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CIBELLE JEANNE DE OLIVEIRA AUSEC SILMARA CELIA DE OLIVEIRA AUSEC PSICOPEDAGOGIA: UMA REFLEXÃO SOBRE A IMPORTÂNCIA E ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL NO CONTEXTO CLÍNICO E INSTITUCIONAL Londrina-PR 2016

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CIBELLE JEANNE DE OLIVEIRA AUSEC SILMARA CELIA DE OLIVEIRA AUSEC

PSICOPEDAGOGIA: UMA REFLEXÃO SOBRE A IMPORTÂNCIA E ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL NO

CONTEXTO CLÍNICO E INSTITUCIONAL

Londrina-PR 2016

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Cibelle Jeanne de Oliveira Ausec Silmara Celia de Oliveira Ausec

PSICOPEDAGOGIA: UMA REFLEXÃO SOBRE A IMPORTÂNCIA E ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL NO CONTEXTO CLÍNICO E

INSTITUCIONAL

Monografia apresentada ao curso de Pós Graduação em Psicopedagogia, abrangência Institucional e Clínica do Instituto de Estudos Avançados e Pós-Graduação (ESAP) como requisito parcial para obtenção do título de Especialista. Orientadora: Profa. Dra. Jaqueline Delgado Paschoal.

Londrina-PR

2016

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DEDICATÓRIA

À minha filha amor Bella pelo amor, compreensão, carinho e alegria nos

dias de estudo presencial e à distância.

Aos meus pais e amores Gerço e Silmara pelo apoio, incentivo, amor

incondicional e cuidados com a minha filha enquanto produzia esse trabalho.

Ao meu irmão Humberto e à minha irmã Ingrid pelas preciosas

conversas e ajustes das pesquisas bibliográficas da literatura pertinente

Ao meu esposo e amor, Rafa, professor desta especialização que tanto

contribuiu em minha formação acadêmica.

A todas as pessoas que direta ou indiretamente fizeram parte deste

trabalho.

-----

Ao meu esposo Gerço que soube compreender as minhas ausências em

dias de aulas e estudo.

Ao meu genro Rafael e professor desta especialização pela contribuição

em minha formação.

Aos meus filhos Ingrid, Cibelle e Humberto pelo apoio, estímulo e

confiança em mais esta etapa de minha vida.

A todos que de uma forma ou de outra contribuíram para a realização

deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

A todos que contribuíram de maneira relevante para elaboração desta

pesquisa, em especial minha filha amor Bella e esposo Rafa pelo incentivo,

compreensão e credibilidade, ao ESAP e à minha orientadora Profa. Dra.

Jaqueline Delgado Paschoal.

-----

A todos os professores da Psicopedagogia pela contribuição nesta

formação, em especial ao meu esposo Gerço que sempre me apoiou em todas

as fases de meus estudos, ao ESAP e à minha orientadora Profa. Dra.

Jaqueline Delgado Paschoal.

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“[...] Descobrimos que o treinamento espaçado é melhor que o treinamento em massa. Ou seja, se você aprender as coisas em pequenos episódios separados absorve mais que uma longa sessão. Portanto, precisamos ter aulas curtas e com intervalos regulares. Acho que as pessoas ainda podem descobrir muito sobre os aspectos temporais dos eventos do aprendizado.”

Eric Richard Kandel (1929 - ), Prêmio Nobel de Medicina/Fisiologia de 2000 por seus estudos

sobre os mecanismos de memória e aprendizagem.

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AUSEC, Cibelle Jeanne de Oliveira and AUSEC, Silmara Celia de Oliveira. Psicopedagogia: uma reflexão sobre a importância e atuação do profissional no contexto clínico e institucional. Instituto De Estudos

Avançados E Pós-Graduação - Esap. Monografia de pós-graduação Lato Sensu em Psicopedagogia. Londrina-PR. 2016.

RESUMO

O presente trabalho aponta questões importantes sobre a psicopedagogia enquanto prática de saúde aliada a práticas pedagógicas. Responsável por desenvolver práticas que ajudem a melhorar o processo de aprendizagem de crianças e adolescentes portadores de síndromes, transtornos e dificuldades diversas, o psicopedagogo tem ganhado espaço no mercado de trabalho clínico, em parceria com psicólogos, e psiquiatras. Desde o diagnóstico, até o tratamento (desde que não medicamentoso) o psicopedagogo acaba por fornecer um tratamento auxiliar, que por vezes, em diferentes casos, pode ser suficiente para resolver diversos problemas ligados a aprendizagem. Desde a psicopedagogia clínica, até a institucional, as práticas desenvolvidas para melhoria da aprendizagem são extremamente importantes para auxiliar o desenvolvimento infantil. Para alcançar os objetivos propostos, que é investigar a função do psicopedagogo observamos diversos autores importantes que abordam o desenvolvimento infantil, a aprendizagem e a psicopedagogia, recolhendo informações relevantes sobre a práxis desse profissional. Palavras-chave: Psicopedagogia; Desenvolvimento Infantil; Aprendizagem.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 08

1. HISTÓRIA E CONTEXTUALIZAÇÃO DE UMA NOVA ÁREA DE

CONHECIMENTO NO BRASIL: A PSICOPEDAGOGIA ........................................ 17

2. PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA ........................................................................... 21

3. PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL............................................................... 24

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 40

REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 42

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como meta observar a importância da

psicopedagogia clínica e institucional no contexto do desenvolvimento

educacional, de forma a promover um conhecimento importante sobre a

atuação desse profissional, em cada área e entender como o psicopedagogo

atua, na prevenção e intervenção de problemas de aprendizagem.

Ela é entendida como um novo campo de atuação que visa

ressignificar a relação entre aprendizagem e desenvolvimento de crianças com

dificuldades de aprendizagem, atuando desde a prevenção, até o resultado

final após a intervenção psicopedagógica.

[...] Mesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de aprendizagem, nunca conseguiria abarcá-los na sua totalidade, algumas crianças com problemas escolares apresentam um padrão de comportamento mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagógico mais especializado em clínicas. Sendo assim, surge a necessidade de diferentes modalidades de atuação psicopedagógica; uma mais preventiva com o objetivo de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da escola e outra, a clínicoterapêutica, onde seriam encaminhadas apenas as crianças com maiores comprometimentos, que não pudessem ser resolvidos na escola (FERREIRA, 2002; apud, BEYER, 2003)

Entre outros aspectos, o psicopedagogo, cuida de processos de

aprendizagem, e do desenvolvimento da criança.

Existe uma relação estreita entre o desenvolvimento da criança e a

aprendizagem, por isso, dois aspectos são entendidos como indissociáveis, o

desenvolvimento da criança está diretamente associado ao aprendizado da

mesma.

De acordo com as idéias de Jean Piaget a criança aprende à medida

que entra em contato com mudanças no seu corpo na sua mente, e a medida

que convive com seu mundo social.

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Ensino-aprendizagem é um termo usado muitas vezes sem que se

saiba corretamente seu significado, para entender o que é aprendizagem,

primeiro é necessário focar-se em entender o ensino.

Ensinar. vtd. 1. Ministrar o ensino de; Lecionar. 2. Transmitir

conhecimentos a; Instruir. 3. Adestrar. 4. Indicar [...] (FERREIRA. 2001 p.270).

O termo ensino-aprendizagem demonstra uma relação entre professor

e aluno, entre o que é ensinado e o que é aprendido, mas a aprendizagem não

se limita a isso, e por isso não tem aqui, uma citação do dicionário mostrando a

palavra Aprendizagem, pois essa palavra indica muito mais do que o simples

ato de aquisição de conhecimentos, ela indica todo um processo que é

explicado e estudado pela Psicologia Educacional.

Podemos descrever a aprendizagem como sendo “um processo de

aquisição e assimilação, mais ou menos consciente, de novos padrões e novas

formas de perceber, ser, pensar e agir”. PILETTI (1986) p.31. Pode-se

conhecer tudo a respeito da Dengue, causas, sintomas, transmissão, mas a

conduta de uma pessoa de deixar uma garrafa aberta com a boca para cima

debaixo da chuva, não indica aprendizagem, indica apenas um recebimento de

uma informação, por isso aprendizagem não se limita a receber informações de

um educador, ou um transmissor de novas informações.

