psicopedagogia - trabalho academico

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NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – NEAD FACULDADES INTEGRADAS DE JACAREPAGUÁ - FIJ CURSO: PSICOPEDAGOGIA Roberta Januth O PSICOPEDAGOGO E SUA INTERVENÇÃO NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ITAGUAÇU, 2008

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Psicopedagogia

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Page 1: Psicopedagogia - Trabalho Academico

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – NEAD

FACULDADES INTEGRADAS DE JACAREPAGUÁ - FIJ

CURSO: PSICOPEDAGOGIA

Roberta Januth

O PSICOPEDAGOGO E SUA INTERVENÇÃO NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

ITAGUAÇU, 2008

Page 2: Psicopedagogia - Trabalho Academico

ROBERTA JANUTH

O PSICOPEDAGOGO E SUA INTERVENÇÃO NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Trabalho monográfico apresentado junto as Faculdades Integradas de Jacarepaguá, como requisito para obtenção do Certificado de Conclusão do curso de Pós Graduação em Psicopedagogia.

Orientadora: Andreia Oliveira Vicente

ITAGUAÇU,2008

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ROBERTA JANUTH

O PSICOPEDAGOGO E SUA INTERVENÇÃO NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Trabalho monográfico apresentado junto às Faculdades Integradas de Jacarepaguá

como requisito para obtenção do Certificado de Conclusão do curso do Pós

Graduação em Psicopedagogia com nota igual a ____, conferida pela orientadora.

Rio de Janeiro/ES, ________ de _________________ de 2008

____________________________

Orientadora: Andreia Oliveira Vicente

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RESUMO

O psicopedagogo e sua intervenção nas dificuldades de aprendizagem. Esse tema é muito importante, pois na educação existem vários obstáculos, principalmente na dificuldade que a criança tem de aprender os conteúdos propostos pelo professor. Diante disso o educador deve buscar novos conhecimentos para que ocorra a aprendizagem naquela criança independente da dificuldade que ela se encontra, nesse caso entra a função do psicopedagogo em ajudar a selecionar e buscar novos métodos para enriquecer o trabalho de maneira mais ampla para que aconteça a aprendizagem. Na educação tem níveis de dificuldades de aprendizagem de forma diferentes uma das outras, o professor deve refletir analisar antes de tomar qualquer decisão e levar sempre em consideração esse assunto e pensar na sua função como educador e a importância que você tem na vida de cada ser, no espaço que você ocupa na sala de aula. A educação de qualidade nos leva a conhecer e entender os mais existentes no seu cotidiano escolar no qual você está inserido. Às vezes se torna um pouco desconhecido ou mal entendido por alguns profissionais nessa área. Enfim é fundamental entender e saber lidar com as necessidades de cada um. Palavras-chave: psicopedagogo, intervenção, dificuldade, aprendizagem, educação, conteúdos, educador, enriquecer, analisar, necessidades.

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SUMMARY

Psicopedagogo and its intervention in the learning difficulties. This subject is very important, therefore in the education some obstacles exist, mainly in the difficulty that the child has to learn the contents considered for the professor. Ahead of this the educator must search new knowledge so that the learning in that independent child of the difficulty that it meets, in this occurs in case that the function of psicopedagogo enters in helping to select and to search new methods to enrich the work in ampler way so that the learning happens. In the education he has levels of different difficulties of learning of form one of the others, the professor must reflect to analyze before taking any decision and taking always in consideration this subject and to think about its function as educator and the importance that you have in the life of each being, in the space that you occupy in the classroom. The education of quality in takes them to know and to understand most existing in its daily pertaining to school in which you are inserted. The times if it becomes a little unknown or misunderstanding by some professionals in this area. At last it is basic to understand and to know to deal with the necessities of each one. Word-key: psicopedagogo, intervention, difficulty, learning, education, contents, educator, to enrich, to analyze, necessities.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 07

CAPÍTULO I

1-Dificuldades de Aprendizagem........................................................................... 13

1.1 - Diagnóstico para Alunos com Dificuldades de Aprendizagem ..................... 15

1.1.1- Distúrbios de Aprendizagem: uma rosa com outro nome........................... 18

1.2 - Transtornos de aprendizagem....................................................................... 25

1.2.1- Disgrafia - dificuldade de aprendizagem da escrita..................................... 27

1.2.2 - Discalculia ................................................................................................. 30

1.2.3 – Dislalia....................................................................................................... 33

1.2.4 – Disartria..................................................................................................... 34

1.2.5- Dislexia........................................................................................................ 35

1.2.6- TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade....................... 40

1.3-Família: as intervenções e relações interpessoais.......................................... 43

1.3.1 - Que dizer do processo de aprendizagem? Participam as

Famílias................................................................................................. 47

1.4 – Aquisição da Leitura e da Escrita................................................................. 48

1.4.1 - Que Fala cabe a Escola Ensinar?.............................................................. 51

CAPÍTULO II

2 - A importância da Psicopedagogia na Prevenção e

Diagnostico das Dificuldades de Aprendizagem................................................... 53

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 63

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INTRODUÇÃO

Falar de dificuldades de aprendizagem é algo corriqueiro e comum tanto em

nossas escolas como em outros lugares. A necessidade de se considerar o não

aprender como um processo, no qual inúmeros fatores estão atuando, deve recair

sobre todos os profissionais que acabam sendo envolvidos numa situação de

aprendizagem, entre eles: professores, psicopedagogos, fonoaudiólogos,

neurologistas etc. Todavia, aos docentes cabe um papel fundamental e primordial,

qual seja o de sempre repensar as experiências didáticas que estão sendo

oferecidas aos sujeitos que não aprendem e, sobretudo, considerar quais foram as

reais chances de interação e de construção dos objetos de conhecimento que essas

crianças tiveram.

Esse é um tema de muita importância, pois os seres humanos são criaturas

sociais. Vivemos em um mundo social em que se faz necessário analisar,

compreender as experiências vivenciadas nos mais diversos contextos.

Quando nos relacionamos, nos deparamos com a diversidade a qual diferencia

e influencia o ambiente, diante disso o indivíduo tem que buscar meios para fazer sua

auto-realização colaborando no desenvolvimento e crescimento individual e social da

sociedade e no seu cotidiano, porque em todos os momentos de nossas vidas,

estamos interligados uns com os outros seja no trabalho, escola, família, no convívio

social e no relacionamento pessoal.

O título desse trabalho já contém em si mesmo a mensagem de que o tema

pode ser examinado sob vários enfoques porque inúmeras são as teorias para

explicar a aprendizagem humana e entre elas este trabalho destaca: a

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comportamentalista, a cognitivista, a da mediação e a humanista com ênfase para a

abordagem psicopedagógica. Subjacentes a qualquer uma delas estão no sistema de

valores aos quais se pode chamar de filosofias ou visões de mundo (Moreira, 1999).

Mudanças na concepção de como a aprendizagem se dá acarretam mudanças nas

explicações acerca das dificuldades enfrentadas pelos alunos. As explicações da

psicopedagogia representam importantes contribuições seja para compreender a

dificuldades, seja para propor a intervenção adequada.

O presente trabalho surgiu da preocupação e da necessidade de melhor

compreensão do processo de aprendizagem humana e da identificação das

dificuldades no processo de aprender. No entanto, o objetivo deste trabalho centrou-

se em discutir aspectos fundamentais do processo psicopedagógico das dificuldades

de aprendizagem, tendo em vista a construção do conhecimento e do saber pela

criança por meio do uso de brinquedos e jogos. Tomando por base a investigação

de vários autores, dentre eles, Vygotsky (1989), Fernández (1991, 2001a, 2001b) e

Solé (2001), este estudo inicia-se com uma breve abordagem sobre as dificuldades

de aprendizagem.

Esses autores mencionam a importância do uso de brinquedos e jogos na

intervenção psicopedagógica de crianças com dificuldades de aprendizagem, a

relação família-escola e a intervenção psicopedagógica. Considerando a relevância

da pesquisa, propõe-se fazer com que os professores, diretores e coordenadores

educacionais repensem o papel da escola frente às dificuldades de aprendizagem

da criança, resgatando, juntamente com a psicopedagogia, uma visão mais

globalizada do processo de aprendizagem e dos problemas decorrentes desse

processo.

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O saber se constrói fazendo próprio o conhecimento do outro, e a operação

de fazer próprio o conhecimento do outro só se pode fazer jogando. Aí se encontra

uma das interseções entre aprender e jogar. Diz-se que o objetivo do trabalho

psicopedagógico é ajudar a recuperar o prazer perdido de aprender e a autonomia

do exercício da inteligência e que esta conquista vem de mãos dadas com o

recuperar o prazer de jogar. Quando se lida com brinquedos, jogos e materiais

pedagógicos deve-se atentar a uma significativa quantidade de estruturas de

alienação no saber que cercam esses objetos.

Os jogos possibilitam à criança com dificuldades de aprendizagem aprender

de forma lúdica, num contexto desvinculado da situação de aprendizagem formal.

Facilitam, também, o vínculo terapêutico, fundamental para que qualquer processo

tenha êxito. Por meio da aprendizagem do próprio jogo, do domínio das habilidades

e raciocínios utilizados, a criança tem a possibilidade de redimensionar sua relação

com as situações de aprendizagem.

Ramozzi-Chiarottino, que realiza pesquisas nesse enfoque explica:

Depois de vários anos de observação do comportamento da criança em situação natural, chegamos à conclusão de que os distúrbios de aprendizagem são determinados por deficiências no aspecto endógeno do processo da cognição e de que a natureza de tais deficiências depende do meio no qual a criança vive e de suas possibilidades de ação neste meio, ou seja, depende das trocas do organismo com o meio, num período crítico de zero a sete anos.(1994, p.83).

Assim, para esta autora, há uma causa orgânica para as DA parcialmente

determinada pelo ambiente e possível de remediação.

A autora também apresenta formas de intervenção conforme as

características dos problemas apresentados pelas crianças. Essas intervenções

baseiam-se em: construção de esquemas motores e ação/reflexão sobre o meio,

observação e experimentação sobre a natureza, construção da representação e

construção de estruturas do pensamento. A respeito desta última intervenção, é

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importante destacar que diferentes pesquisas, baseadas nesse pressuposto,

alcançaram bons resultados com crianças que apresentavam dificuldades de

aprendizagem.

Na convivência na escola percebe-se que os profissionais enfrentam sérias

dificuldades em relação à aprendizagem dos alunos, sendo assim os mesmos

demonstram que precisam estar atualizados em conhecimentos gerais e específicos

para que possam corresponder às exigências do mundo globalizado e também as

expectativas do educando. Por outro lado, sabemos que os problemas de

aprendizagem não podem ser resolvidos apenas com a instrumentalização dos

educadores, não podemos ser ingênuos achando que basta o professor estar bem

preparado no campo científico e pedagógico para desempenhar satisfatoriamente o

seu papel. Precisamos compreender e analisar a criança, como foi sua infância seu

desenvolvimento e a sua adolescência, essas fases requerem novos olhares por

parte dos psicopedagogos, psicólogos, dos pediatras e lógico dos educadores, isso

tudo nos leva inevitavelmente a reavaliação do papel da escola e dos professores

diante do ato de ensinar.

É importante ressaltar a psicopedagogia como área de atuação que estuda o

processo de aprendizagem e as dificuldades apresentadas. A psicopedagogia muito

tem contribuído para explicar a causa das dificuldades de aprendizagem, pois tem

como objetivo central de seus estudos o processo humano do conhecimento e seus

padrões evolutivos normais e patologias bem como a influência no seu

desenvolvimento.

