quarteirão paulista - coleção identidades culturais

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    um conjunto harmnico de edifcios monum

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    Fundao Instituto do Livro de Ribeiro Preto - 2011

    .

    Renata Alves Sunega

    Quarteiro Paulista

    um conjunto harmnico de edifcios monumentais

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    Prefeita MunicipalDrcy Vera Secretria da Cultura

    Adriana Silva Presidente da Fundao Instituto do LivroEdwaldo Arantes Diretora de Patrimnio CulturalLilian Rodrigues de Oliveira Rosa Conselho EditorialAdriana Silvarica Amndola

    Lilian Rodrigues de Oliveira RosaMichelle Cartolano de Castro SilvaTnia Cristina Registro

    I195b - Quarteiro Paulista: um conjunto harmnico de edificosmonumentais. Renata Alves Sunega - (pesquisa e texto) Ribeiro Preto:

    Fundao Instituto do Livro, 2011.124 pg.; (Coleo Identidades Culturais, n.8)

    1. Histria de Ribeiro Preto 2. Arquitetura - 3. Patrimnio Cultural

    CDD: 981.612 rpb

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    Renata Alves Sunega formada em Arquiteturae Urbanismo pela PUC - Campinas, em 1998 eMestre em Histria da Arte pela UNICAMP, em2003. Membro do Conselho Municipal de Defesa doPatrimnio Cultural de Campinas (CONDEPACC)entre os anos 2006 e 2009, e presidente domesmo conselho em 2011, quando foi Secretriade Cultura do municpio de Campinas. Membro doConselho Municipal de Cultura de Campinas (2006- 2009). Membro da Comisso Organizadora doXIV Salo de Arte Contempornea de Campinas-2007.

    Capa - Da esquerda para a direita, Edifcio Meira Jnior

    e Theatro Pedro II, acervo do Foto Esportes e PalaceHotel, acervo do Arquivo Pblico de Campinas.

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    ApresentaoA Coleo Identidades Culturais completa dois

    anos com 8 publicaes e a certeza de que est cum-prindo a meta para a qual foi criada: difuso do saber

    adquirido, seja em suas prprias pesquisas ou pormeio de trabalhos de outros pesquisadores, como ocaso de Renata Alves Sunega que escreve sobre oQuarteiro Paulita.

    Esta obra responde perguntas, esclarece episdios,relata fatos, analisa acontecimentos e tambm elabo-ra novas perguntas, exatamente como deve ser. Mas,com grande destaque, confirma a importncia dapreservaco deste harmnico conjunto de edifciosmonumentais. Trata-se de um dos lugares culturaisdo municpio de Ribeiro Preto que mais o seu cida-

    do se identifica, assim como diagnostou a Rede deCooperao Identidades Culturais em suas pesquisasde campo.

    O Quarteiro Paulista a essncia de uma cidadeque muito se esfora para ser moderna.

    Adriana SilvaSecretria da Cultura

    foto: Vista area da Praa XV de Novembro, com o TeatroCarlos Gomes de um lado e o Quarteiro Paulista do outro.Arquivo do Estado de So Paulo

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    Sumrio

    INTRODUO 09 CAPTULO 1 O LUGAR DO QUARTEIRO PAULISTA:

    Praa XV de Novembro 12 CAPTULO 2 UM NOVO TEATRO PARA RIBEIRO PRETO 282.1. Projeto e Construo 292.2. O autor do Quarteiro Paulista: Hyppolito Pujol Junior. 482.3. O comissionamento dos edifcios monumentaes 51 CAPTULO 3 USOS E PRESERVAO DE UM TEATRO 733.1. Um marco cultural e arquitetnico 743.2. Preservao do Patrimnio 823.3. Restauro do Theatro Pedro II 89 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 107

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    Um teatro de pera implantado no centro do quarteiro, ladeado poum hotel e um edifcio comercial, tendo como jardim uma praa. neste cenrio sobre o qual se desenvolveu a nossa pesquisa: o objetocentral dos nossos estudos o conjunto arquitetnico denominadoQuarteiro Paulista, definido pelo Dr. Meira Jnior, presidente daCompanhia Paulista, como um conjuncto harmnico de edifciosmonumentaes, composto pelos edifcios Meira Jnior, Theatro PedroII, e Palace Hotel.

    Neste estudo apresentamos algumas informaes referentes fundao e o desenvolvimento de Ribeiro Preto, enfocando a Praa XV deNovembro, suas transformaes - desde o original terreiro, passando aLargo da Matriz e posteriormente se transformando em praa ajardinada at a inaugurao do Quarteiro Paulista.

    Apresentamos tambm um quadro evolutivo morfolgico da PraaXV de Novembro, desde a sua demarcao como locus inaugural dacidade at a consolidao do passeio pblico e seu cenrio monumental arquitetnico.

    Em relao ao arquiteto que projetou o Quarteiro Paulista destaca

    mos a formao na Escola Politcnica do arquiteto Hyppolito Gustavo

    Introduo

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    Pujol Jnior, autor do projeto dos novos Theatro Pedro II e edifcioMeira Jnior, e da reforma do Palace Hotel, destacando especialmen-te a sua participao na Revista Politcnica, da qual foi presidente da

    comisso redatora em 19/04/1905 e, posteriormente, colaborador.Por meio do estudo desse peridico, particularmente dos textosreferentes arquitetura seus estilos, suas tcnica - pudemos com-preender o conceito de racionalidade utilizado por H. G. Pujol Jniorem seus projetos. E vale a pena lembrar a sua mxima, que a edifica-

    o deveria expressar ao observador sua estabilidade construtiva epossuir uma ornamentao equilibrada.Os dados menos conhecidos provavelmente se referem ao comis-

    sionamento do arquiteto e da descrio do processo de escolha domesmo. Os problemas apresentados no decorrer da obra de constru-o do Theatro Pedro II at o seu abandono pelo arquiteto so deta-lhadamente apresentados, podemos mesmo consider-la uma peque-na, mas rica histria das relaes profissionais e das dificuldadesentre comitente e autor. Destacamos as modificaes durante suaconstruo, sua maioria executadas pelo arquiteto sem a autorizaoda Companhia Paulista, motivo pelo qual processos judiciais forammovidos por ambas as partes.

    O teatro sofreu transformaes desde sua inaugurao at o incn-dio que destruiu parte do interior do edifcio. Esse processo, que ocor-reu devido mudana de seu uso de teatro para cinema, promoveu adescaracterizao nos espaos da platia, palco, balces e galeria.

    O restauro do teatro, simultaneamente a recuperao da Praa XV

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    de Novembro, foi o incio de um processo de recuperao do centrohistrico de Ribeiro Preto. Seguindo a metodologia correta para umainterveno de restauro, a equipe responsvel iniciou um levantamento

    do estado do edifcio aps o incndio.Deve-se destacar a principal interveno ocorrida durante as obras derecuperao, justamente a construo da contempornea e inovadoracpula sobre a platia, projetada pela artista plstica Tomie Ohtake,substituindo a original que foi gravemente danificada, restando apena

    a estrutura de ferro.Sobre o Palace Hotel devemos destacar a mudana de uso do hotelpassando a abrigar um Centro Cultural, buscando desta forma maiorintegrao com a populao e reforando o carter cultural do centrohistrico da cidade de Ribeiro Preto.

    Hoje, graas a polticas pblicas que na ltima dcada requalificaramo centro de Ribeiro Preto, o Quarteiro Paulista continua ocupando omesmo papel na dinmica urbana do velho tecido na capital da Mogiana; e tal conjunto harmnico oferece, com seus estilos, com suastecnologias, com a sua impostao monumental, a oportunidade paracompreendermos os diversos valores de uma modernidade que seafirmou pela serena tradio avanada da arquitetura clssica.

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    1. CAPTULOO LUGAR DO QUARTEIRO PAULISTA:Praa XV de Novembro

    Mapa de 1874. Planta Esquemtica da Vila de So Sebastio do Ribeiro Preto(Dcada de 70 do Sc. XIX). Fonte: Joel Aparecido Pereira / Jos Pedro de Miran-

    da. (VALADO, 1997, p. 33)

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    No cenrio da cidade de Ribeiro Preto temos na Praa XV deNovembro, um verdadeiro palco onde ocorrem as principais atividades da sociedade desde sua origem. A praa surgiu inicialmente com

    um espao livre em frente primeira Igreja da vila, local onde a populao se reunia para os atos religiosos, como procisses e missas ao alivre. Proporcionalmente ao crescimento populacional, sua importncia como centro da vida sacra e mundana aumentava. Uma igrejauma praa: regra geral das nossas povoaes antigas (MARX, 1980

    p. 54).Nas cidades coloniais os jardins eram raros, sendo apenas encontrados nas propriedades religiosas e nos quintais das residncias. Eramplantadas principalmente rvores frutferas e hortalias, tendo comobjetivo apenas a utilizao familiar. Apenas na segunda metade dsculo XIX se tornou usual a utilizao dos jardins em residncias reas pblicas. A funo dos jardins deixou de ser meramente utilitrio, para se tornar um elemento embelezador da cidade (MARX1980).

    Em Ribeiro Preto, apesar de vrias tentativas de arborizao daPraa XV de Novembro, que veremos a seguir, essa mudana ocorreria apenas no incio do sculo XX. O prprio centro do desenvolvimento da cidade de Ribeiro Preto se deu a partir da Praa XV dNovembro, que inicialmente constitua o local da Matriz.

    Em uma planta da cidade de Ribeiro Preto, de 1874, nota-se umpequeno aglomerado urbano exatamente na rea da praa, um pequeno povoado com casas espaadas. Em 1884 ocorreu a expanso d

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    rea urbana e a iniciativa de dar diretrizes slidas para o crescimentoda cidade (MARX, 1980).

    Os polticos das principais cidades brasileiras que enriqueciam com

    a exportao passaram a se preocupar com o embelezamento dacidade, das reas pblicas e privadas (ROBBA; MACEDO, 2002).Encontramos documentos transcritos da Cmara Municipal de

    Ribeiro Preto contendo a primeira interveno para a criao de um jardim na Praa XV. Em 25 de fevereiro de 1888, foi apresentado um

    requerimento Cmara para que mandasse [...] feixar o permetro do largo da Matriz (Praa XV) em frente aIgreja, cujo feixe esta orado em 500$000, obrigando os Supptes afazerem a sua custa um jardim perfeitamente arborizado pararecreio da populao (CIONE, 1992, p. 561).

    Algumas outras tentativas para a arborizao da rea da Praa XV ede outros logradouros ocorreram nos anos seguintes. Em Janeiro de1889, a Cmara concedeu licena a Luiz Franco de Morais Otvio

    [...] para feixar e ajardinar o pteo do lado de traz da Matriz e nocentro edificar chalet para recreio. [Em 1 de Abril de 1891, confor-me se v na ata de 20.05 deste ano, Tibrio Augusto pedia licenapara] ajardinar o largo da Matriz, fazendo os fechos necessrioscom arame lizo, madeira rachada e o mais que for necessrio(CIONE, 1992, p. 561).