A aprendizagem é uma modificação individual do ser, onde existe um

processo profundo de aquisição de conhecimentos, influência das informações

recebidas no ser, para que só depois, venha o amadurecimento do indivíduo e

impulsione uma modificação no ser humano.

Definir aprendizagem é difícil, há quem diga que a aprendizagem é

uma mudança de comportamento, mas isso aparentemente é só o resultado,

pois o comportamento é a exteriorização da aprendizagem, e se analisarmos a

aprendizagem como um comportamento estaríamos excluindo todo um

processo interno importante da aprendizagem como um todo.

A aprendizagem é um processo, isto é, uma atividade interior que tem um início, um desenvolvimento e um fim. [...] A aprendizagem é a modificação que ocorre na conduta mediante a experiência ou a prática. È um processo dinâmico, vivo, global, contínuo e individual. (TELES. 1987. p.124).

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Alguns preferem definir a aprendizagem como sendo a aquisição de

novos comportamentos. O problema é que o termo comportamento é

geralmente reduzido a algo exterior e observável. [...] (PILETTI 1986. p.32).

Desde quando nasce a criança aprende, “Em nenhuma outra fase da

vida as crianças se desenvolvem tão rapidamente quanto até os três anos de

idade.” MOÇO (Abril 2010. p.42).

O processo de aprendizagem da criança começa no nascimento,

através de hábitos da mãe e do pai, do meio social, cultural, econômico, entre

tantos outros nomes de fatores que podem influenciar a criança no seu

desenvolvimento.

A criança pretende entender o mundo, é curiosa pelo desconhecido,

tudo para ela é intrigante e por causa desse comportamento de curiosidade, ou

cientificamente falando, motivação, ela procura aprender por conta própria.

“A criança é uma máquina pronta a desencadear este processo, a

qualquer minuto”. TELES (1987) p.124.

Existem vários processos/tipos de aprendizagem que são

desenvolvidos pela criança. O primeiro processo, que é o que ocorre em

primeiro lugar na vida da criança, é o processo de “[...] aprendizagem afetiva ou

emocional. Diz respeito aos sentimentos e emoções” PILETTI (1986) p.32.

Neste processo a criança no primeiro momento de vida aprende quem

é sua protetora, progenitora, sua mãe, quando colocada nos braços da mãe

logo após o nascimento, nesse processo, durante a vida da criança, ela

também adquire o amor pelo belo em uma obra de arte, ou uma música, ou um

artista, ou um desenho animado, ou tantas coisas que as crianças tem como

um objeto de admiração.

O segundo processo é o de “[...] aprendizagem cognitiva. Abrange a

aquisição de informações e conhecimentos”. PILETTI (1986) p.32.

Neste processo a criança aprende segundo informações ou sua

interpretação a respeito de determinado assunto, quando já maior, por

exemplo, aprende regras da gramática, quando menor, aprende que os

Teletubbies gostam de torta de creme.

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O terceiro e último é o processo de “[...] Aprendizagem motora ou

motriz. Consiste na aprendizagem de hábitos que incluem [...] habilidades

motoras” PILETTI (1986) p.32.

Talvez o mais importante processo de aprendizagem da criança,

incluem desde habilidades simples, aprender a andar, até mais complexas

como falar, escrever e desenhar.

Segundo PILETTI (1986 p.32), a junção desses três processos de

aprendizagem dá um impulso na vida da criança, os processos acontecem

misturados, por exemplo, quando a criança aprende a escrever, (aprendizado

motor) ela aprende também o significado da letra, (aprendizado cognitivo) e

desenvolve o gosto pela apresentação estética da escrita (aprendizado

emocional). Por isso a criança não aprende uma só coisa de cada vez e sim

várias.

Outro fator que impulsiona a criança a aprender sempre mais é a

motivação.

Para que alguém aprenda alguma coisa, seja criança, ou seja, adulto,

a pessoa tem que querer aprender, por isso é de extrema importância que o

professor saiba motivar seus alunos.

Através de uma variedade de recursos, métodos e procedimentos o professor pode criar uma situação favorável à aprendizagem. Para criar isso o professor deve:

Conhecer os interesses atuais dos alunos para mantê-los ou orientá-los

Buscar uma motivação suficientemente vital, forte e duradoura para conseguir do aluno uma atividade interessante e alcançar o objetivo da aprendizagem. (PILETTI 1986. p.33).

A criança tem curiosidade por aprender, mas dentro da sala de aula, o

conceito de curiosidade ou motivação natural da criança nem sempre existe,

por causa da relação com pessoas desconhecidas, principalmente nos anos

iniciais, e por outros motivos vários.

Por isso o incentivo à motivação por parte do professor é fundamental.

Brincadeiras, gincanas, disputas, desenhos, filmes, teatros, tudo o que incite a

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criança a se motivar em relação ao conteúdo trabalhado dentro da sala de aula

é valido.

A motivação é o combustível da aprendizagem, sem ela não existe

aprendizagem.

A motivação consiste em apresentar incentivos e estímulos que

favoreçam um determinado comportamento, em síntese consiste em entregar

ao aluno, motivos que favoreçam uma aprendizagem mais eficaz.

Vários fatores influenciam a aprendizagem da criança, todavia, o

principal fator é o professor, que instrui, motiva, encanta, e ensina, se o

professor não está preparado, fisicamente, emocionalmente, essa

aprendizagem será lesada, e isso impedirá uma boa relação ensino-

aprendizagem.

Existe uma linha paralela entre a aprendizagem da criança nos anos

iniciais e seu desenvolvimento, o desenvolvimento biológico é o mesmo em

todas as crianças, cérebro e corpo, exceto em crianças especiais, que

possuem alguma diferença no processo de evolução física e mental, uma

paralisia cerebral, surdez, cegueira, entre tantas outras, que atrasam e

dificultam o processo de aprendizagem de uma criança.

Para Vygotsky, existe uma relação entre o desenvolvimento e a

aprendizagem da criança.

Essa interação e sua relação com a imbricação entre os processos de ensino e aprendizagem podem ser melhor compreendidos quando nos remetemos ao conceito de ZDP. Para Vygotsky (1996), Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), é a distância entre o nível de desenvolvimento real, ou seja, determinado pela capacidade de resolver problemas, independentemente, e o nível de desenvolvimento proximal, demarcado pela capacidade de solucionar problemas com ajuda de um parceiro mais experiente. São as aprendizagens que ocorrem na ZDP que fazem com que a criança se desenvolva ainda mais, ou seja, desenvolvimento com aprendizagem na ZDP leva mais desenvolvimento, por isso, dizemos que, para Vygotsky, tais processos são indissociáveis. (RABELLO et al. 2010, s/p).

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As características de desenvolvimento da criança estão interligadas ao

aprendizado pelo seguinte motivo, o corpo da criança se adapta ao

aprendizado, e isso é comprovado pelo fato de que a criança tem uma

facilidade muito maior em aprender uma língua desconhecida do que um

adulto, pois seu corpo ainda não está totalmente formado, ainda está em fase

de desenvolvimento e formação. Os processos de aprendizagens, motora,

cognitiva e afetiva se desenvolvem ao mesmo tempo em que a criança se

desenvolve, seja, física ou mentalmente.

A criança tem por curiosidade o seu mundo, “os comportamentos de

exploração do meio, [...] e do próprio corpo. É uma fase egocêntrica em que os

interesses giram em torno do pequeno mundo da criança”. TELES (1987)

p.181.

A maioria das pessoas acreditava que a inteligência da criança era fixada ao nascer, herdada geneticamente. Hoje a ciência nega esta crença. Um meio altamente estimulante e rico de experiências pode aumentar a inteligência das crianças nos decisivos primeiros anos, quando ela é mais maleável. (TELES 1987 p.166).

O que uma criança vê, ouve e aprende antes dos quatro anos de

idade, interfere significativamente no seu processo de aquisição da inteligência.

Falar da inteligência nesta pesquisa é de extrema importância, já que

esta afeta de forma direta a capacidade de aprendizado de uma criança.

De acordo com TELES (1987 p.187) o principal meio de se contrair

inteligência é o meio motivacional.

