de Portugal e do Mundo que nos rodeia. Livro de substância que nos ajuda sobretudo a refl etir os grandes temas do nosso tempo, mostrando a sabedoria do professor pouca fé nos tempos imediatos que todos iremos viver. Esta obra é uma autêntica lição para se ir lendo, sem pressas, saboreando e sublinhando cada palavra e pensamento. A sua leitura não é fácil, mas dá-nos pistas e ferramentas para nos questionarmos enquanto cidadãos desta Europa e deste

As cartas destinadas a esta secção devem indicar o nome e a morada do autor, bem como um número telefónico de contacto. O PÚBLICO reserva-se o direito de seleccionar e eventualmente reduzir os textos não solicitados e não prestará informação postal sobre eles.Email: [email protected]

Contactos do provedor do LeitorEmail: [email protected]: 210 111 000

Mundo sem bússola. Algumas ideias perpassam a obra e surgem a espaços como que a fazer alertas, designadamente a ideia de cidadania, sociedade civil, os grandes líderes que não temos, dignidade, solidariedade, ética e valores. As sociedades atuais preteriram o valor das coisas em favor do preço delas. Há também uma refl exão sobre os grandes momentos da História que nos trouxeram ao presente que vivemos. Mas nota-se no pensamento deste sábio e homem do conhecimento uma desesperança, uma angústia e uma descrença ao não descortinar o norte, um rumo, um caminho para os tempos próximos das sociedades ocidentais. E isso dói-lhe, angustia-o. Com o privilégio e a honra de o conhecer pessoalmente, num pequeno encontro que tive a sós com ele

no seu gabinete da Academia das Ciências de Lisboa, Adriano Moreira, com a feliz idade de 91 anos, dizia-me, em jeito de desabafo, mas que eu entendi também como de tristeza, que já não seria no seu tempo que veria as coisas melhorarem. Eu bem gostaria que as suas palavras sábias e sempre avisadas, neste particular, contrariassem em absoluto a realidade.José Manuel Pina, Lisboa

A nossa decadência

Sabemos que o país e o nosso povo estão em graves apuros. De quem é a culpa? A promissória da União Europeia foi para benefi ciar uns tantos. Agora se vê. Desindustrializou-se o país, venderam-se os ativos próprios, as empresas públicas, e entregou-se a alma da pátria ao demónio da mão oculta dos mercados e

Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores

da usura internacional. Remédio para tanto mal? Despedir, despedir, despedir. Rebaixas de salários e pensões. Chama-se a isto o “reajustamento”, “reforma do Estado” e outros eufemismos de propaganda ideológica neoliberal. No meio disto tudo a moeda, o glorioso euro, impávido e sereno não baixa um cêntimo de valor, fechado no cofre-forte do BCE germanizado. É o que vale! Mas o que mais surpreende é quando um cronista de mão cheia, de seu nome Vasco Pulido Valente, vai rebuscar e refutar as causas da decadência do país ao ensaio do nosso grande Antero de Quental, e, de passagem, refere, sem cerimónias, António Sérgio como “pensador menor”. Assim vai a vida dos indígenas à beira-mar plantados, nesta terrinha onde a Europa acaba e a tormenta recomeça.José Manuel Jara, Lisboa

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PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014 | 45

BARTOON LUÍS AFONSO

A parada do Coliseu foi agradecer prebendas e aquecer motores para as campanhas eleitorais

Os coelhos que Crato tira da cartola são passos eleitorais

Santana Castilho

Com um sorriso pérfi do, tão impróprio quanto signifi cativo, Passos Coelho referiu-se assim ao sofrimento que já causou e continuará a causar aos portugueses: “... Quando se começa a levar pancada, as primeiras, que podem ser as mais fortes, não são,

necessariamente, as que doem mais...”Há circunstâncias em que a leitura das

imagens pode ser dúbia. Não é o caso. O primeiro-ministro fez chacota com o anúncio de mais sacrifícios e a justeza do que afi rmo poderá ser confi rmada por quem me ler. Basta visionar a gravação deste momento abjecto do Congresso do PSD. Surpreende que a falta de recato verbal e decoro expressivo, por parte de quem impôs o empobrecimento forçado de milhões de portugueses, não tenha provocado incómodo nos congressistas? Nada disso! A parada do Coliseu foi agradecer prebendas e aquecer motores para as campanhas eleitorais que se seguem.

