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SOARES, K.M.P. e BEZERRA, N.M. Características de identidade e qualidade do leite bovino brasileiro. PUBVET, Londrina, V. 4, N. 6, Ed. 111, Art. 750, 2010. PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Características de identidade e qualidade do leite bovino brasileiro Karoline Mikaelle de Paiva Soares 1 e Nicholas Morais Bezerra 2 1 Bolsista do CNPq, Discente do Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural do Semi-Árido, UFERSA, Mossoró-RN. Autor para correspondência: [email protected] 2 Médico Veterinário, Mestre em Ciência Animal, UFERSA, Mossoró-RN. RESUMO O leite é um produto de origem animal bastante consumido em todo Brasil, que possui uma grande importância nutricional, porém requer fiscalização quanto a padrões de qualidade, pois pode representar um risco à saúde pública se apresentar baixa qualidade, podendo veicular várias doenças ao consumidor. Este artigo tem por objetivo fazer uma revisão de literatura abordando aspectos gerais sobre o leite, como a síntese, ejeção e composição, bem como aspectos de qualidade microbiológica e físico-química, incluindo os requisitos estabelecidos pela Instrução Normativa Nº 51. Palavras-chave: importância nutricional, padrões, saúde pública, doenças.

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PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

Características de identidade e qualidade do leite bovino

brasileiro

Karoline Mikaelle de Paiva Soares1 e Nicholas Morais Bezerra2

1 Bolsista do CNPq, Discente do Curso de Medicina Veterinária, Universidade

Federal Rural do Semi-Árido, UFERSA, Mossoró-RN. Autor para

correspondência: [email protected] 2 Médico Veterinário, Mestre em Ciência Animal, UFERSA, Mossoró-RN.

RESUMO

O leite é um produto de origem animal bastante consumido em todo Brasil,

que possui uma grande importância nutricional, porém requer fiscalização

quanto a padrões de qualidade, pois pode representar um risco à saúde pública

se apresentar baixa qualidade, podendo veicular várias doenças ao

consumidor. Este artigo tem por objetivo fazer uma revisão de literatura

abordando aspectos gerais sobre o leite, como a síntese, ejeção e composição,

bem como aspectos de qualidade microbiológica e físico-química, incluindo os

requisitos estabelecidos pela Instrução Normativa Nº 51.

Palavras-chave: importância nutricional, padrões, saúde pública, doenças.

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Characteristics of identity and quality of brazilian bovine milk

ABSTRACT

Milk is an animal product consumed enough throughout Brazil, which has a

great nutritional importance, but it requires monitoring and quality standards,

this may represent a risk to public health if its low quality and can run many

diseases to the consumer. This article aims to review the literature addressing

the general aspects of milk, such as synthesis, fraction and composition, as

well as aspects of microbiological and physical chemistry, including the

requirements established by Instruction No. 51.

Keywords: nutritional importance, standards, public health, disease.

INTRODUÇÃO

O leite bovino é o produto oriundo da ordenha completa, ininterrupta, em

condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas

(BRASIL, 2002). De forma mais ampla, é definido como uma mistura

complexa, composto por várias substâncias, como água, proteínas, gorduras,

carboidrato, minerais e vitaminas, constituindo-se um alimento humano

bastante próximo à perfeição (PELCZAR et al., 1996).

Os leites disponíveis no mercado para consumo direto podem ter vida útil

curta (3 a 6 dias sob refrigeração) e longa (estável durante meses a

temperatura ambiente). Entre os primeiros estão o leite pasteurizado

certificado, o leite pasteurizado e o leite concentrado pasteurizado. O primeiro

procede de granjas cujos animais e instalações têm garantia sanitária; o

segundo é o leite natural de animais saudáveis, geralmente uma mistura

procedente de diversas granjas que depois é pasteurizado nas indústrias

lácteas; o terceiro é o leite natural, como o anterior, mas privado da parte da

água (ÓRDOÑEZ et al., 2005).

No Brasil, o setor de laticínios só ganhou importância e porte industrial

na passagem para o século 20. O aproveitamento de leite e a produção de

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seus derivados permaneceram, durante mais de três séculos, como atividade

artesanal e doméstica nas fazendas. Mais tarde, com a modernização do setor

leiteiro, foi necessária a padronização do leite comercializado no país e a

unificação dos sistemas de controle. Tanto o leite como seus derivados estão

sujeitos à inspeção dos órgãos ligados à Agricultura (Federal, Estadual ou

Municipal) (ALMEIDA-MURADIAN & PENTEADO, 2007).

Este artigo tem por objetivo realizar uma revisão de literatura abordando

aspectos gerais sobre o leite, como síntese, ejeção e composição, bem como

aspectos de qualidade microbiológica e físico-química, incluindo os requisitos

estabelecidos pela Instrução Normativa Nº 51.