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    Todas as propostas foram negadas pela Cmara, que em ata de 25 dOutubro de 1891, justificou que o servio de ajardinamento dolargos e praas deve ser por elle feito logo que a cidade seja dotada

    outros melhoramentos urgentes, mas no mesmo dia foi apresentada Cmara a seguinte indicao: Indico que se chame concorrentes pararborisar todo o quadro da Igreja com rvores de figueira branca overmelha, isto em roda do pteo e crusando de quarteiro em quartero (CIONE, 1992, p. 561).

    Em 11 de novembro de 1891, o vereador Virgilio da FonsecaNogueira enviou uma nova indicao Cmara que foi, posteriormente, tambm negada.

    Indico que a intendncia mande feixar o largo XV de Novembro oupr gradilho ou por arame liso conforme feixado o Jardim deCampinas, visto j ter resolvido arbirisar o dito largo. Approvadofeixando-se unicamente o quarteiro da praa comprehendido entreas ruas lvares Cabral e Tibiri, ficando encarregado paracontractar e fiscalizar o servio o cidado Tte. Luiz Franco deMorais Otavio (CIONE, 1992, p. 561).

    O Teatro Carlos Gomes iniciou o processo de investimentos privados na rea que envolvia a Praa XV de Novembro. Em Ata de 26 ddezembro de 1895, o Cel. Francisco Schmidt encaminhou o pedido dpermisso para a construo do Teatro.

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    Indico que esta Camara conceda permisso companhia ou socie-dade que se organizar para construo de um edifcio ou prdiopara theatro no quarteiro em frente Matriz desta cidade, PraaXV de Novembro com o encargo de fazer o fecho do mesmo,ajardinal-o ou raborisal-o como mais conveniente e sempre nopleno dominio e lougradouro pblico. Sala da Camara Municipal26 de Dezembro de 1895. Francisco Schmidt. Approvado (CIONE,1992, p. 561).

    Proveniente dos lucros do caf surgiu, em 1897, o primeiro teatro deRibeiro Preto, localizado onde hoje fica a Praa Carlos Gomes, refor-ando a existncia de um centro histrico-cultural. Construdo porvrios cafeicultores como o prprio Francisco Schmidt, conhecidocomo Rei do caf, Joaquim da Silva Gusmo, Francisco Augusto

    Sacramento, Virglio da Fonseca Nogueira e Luiz Pereira Barreto, oprojeto do teatro de autoria desconhecida, sabendo-se apenas que oconstrutor foi Dsio E. Fagnani (SOUBIHE, 1998).

    Para a construo do teatro, em 26 de dezembro de 1895, FranciscoSchmidt requereu junto Cmara Municipal o terreno fronteiro

    Igreja Matriz. Ele pretendia viabilizar a construo por meio da parce-ria entre investimentos pblicos e privados (VALADO, 1997).Inaugurado em 7 de dezembro de 1897, com a pera O Guarani,

    o teatro possua

    [...] a platia com forma oval, com capacidade para 400 pessoas,

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    Fachada do Teatro Carlos Gomes, APHRP

    Planta baixa do Teatro Carlos Gomes,APHRP, Planta n. 12 C.

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    circundada pelas frisas de veludo, cadeira estilo Luiz XV, e galeriacom mais de duzentas poltronas. No piso superior, logo acima dofoyer encontrava-se uma grande sala utilizada para as recepes ebailes da sociedade ribeiropretana (SOUBIHE, 1998, p. 51).

    A presena do teatro naquela rea atraiu importantes empreendi-mentos para o seu entorno e passou a enfatizar ainda mais o centroefetivo da cidade.

    Os acabamentos do teatro eram na sua maioria importados daEuropa. De acordo com Soubihe (1998) as escadarias eram de mr-more de Carrara, as canaletas de bronze alemo, o lustre central erafeito com cristais de Murano. Alm disso, a construo do teatro usoumadeira de lei, pinho de Rigas, vitrais italianos, telhas francesas,materiais do proscnio e da ribalta importados da Europa. Todos osdetalhes demonstravam a prosperidade que o caf trouxe cidade.

    Apenas em 1900 ocorria efetivamente a primeira ao de arboriza-o e melhorias na atual Praa XV de Novembro, proposta pelo advo-gado Dr. Augusto Ribeiro de Loiola, que consta na ata da sesso daCmara de 15 de agosto de 1900

    Tendo o ilustre advogado desta cidade o Sr. Dr. Augusto Ribeiro deLoiola se offerecido a ajardinar o quadro do largo XV de Novem-bro entre a praa General Ozrio, Tibiri, Duque de Caxias elvares Cabral, desde que a Cmara feche essas ruas mesmaquadra, peo a Cmara, autorizar o feicho da mesma quadra.APROVADO (CIONE, 1992, p. 562).

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    Desta forma comearam os trabalhos de ajardinamento da rea, como Dr. Loiola frente de todas as decises. Durante as obras, outraspersonalidades da poca se dispuseram a ajudar no embelezamento do

    Largo da Matriz, como se pode notar na ata da Cmara de 24 denovembro de 1900 (CIONE, 1992). O vereador Te. Cel. Joo Evangelista Guimares se comprometeu a doar um chafariz para o novo jardim; o coreto seria doado pelo Cel. Francisco Schmidt e o Dr. JooCaetano Alves declarou estar autorizado pelo Cel. Artur Diederichsen

    a doar todos os bancos necessrios. Na obra de Murillo Marx (1980), oautor afirma que a colocao de equipamentos como fontes, quiosquee coretos foi uma prtica comum no sculo XX. A praa tornava-sealm de ajardinada, equipada e pavimentada.

    Em 14 de Julho de 1901, foram abertos os portes do Jardim Dr.Loiola, como ficou conhecido o local, com a execuo do HinoNacional pela banda Filhos de Euterpe, sob a regncia de Maestro JosDelfino Machado. Em vrios pontos do Jardim encontravam-se letreiros onde se lia Confia-se ao pblico a guarda deste jardim (MARX1980, p. 562). A praa ajardinada representava a modernidade urbana.

    Esse ajardinamento marcou o incio de um perodo em que a reacentral sofria importantes transformaes. O entorno do Jardim do DrLoiola foi mais valorizado, contando com edifcios representativosgrandes comrcios e espaos culturais, como veremos a seguir.

    Em 1903, j em plena produo cafeeira, o centro j estava formadoe a ocupao territorial j avanava das barreiras naturais, que eram ocrregos Retiro e Ribeiro Preto. Dois anos depois o Jardim deixou d

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    contar com a presena da Igreja Matriz que foi demolida, iniciando-se as obras de construo da Matriz na rea localizada hoje na alturada Rua Amrico Brasiliense, entre as ruas Tibiri e Visconde de

    Inhama.Uma nova reforma ocorreu no Jardim do Dr. Loiola, em 1919,quando o Dr. Joo Rodrigues Guio assumiu a prefeitura e props oremodelamento da cidade. O antigo coreto foi substitudo por umnovo, os passeios receberam novas formas e iluminao adequada.

    No centro da praa, ocupando o lugar da Antiga Matriz, a CervejariaAntarctica instalou um bar, de formato circular, circundado por colu-nas em todo o seu permetro. Paraleleppedos lisos de pedra ferrosubstituram, no centro e nos bairros, o calamento de pedra britadasocada com saibro. A linha de bonde foi retirada da Rua Duque deCaxias.

    As novas formas da praa, seus passeios e seus novos equipamen-tos seguiram um padro influenciado pelos projetos paisagsticosfranceses e ingleses, que foram introduzidos no pas na segundametade do sculo XIX, na reforma do Passeio Pblico do Rio deJaneiro, pelo paisagista francs Auguste Franois Marie Glaziou.

    O ajardinamento das praas fazia parte das grandes modificaessofridas nas fisionomias urbanas das grandes cidades, no incio dosculo XX. Devido ao seu programa e sua forma, podemos denomi-nar a Praa XV de Novembro nesse perodo como uma praa eclti-ca, em decorrncia da criao de bulevares, o ajardinamento dasruas e praas, a criao de recintos ajardinados foram iniciativas

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    caractersticas das primeiras dcadas da Repblica (SEGAWA, 1988).Utilizando a metodologia de anlise de Robba-Macedo (2002), conclu-mos que o desenho dos passeios, o tipo de vegetao utilizada e os

    elementos pitorescos definem a Praa XV de Novembro como pertencente linha clssica dentro das praas eclticas.Os jardins clssicos eclticos eram inspirados nos jardins palacianos

    franceses que seguiam o traado geomtrico e a centralizao dos jardinsrenascentistas. Os principais elementos de um projeto clssico eclticoeram aparentes no projeto da Praa XV de Novembro

    simetria e regras acadmicas de composio, organizao axialdos caminhos, implantao de elementos pitorescos, poda topiriae vegetao arbrea plantada ao longo dos caminhos (SEGAWA,1988).

    A praa apresentava propriedades pinturescas , atestadas por meio da1

    1 - Gombrich recupera citaes em que se constata a preocupao dos pintores flamengos em napenas retratar a paisagem com fidelidade, mas recria-l ao sabor do artista. Foram precursoresnaquilo que se tornou conhecido como pinturesco, ou simplesmente pitoresco. A expressomxima dessa atitude est contemplada nas obras de Nicolau Poussin (1594-1665) e sobretudo nado francs radicado na Itlia Claude Lorrain (1600-82), artista da paisagem ideal - paisagensespirituais com aluses e alegorias da mitologia antiga e poesia pica, animadas com construesrunas e vigorosa presena da natureza. (...) A uma paisagem ou um jardim que os fazia pensar em

    Claude chamavam pinturesco idntico a uma pintura. SEGAWA, op.cit., p. 27.

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    variedade de suas partese da srie contnua deobjetos harmoniosos

    (PEVSNER, 1983).Nos projetos clssicoseclticos normalmenteos caminhos levavam aum estar central, queconsistia em uma rea depasseio circular, quepossua no seu pontofocal um elemento verti-calizado que poderia serum monumento, umafonte, um chafariz, umcoreto entre outros(ROBBA; MACEDO,2002).

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    Inaugurao Praa XV de Novembro 1901Fonte: Arquivo Foto Esporte

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    A Praa XV de Novembro possua duas reas de estar como pontofocal: uma na rea central, que apresentava como elemento verticali-zado o bar da Cervejaria Antarctica, em formato circular e o coretolocalizado direita. esquerda encontramos no local do estarcentral o Teatro Carlos Gomes, reforando o eixo principal da Praae funcionando como um terceiro e importante ponto focal.

