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18 18 18 18 18 BALNEÁRIO PIÇARRAS ALNEÁRIO PIÇARRAS ALNEÁRIO PIÇARRAS ALNEÁRIO PIÇARRAS ALNEÁRIO PIÇARRAS, 30 de setembro de 2017. GERAL ERAL ERAL ERAL ERAL ::. ::. ::. ::. ::. Laura Pinto, 94 anos Como Dona Laura tem tido dificuldade para falar, foi conversado com suas duas filha: Léa e Ledy. Léa, a filha mais velha, iniciou a conversa descrevendo sua mãe: “Minha mãe foi sempre muito trabalhadeira, dedicada, fazia tudo em casa e, ainda, atendia no balcão da venda que tínhamos ali na beira da praia. Era apaixonada pelo meu pai e fazia de tudo por ele e por nós e também dedicava-se a minha avó, sua mãe. A vida dela foi bem trabalhosa”. Quando questionado sobre como Dona Laura lidava com o envolvimento de Emanoel Pinto na política, na vida pública e como primeiro prefeito eleito de Piçarras, Léa respondeu: “Ela participava, não dizia não, mas não queria que meu pai se envolvesse. Mas a índole dele não permitia ficar à margem”. “Ela sempre foi parceira dele, quando ele foi prefeito. Ledy, a filha mais nova, prosseguiu: Ela colaborou, fez a parte dela. A minha mãe é que fazia as comidas para receber um deputado. Ele [Emanoel Pinto] queria que a cidade crescesse. Ele recebia bem as pessoas que vinham morar aqui (...) Ele era um idealista. Penso que ele estava além do seu tempo”. Léa seguiu: “Ele queria que a cidade progredisse. (...) Ele fazia as coisas, porque esperar, não dava. Ele arregaçava a calça e ia para o valo e, assim, abriu estradas no interior. A chegada da luz elétrica, foi a coisa mais maravilhosa. Primeiro era pequenininha. Aí tinha luz até as 22 horas, depois, só lampião. (...) Depois, com a amizade do meu pai com o pessoal de Joinville, Sr. Geraldo Vetzel, aí conseguiu a luz elétrica. O maior legado que meu pai deixou foi o exemplo de honestidade, de bondade. Infelizmente, com 50 anos ela [Laura] ficou viúva, aí se dedicou aos netos, à nós e ao quintal dela, que era a coisa mais maravilhosa, com flores de todas as qualidades.” “Nesse período depois que o pai faleceu, ela sofreu bastante. Aí ela Ledy deu sequência: começou a frequentar a Associação Perpétuo Socorro e foi bem importante para ela, a convivência com as amigas, elas se dedicou, bordava coisas lindas. Sempre bordou, fez crochê, crivo. Fez trabalhos manuais muito bonitos. E sempre foi uma pessoa reta, que nos colocou no caminho dos valores morais, éticos. Eu acho que ela foi uma pessoa que nunca fez mal à ninguém. O ensinamento que recebemos da minha mãe sempre foi ensinamento de trabalho, honestidade, dedicação, amizade verdadeira com as pessoas, de cuidado e de valorização!’’ Laura Pinto Figueredo, Viúva de Emanoel Pinto, 1º Prefeito Eleito de Balneário Piçarras. Merces F leith, 92 anos Eu nasci aqui, minha mãe teve doze filhos, eu fui a temporona. E coincidiu que foi tudo empate, seis meninos e seis meninas. Todas as mulheres se chamaram Maria e o nome da santa do dia. Eu tinha uns 13, 14 anos e meu irmão foi o primeiro que teve telefone por aqui. Eu tinha uma tia, bem simples, que fazia tempo que não via o filho, que estava em Itajaí, aí nós falamos pra ela, Tia Olinda, a senhora vai falar com ele. Aí fizeram a ligação, ele atendeu e, daí botaram a Tia Olinda para falar. Ela falava, ele está escondido, onde ele está? Procurando ele por tudo, quase arrebentou o fio. Não aceitou o telefone, não entendia. A primeira televisão também foi meu irmão mais velho que teve. Antigamente o comércio fechava oito, nove, dez horas da noite, dependendo do que tinha de gente ali. Aí meu irmão comprou televisão, esses caras ficaram , vinham até lá da Lagoa, de carro de boi, loucos para assistir televisão. Era uma festa. Às vezes meu irmão queria