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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAO, CINCIA E TECNOLOGIA
DO TRINGULO MINEIRO Campus Uberaba
MESTRADO PROFISSIONAL EM CINCIA E TECNOLOGIA DE
ALIMENTOS
LORIANA LINHARES TEIXEIRA
QUALIDADE DA ALIMENTAO ESCOLAR E PERFIL
NUTRICIONAL DE ALUNOS DE ESCOLA PBLICA EM UBERABA-
MG: UM ESTUDO DE CASO
UBERABA, MG
2015
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LORIANA LINHARES TEIXEIRA
Qualidade da alimentao escolar e perfil nutricional de alunos de escola pblica em
Uberaba-MG: um estudo de caso
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-
graduao em Cincia e Tecnologia de
Alimentos, do Instituto Federal de Educao,
Cincia e Tecnologia do Tringulo Mineiro
campus Uberaba, como requisito parcial para
obteno do ttulo de Mestre em Cincia e
Tecnologia de Alimentos.
Orientadora:
Prof. Dra. Estelamar Maria Borges Teixeira
UBERABA, MG
2015
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Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)
Instituto Federal do Tringulo Mineiro
T235q Teixeira, Loriana Linhares
Qualidade da alimentao escolar e perfil nutricional de alunos
de escola pblica em Uberaba-MG: um estudo de caso / Loriana
Linhares Teixeira. -- 2015
79 f. : il.
Orientadora: Prof Dr Estelamar Maria Borges Teixeira
Dissertao (Mestrado em Cincia Tecnologia de Alimentos)
Instituto Federal do Tringulo Mineiro IFTM
1. Nutrio. 2. Alimentao escolar. 3. Estado nutricional. 4. Microbiologia. 5. Educao nutricional. I. Ttulo.
CDD- 612.3
CDD 363.598151
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LORIANA LINHARES TEIXEIRA
QUALIDADE DA MERENDA ESCOLAR E PERFIL NUTRICIONAL DE ALUNOS
DE ESCOLA PBLICA EM UBERABA-MG: UM ESTUDO DE CASO
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-
graduao em Cincia e Tecnologia de Alimentos,
do Instituto Federal de Educao, Cincia e
Tecnologia do Tringulo Mineiro campus
Uberaba, como requisito parcial para obteno do
ttulo de Mestre em Cincia e Tecnologia de
Alimentos.
Banca Examinadora
__________________________________________________________
Profa. Dra. Estelamar Maria Borges Teixeira (Orientadora) IFTM, Campus Uberaba
___________________________________________________________
Prof. Dr. Srgio Marcos Sanches IFTM, Campus Ituiutaba
__________________________________________________________
Profa. Dra. Patrcia Maria Vieira UFTM, Campus Uberaba
UBERABA, MG
2015
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Ao meu marido Ricardinho pelo companheirismo, incentivo e carinho dirios
Aos meus pais, Marta & Jismrio por me criarem num lar estruturado
Dedico
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AGRADECIMENTOS
Ao Senhor, que me deu sabedoria para conquistar essa beno.
Profa. Dra Estelamar Maria Borges Teixeira, pela orientao, incentivo, amizade e
conhecimentos transmitidos.
Aos professores do Programa de Mestrado Profissional em Tecnologia de Alimentos.
Amlia Idal pela contribuio imprescindvel na etapa de coleta de dados.
Cintia Cristina de Oliveira, tcnica em alimentos e laticnios pelo apoio nas anlises
microbiolgicas.
s amigas: Christiane Calheiros Sakamoto, Vanessa Bertagna Colmanetti, Noemi Teles
Quintino e Dbora de Barros Silva pelo auxlio durante o mestrado e pela amizade e ateno
demonstradas sempre.
minha irm Rassa pela contribuio em vrias etapas dessa pesquisa.
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Nos muitos cuidados que dentro de mim se multiplicam,
as tuas consolaes me alegram a alma.
Salmo 94.19
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RESUMO
A alimentao est diretamente relacionada ao estado nutricional e as alteraes como
obesidade e desnutrio acarretam prejuzos ao organismo e aumentam os riscos de morbi-
mortalidade. O Programa Nacional de Alimentao Escolar (PNAE) objetiva atender s
necessidades nutricionais dos alunos durante sua permanncia na escola atravs da
alimentao escolar, alm de promover a formao de hbitos alimentares saudveis. O
objetivo desta pesquisa foi avaliar o estado nutricional de crianas e adolescentes, descrever o
consumo de macro e micronutrientes oferecidos no cardpio da alimentao escolar,
descrever a anlise microbiolgica dos alimentos coletados e elaborar e desenvolver
atividades de educao nutricional em uma escola pblica no municpio de Uberaba-MG. A
avaliao nutricional foi realizada com base na anlise dos indicadores antropomtricos de
escore Z do ndice de massa corporal. A descrio de nutrientes oferecidos na alimentao
escolar foi realizada com o software Dietwin. As anlises microbiolgicas foram realizadas no
Laboratrio de Microbiologia do IFTM. No que diz respeito ao estado nutricional, destaca-se
a reduzida proporo de alunos (0,18%) classificados com baixo peso (-3 Z
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ABSTRACT
The feeding is directly related to nutritional status, and changes, such as, obesity and
malnutrition, cause damages to the body and increase the risk of morbidity and mortality. The
National School Feeding Program (PNAE) aims to meet the nutritional needs of students
during their time in school through school feeding, beside to promote the formation of healthy
eating habits. The objective of this research was to evaluate the nutritional status of children
and adolescents, to describe the consumption of macro and micronutrients offered in school
meals menu, to describe the microbiological analysis of the collected food and to prepare and
to develop nutrition education activities in a public school of Uberaba, city of the state of
Minas Gerais. The nutritional assessment was based on an analysis of anthropometric
indicators of Z scores for body mass index. The description of nutrients offered in school
feeding was held at Dietwin software. The microbiological analyzes were performed at the
IFTM Microbiology Laboratory. Regard to nutritional status, there is a small proportion of
students (0.18%) classified as having low weight (-3 Z
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LISTA DE SIGLAS
APHA Associao Americana de Sade Pblica
AI Ingesto Adequada
ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria
BPs Boas Prticas
CAE Conselhos de Alimentao Escolar
CDC Centers for Disease Control and Prevention
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IMC ndice de Massa Corporal
DCNT Doenas crnicas no transmissveis
DTAs Doenas Transmitidas por Alimentos
DRIs Ingesto Diria Recomendada
EAR Recomendao Mdia Estimada
EPIs Equipamentos de proteo individual
FDA Food and Drug Administration
FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao
GEB Gasto Energtico Basal
GET Gasto Energtico Total
NEPA Ncleo de Estudos e Pesquisas em Alimentao
NMP Nmero Mais Provvel
OMS Organizao Mundial da Sade
PAAS Promoo da Alimentao Adequada e Saudvel
PNAE Programa Nacional de Alimentao Escolar
PNAN Poltica Nacional de Alimentao e Nutrio
PNPS Poltica Nacional de Promoo Sade
POF Pesquisa de Oramento Familiar
PSE Programa Sade na Escola
RDA Ingesto Diettica Adequada
RDA Recomendao Diettica Adequada
SBP Sociedade Brasileira de Pediatria
SUS Sistema nico de Sade
TCU Tribunal de Contas da Unio
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UL Nvel Tolervel de Maior Ingesto
UFC Unidades Formadoras de Colnias
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Classificao do estado nutricional de crianas de 5 a 10 anos para cada ndice
antropomtrico........................................................................................................32
Quadro 2 - Classificao do estado nutricional de adolescentes para cada ndice
antropomtrico........................................................................................................32
Quadro 3 - Valores de referncia para energia e nutrientes, de acordo com a idade,
estabelecidos pelo Programa Nacional de Alimentao Escolar (PNAE) para
atender 70% das necessidades nutricionais dirias...........................................34
Quadro 4 - Valores de referncia para anlise microbiolgica de acordo com RDC n12
(2001).......................................................................................................................37
Quadro 5 - Cardpio da alimentao escolar.......................................................................42
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Distribuio dos alunos de acordo com a idade e o estado nutricional (baseado nos
Escores Z do ndice de Massa Corporal - IMC).......................................................40
Tabela 2 - Distribuio dos alunos de acordo com o ndice de Estatura/Idade para crianas.......
.......................................................................................................................................41
Tabela 3 - Distribuio dos alunos de acordo com o ndice de Peso/Idade para crianas...........
.......................................................................................................................................41
Tabela 4 - Consumo de energia e nutrientes por refeio oferecida na escola.........................
.......................................................................................................................................43
Tabela 5 - Composio de energia e macronutrientes da alimentao escolar em comparao a
70% das Recomendaes Nutricionais do PNAE.........................................................44
Tabela 6 - Composio de micronutrientes da alimentao escolar em comparao a 70% das
Recomendaes Nutricionais do PNAE........................................................................45
Tabela 7 - Resultados da anlise microbiolgica de micro-organismos mesfilos aerbios para
ar ambiente....................................................................................................................45
Tabela 8 -Resultados de UFC/mo de Mesfilos Aerbios e Estafilococos de mos de
manipuladores de alimentos..........................................................................................46
Tabela 9 - Resultados da anlise microbiolgica de micro-organismos mesfilos aerbios nas
superfcies e utenslios..................................................................................................46
Tabela 10 - Resultados obtidos a partir de anlise microbiolgica de Coliformes e E. coli da
gua...............................................................................................................................47
Tabela 11 - Resultados da contagem de micro-organismos na alimentao escolar................48
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SUMRIO
1 INTRODUO ..................................................................................................................... 14
2 REVISO BIBLIOGRFICA .............................................................................................. 17
2.1 Estado nutricional ............................................................................................................... 17
2.2 Obesidade infanto-juvenil .......................................................................................... 19
2.3 Recomendaes nutricionais na infncia e adolescncia ........................................... 23
2.4 Recomendao nutricional na alimentao escolar ................................................... 26
2.5 Aspectos higinico-sanitrios da cozinha e dos alimentos servidos na Escola ......... 27
2.6 Educao nutricional na escola .................................................................................. 28
3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 31
3.1 Local do estudo .......................................................................................................... 31
3.2 Populao analisada ................................................................................................... 31
3.3 Questionrio de identificao .................................................................................... 31
3.4 Estado nutricional ...................................................................................................... 31
3.5 Anlise da distribuio demogrfica .......................................................................... 33
3.6 Anlise Nutricional da Alimentao Escolar ............................................................. 33
3.7 Aspectos higinico-sanitrios da cozinha e dos alimentos servidos na Escola ......... 35
3.8 Interveno em Educao Nutricional ....................................................................... 38
3.9 Anlise Estatstica ...................................................................................................... 39
4 RESULTADOS ................................................................................................................. 40
4.1 Perfil Nutricional ....................................................................................................... 40
4.2 Anlise nutricional da alimentao escolar................................................................ 41
4.3 Aspectos higinico-sanitrios da cozinha e dos alimentos servidos na Escola ......... 45
4.4 Interveno em educao nutricional......................................................................... 48
5 DISCUSSO ..................................................................................................................... 49
5.1 Estado nutricional ...................................................................................................... 49
5.2 Anlise nutricional da alimentao escolar................................................................ 50
5.3 Aspectos higinico-sanitrios da cozinha e dos alimentos servidos na Escola ......... 51
6 CONCLUSES ................................................................................................................. 59
REFERNCIAS ....................................................................................................................... 61
ANEXOS .................................................................................................................................. 75
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1 INTRODUO
O conceito de vida saudvel tem sido cada vez mais disseminado na atualidade, e entre
os comportamentos que atuam na preveno de doenas esto os hbitos alimentares
(VIANA, 2002). Questes que envolvem a nutrio tem se destacado na rea da sade em
todo o mundo, ressaltando a preocupao em se alcanar um padro alimentar saudvel
(ZANCUL, 2004).