Brincadeiras como pegar um chocalho e escondê-lo e deixar que a

criança o ache, através do barulho ou no alcance da visão ajuda a criança a

desenvolver sua inteligência. Ler para crianças menores de quatro anos

também ajuda e muito, TELES (1987 p. 168) aponta uma pesquisa, onde mães

de um bairro de baixo nível econômico ganharam dinheiro para ler a seus filhos

todos os dias, anos mais tarde foi provado que aquelas crianças superavam as

expectativas de inteligência compara a outras do bairro que não tiveram as

histórias no decorrer dos primeiros anos de vida.

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Portanto, pode-se entender que a inteligência é um fator que pode ser

adquirido, com o esforço dos pais e professores, e que atinge de forma

extremamente positiva o processo de aprendizagem.

“As crianças alfabetizadas antes dos seis anos geralmente conservam

o seu lugar de destaque na escola e às vezes apresentam resultados

excelentes”. TELES (1987 p.169).

Algo que interfere diretamente no processo de aprendizagem infantil é

a interferência do meio social, desde pequena, a criança é influenciada pelo

meio em que vive, e como mostrado no título anterior, a aquisição de valores

da criança por parte dos pais e professores interfere na aquisição da

inteligência do aluno/criança.

Assim, pode-se entender melhor um pouco a relação do meio social e

da aprendizagem dos anos iniciais de vida e escola.

Valores são um conjunto de regras e de imposições feita pela

sociedade a um indivíduo que dela se torna “escravo”, não tendo sua liberdade

concebida plenamente.

Cada indivíduo é atingido pelos valores da sociedade de forma que

esse processo de aquisição do que é imposto pela sociedade como “correto”

ou “incorreto” é transmitido de geração em geração, e esse processo atinge a

criança diretamente, através da família e até mesmo da escola.

Mas falando desta forma, talvez, possa-se pensar que valores são

ideologias, e isso é muito diferente, valores são estabelecidos pela sociedade

rotulando alguma coisa como sendo boa ou ruim, como a homossexualidade

que ainda é tratada com tabus e preconceitos pela maior parte da sociedade

brasileira, o que também é errado, mas valores não se resumem somente a

isso, valores podem ser considerados como hábitos, como costumes, cultura.

O Brasil é um dos países que menos lê livros no mundo, e isso é

preocupante, porque nossa cultura, ainda precária não incita o gosto pela

leitura, não atribui um dos valores importantes para a educação brasileira que é

a leitura.

Portanto valores são significados de que alguma coisa é boa ou ruim.

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[...] Pelo fato de viver, o homem está constantemente sendo solicitado a escolher e, ao fazer suas escolhas, inevitavelmente está atribuindo significado de bom, mau, útil, inútil às coisas que o rodeiam. (GARCIA 1981 apud PILETTI 1986 p.13).

Quando discutimos valores em educação, estamos nos referindo a coisas que têm uma conotação positiva ou negativa. Vejamos alguns exemplos de valores geralmente aceitos e difundidos em nossas escolas:

- Através do estudo, os que são mais capazes chegam aos postos mais importantes.

- O trabalho manual é uma ocupação inferior - Os que não querem estudar ficam relegados às tarefas

que nossa sociedade valoriza menos. [...] (PILETTI 1986. p. 13).

A criança pelo fato de estar disposta a se inserir no processo de

aprendizagem, mesmo que seja inconscientemente, recebe esses valores, de

forma direta e influenciadora; se lermos para as crianças pequenas, essas

terão um avanço maior na relação e no processo de aprendizagem que outras

que não tiveram essa mesma chance.

Esses processos de aprendizagem observavos nessa introdução, são

essenciais para compreender os próximos diálogos sobre a psicopedagogia

clínica e institucional, pois, ao lidar com o desenvolvimento da aprendizagem, o

psicopedagogo precisa compreender as relações sociais que envolvem a

aprendizagem e o ensino.

Nossos objetivos nesse trabalho consistem em aprender mais sobre a

psicopedagogia, observando a atuação do profissional em clínicas e em

instituições de ensino, ajudando a promover um ensino eficaz.

Para que esses objetivos se cumpram, iremos dispor o trabalho em

três capítulos. O primeiro sobre a psicopedagogia clínica, e sua atuação

privilegiando o desenvolvimento infantil. O segundo observando a atuação do

psicopedagogo em instituições de ensino, falando especificamente de

aprendizagens e fomentando sugestões para atividades com crianças que

possuem dificuldades de aprendizagem e desenvolvimento. O terceiro capítulo

visa principalmente abordar transtornos e dificuldades de aprendizagem, com a

finalidade de apresentar um maior conhecimento em relação ao tratamento de

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transtornos, focando principalmente, o Transtorno de déficit de atenção e

hiperatividade e os transtornos globais de desenvolvimento.

Para que isso seja possível, elencamos um grande arsenal teórico,

selecionando trechos importantes, que embasam e concordam com nossas

idéias e hipóteses sobre a atuação do profissional de psicopedagogia.

Deste modo, acreditamos cumprir com os objetivos propostos,

justificando a necessidade de fomentar pesquisas no campo da

psicopedagogia para mostrar à comunidade a importância desse profissional,

tanto em escolas quanto em clínicas de psicologia.

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1. HISTÓRIA E CONTEXTUALIZAÇÃO DE UMA NOVA ÁREA DE

CONHECIMENTO NO BRASIL: A PSICOPEDAGOGIA

Por volta de 1970, apareciam no Brasil, os primeiros profissionais

denominados psicopedagogos, a sua função era auxiliar crianças com

dificuldades de aprendizagens, relativas a transtornos e outras enfermidades.

Muito restritos a atuação, como auxiliares de tratamentos psicológicos, a

profissão ganhou espaço. E criou-se um plano de ética, regulamentação, e

cursos de formação em todo o país.

Abaixo estão localizados os principais artigos do plano de ética da

Associação Brasileira de Psicopedagogia.

Capítulo I – Dos princípios Artigo 1º A Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde que se ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a família, a escola, a sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando procedimentos próprios, fundamentados em diferentes referenciais teóricos. Parágrafo 1º A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento, relacionada com a aprendizagem, considerando o caráter indissociável entre os processos de aprendizagem e as suas dificuldades. Parágrafo 2º A intervenção psicopedagógica na Educação e na Saúde se dá em diferentes âmbitos da aprendizagem, considerando o caráter indissociável entre o institucional e o clínico. Artigo 2º A Psicopedagogia é de natureza inter e transdisciplinar, utiliza métodos, instrumentos e recursos próprios para compreensão do processo de aprendizagem, cabíveis na intervenção. Artigo 3º A atividade psicopedagógica tem como objetivos: a) promover a aprendizagem, contribuindo para os processos de inclusão escolar e social; b) compreender e propor ações frente às dificuldades de aprendizagem; c) realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia; d) mediar conflitos relacionados aos processos de aprendizagem. Artigo 4º

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O psicopedagogo deve, com autoridades competentes, refletir e elaborar a organização, a implantação e a execução de projetos de Educação e Saúde no que concerne às questões psicopedagógicas. Capítulo II – Da formação Artigo 5º A formação do psicopedagogo se dá em curso de graduação e/ou em curso de pós-graduação – especialização “lato sensu” em Psicopedagogia, ministrados em estabelecimentos de ensino devidamente reconhecidos e autorizados por órgãos competentes, de acordo com a legislação em vigor. Capítulo III – Do exercício das atividades psicopedagógicas Artigo 6º Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os profissionais graduados e/ou pós-graduados em Psicopedagogia – especialização “lato sensu” - e os profissionais com direitos adquiridos anteriormente à exigência de titulação acadêmica e reconhecidos pela ABPp. É indispensável ao psicopedagogo submeter-se à supervisão psicopedagógica e recomendável processo terapêutico pessoal. Parágrafo 1º O psicopedagogo, ao promover publicamente a divulgação de seus serviços, deverá fazê-lo de acordo com as normas do Estatuto da ABPp e os princípios deste Código de Ética. Parágrafo 2º Os honorários deverão ser tratados previamente entre o cliente ou seus responsáveis legais e o profissional, a fim de que: a) representem justa contribuição pelos serviços prestados, considerando condições socioeconômicas da região, natureza da assistência prestada e tempo despendido; b) assegurem a qualidade dos serviços prestados. Artigo 7º O psicopedagogo está obrigado a respeitar o sigilo profissional, protegendo a confidencialidade dos dados obtidos em decorrência do exercício de sua atividade e não revelando fatos que possam comprometer a intimidade das pessoas, grupos e instituições sob seu atendimento. Parágrafo 1º Não se entende como quebra de sigilo informar sobre o cliente a especialistas e/ou instituições, comprometidos com o atendido e/ou com o atendimento. Parágrafo 2º O psicopedagogo não revelará como testemunha, fatos de que tenha conhecimento no exercício de seu trabalho, a menos que seja intimado a depor perante autoridade judicial. Artigo 8º Os resultados de avaliações só serão fornecidos a terceiros interessados, mediante concordância do próprio avaliado ou de seu representante legal. Artigo 9º