O psicopedagogo (Piaget) assume papel relevante na abordagem e solução

dos problemas de aprendizagem. Não procura culpados e não age com indulgencia.

De acordo com Bossa (2000, p.14), é comum na literatura, os professores serem

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acusados de isentarem de sua culpa e responsabilizar o aluno e/ou sua família pelos

problemas de aprendizagem, mais há um processo a ser visto, as vezes, os métodos

de ensino devem ser mudados. Nesse caso o psicopedagogo procura avaliar a

situação da forma mais eficiente e proveitosa.

Portanto a psicopedagogia não lida diretamente com o problema, lida com as

pessoas envolvidas. Lida com as crianças, familiares e professores, levando em

conta aspectos sociais, culturais, econômicos e psicológicos.

Diante do baixo desempenho acadêmico, as escolas estão cada vez mais

preocupadas com os alunos que tem dificuldades de aprendizagem, não sabem

mais o que fazer com as crianças que não aprendem de acordo com o processo

considerado normal e não possuem políticas de intervenção capazes de contribuir

para a superação dos problemas de aprendizagem.

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituição escolar

relacionam-se de modo significativo. A sua formação pessoal e profissional implica a

configuração de uma identidade própria e singular que seja capaz de reunir

qualidades, habilidades e competências de atuação na instituição escolar.

Acredito que se existisse nas escolas psicopedagogo trabalhando com essas

dificuldades, o número de crianças com problemas seria bem menor.

O psicopedagogo atinge seus objetivos quando tem a compreensão das

necessidades de aprendizagem de determinado aluno, abrindo espaço para que a

escola viabilize recursos para atender as necessidades de aprendizagem. Dessa

forma o psicopedagogo institucional passa a se tornar uma ferramenta poderosa no

auxilio da aprendizagem.

Pesquisar as dificuldades de aprendizagem e identificar a importância do

educador nesse processo é fundamental para que ocorra a aprendizagem de fato e

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de maneira que os problemas de aprendizagem sejam amenizados.

Sabe quando você tem duas taças de cristal? Elas estão em silêncio. Aí a gente bate uma na outra e elas reverberam sonoramente. Uma taça influência a outra. Uma taça faz a outra emitir um som que vivia silencioso no seu cristal. Assim é a educação, um toque para provocar e o outro para fazer soar a música. (Alves 2003 p. 36)

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Capítulo I

1-Dificuldades de Aprendizagem

Quando uma criança ingressa na escola, sua primeira tarefa explícita é

aprender a ler e escrever. Embora se espere que a criança aprenda muitas outras

coisas em seu primeiro ano na escola, a alfabetização é, sem duvida alguma, o

centro das expectativas de pais e professores. Os pais e a própria criança não tem,

em geral, razão para duvidar do sucesso da criança nessa aprendizagem. Uma

criança sadia, ao ingressar na escola, já sabe falar, compreende explicações,

reconhece objetos e formas desenhadas e é capaz de obedecer a ordens

complexas. Não há razão para que ela não aprenda também a ler. No entanto, o que

muitas vezes os pais e professores não consideram é que a leitura e a escrita são

habilidades que exigem da criança a atenção a aspectos da linguagem aos quais ela

não precisa dar importância, até o momento em que começa a aprender a ler. Por

isso, toda criança encontra dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita. A

leitura e a escrita exigem dela novas habilidades, que não faziam parte de sua vida

diária até aquele momento. Moojem (19990 afirma que ao lado do pequeno grupo de

crianças que apresenta transtornos de aprendizagem decorrente de imaturidade do

desenvolvimento e/ou disfunção psiconeurológica, existe um grupo muito maior de

crianças que apresenta baixo rendimento escolar em decorrência de fatores isolados

ou em interação. As alterações apresentadas por esse contingente maior de alunos

poderiam ser designadas como “dificuldades de aprendizagem”. Participariam dessa

conceituação os atrasos no desempenho escolar por falta de interesse, perturbação

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emocional, inadequação metodológica ou mudanças no padrão de exigência da

escola, ou seja, alterações evolutivas normais que foram consideradas no passado

como alterações patológicas.

Fernández (19910 também considera as dificuldades de aprendizagem como

sintomas ou “fraturas” no processo de aprendizagem, onde necessariamente estão

em jogo quatro níveis: o organismo, o corpo, a inteligência e o desejo.

A dificuldade para aprender segundo o autor seria o resultado da anulação

das capacidades e do bloqueamento das possibilidades de aprendizagem de um

individuo e a fim de ilustrar essa condição utiliza o termo inteligência aprisionada

(atrasada, no idioma original).

Para o autor, a origem das dificuldades ou problemas de aprendizagem não se

relaciona apenas à estrutura individual da criança, mas também à estrutura familiar a

que a criança está vinculada. As dificuldades de aprendizagem estariam

relacionadas as seguintes causas:

1ª causas externas à estrutura familiar e individual - originariam o problema de

aprendizagem reativo, a qual afeta o aprender, mas não aprisiona a inteligência e,

geralmente surge do confronto entre o aluno e a instituição.

2ª causas internas à estrutura familiar e individual – originariam o problema

considerado como sintoma e inibição, afetando a dinâmica e desejo, causando o

desejo inconsciente de não conhecer e, portanto, de aprender.

3ª modalidades de pensamento derivadas de uma estrutura psicótica as quais

ocorrem em menor número de casos.

4ª fatores de deficiência orgânica em casos mais raros.

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1.1- Diagnóstico para Alunos com Dificuldades de Aprendizagem

Os primeiros sinais que apontam que o aluno poderá vir a ter dificuldades ou

distúrbios de aprendizagem podem aparecer na Educação Infantil. No entanto, até o

1º ano do Ensino Fundamental esses sinais devem ser considerados normais, visto

que, o aluno está em fase de adaptação. Mesmo assim, o professor deverá ficar

atento, pois podem ser os primeiros indicadores, que, se perpetuarem, ficará

concretizado que o aluno tem a dificuldade.

Diante disso, o professor da Educação infantil se atentará para a articulação

da linguagem, atenção ao ouvir histórias, organização, atenção aos comandos,

memória (dificuldade em aprender números, dias da semana, alfabeto), problemas

em permanecer sentado. Desenhar, escrever, subir, correr, caminhar, devem ser

pontos a serem observados.

Esses podem ser alguns indicadores que já se apresentam na Educação

Infantil e que, persistindo, indicam que o aluno possa ter alguma dificuldade ou

distúrbio de aprendizagem e que necessitará de intervenção do professor,

psicopedagogo, psicólogo, neurologista, fonoaudiólogo e de muito apoio da família.

Lista de indicadores

O professor, após observação contínua e criteriosa do aluno, é o responsável

por realizar o diagnóstico, que poderá demorar um ano para ser concluído. Para

isso, apresenta-se uma lista de indicadores:

1. ORGANIZAÇÃO: conhecimento das horas, dias da semana e meses do ano.

Dificuldade em gerir o tempo. Entregar tarefas no tempo certo Dificuldade na

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compreensão das tarefas, em encontrar objetos pessoais, tomar decisões,

estabelecer conexões. É extremamente agitado, parece perdido;

2. COORDENAÇÃO MOTORA: Dificuldades em manipular objetos pequenos,

cortar (motricidade fina); Na Educação Física, por exemplo, não entende as

regras dos jogos. Cai muito, tropeça, acontecem acidentes freqüentes, que

pode demonstrar falta de atenção. O aluno não pára ou é muito lento. Não

consegue fazer absolutamente nada sozinho;

3. ATENÇÃO E CONCENTRAÇÃO: Não se concentra para ouvir O professor e

realizar as atividades. Tem dificuldades em compreender o que lhe é

proposto. Não pára para ouvir histórias;

4. LINGUAGEM FALADA E ESCRITA: dificuldade em aprender vocábulos

novos, inversão de letras, articulação lenta da linguagem; combinação de

letras e sons;

5. COMPORTAMENTO SOCIAL: dificuldades em contrair amizades; são alunos

menos cooperativos, menos populares, apresentam menor competência na

comunicação verbal e não verbal.

É preciso enfatizar que, para se afirmar que a criança apresenta dificuldade

de aprendizagem, não basta um único indicador ou situações esporádicas. Portanto

a avaliação deve ser muito criteriosa e feita durante um período maior. A criança

deve ser avaliada num todo. Também, a cada indicador que a criança apresenta, o

professor deve fazer as intervenções, pois pode acontecer da dificuldade ser

vencida ainda em sala de aula, sem ajuda de especialista.

Feito o diagnóstico, a partir de uma observação criteriosa e contínua, a família

deve ser informada e o aluno ser encaminhado a um especialista (neurologista,

psicólogo, pedagogo, fonoaudiólogo, etc.)

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É preciso lembrar que independente do diagnóstico, o professor deve realizar

o trabalho diversificado, buscando trabalhar com diferentes alternativas pedagógicas

para que o aluno aprenda.

Enquanto professores temos a competência de avaliar o nosso aluno e

realizar o diagnostico, a partir de uma observação continua e criteriosa.

Dificuldades de aprendizagem o que observar: alguns sinais iniciais

Pré - escola Níveis

iniciais

Níveis médios Níveis

superiores Linguagem

Problemas de articulação. Aquisição lenta de vocabulário. Falta de interesse em ouvir histórias.

Atraso na codificação da leitura. Dificuldades em seguir instruções. Soletração pobre.

Compreensão pobre da leitura. Pouca participação verbal na classe. Problema com palavras difíceis.

Dificuldades de argumentar. Problemas na aprendizagem de línguas estrangeiras Expressão escrita fraca. Problemas em Memória

Problemas na aprendizagem de números, alfabeto, dias da semana etc. Dificuldades em seguir rotinas.

Dificuldade em recordar fatos; Problemas na organização. Aquisição lenta de novas aptidões.

Dificuldades em recordar conceitos matemáticos. Dificuldade na memória imediata.

Problemas estudar testes Dificuldades na memória de termos longos.

Motricidade fina

Problemas na aquisição de comportamentos de autonomia. Exemplo: apertar os cadarços do sapato. Relutância para desenhar.

Instabilidade na Preensão do lápis. Problemas na escrita das letras.

Manipulação inadequada do lápis. Escrita ilegível, lenta ou inconsistente. Relutância em escrever.

Diminuição da relevância da motricidade fina.

Atenção

Problemas em permanecer sentado (quieto). Falta de persistência nas tarefas.

Impulsividade, Distração.

Difícil autocontrole. Fraca capacidade para perceber pormenores.

Problemas de memória devido à fraca atenção. Fadiga mental.

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As listas apresentadas permitem que bem utilizadas pelo professor, colher

informações através da observação direta do aluno em termos educacionais. Essas

listas permitem verificar se o aluno apresenta ou não dificuldades de aprendizagem

possibilitando para o professor um diagnóstico significativo entre o potencial

estimado do aluno e sua realização escolar atual.

1.1.1 - Distúrbios de Aprendizagem: uma rosa com outro nome

Imagine por um instante que você está visitando um viveiro de plantas, Você

percebe uma agitação lá fora e vai investigar. Você encontra um jovem assistente

lutando contra uma roseira. Ele está tentado forçar as pétalas da rosa a se abrirem,

e resmunga insatisfeito. Você lhe pergunta o quê está fazendo e ele explica: "meu

chefe quer que todas essas rosas floresçam essa semana, então na semana

passada eu cortei todas as precoces e hoje estou abrindo as atrasadas". Você

protesta dizendo que cada rosa floresce a seu tempo, é absurdo tentar retardar ou

apressar isso. Não importa quando a rosa vai desabrochar - uma rosa sempre

desabrocha no momento mais oportuno para ela. Você olha novamente a rosa e

percebe que ela está murchando, mas quando você o alerta, ele responde: "Ah, isso

é mau, ela tem disdesabrochamento congênito. Vamos ter que chamar um

especialista", Você diz:

"Não, não! Foi você quem fez a rosa murchar! Você só precisaria satisfazer as

exigências de água e luz da planta e deixar o resto por conta da natureza!" Você mal

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consegue acreditar no que está acontecendo. Por que o chefe dele é tão mal

informado e tem expectativas tão irreais em relação às rosas?