A alimentao considerada um fator condicionante e determinante de sade,
potencializando o crescimento e desenvolvimento humano e proporcionando qualidade de
vida (BRASIL, 1990; BRASIL, 2012). Uma alimentao adequada em termos de nutrientes
pode intervir tanto na preveno quanto no tratamento de doenas (CERVATO; VIEIRA,
2003).
O estilo de vida da populao brasileira passou por grandes transformaes sociais nas
ltimas dcadas, alterando o consumo alimentar e os padres de sade. Esse fato
evidenciado pela diminuio da prevalncia dos dficits nutricionais e ocorrncia do
sobrepeso e obesidade (BRASIL, 2012; WANG; MONTEIRO; POPKIN, 2002).
A frequncia de sobrepeso e obesidade entre crianas com idade escolar (cinco a nove
anos) e adolescentes praticamente triplicou nos ltimos 20 anos, alcanando um quinto de
crianas e um tero dos adolescentes (IBGE, 2010a). O consumo alimentar est ligado
obesidade, incluindo no apenas o volume da ingesto alimentar, mas tambm a qualidade da
dieta (TRICHES; GIUGLIANI, 2005).
Avaliar o estado nutricional de crianas e adolescentes verificando o crescimento e as
propores corporais atravs da antropoetria um importante indicador de sade e pode ser
utilizado como critrio para realizao de projetos de promoo sade (SIGULEM;
DEVINCENZI; LESSA, 2000; DAMACENO; MARTINS; DEVINCENZI, 2009). Alm da
avaliao nutricional, orientaes de educao alimentar tornam-se totalmente relevante
frente realidade do aumento da obesidade infanto-juvenil atualmente (MELLO et al.,2004).
Diante desse contexto, as polticas pblicas de sade funcionam como ferramenta para
os governos de todo o mundo a fim de reverter esse quadro epidemiolgico (SILVA, 2010). A
exemplo pode-se citar o Programa Sade na Escola (PSE) que prope desenvolver aes de
promoo, preveno e assistncia sade no ambiente escolar, sendo uma delas acompanhar
a evoluo do estado nutricional dos estudantes (BRASIL, 2009a).
O ambiente escolar tem funo relevante na formao de diversos valores e
comportamentos, entre estes, os que dizem respeito aos hbitos alimentares. Pode ser
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considerado um ambiente propcio para adquirir novos conhecimentos e habilidades
(BRASIL, 2009a).
Pessa (2008) destaca que principalmente na infncia que os hbitos alimentares so
formados, podendo permanecer ao longo da vida adulta. Quando criana, o indivduo tem seu
universo praticamente restrito aos pais ou responsveis, que definem os alimentos que sero
oferecidos aos pequenos. Ao frequentar a escola, conviver com outras pessoas, a criana tem a
oportunidade de conhecer outros alimentos e experimentar novas preparaes e hbitos
alimentares (FISBERG et al.,2000).
Blom-Hoffman et al. (2004) ressaltam que muitas organizaes nacionais e
internacionais tem reconhecido o papel da escola na promoo de hbitos alimentares
saudveis.
Carvalho et al.(2001) destaca a importncia de se identificar precocemente prticas
alimentares inadequadas, principalmente em escolares e propor medidas corretivas como uma
educao alimentar que atenda suas necessidades nutricionais, possibilitando a preveno de
doenas futuras, inclusive as crnicas.
Contribuindo com esse contexto, o Programa Nacional de Alimentao Escolar (PNAE)
prope atender s necessidades nutricionais dos alunos durante sua permanncia na escola
atravs da alimentao escolar, visando contribuir com a segurana alimentar e nutricional
dos alunos (BRASIL, 2006a).
Alm de contribuir com o aporte de nutrientes, os alimentos oferecidos pela alimentao
escolar devem estar seguros do ponto de vista microbiolgico (BRASIL, 2013). Os alimentos
podem ser facilmente contaminados por micro-organismos, que podem alterar as
caractersticas fsicas e qumicas dos alimentos, deteriorando-os e tornando-os imprprios
para o consumo (PELCZAR JUNIOR et al., 1997).
Segundo o Ministrio da Sade (BRASIL, 2011b) entre 2000 e 2011 foram notificados
8.451 surtos de Doenas Transmitidas por Alimentos (DTAs), sendo que 657 ocorreram no
ambiente escolar.
Estima-se que as doenas causadas por alimentos contaminados constituem um dos
problemas mais difundidos em todo o mundo, sendo as crianas, idosos e
imunocomprometidos os mais acometidos (OLIVEIRA; GERMANO; GERMANO, 2004).
A avaliao das condies higinico-sanitrias pode ser realizada por meio da anlise
microbiolgica de mos, superfcies ou de alimentos, relacionados com procedimentos e
materiais (TEBBUTT; SOUTHWELL,1989). A aplicao dos procedimentos de Boas
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Prticas (BPs) pelos manipuladores de alimentos no ambiente de unidade de alimentao
escolar minimiza os riscos de DTAs na alimentao escolar (BRASIL, 2004a).
Tendo em vista o exposto, a presente pesquisa foi realizada com os alunos de uma
escola da rede estadual de ensino do municpio mineiro de Uberaba, tendo como objetivos
avaliar o estado nutricional de crianas e adolescentes (com idade entre 07 e 16 anos) de uma
escola da rede estadual no municpio mineiro de Uberaba; descrever o consumo de macro e
micronutrientes da alimentao escolar em relao s recomendaes nutricionais do PNAE
(Programa Nacional de Alimentao Escolar); analisar a proporo de energia e de nutrientes
da alimentao escolar em relao recomendao nutricional do PNAE; descrever a anlise
microbiolgica dos alimentos coletados; elaborar e desenvolver oficinas e materiais
educativos sobre alimentao saudvel para o pblico infanto-juvenil.
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2 REVISO BIBLIOGRFICA
2.1 Estado nutricional
Nos diferentes ciclos da vida de um indivduo, a alimentao o determinante
fundamental do estado nutricional, principalmente nos seus primeiros anos de vida, quando
ainda criana, primordial um aporte de energia e nutrientes adequados para o crescimento e
desenvolvimento (MIRANDA; COSTA; OLIVEIRA, 2013).
O estado nutricional um importante indicador da sade e pode ser usado como critrio
para construo de projetos que visem proteo e promoo da sade do pblico avaliado
(DAMACENO; MARTINS; DEVINCENZI, 2009).
Fatores como hereditariedade, ingesto de nutrientes, atividade fsica, idade e gnero
podem influenciar o estado nutricional, constituindo riscos para o crescimento e
desenvolvimento ideais (CINTRA; COSTA; FISBERG, 2004).
Para Burlandy (2004), o estado nutricional tem uma questo biolgica que relaciona
consumo alimentar e utilizao do alimento, e influenciado pela condio de sade, mas
tambm por uma condio psicossocial referente s condies de vida como trabalho, renda,
acesso a bens e servios bsicos, estrutura e relaes familiares, fatores psicolgicos e
culturais. Assim, o estado nutricional implica em um processo dinmico de relaes entre
fatores de ordem biolgica, psquica e social.
De acordo com Veiga e Burlandy (2001), a situao nutricional de crianas
considerada um valioso instrumento na aferio das condies de sade e de vida de uma
populao. Segundo Monteiro (2003), as crianas so biologicamente mais vulnerveis s
deficincias nutricionais e por isso, so habitualmente escolhidas como grupo indicador da
presena de desnutrio na populao estudada.
Em relao ao grupo de crianas e adolescentes, a avaliao do estado nutricional
permite o diagnstico de possveis distrbios, reduzindo o risco de complicaes graves na
idade adulta, alm de fornecer informaes para o estabelecimento de intervenes
(DANELON, 2007).
Segundo Mello (2002), a avaliao do estado nutricional tem papel fundamental no
estudo da criana e do adolescente, sendo possvel verificar, averiguar e investigar se o
crescimento est afastado do padro adotado e esperado, por doena e/ou condies sociais
desfavorveis.
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As alteraes do estado nutricional como a obesidade e a desnutrio esto relacionadas
com graves prejuzos sade, e contribuem com o crescimento da morbi-mortalidade
(ACUA; CRUZ, 2004).
Atualmente, o processo de transio nutricional revela que as modificaes no consumo
alimentar refletiram no estado nutricional da populao brasileira, ocasionando uma queda
dos ndices de desnutrio e aumento da prevalncia de sobrepeso e obesidade (IBGE, 2010a;
PEGOLO, 2005).
A progresso dessa transio nutricional, caracterizada pela reduo na prevalncia dos
dficits nutricionais e ocorrncia mais expressiva de sobrepeso e obesidade, tem sido
observada no s na populao adulta, mas tambm em crianas e adolescentes (WANG;
MONTEIRO; POPKIN, 2002).
Segundo dados da Pesquisa de Oramento Familiares (POF) 2008-2009, realizada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) em 2009, o peso dos brasileiros
aumentou significativamente nos ltimos anos. O excesso de peso entre crianas de 05 a 09
anos de idade e entre adolescentes, que at o final da dcada de 1980 aumentava
discretamente, triplicou nos ltimos 20 anos, alcanando entre um quinto e um tero dos
jovens (IBGE, 2010b).
Nos ltimos anos, pesquisas relacionadas ao estado nutricional de populaes revelam a
reduo das doenas infecto-contagiosas e o aumento da incidncia de doenas crnicas no
transmissveis (DCNT), em populaes de pases desenvolvidos e de pases em
desenvolvimento (GAMBA; JNIOR, 1999).
O mtodo mais utilizado para avaliao do estado nutricional em nvel populacional a
antropometria, que consiste na avaliao das dimenses fsicas e da composio global do
corpo humano, como medidas de peso e altura. Devido facilidade de execuo, baixo custo
e inocuidade, o mtodo amplamente usado em estudos com crianas e adolescentes
(SIGULEM; DEVINCENZI; LESSA, 2000).