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Os prontuários psicopedagógicos são documentos sigilosos cujo acesso não será franqueado a pessoas estranhas ao caso. Artigo 10º O psicopedagogo procurará desenvolver e manter boas relações com os componentes de diferentes categorias profissionais, observando para esse fim, o seguinte: a) trabalhar nos estritos limites das atividades que lhe são reservadas; b) reconhecer os casos pertencentes aos demais campos de especialização, encaminhando-os a profissionais habilitados e qualificados para o atendimento. Capítulo IV – Das responsabilidades Artigo 11º São deveres do psicopedagogo: a) manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos que tratem da aprendizagem humana; b) desenvolver e manter relações profissionais pautadas pelo respeito, pela atitude crítica e pela cooperação com outros profissionais; c) assumir as responsabilidades para as quais esteja preparado e nos parâmetros da competência psicopedagógica; d) colaborar com o progresso da Psicopedagogia; e) responsabilizar-se pelas intervenções feitas, fornecer definição clara do seu parecer ao cliente e/ou aos seus responsáveis por meio de documento pertinente; f) preservar a identidade do cliente nos relatos e discussões feitos a título de exemplos e estudos de casos; g) manter o respeito e a dignidade na relação profissional para a harmonia da classe e a manutenção do conceito público. Capítulo V – Dos instrumentos Artigo 12º São instrumentos da Psicopedagogia aqueles que servem ao seu objeto de estudo – a aprendizagem. Sua escolha decorrerá de formação profissional e competência técnica, sendo vetado o uso de procedimentos, técnicas e recursos não reconhecidos como psicopedagógicos. [...] Capítulo VII – Da publicidade profissional Artigo 14º Ao promover publicamente a divulgação de seus serviços, deverá fazê-lo com exatidão e honestidade. Capítulo VIII- Dos honorários Artigo 15º O psicopedagogo, ao fixar seus honorários, deverá considerar como parâmetros básicos as condições socioeconômicas da região, a natureza da assistência prestada e o tempo despendido. Capítulo IX – Da observância e cumprimento do Código de Ética Artigo 16º

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Cabe ao psicopedagogo cumprir este Código de Ética. Parágrafo único - Constitui infração ética: a) utilizar títulos acadêmicos e/ou de especialista que não possua; b) permitir que pessoas não habilitadas realizem práticas

psicopedagógicas;

c) fazer falsas declarações sobre quaisquer situações da prática

psicopedagógica;

d) encaminhar ou desviar, por qualquer meio, cliente para si; e) receber ou exigir remuneração, comissão ou vantagem por

serviços psicopedagógicos que não tenha efetivamente realizado;

f) assinar qualquer procedimento psicopedagógico realizado por

terceiros, ou solicitar que outros profissionais assinem seus

procedimentos (ABPp, 2013, s/p).

O código de ética não só aponta a importância desse profissional,

quanto o seu campo de atuação, e apesar de ao estar citado ao trabalho,

regulamenta até mesmo as produções científicas sobre os conhecimentos de

psicopedagogia.

Ao estar ligado a aprendizagem, como um profissional da saúde, o

psicopedagogo deve reconhecer que a sua atuação clínica deve respeitar

muito mais do que técnicas de aprendizagem, mas sim, prover com essas

técnicas um tratamento que auxilie o trabalho do psicólogo, que muitas vezes

não é necessário, e que priorize a melhoria da criança, observando as

investigações feitas ao longo do diagnóstico e promovendo melhorias nos

quadros de dificuldades de aprendizagem.

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2. PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA

O psicopedagogo pode atuar em diferentes contextos, há uma

regulamentação legislativa que permite a esse profissional auxiliar os

processos de aprendizagem, e inclusive, tratar crianças e aprendizes que não

consigam se concentrar, estabelecendo um diálogo com o psicólogo e outros

profissionais responsáveis pelo tratamento de transtornos e dificuldades de

aprendizagem.

Para que essa disposição esteja correta, o profissional precisa

desenvolver técnicas que auxiliem o aluno, de forma mais específica e

profunda, dentro da clínica, do que na escola, quando apenas táticas e técnicas

serão desenvolvidas, mesmo dentro da sala de aula para fomentar a

aprendizagem.

Nesse contexto, entendemos que o profissional clínico da

psicopedagogia, atua junto a crianças e adolescentes que tenham maiores

dificuldades de aprendizagem, desenvolvendo pela práxis didática uma

aprendizagem mais eficaz, do que com as atividades propostas pelo mesmo

profissional em ambientes institucionais.

Ela contempla uma abordagem ampla e integrada do sujeito a fim de compreender o seu aprender em todos os sentidos, a saber, em relação ao significado de aprender, à construção da estruturação lógica, a um aprisionamento do corpo, a uma ressignificação de um organismo com problemas e outros. (WOLFFENBUTTEL, 2005, p.18).

O trabalho com a psicopedagogia clínica é mais aprofundado, e visa

tratar individualmente um aluno, fomentando atividades que sejam

terapêuticas, ao mesmo tempo em que educam e ensinam. Vejamos a fala de

Ferreira (2002) que apresenta uma diferença clara entre o tratamento da

psicopedagogia clínica e institucional.

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[...] Mesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de aprendizagem, nunca conseguiria abarcá-los na sua totalidade, algumas crianças com problemas escolares apresentam um padrão de comportamento mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagógico mais especializado em clínicas. Sendo assim, surge a necessidade de diferentes modalidades de atuação psicopedagógica; uma mais preventiva com o objetivo de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da escola e outra, a clínicoterapêutica, onde seriam encaminhadas apenas as crianças com maiores comprometimentos, que não pudessem ser resolvidos na escola (FERREIRA, 2002; apud, BEYER, 2003)

A psicopedagogia clínica tem uma perspectiva terapêutica, enquanto

que a psicopedagogia institucional apresenta um tratamento de auxílio ao

processo educacional. O tratamento que a psicopedagogia clínica oferece é

mais aprofundado e específico, ele trata e recupera.

As clínicas de psicopedagogia levam em conta o brincar como

processo para recuperação de crianças com transtornos e dificuldades de

aprendizagem. Se considerar que o tratamento psicológico trata mentalmente

os transtornos e dificuldades de aprendizagem, a psicopedagogia, promove a

práxis da aprendizagem, auxiliando a recuperação mental promovida pelo

profissional pedagogo.

A maioria dos casos que recebo para avaliação psicopedagógica é de estudantes com quadro de fracasso escolar, apresentando os mais diversos sintomas. É importante que de algum modo se possa fazer um diagnóstico da escola para definição dos parâmetros do desvio. Não se pode apenas diagnosticar o sujeito isolado no tempo e no espaço da realidade socioeconômica que se vive no Brasil de hoje (WEISS, 2000, p.31).

Nesse contexto, o profissional clínico oferece aos pais e professores

uma saída para alunos que tenham muitas dificuldades e que não conseguem

acompanhar os conteúdos necessários para seu desenvolvimento.

O psicopedagogo clínico, não deixa de observar em nenhum

momento, as questões relativas a aprendizagem, e por isso, mesmo atendendo

um indivíduo separadamente, em um ambiente mais calmo, focando

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especificamente no seu desenvolvimento, não deixa de se ligar à instituição

educacional.