Essa cena nunca teria se passado em um viveiro, é claro, mas acontecem

todos os dias em nossas escolas. Professores pressionados por seus chefes

seguem calendários oficiais que exigem que todas as crianças aprendam no mesmo

ritmo e do mesmo jeito. No entanto as crianças não diferem das rosas em seu

desenvolvimento: elas nascem com a capacidade e o desejo de aprender, e

aprendem em ritmos diferentes e de modos diferentes. Se formos capazes de

satisfazer suas necessidades, proporcionar um ambiente seguro e propício e evitar

nos intrometer com dúvidas, ansiedades e calendários arbitrários, ai então – como

as rosas – as crianças irão desabrochar cada uma a seu tempo.

Meu coração gela quando, penso nas crianças classificadas como “TDHD'

(sigla norte-americana para 'distúrbio de hiperatividade e falta de atenção), o mais

novo tipo de "distúrbio de aprendizagem". Muitos educadores e pesquisadores

acreditam que as crianças e suas famílias tenham sido cruelmente enganadas por

essa classificação. O Dr. Thomas Armstrong, que já foi especialista em dificuldades

de aprendizagem, mudou de profissão quando começou a ver "como essa noção de

distúrbios de aprendizagem estava prejudicando todas as nossas crianças,

colocando a culpa da dificuldade de aprender em misteriosas deficiências

neurológicas, em vez de apontar para as tão necessárias reformas em nosso

sistema educacional". O Dr. Armstrong voltou-se então para o conceito de diferenças

de aprendizagem e escreveu "In Their Way" ("Do modo deles"), um guia prático e

fascinante para os sete "estilos pessoais de aprendizagem" inicialmente propostos

por Howard Gardner, psicólogo da Universidade de Harvard. O Dr. Armstrong nos

instiga a abandonar rótulos convenientes mas nocivos tais como "dislexia" e nos ater

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ao problema real do "disensino". Ele adverte que "nossas escolas estão

desvalorizando milhões de crianças ao taxá-las de insuficientes quando na realidade

elas estão sendo incapacitadas por métodos de ensino ruins". Como Armstrong

explica, "as crianças são sobrecarregadas com diagnósticos tais como dislexia,

disgrafia, discalculia e assim por diante, dando a impressão de que sofrem de

doenças muito raras e exóticas embora o termo dislexia seja apenas uma expressão

latina para"dificuldade com palavras, centenas de testes e programas se propõem a

identificar e tratar tais 'disfunções neurológicas'. Mas os médicos ainda não

conseguiram determinar qualquer tipo de lesão cerebral detectável na maior parte

das crianças com esses assim chamados sintomas. Parece evidente para mim,

depois de quinze anos de pesquisa e prática no campo da educação, que nossas

escolas são as principais culpadas pelo fracasso e pelo tédio enfrentado por milhões

de crianças ...”

As classificações de distúrbios de aprendizado seriam "as novas roupas do

imperador" das escolas? Os filósofos têm um recurso interessante chamado

"Navalha de Occam", um expediente prático para liquidar com teorias absurdas:

"para resolver um problema, deve-se escolher a teoria mais simples que explique os

fatos". Quais são os fatos? É fato que muitos escolares, principalmente do sexo

masculino, têm dificuldades de aprendizagem. Mas também é fato que existem

centenas de milhares de crianças no mundo, meninos e meninas; entre os quais

esse defeito "genético" está ausente: são as crianças escolarizadas em casa. Nesse

grupo, praticamente não existem dificuldades de aprendizagem, exceto nas crianças

que estão há pouco tempo na escola.

Se os "distúrbios de aprendizagem" estão presentes apenas no ambiente

escolar e ausente em outros lugares, o problema deve estar no ambiente de

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aprendizado das escolas e não em algum "distúrbio neurológico" misterioso e não-

detectável das crianças, ou estariam igualmente presentes nas crianças

escolarizadas em casa. Afinal não é segredo que as escolas não estão conseguindo

cumprir sua tarefa: em muitas regiões, os níveis de alfabetização na verdade caíram

e não chegaram a atingir os níveis prévios à existência de escolas públicas (nos

Estados Unidos). Quando John Gatto, eleito Professor do Ano do Estado de Nova

York, chama a escolarização obrigatória de "sentença de doze anos de prisão",

percebemos que algo está muito errado e que o erro não é das crianças.

Será que as classificações de "hiperatividade", "fobia escolar" e "dificuldade

de aprendizagem" não são uma cortina de fumaça para a incapacidade da escola de

entender e aceitar o verdadeiro processo de aprendizagem? Uma especialista do

porte de Mary Poplin, ex-editora de uma revista sobre distúrbios de aprendizagem

('Learning Disabilities Quarterly'), concluiu recentemente que "apesar de toda a

pesquisa quantitativa... não há provas de que os distúrbios de aprendizagem

possam ser identificados objetivamente... as tentativas de se estabelecer critérios

objetivos para avaliar problemas humanos são uma ilusão que serve para encobrir

nossa incompetência pedagógica". Ó educador John Holt relata em 'Teach Vour

Own' ('Ensine a Si Mesmo') que o presidente de uma importante associação para

tratamento de distúrbios de aprendizagem admitiu que há "poucas provas para

confirmar os diagnósticos de distúrbios de aprendizagem". John Holt alerta os pais

de crianças em idade escolar para serem "extremamente céticos em relação a

qualquer coisa que as escolas e seus especialistas digam sobre a condição e as

necessidades “de seus filhos". Acima de tudo, eles devem compreender que é quase

certo que a própria escola, com todas as suas fontes de tensão e ansiedade, esteja

Page 22: Psicopedagogia - Trabalho Academico

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causando as dificuldades e que o melhor tratamento provavelmente seja tirar da

escola de uma vez por todas.

As famílias que fazem isso ficam aliviadas ao descobrir que seus filhos

recuperam o interesse que tinham pelo aprendizado quando eram mais novos. Ao

contrário dos professores escolares, que têm apenas uma visão parcial de várias

crianças a cada ano, os pais que ensinam em casa observam o aprendizado de uma

única criança ao longo de vários anos, aprendendo assim a respeitar o estilo

singular de aprendizado de cada filho, a confiar na escala de horários individual da

criança e a reconhecer que os erros são um componente normal e passageiro do

processo de aprendizado de qualquer pessoa. (Não há pressa, de qualquer forma:

muitas crianças escolarizadas em casa que começaram a ler aos 10 ou 12 anos

saíram-se muito bem na faculdade). Essa atitude de descontração dos pais que

ensinam em casa mantém intacto o valor próprio da criança, torna as classificações

insignificantes e permite que o aprendizado seja tão fácil quanto entre os pré-

escolares: crianças escolarizadas em casa costumam superar aquelas que

freqüentam a escola em termos de desempenho acadêmico, socialização, confiança

e auto-estima. John Gatto afirma que "em termos de capacidade de pensar, as

crianças escolarizadas em casa parecem estar de cinco a dez anos adiante

daquelas que freqüentam a escola".

Durante alguns anos John Holt desafiou várias escolas a "explicar a diferença

entre uma dificuldade de aprendizagem (que todos nós temos uma vez ou outra) e

um distúrbio de aprendizagem". Ele perguntou aos professores como eles

distinguem entre causas inerentes ao sistema nervoso do aluno e fatores externos –

o ambiente escolar, o modo de explicar do professor, o professor em si ou o material

didático. Ele relata: "nunca recebi uma resposta coerente a essas perguntas... [ainda

Page 23: Psicopedagogia - Trabalho Academico

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assim] essa distinção é tão fundamental que não sei como podemos falar de modo

construtivo sobre os. problemas de aprendizagem de uma criança sem ela". Mas

como os professores têm tanta certeza da existência tão disseminada de distúrbios

neurológicos? Talvez eles estejam apenas confundindo causa e efeito: como John

Holt observa, "os professores dizem que deve ser difícil ler, ou não haveria tantas

crianças com dificuldade de ler". John Holt argumenta que "as crianças têm

dificuldade de ler por que partimos do pressuposto de que ler é difícil... com nossa

preocupação, “simplificação”, e pedagogia, tudo o que conseguimos é tornar a

leitura cem vezes mais difícil para a criança. do que deveria ser... quando estamos

nervosos ou com medo temos dificuldade, ou ficamos mesmo impossibilitados, de

pensar e até de perceber... quando amedrontamos as crianças bloqueamos

totalmente seu aprendizado".

De fato, algumas pesquisas mostram que as expectativas do pr9fessor sobre

a capacidade de aprendizado da criança influenciam muito o seu desempenho

acadêmico. Outras pesquisas mostram a relação entre a ansiedade da criança e sua

dificuldade de percepção - e ainda que o alívio da ansiedade (e o tratamento de

alergias alimentares, quando elas existem) reduz em multo a incidência dessas

dificuldades. Mas não precisamos que especialistas e pesquisadores nos digam o

quê está errado. Precisamos apenas ouvir as próprias crianças, que está há anos

tentando expressar sua dor, frustração, confusão e raiva. Quando as crianças se

voltam para as drogas, automutilação e suicídio, é evidente que estão, tentando nos

comunicar algo muito importante.

Será que as dificuldades de aprendizagem são mesmo uma reação

compreensível de crianças, normais obrigadas a conformar-se às condições

anormais das salas de aula convencionais? Em outras palavras, será que as escolas

Page 24: Psicopedagogia - Trabalho Academico

24

são incapazes de perceber a diferença entre simples relatos de erros de

aprendizagem passageiros, agravados pelo estresse, e uma conclusão científica?

Embora as supostas anomalias neurológicas nunca tenham sido identificadas, não é

difícil detectar condições anormais no ambiente escolar: competitividade feroz,

inatividade física (particularmente difícil para os meninos), matérias fragmentadas

que têm pouca relação com os interesses e as experiências individuais da criança,

freqüentes avaliações e questionamento do progresso do aprendizado, falta de

tempo para o convívio familiar, pouca oportunidade de conhecer pessoas de outras

idades, falta de sossego para a privacidade e a reflexão, pouca oportunidade de

receber a atenção exclusiva dos professores, desencorajamento a compartilhar

idéias e trabalho com os colegas de classe (uma oportunidade valiosa sendo

desperdiçada), crianças frustradas caçoando das outras, o desencorajamento de

atitudes de auto-valorização e acima de tudo a indignidade de ser um incapaz, uma

"não-pessoa"; cujas necessidades legítimas e as tentativas de expressar essas

necessidades são abafadas pela defensiva institucional. Todas essas dificuldades

podem ser evitadas com a escolarização domiciliar - desde que o governo permita

autonomia suficiente.

Classificações são incapacitantes, porque as crianças acreditam no que lhes

dizemos. Se tivermos que classificar algo, que seja o ambiente de ensino e não o

aluno: em vez de "criança hiperativa", vamos nos preocupar com as escolas

"restritivas de atividade"; em vez de alunos com "falta de atenção", deveríamos

pensar nas aulas com "falta de inspiração"; em vez de "criança com fobia escolar"

deveríamos usar palavras mais honestas como "ansiosa" e "amedrontada"; e tomar

mais cuidado ao pesquisar o motivo da ansiedade. Usando a Navalha de Occam,

vamos procurar a teoria mais simples que explique os fatos e não a mais complicada

Page 25: Psicopedagogia - Trabalho Academico

25

e obscura. Um ambiente estressante, punitivo e ameaçador é mais do que suficiente

para explicar os problemas de aprendizagem. Não precisamos nos confundir com

termos técnicos, teorias sem comprovação científica e bodes expiatórios para

preservar uma instituição social que falhou com nossos filhos.

