qualidade da água de irrigação

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REANÁLISE DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS DA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO DE PROPRIEDADES DO MUNICÍPIO DE TOLEDO-PR Mônica Lady Fiorese 1 (Coordenador da Ação de Extensão) Participantes: Veronice Slusarski Santana 2 , Viviane Gonçalves de Oliveira 3 , Isabela Minikowski 4 , Salah Din Mahmud Hasan 5 , Fernando Palu 6 Área Temática: Saúde Linha de Extensão: Segurança Alimentar e Nutricional Modalidade: Comunicação Oral Palavras-chave: água de irrigação, hortaliças, contaminação. Resumo: A água utilizada na irrigação pode ser considerada como uma das potenciais fontes de contaminação de hortaliças, que por serem consumidas cruas, se contaminadas, representam riscos à saúde humana. Desta forma, este projeto teve como objetivo a reavaliação da qualidade da água de irrigação de propriedades rurais do município de Toledo–PR. Foram realizadas visitas técnicas às propriedades para conhecer o local (propriedade e ponto de captação de água), realizar a coleta da amostra e disponibilizar orientação aos produtores em relação às boas práticas de produção e legislações vigentes. Até o presente momento, os resultados das análises microbiológicas demonstraram-se satisfatórios para o parâmetro coliformes termotolerantes. Para as análises de coliformes totais e mesófilos, não há um valor definido em legislação, porém quando estas análises apresentam-se positivas e 1 Doutor, Engenharia Química, CECE, Toledo. Email: [email protected] 2 Doutor, Engenharia Química, CECE, Toledo. Email: [email protected] 3 Graduação, Engenharia Química, CECE, Toledo. Email: [email protected] 4 Graduação, Engenharia Química, CECE, Toledo. Email: [email protected] 5 Doutor, Engenharia Química, CECE, Toledo. Email: [email protected] 6 Doutor, Engenharia Química, CECE, Toledo. Email: [email protected]

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Trabalho desenvolvido para avaliar a a qualidade da água de irrigação utilizada em cultivos de olericultura

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Page 1: Qualidade da água de irrigação

REANÁLISE DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS DA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO DE PROPRIEDADES DO MUNICÍPIO DE TOLEDO-PR

Mônica Lady Fiorese1 (Coordenador da Ação de Extensão)Participantes: Veronice Slusarski Santana 2, Viviane Gonçalves de Oliveira3, Isabela

Minikowski4, Salah Din Mahmud Hasan5, Fernando Palu6

Área Temática: SaúdeLinha de Extensão: Segurança Alimentar e Nutricional

Modalidade: Comunicação Oral

Palavras-chave: água de irrigação, hortaliças, contaminação.

Resumo: A água utilizada na irrigação pode ser considerada como uma das potenciais fontes

de contaminação de hortaliças, que por serem consumidas cruas, se contaminadas, representam riscos à saúde humana. Desta forma, este projeto teve como objetivo a reavaliação da qualidade da água de irrigação de propriedades rurais do município de Toledo–PR. Foram realizadas visitas técnicas às propriedades para conhecer o local (propriedade e ponto de captação de água), realizar a coleta da amostra e disponibilizar orientação aos produtores em relação às boas práticas de produção e legislações vigentes. Até o presente momento, os resultados das análises microbiológicas demonstraram-se satisfatórios para o parâmetro coliformes termotolerantes. Para as análises de coliformes totais e mesófilos, não há um valor definido em legislação, porém quando estas análises apresentam-se positivas e em valor elevado, é necessário que haja atenção com relação às práticas de higienização adotadas, bem como às águas utilizadas. Com relação aos parâmetros físico-químicos, as amostras encontraram-se quase em sua totalidade dentro dos parâmetros exigidos pela legislação.

Apresentação A contaminação de hortaliças pode-se dar a partir da água utilizada na irrigação,

que pode conter diversos microrganismos provenientes de material fecal de origem humana e animal, além da contaminação do solo por adubos orgânicos, contato das hortaliças com animais, má higienização das mesmas, entre outros fatores (CANTOS, 2006; SILVA et al., 2005).

Uma das hortaliças suscetíveis a este tipo de contaminação por águas de irrigação é a alface (Lactuca Sativa), que está entre as mais consumidas no dia-a-dia e é uma das hortaliças preferidas por pequenos produtores, devido a seu fácil cultivo (CEASA, 2006).