SÍNTESE, EJEÇÃO E COMPOSIÇÃO DO LEITE

O leite é descrito como produto da secreção das glândulas mamárias das

fêmeas dos mamíferos. Os constituintes principais do leite são água, lactose

gordura e proteínas. Os componentes existentes em quantidades menores são

vitaminas, enzimas sais minerais e gases (ALMEIDA-MURADIAN & PENTEADO,

2007).

O úbere de uma vaca é o órgão designado à produção de leite e

oferecimento ao bezerro recém-nascido de um fácil acesso ao leite de sua

mãe. Ele está suspenso externamente à parede posterior do abdômen e,

portanto, não está restrito, apoiado ou protegido por nenhuma estrutura

óssea. É composto por quatro glândulas mamárias ou quartos. Cada quarto é

uma entidade funcional própria que opera independentemente e secreta o leite

por seu próprio teto. Geralmente, os quartos traseiros são levemente mais

desenvolvidos e produzem mais leite (60%) do que os quartos dianteiros

(40%). (WATTIAUX, 2009).

A secreção do leite ocorre no úbere e corresponde à síntese nas células

epiteliais e sua passagem do citoplasma das células para o lume alveolar. As

células epiteliais que revestem o sistema mamário sintetizam e secretam as

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proteínas e a gordura do leite. A proteína do leite sintetizada no retículo

endoplasmático rugoso move-se para o aparelho de Golgi (VENTURINI et al.,

2007).

Além da alimentação e nutrição, outros aspectos como o fator racial, o

estágio da lactação, a temperatura ambiental e as condições de estresse do

animal, a perda excessiva de condição corporal, a estação do ano, a contagem

de células somáticas, a mastite e a saúde geral da vaca, a manifestação de cio,

a freqüência e a técnica de ordenha, bem como o avanço genético no sentido

de maior volume de produção na lactação, exercem um maior ou menor efeito

sobre a composição do leite (MÜHLBACH, 2009).

Os fatores nutricionais são os que podem ser controlados de modo mais

direto e em prazo relativamente curto, mas demandam um conhecimento mais

aprofundado, já que afetam não somente a fermentação no rúmen como

também o metabolismo geral do animal e a secreção de leite no úbere. Assim,

o monitoramento da composição do leite permite identificar eventuais

disfunções digestivas e/ou metabólicas que estejam ocorrendo com as vacas

em lactação, bem como determinar a eficiência com que os alimentos estão

sendo aproveitados pelo animal. Entre os componentes do leite, o teor de

gordura é o que mais pode variar em função da alimentação, de modo geral,

diminuindo com o aumento no volume de produção. Alterações no teor de

gordura podem informar sobre a fermentação no rúmen, as condições de

saúde da vaca e funcionamento do manejo alimentar. O teor de proteína

também pode ser afetado, porém em menor grau, enquanto que o teor de

lactose é o menos influenciado. O extrato seco total do leite é em torno de

12,5 % e que inclui além da lactose, proteína e gordura, 0,7 % de matéria

mineral (MÜHLBACH, 2009).

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QUALIDADE DO LEITE

O leite é considerado o alimento mais complexo que existe para o ser

humano. Crianças de todas as idades, idosos e convalescentes compõem os

grupos nos quais o leite deve fazer parte integrante da dieta (GERMANO &

GERMANO, 2008).

A indústria leiteira compreende diversas fases, desde a origem do leite,

ainda nas propriedades rurais até sua chegada ao comércio varejista como

produto industrializado, na forma de leite pasteurizado ou produto derivado,

como queijo, iogurte entre outros. Embora todas as fases sejam importantes

para a preservação da qualidade do leite, a mais importante é a de produção.

Nesta fase, todos os cuidados são direcionados para as fêmeas, considerando-

se cada animal uma pequena indústria (GERMANO & GERMANO, 2008).

Do ponto de vista tecnológico, a qualidade da matéria prima é um dos

maiores entraves ao desenvolvimento e consolidação da indústria de laticínios

no Brasil. De modo geral o controle da qualidade do leite nas últimas décadas

tem se restringido à prevenção de adulterações do produto in natura baseado

na determinação da acidez, índice crioscópico, densidade, percentual de

gordura e extrato seco desengordurado. A contagem global de microrganismos

aeróbios mesófilos (indicadores de qualidade microbiológica do produto) tem

sido utilizada somente para leite cru do tipo A e B (OLIVEIRA et al., 1999).

O leite de qualidade é entendido como aquele que cuja composição

química (gordura, proteína, lactose e minerais), organoléptica (sabor, odor e

aparência) e número de células somáticas, atendam os parâmetros de

qualidade exigidos internacionalmente, devendo ainda ser isento de resíduos

de antibióticos, desinfetantes ou adulterantes e ser originados de rebanho com

sanidade controlada (RIBEIRO, 2006).

