psicopedagogia - trabalho academico
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PsicopedagogiaTRANSCRIPT
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – NEAD
FACULDADES INTEGRADAS DE JACAREPAGUÁ - FIJ
CURSO: PSICOPEDAGOGIA
Roberta Januth
O PSICOPEDAGOGO E SUA INTERVENÇÃO NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
ITAGUAÇU, 2008
ROBERTA JANUTH
O PSICOPEDAGOGO E SUA INTERVENÇÃO NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Trabalho monográfico apresentado junto as Faculdades Integradas de Jacarepaguá, como requisito para obtenção do Certificado de Conclusão do curso de Pós Graduação em Psicopedagogia.
Orientadora: Andreia Oliveira Vicente
ITAGUAÇU,2008
ROBERTA JANUTH
O PSICOPEDAGOGO E SUA INTERVENÇÃO NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Trabalho monográfico apresentado junto às Faculdades Integradas de Jacarepaguá
como requisito para obtenção do Certificado de Conclusão do curso do Pós
Graduação em Psicopedagogia com nota igual a ____, conferida pela orientadora.
Rio de Janeiro/ES, ________ de _________________ de 2008
____________________________
Orientadora: Andreia Oliveira Vicente
RESUMO
O psicopedagogo e sua intervenção nas dificuldades de aprendizagem. Esse tema é muito importante, pois na educação existem vários obstáculos, principalmente na dificuldade que a criança tem de aprender os conteúdos propostos pelo professor. Diante disso o educador deve buscar novos conhecimentos para que ocorra a aprendizagem naquela criança independente da dificuldade que ela se encontra, nesse caso entra a função do psicopedagogo em ajudar a selecionar e buscar novos métodos para enriquecer o trabalho de maneira mais ampla para que aconteça a aprendizagem. Na educação tem níveis de dificuldades de aprendizagem de forma diferentes uma das outras, o professor deve refletir analisar antes de tomar qualquer decisão e levar sempre em consideração esse assunto e pensar na sua função como educador e a importância que você tem na vida de cada ser, no espaço que você ocupa na sala de aula. A educação de qualidade nos leva a conhecer e entender os mais existentes no seu cotidiano escolar no qual você está inserido. Às vezes se torna um pouco desconhecido ou mal entendido por alguns profissionais nessa área. Enfim é fundamental entender e saber lidar com as necessidades de cada um. Palavras-chave: psicopedagogo, intervenção, dificuldade, aprendizagem, educação, conteúdos, educador, enriquecer, analisar, necessidades.
SUMMARY
Psicopedagogo and its intervention in the learning difficulties. This subject is very important, therefore in the education some obstacles exist, mainly in the difficulty that the child has to learn the contents considered for the professor. Ahead of this the educator must search new knowledge so that the learning in that independent child of the difficulty that it meets, in this occurs in case that the function of psicopedagogo enters in helping to select and to search new methods to enrich the work in ampler way so that the learning happens. In the education he has levels of different difficulties of learning of form one of the others, the professor must reflect to analyze before taking any decision and taking always in consideration this subject and to think about its function as educator and the importance that you have in the life of each being, in the space that you occupy in the classroom. The education of quality in takes them to know and to understand most existing in its daily pertaining to school in which you are inserted. The times if it becomes a little unknown or misunderstanding by some professionals in this area. At last it is basic to understand and to know to deal with the necessities of each one. Word-key: psicopedagogo, intervention, difficulty, learning, education, contents, educator, to enrich, to analyze, necessities.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 07
CAPÍTULO I
1-Dificuldades de Aprendizagem........................................................................... 13
1.1 - Diagnóstico para Alunos com Dificuldades de Aprendizagem ..................... 15
1.1.1- Distúrbios de Aprendizagem: uma rosa com outro nome........................... 18
1.2 - Transtornos de aprendizagem....................................................................... 25
1.2.1- Disgrafia - dificuldade de aprendizagem da escrita..................................... 27
1.2.2 - Discalculia ................................................................................................. 30
1.2.3 – Dislalia....................................................................................................... 33
1.2.4 – Disartria..................................................................................................... 34
1.2.5- Dislexia........................................................................................................ 35
1.2.6- TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade....................... 40
1.3-Família: as intervenções e relações interpessoais.......................................... 43
1.3.1 - Que dizer do processo de aprendizagem? Participam as
Famílias................................................................................................. 47
1.4 – Aquisição da Leitura e da Escrita................................................................. 48
1.4.1 - Que Fala cabe a Escola Ensinar?.............................................................. 51
CAPÍTULO II
2 - A importância da Psicopedagogia na Prevenção e
Diagnostico das Dificuldades de Aprendizagem................................................... 53
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 63
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INTRODUÇÃO
Falar de dificuldades de aprendizagem é algo corriqueiro e comum tanto em
nossas escolas como em outros lugares. A necessidade de se considerar o não
aprender como um processo, no qual inúmeros fatores estão atuando, deve recair
sobre todos os profissionais que acabam sendo envolvidos numa situação de
aprendizagem, entre eles: professores, psicopedagogos, fonoaudiólogos,
neurologistas etc. Todavia, aos docentes cabe um papel fundamental e primordial,
qual seja o de sempre repensar as experiências didáticas que estão sendo
oferecidas aos sujeitos que não aprendem e, sobretudo, considerar quais foram as
reais chances de interação e de construção dos objetos de conhecimento que essas
crianças tiveram.
Esse é um tema de muita importância, pois os seres humanos são criaturas
sociais. Vivemos em um mundo social em que se faz necessário analisar,
compreender as experiências vivenciadas nos mais diversos contextos.
Quando nos relacionamos, nos deparamos com a diversidade a qual diferencia
e influencia o ambiente, diante disso o indivíduo tem que buscar meios para fazer sua
auto-realização colaborando no desenvolvimento e crescimento individual e social da
sociedade e no seu cotidiano, porque em todos os momentos de nossas vidas,
estamos interligados uns com os outros seja no trabalho, escola, família, no convívio
social e no relacionamento pessoal.
O título desse trabalho já contém em si mesmo a mensagem de que o tema
pode ser examinado sob vários enfoques porque inúmeras são as teorias para
explicar a aprendizagem humana e entre elas este trabalho destaca: a
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comportamentalista, a cognitivista, a da mediação e a humanista com ênfase para a
abordagem psicopedagógica. Subjacentes a qualquer uma delas estão no sistema de
valores aos quais se pode chamar de filosofias ou visões de mundo (Moreira, 1999).
