publico 28-05-15

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05587b44-5683-42c2-bbc7-6dc04a76e1a4 E M Governo quer limitar acesso interno a dados dos contribuintes Após escândalo da lista VIP, fisco prepara novo plano de segurança informática, mas sindicatos têm reservas Economia, 14/15 Muito perto do sítio onde se descobriu Lucy, encontraram-se agora ossos da cara de um pré-humano. Uma nova espécie? p22/23 Juncker também recomenda que 704 refugiados de campos do ACNUR, na maior parte em África e Médio Oriente, sejam reinstalados em Portugal p20 Ex-director clínico do hospital fez denúncias de alegada corrupção em Fevereiro, mas ainda não foi ouvido p8/9 Novos fósseis vêm complicar história da evolução Bruxelas quer enviar 1701 requerentes de asilo para Portugal Hospital de Santa Maria suspeito de actos de corrupção PUBLICIDADE ESPECIAL MESTRADOS O momento do autógrafo na feira contado por sete escritores p24/25 QUI 28 MAI 2015 EDIÇÃO LISBOA Ano XXVI | n.º 9174 | 1,15€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Simone Duarte, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora de Arte: Sónia Matos ISNN:0872-1548 PRÉMIOS 2014 JORNAL EUROPEU DO ANO JORNAL MAIS BEM DESENHADO ESPANHA&PORTUGAL Há mais de 100 mil estudantes inscritos em cada ano lectivo Jovens procuram mais formação Estudar compensa, mas ainda se sabe pouco sobre o emprego dos diplomados Desempregados são quase 30 vezes mais A vida depois do mestrado: Ana Rita é operária José de Oliveira trocou Engenharia por História de Arte Ana, João e Diogo já não estão em Portugal Marta e Gonçalo voltaram da Suécia para um emprego português BLATTER RESISTE FIFA SUSPEITA DE “CORRUPÇÃO GALOPANTE, SISTÉMICA E ENRAIZADA” HÁ DUAS GERAÇÕES Destaque, 2 a 4 e Editorial ESPECIAL Católica Porto Ganhe até €30.000 com a nova Raspadinha dos 20 anos. Os prémios atribuídos de valor superior a €5.000 estão sujeitos a imposto do selo, à taxa legal de 20%, nos termos da legislação em vigor.

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  • 05587b44-5683-42c2-bbc7-6dc04a76e1a4

    EM

    Governo quer limitar acesso interno a dados doscontribuintesAps escndalo da lista VIP, fi sco prepara novo plano de segurana informtica, mas sindicatos tm reservas Economia, 14/15

    Muito perto do stio onde se descobriu Lucy, encontraram-se agora ossos da cara de um pr-humano. Uma nova espcie? p22/23

    Juncker tambm recomenda que 704 refugiados de campos do ACNUR, na maior parte em frica e Mdio Oriente, sejam reinstalados em Portugal p20

    Ex-director clnico do hospital fez denncias de alegada corrupo em Fevereiro, mas ainda no foi ouvido p8/9

    Novos fsseis vm complicar histria da evoluo

    Bruxelas quer enviar 1701 requerentes de asilo para Portugal

    Hospital de Santa Maria suspeito de actos de corrupo

    PUBLICIDADE

    ESPECIALMESTRADOS

    O momento do autgrafo na feira contado por sete escritores p24/25QUI 28 MAI 2015EDIO LISBOA

    Ano XXVI | n. 9174 | 1,15 | Directora: Brbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Simone Duarte, Pedro Sousa Carvalho, urea Sampaio | Directora de Arte: Snia MatosISNN:0872-1548

    PRMIOS 2014JORNAL EUROPEU DO ANOJORNAL MAIS BEM DESENHADO ESPANHA&PORTUGAL

    H mais de 100 mil estudantes inscritos em cada ano lectivoJovens procuram mais formaoEstudar compensa, mas ainda se sabe pouco sobre o emprego dos diplomadosDesempregados so quase 30 vezes mais A vida depois do mestrado: Ana Rita operria Jos de Oliveira trocou Engenharia por Histria de ArteAna, Joo e Diogo j no esto em PortugalMarta e Gonalo voltaram da Sucia para um emprego portugus

    BLATTER RESISTEFIFA SUSPEITA DE CORRUPO GALOPANTE, SISTMICA E ENRAIZADA H DUAS GERAESDestaque, 2 a 4 e Editorial

    ESPECIAL

    Catlica Porto

    Ganheat 30.000com a novaRaspadinhados 20 anos.

    Os prmios atribudos de valor superior a 5.000 esto sujeitos a imposto do selo, taxa legal de 20%, nos termos da legislao em vigor.

  • 2 | DESTAQUE | PBLICO, QUI 28 MAI 2015

    FUTEBOL

    General Blattera avanar e o exrcito da FIFA a desintegrar-se

    At ver, a FIFA vai mesmo a votos amanh, em Zurique, na Sua. S um golpe de teatro de ltima hora impedir que, mais uma vez, os dirigentes mximos

    do organismo que gere o futebol mundial tratem como um mero acidente de percurso aquele que ser o maior escndalo de corrupo da sua histria. Foram sete os actuais e antigos dirigentes da FIFA ontem detidos no hotel onde est instalada a comitiva que far parte do congresso, mas o raide das autoridades poder no ficar por aqui. Indiferente desmobilizao do seu exrcito, Sepp Blatter, o presidente em exerccio, parece caminhar impassvel para um novo mandato.

    A nata do dirigismo do futebol acordou sobressaltada, ontem de madrugada, quando uma operao desencadeada pela justia sua, a pedido das autoridades norte-ame-ricanas, resultou numa invaso

    do hotel de luxo onde esto aco-modados os elementos da FIFA. O mote para as sete detenes que se seguiram, segundo o Departamento de Justia dos Estados Unidos, um alegado esquema de corrupo entre dirigentes do organismo e empresas de marketing desportivo. Uma rede que dura h cerca de 20 anos, que se estendeu ao Mundial da frica do Sul e cuja investigao levou formaliza-o de acusaes de burla e corrup-o contra 14 pessoas, contabilizando os executivos dessas rmas.

    Na prtica, trata-se de uma teia de in uncias que fez movimentar mi-lhes de dlares a troco de favores estima-se que o valor ronde os 150 milhes, que passaram, em parte, pela banca norte-americana. Loretta Lynch, procuradora-geral dos EUA, alude a uma prtica de corrupo que galopante, sistmica e enraiza-da: Envolve pelo menos duas gera-es de responsveis futebolsticos, que abusaram das suas posies de con ana para adquirirem milhes de dlares em subornos.

    No rol de dirigentes acusados (ver

    caixa), contam-se nomes de peso, a maioria dos quais ligados Concaf (confederao de associaes de fu-tebol da Amrica do Norte, Central e Carabas) cuja sede foi tambm alvo de buscas e Conmebol, con-gnere da Amrica do Sul. Um dos mais mediticos o de Je rey Webb, um dos dois vice-presidentes da FIFA (do total dos sete que compem o comit executivo), juntamente com o uruguaio Eugenio Figueredo, acu-sados de corrupo e burla.

    Quatro dos visados, de resto, j se declararam culpados. E tero mes-mo contribudo para as investigaes das autoridades norte-americanas atravs de acordos de delao. Deste lote, o nome mais destacado o de Chuck Blazer, ex-membro do comit executivo da FIFA, que j no passado denunciara irregularidades no inte-rior do organismo.

    Os detidos enfrentam agora pedi-dos de extradio para os EUA, sen-do que alguns j se opuseram, o que obriga as autoridades norte-america-nas a avanarem com uma solicitao formal, dentro de 40 dias. Ficmos

    que tinha a ver com a atribuio dos Mundiais de 2018 e 2022 [suspeita da compra de votos], a rmou ontem Walter de Gregorio, director de co-municao do organismo.

    Sem esconder a estranheza peran-te o timing da operao, que aconte-ceu a dois dias das eleies Tal-vez se explique por termos aqui uma grande cobertura internacional , o porta-voz apressou-se a separar as guas: O secretrio-geral [ Jrome

    Valcke] e o presidente [Joseph Blat-ter] no esto envolvidos neste pro-cesso, sublinhou, antes de insistir que esta limpeza vista com bons olhos pelo organismo.

    Mais tarde, seria o prprio Blatter a repisar a ideia de um momento difcil para a comunidade do fute-

    Nem o maior escndalo de corrupo do longo historial do organismo que gere o futebol mundial parece ser sufi ciente para adiar a eleio para a presidncia

    Nuno Sousa e Flix Ribeiroimpressionados pela forma como is-to decorreu durante tanto tempo e como toca quase tudo o que a FIFA fez, confessou um responsvel pela investigao ao The New York Times.

    Tempestade perfeitaEste , porm, apenas um dos pro-cessos em curso. Para a tempestade perfeita que ontem atingiu Zurique contribui uma segunda investigao, lanada no mesmo dia e que averi-gua suspeitas de ingerncia e lava-gem de dinheiro nas organizaes dos prximos Mundiais de futebol, em 2018, na Rssia, e em 2022, no Qatar. A coberto desta operao, foram conduzidas buscas sede da FIFA e, de acordo com as autorida-des, retirados dados electrnicos e documentos do edifcio.

    Mesmo encostada parede, a di-reco do organismo tenta manter a aparente normalidade, procurando escudar-se no facto de ter participa-do parte dos factos s autoridades. A FIFA deu incio a este processo em 18 de Novembro de 2014, atravs de uma queixa apresentada na justia e

    A UEFA solicitou uma nova data para as eleies, nos prximos seis meses

  • PBLICO, QUI 28 MAI 2015 | DESTAQUE | 3

    bol, insistindo que a FIFA tem actua-do em vrias frentes para promover a transparncia e dando conta das consequncias imediatas: Esta con-duta no pode ter lugar no futebol e vamos certi car-nos de que quem a adopta ser afastado. O Comit de tica agiu rapidamente e decidiu suspender provisoriamente todos os nomeados pelas autoridades de qual-quer actividade ligada ao futebol, a nvel nacional ou internacional.

    Sobre a eventualidade de um adia-mento do acto eleitoral, nem uma palavra. At porque, da parte da ma-nh, Walter de Gregorio j tinha des-cartado esse cenrio: Nunca houve a inteno de adiar o congresso ou as eleies. Vamos prosseguir e a elei-o vai realizar-se de acordo com o planeado. Uma coisa nada tem a ver com a outra, justi cou, asseverando tambm que os Mundiais de 2018 e 2022 no esto em risco.

    E nem a presso feita poste-riormente pela UEFA, que na se-quncia de uma reunio em Var-svia reclamou uma nova data para o escrutnio, dentro dos pr-

    ximo seis meses, fez Blatter vacilar. Fica, assim, aberta a porta ree-

    leio do suo de 79 anos, que te-r como nico opositor Ali bin al Hussein. O prncipe jordano est a tentar capitalizar o momento necessria uma liderana que aceite a responsabilidade pelas suas aces e no sacuda as culpas , mas trava uma luta desigual contra um vetera-no que ontem viu reiterado o apoio das federaes africanas e que tem na Europa os principais opositores.

    Acontece que, como cada um dos 209 membros da FIFA dispe de um voto nico o que signi ca que uma federao sem grande expresso, co-mo a do Brunei, tem o mesmo peso que a congnere da Alemanha, por exemplo , o suo estar em vanta-gem, j que tradicionalmente rene o apoio da Confederao Africana (56 membros) e de grande parte da Con-federao Asitica (47), entre outros votos dispersos. Precisar de uma maioria de dois teros para ser elei-to na primeira volta ou de uma maio-ria simples no caso de um segundo round. E sai vencedor desde 1998.

