public - capacor. todo mundo tem a cor da pele, e eu não estou falando aqui em raça. estou falando...

2
Apesar disso, ela mistura seu jeito bem-humorado com algumas opiniões fortes. “Eu não sou bajuladora de ninguém”, afirma, justificando porque não vai a tantos eventos. Em um deles, tive um contato visual com Lydia que demonstrou seu lado vendedora. Uma moça estava em seu estande vendo um colar e Lydia se aproximou e começou a conversar com ela, pedindo, em seguida, que provasse o colar. “Eu acho que a jóia é uma coisa que tem que ser sentida. E para ser sentida, você tem que vestir. Você tem que por em contato com a sua pele. E tem que combinar com o seu tom de pele. Ela tem que ser esteticamente correta com seu físico. Tem que combinar com seu pescoço, com a sua orelha, com sua cor. Todo mundo tem a cor da pele, e eu não estou falando aqui em raça. Estou falando em estética, em combinação de cores”, explica. Ela comenta que acha inadequado o efêmero da moda, “aquela coisa do ouro branco, ouro amarelo, ouro rose”. “Moda é o que fica bem em você e é atemporal. E tem pessoas que combinam com o ouro um milhão de dólares. Só trabalha quem não gosta do que faz”, determina, e completa: “Quem gosta do que faz é um pesquisador, é um historiador, é um estudante, é um apaixonado... É um apaixonado pelo que faz. Eu vendo felicidade, não é? Eu participo da vida dos meus clientes, me interesso por eles. Leonardo da Vinci trabalhava? Não, porque era um apaixonado.” E só quem é apaixonado pelo que faz pode desenvolver uma peça cara, não no sentido de preço, mas sim de valor. “Caro é tudo que é feito com carinho. Por que minhas joias são caras? Porque elas são feitas com carinho. Isso é dicionário”, esclarece. Nesse sentido, ela se compara a um diamante, tendo várias características dele. “Sou transparente”, diz ela, no que seria sua primeira semelhança com a pedra preciosa. Depois, ela vai mais longe, quando questionada se concorda com a percepção de que é uma mulher forte. “Eu tenho a mesma dureza e a mesma tenacidade do diamante. Dureza é quanto a risco [e o diamante tem dureza alta]. E tenacidade é quanto à quebra [e o diamante tem baixa tenacidade]. O diamante quebra. Então eu não sou tão forte assim quanto você pensa”, avalia. “Eu sou sensível e o diamante é sensível, extremamente sensível. Todas as pedras são extremamente sensíveis. Ao calor, à luz. Eu sou uma mulher diamante”, decide, concordando que não é uma mulher necessariamente forte, mas de emoções fortes. Public - Capa 26 27 28 29 Capa.pmd 11/10/2012, 12:24 36

Upload: others

Post on 10-Oct-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Public - Capacor. Todo mundo tem a cor da pele, e eu não estou falando aqui em raça. Estou falando em estética, em combinação de cores”, explica. Ela comenta que acha inadequado

Apesar disso, ela mistura seu jeito bem-humorado com algumas opiniões fortes. “Eu não sou bajuladorade ninguém”, afirma, justificando porque não vai a tantos eventos. Em um deles, tive um contato visualcom Lydia que demonstrou seu lado vendedora. Uma moça estava em seu estande vendo um colar eLydia se aproximou e começou a conversar com ela, pedindo, em seguida, que provasse o colar. “Euacho que a jóia é uma coisa que tem que ser sentida. E para ser sentida, você tem que vestir. Você temque por em contato com a sua pele. E tem que combinar com o seu tom de pele. Ela tem que seresteticamente correta com seu físico. Tem que combinar com seu pescoço, com a sua orelha, com suacor. Todo mundo tem a cor da pele, e eu não estou falando aqui em raça. Estou falando em estética, emcombinação de cores”, explica.

Ela comenta que acha inadequado o efêmero da moda, “aquela coisa do ouro branco, ouro amarelo,ouro rose”. “Moda é o que fica bem em você e é atemporal. E tem pessoas que combinam com o ouro

um milhão de dólares. Só trabalha quem não gosta do que faz”, determina, e completa: “Quem gostado que faz é um pesquisador, é um historiador, é um estudante, é um apaixonado... É um apaixonadopelo que faz. Eu vendo felicidade, não é? Eu participo da vida dos meus clientes, me interesso por eles.Leonardo da Vinci trabalhava? Não, porque era um apaixonado.”

