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Direito Administrativo II - Apostila sem fins lucrativos - exclusivamente criada para fins didáticos em sala de aula. Prof. Me. Gilberto Jr S Lima - https://sitedogilberto.com/ - zap: 73 99833-4500. 2019B - Pág.1 "O livro da vida é escrito em vida e o autor é o Senhor(a). Eu pergunto: - Quais os capítulos de seus sonhos? O que tens escrito nele? O interessante é que neste capítulo é possível sua reedição. E agora que sabes, não tens desculpas, escolha seu futuro conforme teu desejo". Gilberto Jr S Lima - 21/09/2019 1 ATIVIDADE BIMESTRAL - Questionário na página 54-63. Atividade Bimestral - 40 Pontos Escolha 02 (duas) questões de cada BLOCO (Tema). Pesquise e responda. Blocos / Temas Noções Fundamentais e Objeto do DIPr; Esboço Histórico do DIPr; Denominação e Método; Fontes do DIPr; Teoria das Qualificações; Elementos de conexão; Aplicação do Direito Estrangeiro; Homologação de Sentença Estrangeira; Nacionalidade; Condição Jurídica do Estrangeiro; Pessoa no DIPr; Adoção Internacional; Direito das Obrigações e DIPr; Direito do Consumidor e DIPr; Direito Empresarial e DIPr; Direito da Concorrência e DIPr; Direito das Coisas e DIPr; Propriedade Intelectual e DIpr; Direito do Trabalho e DIPr; Competência Internacional; União Europeia e Mercosul. Bibliografia utilizada e recomendada. Del’Olmo, Florisbal de Souza, 1941 – Curso de direito internacional privado, 10.ª edição/Florisbal de Souza Del’Olmo – Rio de Janeiro : Forense, 2014. I 1 Eterno sonhador com um hiper desejo: - que os seres humanos despertem sua força interior e descubram o poder da felicidade em terra. Pai de 3 filhos, esposo amoroso e professor imperativo. "De vilão a herói, desatando os nós da existência",

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2019B - Pág.1

"O livro da vida é escrito em vida e o autor é o Senhor(a). Eu pergunto: - Quais os capítulos de seus sonhos? O que tens escrito nele? O interessante é que neste capítulo é possível sua reedição. E agora que sabes, não tens desculpas, escolha seu futuro conforme teu desejo". Gilberto Jr S Lima - 21/09/2019 1

ATIVIDADE BIMESTRAL - Questionário na página 54-63.

● Atividade Bimestral - 40 Pontos ○ Escolha 02 (duas) questões de cada BLOCO (Tema).

■ Pesquise e responda. Blocos / Temas Noções Fundamentais e Objeto do DIPr; Esboço Histórico do DIPr; Denominação e Método; Fontes do DIPr; Teoria das Qualificações; Elementos de conexão; Aplicação do Direito Estrangeiro; Homologação de Sentença Estrangeira; Nacionalidade; Condição Jurídica do Estrangeiro; Pessoa no DIPr; Adoção Internacional; Direito das Obrigações e DIPr; Direito do Consumidor e DIPr; Direito Empresarial e DIPr; Direito da Concorrência e DIPr; Direito das Coisas e DIPr; Propriedade Intelectual e DIpr; Direito do Trabalho e DIPr; Competência Internacional; União Europeia e Mercosul.

Bibliografia utilizada e recomendada.

● Del’Olmo, Florisbal de Souza, 1941 – Curso de direito internacional privado, 10.ª edição/Florisbal de Souza Del’Olmo – Rio de Janeiro : Forense, 2014. I

1 Eterno sonhador com um hiper desejo: - que os seres humanos despertem sua força interior e descubram o poder da felicidade em terra. Pai de 3 filhos, esposo amoroso e professor imperativo. "De vilão a herói, desatando os nós da existência",

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NOÇÕES FUNDAMENTAIS E OBJETO DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 2

1.1 Considerações iniciais A intensificação do intercâmbio de pessoas vinculadas a Estados regidos por legislações diversas oportuniza a ocorrência, cada vez mais frequente, de conflitos, criando dificuldade para estabelecer qual ordenamento jurídico e qual legislação são competentes para a solução da lide. É desse conflito de leis no espaço que se ocupa o Direito Internacional Privado. 1.2 Conceito É o ramo do direito interno que regula direta ou indiretamente as relações privadas internacionais (Cláudia Marques). É o conjunto de regras de direito interno que objetiva solucionar os conflitos de leis originárias de Estados diversos, indicando, em cada caso que se apresente, a lei competente a ser aplicada (Araújo). É um complexo de normas e princípios de regulação que, atuando nos diversos ordenamentos legais ou convencionais, estabelece qual o direito aplicável para resolver conflitos de leis ou sistemas, envolvendo relações jurídicas de natureza privada ou pública, com referências internacionais ou locais (Strenger). O Direito Internacional Privado consiste no conjunto de normas de direito público interno que busca, por meio dos elementos de conexão, encontrar o direito aplicável, nacional ou estrangeiro, quando a lide comporta opção entre mais de uma ordem jurídica para solucionar o caso (Del’Olmo). 1.3 Objeto Organizar direito adequado à apreciação de fatos anormais ou fatos com duas ou mais jurisdições, sejam pertinentes ao fórum ou ocorridos no estrangeiro (Amílcar). Conflito de leis, nacionalidade, condição jurídica do estrangeiro e direitos adquiridos (Niboyet). Conflito de leis interespacial, nacionalidade, condição jurídica do estrangeiro, direitos adquiridos, conflito de jurisdições, competência internacional e homologação de sentenças estrangeiras (Del’Olmo).

2 Del’Olmo, Florisbal de Souza, 1941 – Curso de direito internacional privado, 10.ª edição/Florisbal de Souza Del’Olmo – Rio de Janeiro : Forense, 2014. I

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1.4 Normas de DIPr na Constituição Federal de 1988 Reconhece ao estrangeiro os direitos fundamentais. Disciplina a nacionalidade e dá competência privativa à União para legislar sobre emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros. 1.5 Direitos adquiridos Todos os direitos, plenamente incorporados ao patrimônio jurídico do cidadão, nacional ou estrangeiro, devem acompanhá-lo extraterritorialmente. Mesmo casos em que tais direitos, se buscados em nosso foro, pela aplicação direta da norma estrangeira, não seriam aceitos por contrariarem a ordem pública, podem ser admitidos. São repelidos, no entanto, aqueles que ofendem a ordem pública local. 1.6 Direito Internacional Privado e Direito Internacional Público Possuem fontes e institutos comuns: tratados, nacionalidade, extradição. 1.7 Direito Internacional Privado e Direito Comparado Para o DIPr, o Direito Comparado é uma ferramenta indispensável na aplicação do Direito estrangeiro, assim como na criação e na adaptação de institutos.

ESBOÇO HISTÓRICO DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 3

2.1 Considerações iniciais Na Antiguidade, não existiram normas de DIPr, porque o estrangeiro era considerado inimigo, não possuindo direitos e não podendo, o mais das vezes, casar, herdar, contratar ou praticar o comércio. 2.2 Grécia Chamado meteco, o estrangeiro pagava uma taxa especial e podia exercer atividades comerciais, inclusive com judicatura própria, a polemarca, para proteger sua família e seus bens. Surgem o próxeno, que orienta o estrangeiro em negócios e interesses, e a asília, tratado entre as cidades, origem dos atuais tratados de DIPr.

3 Del’Olmo, Florisbal de Souza, 1941 – Curso de direito internacional privado, 10.ª edição/Florisbal de Souza Del’Olmo – Rio de Janeiro : Forense, 2014. I

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2.3 Roma O peregrino, com certos direitos no jus gentium, passa a contar com seu pretor peregrino. Com a invasão dos bárbaros, passam a viver no mesmo território pessoas de diferentes línguas e origens, surgindo a personalidade das leis: na solução da lide, o julgador aplica a lei de cada um (visigodo, lombardo, romano etc.). 2.4 Feudalismo Retorna a territorialidade das leis, que no feudo é absoluta, mas o feudalismo não se firma nas cidades do norte da Itália. 2.5 Glosadores e escolas estatutárias Irnerius (1100) estuda Direito Romano na Escola de Bolonha e coloca notas lineares ou marginais (glosas) no Digesto. Surge a escola dos glosadores, que busca nas leis romanas o que existia sobre estrangeiros. No século XIV, surge Bartolo, o pai do DIPr: é a escola dos pósglosadores, com comentários próprios sobre as glosas, criando um direito novo. Solução para os conflitos: Bens imóveis: lei da localização da coisa. Sucessão: domicílio do falecido. Contratos: lugar da celebração. Delitos: lei do lugar do ato. Escolas estatutárias: Francesa: estatutos reais e pessoais – D’Argentré. Holandesa: critério absoluto de territorialidade de todos os estatutos. Alemã: pequena contribuição – estatutos reais, pessoais e mistos. 2.6 Codificação No século XIX, surgem os grandes códigos: Código Civil da França (1804) e Código Civil do Chile (1855), com regras sobre o estrangeiro. 2.7 Doutrinas modernas Joseph Story: EUA, 1834. Escreveu Conflict of Laws, defendeu a equidade dos conflitos de leis e o critério da busca da boa justiça na aplicação do direito estrangeiro. Friedrich Carl von Savigny: Alemanha, 1849. Autor de Sistema de Direito Romano Atual, aventou a mesma solução para o conflito de leis entre os diferentes povos e defendeu o domicílio como o principal elemento de conexão. Pasquale Stanislao Mancini: Itália, 1851. Fez notáveis palestras em Turim e Roma, propondo a nacionalidade como elemento de conexão.

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DENOMINAÇÃO E MÉTODO DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO E A DISCIPLINA NO BRASIL 4

3.1 Considerações iniciais Vamos estudar a denominação, autonomia e o método do DIPr, bem como o desenvolvimento da disciplina no Brasil. 3.2 Denominação Diversas designações foram utilizadas para designar nossa disciplina, como Direito Privado Internacional, Direito Privado Humano, Direito Extraterritorial, Direito Interespacial, Direito Universal dos Estrangeiros, Direito Civil Internacional, Direito Translatício, Nomantologia e Conflito de Leis. No entanto, a denominação Direito Internacional Privado fixou-se e é hoje universalmente aceita. 3.3 Autonomia A autonomia do DIPr é aceita pela maioria dos doutrinadores, até porque esse ramo do direito dispõe de objeto, institutos, fundamentos e método próprios. Mesmo as vozes discordantes reconhecem que os conflitos de leis possuem características que justificam o estudo específico. 3.4 Método Entendemos que vige no Direito Internacional Privado a pluralidade de métodos, assim sintetizada: territorial (apenas a lei do foro), conflitual (o método clássico, ainda dominante, que opta entre o direito nacional do foro ou o estrangeiro, que dirimirá a lide), material (solução da relação jurídica interespacial pelo DIPr) e imperativo (aplicação direta de norma obrigatória). 3.5 Direito Internacional Privado no Brasil Augusto Teixeira de Freitas tem sido considerado o maior jurista brasileiro do século XIX e foi o precursor da disciplina. 3.5.1 Primeiros tempos As Ordenações Afonsinas, Manuelinas e Filipinas vigoraram no Brasil, do descobrimento à Independência, e privilegiavam, em matéria de conflito de leis no espaço, o locus regit actum.

4 Del’Olmo, Florisbal de Souza, 1941 – Curso de direito internacional privado, 10.ª edição/Florisbal de Souza Del’Olmo – Rio de Janeiro : Forense, 2014. I

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3.5.2 Augusto Teixeira de Freitas Teve notável influência na codificação do direito sul-americano (Código Civil argentino). Seguidor de Savigny, escreveu Esboço do Código Civil do império, em 1860, e defendeu o domicílio como o principal elemento de conexão. 3.5.3 José Antônio Pimenta Bueno Autor da primeira obra específica de Direito Internacional Privado publicada no Brasil, defendeu a nacionalidade como elemento de conexão. 3.5.4 Notáveis tratadistas Clóvis Beviláqua (Princípios de direito internacional privado e principal autor do Código Civil brasileiro de 1916), Lafayette Rodrigues Pereira, Haroldo Valladão, Oscar Tenório, Amílcar de Castro, Rodrigo Otávio e Eduardo Espinola. 3.5.5 Atualidade do DIPr brasileiro Agenor Pereira de Andrade, Osíris Rocha, Jacob Dolinger, Luís Ivani de Amorim Araújo, Irineu Strenger, João Grandino Rodas, Carmem Tibúrcio, Marilda Rosado de Sá Ribeiro e Edgar Carlos de Amorim. Cláudia Lima Marques (UFRGS), Nádia de Araújo (PUCRJ) e Luiz Otávio Pimentel (UFSC): eventos para o aprimoramento do DIPr, do Direito do Comércio Internacional e do Direito da Integração (CIDIPs e EIDAS). 3.6 Considerações finais O ensino de DIPr no Brasil, como cadeira autônoma, surgiu na atual Faculdade de Direito da UFRJ (1907), com Rodrigo Otávio, sucedido vinte anos depois por Haroldo Valladão. Em 1911, foi introduzido na atual Faculdade de Direito da UFRGS. O conteúdo (conflito de leis no espaço) era ministrado no curso de Direito Civil. Hoje, o DIPr está presente em quase todos os currículos jurídicos e em concursos da área jurídica. A Holanda foi o primeiro país do mundo (Utrecht, 1877) a instituir a cadeira de DIPr, sendo a Argentina (Buenos Aires, 1878) o primeiro Estado em nosso continente. A literatura de DIPr é hoje vasta e rica. França, Itália, Alemanha, Brasil, Portugal, Espanha e Estados Unidos, entre outros países, possuem notáveis trabalhos de estudiosos e pesquisadores da disciplina.

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FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 5

4.1 Considerações iniciais As fontes são internas (leis de cada Estado) e externas (tratados). Em ambas as esferas a doutrina, a jurisprudência e os costumes. 4.2 Lei A lei é a principal fonte do Direito Internacional Privado na maioria dos países e também no Brasil. A Constituição Federal de 1988, a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (a mais importante fonte), vários Códigos (Tributário, Civil, Processo Civil, Penal, Processo Penal) e o Estatuto do Estrangeiro. 4.3 Tratados Os tratados têm grande importância ante a ausência de leis supranacionais, possuindo natureza jurídica dupla: obrigam nos planos interno e internacional. Hierarquicamente, no caso do Brasil, o tratado está no mesmo plano e no mesmo grau de eficácia em que se posicionam as nossas leis internas ordinárias. O tratado é aprovado pelo Legislativo e promulgado pelo Presidente da República. A forma escrita é obrigatória. Recebem várias denominações: Convenção, Declaração, Pacto, Protocolo etc. O Código Bustamante, o UNIDROIT e as Convenções Interamericanas de Direito Internacional Privado (CIDIPs) são fontes de DIPr no Brasil. 4.4 Doutrina Apresenta notável importância, especialmente quando há omissão da lei e inexiste tratado. A doutrina brasileira de DIPr é rica e erudita, contribuindo para a solução de inúmeras contendas. 4.5 Jurisprudência Vem-se constituindo em verdadeira fonte de Direito Internacional Privado, assumindo, no Brasil, crescente relevância e possibilitando frequentes decisões de nossos tribunais. Trata-se da fonte mais importante na Grã-Bretanha, Estados Unidos e França.

5 Del’Olmo, Florisbal de Souza, 1941 – Curso de direito internacional privado, 10.ª edição/Florisbal de Souza Del’Olmo – Rio de Janeiro : Forense, 2014. I

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4.6 Costumes Reconhecidos como fonte de DIPr, os costumes podem ser no plano interno ou internacional. No Brasil, são empregados na falta ou na omissão da lei, conforme estabelece a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.