O primeiro inebriado com o cheiro a eleições foi Nuno Crato. Antecipou-se ao sorteio das facturas e desatou a distribuir milhões. Começou com 140, para uma espécie de meias licenciaturas sem certifi cado, a que chamou cursos técnicos superiores profi ssionais. Horas volvidas sobre o anúncio, os institutos politécnicos (os benefi ciados na lotaria) vieram dizer que não os leccionariam. Alegaram com razão, digo eu, que a coisa se sobrepunha simplesmente a outra já existente, os cursos de especialização tecnológica, sem nada lhes

acrescentar e destruindo a racionalidade do que já se fazia; que a medida era precipitada e havia sido tomada sem qualquer tipo de concertação com os interessados, estabelecendo, ainda, uma confusão total entre a formação profi ssional de nível secundário e a formação profi ssional de nível superior. Com efeito, sem que se tenha resolvido a trapalhada dos 30 milhões retirados às universidades, em “golpe de mão” que provocou a demissão (suspensa, é certo) do presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, fará sentido gastar 140 milhões numa sobreposição de cursos que já existem?

Pouco tempo volvido (Diário de Notícias de 17 transacto), novo anúncio: 1300 milhões de euros para distribuir, em dois anos, por jovens com menos de 30 anos, que tenham abandonado o ensino superior e não estejam a trabalhar. Sem que se conheçam detalhes e concedendo, embora, que no quadro de sacrifícios enormes impostos às famílias resultam positivas as medidas que os minorem, o anúncio só pode ser considerado escandalosamente eleitoralista. Apesar da ressalva anterior, será equilibrado o destino anunciado daqueles 1300 milhões? É que, para que quem me lê ajuíze o desatino de tudo isto, recordo que, no Orçamento do Estado para 2014, a verba total alocada ao funcionamento de todas as universidades portuguesas é inferior ao que se propõe gastar com o regresso ao sistema de alguns alunos (dados recolhidos a meio do ano lectivo de 2012/2013 apontavam para cerca de 20.000 alunos com propinas em atraso e apenas 1000 anulações de matrículas consumadas). Ou que os 650 milhões anuais anunciados para tal acção se comparam com os escassos 36 milhões inscritos para toda a formação de adultos em Portugal. Primeiro desempregaram-lhes os pais e cortaram ou diminuíram-lhes as bolsas de estudo (há 9 milhões de euros de incumprimento por parte de estudantes que recorreram a fi nanciamento bancário para custear os estudos). Agora voltam a chamá-los com tal desequilíbrio de verbas?

Porquê a obrigatoriedade de não estarem a trabalhar para serem elegíveis? Imagine-se um jovem que, exactamente porque o desemprego entrou em casa dos pais, aceitou um trabalho pago a salário de escravo. Será justo fi car sem ajuda? Estamos a dizer-lhe que foi parvo, procedendo como procedeu? Imagine-se outro que, para não desistir, passou, com enorme sacrifício, a trabalhar à noite, enquanto estuda de dia. É moralmente aceitável deixá-lo de fora?

Como se sentirão os jovens que não são elegíveis (porque não “abandonaram”

os estudos) pela kafkiana razão de nunca terem entrado na universidade, por nunca terem tido dinheiro para a pagar? Que ética é a do Governo, se decidir assim?

Esta política de uma nota de dó está em sintonia com o fl op do “ajustamento estrutural” da economia que, desta feita, o FMI desmascarou: 60% do aumento das exportações

é consequência da entrada em operação da refi naria da Galp, em Sines. Se retirarmos do balanço importações/exportações a fatia representada pelos combustíveis, o resultado no celebrado indicador da balança comercial passaria a negativo. Saindo o cheiro da gasolina, fi ca, dominante, o cheiro das eleições, a marca vital de um partido que celebra ter conseguido, à pancada, dar uma vida pior às pessoas de “um país melhor”.