1 Doutor, Engenharia Química, CECE, Toledo. Email: [email protected] Doutor, Engenharia Química, CECE, Toledo. Email: [email protected] Graduação, Engenharia Química, CECE, Toledo. Email: [email protected] Graduação, Engenharia Química, CECE, Toledo. Email: [email protected] Doutor, Engenharia Química, CECE, Toledo. Email: [email protected] Doutor, Engenharia Química, CECE, Toledo. Email: [email protected]

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Desta forma, deve-se dar atenção a todas as possíveis formas de contaminação das hortaliças, a fim de diminuir os riscos que estas contaminações possam oferecer à saúde humana, adotando boas práticas de higienização, desde a etapa de cultivo até o momento que chega ao consumidor, que resultem em alimentos seguros para o consumo (ARBOS et al., 2010; MOREIRA, 2013).

Diante disso, o objetivo deste trabalho foi reavaliar a qualidade das águas utilizadas na irrigação de hortaliças, visando detectar e identificar as possíveis causas de contaminação para posteriormente repassar essas informações aos produtores, além de indicar as possíveis melhorias que podem ser feitas nas propriedades, resultando assim, em alimentos seguros para o consumo.

Procedimentos Adotados As amostras foram coletadas em visitas técnicas realizadas a 7 propriedades

produtoras de olericultura pertencentes ao Município de Toledo-PR, de um total de 10 propriedades. As visitas e coletas foram realizadas na companhia de um técnico agropecuário do município e com autorização dos produtores mediante Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE); entretanto por se tratar de reanálise da água de irrigação, os produtores já possuíam conhecimento dos objetivos deste projeto, uma vez que os resultados referentes à primeira fase já haviam sido apresentados a eles. As amostras foram submetidas às análises microbiológicas (mesófilos, coliformes totais e termotolerantes) nos laboratórios da UNIOESTE-Campus Toledo e análises físico-químicas (pH, temperatura, pressão, turbidez, oxigênio dissolvido, sólidos (totais, fixos e voláteis) e condutividade) in loco.

Resultados As Figuras 1 a 3 mostram o local de captação de água de irrigação em quatro propriedades, assim nas Figuras 4 e 5 podem ser visualizados fotos das análises físico-químicas e microbiológicas e o local de cultivo das hortaliças, respectivamente.

Figura 1: Local de captação de água nas propriedades 1 e 2, respectivamente.

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Figura 2: Local de captação da água de irrigação na propriedade 3.

Figura 3: Local de captação da água de irrigação na propriedade 4.

Figura 4: Fotos da análise físico-química realizada in loco e das amostras para análise microbiológica.

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Figura 5: Local de cultivo das hortaliças (Propriedade 4).

Os resultados obtidos a partir das análises microbiológicas e físico-químicas encontam-se apresentados nas Tabelas 1 e 2, respectivamente.

De acordo com a resolução do CONAMA nº 357 de 17 de março de 2005, para coliformes termotolerantes, não deve ser excedido um limite de 200 coliformes termotolerantes por 100 mL de amostra, ou seja, 2 coliformes por mL. Analisando os resultados da Tabela 1, observa-se que apenas a amostra da propriedade 2 encontrou-se fora do limite deste parâmetro. Não há definições para coliformes totais e mesófilos nesta resolução, porém, quando estes testes apresentam-se positivos, é necessária certa atenção às técnicas de higienização dos alimentos, assim como seus possíveis métodos de contaminação.

Tabela 1 – Resultados das análises microbiológicas.

ParâmetrosAmostras

1 2 3 4 5 6 7Mesófilos (UFC/mL) INC INC 6,2x105 1,7x101 5,0x101 1,91x103 5,2x104

Coliformes Totais (NMP/100 mL)

2 ≥ 240 1,1 2,8 0,9 2,1 0,7

Coliformes Termotolerantes

(NMP/100 mL)

< 0,3 110 0,4 0,9 0,4 <0,3 1,1

Sendo INC = incontável, ou seja para as diluições realizadas de 100 a 109 não foi possível fazer a contagem de microrganismos.