TEORIA DAS QUALIFICAÇÕES 6

5.1 Considerações iniciais Qualificação: operação pela qual o juiz, antes de decidir, verifica a que instituição jurídica correspondem os fatos realmente provados. Diferenças de entendimento entre legislações de países distintos impõem a necessidade de qualificar. Exemplos de institutos controversos: Início da personalidade: a partir da concepção ou do nascimento? Vítima de trapaceiro: ilícito civil ou penal? Prazo de prescrição ou decadência? Conceituar + Classificar = Qualificar (equação proposta por Jacob Dolinger). 5.2 Teorias existentes Existem dois critérios para a qualificação:

● Lex fori: proposta por Kahn (1891) e defendida por Bartin (1897) – a solução está em se aplicar a lei do foro, devendo o julgador qualificar o instituto com base em sua própria lei.

● Lex causae: proposta por Despagnet (1898) e defendida por Wolff – opção

pela lei estrangeira aventada, lei material, lei da causa. 5.3 Qualificações no Brasil Na doutrina brasileira predomina a qualificação pela lex fori. A legislação também optou pela lei do foro, com exceção dos bens e das obrigações, que são qualificados pela lex causae (arts. 8º e 9º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro). 5.4 Casos clássicos São considerados clássicos no estudo da Teoria das Qualificações: a sucessão do maltês, o testamento hológrafo do holandês e o casamento do grego ortodoxo.

6 Del’Olmo, Florisbal de Souza, 1941 – Curso de direito internacional privado, 10.ª edição/Florisbal de Souza Del’Olmo – Rio de Janeiro : Forense, 2014. I

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5.5 Questões prévias As questões prévias são situações que surgem, em tese, após a qualificação, mas que devem ser resolvidas antes da solução concreta do caso. Ocorrem em processo sucessório, quando se contesta a validade de casamento, entre outros exemplos.

ELEMENTOS DE CONEXÃO 7

6.1 Considerações iniciais Elemento de conexão pode ser entendido como a parte da norma de Direito Internacional Privado que torna possível a determinação do direito aplicável, seja o nacional (do julgador), seja o estrangeiro. É referido, ainda, como circunstância de conexão ou regra de conexão. 6.2 Classes de elementos de conexão

● Pessoais: nacionalidade, domicílio, residência, origem e religião.

● Reais: lei da situação da coisa (imóveis), lugar da aquisição, domicílio do proprietário, lei do pavilhão (navios ou aeronaves), lugar em que se encontra, lei do destino, lugar da partida, local do registro e domicílio ou nacionalidade do proprietário.

● Delituais ou penais: lugar do ilícito, domicílio do infrator ou da vítima.

Voluntários: lugar da celebração ou da execução e autonomia da vontade.

● Normativos: lex fori, lex causae (que não são lex fori) e lei mais favorável.

● Outros: the proper law of contract (lei em que o contrato tem conexão mais próxima).

6.3 Conexões pessoais As conexões centradas na pessoa geram a primazia de dois fatores – o domicílio e a nacionalidade, que solucionam a ampla maioria dos problemas de DIPr. 6.3.1 Domicílio

7 Del’Olmo, Florisbal de Souza, 1941 – Curso de direito internacional privado, 10.ª edição/Florisbal de Souza Del’Olmo – Rio de Janeiro : Forense, 2014. I

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É o elemento de conexão predominante no Direito Internacional Privado, sendo adotado pelo Brasil e pelos países da América Latina. Foi defendido por Teixeira de Freitas no século XIX. O conceito é variável, podendo haver pluralidade de domicílios ou, mesmo, a sua ausência (adômide). 6.3.2 Nacionalidade Como conexão, a nacionalidade é definida pela lex fori. Mesmo o anacional poderá utilizar-se dela (pela última nacionalidade, domicílio ou lex fori). No DIPr, não são tão relevantes os postulados do direito constitucional. A nacionalidade é elemento de conexão de profunda importância, adotado pela maioria dos países europeus e muitos de outros continentes. 6.4 Conexões reais 6.4.1 Lex rei sitae É a conexão aplicada aos imóveis: aceita universalmente e determinada no artigo 8º da LINDB. 6.5 Conexões voluntárias Lugar da execução do contrato: conexão adotada pela maioria das legislações. Seu emprego é muito antigo, retroagindo a Bartolo (séc. XIV), especialmente para os casos de negligência e mora. 6.5.1 Autonomia da vontade Embora limites antepostos (normas imperativas), o DIPr reconhece a autonomia da vontade, formulada por Dumoulin, no século XVI, como elemento de conexão. Presente em convenções internacionais e normas internas, é especialmente usada no conteúdo e nos efeitos das obrigações contratuais, bem como no regime de bens no casamento. Essa cláusula requer cautela em contrato internacional no Brasil, uma vez que os tribunais brasileiros não tratam diretamente da questão nem aceitam o entendimento doutrinário favorável à autonomia da vontade.

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APLICAÇÃO DO DIREITO ESTRANGEIRO 8

7.1 Considerações iniciais Não pode o magistrado brasileiro, julgando-se incompetente, remeter o feito ao juiz estrangeiro a quem competisse julgá-lo. Contudo, pode utilizar a lei estrangeira se indicada pelo elemento de conexão. 7.2 Aplicação direta da lei estrangeira A lei estrangeira é recepcionada como lei e não como fato, o que elimina o ônus da prova e evita a antipatia de uma pretensa superioridade da lei do foro. Pode ser invocada inclusive no recurso extraordinário e na ação rescisória. A parte que alega direito estrangeiro deverá provar a existência, o texto e a vigência da lei, se solicitada. A prova se faz com códigos, revistas, livros, certidões e se refere a qualquer lei estrangeira (constituição, lei ordinária, decreto, costumes). A norma estrangeira aplicada é apenas a lei material, substancial, e os meios de prova são também da lei estrangeira. 7.3 Retorno É a operação pela qual o juiz nacional volta ao direito do foro ou vai a um terceiro, seguindo a indicação do DIPr da jurisdição consultada, que seria aplicável ao caso. O direito positivo brasileiro não admite o retorno, conforme o artigo 16 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Muitos autores de DIPr no Brasil admitem, em tese, o retorno, como Beviláqua, Espínola e Valladão. Tenório e o Grupo Mineiro combatem-no, estando seu posicionamento conforme nossa legislação atual. 7.3.1 Caso Forgo Na doutrina de Direito Internacional Privado, é clássico o caso Forgo, ocorrido na França, no final do século XIX. Trata-se de um marco no estudo do retorno. 7.4 Limites à aplicação da lei estrangeira A lei estrangeira não é sempre e necessariamente aplicada in totum. Cada Estado tem o seu critério para aplicá-la, preservando especialmente a ordem pública.

8 Del’Olmo, Florisbal de Souza, 1941 – Curso de direito internacional privado, 10.ª edição/Florisbal de Souza Del’Olmo – Rio de Janeiro : Forense, 2014. I

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7.4.1 Ordem pública Motivo mais empregado para limitar a aplicação da lei estrangeira. Nenhum Estado aplica lei estrangeira que ofenda a sua ordem pública. No Brasil, o artigo 17 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, preceitua que não terão eficácia leis, atos e sentenças de outro país que ofendam nossa ordem pública. 7.4.2 Fraude à lei Prática de um ato legal na forma e na aparência, mas com a intenção de burlar a lei aplicável. Mudança ardilosa e intencional de uma situação jurídica, por meio da troca, por exemplo, do domicílio ou mesmo da nacionalidade. Sua vítima é a própria coletividade. Caso frequente é a pessoa transferir domicílio para outro país, onde exerce sua capacidade, assegurando o exercício de um direito que não detinha. 7.4.3 Favor negotii Prevalência de negócio em favor daquele que interveio de boa-fé, quando uma das partes não tinha capacidade pela sua lei nacional, mas a possuía pela lei do foro. Aplica-se na área do Direito Comercial. 7.4.4 Prélèvement Instituto que visa beneficiar o nacional, em certas situações, em desfavor do estrangeiro. O artigo 10, § 1º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, indica um caso de prélèvement: sucessão em favor do cônjuge ou de filhos brasileiros. Semelhante ao favor negotii, o prélèvement é mais abrangente, por se aplicar também ao Direito Civil. 7.4.5 Instituições desconhecidas Trata-se de institutos restritos a determinados Estados: noivado na Itália, bem de família no Brasil, trust na Inglaterra, desquite no antigo direito brasileiro. Há institutos com tais características inseridos nos ordenamentos jurídicos de alguns Estados: dote, esponsais, hipoteca de bens móveis. 7.4.6 Instituições abomináveis São institutos incompatíveis com o espírito da Justiça: poligamia, escravidão, morte civil, discriminação racial e morte religiosa. Também, embora muito aceitos em certos Estados, a pena de morte, o repúdio e a retorsão.

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HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA 9

8.1 Considerações iniciais A importância e atualidade da exequibilidade da sentença de uma ordem jurídica em outra têm levado alguns autores a vislumbrarem o nascimento de um sub-ramo do Direito Internacional Privado, o Direito de Reconhecimento. 8.2 Fundamentos Diversas teorias têm sido formuladas para fundamentar a eficácia no estrangeiro da sentença prolatada em um país, como a da comitas gentium, ou cortesia internacional, a da comunidade de direito e a dos direitos adquiridos. O ideal de justiça e o espírito de solidariedade e de interdependência entre os povos podem ser apresentados como as razões para essa prática. 8.3 Documentos estrangeiros: cartas rogatórias As decisões interlocutórias (citação, vistoria, oitiva de testemunha), que não são homologáveis, são cumpridas por meio de carta rogatória, após exequatur do Superior Tribunal de Justiça, na Justiça Federal de primeiro grau. 8.4 Sentenças estrangeiras homologáveis 8.4.1 Conceituação Entendemos homologação como o ato que torna exequível sentença estrangeira na ordem jurídica interna. Portanto, é a homologação que vai permitir a execução, em um país, de decisão proveniente de órgão judiciário de outro. 8.4.2 Decisões passíveis de homologação São passíveis de homologação acórdãos, sentenças cíveis, comerciais, penais e trabalhistas e decisões de órgãos judicantes de outros poderes (divórcio concedido por prefeito de cidade japonesa e pelo rei da Dinamarca). Ainda o são sentenças de processos cautelares e arbitrais. 8.4.3 Sistemas de homologação A doutrina apresenta cinco formas de homologação de sentença estrangeira: revisão de mérito, revisão parcial de mérito, reciprocidade diplomática e de fato e delibação.

9 Del’Olmo, Florisbal de Souza, 1941 – Curso de direito internacional privado, 10.ª edição/Florisbal de Souza Del’Olmo – Rio de Janeiro : Forense, 2014. I

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8.4.4 Delibação Método mais usado, inclusive no Brasil, é a delibação, homologação da sentença mediante atendimento de pressupostos, sem entrar no mérito da mesma. Surgiu na Itália no século XIX. 8.4.5 Órgãos homologadores, pressupostos e rito na Justiça brasileira No Brasil, há apenas um órgão encarregado da homologação: o Superior Tribunal de Justiça. Os pressupostos são que a sentença provenha de juízo competente, tenham sido as partes citadas, ou se tenha regularmente verificado a revelia, tenha a sentença passado em julgado e esteja revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida, esteja traduzida por intérprete autorizado e se proceda à homologação pelo STJ. O ritual se inicia pela requisição diplomática ou por requerimento do interessado. 8.4.6 Sentença homologanda versus lide na Justiça brasileira Sentença em fase de homologação e lide na Justiça brasileira podem tramitar, ao mesmo tempo, não se caracterizando litispendência. Tão logo ocorra a homologação de decisão estrangeira, a lide na Justiça nacional deverá ser extinta, porque passa a haver coisa julgada: ter-se-á tornado executável a decisão sobre a lide, não mais havendo, perante nossa ordem jurídica, o que ser submetido a julgamento. 8.5 Convenção da ONU sobre prestação de alimentos no estrangeiro O elevado número de sentenças sobre alimentos, proferidas em um país para serem executadas em outro, levou ao surgimento da Convenção sobre a Prestação de Alimentos no Estrangeiro, da ONU, assinada em 1956 e promulgada no Brasil em 1965. Cada Estado designa uma autoridade administrativa ou judiciária para nele exercer as funções de Autoridade Remetente, bem como um organismo público ou privado para as funções de Instituição Intermediária: encarregam-se estes, respectivamente, do envio da sentença exarada no país e da recepção da oriunda de outro Estado. Ambas as tarefas, no Brasil, são incumbência da Procuradoria-Geral da República. 8.6. Legislação brasileira O Código de Processo Civil, a Constituição Federal, entre outras normas jurídicas no Brasil, como o Código Bustamante, tratam do reconhecimento de sentenças estrangeiras.

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8.7 Jurisprudência brasileira O Superior Tribunal de Justiça, a quem cabe desde 2004 homologar sentenças estrangeiras no Brasil, já conta com expressivo número de decisões de outros países tornadas exequíveis no nosso ordenamento jurídico, especialmente sobre ações de alimentos e de divórcio. 8.8 Considerações finais A sentença prolatada em um ordenamento jurídico para ser executada em outro se tornou prática rotineira, ocupando juristas e legisladores na busca da melhor justiça. O Brasil, como a maior parte dos países com sistemas jurídicos avançados, adota a delibação, método que homologa a decisão estrangeira, por meio do exame de pressupostos formais, sem adentrar o mérito.

NACIONALIDADE 10

9.1 Considerações iniciais A nacionalidade identifica o liame jurídico fundamental entre o ser humano e o Estado, constituindo-se no elo que cria para ambos direitos e obrigações recíprocas. Trata-se de vínculo jurídico-político, social e moral que segue princípios instituídos pelo Estado, mas admitidos pelo Direito Internacional. 9.2 Interdisciplinaridade Objeto de DIPr, a nacionalidade tem sua institucionalização na ordem jurídica de cada Estado, sendo estudada ainda em outras áreas das ciências jurídicas, como Direito Constitucional, Direito Internacional Público e Direito Civil. 9.3 Nacionalidade originária Dois são os critérios usados pelos Estados para a concessão da nacionalidade originária ou primária: um privilegiando o vínculo familiar (jus sanguinis), e o outro dando primazia ao local do parto (jus soli). 9.3.1 Jus sanguinis Reinou quase absoluto ao longo da História, estando presente em muitos países, especialmente os mais populosos, como os europeus. Com a emigração diminuem

10 Del’Olmo, Florisbal de Souza, 1941 – Curso de direito internacional privado, 10.ª edição/Florisbal de Souza Del’Olmo – Rio de Janeiro : Forense, 2014. I

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os nacionais residentes no país, e o uso do jus sanguinis vai propiciar que os descendentes, nascidos nas novas terras, continuem ligados à pátria de seus genitores, aonde, ao chegarem, estarão capacitados para uma integração mais fácil. 9.3.2 Jus soli Adotado nos Estados novos ou em fase de desenvolvimento, pela necessidade de formação de uma população nacional, reduzida nesse período, é o critério mais comum nos países do continente americano. Normalmente, Estados que recebem muitos imigrantes adotam o jus soli, a fim de propiciar a integração dos descendentes na vida nacional. 9.4 Naturalização É o ato pelo qual o estrangeiro adquire a nacionalidade do país que o acolhe. Pode ser tácita ou expressa, admitindo o direito brasileiro apenas essa última. Trata-se de nacionalidade derivada e é faculdade exclusiva do Poder Executivo feita mediante portaria do Ministério da Justiça. A naturalização é ato personalíssimo, não abrangendo os familiares do novo nacional. 9.5 Conflitos de nacionalidade Decorrem dos critérios geradores da nacionalidade: plurinacionalidade e apatridia ou anacionalidade. 9.5.1 Plurinacionalidade É caso de dupla nacionalidade quando uma criança nasce em Estado que adota o jus soli sendo filha de estrangeiros, nacionais de país que admite o jus sanguinis. Assim, na hipótese de nascer no Brasil filho de casal francês em visita ao País, essa criança será francesa (jus sanguinis) e brasileira (jus soli). 9.5.2 Anacionalidade Os seres humanos sem nacionalidade ou apátridas são pessoas internacionalmente desprotegidas. A palavra apatridia, embora muito usada, é politicamente incorreta e porta forte viés estigmatizante, dando ideia de supressão do vínculo do ser humano com sua pátria. Sugerimos, por considerarmos mais adequado, o emprego de anacionalidade, pelo acréscimo do prefixo grego a, an, indicativo de negação, privação, ausência (sem), à palavra nacionalidade. Justifica-se esse termo por opor-se a nacionalidade, designativo do instituto, ao invés de apatridia, que contraria, na verdade, a ideia de patridia. Designar esse cidadão por anacional,

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termo menos contundente e mais brando do que apátrida, dá conotação de transitoriedade a sua situação e leva ao entendimento de que essa condição será passageira, pela inserção da pessoa entre os nacionais de um Estado. 9.6 Nacionalidade no ordenamento jurídico brasileiro Emana da Constituição (art. 12) e centra-se no jus soli (inc. I, a). Essa primazia do local de nascimento não é absoluta, com concessão ao jus sanguinis, condicionada a outros fatores: pai ou mãe a serviço do Brasil (inc. I, b) e registro em repartição brasileira (consulado ou embaixada) ou residência no Brasil e opção, em qualquer tempo, atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira (inc. I, c). 9.7 Perda da nacionalidade Admitida hoje na forma voluntária: renúncia ou abdicação e naturalização. Pode ser imposta em certos casos: atividades para governo estrangeiro (sem autorização do seu) e condenação por deslealdade, especialmente de naturalizado.

CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO 11

10.1 Considerações iniciais Será estudada a condição jurídica do estrangeiro, detendo-se no caso brasileiro, com base na Lei n. 6.815/1980 (Estatuto do Estrangeiro). Serão vistos os meios usados pelos Estados para ingresso, permanência e afastamento de seres humanos de outros países, como passaporte e visto, expulsão, deportação e extradição. 10.2 Ingresso e permanência Quando deseja afastar-se de seu país, por qualquer motivo, o cidadão necessita de documento especial, o passaporte, com autorização inserida pelo Estado para o qual se está deslocando, o visto de entrada. 10.2.1 Passaporte É um documento oficial de identidade fornecido a quem precisa sair do País. Ele é aceito pelos demais Estados, garantindo o acolhimento desse ser humano no estrangeiro. Sua concessão requer apresentação de outros documentos e pagamento de taxas e indica, por si só, a idoneidade do seu portador.

11 Del’Olmo, Florisbal de Souza, 1941 – Curso de direito internacional privado, 10.ª edição/Florisbal de Souza Del’Olmo – Rio de Janeiro : Forense, 2014. I

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10.2.2 Visto O viajante necessita de visto concedido pelo Estado que o receberá. Entre países vizinhos e amigos, mediante tratado, basta o documento de identidade usual no Estado de origem, como ocorre entre os países do Mercosul. O visto não é um direito, mas uma cortesia. Classifica-se em visto de trânsito, de turista, temporário, permanente, de cortesia, oficial e diplomático. Alguns tipos de visto podem ser transformados em outros, atendidas determinadas condições. 10.3 Afastamento compulsório O Direito moderno não admite afastamento coercitivo de nacionais do Estado. Assim, os institutos jurídicos de saída compulsória de seres humanos destinam-se a estrangeiros, disciplinando as situações em que é lícita essa conduta. 10.3.1 Institutos em desuso Estão atualmente ausentes das ordens jurídicas institutos como degredo, desterro, banimento e deportação coletiva. São admitidos a expulsão, a deportação, a extradição, o mandado de captura europeu e a entrega. 10.3.2 Expulsão É o ato pelo qual o estrangeiro, com entrada regular no Brasil, é obrigado a abandonar o país, por razões de segurança nacional, ordem pública ou social, moralidade pública ou economia popular. Trata-se de direito inerente à soberania dos Estados. A expulsão não é uma pena, mas medida administrativa. É ato discricionário, de competência do Presidente da República, não se admitindo a expulsão quando implicar extradição inadmitida pela lei brasileira. 10.3.3 Deportação É o processo de afastamento do estrangeiro com permanência irregular no Brasil ou incurso nos casos do art. 57 da Lei n. 6.815/1980. Estrangeiro com visto de permanência vencido ou sem visto válido, ou, ainda, com visto de trânsito, de turista ou temporário como estudante ou correspondente de notícias e exercendo atividade remunerada no Brasil são passíveis de deportação. A deportação é de iniciativa do Departamento de Polícia Federal, sendo lavrado o termo competente na ocasião.

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10.3.4 Diferenças entre expulsão e deportação Quanto à causa: deportação (estrangeiro irregular) e expulsão (regular, mas inconveniente ao país anfitrião). Quanto ao processo: deportação (sem processo) e expulsão (instrução sumária, com regras processuais rigorosas e decisão final do Presidente da República). Quanto aos efeitos: deportado poderá voltar ao País (regularização) e expulso (só voltará se revogado o decreto de expulsão). 10.3.5 Extradição: conceito e classificação Processo pelo qual um Estado entrega, mediante solicitação do país interessado, pessoa condenada ou indiciada no país requerente, cuja legislação é competente para julgá-la pelo crime que lhe é imputado. O instituto da extradição visa repelir o crime, sendo aceito pela maioria dos Estados, como manifestação da solidariedade e da paz social entre os povos. Classificação: ativa (em relação ao Estado que a requer) e passiva (ao Estado requerido), instrutória (julgamento) e executória (cumprimento de pena já imposta). 10.3.6 Extradição de nacionais Quase todos os Estados negam a extradição de seus nacionais, inclusive o Brasil. Exceção: Reino Unido, Estados Unidos, Colômbia (reforma de 1997) e Itália (mediante reciprocidade). Doutrina estrangeira e brasileira: amplamente favorável à extradição de nacionais. 10.3.7 Requisitos e limites da extradição Dois requisitos: especialidade (julgamento pelo delito considerado, tão somente) e identidade ou dupla incriminação (crime em ambos os Estados). Deve haver tratado entre os países ou promessa de reciprocidade. Extradição: crimes graves. Excluídos: crimes políticos, militares e de opinião. Terroristas: sujeitos à extradição (pela violência e menosprezo à vida humana). 10.3.8 Caso Pinochet Pedido espanhol (juiz Garzón, 1998): julgar genocídio, torturas e desaparições de espanhóis no Chile (1973-1990). Tratava-se de ex-chefe de Estado, que estava hospitalizado e partia de terceiro país. Divisor de águas na história da extradição (três fases): precursora, desde os primeiros indícios, na Antiguidade, até a Lei Belga de 1833; clássica, daí até o final do século XX; e contemporânea, após o caso Pinochet.

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10.3.9 Extradição na ordem jurídica brasileira Processada e julgada pelo STF (plenário), após verificar a legalidade e procedência. Não caberá recurso. Requerida via diplomática ou de Governo a Governo, o pedido é instruído com cópia da sentença condenatória, pronúncia, ou que decretar a prisão. O Ministério das Relações Exteriores remete petição ao Ministro da Justiça, que a envia ao STF, cabendo ao relator no STF expedir ordem de prisão. Se o extraditando já estiver preso, o pedido vai diretamente ao STF. 10.3.10 Tratados de extradição firmados pelo Brasil Argentina, Austrália, Bélgica, Bolívia, Chile, Colômbia, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Coreia do Sul, Equador, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, Lituânia, México, Paraguai, Peru, Portugal, Reino Unido, República Dominicana, Rússia, Suíça, Suriname, Ucrânia, Uruguai e Venezuela. Mercosul. 10.3.11 Diferenças dos demais institutos Expulsão: iniciativa do Estado, ato jurídico-político (competência do Presidente). Extradição: solicitada pelo país interessado, para onde irá o estrangeiro (STF). Deportado: pode retornar, após regularização. Iniciativa de cada Estado. Extraditado: após cumprimento de pena no país em que foi condenado e aceitação pelo Brasil. Ato bilateral: existência de tratado ou de promessa de reciprocidade. 10.4 Jurisprudência brasileira O Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal têm julgado muitos processos envolvendo estrangeiros, como habeas corpus contra ato de expulsão (STJ) e pedidos de extradição de acusados ou condenados de outros países homiziados no Brasil (STF). 10.5 Projeto de novo Estatuto do Estrangeiro Tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei n. 5.655/2009. Pontos principais: humanismo da imigração, norteando-se pela garantia dos direitos humanos, interesses socioeconômicos e culturais do Brasil, defesa do trabalhador nacional, preservação das instituições democráticas e segurança da sociedade e das relações internacionais.

PESSOAS NO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 12

11.1 Considerações iniciais Nos ocuparemos da pessoa ou ser humano, abordando a personalidade, a comoriência, a ausência, o poder familiar, a tutela, a curatela e a ação de alimentos, temas com especial relevância na atualidade.

12 Del’Olmo, Florisbal de Souza, 1941 – Curso de direito internacional privado, 10.ª edição/Florisbal de Souza Del’Olmo – Rio de Janeiro : Forense, 2014. I

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11.2 Personalidade Cotejando capacidade e estado, Osíris Rocha acentua que estado é o conjunto de direitos que uma pessoa tem por possuir determinada posição no grupo social, como estado de casado, enquanto personalidade é pressuposto para adquirir esse estado. 11.2.1 Começo da personalidade Em tese, é estabelecido pelo nascimento com vida da criança, teoria natalista, tal como ocorre no Direito brasileiro, exigindo alguns Estados outros requisitos, como a viabilidade do recém nascido. A teoria concepcionista, defendida por humanistas, vê na concepção o início da personalidade e está presente em muitos países. 11.2.2 Término da personalidade Ocorre com a morte natural do ser humano, cujo momento exato pode apresentar algumas divergências nas legislações presentes os avanços médicos. No Brasil, o fim da personalidade é regido pela lei do domicílio da pessoa. 11.3 Comoriência Trata-se da morte de muitas pessoas ao mesmo tempo, sem possibilidade de identificação da precedência do fato, podendo gerar lides no campo do DIPr. A aplicação da lei do foro prevalece quando ineficazes outras conexões, como domicílio, nacionalidade ou lugar do acidente, por exemplo. 11.4 Ausência A ordem jurídica deve assegurar a preservação dos bens do ausente em benefício dele, seus herdeiros e credores. A formalização da ausência gera, por vezes, lides de Direito Internacional Privado, com a presunção ou a declaração de sua morte. Em tese, a segurança dos bens é feita com base na lei do foro. 11.5 Poder familiar Entendemos que a lei mais favorável ao menor deve ser observada. O Código Bustamante submete à lei pessoal do filho a existência e o alcance geral desse poder a respeito da pessoa e bens da criança, como às causas da extinção e recuperação do mesmo poder (art. 69).

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11.6 Tutela Tutela é o poder conferido pela lei à pessoa capaz para proteger a pessoa e reger os bens de menores que estão fora do poder familiar. O tutelado tem de ter menos de dezoito anos de idade. Pode ser testamentária, legítima e dativa. O domicílio do tutor se estende aos menores sob sua guarda. 11.7 Curatela É o encargo conferido a uma pessoa (curador) para que cuide, dentro dos limites estabelecidos por lei, dos interesses de alguém que não possa, legalmente, administrá-los. A legislação que rege a curatela é a mesma da tutela. 11.8 Ação de alimentos Envolve direitos indispensáveis à própria sobrevivência de ser humano incapaz de provê-la, seja por idade, enfermidade ou outro fator. Relações familiares menos harmônicas, como separação de cônjuges e abandono de filhos, são a principal fonte dessas lides. A solução é pela lei pessoal do alimentando, ou, na impossibilidade dessa, pela lex fori.

DIREITO DE FAMÍLIA E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 13

12.1 Direito de Família O Direito de Família tem por objeto a exposição dos princípios jurídicos que regem as relações de família. Ocupa-se, por exemplo, com casamento, união estável, pátrio poder ou poder familiar, entre outros. O casamento civil surgiu no século XVI (até então o casamento era regido pelo Direito Canônico e considerado sacramento). 12.2 Casamento e conflito de leis no espaço Casamento é o contrato de direito de família que regula a união entre homem e mulher, com a finalidade de gerar, criar e educar os filhos e de mútua assistência. Para as relações pessoais entre os cônjuges, inclusive divórcio e destinação dos bens móveis, historicamente se aplicou a lei do domicílio conjugal, e para os imóveis, a lei da situação da coisa. 12.3 Normas brasileiras sobre casamento

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12.3.1 Capacidade Rege-se pela lei pessoal de cada cônjuge, sendo regulada no Direito brasileiro pelo domicílio. 12.3.2 Impedimentos e formalidades “Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades de celebração” (art. 7º da LINDB). Quanto à celebração, portanto, prevalece o princípio locus regit actum. 12.3.3 Casamento por procuração A legislação brasileira admite casamento por procuração, embora outras ordens jurídicas não o façam. Assim, tendo o nubente seu estatuto pessoal em país que não admite a procuração, seria desejável que o juiz brasileiro observasse essa limitação, evitando problemas no eventual retorno ao país de origem. 12.3.4 Casamento no consulado Nossa lei admite o casamento no consulado ou embaixada do Brasil em outros países, desde que sejam brasileiros ambos os nubentes. As formalidades e impedimentos serão os do ordenamento jurídico brasileiro. 12.3.5 Nulidade do casamento “Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal” (§ 3º do art. 7º da LINDB). 12.3.6 Regime de bens Nosso direito admite quatro regimes de bens no casamento: comunhão parcial (de ofício, na ausência de pacto antenupcial), comunhão universal, separação de bens e participação final nos aquestos. O regime pode ser modificado pelos cônjuges. “O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, à lei do primeiro domicílio conjugal” (§ 4º do art. 7º da LINDB). O estrangeiro casado que se naturalize brasileiro pode solicitar que se apostile a adoção do regime de comunhão parcial de bens (§ 5º do mesmo artigo).

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12.4 Divórcio Existe desde os romanos e, embora condenado pelo cristianismo, foi implantado no Brasil em 1977. Quanto às causas que embasam o pedido de divórcio, serão elas as da lei onde tramitará a ação. A separação de corpos é regida pela lex fori. 12.5 Casamento entre pessoas do mesmo sexo O julgamento pelo STF, por unanimidade, da ADI 4.277 e da ADPF 132, tornou mais abrangente a interpretação do artigo 1.723 do Código Civil, admitindo o reconhecimento legal, como entidade familiar, da união homoafetiva. Nesse contexto, a Resolução n. 175 do CNJ, de 14 de maio de 2013, determinou que os cartórios de registros públicos brasileiros não poderão recusar a celebração de casamentos civis de pessoas do mesmo sexo ou deixar de converter em casamento união estável homoafetiva. 12.6 Jurisprudência brasileira A homologação de sentenças estrangeiras relacionadas ao Direito de Família, pelo Superior Tribunal de Justiça, tem sido intensa nos últimos anos, especialmente sobre divórcio, guarda de filhos e ações de alimentos.

ADOÇÃO INTERNACIONAL 14

13.1 Considerações iniciais Serão estudadas a importância e atualidade do instituto da adoção, visto como resgate da cidadania a seres humanos desassistidos no começo da existência; a extensão da adoção a pessoas domiciliadas em outros países e a Convenção sobre Adoção Internacional da ONU. 13.2 Conceituação A adoção é o processo pelo qual um ser humano, em tese menor e desassistido, encontra um novo lar, nele se integrando jurídica e afetivamente. Entendemos a adoção como um instituto no qual o jurídico, o humano e o divino interagem, gerando harmonia e bem-estar no meio social.