O leite é composto por diferentes substâncias cuja função é fornecer

nutrientes e proteção imunológica para o neonato. Além dessas funções

biológicas, o leite oferece grandes possibilidades de processamento industrial

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para obtenção de diversos produtos para a alimentação humana (FONSECA,

2007).

A qualidade do leite é definida por parâmetros de composição química,

características físico-químicas e higiene. A presença e os teores de proteína,

gordura, lactose, sais minerais e vitaminas determinam a qualidade da

composição, que, por sua vez, é influenciada pela alimentação, manejo,

genética e raça do animal. Fatores ligados a cada animal, como o período de

lactação, o escore corporal ou situações de estresse também são importantes

quanto à qualidade composicional (BRITO & BRITO, 2009).

No Brasil, a legislação em vigor que preconiza requisitos microbiológicos

e físico-químicos para o leite é a Instrução Normativa Nº 51 de 11 de

Setembro de 2002.

Caraterísticas físico-químicas

Potencial Hidrogeniônico

O valor médio pH do leite bovino fica em torno de 6,6 (BARROS, 2002).

O pH do soro pode ser útil na caracterização do colostro (pH de 6,0 a 6,5) ou

do leite de animais com mamite (pH alto). No leite mamítico o pH tende a se

igualar com o do sangue, que varia de 7,3 a 7,5, devido a uma maior perfusão

sanguínea (Horne, 1990).

Fonseca & Santos (2000) relatam que um dos motivos para a avaliação

da acidez do leite objetiva detectar aumentos na concentração de ácido lático,

formado pela fermentação da lactose por bactérias mesófilas e,

consequentemente, pode indicar elevada contaminação microbiológica. no

entanto, não é somente a presença de ácido lático que determina a acidez,

outros componentes do leite também interferem nesse parâmetro e, entre

esses compostos, podemos destacar citratos, fosfatos e proteínas.

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Proteínas

As proteínas do leite são de fácil digestão e de alto valor biológico,

contém os aminoácidos essenciais em quantidade e proporções adequadas. As

principais proteínas do leite são as caseínas. Mas existe outro grupo que são as

proteínas solúveis ou proteínas do soro. Estas estão constituídas por proteínas

globulares, tais como β-lactoglobulina, α-lactoalbumina, imunoglobulinas,

proteose-peptonas, lactoferrina, transferrina e enzimas. Os 5% restantes

compõem o nitrogênio de compostos não protéicos, representado por uréia,

amônia, ácido úrico, creatinina, aminoácidos e outros (SGARBIERI, 1996).

Segundo Fonseca (2007) a função básica da proteína do leite é fornecer os

aminoácidos essenciais ao recém-nascido e outras proteínas bioativas, como os

anticorpos. Algumas proteínas no leite não são sintetizadas na glândula

mamária e são transportadas pelo sangue ate entrarem no lúmen alveolar. A

albumina encontrada no leite é produzida no fígado e sua concentração reflete

a concentração de sangue.

Diversos fatores podem afetar a produção de proteína láctea da vaca,

entre os quais destacam-se as características genéticas, estágio de lactação,

alimentos utilizados, formulação da dieta, manejo alimentar e condições

ambientais. O principal fator que influencia o teor de proteína é a característica

genética (cerca de 55%). Quando o animal apresenta mastite a tendência é

que se diminua a proporção de caseína mas em compensação se aumenta a

proporção de proteínas do soro, fazendo que pouco se altera a proporção de

proteínas totais (FONSECA e SANTOS, 2007). Segundo Santos (2001), as

bactérias psicotróficas têm um grande potencial para produção de enzimas

proteolíticas e lipolíticas, com isso se observa uma diminuição do valor total de

proteínas do leite.

Dentre as quatro principais proteínas do soro, duas são sintetizadas na

glândula mamária (β-lactoglobulina e α-lactoalbumina), equanto as outras tem

origem no sangue (albumina sérica e imunoglobulinas). Outras proteínas do

soro incluem lactoferrina, transferrina e enzimas(plasmina e fosfatase

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alcalina). No leite normal, a β-lactoglobulina é a proteína do soro presente em

maior concentração (2 a 4 mg/ml), seguida pela α-lactoalbumina (1 a 1,5

mg/ml), enquanto a albumina sérica (0,1 a 0,4 mg/ml) e as imunoglobulinas

(0,6 e 1,0 mg/ml) aparecem logo depois na escala de concentração.

(FONSECA, 2007).

Segundo Gonzalez (2001) a maioria das proteínas séricas são

relativamente de baixa digestibilidade no intestino, embora todas sejam

digeríveis em algum grau, e elas podem ocasionar uma resposta imune

localizada no intestino ou sistêmica, conhecida como alergia a proteínas do

leite, mais frequentemente causada pela β-lactoglobulina.

