qual foi a importância dos simulados na sua - etapa matriculei no cursinho já sabendo o que...

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JV – Desde quando você queria Medicina? André – Sempre gostei de Medicina, mas não tinha certeza se era realmente o que eu queria, porque gostava de Engenharia também. No 2º ano do colégio, como treineiro, prestei Engenharia. Mas ao terminar o 3º ano, quando seria para valer mesmo, todos os vestibulares que prestei foram para Medicina. Não deu certo e me matriculei no cursinho já sabendo o que queria. Você foi aprovado em quais vestibulares para Medicina? Fui aprovado na Fuvest, Unicamp, USFCar, Faculdade de Medicina de Marília e Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Como estava sua motivação ao vir para o cursinho? No fim do 3º ano, quando prestei e não passei, fiquei triste, mas não desestimulado. Entrei no cursinho decidido a estudar. Sua confiança em conseguir um bom resultado era grande? Eu sabia que tinha de me dedicar inteiramente, mas a confiança era relativa. Aumentava quando saía resultado de simulado e eu via que estava indo bem, que estava no caminho certo. Mas nunca tive certeza. Como era sua rotina de estudo? Meu estudo em casa não rendia, era muito fácil me distrair com outras coisas. Então, para me concentrar, eu ficava no Etapa. Depois das aulas da manhã, almoçava e ia para a Sala de Estudos. No começo do ano eu ficava no cursinho boa parte da tarde. No fim do ano, ficava das 2 às 7 horas, quando entrava o pessoal do noturno. E qual era seu método de estudo? Eu estudava a matéria do dia, que estava mais fresca, para fixar. Minha primeira meta era resolver os exercícios que os professores tinham indicado. Depois, se desse tempo, resolvia os exercícios complementares daquela mesma matéria. Eu preferia estudar pelos exercícios, e na revisão foi quando peguei mais intensamente e fiz mais. No fim de semana, como você estudava? O Reforço para Medicina era no sábado de manhã e às vezes tinha simulado à tarde. No domingo, quando tinha simulado aberto, eu procurava fazer. Em que matérias você tinha mais dificuldade? Geografia, História, Português, Redação também. No colégio, em Redação, a professora foi boa, mas a dificuldade era minha. No cursinho eu procurei treinar bastante redação, principalmente no segundo semestre. Minha meta era fazer duas por mês. Você conseguiu manter essa meta? No começo não, deixava passar. Mas daí tentava fazer a redação do Fique Esperto e isso ajudou muito. A redação da Unicamp foi praticamente igual a uma do Fique Esperto. Eu fazia e levava ao plantão. A nota para mim não era o mais importante, o mais importante eram as indicações da plantonista. Ela falava “isto está bom, muda isto”. Ia aprendendo assim e nas outras redações eu tentava aplicar o que ela tinha falado. Foi importante o Plantão de Redação. Você recorria ao plantão em quais outras matérias? Eu precisava do plantão principalmente para Matemática. E para História e Geografia. Também ia nas matérias de que eu mais gostava, Física, Biologia e Química. Quando surgia dúvida no exercício, pedia ajuda ao plantonista. Quais eram seus resultados nos simulados? Nos simulados de testes eu ia melhor, todos foram A ou B. Nos escritos, geralmente A ou B, às vezes C mais. C menos só em Redação. Qual foi a importância dos simulados na sua preparação? Eles foram muito importantes. Em todo simulado eu me dedicava ao máximo, como se fosse no dia da prova. Acho que esse treino, a prática de como fazer a prova, foi uma das coisas que mais me ajudaram. O importante é saber pular questão, não ficar perdendo tempo nas que você não sabe. Mas eu nunca pulava sem deixar alguma resposta que eu achasse mais provável. Eu marcava o nível possível de erro, depois voltava à questão e conferia. Você leu as obras de literatura indicadas pela Fuvest e pela Unicamp? Inteiras, li A cidade e as serras, de Eça de Queirós, Vidas secas, de Graciliano Ramos, Iracema, de José de Alencar, e Dom Casmurro, de Machado de Assis. Li parcialmente Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, Sagarana, de João Guimarães Rosa, e Auto da barca do Inferno, de Gil Vicente. Não li A rosa do povo, de Carlos Drummond de Andrade, e Poemas completos de Alberto Caeiro.