Com relação às análises físico-químicas, a mesma resolução (CONAMA, 2005) define que o parâmetro de oxigênio dissolvido, para qualquer amostra, deve ser não inferior a 6 mgL-1 de O2. De acordo com os resultados (Tabela 2), apenas a amostra da propriedade 2 obteve resultado satisfatório para este parâmetro. Para a turbidez, tem-se como controle 40 unidades nefelométricas de turbidez (NTU), logo, apenas a amostra da propriedade 7 encontrou-se em desacordo. Em relação ao pH, o mesmo deve estar entre 6,0 e 9,0. Como pode-se observar na Tabela 2, todas as amostras encontram-se dentro do estabelecido. Para o parâmetro sólidos totais dissolvidos, admite-se um valor máximo

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de 500 mgL-1, assim, todas as amostras encontraram-se dentro do padrão estabelecido. Já para a condutividade não se tem um valor estabelecido pela legislação, porém segundo Garcia (2008), águas de irrigação com elevados teores de sais podem ter influência na produtividade das culturas e de acordo com Richards (1954), o valor deve ser entre 0-250 µS.cm-1, portanto todas as amostras encontraram-se dentro da faixa definida.

Tabela 2 – Resultados das análises físico-químicas.

ParâmetrosAmostras

1 2 3 4 5 6 7pH 5,6 7,5 6,0 6,7 5,3 7,2 6,3

Oxigênio Dissolvido (mg L-1) 5,16 8,65 2,16 3,95 3,05 5,32 4,95Turbidez (NTU) 2,6 18,54 5,47 2,04 7,2 2,14 99

Sólidos Totais (mg L-1) 165 220 212 146 31,4 84 63Sólidos Totais Fixos (mg L-1) -2 98 147 108 -243 20 23

Sólidos Totais Voláteis (mg L-1) 167 122 65 37 274 64 40Condutividade (µS cm-1) 48,8 30 49,6 49,6 29,6 54,7 43,3

Temperatura (ºC) 22 22,1 24,9 22,9 23 27,6 27,4Pressão (mmHg) 719,3 718,7 714,5 414,4 715,6 714,1 707,6

Considerações Finais Considerando os resultados obtidos até o momento, pode-se perceber que com

relação aos parâmetros físico-químicos, as amostras têm-se mostrado satisfatórias, estando em acordo com a legislação. Com relação aos parâmetros microbiológicos, é necessário atenção em relação à quantidade de microrganismos presentes nas águas.

Em todas as visitas técnicas realizadas, a equipe foi muito bem recebida, sendo demonstrado interesse no desenvolvimento do projeto. A maior dificuldade encontrada é a financeira, o que limita muitas adequações sugeridas para a melhoria do local/propriedade e preservação da qualidade da água utilizada.

Para os executores deste projeto, a satisfação em cooperar para a melhoria desta atividade é motivada a cada visita, e os resultados pessoais obtidos foram inúmeros, principalmente no que se refere à valorização dos conhecimentos obtidos durante a formação no curso de Engenharia Química. A atividade de extensão possibilita aplicar tais conhecimentos além da sala de aula e de forma direta para a melhoria da qualidade de uma atividade.

Forma(s) de contato com a ação: Mônica Lady Fiorese ([email protected])Veronice Slusarski Santana ([email protected])Viviane Gonçalves de Oliveira ([email protected])

Referências

Page 6: Qualidade da água de irrigação

ARBOS, K. A.; FREITAS, R. J. S.; STERTZ, S. C.; CARVALHO, L. A. Segurança alimentar de hortaliças orgânicas: aspectos sanitários e nutricionais. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, 30 (Supl.1): 215-220, maio 2010. CANTOS G. A. Detecção de estruturas parasitárias em hortaliças comercializadas na cidade de Florianópolis, SC, Brasil. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, vol.42, n.3, jul./set., 2006. CEASA – Central de Abastecimento de Campinas. Padronização: alface http://.ceasacampinas.com.br/padronização_alface.htm. 18 de dezembro de 2006. CONAMA, Resolução nº 357 de 17 de março de 2005. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf. Acesso em Março de 2015. GARCIA G. O. Alterações químicas de dois solos irrigados com água salina. Revista Ciências Agronômicas, v.39, n.01, p.7-18. Jan-Mar, 2008. MOREIRA, I. S. Eficiências de soluções antimicrobianas na desinfecção de alface tipo crespa comercializada em feira livre. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, vol.8, n.2, p.171-177, abril-junho, 2013. RICHARDS, L. A. Diagnosis and improvement of saline and alkali soils. Washington DC, US Department of Agricultural, 1954. 160p. (USDA Agricultural Handbook, 60).SILVA, C. G. M.; ANDRADE, S. A. C.; STAMFORD T. L. M. Ciência saúde coletiva [online]. 2005, vol.10, suppl., pp. 63-69. ISSN 1413.