Caseína

A Caseína é um dos mais abundantes orgânicos do leite, junto à lactose

e à gordura; são sintetizadas na glândula mamaria. As moléculas individuais

de caseína não são muito solúveis no ambiente aquoso do leite. No entanto, os

grânulos da micela da caseína mantêm uma suspensão colóide do leite. Se a

estrutura micelar se perde, as micelas se dissociam e a caseína fica insolúvel,

formando um material gelatinoso conhecido como coalho. Elas são altamente

digestíveis no intestino e são uma boa fonte de aminoácidos de boa qualidade

(GONZALEZ, 2001).

Gordura

A gordura do leite é composta em sua quase totalidade por triglicerídeos

(98% da gordura total). Esses triglicerídeos presentes no leite são sintetizados

nas células epiteliais da glândula mamária, sendo que os ácidos graxos que

compõem esses triacilglicerídeos podem vir de duas fontes: a partir de lipídeos

presentes no sangue e pela síntese nas células epiteliais (FONSECA e SANTOS,

2000).

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Segundo Gonzalez (2001) a quantidade e a composição dos triglicerídeos

do leite variam muito entre as espécies; nos ruminantes a proporção de ácidos

graxos de cadeia curta e insaturados é bem maior do que nos monogástricos.

Aproximadamente 25% dos ácidos graxos do leite são derivados da dieta e

50% do plasma sanguíneo; o resto é elaborado na glândula mamária a partir

de precursores, principalmente de acetato. O acetil-CoA utilizado pela glândula

mamária dos ruminantes para a síntese da gordura do leite se forma

fundamentalmente a partir do acetato que é proveniente do sangue, onde este

tem como origem em grande parte do acetato absorvido no rumem.

Ocorre uma grande remoção de triglicerídeos da corrente sanguínea pela

glândula mamária, os quais são utilizados para a síntese da gordura que será

secretada no leite. Os ácidos graxos de cadeia longa podem ser transferidos

diretamente do sangue para a glândula mamária, mas a maioria dos ácidos

graxos encontrados no leite é de cadeia curta (menos de 16 carbonos), os

quais são sintetizados pelas células da glândula mamária (FONSECA e

SANTOS, 2000).

A gordura do leite é o componente com maiores chances de alteração

pela manipulação da dieta, pode-se produzir leite com baixo teor de gordura

quando são fornecidas dietas com alto teor de concentrados, baixa

concentração de fibra efetiva, quando são adicionados ácidos graxos

insaturados na dieta, forragens com tamanho de partículas muito pequeno e

adição de ionóforos (FONSECA e SANTOS, 2007).

Segundo Santos (2001), bactérias psicotróficas têm um grande potencial

para produção de enzimas proteolíticas e lipolíticas, com isso se observa uma

diminuição do valor total de gordura do leite. A acidose ruminal causada por

alimentações ricas em carboidratos de fácil fermentação pode ocasionar a

diminuição do teor de gordura do leite (BARROS, 2002).

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Lactose

A lactose é o único glicídeo livre que existe em quantidades importantes

em todos os leites e também o componente mais abundante, o mais simples e

o mais constante em proporção; sua principal origem esta na glicose do

sangue, no tecido mamário isomera-se em galactose e liga-se a uma outra

glicose sanguínea para formar uma molécula de lactose; a lactose pode ser um

fator limitante da produção de leite, visto que as quantidades de leite

produzida na mama dependem da sintese de lactose (ORDÓÑEZ et al., 2005).

Constitui quase a totalidade dos glicídios do leite bovino; é um

dissacarídeo composto pelos monossacarídeos D-glicose e D-galactose, ligados

por ponte glicosídica β-1,4. Ela possui importante papel na síntese do leite. È o

grande fator osmótico no leite responsável por 50% desta variável, e no

processo de síntese do leite “atrai” água para as células epitelias mamarias.

Em função da estreita relação entre a síntese de lactose e a quantidade de

água drenada para o leite, o conteúdo da lactose é o componente do leite que

tem menos variação (GONZALEZ, 2001).

Segundo Veisseyre (1972), a lactose pode ser objeto de fermentação,

por ação de microorganismos mesófilos, uma vez que estas apresentam um

ótimo crescimento e precisam de uma fonte rapidamente metabolizada

(carboidrato) frente a outras (proteína e gordura), e a evolução mais frequente

e importante é para o ácido láctico; e este por sua vez pode ser transformado

em ácido propiônico e gás carbônico pelas bactérias propiônicas; e quando o

ácido láctico esta sobre ação de bactérias anaeróbias do gênero clostridium,

pode gerar o ácido butírico.