fechar loja e tinha dia que não dava, tinha que dizer: - Olha, vem trovoada ai. Daí eles iam embora para conseguir fechar o comércio [Caiu na risada]. Vou te contar, o seu Vicente, antigo dono do Hotel Piçarras, ficou viúvo e resolveu vender o Hotel Piçarras. O meu marido, [Francisco Leopoldo Fleith], que tinha ficado viúvo em Curitiba, resolveu sair de lá e morar em outro lugar, mas ele era comerciante. Um sobrinho dele, de Joinville, falou do hotel para ele. Se interessou, pegou um taxi e veio cá ver. Fechou o negócio sem ver sem nada. Na época, morava no hotel o Franklin Maximo Pereira, amigo do meu pai [Ladislau Pires] e, que fez amizade com o Fleith, que contou ao Franklin que havia visto uma moça e apaixonado. No outro dia, o Franklin estava lá na nossa porta. Contou pro meu pai que tava o homem que comprou o Hotel Piçarras tinha me visto e estava apaixonado. Foram dois anos de luta para ele me conseguir e não desistiu. O Franklin ia toda semana levar presente que ele mandava. Quando eu fiz 18 anos eu aceitei e aí casei. Fui muito feliz. Anos depois, já casado com Maria Mêrces, Francisco Fleith, vendeu o Hotel Piçarras e construiu o comércio “Casa Praia”, atual Casa Fleith, administrada por seu filho mais velho. Em 1959, foi eleito vereador em Penha, representando Piçarras. Aqui não tinha prefeitura. Piçarras era um distrito, aí então propuseram e ele [Francisco Leopoldo Fleith] aceitou. Mas não foi fácil. Ele era vereador e foi presidente da Câmara, aí o prefeito da época foi cassado e ele assumiu a prefeitura de Penha. Uma noite, três da manhã, bateram na janela do nosso quarto. Era um empregado da prefeitura de Penha, que era guardião lá e veio chamar o meu marido por que tinham botado fogo em baixo da prefeitura. Ele carregou o revolver e foi. Imagina o meu estado como eu fiquei? Eu não gosto de política. Conselho que eu dou é de ter calma, paciência, fé em Deus e ser bom para as pessoas. Ter amizades, não tem dinheiro que pague. ... Maria Mercês Fleith, viúva de Francisco Leopoldo Fleith, 1º Prefeito nomeado. Renato Wunderlich, 90 anos Nasci em Jaraguá do Sul e eu vim para cá porque estava procurando uma namorada e achei ela aqui, era a Selma. A coisa mais difícil foi a separação do município. Então, nós tínhamos só dois vereadores, eram dois contra cinco. Eu chamei o pessoal da Penha, expliquei a vantagem que eles iam levar com a separação e eles me atenderam. Peguei os caras da Armação e falei: - Se vocês querem ficar por cima da carne seca, vocês votem a favor da Armação de vocês. E foi o que aconteceu. Quando vi, daqui a pouco, , eu tinha que ser prefeito. Quando assumi, não tinha um papel na mão de quanto tinha de sobrou pra mim arrecadação. Não tinha nada. Aí peguei a turma do colégio e dei um mapa e falei para procurarem as casas. Porque a Penha recusou-se a fornecer dados. Então, minha equipe, os rapazes do colégio, saíram para fazer o levantamento. Foi ali onde a inscrição foi feita. Nossa ponte era de madeira, todo dia tinha que fazer arrumação. Aí consegui com o Governador Celso Ramos a ponte de material. O governador veio na inauguração da ponte e aí disse pra mim: - Ah! Se eu tivesse 10 Renatos, eu era o homem mais feliz. Comecei a prefeitura com zero, todo mundo ia pagar imposto na Penha. Tive que correr um por um e pedir para pagar na Prefeitura de Piçarras. Botei a Prefeitura, botei a exatoria, a Câmara de Vereadores, no prédio que era da minha sogra, onde antes aconteciam bailes. Nessa época eu tinha seis pessoas trabalhando, para fazer todo o serviço. Se as pessoas quiserem viver bem, têm que cuidar da vida que vive. Para você ganhar a vida, é pedir para Deus dar longa vida. Mas tem que colaborar com Deus. ... Exator e Ex-prefeito