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3. PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL

Entendemos como a psicopedagogia na escola tem a função de

fomentar o conhecimento científico, de forma a incentivar técnicas de

aprendizagem às crianças que possuem dificuldades nesse processo. Essas

dificuldades são originadas por transtornos, síndromes e até mesmo traumas

psicológicos.

O trabalho do psicopedagogo na instituição educacional, não é o de

tratamento, mas o de auxilio ao processo de desenvolvimento aprendizagem,

por isso, desenvolver técnicas que auxiliem o processo de aprendizagem é

importante. A musicalização, que abordaremos a seguir, é um projeto que

quando inserido nas aulas, e colocado em sessões ajuda a desenvolver

habilidades antes não cogitadas.

A escola, quando encaminha ao psicopedagogo um aluno com dificuldades, espera a nossa colaboração para que esse aluno que não se encaixa possa obter uma atenção mais individualizada; ou seja, pede-nos para diagnosticar as suas dificuldades e para auxiliar o professor e a própria escola a encontrarem soluções e estratégias para que o aluno consiga progredir e adaptar-se ao ritmo estabelecido. De certa forma, acreditamos que, ao encaminhar-nos esses alunos, a escola espera de nós uma ajuda para desenvolver um tipo de ensino mais individualizado e adaptado aos diferentes indivíduos; nestes casos, cumprimos, então, um papel de apoio e colaboração no processo de individualização do ensino (BASSEDAS; et al., 1996, p.39)

Todos sabemos que na Educação Infantil, a educação básica,

preenchida por valores morais, e conhecimentos básicos de mundo, é o

caminho a ser percorrido para que o aluno consiga aprender a viver em

sociedade, dando a devida importância ao que acontece à sua volta.

Esse aprendizado inicial, começa ainda quando a criança é um bebê,

ou seja, tem menos de dois anos, e não possui a habilidade da fala.

Então, ao usar imagens de animais, de lugares, seus respectivos sons,

ao introduzir sensações, ao incutir experiências sensoriais que dão ao aluno a

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noção de mundo necessária para sua evolução, garante-se o seu

desenvolvimento intelectual e pessoal.

O psicopedagogo pode ajudar esse desenvolvimento, inserindo

músicas e sons na sala de aula, e explorando o conhecimento que deve ser

transmitido, ainda na Educação Infantil, como forma de cumprir o papel do

professor de forma mais dinâmica, proporcionando um aprendizado mais

facilitado e eficaz.

A inserção da música dentro da sala de aula pode ainda combater

outros problemas encontrados na educação infantil que se relacionam com

diversas dificuldades de aprendizagem, desde as físicas e mentais, até as

puramente psicológicas.

Sabendo disso, consideramos importante incluir nesse trabalho, os

estudos de Piaget sobre o desenvolvimento humano, abordando ainda, os

problemas que ocasionam dificuldade de aprendizagem na educação infantil e,

mostrando como a música pode ser importante nesse processo de ensino e

aprendizagem.

A pesquisa de Fonseca (1995) pode nos dar uma noção sobre a

dificuldade de aprendizagem na educação infantil, enquanto que os textos de

Vallim (2003) E Krieger (2005) pode nos ajudar a compreender como a música

pode ser benéfica dentro da sala de aula.

A psicopedagogia apresenta formas de tratar a criança, educando-a, e

fazendo com que ela desenvolva habilidades cognitivas, compreendendo o

mundo e adquirindo inteligência.

Na educação infantil, a psicopedagogia pode principalmente auxiliar o

desenvolvimento infantil, tratando, recuperando e transformando as

dificuldades de aprendizagem.

A psicopedagogia se ocupa do estudo do processo de aprendizagem humana, de forma preventiva e terapêutica. Entretanto, ainda que o enfoque da psicopedagogia seja os problemas de aprendizagem, é necessário que se ocupe do processo de aprendizagem como um todo, a fim de descobrir as barreiras que impedem ou atrapalham o aprendiz de se autorizar a saber (LEMOS, 2007, p.69).

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Então, o psicopedagogo, dentro da educação infantil, atuando como

professor, educador, interfere nas estruturas de aprendizagem da criança,

acumulando meios para atingir suas habilidades de aprendizagem, tornando o

aluno receptivo aos conteúdos ministrados de forma que a dificuldade seja

contornada.

Mas para que as dificuldades de aprendizagem do aluno sejam

contornadas, é preciso também que ela esteja, ao mesmo tempo, sendo

tratada.

São diversas as dificuldades de aprendizagem dentro da educação

infantil, encontramos entre elas desde problemas relacionados à estrutura

econômica, quando as crianças não têm subsistência básica de suas

necessidades físicas e fisiológicas, até problemas emocionais, criados dentro

do ambiente familiar (recusa dos pais, ausência, falta de contato, carinho, etc.)

e problemas físico-mentais (deficiências, transtornos, síndromes etc.). Em

todos os casos o professor deve saber atingir o aluno, e preparar atividades

que incluam o aluno de forma divertida e atrativa, para que ele se sinta

extremamente convidado a participar da aula.

Os fatores biológicos (intrínsecos) têm tanta importância quanto os sociais (extrínsecos), pois, além de estarem completamente entrelaçados, são capazes de influenciar positiva ou negativamente o processo de aprendizagem (LEMOS, 2007, p.69)

Em raras exceções, encontrar-se-ão alunos com diversas dificuldades

de aprendizagem em uma mesma sala de aula de educação infantil. Nesses

casos, o professor deixa de ser responsável pelos alunos, na medida em que

seu trabalho pode ser prejudicado pelo excesso de atividades e pela

impossibilidade de atenção distribuída a vários alunos ao mesmo tempo.

É preciso também que a coordenação da escola, junto com os órgãos

competentes colaborem com a estrutura e a quantidade de professores dentro

da sala de aula, a proporcionar um padrão alto na qualidade do ensino.

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Normalmente, dentro de salas de educação infantil, encontram-se de 3

à 5 professores, capazes de conduzir vários alunos ao mesmo tempo. Por isso,

o professor pode dedicar sua atenção ao aluno com mais dificuldade de

aprendizagem, incluindo todos os outros na mesma atividade.

O grande sacrifício, portanto, não é conduzir o aluno com dificuldade

de aprendizagem, e os outros, tendo que promover mais atividades separadas,

executando-as ao mesmo tempo, mas sim, preparar uma atividade que inclua o

coletivo dentro da proposta, podendo educar todas as crianças, inclusive as

que tem algum atraso escolar, devido à dificuldade de aprendizagem.

O professor psicopedagogo é o profissional que entra no ambiente

familiar de todas as crianças as quais é ele o responsável direto. Atuando na

dificuldade de aprendizagem e contornando-a. Observando as atividades

musicais, nos casos de falta de subsistência familiar, pouco pode a música

fazer pela melhora no aprendizado do aluno, contudo, quando os problemas de

aprendizagem estão relacionados a transtornos emocionais ou necessidades

especiais, a música tem o poder de fazer com que o aluno se concentre, se

acalme, se divirta, se integre e se movimente. (FONSECA, 1995)

Em cada um dos casos a música pode exercer funções diferentes

dentro da sala de aula, e na mente da criança, promovendo um aprendizado,

que até então era inalcançável mesmo com a prática de brincadeiras e da

exploração lúdica da criança.

O psicopedagogo, que tem por função, então, tratar as dificuldades de

aprendizagem, pode utilizar esse recurso para introduzir conhecimentos,

explorar o aprendizado, e ainda, elaborar um planejamento didático que inclua

todos os alunos da sala de aula.

O profissional psicopedagogo está, então, diretamente ligado aos

problemas de aprendizagem dos alunos, de forma que sua atuação dentro da

educação infantil chega a ser indispensável, quando existem alunos

comprometidos em relação aos processos de aprendizagem, causados por

origens das dificuldades de aprendizagem.

A música pode ser uma ferramenta para que o psicopedagogo alcance

as crianças que tem alguma dificuldade atrapalhando seu processo de

aprendizagem.

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A música estabelece comunicação, e mexe com os sentimentos,

pensamentos, emoções da criança. Estudos sobre musicoterapia mostram que

a sonorização oferece resultados positivos até em tratamentos traumáticos

físicos.