    Os caminhos principais eram dispostos em cruz e cada um dos trselementos principais da Praa (Teatro, Bar e Coreto) era envolto porum passeio perimetral. Podemos assim dizer que a Praa XV deNovembro seguia o esquema da trade clssica bsica, j que reuniaos trs elementos necessrios: caminhos em cruz, estar central comum ponto focal e seu elemento verticalizado, e passeio perimetral.Analisando as praas eclticas de linha clssica anteriores a 1919,podemos notar a precedncia direta do desenho da Praa da Repblicade Recife, de 1875, de autoria de Emile Beringer. Esta praa tambmpossua trs estar centrais, dividindo a rea em trs partes, sendo queno estar esquerdo temos como ponto focal o Teatro Santa Isabel. Oteatro, da mesma forma que em Ribeiro Preto, ocupava local dedestaque na praa, sendo envolvido pelo jardim e fortalecendo o eixo

    principal da rea.Na dcada de 1920 a arquitetura em Ribeiro Preto sofreu inova-es. A Cmara Municipal, em 1921, ofereceria pelo Cdigo de Postu-ras novas diretrizes nas construes. Exigia-se simetria e proporciona-lidade nas aberturas das fachadas, altura dos ps-direitos e utilizao

    de ferro fundido ou cantaria nas sacadas e nos gradis dos jardins.

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    b d d d

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    Novembro, podia-se notar a presena dos vrios tipos deconstrues, desde edifcios pblicos, como teatro e paomunicipal, edifcios comerciais, at residncias e palacetes.

    Surgiram na paisagem as mais importantes representaesda arquitetura residencial e pertencente cultura eclticade Ribeiro Preto, sempre representando as aspiraes daselites (REIS FILHO, 1983).

    No auge do perodo cafeeiro, a Companhia CervejariaPaulista resolveu construir na Rua lvares Cabral, na partefronteiria da Praa XV de Novembro, um conjunto arquite-tnico que seria denominado Quarteiro Paulista. Este setornaria um grande empreendimento cujo objetivo, alm doembelezamento da cidade, fortaleceria Ribeiro Preto comoplo do interior. O Quarteiro Paulista foi a concluso doprocesso histrico de transformaes da Praa XV deNovembro.

    1868 Construo da Igreja Matriz. A partir do terreiro daMatriz surgem os primeiros eixos de ruas.

    1890 O Largo da Matriz demarcado por Manuel Fernan-des do Nascimento. Alegando que o Largo era muito grande

    Histrico de ocupao da Praa XV de Novembro

    d l il d l di idi d

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    os vereadores resolveram grilar parte dele, dividindo oantigo Largo em dois, formando a Praa Rio Branco.

    1897 Inaugurao do Teatro Carlos Gomes. Construdopor um grupo de cafeicultores do qual fazia parte o rei docaf, cel. Francisco Schmidt. Apos trs anos iniciaram-seos trabalhos de ajardinamento da Praa XV de Novembro.

    1905 A Igreja Matriz, que j se encontrava em runa e semas duas torres que cedera devido aos cupins, demolida.Logo apos na atual Praa das Bandeiras, iniciada as obrasde construo da Catedral.

    1917 - Inaugurao do Pao Municipal do Rio Branco.Dois anos depois uma nova reforma na Praa XV deNovembro modifica as formas dos passeios alem de incluirum novo coreto, um bar da Cervejaria Antarctica no local daVelha Matriz e iluminao adequada.

    1930 Inaugurao dos edifcios que compem o Quartei-ro Paulista (Theatro Pedro II, Edifcio Meira Jnior ePalace Hotel), construdo pela Companhia CervejariaPaulista.

    1944 Demolio do Teatro Carlos Gomes

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    2. CAPTULOUM NOVO TEATRO PARA RIBEIRO PRETO

    Fachada Theatro Pedro II Fonte: Arquivo da autora

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    2.1. Projeto e Construo

    No incio do sculo XX, surgiram as primeiras indstrias em Ribei-

    ro Preto e os seus polticos alcanaram uma emergncia nacional.Foram instaladas na cidade duas grandes cervejarias. Em 1911, foiaberta a Companhia Antarctica, principal empresa da Companhia nointerior do Estado; em 18 de abril de 1914, foi a vez da inaugurao daCompanhia Cervejaria Paulista, criada com capital ribeiropretano,tendo a frente dos negcios o Dr. Joo Alves Meira Junior.

    Ribeiro Preto acompanhava a euforia de So Paulo que, por meiodo progresso, observava o crescimento das atividades culturais e aconstruo de inmeras casas de espetculos, principalmente no centroda cidade (HOMEM, 1996).

    O ramo de cassinos e cabars j era explorado em Ribeiro Pretopelo francs Franois Cassoulet, trazendo o luxo que os grandes coronis buscavam ao voltar da Europa.

    O caf fazendo fortunas do dia para a noite, dando lucros tanto aosgrandes senhores de terras como aos intermedirios, era fatal que

    uma vida noturna surgisse logo. Grandes coronis, grandes fortu-nas, e teramos como aconteceu, de importar uma civilizao comtodo o luxo condizente com o dinheiro que se derramava nas ruas(CIONE, 1992, p. 208).

    Em Ribeiro Preto foi inaugurado um dos primeiros cafs-cantantes

    do pas localizado na Rua So Sebastio chamado de Eldorado

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    do pas, localizado na Rua So Sebastio, chamado de Eldorado ,cujo nome se explica pelo fato da cidade ser conhecida na pocacomo Eldorado Paulista; e com o crescimento deste, outras casas do

    gnero foram surgindo. Originrios na Frana do sculo XVII, oscafs-danantes eram apresentados pelos Ballets du Roy ou baltscmicos nas feiras em Saint-Germain. A atividade se caracterizavapor espetculos de dana, canto, entre outros. A crtica aos costumesera uma marca dos enredos, que se cercavam de elementos da artecircense, do teatro mambembe, da pantomima e do bailado operstico(LIMA, 2000).

    Logo aps a inaugurao da Companhia Antarctica, acompanhandoo crescimento da vida noturna de alto nvel na cidade, foi inauguradoo Cassino Antarctica na Rua Amador Bueno, tambm com FranoisCassoulet que se tornou um dos maiores e mais conhecidos empres-rios da regio.

    O Cassino Antarctica representava a loucura paga com o dinheirodo caf.

    Para o Cassino Antarctica no bastava importar a champanhaVive Clicquot. Importavam-se tambm as francesas para o

    degustamento dos freqentadores. Jogavam-se milhares de contosde ris, acendia-se charutos cubanos com notas de mil ris. Vivia-se a larga.(...) A jogatina era livre e espetacular. Bancava-se aroleta, jogos de dados, cartas. A poca era sensacionalmentepromiscua: no Cassino Antarctica misturavam-se grandes coro-nis, polticos importantes, milionrios, estrangeiros, pobres,

    bomios, prostitutas de alto nvel, gigols enfim o mundo da poca!

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    , p , g g p(CIONE, 1992, p.208).

    A Companhia Cervejaria Paulista, idealizada por Joo Alves MeiraJnior (importante advogado, empresrio e poltico da regio, presidenteda Companhia), Albano de Carvalho e Jos Rossi, comeou a ter lucrosno comeo da dcada de 20 e a diretoria da Cervejaria resolveu aplicar osreferidos lucros na prpria cidade de Ribeiro Preto (CIONE, 1992, p.355).

    Em 1927, compraram do comerciante de caf Adalberto de OliveiraRoxo terrenos no centro da cidade, na Rua lvares Cabral, entre as ruasDuque de Caxias e General Osrio, com a finalidade de construir umteatro e um prdio de escritrios que, junto com um hotel j construdo, ochamado Central Hotel, formariam o Quarteiro Paulista. Para a constru-

    o dos demais edifcios do Quarteiro, alguns imveis foram demolidos:o Caf Tringulo, a Livraria e Papelaria Kujawsky e o Escritrio deCompra e Venda de Caf de Jarbas de Alcantara (SOUBIHE, 1998).

    O Hotel Central foi construdo por Adalberto de Oliveira Roxo, naesquina da Rua Duque de Caxias, e inaugurado em 1926. Para a constru-

    o do Hotel, Adalberto Roxo comprou diversos imveis da quadra, entreeles a Casa de Bicicletas do Torres e um escritrio comercial(SOUBIHE, 1998).

    A Cervejaria expe as plantas do majestoso Theatro Pedro II e doPrdio Meira Jnior no centro da cidade (Praa XV) para que a populaopudesse apreciar a mais nova expresso do poder e da riqueza da cidade(CIONE, 1992).

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    C t l H t l

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    O projeto do Quarteiro Paulista surgiu da vontade da Com-panhia Cervejaria Paulista de construir, na rea mais nobre dacidade, no entorno da Praa XV de Novembro, dois edifciosum Theatro de pera e um edifcio que comportaria umaconfeitaria e escritrios. Comandando esse empreendimento

    estava o seu presidente, Dr. Joo Alves Meira Jnior, que acompanhou todas as fases do desenvolvimento do projeto at aexecuo e a finalizao.

    A construo dos edifcios seria, na viso de Meira Jnior, umagradecimento da Companhia cidade.

    A Companhia Cervejaria Paulista, para corresponder aofavor publico a que devia o seu crescente desenvolvimento,deliberou cooperar no embellezamento da cidade, fazendoconstruir no centro do chamado quarteiro paulista, Praa 15 de Novembro, um theatro e ao lado deste, em

    pendant com o do Central Hotel, outro predio de lojas eescriptorios (MEIRA JUNIOR, 1932, P. 3).

    A cidade j havia provado o potencial de absorver as atividades culturais mais diversas, j que estabelecimentos paulistanoabriram posteriormente filiais na cidade, como o Politheama e

    Central HotelFonte: Arquivo Foto Esporte

    o Cassino Antarctica.

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    O Theatro, principal edifcio do Quarteiro Paulista, no projetoapresentado ao Jri e ganhador da concorrncia, obra do arquitetopaulistano Hyppolito Gustavo Pujol Jnior, foi descrito pelo Dr. MeiraJr. da seguinte forma:

    O theatro conteria um vestibulo monumental, no primeiro pavi-mento o foyer de passeio e mais dois amplos sales de circulao erepouso, mais duas outras salas; no segundo pavimento os mesmos

    numeros de salas, sales e foyer. O monumental vestibulo deentrada, o foyer e os sales do primeiro andar deveriam ser trata-dos, como as peas principaes, com decorao rica em que se appli-cariam, como elementos predominantes, o estuque fino de gesso,escadarias de marmore e balustradas de ferro forjado. [...] As salasde espectaculos teriam a capacidade para accommodar confortavel-mente duas mil oitocentas e quinze (2.815) pessoas, sendo 1.454 nopavimento terreo; 346 no primeiro andar; 401 no segundo e 614 noultimo. Colossal! (MEIRA JUNIOR, 1932, p. 5-6).

    O presidente da Companhia tambm comentou o programa e alguns

    detalhes do Edifcio Meira Jnior.O pavimento terreo do edificio commercial seria destinado ainstallaes de lojas e principalmente de uma confeitaria de luxo,sendo os andares superiores occupados com magnificos escripto-rios. A confeitaria teria as portas moda europa, em grandes vosenvidraados, de entrada vedada; na area central graciosa pergola,

    com plantas verdes, daria a illuso de verdadeiro jardim e no

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    p jprimeiro pavimento um espaoso salo de ch, finamente decorado(MEIRA JUNIOR, 1932, p. 5).