Fonseca & Santos (2007) o valor da lactose no leite produzido por uma

vaca com mastite pode ser alterado, pois o tecido do úbere afetado não ira

produzir a lactose em mesmas condições de um tecido saudável, e o valor

considerado normal de lactose (5g/100g) pode ser diminuído

proporcionalmente ao grau de lesão do tecido

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Condutividade Elétrica

Segundo Zafalon (2005) o leite tem sua composição e qualidade

alteradas quando oriundo de vacas com mastite subclínica bovina, com

intensidade que depende da resposta inflamatória do animal, dos fatores de

virulência do agente etiológico da doença e da extensão do tecido afetado,

uma dessas alterações é o aumento da condutividade elétrica. Špakauskas

(2006) cita que a condutividade elétrica sofre mudanças com o aumento na

concentração de íons, a condutividade elétrica em leite de vacas saudáveis

esta entre 4.0-5.5 milisenses (mS)/cm; quando o valor sobe para acima de 6.0

mS/cm processos patológicos no tecido do úbere começam a ser suspeitos.

Existe uma grande diversidade na etiologia infecciosa da mastite, este

fato faz com que os testes diagnósticos para mastite subclínica possam ter

comportamentos diferentes de acordo com o microrganismo responsável pela

doença, devido à maneira como cada quarto mamário responde à infecção e é

afetado por determinado agente etiológico verificou-se que a condutividade

elétrica (65,3%) e o teor de cloretos do leite (78,3%) apresentaram uma

maior sensibilidade em quartos mamários com mastite subclínica por

Corynebacterium sp, quando comparada com a mastite subclínica por S.

Aureus (ZAFALON, 2005).

Microbiologia do leite

Os microrganismos estão presentes no ambiente, nos seres vivos, nos

animais e nos vegetais, e no próprio homem. Assim, qualquer alimento,

natural ou processado, pode estar ou não contaminado por microrganismos,

cujo os tipos encontrados dependem principalmente, das suas características

físicas e químicas e poderão levar às conseqüências que vão desde uma

simples alteração no produto até toxinfecções graves no consumidor (BASTOS,

2008).

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O alimento é um importante elo na cadeia epidemiológica de doenças

transmissíveis. Sua conservação em condições não adequadas favorece a

multiplicação de microrganismos que podem levar à alterações dos alimentos

e/ou causar sintomas de toxinfecções alimentares nos seus consumidores

(LAMPS, 2003). Segundo Silveira (1989) dois grupos de microrganismos

podem ser destacados: (1) os não patogênicos, mas que alteram as

propriedades do leite pela elevada acidez ou pela produção de enzimas

termotolerantes, e (2) aqueles responsáveis por toxinfecções alimentares, que

podem estar presentes no leite cru.

As doenças transmitidas por alimentos, de origem biológica, vêm

aumentando de modo significativo mesmo em países desenvolvidos. Segundo

relatos da Organização Mundial de Saúde (OMC), grande parte das doenças de

origem alimentar, ocorrida nos países latino-americanos, é causada pelo

consumo de alimentos contaminados por microganismos patogênicos

(BASTOS, 2008).

Pela riqueza em nutrientes, o leite constitui-se em importante fonte

alimentar para o homem e excelente meio de cultura para o desenvolvimento

de um grande número de microrganismos. A qualidade e a conservação dos

alimentos estão na relação direta com a sua carga microbiana (JAY, 2005).

O leite possui em sua microflora, contaminantes comuns, expressos em

pequena quantidade, sendo os principais: Micrococcus, Streptococcus e

Corynebacterium, alem de alguns lactobacilos saprófitas presentes no canal

galactífero (RADOSTITIS, 2002).

Mendonça et al. (2009) reforçam a quantidade de microrganismos, como

um dos principais problemas de qualidade do leite, sendo que alguns desses

microrganismos estão presentes no momento da ordenha, outros são

incorporados pela falta de higiene do ordenhador, utensílios mal higienizados e

mesmo pelo próprio ambiente. Guimarães (2002) cita que carga bacteriana

inicial e da taxa de multiplicação dos microrganismos para o leite depende

basicamente dos seguintes fatores: carga microbiana do leite dentro da própria

glândula mamária, ou seja, da saúde do rebanho em termos de mastite,

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higiene da ordenha, condição da limpeza e higienização dos utensílios

utilizados na ordenha, qualidade da água utilizada no estábulo e temperatura x

tempo de armazenamento do leite.

Se o leite não é refrigerado (4ºC) rapidamente após a ordenha, a

população bacteriana poderá aumentar, atingindo números elevados que

podem levar à deterioração (BRITO & BRITO, 2009). E, mesmo sob condições

de refrigeração, as bactérias psicrotróficas tendem a ser selecionadas. E, com

isso, Observa-se que várias espécies antes de ser consideradas estritamente

mesófilas, já estão sendo incluídas também entre os psicotróficos (SILVEIRA et

al., 1998).