No entanto, quando os feridos da 2ª Guerra Mundial começam a encher os hospitais norte-americanos, os médicos são confrontados com a prevalência das desordens funcionais e emocionais e, rapidamente, reparam que a música não se constituía apenas em apoio moral ou distração para os pacientes, mas representava uma ajuda efetiva ao processo de recuperação. A música torna-se então parte do Programa de Recondicionamento do Exército, sendo administrada sob a supervisão direta dos oficiais médicos. Este foi o primeiro reconhecimento dado à música como um meio especializado para ajudar traumatizados de guerra. (COSTA, 1992, p.4)

É comprovado cientificamente, que as emoções são importantes em

qualquer processo de recuperação fisiológico ou mental, já que a música, e a

exploração do som podem reduzir o estresse e a tensão, fazendo com que o

corpo acelere o processo de cura e reabilitação, já que não se encontra mais

tensionado, estressado.

A partir desse momento, compreende-se a música como um auxílio na

recuperação de dificuldades de aprendizagem. O professor psicopedagogo

pode explorar esse recurso facilitador para estabelecer comunicação com o

aluno, e auxiliá-lo no processo de aprendizagem e aquisição da inteligência.

Por Musicoterapia entende-se um processo sistemático de intervenção, onde o musicoterapeuta ajuda o cliente ou grupo, utilizando experiências musicais e as relações que se desenvolvem através delas como forças dinâmicas de mudança, facilitando e promovendo: comunicação, relacionamento, mobilização, expressão, organização e aprendizado (ADEODATO, 2007, p.3/4).

De qualquer forma, as dificuldades de aprendizagem interferem

significativamente em um aspecto da vida social da criança, a sua habilidade

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de comunicação. Quando na educação infantil, essa habilidade não se resume

apenas à fala, já que a criança começa a falar a partir do segundo ano de vida.

Nesse momento, é importante entender que a comunicação se

restringe às expressões sensoriais da criança (Piaget, 1993). Portanto, quando

a criança tem algum problema que impeça sua evolução dentro do processo de

ensino e aprendizagem, ela se torna fechada a receptividade sensorial do

mundo à sua volta.

Assim a estimulação dos bebês, no maternal, as brincadeiras, nos

primeiros anos de vida tornam-se desimportantes e sem sentido. A inclusão da

música como terapia dentro da educação infantil promove a abertura desses

canais sensoriais, fazendo-os receptivos às estimulações promovidas pelo

professor na sala de aula.

A música tem diversas propriedades a partir das habilidades de

comunicação, como vimos na fala de Adeodato (2007), agora, ele apresenta a

seguinte consideração sobre a importância da música na abertura das

habilidades comunicacionais.

Em um contexto educacional marcado por isolamentos e individualidades, devem ser proporcionados canais de expressividade e comunicação variados. Neste sentido, a inserção da musicoterapia nos espaços escolares torna-se relevante, uma vez que a música pode tornar-se um objeto intermediário, possibilitando o restabelecimento da comunicação do indivíduo, e esta pode ocorrer por meio de caminhos que não são necessariamente verbais (ADEODATO, 2007, p,3).

Dentro dessas habilidades de comunicação, encontram-se na

educação infantil, as habilidades sensoriais, que fazem com que a criança se

expresse, e receba informações por meio de seus sentidos.

As habilidades de comunicação, como dissemos, pode ser prejudicada

por conta de problemas de aprendizado causados por dificuldades emocionais

ou necessidades especiais fisiológicas, transtornos, síndromes, deficiências

físicas.

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Quando a criança se fecha para o aprendizado, por conta de uma

diferença com os outros alunos, a opção de incluir a música dentro da sala de

aula pode proporcionar um aprendizado maior porque manipula os sentimentos

das crianças.

Vallim (2003) alega que músicas mais tranqüilas, podem fazer com que

a criança se acalme. As obras noturnas de Chopin são calmas e tranqüilas, se

reproduzidas no momento certo, podem induzir, mesmo sem nenhuma letra, o

sono, o relaxamento, a tranqüilidade.

Uma música mais agitada pode fazer com que a criança se anime.

Uma música que induza a participação infantil pode fazer com que ela se

integre dos demais alunos.

São vários os casos em que a música pode ser aplicada dentro da

educação infantil, sem que haja prejuízo do tempo didático dentro da sala de

aula. As atividades continuarão a ser exploradas da mesma forma, mas as

músicas serão inclusas no cotidiano escolar (KRIEGER, 2005).

Músicas servem também como aparato didático, como por exemplo, a

sequência de músicas da famigerada “Galinha Pintadinha”, que apresentam

aquelas informações básicas sobre o mundo, de forma lúdica, incluindo a

criança num mundo fictício.

Essa apresentação didática não pode ser confundida com

musicoterapia, que diferente do ensino, trata, conduz, reabilita, comunica,

integra e movimenta a criança.

A música usada terapeuticamente pode auxiliar a aprendizagem de

alunos com TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), por

exemplo, que ao ouvir músicas mais lentas e tranquilas, enquanto é estimulado

com objetos e brinquedos que obriguem a reflexão, é condicionado a ser mais

tranqüilo, amenizando desde os primeiros meses de vida o grau do seu

transtorno (VALLIM, 2003).

Para Krieger (2005) a expressão musical na educação infantil, pode

colocar um aluno em um novo patamar de desenvolvimento, mesmo que ele

possua dificuldades preestabelecidas como empecilho para a aquisição de

inteligência.

Então, o tratamento musical, pode ser psicopedagógico, na medida em

que o aluno é reabilitado, condicionado a superar as dificuldades que

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apresenta desde pequeno, e que possam interferir na aprendizagem futura, e

no seu desenvolvimento educacional.

Considera-se, assim, importante a apreciação musical dentro da

educação infantil, de forma a promover a inserção de alunos que estão

excluídos do processo de ensino e aprendizagem, por conta de dificuldades

pessoais.

As dificuldades de aprendizagens, que tem diversas causas podem ser

solucionadas com a apresentação de músicas dentro do ambiente educacional,

direcionando e manipulando as emoções da criança, para que ela consiga se

integrar com o restante da turma, e abrir sua mente para receber os estímulos

provocados pelos professores, tão importantes para o aprendizado sensorial e

o desenvolvimento infantil.

O psicopedagogo, ao promover atividades musicais na instituição onde

trabalha, promove também um processo de interação entre as crianças,

fomentando o aprendizado e o desenvolvimento, se levarmos em consideração

as perspectivas de Vygotsky (1988) sobre o interacionismo.

Além disso, a psicopedagogia institucional considera a interação entre

aluno-professor e aluno-aluno como um motor para o desenvolvimento da

aprendizagem e para o tratamento de distúrbios que atrapalhem o processo de

assimilação de conhecimentos.

Acreditamos ser de interesse de todos os estudiosos da

psicopedagogia entender como os processos de relação entre as crianças

ocorrem, acarretando o crescimento da própria criança através da socialização,

seja com seus amigos, ou com os professores.

As diferentes culturas que se misturam na sala de aula, entre os casos

de alunos estrangeiros que se matriculam nas escolas, pais de diferentes

religiões, culturas que podem ser diferenciadas, já que vários fatores que

interferem nesse quesito, são importantes pontos que devem ser levados em

consideração quando a criança entra na escola, e interage com o outro.

Essa interação resulta sempre num crescimento comum, para ambas

as partes, se estamos falando da criança. Com o professor isso também

acontece, pois tanto o professor quanto o aluno se enriquecem das

experiências transmitidas e vividas dentro da sala de aula.

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Portanto, aproveitar os conteúdos transmitidos em sala de aula, é

importante para o aluno, mas o processo de interação e as mensagens

transmitidas, durante as experiências em sala podem ser ainda mais ricas do

que o conteúdo, pois elas permeiam os conteúdos, de forma a ilustrar a sua

necessidade.