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Laura Pinto, 94 anos

Como Dona Laura tem tido dificuldade para falar, foi conversado com suas duas filha: Léa e Ledy. Léa, a filha mais velha, iniciou a conversa descrevendo

sua mãe: “Minha mãe foi sempre muito trabalhadeira, dedicada, fazia tudo em casa e, ainda, atendia no balcão da venda que tínhamos alina beira da praia. Era apaixonada pelo meu pai e fazia de tudo por ele e por nós e também dedicava-se a minha avó, sua mãe. A vida dela foibem trabalhosa”. Quando questionado sobre como Dona Laura lidava com o envolvimento de Emanoel Pinto na política, na vida pública e como

primeiro prefeito eleito de Piçarras, Léa respondeu: “Ela participava, não dizia não, mas não queria que meu pai se envolvesse. Mas aíndole dele não permitia ficar à margem”. “Ela sempre foi parceira dele, quando ele foi prefeito.Ledy, a filha mais nova, prosseguiu:

Ela colaborou, fez a parte dela. A minha mãe é que fazia as comidas para receber um deputado. Ele [Emanoel Pinto] queria

que a cidade crescesse. Ele recebia bem as pessoas que vinham morar aqui (...) Ele era um idealista. Penso que ele estava

além do seu tempo”.Léa seguiu: “Ele queria que a cidade progredisse. (...) Ele fazia as coisas, porque esperar, não dava. Ele arregaçava a calça e iapara o valo e, assim, abriu estradas no interior. A chegada da luz elétrica, foi a coisa mais maravilhosa. Primeiro erapequenininha. Aí tinha luz até as 22 horas, depois, só lampião. (...) Depois, com a amizade do meu pai com o pessoal deJoinville, Sr. Geraldo Vetzel, aí conseguiu a luz elétrica. O maior legado que meu pai deixou foi o exemplo de honestidade, debondade. Infelizmente, com 50 anos ela [Laura] ficou viúva, aí se dedicou aos netos, à nós e ao quintal dela, que era a coisa maismaravilhosa, com flores de todas as qualidades.” “Nesse período depois que o pai faleceu, ela sofreu bastante. Aí elaLedy deu sequência:

começou a frequentar a Associação Perpétuo Socorro e foi bem importante para ela, a convivência com as amigas, elas se dedicou,bordava coisas lindas. Sempre bordou, fez crochê, crivo. Fez trabalhos manuais muito bonitos. E sempre foi uma pessoa reta, que nos colocou no caminho dosvalores morais, éticos. Eu acho que ela foi uma pessoa que nunca fez mal à ninguém. O ensinamento que recebemos da minha mãe sempre foi ensinamento de

trabalho, honestidade, dedicação, amizade verdadeira com as pessoas, de cuidado e de valorização!’’

Laura Pinto Figueredo,Viúva de Emanoel Pinto,

1º Prefeito Eleito deBalneário Piçarras.

Merces F leith, 92 anos

Eu nasci aqui, minha mãe teve doze filhos, eu fui a temporona. E coincidiu que foi tudo empate, seis meninos e seis meninas. Todas as mulheres sechamaram Maria e o nome da santa do dia. Eu tinha uns 13, 14 anos e meu irmão foi o primeiro que teve telefone por aqui. Eu tinha uma tia, bemsimples, que fazia tempo que não via o filho, que estava em Itajaí, aí nós falamos pra ela, Tia Olinda, a senhora vai falar com ele. Aí fizeram aligação, ele atendeu e, daí botaram a Tia Olinda para falar. Ela falava, ele está escondido, onde ele está? Procurando ele por tudo, quasearrebentou o fio. Não aceitou o telefone, não entendia.

A primeira televisão também foi meu irmão mais velho que teve. Antigamente o comércio fechava oito, nove, dez horas da noite,dependendo do que tinha de gente ali. Aí meu irmão comprou televisão, esses caras ficaram , vinham até lá da Lagoa, de carro de boi,loucos

para assistir televisão. Era uma festa. Às vezes meu irmão queria fechar loja e tinha dia que não dava, tinha que dizer: - Olha, vemtrovoada ai. Daí eles iam embora para conseguir fechar o comércio [Caiu na risada].