14 Del’Olmo, Florisbal de Souza, 1941 – Curso de direito internacional privado, 10.ª edição/Florisbal de Souza Del’Olmo – Rio de Janeiro : Forense, 2014. I

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13.3 Importância e atualidade O estudo da adoção torna-se hoje ainda mais importante dado o trágico paradoxo de seu uso criminoso. Por ganância e com requintes inescrupulosos, crianças são usadas como objeto: é o tráfico de seres humanos, destinando-as à prostituição, ao uso como mendigos após mutilação e à extirpação de órgãos para serem comercializados. 13.4 Adoção como resgate de crianças sem assistência A solidariedade social e o amparo à criança e ao adolescente que não têm família, ou que esta não dispõe de recursos para lhes proporcionar uma vida digna, deve ser o motivo da adoção. Ela deve justificar-se por vantagens concretas para o adotando e ter por fundamento motivos legítimos. É irrevogável e leva à constituição, para o menor, de uma nova família, definitiva, mantendo-se o vínculo com a família originária apenas em relação aos impedimentos matrimoniais. 13.5 Adoção internacional A adoção internacional ocorre quando o instituto da adoção é aplicado entre pessoas residentes em diferentes países signatários da Convenção sobre a Adoção Internacional de Haia. Ela permite que menores em situação de abandono encontrem um lar no estrangeiro, que não foi possível em seu país, lar esse que lhe proporcione o desejável bem-estar e crescimento adequado a todo ser humano. Em sentido amplo, trata-se, pois, de instituto pelo qual pessoas radicadas em um país adotam menores abandonados ou sem lar residentes em outro país. 13.6 Documentos sobre adoção internacional e a Convenção de 1993 A Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, de 20 de novembro de 1989 – ratificada pelo Brasil em 1990 –, apesar de não tratar especificamente sobre o assunto, constitui-se em documento basilar sobre a proteção e os direitos das crianças e adolescentes. Estabelece que haverá adoção internacional apenas quando não for possível encontrar um lar para a criança no seu país de origem. Já a Declaração das Nações Unidas sobre os Princípios Sociais e Legais Relativos ao Bem-Estar das Crianças, de 1986, dedica sete artigos para a adoção internacional, estabelecendo alguns princípios, como a necessidade de estabelecer políticas e supervisão eficaz para a proteção das crianças adotadas em outros países. A Convenção sobre Cooperação Internacional e Proteção de Crianças e Adolescentes em Matéria de Adoção Internacional, aprovada em 29 de maio de 1993, em Haia, está incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro pelo Decreto n. 3.087, de 21 de junho de 1999. Estabelece regras básicas a serem observadas pelos Estados em

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cada processo de adoção. São princípios que oferecem aos Estados envolvidos garantia de que não houve tráfico, sequestro ou indução ao abandono e que os pais adotivos estão jurídica e psicologicamente aptos para esse ato. 13.7 Adoção no ordenamento jurídico brasileiro e a adesão à Convenção de 1993 Há hoje no Brasil um pluralismo de fontes sobre a adoção: Lei n. 8.069/90 (ECA), e tratados internacionais ratificados pelo país (Convenção da ONU sobre Direitos da Criança de 1990, Conferência Interamericana de 1984-CIDIP e Convenção de Haia de 1993). O Estatuto da Criança e do Adolescente continua a reger, como lex specialis, a adoção internacional no Brasil, por expressa menção do Código Civil de 2002. 13.8 Noções básicas sobre adoção A adoção de criança e de adolescente rege-se, no ordenamento jurídico pátrio pelas disposições da Lei n. 8.069/1990, Estatuto da Criança e do Adolescente, o qual foi alterado Lei n. 12.010/2009. Conforme dispõe o § 1º do artigo 39 do ECA, a adoção só deve ser aplicada quando se mostrar impossível a manutenção do menor na sua família natural ou extensa (parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade). Trata-se, ademais, de medida excepcional, irrevogável e vedada por procuração. 13.9 Brasil como país de origem do menor adotado Estrangeiro domiciliado fora do Brasil: estágio de convivência, cumprido no território nacional, com duração de no mínimo trinta dias (§ 3º do art. 46 do ECA, com alteração da Lei n. 12.010/2009). Saída do adotando do Brasil somente depois de consumada a adoção (art. 52, § 8º). Exige-se documentação do adotante estrangeiro, inclusive estudo psicossocial por agência especializada credenciada, ambos autenticados pela autoridade consular brasileira no Estado do adotante. A adoção é irrevogável e constitui nova família, definitiva. 13.10 Organismos credenciados Caso a legislação do país de acolhida autorize, admite-se pedidos de habilitação à adoção internacional intermediados por organismos credenciados (art. 52, § 1º). Cabe à Autoridade Central Federal Brasileira o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção internacional. As Autoridades Centrais Estaduais serão comunicadas sobre

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o credenciamento, bem como será publicado nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio próprio da internet (art. 52, § 2º). 13.11 Brasil como país de acolhida do menor adotado O Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe sobre a adoção de criança ou adolescente estrangeiro por cidadão ou casal brasileiro. Assim, quando o Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade competente no país de origem do menor será conhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver processado o pedido de habilitação dos pais adotivos, a qual comunicará o fato à Autoridade Central Federal, que determinará as providências necessárias à expedição do Certificado de Naturalização Provisório (art. 52-C). 13.12 Adoção internacional e nacionalidade Os dois institutos têm forte ponto de convergência, levando-nos a afirmar que a adoção conduz irreversivelmente à nacionalidade: ela torna a criança ou adolescente nacional do Estado dos seus adotantes. Convenção sobre Adoção Internacional: países signatários atribuem plena eficácia à sentença de adoção prolatada por juiz do Estado de origem do adotando (art. 23). Concluímos que sentença de juiz brasileiro concessiva de adoção a casal francês atribui ao adotado dupla nacionalidade: brasileira (jus soli) e francesa (jus sanguinis). Embora posicionamentos doutrinários contrários e a dicção da Lei n. 12.010/2009, entendemos convictamente que a filiação por adoção deveria ser fonte de nacionalidade primária, especialmente no Brasil, à luz da Constituição Federal de 1988 (art. 227, § 6º), que proíbe distinção entre filhos. Em consonância com nosso entendimento, desde março de 2013, as Embaixadas e Consulados brasileiros no exterior foram autorizados a lavrar o registro de nascimento de filho adotado, nascido no exterior, de cidadão brasileiro, uma vez preenchidos os requisitos legais. Assim, nos termos do Manual do Serviço Consular e Jurídico, que consiste no Regulamento Consular brasileiro (Portaria n. 457, de 02.08.2010), a autoridade consular deverá lavrar o registro consular de nascimento de filhos adotados no exterior por cidadão(s) brasileiro(s), desde que seja apresentada a carta de sentença de homologação, pelo STJ, da sentença estrangeira de adoção, bem como os demais documentos necessários para a lavratura de registro consular de nascimento. 13.13 Caso João Herbert Trata-se de menino brasileiro (sete anos), adotado por casal norte-americano. Em 2000, aos 20 anos, foi condenado nos EUA (venda de maconha) e teve seu

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processo de naturalização naquele país suspenso. Deportado, retornou ao Brasil, sendo morto em 2004. 13.14 Caso das meninas da Guiné-Bissau Meri e Mirian, nascidas em 2005, na Guiné-Bissau ficaram órfãs de pai e mãe e sem qualquer assistência, aos dezoito meses de vida, sendo acolhidas por um casal gaúcho, então lá residente. A adoção foi concedida, após processo regular, conforme a legislação da Guiné-Bissau. Por óbvio, não se trata de adoção internacional albergada pela Convenção de Haia de 1993. A condição de brasileiras natas pelas meninas ocorreu pela homologação das sentenças oriundas da Guiné-Bissau, pelo nosso Superior Tribunal de Justiça. Esse reconhecimento tornou-as exequíveis no ordenamento jurídico brasileiro, possibilitando a lavratura do registro de nascimento das meninas, assegurando-lhes o exercício pleno da nacionalidade brasileira originária. 13.15 Considerações finais Adoção é o instituto do direito de família por meio do qual uma pessoa adquire de outra a qualidade de filho, embora ausentes vínculos consanguíneos entre elas. Volta-se na atualidade ao viés solidário: oferecer ao menor abandonado ou carente um lar e uma família, privilegiando as suas necessidades e buscando sua integração na sociedade e no exercício da cidadania.

DIREITO DAS SUCESSÕES E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 15

14.1 Considerações iniciais O instituto da sucessão comporta dois fatores essenciais: um pessoal (o falecido e seus herdeiros) e o outro material (o patrimônio objeto da sucessão). Sucessão causa mortis é toda sucessão em que há o pré-falecido e o sobrevivente que recolhe a herança. Sucessão corresponde ao direito e herança se refere ao acervo de bens. 14.2 Sucessão e conflito de leis no espaço A lex rei sitae é aplicada desde o século XIV. Para os imóveis é universalmente aceita, embora crie situações inusitadas: uma pessoa pode ser herdeira no Brasil e não, na Holanda.

15 Del’Olmo, Florisbal de Souza, 1941 – Curso de direito internacional privado, 10.ª edição/Florisbal de Souza Del’Olmo – Rio de Janeiro : Forense, 2014. I

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14.3 Elementos de conexão Lei da situação dos bens (imóveis), lei da nacionalidade (países europeus), lei do domicílio (último domicílio do falecido – a empregada no Brasil) e lei do lugar do falecimento do de cujus (princípio já superado). 14.4 Sucessão legítima Também conhecida como ab intestato e legal é a que ocorre quando o falecido não deixou testamento, sendo a forma de sucessão mais comum no Brasil. A lei do domicílio do de cujus apreciará a determinação das pessoas sucessoras e a ordem em que herdam. 14.5 Sucessão testamentária Testamento é o ato personalíssimo, unilateral, gratuito, solene e revogável pelo qual alguém dispõe de seu patrimônio para depois de sua morte. A legislação brasileira admite os testamentos público, cerrado e particular ou hológrafo, além dos especiais (marítimo, aeronáutico e militar), não aceitando o testamento conjuntivo, em qualquer de suas modalidades (simultâneo, recíproco ou correspectivo). Os cônsules de nosso país no exterior podem lavrar testamentos de brasileiros. A capacidade para testar é regida pela lei do lugar do domicílio do testador (§ 2º do art. 10 da LINDB) e a forma é pelo locus regit actum. O testamento público deve ser redigido em português, enquanto o cerrado e o particular podem ser em idioma estrangeiro, desde que as testemunhas entendam plenamente o seu conteúdo.

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 16

15.1 Considerações iniciais Obrigação é a relação jurídica entre duas ou mais pessoas, pela qual uma delas pode exigir da outra uma prestação. O credor tem a pretensão e o devedor a obrigação. Decorre de contratos, declarações unilaterais da vontade, atos ilícitos e responsabilidade por atos de terceiros. 15.2 Obrigações na esfera internacional Assumem aspectos peculiares e de solução nem sempre uniforme, devido a vários fatores: domicílios diferentes, nacionalidades diversas, local de constituição do

16 Del’Olmo, Florisbal de Souza, 1941 – Curso de direito internacional privado, 10.ª edição/Florisbal de Souza Del’Olmo – Rio de Janeiro : Forense, 2014. I

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contrato que não coincide com o da execução, lugar do imóvel objeto do contrato diferente do domicílio dos sujeitos, língua em que é redigido o acordo diferente da falada pelos contratantes, entre outros. O lugar da execução do contrato é o elemento de conexão mais adotado. Verifica-se uma tendência secular no DIPr em localizar as relações jurídicas pelo elemento que manifestam exteriormente, materialmente: daí a preponderância, por exemplo, do estatuto real, ou forum rei sitae, em relação aos bens, ou do lex loci delicti em relação aos atos ilícitos. 15.3 Autonomia da vontade Trata-se de instituto polêmico, defendido por alguns autores (Valladão e Amorim) e condenado por outros (Amílcar, Osíris e Tenório). Em matérias referentes ao fundo dos contratos (sua essência, seu móvel) e ao regime de bens do casamento sua aplicação é importante. A principal virtude da autonomia da vontade está em atender aos reais interesses das partes envolvidas na relação, o que muitas vezes as conexões objetivas, tais como a da lei do lugar da formação ou a do lugar de execução do contrato, podem não realizar. Contudo, o real interesse das partes pode ser desvirtuado quando envolve sujeitos vulneráveis, dando origem a abusos. No continente americano, onde é ausente o princípio da autonomia da vontade nos países do Mercosul, Nadia de Araújo entende que a codificação do DIPr se constitui em um dos fatores imprescindíveis para se atingir a integração econômica: sem uma uniformização jurídica não se pode fazer uma integração econômica ou política, sendo necessário garantir uma base normativa comum, o que ocorrerá por meio da CIDIP V, que estabelece a autonomia da vontade como principal elemento de conexão da lei, não colocando qualquer limitação ao seu uso em contratos realizados com consumidores. 15.4 Novos elementos de conexão Buscam-se na esfera internacional normas conflituais orientadas a determinados objetivos materiais. A proteção do consumidor e do trabalhador, partes hipossuficientes, baseia-se nessa linha. Assim, as denominadas normas de conexão aberta têm sido usadas como corretivo das normas de conexão clássica. São indiretas, mas exigem um caráter material e tópico para concretização. Representam a disposição de tentar encontrar uma ligação entre um critério rígido e a solução flexível, ou seja, aquela que toma em consideração as particularidades do caso. São normas de conexão aberta, entre outras, a conexão mais estreita (adere-se ao princípio da proximidade, lei do país com mais vínculos com a relação) e a prestação característica (pela simplicidade ou por motivos socioeconômicos, inclusive prestação não monetária poderá indicar a lei aplicável). São também denominadas de cláusulas escapatórias ou de exceção.

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15.5 Normas brasileiras “Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que (estas) se constituírem”, preceitua o artigo 9º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. É a lex loci contractus. Quanto à forma e à substância, aplica-se, portanto, a lei brasileira para as obrigações constituídas no Brasil. Ressalve-se que a lei relativa à execução tem tido preponderância na jurisprudência pátria, a partir da interpretação de que à lei do local da constituição somam-se as exigências da lei do local de sua execução. Para a obrigação resultante de ato ilícito adota-se a lei do lugar do ato e a oriunda de contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente (art. 9º, § 2º, da LINDB). No caso do contrato de trabalho, ao aplicar o direito mais favorável, deve o julgador limitar-se a um ordenamento jurídico, pois não seria possível submeter uma só relação jurídica a direitos distintos.

DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 17

16.1 Considerações iniciais A abertura do mercado interno dos países a produtos e serviços estrangeiros gera a necessidade de proteção dos consumidores. Integração econômica, regionalização dos negócios, desenvolvimento dos meios de transportes e comunicação de massa alavancam o turismo, impondo a defesa das pessoas que consomem bens e serviços provenientes de outros Estados. 16.2 Proteção do consumidor no ordenamento jurídico brasileiro A Constituição Federal/1988 estabelece que “o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”, considerado um dos princípios da ordem econômica. Com tal finalidade o artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias determina a promulgação pelo Congresso Nacional de um código normatizando o assunto. Essa ordem foi cumprida com a Lei n. 8.078, de 11.09.1990, o Código de Defesa do Consumidor, um dos mais avançados diplomas normativos de proteção dessa parcela da população. 16.3 Consumidor no DIPr No que tange à qualidade e segurança de produto ou serviço, e o acesso à justiça na busca dessa garantia, consolida-se o entendimento de que o consumidor não pode ser prejudicado pela elementar razão de que esse bem proveio de outro país,

17 Del’Olmo, Florisbal de Souza, 1941 – Curso de direito internacional privado, 10.ª edição/Florisbal de Souza Del’Olmo – Rio de Janeiro : Forense, 2014. I

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foi fornecido por empresa situada no exterior ou foi adquirido em viagem ao estrangeiro. Em tese, ele deve poder contar com proteção mínima aos seus interesses quando optar por contrato à distância ou por meios eletrônicos: normas sobre seus direitos interessam tanto à competitividade do mercado interno quanto à competitividade internacional, assim como contribuem para a criação de um mercado interno com concorrência leal. 16.4 Proteção do consumidor nas Américas Ganha espaço nos ordenamentos jurídicos dos Estados americanos a proteção do consumidor. No âmbito dos países integrados no Mercosul, a exemplo do Brasil, todos já dispõem de legislação em favor dessa importante parcela da população. A Argentina conta com a Lei n. 24.240, de 15 de outubro de 1993 (Lei de Defesa do Consumidor), com alterações da Lei n. 24.999, de 24.07.1998, e em 2008; no Paraguai há a Lei n. 1.134, de 27 de outubro de 1998 (Lei de Defesa do Consumidor e do Usuário); e o Uruguai dispõe da Lei n. 17.189, de 20 de setembro de 1999 (Normas Relativas às Relações de Consumo). 16.4.1 Projeto de CIDIP de proteção do consumidor Cláudia Lima Marques elaborou projeto de Convenção Interamericana de Direito Internacional Privado (CIDIP) sobre diversos contratos e transações com consumidores, encampado pelo governo brasileiro para inclusão no temário dos próximos eventos da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre defesa do consumidor. Entre os dispositivos sugeridos de proteção em casos especiais, estão os contratos de viagem e turismo (art. 6º) e os de multipropriedade ou time-sharing (art. 7º). 16.5 Consumidor à luz da LINDB As regras brasileiras de DIPr inseridas na LINDB, são anteriores ao Código de Defesa do Consumidor, nada dispondo especificamente sobre consumidor. Disciplina apenas o artigo 17 da Lei de Introdução que as sentenças ou declarações da vontade provenientes de outro país não terão eficácia no Brasil quando ofenderem nossa ordem pública. A mesma norma jurídica dificulta, em matéria contratual, uma defesa consistente da autonomia da vontade. 16.5.1 Proposta de adequação da LINDB ao consumidor Proposta de adequação da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro à proteção contratual do consumidor sugere, entre outros itens, um artigo 9º bis: “Os contratos e transações envolvendo consumidores, especialmente os contratados à

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distância, por meios eletrônicos, de telecomunicações ou por telefone, estando o consumidor em seu país de domicílio, serão regidos pela lei deste país ou pela lei mais favorável ao consumidor, escolhida pelas partes entre a lei do lugar da celebração do contrato, a lei do lugar da execução do contrato, a da prestação característica ou a lei do domicílio ou sede do fornecedor de produtos ou serviços.” 16.6 Caso Panasonic Ação civil ajuizada na capital paulista buscando reparação por produto adquirido no estrangeiro, que apresentou defeito, sinaliza a importância que o consumidor passa a merecer no DIPr em nosso país. É o caso Panasonic. Trata-se de filmadora comprada em Miami, tendo sido extintos o processo de primeira instância e o recurso interposto no Tribunal de Justiça de São Paulo, por ilegitimidade da parte, alegada pela Panasonic do Brasil Ltda., por ter o produto sido adquirido na Panasonic Company, empresa norte-americana formalmente distinta da brasileira. A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por maioria, admitiu a responsabilidade da pessoa jurídica brasileira. Prevaleceu o entendimento de que o Código de Defesa do Consumidor se aplica de forma imediata a relações de consumo ocorridas em outros países, obrigando empresa brasileira da mesma marca a reparar danos provenientes de defeito de fabricação do produto. 16.6.1 Ementa do caso Parte da ementa do acórdão delimita: “III – Se empresas nacionais se beneficiam de marcas mundialmente conhecidas, incumbe-lhes responder também pelas deficiências dos produtos que anunciam e comercializam, não sendo razoável destinar-se ao consumidor as consequências negativas dos negócios envolvendo objetos defeituosos. IV – Impõem-se, no entanto, nos casos concretos, ponderar as situações existentes.” 16.7 Considerações finais A sucessão de condutas e práticas geradas pelo extraordinário avanço científico e tecnológico, que logo chega a todos os recantos do planeta, tem encontrado respostas no mundo do Direito, no que tange ao consumidor, embora essas regras ainda se mostrem tênues e nem sempre acessíveis.

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DIREITO EMPRESARIAL E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 18

17.1 Considerações iniciais Direito Empresarial é o ramo das ciências jurídicas que disciplina as atividades empresariais destinadas à produção e circulação de bens, ou prestação de serviços. O Código Civil de 2002 unificou parcialmente a legislação civil e a comercial no Brasil, embora subsistam leis especiais, de nítida natureza mercantil. 17.2 Sociedade estrangeira e direito brasileiro A nacionalidade da pessoa jurídica apresenta vieses distintos quando cotejado com o da pessoa física. Três critérios são empregados para determinar essa nacionalidade: da incorporação (país em que se constitui), da sede social (local dos órgãos diretivos) e do controle (adoção da nacionalidade dos detentores do capital da sociedade). No caso brasileiro: “É nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a sede de sua administração” (art. 1.126). Embora não identificada pela legislação, será estrangeira, por exclusão, a pessoa jurídica que não porte esses pressupostos. 17.3 Sociedade binacional De perfil distinto das sociedades estritamente estrangeiras ou nacionais, a sociedade binacional consiste em uma forma de parceria entre dois Estados. Nesse sentido, a concepção de empresas binacionais pode ser percebida tanto em um contexto de cooperação internacional quanto de integração regional, com vistas a desenvolver conjuntamente projetos de interesse comum, com a criação de sinergias. A constituição de uma sociedade binacional, de modo geral, está embasada por um tratado, que deverá determinar questões como condições de implantação e atividades permitidas. Devido à peculiaridade em relação ao seu vínculo nacional, por vezes as sociedades binacionais podem gozar de benefícios não concedidos às empresas estrangeiras ou, até mesmo, às nacionais, como privilégios alfandegários e isenções tributárias. 17.4 Estabelecimento A expressão fundo de comércio cede lugar à expressão estabelecimento, que é o complexo de bens materiais e imateriais organizados para o exercício da empresa. No campo internacional sua regulamentação obedece à lei do Estado em que se constitui.

18 Del’Olmo, Florisbal de Souza, 1941 – Curso de direito internacional privado, 10.ª edição/Florisbal de Souza Del’Olmo – Rio de Janeiro : Forense, 2014. I

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17.5 Capacidade para exercer a atividade empresarial É regulada pela lei pessoal (domicílio, no caso brasileiro). A incompatibilidade dos agentes diplomáticos para comerciar será definida pela legislação do Estado que os nomeou, podendo a do Estado da residência igualmente os proibir de comerciar. 17.6 Legislação brasileira e direito empresarial internacional Para estrangeiro exercer atividade empresarial no Brasil, deverá provar sua entrada e permanência regular (visto permanente), além da autorização específica para tal. Não se admite qualquer outro visto. Toda empresa deve estar registrada no Registro Público de Empresas Mercantis. 17.7 Falência e recuperação empresarial Pela Lei n. 11.101, de 09.02.2005, Nova Lei de Recuperação e Falências, o direito brasileiro criou novos mecanismos para empresas em dificuldades: a recuperação judicial (art. 47) e a recuperação extrajudicial (art. 161). Quando nenhum desses remédios legais surtir efeito, procede-se à liquidação da empresa: a falência passou a ser a exceção à regra nas situações de crises econômico-financeiras das empresas. No âmbito do DIPr (art. 3º): “É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou de filial de empresa que tenha sede fora do Brasil.” Lembra Silvio Battello que a falência e a recuperação judicial são procedimentos de insolvência internacional que poderão ter efeitos extraterritoriais no Brasil. 17.8 Falência internacional Quando o processo falimentar atinge empresa com filiais, bens ou credores em países diversos, cabe ao DIPr determinar a lei aplicável à falência e os efeitos a serem produzidos no exterior. Silvio Battello entende que a ampliação da cooperação judiciária internacional, no Direito falimentar, limitando a competência internacional da Justiça brasileira ofereceria maior segurança jurídica internacional, dando um tratamento menos discriminatório aos credores transnacionais e viabilizando maiores aportes de capitais estrangeiros.

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DIREITO DA CONCORRÊNCIA E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 19

18.1 Considerações iniciais A concorrência tem papel imprescindível no funcionamento dos mercados, no âmbito dos países e na esfera internacional, e viabiliza o aprimoramento permanente da oferta de bens e serviços, possibilitando benefícios aos consumidores, como a eventual redução de preços. Além de proteger o consumidor, dispersa o poder e redistribui riqueza, promovendo a justiça econômica em vez da eficiência econômica. 18.2 Concorrência e Direito da Concorrência A concorrência deve ser preservada como meio de tutela do consumidor e como instrumento de concretização da eficiência econômica, permitindo que haja progresso e desenvolvimento da economia. O Direito da Concorrência é expressão da atuação do Estado na defesa da livre concorrência. O Estado deve primar por uma concorrência entre os agentes econômicos com base em preceitos éticos e leais, por uma atuação no mercado sem-fins espúrios ou monopolizadores. 18.3 Defesa da concorrência no Brasil O Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência tem sua disciplina na Lei n. 12.529, de 30.11.2011, que dispõe sobre prevenção e repressão às infrações contra a ordem econômica (ilícitos civis objetivos) e os órgãos envolvidos na defesa da concorrência. Constituem o SBDC a Secretaria de Acompanhamento Econômico (Ministério da Fazenda) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), autarquia vinculada ao Ministério da Justiça. 18.4 Abuso do poder econômico em um mercado relevante É abusiva a posição dominante de um agente econômico que começa a elevar preços demasiadamente, impor condições descabidas aos seus compradores, limitar a oferta de certos produtos e serviços dentre outras formas de atitudes anti-concorrenciais. Essa empresa busca lucros pessoais ilegítimos, extrapolando limites legais em prejuízo de consumidores e concorrentes, necessitando de repressão pelas autoridades protetoras da concorrência.

19 Del’Olmo, Florisbal de Souza, 1941 – Curso de direito internacional privado, 10.ª edição/Florisbal de Souza Del’Olmo – Rio de Janeiro : Forense, 2014. I

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18.5 Concorrência internacional: algumas reflexões A doutrina da liberação absoluta da economia está superada. Para manter a concorrência em padrões aceitáveis de competitividade, impõe-se a regulamentação estatal, regulando e fiscalizando a ação dos agentes econômicos em defesa da liberdade de concorrência. 18.6 Concorrência no Mercosul e na União Europeia Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai firmaram o Acordo de Defesa da Concorrência do Mercosul, instrumento jurídico para garantir exercício da concorrência entre empresas situadas nos países do bloco. O Acordo foi aprovado pelo Conselho do Mercado Comum em Foz do Iguaçu, em 16.12.2010. Na União Europeia, o Direito Concorrencial está presente no arcabouço normativo comunitário, sem fronteiras nacionais. Possui regras próprias, aplicáveis a toda a comunidade, para proteger os consumidores e impedir comportamentos lesivos à livre concorrência, como o dumping. 18.7 Liberdades econômicas fundamentais São: em bens, pessoas, serviços e capitais. A análise do aparato jurídico europeu permite concluir que a liberdade de concorrência, instituto jurídico consolidado, serve de exemplo para o bloco regional mercosulista. 18.8 Considerações finais Enquanto o direito da concorrência não for reconhecido, no âmbito interno dos Estados e internacionalmente, como liberdade econômica fundamental, devem continuar e, além disso, se intensificar os esforços e a cooperação entre os organismos nacionais atualmente encarregados da tutela da livre concorrência.

DIREITO DAS COISAS E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 20

19.1 Considerações iniciais O direito das coisas é o complexo de normas reguladoras das relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem. O primeiro sistema sobre conflito de leis no espaço, no direito das coisas, teve influência feudal,

20 Del’Olmo, Florisbal de Souza, 1941 – Curso de direito internacional privado, 10.ª edição/Florisbal de Souza Del’Olmo – Rio de Janeiro : Forense, 2014. I

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priorizando a lex rei sitae. Protegia os bens imóveis locais com leis específicas. Os bens móveis seriam regidos pela lei do domicílio do proprietário. 19.2 Qualificação dos bens móveis e imóveis A diferenciação dos bens entre móveis e imóveis, importante no mundo jurídico, transcende o fato de poderem esses bens ser movidos de um lugar a outro e se torna relevante em nossa disciplina. Para Niboyet, essa classificação submete-se à lei do foro. No direito brasileiro, são considerados imóveis para efeitos legais os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram, assim como o direito à sucessão aberta. 19.3 Direito das coisas no ordenamento jurídico brasileiro Os bens no Brasil seguem o artigo 8º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro: “Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.” É o princípio da lex rei sitae. São direitos reais no Brasil a propriedade, a posse e os direitos reais sobre coisas alheias, tanto os de uso e gozo (superfície e usufruto), os de uso (servidão, uso e habitação) quanto os de garantia (penhor, hipoteca, anticrese e alienação fiduciária em garantia) e o direito do promitente comprador do imóvel, todos previstos no Código Civil de 2002. 19.4 Direitos reais e conflito de leis no espaço A classificação dos direitos reais varia nas legislações, aumentando a importância de uma qualificação precisa. Segundo a boa doutrina, cabe à lex rei sitae determinar se um direito é ou não de caráter real, bem como regular os direitos relativos ao regime da posse, da propriedade e dos direitos reais sobre coisa alheia. 19.5 Referências especiais sobre alguns direitos reais O penhor, regulado no Brasil pela lei do domicílio da pessoa que detenha a posse do bem, é regido no Código Bustamante pela lei territorial (art. 216). A hipoteca de bem imóvel situado em outro país requer adequação a ambas as legislações. Navios e aeronaves, bens de natureza especial, não se regem pela ius rei sitae, em razão do deslocamento por vários países, nem pela lei do domicílio do proprietário. São apreciados pelo direito do Estado de matrícula, a lei do pavilhão.

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19.6 Regras de DIPr em outras ordens jurídicas A qualificação dos bens em móveis e imóveis apresenta semelhança, embora pequenas distinções nos vigentes Códigos Civis de Espanha, Argentina, Chile e Venezuela.

PROPRIEDADE INTELECTUAL E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 21

20.1 Considerações iniciais O Direito da Propriedade Intelectual e o DIPr têm pontos de convergência, os quais se ampliam com as transações internacionais que envolvem direitos imateriais. A propriedade intelectual compreende, genericamente, os direitos autorais e a propriedade industrial, que eram estudados em outros segmentos jurídicos, como o Direito das Coisas (direito do autor) e o Direito Comercial (o das marcas). 20.2 Propriedade intelectual Proteger a Propriedade Intelectual é um meio de promover inovação, transferência e disseminação de tecnologia, fundamental no processo de desenvolvimento de um país. O direito da propriedade intelectual é absoluto (oponível a todos), exclusivo (afasta uso privado em detrimento do titular), resolúvel (pois a obra pode cair no domínio público) e tem natureza cosmopolita. 20.2.1 Histórico O direito do inventor tem raízes em Veneza (1474) e na Inglaterra (1624) com as primeiras codificações de patente. Quanto às marcas, elas têm origem na época romana, quando eram utilizadas pelos proprietários nos animais de seus rebanhos. 20.2.2 Importância na atualidade Mais do que em qualquer época, atribui-se hoje enorme relevo ao capital oriundo do conhecimento. Praticamente tudo que se usa, observa ou ingere está direta ou indiretamente associado e protegido pela propriedade intelectual.