Mudanças na concepção de como a aprendizagem se dá acarretam mudanças nas
explicações acerca das dificuldades enfrentadas pelos alunos. As explicações da
psicopedagogia representam importantes contribuições seja para compreender a
dificuldades, seja para propor a intervenção adequada.
O presente trabalho surgiu da preocupação e da necessidade de melhor
compreensão do processo de aprendizagem humana e da identificação das
dificuldades no processo de aprender. No entanto, o objetivo deste trabalho centrou-
se em discutir aspectos fundamentais do processo psicopedagógico das dificuldades
de aprendizagem, tendo em vista a construção do conhecimento e do saber pela
criança por meio do uso de brinquedos e jogos. Tomando por base a investigação
de vários autores, dentre eles, Vygotsky (1989), Fernández (1991, 2001a, 2001b) e
Solé (2001), este estudo inicia-se com uma breve abordagem sobre as dificuldades
de aprendizagem.
Esses autores mencionam a importância do uso de brinquedos e jogos na
intervenção psicopedagógica de crianças com dificuldades de aprendizagem, a
relação família-escola e a intervenção psicopedagógica. Considerando a relevância
da pesquisa, propõe-se fazer com que os professores, diretores e coordenadores
educacionais repensem o papel da escola frente às dificuldades de aprendizagem
da criança, resgatando, juntamente com a psicopedagogia, uma visão mais
globalizada do processo de aprendizagem e dos problemas decorrentes desse
processo.
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O saber se constrói fazendo próprio o conhecimento do outro, e a operação
de fazer próprio o conhecimento do outro só se pode fazer jogando. Aí se encontra
uma das interseções entre aprender e jogar. Diz-se que o objetivo do trabalho
psicopedagógico é ajudar a recuperar o prazer perdido de aprender e a autonomia
do exercício da inteligência e que esta conquista vem de mãos dadas com o
recuperar o prazer de jogar. Quando se lida com brinquedos, jogos e materiais
pedagógicos deve-se atentar a uma significativa quantidade de estruturas de
alienação no saber que cercam esses objetos.
Os jogos possibilitam à criança com dificuldades de aprendizagem aprender
de forma lúdica, num contexto desvinculado da situação de aprendizagem formal.
Facilitam, também, o vínculo terapêutico, fundamental para que qualquer processo
tenha êxito. Por meio da aprendizagem do próprio jogo, do domínio das habilidades
e raciocínios utilizados, a criança tem a possibilidade de redimensionar sua relação
com as situações de aprendizagem.
Ramozzi-Chiarottino, que realiza pesquisas nesse enfoque explica:
Depois de vários anos de observação do comportamento da criança em situação natural, chegamos à conclusão de que os distúrbios de aprendizagem são determinados por deficiências no aspecto endógeno do processo da cognição e de que a natureza de tais deficiências depende do meio no qual a criança vive e de suas possibilidades de ação neste meio, ou seja, depende das trocas do organismo com o meio, num período crítico de zero a sete anos.(1994, p.83).
Assim, para esta autora, há uma causa orgânica para as DA parcialmente
determinada pelo ambiente e possível de remediação.
A autora também apresenta formas de intervenção conforme as
características dos problemas apresentados pelas crianças. Essas intervenções
baseiam-se em: construção de esquemas motores e ação/reflexão sobre o meio,
observação e experimentação sobre a natureza, construção da representação e
construção de estruturas do pensamento. A respeito desta última intervenção, é
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importante destacar que diferentes pesquisas, baseadas nesse pressuposto,
alcançaram bons resultados com crianças que apresentavam dificuldades de
aprendizagem.
Na convivência na escola percebe-se que os profissionais enfrentam sérias
dificuldades em relação à aprendizagem dos alunos, sendo assim os mesmos
demonstram que precisam estar atualizados em conhecimentos gerais e específicos
para que possam corresponder às exigências do mundo globalizado e também as
expectativas do educando. Por outro lado, sabemos que os problemas de
aprendizagem não podem ser resolvidos apenas com a instrumentalização dos
educadores, não podemos ser ingênuos achando que basta o professor estar bem
preparado no campo científico e pedagógico para desempenhar satisfatoriamente o
seu papel. Precisamos compreender e analisar a criança, como foi sua infância seu
desenvolvimento e a sua adolescência, essas fases requerem novos olhares por
parte dos psicopedagogos, psicólogos, dos pediatras e lógico dos educadores, isso
tudo nos leva inevitavelmente a reavaliação do papel da escola e dos professores
diante do ato de ensinar.
É importante ressaltar a psicopedagogia como área de atuação que estuda o
processo de aprendizagem e as dificuldades apresentadas. A psicopedagogia muito
tem contribuído para explicar a causa das dificuldades de aprendizagem, pois tem
como objetivo central de seus estudos o processo humano do conhecimento e seus
padrões evolutivos normais e patologias bem como a influência no seu
desenvolvimento.
O psicopedagogo (Piaget) assume papel relevante na abordagem e solução
dos problemas de aprendizagem. Não procura culpados e não age com indulgencia.
De acordo com Bossa (2000, p.14), é comum na literatura, os professores serem
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acusados de isentarem de sua culpa e responsabilizar o aluno e/ou sua família pelos
problemas de aprendizagem, mais há um processo a ser visto, as vezes, os métodos
de ensino devem ser mudados. Nesse caso o psicopedagogo procura avaliar a
situação da forma mais eficiente e proveitosa.
Portanto a psicopedagogia não lida diretamente com o problema, lida com as
pessoas envolvidas. Lida com as crianças, familiares e professores, levando em
conta aspectos sociais, culturais, econômicos e psicológicos.
Diante do baixo desempenho acadêmico, as escolas estão cada vez mais
preocupadas com os alunos que tem dificuldades de aprendizagem, não sabem
mais o que fazer com as crianças que não aprendem de acordo com o processo
considerado normal e não possuem políticas de intervenção capazes de contribuir
para a superação dos problemas de aprendizagem.
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituição escolar
relacionam-se de modo significativo. A sua formação pessoal e profissional implica a
configuração de uma identidade própria e singular que seja capaz de reunir
qualidades, habilidades e competências de atuação na instituição escolar.