    O Quarteiro Paulista seria composto pelos dois novos edifcios(Theatro Pedro II e Edifcio Meira Jnior) e pelo Central Hotel, construo j existente que aps a reforma seria chamado de Palace Hotellocalizado na esquina das ruas Duque de Caxias e lvares Cabral.

    Para que os trs edifcios formassem um conjunto com a mesma

    linguagem arquitetnica o arquiteto props algumas modificaes noHotel Central. Foram aplicados diversos elementos decorativos nafachada, como frontes e flores, acompanhando as ornamentaesdos demais edifcios que formariam o Quarteiro Paulista. As varandas de esquina foram fechadas, a entrada recebeu um toldo de vidro

    similar ao do Theatro Pedro II e uma cpula igual ao do edifcio MeirJnior foi construda.Para se criar uma unidade, o arquiteto props: De fora a fora, desde

    o canto da Rua General Ozorio at o canto da Rua Duque de Caxiashavia uma columnata que cobria largo trotoir, na frente dos edif

    cios... (MEIRA JUNIOR, 1932, p. 6). Logo aps a aprovao daplanta pela Prefeitura, em maro de 1928, comeou a demolio doedifcios localizados onde se construiria o Theatro e o EdifcioComercial.

    Hyppolito Pujol havia sido contratado, em 1927, para consolidar afundaes do Central Hotel, dessa forma j possua conhecimentos

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    Palace Hotel - Fonte: ArquivoMunicipal de Campinas

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    zao da Companhia Paulista, o que causou desentendimentos judi-i i li d i t l O i i i

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    ciais que sero analisados no prximo captulo. O primeiro acrscimofoi a construo do Cabaret que ficaria no poro do Theatro Pedro II.A obra seria executada da seguinte forma:

    Escavava-se toda a area central, por baixo da plata e varandas; opiso desta parte do pavimento terreo do Theatro, que deveria serfeito sobre o cho devidamente preparado, seria construido sobrelageo de cimento armado. As columnas mestras do edificio teriam

    maior altura - correspondentes do poro e para supporte dolageo da plata seriam necessarias novas vigas de cimentoarmado. Sob aquelle lageo, um outro serviria de forro ao salo dodancing (MEIRA JUNIOR, 1932, p. 15-16).

    A empresa contratada para a execuo das obras de cimento armadofoi a E. Kemnitz & Cia. que ficaria responsvel inicialmente pelasestruturas do Theatro, Prdio Comercial, Cabaret e Poro da frente.Durante as obras resolveu-se que no subsolo do prdio comercial,seria aproveitada parte do corredor lateral do Theatro para uma adega(MEIRA JUNIOR, 1932).

    As principais modificaes feitas foram a excluso do salo de chda confeitaria, no pavimento trreo do edifcio Meira Jnior, de quatrosalas e um foyer no Theatro, a reduo da capacidade do Theatro e ano construo do terrao na frente dos trs edifcios como veremosno levantamento a seguir. Foram autorizados pela Companhia Paulista

    apenas seis acrscimos obra durante a administrao do Dr. Pujol

    Junior: a construo do Cabaret, poro da frente e adega, ampliao do d i l d i l d

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    nmero de pontos para a instalao de gua e esgotos, instalao derede telefnica e cobertura do ptio interno do edifcio Meira Jnior.

    De acordo com Julio Martins, que deixou a administrao das obrasem Outubro de 1929, reassumindo em maio de 1930, as modificaesocorridas foram, no prdio comercial, o aumento da cozinha, da adegae o lanternim de vidro na rea central; no teatro, o poro para o cabare o lageo de cimento armado, onde esto a platia e a cpula emgesso (MEIRA JUNIOR, 1932, p. 30)..

    Adolpho Zoccola, substituindo Julio Martins, de outubro de 1929 amaio de 1930, administrou outras pequenas modificaes no projetooriginal, entre elas, o desenho da moldura e a tonalidade das tintas dacpula do teatro; no prdio comercial ocorreram no pavimento trreo,na parte destinada confeitaria, onde foi demolida a parede para ficarum arco aberto, duas janelas foram abertas para o lado do teatro(Depoimento de Adolpho Zoccola. In: MEIRA JUNIOR, 1932).

    O Dr. Meira Junior esclarece o fato citado da abertura de janelasnovas: No houve propriamente abertura de janellas novas; as quedariam para a pergola foram removidas para o corredor do Theatro

    porque a pergola, area aberta, jardim, passou a ser area coberta(MEIRA JUNIOR, 1932, P. 33). Devido a uma deciso da Diretoriada Companhia Paulista e do Prefeito Municipal, houve uma modifica-o das portas de entrada dos automveis no Theatro. A Diretoriaexplicava essa mudana devido a um erro profissional do sublime

    architecto do Pedro II (MEIRA JUNIOR, 1932, p. 33).

    Durante a vistoria foi detectada a impossibilidade da passagem de l b i d d Th i j I

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    veculos por baixo do terrao do Theatro, como previa o projeto. Issoocorreu porque entre as bilheterias e as guias, raspando as quaes passa-riam os automoveis, deixara o Autor [Hyppolito Gustavo Pujol Junior]espao de oitenta centimetros (MEIRA JUNIOR, 1932, P. 33-34).

    Devido aos desentendimentos entre o arquiteto e a Companhia Paulista,o Dr. Pujol Junior, em 18 de Junho de 1930, declarou que no voltariamais a Ribeiro Preto at que as obras, que estavam inacabadas, fossemconsideradas como concludas, com isso a Companhia tornou-se respon-svel diretamente pela obra at sua inaugurao.

    A Cia. Paulista executou obras preliminares para o assentamento daspoltronas, como a collocao de taco no cimento da plata, o alargamentodos degraus dos balces; apressou o servio de tapearia, encommendouo apparelhamento sonoro, cuidou da pintura (MEIRA JUNIOR, 1932, P.92).

    Devido ao processo movido pelo arquiteto Pujol Junior que pretendiareceber uma indenizao da Companhia Paulista, uma vistoria nos edif-cios foi feita por trs engenheiros. De acordo com o Dr. Meira Junior, essavistoria um libello formidavel contra a competencia do architecto e a

    sua honestidade profissional (1932, p. 135).Trechos desse laudo demonstravam claramente a qualidade dos edif-cios construdos, bem como as diferenas entre o projeto apresentado Companhia Cervejaria Paulista e o que se apresentava construdo peloarquiteto.

    Quanto estabilidade, apesar do Theatro e do predio commercialapresentarem rachas e fendas como se acham especificadas nas

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    apresentarem rachas e fendas, como se acham especificadas nasrespostas aos quesitos da R, julgamos que a construco bemestavel. [...]. Sobre a dignidade, sobriedade e justa medida de rique-sa, tanto externa como internamente, nada achamos que criticar;sobre o acabamento, achamos que em muitas peas defeituoso,assim podemos mencionar os espelhos de ornamentao do foyer, oassoalho do mesmo, os pizos em geral, a declividade de algunsgabinetes sanitrios, camarotes e frizas abertas e sem cortinas,soleiras de portas salientes sobre os pizos. Os defeitos principaesque possam justificar qualquer reclamao fundada da R so osseguintes: - Caixa da orchestra muito funda; falta da cabine decomando do palco, buraco exiguo para o ponto, falta dos chuveirosna caixa do Theatro, diminuio da lotao, falta de uma entradaabrigada para vehiculos, degraus das archibancadas e balces

    estreitos, falta de guarda-roupa na caixa do Theatro, falta de com-mando da intensidade luminoso do palco, falta da lage de forroisolando o cabaret (MEIRA JUNIOR, 1932, P. 135-136).

    Indagados sobre as modificaes e enriquecimento da decoraointerna afirmaram que o Theatro construdo era muito diferente do quefoi projetado e contratado pela Cia Paulista.

    Sobre o desenvolvimento da arquitetura externa dos dois edifcios,Theatro Pedro II e edifcio Meira Junior, os peritos afirmavam:No achamos que tivesse havido maior desenvolvimento na architec-tura externa do Theatro e do Palacete, sendo que as fachadas do

    projecto approvado eram mais ricas do que as que se acham executa-das (MEIRA JUNIOR 1932 p 138)

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    das (MEIRA JUNIOR, 1932, p. 138).A lotao do Theatro e a possibilidade de um aumento foram anali-

    sadas pelos peritos.

    A lotao geral do Theatro de 2.079 logares. Na plata e varandasexistem 952 poltronas. Nas frizas e foyers existem 364 localidades.Nos camarotes e balces existem 322 localidades. Nas galerias,existem 431 logares. Tendo-se em conta a visualidade, e o regula-

    mento policial e a commodidade publica, impossivel se completarpara 1.454 o numero de poltronas (plata e varanda). Tambm noha possibilidade de se augmentar a lotao das demais localidades.Achamos que, como commodidade para o publico, a lotao j estacompleta; somente nas galerias, si forem feitas obras especiaes,podero ser augmentadas as localidades, sendo que o augmentodependeria das disposies adoptadas ( MEIRA JUNIOR, 1932, p.138).

    Com relao concordncia da execuo das obras com o memorialdescritivo apresentado pelo arquiteto H. G. Pujol Junior Companhia

    Paulista, que serviu de base para o contrato, os peritos deixaram registrado que os prdios vistoriados no correspondiam memria, pois,no possua a arcada ligando os trs edifcios; o teatro no foi concebido para ter o mximo possvel de lotao; as escadas de acesso ao pisosuperior no estavam no vestbulo; foram excludos do projeto os

    sales de circulao e de repouso; o nmero de frisas e camarotes era

    menor; no quarto pavimento o anfiteatro estava incompleto; a caixa doteatro no oferecia a mxima comodidade (portas dos camarins eram

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    teatro no oferecia a mxima comodidade (portas dos camarins erambaixas, os banheiros eram pequenos, no havia chuveiro, etc.). Osperitos terminam afirmando que as portas externas da confeitaria noforam construdas em grandes vos envidraados, europa

    Podemos concluir pela lista apresentada que, alm da modificaodos custos da construo dos edifcios, ocorreram tambm mudanasprojetuais e de materiais resultando em diferenas entre o QuarteiroPaulista apresentado inicialmente aos diretores da Companhia Paulis-ta e o Quarteiro Paulista apresentado populao na sua inaugura-o.

    Edifcio Meira JuniorFonte: Arquivo Foto Esporte

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    Theatro Pedro IIFonte: Arquivo Foto Esporte

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    2.2. O autor do Quarteiro Paulista: Hyppolito Pujol Junior.

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    Q ypp jA figura do engenheiro-arquiteto era uma novidade at 1894, quando

    o curso foi criado na Escola Politcnica de So Paulo, havia umagrande necessidade de profissionais principalmente na rea de constru-o civil (LEMOS, 1993).

    Hyppolito Pujol Junior fazia parte da primeira turma ingressante.Para se ter uma idia da inovao que isso significava, enquanto no

    perodo de 18991917 o curso de engenharia civil formou 220 profis-sionais, apenas 20 engenheiros-arquitetos se graduaram.

    O aluno formado pelo curso de engenheiro-arquiteto possua umaviso humanista que lhe conferia maiores oportunidades de disputade cargos pblicos, e at cargos ligados poltica. Tratava-se deuma elite dentro da escola (CARAM, 2001, p. 55).