Professor do ensino superior. Escreve quinzenalmente à [email protected]

Saindo o cheiro da gasolina, fica, dominante, o cheiro das eleições

Até para a quinzena

Como assinante anual da revista semanária New York fi quei chateado ao ler na edição desta semana que passará a sair quinzenalmente. Primeiro porque gostava de lê-la todas as segundas-feiras, logo depois de ter acabado a New Yorker. Segundo porque,

quando assinei, comprei 49 edições e agora só vou receber 29 por ano. Nem sequer falo em indemnizações. Mas deveriam dar aos assinantes o número de revistas — agora quinzenais — que contrataram.

De há um ano para cá a New York tem tido cada vez mais “números duplos”, como se estivessem a preparar-se para a grande mudança. A New Yorker também tem feito o mesmo: espero que também não esteja a planear uma má surpresa para os leitores.

O declínio das revistas citadinas semanais — das quais a Time Out Lisboa é uma gloriosa excepção — tem sido melancólico. Mas, a partir de hoje, torna-se possível que se passe uma semana inteira sem que saia um número da New York ou da New Yorker.

São revistas muito diferentes mas, pelo menos no último ano, nunca coincidiram nos números duplos. Quando a New Yorker fazia um double issue, a New York saía na semana seguinte. É impensável que o tenham planeado — mas é como se tivessem.

Mesmo com o Private Eye (que só se pode assinar em papel mas chega depressa e em bom estado a Portugal) não estou habituado ao ritmo quinzenal. Nunca me lembro se é nesta semana ou na próxima que sai o raio da revista. Os quinzenários são um corte. Em todos os sentidos da palavra.

Miguel Esteves CardosoAinda ontem

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Acordo Ortográfico: nunca é tarde para corrigir um erro

Praxes e não só

Por que razões é que temos de discutir o AO90 agora? Não será tarde de mais? Os fundamentos desta reforma não são de índole técnica e/ou científi ca. Nunca é tarde para corrigir um erro, ainda para mais um, de tamanhas proporções como este. É óbvio que é possível reverter a situação de “aplicação” do AO90. Quanto

mais cedo for feita, melhor para todos.I. Razões linguísticas e fi lológicasNão foram produzidos quaisquer

estudos científi cos prévios. Não há nenhum argumento de carácter linguístico, pedagógico e cultural que justifi que a adopção de mais uma reforma ortográfi ca em Portugal, quanto mais de uma reforma tão profunda como a do AO90. A reforma do AO90 não só não resolve os problemas existentes, como cria problemas novos.

Parafraseando o Professor, linguista e fi lólogo ANTÓNIO EMILIANO, “O Acordo Ortográfi co é um monumento de incompetência e ignorância”.

O AO90 pretende fazer coincidir a grafi a com a “pronúncia”. Ora, a pronúncia de cada palavra é contingencial, variando de país para país, de região para região, de pessoa para pessoa e mesmo no âmbito das pronúncias de cada falante.

O AO90 não signifi ca uma evolução “natural” da língua. A supressão das consoantes “mudas” “c” e “p” não tem em conta a fonologia do Português europeu. Esta supressão cria problemas novos: i) o aumento das palavras homógrafas; ii) aumento da potencial homofonia por infl uência da grafi a na pronunciação; iii) perder-se-á a indicação gráfi ca e visual do parentesco lexical e semântico entre palavras da mesma família de palavras (“infe[c]ção” — infeccioso; “Egi[p]to” — “egípcios”); iv) erros de “acordês”; v) aumento das diferenças gráfi cas entre o Português europeu e o Português do Brasil, devido à “aplicação” do Lince e de outros “instrumentos”; vi) importação de expressões alegadamente atribuídas ao Português do Brasil; vii) erros de Português.

O AO90 não contém uma “nova ortografi a”. O AO90 é uma versão mitigada do AO86 e encontra as suas raízes textuais no Projecto de AO de 1975, negociado entre 1971 e 1975, na sequência de um Simpósio de Coimbra de 1967. O AO90 amplifi cou as facultatividades e eliminou algumas das regras que pareceram mais aberrantes.

O AO90 não “unifi ca” a ortografi a do Português europeu e do Português do Brasil, ao estabelecer as facultatividades irrestritamente, que destroem o conceito normativo de ortografi a; nunca tendo sido consagradas em qualquer reforma do Mundo.