Acredito que se existisse nas escolas psicopedagogo trabalhando com essas
dificuldades, o número de crianças com problemas seria bem menor.
O psicopedagogo atinge seus objetivos quando tem a compreensão das
necessidades de aprendizagem de determinado aluno, abrindo espaço para que a
escola viabilize recursos para atender as necessidades de aprendizagem. Dessa
forma o psicopedagogo institucional passa a se tornar uma ferramenta poderosa no
auxilio da aprendizagem.
Pesquisar as dificuldades de aprendizagem e identificar a importância do
educador nesse processo é fundamental para que ocorra a aprendizagem de fato e
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de maneira que os problemas de aprendizagem sejam amenizados.
Sabe quando você tem duas taças de cristal? Elas estão em silêncio. Aí a gente bate uma na outra e elas reverberam sonoramente. Uma taça influência a outra. Uma taça faz a outra emitir um som que vivia silencioso no seu cristal. Assim é a educação, um toque para provocar e o outro para fazer soar a música. (Alves 2003 p. 36)
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Capítulo I
1-Dificuldades de Aprendizagem
Quando uma criança ingressa na escola, sua primeira tarefa explícita é
aprender a ler e escrever. Embora se espere que a criança aprenda muitas outras
coisas em seu primeiro ano na escola, a alfabetização é, sem duvida alguma, o
centro das expectativas de pais e professores. Os pais e a própria criança não tem,
em geral, razão para duvidar do sucesso da criança nessa aprendizagem. Uma
criança sadia, ao ingressar na escola, já sabe falar, compreende explicações,
reconhece objetos e formas desenhadas e é capaz de obedecer a ordens
complexas. Não há razão para que ela não aprenda também a ler. No entanto, o que
muitas vezes os pais e professores não consideram é que a leitura e a escrita são
habilidades que exigem da criança a atenção a aspectos da linguagem aos quais ela
não precisa dar importância, até o momento em que começa a aprender a ler. Por
isso, toda criança encontra dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita. A
leitura e a escrita exigem dela novas habilidades, que não faziam parte de sua vida
diária até aquele momento. Moojem (19990 afirma que ao lado do pequeno grupo de
crianças que apresenta transtornos de aprendizagem decorrente de imaturidade do
desenvolvimento e/ou disfunção psiconeurológica, existe um grupo muito maior de
crianças que apresenta baixo rendimento escolar em decorrência de fatores isolados
ou em interação. As alterações apresentadas por esse contingente maior de alunos
poderiam ser designadas como “dificuldades de aprendizagem”. Participariam dessa
conceituação os atrasos no desempenho escolar por falta de interesse, perturbação
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emocional, inadequação metodológica ou mudanças no padrão de exigência da
escola, ou seja, alterações evolutivas normais que foram consideradas no passado
como alterações patológicas.
Fernández (19910 também considera as dificuldades de aprendizagem como
sintomas ou “fraturas” no processo de aprendizagem, onde necessariamente estão
em jogo quatro níveis: o organismo, o corpo, a inteligência e o desejo.
A dificuldade para aprender segundo o autor seria o resultado da anulação
das capacidades e do bloqueamento das possibilidades de aprendizagem de um
individuo e a fim de ilustrar essa condição utiliza o termo inteligência aprisionada
(atrasada, no idioma original).
Para o autor, a origem das dificuldades ou problemas de aprendizagem não se
relaciona apenas à estrutura individual da criança, mas também à estrutura familiar a
que a criança está vinculada. As dificuldades de aprendizagem estariam
relacionadas as seguintes causas:
1ª causas externas à estrutura familiar e individual - originariam o problema de
aprendizagem reativo, a qual afeta o aprender, mas não aprisiona a inteligência e,
geralmente surge do confronto entre o aluno e a instituição.
2ª causas internas à estrutura familiar e individual – originariam o problema
considerado como sintoma e inibição, afetando a dinâmica e desejo, causando o
desejo inconsciente de não conhecer e, portanto, de aprender.
3ª modalidades de pensamento derivadas de uma estrutura psicótica as quais
ocorrem em menor número de casos.
4ª fatores de deficiência orgânica em casos mais raros.
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1.1- Diagnóstico para Alunos com Dificuldades de Aprendizagem
Os primeiros sinais que apontam que o aluno poderá vir a ter dificuldades ou
distúrbios de aprendizagem podem aparecer na Educação Infantil. No entanto, até o
1º ano do Ensino Fundamental esses sinais devem ser considerados normais, visto
que, o aluno está em fase de adaptação. Mesmo assim, o professor deverá ficar
atento, pois podem ser os primeiros indicadores, que, se perpetuarem, ficará
concretizado que o aluno tem a dificuldade.
Diante disso, o professor da Educação infantil se atentará para a articulação
da linguagem, atenção ao ouvir histórias, organização, atenção aos comandos,
memória (dificuldade em aprender números, dias da semana, alfabeto), problemas
em permanecer sentado. Desenhar, escrever, subir, correr, caminhar, devem ser
pontos a serem observados.
Esses podem ser alguns indicadores que já se apresentam na Educação
Infantil e que, persistindo, indicam que o aluno possa ter alguma dificuldade ou
distúrbio de aprendizagem e que necessitará de intervenção do professor,
psicopedagogo, psicólogo, neurologista, fonoaudiólogo e de muito apoio da família.
Lista de indicadores
O professor, após observação contínua e criteriosa do aluno, é o responsável
por realizar o diagnóstico, que poderá demorar um ano para ser concluído. Para
isso, apresenta-se uma lista de indicadores:
1. ORGANIZAÇÃO: conhecimento das horas, dias da semana e meses do ano.
Dificuldade em gerir o tempo. Entregar tarefas no tempo certo Dificuldade na
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compreensão das tarefas, em encontrar objetos pessoais, tomar decisões,
estabelecer conexões. É extremamente agitado, parece perdido;
2. COORDENAÇÃO MOTORA: Dificuldades em manipular objetos pequenos,
cortar (motricidade fina); Na Educação Física, por exemplo, não entende as
regras dos jogos. Cai muito, tropeça, acontecem acidentes freqüentes, que
pode demonstrar falta de atenção. O aluno não pára ou é muito lento. Não
consegue fazer absolutamente nada sozinho;
3. ATENÇÃO E CONCENTRAÇÃO: Não se concentra para ouvir O professor e
realizar as atividades. Tem dificuldades em compreender o que lhe é
proposto. Não pára para ouvir histórias;
4. LINGUAGEM FALADA E ESCRITA: dificuldade em aprender vocábulos
novos, inversão de letras, articulação lenta da linguagem; combinação de
letras e sons;
5. COMPORTAMENTO SOCIAL: dificuldades em contrair amizades; são alunos
menos cooperativos, menos populares, apresentam menor competência na
comunicação verbal e não verbal.