Na avaliao nutricional de crianas os indicadores antropomtricos de peso e estatura
so analisados em funo da idade e do sexo (LEONE, 1998). A partir destas medidas, podem
ser calculados os ndices peso/idade, peso/estatura e estatura/idade (SARNI, 2001).
O indicador de peso para idade (P/I) reflete o peso em relao idade cronolgica da
criana, e permite identificar desvios nutricionais precocemente (ENGSTROM, 2002). O
ndice de peso para estatura (P/E) expressa a harmonia do processo de crescimento e seu
dficit reflete comprometimento recente do crescimento (VASCONCELOS, 1995). O
indicador de estatura para idade (E/I) reflete o crescimento linear alcanado para uma idade
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especfica e seu comprometimento indica que a criana teve o crescimento comprometido em
um perodo de longa durao (COSTA; KAC, 2002).
A determinao do ndice de Massa Corporal IMC, que a razo do peso em
quilogramas pela estatura ao quadrado em metros, tem sido utilizada na determinao da
antropometria em crianas e adolescentes (BRASIL, 2011a).
A avaliao do estado nutricional por meio do IMC reconhecida como importante
indicador na identificao da gordura corporal durante a infncia e adolescncia. Nos
programas de sade pblica, o IMC permite revelar indcios da presena de sobrepeso e
obesidade (DIETZ; ROBINSON, 1998; DIETZ; BELLIZZI, 1999).
2.2 Obesidade infanto-juvenil
A obesidade definida pela Organizao Mundial da Sade (OMS) como o acmulo
anormal ou excessivo de gordura corporal que pode ser prejudicial sade. Esse acmulo
resultado de um desequilbrio energtico prolongado, causado pela ingesto excessiva de
calorias associada ou no ausncia de atividade fsica (LAMOUNIER, 2005;
LAMOUNIER; PARIZZI, 2007).
considerada uma doena crnica, multifatorial, em que ocorre uma sobreposio de
fatores genticos, ambientais, comportamentais, culturais, metablicos e genticos
(SORENSEN, 1995; WHO, 2000).
A obesidade de causa ambiental, chamada de exgena responsvel por 95 a 98% dos
casos e ocorre com maior frequncia. Apenas um percentual muito baixo, de 2 a 5% tem
como causas as sndromes genticas que evoluem com obesidade como de Prader-Willi e
Bardet-Biedl, tumores como o craniofaringeoma ou distrbios endcrinos como
hipotireoidismo e sndrome de Cushing (ESCRIVO et al., 2000).
A ingesto de alimentos de alto valor calrico e pobres em nutrientes, fatores
econmicos, sociais, psicolgicos e culturais, a ausncia de atividade fsica e a estrutura
familiar so fortemente associado expresso da predisposio gentica da obesidade
(SIGULEM et al., 2001; WHO, 2004).
A obesidade em crianas impacta de forma negativa a sade, como maior prevalncia de
hipertenso arterial para essa faixa etria, e aumento das chances de se tornarem adolescentes
e adultos obesos (TRAV; OLASCOAGA; TORRES, 2012; BARBERN; ESCALA;
SUCO, 2011).
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Santos et al. (2011) em sua investigao sobre obesidade no Chile, aponta a importncia
de interveno psicossocial em grupo para crianas que demonstram comportamentos
especficos em relao alimentao, como o hbito de comer rpido.
Em adolescentes, a obesidade resulta no apenas do consumo excessivo de alimentos
densamente calricos, mas da sua combinao com atividade fsica reduzida. O tempo dirio
despendido em frente televiso, utilizando videogame e computador na adolescncia tem
sido associado com desfechos desfavorveis, como a obesidade (MONTICELLI; SOUZA;
SOUZA, 2012).
Wang, Monteiro e Popkin (2002) tambm afirmam que o aumento na prevalncia da
obesidade est relacionado com as mudanas no estilo de vida como maior tempo em frente
televiso e jogos de computadores e menor freqncia para brincadeiras na rua pela falta de
segurana; e nos hbitos alimentares devido um maior apelo comercial pelos alimentos ricos
em carboidratos simples, gorduras e calorias, e maior acesso s preparaes ricas em gorduras
e calorias e o menor custo de produtos de padaria.
A tendncia de alteraes dos hbitos alimentares observados no Brasil confirmada
pela anlise comparativa da Pesquisa de Oramentos Familiares - POF realizadas em 1987,
1996 e 2003, que mostrou um aumento no consumo de bebidas e infuses como refrigerantes
e alimentos mais ricos em acares e gorduras (LEVY-COSTA et al., 2005).
Em 2009, segundo dados divulgados da POF 2008-09, a parcela dos meninos e rapazes
de 10 a 19 anos de idade com excesso de peso passou de 3,7% (1974-75) para 21,7% (2008-
09); e entre as meninas e moas, o crescimento do excesso de peso foi de 7,6% para 19,4%
(IBGE, 2010b).
O conceito atual de modelo brasileiro do perfil da populao foi desenvolvido nos
ltimos cinquenta anos mesclando fatores externos, oriundos do mundo globalizado, e das
diversidades regionais e sociais da prpria cultura (FILHO; RISSIN, 2003).
Fatores como o deslocamento e fixao da populao da zona rural para a zona urbana;
a reduo da mortalidade infantil; a queda na taxa de fecundidade, com a mdia de 2,1 filhos
por mulher e o aumento da expectativa de vida que reflete mudanas na estrutura da pirmide
populacional; o maior acesso aos bens de consumo e informao so elementos que
possibilitam o entendimento da atual situao nutricional do pas (IBGE, 2009).
Atualmente a insero da mulher no mercado de trabalho para contribuir com as
despesas domsticas um fator de ausncia do convvio mais prximo com os filhos. Dessa
forma, as refeies realizadas juntamente com todos os integrantes da famlia sentados mesa
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passaram a ser menos frequentes e a troca de experincias dirias tambm. Logo, sintomas
dessas mudanas foram surgindo, sendo um deles a obesidade (SANTOS, 2003).
Diante de todas as mudanas no perfil nutricional da populao brasileira tornou-se
importante desenvolver um modelo de ateno sade que incorpore aes de promoo da
sade, preveno e tratamento da obesidade e de doenas crnicas no transmissveis
relacionadas ao excesso de peso (BRASIL, 2006b). Em 2003, Filho e Rossin observaram que
o sobrepeso/obesidade ainda no era um problema de sade pblico considerado no
desenvolvimento das aes de sade no Brasil.
Desde a criao do Sistema nico de Sade - SUS (BRASIL, 1990), o Estado Brasileiro
entende que a alimentao um dos fatores condicionantes da sade, e organiza as aes
pblicas governamentais na promoo, proteo e recuperao da sade dos indivduos e da
coletividade, integrando aes assistenciais e atividades preventivas.
As polticas pblicas so norteadas pelos princpios da universalidade e equidade no
acesso s aes e servios, e pelas diretrizes de descentralizao da gesto, de integralidade
do atendimento e de participao da comunidade na estruturao do SUS em todo o pas
(OLIVEIRA et al., 2008).Para enfrentar o excesso de peso que acomete cada vez mais uma
grande parcela da populao, necessrio implantar aes intersetoriais que atuem na
promoo da alimentao adequada e saudvel (BRASIL, 2014).
Em 1999, foi aprovada a Poltica Nacional de Alimentao e Nutrio - PNAN que
prope a melhoria das condies de alimentao, nutrio e sade da populao, por meio da
promoo de prticas alimentares saudveis, aes de vigilncia alimentar e nutricional, e
preveno e cuidado integral dos agravos relacionados alimentao e nutrio (BRASIL,
2003).
A PNAN entende a complexidade da obesidade e indica um conjunto de aes no
mbito da sade a fim de promover padres saudveis de alimentao. Nesse caso, a
Promoo da Alimentao Adequada e Saudvel PAAS uma estratgia que inclui a
educao nutricional e a regulao de alimentos, que envolve a rotulagem de alimentos e a
publicidade (BRASIL, 2012).
O Guia Alimentar para a Populao Brasileira outra ferramenta desenvolvida dentro
da PNAN com orientaes sobre hbitos alimentares saudveis. Alm do guia, o Ministrio
da Sade, publicou cartilhas e manuais sobre alimentao como Dez passos para uma
alimentao saudvel (MINISTRIO DA SADE, 2015).
Desde ento, diversas estratgias governamentais tem sido desenvolvidas, como o
repasse de recursos federais para o financiamento de aes especficas de promoo de
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22
alimentao saudvel e de atividade fsica nos municpios; a incluso de metas nacionais para
reduzir a obesidade no Plano Nacional de Sade; a integrao do Programa Nacional de
Alimentao Escolar PNAE com a agricultura familiar, incentivando a oferta de frutas e
hortalias nas escolas (REIS; VASCONCELOS; BARROS, 2011).
Ainda no escopo de aes do governo brasileiro para a promoo da alimentao
saudvel, outras polticas pblicas adicionam-se aos princpios da PNAN, como a Poltica
Nacional de Promoo Sade - PNPS e a Poltica Nacional de Ateno Bsica (BRASIL,
2012). Somam-se s polticas os programas como o Programa Mais Sade, o Programa Sade
na Escola e o Programa Nacional de Alimentao Escolar (BRASIL, 2007; BRASIL, 2009a;
BRASIL, 2009b; BRASIL, 2013).
O Programa Sade na Escola conta com a parceria entre os Ministrios da Sade e da
Educao. Seu objetivo avaliar as condies de sade dos alunos, realizar a promoo e
preveno da sade, monitorando a sade dos estudantes permanentemente (BRASIL, 2007).
Acompanhar a evoluo do estado nutricional dos escolares uma das aes previstas pelo
Programa Sade na Escola, afinal realizar vigilncia alimentar e nutricional representa um
olhar atento sobre o estado nutricional e o consumo alimentar da populao (BRASIL,
2009a).
Devido a obesidade ser compreendida como multifatorial, as aes de polticas de
interveno ao excesso de peso precisam ter carter intersetorial, envolvendo o mximo de
setores de servio pblico a fim de alcanar resultados positivos (PIMENTA; ROCHA;
MARCONDES, 2015).
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria - SBP (2008), algumas aes criadas
podem ser consideradas positivas para alcanar padres saudveis na rea da alimentao e
nutrio. Dentre elas, pode-se destacar a resoluo da Agncia Nacional de Vigilncia
Sanitria ANVISA que normaliza a publicidade de gneros no saudveis, j que o consumo
alimentar pode ser influenciado pelo marketing dos produtos (HAWKES, 2007).