    AFP

    Os nove detidos

    Entre responsveis da FIFA acusados de corrupo e burla contam-se os presidentes da Concacaf,

    a confederao de futebol da Amrica do Norte, Central e Carabas, e da Conmebol, a congnere da Amrica do Sul. E actuais e ex-dirigentes de associaes nacionais.Jeffrey Webb: o nome incontornvel da lista. Chegou a presidente da Associao de Futebol das Ilhas Caims aos 26 anos. Lidera a Concacaf e vice-presidente da FIFA.Eugenio Figueredo: Tambm vice da FIFA, Figueredo esteve nove anos frente da Federao do Uruguai. ainda presidente interino da Conmebol, da qual foi vice-presidente durante 20 anos.Jack Warner: O ex-presidente da Concacaf abandonou as organizaes de futebol em 2011, mas, at a, foi um dos homens fortes da FIFA. Integrava o comit executivo e era um dos principais responsveis pela organizao de campeonatos do mundo.Nicols Leoz: O paraguaio foi o antecessor de Figueredo no comando da Conmebol. Em 2013, afastou-se das organizaes futebolsticas, com 85 anos e j associado a vrios casos de corrupo.Eduardo Li: Membro dos comits executivos da FIFA e do Concacaf, foi presidente da Federao de Futebol da Costa Rica.Julio Rocha: Executivo da FIFA e ex-presidente da Uncaf, que engloba as associaes de futebol da Amrica Central. Jos Maria Marin: Em Abril, trocou a liderana por uma vice-presidncia da Confederao Brasileira de Futebol. Integra o comit da FIFA para o futebol olmpico.Rafael Esquivel: Membro do comit executivo do Conmebol, tambm preside Federao de Futebol da Venezuela.Costas Takkas: o adido de Jeffrey Webb na presidncia da Concacaf e foi secretrio-geral da Federao venezuelana.

    Os actuais e antigos dirigentes de topo da FIFA em causa foram detidos pela polcia no luxuoso Hotel Bar Au Lac, de Zurique

    O futebol um assunto srio. Conquistou o mundo at ao mais austero mosteiro tibetano, onde os jogos das ligas europeias e os Mundiais

    so seguidos apaixonadamente. Um geopoltico francs, Pascal Boniface, de niu-o como estado supremo da globalizao.

    O futebol globalizado presta-se a exerccios curiosos. um domnio que escapa supremacia americana. Um atlas francs representa a Europa no centro do planeta futebol, os EUA no centro do planeta potncia e a sia a caminho do centro do planeta nana. A Amrica do Sul o pulmo, a frica uma periferia integrada, a sia, a Ocenia e a Amrica do Norte seriam as margens. Na Europa esto os clubes ricos que drenam os talentos dos pulmes e periferias e que so a base dos milhes que o futebol movimenta.

    As margens no descuram os Mundiais de futebol como vitrina da sua riqueza e ascenso: Coreia do Sul-Japo, frica do Sul e, em 2022, o Qatar. A ambio deste pequeno emirado desmesurada e a sua in uncia internacional incomparvel com a sua dimenso. O Mundial -lhe vital para projectar a sua imagem de modernidade.

    O escndalo FIFAO Qatar no olhou a meios para alcanar o seu desgnio. Estalou o escndalo, o Qatargate. Mas raros so os Estados que no recorrem a todas as armas para vencer. O que caiu mal foi a escolha de um pas sem qualquer tradio no futebol e com Veres em que a temperatura atinge os 50 graus. O escndalo no est no Qatar. Est em quem e como o elegeu. A operao contra responsveis da FIFA suscita trs perguntas. Ser Sepp Blatter reeleito amanh? Resistir a organizao de

    Zurique a corrupta autoridade do futebol mundial a uma operao de limpeza como aquela a que foi submetido o Comit Olmpico Internacional? Vai ser con rmado o Mundial do Qatar? O primeiro e o terceiro ponto tero provavelmente respostas positivas. Mas ser muito difcil que, mais tarde ou mais cedo, a FIFA escape a uma operao de limpeza.O problema de fundo da FIFA no so os casos de corrupo. o seu sistema de poder. um mundo parte, em que negcios e poder so partilhados por membros de uma casta supranacional, com lgicas estranhas s regras que governam a normal actividade econmica e poltica das grandes empresas mundiais, sintetiza o dirio italiano La Repubblica. uma megaempresa que actua no negcio do futebol e funciona em circuito fechado, no prestando contas a nenhuma autoridade nacional ou internacional. Goza de absoluta autonomia. A casta dirigente intocvel.

    A cpula da FIFA tem um mtodo simples de se perpetuar no poder. Com alguns milhes de dlares assegura os votos das federaes dos pases pobres. Esta forma de comprar votos no um expediente, o prprio corao do sistema FIFA.

    Este no nasceu com Blatter, secretrio-geral de 1991 a 1998 e presidente desde ento. O seu antecessor, o brasileiro Joo Havelange, presidente de 1974 a 1998, foi forado a demitir-se de presidente honorrio em 2013, acusado de corrupo.

    Sepp Blatter um gnio, ironiza Simon Kuper no Financial Times. Tem uma aguda noo da geopoltica. Joga com as rivalidades das potncias ou regies e controla uma inesgotvel reserva de votos. Se a Europa o centro do planeta futebol, isso pouco incomoda Blatter. Uma coisa estar no centro, outra ter o poder.

    Roger Pielke, especialista americano em Ambiente, resume assim a moral da histria: Se no pudermos reformar a FIFA, meu Deus, como poderemos lidar com a proliferao nuclear, com as emisses de carbono ou com o comrcio [mundial]?

    Os intocveis de Zurique

    ComentrioJorge Almeida Fernandes

  • 4 | DESTAQUE | PBLICO, QUI 28 MAI 2015

    FUTEBOL

    O site oficial da FIFA diz que, no nal do ano scal de 2014, o organismo que tutela o futebol mundial ti-nha uma reserva nanceira de 1500 milhes de dla-

    res. Talvez aqui esteja a principal explicao para que Sepp Blatter tenha sobrevivido a dcadas de escndalos e polmicas. A FIFA uma mquina de fazer dinheiro e Blatter vai mantendo os apoian-tes felizes. No com sorrisos, mas com a redistribuio dos lucros pe-las federaes de pases futebolis-ticamente menos desenvolvidos.

    Quando Sepp Blatter chegou presidncia da FIFA em 1998, j por l andava h 23 anos, primei-ro como director tcnico (1975-1981), depois como secretrio-geral (1981-1998), sempre com o brasileiro Joo Havelange, o segun-do presidente da FIFA com mais anos no cargo (24), apenas atrs de Jules Rimet (33) Blatter, com 17 anos na cadeira, j o terceiro.

    Quarenta anos a mover in un-cias e a consolidar o poder torna-ram-no quase intocvel, apesar das denncias, e a ponto de se candidatar a mais um mandato, embora tenha dito que no o faria.

    As primeiras eleies para a pre-sidncia da FIFA a que concorreu, em 1998, j do uma ideia de como o suo se consolidou no organismo. Frente ao sueco Lennart Johansson, ento presidente da UEFA, Blatter ganhou na primeira ronda (111-80) e o sueco concedeu a vitria ao su-o, apesar da suspeita de compra de votos. As eleies de 2002 foram ainda mais fceis para Blatter, com um esmagador 139-56 frente ao ca-marons Issa Hayatou (que depois se aliou a Blatter e que tambm foi, em 2011, envolvido em alegaes de

    compra de votos na atribuio do Mundial 2022 ao Qatar). Em 2007 e 2011, Blatter foi o nico a ir a vo-tos, e, em 2011, bene ciou da de-sistncia do qatari Bin Hamman, tambm envolvido em acusaes de corrupo.

    Blatter tem a oposio declarada da UEFA, mas no foi na Europa que consolidou o poder. Como escreve a prpria revista da FIFA, Blatter via-jou bem mais que os seus anteces-sores, visitando a Samoa, as Ilhas Cook, o Nepal, o Djibuti, Monser-rat e Dominica, naes com pou-ca expresso no futebol, mas que, em congresso, tm um voto, como os outros. entrada para mais um congresso eleitoral, Blatter ter o apoio da Confederao Africana e de boa parte dos pases asiticos, para alm de contar com a maioria ou totalidade dos votos na Ocenia, Amrica do Sul e Concacaf (Am-rica do Norte, Central e Carabas).

    Claro que a FIFA cresceu com Blatter. Quando entrou na FIFA, os seus membros eram 144. Em 2015, so 209. Em 1975, Blatter foi contra-tado ao fabricante de relgios Longi-nes e tornou-se no 12. funcionrio do organismo. Vinte anos depois, a FIFA emprega 425 pessoas. E ga-nhou a sua sede em Zurique de 196 milhes de dlares. Com as receitas televisivas e os patrocnios, a FIFA pode dar-se a estes luxos.

    Blatter, tantas vezes apontado como responsvel pela degrada-o da imagem da FIFA, tem con-seguindo evitar um envolvimento directo em todas as investigaes, custa de promessas de reformas e de ajudar em tudo o que for preciso. Como Walter de Gregorio, o porta-voz da FIFA, declarou, Blatter no est directamente envolvido nesta investigao, mas tambm no est a danar no seu gabinete. pou-co provvel que ele prprio tenha recebido subornos para o que quer que fosse. H um ano, Owen Gib-son escrevia no Guardian que Blat-ter com um salrio livre de impostos que em 2011 seria de um milho de dlares, mais bnus e subsdios, no precisava de encher os bolsos com subornos. Mais do que isto, ele totalmente viciado no estatuto que a sua posio lhe d.

    Blatter, o monarca absoluto da Fifalndia

    Marco Vaza

    Falta transparncia,sobram suspeitas

    Que a FIFA no propriamen-te um paradigma de trans-parncia j se sabe. E as suspeitas de corrupo que motivaram a acusao de 14 pessoas, entre as quais sete

    altos responsveis da FIFA que foram detidos em Zurique, esto longe de serem caso isolado. Os 17 anos de presidncia de Joseph Blatter foram frteis em episdios controversos. As polmicas comearam logo em 1998, quando foi eleito para suceder a Joo Havelange: houve denncias de subornos e compra de votos pa-ra garantir a vitria sobre Lennart Johansson. A FIFA no vai investigar, porque demasiadas pessoas impli-cadas neste esquema de corrupo que dura h 25 anos ainda esto em posies de poder, dizia em 1999 o britnico David Yallop, autor de How They Stole The Game, livro sem traduo portuguesa em que expe os meandros do poder na FIFA.

    Foi um incio conturbado, a dar o mote para o que se seguiria. Com Blatter, a FIFA esteve sempre imer-sa em casos pouco claros. A agncia AFP seleccionou os principais es-cndalos dos 17 anos de presidncia, comeando pelos casos Mastercard e ISL: no nal de 2006, o ento di-rector de marketing da FIFA, Jrme Valcke, foi destitudo por negociar um contrato com a Visa, violando um acordo que dava preferncia Mastercard. A FIFA seria multada, mas seis meses mais tarde Valcke estava de regresso foi nomeado secretrio-geral do organismo que tutela o futebol mundial, cargo que ainda ocupa.

    O caso ISL, que era a sociedade atravs da qual a FIFA geria os direi-tos de transmisso e marketing do Campeonato do Mundo at sua falncia, em 2001, est relacionado

    com subornos que teriam sido pagos a Havelange e Ricardo Teixeira, ento presidente da federao brasileira, na negociao de contratos exclusi-vos de direitos televisivos. Mas o caso seria encerrado devido a lacunas na legislao e todos foram ilibados.

    Dessa vez no aconteceu, mas em 2012 rolaram mesmo cabeas. No ca-so, a de Mohamed Bin Hammam, que era lder da confederao asitica e pretendia concorrer contra Blatter nas eleies de 2011. O empresrio do Qatar seria alvo de um procedimen-to do comit de tica da FIFA, assim como o presidente da confederao da Amrica do Norte, Central e Ca-rabas, Jack Warner, e ambos foram suspensos. Bin Hammam retirar-se-ia da corrida presidencial e seria depois afastado de actividades relacionadas com o futebol. J Warner optou por se demitir luz das acusaes de utilizao da sua posio para obter lucros pessoais.

    Mas o caso mais emblemtico do reinado de Blatter na FIFA o processo de atribuio dos Mun-diais 2018 e 2022 Rssia e Qatar, respectivamente, em Novembro de 2010. A deciso foi controversa e as acusaes de compra de votos no se zeram esperar. Dois elementos do comit executivo da FIFA, o tai-tiano Reynald Temarii e o nigeriano Amos Adamu, seriam suspensos por violar o cdigo de tica por suspeitas de corrupo.