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Page 1: Qual foi a importância dos simulados na sua - ETAPA matriculei no cursinho já sabendo o que queria. ... Minha meta era fazer duas por mês. Você conseguiu manter essa meta? No começo

JV – Desde quando você queria Medicina?

André – Sempre gostei de Medicina, mas nãotinha certeza se era realmente o que eu queria,porque gostava de Engenharia também. No2º ano do colégio, como treineiro, presteiEngenharia. Mas ao terminar o 3º ano, quandoseria para valer mesmo, todos os vestibulares queprestei foram para Medicina. Não deu certo e mematriculei no cursinho já sabendo o que queria.

Você foi aprovado em quais vestibulares para

Medicina?

Fui aprovado na Fuvest, Unicamp, USFCar,Faculdade de Medicina de Marília eUniversidade Federal do Triângulo Mineiro.

Como estava sua motivação ao vir para o

cursinho?

No fim do 3º ano, quando prestei e não passei,fiquei triste, mas não desestimulado. Entrei nocursinho decidido a estudar.

Sua confiança em conseguir um bom

resultado era grande?

Eu sabia que tinha de me dedicar inteiramente,mas a confiança era relativa. Aumentava quandosaía resultado de simulado e eu via que estavaindo bem, que estava no caminho certo. Masnunca tive certeza.

Como era sua rotina de estudo?Meu estudo em casa não rendia, era muito fácilme distrair com outras coisas. Então, para meconcentrar, eu ficava no Etapa. Depois das aulasda manhã, almoçava e ia para a Sala de Estudos.No começo do ano eu ficava no cursinho boaparte da tarde. No fim do ano, ficava das 2 às7 horas, quando entrava o pessoal do noturno.

E qual era seu método de estudo?

Eu estudava a matéria do dia, que estava maisfresca, para fixar. Minha primeira meta eraresolver os exercícios que os professores tinhamindicado. Depois, se desse tempo, resolvia osexercícios complementares daquela mesma

matéria. Eu preferia estudar pelos exercícios, e narevisão foi quando peguei mais intensamente efiz mais.

No fim de semana, como você estudava?

O Reforço para Medicina era no sábado demanhã e às vezes tinha simulado à tarde. Nodomingo, quando tinha simulado aberto, euprocurava fazer.

Em que matérias você tinha mais dificuldade?

Geografia, História, Português, Redação também.No colégio, em Redação, a professora foi boa,mas a dificuldade era minha. No cursinho euprocurei treinar bastante redação, principalmenteno segundo semestre. Minha meta era fazer duaspor mês.

Você conseguiu manter essa meta?

No começo não, deixava passar. Mas daí tentavafazer a redação do Fique Esperto e isso ajudoumuito. A redação da Unicamp foi praticamenteigual a uma do Fique Esperto. Eu fazia e levavaao plantão. A nota para mim não era o maisimportante, o mais importante eram asindicações da plantonista. Ela falava “isto estábom, muda isto”. Ia aprendendo assim e nasoutras redações eu tentava aplicar o que ela tinhafalado. Foi importante o Plantão de Redação.

Você recorria ao plantão em quais outras

matérias?

Eu precisava do plantão principalmente paraMatemática. E para História e Geografia.Também ia nas matérias de que eu mais gostava,Física, Biologia e Química. Quando surgiadúvida no exercício, pedia ajuda ao plantonista.

Quais eram seus resultados nos simulados?

Nos simulados de testes eu ia melhor, todosforam A ou B. Nos escritos, geralmente A ou B,às vezes C mais. C menos só em Redação.

Qual foi a importância dos simulados na suapreparação?Eles foram muito importantes. Em todo simuladoeu me dedicava ao máximo, como se fosse nodia da prova. Acho que esse treino, a prática decomo fazer a prova, foi uma das coisas que maisme ajudaram. O importante é saber pular questão,não ficar perdendo tempo nas que você nãosabe. Mas eu nunca pulava sem deixar algumaresposta que eu achasse mais provável. Eumarcava o nível possível de erro, depois voltavaà questão e conferia.