Pimenta, Rocha e Marcondes (2015) entendem que as polticas pblicas de interveno
na obesidade infantil no devem ser baseadas apenas na perspectiva da sade, mas na
preveno e controle considerando o acesso a programas de atendimento mdico, nutricional,
psicolgico e social que respeite as particularidades de cada indivduo.
Santos (2003) afirma que alm do atendimento multiprofissional, a famlia dos
indivduos com excesso de peso configura como gestora dos riscos sociais que envolvem a
obesidade e por isso tambm deve ser envolvida nos atendimentos.
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Alm de gastos no planejamento de polticas pblicas para controle da obesidade, h
tambm os gastos ambulatoriais e hospitalares a serem ponderados. Um estudo realizado
sobre os gastos pblicos com a obesidade entre os anos de 2008 e 2011 identificou que em
2008 foram gastos R$ 17 milhes e os valores chegaram a R$ 33 milhes em 2011
(MAZZOCCANTE; MORAES; CAMPBELL, 2012).
Gastos relacionados obesidade no so exclusivos no Brasil, entre 1988 e 2006,
Finkelstein et al. (2009) constataram que os gastos com sade relacionados obesidade
passaram de US$ 78,5 bilhes para US$ 147 bilhes nos Estados Unidos.
Na Austrlia, um estudo realizado por Colagiuri et al. (2010) identificou que o gasto
anual com a sade de um indivduo obeso AUS$ 2.788,00 duas vezes maior do que a dos
indivduos com peso normal que AUS$1.472,00.
O impacto econmico da obesidade no acarreta apenas elevado custos mdicos, mas
tambm custos indiretos como menor qualidade de vida e reduo na produtividade laboral
(BAHIA; ARAJO, 2014).
O excesso de peso corporal pode ocasionar uma significativa reduo na expectativa de
vida, alm de propiciar o desenvolvimento de doenas crnicas. Enfermidades
cardiovasculares (hipertenso arterial, dislipidemia e hipertrofia do ventrculo esquerdo),
endcrinas (resistncia insulina, diabetes Mellitus tipo 2, anormalidades no ciclo menstrual
e sndrome do ovrio policstico), gstricas (esteatose heptica e refluxo gastroesofgico),
neurolgicas (hipertenso intracraniana), ortopdicas (joelhos genovaros, ps planos, tores
de tornozelo e aumento do risco de fraturas) e pulmonares (apneia do sono e asma) so cada
vez mais associadas ao sobrepeso e obesidade (LOBSTEIN; BAUR; UAUY, 2004; MUST;
STRAUSS, 1999; MANSON; BASSUK, 2003).
2.3 Recomendaes nutricionais na infncia e adolescncia
As recomendaes nutricionais referem-se s quantidades de energia e de todos os
nutrientes que devem ser consumidos diariamente para que satisfaam as necessidades de
indivduos de uma populao sadia (GIANNINI, 2007).
Os nutrientes so componentes dos alimentos que mediante suas funes, participam da
homeostase do organismo. De acordo com a quantidade que o corpo necessita de cada
nutriente, eles so classificados em macronutrientes e micronutrientes (ESCOTT-STRUMP;
MAHAN, 2000).
A RDA Recommended Dietary Allowances (Recomendao Diettica Adequada)
surgiu em 1941 e estabelece nveis mdios de ingesto de nutrientes acrescidos de uma
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margem de segurana para atender as necessidades nutricionais de praticamente todos os
indivduos saudveis (97% a 98 %). No entanto esta estimativa no considera a prtica de
atividade fsica ou a presena de patologias, por exemplo.
Diante dessas limitaes, foram criadas as DRIs Dietary Reference Intakes (Ingesto
Diria Recomendada), que um grupo com quatro valores de referncia de ingesto de
nutrientes e se baseia na quantidade de nutrientes necessrios para prevenir deficincias,
minimizar o risco de doenas crnicas e melhorar a qualidade de vida. Tanto a RDA quanto
DRI, foram formulados para a populao norte-americana e canadense (GIANNINI, 2007;
NRC, 2000; CARDOSO; VANNUCCHI, 2006).
Os quatro valores de referncia de ingesto de nutrientes que compe as DRIs so
Recomendao Mdia Estimada (Estimated Average Requirement - EAR), Ingesto Diettica
Adequada (RDA), Ingesto Adequada (Adequate Intake - AI) e Nvel Tolervel de Maior
Ingesto (Tolerable Upper Intake Level - UL) (IOM, 2005).
A EAR refere-se ao valor de referncia que corresponde mediana da distribuio das
necessidades de um nutriente em um grupo de indivduos saudveis do mesmo sexo e estgio
de vida, e por essa razo, atende s necessidades de 50% da populao. As RDAs so
utilizadas para indivduo, e no para grupos, e as EARs, por sua vez, servem como base para o
estabelecimento das RDAs. Quando a RDA no pode ser determinada, utiliza-se a AI que se
refere ingesto diria de um nutriente com base em estimativas de ingestes observadas ou
determinadas experimentalmente em um grupo de indivduos saudveis que se considera
adequada. E por fim, o UL o valor mais elevado de ingesto diria de um nutriente que no
apresenta risco de efeito adverso para a sade de quase todos os indivduos de uma populao.
Este valor de referncia serve para esclarecer a ideia equivocada de um nutriente que
proporciona benefcios em pequena quantidade, uma quantidade maior de ingesto traria
proporcionalmente mais benefcios. Uma vez que nutrientes podem ser prejudicial em doses
um pouco superiores aos valores de recomendao (IOM, 2005; PADOVANI et al., 2006).
Em 1998, o Ministrio da Sade divulgou uma Portaria com os valores de DRIs de
protena, vitaminas, minerais para indivduos e diferentes grupos populacionais. As
recomendaes contemplam definies para crianas e lactentes, adultos, gestantes e
lactantes. Em 2005, os valores de DRIs foram atualizados com a publicao da Resoluo n
269, com valores atualizados para ingesto diria de nutrientes considerando as diretrizes da
PNAN (BRASIL, 1998; BRASIL, 2005).
A energia no um nutriente, mas um aspecto importante a ser considerado na
alimentao. Para estimar as necessidades energticas, considera-se o Gasto Energtico Basal
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- GEB e o Gasto Energtico Total - GET. O GEB a energia necessria para a manuteno
dos processos corporais vitais respirao, metabolismo celular, circulao, atividade
glandular e conservao da temperatura corprea. J o GET refere-se ao adicional energtico
das atividades dirias ao GEB (VITOLO, 2008).
A infncia compreende a fase desde o nascimento at os 10 anos de idade, sendo
caracterizada por um intenso desenvolvimento fsico e psicolgico. J o perodo de
adolescncia tem incio aps os 10 anos e vai at os 19 anos de idade, sendo uma fase
marcada pela intensa mudana biopsicossocial (WHO, 1995). Diante de todas as alteraes
biolgicas e fisiolgicas ocorridas no organismo da criana e do adolescente, imprescindvel
uma dieta balanceada para o adequado crescimento e desenvolvimento orgnico (FONTES;
MELLO; SAMPAIO, 2012).
Nahas et al. (1992) afirma que o crescimento um evento complexo, e depende de
fatores intrnsecos e extrnsecos, como a nutrio e a herana gentica. De acordo com
Waltrick (1988) para que o crescimento ocorra de forma satisfatria, fundamental que se
oferea criana e ao adolescente ingesto de protena e energia suficientes.
Na infncia a ingesto de energia na alimentao importante, pois ela largamente
utilizada no processo de crescimento. Na adolescncia, o clculo das necessidades energticas
deve considerar o pico da velocidade mxima de crescimento, pois observado um real
aumento do apetite (VITOLO, 2008).
O aumento do consumo energtico se mostra como um dos fatores cruciais na
explicao do aumento das prevalncias de excesso de peso entre crianas e adolescentes. Em
contrapartida ao cenrio de sobrepeso e obesidade, existe a preocupao dos profissionais de
sade quanto s carncias nutricionais na populao brasileira, como clcio, ferro, vitamina A
e zinco (DANELON, 2007).
No Brasil, a deficincia de vitamina A, de ferro, e em algumas regies, a de iodo so as
principais deficincias identificadas (BRASIL, 2006c).
Para Cintra (2006) e Vitolo (2006), o consumo alimentar adequado envolve o equilbrio
qualitativo e quantitativo de nutrientes da dieta, e tem papel importante na infncia j que
um perodo de intenso crescimento e na adolescncia, devido o desenvolvimento pubertrio.
Segundo Gambardella (1995), em um estudo com adolescentes respondendo a
inquritos alimentares, observou-se que as necessidades nutricionais de energia e carboidratos
no eram alcanadas. Em contrapartida, o consumo de lipdeos, protenas, ferro e vitamina C
estavam acima das recomendaes estabelecidas para esse grupo.
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O gasto energtico para o crescimento inclui a energia despendida para o funcionamento
do tecido e a energia gasta para sintetizar novos tecidos (WHO, 1995)
Logo, a alimentao de crianas e adolescentes deve contemplar as necessidades de
energia e nutrientes, apresentando variedade de vitaminas e minerais. Desta forma notria a
participao da famlia, da escola, do grupo de amigos e da publicidade na formao dos
hbitos alimentares e nas escolhas alimentares (DANELON, 2007).
2.4 Recomendao nutricional na alimentao escolar
A merenda escolar como tambm conhecido o Programa Nacional de Alimentao
Escolar - PNAE, foi criado em 1954 visando oferecer alimentao gratuita aos alunos
matriculados na rede pblica de ensino, e se destaca por ser o programa social mais antigo da
rea de segurana alimentar e nutricional em vigor no Brasil (BRASIL, 2009b). O programa
visa contribuir para suplementar as necessidades nutricionais dos alunos atendidos, estimular
o aprendizado, diminuir o ndice de evaso escolar alm de incentivar a formao de hbitos
alimentares saudveis (BRASIL, 2013).
O programa gerenciado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao
(FNDE), e visa transferncia de recursos financeiros aos estados e municpios. O valor
repassado pela Unio a estados e municpios por dia letivo para cada aluno definido de
acordo com a etapa e modalidade de ensino. Para alunos de creches e ensino integral o valor
per capita R$ 1,00; para alunos do programa Mais Educao o repasse de R$ 0,90; para
alunos da pr-escola o valor R$ 0,50; o per capita para alunos de escolas indgenas e
quilombolas R$ 0,60; para alunos que frequentam o Atendimento Educacional
Especializado no contra turno o per capita de R$ 0,50 e para alunos do ensino fundamental,
mdio e educao de jovens e adultos, o repasse per capita de R$ 0,30 (BRASIL, 2013).
O repasse feito diretamente aos estados e municpios, baseado no Censo Escolar
realizado no ano anterior ao do atendimento. O Programa acompanhado e fiscalizado
diretamente pela sociedade, por meio dos Conselhos de Alimentao Escolar (CAE), pelo
FNDE, pelo Tribunal de Contas da Unio (TCU), pela Controladoria Geral da Unio (CGU) e
pelo Ministrio Pblico (BRASIL, 2013).