    Tiago PimentelSTR/AFP

    Gesto polmica de Blatter atribuiu Mundial de 2022 ao Qatar

    O processo de atribuio dos Mun-diais levou abertura de um inqu-rito pelo comit de tica da FIFA, li-derado pelo ex-procurador de Nova Iorque Michael Garcia. Este respons-vel pugnaria pela publicao integral do relatrio produzido pelo comit, mas sem sucesso e acabaria por se demitir em Dezembro de 2014, em protesto, denunciando presses de Blatter e de responsveis do comit executivo da FIFA contra a publica-o integral do relatrio. Blatter di-ria, dias depois, que o relatrio Gar-cia seria publicado no futuro, mas de uma forma apropriada.

    A aco ontem levada a cabo pelas autoridades suas esteve, em parte, relacionada com este caso: o Minist-rio Pblico apreendeu documentos na sede da FIFA no enquadramento de suspeitas de branqueamento de capitais e gesto danosa.

    O mais recente captulo da odisseia Blatter na FIFA escreveu-se nos EUA, com o Departamento de Justia a en-trar em cena, com acusaes para 14 actuais ou antigos dirigentes do organismo internacional, dos quais sete foram detidos em Zurique. Se-gundo as autoridades helvticas, estes sete elementos so suspeitos de terem vindo a receber subornos desde a dcada 1990, relacionados com atribuio de Mundiais, direitos de marketing e televiso, mas tam-bm fraude electrnica, extorso e lavagem de dinheiro.

    Os 17 anos que Blatter leva na presidncia da FIFA tm sido frteis em casos polmicos. O ciclo de suspeio remonta a 1998

    Joseph Blatter entrou para a FIFA em 1975: foi director-tcnico e secretrio-geral antes de assumir a presidncia

  • Apoio s micro e pequenas empresas

    novobanco.pt/empresas

    O NOVO BANCO no est no Turismo para fazer turismo. Est para fazer mais por quem quer fazer mais. Para isso, conta com uma equipa que conhece o setor e os melhores instrumentos para o apoiar. Esse conhecimento e essa experincia so determinantes, por exemplo, nas candidaturas ao Compete 2020 e linha de crdito de Apoio Qualicao da Oferta. Se est ou quer estar no Turismo, fale connosco e conhea estas e outras solues que fazem do NOVO BANCO uma referncia no apoio s micro e pequenas empresas, ou seja, no apoio a quem faz.

  • 6 | PORTUGAL | PBLICO, QUI 28 MAI 2015

    Scrates regressa cadeia depois de interrogado por procurador

    O ex-governante foi levado para Lisboa e voltou a ser interrogado durante vrias horas pelo procurador Rosrio Teixeira. Novos factos justifi caram o interrogatrio a poucos dias de ser revista a priso preventiva

    ENRIC VIVES-RUBIO

    Scrates foi interrogado durante vrias horas e saiu j pelas 18h40 do DCIAP numa carrinha dos servios prisionais a caminho de vora

    O ex-primeiro-ministro Jos Scrates voltou a ser interrogado na tarde de ontem por Rosrio Teixeira, o pro-curador titular do inqurito. Neste interrogatrio, Scrates foi confron-tado com novos factos descobertos no mbito da investigao. Alis, a Procuradoria-Geral da Repblica (PGR), que con rmou tambm que o ex-chefe de Governo foi ouvido no mbito da denominada Operao Marqus, garantiu que a dilign-cia tem [teve] como objectivo prin-cipal ouvir o arguido sobre factos entretanto apurados no decurso do inqurito.

    Scrates foi interrogado durante mais de quatro horas e saiu j pelas 18h40 numa carrinha dos servios pri-sionais de regresso cadeia de vora.

    mente num em que pediu a nulidade de todos os actos praticados no in-qurito a partir de 31 de Maio deste ano, entre eles escutas telefnicas, buscas e a prpria deteno. H trs meses, porm, durante o ltimo ree-xame da medida de coaco, tal no aconteceu.

    Advogados no falamO PBLICO tentou ontem contactar, sem sucesso, os dois advogados de Jos Scrates.

    O antigo governante actualmente o nico arguido neste processo que continua preso. O empresrio Carlos Santos Silva, amigo do ex-primeiro-ministro e tambm arguido no mes-mo caso, regressou ao nal da tarde de anteontem a casa, em Lisboa, on-de car vigiado com pulseira elec-trnica enquanto decorre o inquri-to. O empresrio esteve seis meses em priso preventiva at que o juiz

    Carlos Alexandre despachou favo-ravelmente a atenuao da medida de coaco.

    Ainda na sexta-feira passada o Conselho Superior da Magistratura (CSM) garantia que a alterao da medida de coaco de Scrates ain-da no se tinha veri cado. A ltima reviso teve lugar em 9 de Maro, pelo que ainda no decorreu o prazo legal para nova reviso, referiu o CSM. Tambm um dos advogados de Scrates, Pedro Delille, garan-tiu anteontem que a defesa no foi noti cada de qualquer mudana na medida de coaco, pelo que o ex-governante se mantm em priso preventiva.

    Carlos Santos Silva, que na tese do MP ser testa-de-ferro de Scra-tes, foi detido a 20 de Novembro, na vspera da deteno do ex-primei-ro-ministro. Ambos caram presos preventivamente a partir de 24 de Novembro, por suspeitas de fraude scal quali cada, branqueamento de capitais e corrupo.

    A defesa de Scrates, adiantou anteontem Pedro Delille, entregou esta segunda-feira com um recurso no Tribunal Constitucional no qual contesta a deciso da Relao de Lis-boa que, em Maro passado, con r-mou a priso preventiva de Scrates, comprovando a existncia de ind-cios su cientes dos crimes e tambm o risco de perturbao da recolha e conservao da prova.

    Os restantes seis arguidos no pro-cesso esto com medidas de coac-o mais leves do que a aplicada a Scrates. O ex-motorista de Scrates Joo Perna, que esteve inicialmente na cadeia, foi libertado em Feverei-ro aps o juiz ter considerado que j no estava em causa os perigos de fuga e de continuao da actividade criminosa.

    Igualmente o administrador do Grupo Lena Joaquim Barroca Rodri-gues, suspeito de ser um dos princi-pais corruptores do ex-primeiro-mi-nistro Jos Scrates, deixou no ms passado o Hospital-Priso de Caxias e regressou a casa, onde aguardar o desenvolvimento do processo em priso domiciliria.

    Entre os restantes arguidos esto o advogado Gonalo Ferreira, o ad-ministrador da Octapharma Paulo Lalanda Castro e Antnio Morais, ex-professor de Scrates. com Ana Henriques

    Operao MarqusPedro Sales Dias

    sada, os advogados de Scrates, Joo Arajo e Pedro Delille, no pres-taram declaraes aos jornalistas. In-diciado por fraude scal quali cada, corrupo e branqueamento de capi-tais, o ex-governante ter chegado ao Departamento Central de Investiga-o e Aco Penal, em Lisboa, pelas 14h30, hora para que estava marcado o interrogatrio, depois de ter sa-do da cadeia de vora, levado numa carrinha dos servios prisionais. O pedido do Ministrio Pblico para transportar o ex-governante ter che-gado cadeia de vora na manh de ontem de surpresa e sem adiantar pormenores acerca do objectivo da inquirio.

    O novo interrogatrio a Jos S-crates ocorre numa altura em que obrigatria a reviso da medida de coaco a que est sujeito. O ex-pri-meiro-ministro est em priso pre-ventiva h mais de seis meses. Aps

    este interrogatrio, o procurador Ro-srio Teixeira dever pronunciar-se quanto medida de coaco que jul-ga mais adequada, propondo a con-tinuao da priso preventiva ou a mudana para outra medida menos gravosa. Certo que o regresso de S-crates cadeia ontem era j previsto no pedido de transporte.

    Caber depois ao juiz Carlos Ale-xandre a deciso sobre a manuteno da priso preventiva, tendo at 9 de Junho para o fazer. Porm, Joo Ara-jo, advogado de Scrates, expressou sexta-feira um entendimento dife-rente do juiz, insistindo que o prazo para rever a medida de coaco do ex-primeiro-ministro terminava este domingo, 24 de Maio.

    Desde Dezembro de 2014 que a defesa pedia que Scrates fosse no-vamente ouvido para esclarecer as imputaes que lhe so feitas. F-lo em vrios requerimentos, nomeada-

  • PBLICO, QUI 28 MAI 2015 | PORTUGAL | 7

    Mais de 1200 mulheres vtimas de violncia domstica foram atendi-das pelo Instituto de Emprego e For-mao Pro ssional em sistema de atendimento prioritrio e reserva-do, desde que a medida entrou em vigor, anunciou ontem a secretria de Estado da Igualdade.

    A falar perante os deputados, no decorrer da reunio plenria onde foram apresentados uma propos-ta de lei do Governo e dois projec-tos de lei do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista (PCP) sobre violncia domstica, Teresa Morais apontou que uma das alteraes le-gislativas que o Governo prope o da legislao passar a prever este atendimento reservado e prioritrio por parte do Instituto de Emprego e Formao Pro ssional (IEFP).

    Desde que esta medida est em curso, ela j ajudou 1243 vtimas e todas estas mulheres tiveram nos 84 pontos focais do pas do IEFP aten-dimento prioritrio e reservado, adiantou a secretria de Estado.

    Por outro lado, relativamente ao projecto, iniciado neste ano, A Es-cola vai Casa Abrigo, Teresa Mo-rais disse que est em marcha, em projecto-piloto, em 14 casas abrigos, com a ajuda de 21 docentes, e que envolve j 82 mulheres vtimas de violncia domstica.

    Relativamente proposta de lei do Governo, a secretria de Estado

    Instituto de Emprego j atendeu mais de 1200 mulheres vtimas de violncia domstica

    justi cou-a com a necessidade de expurgar a lei de inutilidades, cla-ri car normas e trazer para o qua-dro legal novas realidades. A esse propsito, Teresa Morais adiantou que as propostas do Governo vo no sentido, entre outras, de trazer uma clari cao da rede pblica de apoio vtima, integrao na rede pblica da resposta de acolhimen-to de emergncia para vtimas de violncia domstica e a incluso na lei do atendimento prioritrio no IEFP ou no acesso a ofertas de emprego.

    Pelo PCP, a deputada Rita Rato adiantou que o projecto de lei comu-nista vai no sentido de, por exem-plo, clari car o signi cado de crime violento ou pedir um aumento do adiantamento de indemnizao que dado via Comisso de Proteco s Vtimas de Crimes.

    J o BE, por seu lado, pediu medi-das concretas no que diz respeito ao afastamento do agressor, pela voz da deputada Ceclia Honrio.

    Sobre essa matria a deputada so-cialista Elza Pais alertou mesmo que ou so encontradas solues para afastar o agressor em tempo til, ou as mulheres vo continuar a ser assassinadas, s mos daqueles com quem, em determinado momento, escolheram viver.

    As matrias apresentadas tiveram a concordncia de todas as bancadas, tendo mesmo a secretria de Estado, no m, agradecido o consenso em torno das propostas. Lusa

    Parlamento

    Vtimas vo passar a ter atendimento reservado e prioritrio por parte do Instituto de Emprego e Formao Profissional

    FERNANDO VELUDO / NFACTOS

    Ana Salto exerce as funes de inspectora na Polcia Judiciria do Porto

    A inspectora da Polcia Judiciria Ana Salto, acusada de matar a av do marido a tiro, em 2012, foi con-denada a 17 anos de priso pelo Tri-bunal de Relao de Coimbra, con- rmou ao PBLICO a advogada da inspectora, Mnica Quintela.

    A condenao surge oito meses depois de a inspectora ter sado do Tribunal de Coimbra absolvida pelos juzes da mesma acusao. A advogada adiantou ao PBLICO que vai recorrer da deciso para o Supre-mo Tribunal de Justia. A reviravolta no processo aconteceu depois de o Ministrio Pblico ter recorrido da absolvio em Setembro.