As grafi as multiformes tornam o

Para que a minha posição seja transparente, devo dar-vos publicamente contas dela:

Não me identifi co com o Bloco de Esquerda, nem, neste momento, com qualquer outro partido.Da esquerda à direita, nunca um único deputado — nem de resto nenhum governante — se

levantou para dizer que estava disposto a, voluntariamente, ver cortado o seu salário e a renunciar às benesses de que goza, por solidariedade para com o povo que representa, que viu o seu salário drasticamente reduzido, independentemente da sua vontade ou da situação económica em que se encontra, para onde aliás foi levado pela péssima gestão do dinheiro que pagou com os seus impostos, ao longo de décadas e sob

sucessivos governos.Não me revejo

na Assembleia da República, nem na forma como os deputados são eleitos. No entanto, enquanto não conseguirmos uma Assembleia mais representativa e aberta, é com a que existe que temos de dialogar.

Assim, apoio as iniciativas que considero justas e no interesse do país, venham de que partido vierem. Uma boa ideia não passa a ser má nem deve ser rejeitada por vir do partido A ou B. No meu entender, quem assim procede

faz política apenas partidária, e essa tem sido justamente uma das nossas grandes falhas, que não deixa o país avançar.

Em relação às praxes académicas, que é um assunto que merece a nossa atenção e refl exão, o Bloco de Esquerda foi o único partido a tomar uma atitude, com a qual estou plenamente de acordo.

Por isso subscrevi o apelo “Para que tudo não fi que na mesma — Pôr fi m à violência da praxe”, que me foi enviado em português europeu, com a garantia de que a versão onde constará o meu nome deverá estar nos meios de comunicação social numa versão sem Acordo Ortográfi co.

Escritora

procedimento rotineiro de correcção ortográfi ca num autêntico pesadelo para qualquer utilizador da Língua.

Os aspectos do léxico (por exemplo, “pastelaria” (Portugal) — “lanchonete” (Brasil)), da sintaxe (por ex., a utilização reiterada do “você”, em lugar do “tu”), da morfossintaxe e da semântica (palavras que têm signifi cados distintos) mantêm-se diversos, em ambas as variantes do Português (de Portugal e do Brasil)).

II. Aspectos da implementaçãoA língua artifi cial que resulta do AO90 não

é linear, permitindo várias interpretações, dado que está a ser transplantada para Portugal uma cultura (: a brasileira) e uma vertente ortográfi ca concebida num determinado País (: o Brasil), com as suas especifi cidades e idiossincracias.

Veja-se a forma atabalhoada, caótica, como o AO90 está a ser “aplicado”;

com exemplos como “Exeto Universidade” (em lugar de “ExCePto”, em dois sinais de trânsito na Cidade Universitária).

O conversor ortográfi co Lince, concebido pelo ILTEC, utilizado por várias instituições, viola o AO90 (como está demonstrado no “Quadro de lemas” anexo à Petição); pelo que é necessário retirá-lo de circulação.

Também o “Vocabulário Ortográfi co do Português” viola o AO90.

III. Razões políticasVários inquéritos e sondagens, nos últimos

anos, evidenciam inquestionavelmente que a maioria dos Portugueses (ou seja, dos cidadãos eleitores) está contra o AO90 (por exemplo, o Grupo do Facebook “Em aCção contra o Acordo Ortográfi co”, em https://www.facebook.com/groups/emaccao, tem actualmente 40.850 membros).

A estabilidade ortográfi ca é um valor que esta Reforma oblitera.

Há sinais evidentes de que o Senado brasileiro não quer o AO90. Tendo ratifi cado em 2006, o fi nal do prazo de transição foi prolongado até 31-12- 2015. Ora, não é razoável que, um Estado apenas possa vir a “aplicar” o Tratado passados quase 10 anos após a data da ratifi cação. Na audiência que ocorreu na AR, em 27-11-2013, os Professores brasileiros de um Grupo de Trabalho Técnico do Senado fi zeram a proposta formal de encetar negociações para renegociar o Tratado do AO90, pois este está mal feito.