Como devemos agir então? Norman Henchey, professor da Universidade

MacGill, recomenda "repensar totalmente a escolarização compulsória". Norman

Henchey defende a volta à escolarização em casa e a "outras vias de

amadurecimento... programas de formação de aprendizes, serviços de ensino

formais e informais, serviço público". Talvez assim possamos honrar o estilo

individual de aprendizado de cada criança e, como pede o Dr. Armstrong, "dar às

crianças a motivação de que necessitam para se\sentirem seres humanos

competentes e bem-sucedidos". As crianças nasceram para aprender. Elas

merecem ter um ambiente de ensino seguro e estimulante, onde possam aprender

em uma atmosfera de paciência, respeito, delicadeza e confiança, sem ameaças,

coerção ou cinismo. Como Einstein nos alertou muitos anos atrás, "é um grave erro

acreditar que o prazer de observar e pesquisa r possam ser incutidos pela coerção".

Toda criança é uma criança bem-dotada.

1.2 - Transtornos de Aprendizagem

Outra terminologia recorrente na literatura especializada é a palavra

"transtorno". Segundo a Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento

Page 26: Psicopedagogia - Trabalho Academico

26

da Classificação Internacional de Doenças - 10, elaborado pela Organização

Mundial de Saúde:

“O termo "transtorno" é usado por toda a classificação, de forma a evitar problemas ainda maiores inerentes ao uso de termos tais como "doença" ou "enfermidade”. "Transtorno" não é um termo exato, porém é usado para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecível associado, na maioria dos casos, a sofrimento e interferência com funções pessoais (CID - 10, 1992 p. 5).”

Cada um dos transtornos mentais é conceituado como uma síndrome ou

padrão comportamental ou psicológico clinicamente importante, que ocorre em um

indivíduo e que está associado a:

• Ao sofrimento (sintomas dolorosos);

• A incapacidade (prejuízo em uma ou mais das áreas mais importantes do

sofrimento

• Ao risco significativamente aumentado de sofrimento atual: morte, dor,

deficiência ou uma perda importante da liberdade.

Os transtornos de aprendizagem são diagnosticados quando os resultados do

indivíduo em testes padronizados e individualmente administrados de leitura,

matemática ou expressão escrita estão substancialmente abaixo do esperado para

sua idade, escolarização ou nível de inteligência.

Nesse caso, os problemas de aprendizagem interferem significativamente no

desempenho escolar ou nas atividades diárias que exigem habilidades de leitura,

matemática ou escrita.

Dentre os transtornos de aprendizagem, são descritos:

• Transtorno específico de leitura;

• Transtorno da Aritmética;

• Transtorno da expressão escrita;

• Transtorno na leitura, escrita e matemática

Page 27: Psicopedagogia - Trabalho Academico

27

Alguns fatores como: falta de interesse, um ensino deficiente, perturbações

emocionais ou aumento ou mudança no padrão de exigência das tarefas, não

podem ser considerados transtornos específicos do desenvolvimento das

habilidades escolares.

1.2.1- Disgrafia - dificuldade de aprendizagem da escrita

Trata-se de uma dificuldade significativa no desenvolvimento das habilidades

relacionadas com a escrita. Esse transtorno não se explica pela presença de uma

deficiência mental, por escolarização insuficiente, por déficit visual ou auditivo nem

por alteração neurológica. Denomina-se, por meio das alterações relevantes na

soletração até erros de sintaxe, estruturação ou pontuação das frases, ou na

organização de parágrafos. Costuma apresentar-se com outras alterações

superpostas, como os transtornos do desenvolvimento na leitura.

Esse tipo de dificuldade propõe segundo Gregg (1992) uma análise das

características condutuais dos déficits cognitivos em relação aos transtornos

gramaticais, fonológicos, visuais e espaciais da criança. Segue abaixo uma

adaptação de Gregg relacionada às dificuldades na escrita.

Page 28: Psicopedagogia - Trabalho Academico

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Transtornos Gramaticais Transtornos

Fonológicos

Transtornos Viso

Espaciais

Substituições, omissões ou adições de nomes, verbos, adjetivos ou

advérbios.

Substituições de morfemas

Omissão de morfemas

Confusão de letras Lentidão da percepção

visual

Substituições, omissões ou adições de preposições pronomes e conjunções.

Substituições de fonemas Omissão de fonemas

Inversão de letras

Ordem de palavra alterada.

Substituições de silabas Transposição de

morfemas Fonemas e silabas.

Transposição de letras Substituição de letras

Percebe-se pelo quadro apresentado que esse transtorno costuma evidenciar

diversas áreas alteradas, tais como o soletrar, a sintaxe escrita em contraste com os

resultados da sintaxe oral, a organização do texto, a coesão, as conexões

gramaticais e lexicais.

A disgrafia e as suas divisões

De acordo com a divisão tradicional da dificuldade ligada à escrita, a disgrafia

pode estar dividida em:

Disgrafia específica ou propriamente dita - quando a criança não estabelece uma

relação entre o sistema simbólico e as grafias que representam os sons, as palavras

e frases.

Disgrafia motora - quando a motricidade da criança está particularmente em jogo e

não o sistema simbólico. A isso se denomina discaligrafia, não só como alteração

motora, mas também fatores emocionais (restrição do eu), o que altera a forma da

letra.

Os indicadores que se consideram para a disgrafia recebem mesmos nomes

que os indicadores de dislexia, Abaixo segue um quadro com alguns indicadores da

disgrafia.

Page 29: Psicopedagogia - Trabalho Academico

29

INDICADORES DE DISGRAFIA EXEMPLOS

Inversão de letras ne x en; areonautas x aeronautas

Inversão de sílabas penvasa x pensava

Inversão de números 89 x 98; 123 x 213

Substituição de letras gogar x jogar; imão x irmão

Substituição de sílabas ponta x pomba

Substituição de palavras Substituição

de números

menino x ninho; lindo x grande

3225 x 325

Existem outros casos de disgrafia que se justificam pela:

Omissão de Letras tabém x também

Omissão de sílabas prinpal x principal

Omissão de palavras por não voltar ... x por favor, não voltar

Omissão de números 32 x 302

Dissociação de palavras ci ne x cine

Contaminação de letras fortese x fortes

Contaminação de sílabas sedeitou x se deitou

Contaminação de palavras haviaúma x havia uma

A disgrafia e os casos especiais

1- Agregado por reiteração: quando se agrega uma mesma letra, sílaba, palavra ou

número. Ex: (passarada por passada).

2- Agregado por translação: pode ser prospectiva ou retrospectiva.

Ex: prospectiva: “toma tosopa” por “toma sopa”.

Page 30: Psicopedagogia - Trabalho Academico

30

Ex: retrospectiva: “mea aproximei” por “me aproximei”.

3- Discaligrafia: consiste na dificuldade de escrever em forma legível. Os indicadores

mais comuns da discaligrafia são:

� Micrografia;

� Macrografia;

� Ambas combinadas;

� Distorções ou deformações;

� Dificuldades nos enlaces;

� Traçados reforçados, filiformes, tremidos;

� Inclinação inadequada;

� Aglomerações

1.2.2 - Discalculia

É uma dificuldade de aprendizagem específica, caracterizada por um baixo

desempenho nas tarefas que envolvem competências aritméticas. Essa dificuldade

geralmente acontece na escola, através da estruturação organizada de textos

escritos, compreensão de tabelas e gráficos, entre outras atividades.

A discalculia é um transtorno estrutural da maturação das habilidades

matemáticas referentes, sobretudo as crianças, e que se manifesta pela quantidade

de erros variados na compreensão de números, habilidades de contagem,

habilidades computacionais e soluções de problemas verbais.

Na escola esse transtorno, pode ser encontrado em seis subtipos como:

Page 31: Psicopedagogia - Trabalho Academico

31

1- A discalculia verbal: com manifestação em dificuldades em nomear as

quantidades matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações.

2- A discalculia practognóstica: dificuldades para enumerar, comparar, manipular

objetos reais ou em imagens, matematicamente.

3- A discalculia léxica: dificuldades na leitura de símbolos matemáticos.

4- A discalculia gráfica: dificuldades na escrita de símbolos matemáticos.

5- A discalculia ideognóstica: dificuldades em fazer operações mentais e na

compreensão de conceitos matemáticos.

6- A discalculia operacional: dificuldade na execução de operações e cálculos

numéricos.

Esses subtipos da discalculia fazem com que muitas crianças tendam a não

gostar das aulas dessa área do conhecimento, pois acham difícil, chatas e pouco

estimulantes. Mas, não é por esse motivo isolado que classificaremos essas

crianças tendo transtorno de matemática. Os pais e professore devem ficar atentos

para detalhes que servem para diagnosticar a "DA".

O transtorno interfere significativamente no rendimento escolar ou em

atividades da vida diária que exigem habilidades matemáticas.

Não se pode deixar de mencionar que o transtorno de matemática, conhecido

como discalculia, é em geral encontrado em combinações com o transtorno de

leitura ou com o de escrita.

Este transtorno não é causado· por deficiência mental, por déficits visuais ou

auditivos, nem por má escolarização. Simplesmente, as crianças que sofrem deste

transtorno não conseguem compreender as relações de quantidade, ordem, espaço,

distância e tamanho que a professora ensina, com também não sabem: somar,

diminuir, multiplicar e dividir.

Page 32: Psicopedagogia - Trabalho Academico

32

É importante salientar que as crianças não sentem preguiça nas aulas como

pensam pais e professores. Elas realmente não entendem o que está sendo

proposto nas atividades.

Assim, para o melhor conhecimento da discalculia, seguem alguns indicativos

que podem ser encontrados nas crianças que sofrem desse transtorno. Chamamos

a atenção para que não ocorra confusão entre uma didática errada, que ensina na

base da memorização, de forma mecânica, com uma dificuldade neurológica.

• Dificuldade em executar operações matemáticas;

• Dificuldade em ler mapas e gráficos;

• Dificuldade em compreender o significado de sinais de operação (+, -, x e :)

• Dificuldade em seqüenciar números (antecessor e sucessor);

• Dificuldade em compreender o princípio de conservação de quantidade;

• Dificuldade em compreender os princípios de medida;

• Dificuldade em classificar números;

Verificando esses indicadores, é importante salientar que os alunos com

discalculia precisam contar com a ajuda do professor, uma vez que realizado o

diagnóstico por especialistas, para que a aprendizagem ocorra de forma mais

tranqüila e com maior entendimento por parte dos alunos.

Assim, quando o professor suspeitar de discalculia na sua turma, deve

encaminhar o aluno ou os alunos para avaliação, a profissionais especializados na

área. O professor também pode auxiliar no tratamento seguindo algumas sugestões

como estas:

Page 33: Psicopedagogia - Trabalho Academico

33

1.2.3 - Dislalia

De acordo com José e Coelho (1999), fala e a escrita não podem ser

consideradas como funções autônomas e isoladas, mas sim como manifestações de

um mesmo sistema, que é o sistema funcional de linguagem.

Causas dos distúrbios da expressão verbal (linguagem verbal/fala)

a) Causas anatômicas ou funcionamento fisiológico anormal dos maxilares, da

língua e do véu palatal.

b) Sentimentos, emoções ou atitudes perturbadoras.

c) Conceitos inadequados do eu.

d) Hábitos de linguagem defeituosa.

e) Dificuldade de adaptação ao ambiente.