    Ana Salto tinha sido absolvida em primeira instncia face ausn-cia de provas de que tivesse sido ela a assassinar a mulher de 80 anos. Os juzes seguiram ento o princpio le-gal que manda, em caso de dvida, absolver o arguido. mnima a pro-babilidade de a arguida ter cometido os crimes nos termos da acusao, disse ento o presidente do colecti-

    Inspectora da PJ condenada a 17 anos de priso por ter matado a av do marido

    vo de juzes, ao terminar a leitura do acrdo, sugerindo que a equipa da Judiciria de Coimbra que conduziu a investigao cometeu alguns erros na obteno da prova.

    H aqui coisas que ainda hoje no esto esclarecidas [e para as quais] ainda hoje no temos res-posta, acrescentou o juiz, avisando Ana Salto de que teria de se apre-sentar ao servio na Polcia Judici-ria do Porto.

    Foi em Novembro de 2012 que a idosa foi atingida com 14 tiros num apartamento na zona de Ce-las, Coimbra. A ausncia de sinais de arrombamento zeram a PJ sus-peitar da famlia da vtima. Logo as autoridades consideraram tambm que na origem do crime tero es-tado razes de ordem econmica. O Departamento de Investigao e Aco Penal imputou inspectora os crimes de homicdio quali cado e peculato, este ltimo por causa do alegado roubo de uma pistola de uma colega de trabalho da suspeita para matar a octogenria.

    Casada com outro inspector da Polcia Judiciria, Ana Salto esta-va de baixa mdica quando ocorreu o crime, por ter sido operada havia pouco tempo. Alegou que os res-duos de plvora encontrados pelos colegas encarregados do caso nas mangas do seu casaco surgiram por a pea de roupa ter sido contamina-da por estes, por falta de cuidado no

    seu manuseamento.Nas alegaes nais, que se rea-

    lizaram a 16 de Julho, o Ministrio Pblico pediu a pena mxima de 25 anos por homicdio quali cado pa-ra a inspectora, por considerar que revelou premeditao e frieza de nimo. O procurador Jorge Leito acusou Ana Salto de ter cometido um crime hediondo.

    O crime levou morte de uma idosa que vivia sozinha, salientou ainda o magistrado, considerando que foram motivos econmicos que levaram a que a arguida cometesse o crime. O Ministrio Pblico pediu ainda que Ana Salto fosse proibida de voltar a exercer a funo de ins-pectora da PJ.

    Tambm o advogado do lho da vtima, Castanheira Neves, subli-nhou ento factos que considerou bvios, como indcios contra a ins-pectora, entre eles, o telemvel da inspectora da PJ ter estado desligado durante a tarde em que ocorreu o crime, esta ter ido buscar a lha ao infantrio mais tarde, ter usado o di-reito de no prestar declaraes no primeiro interrogatrio e a queima-dura na mo ser compatvel com disparos repetidos num momento de tenso.

    Durante o processo, Ana Salto declarou-se inocente, a rmando que os resduos de disparo de arma encontrados no seu casaco surgiram por contaminao.

    JustiaPedro Sales DiasAna Salto tinha sido absolvida h poucos meses na primeira instncia, que considerou que no existiam provas suficientes

    NUNO FERREIRA SANTOS

    84 postos do IEFP j atenderam 1243 vtimas de violncia domstica

    Projecto-piloto em 14 casas-abrigo e envolve 82 mulheres

  • 8 | PORTUGAL | PBLICO, QUI 28 MAI 2015

    Hospital de Santa Maria investigado por cunhas e suspeitas de corrupo

    O Hospital de Santa Maria (Lisboa), um dos trs maiores do pas, foi on-tem abalado pela divulgao de um estudo que conclui que esta unidade onde trabalham quase sete mil pes-soas estar sob a in uncia de uma teia de lealdades a partidos polti-cos, a lojas manicas e a organiza-es catlicas e onde sero comuns actos de pequena corrupo, como trocas de favores. A Inspeco-Ge-ral das Actividades em Sade (IGAS) abriu um processo de averiguaes e a organizao catlica Opus Dei apressou-se a desmentir tal conclu-so, sublinhando que no foi sequer contactada pelos investigadores. O Centro Hospitalar de Lisboa Norte (a que pertence o Hospital de Santa Maria) recusou-se a comentar um estudo que desconhece.

    A averiguao da IGAS vai ser inte-grada numa investigao que a ins-peco j tem em curso e que foi aberta a pedido do ministro da Sa-de, na sequncia de denncias de alegada corrupo feitas pelo ante-rior director clnico do hospital, Mi-guel Oliveira e Silva. No estou sur-preendido com as concluses deste estudo, diz ao PBLICO o mdico, que em 13 de Fevereiro abandonou o cargo, depois de ter denunciado, junto do conselho de administrao do hospital, que havia material pa-ra doenas cardiovasculares, como prteses, e material ortopdico que estaria a ser adquirido sem cader-no de encargos.

    Miguel Oliveira e Silva a rma que, alm disso, entregou em mos IGAS e ao Tribunal de Contas um dossier sobre as obras da consulta de cardiologia que deveriam ter aca-bado em Agosto e se foram prolon-gando no tempo, descontrolando o oramento inicial. At hoje, porm, ainda ningum me ouviu, lamen-ta o mdico, que foi presidente do Conselho Nacional de tica para as Cincias da Vida e permaneceu poucos meses no cargo de director clnico.

    Oliveira e Silva recorda ainda que

    foram os directores de vrios ser-vios, nomeadamente de cirurgia vascular e cardiotorcica, que pedi-ram a realizao de um inqurito administrao do hospital por causa do material que estaria a ser com-prado sem caderno de encargos. A informao do departamento de compras foi a de que no havia caderno de encargos e at hoje no foi desmentida, sublinha.

    Estudo apresentado hojeAs concluses do estudo que hoje vai ser apresentado em Lisboa so de natureza diversa. O Hospital de Santa Maria uma das seis institui-es avaliadas no estudo Valores, qualidade institucional e desenvolvi-mento em Portugal, que patrocina-do pela Fundao Francisco Manuel dos Santos. As outras organizaes (ver texto ao lado) so a EDP, os CTT, a Euronext Lisboa (Bolsa de Valores), a Autoridade Tributria e a ASAE (Autoridade de Segurana Alimentar e Econmica) e a classi- cao foi efectuada considerando factores internos (grau de merito-cracia, imunidade corrupo e ilhas de poder) e externos (pro-actividade, abertura tecnolgica e aliados).

    Foi justamente nas trs primei-ros que o Santa Maria recebeu no-ta negativa. Os investigadores (da Universidade Nova de Lisboa e da Universidade de Princeton) frisam no relatrio que a situao mais problemtica que encontraram foi a deste hospital, onde a merito-cracia estar mais comprometida por uma combinao de factores.

    Na parte referente ao Santa Maria e que da responsabilidade da so-ciloga Snia Pires a rma-se que no Santa Maria so prtica comum actos de pequena corrupo como a troca de favores. Exemplos? Fazer passar frente nas listas de espera amigos e familiares ou um mdico canalizar doentes que tm de fazer anlises para laboratrios privados dos quais scio. So a rmaes atribudas a dirigentes e funcion-rios do hospital que responderam a um inqurito e foram entrevistados entre 2012 e 2013 . Responderam 29.

    mento e veri cavam-se roubos regulares, por parte de mdicos e de outro pessoal, que se serviam a seu bel-prazer dos armazns do hos-pital para fornecer as suas clnicas privadas.

    As condies deterioraram-se ao ponto de ter chegado a ser equacio-nado o encerramento do hospital. S a enrgica interveno do mi-nistro da Sade, que nomeou um novo conselho de administrao e um novo administrador carismtico salvou [a instituio], l-se no do-cumento. O administrador e a sua famlia receberam mesmo repetidas ameaas de morte e tiveram de ter segurana durante algum tempo. A anlise refere-se ao mdico Adal-berto Campos Fernandes, que foi presidente do conselho de admi-nistrao do Santa Maria at 2009 e que, contactado pelo PBLICO, se recusou a fazer qualquer tipo de comentrio.

    A partir de 2005, as condies

    melhoraram, apesar de continu-arem a ser prtica comum os re-feridos actos menores de corrup-o, como a troca de favores, di-zem ainda os investigadores. Apesar das melhorias, sustentam, a unida-de continua atravessada por fortes con itos de interesse e casos que, nas zonas cinzentas ou silencia-das, se podem con gurar como corrupo.

    Mas a anlise incide igualmente sobre outros problemas que o Santa Maria enfrentou e ainda enfrenta, devido aos cortes oramentais bru-tais veri cados dos ltimos anos. O Santa Maria foi abandonado sua sorte e est suboramentado para fazer face aos elevados custos que tem, por ser um hospital de m de linha e receber os doentes mais graves. Ao mesmo tempo, as rela-es com os seus aliados naturais, como os ministrios da Sade e o das Finanas, deterioraram-se nos ltimos anos, num perodo de su-

    A averiguao da IGAS ao Hospital de Santa Maria vai ser integrada numa investigao aberta a pedido do min

    Ex-director clnico do hospital que fez denncias de alegada corrupo em Fevereiro diz que ainda no foi ouvido pela Inspeco das Actividades em Sade, nem pelo Tribunal de Contas

    Investigao Alexandra Campos

    A taxa de resposta foi aos mais de 200 inquritos foi de 17%, pelo que as concluses devero ser lidas com cautela. O facto que nenhum dos inquiridos disse acreditar na ausn-cia de corrupo no hospital, segun-do os investigadores.

    Imagem chamuscadaA imagem do hospital sai assim mui-to chamuscada no retrato traado nesta anlise, em que se a rma que os interesses pblicos e privados de grupos poderosos, nomeadamen-te na classe mdica e nas direces de servios, chegam a condicionar o funcionamento da unidade. TSF Snia Pires sublinhou, porm, que o que se passa no Santa Maria no um caso isolado e dever veri car-se noutros hospitais do pas.

    Alm disso, os investigadores su-blinham que a situao era pior h uma dcada, quando estava fora de controlo. No havia, por exemplo, registos de utilizao do equipa-

  • PBLICO, QUI 28 MAI 2015 | PORTUGAL | 9

    Paulo Macedo retomou a ideia da figura do enfermeiro-famlia

    O ministro da Sade, Paulo Macedo, a rmou ontem que devero abrir este ano 20 unidades de sade fa-miliar (USF), havendo 38 candida-turas pendentes. Trata-se de um modelo organizativo de centros de sade que provou prestar cuidados de sade de maior qualidade, mas que apenas cobre cerca de metade da populao portuguesa. O gover-nante respondia aos jornalistas no nal da apresentao do relatrio da OCDE sobre o sistema de sade portugus, em que este foi um dos problemas apontados.

    O Ministrio da Sade pediu OC-DE (Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico) uma anlise do sistema de sade portu-gus. Na avaliao do governante, o retrato diz que a Sade conseguiu responder crise, mas uma das re-comendaes foi a de que o sistema deveria diminuir a disparidade de cuidados entre centros de sade, uma vez que nos restantes centros de sade no foram introduzidas mudanas organizativas. As USF prevem, por exemplo, incentivos nanceiros para os seus pro ssio-nais e sistemas de intersubstituio de mdicos.

    Nos primeiros quatro meses do ano abriu apenas uma USF em to-do o pas.

    No balano mais recente, havia 409 USF em funcionamento, cobrin-

    do cerca de 4,9 milhes de portu-gueses. Paulo Macedo respondeu aos jornalistas que h 38 candidatu-ras, mas que algumas esperam que os mdicos de famlia que as pro-pem terminem a sua formao ou que sejam concludas obras. At ao nal do ano, conta abrir cerca de 20 que esto previstas no Oramento. Mas cou por responder a questo do que far a seguir para expandir ou no o modelo.

    A chefe da Diviso de Sade da OCDE, Francesca Colombo, fez no-tar que cerca de 40% das idas s urgncias hospitalares em Portugal podiam ser tratadas nos centros de sade.