É preciso enfatizar que, para se afirmar que a criança apresenta dificuldade
de aprendizagem, não basta um único indicador ou situações esporádicas. Portanto
a avaliação deve ser muito criteriosa e feita durante um período maior. A criança
deve ser avaliada num todo. Também, a cada indicador que a criança apresenta, o
professor deve fazer as intervenções, pois pode acontecer da dificuldade ser
vencida ainda em sala de aula, sem ajuda de especialista.
Feito o diagnóstico, a partir de uma observação criteriosa e contínua, a família
deve ser informada e o aluno ser encaminhado a um especialista (neurologista,
psicólogo, pedagogo, fonoaudiólogo, etc.)
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É preciso lembrar que independente do diagnóstico, o professor deve realizar
o trabalho diversificado, buscando trabalhar com diferentes alternativas pedagógicas
para que o aluno aprenda.
Enquanto professores temos a competência de avaliar o nosso aluno e
realizar o diagnostico, a partir de uma observação continua e criteriosa.
Dificuldades de aprendizagem o que observar: alguns sinais iniciais
Pré - escola Níveis
iniciais
Níveis médios Níveis
superiores Linguagem
Problemas de articulação. Aquisição lenta de vocabulário. Falta de interesse em ouvir histórias.
Atraso na codificação da leitura. Dificuldades em seguir instruções. Soletração pobre.
Compreensão pobre da leitura. Pouca participação verbal na classe. Problema com palavras difíceis.
Dificuldades de argumentar. Problemas na aprendizagem de línguas estrangeiras Expressão escrita fraca. Problemas em Memória
Problemas na aprendizagem de números, alfabeto, dias da semana etc. Dificuldades em seguir rotinas.
Dificuldade em recordar fatos; Problemas na organização. Aquisição lenta de novas aptidões.
Dificuldades em recordar conceitos matemáticos. Dificuldade na memória imediata.
Problemas estudar testes Dificuldades na memória de termos longos.
Motricidade fina
Problemas na aquisição de comportamentos de autonomia. Exemplo: apertar os cadarços do sapato. Relutância para desenhar.
Instabilidade na Preensão do lápis. Problemas na escrita das letras.
Manipulação inadequada do lápis. Escrita ilegível, lenta ou inconsistente. Relutância em escrever.
Diminuição da relevância da motricidade fina.
Atenção
Problemas em permanecer sentado (quieto). Falta de persistência nas tarefas.
Impulsividade, Distração.
Difícil autocontrole. Fraca capacidade para perceber pormenores.
Problemas de memória devido à fraca atenção. Fadiga mental.
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As listas apresentadas permitem que bem utilizadas pelo professor, colher
informações através da observação direta do aluno em termos educacionais. Essas
listas permitem verificar se o aluno apresenta ou não dificuldades de aprendizagem
possibilitando para o professor um diagnóstico significativo entre o potencial
estimado do aluno e sua realização escolar atual.
1.1.1 - Distúrbios de Aprendizagem: uma rosa com outro nome
Imagine por um instante que você está visitando um viveiro de plantas, Você
percebe uma agitação lá fora e vai investigar. Você encontra um jovem assistente
lutando contra uma roseira. Ele está tentado forçar as pétalas da rosa a se abrirem,
e resmunga insatisfeito. Você lhe pergunta o quê está fazendo e ele explica: "meu
chefe quer que todas essas rosas floresçam essa semana, então na semana
passada eu cortei todas as precoces e hoje estou abrindo as atrasadas". Você
protesta dizendo que cada rosa floresce a seu tempo, é absurdo tentar retardar ou
apressar isso. Não importa quando a rosa vai desabrochar - uma rosa sempre
desabrocha no momento mais oportuno para ela. Você olha novamente a rosa e
percebe que ela está murchando, mas quando você o alerta, ele responde: "Ah, isso
é mau, ela tem disdesabrochamento congênito. Vamos ter que chamar um
especialista", Você diz:
"Não, não! Foi você quem fez a rosa murchar! Você só precisaria satisfazer as
exigências de água e luz da planta e deixar o resto por conta da natureza!" Você mal
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consegue acreditar no que está acontecendo. Por que o chefe dele é tão mal
informado e tem expectativas tão irreais em relação às rosas?
Essa cena nunca teria se passado em um viveiro, é claro, mas acontecem
todos os dias em nossas escolas. Professores pressionados por seus chefes
seguem calendários oficiais que exigem que todas as crianças aprendam no mesmo
ritmo e do mesmo jeito. No entanto as crianças não diferem das rosas em seu
desenvolvimento: elas nascem com a capacidade e o desejo de aprender, e
aprendem em ritmos diferentes e de modos diferentes. Se formos capazes de
satisfazer suas necessidades, proporcionar um ambiente seguro e propício e evitar
nos intrometer com dúvidas, ansiedades e calendários arbitrários, ai então – como
as rosas – as crianças irão desabrochar cada uma a seu tempo.