Características dos distúrbios da fala

Dislalia é a omissão, substituição, distorção ou acréscimo de sons na palavra.

Trata- se de falhas na articulação.

Dislalia Tipos Características Exemplos Omissão Não pronuncia alguns sons. “Omei ao ola”. (tomei coca –cola) Acréscimo Introduz mais um som “Atelântico” (Atlântico Distorção Deixa a língua entre os dentes

ao emitir os fonemas (s) e (z), deformando-os.

(s): sol, assar, peça, cebola, descer, aproximar. (z): azedo, asa, exame.

Substituição Troca alguns sons por outros “Telo a boneta.” (Quero a boneca.)

Gamacismo Omite ou substitui os fonemas (K) e (g) pelas letras d e t.

“tadeira” (cadeira) “dato” (gato)

Lambdacismo Pronuncia o l de maneira defeituosa

“palanta” (planta) “confilito” (conflito)

Rotacismo Substitui o r, como faz o Cebolinha, personagem de Mauricio d Souza.

“tleis” (três)

Sigmatismo Usa d forma errada ou tem dificuldades em pronunciar as letras (s) e (z) (as vezes não consegue nem soprar ou assobiar).

“caça” (casa) “acedo” (azedo)

Page 34: Psicopedagogia - Trabalho Academico

34

Esse é um dos problemas onde o observador deve ter cuidado na hora dedar

o diagnóstico para não cometer nenhum engano, pois como vimos existe duas

possibilidades em usar as palavras a correta e a errada, ou tem realmente

dificuldade em articular as palavras. A partir dessa concepção, devem ser tomadas

as decisões adequadas para ajudar as crianças nesse momento.

1.2.4 - Disartria

É um problema articulatório que se manifesta na forma de dificuldades para

realizar alguns movimentos necessários à emissão verbal. Como a passagem de um

movimento a outro também é difícil, a fala disártrica pode ficar mais lenta e

arrastada, além de apresentar quebras de sonoridade quando ocorrem espasmos

musculares. Por isso, a disartria é considerada como um problema de articulação

que envolve distúrbios de ritmo e de entonação.

A disartria é comum em casos de paralisia geral, onde ela se manifesta

associada à outros distúrbios da linguagem.

A disartria de origem muscular em casos de paralisia geral, paralisia ou

ataxia, músculos que intervêm nesta articulação. Ela pode ter origem em lesões no

sistema nervoso o que altera o controle do nervo provocando uma má articulação.

Podemos encontrar a disartria em pessoas que sofrem de paralisia periférica do

nervo hipoglosso (duodécimos par dos nervos cranianos, inerva os músculos da

língua) pneumogástrico (nervo vago ou décimo par craniano que inerva a laringe,

pulmões, esôfago, estomago e a maioria das vísceras abdominais) e facial. Em

Page 35: Psicopedagogia - Trabalho Academico

35

pessoas que apresentam esclerose, intoxicação alcoólica, com tumores (malignos

ou benignos) no cérebro, cerebelo ou tronco encefálico, traumatismo

cranioencefálico.

No caso de lesões cerebrais, os exames clínicos mostram que as alterações

não se manifestam isoladamente estando associada geralmente a outros distúrbios

tais como gnósio - apráxicos ou transtornos disfásicos.

Tem também como característica principal a fala lenta e arrastada devido a

alteração dos mecanismos nervosos que coordenam os órgãos responsáveis pela

fonação.

1.2.5- Dislexia

É uma dificuldade de aprendizagem que também pode ser conhecida

como "Transtorno do desenvolvimento da leitura". Manifesta-se por meio de uma

leitura oral lenta, com omissões, distorções e substituições de palavras, com

interrupções, correções e bloqueios. A dislexia é uma das mais comuns

deficiências de aprendizado.

Segundo pesquisas realizadas em todo o Brasil, 20% de todas as crianças

sofrem de dislexia, o que faz com que elas tenham grande dificuldade em

aprender a ler, escrever e soletrar.

A dislexia não deve ser motivo de vergonha para crianças que sofrem dela

ou para seus pais. Dislexia não significa falta de inteligência e não é um indicativo

de futuras dificuldades acadêmicas e profissionais.

Page 36: Psicopedagogia - Trabalho Academico

36

Pessoas disléxicas, que nunca se trataram, lêem com dificuldade, pois é

difícil para elas assimilarem palavras. Disléxicos também geralmente soletram

muito mal. Isso não quer dizer que crianças disléxicas são menos inteligentes;

aliás, muitas delas apresentam um grau de inteligência normal ou até superior ao

da maioria da população.

A dislexia persiste apesar da boa escolaridade. É necessário que pais e

educadores estejam cientes de que um alto número de crianças sofre de dislexia.

É normal que crianças disléxicas expressem sua frustração por meio de mau

comportamento dentro e fora da sala de aula.

Portanto, pais e educadores devem saber identificar os sinais que indicam

que uma criança é disléxica e não preguiçosa.

A dislexia, principalmente quando tratada, não implica em falta de sucesso

no futuro. Alguns exemplos de pessoas disléxicas que obtiveram grande sucesso

profissional são Thomas Edison (inventor), Tom Cruise (ator), Walt Disney

(fundador dos personagens e estúdios Disney) e Agatha Christie (autora). Alguns

pesquisadores acreditam que pessoas disléxicas têm até uma maior

probabilidade de serem bem sucedidas; acredita-se que a batalha inicial

de disléxicos para aprender de maneira convencional estimula sua criatividade e

desenvolve uma habilidade para lidar melhor com problemas e com o stress.

Causas da Dislexia

As causas da dislexia são neurobiológicas e genéticas. A dislexia é herdada

e, portanto, uma criança disléxica tem algum pai, avô, tio ou primo que também é

disléxico.

Page 37: Psicopedagogia - Trabalho Academico

37

Diferentemente de outras pessoas que não sofrem de dislexia, disléxicos

processam informações em uma área diferente de seu cérebro; não obstante, os

cérebros de disléxicos são perfeitamente normais. A dislexia parece resultar de

falhas nas conexões cerebrais.

Felizmente, existem tratamentos que curam a dislexia. Esses tratamentos

buscam estimular a capacidade do cérebro de relacionar letras aos sons que as

representam e, posteriormente, ao significado das palavras que elas formam. Alguns

pesquisadores acreditam que quanto mais cedo é tratada a dislexia, maior a chance

de corrigir as falhas nas conexões cerebrais da crianças que sofrem dessa

dificuldade.

Em outras palavras, a dislexia, se tratada nos primeiros anos de vida escolar

da criança, pode ser curada por completo.

Para melhor entender a causa da dislexia, é necessário conhecer, de forma

geral, como funciona o cérebro. Diferentes partes do cérebro exercem funções

específicas. A área esquerda do cérebro, por exemplo, está mais diretamente

relacionada à linguagem; nela foram identificadas três sub-áreas distintas: uma

delas processa fonemas, outra analisa palavras e a última reconhece palavras.

Essas três subdivisões trabalham em conjunto, permitindo que o ser humano

aprenda a ler e escrever. Uma criança aprende a ler ao reconhecer e processar

fonemas, memorizando as letras e seus sons. Ela passa então a analisar as

palavras, dividindo-as em sílabas e fonemas e relacionando as letras a seus

respectivos sons.

À medida que a criança adquire a habilidade de ler com mais facilidade, outra

parte de seu cérebro passa a se desenvolver; sua função é a de construir uma

memória permanente que imediatamente reconheça palavras que lhe são familiares.

Page 38: Psicopedagogia - Trabalho Academico

38

À medida que a criança progride no aprendizado da leitura, essa parte do cérebro

passa a dominar o processo e, conseqüentemente, a leitura passa a exigir menos

esforço.

O cérebro de disléxicos, devido às falhas nas conexões cerebrais, não

funciona dessa forma. No processo de leitura, os disléxicos recorrem somente à

área cerebral que processa fonemas. A conseqüência disso é que disléxicos têm

dificuldade em diferenciar fonemas de sílabas, pois sua região cerebral responsável

pela análise de palavras permanece inativa. Suas ligações cerebrais não incluem a

área responsável pela identificação de palavras e, portanto, a criança disléxica não

consegue reconhecer palavras que já tenha lido ou estudado. A leitura se torna um

grande esforço para ela, pois toda palavra que ela lê aparenta ser nova e

desconhecida.

Características da Dislexia

O ideal seria que toda criança fosse diagnosticada para detectar se ela sofre

de dislexia. Porém, o sistema educacional brasileiro é deficiente, há uma falta de

recursos na maioria das escolas do país.

Portanto, é importante que pais e professores fiquem atentos aos sinais de

dislexia para que possam ajudar seus filhos e alunos. O primeiro sinal de possível

dislexia pode ser detectado quando a criança, apesar de estudar numa boa escola,

tem grande dificuldade em assimilar o que é ensinado pelo professor. Crianças cujo

desenvolvimento educacional é retardatário podem ser bastante inteligentes, mas

sofrer de dislexia. O melhor procedimento a ser adotado é permitir que profissionais

Page 39: Psicopedagogia - Trabalho Academico

39

qualificados examinem a criança para averiguar se ela é disléxica. A dislexia não é o

único distúrbio que inibe o aprendizado, mas é o mais comum.

São muitos os sinais que identificam a dislexia. Crianças disléxicas tendem a

confundir letras com grande freqüência. Entretanto, esse indicativo não é totalmente

confiável, pois muitas crianças, inclusive não-disléxicas, freqüentemente confundem

as letras do alfabeto e as escrevem de lado ao contrário. No Jardim de Infância,

crianças disléxicas demonstram dificuldade ao tentar rimar palavras e reconhecer

letras, e fonemas. Na primeira série, elas não conseguem ler palavras curtas e

simples, têm dificuldade em identificar fonemas e reclamam que ler é muito difícil. Da

segunda à quinta série, crianças disléxicas têm dificuldade em soletrar, ler em voz

alta e memorizar palavras; elas também freqüentemente confundem palavras.

Esses são apenas alguns dos muitos sinais que identificam que uma criança

sofre de dislexia.

Crianças disléxicas que foram tratadas desde cedo superam o problema e

passam a se assemelhar àquelas que nunca tiveram qualquer dificuldade de

aprendizado.

Nunca é tarde demais para ensinar disléxicos a ler e a processar informações

com mais eficiência. Entretanto, diferente da fala que qualquer criança acaba

adquirindo, a leitura precisa ser ensinada. Utilizando métodos adequados de

tratamento e com muita atenção e carinho, a dislexia pode ser derrotada.

Crianças disléxicas que receberam tratamento desde cedo apresentam uma

menor dificuldade ao aprender a ler. Isso evita que a criança se atrase na escola ou

passe a desgostar de estudar.

É importante enfatizar que a dislexia não é curada sem um tratamento

apropriado. Não se trata de um problema que é superado com o tempo; a dislexia

Page 40: Psicopedagogia - Trabalho Academico

40

não pode passar despercebida. Pais e professores devem se esforçar para

identificar a possibilidade de seus filhos ou alunos sofrerem de dislexia.

É aconselhável que a criança disléxica leia em voz alta com um adulto para

que ele possa corrigi-Ia. É importante saber que ajudar disléxicos a melhorar sua

leitura é muito trabalhoso e exige muita atenção e repetição. Mas um bom

tratamento certamente rende bons resultados.

1.2.6- TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

O que é TDAH?