    Outra das recomendaes que o relatrio faz a necessidade de au-mentar o nmero de enfermeiros, que continua muito abaixo da mdia da OCDE. O rcio enfermeiro-mdi-co era de 1,5 em Portugal contra 2,8 na mdia dos pases da organizao em 2012.

    A essa crtica Paulo Macedo res-pondeu que est a ser testado o mo-delo da gura do enfermeiro de famlia com projectos-piloto que esto no terreno, para avaliar os benefcios e custos e perceber se o modelo poder ser alargado.

    Esta gura foi legalmente criada no ano passado e da sua carteira de servios fazem parte, por exem-plo, a vigilncia, educao e promo-o da sade, a deteco precoce de doenas no transmissveis, os programas de gesto do risco e de gesto da doena crnica.

    O secretrio de Estado adjunto da Sade, Fernando Leal da Costa, informou que vai haver uma nova Estratgia Nacional para a Qualida-de na Sade com aplicao de 2015 a 2020.

    DANIEL ROCHA

    SadeCatarina GomesApresentao do relatrio da OCDE sobre a qualidade dos cuidados de sade portugueses

    Ministro promete mais 20 unidadesde sade familiar ainda este ano

    nistro da Sade

    DANIEL ROCHA

    cessivos cortes nanceiros, e pas-saram a ser de confronto. Hoje, o hospital uma instituio rf, concluem os investigadores.

    Os cortes afectaram tambm a re-novao tecnolgica, mas o Santa Maria continuou a investir na mo-dernizao. Entre 2009 e 2011, no meio da crise econmica, investiu 27,2 milhes de euros em obras, 29 milhes de euros em equipamento mdico e nove milhes de euros em equipamento informtico, enume-ram.

    A organizao Opus Dei reagiu s acusaes em comunicado, su-blinhando que Snia Pires no con-tactou com a sua prelatura para realizar este trabalho e pede inves-tigadora que, caso tenha proferido as palavras que lhe so atribudas, retire a sua a rmao. A organiza-o pede ainda s autoridades com-petentes que realize uma investiga-o sobre as suspeitas levantadas. com Lusa

    65,2Entre 2009 e 2011, hospital investiu 27,2 milhes de euros em obras, 38 milhes de euros em equipamento mdico e informtico

    Mais austeridade, menos meritocracia

    Sector pblico demonstra dificuldades no que toca a avaliar e recompensar os funcionrios

    A Bolsa de Lisboa, a Autoridade de Segurana Alimentar e Econmica (ASAE), a Autoridade

    Tributria, a EDP, os CTT e o Hospital de Santa Maria foram as entidades analisadas ao longo de um ano (entre 2012 e 2013). E os investigadores chegaram a uma concluso: a meritocracia em Portugal quase inexistente. Tambm muito devido a cortes no sector pblico que dificultam a existncia de novas contrataes e promoes internas. As instituies do sector privado (EDP e Bolsa de Lisboa) so as que surgem mais bem classificadas. O relatrio, intitulado Valores, qualidade institucional e desenvolvimento em Portugal, refere que o facto de duas organizaes privadas estarem mais bem classificadas em termos determinantes de qualidade institucional pode proporcionar algum suporte para aqueles que defendem totais privatizaes. Uma explicao para isso o facto de as organizaes privadas em causa serem precisamente as duas organizaes mais sujeitas a monitorizaes externas e regulao internacional, diz o relatrio. A EDP a que globalmente apresenta os melhores resultados. E revelou ter uma grande capacidade de influncia poltica e econmica junto do Governo nacional e de outras instituies.

    A Bolsa de LisboaNo caso da Bolsa de Lisboa, apesar de bem classificada, o caso diferente. A Bolsa acaba, no fundo, por ser o concorrente da banca e, como tal, no vista com bons olhos pela mesma, explica o investigador. As empresas em geral tm uma grande necessidade de apoio por parte da banca e a necessidade de financiamento gera uma srie de interesses entre empresas, bancos e empresrios. Com dimenso reduzida, as empresas acabam por dar preferncia banca,

    j que tm muita dificuldade em suportar os custos de estar cotadas.

    ASAE e os riscos da nova estratgiaA ASAE revelou uma tentativa de mudana no seu percurso. Este rgo, que responsvel pela fiscalizao de cerca de 900 mil empresas, est a adoptar uma nova orientao estratgica. Segundo o investigador Mrio Contumlias, responsvel por esta anlise, no se sabe se esta nova orientao estratgica, associada ao novo perfil do seu dirigente mximo, ser capaz de manter a organizao como uma ferramenta de desenvolvimento do pas, disciplinadora dos mercados sob a sua alada.

    Fisco com tratamento desigual J na Autoridade Tributria sobressai a presso fiscal desigual sobre os contribuintes. O pequeno contribuinte , para Ana Maria Evans, tratado como um nmero, todos os processos a que tem de aceder so automatizados, tornando difcil a descoberta e a correco em caso de erro; o mesmo no acontece a grandes contribuintes, ou , para estes, mais fcil combat-lo.

    CTT e a dvida da privatizaoNo que toca ao sistema postal, os CTT so ainda uma grande dvida pelo curso da sua privatizao. Apesar de contrariar o contexto da crise econmica e, ao contrrio do que acontece noutros pases, ter conseguido arrecadar lucro, os resultados da privatizao podem ainda ter um rumo diferente. O risco semelhante ao que foi enfrentado pelo sistema postal da Argentina e do Chile, avisam os investigadores, que lembram que as tentativas de privatizao em ambos os pases originaram maus resultados, acabando por ter de voltar ao controlo do Estado.

  • 10 | PORTUGAL | PBLICO, QUI 28 MAI 2015

    Oposio diz que Governo quer cortar penses, ministra quer consenso

    Depois de ter sido a prpria minis-tra das Finanas a criar a polmica em torno dos cortes das penses em pagamento, Maria Lus Albuquerque deu ontem a cara no debate de actua-lidade pedido pelo PS sobre ameaa de corte de penses pelo Governo. Acompanhada apenas por membros do Governo do PSD e sem nenhum do CDS , a ministra a rmou, vezes sem conta, que no h nenhuma me-dida desenhada para reduzir despesa com os pensionistas e que preciso um consenso com o PS. Os socialis-tas rejeitam qualquer entendimento com a maioria.

    Assim que ligou o microfone, a ministra esclareceu: Nem eu nem qualquer membro do Governo disse que era preciso cortar penses. H um problema de sustentabilidade da Segurana Social. A reaco da oposio veio em forma de gargalha-das. A governante lamentou que o PS gaste o tempo a acusar o Governo de coisas que no so verdadeiras e que s esteja disponvel para se sen-tar mesa depois das eleies para resolver o problema. E acusou o PS de abrir um buraco de 12,4 mil mi-lhes de euros na Segurana Social com a reduo da Taxa Social nica (TSU), proposta a que acresce os 1,4 mil milhes de euros a afectar rea-bilitao urbana.

    Da bancada do PCP e do BE a per-gunta foi repetida. A nal, onde o corte?, questionou a bloquista Mariana Aiveca. No h nenhuma deciso, nem desenho. No vale a pe-na agitar o papo, respondeu Ado Silva (PSD), acusando o PS de em-purrar com a barriga at Setembro/Outubro. preciso que haja cora-gem e no exerccio de oportunismo poltico porque esto a as eleies, atirou. O socialista Vieira da Silva ha-veria de responder ao PSD, j depois de Ceclia Meireles, do CDS, dizer pre-to no branco: No h proposta rigo-rosamente nenhuma a ser discutida em cima da mesa. A deputada deu eco s declaraes do ministro da Se-gurana Social, Mota Soares (CDS),

    na segunda-feira, quando tentou pr gua na fervura nas declaraes da ministra no m-de-semana, quando disse que a opo pode passar por alguma reduo mesmo nos actuais pensionistas para garantir a susten-tabilidade do sistema.

    Vieira da Silva no deixou passar em claro o esclarecimento da depu-tada centrista. A declarao da minis-tra teve o mrito de pr no mesmo lado PSD e CDS. certo que no foi su ciente para que se sentassem la-do a lado na bancada do Governo, observou, contrariando logo de se-guida a argumentao da maioria de que no existe nenhuma proposta em cima da mesa. O ex-ministro da Segurana Social lembrou o Plano de Estabilidade, apresentado pelo Go-verno em Bruxelas, que prev uma reduo de 600 milhes de euros. E agora diz que o PS est a ameaar os pensionistas? No, quem ameaou foi a senhora ministra, a rmou.

    Joo Oliveira (PCP) considerou que o que est previsto no Plano de Estabilidade o pretexto que o Governo quer usar para reduzir a proteco das pessoas. Os senho-res no tm interesse em assegurar a sustentabilidade para a Seguran-a Social. Uns e outros querem que tudo seja como antes, disse, num recado tambm dirigido ao PS e proposta de reduo da TSU. A mi-nistra argumentou que o Plano de Estabilidade apresenta uma estrat-gia para o crescimento da economia e estratgia de emprego, mas que no basta desejar.

    Na concluso do debate, Vieira da Silva resumiu o que considerou ser a proposta da maioria para os prximos anos. Consiste numa de duas coisas: cortes nas penses ou aumentos da carga scal ou contribu-tiva. Estaremos sempre disponveis para o debate, mas agora entre as foras polticas e os partidos, disse, desa ando os partidos da maioria a escrever as propostas no papel. Ceclia Meireles ainda gastou os l-timos segundos do seu tempo e foi interrompida pelo PS, que pergunta-va pelo CDS no debate. O CDS est aqui, respondeu. E o ministro, est onde?, retorquiram.

    Maria Lus insistiu no problema de sustentabilidade da Segurana Social

    Maria Lus Albuquerque negou ter dito ser necessrio cortar nas penses em pagamento. Ministro do CDS ausente do debate parlamentar sobre Segurana Social pedido pelo PS

    Parlamento Sofia Rodrigues

    PCP defende que grandes empresas contribuam mais para a Segurana

    Os comunistas propem uma contribuio complementar para as empresas qu

    O PCP apresentou ontem na Assembleia da Repblica uma proposta que pretende encontrar novas fontes de financiamento da Segurana Social e uma das ideias passa por aumentar as contribuies das grandes empresas, a partir de determinado valor de lucros, deixando de fora as pequenas e mdias empresas.

    A ideia j tinha sido avanada pelo secretrio-geral do PCP, Jernimo de Sousa, na apresentao dos principais eixos do programa eleitoral, mas agora apresentada com mais pormenor. Em traos gerais, o que se prope a

    introduo de uma contribuio complementar para as empresas que tm mais lucros, mas que contribuem pouco para a Segurana Social, tendo em conta a riqueza reflectida no Valor Acrescentado Lquido (VAL). O PCP quer manter o actual sistema contributivo com base na Taxa Social nica (TSU) sobre as remuneraes, a par com uma taxa de 10,5% sobre o VAL de cada empresa contribuinte, que calculado a partir da declarao anual de rendimentos em IRC.

    O produto desta taxa sobre o VAL ser comparado com o somatrio dos valores pagos

    mensalmente pela entidade empregadora, ou seja, com base nas remuneraes pagas. Se o valor obtido com base em 10,5% do VAL for superior s contribuies pagas relativamente s remuneraes dos trabalhadores, a empresa pagar a diferena Segurana Social. O regime proposto s aplicvel s empresas que tenham apresentado um volume de lucros superior a meio milho de euros, o que deixa de fora as pequenas e mdias empresas.

    Criticando PSD, CDS e PS, os comunistas defendem que esta proposta, inserida num conjunto de outras dirigidas obteno

  • PBLICO, QUI 28 MAI 2015 | PORTUGAL | 11

    DANIEL ROCHA

    O ministro dos Negcios Estrangeiros alemo admitiu ontem, em Lisboa, novos investimentos do seu pas em Portugal. Frank-Walter Steinmeier fa-lava numa conferncia de imprensa no Palcio das Necessidades aps um almoo de trabalho com o seu hom-logo Rui Machete. Para que novas empresas alems possam investir em Portugal necessria a troca de opi-nies com as que j aqui investiram e as que, na Alemanha, ainda no se atreveram nesse caminho, disse o ministro de Berlim. As relaes bi-laterais foram remetidas para o III Frum Portugal/Alemanha, que de-correu tarde.