Células Somáticas e Mastite

Células somáticas são todas as células presentes no leite, que incluem as

células originárias da corrente sangüínea, como leucócitos e células de

descamação do epitélio glandular secretor. Os leucócitos, em sua maioria, são

mobilizados da corrente sangüínea para o tecido mamário diante de alterações

na permeabilidade capilar. O aporte destas células se intensifica na quarta

semana pré-parto, diminuindo gradativamente até uma semana pós-parto. Na

secreção láctea de vacas com infecção intramamária, ocorre um aumento no

número de células de defesa passando a predominar neutrófilos, seguidos por

macrófagos, linfócitos e o número de células epiteliais permanece inalterado

(PHILPOT & NICKERSON, 1991).

Mastite é uma inflamação da glândula mamária, geralmente causada

pela infecção por diversos tipos de microrganismos, sendo as bactérias os

principais agentes. É a doença mais importante dos rebanhos leiteiros em todo

o mundo devido à alta incidência de casos clínicos, alta incidência de infecções

não perceptíveis a olho nú (infecções subclínicas) e aos prejuízos econômicos

que acarreta. Uma vez que um microrganismo tenha se instalado na glândula

mamária, ele se nutre dos componentes do leite e se multiplica, atingindo

números muito elevados. Nesse processo, são produzidas toxinas ou outras

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substâncias que causam danos ao tecido mamário. Essas substâncias atraem

leucócitos (células somáticas) do sangue para o leite, a fim de destruir os

microrganismos invasores. Em decorrência da inflamação, as paredes dos

vasos sangüíneos se tornam dilatadas e outras substâncias do sangue também

passam para o leite. Entre essas estão íons de cloro e sódio, que deixam o

leite com sabor salgado, e enzimas que causam alterações na proteína e na

gordura. Devido às lesões do tecido mamário, as células secretoras se tornam

menos eficientes, isto é, com menor capacidade de produzir e secretar leite.

Ocorre também a morte das células e a liberação de enzimas dentro da

glândula, que contribuem para agravar o processo inflamatório. Tudo isso

prejudica a qualidade do leite e causa redução na produção (EMBRAPA, 2009)

A mastite bovina pode ser causada por uma grande variedade de

agentes, incluindo bactérias, micoplasmas, leveduras, fungos e algas. Embora

mais de 137 espécies, subespécies e sorotipos de microrganismos já tenham

sido isolados de infecções da glândula mamária bovina, a maioria das infecções

é causada por bactérias. Considerando a fonte de infecção, os agentes da

mastite são classificados em ambientais (ex.: Escherichia coli, coliformes,

Streptococcus uberis, Enterococcus spp, Streptococcus equinus e outros

Streptococcus do ambiente) e contagiosos (ex.: Streptococcus agalactiae,

Staphylococcus aureus, Mycoplasma, Corynebacterium bovis, Staphylococcus

coagulase-negativos). Outra classificação divide os agentes da mastite em

patógenos primários e secundários. Os patógenos primários incluem S.

agalactiae e outras espécies de Streptococcus, S. aureus e Mycoplasma spp.

Os secundários incluem C. bovis e Staphylococcus coagulase-negativos

(BRITO, 2009)

Apesar da heterogeneidade dos agentes que causam mastite, o primeiro

passo para o início do processo infeccioso é a contaminação da extremidade da

teta de uma glândula susceptível. Nas doenças sistêmicas, como leptospirose,

brucelose, salmonelose, febre aftosa, tuberculose e carbúnculo hemático, o

agente infeccioso pode ser eliminado pelo úbere. Nesses casos, com exceção

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da tuberculose, nem sempre existe evidência de comprometimento do úbere

com presença de mastite (EMBRAPA, 2009).

Staphylococcus Aureus

O gênero Staphylococcus apresenta-se na forma de cocos Gram-

positivos, isolados ou agrupados em cachos. São anaeróbios facultativos, não

formadores de esporos, imóveis e catalase positivos, são bactérias mesófilas,

com temperatura de crescimento variando entre 7ºC a 47,8ºC, com produção

de enterotoxina entre 10ºC a 46ºC .A sua intoxicação é devido à ingestão de

enterotoxinas produzidas e liberadas pela bactéria durante sua multiplicação

nos alimentos, a enterotoxina é termoestável e esta presente no alimento

mesmo após o cozimento (FRANCO & LANDGRAF, 1996).

O S. aureus é um dos agentes patogênicos mais comuns, responsável

por surtos de intoxicação alimentar. As peculiaridades do seu habitat tornam a

sua presença largamente distribuída na natureza, sendo transmitido aos

alimentos por manipuladores, mas também pode ter como origem dos próprios

animais, pois este é um dos principais ocasionadores da mastite (CUNHA

NETO, 2002). Segundo Halpin (1989) a produção de enterotoxinas é afetado

pela qualidade nutricional do alimento, pH, temperatura, atmosfera, cloreto de

sódio outros químicos e microorganismos competitivos e a intoxicação por S.

aureus esta mais relacionada a carnes vermelhas, saladas e produtos de

origem láctea. E, na intoxicação alimentar os sintomas ocorrem entre 2 e 4

horas após a ingestão da toxina pré formada no alimento e os sintomas mais

comuns são vômito, náuseas, dores abdominais e diarréia. Existem relatos de

óbito pela intoxicação em idosos, crianças e pessoas debilitadas.