TDAH significa Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Na

infância, o TDAH é um dos transtornos mentais mais comuns. Quase sempre,

aparece na fase em que a criança começa a freqüentar a escola. Cerca de 5% de

meninos e meninas nessa fase têm esse problema. Sabe aquele aluno desatento

que não consegue se concentrar nas tarefas? Ou aquele inquieto, impulsivo que

está sempre agitado durante as aulas? É possível que ele tenha TDAH.

Como ter certeza de que uma criança tem mesmo o transtorno da

hiperatividade?

Os sintomas do TDAH são: desatenção, impulsividade e inquietação.

Se a criança tiver alguma dessas características, é possível que ela esteja

sofrendo deste transtorno. Agora, para que o professor tenha certeza mesmo é

preciso conversar com os pais e sugerir que conversem com médicos especializados

no assunto. Eles farão todos os testes para esclarecer a real existência do problema.

Page 41: Psicopedagogia - Trabalho Academico

41

Lembre-se! O diagnóstico de um especialista, como o neurologista ou o psiquiatra, é

muito importante. Principalmente por que os sintomas do TDAH podem ter

conseqüências graves se não forem tratados logo.

Conseqüências da hiperatividade. Que tipos?

Só para você ter uma idéia, estudos demonstraram que mais de 30% das

crianças com TDAH repetem um ano na escola e até 56% delas precisam de

acompanhamento pedagógico adicional. Os sintomas do transtorno podem

prejudicar o desenvolvimento emocional e social da criança e até levá-Ia ao

consumo de substâncias químicas, como o álcool e drogas.

Portanto, o não tratamento do TDAH pode causar grandes prejuízos na vida

social, familiar, acadêmica e profissional do indivíduo. Na criança, o transtorno pode

causar a diminuição do rendimento escolar. Já no adulto, ocasiona baixa

produtividade, pouca motivação e aumente até a incidência do desemprego. Mas

não é só! Uma pessoa com TDAH está mais propensa a sofrer acidentes, inclusive

os mais graves, e viver crises de depressão, ansiedade e outros transtornos.

Quais são as causa do TDAH?

As causas do TDAH ainda não estão completamente esclarecidas.

Entretanto, diversos estudos no mundo inteiro encontraram tendências

genéticas e ambientais que podem contribuir para o entendimento do transtorno.

A criança pode nascer com uma predisposição para o transtorno e vai

desenvolvendo seus sintomas (desatenção, inquietação e impulsividade) à medida

que ela cresce e se relaciona com sua família e com outras pessoas.

Ao contrário do que se pensa é comum adultos que apresentam os sintomas

do transtorno. O que geralmente acontece é a pessoa ter TDAH desde a infância e

ele nunca ter sido diagnosticado. Em adultos, o TDAH é provavelmente o transtorno

Page 42: Psicopedagogia - Trabalho Academico

42

psiquiátrico mais comum não diagnosticado. É uma continuação do problema da

infância.

Para trabalhar com crianças que apresentam o transtorno do TDAH na

escola, o primeiro passo é o diagnóstico dos especialistas. Depois, é começar o

trabalho, com o acompanhamento dessas pessoas. O mais importante é que os

profissionais da educação reconheçam que os reais portadores de TDAH não são

alunos diferentes. O bom professor deve tentar atender na medida do possível o

aluno, ser flexível, ter um modo adequado de observar e repensar seu trabalho,

empatia com seu trabalho e seguir algumas sugestões abaixo como estratégias de

sala de aula:

• Ajustar suas experiências as necessidades dos alunos;

• Resgatar auto-estima dos alunos;

• Evitar esforço negativo;

• Explicação de atitudes dos alunos com clareza;

• Estabelecer e relembrar constantemente as regras da sala;

• Evitar ressaltar mais o que não pode do que o que pode.

Lembre-se que, às vezes, o seu aluno não precisa de todas as respostas,

mas sim da certeza de saber que alguém vai escutá-Io. Por isso, procure saber

como seu aluno aprende melhor, se é olhando, ouvindo, copiando, imitando ou

refazendo o que você faz. Esses detalhes essenciais para o trabalho pedagógico

com crianças hiperativas.

Para o trabalho e convivência com hiperativos na escola construa um

ambiente favorável para que a criança hiperativa sinta-se bem nele e possa

descobrir algo que a faça feliz e motivada. Não se esqueça de que nem sempre o

Page 43: Psicopedagogia - Trabalho Academico

43

hiperativo é o que você pensa e o que você acha que ele é. Você pode seguir

algumas regrinhas básicas para o trabalho. Aí vão elas:

• Em conversa mais demorada (vale sempre a pena), se for preciso, tente

levantar as regras de possibilidades para o trabalho com os alunos.

• Não exija silêncio ou imobilidade, por que eles não conseguem por natureza

física.

• Responda às questões feitas com a "verdade" curta e rápida, dentro das reais

possibilidades de entendimento, não tente inventar uma resposta.

• Se for preciso, fale de você, se você já tiver uma boa e saudável empatia

com os alunos, ou então procure exemplos de vida próximos a eles, mas se

puder falar de você mostre-se tão gente quanto eles, com acertos e erros.

Em qualquer atrito que envolva um "hiperativo", escute os dois lados façam se

ouvir e saber que não serão punidos antes de esclarecida a situação para ambos.

• Não deboche de possíveis descuidos e desentendimentos, nem chame mais

atenção para esses fatos do que suas boas ações.

• Não acredite na palavra "não sei", insista inteligentemente e aceite a tentativa.

Mostre-Ihes que alguns erros são pontes para o acerto seu e às vezes de

outros, também.

1.3- Família: as intervenções e relações interpessoais

O desenvolvimento da criança recém-nascida é um empreendimento conjunto

entre a criança e o adulto que dela cuida; o progresso no seu desenvolvimento não é

Page 44: Psicopedagogia - Trabalho Academico

44

uma questão de acréscimos, mas sim de reorganizações seqüenciais que

periodicamente ocorrem na vida mental da criança; são as interações e as relações

com as pessoas e os sistemas sociais que têm um papel crucial para as suas

aquisições e para a construção de formações psicológicas cada vez mais

sofisticadas.

As relações do homem com o mundo que o rodeia, o processo ativo de

apropriação das conquistas da experiência humana acumuladas no decurso da

história social e realizadas nos produtos objetivos da atividade coletiva, são

mediadas por suas relações com as pessoas. As relações, por sua vez, referem-se

não só aos aspectos comportamentais, mas também aos afetivos, educacionais e

cognitivos interligados entre si. Ao se analisar esses componentes, é possível

compreender tanto os atributos principais das interações (por exemplo,

complementaridade e reciprocidade), quanto os das relações (por exemplo,

percepções pessoais e experiências passadas de cada participante que exercem

influência nas interações futuras). A identificação das propriedades das relações

permite que se compreenda, em parte e de uma forma inovadora, esse fenômeno.

A família é concebida, atualmente, de uma forma mais ampla do que

tradicionalmente era vista. Esse novo conceito baseia-se na intimidade entre seus

membros, na relação entre as gerações e nas variáveis externas como mudanças

econômicas e sociais incorporadas à família, o que implica apreender características

do relacionamento entre o homem e a mulher e entre as crianças e os genitores,

bem como do relacionamento de outras pessoas que também convivem com a

família. Em outras palavras, a família mudou na prática, mas o conceito sobre ela

ainda permanece o do tempo de nossas avós. Muitos educadores ainda esperam

que seus alunos sejam provenientes de famílias bem estruturadas - com "papai",

Page 45: Psicopedagogia - Trabalho Academico

45

"mamãe" e "filhos obedientes". Porém, como já visto anteriormente, essa não é a

realidade sócio-familiar que encontramos nas nossas escolas: temos jovens -

meninos e meninas que estão se tornando 'homens e mulheres' biologicamente -

mas não emocionalmente. São frutos de uma geração "livre", no pleno sentido, da

ação disciplinar dos pais. Esses, devido às mudanças sócio-econômicas, não têm

mais o tempo, a disposição e a paciência para construírem-se junto aos filhos (as).

As fases iniciais na formação da família - dita tradicional caracterizam-se pela união

do novo casal e, em especial, pelo nascimento do primeiro filho, quando

emocionalmente o casal se constitui como família. Essa é uma fase crítica,

considerando que a configuração diádica sofre grandes e profundas adaptações no

processo de transformação para uma configuração triádica. A crise que se

estabelece nesse momento de transição pode ser uma oportunidade de

crescimento, como também pode ser vivida como uma situação traumática

(BERTHOUD, 1996).O nascimento de um bebê traz transformação nos hábitos da

família, e os estudos mostram que, desde o momento em que a mulher tem ciência

de que está grávida toda uma alteração ambiental se faz presente.

Durante os primeiros anos de vida da criança, as mudanças no seu

desenvolvimento motor, cognitivo, emocional e social podem ter um impacto

especial sobre as interações familiares e exigem adaptações constantes por parte

dos genitores. Na verdade, o desenvolvimento da criança vem sendo interpretado,

atualmente, como intervindo nas interações e relações familiares, criando não só

uma dinâmica familiar específica aos seus diversos pontos críticos, como também

desencadeando mudanças familiares que,' por sua vez, podem influenciar o próprio

curso do desenvolvimento da criança.

Page 46: Psicopedagogia - Trabalho Academico

46

Com o nascimento da segunda criança, as interações e relações mútuas

entre os membros da família aumentam, podendo haver um avanço nos velhos

padrões de interação e na procura por novos equilíbrios. Esse é um processo que

ocorre de forma diferente do que ocorreu no início da formação da família. Quando

nasce o primogênito, o casal tem que estabelecer novos papéis e relações; mas

quando nasce a segunda criança, o sistema genitores criança já existente tem que

ser diferenciado e especificado de acordo com as relações genitores-criança 1 e

genitores-criança 2, além de precisar ser hierarquicamente integrado.

Portanto, nas famílias em que o processo de desenvolvimento, tanto da

criança quanto do grupo familiar, é considerado normal, podem surgir períodos

marcados por dificuldades e desequilíbrios de seus membros que têm, em geral,

sido tratados como crises normais. Lamentavelmente, pouco se conhece a respeito

desses períodos, quando ocorrem problemas no desenvolvimento da criança. Em se

tratando de deficiência mental, o fato de alguém da família ser identificado pelos

critérios da comunidade educacional como um "deficiente mental" pode constituir-se

em uma experiência dilacerante que altera profundamente as relações internas e

objetivas da família, como também os papéis familiares e sociais de cada membro,

por um longo período de tempo, aparentemente interminável.

Para evitar a rejeição social, o ridículo e a perda de prestígio, alguns genitores

tendem a renunciar à participação social; outros adotam o papel de "mártires", com a

finalidade de mostrar para a sociedade que são completamente dedicados à criança

deficiente e que, dessa forma, não podem ser culpados pela sua deficiência.

Como vimos, as atitudes preconceituosas para com as deficiências ocorrem nas

diversas camadas sociais. Reações inadequadas para com a situação são

freqüentes, uma vez que existe um desconhecimento e conseqüente despreparo das

Page 47: Psicopedagogia - Trabalho Academico

47

pessoas para com as deficiências. Os familiares, os vizinhos, os amigos e a

sociedade como um todo quase sempre demonstram compaixão e pena, assumindo

atitudes superprotetoras ou mesmo fingindo ignorar o fato.

1.3.1 - Que dizer do processo de aprendizagem? Participam as famílias?

