puta é quem dá de graça

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Trabalho final da disciplina de Antropologia Cultural do Curso de Comunicação Social.

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REALIDADE

• As garotas de programa são muitas vezes julgadas

por pessoas que não conhecem a realidade em que

elas vivem.

• A ausência de regulamentação da atividade mantém

as mulheres expostas a situações de risco.

• Hoje a prostituição é legalmente reconhecida como

trabalho pelo Ministério do Trabalho e Emprego,

porém não é regulamentada.

• Para conhecer um pouco mais a realidade em que

vivem algumas garotas de programa fomos em

busca de histórias.

QUESTÕES

11. Você já se apaixonou por algum cliente? Ou algum cliente já se apaixonou por você?

12. Qual a média de investimento que já teve no seu corpo até agora?

13. Como é a sua rotina de saúde?

14. Como você lidaria com o aparecimento de alguma doença?

15. Os clientes em geral, na maioria, homens ou mulheres?

16. Há muitas mulheres? O que elas procuram?

17. Você pretende parar de trabalhar?

18. Qual a sua idade?

19. Nível de escolaridade?

20. É natural de qual cidade?

21. Qual sua renda mensal? Como é feita essa negociação?

1. O que te levou a escolher essa profissão?

2. Como é o teu dia a dia?3. A sua família sabe? O que pensam

sobre isso?4. Quantos clientes por dia?5. Como é a concorrência entre vocês

dentro da casa?6. Qual a estratégia para conseguir

mais clientes?7. Você usa seu nome real ou nome

artístico?8. O que você pensa sobre o termo

puta?9. Você passou algum processo de

escolha para trabalhar aqui? Qual?10. Você tem ou já teve namorado (a)?

Como é em relação ao seu trabalho?

SOBRE ELAS

42 telefonemas; 5 conversas; 3 entrevistas

20 anos, natural de Santa Catarina, ensino média incompleto. Contato feito através do telefone pela Gazeta do Sul.

– Começou a trabalhar no dia da entrevista.

23 anos; natural do Mato Grosso, ensino fundamental incompleto. Contato feito a partir de conhecidos.

– Trabalha porque gosta

24 anos; natural de Brasília, cursando Ensino Médio. Contato feito na Boate Chivas.

– Trabalha por necessidade

“Não tenho noção de quantos já atendi,

até porque estou começando hoje, né?!

(19/11) Foi meu primeiro anúncio na

Gazeta do Sul.”

“A concorrência é bem tranquila! Quem

é um bom “profissional” tem seu

espaço em qualquer área. (risos)”

KETLIN*

JÉSSICA GLÓRIA*

“Eu uso Jéssica Glória porque é o nome que eu faço show,

né?

Tem que ter ... como posso dizer? ... O marketing, uma

marca

da gente, né? Fica mais legal, fica mais fantasia, fica

chique,

fica legal.”

“Já aconteceu de eu ficar

com homens casados, e

esse casado se separar da

esposa para ficar comigo.

Mas como eu não queria

me casar, eu fiquei na

minha e ele ficou

solteiro.”

“Eu tenho orgulho do que

eu faço. E melhor ainda, eu

sou muito bem paga pra

fazer isso.”

JÉSSICA GLÓRIA*

“O povo, infelizmente,

acredita

que a gente seja puta, mas

somos profissionais do

sexo,

entendeu? E bota

profissional!

Nossos clientes adoram.

(risos).

Ô delicia.”“Assim, se eu estiver velha,

bonita e gostosa eu quero

continuar trabalhando.”

“Toda vez que eu arrumo um

namorado, um homem pra

namorar, não aceita o que

eu faço. Ai já começa a

falar assim “ah, você

começa a tirar roupa pros

outros homens e os outros

homens ficam te olhando,

ficam te querendo”, “do

jeito que você faz amor

comigo, tu vai transar com

outro”... começa assim…

Quando tu vê vira uma bola

de neve e eu to solteira de

novo.”

JÉSSICA GLÓRIA*

LUCIANA*

“Minha mãe estava detida quando eu fui morar num

reformátorio, lá de Brasília mesmo… Eu apanhei

muito lá por ser a única a ter olho claro. Depois fui

morar em um convento. Lá eu cresci.”

LUCIANA*

“Minha filha nasceu com

um monte de doença,

minha mãe ainda tava

detida e meu marido

entrou pro mundo das

drogas. Minha família

não me mandou nem a

m****.”

“Virei stripper pra pagar

o tratamento da minha

filha, mas só com o

dinheiro de stripper não

dá pra viver. Eu não

gosto do que faço, eu

odeio. Não sei como tem

garota que gosta.”

“Eu entrei na vida por

causa da minha irmã. Ela

que me chamou. Minha

irmã sofreu muito,

quando era criança foi

estuprada pelo nosso

padrasto, e com 12 ficou

mãe… mas isso não é

nada…”

“Ela já fez pornô, mas

hoje não faz mais. Ela

gosta do que faz, acho

que por isso ganha tanto

dinheiro.”

LUCIANA*

“Sinceramente… Eu não

acho legal o termo puta.

Nossa! É horrível. Puta é

quem dá de graça, na

balada em troca de

bebida. Puta é quem dá

pra 4 caras num final de

semana. Eu trabalho de

segunda à sexta. Eu sou

profissional!”

OBRIGADO!