As razões geo-políticas e económicas, avançadas para fundamentar o AO90, carecem de qualquer fundamentação

O AO90 não significa uma evolução “natural” da línguag

Em relação às praxes académicas, o BE foi o único partido a tomar uma atitude, com a qual estou plenamente de acordo

científi ca, pertencendo à mera Retórica.IV. Razões culturaisPortugal não tem nada a perder, se

retroceder na “aplicação” do AO90. Bem pelo contrário: a situação, como está, é insustentável e lesa o nosso Património Cultural imaterial (não é tão visível quanto bens do Património cultural material, como quadros, monumentos; mas é Património) a estabilidade ortográfi ca, que é apanágio de sociedades cultas e desenvolvidas.

A Língua Portuguesa, tal como é falada e escrita em Portugal, é um bem cultural e tradicional europeu, que não deve ser desvirtuado por mutilações ortográfi cas artifi ciais importadas de outras culturas.

A riqueza da Língua está na sua diversidade. Esta não deve ser considerada como um factor negativo, bem pelo contrário: expressa a pujança da Língua e a sua capacidade adaptativa a várias culturas. O Inglês tem cerca de 20 variantes, e não deixa por isso de ser a principal língua internacional; o Francês tem cerca de 15 variantes. O Português tem apenas duas variantes.

V. Razões jurídicasO AO90 regulamenta a ortografi a.

Caberá ao Estado fazer isso? Não será a língua regulada predominantemente pelo costume linguístico, e não “por decreto” impositivamente? A existência de Reformas legislativas anteriores não é argumento, pois foram feitas antes de 1974, quando Portugal não era uma democracia.

O AO90 viola o direito à Língua Portuguesa, à liberdade de expressão; o princípio da independência nacional (ao remeter para a pronúncia de outros Estados, para se apurar como uma determinada palavra é escrita); a identidade nacional e cultural (todos estes aspectos são limites materiais de revisão constitucional).

VI. Em síntese, parafraseando ANTÓNIO EMILIANO, o Acordo Ortográfi co de 1990 é, objectivamente, um atentado grave contra o nosso património, o nosso povo, contra a qualidade de ensino, contra a integridade do uso da língua e o desenvolvimento cultural e científi co do povo português”.

VII. Medidas a tomar: Por isso, importa que o processo de “implementação” em curso seja suspenso de imediato, para uma avaliação objectiva em termos linguísticos e culturais — que nunca foi feita — das vantagens e custos da entrada em vigor do “Acordo Ortográfi co” de 1990.

No entender dos Peticionários, a solução ideal seria a desvinculação do AO90.

No Anteprojecto de Resolução que apresentámos, no intuito de haver maior consenso em torno da questão, sugeri a suspensão da “aplicação” do “acordês” (ou, no mínimo, a retirada do conversor Lince, pois é o “instrumento” que mais viola as Bases do próprio AO90).

Jurista, subscritor da petição a discutir na AR a 28 de Fevereiro. Versão integral online

Debate Língua portuguesa Debate Praxes académicasIvo Miguel Barroso Teolinda Gersão

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PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014 | 47

E os criadores abandonaram a criatura

Carta a Passos Coelho sobre a Guiné Equatorial

O Congresso Nacional do PSD revelou um partido em que o líder, também primeiro-ministro, é minoritário num órgão nacional, o conselho nacional encabeçado por Miguel Relvas. Um partido com sinais de isolamento interno do líder em relação ao caminho escolhido na

governação, divorciado da realidade do país e isolado ao nível do projecto europeu. E o anúncio do cabeça de lista da coligação de governo às eleições de 25 de maio, ainda sublinharam mais o isolamento do PSD em relação aos seus parceiros políticos do Partido Popular Europeu.

Ao longo de 32 meses, com fi delidade quase canina, o Governo de Portugal tem concretizado a receita da austeridade excessiva e do empobrecimento de uma Europa em que a direita tem maioria no Conselho Europeu, na Comissão Europeia e no Parlamento Europeu. Sem questionar, sem defender os que são vítimas das políticas de austeridade custe o que custar e sempre com compreensão pelas imposições e desprezo pelas difi culdades e sacrifícios, a maioria PSD/CDS quis ser o bom aluno, mesmo quando tinha comportamentos de cábula. Cábula ao alterar os objectivos do défi ce para 2013 e, ainda assim, ter de recorrer a um perdão fi scal para melhorar a receita.