Meu coração gela quando, penso nas crianças classificadas como “TDHD'
(sigla norte-americana para 'distúrbio de hiperatividade e falta de atenção), o mais
novo tipo de "distúrbio de aprendizagem". Muitos educadores e pesquisadores
acreditam que as crianças e suas famílias tenham sido cruelmente enganadas por
essa classificação. O Dr. Thomas Armstrong, que já foi especialista em dificuldades
de aprendizagem, mudou de profissão quando começou a ver "como essa noção de
distúrbios de aprendizagem estava prejudicando todas as nossas crianças,
colocando a culpa da dificuldade de aprender em misteriosas deficiências
neurológicas, em vez de apontar para as tão necessárias reformas em nosso
sistema educacional". O Dr. Armstrong voltou-se então para o conceito de diferenças
de aprendizagem e escreveu "In Their Way" ("Do modo deles"), um guia prático e
fascinante para os sete "estilos pessoais de aprendizagem" inicialmente propostos
por Howard Gardner, psicólogo da Universidade de Harvard. O Dr. Armstrong nos
instiga a abandonar rótulos convenientes mas nocivos tais como "dislexia" e nos ater
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ao problema real do "disensino". Ele adverte que "nossas escolas estão
desvalorizando milhões de crianças ao taxá-las de insuficientes quando na realidade
elas estão sendo incapacitadas por métodos de ensino ruins". Como Armstrong
explica, "as crianças são sobrecarregadas com diagnósticos tais como dislexia,
disgrafia, discalculia e assim por diante, dando a impressão de que sofrem de
doenças muito raras e exóticas embora o termo dislexia seja apenas uma expressão
latina para"dificuldade com palavras, centenas de testes e programas se propõem a
identificar e tratar tais 'disfunções neurológicas'. Mas os médicos ainda não
conseguiram determinar qualquer tipo de lesão cerebral detectável na maior parte
das crianças com esses assim chamados sintomas. Parece evidente para mim,
depois de quinze anos de pesquisa e prática no campo da educação, que nossas
escolas são as principais culpadas pelo fracasso e pelo tédio enfrentado por milhões
de crianças ...”
As classificações de distúrbios de aprendizado seriam "as novas roupas do
imperador" das escolas? Os filósofos têm um recurso interessante chamado
"Navalha de Occam", um expediente prático para liquidar com teorias absurdas:
"para resolver um problema, deve-se escolher a teoria mais simples que explique os
fatos". Quais são os fatos? É fato que muitos escolares, principalmente do sexo
masculino, têm dificuldades de aprendizagem. Mas também é fato que existem
centenas de milhares de crianças no mundo, meninos e meninas; entre os quais
esse defeito "genético" está ausente: são as crianças escolarizadas em casa. Nesse
grupo, praticamente não existem dificuldades de aprendizagem, exceto nas crianças
que estão há pouco tempo na escola.
Se os "distúrbios de aprendizagem" estão presentes apenas no ambiente
escolar e ausente em outros lugares, o problema deve estar no ambiente de
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aprendizado das escolas e não em algum "distúrbio neurológico" misterioso e não-
detectável das crianças, ou estariam igualmente presentes nas crianças
escolarizadas em casa. Afinal não é segredo que as escolas não estão conseguindo
cumprir sua tarefa: em muitas regiões, os níveis de alfabetização na verdade caíram
e não chegaram a atingir os níveis prévios à existência de escolas públicas (nos
Estados Unidos). Quando John Gatto, eleito Professor do Ano do Estado de Nova
York, chama a escolarização obrigatória de "sentença de doze anos de prisão",
percebemos que algo está muito errado e que o erro não é das crianças.
Será que as classificações de "hiperatividade", "fobia escolar" e "dificuldade
de aprendizagem" não são uma cortina de fumaça para a incapacidade da escola de
entender e aceitar o verdadeiro processo de aprendizagem? Uma especialista do
porte de Mary Poplin, ex-editora de uma revista sobre distúrbios de aprendizagem
('Learning Disabilities Quarterly'), concluiu recentemente que "apesar de toda a
pesquisa quantitativa... não há provas de que os distúrbios de aprendizagem
possam ser identificados objetivamente... as tentativas de se estabelecer critérios
objetivos para avaliar problemas humanos são uma ilusão que serve para encobrir
nossa incompetência pedagógica". Ó educador John Holt relata em 'Teach Vour
Own' ('Ensine a Si Mesmo') que o presidente de uma importante associação para
tratamento de distúrbios de aprendizagem admitiu que há "poucas provas para
confirmar os diagnósticos de distúrbios de aprendizagem". John Holt alerta os pais
de crianças em idade escolar para serem "extremamente céticos em relação a
qualquer coisa que as escolas e seus especialistas digam sobre a condição e as
necessidades “de seus filhos". Acima de tudo, eles devem compreender que é quase
certo que a própria escola, com todas as suas fontes de tensão e ansiedade, esteja
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causando as dificuldades e que o melhor tratamento provavelmente seja tirar da
escola de uma vez por todas.
As famílias que fazem isso ficam aliviadas ao descobrir que seus filhos
recuperam o interesse que tinham pelo aprendizado quando eram mais novos. Ao
contrário dos professores escolares, que têm apenas uma visão parcial de várias
crianças a cada ano, os pais que ensinam em casa observam o aprendizado de uma
única criança ao longo de vários anos, aprendendo assim a respeitar o estilo
singular de aprendizado de cada filho, a confiar na escala de horários individual da
criança e a reconhecer que os erros são um componente normal e passageiro do
processo de aprendizado de qualquer pessoa. (Não há pressa, de qualquer forma:
muitas crianças escolarizadas em casa que começaram a ler aos 10 ou 12 anos
saíram-se muito bem na faculdade). Essa atitude de descontração dos pais que
ensinam em casa mantém intacto o valor próprio da criança, torna as classificações
insignificantes e permite que o aprendizado seja tão fácil quanto entre os pré-
escolares: crianças escolarizadas em casa costumam superar aquelas que
freqüentam a escola em termos de desempenho acadêmico, socialização, confiança
e auto-estima. John Gatto afirma que "em termos de capacidade de pensar, as
crianças escolarizadas em casa parecem estar de cinco a dez anos adiante
daquelas que freqüentam a escola".
Durante alguns anos John Holt desafiou várias escolas a "explicar a diferença
entre uma dificuldade de aprendizagem (que todos nós temos uma vez ou outra) e
um distúrbio de aprendizagem". Ele perguntou aos professores como eles
distinguem entre causas inerentes ao sistema nervoso do aluno e fatores externos –
o ambiente escolar, o modo de explicar do professor, o professor em si ou o material
didático. Ele relata: "nunca recebi uma resposta coerente a essas perguntas... [ainda
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assim] essa distinção é tão fundamental que não sei como podemos falar de modo
construtivo sobre os. problemas de aprendizagem de uma criança sem ela". Mas
como os professores têm tanta certeza da existência tão disseminada de distúrbios
neurológicos? Talvez eles estejam apenas confundindo causa e efeito: como John
Holt observa, "os professores dizem que deve ser difícil ler, ou não haveria tantas
crianças com dificuldade de ler". John Holt argumenta que "as crianças têm
dificuldade de ler por que partimos do pressuposto de que ler é difícil... com nossa
preocupação, “simplificação”, e pedagogia, tudo o que conseguimos é tornar a
leitura cem vezes mais difícil para a criança. do que deveria ser... quando estamos
nervosos ou com medo temos dificuldade, ou ficamos mesmo impossibilitados, de
pensar e até de perceber... quando amedrontamos as crianças bloqueamos
totalmente seu aprendizado".