A neuropedagogia estuda o cérebro e como ocorre o processo de aprendizagem, possibilitando a intervenção na área cognitiva, orgânica, emocional e sociointerativa da pessoa, buscando uma atuação que dê significado à aprendizagem, desenvolvendo suas competências. (ZONTA, et al; s/d, p.1)

Na educação infantil, a preparação para o mundo detém o maior

potencial de conteúdos possíveis, a educação física lida com o conhecimento

do corpo. A educação artística lida com o processo de observação e o

aprendizado que o aluno tem com ele. A matemática lida com as ciências

exatas, e dá à criança perspectiva para ser independente pelo menos um

pouco, na hora de se arriscar gastando sua mesada comprando um doce ou

um brinquedo. As linguagens informam como o processo de comunicação é

importante para o aluno se encontrar em todas as outras áreas. E as ciências e

a geografia, dão uma noção de espaço, e mundo, literalmente falando,

deixando claro a importância de estar ligado aos outros, aos animais, a relação

que eles têm conosco, de dependência, as noções de alimentação e saúde.

Enfim, a forma como a recepção da criança modifica o seu

conhecimento e as suas experiências não podem ser deixadas de lado.

O principal motor desse relacionamento que propõe conhecimento não

pode ser outro, é o principal meio pelo qual o aluno aprende, tendo em vista o

pressuposto de que as experiências básicas dos alunos são as mesmas, por

conta da idade, e do avanço etário do professor em relação aos alunos.

O professor é a pessoa que mais enriquece a relação entre

conhecimento e aprendizagem, o aluno necessita de um professor, e esse,

mesmo não sendo mais o detentor do saber, como em alguns anos atrás, ainda

têm experiências de vida a mais e mais complexas que os alunos, sendo

assim, ele direciona o aprendizado do aluno.

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Se estar ligado ao professor é essencial, pode-se dizer que estar ligado

a qualquer outra pessoa mais velha pode ser bom. E nesse momento uma

pergunta é essencial, já que o professor serve como um enriquecedor das

experiências dos alunos, e apenas guia seu conhecimento, não sendo,

portanto, detentor do saber, em que momento ele é necessário? Ele pode ser

substituído pelos pais e por uma babá no caso de os pais trabalharem fora de

casa durante o dia?

De forma nenhuma o professor pode ser descartado do processo de

ensino e aprendizagem, pois mesmo que não seja o detentor do saber, possui

as técnicas necessárias para o avanço científico da criança em sua evolução

na sala de aula. Desta forma, o professor se torna necessário no momento em

que além de permear os conteúdos aplicados cientificamente na sala de aula,

ainda coloca os conteúdos sobre uma perspectiva de aproveitamento no

mundo.

Nesse momento o professor deixa de ser um guia e passa a ser um

mediador do conteúdo e do conhecimento de mundo do aluno, que se forma a

cada dia através dos ensinamentos transmitidos na sala de aula e da troca de

experiências.

Para isso é importante que o professor saiba respeitar as diferenças

dos alunos, por isso os pais não podem ser mediadores de conteúdos

científicos, e cabe a escola esse papel, visto que cada criança tem um papel

importante na sua própria compreensão do mundo. Os pais, por melhores que

sejam as intenções, criam expectativas sob os filhos, e ensinam eles de acordo

com seu ponto de vista, isso não acontece com o professor.

Segundo Dantas (1992), na fase da formação de caráter da criança, ou

seja, entre os três e os seis anos de idade, fica muito mais fácil apresentar o

relacionamento entre crianças e adultos como um auxílio, que eles podem

usufruir sempre que necessário.

Enfim o professor não é apenas o que passa o conhecimento, e em se

tratando da educação infantil, ele é muito mais do que apenas um professor, ao

dividir suas experiências com os alunos, ele transmite a elas o seu potencial

criativo e social.

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“Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos

a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa

palavra. O professor, assim, não morre jamais”. (ALVES, 2000 p.5)

Desse modo, interagir com o aluno é muito mais do que apenas

ensinar ou transmitir conhecimento, é participar ativamente da sua formação e

do seu processo de crescimento e da sua vida. O professor se torna mais que

um objeto de ensino, ou de mediação de conhecimento e passa a fazer parte

da vida do aluno, inclusive afetivamente, e isso é um ponto muito importante

para que essas condições de crescimento e ensino aprendizagem possam ser

efetivas.

Por mais que tenhamos a plena consciência de que a relação entre

crianças e adultos é indispensável, a sua afetividade e condições emocionais

são muito mais influenciadas por crianças da própria idade.

Muitos estudos apontam o Bullying como a causa mais provável de

atrasos escolares de crianças com estereótipos de beleza diferentes dos

comuns, ou os que tem alguma dificuldade física ou mental, alguma deficiência

que provoque vergonha e qualquer outro sentimento de humilhação na escola

e atrapalhe, portanto, o andamento do processo de ensino e aprendizagem da

criança dentro da sala de aula.

Portanto, principalmente dentro da escola, o relacionamento entre as

crianças tem uma importância muito grande na definição de como o ensino

proporcionado pelo professor irá acontecer. Como ele progredirá.

Sendo assim, da mesma forma que o relacionamento entre as crianças

pode ter algo negativo, ele pode ser bom, pois incuti no aluno valores morais e

de convivência social.

Vygotsky (1989, p.64) assevera-nos que “todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes: primeiro, no nível social, e, depois, no nível individual; primeiro entre pessoas (interpsicológica) e, depois, no interior da criança (intrapsicológica) ”. Para ele, as origens da vida consciente e do pensamento abstrato deveriam ser procuradas na interação do organismo com as condições de vida social e nas formas históricosociais da espécie humana, procurando analisar o reflexo do mundo exterior no mundo interior dos indivíduos, a partir da interação destes sujeitos com a realidade. (SILVA e LUCAS, 2003, p.131)

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Para Vygotsky (1989) esse tipo de interação serve como benefício para

o aprendizado, visto que para ele, o aprendizado começa de fora, e todas as

questões intrínsecas ao ser humano, são na verdade frutos de suas

experiências com o exterior, para que futuramente, elas, as crianças, possam

exteriorizar como seu, a informação recebida há muito tempo, depois de

processar o conhecimento e dar ao conhecimento recebido uma característica

particular.

É assim, que o professor media os conhecimentos dos alunos, então

se o processo de interação é o doador do conhecimento social, e somente o

social, visto que para o cientifico é necessário um certo grau de evolução

acadêmica, a criança aprende os valores morais através da sua interação com

o mundo.

O psicopedagogo institucional tem como função observar quando a

criança não se encaixa socialmente, procurar os motivos para esse

distanciamento e promover ações e atividades que integrem a criança do seio

social.

Para a criança, estar sempre em contato com outras crianças faz com

que ela evolua de maneira natural, sem problemas psicossociais e aprendendo

a lidar com suas próprias questões dificultadoras da sociabilidade humana.

Os centros de educação infantil são por excelência o local onde a vida coletiva favorece as interações em grupo, pois são ambientes que recebem, constantemente, influências das condições sócio-culturais, determinantes do processo de aprendizagem e desenvolvimento das crianças. Nas palavras de Abramowiz (1995, p. 39): “A creche é um espaço de socialização de vivências e interações”. Neste espaço as interações traduzem-se por atividades diárias que as crianças realizam com a companhia de outras crianças sob a orientação de um professor. A partir da compreensão de que estas situações contribuem para o processo de aprendizagem e desenvolvimento infantil, é possível o professor e demais profissionais da Educação Infantil redimensionar a sua prática pedagógica e ressignificar o papel da interação na educação infantil. (SILVA e LUCAS, 2003, p.131)

Ou seja, o professor pode inclusive adaptar a forma como o conteúdo

em sala de aula é transmitido vista a necessidade da sala, e como os

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processos de interação entre os alunos tem ajudado o andamento do

aprendizado.

Contudo, algumas formas de interação entre alunos são maléficas,

como a prática do Bullying dentro da sala de aula. Ultimamente o termo tem se

tornado bastante comum às escolas e aos estudiosos da educação, e tem

importância no trato das relações humanas dentro da escola.

A prática do Bullying pode ser feita facilmente por alunos sem que o

professor perceba, e entender isso ajuda de uma forma quase que suficiente

para evitar a prática e consequentemente um problema na aprendizagem do

aluno que sofreu o ataque ofensivo.