Cábula quando fez disparar a dívida pública para 130% do Produto Interno Bruto enquanto insiste na narrativa dos designados sinais positivos rotulados de insustentáveis por várias entidades e economistas.

Cábula quando não tem em conta o aumento dos desempregados inscritos, que pelo sexto mês consecutivo há um aumento do número de casais sem emprego ou que os resultados da balança comercial são assentes na contracção das importações e em exportações sem incorporação de relevante valor acrescentado. Os combustíveis representam 55% do aumento das exportações.

E foi neste quadro político que perpassou um certo sentimento de abandono. Do país em relação a um Governo esgotado, alheado e sem ânimo. E da maioria PSD em relação à Europa de Angela Merkel.

Primeiro fi zeram sair dois relatórios, o do FMI e o da Comissão Europeia, que destruíram a conversa dos bons sinais, do milagre económico e da sucessão de eventos encadeados para que os membros do Governo repetissem à exaustão a cartilha num espectáculo próximo da stand-up comedy.

Depois foi a total ausência de personalidades do Partido Popular

Sua Excelência,

Pedro Passos CoelhoPrimeiro-Ministro e Chefe do

Governo de Portugal,Segundo informações de

fontes concordantes, o meu país, a Guiné Equatorial, foi admitido na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) com o aval do Governo

de V. Ex.ª. Nós, guinéu-equatorianos, recebemos esta notícia com indignação, repulsa e consternação, ao constatar que o Governo que V. Ex.ª preside cedeu aos interesses económicos que, sem dúvida, jogaram o papel decisivo para que o nosso país seja aceite como membro de pleno direito nessa organização.

Ainda que já não nos surpreenda a hipocrisia dos Estados que se dizem democráticos, como é o caso de Portugal, a aceitação da ditadura de Teodoro Obiang Nguema pela comunidade de países lusófonos não faz mais do que confi rmar a dupla moral destes Estados. Quando quase meio mundo condena a sistemática e fl agrante violação dos direitos humanos na Guiné Equatorial, surpreende que Portugal, que já sofreu na própria carne os impactos de uma ditadura e que recebeu o apoio e solidariedade de outros Estados, seja hoje o defensor de uma cruel ditadura que sequestra, assassina, prende, tortura e não atende aos chamamentos da comunidade internacional para pôr fi m às hostilidades contra o seu próprio povo.

Excelência,O nosso povo já se acostumou a que

Obiang, pelo poder do dinheiro, compre vontades. A sua aceitação na CPLP não foi uma excepção. O que temos de recordar é que estes dinheiros que vos fazem bajular o déspota são roubados ao povo da Guiné

Europeu no congresso do PSD, num sinal de isolamento do partido e do projecto político, em ano de eleições para um Parlamento Europeu que vai ter uma palavra na escolha do sucessor de Durão Barroso. Quanta ingratidão. Tanto apego à linha política da direita, de uma Europa refém do sector fi nanceiro; apostada numa lógica de empobrecimento e de punição, a Europa do cada um por si, totalmente avessa ao espírito inicial de construção de um espaço de paz, de coesão social, de coesão territorial e de solidariedade, e depois nem uma palavra?

E apesar do PSD e o CDS terem ido além da troika em muitos aspectos e de

terem assumido novos cortes e mais sacrifícios em cada uma das nove avaliações já realizadas, os portugueses interrogam-se sobre essa colossal ausência. Uma ingratidão sem limites.

No congresso do PS no ano passado viram o líder do PSOE, o espanhol Alfredo Pérez Rubalcaba e o presidente do Parlamento Europeu, o alemão Martin Schulz, agora candidato dos socialistas a

presidente da Comissão Europeia.No Congresso do PSD ninguém. Nem os

portugueses, nem o país, nem os congéneres europeus. Ou o PSD tem vergonha da Europa que temos e dos rostos que a protagonizam, na Comissão Europeia e nos Governos de direita dos Estados-membros, ou esses membros do Partido Popular Europeu têm vergonha dos resultados da governação do PSD/CDS, apesar de desesperarem por um exemplo de bom aluno. Ainda que, bem vistas as coisas, o aluno não passe de um cábula, sem resultados.