Você leu as obras de literatura indicadas pelaFuvest e pela Unicamp?Inteiras, li A cidade e as serras, de Eça de Queirós,Vidas secas, de Graciliano Ramos, Iracema, deJosé de Alencar, e Dom Casmurro, de Machadode Assis. Li parcialmente Memórias de um sargentode milícias, de Manuel Antônio de Almeida,Sagarana, de João Guimarães Rosa, e Auto dabarca do Inferno, de Gil Vicente. Não li A rosa dopovo, de Carlos Drummond de Andrade, e Poemascompletos de Alberto Caeiro.

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Você assistiu às palestras sobre os livros?

Acho que fui a todas.

Uma vez que você só leu inteiramente quatro

dos nove livros, como as palestras

contribuíram para seu conhecimento das obras?

As palestras, com certeza, foram fundamentaispara conhecer as obras mesmo sem ter lido.Nelas você entende o que o autor quis passar,domina ideias que podem ser cobradas nasquestões. Além disso, as aulas de Literaturaajudaram bastante, dava para praticamente sabertudo o que tinha nos livros.

Na 1ª fase da Fuvest, qual foi sua pontuação?

Tive 85 acertos. Com o Enem, minha pontuaçãosubiu para 86.

Você ficou 9 pontos acima da nota de corte,

que foi 77. O que achou desse resultado?

Acabou me surpreendendo, fui melhor do queesperava. Nem nos simulados tive um resultadoassim. Mas quando saiu a nota de corte, deuaquela preocupada.

Para a 2ª fase você mudou seu modo de

estudar?

Passei a treinar só dissertativas e a fazersimulados por conta própria. Pegava provaspassadas e resolvia, sempre controlando o tempo.Antes da 1ª fase eu já tinha feito por contaprópria um simulado por dia, sempre procurandoperder o mínimo de tempo possível nas questões.

Você pegava simulados que já tinha feito?

Pegava provas passadas que eu não tinha feito ainda.

Na 2ª fase da Fuvest, quais foram suas notas?

Gabaritei Física, 40 pontos. Química foi próximode 40, não sei se foi 38 ou 39. Biologia, acho quefoi 36. Em Português foi algo perto de 28.

Na escala de zero a 1000, qual foi sua

pontuação?

Deu 905,904 pontos.

Na carreira Medicina, em que colocação

você ficou?

Não sei ao certo – 51º, 52º ou 53º [melhor doque pelo menos 70% dos aprovados].

Como ficou sabendo de sua aprovação na Fuvest?

A primeira lista que saiu foi a da Famema, fiqueibastante feliz de ter passado, deu um alívio. Nodia da Fuvest estava em casa sozinho, meus paistrabalhando, tocou o telefone, era uma amigaque falou que eu tinha passado.

O que você sentiu na hora, já que a Pinheiros

era sua primeira opção?

Foi uma felicidade muito grande, junto com asensação de alívio. Nossa, fantástico! Liguei paramãe, tia...

Você já conhecia a Pinheiros?

Tinha visitado a Cidade Universitária, mas aPinheiros não. O primeiro contato foi na hora damatrícula. Eu já imaginava um lugar muito bom,mas é maravilhoso. Entrei no salão principal,meus pais também, foi emocionante.

A recepção foi tranquila?

Foi tranquila, os veteranos vieram receber,apadrinhar. Uma recepção muito boa mesmo.

Que matérias você tem neste segundo

semestre?

Por enquanto, Neuroanatomia, Neurofisiologia,Atenção Primária à Saúde, Anatomia do SistemaCirculatório, Fisiologia Cardiovascular e Bases

Humanísticas da Medicina. Ao longo do semestrevirão outras matérias.

De qual matéria você está gostando mais?

Anatomia. Antes de entrar eu achava queAnatomia devia ser muito legal. Correspondeu àsexpectativas.

Você já teve contato com paciente?

Já. Desde o começo participo da EMA, ExtensãoMédica Acadêmica, que é uma espécie deprática médica, um projeto para você entrar emcontato com a clínica. São atendimentos nosábado, você vai com veterano, tem um médicosupervisionando. Além dos atendimentos, a gentese reúne uma vez por semana para discutir oscasos e os veteranos explicam várias coisas.