O Staphylococcus aureus produz uma grande variedade de exoproteínas,

e a principal função destas proteínas é converter tecido local em nutrientes

necessários para o crescimento microbiano (DINGES, 2000). As toxinfecções

alimentares causadas por S. aureus apresentam implicações importantes em

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saúde pública, tendo em vista que as toxinas podem ser excretadas no leite e

permanecer estáveis no leite após a pasteurização (CUNHA, 2007)

Bactérias Mesófilas

Segundo Hayes (1993), o leite obtido assepticamente contém,

aproximadamente, entre 102

a 103 UFC de microrganismos mesófilos/mL,

entretanto, o leite recém ordenhado em condições inadequadas pode

apresentar uma carga bacteriana um pouco mais elevada, entre 5x103 a 5x104

mesófilos/mL, compreendendo os contaminantes procedentes de várias fontes.

Essa grande concentração de microrganismos se desenvolve usando o leite

como substrato e produzindo ácido láctico, entre outros.

Santos (2001) ressalta que a temperatura de armazenamento do leite

após a ordenha é o principal fator determinante da taxa de crescimento

bacteriano no leite não refrigerado, sendo os principais microrganismos

predominantes os mesófilos, os quais provocam acidificação do leite pelo

acúmulo de ácido lático, resultante da fermentação da lactose. No entanto,

Fonseca & Santos (2000) reforçam que não é somente a presença de ácido

lático que determina a acidez, outros componentes do leite também interferem

nesse parâmetro e, entre esses compostos, podemos destacar citratos,

fosfatos e proteínas.

Microrganismos mesófilos predominam no leite em situações em que as

condições básicas de higiene são inadequadas e inexiste refrigeração. Em tais

circunstâncias, bactérias como Lactobacillus, Streptococcus, Lactococcus e

algumas enterobactérias atuam intensamente na fermentação da lactose,

produzindo ácido láctico e gerando, conseqüentemente, acidez do leite

(GALTON et al., 1986).

Santana (2001) ressalta que uma das principais fontes de

microrganismos mesófilos e psicrotróficos no processo de produção do leite é a

água residual dos equipamentos. Os tanques de expansão e os latões foram os

principais pontos de contaminação, os latões foram importantes meios de

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contaminação nas propriedades que utilizam ordenha balde ao pé; já quanto

ao tanque de expansão foi mais notável a contaminação nas propriedades que

faziam a higienização destes manualmente, e foi observado, mas em menor

quantidade contaminação na propriedade que fazia higienização automatizada.

Deve-se destacar que todos os microorganismos patogênicos que

constituem risco para a segurança dos alimentos multiplicam-se idealmente na

faixa de temperatura dos mesófilos, intervalo médio de 30° a 40°C (GERMANO

& GERMANO, 2008).

Bactérias Psicotróficas

Segundo Collins (1981), de acordo com as normas da Internacional Dairy

Federation, os psicrotróficos foram definidos como sendo os microrganismos

que podem desenvolver-se a 7ºC ou menos, independente da temperatura

ótima de crescimento. Esse grupo é extremamente importante em produtos

que são conservados ou armazenados em condições de refrigeração por

períodos relativamente longos (1 a 4 semanas).

Os autênticos pscicrófilos são em geral de origem marinha ou de regiões

climáticas muito frias. Os psicróficos encontrados com mais frequência são

Achromobacter, Pseudomanas, Salmonella, Clostridium, Corynebacterium,

Micrococcus, Proteus, Streptococcus, Vibrio (GERMANO & GERMANO 2008).

Bactérias do gênero Pseudomonas têm sido isoladas com maior

freqüência do leite e de produtos lácteos refrigerados, pois apresentam maior

capacidade de crescimento em ambiente refrigerado em relação aos outros

microrganismos gram-negativos (SANTOS, 1999).

O emprego de programas de resfriamento do leite na fazenda após a

ordenha, com posterior coleta e transporte do leite em caminhöes-tanque

isotérmicos, tem aumentado significativamente a qualidade do leite produzido;

no entanto, com o uso destes equipamentos, ocorre o predomínio de bactérias

psicotróficas, que apresentam boa capacidade de crescimento mesmo em

baixas temperaturas. Este grupo de bactérias apresenta capacidade de

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produçäo de enzimas lipolíticas e proteolíticas termorresistentes, que mantém

a sua atividade enzimática após a pasteurizaçäo, ou mesmo, o tratamento

UHT. Um dos principais problemas de qualidade de produtos lácteos associados

à ação de proteases e lipases de origem dos microrganismos psicotróficos

correspondem às alterações no sabor e no odor do leite (SANTOS, 2001).