    Aps terminar o curso de engenheiro-arquiteto Pujol Junior foi paraSantos trabalhar na Comisso de Saneamento e, em 1906,retornou Escola Politcnica para lecionar e trabalhar no Gabinete de Resistncia

    dos Materiais. Como professor da Escola Politcnica ocupou a vaga de lente substituto contratado da cadeira de Teoria da Resistncia dosMateriais e Grafo-Esttica, Estabilidade das Construes, Tcnolo-gia do construtor Mecnico e Industria Txteis (CARAM, 2001, p.55).

    Os laboratrios na Europa evoluam e o Gabinete necessitava denovas mquinas e instalaes. Paula Souza comissionou Pujol Junio

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    q jpara estgios nos laboratrios de Zurique, Stuttgart, Viena, Berlim eParis, de onde traria, aps um ano, um plano de desenvolvimentoracional e metdico das instalaes (CARAM, 2001,). As novasinstalaes do Gabinete seguiriam o programa do laboratrio de Vien

    O laboratrio desenvolvia principalmente pesquisas de metalografie concreto armado, sendo que uma das primeiras aplicaes conhecidas do mtodo foi a anlise do comportamento das vigas de ferro daprimeira obra de Pujol em So Paulo, o edifcio Guinle .

    Na arquitetura de Pujol Junior, associados aos elementos estilsticoutilizados, estavam as inovaes tcnicas que encontramos em cadaprojeto executado. A arquitetura apresentava no apenas os elementodecorativos utilizados nas construes da poca, mas tambm umanova tecnologia que se desenvolvia nas experincias no Gabinete deResistncia dos Materiais na Politcnica de So Paulo.

    A racionalidade consistia na integrao da estabilidade evidente noedifcio, quer pelo evidenciamento das nervuras e emprego de materiaes de natureza diferente ou pela transmiso conveniente das

    cargas e pela utilizao equilibrada das ornamentaes (Revista Poli

    49

    3-Sabemos que Pujol projetou obras de engenharia e escreveu textos crticos sobre arquiteture tecnologia no perodo que vai da fase de formao na Escola Politcnica at a dcada de 1910quando recebe a proposta de projetar o Edifcio Guinle. Essa produo, registrada na RevistaPolitcnica, pode ser considerada fruto de experimentao e amadurecimento tanto de Pujol

    quanto da prpria publicao. Ibidem, p.112.

    3

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    2.3. O comissionamento dos edifcios monumentaes

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    Utilizamos como fonte para escrever sobre o comissionamento asalegaes finais da Companhia Cervejaria Paulista no processo movidopelo arquiteto Hyppolito Gustavo Pujol Junior. O texto, redigido pelopresidente da Companhia e advogado Dr. Joo Alves Meira Junior,apresenta transcries de importantes documentos e de depoimentosdecorrentes do processo.

    Por meio desse documento pudemos compreender o processo deconstruo do Quarteiro Paulista, desde os desejos que levaram aCompanhia Paulista construo do conjunto, at a finalizao da obrasem o acompanhamento do arquiteto H. G. Pujol Junior.

    Para a construo do grandioso emprehendimento, a CompanhiaCervejaria Paulista estabeleceu um concurso entre quatro arquitetospr-selecionados. Cada arquiteto deveria apresentar Companhia, almdo projeto, um memorial descritivo e seu respectivo oramento.

    A escolha do projeto ocorreu seguindo algumas diretrizes.

    Ligava-se muita importncia s linhas architectonicas, s condies

    de segurana e solidez dos prdios, ao melhor aproveitamento doterreno e, quanto ao theatro, seria elemento ponderoso para a prefe-rencia mais um requisito: o da maior lotao sem o sacrifcio doconforto dos espectadores (MEIRA JNIOR, 1932, p. 3-4).

    O grande interesse pelo concurso que o arquiteto Hyppolito GustavoPujol Junior demonstrou e sua insistncia ficaram evidentes na declara-

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    o do Dr. Meira Jnior, presidente da Companhia Cervejaria Paulis-ta.

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    O Dr. Hyppolito Gustavo Pujol Junior foi o typo do candidatoque dia a dia, por carta, telegramma e telephone, se interessavapela soluo da concorrencia e no nos deixou em paz sinoquando se certificou de que a acceitao do seu era aconselhadopelos technicos que, em jury, examinaram, criticaram e julgaramos treis projetos apresentados (MEIRA JUNIOR, 1932, p. 4).

    O presidente da Companhia reforou os mritos do projeto deHippolyto Pujol e descreveu o esmerado trabalho apresentado ao jri

    .No se lhe fez favr algum; o projecto Pujol fora realmente o demais perfeita concepo architectonica, o que melhor aproveitavao terreno e o que attribuia maior capacidade s salas de espectacu-los do theatro. A par de tudo isso, fora o seu projecto caprichosa-mente apresentado e artisticamente apresentado em custoso papel.Como detalhe, para impressionar melhor, em rica moldura, acom-panhava, finamente aquarelada, a fachada que parecia reproduzidade photografia tomada ao natural: em frente a montra de uma daslojas elegante dama, segurando o indefectvel tt, ralava-se deinveja diante das offuscantes jias alli expostas; porta da confei-taria um garoto chupava o dedo para acalmar as lombrigasassanhadas com as gulodices que entupiam vitrines e estufas; porta do theatro carssima limousine parada; saccada do grande

    salo da confeitaria viam-se pares j cansados do ch dansante; no

    terrao do theatro haviam espectadores risonhos que pareciamdizer: mas que bella pea a Paulista levou!...E junto aos lindos desenhos e espalhafatosa aquarela l estava a

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    E junto aos lindos desenhos e espalhafatosa aquarela, l estava adescripo verdadeiramente seductora de como seria executado

    aquelle conjuncto harmonico de edificios monumentaes (MEIRAJUNIOR, 1932, p. 4-5).

    O parecer do Jri foi emitido em 23 de Janeiro de 1928, sendoo projeto aprovado pela prefeitura em maro e, s aps isso, em 26 demaio do mesmo ano, que o contrato com o arquiteto foi assinado.Sabe-se que, mesmo antes da escolha final do Jri, em novembro de1927, o arquiteto Hyppolito Pujol j havia sido contratado para consolidar as fundaes do Central Hotel, edifcio ao lado de onde seriaconstrudo o Theatro Pedro II . No se sabe por que a escolha recorreusobre Pujol, nem se isso favoreceu o resultado do concurso.Conformeo Dr. Meira Jnior afirmou diversas vezes no documento Allegaesfinaes da R, durante todo o processo de contratao do arquiteto e dconstruo dos edifcios, a preocupao pelo custo final da obra eraevidente.

    Os custos das construes foram fixados em 1.959:592$800, sendoque 1.529:278$100 seriam gastos na construo do Theatro e430:324$700 no Edifcio Comercial (que viria a ser chamado de Edifcio Meira Junior). O arquiteto receberia 14% de honorrios, chegando

    4 - Conforme carta anexa ao processo, fls.274.

    4

    ao custo total de Rs. 2.223:347$034. A Companhia Paulista, em cartaescrita a Hyppolito Pujol pelo seu presidente em janeiro de 1928,

    i i i d i d i i i

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    exterioriza a inteno de seguir o oramento e de no iniciar a cons-truo se isso no fosse possvel (MEIRA JUNIOR, 1932).

    Antes da assinatura do contrato definitivo, novamente a CervejariaPaulista pediu ao arquiteto que reduzisse o oramento apresentadodurante a concorrncia dos projetos. Este respondeu em carta no dia05 de janeiro de 1928:

    Assim, pensamos que si V. Sas. Concordarem na organizao dooramento definitivo com um acabamento de primeira ordem edigno do edifcio, porm sbrio sem excesso de decorao, poder-se- facilmente reduzir a nossa primeira estimativa de cerca de2.240:000$000, obtendo com segurana uma economia de 15 a20% no oramento total (MEIRA JUNIOR, 1932, p. 274).

    Hyppolito Pujol entregou Companhia Paulista a nota de dispen-dio de cada trimestre para que esta conseguisse junto ao Banco deSo Paulo uma abertura de crdito de 2.000:000$000 para aconstruo.O Dr. Meira Jnior afirmou que a operao de crdito teriadois objetivos.

    [...] uma a de assegurar a mais rigorosa pontualidade no pagamentodo custo das construces, outra a de conjurar possvel perturbaoda vida economica-financeira da Companhia com a retirada do

    gyro commercial e a immobilisao do grande capital a se inverter

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    repdio que passou a ter por Hyppolito Pujol Jnior e seus atos:

    A raposa quando salteia um gallinheiro faminta cerva se bem nos

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    A raposa, quando salteia um gallinheiro faminta, cerva-se bem nosdois primeiros pares de gallinhas que mata; e como se v farta, degola

    as demais, e vae-lhes lambendo o sangue por acepipe. Isso mesmosuccede aos que furtam com unhas fartas, que no param nos roubos,por se verem cheios, antes no fazem maior carniceria no sanguealheio: so como as sanguexugas, que chupam at que arrebentam(Arte de Furtar, ed.1919, pg.219 apud MEIRA JUNIOR, 1932, p. 13).

    As primeiras modificaes no projeto ocorreram antes mesmo daassinatura do contrato entre a Companhia e o arquiteto. Em cinco deabril de 1928, o arquiteto props o aproveitamento da rea do porodo Theatro para a construo de um salo de cabaret que no causa-ria grande aumento no oramento e que serviria como fonte de renda.

    Durante as obras de estrutura dos edifcios ocorreu o primeiro errono pagamento dos servios executados. A empresa E. Kemnitz & Cia.recebeu duas vezes pela execuo do Poro da Frente, no valor de24:000$000 (MEIRA JUNIOR, 1932, p. 18-19). Esse seria apenas oprimeiro de uma srie de equvocos cometidos pelo arquiteto.

    O mesmo abuso no exceder os oramentos, os mesmos enganos decontas e outras regularidades apresentam as medies dos demaisempreiteiros, especialmente as de Guilherme Degen (alvenaria detijolos), de Ulysses Pelliciotti & Cia (ornatos), Irmos Granja(esquadrias) e B. SantAnna & Cia (installaes electricas)(MEIRA JUNIOR, 1932, p. 19).

    No caso das obras a cargo de Guilherme Degen, a Companhia nconcordou com o valor da primeira medio de servios e quando di igi H lit P j l b f t b d d

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    dirigiu a Hyppolito Pujol sobre o fato, esse ameaou abandonar a admnistrao das obras. A Companhia no aceitou e, posteriormentacusou o arquiteto de exagerar nas medies.

    A primeira medio dos servios a cargo de Guilherme Degen erevidentemente imaginaria. No havia na obra trabalho ou materiaem quantidade que pudesse justificar a cifra da conta apresentada.

    simples observao nossa a esse respeito, o Dr. Pujol Juniorabespinhou-se e veio aqui, cheio de fingida indignao, entregar Companhia Cervejaria Paulista as obras cuja administrao renunciava! [...] (MEIRA JUNIOR, 1932, p. 19-20).