Vou te contar, o seu Vicente, antigo dono do Hotel Piçarras, ficou viúvo e resolveu vender o Hotel Piçarras. O meu marido, [FranciscoLeopoldo Fleith], que tinha ficado viúvo em Curitiba, resolveu sair de lá e morar em outro lugar, mas ele era comerciante. Umsobrinho dele, de Joinville, falou do hotel para ele. Se interessou, pegou um taxi e veio cá ver. Fechou o negócio sem ver sem nada. Naépoca, morava no hotel o Franklin Maximo Pereira, amigo do meu pai [Ladislau Pires] e, que fez amizade com o Fleith, que contouao Franklin que havia visto uma moça e apaixonado. No outro dia, o Franklin estava lá na nossa porta. Contou pro meu pai quetava

o homem que comprou o Hotel Piçarras tinha me visto e estava apaixonado. Foram dois anos de luta para ele me conseguir e nãodesistiu. O Franklin ia toda semana levar presente que ele mandava. Quando eu fiz 18 anos eu aceitei e aí casei. Fui muito feliz.

Anos depois, já casado com Maria Mêrces, Francisco Fleith, vendeu o Hotel Piçarras e construiu o comércio “Casa Praia”, atual Casa Fleith,

administrada por seu filho mais velho. Em 1959, foi eleito vereador em Penha, representando Piçarras. Aqui não tinha prefeitura. Piçarras era um distrito, aí então propuseram e ele[Francisco Leopoldo Fleith] aceitou. Mas não foi fácil. Ele era vereador e foi presidente da Câmara, aí o prefeito da época foi cassado e ele assumiu a prefeitura de Penha.Uma noite, três da manhã, bateram na janela do nosso quarto. Era um empregado da prefeitura de Penha, que era guardião lá e veio chamar o meu marido por que tinhambotado fogo em baixo da prefeitura. Ele carregou o revolver e foi. Imagina o meu estado como eu fiquei? Eu não gosto de política. Conselho que eu dou é de ter calma,

paciência, fé em Deus e ser bom para as pessoas. Ter amizades, não tem dinheiro que pague.

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Maria Mercês Fleith, viúvade Francisco LeopoldoFleith, 1º Prefeito nomeado.

Renato Wunderlich, 90 anos

Nasci em Jaraguá do Sul e eu vim para cá porque estava procurando uma namorada e achei ela aqui, era a Selma. A coisa mais difícil foia separação do município. Então, nós tínhamos só dois vereadores, eram dois contra cinco. Eu chamei o pessoal da Penha, expliqueia vantagem que eles iam levar com a separação e eles me atenderam. Peguei os caras da Armação e falei: - Se vocês querem ficarpor cima da carne seca, vocês votem a favor da Armação de vocês. E foi o que aconteceu.Quando vi, daqui a pouco, , eu tinha que ser prefeito. Quando assumi, não tinha um papel na mão de quanto tinha desobrou pra mim

arrecadação. Não tinha nada. Aí peguei a turma do colégio e dei um mapa e falei para procurarem as casas. Porque a Penharecusou-se a fornecer dados. Então, minha equipe, os rapazes do colégio, saíram para fazer o levantamento. Foi ali onde a inscriçãofoi feita.Nossa ponte era de madeira, todo dia tinha que fazer arrumação. Aí consegui com o Governador Celso Ramos a ponte de material.O governador veio na inauguração da ponte e aí disse pra mim: - Ah! Se eu tivesse 10 Renatos, eu era o homem mais feliz.

Comecei a prefeitura com zero, todo mundo ia pagar imposto na Penha. Tive que correr um por um e pedir para pagar na Prefeiturade Piçarras. Botei a Prefeitura, botei a exatoria, a Câmara de Vereadores, no prédio que era da minha sogra, onde antes aconteciam bailes.Nessa época eu tinha seis pessoas trabalhando, para fazer todo o serviço.Se as pessoas quiserem viver bem, têm que cuidar da vida que vive. Para você ganhar a vida, é pedir para Deus dar longa vida. Mas tem que colaborar com Deus.

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Exator e Ex-prefeito