Atualmente o PNAE preconiza que os cardpios da alimentao escolar sejam
elaborados por um nutricionista responsvel tcnico e dever conter gneros alimentcios
bsicos, a fim de respeitar as referncias nutricionais, os hbitos e a cultura alimentar local.
Alm de considerar a sazonalidade e diversificao agrcola da regio para uma alimentao
saudvel (BRASIL, 2013).
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Os cardpios do programa devem ser planejados para suprir no mnimo 70% das
necessidades das necessidades nutricionais para os alunos que participam do Programa Mais
Educao e 20% para os alunos matriculados na educao bsica.
O objetivo da alimentao escolar servir de complemento s necessidades nutricionais
dos alunos. Porm, em situaes de pobreza extrema os alimentos ingeridos na escola podem
significar a nica refeio do dia (BEZERRA, 2009).
2.5 Aspectos higinico-sanitrios da cozinha e dos alimentos servidos na Escola
Alimentao um direito universal estabelecido na Constituio Federal, e deve ser
disponvel em quantidade e qualidade nutricional adequadas. Alm disso, deve ser segura do
ponto de vista microbiolgico (BRASIL, 1988; BOULOS, 1999).
O Ministrio da Sade (BRASIL, 2005) recomenda que os alimentos devem ser seguros
desde a produo at o consumo, no oferecendo risco sade e integridade do indivduo.
Alimentos ou gua contaminados com micro-organismos ou toxinas produzidas por eles
podem originar as doenas transmitidas por alimentos (DTAs), que atualmente constituem um
problema de sade pblica (OMS, 2002). Segundo o Centers for Disease Control and
Prevention (CDC), um surto de DTA o episdio em que duas ou mais pessoas apresentam
doena semelhante aps ingerirem alimentos de origem comum (CDC, 2000).
Dentre os sintomas mais frequentes de uma DTA esto dor de estmago, nusea,
vmitos, diarria e febre. No entanto, dependendo da carga microbiana o quadro clnico pode
ser extremamente srio, com agravantes de desidratao grave, diarria sanguinolenta,
insuficincia renal aguda e insuficincia respiratria (FORSYTHE, 2002; RODRIGUES et
al.,2004; CARMO et al.,2005; MURMANN et al.,2008).
Sousa (2006) afirma que a gua de consumo humano um veculo de transmisso de
patgenos que podem causar infeces gastrointestinais. As doenas de origem hdrica
ocorrem devido ingesto direta ou indireta de gua contaminada por micro-organismos
patognicos. Bactrias, protozorios, vrus e helmintos, compreendem os agentes biolgicos
mais importantes de contaminao da gua e dos alimentos, e so oriundos principalmente, de
contaminao fecal humana e animal das guas destinadas ao consumo (GERMANO;
GERMANO, 2001).
Segundo Zandonadi et al. (2007), a contaminao dos alimentos pode ter inicio na
produo da matria-prima e se estender aos processos de transporte, recepo e
armazenamento. Tambm pode ocorrer atravs de manipulao e conservao inadequadas
dos alimentos, alm da contaminao cruzada entre produtos crus e processados
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(COSTALUNGA; TONDO, 2002; SANTOS et al., 2002; NADVORNY; FIGUEIREDO;
SCHMIDT, 2004; CARMO et al., 2005; MRMANN et al., 2008).
Andrade e Macdo (1996) afirmam que os equipamentos e utenslios com higienizao
deficiente tm sido responsveis, isoladamente ou associados a outros fatores, por surtos de
doenas de origem alimentar ou por alteraes de alimentos processados. H relatos de que
utenslios e equipamentos contaminados participam do aparecimento de aproximadamente
16% dos surtos (FREITAS, 1995).
Ao longo da manipulao dos alimentos, as condies precrias da higiene dos
manipuladores, equipamentos, utenslios, ambiente e condies inadequadas de
armazenamento dos produtos que esto prontos para o consumo expe o alimento ao risco de
contaminao (ZANDONADI et al., 2007).
Um inqurito aplicado para avaliar o nvel de conscientizao e adoo de prticas
higinico-sanitrias de manipuladores domsticos, realizado por Mitakakis et al. (2004)
constatou que 47% no higienizavam corretamente as mos e 70% no realizavam a limpeza
adequada das superfcies de preparao dos alimentos.
Logo, para se conhecer as condies de higiene em que o alimento foi preparado e se
ele oferece risco sade do consumidor a anlise microbiolgica faz-se fundamental
(FRANCO; LANDGRAF, 1996).
2.6 Educao nutricional na escola
A escola um ambiente propcio para a promoo da alimentao saudvel, pois se
caracteriza por um espao de troca de informaes e idias. na escola que a criana obtm
conhecimento, desenvolve suas habilidades, tem contato com diferentes culturas, alimenta-se
e educa-se de uma forma abrangente (BRASIL, 2006a).
A educao nutricional um processo multidisciplinar que inclui a transferncia de
informaes, o desenvolvimento da motivao e da mudana de hbitos, e pode at contribuir
para a reduo de gastos pblicos na rea da sade com tratamentos de doenas associadas
aos maus hbitos alimentares (GAGLIANONE, 2003). Segundo Kain et al. (2001) os custos
para implementar programas de preveno da obesidade, como atividades de educao
nutricional, so reduzidos quando comparado aos gastos com tratamento das patologias
associadas obesidade.
As atividades de educao nutricional podem ser desenvolvidas com aes individuais
ou coletivas. Porm as atividades coletivas podem favorecer a efetividade das aes por meio
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da troca de ideias entre os participantes, favorecendo a mudana de hbitos alimentares
(MAFFACCIOLLI; LOPES, 2005; TORRES; HORTALE; SCHALL, 2003).
Para Aranceta (1995) a educao nutricional uma parte da nutrio que oferece
recursos para a aprendizagem, adequao e aceitao de hbitos alimentares saudveis,
objetivando a promoo da sade de indivduos e da comunidade.
De acordo com Contento (1995) a educao nutricional toda experincia de
aprendizagem que tenha por finalidade auxiliar a adoo voluntria de comportamentos e
hbitos alimentares que acarretar no bem estar do indivduo.
Para Boog (1999) a educao nutricional de fundamental importncia em relao
promoo de hbitos alimentares saudveis desde a infncia. Desta forma, iniciar atividades
de orientao nutricional ainda na infncia primordial para que o indivduo avalie suas
escolhas ao longo da vida.
Gobbi (2005) ressalta que a educao nutricional uma parte importante da educao
em sade, tornando-se imprescindvel na formao de conceitos e atitudes para hbitos
saudveis ao longo da vida de um indivduo.
Borges et al. (2006) enfatiza que a obesidade no o nico problema a ser trabalhado
nas atividades de educao nutricional a fim de orientar o comportamento alimentar, j que
nos ltimos anos tem crescido os casos de transtornos alimentares como anorexia e bulimia.
Para Santos (2005) o papel da educao nutricional est associado criao e
assimilao de informaes que contribua para auxiliar as decises dos indivduos,
principalmente na adolescncia, fase de maior autonomia nas escolhas alimentares.
De acordo com Muller et al. (2001) pouco provvel que intervenes isoladas em uma
nica rea solucionem a questo da obesidade infantil. Fatos como a influncia dos pais, a
presso dos colegas, o marketing e a auto-imagem, devem ser considerados no
desenvolvimento de estratgias para enfrentar a complexidade das causas.
Uma das diretrizes do PNAE preconiza a incluso da educao alimentar no processo de
ensino e aprendizagem, que perpassa pelo currculo escolar, abordando o desenvolvimento de
prticas saudveis na perspectiva da segurana alimentar e nutricional (BRASIL, 2013).
O propsito da educao nutricional desenvolvida no ambiente escolar informar s
crianas sobre os princpios gerais da alimentao e nutrio, orientando comportamentos
especficos para que estes se tornem aptos a fazer escolhas conscientes ao longo de suas vidas
(DIAS; CHIANTELE; ALMADA, 2005).
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Ochsenhofer et al. (2006) considera que a escola o melhor espao na preveno da m
nutrio por meio da educao nutricional uma vez que a criana e o adolescente podem atuar
como agentes de mudanas na famlia.
Um estudo norte-americano realizado por Muoz et al. (1997) destaca a necessidade de
se encorajar crianas e adolescentes quanto as suas escolhas alimentares, estimulando o
consumo de frutas, vegetais e gros, atravs da educao nutricional.
Estudos realizados nos Estados Unidos e Europa com atividades de educao
nutricional em escolas apontaram mudanas positivas nos hbitos alimentares na adolescncia
(SINGH et al., 2007; JAMES et al., 2004).
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3 METODOLOGIA
3.1 Local do estudo
O estudo foi realizado no municpio mineiro de Uberaba, cuja rea territorial de 4.523
km, com populao residente de 295.988 habitantes e renda per capita de R$ 666,67 (IBGE,
2010a).
3.2 Populao analisada
Esta pesquisa um estudo transversal descritivo incluindo crianas e adolescentes. Os
dados para desenvolvimento do estudo foram coletados durante o ano letivo de 2014 e
primeiro semestre de 2015. Para proceder a coleta dos dados, foi feito contato com a diretora
da escola, selecionando todos os alunos matriculados no turno vespertino, tendo assim uma
amostra mais representativa.
Foram avaliados 547 alunos de ambos os sexos com idade entre 07 e 16 anos.
A pesquisa foi aprovada pelo Comit de tica e Pesquisa da Universidade Federal do
Tringulo Mineiro sob o parecer n 877.724.
A insero dos alunos no estudo ocorreu somente aps a obteno do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE, devidamente assinado pelos pais ou responsveis
(ANEXO A).
3.3 Questionrio de identificao
As informaes sobre nome, sexo e data de nascimentos foram obtidas diretamente do
cadastro de matrculas da escola, utilizando-se de um questionrio estruturado. A idade foi
calculada pela diferena entre a data da avaliao antropomtrica e a data de nascimento.
3.4 Estado nutricional
Para obter o ndice de Massa Corporal (IMC) e caracterizar o estado nutricional, foi
realizada a avaliao antropomtrica a partir das medidas de peso (kg) e altura (m).
Para mensurao do peso corporal foi utilizada balana porttil digital eletrnica, do
tipo plataforma, com capacidade para 150 kilogramas e sensibilidade de 100 gramas, marca
Welmy. Os alunos foram medidos usando roupas leves e descalos.
A medida de altura foi obtida com o aluno em posio ereta, descalos, ps unidos e em
paralelo utilizando estadimetro porttil, com escala em milmetros, fixado na parede sem
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rodap e um esquadro apoiado firmemente sobre a cabea, assegurando que o aluno estava na
posio correta no momento da aferio.