Num estudo realizado por Silva e Dessen (2001) sobre famílias de portadores

da Síndrome de Down, observou-se que a estrutura de participação dos membros

familiares figura-se, freqüentemente, nas atividades, na iniciativa das interações, na

qualidade das interações e nos comportamentos específicos emitidos pela criança

em direção aos genitores e destes em direção à criança. Os genitores engajaram-se

mais freqüentemente em atividades “lúdicas” com suas crianças, “brincando com

objetos” e “conversando sobre estímulos presentes”. As atividades foram

desenvolvidas, geralmente, em grupo, havendo predominância da participação

conjunta. O pai foi o maior responsável pelo início das interações e foi ele, também,

quem mais negociou com a criança durante as mudanças de uma atividade para

outra. Essas mudanças ocorreram, freqüentemente, de forma direta, mais do que

pela dissolução do grupo. As interações caracterizaram-se pela sincronia,

supervisão, amistosidade e liderança. Os genitores emitiram, com mais freqüência, o

comportamento de solicitar/sugerir e as crianças responderam, predominantemente,

com o comportamento de rejeitar, seguido pelo de obedecer. Foram pouco

freqüentes os comportamentos de ordenar e solicitar/sugerir emitidos pelas crianças,

indicando que estas respondiam mais às demandas de seus genitores do que

Page 48: Psicopedagogia - Trabalho Academico

48

exigiam deles. Os genitores descreveram as suas crianças como sendo birrentas,

calmas ou agitadas, irritadas e como tendo facilidades de adaptação ao meio. As

expectativas dos genitores em relação ao futuro de seus filhos são de que eles se

tornem adultos independentes, estudem, tenham uma profissão e que possam até

ter um relacionamento íntimo com uma pessoa do sexo oposto.

Os resultados da pesquisa sugerem que, nas famílias de Down, a mãe é a

maior responsável pelos cuidados e pela transmissão de regras às crianças. O pai,

por sua vez, desempenha um papel secundário, envolvendo-se menos com a rotina

da casa, embora inicie interações com sua criança com uma freqüência similar à da

mãe.

Assim, a elaboração de programas preventivos, com ênfase nas interações

familiares e no papel do pai, e a implementação de pesquisas incluindo todos os

membros familiares, contribuiriam para uma melhor compreensão do

desenvolvimento das crianças com síndrome de Down e do funcionamento de suas

famílias.

1.4 – Aquisição da Leitura e da Escrita

O domínio da língua tem estreita relação com a possibilidade de plena

participação social, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso

à informação, expressa e defende seus pontos de vista, partilha ou constrói

visões de mundo. Produz conhecimento. Assim, um projeto educativo

comprometido com a democratização social e cultural atribui à escola a função e

Page 49: Psicopedagogia - Trabalho Academico

49

a responsabilidade ele garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes

lingüísticos necessário para o exercício da cidadania, direito inalienável de todos.

Considerando os diferentes níveis de conhecimento prévio, cabe à escola

promover a sua ampliação de forma que, progressivamente, durante os oito anos

do ensino fundamental, cada aluno se torne capaz de interpretar diferentes textos

que circulam socialmente, de assumir a palavra e, como cidadão, de produzir

textos eficazes nas mais variadas situações.

A linguagem é um processo de interlocução que se realiza nas práticas

sociais existentes nos diferentes grupos de uma sociedade, nos distintos

momentos de sua história. Dessa forma se produz linguagem em diferentes

situações, seja numa mesa de bar, ao redigir uma carta, ao entrevistar um

economista, etc.

Nessa perspectiva, a língua é um sistema de signos histórico e social que

possibilita ao homem significar o mundo e a realidade. Assim, aprendê-la é

aprender não só as palavras, mas também os seus significados culturais e, como

eles, os modos pelos quais as pessoas do seu meio entendem e interpretam a

realidade e a si mesmas.

A linguagem verbal possibilita ao homem representar a realidade física e

social e, desde o momento que é aprendida, conserva um vínculo muito estreito

com o pensamento. Possibilita não só a representação e a regulação do

pensamento e da ação, próprios e alheios, mas também, comunicar idéias,

pensamentos e intenções de diversas naturezas e, desse modo, influenciar o

outro e estabelecer relações interpessoais anteriormente inexistentes.

Assim, a linguagem verbal:

Page 50: Psicopedagogia - Trabalho Academico

50

• É constituída na interação entre as pessoas e, portanto, torna-se

significativa quando utilizada pelo sujeito para compreender o mundo em

que vive e atuar sobre ele;

• É suporte da dinâmica social e está presente em todas as relações diárias

entre os membros de uma comunidade, bem como na atividade

intelectual;

• É o resultado de um trabalho constante de falantes, portanto é viva

dinâmica e está sempre se desenvolvendo ou se transformando;

• É produto de sujeitos diferentes, em momentos históricos diversos,

pertencentes a grupos sociais distintos, que utilizam vários sistemas de

referência que se cruzam e que acabam por determinar variações na

língua.

Produzir linguagem significa produzir discursos. Significa dizer alguma coisa a

alguém de uma determinada forma, num determinado momento histórico. Assim

cada um tem o seu modo de utilizar a linguagem, e o que determina essas

diferenças pode ser o seu conhecimento quanto ao uso da mesma, o lugar em que

vive o meio social ao qual pertence e, até mesmo, a época em que vive ou viveu.

Por exemplo, alguém que morra hoje no sul do país e seja um médico não usará a

linguagem da mesma forma que um falante nas mesmas condições, mas que tenha

vivido no século passado. Ou mesmo nos dias atuais se compararmos seu linguajar

com um pescador que vive na região do Amazonas.

Além disso, precisamos saber que, em geral a nossa própria fala se

modifica, ou melhor, passa por constantes adaptações. Tudo depende da

pessoa com quem falamos. Se nos dirigirmos a alguém muito familiar, utilizamos

Page 51: Psicopedagogia - Trabalho Academico

51

um tipo de linguagem diferente daquela que usaríamos em situações de maior

formalidade.

Nossos alunos fazem parte desse processo comunicativo. É fundamental

que se perceba que é um processo de interação, que os sujeitos tornem-se

produtores e realizam ações de reflexão sobre a linguagem.

1.4.1 - Que fala cabe a escola ensinar?

A Língua Portuguesa, no Brasil possui muitas variedades dialetais.

Identificam-se geográfica e socialmente as pessoas pela forma como falam. Mas há

muitos preconceitos decorrentes do valor social relativo que é atribuído aos

diferentes modos de falar é muito comum se considerarem as variedades

lingüísticas de menor prestígio como inferiores ou erradas. A questão não é falar

certo ou errado, mas saber qual forma de fala utilizar de acordo com o contexto.

O essencial é que o aluno saiba adequar o registro às diferentes situações

comunicativas. É saber coordenar satisfatoriamente o que falar e como fazê-lo,

considerando a quem e por que se diz determinada coisa. É saber, portanto, quais

variedades e registros da língua oral são pertinentes em função da intenção

comunicativa, do contexto e dos interlocutores a quem o texto se dirige. A questão

não é de correção da forma, mas de sua adequação as circunstâncias de uso, ou

seja, de utilização eficaz da linguagem: falar bem é falar adequadamente, é produzir

o efeito pretendido.

Page 52: Psicopedagogia - Trabalho Academico

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Cabe a escola ensinar o aluno a utilizar a linguagem oral nas diversas

situações comunicativas, especialmente nas mais formais: planejamento e

realização de seminários, mesas redondas, diálogos com autoridades,

dramatizações, júri simulado, etc. Trata-se de propor situações didáticas nas quais

essas atividades façam sentido de fato, pois seria descabido "treinar" o uso mais

formal da fala. A aprendizagem de procedimentos eficazes tanto de fala como de

escuta, em contextos mais formais, dificilmente ocorrerá se a escola não tomar para

si a tarefa de promovê-Ia.

Page 53: Psicopedagogia - Trabalho Academico

53

Capítulo II

2- A Importância da Psicopedagogia na Prevenção e Diagnóstico das

Dificuldades de Aprendizagem

A escola crítica e criativa enfatiza a avaliação dinâmica num processo que

integra a aprendizagem do aluno e a intervenção pedagógica do psicopedagogo, no

sentido de diagnosticar as dificuldades de aprendizagem e também constituir-se no

processo da ação – reflexão – ação em que direcionar o ensino no sentido da

aprendizagem refletindo, buscando novos conhecimentos que enriqueça tanto o

educador como o aluno. São estas as reflexões que vão orientar a prática

pedagógica, permitindo a ele redimensionar a sua intervenção no processo de

ensino revendo metodologias alternativas de trabalho e criando recursos didáticos

mais adequados ao desenvolvimento do aluno.

Estas reflexões e intervenções permitem ao aluno acompanhar o

desempenho de sua trajetória escolar, identificar as suas conquistas, os seus

avanços, bem como os seus pontos fracos suas dificuldades, e potencialidades para

a orientação do seu próprio estudo.

Diante dessa nova visão do psicopedagogo torna-se necessário reverter a

lógica da avaliação. O professor deve assumir um compromisso com os seus alunos

visando garantir-lhes um ensino de qualidade, independente da classe social a que

pertencem,

O professor como mediador da aprendizagem do aluno, tem o papel de

reconhecer suas potencialidades, interagindo com ele no sentido de promovê-lo

Page 54: Psicopedagogia - Trabalho Academico

54

como ser humano, criando nele uma auto-estima positiva através de sua atividade

na escola e na sala de aula. Assim, o professor deve incentivá-lo, valorizando em

elevar sua auto-estima evitando que ele acumule sentimentos de fracasso. Se o

professor não estiver motivado, não gostar do que faz essa intervenção do

psicopedagogo não vai ajudar em nada, pois essa é a grande importância do

psicopedagogo na vida do professor e o professor na vida do aluno.

As intervenções do psicopedagogo originam-se de movimentos sociais e

filosóficos, num dado momento histórico, explicando assim a relação das práticas

didático pedagógicas com as demandas e aspirações da sociedade, sendo assim a

prevenção do psicopedagogo é fundamental para orientar no que deve ser feito,

analisar e explorar junto as dimensões, mostrando as dificuldades que existem,

podendo descobrir-las em nossa vivencia concreta real em nossa prática. É dessa

prática que deverá partir fazendo um esforço de ver na totalidade, e é ela que se

retornará para a competência, a compreensão dos conceitos, e torná-la mais

consistente e significativa.

Este trabalho visa discutir alguns aspectos fundamentais na estruturação do

processo psicopedagógico tendo em vista a construção do conhecimento e do saber

por parte da criança através do uso se brinquedos e jogos.

A intervenção pedagógica veio introduzir uma contribuição mais rica no

enfoque pedagógico. O processo de aprendizagem da criança é compreendido

como um processo pluricausal, abrangente, implicando componentes de vários eixos

de estruturação, afetivos, cognitivos, motores, sociais, econômicos, políticos, etc.

A causa do processo de aprendizagem, bem como das dificuldades de

aprendizagem, deixa de ser localizada somente no aluno e no professor e passa a

Page 55: Psicopedagogia - Trabalho Academico

55

ser visto como um processo maior com inúmeras variáveis que precisam ser

apreendidas com bastante cuidado pelo professor e psicopedagogo.

É preciso que o psicopedagogo também altere a sua forma de conceber o

processo de ensino-aprendizagem, ele não é um processo linear e contínuo que se

encaminha numa única direção, mas sim, multifacetado apresentando paradas,

saltos, transformações, buscas etc. O processo de ensino-aprendizagem inclui

também a não aprendizagem, ou seja não é uma exceção dentro do processo de

aprendizagem mas se encontra estreitamente vinculada a ele. O aluno aprendente,

em termos de psicopedagogia pode se recusar a aprender a um determinado

momento. O chamado fracasso escolar não é um processo excepcional que ocorre

no sentido contrario ao processo de ensino-aprendizagem. Constitui estreitamente

vinculado. O não saber se tece continuamente com o saber com isto queremos dizer

que o processo de ensino-aprendizagem do ponto de vista Psicopedagógico,

apresenta sempre uma face dupla: de um lado a aprendizagem e do outro a não

aprendizagem.