Defi nitivamente, os criadores abandonaram a criatura. Portugal e a Europa precisam de um novo rumo.

Secretário nacional do Partido Socialista

Equatorial. V. Ex.ª saberá certamente que este povo continua a defi nhar na miséria e na pobreza mais absolutas, apesar do petróleo, do gás e da madeira. É esta a crua realidade da Guiné Equatorial no momento em que o Governo de V. Ex.ª lhe abre as portas para ser membro de pleno

direito da vossa comunidade.

Excelência,Ao nosso sofrido

povo, que durante quase 45 anos apenas conheceu regimes ditatoriais, resta-lhe tomar nota deste tipo de decisões. Como um império nunca dura 100 anos, algum dia recordaremos porque é que agora o que interessa aos “democratas” ocidentais são as nossas riquezas, as riquezas que os déspotas que arruínam os nossos países lhes oferecem em bandeja,

virando as costas aos sofrimentos de um povo que exige a liberdade de opinião, de manifestação, de expressão, de movimento, de eleições livres e transparentes. Em suma, um Estado baseado no respeito pelos direitos humanos e pela justiça social.

No momento em que escrevo esta carta, a pena de morte continua em vigor na República da Guiné Equatorial. E um ou outro assassinato acaba de cometer-se na sinistra prisão de Malabo.

Com alta consideração e estima pessoal,

Médico no activo e activista político

Definitivamente, os criadores abandonaram a criatura. Portugal e a Europa precisam de um novo rumo

O que temos de recordar é que estes dinheiros que vos fazem bajular o déspota são roubados ao povo da Guiné Equatorial q

MIGUEL MANSO

NATALIA KOLESNIKOVA/AFP

Debate Obiang e a CPLP Debate Crise e alternativasSamuel Mba Mombe António Galamba

Page 48: EDIÇÃO LISBOA QUA 26 FEV 2014 HOJE Colecção Grandes ... · PÚBLICO, QUA 26 FEV 2014 | DESTAQUE | 3 64,9% das vítimas de crime e violên-cia não falaram nem apresentaram queixa

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ESCRITO NA PEDRA

“Toda a gente desejaria viver muito tempo, mas ninguém quereria ser velho”Jonathan Swift (1667-1745), escritor satírico e poeta irlandês

QUA 26 FEV 2014

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Efectuadas mais de uma dezena de buscas para desmantelar fraude p4

Resultados dão indicações para a regeneração do coração após o enfarte p21

Negociações entre a câmara e a APEL foram interrompidas Local

Corretora faz desaparecer o equivalente a 350 milhões de dólares p19

PJ Militar investiga desvio de doentes para hospital privado

Células que reagem ao enfarte dão pistas sobre o coração

Feira do Livro do Porto em risco de não se realizar de novo

Fecho do site Mt.Gox lança dúvidas sobre futuro da bitcoin

Euromilhões

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SOBE E DESCEMuseu de Arte Antiga

O museu português está particularmente activo na busca de novos focos

de interesse para o seu espaço museológico e quem ganha são os amantes de cultura. Depois da parceria com o Museu do Prado, ontem foi anunciada uma outra, agora com o Museu Civico d’Arte Antica, em Turim. Para Itália seguirá a exposição A Arquitectura Imaginária, para Lisboa virão em Maio 125 obras de arte italiana setecentista. Para ver até Setembro. (Pág. 29)

Recep Tayyip Erdogan

Continua a pressão sobre o primeiro-ministro turco após a

divulgação das conversas que terá mantido com um filho e que o implicam num escândalo

de corrupção. Erdogan defende-se, diz que se trata de uma montagem e garante ser vítima de uma conspiração

movida por um imã outrora seu aliado. É cedo para se perceber que efeito terá este escândalo nas eleições municipais do fim de Março e nas aspirações presidenciais de Erdogan.(Pág. 25)