O ndice de massa corporal (IMC) foi calculado dividindo-se peso (kg) pelo quadrado
da altura (m2). Considerando os fatores de idade e sexo na interpretao do IMC, utilizou-se o
escore Z do IMC, considerado um timo mtodo para estudo populacional (WHO, 2007).
O escore Z obtido mediante a relao da diferena entre o valor medido naquele
indivduo e o valor mdio da populao de referncia, dividida pelo desvio padro da mesma
populao (BRASIL, 2011a), representado pela equao:
refernciadepopulaodapadrodesvio
refernciadepopulaodamedianaobservadovalorZEscore
Os ndices antropomtricos utilizados nesta pesquisa para avaliao do estado
nutricional dos alunos de 6 a 10 anos foram peso para idade (P/I), estatura para idade (E/I) e
IMC para idade (IMC/I) medidos em escore Z. Para avaliao do estado nutricional dos
alunos de 11 a 17 anos os ndices antropomtricos utilizados foram estatura para idade (E/I) e
IMC para idade (IMC/I) medidos em escores Z.
O critrio de classificao adotado foi o recomendado pela OMS e adotado pelo
Ministrio da Sade (BRASIL, 2011a), conforme Quadros 1 e 2.
Quadro 1. Classificao do estado nutricional de crianas de 5 a 10 anos para cada ndice
antropomtrico
Valores Crticos ndices Antropomtricos
Peso para idade Estatura para idade IMC para idade
< Escore Z -3 Muito baixo peso para a
idade
Muito baixa estatura
para a idade
Magreza
acentuada
Escore Z -3
e Escore Z +2 e
Escore Z +3 Peso elevado para idade
Obesidade
> Escore Z +3 Obesidade Grave
Fonte: Adaptado de Ministrio da Sade, 2011
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Quadro 2. Classificao do estado nutricional de adolescentes para cada ndice
antropomtrico
Valores Crticos ndices Antropomtricos
Estatura para idade IMC para idade
< Escore Z -3 Muito baixa estatura para a idade Magreza acentuada
Escore Z -3 e Escore Z +2 e Escore Z +3 Obesidade
> Escore Z +3 Obesidade Grave
Fonte: Adaptado de Ministrio da Sade, 2011
Foi utilizado o software Microsoft Office Excel 2007 para construo do banco de
dados visando a elaborao dos clculos e anlise dos indicadores antropomtricos.
3.5 Anlise da distribuio demogrfica
As informaes demogrficas dos alunos foram:
- sexo: masculino e feminino;
-idade: calculada pela diferena entre a data da avaliao antropomtrica e a data de
nascimento.
3.6 Anlise Nutricional da Alimentao Escolar
Para anlise dos alimentos oferecidos na alimentao escolar, a pesquisadora
acompanhou alguns dias letivos, utilizando como amostra os cardpios de uma semana do
ms de junho de 2015.
Os cardpios so elaborados pela vice-diretora juntamente com as merendeiras, sendo
que para o desejejum servido po francs diariamente alternando-se apenas a bebida, ora
leite com achocolatado ora ch mate. Os cardpios para o almoo e para o lanche da tarde so
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rotativos, ou seja, so elaborados para 5 semanas, e ao final da quinta semana inicia-se
novamente.
Para determinao dos nutrientes e energia consumidos pelos alunos na alimentao
escolar, os dados foram agrupados no software Diet Win, aps cautelosa reviso dos
alimentos, nutrientes e tamanho das pores cadastradas no banco original do software, a fim
de atualizar as informaes e cadastrar as receitas.
Para o cadastro de receitas que ainda no constavam no referido programa, foi utilizada
a tabela de composio alimentar desenvolvida pelo Ncleo de Estudos e Pesquisas em
Alimentao NEPA da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (UNICAMP,
2011).
Foi considerado na anlise da alimentao escolar o quantitativo de energia, os
macronutrientes (carboidratos, protenas e lipdeos), fibras, vitaminas A e C e minerais
(clcio, ferro, magnsio e zinco) de acordo com o sugerido no PNAE.
As anlises referentes proporo da ingesto de nutrientes em relao s necessidades
dos alunos foram realizadas utilizando como referncia dos valores estabelecidos pelo PNAE.
O Quadro 3 apresenta as recomendaes preconizadas para os alunos de acordo com a idade
pelo PNAE.
Quadro 3. Valores de referncia para energia e nutrientes, de acordo com a idade,
estabelecidos pelo Programa Nacional de Alimentao Escolar (PNAE) para atender 70% das
necessidades nutricionais dirias (BRASIL, 2013)
Energia e Nutrientes Estratos em idade
06 a 10 anos 11 a 15 anos 16 a 18 anos
Energia (kcal) 1000 1500 1700
Carboidrato (g) 162,5 243,8 276,3
Protena (g) 31,2 46,9 50,0
Lipdio (g) 25,0 37,5 42,5
Fibras (g) 18,7 21,1 22,4
Vitamina A (g) 350,0 490,0 560,0
Vitamina C (mg) 26,0 42,0 49,0
Ca (mg) 735,0 910,0 910,0
Fe (mg) 6,3 7,5 9,1
Mg (mg) 131,0 222,0 271,0
Zn (mg) 4,7 6,3 7,0 Fonte:BRASIL, 2013
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3.7 Aspectos higinico-sanitrios da cozinha e dos alimentos servidos na Escola
3.7.1 Anlise do ambiente
O mtodo de anlise de ambiente utilizou-se Placas de PCA (gar Contagem Padro)
que foram colocadas abertas por 15 minutos nos locais analisados: bancada, mesas, estoque e
cozinha. Aps esse perodo, as placas foram fechadas e acondicionadas em recipiente
isotrmico com gelo, e transportadas para o Laboratrio de Microbiologia do IFTM Campus
Uberaba para anlise.No laboratrio de anlise as placas foram encubadas a 35C 0,5C/ 24-
482h, e aps a incubao procedeu-se contagem do nmero de colnias, segundo
metodologia recomendada pela APHA Associao Americana de Sade Pblica, expressa
em Unidades Formadoras de Colnias (UFC) por cm2/ semana (SVEUN et al., 1992).
3.7.2 Anlise das mos dos manipuladores de alimentos
Para as mos dos manipuladores, foram analisadas as amostras de swab das mos das
duas merendeiras responsveis pelo preparo das refeies do turno da manh, sendo referidos
como manipulador A e B. Para cada manipulador foi utilizado um swab, de algodo no-
absorvente.
De forma angular, o swab foi passado, com movimentos giratrios, da parte inferior da
palma at a extremidade dos dedos e voltando ao punho, repetindo- se esse procedimento trs
vezes na direo de cada dedo. Os movimentos nas bordas foram do tipo vai-e-vem, de modo
a avanar em um dos lados da mo onde as linhas dos punhos se iniciavam, passando depois
entre os dedos e, no final, no outro lado da mo, encontrando-se de novo com as linhas dos
punhos. Em seguida, os swabs foram transferidos para tubos de ensaio, contendo 10 ml de
gua Peptonada, e acondicionado e transportados em recipiente isotrmico com gelo para o
Laboratrio de Microbiologia do IFTM Campus Uberaba para anlise.
Aps a homogeneizao de cada amostra, transferiu-se com o auxlio de pipeta, 0,1mL
da amostra do tubo de ensaio para uma placa de PCA (gar Contagem Padro). Incubou-se as
placas a 35C 0,5C/ 24-482h, segundo a metodologia recomendada pela APHA (SVEUN
et al., 1992).
3.7.3 Anlise de superfcies e utenslios
Para anlise de superfcie (copo, prato, bancos e mesas), equipamentos, utenslios e
mos de manipuladores, foi utilizada a tcnica do esfregao de superfcie swab, conforme
-
36
recomendao da APHA(SVEUN et al., 1992). Para cada amostra foi utilizado um swab, de
algodo no-absorvente.
Aps coleta, cada swab foi colocado em tubo de ensaio com tampa contendo 10 ml de
gua Peptonada, e acondicionado e transportados em recipiente isotrmico com gelo para o
Laboratrio de Microbiologia do IFTM Campus Uberaba para anlise.
Aps a homogeneizao de cada amostra, transferiu-se com o auxlio de pipeta, 0,1mL
da amostra do tubo de ensaio para uma placa de PCA (gar Contagem Padro). Incubou-se as
placas a 35C 0,5C/ 24-482h, segundo a metodologia recomendada pela APHA (SVEUN
et al., 1992).
3.7.4 Anlise da gua
As amostras de gua foram coletadas em frascos de vidro esterilizados, com capacidade
de 250 mL. Foi coletada e analisada a gua das duas torneiras da pia da cozinha; duas
torneiras do bebedouro; bebedouro da sala dos professores e lavatrio de pratos da cozinha,
totalizando seis amostras de gua. A gua foi coletada aps trs minutos de escoamento, nos
frascos de 250 mL e imediatamente aps a coleta, as amostras foram transportadas em
recipiente isotrmico, com gelo, para o Laboratrio de Microbiologia do IFTM Campus
Uberaba para anlise.
Os mtodos empregados foram baseados nos recomendados pela Associao Americana
de Sade Pblica American Public Health Association(APHA). As amostras de gua foram
submetidas pesquisa de coliformes totais e termotolerantes pela tcnica do Nmero Mais
Provvel (NMP) (APHA, 1992).
Aps a homogeneizao da amostra, transferiu-se, com o auxlio de pipeta, 10mL da
amostra para tubo de ensaio contendo 10 mL de Caldo Lauril Sulfato Triptose (LST).
Incubaram-se os tubos a 35C 0,5C/ 24-482h, segundo a metodologia recomendada.
Para os tubos com confirmao positiva no LST caracterizado pela formao de gs no
interior do tubo de Durhan (tubo de fermentao) e turvao do meio, procedia-se aos testes
confirmativos, transferindo-se, por meio de alada, uma alquota para tubos correspondentes
contendo Caldo Verde Brilhante (VB), para contagem de coliformes totais, incubando-os a
35C 0,5C/ 24-482h; e uma alquota para tubos correspondentes, contendo Caldo
Escherichia coli (EC), para contagem de coliformes termotolerantes, incubando-os em banho-
maria com circulao de gua a 44,50,2C/242h. Os tubos positivos do Caldo VB e do
Caldo EC foram conferidos nas tabelas de NMP para coliformes totais e termotolerantes,
respectivamente, de acordo com o recomendado pela literatura. O resultado obtido como
-
37
NMP/100 mL da amostra permitiu avaliar a qualidade microbiolgica da gua, conforme os
padres estabelecidos pela Portaria n 518 do Ministrio da Sade (BRASIL, 2004b).