    Outro fato provado pela Companhia Paulista foi que o arquiteto Hypolito Pujol recebia dinheiro para o pagamento das medies e nrepassava para os empreiteiros, pagando os servios com terrenoprprios em So Paulo. Alm disso, o arquiteto cobrava da Companhas medies durante vrios meses, tendo pagado ao empreiteiro umvez apenas.

    Durante a execuo da obras o Dr. Pujol Junior, recebeu da R, parpagar, em conta de medies, a B.SantAnna & Cia. a quantia de R29:096$100. O Dr. Pujol Junior pagou a B.SantAnna & Cia.com terrnos em So Paulo, no lhes tendo chegado s mos aquella quantia dRs. 29:096$100.

    Aqui esta a prova: B.SantAnna & Cia. o scio solidario BenedictoServulo de SantAnna - B.SantAnna & Cia. Ltda. Receberam de umas vez a importancia das installaes, de modo que o Dr. Pujol Junior

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    p , q jno disse a verdade quando apresentou medies Companhia Cerve-

    jaria Paulista em maro, abril e julho de 1929 e si recebeu da Compa-nhia as quantias destas medies, as mesmas no forma entregues aB.SantAnna & Cia. Ltda (MEIRA JUNIOR, 1932, p. 21).

    Um balano geral das obras foi proposto em carta do arquiteto Hyp-polito Pujol Junior em 10 de Outubro de 1929 Companhia Paulista. Oarquiteto explicou que os atrasos nas obras foram causados pelaschuvas e pelos trabalhos de fundao e apresentou previses de gastose de datas para o trmino das obras do Theatro e do Edifcio Comercial.

    O Edifcio Comercial seria entregue ainda em 1929, e o Theatro nofinal de fevereiro ou incio de Maro de 1930. Foram tambm apresen-

    tadas previses das medies mensais at o trmino das obras. No finalda carta o arquiteto afirmava: Esperamos seguil-o sem sacrificios daqualidade da obra e do effeito do seu acabamento decorativo, comovamos fazendo com os primeiros trabalhos de estuque e illuminaodecorativa (MEIRA JUNIOR, 1932, p. 39). Como veremos a seguir o

    arquiteto no obedeceu aos oramentos dos trabalhos de estuque econtinuou excedendo nos gastos. Uma nova crise entre as relaes Dr.Pujol Junior e Companhia Cervejaria Paulista ainda estava por vir.

    Em Outubro de 1929, a empresa Ulysses Pelliciotti & Cia. no acei-tou tomar de empreitada o forro do foyer e da platea comprehendendo

    esta ltima parte a cupula e o arco de scena do theatro (MEIRA

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    usado e detalhes, a obra tambm foi acelerada pelo Dr. Pujol Junior,que tinha o interesse que acontecesse no teatro o banquete oferecidoa Jlio Prestes, aumentando consideravelmente os custos dessas

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    a Jlio Prestes, aumentando consideravelmente os custos dessasobras, tudo isso sem a autorizao da Companhia Cervejaria Paulista.Jos Luini, scio e diretor tcnico da firma Ulysses Pelliciotti & Cia,em seu depoimento, justificou que parte das razes do excesso nasobras do estuque, resultaram da acelerao da obra por ordem dePujol, que determinou a execuo e a modificao de vrios detalhes(MEIRA JUNIOR, 1932).

    Outro fato levantado no depoimento de Domingos Fallani foi que,alm do trabalho ter sido ininterrupto para que a cpula ficasse prontano prazo para o banquete em homenagem a Jlio Prestes, quasemetade dela j estava pronta quando Pujol Junior resolveu constru-lacom outro material.

    Durante os trabalhos da cupola os operarios trabalharam noitedurante uns tres mezes, mais ou menos, ganhando ordenado dobra-do e trabalhando por ponto; que dessa cupola j estava feita maisou menos uma metade quando se teve de desmanchal-a para se afazer de novo em gesso (MEIRA JUNIOR, 1932, p. 26).

    Para se ter uma idia do quanto essa modificao de ponto e dematerial representou em custos, um dos dois administradores geraisda obra, Julio Martins, disse que a cupola do theatro veiu a custarquatro vezes mais cara! (MEIRA JUNIOR, 1932, p. 27). Sobre a

    atitude do Dr. Pujol Junior em relao ao banquete, o Dr. Meira

    Jnior escreveu:

    O Dr. Pujol Junior que pae do banquete no Theatro, poe cavao

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    feita na Secretaria do Interior, de cujo titular se approximou quando

    soube que se cogitava de mandar construir um pavilho apropriado paraquella festa de sua alta recreao, para offerecer um recinto superiora qualquer pavilho, mandou tocar, dia e noite, os servioes do Theatro,sem olhar salarios extrordinarios e custo do material, nem o projecto eoramentos, que lhe cabia cumprir e respeitar.No se realisando obanquete, o homensinho derribou a crista e engendrou a explicao quese l no tpico de sua carta de 10 de dezembro, j transcripto! (MEIRAJUNIOR, 1932, p. 27).

    O Presidente da Companhia, o Dr. Meira Junior, admitiu que sabia dointeresse em se realizar no Theatro o banquete, mas deixou claro que no

    houve nenhuma autorizao para a acelerao, e consequente aumentodos custos, das obras da cpulaAinda na carta enviada pelo arquiteto, em 10 de Dezembro, este expli-

    cou ao diretor-presidente da Companhia, Dr. Meira Junior, que pretendiaeconomizar nos trabalhos que ainda faltavam, equilibrando os gastos, eexplicando a necessidade das modificaes e do apoio dos demais mem-bros da diretoria para tratar de atenuar os excessos de gastos com a cpulao foyer e a boca de cena. O arquiteto pretendia melhorar o projeto no quetangia s obras na cobertura, nas fachadas, sua decorao, nas esquadriasfinas e na serralheria artstica (MEIRA JUNIOR, 1932).

    O arquiteto Pujol Junior, tambm abriu mo dos seus honorrios de

    administrao decorrentes das obras no contidas nos oramentos,demonstrando assim sua extrema boa vontade, tendo como objeti-vo que a Companhia receba, com o seu Theatro, uma obra verdadei-

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    ramente digna mediante o mnimo gasto possvel (MEIRA JUNIOR,1932, P. 40-41). Os diretores da Companhia cahindo das nuvens, aotomarem conhecimento do andamento das obras, responderam a cartado arquiteto que reconheciam a dificuldade de execuo das obrasdentro do oramento previsto, e que estavam cientes de que esteestava verdadeiramente estourado (MEIRA JUNIOR, 1932, p.

    42-43).Os desentendimentos em relao ao oramento ocorreram tambmna execuo da marcenaria fina e outras obras. Dvidas sobre pedi-dos ou no de autorizao para as obras e certas mudanas foramesclarecidas em carta do arquiteto aos Diretores da Companhia

    Paulista, de 13 de Dezembro de 1929. Neste documento Pujol escla-receu que se tivesse explicado melhor Companhia os servios aserem realizados na cobertura, fachadas e suas esculturas e na marce-naria fina, e se tivesse pedido a autorizao da Diretoria naquelaocasio, que esta teria aceitado a expanso do oramento, compreen-dendo que estes eram [...] servios essenciaes para o effeito do Thea-tro, de execuo complicadssima, inteiramente indita e de custoabsolutamente imprevisvel [...] (MEIRA JUNIOR, 1932, p. 35-36).

    Como resposta a Companhia Cervejaria Paulista deixou claro queno tinha a inteno de modificar os acabamentos do Theatro e quedesejava que o oramento pr-estabelecido fosse cumprido, afirman-

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    1932, P. 44). Um encontro entre o Dr. Pujol Junior e o Dr. MeiraJunior ocorreu nos ltimos dias de Dezembro, em So Paulo, nacasa do seu concunhado Adolpho Oliveira, quando o presidente da

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    Companhia exigiu do arquiteto que fixasse a quantia final para aconcluso das obras, sem a qual no liberaria mais (Relato de Adol-pho Oliveira. In: MEIRA JUNIOR, 1932).

    Com a falta de liberao de verbas ao arquiteto, os pagamentosatrasaram o que causou um movimento grevista dos operrios deGuilherme Degem, abafado logo em seguida. Em decorrncia do

    atraso nas obras, do estouro no oramento e no atraso em pagar osfornecedores e operrios, a confiana de Meira Jnior em relao aPujol Junior ficou abalada.

    Em 18 de Janeiro de 1930, houve um novo encontro entre o Dr.Meira Junior e o Dr. Pujol Junior, tambm na casa de Adolpho Olivei-

    ra, em So Paulo, onde segundo depoimento deste, o arquiteto aceitoumodificar o contrato de administrao e determinou o oramento finalpara a concluso das obras (MEIRA JUNIOR, 1932).

    Ocorreu uma discordncia entre a Cia. Paulista e o arquiteto emrelao vigncia ou no do contrato de administrao, j que o Dr.Pujol Junior assegurava ter feito o proposto Companhia Paulista, em25 de janeiro de 1930, e no ter recebido uma resposta afirmativadesta. O Presidente da Companhia, Dr. Meira Junior, por meio de umrecibo assinado pelo arquiteto, em 20 de maro de 1930, provou queo contrato vigente era de empreitada.

    Em mais uma carta, esta no datada, ao Dr. Meira Junior, o arquiteto

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    como [...] assentamento de cadeiras, tapearias geraes, guarnies scenarios de palco, apparelhos de cinema,etc. (MEIRA JUNIOR1932, p. 122).

    A partir da resoluo do arquiteto em abandonar as obras estas

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    A partir da resoluo do arquiteto em abandonar as obras, estas

    passaram a ser administradas pela Companhia, assim permanecendoat que o arquiteto conseguisse judicialmente o fechamento do Theatro (MEIRA JUNIOR, 1932).

    Explicando a ao judicial, Pujol Junior alegou que no foiintegralmente pago pelas obras que executou no Theatro, tendo, po

    isso, conseguido o direito de reteno. Negando a transformao dcontrato de administrao em empreitada global, cobrou da CiaPaulista rs. 366:885$925 referentes ao saldo da medio final dasobras (rs. 266:885$925) acrescido da multa contratual de rs.1000:000$000. A Companhia Cervejaria Paulista conseguiu a reintegrao de posse do Theatro e, segundo Meira Junior, o arquiteto nomais esteve, desde aquela data, na obra (MEIRA JUNIOR, 1932).

    Aps esses acontecimentos Hyppolito Gustavo Pujol Junior entrou judicialmente com uma ao contra a Companhia Cervejaria Paulistana qual exigia o pagamento de rs. 366:885$925 referentes ao saldo dmedio final das obras e da multa contratual. O arquiteto alegava teexecutado as obras em regime de administrao, negando quehouvesse modificado o contrato dos seus servios para empreitadaglobal.