De fato, algumas pesquisas mostram que as expectativas do pr9fessor sobre
a capacidade de aprendizado da criança influenciam muito o seu desempenho
acadêmico. Outras pesquisas mostram a relação entre a ansiedade da criança e sua
dificuldade de percepção - e ainda que o alívio da ansiedade (e o tratamento de
alergias alimentares, quando elas existem) reduz em multo a incidência dessas
dificuldades. Mas não precisamos que especialistas e pesquisadores nos digam o
quê está errado. Precisamos apenas ouvir as próprias crianças, que está há anos
tentando expressar sua dor, frustração, confusão e raiva. Quando as crianças se
voltam para as drogas, automutilação e suicídio, é evidente que estão, tentando nos
comunicar algo muito importante.
Será que as dificuldades de aprendizagem são mesmo uma reação
compreensível de crianças, normais obrigadas a conformar-se às condições
anormais das salas de aula convencionais? Em outras palavras, será que as escolas
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são incapazes de perceber a diferença entre simples relatos de erros de
aprendizagem passageiros, agravados pelo estresse, e uma conclusão científica?
Embora as supostas anomalias neurológicas nunca tenham sido identificadas, não é
difícil detectar condições anormais no ambiente escolar: competitividade feroz,
inatividade física (particularmente difícil para os meninos), matérias fragmentadas
que têm pouca relação com os interesses e as experiências individuais da criança,
freqüentes avaliações e questionamento do progresso do aprendizado, falta de
tempo para o convívio familiar, pouca oportunidade de conhecer pessoas de outras
idades, falta de sossego para a privacidade e a reflexão, pouca oportunidade de
receber a atenção exclusiva dos professores, desencorajamento a compartilhar
idéias e trabalho com os colegas de classe (uma oportunidade valiosa sendo
desperdiçada), crianças frustradas caçoando das outras, o desencorajamento de
atitudes de auto-valorização e acima de tudo a indignidade de ser um incapaz, uma
"não-pessoa"; cujas necessidades legítimas e as tentativas de expressar essas
necessidades são abafadas pela defensiva institucional. Todas essas dificuldades
podem ser evitadas com a escolarização domiciliar - desde que o governo permita
autonomia suficiente.
Classificações são incapacitantes, porque as crianças acreditam no que lhes
dizemos. Se tivermos que classificar algo, que seja o ambiente de ensino e não o
aluno: em vez de "criança hiperativa", vamos nos preocupar com as escolas
"restritivas de atividade"; em vez de alunos com "falta de atenção", deveríamos
pensar nas aulas com "falta de inspiração"; em vez de "criança com fobia escolar"
deveríamos usar palavras mais honestas como "ansiosa" e "amedrontada"; e tomar
mais cuidado ao pesquisar o motivo da ansiedade. Usando a Navalha de Occam,
vamos procurar a teoria mais simples que explique os fatos e não a mais complicada
25
e obscura. Um ambiente estressante, punitivo e ameaçador é mais do que suficiente
para explicar os problemas de aprendizagem. Não precisamos nos confundir com
termos técnicos, teorias sem comprovação científica e bodes expiatórios para
preservar uma instituição social que falhou com nossos filhos.
Como devemos agir então? Norman Henchey, professor da Universidade
MacGill, recomenda "repensar totalmente a escolarização compulsória". Norman
Henchey defende a volta à escolarização em casa e a "outras vias de
amadurecimento... programas de formação de aprendizes, serviços de ensino
formais e informais, serviço público". Talvez assim possamos honrar o estilo
individual de aprendizado de cada criança e, como pede o Dr. Armstrong, "dar às
crianças a motivação de que necessitam para se\sentirem seres humanos
competentes e bem-sucedidos". As crianças nasceram para aprender. Elas
merecem ter um ambiente de ensino seguro e estimulante, onde possam aprender
em uma atmosfera de paciência, respeito, delicadeza e confiança, sem ameaças,
coerção ou cinismo. Como Einstein nos alertou muitos anos atrás, "é um grave erro
acreditar que o prazer de observar e pesquisa r possam ser incutidos pela coerção".
Toda criança é uma criança bem-dotada.
1.2 - Transtornos de Aprendizagem
Outra terminologia recorrente na literatura especializada é a palavra
"transtorno". Segundo a Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento
26
da Classificação Internacional de Doenças - 10, elaborado pela Organização
Mundial de Saúde:
“O termo "transtorno" é usado por toda a classificação, de forma a evitar problemas ainda maiores inerentes ao uso de termos tais como "doença" ou "enfermidade”. "Transtorno" não é um termo exato, porém é usado para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecível associado, na maioria dos casos, a sofrimento e interferência com funções pessoais (CID - 10, 1992 p. 5).”
Cada um dos transtornos mentais é conceituado como uma síndrome ou
padrão comportamental ou psicológico clinicamente importante, que ocorre em um
indivíduo e que está associado a:
• Ao sofrimento (sintomas dolorosos);
• A incapacidade (prejuízo em uma ou mais das áreas mais importantes do
sofrimento
• Ao risco significativamente aumentado de sofrimento atual: morte, dor,
deficiência ou uma perda importante da liberdade.
Os transtornos de aprendizagem são diagnosticados quando os resultados do
indivíduo em testes padronizados e individualmente administrados de leitura,
matemática ou expressão escrita estão substancialmente abaixo do esperado para
sua idade, escolarização ou nível de inteligência.
Nesse caso, os problemas de aprendizagem interferem significativamente no
desempenho escolar ou nas atividades diárias que exigem habilidades de leitura,
matemática ou escrita.
Dentre os transtornos de aprendizagem, são descritos:
• Transtorno específico de leitura;
• Transtorno da Aritmética;
• Transtorno da expressão escrita;
• Transtorno na leitura, escrita e matemática
27
Alguns fatores como: falta de interesse, um ensino deficiente, perturbações
emocionais ou aumento ou mudança no padrão de exigência das tarefas, não
podem ser considerados transtornos específicos do desenvolvimento das
habilidades escolares.