    No almoo foi servida garou-pa , os dois pases constataram o bom relacionamento econmico. A Alemanha o terceiro mercado das exportaes portuguesas e, actual-mente, trs mil empresas exportam para aquele pas quando, em 2009, eram apenas 1900. Estamos lado a lado nos con itos internacionais, disse o ministro Steinmeier, desa- ando os pontos de frico no cen-rio internacional Ucrnia, Mdio Oriente, Magrebe, Lbia; lista qual Rui Machete juntou o Sahel, o golfo da Guin e suas implicaes no Corno de frica. muito importante falar-mos da Lbia, onde estamos longe de uma soluo, mas os grandes uxos migratrios que atravessam aquele

    Ministro alemo admite novos investimentos em Portugal

    pas so, em parte, da nossa respon-sabilidade, europeia, admitiu o che-fe da diplomacia alem.

    A situao econmica portuguesa foi tambm tema. Machete recordou que esta visita do ministro alemo a devoluo da por ele efectuada em Maro de 2014 Alemanha, ainda com o processo de ajuda internacional em execuo. Cumprimos e supermos as expectativas, congratulou-se. O que foi saudado por Steinmeier. A Alemanha tem o mximo respeito pelo caminho seguido por Portugal, o retomar do crescimento econmico merece o nosso respeito, disse. No se coibiu de referir, indirectamente, os efeitos da austeridade anos sem crescimento econmico e recesso , e reconheceu problemas. Existem di culdades, a taxa de desemprego, mas Portugal exemplo de que vale a pena esse esforo, destacou. Portu-gal continua a ter [na Alemanha] um amigo solidrio e actuante, garantiu.

    Sobre a evoluo das relaes da Unio Europeia com a Grcia, quer Machete quer o social-democrata Steinmeier foram parcos nas pala-vras, mas ricos no conceito. O Go-verno de Atenas deve cumprir os seus compromissos. Se a Grcia deixar a zona euro, no h vencedo-res, portanto h razes para o acor-do, o que signi ca que a Grcia deve cumprir os seus compromissos, reiterou. Em tom solene acentuou: bom que todos se apercebam da seriedade da situao, tudo depende se a Grcia est disposta a tomar as decises necessrias, encontrar uma soluo e no alimentar a suspeita de que na Europa h algum que quer atirar a Grcia pela borda fora. Quanto ao referendo britnico sobre a UE, Berlim espera para ver. Resta-nos esperar, ter pacincia, disse.

    DiplomaciaNuno RibeiroAlemanha e Portugal fazem depender manuteno da Grcia no euro do cumprimento dos compromissos por Atenas

    a Social

    ue tm mais lucrosde receitas pela Segurana Social, confirma que possvel uma outra poltica social e de financiamento do sistema, que no implique cortes nas reformas, penses, subsdios de desemprego e outras prestaes sociais.

    Os comunistas insistem tambm na necessidade de pr fim proliferao de isenes e redues ao pagamento da TSU, usando-a como moeda de troca para o aumento do salrio mnimo nacional. O PCP quer aumentar o salrio mnimo nacional para 600 euros no incio de 2016. Maria Joo Lopes

    A maioria PSD/CDS aprovou apenas, em comisso, o seu projecto de lei que criminaliza o enriquecimento injusti cado e chumbou as restantes propostas da oposio. o resulta-do da falta de entendimento entre as bancadas da maioria (em grande medida por resistncia do CDS) e o PS, PCP e BE para um texto comum. No nal das votaes, o presidente da Comisso de Assuntos Constitu-cionais, Fernando Negro (PSD), dis-se fazer votos para que o Tribunal Constitucional aprove e mostrou estar de acordo com criao deste tipo legal de crime.

    Depois de trs reunies informais e perante um muito difcil acordo, os partidos concluram que o en-tendimento no era possvel sobre a criminalizao do enriquecimento injusti cado. Telmo Correia, do CDS, explicou o motivo da resistncia da maioria e dos centristas em parti-cular em acolher propostas da opo-sio. H uma reformulao do pro-jecto da maioria que tem uma lgica do princpio ao m. difcil fundir porque os projectos tm lgicas di-ferentes, a rmou, acrescentando que no retira mrito aos textos da oposio. Momentos antes, j Jorge Laco (PS) tinha registado a disponi-bilidade de Teresa Leal Coelho (PSD) para acolher algumas propostas da oposio. Uma das possibilidades era dividir o enriquecimento injusti ca-do em dois diplomas: um destinado ao sector privado ( populao em geral) e outro aos titulares de car-gos polticos. Mas no se chegou a acordo. Os centristas no quiseram acolher as propostas da oposio, a maioria das quais sobre os titulares de cargos polticos.

    Antes da votao na especialidade a votao nal global amanh , as bancadas anunciaram o sentido de voto. A maioria chumba todas as propostas da oposio e esta vota contra o projecto da maioria. O PCP e o BE abstiveram-se nas propostas do PS, que apenas incidiam sobre os titulares de cargos polticos. O comu-nista Antnio Filipe considerou que o novo projecto da maioria bater com a cabea na parede. A de ni-

    Enriquecimento injustificado de novo inconstitucional?

    o de bem jurdico uma ladainha que muito di cilmente poder passar no crivo do TC, sustentou, acres-centando que a proposta mantm a inverso do nus da prova. Pelo BE, Lus Fazenda assumiu posio semelhante. A divergncia est no nome do crime, no bem jurdico a proteger. Este caminho no posi-tivo, no correcto e ser um acto falhado, a rmou.

    Teresa Leal Coelho rea rmou a convico de que o projecto da maio-ria no viola a Constituio em ne-nhum dos trs pontos apresentados pelo TC. Apoiando a posio assu-mida por Telmo Correia de que o texto tem uma coerncia prpria, a social-democrata no deixou de reco-nhecer muitos mritos nos projec-tos apresentados pela oposio. Mas disse no serem conciliveis por se-guirem caminhos diferentes.

    No nal das votaes, em decla-raes aos jornalistas, Jorge Laco disse antever que a soluo aprovada no v ter futuro na ordem jurdica portuguesa. Posio contrria foi re-a rmada pela deputada do PSD que defende estarem respondidas todas as crticas feitas pelo TC. O diploma depois de aprovado segue para Be-lm. O Presidente da Repblica pode pedir uma apreciao do TC antes ou depois da promulgao. Em 2012, Cavaco Silva pediu uma scalizao preventiva e o texto foi chumbado pelos juzes do Palcio Ratton.

    Sofia Rodrigues

    PEDRO ELIAS

    Os ministros alemo e portugus em sintonia

    Teresa Leal Coelho foi sempre o rosto do projecto da maioria

  • 12 | LOCAL | PBLICO, QUI 28 MAI 2015

    Elctrico destinado s a turistas no Prncipe Real motiva protestos

    MIGUEL MADEIRA

    Os pormenores sobre o circuito, como o percurso e o preo do bilhete, s sero revelados na viagem inaugural, marcada para hoje

    Depois de 20 anos desactivada, a li-nha do elctrico que percorre a Rua da Misericrdia em direco ao Ra-to, passando pela Praa do Prncipe Real, vai voltar a funcionar mas s para turistas. O circuito Chiado Tram Tour, criado pela Carristur, empresa de turismo da transportadora lisbo-eta Carris, vai ser inaugurado hoje, mas as vozes de protesto j se ze-ram ouvir.

    Os pormenores sobre o circuito, como o percurso e o preo do bi-lhete, s sero revelados na viagem inaugural, marcada para hoje de ma-nh, na qual estar presente o pre-sidente do conselho de administra-o da Transportes de Lisboa (que junta a Carris e o Metro de Lisboa) e da Carristur, Rui Loureiro. Mas previsvel que a carreira se inicie no Largo de Cames, no Chiado, seguin-do depois pela Rua de S. Pedro de Alcntara, Rua Dom Pedro V e Rua da Escola Politcnica, passando no Prncipe Real e indo eventualmente at ao Rato.

    Porm, a ideia no agrada pre-sidente da Junta de Freguesia da Misericrdia, Carla Madeira. Num comunicado publicado na pgina de Facebook da junta, a autarca mani-festa-se contra a activao deste ser-vio turstico e lamenta no ter sido contactada para emitir um parecer sobre o assunto.

    A instalao deste servio, que em nada bene cia os residentes, contrariamente ao que aconteceria se fosse reactivado nesta linha o el-trico 24, signi cou a eliminao de inmeros lugares de estacionamen-to na Rua da Misericrdia, l-se na nota. Nos ltimos dias, esta rua foi alvo de pinturas no alcatro e rece-beu pilaretes que impedem o esta-cionamento de veculos, facilitando assim a passagem do elctrico. Esta situao de lamentar numa fregue-sia com grande e conhecido d ce de estacionamento, acrescenta a junta.

    Por seu lado, a Plataforma Elc-trico 24, que inclui representantes de vrias associaes (Associao de Cidados Auto-Mobilizados, Associa-o de Moradores do Bairro Alto, As-sociao Lisboa Verde, Blog Menos Um Carro, Comisso de Moradores

    entre a Cmara de Lisboa e a Carris com vista reactivao do elctrico mas isso nunca aconteceu.

    O eixo compreendido entre as ruas do Alecrim, da Misericrdia e da Escola Politcnica actualmen-te servido pela carreira 758, que, alm de ser poluente e no cumprir horrios, no tem conseguido dar resposta ao nvel intenso de procu-ra pelos passageiros, considera a Plataforma, lembrando que a zona muito movimentada e tem poucas opes de estacionamento.

    Em Setembro do ano passado, a Carris disse ao PBLICO que a reacti-vao da linha do 24 no [era] uma prioridade, precisamente por exis-tir j um autocarro a servir aquela zona. Contudo, trata-se de matria que no depende exclusivamente da Carris, pelas implicaes que tem ao nvel da necessidade de obras na via frrea e na rede area, disponibili-

    zao de veculos, reordenamento virio e de estacionamento, acres-centou. Informou que no tinha ve-culos disponveis e que seria neces-srio investir na linha, ao mesmo tempo que a expectvel utilizao desse servio seria reduzida.

    A Plataforma contrape: As infra-estruturas encontram-se no lugar (catenria e carris), sendo a nica linha que no se encontra tapada com alcatro. Fisicamente, toda a linha de carris ao longo da linha do elctrico 24 ainda existe, em todo o percurso, pelo que o investimento a fazer com a sua reabertura trar muito mais benefcios do que cus-tos. Os subscritores dizem mesmo que existe um coleccionador priva-do que se disponibilizou para ceder quatro elctricos.

    Existe uma petio online pela re-activao, que tem j mais de 1500 assinaturas.

    Junta de Freguesia da Misericrdia est contra criao de um circuito que em nada benefi cia os residentes desta zona. Associaes defendem que servio seja alargado e se recupere o elctrico 24

    TurismoMarisa Soares

    retira valor marca, considera, num comunicado que foi divulga-do ontem.

    A carreira do elctrico 24 rene todas as condies para se tornar um novo cone dos elctricos da ca-pital, desde que seja devidamente acarinhada e publicitada pela CML, pela Carris, pelo comrcio local e pelo Turismo de Lisboa, escrevem na nota.