3.7.5Anlise da Alimentao Escolar
Foram coletadas amostras dos alimentos servidos no desjejum (po com margarina e
leite com achocolatado), no almoo (arroz, feijo e carne bovina com mandioca, salada de
berinjela com tomate) e no lanche da tarde (sopa de fub com carne moda) para anlise
microbiolgica. Foram investigados os microorganismos indicadores relacionados ao controle
de qualidade: Coliformes totais e termotolerantes, Estafilococos coagulase positiva, aerbios
mesfilos e Salmonella sp.
A coleta dos alimentos da alimentao escolar foi realizada em sacos estreis prprios
para anlise microbiolgica e imediatamente aps a coleta, as amostras foram transportadas
em recipiente isotrmico, com gelo, para o Laboratrio de Microbiologia do IFTM Campus
Uberaba para anlise.
Aps a homogeneizao da amostra, transferiu-se, com o auxlio de colher estril, 25g
de cada amostra para frasco contendo 225 mL de gua Peptonada a 0,1% de modo a obter
uma diluio de 10-1
. Em seguida, retirou-se 1,0 mL desta diluio 10-1
transferindo-a para
outro tubo contendo 9,0 mL de gua Peptonada a 0,1%, obtendo-se assim a diluio de 10-2
.
Repetiu-se o mesmo mtodo com a diluio de 10-2
, obtendo-se a diluio de 10-3
.
Seguindo-se a metodologia recomendada de cada anlise: para coliformes totais e
termotolerantes, seguiu-se a metodologia NMP de Kornacki e Johnson (2001); para anlise de
Estafilococos, seguiu-se a metodologia Estafilococos coagulase positiva contagem direta em
placas de Lancette e Bennett (2001); para anlise de aerbios mesfilos seguiu-se a
metodologia de contagem em placas de Morton (2001); e para anlise de Salmonella sp
seguiu-se a metodologia BAM/FDA 2006, da Food and Drug Administration (FDA).
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38
Quadro 4.Valores de referncia para anlise microbiolgica de acordo com RDC n12
Resoluo - RDC n 12 de 2 de janeiro de 2011
PARMETRO Valor Mximo Permitido para leite
pasteurizado
Coliformes totais *No exigido pela legislao
Coliformes termotolerantes e
Escherichia coli 0,4 x 10 NMP/mL
Estafilococos coagulase positiva *No exigido pela legislao
Aerbios Mesfilos em 25 mL 6 x 105 NMP/mL
Fonte: Brasil, 2001
3.8 Interveno em Educao Nutricional
A ao de Educao Nutricional foi realizada em encontros da pesquisadora com os
alunos durante o ms de abril de 2015 em cada sala de 1 ao 9 ano do Ensino Fundamental.
As intervenes tiveram carter informativo e visaram apresentar a promoo de
prticas alimentares saudveis comunidade escolar apresentando como tema o modelo da
pirmide alimentar proposto por PHILIPPI et al. (1999).
A ao de Educao Nutricional utilizou trs estratgias de interveno, tendo como
base a faixa etria das crianas e adolescentes.
Interveno A - Apresentao de vdeo
Essa interveno teve como pblico alvo os alunos do 1 ao 3 ano. Foi escolhida a
estria dos personagens infantis Charlie e Lola, com o ttulo: Eu nunca vou comer tomate na
minha vida. A estria aborda o tema de uma criana que fala que nunca comer tomate e
outros alimentos sem antes experimet-los e conhecer o sabor, e como seu irmo mais velho
Charlie convence-a a com-los. Aps o vdeo, a moderadora abordou a importncia de
experimentar todos os alimentos antes de classific-lo como indesejado. Como forma de
fixao do tema, os alunos do 1 ano receberam uma atividade para colorir (ANEXO B)
contendo alguns legumes citados pelo personagem; Os alunos do 2 ano receberam uma
atividade de palavras cruzadas identificado como Cruza-Frutas (ANEXO C) exemplificando
algumas frutas citadas na estria; os alunos do 3 ano receberam uma atividade de caa
palavras, contendo alguns legumes citados pelo personagem (ANEXO D).
Interveno B Pirmide Alimentar
A interveno B teve como pblico alvo os alunos do 4 ao 6 ano, trabalhadas uma
turma de cada vez, utilizando o perodo de aula de 50 minutos com cada sala. Foi reproduzida
a forma da pirmide alimentar em papel pardo e dividida em Alimentos de Base, Alimentos
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39
para Proteger, Alimentos para Crescer e Alimentos para Correr, referindo-se respectivamente
aos carboidratos; vitaminas e minerais; protenas; acares e gorduras. A moderadora
explicou sobre a funo de cada grupo de alimento no corpo humano, e relacionou os
alimentos que compunham os grupos. Aps exposio, a turma foi dividida em quatro grupos,
e foi entregue recortes de revistas de alimentos para os alunos colarem as gravuras na
categoria que o alimento pertencia.
Interveno C Semforo da Alimentao
Essa interveno teve como pblico alvo os alunos do 7 ao 9 ano, sendo trabalhada
uma turma em cada horrio de aula, com durao de 50 minutos. A turma foi dividida em trs
equipes, cada uma representando uma cor do semforo de trnsito. Em uma mesa, no centro
da sala de aula, foram dispostos rtulos de diversos alimentos como biscoito integral biscoito
recheado, po de forma, po de forma integral, refrigerante, gua mineral, tempero pronto,
leo de soja, requeijo cremoso iogurte, leite em p, leite integral UHT, caixa de bombom,
bebida base de carboidrato e minerais, batata frita, suco de fruta em p, suco de fruta de
caixinha e goma de mascar. Cada equipe escolheu um representante para selecionar alguns
rtulos que se encaixaria na seguinte categoria: alimentos da equipe verde representam
alimentos que podem ser consumidos diariamente, trazendo benefcios ao corpo; alimentos da
equipe amarela representam alimentos que podem ser consumidos, mas com moderao, pois
em excesso podem trazer prejuzos ao corpo; e alimentos da equipe vermelha so alimentos
que devem ser evitados, pois em sua composio trazem ingredientes malficos ao organismo,
como excesso de sdio, acar ou gordura. Aps a escolha dos alimentos cada grupo
apresenta os alimentos escolhidos e a moderadora explica se houve acerto ou erro na escolha.
3.9 Anlise Estatstica
Os dados coletados para avaliao do estado nutricional foram processados no software
Microsoft Office Excel 2007; para clculos de macro e micro nutrientes da alimentao
escolar foi utilizado o software Dietwin.
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40
4 RESULTADOS
4.1 Perfil Nutricional
Os resultados referentes ao perfil nutricional dos alunos (n = 547), baseado nos escores Z do ndice de Massa Corporal so apresentados na
Tabela 1.
Considerando os dados apresentados, observouse prevalncia de sobrepeso (1Z3).
Quanto ao baixo peso (-3 Z
-
41
A classificao dos alunos segundo o ndice de Estatura/Idade (E/I) est discriminada na
Tabela 2.
A avaliao do estado nutricional de acordo com a E/I revelou que 2,75% dos alunos
apresentam baixa estatura para a idade.
Tabela 2 Distribuio dos alunos de acordo com o ndice de Estatura/Idade para crianas
Fonte: Dados da pesquisa
Os resultados que demonstram a classificao de acordo com o ndice de Peso/Idade
(P/I) esto apresentados na Tabela 3.
A distribuio dos alunos de acordo o P/I aponta que 4,06% dos alunos do sexo
feminino e 0,50% dos alunos do sexo masculino apresentam peso elevado para idade.
Tabela 3 Distribuio dos alunos de acordo com o ndice de Peso/Idade para crianas
Fonte: Dados da pesquisa
4.2 Anlise nutricional da alimentao escolar
Os cardpios analisados esto descritos no Quadro 5.
Idade (em
anos) Sexo n %
Baixo Estatura para
idade
Estatura
Adequada para
idade
>=-3 e =-2
N % n %
< 9 Masculino 20 3,6 1 0,18 19 3,5
Feminino 111 20,3 2 0,36 109 20
9 I- 11 Masculino 28 5,1 1 0,18 27 5
Feminino 114 20,8 7 1,3 107 19,5
11 I- 13 Masculino 36 6,6 0 0 36 6,5
Feminino 110 20,1 4 0,73 106 19,3
13 I- 15 Masculino 34 6,2 0 0 34 6,2
Feminino 65 11,9 0 0 65 11,8
> 15 Masculino 12 2,2 0 0 12 2,2
Feminino 17 3,2 0 0 17 3,2
Total 547 100 15 2,75 532 97,2
Idade (em
anos) Sexo n %
Peso Adequado para Idade Peso Elevado para Idade
>=-2 Z2
N % n %
9
Masculino 35 17,8 34 17,2 1 0,5
Feminino 162 82,2 154 78,2 8 4,06
Total 197 100 188 95,4 9 4,56
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42
Quadro 5. Cardpio da alimentao escolar
Perodo Cardpio Oferecido
Desjejum Po francs, leite com achocolatado
Po francs, ch mate
Almoo
Arroz branco cozido, feijo carioca cozido, polenta bolonhesa, salada de
alface
Arroz branco cozido, macarro ao molho branco com presunto
Arroz branco cozido, feijoada
Arroz branco cozido, feijo carioca cozido, polenta bolonhesa
Arroz branco cozido, feijo carioca cozido, carne moda com batatinha
"Arroz sujo", maionese de frango
Arroz branco cozido, feijo carioca cozido, polenta bolonhesa, caboti
cozida
Arroz branco cozido, carne bovina em cubos com cenoura,vinagrete e
banana
Lanche
Sopa de fub
Arroz branco cozido, feijo carioca cozido, farofa, banana
Arroz doce
Arroz branco cozida, salada de frango
Arroz, feijo tropeiro
Vitamina de abacate, mamo e banana
Sopa de legumes e macarro
Arroz branco cozido, feijo carioca cozido, farofa de carne moda com
caboti Fonte: Dados da pesquisa
De acordo com os cardpios analisados, foram identificadas as mdias de ingesto de
calorias, macronutrientes, fibras e dos micronutrientes clcio, ferro, magnsio, zinco e
vitaminas A e C, apresentados na Tabela 4.
O consumo mdio de energia no desjejum, almoo e lanche foi de 124,87 kcal; 290,48
kcal e 266,62 kcal respectivamente. Em relao ao consumo de macronutrientes, o item mais
consumido foi o carboidrato, principalmente no almoo, com mdia de 50,77g. Em relao ao
consumo de protenas, almoo e lanche apresentaram mdias de ingesto de 10,62g e 11,6g
respectivamente, e um consumo de 3,85g no desjejum.
Com relao aos lipdios, a mdia de consumo teve aumento crescente medida que as
refeies foram servidas, chegando a 8,22g no lanche, enquanto desjejum e almoo foram de
4,21g e 5,01g respectivamente.