LEGISLAÇÃO

No Brasil o consumo de leite cru é bastante alto, especialmente em

comunidades rurais. Grande parte da produção de leite no Brasil é

comercializada sem nenhum tratamento térmico ou processamento,

contradizendo a Legislação Federal, além de oferecer riscos à saúde do

consumidor (NERO et al., 2003). Sabe-se que o consumo de leite cru pode ser

perigoso à saúde e muitos surtos de doenças transmitidas por alimentos já

foram observados nesse produto. A literatura está repleta de dados de doenças

causadas por microrganismos como Listeria monocytogenes e Salmonella,

associadas ao leite cru ou produtos feitos com leite cru. sobre doenças

transmitidas por alimentos (NERO et al., 2009)

A Instrução Normativa Nº 51 de 18 de Setembro de 2002 aprova os

Regulamentos Técnicos de Produção, Identidade e Qualidade do Leite tipo A,

do Leite tipo B, do Leite tipo C, do Leite Pasteurizado e do Leite Cru

Refrigerado e o Regulamento Técnico da Coleta de Leite Cru Refrigerado e seu

Transporte a Granel. A tabela 1 expressa os padrões físico-químicos

estabelecidos pela Instrução Normativa Nº 51 para o leite cru refrigerado

tipos: A, B, C. (BRASIL, 2002)

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Tabela 1: Padrões Físico-químicos e microbiológicos para o leite Cru

refrigerado, tipo A.

Item de composição Requisito

Gordura g/100g Teor Original, com o mínimo de 3,0

Densidade relativa, 15/15ºC, g/mL 1,028 a 1,034

Acidez titulável, g ácido lático/100 mL

0,14 a 0,18

Extrato seco desengordurado, g/100 g

mín. 8,4

Índice Crioscópico máximo 0,530ºH

Índice de Refração do Soro Cúprico a 20ºC

Mín. 37º Zeiss

Proteína Total (g/100 g) Mín. 2,9

Redutase (TRAM) Min. 5 Horas

Estabilidade ao Alizarol 72% (v/v) Estável

Contagem Padrão em Placas (UFC/mL) Máx. 104

Contagem de Células Somáticas(CS/mL) Máx. 6x105 Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Instrução Normativa Nº 51 (Brasil,

2002).

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Tabela 2: Padrões Físico-químicos e microbiológicos para o leite Cru

refrigerado tipo B.

Item de composição Requisito

Gordura g/100g Teor Original, com o mínimo de 3,0

Densidade relativa, 15/15ºC, g/mL 1,028 a 1,034

Acidez titulável, g ácido lático/100 mL

0,14 a 0,18

Extrato seco desengordurado, g/100 g

mín. 8,4

Índice Crioscópico máximo 0,530ºH

Índice de Refração do Soro Cúprico a 20ºC

Mín. 37º Zeiss

Proteína Total (g/100 g) Mín. 2,9

Redutase (TRAM) Min. 5 Horas

Estabilidade ao Alizarol 72% (v/v) Estável

Contagem Padrão em Placas (UFC/mL) Máx. 5x105

Contagem de Células Somáticas(CS/mL) Máx. 6x105 Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Instrução Normativa Nº 51 (Brasil,

2002).

Tabela 3: Padrões Físico-químicos e microbiológicos para o leite Cru

refrigerado tipo C.

Item de composição Requisito

Gordura g/100g Teor Original, com o mínimo de 3,0

Densidade relativa, 15/15ºC, g/mL 1,028 a 1,034

Acidez titulável, g ácido lático/100 mL

0,14 a 0,18

Extrato seco desengordurado, g/100 g

mín. 8,4

Índice Crioscópico máximo 0,530ºH

Índice de Refração do Soro Cúprico a 20ºC

Mín. 37º Zeiss

Proteína Total (g/100 g) Mín. 2,9

Redutase (TRAM) Min. 5 Horas

Estabilidade ao Alizarol 72% (v/v) Estável Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Instrução Normativa Nº 51 (Brasil,

2002).

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CONSIDERAÇÕS FINAIS

O leite fluido é um produto que requer cuidados durante toda a cadeia

produtiva, pois apesar de muito importante do ponto de vista nutricional, pode

veicular diversas doenças ao consumidor, através de perigos biológicos,

químicos e físicos. No Brasil, apesar da existência de uma legislação específica

que estabelece padrões de identidade e qualidade do leite, ainda faltam

adaptações, principalmente, por parte de pequenos produtores às exigências

da Instrução Normativa Nº 51.

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