21 Del’Olmo, Florisbal de Souza, 1941 – Curso de direito internacional privado, 10.ª edição/Florisbal de Souza Del’Olmo – Rio de Janeiro : Forense, 2014. I

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20.3 Propriedade intelectual no Brasil Duas normas jurídicas disciplinam a propriedade intelectual no País. A Lei n. 9.610, de 19.02.1998, trata dos direitos autorais, incluindo os direitos morais, patrimoniais e sua duração, limitações e transferência. Ela assegura aos estrangeiros, incluindo-se os domiciliados no exterior, a proteção, no Brasil, dos direitos autorais e conexos, inserida em acordos, convenções e tratados em vigor no Brasil (art. 2º). A Lei n. 9.279, de 14.05.1996, regula os direitos e obrigações da propriedade industrial, considerando o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País (art. 2º). A proteção ocorre pela concessão de patentes de invenção e de modelos de utilidade, de registro de desenho industrial e de marcas, bem como pela repressão à concorrência desleal e às falsas indicações geográficas. 20.3.1 Medicamentos A descoberta de substâncias curativas e preventivas requer estudos e pesquisas que implicam investimentos elevados. Impõe-se o incentivo a órgãos privados, que se somem ao poder público nessa busca. Os recursos provêm, o mais das vezes, de grandes empresas transnacionais, as quais deverão, no uso do privilégio da patente conseguida, recuperar o capital investido e auferir lucros. O estímulo da pesquisa em cada país, por meio da patente nacional, acaba favorecendo a própria indústria desse Estado. 20.3.2 Caso Efavirenz Com amparo na Lei n. 9.279/1996 (art. 71) e no acordo TRIPs, o Brasil decretou, em 2007, o licenciamento compulsório do antirretroviral Efavirenz, cuja patente é do laboratório Merck, e que é utilizado em medicamento contra a AIDS. Foi invocado interesse público e o uso seria não comercial e de forma temporária, com remuneração ao detentor da patente. Essa medida permitiu ao Brasil fabricar medicamento genérico a baixo custo, economizando trinta milhões de dólares em seis anos e atendendo maior número de vítimas da AIDS. Em maio de 2012, o Brasil renovou o licenciamento compulsório do medicamento por mais cinco anos. 20.4 Organização Mundial da Propriedade Intelectual Instituída pela Convenção de Estocolmo (1967), a OMPI disciplina e protege os direitos intelectuais na esfera internacional. Tem sede em Genebra e se originou das Convenções da União de Paris para a Proteção da Propriedade Industrial (1883) e de Berna para Proteção das Obras Literárias e Artísticas (1886). A relevância desses tratados para o Direito Internacional Privado é significativa,

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prevendo a regulamentação de conflitos de leis e de jurisdição, a condição jurídica do estrangeiro e o gozo de seus direitos. 20.5 Convenções internacionais Além dos tratados referidos, dos direitos de Propriedade Intelectual ocupam-se as Convenções de Roma de Direitos Conexos (1961), Proteção de Produtores de Fonogramas contra Duplicação Não Autorizada (1971), a Relacionada à Distribuição de Programas Transmitidos por Satélite (1974) e o Tratado da OMPI sobre Copyright, que resultou da Conferência Diplomática sobre Questões Relativas aos Direitos de Autor e Conexos (1996). 20.5.1 TRIPs Aproximando propriedade intelectual e comércio internacional, o acordo TRIPs contém os objetivos básicos de política pública dos sistemas jurídicos nacionais de proteção da PI, incluindo os de desenvolvimento e tecnologia. Reconhece as necessidades especiais dos países de menor desenvolvimento relativo, no que tange à implementação interna de leis e regulamentos, com a máxima flexibilidade, de forma a habilitá-los a criar uma base tecnológica sólida e viável. O TRIPs permite à comunidade internacional reduzir tensões e buscar solução para controvérsias entre os Estados-partes a respeito do comércio, por meio de compromisso em procedimentos multilaterais, tendo por base a cooperação mútua, o consenso, a prudência e a lealdade. 20.6 Direito Internacional Privado e Propriedade Intelectual No campo do DIPr, a propriedade intelectual é territorial, sendo o registro mantido individualmente pelos Estados, com efeito limitado a esse país. A lei aplicável ao direito da propriedade intelectual propriamente dito – sua constituição, conteúdo, efeito e extinção – é nacional, cabendo verificar o direito brasileiro, argentino ou espanhol, por exemplo. Trata-se do princípio da lex loci protectionis, adotado pela doutrina e pelas legislações. Os avanços da informática impõem o surgimento de critérios internacionais sobre jurisdição e lei aplicável, pois os direitos da propriedade intelectual tornam-se facilmente negociáveis e sua violação pode ocorrer em jurisdições internacionais distintas. 20.7 DIPr brasileiro da Propriedade Intelectual Contrato celebrado pela Administração Pública brasileira com pessoas físicas ou jurídicas, incluindo as domiciliadas no estrangeiro, deverá ter cláusula reconhecendo competente o foro da sede da Administração para dirimir qualquer

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questão contratual. Contudo, nas licitações internacionais para aquisição de bens e serviços, cujo pagamento ocorra com produto de financiamento concedido por organismo financeiro internacional de que o Brasil faça parte ou por agência estrangeira de cooperação, essa cláusula pode ser dispensada (Lei n. 8.666/1993, art. 55, § 2º). O Instituto Nacional da Propriedade Industrial, criado pela Lei n. 5.648/1970, é uma autarquia federal destinada a executar, no Brasil, as normas que regulam a propriedade industrial, tendo em vista sua função social, econômica, jurídica e técnica. Cabe-lhe, ainda, pronunciar-se quanto à conveniência de assinatura e ratificação de convenções, tratados e acordos sobre o tema. 20.8 Considerações finais São intensos os vínculos entre Direito da Propriedade Intelectual e DIPr. Tais elos surgiram há séculos, mas a importância da propriedade intelectual hoje, com os avanços da tecnologia e das comunicações, que aproximam pessoas e negócios, trazendo novas formas de lides jurídicas, amplia significativamente essa convergência.

DIREITO DO TRABALHO E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

21.1 Considerações iniciais A participação, cada vez maior, de estrangeiros no mercado de trabalho dos países redunda em inúmeros casos de ações na Justiça desses Estados. Então surge o Direito Internacional Privado do Trabalho, expressão preferível, considerando-se que as normas e princípios, nessas lides, são da nossa disciplina, embora envolvam conflitos laborais. Outra denominação ao sub-ramo seria Direito do Trabalho Internacional, privilegiando-se o viés jurídico laboral. 21.2 Direito internacional privado do trabalho O Direito Internacional Privado do Trabalho é o conjunto de normas de direito público interno dos Estados que busca, por meio dos elementos de conexão, encontrar o direito aplicável, nacional ou estrangeiro, quando a lide trabalhista envolve ordenamentos jurídicos igualmente possíveis para a solução do caso. 21.3 Justiça competente Duas questões se anteparam ao magistrado na solução de lide trabalhista que envolva mais de uma ordem jurídica: a Justiça competente e a Lei aplicável. O artigo 651 da CLT preceitua que a competência das Varas do Trabalho é

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determinada pelo local em que o empregado, seja reclamante ou reclamado, presta o serviço, mesmo que o contrato tenha ocorrido em outro local ou no estrangeiro. 21.4 Contrato individual de trabalho e conflito interespacial Capacidade das partes: lei pessoal (domicílio, no caso brasileiro). Conteúdo do contrato: lex loci contractus. Efeitos contratuais e interpretação do contrato: domicílio do empregador. Rescisão do contrato: lex loci executionis ou lex loci contractus. 21.5 Emprego da lex loci executionis A Súmula n. 207 do TST, cancelada em abril de 2012, preconizava: “A relação jurídica trabalhista é regida pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por aquelas do local da contratação.” Agora a lei do local da prestação do serviço pode ceder lugar à lei mais favorável ao trabalhador. Em cidades fronteiriças, ocorre de a pessoa, domiciliada em um Estado, trabalhar no país vizinho, caso em que a lei aplicável poderá ser a deste último, mantendo-se a norma. 21.6 Mercosul e harmonização das normas trabalhistas entre os países Os temas Assuntos Trabalhistas, Emprego e Seguridade Social possuem estudos no Mercosul visando adequá-los para que contribuam para o processo de integração, com efetiva melhora nas condições de trabalho nos países do bloco. 21.7 Casos de conflitos trabalhistas interespaciais Em casos mencionados, as decisões se alicerçam no artigo 651 da CLT e no artigo 198 do Código Bustamante: “Também é territorial a legislação sobre acidentes de trabalho e proteção social do trabalhador.” 21.8 Ementas de lides interespaciais Alguns exemplos apresentados indicam o caminho que vem sendo seguido pela Justiça laboral brasileira em casos que envolvem, ao lado da nacional, outra ordem jurídica.

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COMPETÊNCIA INTERNACIONAL 22

22.1 Considerações iniciais A competência internacional, em tese, não inserida no DIPr, constitui segmento jurídico próprio, o Direito Processual Internacional. No juízo de Moon Jo, o tratamento das normas processuais internacionais por nossa disciplina, ou parte dessas normas, é essencial para o bom funcionamento do processo internacional. Na realidade, surge conflito de competência, positivo ou negativo, em situações nas quais os Estados adotam a chamada competência concorrente. A doutrina refere casos de forum shopping: a possibilidade de escolha pelo autor do foro mais favorável. 22.2 Conceito e objeto Para alguns autores, jurisdição é o poder de julgar visto entre o governo e as partes litigantes, e competência é o poder de julgar entre os juízes e os tribunais, uns com os outros. Para Agenor Andrade, competência é o poder que os tribunais têm de conhecer um litígio, enquanto jurisdição é a área ou circunscrição em que esse poder se aplica. Entendemos competência internacional como a aptidão que um ordenamento jurídico reconhece como sua para processar e julgar feitos. Jurisdição (faculdade de dizer o direito) é o poder de julgar como um todo, e competência é a parcela dessa jurisdição assumida pelo Estado. Assim, competência é um limite da jurisdição. O objeto do DPI pode ser sintetizado no estudo dos aspetos processuais que envolvem relações jurídicas entre elementos de ordens jurídicas diversas, como direitos do estrangeiro em matéria processual e identificação da corte adequada para dirimi-los. 22.3 Princípios e fontes do DPI O Processo Civil Internacional deve ser visto pela óptica da prevalência da dignidade da pessoa humana e segue cinco princípios básicos: jurisdição razoável, acesso à justiça, não discriminação do litigante, cooperação jurisdicional e circulação internacional das decisões. Em síntese: da efetividade (não cabe prolatar sentença sem possibilidade de ser executada) e da submissão (possibilidade de a pessoa submeter-se, por vontade própria, a jurisdição a que não estava sujeita). Quanto às fontes do DPI: lei, tratados, doutrina, jurisprudência e costumes. No Brasil: LINDB e Códigos (CPC e CPP), entre outras.

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22.4 Competência internacional na legislação brasileira O artigo 88 do CPC dispõe sobre a competência concorrente, que ocorre quando: a) o réu for domiciliado no Brasil, seja ele brasileiro ou não; b) a obrigação sub judice tiver de ser cumprida no Brasil; c) o fato que originou a ação tiver sido praticado no Brasil. São casos de competência exclusiva (art. 89, CPC, e art. 651, caput, CLT): ações sobre imóveis situados no Brasil e inventário ou partilha de bens situados no Brasil, mesmo quando o autor da herança é estrangeiro e tenha residência no exterior, incluindo móveis. 22.5 Imunidade de jurisdição Visa preservar bens situados no país em que tramita ação privada, da qual participa Estado estrangeiro, pertencentes a esse Estado. A imunidade de jurisdição era absoluta até o começo do século XX, podendo hoje também ser relativa ou limitada. 22.5.1 Imunidade absoluta Quando a ação provém de ato de império, aquele com caráter oficial, em que o Estado estará em igualdade de condições com o país do foro haverá imunidade absoluta. 22.5.2 Imunidade relativa Ocorre quando Estado estrangeiro age iure gestionis: submete-se ao rito normal. Caso de aluguel de imóvel, por exemplo, para uso de funcionário ou repartição desse país. 22.6 Jurisprudência brasileira Decisões recentes das cortes brasileiras estão consolidando os juízos expostos. Assim, o STF reconheceu a absoluta imunidade do Estado estrangeiro à jurisdição executória, sempre que não tenha havido renúncia dessa imunidade, em execução fiscal movida pela União contra a República da Coreia. 22.7 Considerações finais Verifica-se que no plano internacional não há hierarquia na competência que os Estados se outorgam, mas igualdade dos sistemas.

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UNIÃO EUROPEIA 23.1 Globalização da economia e a formação de blocos continentais A globalização da economia tem impulsionado, entre outras consequências, a formação de blocos continentais, como o NAFTA, a União Europeia e o Mercosul. 23.2 Processo de integração dos Estados europeus Começou com o Tratado de Paris (18.04.1951), que criou a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, CECA, instituída por seis países, por iniciativa da Alemanha e da França. Seguiram-se os Tratados de Roma (25.03.1957), que instituíram a Comunidade Econômica Europeia, CEE, e a Comunidade Europeia de Energia Atômica, CEEA. A União Europeia vem recebendo novas adesões, contando com vinte e oito países, desde julho de 2013, e vários Estados candidatos à adesão. Revisões desses tratados ocorrem com o Ato Único Europeu (1986), o Tratado de Maastricht (1993), o Tratado de Amsterdã (1997), o Tratado de Nice (2001) e o Tratado de Lisboa (13.12.2007). Esse último foi ratificado por todos os vinte e sete Estados-membros, tendo entrado em vigor no dia 1º de dezembro de 2009. 23.3 Instituições da União Europeia As instituições da União Europeia são: Parlamento Europeu, Conselho da União Europeia (ou Conselho de Ministros, ou Conselho), Tribunal de Justiça da União Europeia, Conselho Europeu (com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa) e Tribunal de Contas. As instituições auxiliares são: Comitê Econômico e Social, Comitê das Regiões, Banco Central Europeu e Banco Europeu de Investimentos. 23.3.1 Conselho Europeu É o órgão supremo da União Europeia, sendo constituído pela reunião dos Chefes de Governo ou Chefes de Estado dos países-membros da Comunidade. Torna-se uma instituição da UE com o Tratado de Lisboa e seu presidente, agora com mandato de dois anos e meio, passa a ser o Presidente da União Europeia, cargo assumido pelo belga Herman Van Rompuy em 01.12.2009. 23.3.2 Comissão A Comissão, composta de vinte e oito membros, é uma espécie de governo da União Europeia. Formula recomendações ou pareceres sobre matérias objeto dos tratados e tem sede em Bruxelas. Sofrerá modificações na sua composição e em relação à sua presidência com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa.