    O 24, que fazia a ligao entre Cais do Sodr e Campolide, comeou a circular em 1905 e foi suspenso pro-visoriamente em 1995, para permitir a construo de um parque de esta-cionamento subterrneo em Cam-polide. Quando estas obras termi-naram, a construo da estao de metro no Rato e o reper lamento do largo empurraram parte dos carris para debaixo de um passeio. Segun-do a Plataforma Elctrico 24, exis-te um protocolo assinado em 1997

    O elctrico 24 rene todas as condies para ser um novo cone dos elctricos da capital

    do Bairro Azul, E cincia Energti-ca, Frum Cidadania Lx, Grupo de Amigos do Prncipe Real, Liga dos Amigos do Jardim Botnico, MUBI e Quercus Lisboa), acredita que a criao deste circuito turstico ser o primeiro passo para a reactivao da linha 24. Mas lamenta que v ser utilizada apenas parte do troo antes feito pelo 24, em vez de ser recupe-rada na totalidade para um servio regular de transporte pblico. O mero e exclusivo servio turstico

  • PBLICO, QUI 28 MAI 2015 | LOCAL | 13

    A CP vai mudar os horrios nas linhas de Sintra, Cintura e Azambuja, mas vai manter a ligao directa entre o Rossio e Sintra por insistncia de Baslio Horta, que temia a perda de visitantes, sobretudo estrangeiros, que costumam apanhar o comboio na Baixa lisboeta. Deste modo, o Ros-sio manter algumas ligaes direc-tas a Sintra, mas inaugurar um novo servio para Meleas.

    A proposta de horrio da CP pre-tendia acabar com a famlia com-boios Sintra-Rossio e substitu-la por

    CP quis acabar com os comboios directos do Rossio para Sintra

    ligaes directas entre Meleas e Ros-sio. De Sintra passaria a haver apenas comboios para o Oriente.

    A ideia era responder a uxos de procura que indicam uma maior atraco dos passageiros do eixo de Sintra pelas estaes da linha da Cintura (Sete Rios, Entrecampos e Roma-Areeiro) do que pela histrica estao do Rossio. Em contrapartida, para esta ltima passaria a haver uma famlia Meleas-Rossio.

    Segundo o presidente da Cmara da Sintra, foi possvel assegurar uma questo essencial, que era manter a estao do Rossio por causa dos tu-ristas que visitam a vila de Sintra.

    Para a CP, o Rossio j no tem a mesma importncia enquanto plo gerador de trfego que teve at h poucas dcadas. Os hbitos dos lisbo-etas alteraram-se e estes vivem mais, trabalham mais e compram mais na parte alta da cidade, que atraves-sada pela linha da Cintura.

    Transportes Carlos CiprianoEmpresa queria ligao Sintra-Oriente mas maioria dos turistas que vo para Sintra apanha comboio no Rossio

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    Por outro lado, o fecho do tnel do Rossio, que esteve em obras entre 2004 e 2008, acentuou a reduo da procura para aquele destino pois as pessoas da linha de Sintra habitua-ram-se a viajar para Sete Rios e En-trecampos. Depois da reabertura do tnel, em 2008, a estao do Rossio no voltaria a ter o mesmo movimen-to de passageiros que tinha antes.

    E tendo em conta as novas reali-dades da mobilidade na Grande Lis-boa que a CP vai alterar a sua oferta nas linhas de Sintra e Azambuja. Uma delas Sintra passar a ter ligaes di-rectas para o Rossio e para o Oriente. A outra o Rossio ter comboios para Sintra e para Meleas.

    Segundo a Lusa, para Baslio Hor-ta, a extenso do passe da CP esta-o de Meleas-Mira Sintra, na Linha do Oeste, tambm uma alterao fundamental, assim como a incor-porao do estacionamento no pr-prio bilhete do comboio.

    A oposio na Cmara de Lisboa desdobrou-se em crticas ao Pro-jecto de Regulamento Municipal do Arvoredo de Lisboa, cuja votao acabou por ser adiada. A demora na apresentao do documento, o facto de no terem sido consultadas as juntas de freguesia e a pretenso da cmara de passar a ter um pa-recer vinculativo na poda, abate e transplante de rvores foram alvo de reparos.

    Na reunio camarria que se rea-lizou ontem, as hostilidades foram abertas pelo vereador do CDS. Este documento j vem tarde. Devia ter sido aprovado antes do processo de reforma administrativa, a rmou Joo Gonalves Pereira, que quis saber se a cmara tinha envolvido na elaborao do regulamento as

    juntas de freguesia, que com essa reforma passaram a ter a compe-tncia de gerir e assegurar a ma-nuteno de espaos verdes.

    Em resposta, o vereador da Es-trutura Verde disse que tem havido uma discusso sobre este tema com vrias juntas, mas reconhe-ceu que no promoveu uma con-sulta formal que envolvesse as 24 freguesias da cidade. Algo que S Fernandes justi cou com o facto de o regulamento ser constitudo no essencial por normas tcnicas, elaboradas por especialistas. Alm disso, sustentou, o documento ser ainda sujeito a uma consulta pbli-ca, na qual todos podero partici-par, incluindo aqueles rgos au-trquicos.

    No tendo sido envolvidas as juntas, esta proposta no deveria estar aqui, reagiu o vereador cen-trista. um desrespeito para com as juntas e para com a reorganiza-o administrativa, a rmou por sua vez o social-democrata Ant-

    Regulamento para as rvores de Lisboa recebido com crticas da oposio

    nio Pra, acrescentando estranhar que S Fernandes no tenha tido tempo e disposio para ouvir as juntas.

    O vereador do PSD criticou tam-bm que o regulamento s agora esteja pronto, atendendo a que a reorganizao administrativa se concretizou em Maro de 2014, Quanto ao contedo do documen-to, Antnio Pra considerou que uma menorizao inaceitvel do papel das juntas de freguesia que a cmara pretenda que um conjun-to de intervenes nas rvores da cidade passe a estar sujeito ao seu parecer vinculativo.

    J Carlos Moura, do PCP, susten-tou que o facto de a cmara propor que haja esse parecer o reconhe-cimento de que na gesto do arvore-do a transferncia de competncias falhou. As juntas no tm pessoal tcnico nesta rea, disse o verea-dor, considerando que tal abre a porta entrega das intervenes nesta matria a entidades externas, que tm outros interesses.

    No h qualquer desrespeito das juntas, respondeu S Fernandes, frisando que com o regulamento no se pretende retirar qualquer competncia a esses rgos. O au-tarca da maioria sublinhou ainda que o objectivo do documento estabelecer regras claras para to-dos os cidados, e sistematizar um conjunto de boas prticas que devem ser seguidas pela cmara e pelas juntas, mas tambm pelo Estado e pelos privados.

    O presidente da cmara acabou por se decidir pelo adiamento da proposta, deixando no entanto claro que tem urgncia na sua aprovao. Envolver-me-ei pes-soalmente nesta proposta, disse Fernando Medina, considerando que a cidade reclama uma respos-ta a estas questes.

    Para o autarca socialista, a po-lmica que tem havido em torno de vrias intervenes no arvore-do da cidade muito menos uma questo de competncias e muito mais uma questo de contedo sobre como as competncias so exercidas. Para sustentar essa te-se, Fernando Medina lembrou que a cmara j tinha problemas seve-ros nessa rea antes da reforma administrativa, nomeadamente em relao aos abates de rvores. Quanto s podas, Medina a rmou que porventura antes a cmara fa-zia de menos aquilo que as juntas fazem agora de forma mais rpida e mais extensa.

    AutarquiasIns BoaventuraPSD fala num desrespeito para com as juntas, que no foram consultadas, e numa menorizao inaceitvel do seu papel

    O vereador S Fernandes garantiu que documento ser ainda sujeito a uma consulta pblica

  • 14 | ECONOMIA | PBLICO, QUI 28 MAI 2015

    Governo quer registo prvio no fi sco para acesso a dados dos contribuintes

    Identi cadas as principais falhas na proteco do sigilo scal dos contri-buintes, a Autoridade Tributria e Aduaneira (AT) tem at 19 de Junho para traar um plano para controlar o acesso dos funcionrios da adminis-trao scal. O Governo quer que a consulta passe a ser justi cada e fun-damentada para cada trabalhador. A ideia passa por aproximar os meca-nismos informticos dos procedimen-tos de acesso aos dados do E-Factura, em que a consulta restrita a um gru-po mais pequeno de funcionrios da AT. A medida est, no entanto, a gerar perplexidade junto dos representan-tes dos funcionrios, que temem que seja criada uma barreira no acesso informao, nomeadamente para quem faz inspeco tributria.

    A orientao partiu do secretrio de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Nncio, num despacho de tera-feira, o mesmo dia em que foram publica-das as concluses do inqurito da Inspeco-Geral de Finanas (IGF) ao caso da lista VIP. No despacho, a que o PBLICO teve acesso, o gover-nante estabelece seis prioridades, entre elas, assegurar que os acessos realizados a dados pessoais de con-tribuintes por utilizadores internos so devidamente justi cados e fun-damentados, tendo designadamente como referncia o procedimento j adoptado no desenho e concretiza-o do sistema E-factura.

    O presidente da Associao Sindi-cal dos Pro ssionais da Inspeco Tri-butria e Aduaneira (APIT), Nuno Bar-roso, considera necessrio discutir a criao de per s diferentes no aces-so s informaes scais, de acordo com as funes que cada funcionrio executa, independentemente da car-reira e do ttulo que cada um tem. Mas sublinha que isso diferente do procedimento que hoje existe para proteger os acessos s bases do E-Fac-tura, o sistema informtico, validado pela Comisso Nacional de Proteco de Dados (CNPD), onde constam as facturas comunicadas pelas empresas (ou pelos contribuintes).

    No despacho, o secretrio de Es-tado dos Assuntos Fiscais identi ca como um dos problemas a resolver o facto de no haver um registo pr-vio que legitime e fundamente o acesso aos dados dos contribuintes por parte dos cerca de 11 mil utiliza-dores internos, sem que os mesmos estejam devidamente autorizados, nomeadamente por determinao superior ou por acto administrativo. A orientao do governante no , porm, clara sobre a forma como se deve desenvolver este controlo.

    Para o presidente da APIT, criar um sistema em que os acessos tm de ser justi cados vai gerar di culda-des. Obrigar a um registo sistemti-co pode criar alguns empecilhos na forma rpida como se pretende que a AT trabalhe. Iria criar, sobretudo nas carreiras inspectivas, uma barreira que no se compreenderia no acesso informao. Nuno Barroso alerta ainda para aquilo que diz ser o perigo de restringir o mbito da actividade dos funcionrios. Dentro da AT fo-ram espoletadas algumas das inves-tigaes mais complexas das ltimas duas dcadas. Essas operaes foram realizadas com um acesso livre. Se restringirmos isto a pequenos gru-pos de pessoas, di cilmente alguma vez voltaremos a ter uma Operao Furaco no pas.

    O que a APIT prope em alternativa so tipos de per l informtico, mas sem que os utilizadores precisem de um registo prvio: Se sou inspector e estou num servio de secretaria, se calhar no preciso de ter as mesmas permisses que um inspector com o mesmo ttulo mas que est numa funo de investigao.

    No documento, Paulo Nncio pede que a directora-geral da AT, Helena Borges, d seguimento recomenda-o da IGF para que sejam avaliados todos os actos, factos e declaraes relevantes dos funcionrios e diri-gentes do sco com responsabili-dades no caso da lista VIP, para se ponderar eventuais procedimentos disciplinares. A AT est tambm in-cumbida de rever a contratao de entidades externas com acesso s bases de dados do sco e criar me-canismo de certi cao e auditoria

    O secretrio de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Nncio, era um dos quatro nomes da lista VIP

    Representantes dos funcionrios da AT temem que as restries condicionem as investigaes tributrias. Finanas querem aproximar procedimentos ao sistema de acesso aos dados do E-Factura

    Lista VIPPedro Crisstomo

    em termos de combate fraude e evaso scal, diz, acrescentando que no h tradio absolutamen-te nenhuma de quebra do sigilo scal, todos os processos que indiciavam devassa esto a ser arquivados.

    Nos cerca de cinco meses em que esteve a funcionar (entre 29 de Se-tembro de 2014 e 10 de Fevereiro des-te ano), o sistema desenhado pela AT para detectar quem acedia aos dados scais dos contribuintes da lista VIP gerou 228 alertas, concluiu a IGF, no relatrio que o PBLICO consultou. A auditoria no indica, porm, se estes acessos levaram quebra do sigilo scal. Refere-se que foram instaura-dos 33 processos disciplinares que re-sultaram, no dos alertas do sistema VIP, mas das averiguaes feitas pela AT depois de o jornal i ter publicado a 26 de Setembro do ano passado da-dos scais de Passos Coelho.

