que é metafísica

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Que é metafísica? Heidegger A filosofia de Heidegger diz que vivemos no mundo onde o imperativo é a ciência. Portanto, o mundo da não filosofia. É um mundo sim da filosofia, mas de uma filosofia específica, de algo chamado metafísica. O que é metafísica? Para Heidegger a metafísica do nosso tempo, ou seja, o pensamento que está na base do nosso tempo que, portanto, é o fundamento da ciência no limite da técnica. Trata-se de uma metafísica especial. Ele chama de metafísica da subjetividade, pois procura um ponto de apoio absoluto de onde decorre todo o conhecimento. Qual é esse ponto de apoio absoluto? A subjetividade, ou seja, o sujeito. O sujeito é aquele que conhece e o objetivo é o conhecido. O sujeito manipula e o objeto é o manipulado. A metafísica de Heidegger é humanista, de modo que o sujeito é o homem. Ou seja, vivemos no mundo onde tudo é manipulável para o homem. Nesse fazer ciência o homem se revela como "um ente na totalidade dos entes", onde tudo é nele, por ele e para ele. Tudo o que há no mundo é um utensílio para o agir desse ente que irrompe ao fazer ciência. No entanto, Heidegger diz: “o estranho é que precisamente, no modo como o cientista se assegura o que lhe é mais próprio, ele fala de outra coisa. Pesquisado deve ser apenas o ente e mais nada; somente o ente e além dele nada; unicamente o ente e além disso nada.” A pergunta, então, é: “o que vem a ser esse ‘ nada’?” Para Heidegger, o nada é uma questão metafísica e de fundamental importância para a determinação de nossa existência enquanto seres que questionam e fazem ciência. Ignorar o nada, portanto, é aceitar sua existência. Afinal de contas, a questão do nada nesse aspecto se assemelha ao paradigma lógico da questão da inexistência de Deus que, para ser concebida, deve antes aceitar Deus como algo possível de existir. Para encontrarmos o nada devemos precedentemente encontrar o ente enquanto tal, em sua totalidade, e depois negá-lo, pois, sendo o nada o extremo oposto do ente, então seria essa a forma mais fácil de desvelá-lo. O sentido do ser do nada há muito tempo é negligenciado - pela ciência, em virtude de ele não ser um ente, e pelo homem, por este se encontrar entediado (É precisamente no tédio das coisas cotidianas que nos encontramos mergulhados, estamos imersos sempre nesta ou naquela ocupação, neste computador ou naquela TV. O homem se enche de coisas

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Page 1: Que é Metafísica

Que é metafísica? – Heidegger

A filosofia de Heidegger diz que vivemos no mundo onde o imperativo é a ciência.

Portanto, o mundo da não filosofia.

É um mundo sim da filosofia, mas de uma filosofia específica, de algo chamado metafísica.

O que é metafísica? Para Heidegger a metafísica do nosso tempo, ou seja, o pensamento

que está na base do nosso tempo que, portanto, é o fundamento da ciência no limite da

técnica.

Trata-se de uma metafísica especial. Ele chama de metafísica da subjetividade, pois procura

um ponto de apoio absoluto de onde decorre todo o conhecimento.

Qual é esse ponto de apoio absoluto? A subjetividade, ou seja, o sujeito. O sujeito é aquele

que conhece e o objetivo é o conhecido. O sujeito manipula e o objeto é o manipulado.

A metafísica de Heidegger é humanista, de modo que o sujeito é o homem. Ou seja,

vivemos no mundo onde tudo é manipulável para o homem.

Nesse fazer ciência o homem se revela como "um ente na totalidade dos entes", onde tudo é

nele, por ele e para ele. Tudo o que há no mundo é um utensílio para o agir desse ente que

irrompe ao fazer ciência.

No entanto, Heidegger diz: “o estranho é que precisamente, no modo como o cientista se

assegura o que lhe é mais próprio, ele fala de outra coisa. Pesquisado deve ser apenas o ente

e mais — nada; somente o ente e além dele — nada; unicamente o ente e além disso —

nada.”

A pergunta, então, é: “o que vem a ser esse ‘nada’?”

Para Heidegger, o nada é uma questão metafísica e de fundamental importância para a

determinação de nossa existência enquanto seres que questionam e fazem ciência.

Ignorar o nada, portanto, é aceitar sua existência. Afinal de contas, a questão do nada nesse

aspecto se assemelha ao paradigma lógico da questão da inexistência de Deus que, para ser

concebida, deve antes aceitar Deus como algo possível de existir.

Para encontrarmos o nada devemos precedentemente encontrar o ente enquanto tal, em sua

totalidade, e depois negá-lo, pois, sendo o nada o extremo oposto do ente, então seria essa a

forma mais fácil de desvelá-lo.

O sentido do ser do nada há muito tempo é negligenciado - pela ciência, em virtude de

ele não ser um ente, e pelo homem, por este se encontrar entediado (É precisamente no

tédio das coisas cotidianas que nos encontramos mergulhados, estamos imersos sempre

nesta ou naquela ocupação, neste computador ou naquela TV. O homem se enche de coisas

Page 2: Que é Metafísica

que lhe apraz, ocupa seu tempo com esses entes e esquece o sentido do seu ser, esquece de

refletir sobre sua existência.)

O nada somente se revela se nos rendermos à angústia.

A angústia não deve ser entendida como temor, nem como um sentimento malévolo que

retira do homem sua vontade de existir, mas sim como tranquilidade, pois ela liberta o

homem do tédio, pois esta revela nossa situação perante os entes, e deles nos afasta

mostrando-nos o nada.

No momento em que o homem descobre o ser que ele é, a angústia já lhe foi despertada e

ela já lhe manifestou o nada.

Metafísica (do grego: tà metà physiká., 'além' do ente enquanto tal”) é, portanto, questionar

além daquilo que as apreensões nos possibilitam entender.

Para Heidegger, a ciência se enfraquece por não levar em conta o nada, pois somente por

causa dele foi é ao homem a possibilidade de entender o ser que ele é e assim poder

transformar os entes em objetos de pesquisa.

Portanto, o nada é uma questão metafísica e fundamental até mesmo para a determinação de

nossa existência científica.