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23.3.3 Conselho da União Europeia É o principal órgão legislativo e executivo da UE. Formado por um representante de cada Estado-membro, em âmbito ministerial, com poderes para vincular o Governo desse país. Sua presidência é exercida sucessivamente pelos Estados, por períodos de seis meses. Tem sede em Bruxelas. Com o Tratado de Lisboa, essa instituição teve mudanças no que concerne à criação de novas Pastas, ao sistema de cálculo de votação e à sua presidência. 23.3.4 Parlamento Europeu Composto por representantes do povo dos Estados, por sufrágio universal direto. São atualmente 766 eurodeputados, com mandato de cinco anos. Trata-se da única instituição da União que é eleita diretamente pela população. Funções: discussão e aprovação do orçamento da UE, além de outras, consultivas e de supervisão, sendo que suas atribuições vêm sendo ampliadas gradativamente. O Parlamento Europeu, que tem sua sede em Estrasburgo, na França, se fortalece com esse novo tratado e sofre modificações na sua composição. 23.3.5 Tribunal de Contas Constituído por um representante de cada país, com mandato de seis anos. Funções: verificar legalidade e regularidade das receitas e despesas da União e garantir a boa gestão financeira. Sede em Luxemburgo. 23.3.6 Tribunal de Justiça da União Europeia Detém a competência jurisdicional para as questões de direito comunitário. Composto por um juiz de cada país, assistido por advogados-gerais, todos escolhidos pelos Governos dos Estados. Mandato de seis anos para ambas as categorias. Os juízes escolhem o presidente, para mandato de três anos, permitida a reeleição. Tribunal de Justiça da União Europeia: competência para assegurar a aplicação do Direito Comunitário. Não é instância recursal para os tribunais nacionais. Tribunal de Primeira Instância (“Tribunal” no Tratado de Lisboa): competência limitada a certas categorias de ações. Já em funcionamento. Ambos os tribunais têm sede em Luxemburgo. 23.3.7 Comitê Econômico e Social Função consultiva. Aconselha as instituições europeias (Conselho, Comissão e Parlamento). Representantes dos meios socioeconômicos europeus podem, diante dele,

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exprimirem seus pontos de vista, de maneira formal, sobre políticas comunitárias. O Comitê Econômico e Social tem sede em Bruxelas. 23.3.8 Comitê das Regiões O Comitê das Regiões tem sua sede em Bruxelas e foi instalado em 1994. Permite expressão do poder local e regional na UE. Os Tratados europeus obrigam a Comissão e o Conselho a consultarem o Comitê das Regiões sempre que são feitas novas propostas em domínios com repercussões no plano regional ou local. O Tratado de Maastricht estabeleceu cinco desses domínios (coesão econômica e social, redes de infraestruturas transeuropeias, saúde, educação e cultura). 23.3.9 Banco Central Europeu Define e executa a política econômica e monetária da União, competindo-lhe gerir a moeda única, controlar a massa monetária e a estabilidade dos preços, bem como fixar as taxas de juros e emitir as notas de euro. Tem sua sede em Frankfurt. O Banco Europeu de Investimentos favorece a realização dos objetivos da União Europeia, por meio de operações de financiamento de longo prazo. Tem sede em Luxemburgo. 23.4 Ordenamento jurídico comunitário Os tratados da CE, da UE e da CEEA (o Tratado da CECA foi extinto em 2002), com seus protocolos e anexos, são a fonte primária do direito comunitário. É o direito primário ou originário. O direito derivado consta nos regulamentos, nas diretivas, nas decisões e nas recomendações e pareceres. 23.5 Supranacionalidade na União Europeia Presente nos fundamentos da UE o conceito de supranacionalidade, em que os Estados aceitam decisões emanadas de um organismo superior dirigidas diretamente a seus nacionais. A instituição supranacional recebeu atribuições que lhe foram delegadas pelos Estados-membros, em um abrandamento da noção de soberania clássica em benefício de todos. 23.6 Cidadania europeia Foi instituída a cidadania europeia, extensível a todo nacional dos Estados que a compõem, e que é complementar à cidadania nacional.

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23.7 Livre circulação dos trabalhadores Está assegurada na União a livre circulação de trabalhadores e abolida qualquer discriminação quanto ao emprego, à remuneração e às demais condições de trabalho entre os nacionais do Estado membro e o cidadão europeu nele residente. 23.8 Considerações finais O exemplo de integração da União Europeia é modelar, servindo de paradigma para os demais blocos de Estados. São atualmente vinte e oito países (Alemanha, França, Itália, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Dinamarca, Inglaterra, Irlanda, Grécia, Espanha, Portugal, Áustria, Finlândia, Suécia, Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Malta, Polônia, Republica Tcheca, Bulgária, Romênia e Croácia), formando uma instituição homogênea, mas preservando suas origens, tradições e idiomas nacionais.

MERCOSUL 24.1 Antecedentes históricos Bolívar e San Martin foram os precursores dos movimentos de integração na América Latina. Durante décadas, já no século XX, Brasil e Argentina disputaram a hegemonia regional, com desconfianças recíprocas que dificultavam as relações comerciais e culturais entre os países, os mais importantes e ricos da América do Sul. 24.2 ALALC e ALADI A Associação Latino-Americana de Livre Comércio, ALALC, foi criada em 1960 pelo Tratado de Montevidéu e visava implantar um mercado comum regional a partir de uma zona de livre comércio. Era formada pelos quatro países que depois fundariam o Mercosul, mais Chile, México e Peru. A Associação Latino-Americana de Integração, ALADI, surgiu em Montevidéu, em 1980, para reestruturar a ALALC e busca o desenvolvimento econômico e o comércio intrarregional na América Latina. 24.3 Conceitos básicos A doutrina define cinco fases para a integração entre os Estados: zona de livre comércio (dois ou mais países eliminam os direitos alfandegários e as restrições comerciais para a circulação de produtos entre si), união aduaneira (aplicação das mesmas tarifas para os produtos oriundos de fora do bloco), mercado comum

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(liberação de circulação de serviços e fatores de produção), união econômica e monetária (busca a instituição de moeda única) e união política (há o reconhecimento de uma autoridade supranacional). 24.4 Mercado Comum do Sul – Mercosul Surgiu com a Declaração de Iguaçu, em 1985, assinada pelos Presidentes Alfonsín e Sarney, proclamando a vontade de aproximação política e comercial e de superar as rivalidades entre Brasil e Argentina. Documentos importantes: Ata para Integração Brasil-Argentina; Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento; e Ata de Buenos Aires. O Uruguai, e logo o Paraguai, solicitaram a sua integração ao Mercosul, assinando-se, em 26 de março de 1991, o Tratado de Assunção (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai). 24.5 Tratado de Assunção Pode ser considerado um tratado marco, uma vez que fixa objetivos comuns a serem concretizados de forma evolutiva e mediante programas conjuntos, possui escassas normas básicas obrigatórias e seu texto contém, sobretudo, enunciações programáticas e princípios genéricos não desenvolvidos. O Tratado de Assunção expressa que é um tratado para a constituição do mercado comum, isto é, um evento futuro, que não começaria com a entrada em vigor dele próprio. O Tratado é apenas o ponto de partida. 24.6 Protocolo de Ouro Preto Encerrou o período provisório do Mercosul, que passou a ter personalidade jurídica. Reiterou-se a opção por um caráter intergovernamental do processo, em que as decisões são tomadas por consenso e com a presença de todos os Estados-partes. O Protocolo alterou a estrutura institucional do bloco, ampliando as atribuições e as funções do Conselho do Mercado Comum (órgão superior do Mercosul) e do Grupo Mercado Comum (órgão executivo). Ainda, criou a Comissão de Comércio do Mercosul, a Comissão Parlamentar Conjunta e o Foro Consultivo Econômico-Social, além de transformar a Secretaria Administrativa em órgão auxiliar do bloco. 24.7 Relacionamento com o exterior A partir de 1996, o Mercosul estabeleceu uma forte relação de cooperação com a União Europeia, além de numerosas outras organizações e países. As relações com a União Europeia remontam quase ao tempo da sua fundação, quando foi celebrado o Acordo de Cooperação Institucional entre a Comissão Europeia e o Conselho do

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Mercosul. O bloco recebe desde então da organização assistência técnica e financeira fundamental para ser usada no desenvolvimento de suas instituições, por meio do Comitê Consultivo Conjunto de Assistência Técnica e Institucional. 24.8 Período do sucesso Até 1997, o comércio entre seus países cresceu de forma espantosa, tornando o Mercosul o terceiro mais importante bloco econômico no mundo. O comércio e os investimentos entre Brasil e Argentina quadruplicaram, atingindo enorme sucesso econômico com aumento de vinte e dois por cento, comparáveis aos sete por cento do comércio extrazona. Cerca de noventa por cento dos produtos podiam circular livres de tarifas. Para oitenta e cinco por cento dos bens importados, valia uma tarifa externa comum. Regras especiais existiam apenas para produtos sensíveis e os setores protegidos. 24.9 Crise do Mercosul Em 1999 os Estados-partes do bloco começaram a enfrentar crises econômicas que tiveram reflexos no Mercosul. Nesse ano, o Brasil precisou desvalorizar sua moeda em trinta por cento frente ao dólar, passando de um sistema de câmbio fixo para uma regra de livre oscilação. A Argentina não se havia adequado, no prazo previsto, às metas instituídas pelo Mercosul, o que a obrigou a instituir cláusulas de salvaguarda frente ao Brasil, especialmente para os setores de calçados, frangos, têxteis e regime automotivo. Essas medidas quase desencadearam o rompimento do Acordo Mercosul. 24.10 Venezuela como membro pleno Em 2006, a Venezuela solicitou a elevação da condição de associado a membro pleno. Esse ingresso, realizado em 2012, representa um alento ao Mercosul, pois incorpora ao bloco um país dotado de vastos recursos naturais, PIB PPP de US$ 402 bilhões (2012) e população de 29,5 milhões,64 auxiliando, assim, a ampliar a projeção do bloco no cenário internacional. Diversos foram os argumentos temerosos quanto à entrada venezuelana. Avaliava-se que as posições do então presidente Hugo Chávez contra os Estados Unidos e as empresas estrangeiras poderiam criar constrangimentos e dificuldades para o bloco nas relações com esse país e a União Europeia. 24.11 Solução de controvérsias no Mercosul A necessidade de dar impulso à integração envolve a superação da carência de um órgão que garanta a interpretação uniforme do Tratado de Assunção e possa

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sancionar as violações às normas do Mercosul, adaptar o sistema ao estágio atual da integração e a necessidade de fortalecer a estrutura institucional. Para tanto, em 2002 foi aprovado o Protocolo de Olivos, que entrou em vigor em 2004, derrogando o de Brasília. Em 2007, surgiu a primeira opinião consultiva. A possibilidade de recurso ao Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul, instalado em 13.08.2004 em Assunção, é o principal avanço do Protocolo de Olivos, pois a solução de controvérsias não dispunha de instância recursal até então. 24.12 Fragilidade institucional O regime supranacional no Mercosul continua apenas um sonho. Ele poderia ajudar na solução de inúmeros problemas e um melhor enfrentamento dos períodos de crise. Hoje basta um país discordar dos demais para a rejeição de qualquer medida. A ordem jurídica do Mercosul é tida invariavelmente como frágil: tanto o sistema de solução de controvérsias, como a ordem jurídica como um todo. 24.13 Direito processual civil internacional do Mercosul Seria importante a existência de um processo civil internacional do Mercosul. Muitos dos acordos já firmados no âmbito do bloco tratam de direito processual internacional e de cooperação judiciária. O Protocolo de São Luis, em matéria de responsabilidade civil emergente de acidentes de trânsito (1996), regula o foro e a lei aplicável à responsabilidade civil nesses casos. Estabelece direito aplicável e jurisdição internacionalmente competente. O Protocolo de Santa Maria sobre jurisdição internacional em relações de consumo (1996) objetiva complementar o Protocolo de Buenos Aires (1994), mas ainda não está em vigor. 24.14 Harmonização das regras materiais A efetivação das políticas de integração no Mercosul ocorre pela harmonização das legislações nacionais envolvidas. Verifica-se que apenas algumas matérias contam com estudos e avanços nesse sentido. Há duas medidas de harmonização para investimentos estrangeiros: o Protocolo de Colônia (promoção e recíproca proteção de investimentos no bloco, tratando os investidores dos outros membros como os nacionais) e o Protocolo de Buenos Aires (para investimentos provenientes de terceiros Estados). Ainda: harmonização no direito dos contratos internacionais; discussão para harmonização da proteção dos consumidores; setor fiscal, direito do trabalho, liberdade de estabelecimento e de prestação de serviços e direito de sociedades.

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24.15 Parlamento do Mercosul Instalado em 07.05.2007 em Montevidéu, visa absorver anseios e preocupações dos diversos setores da sociedade civil. Competências atuais: recomendar normas para o bloco, enviar anteprojetos de normas nacionais sobre harmonização das legislações dos países e solicitar relatórios sobre questões ligadas ao processo de integração. Dezoito parlamentares por Estado-parte na primeira fase de transição. Após: representantes eleitos por sufrágio direto, universal e secreto, não cumulativo com a função de parlamentar nacional. Deverá ser criado o Dia do Mercosul Cidadão para realização de eleições de forma simultânea em todos os Estados-partes. 24.16 Considerações finais O Mercosul tem desafios complexos pela frente, precipuamente por ter aspirações integracionistas. Há uma longa jornada para alcançá-las; porém, a vontade política dos Estados partes, somada à credibilidade econômica, leva a crer que se está no caminho certo. A chegada de novos sócios nesse projeto integracionista dá ao Mercosul um novo status aos olhos da comunidade internacional. As populações desses Estados almejam, por certo, a constituição de um espaço econômico único, com políticas comuns na atividade agrícola, industrial, de transportes e de comunicações.

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Questionário Avaliativo - 40 pts

● Escolha 02 (duas) questões de cada BLOCO (Tema). ○ Pesquise e responda. ○ Entregar até a data da prova bimestral 2019b

NOÇÕES FUNDAMENTAIS E OBJETO DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

1. Conceituar Direito Internacional Privado. 2. Indicar o objeto do DIPr mais adequado na atualidade. 3. Tecer considerações sobre os cinco direitos fundamentais, na CF/88, extensivos aos estrangeiros. 4. Os direitos adquiridos pelo cidadão estrangeiro que se estabelece legalmente no Brasil são reconhecidos pelo nosso Direito? Justificar sua resposta. 5. Citar institutos e fontes comuns ao DIPr e ao Direito Internacional Público. 6. Dissertar sobre a importância do Direito Comparado para o DIPr.

ESBOÇO HISTÓRICO DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 7. Dissertar sobre o tratamento dispensado ao estrangeiro na Antiguidade, detendo-se nas regras em seu favor que surgiram em Roma e na Grécia. 8. Estabelecer um paralelo entre a territorialidade e a personalidade das leis, conceituando-as e acentuando sua presença na trajetória do Direito Internacional Privado e na atualidade. 9. Tecer comentários sobre a escola dos pós-glosadores, analisando o trabalho de Bartolo e sua contribuição ao DIPr moderno. 10. Fazer um estudo das escolas estatutária francesa e holandesa, enfatizando a importância de cada uma delas para o estudo atual de nossa disciplina. 11. Analisar as contribuições trazidas ao Direito Internacional Privado pelos códigos civis do século XIX, especialmente o Código de Napoleão e o de Andrés Bello. 12. Dissertar sobre os grandes mestres do século XIX (Story, Savigny e Mancini), destacando a importância de suas doutrinas ao estudioso de Direito Internacional Privado do século XXI.

DENOMINAÇÃO E MÉTODO DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO E A DISCIPLINA NO BRASIL

13. Analisar três denominações para o Direito Internacional Privado que você considera adequadas, justificando-as. 14. No contexto atual, em que as ciências jurídicas tendem à especialização, por vezes exagerada, defender ou criticar a autonomia do Direito Internacional Privado. 15. Tecer considerações sobre o método usado no estudo do DIPr, sugerindo

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aquele que lhe parecer mais compatível para o aprendizado da disciplina na contemporaneidade. 16. Dissertar sobre os estudos de Augusto Teixeira de Freitas e sua contribuição ao Direito brasileiro e latino-americano, detendo-se na presença desses estudos na codificação civil argentina. 17. Tecer considerações sobre os elementos de conexão defendidos por Teixeira de Freitas e por Pimenta Bueno, enfatizando a posição atual do DIPr brasileiro nesse tema. 18. Comentar a principal modificação, em relação à conexão, na Lei de Introdução ao Código Civil de 1942, contextualizando-a e a justificando.

FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 19. Fazer um paralelo entre as fontes do DIPr e as dos demais ramos do Direito interno. 20. Tecer considerações sobre a fonte principal de Direito Internacional Privado no Brasil. 21. Apresentar a sua classificação das fontes de DIPr, justificando-a. 22. Por que os tratados são tão importantes como fonte de DIPr? 23. Defender o emprego da doutrina e da jurisprudência como fontes de DIPr. 24. Comentar sobre os costumes como fonte de Direito Internacional Privado no Brasil.

TEORIA DAS QUALIFICAÇÕES 25. Conceituar qualificação e justificar sua importância na solução de lides de Direito Internacional Privado. 26. Dissertar sobre cinco institutos jurídicos que necessitam de qualificação para um perfeito julgamento da lide. 27. Apresentar e defender a teoria de Etienne Bartin sobre as qualificações. 28. Explicar e justificar a posição da legislação e da doutrina sobre as qualificações adotadas no Brasil. 29. Tecer considerações sobre os casos clássicos de qualificação e sua importância no estudo atual do tema.