    No processo Pujol afirmava que a medio total dos edifcios foi drs. 3.072:222$894, e que desses a Companhia Paulista havia pago rs

    2.875:235$600. O Dr. Pujol Junior explicava que a medio final porele apresentada

    [...]abrange no s as obras inicialmente contractadas e approxima-

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    [...] g ppdamente oradas em simples oramentos prvios, como tambmtodas as obras complementares, de modificaes em accrescimo, etc.e ainda os honorarios contractuaes do Autor [Pujol Junior] (MEIRAJUNIOR, 1932, p. 94-95).

    A cobrana da multa contratual foi justificada pelo arquiteto Pujol

    Junior da seguinte forma:a) At hoje no liquidou, como lhe competia, de accordo com aclausula V do contracto de 26 de maio de 1928, as medies finaesdos diversos empreiteiros, as facturas mensaes e as folhas de paga-mento do pessoal operario, conforme a medio final das obras em31 de julho do corrente anno;b) Retirou arbitrariamente dos trabalhos contractados com o Autor[Hyppolito Gustavo Pujol Junior] toda a decima quinta seco dasobras, expressamente incluida na clausula III do contracto traba-lhos de mobiliario e tapearia, comprehendendo a installao de

    cadeiras fixas e mveis, bancadas do amphitheatro, guarnio dofoyer, dos sales, dos camarins, cortinas, tapearias, passadeiras,etc., tendo contractado, desde muito tempo, todos esses serviosdiretamente com os fornecedores e empreiteiros, revelia do Autorreconvindo e com evidente intuito de lesal-o, nos respectivos honor-rios (MEIRA JUNIOR, 1932, p. 91-92).

    O Dr. Meira Junior, que alm de diretor-presidente era tambm advogado da Companhia Cervejaria Paulista, defendeu-se da cobrana judicial dos honorrios afirmando que tal lanamento indecoroso po

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    cial dos honorrios afirmando que tal lanamento indecoroso po

    dois motivos:1. Porque, no regime de empreitada no ha honorarios. O empreitei-ro tem o lucro ou prejuizo que o negocio lhe deixa ou d. pacifico2. Porque, mesmo que o Autor [Pujol Junior] tivesse levado as obrasat o fim sob o regime de administrao:a. Elle renunciou a toda e qualquer remunerao a titulo de honor-rios;b. As obras teriam sido autorisadas na quantia fixa de rs.2.865:095$754 sem possibilidade de quaesquer accrescimos(MEIRA JUNIOR, 1932, p. 101).

    Como vimos anteriormente, em carta enviada pelo arquiteto Hyppolito Pujol Junior, em 10 de dezembro de 1929, esse renunciava aoshonorrios de administrao das obras executadas alm dos oramentos (MEIRA JUNIOR, 1932). Em Nota de custo final das obras do

    Theatro Pedro II e do prdio commercial, datada de 25 de janeiro de1930, o arquiteto cobrava os honorrios da administrao geral dasobras at sua concluso, apenas sobre o valor dos oramentos officiaes das obras (MEIRA JUNIOR, 1932, p. 105). Meira Jnior responsabilizou a tradicional velhacaria dos architetos sobre a cobrana dehonorrios dos servios executados sem autorizao expressa do

    contratante (MEIRA JUNIOR, 1932).Para reafirmar a necessidade da aceitao escrita por parte do

    contratante, o Dr. Meira Junior citou o artigo 1.246 do Cdigo Civilde 1932 Pacifici Manzoni (Cod Civil Italiano Trat Delle locazio-

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    de 1932, Pacifici Manzoni (Cod. Civil Italiano Trat. Delle locazio

    ne, pags. 528/529) e G. Lomonaco (Inst. Di Dir. Civ. Ital. Vol. VI,pags. 373/374). O Dr. Meira Junior asseverou que a CompanhiaPaulista aceitava o oramento de 25 de janeiro de 1930 apresentadopelo arquiteto H.G. Pujol Junior, mas, assegurava tambm que nesseoramento constavam obras que no foram executadas, ou ento,

    foram executadas diferentemente do que acordado anteriormente(MEIRA JUNIOR, 1932).Frente a esses fatos, a Companhia Paulista alegou que foi o arquite-

    to que infringiu o contrato firmado entre as partes, e dessa formaPujol que estaria sujeito pena prevista. O arquiteto, nas suas alega-es finais do processo, afirmou que, independentemente do resulta-do judicial em relao ao tipo do contrato vlido entre as partes, oautor da ao (arq. H.G.Pujol Junior) deveria receber a multa contra-tual, o que firmemente foi rejeitado pelo advogado Dr. Meira Junior.

    A Companhia Paulista entrou com um pedido de indenizao, com-pensao, reembolso e de restituio contra o arquiteto Pujol Junior,incluindo o:

    [...]a) resgate de ttulos e pagamentos de dvidas do Autor (H.G.PujolJunior);

    b) adiantamento de dinheiro e materiaes a prepostos, operarios e a sub-empreiteiros delle;c) gastos extraordinarios pelas obras previstas, contractadas e noexecutadas pelo Autor;

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    d) remate, reparaes, substituies e differenas de obras e serviosno concluidos ou mal executados por elle;e) multa convencional de rs. 100:000$000 em que incorreu o reconvindopor infraco de diversas clausulas contractuaes e inadimplento deobrigaes por elle primitivamente contrahidas;f) penalidade do art 1.531 do Codigo Civil (MEIRA JUNIOR, 1932, P.

    125-126).A Companhia Paulista resgatou os seguintes ttulos de dvida de respon

    sabilidade do arquiteto H.G. Pujol Junior:

    a) letra de cambio paga ao Banco do Commercio e Industria, no valor de3:377$000b) duplicata paga ao Banco do Brasil, no valor de 6:000$000c) duplicata, e juros, paga ao Banco do Commercio e Industria, no valode 7:297$400 (MEIRA JUNIOR, 1932, p. 126).

    Um laudo pericial foi executado para definir a indenizao devida peloempreiteiro Cia. Paulista. O laudo final apresentava o oramento dareparaes, substituies, faltas, diferenas, obras e instalaes que havifeito a Companhia Cervejaria Paulista nos edifcios do Quarteiro PaulistO laudo garantia que no foram includas no levantamento, as obras d

    conservao e aquelas alheias s condies docontrato.

    Em posse desses documentos e laudo, a Compa-nhia Paulista calculou a quantia que o arquiteto H.

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    q q q

    G. Pujol Junior deveria Companhia. Os clculospartiriam da quantia a pagar pela concluso dasobras, 376:009$085, subtraindo-se o que foi pagodiretamente ao arquiteto Pujol Junior e seu escri-trio (316:394$600), os ttulos de responsabilida-

    de de Pujol Junior e resgatados pela Cia. Paulista(16:674$400), o dinheiro pago diretamente a JulioMartins e Adolpho Zoccola e seus prepostos(3:400$000) e as faltas, diferenas, servios deremate, modificao, etc., apresentados no laudo(82:352$300). Dessa forma, chegou-se a quantiade 42:812$215 que deveria ser paga pelo arquiteto Companhia Paulista.

    A ao foi julgada e a Companhia CervejariaPaulista foi absolvida do processo movido peloarquiteto Pujol Junior que foi condenado a reem-bolsar, restituir, compensar e indenizar a Cia.Paulista pelos danos causados.

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    3.1. Um marco cultural e arquitetnico

    Antes da inaugurao do Theatro, ocorrida em 8 de outubro de1930, o jornal A Cidade realizou uma pesquisa popular para a esco-

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    1930, o jornal A Cidade realizou uma pesquisa popular para a esco

    lha do nome da nova casa de pera de Ribeiro Preto. Entre os nomespropostos estavam Pedro lvares Cabral, Franois Cassoulet, RuyBarbosa e Carmem Miranda. Mas, o primeiro lugar do concurso foi deD. Pedro II.

    A inaugurao do Theatro Pedro II ocorreu com o filme Alvorada

    do Amor, com Maurice Chevalier e Jeannete Mac Donald. ParaMeira Junior, o Pedro II representava a expresso mxima da cultu-ra (THEATRO PEDRO II, 1996, p. 52). Vrias companhias de perahaviam sido convidadas para a inaugurao, mas por causa da instabi-lidade econmica e poltica que o pas vivia naquele perodo, aps a

    crise de 1929, evento que abalou a economia cafeeira, nenhuma acei-tou o convite.

    Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, de 10 de Outubro de1930 ,[...] antes de iniciar-se a exhibio do filme uma orchestra de30 professores, sob regencia do maestro Ignacio Stabile, executoualguns nmeros de fina msica, sob os applausos da grande assis-tncia que enchia literalmente o theatro (p.2).

    No mesmo artigo comenta-se sobre o pano de boca, que apresenta-ria [...] certas falhas, mas, que em seu conjunto, poderia ser consi-

    derada uma obra digna de elogios, tendo custado CervejariaPaulista 30:000$000 (CICCACIO, 1996). O pano de boca de 11 m.de veludo azul marinho, bordado com fios de ouro e pintado peloartista Dakir Parreiras chamado de Glorificao de Pedro II retrata

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    artista Dakir Parreiras, chamado de Glorificao de Pedro II retratava a corte e suas sete musas: Clio (histria), Euterpe (msica), Tlia(comdia e poesia bquica), Melpneme (poesia trgica), Terpescore(dana e canto coral), Erato (poesia amorosa) e Polmnia (oratria,poesia pica, eloqncia) (CICCACIO, 1996).

    Nos anos seguintes, o Theatro Pedro II e sua Esplanada tornaram-selocal de comcio e confrontos polticos. O prprio Theatro serviu depalco para grandes reunies do Partido Integralista durante algunsanos.

    A Companhia Paulista havia investido na construo do Theatromais do que o previsto, o que ocasionou a necessidade de, em 1938

    alugar o edifcio para empresrios de So Paulo. O arrendamentodurou at 1943, quando o edifcio passou a funcionar como Cine-Teatro, administrado por Osvaldo de Abreu Sampaio, o que se estenderia por 18 anos (SOUBIHE, 1998).

    Aps o trmino do contrato com a Rede de Cinemas, em 1961, o

    Theatro teve a sua parte interna reformada. O objetivo era adaptar oespao ao novo uso como cinema. Luclio Ceravollo isolou as galeriae os balces com lambris, destruindo vrios elementos decorativos daplatia. A capacidade foi diminuda para 800 lugares (SOUBIHE,1998).

    Devido unio entre as cervejarias Paulista e Antarctica, o Theatro

    tornou-se parte dos bens da Companhia Antarctica Niger S.A. e, nadcada de 1970, foi arrendado pela Cia. de Cinema Hilton Figueira(THEATRO PEDRO II, 1996).

    Com a degradao do local nos anos seguintes o Theatro chamou a

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    Com a degradao do local nos anos seguintes, o Theatro chamou aateno de empreendedores que desejavam a sua demolio para aconstruo de novos edifcios. Vale pena lembrar que menos de 20anos antes outro teatro j havia sido colocado abaixo, o Teatro CarlosGomes, de 1897, fruto do investimento de cafeicultores, em especial,do Coronel Francisco Schmidt.