Banca

Somos cada vez mais internautas e é pela Internet que se

passou a fazer muita coisa que antes exigia deslocações, burocracia, etc. Somos também incentivados a tornar-nos internautas, por facilitar uma série de processos e pelos ganhos em tempo. Como muitos outros sectores, a banca também apostou nas operações online. Pois agora, como os resultados não são famosos, os bancos passaram a cobrar comissões nas transferências online inferiores a 100 mil euros, que são a grande maioria. (Pág. 18)

David Moyes

O Manchester United continua a sua travessia no deserto, no primeiro

ano do treinador David Moyes. A juntar à campanha irreconhecível na Liga inglesa, o clube comprometeu as hipóteses de se manter na Liga dos Campeões com a derrota na Grécia. A não ser que faça uma exibição de encher o olho em casa, a vida de Moyes em Old Trafford não tem perspectivas de melhoras. (Pág. 42)

CONSOANTE MUDA

A dimensão cooperativa

Na semana passada, à hora de embarcar para um colóquio universitário sobre democracia, passo pela livraria do aeroporto e vejo um livro que me

chama a atenção.O autor é um sociólogo

aparentemente bastante conhecido e o assunto do livro é a cooperação, ou melhor, a política e a sociologia da entreajuda.

Sento-me na cadeira designada, o avião levanta voo, começo a ler. O primeiro capítulo é sobre questões de cortesia e polidez. O autor descreve como as sociedades contemporâneas se tornaram em muitos casos agressivas e mesmo cruéis, com indivíduos isolados respondendo a estímulos de competição exacerbada. Aquilo que é bullying, ou humilhação agressiva, entre crianças e adolescentes, torna-se em bullying político e cultural entre adultos, tão conhecido das redes sociais. A falta de cortesia de alguns indivíduos origina o fechamento dos outros e a perda é de nós todos, em incapacidade de auto-realização e de trabalho conjunto das sociedades.

Rui Tavares

Chegado ao colóquio, tenho quase imediatamente uma ilustração prática das teorias daquele autor. Um participante num seminário interrogava agressivamente a oradora, declarando um dos projetos que ela tinha apresentado “um falhanço da imaginação”, desprezando com caretas as respostas que ela lá ia tentando dar, e encerrando todo o episódio com um “não vale a pena, não estamos a comunicar”. A sala fi cou fria e a comunicação, de facto, falhou.

O episódio não me saiu da cabeça. Na manhã seguinte, no quarto de hotel, fui ver o livro do sociólogo que escrevia sobre cortesia e cooperação. Depois fui ver o programa do seminário. Intrigado, fui ver o nome do tipo bruto e mal-educado. Fui outra vez ao livro para ver a fotografi a do autor.

Eram a mesma pessoa.

Que signifi ca esta história? Que há um autor que escreve sobre cortesia e se comporta de forma bruta e mal-educada? Há muitos autores assim. E

o facto de ele ter razão quando escreve o livro não lhe é retirado quando não se comporta à altura das suas teorias.

Pelo contrário, talvez lhe dê mais razão ainda. Vivemos num mundo infl amado em competição. Competição entre

indivíduos, entre famílias, entre empresas, entre nações, entre blocos regionais. Justifi cou--se essa competição com o argumento de que ao competir todos fi caríamos melhores. Esquecemos que para ser melhores precisamos uns dos outros. Sem cooperação, sem entreajuda, a competição é apenas um sistema em que para uns poderem ganhar todos os outros têm de perder. E a sala vetusta de uma universidade não é exceção.

Há cem anos vivia-se também num regime de “sobrevivência do mais forte”, uma caricatura do darwinismo proposta por alguns sociólogos como Herbert Spencer, e contrariada por um zoólogo como Piotr Kropotkine, que relembrava que as espécies que mais cooperam, como as abelhas, e os próprios humanos, eram mais resilientes e sustentáveis (que tanto Spencer como Kropotkine fossem anarquistas de ideologia torna as suas contradições ainda mais curiosas).

Uma coisa para mim é certa; para saírmos do buraco em que estamos, temos de abandonar os extremos da competição e redescobrir uma cultura da cooperação. Como a história acima prova, porém, é fácil até a quem defende esta teoria esquecer-se dela.

Historiador e eurodeputado