1.2.1- Disgrafia - dificuldade de aprendizagem da escrita
Trata-se de uma dificuldade significativa no desenvolvimento das habilidades
relacionadas com a escrita. Esse transtorno não se explica pela presença de uma
deficiência mental, por escolarização insuficiente, por déficit visual ou auditivo nem
por alteração neurológica. Denomina-se, por meio das alterações relevantes na
soletração até erros de sintaxe, estruturação ou pontuação das frases, ou na
organização de parágrafos. Costuma apresentar-se com outras alterações
superpostas, como os transtornos do desenvolvimento na leitura.
Esse tipo de dificuldade propõe segundo Gregg (1992) uma análise das
características condutuais dos déficits cognitivos em relação aos transtornos
gramaticais, fonológicos, visuais e espaciais da criança. Segue abaixo uma
adaptação de Gregg relacionada às dificuldades na escrita.
28
Transtornos Gramaticais Transtornos
Fonológicos
Transtornos Viso
Espaciais
Substituições, omissões ou adições de nomes, verbos, adjetivos ou
advérbios.
Substituições de morfemas
Omissão de morfemas
Confusão de letras Lentidão da percepção
visual
Substituições, omissões ou adições de preposições pronomes e conjunções.
Substituições de fonemas Omissão de fonemas
Inversão de letras
Ordem de palavra alterada.
Substituições de silabas Transposição de
morfemas Fonemas e silabas.
Transposição de letras Substituição de letras
Percebe-se pelo quadro apresentado que esse transtorno costuma evidenciar
diversas áreas alteradas, tais como o soletrar, a sintaxe escrita em contraste com os
resultados da sintaxe oral, a organização do texto, a coesão, as conexões
gramaticais e lexicais.
A disgrafia e as suas divisões
De acordo com a divisão tradicional da dificuldade ligada à escrita, a disgrafia
pode estar dividida em:
Disgrafia específica ou propriamente dita - quando a criança não estabelece uma
relação entre o sistema simbólico e as grafias que representam os sons, as palavras
e frases.
Disgrafia motora - quando a motricidade da criança está particularmente em jogo e
não o sistema simbólico. A isso se denomina discaligrafia, não só como alteração
motora, mas também fatores emocionais (restrição do eu), o que altera a forma da
letra.
Os indicadores que se consideram para a disgrafia recebem mesmos nomes
que os indicadores de dislexia, Abaixo segue um quadro com alguns indicadores da
disgrafia.
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INDICADORES DE DISGRAFIA EXEMPLOS
Inversão de letras ne x en; areonautas x aeronautas
Inversão de sílabas penvasa x pensava
Inversão de números 89 x 98; 123 x 213
Substituição de letras gogar x jogar; imão x irmão
Substituição de sílabas ponta x pomba
Substituição de palavras Substituição
de números
menino x ninho; lindo x grande
3225 x 325
Existem outros casos de disgrafia que se justificam pela:
Omissão de Letras tabém x também
Omissão de sílabas prinpal x principal
Omissão de palavras por não voltar ... x por favor, não voltar
Omissão de números 32 x 302
Dissociação de palavras ci ne x cine
Contaminação de letras fortese x fortes
Contaminação de sílabas sedeitou x se deitou
Contaminação de palavras haviaúma x havia uma
A disgrafia e os casos especiais
1- Agregado por reiteração: quando se agrega uma mesma letra, sílaba, palavra ou
número. Ex: (passarada por passada).
2- Agregado por translação: pode ser prospectiva ou retrospectiva.
Ex: prospectiva: “toma tosopa” por “toma sopa”.
30
Ex: retrospectiva: “mea aproximei” por “me aproximei”.
3- Discaligrafia: consiste na dificuldade de escrever em forma legível. Os indicadores
mais comuns da discaligrafia são:
� Micrografia;
� Macrografia;
� Ambas combinadas;
� Distorções ou deformações;
� Dificuldades nos enlaces;
� Traçados reforçados, filiformes, tremidos;
� Inclinação inadequada;
� Aglomerações
1.2.2 - Discalculia
É uma dificuldade de aprendizagem específica, caracterizada por um baixo
desempenho nas tarefas que envolvem competências aritméticas. Essa dificuldade
geralmente acontece na escola, através da estruturação organizada de textos
escritos, compreensão de tabelas e gráficos, entre outras atividades.
A discalculia é um transtorno estrutural da maturação das habilidades
matemáticas referentes, sobretudo as crianças, e que se manifesta pela quantidade
de erros variados na compreensão de números, habilidades de contagem,
habilidades computacionais e soluções de problemas verbais.
Na escola esse transtorno, pode ser encontrado em seis subtipos como:
31
1- A discalculia verbal: com manifestação em dificuldades em nomear as
quantidades matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações.
2- A discalculia practognóstica: dificuldades para enumerar, comparar, manipular
objetos reais ou em imagens, matematicamente.
3- A discalculia léxica: dificuldades na leitura de símbolos matemáticos.
4- A discalculia gráfica: dificuldades na escrita de símbolos matemáticos.
5- A discalculia ideognóstica: dificuldades em fazer operações mentais e na
compreensão de conceitos matemáticos.
6- A discalculia operacional: dificuldade na execução de operações e cálculos
numéricos.
Esses subtipos da discalculia fazem com que muitas crianças tendam a não
gostar das aulas dessa área do conhecimento, pois acham difícil, chatas e pouco
estimulantes. Mas, não é por esse motivo isolado que classificaremos essas
crianças tendo transtorno de matemática. Os pais e professore devem ficar atentos
para detalhes que servem para diagnosticar a "DA".
O transtorno interfere significativamente no rendimento escolar ou em
atividades da vida diária que exigem habilidades matemáticas.
Não se pode deixar de mencionar que o transtorno de matemática, conhecido
como discalculia, é em geral encontrado em combinações com o transtorno de
leitura ou com o de escrita.
Este transtorno não é causado· por deficiência mental, por déficits visuais ou
auditivos, nem por má escolarização. Simplesmente, as crianças que sofrem deste
transtorno não conseguem compreender as relações de quantidade, ordem, espaço,
distância e tamanho que a professora ensina, com também não sabem: somar,
diminuir, multiplicar e dividir.
32
É importante salientar que as crianças não sentem preguiça nas aulas como
pensam pais e professores. Elas realmente não entendem o que está sendo
proposto nas atividades.