-
43
Foi verificada uma baixa ingesto mdia de fibras no desjejum de 0,56g. No almoo e
lanche o consumo mdio foi maior, sendo de 4,81g e 4,83g respectivamente.
Em relao vitamina A, destaca-se a diferena da ingesto mdia entre o desjejum
(32,14g), almoo (2,64g) e lanche (9,94g). O consumo mdio de vitamina C identificado no
almoo foi de 4,98g, enquanto no lanche foi de 4,97 e no desjejum foi 0,58g.
Em relao ao consumo de clcio, a refeio com maior mdia de ingesto foi o
desjejum com 72,51g, enquanto no almoo a mdia foi de 17,95g e o lanche 52,96g.
Quanto ingesto de ferro, as mdias de consumo identificadas foram 0,57g no
desjejum, 1,3g almoo e 1,31g no lanche.
No que se refere ao magnsio, o consumo maior do nutriente ocorreu no almoo, com
38,19g. No lanche e desjejum, os consumos foram de 33,18g e 13,37g respectivamente.
O consumo mdio de zinco foi maior no lanche, com 2,37g, no almoo a ingesto foi de
1,98g e no desjejum foi de 0,42g.
Tabela 4 Consumo de energia e nutrientes por refeio oferecida na escola
Nutriente/ Refeio Desjejum Almoo Lanche
Energia (kcal) 124,87 27,17 290,48 116,52 266,62 132,99
Carboidrato (g) 17,96 2,87 50,77 22,93 36,45 21,79
Protena (g) 3,85 1,17 10,62 4,35 11,6 9,01
Lipdio (g) 4,21 1,3 5,01 2,76 8,22 5,14
Fibras (g) 0,56 0,06 4,81 2,44 4,83 4,87
Vitamina A 32,14 15,00 2,64 5,09 9,94 14,84
Vitamina C 0,58 0,37 4,98 5,83 4,97 5,73
Ca 72,51 42,91 17,95 8,70 52,96 47,38
Fe 0,57 0,08 1,3 0,84 1,31 1,27
Mg 13,37 3,42 38,19 30,10 33,18 33,67
Zn 0,42 0,15 1,98 1,12 2,37 268 Fonte: Dados da pesquisa
Em relao composio da alimentao escolar e a recomendada pelo PNAE
verificou-se que a mdia de ingesto de energia, macronutrientes e fibras esto abaixo do
recomendado, conforme apresentado na Tabela 5. A energia oferecida supre apenas 69,19%
para a faixa etria de 6 a 10 anos, 45,46% para os alunos da faixa etria de 11 a 15anos e
40,11% para os alunos da faixa etria de 16 a 18 anos. O consumo mdio de carboidratos
atinge 64,72%, 43,14% e 38,06% do recomendado para as faixas etrias de 6 a 10 anos,de 11
a 15 anos e de 16 a 18 anos respectivamente.
-
44
A ingesto mdia de protenas consegue atingir 83,5% da recomendao para os
estudantes com idade at 10 anos. Em contrapartida, para os alunos com idade de 11 a 15
anos, o consumo mdio de protena supre 55,6% da recomendao. E para os alunos com
idade entre 16 e 18 anos a ingesto mdia de protenas supre 52,14% do recomendado.
A ingesto de lipdeos na faixa etria de 6 a 10 anos atinge 69,76% do recomendado,
enquanto que para a faixa etria de 11 a 15 anos a ingesto alcana apenas 46,50% da
recomendao. Para a faixa etria de 16 a 18 anos o consumo mdio atinge 41,03% da
recomendao.
Em relao s fibras, o consumo mdio para as faixas etrias de 6 a 10 anos, 11 a 15
anos e 16 a 18 anos supre 54,5%, 48,3% e 45,5% do recomendado pelo PNAE.
Tabela 5 Composio de energia e macronutrientes da alimentao escolar em comparao
a 70% das Recomendaes Nutricionais do PNAE
Nutriente 6 a 10 anos 11 a 15 anos 16 a 18 anos
Oferecido Recomendado Recomendado Recomendado
Energia (kcal) 1000 1500 1700 681,97
Carboidrato (g) 162,5 243,8 276,3 105.18
Protena (g) 31,2 46,9 50 26,07
Lipdeo (g) 25 37,5 42,5 17,44
Fibras (g) 18,7 21,1 22,4 10,2 Fonte: Dados da pesquisa
A composio de micronutrientes oferecidos na alimentao escolar em comparao
70% da recomendao nutricional do PNAE est apresentada na Tabela 6.
No tocante aos micronutrientes da alimentao escolar, o consumo de clcio oferecido
na alimentao escolar supre 19,5%da recomendao para os alunos com idades de 6 a 10
anos e 16,8% do recomendado para os alunos com mais de 11 anos.
Em relao ao ferro, o consumo mdio para as faixas etrias de 6 a 10 anos, 11 a 15
anos e 16 a 18 anos supre 50,5%, 42,4% e 35% respectivamente.
Para os alunos de 6 a 10 anos, o consumo de magnsio atinge 64,6% da recomendao,
e a ingesto mdia de vitamina A supre apenas 12,8% do recomendado pelo PNAE.
Para a faixa etria dos alunos de 11 a 15 anos, o magnsio consumido na alimentao
escolar atinge 38,2% do recomendado, e a vitamina A ingerida atinge 9,1% da recomendao.
Considerando a faixa etria de 16 a 18 anos, a ingesto mdia de magnsio na
alimentao escolar supre 31,27% da recomendao e a vitamina A consumida supre 21,49%
da recomendao.
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A ingesto mdia de vitamina C supre 40,5%, 25,07% e 21,5% do recomendado pelo
PNAE para as faixas etria de 6 a10 anos, 11 a 15 anos e 16 a 18 anos respectivamente.
No que se refere mdia de consumo de zinco para a faixa etria de 6 a 10 anos, a
alimentao escolar oferecida supre a recomendao proposta pelo PNAE. Em contrapartida,
para as faixas etrias de 11 a 15 anos, e 16 a 18 anos a ingesto mdia de zinco supre 75,7% e
68,1% respectivamente da recomendao.
Tabela 6 Composio de micronutrientes da alimentao escolar em comparao a 70% das
Recomendaes Nutricionais do PNAE
Nutriente 6 a 10 anos 11 a 15 anos 16 a 18 anos
Oferecido Recomendado Recomendado Recomendado
Clcio ( mg) 735 910 910 143,42
Ferro (mg) 6,3 7,5 9,1 3,18
Magnsio (mg) 131 222 271 84,74
Vitamina A (g) 350 490 560 44,72
Vitamina C (mg) 26 42 49 10,53
Zinco (mg) 4,7 6,3 7 4,77 Fonte: Dados da pesquisa
4.3 Aspectos higinico-sanitrios da cozinha e dos alimentos servidos na Escola
4.3.1 Anlise do ambiente
Os resultados para verificar a presena de micro-organismos mesfilos aerbios para ar
ambiente esto demonstrados na Tabela 7.
Os ambientes internos analisados apresentaram resultados entre 1 e 6 UFC/cm2,
enquanto os ambientes externos apresentaram contagens de at 22 UFC/cm2.
Tabela 7 Resultados da anlise microbiolgica de micro-organismos mesfilos aerbios
para ar ambiente
Ambiente (ar) MesfilosAerbios (cm2/semana)
Cozinha (ambiente interno) 6 UFC
Estoque (ambiente interno) 1 UFC
Mesa 1(ambiente externo) 14 UFC
Mesa 2 (ambiente externo) 22 UFC
Bancada de servir os alunos 20 UFC Fonte: Dados da pesquisa
-
46
4.3.2 Anlise das mos dos manipuladores
Os resultados obtidos a partir da anlise microbiolgica de Estafilococos e Mesfilos
Aerbios das mos dos manipuladores de alimentos da escola encontram-se na Tabela 8.
Nenhum manipulador apresentou contaminao por Estafilococos e aerbios mesfilos.
Enquanto a contagem de aerbios mesfilos variou entre 3 e 5 UFC/mo, a contagem de
Estafilococos foi inferior a 1 UFC/mos.
Tabela 8 Resultados de UFC/mo de Mesfilos Aerbios e Estafilococos de mos de
manipuladores de alimentos
SWAB Contagem de Mesfilos Aerbios Estafilococos
Manipulador A 3 x10 UFC/mo < 1UFC/mo
Manipulador B 5x 10 UFC/mo < 1 UFC/mo Fonte: Dados da pesquisa
4.3.3 Anlise de superfcies e utenslios
Os resultados para verificar a presena de microorganismos mesfilos aerbios nas
superfcies e utenslios esto descritos na Tabela 9.
Das amostras utilizadas, os utenslios prato e copo esto satisfatrios para uso. Em
relao s superfcies analisadas, 75% das amostras estavam satisfatrias, enquanto 25%
apresentaram contagem de 61 UFC/10 cm2 considerada insatisfatria para uso.
Tabelas 9Resultados da anlise microbiolgica de micro-organismos mesfilos aerbios nas
superfcies e utenslios
SWAB Mesfilos Aerbios
Copo < 1 UFC/ copo
Prato < 1 UFC/ copo
Mesa 1 1 UFC/10 cm2
de mesa
Mesa 2 61 UFC/10 cm2
de mesa
Banco 1 1 UFC/ cm2
de banco
Banco 2 1 UFC/ cm2
de banco Fonte: Dados da pesquisa
4.3.4 Anlise da gua
Os resultados obtidos da anlise das amostras da gua para coliformes totais e
termotolerantes e E. coli esto apresentados na Tabela 10. Todas as amostras se encontravam
dentro do padro prprio para consumo ou para uso no preparo dos alimentos.
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47
Tabela 10 Resultados obtidos a partir de anlise microbiolgica de Coliformes e E. coli da
gua
Amostra Coliformes Totais Coliformes
Termotolerantes/E.Coli
Bebedouro 1 < 1,1NMP/100 mL < 1,1NMP/100 mL
Bebedouro 2 < 1,1NMP/100 mL < 1,1NMP/100 mL
Bebedouro 3 < 1,1NMP/100 mL < 1,1NMP/100 mL
Toneira1 < 1,1NMP/100 mL < 1,1NMP/100 mL
Torneira 2 < 1,1NMP/100 mL < 1,1NMP/100 mL
Torneira 3 < 1,1NMP/100 mL < 1,1NMP/100 mL Fonte: Dados da pesquisa
4.3.5 Anlise da alimentao escolar
Os resultados das anlises microbiolgicas obtidas a partir das amostras coletadas na
cozinha da escola esto demonstrados a seguir e foram classificadas como satisfatrio para
consumo com base nos padres determinados pela legislao brasileira (BRASIL, 2001).
A Tabela 11apresenta os resultados das anlises microbiolgicas das amostras dos
alimentos coletados.
O parmetro de anlise de Coliformes totais e Colifor