E só quem é apaixonado pelo que faz pode desenvolver uma peça cara, não no sentido de preço, massim de valor. “Caro é tudo que é feito com carinho. Por que minhas joias são caras? Porque elas sãofeitas com carinho. Isso é dicionário”, esclarece.

Nesse sentido, ela se compara a um diamante, tendo várias características dele. “Sou transparente”,diz ela, no que seria sua primeira semelhança com a pedra preciosa. Depois, ela vai mais longe,quando questionada se concorda com a percepção de que é uma mulher forte. “Eu tenho a mesmadureza e a mesma tenacidade do diamante. Dureza é quanto a risco [e o diamante tem dureza alta]. Etenacidade é quanto à quebra [e o diamante tem baixa tenacidade]. O diamante quebra. Então eu nãosou tão forte assim quanto você pensa”, avalia. “Eu sou sensível e o diamante é sensível, extremamentesensível. Todas as pedras são extremamente sensíveis. Ao calor, à luz. Eu sou uma mulher diamante”,decide, concordando que não é uma mulher necessariamente forte, mas de emoções fortes.

Publ

ic -

Cap

a

26 27 28 29 Capa.pmd 11/10/2012, 12:2436

Page 2: Public - Capacor. Todo mundo tem a cor da pele, e eu não estou falando aqui em raça. Estou falando em estética, em combinação de cores”, explica. Ela comenta que acha inadequado

Um cheiro: rosaUma grife: Casa LeãoUm gosto: rosaUma viagem: com meus filhosUm lugar: aqui, agoraUma cor: azulMúsica: clássica

Livro: dos cem anos da Casa LeãoFilme: Encontro MarcadoPaixão: joiasAmor: meu paiReligião: DeusUm sonho realizado: ter vivido com meu paiUm a realizar: impossível... ver todo mundo com saúde

branco, outras com amarelo e ainda outrascom rose. Não importa o que está namoda”, completa. Nesse sentido, ela revelasua paixão pelo veludo. Azul marinho. Essemesmo das fotos. “Esse vestido é CarinaDuek. Adoro Carina Duek. E também adoroveludo: pode passar mais cem anos, nãovai existir tecido mais chique que o veludo.Veludo azul marinho não pode faltar nomeu guarda-roupa”, conta e revela tambémsua paixão por antiguidades. “Não gostode coisa moderna”.

Também sobre moda, ela diz ter aprendidocom a cantora Cher que o sapato cor dapele deixa a mulher mais alta. “Fui eminúmeros shows da Cher em Las Vegas. Eela só sobe ao palco com sapatos da corda pele. Porque ela não é uma mulher altaassim como eu. E eu aprendi com ela. Vocêviu como eu estou alta hoje?”, ensina.

Ainda no quesito elegância, outra frase nãosai de sua cabeça: “menos é mais”,resultado da amizade com a publicitária eamiga Bettina Quinteiro. “As pessoas maisricas que eu conheço são simples.”

Somado a isso, a joalheira sugere que sópode aprender com os mais velhos. “Eusei que não vou aprender com gente queviveu menos que eu. A experiência tem queser vivida.” De acordo com outropensamento seu, a humildade significainteligência. “E para você ouvir, você temque ser humilde: ficar quieto e escutar.Quando você ouve, você aprende.”

Uma mulher com a cabeça cheia demáximas e frases, mas que responde cadapergunta olhando diretamente nos olhosde quem a fez, além de ser muito direta —tanto que se define apenas com umapalavra: caráter.

Essa é a Lydia. Casada, mãe de dois filhos,e que se diz uma apaixonada pela vida queleva. “Eu me sinto super realizada. Meusfilhos são perfeitos. Eu amo tudo quetenho”, destaca. Como ela mesma diz: “o óbvio está sempre no nosso nariz, mas ninguém dá valor a ele”. Das cores do ambiente àsjoias, dos filhos aos hobbies, aí está o diferencial de Lydia: no reconhecimento de tudo que é feito com carinho.

Lydia por Lydia: caráter

26 27 28 29 Capa.pmd 11/10/2012, 12:2437