Quando o aluno é obeso, ou tem trejeitos femininos, se homem ou

trejeitos masculinos, se mulher. Ou ainda se tem alguma deficiência que

permita que ele frequente a escola convencional, ou ainda tiver alguma

característica da sua beleza destituída dos padrões estéticos midiáticos, como

por exemplo, uma sobrancelha muito grossa, ou lábios muito carnudos ou

cabelos crespos, ou de cor negra, ente tantas outras características, ele, o

aluno, pode ser prejudicado no que diz respeito às relações sociais como

“ensinantes” de valores e conceitos morais e sociais.

E essa prática é tão perigosa quanto prejudicial ao aluno, pois o coloca

numa situação de atraso dentro da turma, visto que o professor adapta sua

aula para a turma toda, e em condições brasileiras seja bem complicado um

professor atender a vários alunos de uma vez só, tendo por base a falta de

recursos e de tempo para isso.

As vítimas transformam-se em adultos inseguros, com uma auto-estima mais pobre e uma tendência maior para entrar em estados depressivos. Algumas vítimas acabam no suicídio, enquanto outras se tornam, elas próprias, em pessoas violentas. Os agressores, através das relações muito específicas que mantêm e aprendem como a falta de respeito pelas regras e normas de convivência social, acabam por entrar numa vida de pré-delinquência, envolvendo-se mais tarde em problemas de conduta, com a droga, alcoolismo, crimes, terminando muitas vezes na cadeia. (BARROS, et al. 2009, p.5748)

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Como sempre, temos os dois lados da moeda no processo de

interação, mas o professor sempre pode, com os recursos que lhe são dados,

movimentar-se para transformar o lado ruim, num lado bom.

Quando o processo de interação é bem-sucedido, o aluno tem vários

benefícios tais como o próprio relacionamento social, que é benéfico para seu

estado emocional, ou ainda os acréscimos culturais, das diferentes culturas

com as quais o aluno convive, e os diferentes pontos de vista que assume por

influencia dos outros, ao mesmo tempo que influencia, numa relação de

amizade saudável.

A afetividade tem um papel importante na formação da aprendizagem

do aluno, visto que ele elabora e tece fios afetivos com o professor e os

amigos, se esses fios não são tecidos, se não existem laços de amizade do

aluno, para com o professor ou os colegas de sala, ele se desloca e a

aprendizagem é prejudicada.

Uma das dificuldades no estudo sobre a afetividade é a definição do que realmente significa o termo. Na linguagem geral, afeto relaciona-se com sentimentos de ternura, amor, carinho e simpatia. A afetividade está relacionada aos mais diversos termos: emoção, estados de humor, motivação, sentimento, paixão, atenção, personalidade, temperamento e outros tantos. A maior parte das vezes, confundida com emoção. (MELLO e RUBIO, 2013, p.2)

Conceituando o afeto com esses elementos, alegria, amor, carinho,

atenção, simpatia, ternura podemos perceber que o afeto é muito mais do que

o gostar ou não de alguém, e a partir dessa observação se elaboram, novas

possibilidades para o aluno aprender com o professor e com os amigos.

Primeiramente, os laços de amizade que se formam entre eles são na

verdade, uma afinidade, mas uma multiplicidade de momentos que provocam

diferentes sentimentos e emoções.

Num dia em que o professor dedica sua alegria à aula, os alunos,

obviamente serão contagiados e também ficarão alegres com a forma como o

professor passa o conteúdo a eles.

É uma cadeia de efeitos, então a afetividade na educação infantil, não

se refere apenas à situação em que, caso o aluno goste do professor, ele

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aprenda, caso não goste, não aprenda, a questão da afetividade é muito maior

e está ligada a diversos fatores.

A afetividade é ainda mais do que apenas uma forma ou um meio, ou

ainda um método para ensinar a criança. Aproveitar os sentimentos e as

emoções que a criança tem para obter certo sucesso no processo de ensino

aprendizagem seria a mesma coisa que manipular a criança, a afetividade,

contudo, tem um papel muito maior, ela está ligada ao desenvolvimento da

criança.

Tudo parece ligado ao exemplo maior do professor ou dos pais. A

intimidade com que a criança se entrega aos responsáveis faz com que ela

confie de uma forma tão intensa no que lhe é dito, que seus sentimentos e

ações são ainda influenciados pelos exemplos.

Como afirma Mello e Rubio (2013, p.5)

[...] afetividade é anterior ao desenvolvimento, e as emoções têm papel predominante no desenvolvimento da pessoa, é por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades. As transformações fisiológicas de uma criança revelam traços importantes de caráter e personalidade. A raiva, a alegria, o medo, a tristeza tem funções importantes na relação da criança com o meio, a emoção causa impacto no outro e tende a se propagar no meio social, pois é altamente orgânica. Desta forma, nessa teoria, acredita-se que a afetividade é um ponto de partida para o desenvolvimento.

O desenvolvimento da criança pode então ser diretamente influenciado,

e as suas conquistas futuras podem ser derrubadas através de um ensino que

não privilegie as emoções e os sentimentos da criança, visto que esses

sentimentos e emoções são formadores de autoestima.

O desenvolvimento da autoestima infantil é auxiliado por pais cuja própria autoestima é elevada, que são calorosos e receptivos, interessados nas atividades das crianças, que encorajam a autonomia sem serem excessivamente exigentes. (DOIMO, et al, s/d, p.6)

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Considerando que a família é a primeira escola da criança, ela tem o

poder de transformar a auto-estima da criança numa coisa boa ou ruim, assim

a escola também o pode fazer, deixando os alunos mais interessados e

aplicados ou mais desligados e dispersos. Esses paradigmas estão interligados

ao estudo das emoções da criança na educação infantil. Se ela é frustrada, por

conta do Bullying ou da família, ou de um mal professor, ela terá sua auto-

estima e suas conquistas futuras também abaladas.

Entendendo o sujeito como ser social, o resgate das fraturas e do prazer de aprender, na perspectiva da Psicopedagogia Clínica, objetiva não só contribuir para a solução dos problemas de aprendizagem, mas colaborar para a construção de um sujeito pleno, crítico e mais feliz. (ESCOTT, 2004, p.27).

Tendo por base o sentimento e as emoções, ou seja, a afetividade

como fator de ensino, compreendemos que a criança pode aprender através de

suas relações com o mundo, e através dos sentimentos que se formam entre

ela e as pessoas à sua volta.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Depois de entender as dificuldades de aprendizagem, o

desenvolvimento infantil, abordar questões sociais relativas ao

desenvolvimento infantil, e promover conhecimentos sobre a prática e a

atuação do profissional psicopedagogo, nos capítulos anteriores, inclusive

observando os problemas relativos aos transtornos globais de

desenvolvimento, nos resta, nas considerações finais, entender a importância

do profissional psicopedagogo na modernidade.

Em um contexto social, onde os projetos individualistas, e o rápido

desenvolvimento tecnológico afasta as pessoas, e exige cada vez mais dos

indivíduos, aqueles que não tem uma boa formação familiar ou social, os que

dependem do estado para promover a sua educação, serão prejudicados em

relação aos que têm diferentes recursos de aprendizagem e os que estão

ligados com as mais diversas tecnologias de aprendizagem e

interação/comunicação.

As diferenças sociais estão distanciando, numa mesma sala de aula,

alunos, e os professores tem encontrado muita dificuldade para conseguir

promover um ensino eficaz. A atuação do profissional psicopedagogo, nesse

contexto social volátil e líquido (Bauman, 2004), é cada vez mais importante,

para equalizar as aprendizagens e as condições sociais diferentes das crianças

na escola.

Num contexto moderno, o psicopedagogo tem que lidar com uma

realidade que, de tão voraz, constrói dificuldades de aprendizagem. As novas

formações culturais destoam identidades, e as crianças se perdem em meio a

tantas configurações sociais.

A modernidade e a evolução seria, claramente uma reformulação das

décadas de 80 e 90, e esse período de transição, o qual estamos passando,

não ajuda a formar identidades próprias e crianças e adolescentes com mentes

bem resolvidas e convicções e valores importantes para sua formação

educacional.

As aprendizagens no mundo moderno, são, claramente, prejudicadas,

em virtudes dessas novas configurações, novos transtornos e novas

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dificuldades aparecem, é preciso que o psicopedagogo não entenda apenas de

práticas educacionais mais, mas principalmente de questões relativas às

ligações sociais e relacionamentos, que as crianças estabelecem na nova

sociedade moderna.

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