    O vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, veio considerar que o relat-rio levanta questes srias sobre o funcionamento da AT. Todas estas matrias tm de ser objecto de regu-lao rme e impedimento de abu-

    sos, a rmou, citado pela Lusa.No relatrio, a IGF considera que

    h uma insu ciente sensibilizao dos trabalhadores, pela AT, sobre os princpios que norteiam as funes pblicas, em especial o da persecuo do interesse pblico e o da transpa-rncia, bem como das normas ticas e de conduta indispensveis con-formao da aco de uma entidade com as competncias da AT. A APIT diz que, mesmo na eventualidade de alguns comportamentos de um nmero extremamente reduzido de elementos da AT poderem ser enqua-drados como infraces funcionais (e necessariamente penalizveis), no se pode permitir que uma instituio com a qualidade e responsabilidade da IGF conclua por generalizaes perigosas.

    O relatrio da IGF, ordenado pelo secretrio de Estado dos Assuntos Fis-cais, no foi divulgado na ntegra pelo Ministrio das Finanas. O PBLICO pediu o acesso ao documento, mas o ministrio no respondeu, embora as 50 pginas do relatrio tenham acabado por chegar ao Parlamento,

    A AT tem at 19 de Junho para apresentar um plano com novos procedimentos de segurana informtica

    informtica. O plano de aco tem de respeitar as recomendaes da IGF e da CNPD, a quem a AT tem de dar conhecimento destas medidas at ao m de Setembro.

    228 alertas emitidosO presidente do Sindicato dos Traba-lhadores dos Impostos (STI), Paulo Ralha, que considerou que o relatrio da IGF no isento, nem idneo pelo facto de esta entidade ser tute-lada pela ministra das Finanas, rejei-ta completamente qualquer sistema de restries de acesso. Esse con-trolo vai impossibilitar a casa [ sco] de fazer qualquer investigao sria

  • PBLICO, QUI 28 MAI 2015 | ECONOMIA | 15

    MIGUEL MANSO

    O presidente da Unio do Pessoal de Finanas na Europa (UFE, na sigla inglesa), Serge Colin, desconhece que exista nas administraes scais de outros pases europeus qualquer sistema de alerta automtico como o que foi testado em Portugal pelo sco. A norma de acesso aos dados scais dos contribuintes, diz, varia consoante a funo do trabalhador. E quando h quebra de sigilo aplicam-se sanes, diz.Os governos europeus devem discutir um quadro comum para proteger as informaes fi scais dos cidados?Seria desejvel haver um enquadramento europeu em vrios domnios relacionados com a scalidade, o controlo scal e a luta contra a fraude e evaso scais ou mesmo a optimizao scal. No que toca aos limites do sigilo scal, seria desejvel que os deputados europeus apoiassem este vasto projecto para conseguir um equilbrio entre con dencialidade das informaes e preservao das informaes privadas, de um lado, e a transparncia, a justia scal e a segurana dos sujeitos scais responsveis pelo controlo mais complexo e sensvel, do outro.Discutir a proteco reforada das informaes fi scais dos cidados titulares de um cargo pblico, especifi camente, necessrio? Ou a discusso deve estar centrada na proteco fi scal para todos os cidados?O sigilo scal deve ser ( uma obrigao necessria) para todos os contribuintes. Mas se os agentes do sco so postos em causa (de uma forma ou de outra), o sigilo scal deve ser levantado sem restrio para tornar pblico o conjunto do dossier, se os contribuintes, por exemplo, tornarem pblica a sua situao, quando acusam as administraes scais de exagero e/ou de perseguio.Conhece algum outro pas onde a administrao fi scal tem um sistema de alerta que protege

    as informaes dos cidados considerados mais vulnerveis?Que eu tenha conhecimento, no existe nas administraes scais na Europa nenhum sistema de alerta automtico. [Em Frana] os dossiers sensveis (ou ditos sensveis) que envolvem polticos, altos funcionrios da administrao pblica ou personalidades pblicas so alvo de um controlo hierarquizado para garantir que no h fugas de informao sobre dados con denciais. a prpria organizao interna que garante os dispositivos de con dencialidade dos dados e dos procedimentos. Se so identi cadas disfuncionalidades internas (quebra de obrigao do segredo pro ssional e do sigilo scal), so aplicadas sanes disciplinares.Como que se garante que os funcionrios da administrao fi scal tm condies para investigar sem restries?Na maior parte das administraes scais na Europa, o acesso est

    condicionado por um nvel de credenciais de acesso (uma autorizao, mais abrangente ou mais restrita, submetida a avaliaes regulares por parte de responsveis administrativos e hierrquicos) que dependem do grau, da funo e das atribuies do agente tributrio. Para poder veri car a situao scal global de uma empresa ou dos seus dirigentes, ver quais so os seus scios ou os seus parentes mais prximos, os inspectores especializados tm vrias permisses de acesso informtico, mas para determinadas informaes (dados bancrios, por exemplo) as regras de procedimento de controlo impem precaues ou enquadramentos jurdicos mais estritos.

    EntrevistaPedro Crisstomo

    O sigilo fiscal deve ser para todos os contribuintes

    porque na semana passada foi pedido expressamente ministra Maria Lus Albuquerque que o documento fosse enviado Comisso de Oramento e Finanas quando o inqurito estives-se concludo. Na tera-feira, a IGF s divulgou cinco pginas do relatrio, com as concluses e recomenda-es, o que levou a associao que representa os inspectores do sco a estranhar a publicao parcial. A transparncia no deve assustar nenhuma instituio e necessrio contextualizar algumas das conclu-ses que apresenta, referiu a APIT em comunicado.

    A IGF s deu a conhecer a ltima parte do inqurito (o ponto nme-ro oito, relativo s concluses e re-comendaes), justi cando-o com um despacho do secretrio de Es-tado, de segunda-feira. Recorde-se que o Ministrio das Finanas alte-rou, em Dezembro de 2013, a pol-tica de divulgao de relatrios da IGF, restringindo a publicao das informaes e passando a publicitar apenas esta ltima parte dos docu-mentos.

    Os trabalhadores por conta de ou-trem que tambm passam recibos verdes so obrigados, este ano, a preencher o Anexo SS juntamente com a declarao do IRS. A infor-mao foi publicada a 7 de Maio no site do Instituto de Segurana Social (ISS), quando decorria o perodo de entrega do Modelo 3 do IRS, que co-meou a 1 de Maio e termina a 31.

    Em causa esto vrias catego-rias de trabalhadores que em 2013 tinham sido isentados dessa obri-gao, nomeadamente os que acu-mulam recibos verdes com uma ac-tividade pro ssional por conta de outrem e os trabalhadores a recibos verdes que no atingiram um ren-dimento superior a 2515,32 euros (seis vezes o valor do Indexante dos Apoios Sociais - IAS). tambm obri-gado a entregar o Anexo SS quem acumula trabalho independente com penses de invalidez ou de velhice e com penso por incapacidade para o trabalho igual ou superior a 70%. Na mesma situao esto os indepen-dentes que tambm sejam titulares de rendimentos da categoria B resul-tantes exclusivamente da produo de electricidade por intermdio de unidades de microproduo.

    Quem j entregou o Modelo 3 e no preencheu o anexo em questo poder ainda corrigir, at ao nal do ms, a sua declarao de rendi-mentos. Em todos estes casos, po-rm, no necessrio preencher o quadro 6, alerta o ISS.

    A Segurana Social garante que os procedimentos seguidos em 2015 so os mesmos que foram seguidos no ano anterior. Mas, aparentemen-te, nem os trabalhadores, nem os o ciais de contas sabiam disso.

    Numa nota publicada no site do ISS a 8 de Maio de 2013 (durante o per-odo de entrega do Modelo 3 do IRS relativo ao ano de 2012), os trabalha-dores agora abrangidos eram exclu-dos da obrigatoriedade de entregar o Anexo SS. No ano passado, porm, no foi publicada qualquer nota ou esclarecimento, pelo que o enten-dimento dos trabalhadores nestas condies e dos o ciais de contas foi manter os procedimentos de 2013.

    Quem acumula trabalho dependente com recibos verdes tem de entregar mais um anexo com o IRS de 2014

    Em resposta ao PBLICO, o ISS garante no ter havido qualquer alterao aos grupos contribuintes sujeitos obrigao declarativa no corrente ano. A nica diferena que houve este ano que o ISS optou por incluir tambm no seu portal a informao que prestada na rede de atendimento da Segurana So-cial, informao essa que tambm foi prestada na rede de atendimen-to no ano de 2014, garante fonte o cial.

    Ou seja, j em 2014, os trabalhado-res independentes que acumulavam recibos verdes com uma actividade pro ssional por conta de outrem e os trabalhadores a recibos verdes que nunca atingiram um rendimen-to superior a 2515,32 euros, assim como outras categorias pro ssio-nais, eram obrigados a apresentar o dito anexo.

    Os trabalhadores que no ano passado contactaram os servios de atendimento da Segurana So-cial foram informados dessa obri-gao. Os restantes, como no foi publicada qualquer nota sobre quais os procedimentos a seguir, no tive-ram acesso informao, cando sujeitos a uma multa que pode ir at aos 250 euros.

    O ISS garante, contudo, que no aplicou ainda qualquer contra-or-denao relativamente a 2014 e, ao que o PBLICO apurou, no o far.

    O Anexo SS destinado unicamen-te Segurana Social e a informao a constante serve para aferir com rigor, para alm do apuramento do rendimento relevante, as situaes de iseno e excluso do regime dos trabalhadores independentes, adianta o instituto.

    Segurana SocialRaquel MartinsQuem no entregou ainda vai a tempo de corrigir. O ISS diz que a obrigao j vem do ano passado, mas no vai aplicar multas

    ISS garante que ainda no aplicou qualquer multa

    Serge Collin defende que seria desejvel na Europa um equilbrio entre a confidencialidade e a transparncia

  • 16 | ECONOMIA | PBLICO, QUI 28 MAI 2015

    Bolsas

    PSI-20 ltima Sesso Performance (%)Nome da Empresa Var% Fecho Volume Abertura Mximo Mnimo 5 dias 2015

    PSI 20 INDEX 0,92 5925,61 479160679 5864,56 5941,37 5843,37 -4,28 23,48ALTRI 0,76 4,10 353708 4,03 4,13 4,03 -0,83 65,28BANIF 2,86 0,01 261876987 0,01 0,01 0,01 -7,89 26,32BPI 0 1,40 1335776 1,40 1,42 1,39 -5,34 36,45BCP 4,1 0,09 195707997 0,09 0,09 0,08 -5,95 35,31CTT 1,12 9,45 820533 9,45 9,55 9,36 -3,92 17,87EDP 2,31 3,60 5174742 3,51 3,61 3,51 -2,63 11,72EDP RENOVAVEIS 0,65 6,51 497645 6,48 6,56 6,44 -4,16 20,45GALP ENERGIA 1,2 10,97 1128738 11,05 11,05 10,83 -4,91 30,12IMPRESA 1,71 0,84 113528 0,82 0,84 0,82 -2,03 5,96J MARTINS -0,92 12,39 1753621 12,50 12,73 12,35 -4,40 48,59MOTA ENGIL 0,07 2,67 635403 2,68 2,69 2,66 -7,58 0,45NOS 0,58 6,62 808567 6,55 6,70 6,48 -3,02 26,43PT -0,2 0,50 3240870 0,50 0,51 0,50 0,20 -42,01PORTUCEL 2,05 3,88 505198 3,80 3,90 3,76 -6,05 25,87REN -0,63 2,68 939987 2,70 2,71 2,64 -1,21 11,43SEMAPA 2,72 13,60 82312 13,15 13,61 13,10 -3,99 35,61TEIXEIRA DUARTE -1,28 0,62 83522 0,61 0,64 0,61 -3,11 -13,36SONAE 2,19 1,21 4101545 1,18 1,22 1,18 -6,02 18,36

    O DIA NOS MERCADOS

    Aces

    Divisas Valor por euroDirio de bolsa

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    ltimos 3 meses

    ltimos 3 meses

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