    Para evitar qualquer ao contra o Theatro, o vereador Flvio Con-deixa Favaretto, em 1973, apresentou Cmara de Vereadores a leinmero 2.764, de Proteo especial ao Theatro Pedro II que, entreoutras coisas, declarava o valor histrico e artstico do edifcio para oMunicpio; proibia a ampliao, demolio, mutilao e destruio do

    imvel e determinava que s com autorizao do Conselho de Defesado Patrimnio Municipal o Theatro poderia ser pintado, reparado erestaurado, sempre obedecendo a higiene, a segurana e a conserva-o da "originalidade do seu estilo arquitetnico". Para conservar amonumentalidade do edifcio a lei definia que as construes "con-

    frontantes" no poderiam ter altura superior do Theatro.O Theatro Pedro II, como principal edifcio do Quarteiro Paulista,passou a representar no s o centro poltico e cultural da cidade, mastambm um marco arquitetnico de Ribeiro Preto. A localizao doteatro, fronteirio principal praa da cidade, reforava a inteno dese valorizar e embelezar a paisagem urbana, o que ocorria com as

    principais cidades brasileiras entre os sculos XIX e XX.O teatro surgia como edificao monumental mais importante, por

    representar o progresso da cidade, to desejado pela sociedade. De1930, data da inaugurao do Theatro, a 1944, data da demolio do

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    1930, data da inaugurao do Theatro, a 1944, data da demolio doTeatro Carlos Gomes, esses dois edifcios coexistiram um fronteirioao outro, criando um cenrio incomum onde cada teatro se apresentava de uma forma na estrutura urbana.

    Enquanto o Teatro Carlos Gomes se encontrava implantado isoladamente no lado esquerdo da Praa XV, onde hoje se localiza a PraaCarlos Gomes, cercado por passeios e vegetao, o Theatro Pedro IIse localizava do lado oposto, com a fachada voltada para a praa epara o Teatro Carlos Gomes e ladeado por outros dois edifcios quereforavam a sua monumentalidade.

    Os dois teatros apresentavam grandes diferenas, no s estilsticas

    como tambm nas tcnicas construtivas. O Teatro Carlos Gomes, deestilo neoclssico, foi construdo em alvenaria de tijolos, enquanto noTheatro Pedro II, representante de uma arquitetura ecltica, o arquiteto H. G. Pujol Jnior utilizou novidades tcnicas, como o uso docimento armado.

    A cidade possua um teatro que se implantava como monumentoisolado na prpria Praa, podendo ser observado de todos os ngulose um outro teatro que, ao centro de dois edifcios que seguiam sualinha estilstica, formavam juntos um grande pano de fundo para apraa.

    Foi no renascimento italiano que ocorreram as grandes modifica-

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    O edifcio do Theatro Pedro II tornou-se culturalmente, nas dcadasseguintes sua construo, plo centralizador da regio Mogiana, ultra-passando assim, os limites municipais e, deste modo foi tombado comomonumento histrico-cultural (CONDEPHAAT, processo 00297/73).

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    Detalhe Boca de Cena - Theatro Pedro II aps incndioFonte: CONDEPHAAT

    3.2. Preservao do Patrimnio

    O Theatro Pedro II, o Palace Hotel e o edifcio Meira Jnior,conjunto arquitetnico denominado Quarteiro Paulista, so edifi-

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    caes representantes de uma arquitetura que associa a diversidadeestilstica com inovaes tecnolgicas. Sua importncia ultrapassa ovalor arquitetnico, passando a qualificar e personalizar o espao emque se inserem, isto , a rea central da cidade e a sua mais importantepraa, a XV de Novembro.

    O restauro e a modernizao tecnolgica do teatro, assim como orestauro e a renovao do Palace Hotel, que foi concluda em setem-bro de 2011, tem como objetivo a recuperao do patrimnio fsico,cultural, econmico e social da rea central, como vem ocorrendoem vrios centros urbanos (CONDEPHAAT, processo 00297/73, p.

    101). A restaurao de teatros com o objetivo de revitalizar reascentrais, devolvendo ao cidado o pleno uso dos belos espaospblicos existentes, um modelo amplamente utilizado. Na cidadede So Paulo podemos citar como exemplo o restauro do TeatroMunicipal e do Teatro So Pedro (CONDEPHAAT, processo00297/73, p. 101).

    O Teatro Municipal de So Paulo, localizado no centro da cidade,teve sua restaurao executada pelo Departamento do PatrimnioHistrico com projeto de modernizao tecnolgica do arquitetoNelson Dupr. Localizado mais afastado do centro, na Barra Funda,

    encontramos o Teatro So Pedro, edifcio construdo em 1917, e quteve sua recuperao coordenada pelas arquitetas Christina de CastrMello e Rita Alvez Vaz.

    O tombamento de edifcios que no representavam uma arquitetur

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    brasileira s comeou a ocorrer depois de inmeras discusses sobros valores das edificaes e seus mritos ou no para a preservao.A inteno de criar uma poltica de construo da nacionalidade fe

    com que se privilegiassem as edificaes com carter de monumentnacional sobre as edificaes que representavam o cosmopolitism

    cultural que havia vigorado entre o Imprio e a Repblica Velha (UMSCULO DE LUZ, 2001, p. 99-100).Mrio de Andrade, na dcada de 1930, j destacava o papel da trad

    o afirmando que a arquitetura paulista deveria lanar mo da arquittura histrica esttica. A discusso sobre a importncia histrica dobens iria se estender por vrias dcadas e continuaria aps a criao dCondephaat, em 1968 (RODRIGUES, 2002).

    At 1975, o Condephaat continuaria sem definir uma poltica dpreservao, mas focando seus tombamentos em exemplares representativos do ciclo das bandeiras e, posteriormente, preservando exemplres de outros ciclos econmicos (RODRIGUES, 2002).

    A polmica em torno do tombamento de edifcios eclticos veio tona em 1971, com o parecer elaborado por professores da FAU-USP Benedito Lima de Toledo, Eduardo Kneese de Mello, Nestor GoulaReis Filho e Carlos Lemos - para o Palcio Pio XII, antiga residnci

    dos arcebispos de So Paulo, no bairro do Paraso (RODRIGUES,2002).

    Uma segunda viso se desenvolveu na efetiva revitalizao doimvel, por meio da sua recuperao, garantindo uma nova funo

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    que proporcionasse o seu uso pleno, se adaptando s necessidades dapopulao. Na maioria dos casos para que essa revitalizao sejapossvel h a necessidade de intervenes significativas no imvel,mas sem descaracteriz-lo (RODRIGUES, 2002).

    Em Ribeiro Preto, o local onde encontramos os edifcios estuda-

    dos, a Praa XV de Novembro, marca o incio do crescimento dacidade. Por esse motivo a praa se localiza no espao delimitado parao concurso pblico de Ideias para a renovao urbana da rea centralde Ribeiro Preto, realizado em agosto de 1990 (SOUBIHE, 1998, p.10).

    O restauro do Theatro Pedro II, iniciado em 1991, e concludo em1996, e o restauro do Palace Hotel, concludo este ano, tem comoobjetivo requalificar o centro da cidade, paralisando o processo dedecadncia e deteriorao que vinha ocorrendo h dcadas(SOUBIHE, 1998).

    Para se recuperar um patrimnio edificado necessrio compreen-der sua relao com o entorno, apenas desta forma torna-se possvelreconhecer seu valor histrico, cultural e social e assim forma destinaro uso mais adequado ao imvel. De acordo com Zein (2001) a asso-ciao entre a destinao adequada a uma edificao, o atendimento

    s necessidades da comunidade e o uso efetivo do imvel o tornamimportante para a comunidade. Como pressuposto, todos os usos paraum determinado bem devem ser levados em conta. Contudo, o maisimportante garantir que a atividade escolhida possa ser assimilada

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    pela populao.Essa correta utilizao foi apontada por vrios estudiosos e tericoscomo Bernard Feilden, Paul Coremans, Hiroshi Daifuku, BeneditoLima de Toledo, Carlos Lemos, Renato Bazzoni, Paolo Ravenna eRenato Bonelli como a forma de garantir a sobrevivncia do imvel

    funcionando como mecanismo indutor de revitalizao de toda area circundante (ZEIN, 2001, p.90).Nessa linha de raciocnio, os trs edifcios que compe o Quarteiro

    Paulista abrigam usos diversos: um teatro (Pedro II), um centro cultural (Hotel Palace) e um edifcio comercial (Meira Jnior).

    O Edifcio Meira Jnior abriga a choperia mais tradicional doEstado de So Paulo, o Pingim. Inaugurado em 1936, originalmenteno Edifcio Diederichsen (na esquina em frente ao local atual), a Choperia Pingim tornou-se no somente um comrcio importante, masum lugar cultural com o qual os ribeiropretanos cultivam relaes depertencimento.

    A recuperao do Quarteiro Paulista e dos demais investimentosna rea central de Ribeiro Preto buscam na melhoria das condiesambientais de maneira a atrair novos investimentos privados(SOUBIHE, 1998).

    Edifcio Meire Jnior - Foto Amigos da Fotografia - 2010

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    Theatro Pedro II - Foto Amigos da Fotografia - 2010

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    Palace Hotel - Foto Amigos da Fotografia - 2010

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    3.3. Restauro do Theatro Pedro II

    As primeiras movimentaes com o intuito de restaurar o Theatroocorreram alguns dias aps o incndio, com a formao de uma

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    comisso especial na Cmara Municipal solicitando providncias Prefeitura Municipal de Ribeiro Preto (CICCACIO, 1996).Quatro meses aps o incndio que destruiu o Theatro, a Orquestra

    Sinfnica de Ribeiro Preto realizou um concerto na esplanada doteatro, que reuniu 10 mil pessoas, em protesto e comemorao pelos50 anos da fundao do Theatro Pedro II (THEATRO PEDRO II,1996).

    Um grupo, denominado SOMA, formado por artistas e intelectuaispela restaurao do teatro organizou apresentaes nos dias 16, 17 e18 de janeiro de 1981 com conjuntos musicais na esplanada. Essemovimento recebeu grande apoio popular (THEATRO PEDRO II,1996, p. 29). Em maio de 1981, aconteceu o 2o SOMA, no qual diver-sos artistas se apresentaram durante uma semana na esplanada eforam reunidas milhares de assinaturas pedindo o tombamento e orestauro do teatro (CICCACIO, 1996).

    Um terceiro SOMA aconteceu em 17 de Junho de 1981, com cercade trs mil pessoas presentes ao protesto e mais de 30 mil assinaturasno abaixo-assinado. A participao da populao foi fundamental paraque, em sete de maio de 1982, o Theatro Pedro II fosse tombado peloConselho de Defesa do Patrimnio Histrico, Arqueolgico, Artstico

    e Turstico do Estado de So Paulo Condephaat (THEATROPEDRO II, 1996).

    Em 1983, o prefeito Joo Gilberto Sampaio sugeriu aos propriet-rios a permuta do teatro pelo edifcio da Diviso Agrcola, ao lado da

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    Cervejaria Antarctica. A proposta no foi aceita, da mesma forma quea oferta de trocar o teatro pelo ICMS devido pela Companhia