A psicopedagogia com base na psicanálise revela que o conhecimento e o

saber não são aprendidos pelo sujeito de forma neutra. Dentro do sujeito há uma

luta entre o desejo do saber e o desejo do não saber. Este processo acaba por

estabelecer para o sujeito determinadas posições a prioridade da assimilação e

incorporação de quaisquer informações e/ou processos formativos. Elas se refletem

tanto no plano consciente quanto inconscientes diante do uso de brinquedos, jogos,

materiais pedagógicos o sujeito pode se direcionar tanto para o desejo do saber.

A psicopedagogia, conta com a contribuição de varias áreas de

conhecimentos, psicologia, sociologia, antropologia e outras, assume o papel de

desmistificadora do fracasso escolar, entendendo o erro apresentado pelo indivíduo

Page 56: Psicopedagogia - Trabalho Academico

56

no processo de construção do seu conhecimento (Piaget) e as interações (Vygotsky)

como fator importante no desenvolvimento das habilidades cognitivas. Apresenta

assim, uma perspectiva diferenciada daqueles que há muito permeia a mente de

muitos professores.

O psicopedagogo assumiu um papel relevante na abordagem e soluções dos

problemas de aprendizagem. Não procura culpados e não age com indulgência. De

acordo com Bossa (2000, p. 14) é comum, na literatura, os professores serem

acusados de si isentarem de sua culpa e responsabilizar o aluno ou sua família

pelos problemas de aprendizagem, mas a um processo a ser visto, às vezes, os

métodos de ensino têm que ser mudados, o afeto, o amor, a atenção, isto tudo influi

muito na questão. Nesse caso, o psicopedagogo procura avaliar a situação da forma

mais eficiente e proveitosa. Em sua avaliação, no encontro inicial com aprendente e

seus familiares, que é um recurso importante, utiliza a escuta psicopedagogica que

auxilia a captar através do jogo, silêncio dos que possam explicar a causa do não

aprender.

Segundo Alicia Fernandes (1990 p.177), (...) a intervenção psicopedagogica

não de se dirige ao sintoma, mas o poder par mobilizar a modalidade de

aprendizagem em um determinado momento, e é a partir daí que vai transformando

o processo de ensino-aprendizagem.

A psicopedagogia não lida diretamente com problemas, lida com pessoas

envolvidas. Lida com as crianças, com os familiares, e os professores, levando em

conta aspectos sociais, culturais, econômicos e psicológicos.

Neste contexto o psicopedagogo institucional, com o profissional qualificado está

apto a trabalhar na área de educação dando assistência aos processos e a outros

Page 57: Psicopedagogia - Trabalho Academico

57

profissionais da instituição escolar para a melhoria das condições do processo

ensino-aprendizagem, bem como para prevenção dos problemas de aprendizagem.

Por meio de técnicas e métodos próprios, o psicopedagogo possibilita uma

intervenção psicopedagogica visando as soluções de aprendizagem em espaços

institucionais. Juntamente com toda equipe escolar, está mobilizando na construção

de um espaço adequado as condições de aprendizagem de forma a evitar

comprometimentos.

Elege a metodologia e/ou a forma de intervenção com o objetivo de facilitar

e/ou desobstruir tal processo.

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituição escolar

relacionam-se de modo significativo. A sua formação pessoal e profissional implica a

configuração de uma identidade própria e singular que seja capaz de reunir

qualidade, habilidades e competências de atuação na instituição escolar.

A psicopedagogia é uma área que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes. Acreditamos que se existissem

nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades, o número de

crianças com problemas seria bem menor, para Bossa (2001) o psicopedagogo tem

muito que fazer na escola: sua intervenção preventiva, sua atuação inclui:

• Orientar os pais;

• Auxiliar os professores e demais profissionais nas questões pedagógicas;

• Colaborar com a direção para que haja um bom entrosamento entre todos os

integrantes da instituição;

• Principalmente socorrer o aluno que esteja sofrendo qualquer que seja a

causa.

Page 58: Psicopedagogia - Trabalho Academico

58

São inúmeras intervenções que o psicopedagogo pode ajudar os alunos

quando precisam, e muitas coisas podem atrapalhar uma criança na escola sem que

o professor perceba, e é o que ocorre com a maioria das crianças com dificuldades

de aprendizagem, e as vezes por motivos tão simples de serem resolvidos.

Problemas familiares, com os professores, com os colegas de turma, no conteúdo

escolar, e muitos outros que acabam por tornar a escola um lugar aversivo, e que

deveria ser um lugar prazeroso.

Segundo Bossa (1994, p.23)... cabe ao psicopedagogo perceber eventuais

perturbações no processo e aprendizagem, participam da dinâmica da comunidade

educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de

acordo das características e particularidades dos indivíduos do grupo realizando

processos de orientação. Já que no caráter existencial, o psicopedagogo participa

de equipes responsáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto teórico /

prático das políticas educacionais, fazendo com que os professores, diretas

educacionais e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docência e as necessidades individuais de aprendizagem da criança ou, do próprio

processo ensino aprendizagem.

O psicopedagogo atinge seus objetivos quando, tem a compreensão das

necessidades de aprendizagem de determinado aluno, abre espaço para que a

escola viabilize recursos para atender as necessidades de aprendizagem. Desta

forma o psicopedagogo institucional, passa a tornar uma ferramenta poderosa no

auxilio da aprendizagem.

Quando falamos em diagnóstico, pensamos logo em análise, porém se

podemos analisar algo se podermos encontrar o que estamos analisando, por está

Page 59: Psicopedagogia - Trabalho Academico

59

razão quando dizemos o que estamos fazendo um diagnóstico temos que saber o

que estamos diagnosticando.

Estas respostas parecem fácil de ser respondida, já que o psicopedagogo

normalmente está associado ao profissional que trabalha com crianças com

problemas de aprendizagem. Assim podemos pensar que iremos analisar o

problema de aprendizagem durante o diagnóstico psicopedagógico.

Quando pensamos em problema de aprendizagem vem em nossa mente

várias facetas que podem compor tal problema, para que possa compreender qual o

tipo de problema existente é necessário que o psicopedagogo esteja atento como

um detetive que busca pistas, qualquer pista mesmo que lhe pareça algo

insignificante, pois está pista pode ser a ponta do “iceberg” (Rubinstein, 1996).

O olhar psicopedagógico tem que buscar as respostas para as perguntas, não

são respostas simples de serem encontradas mas é possível encontrá-las, temos

que ver aquilo que não está visível, temos que ver o que está no não dito, tanto no

jeito de dizer diferente quando naquilo que se silencia.

É olhar a queixa trazida, pelos pais ou pelo próprio sujeito, pra o atendimento

psicopedagógico com os olhos de psicopedagogo.

Quando iniciamos um atendimento psicopedagógico, precisamos que o

ensino aprendente consiga reconhecer que algo está faltando, principalmente

quando estamos atendendo a criança, adolescentes ou pais encaminhados pela

escola, situações estas muito comuns em nossos dias de trabalho. Este é um termo

utilizado por Alicia Fernandez (2001) que está associado a questão de quem ensina

também aprende, e quem aprende também ensina.

Portanto sempre que pensamos em diagnóstico psicopedagógico temos que

saber ouvir o que o outro tem a dizer, não podemos ter respostas prontas, não existe

Page 60: Psicopedagogia - Trabalho Academico

60

um caso igual ao outro, existe situações, que com a experiência conseguimos fazer

a pergunta mais apropriada para aquele momento.

Sempre que vamos fazer um diagnóstico temos que nos propor a conhecer a

pessoa por inteiro, temos que verificar como ela aprende e não verificar o que ela já

sabe ou aquilo que ela não sabe isto a escola, a família já sabe, nós temos que

questionar o como e não só o que ela aprende.

Portanto no atendimento psicopedagógico temos que pensar o ensino

aprendente como alguém capaz que vive em um contexto familiar, escolar e social

específico e de que maneira vivencia estes espaços de maneira diferente, só assim

poderemos ajudá-lo a ser autor não só ator de sua própria história. (Fernandez,

2001).

Sendo assim a proposta é fazer com que alunos desenvolvam sua autonomia

e possam perceber que sua postura diante dos desafios do aprender ira refletirem

na sua vida enquanto profissionais, portanto é necessário que os alunos identifiquem

suas limitações e busque superá-las, através da análise dos registros de suas

atividades, vendo seu crescimento enquanto aprendiz.

Page 61: Psicopedagogia - Trabalho Academico

61

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mais uma fase está se encerrando de estudos e conhecimentos construídos.

Durante esse período, buscando várias oportunidades de conhecermos o contexto

escolar como um todo ou quase um todo. Essa monografia foi fundamental para

prosseguir nas pesquisas nas descobertas de vários problemas que ocorrem na

educação, ampliando as concepções sobre a escola de educação básica e sua

organização no sistema educativo retornar o Projeto Político Pedagógico e analisar

os diferentes planos de ensino e projetos de trabalho desenvolvidos pelos

professores e alunos da escola de campo durante a observação da prática docente.

Considerando a ementa da monografia, descobri vários tópicos, os problemas

presentes, a busca para obter maior conhecimento sobre o assunto, a oportunidade

de observar a prática docente em relação ao educador, coordenador,

psicopedagógico, psicólogo e os demais.

Sobre os desafios encontrados que são muitos conhecemos alguns onde foi

analisado algumas possibilidades de fazê-los de forma prazerosa, amplo para obter

melhores resultados e trabalhar em prol da aprendizagem significativa é um desafio

docente, nesse sentido chegamos ao final de mais uma etapa de estudos. Os

conteúdos apresentados até agora atingiram os objetivos que escolhi, de pesquisas

um trabalho intensivo e produtivo no decorrer desse período.

Acredito não competir a qualquer estudo ser conclusivo, o que importa é abrir

perspectivas de continuidade das indagações, de pesquisas aos livros, sites,

revistas e jornais especializados de psicologia, e principalmente, de psicologia da

aprendizagem e por meio dessas descortinar novos caminhos e trilhar rumos ao

Page 62: Psicopedagogia - Trabalho Academico

62

saber e aplicá-lo em sua prática pedagógica a partir de estratégias de ensino-

aprendizagem com o intuito de propiciar aulas adequadas às características dos

alunos.

Essa monografia é sem dúvida uma forma de aprender, mais e muito mais

que isso, é fazer experiências, trabalhar o relacionamento, a imaginação, a

expressão e fazer com que a criança se compreenda, se conforte e negocie

transformando-se e aprendendo a “ser”. Na escola, na sociedade no meio em que

vive, a criança é prática social, ou seja, é uma forma de interação com o outro.

Durante o relacionamento é que se realiza a entrega e envolvimento por parte

das crianças é o prazer, divertimento contribuindo para uma aprendizagem concreta

e significativa, assim, podemos dizer que as interações entre professor e os alunos

são fundamentais para o seu desenvolvimento integral, pois envolve diversão,

sentimento, carinho, surpresas, compreensão, dedicação, etc.

Por meio do convívio os professores podem observar e constituir uma visão

dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada um em

particular, registrando suas capacidades sociais e dos recursos afetivos e

emocionais que dispõem, é muito importante que o professor organize situações

para que os conteúdos ocorram de maneira diversificada para atender as

necessidades de cada uma. Assim através de vários estudos, buscas, pesquisas,

conclui essa monografia.

Page 63: Psicopedagogia - Trabalho Academico

63

Referências Bibliográficas

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