O que mais você está fazendo, além das aulas

normais?

A gente tem janelas na terça-feira à tarde e naquarta-feira de manhã, então pode pôr optativaspara conseguir crédito. Escolhi TraumaRaquimedular. E no primeiro semestre tambémentrei na Liga do Trauma. Só que começa agorano segundo semestre.

Qual matéria você achou mais difícil?

No primeiro semestre, difícil era Bioquímica.Bem teórica. Neste semestre, Neuroanatomia estádifícil, mas, você gostando, acaba ficando maisfácil.

Do que você mais gostou até agora na

faculdade?

O pessoal é muito bacana, tanto os veteranoscomo a turma. Nossa turma está muito legalmesmo. As aulas são boas, os edifícios sãomaravilhosos. A faculdade é muito bonita e aestrutura que a Pinheiros oferece é um dosdiferenciais para você depois ter onde atuar. Temo Hospital das Clínicas, o Hospital Universitário,pronto-socorro, centro cirúrgico, o IPq [Institutode Psiquiatria], muito bonito, o Incor [Instituto doCoração], maravilhoso, o Hospital do Câncer,nossa!

Você está morando onde?

Moro próximo à faculdade, com um amigo deVinhedo que eu já conhecia. O apartamento égrande, a gente precisava de mais um,conversamos com um amigo da turma, os três damesma sala.

Você volta para Vinhedo com que

frequência?

Praticamente todo fim de semana. Mas quandotem prova ou EMA no sábado, chego a virar duassemanas aqui.

Você já tem ideia da especialidade que

pretende seguir?

Não, é muito cedo para escolher, tem muitacoisa ainda para conhecer. Muita coisa mesmo.Todas as áreas são atraentes, e eu gosto de todas.Não tem uma de que você fale: “Nossa, isso émuito chato.”

Você acha que hoje está diferente de quando

começou o cursinho?

Diferente em que aspecto?

Mais amadurecido, vendo as coisas com

outro ponto de vista?

O amadurecimento foi mais por estar fora decasa, a experiência deste ano. Talvez o jeito de

estudo tenha mudado. Não dá para manter nafaculdade o ritmo de estudo do cursinho, sóquando é preciso. Eu me dediquei mais nocursinho, o estudo era mais intenso.

Que dicas você pode dar a quem vai prestar

Medicina, mas acha que não está indo muito

bem nos simulados?

A dica que eu posso dar é: faça o simulado comose fosse a prova. Controle muito bem o tempo evá até o fim do simulado. Aprender a controlar otempo é importante. E, claro, nas aulas foque nospontos em que você está com mais dificuldade eresolva os exercícios. Para mim, o que ajudoudemais foram os exercícios.

O que você diria a quem prestou no ano

passado, não entrou e está fazendo cursinho

de novo este ano?

Não deve ficar desestimulado por não terconseguido. É importante ter consciência de queo que você está aprendendo este ano só vaiacrescentar ao que aprendeu no ano passado.Este ano vai ser melhor ainda, é só pegar maisfirme ainda e se dedicar para dar certo. Todomundo sabe o que tem de ser feito. É só tervontade.

Dá para sentir saudades de um ano tão

puxado como foi o ano passado?

O cursinho foi um ano muito melhor do que euimaginei que ia ser. As aulas são muito boas.Está tudo ali para você pegar e fazer. No Etapa euconheci muita gente nova, pessoal com quem eusaio até hoje. E ficam as saudades dos amigosque a gente acabou fazendo no cursinho e queagora não tem mais tanto contato com você.

O que você tira de lição de toda essa

experiência de lutar para conseguir um lugar

na Pinheiros, que era a sua meta principal?

Aprendi muito a me organizar. A experiência quetive no cursinho vai ajudar muito no estudoagora. Antes, no colégio principalmente, eu eraum pouco desleixado no horário de estudo.Acabava estudando na véspera, essas coisas.O cursinho me ajudou a ser mais regrado.

O que mais você gostaria de dizer ao pessoal

que está este ano se preparando para os

vestibulares?

Para ter confiança e muita força de vontade. Noano de cursinho, principalmente para Medicina,alguma coisa tem de ser sacrificada. Mas é umsacrifício que com certeza vai valer a pena.