ELEMENTOS DE CONEXÃO 30. Conceituar a conexão no Direito Internacional Privado, identificando seu objeto e elemento, e os analisando em um caso concreto (lei ou relação jurídica). 31. Apresentar cinco elementos de conexão, destacando sua importância e aplicabilidade no ordenamento jurídico brasileiro.

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32. Analisar a nacionalidade, acentuando as conotações do instituto para o estudioso de Direito Constitucional e de DIPr, e a sua aplicação como elemento de conexão nas ordens jurídicas dos diversos países. 33. Fazer um paralelo entre o domicílio e a nacionalidade como ponto de conexão e a presença de ambos, nesse aspecto, no Direito brasileiro. 34. Tecer considerações sobre a peculiaridade dos bens imóveis e dos atos ilícitos quanto às circunstâncias de conexão. 35. Dissertar sobre o emprego da autonomia da vontade como elemento de conexão no Direito brasileiro, analisando-a na doutrina e na legislação.

APLICAÇÃO DO DIREITO ESTRANGEIRO 36. Analisar o procedimento do juiz brasileiro quando se evidencia ser da justiça de outro país a competência para a lide. 37. Dissertar sobre as fontes de direito estrangeiro que podem ser empregadas no foro brasileiro, detendo-se na forma como a parte deve provar a sua vigência e conteúdo. 38. Tecer considerações sobre o retorno, posicionando-se sobre ele e justificando sua opção. Fazer, por fim, um estudo do caso Forgo, à luz dos conhecimentos atuais de Direito Internacional Privado. 39. Apresentar cinco limites à aplicação da lei estrangeira no ordenamento jurídico brasileiro, justificando-os exaustivamente. 40. Conceituar o princípio da ordem pública. 41. Proceder a um estudo de instituições desconhecidas na ordem jurídica brasileira, preconizando comportamentos da justiça brasileira diante de casos concretos.

HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA 42. Tecer considerações sobre a importância da execução, no Brasil, de sentença estrangeira. 43. Defender a criação de um Direito de Reconhecimento. 44. Apresentar as teorias que melhor fundamentam a homologação de sentença estrangeira. 45. Dissertar sobre a homologação de sentença de outro país no Superior Tribunal de Justiça, explicitando os requisitos para essa homologação. 46. Tecer considerações sobre a Convenção sobre a Prestação de Alimentos no Estrangeiro, estabelecida no âmbito da ONU, e sua importância na ordem jurídica brasileira.

NACIONALIDADE

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47. Tecer considerações sobre a nacionalidade como objeto do DIPr. 48. Conceituar jus sanguinis e jus soli e indicar qual seria hoje mais adequado na ordem jurídica brasileira. 49. Dissertar sobre o processo de naturalização no Direito brasileiro atual. 50. Manifestar seu juízo sobre a renúncia da nacionalidade, na época atual. 51. Comentar o instituto da apatridia e manifestar seu juízo sobre a posição do autor em relação ao tema. 52. Fazer uma análise da Emenda Constitucional n. 54 e sua importância na supressão da anacionalidade de filhos de brasileiros nascidos no estrangeiro.

CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO

53. Fazer um estudo sobre o ingresso de estrangeiro nos Estados, detendo-se sobre os tipos de visto adotados no ordenamento jurídico brasileiro. 54. Dissertar sobre institutos jurídicos para coagir o estrangeiro a se afastar do País. 55. Apresentar uma comparação entre a expulsão e a deportação no Direito brasileiro. 56. Tecer reflexões sobre o instituto da extradição sob o viés dos direitos humanos. 57. Manifestar seu posicionamento sobre a extradição de nacionais, justificando-a. 58. Elaborar um estudo sobre a extradição de terroristas. 59. Realizar uma investigação sobre o caso Pinochet e apresentar os ensinamentos que o mesmo lhe trouxe. 60. Pesquisar sobre casos notórios de extradição no Brasil.

PESSOAS NO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

61. Conceituar personalidade, capacidade e estado e fazer um cotejo entre eles no contexto do Direito Internacional Privado. 62. Comentar a relevância jurídica de morte do feto, cuja mãe tem domicílio no Brasil, no caso de que esse domicílio fosse em Estado no qual a personalidade ocorre no momento da concepção. 63. Analisar a importância para o DIPr das divergências de legislação sobre o término da personalidade do ser humano. 64. Tecer considerações sobre a ressonância na área do DIPr de mortes de pessoas da mesma família ocorridas em acidentes aéreos, como o de 17.07.2007, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. 65. Dissertar sobre o poder familiar em caso de pessoas domiciliadas em países diferentes. 66. Explicitar a regulação da tutela no Direito brasileiro.

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67. Proceder a um estudo sobre os institutos da tutela e da curatela nos ordenamentos jurídicos, detectando sobre eles simetrias e divergências nas legislações.

DIREITO DE FAMÍLIA E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 68. Conceituar direito de família e comentar sua importância e atualidade para o Direito Internacional Privado. 69. Diante do que se entende por lei pessoal ou estatuto pessoal, identificar a legislação aplicável para reger as relações pessoais entre os cônjuges e a capacidade para o casamento. 70. No casamento de um americano com uma boliviana, a se realizar no Brasil, que legislação será observada quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades de celebração? 71. Pode o cônsul brasileiro em Miami celebrar o casamento de um brasileiro lá domiciliado com uma cubana, naturalizada norte-americana? Justificar a resposta. 72. Brasileiro domiciliado em Porto Alegre casa em Montevidéu com uruguaia aí domiciliada, fixando-se logo o casal em La Paz, Bolívia. Qual legislação regerá o processo de anulação do casamento proposto pela nubente seis meses após o enlace? 73. Um peruano casado, ao se naturalizar brasileiro, solicita se apostile a adoção do regime de comunhão universal de bens. Pode ser atendida tal petição? Por quê? 74. Como deveria proceder autoridade consular brasileira nos Estados Unidos se lhe fosse solicitado que registrasse casamento de brasileira com norte-americano e qual seria a eficácia de eventual certidão então fornecida? 75. Fazer breve histórico do divórcio no direito brasileiro

ADOÇÃO INTERNACIONAL

76. Dissertar sobre a adoção internacional e sua importância na humanização do planeta. 77. Apresentar sugestões para maior eficácia, no Brasil, da luta contra o tráfico de crianças e adolescentes. 78. Fazer uma sucinta análise dos documentos da ONU sobre a adoção internacional. 79. Tecer considerações a respeito da Convenção sobre a Adoção Internacional e suas consequências positivas para o Brasil. 80. Analisar o pluralismo de fontes sobre a adoção no ordenamento jurídico brasileiro. 81. Comentar o procedimento para a adoção de criança brasileira por estrangeiro domiciliado no seu próprio país.

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82. Posicionar-se sobre o entendimento de que a adoção atribui a nacionalidade do adotante ao adotado

DIREITO DAS SUCESSÕES E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

83. Conceituar sucessão e herança, acentuando as particularidades de cada uma delas. 84. Comentar a situação dos bens imóveis quanto ao conflito de leis, no âmbito das sucessões. 85. Identificar os elementos de conexão aplicáveis na sucessão causa mortis, destacando a importância e atualidade de cada um deles, especialmente da conexão empregada no ordenamento jurídico brasileiro. 86. Quando não existirem familiares do falecido a quem deverá ser legalmente entregue o seu patrimônio? E o ente do poder público, eventualmente contemplado, recebê-lo-á como herança ou ocupação? Explicar e justificar a resposta. 87. Conceituar testamento e classificar esse instituto na esfera do Direito Internacional Privado. 88. Comentar a legislação brasileira sobre testamento lavrado por cônsul. 89. Pode ocorrer a existência de três inventários? Justificar a resposta.

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

90. Conceituar obrigação interjurisdicional, destacando as peculiaridades das obrigações no DIPr. 91. Analisar o critério da lei do lugar da execução, detendo-se na sua aplicação nas ordens jurídicas dos países do Mercosul. 92. Dissertar sobre o princípio da autonomia da vontade, posicionando-se sobre esse elemento de conexão no Direito brasileiro. 93. Fazer um estudo sobre a autonomia da vontade no ordenamento jurídico brasileiro, aventando perspectivas com base na posição atual da doutrina nacional. 94. Tecer considerações sobre as normas de conexão aberta, especialmente a conexão mais estreita e a prestação característica. 95. Estudar a lei aplicável para obrigações originadas de ato ilícito, contrato entre ausentes e relações envolvendo bens imóveis. 96. Explicitar as peculiaridades do contrato de trabalho no DIPr no que tange ao princípio da lei mais favorável.

DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 97. Conceituar consumidor e dissertar sobre a missão do DIPr na sua proteção. 98. Fazer uma pesquisa sobre a legislação do consumidor nos quatro Estados fundadores do Mercosul.

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99. Analisar a Diretiva n. 97/7/CE e sua eficácia em defesa do consumidor nos países da União Europeia. 100. Tecer considerações sobre o projeto de CIDIP de contratos com consumidores. 101. Apresentar sugestões para adequação da legislação brasileira sobre contratos internacionais que envolvam consumidores. 102. Estudar o caso Panasonic e analisar e sugerir possíveis avanços do judiciário brasileiro sobre consumidores após a decisão do Superior Tribunal de Justiça.

DIREITO EMPRESARIAL E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

103. Conceituar Direito Empresarial. 104. Indicar a legislação a ser consultada quando agente diplomático pretender comerciar. 105. Explicitar as condições que cidadão estrangeiro deve preencher para o exercício da atividade empresarial no Brasil. 106. Dissertar sobre a evolução do Direito Empresarial no contexto internacional. 107. Conceituar o instituto da falência, detendo-se no seu funcionamento na ordem jurídica brasileira. 108. Analisar o caso de falência de empresa transnacional, com sucursais em mais de cinco países, bens na maioria deles e credores pelo mundo inteiro, indicando qual o tribunal competente para a sua decretação.

DIREITO DA CONCORRÊNCIA E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

109. Comentar as situações em que um mercado se encontra em concorrência. 110. Dissertar sobre as características da legislação brasileira de defesa da concorrência. 111. Analisar as competências dos órgãos destinados a regular a concorrência no Brasil. 112. Caracterizar o abuso por uma empresa detentora de posição dominante em um mercado relevante. 113. Tecer considerações sobre situações em que a legislação brasileira de defesa da concorrência possui jurisdição extraterritorial. 114. Quais os primórdios da teoria dos efeitos? 115. Indicar e analisar a quem compete a aplicação, no âmbito da União Europeia, do direito comunitário da concorrência. 116. Dissertar sobre as instituições multilaterais que estão desenvolvendo estudos com vistas a um direito internacional da concorrência.

DIREITO DAS COISAS E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

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117. Comentar as regras jurídicas sobre bens que vigoravam na Europa durante o período feudal. 118. Dissertar sobre o conceito de coisas e de bens nas ciências jurídicas e a importância dessa diferenciação para o Direito Internacional Privado. 119. Após discorrer sobre bens móveis e imóveis, analisar a legislação aplicável sobre os bens móveis conduzidos pelo proprietário nas viagens internacionais. 120. Analisar a distinção entre móveis e imóveis inserida nos Códigos Civis brasileiro, chileno, argentino e espanhol. 121. Tecer considerações sobre as mercadorias em trânsito e sobre navios e aeronaves no Direito Internacional Privado

PROPRIEDADE INTELECTUAL E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 122. Tecer considerações sobre as ligações da Propriedade Intelectual com o DIPr. 123. Dissertar sobre a importância da propriedade intelectual na esfera internacional hoje. 124. Analisar brevemente a legislação brasileira sobre propriedade intelectual, detendo-se nos pontos em que essas normas convergem com o Direito Internacional Privado. 125. Estudar o caso Efavirenz, posicionando-se sobre os aspectos conflitantes dessa medida e suas consequências para a propriedade intelectual no Brasil. 126. Dissertar sobre o acordo TRIPs e sua importância na aproximação entre a propriedade intelectual e o Direito Internacional Privado. 127. Explicitar a legislação brasileira sobre contratos da Administração Pública com pessoas internacionais, apresentando casos concretos encontrados na jurisprudência. 128. Tecer considerações sobre o Instituto Nacional da Propriedade Intelectual, enfatizando os pontos que interessam ao DIPr.

DIREITO DO TRABALHO E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

129. Tecer considerações sobre a ligação do Direito do Trabalho com o Direito Internacional Privado. 130. Comentar a aplicação dos direitos humanos na esfera da legislação laboral internacional. 131. Dissertar sobre a importância e atualidade das Convenções da OIT. 132. Analisar a competência trabalhista brasileira ante ações em que seja parte Estado estrangeiro. 133. Indicar a legislação aplicável quando da realização de contrato de trabalho destinado a exercício laboral em outro país.

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134. Estudar a situação de brasileiro, domiciliado em cidade fronteiriça brasileira, o qual exerce sua atividade profissional no país vizinho, retornando ao lar após o trabalho. Indicar, então, a justiça competente e a lei aplicável, nesse caso. 135. Explicar as peculiaridades do contrato de trabalho ante o princípio da lei mais favorável

COMPETÊNCIA INTERNACIONAL 136. Conceituar competência internacional e justificar sua inserção nos manuais de Direito Internacional Privado. 137. Dissertar sobre o objeto do Direito Processual Internacional. 138. Tecer considerações sobre os princípios do Direito Processual Internacional, detendo-se nos da efetividade e da submissão. 139. Referir as principais fontes do DPI, destacando as fontes brasileiras. 140. Indicar e analisar a competência concorrente e a competência absoluta na ordem jurídica brasileira. 141. Dissertar sobre a imunidade de jurisdição, analisando os atos de império e os atos de gestão, e apresentar exemplos de cada um deles. 142. Fazer um estudo da jurisprudência brasileira sobre competência internacional e imunidade de jurisdição.

UNIÃO EUROPEIA 143. Fazer um histórico do movimento que resultou na integração da Europa. 144. Dissertar sobre a importância dos Tratados da União Europeia a partir de Maastricht. 145. O que é o Conselho Europeu? Diferenciá-lo do Conselho da Europa e do Conselho da União Europeia. 146. Comentar as atribuições da Comissão. 147. Identificar analogias e diferenças do Parlamento Europeu com as demais instituições da União Europeia, detendo-se no seu papel em relação ao poder legislativo da União. 148. Analisar as principais fontes (primária e derivada) do direito comunitário da União Europeia. 149. Dissertar sobre as cortes judiciárias e sobre o Tribunal de Contas da União Europeia. 150. Proceder a um estudo sobre o Tratado de Lisboa, explicitando as principais inovações por ele trazidas no que concerne às instituições europeias.

MERCOSUL

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151. Fazer um retrospecto das disputas entre Brasil e Argentina pela hegemonia regional. 152. Explicitar as fases da integração atualmente aceitas pela doutrina. 153. Dissertar sobre a importância da implantação e consolidação do mercado comum para os trabalhadores. 154. Proceder a uma síntese histórica do Mercosul, indicando os caminhos mais prováveis para o bloco. 155. Comentar os princípios inseridos no Tratado de Assunção. 156. Tecer considerações sobre a suspensão do Paraguai do Mercosul em 2012 e a forma como ocorreu a integração plena da Venezuela ao bloco. 157. Analisar as principais mudanças trazidas pelo Protocolo de Ouro Preto na estrutura do Mercosul e na eficácia para a integração. 158. Fazer um estudo sobre a Secretaria Administrativa do Mercosul, posicionando-se sobre a importância de suas atividades e funções. 159. Indicar e justificar o que se espera do Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul e a possibilidade de recurso ao mesmo. 160. Comentar o papel do Parlamento do Mercosul, buscando possíveis analogias, atuais e futuras, com o Parlamento Europeu.