Assim, para o melhor conhecimento da discalculia, seguem alguns indicativos
que podem ser encontrados nas crianças que sofrem desse transtorno. Chamamos
a atenção para que não ocorra confusão entre uma didática errada, que ensina na
base da memorização, de forma mecânica, com uma dificuldade neurológica.
• Dificuldade em executar operações matemáticas;
• Dificuldade em ler mapas e gráficos;
• Dificuldade em compreender o significado de sinais de operação (+, -, x e :)
• Dificuldade em seqüenciar números (antecessor e sucessor);
• Dificuldade em compreender o princípio de conservação de quantidade;
• Dificuldade em compreender os princípios de medida;
• Dificuldade em classificar números;
Verificando esses indicadores, é importante salientar que os alunos com
discalculia precisam contar com a ajuda do professor, uma vez que realizado o
diagnóstico por especialistas, para que a aprendizagem ocorra de forma mais
tranqüila e com maior entendimento por parte dos alunos.
Assim, quando o professor suspeitar de discalculia na sua turma, deve
encaminhar o aluno ou os alunos para avaliação, a profissionais especializados na
área. O professor também pode auxiliar no tratamento seguindo algumas sugestões
como estas:
33
1.2.3 - Dislalia
De acordo com José e Coelho (1999), fala e a escrita não podem ser
consideradas como funções autônomas e isoladas, mas sim como manifestações de
um mesmo sistema, que é o sistema funcional de linguagem.
Causas dos distúrbios da expressão verbal (linguagem verbal/fala)
a) Causas anatômicas ou funcionamento fisiológico anormal dos maxilares, da
língua e do véu palatal.
b) Sentimentos, emoções ou atitudes perturbadoras.
c) Conceitos inadequados do eu.
d) Hábitos de linguagem defeituosa.
e) Dificuldade de adaptação ao ambiente.
Características dos distúrbios da fala
Dislalia é a omissão, substituição, distorção ou acréscimo de sons na palavra.
Trata- se de falhas na articulação.
Dislalia Tipos Características Exemplos Omissão Não pronuncia alguns sons. “Omei ao ola”. (tomei coca –cola) Acréscimo Introduz mais um som “Atelântico” (Atlântico Distorção Deixa a língua entre os dentes
ao emitir os fonemas (s) e (z), deformando-os.
(s): sol, assar, peça, cebola, descer, aproximar. (z): azedo, asa, exame.
Substituição Troca alguns sons por outros “Telo a boneta.” (Quero a boneca.)
Gamacismo Omite ou substitui os fonemas (K) e (g) pelas letras d e t.
“tadeira” (cadeira) “dato” (gato)
Lambdacismo Pronuncia o l de maneira defeituosa
“palanta” (planta) “confilito” (conflito)
Rotacismo Substitui o r, como faz o Cebolinha, personagem de Mauricio d Souza.
“tleis” (três)
Sigmatismo Usa d forma errada ou tem dificuldades em pronunciar as letras (s) e (z) (as vezes não consegue nem soprar ou assobiar).
“caça” (casa) “acedo” (azedo)
34
Esse é um dos problemas onde o observador deve ter cuidado na hora dedar
o diagnóstico para não cometer nenhum engano, pois como vimos existe duas
possibilidades em usar as palavras a correta e a errada, ou tem realmente
dificuldade em articular as palavras. A partir dessa concepção, devem ser tomadas
as decisões adequadas para ajudar as crianças nesse momento.
1.2.4 - Disartria
É um problema articulatório que se manifesta na forma de dificuldades para
realizar alguns movimentos necessários à emissão verbal. Como a passagem de um
movimento a outro também é difícil, a fala disártrica pode ficar mais lenta e
arrastada, além de apresentar quebras de sonoridade quando ocorrem espasmos
musculares. Por isso, a disartria é considerada como um problema de articulação
que envolve distúrbios de ritmo e de entonação.
A disartria é comum em casos de paralisia geral, onde ela se manifesta
associada à outros distúrbios da linguagem.
A disartria de origem muscular em casos de paralisia geral, paralisia ou
ataxia, músculos que intervêm nesta articulação. Ela pode ter origem em lesões no
sistema nervoso o que altera o controle do nervo provocando uma má articulação.
Podemos encontrar a disartria em pessoas que sofrem de paralisia periférica do
nervo hipoglosso (duodécimos par dos nervos cranianos, inerva os músculos da
língua) pneumogástrico (nervo vago ou décimo par craniano que inerva a laringe,
pulmões, esôfago, estomago e a maioria das vísceras abdominais) e facial. Em
35
pessoas que apresentam esclerose, intoxicação alcoólica, com tumores (malignos
ou benignos) no cérebro, cerebelo ou tronco encefálico, traumatismo
cranioencefálico.
No caso de lesões cerebrais, os exames clínicos mostram que as alterações
não se manifestam isoladamente estando associada geralmente a outros distúrbios
tais como gnósio - apráxicos ou transtornos disfásicos.
Tem também como característica principal a fala lenta e arrastada devido a
alteração dos mecanismos nervosos que coordenam os órgãos responsáveis pela
fonação.
1.2.5- Dislexia
É uma dificuldade de aprendizagem que também pode ser conhecida
como "Transtorno do desenvolvimento da leitura". Manifesta-se por meio de uma
leitura oral lenta, com omissões, distorções e substituições de palavras, com
interrupções, correções e bloqueios. A dislexia é uma das mais comuns
deficiências de aprendizado.
Segundo pesquisas realizadas em todo o Brasil, 20% de todas as crianças
sofrem de dislexia, o que faz com que elas tenham grande dificuldade em
aprender a ler, escrever e soletrar.
A dislexia não deve ser motivo de vergonha para crianças que sofrem dela
ou para seus pais. Dislexia não significa falta de inteligência e não é um indicativo
de futuras dificuldades acadêmicas e profissionais.
36
Pessoas disléxicas, que nunca se trataram, lêem com dificuldade, pois é
difícil para elas assimilarem palavras. Disléxicos também geralmente soletram
muito mal. Isso não quer dizer que crianças disléxicas são menos inteligentes;
aliás, muitas delas apresentam um grau de inteligência normal ou até superior ao
da maioria da população.
A dislexia persiste apesar da boa escolaridade. É necessário que pais e
educadores estejam cientes de que um alto número de crianças sofre de dislexia.
É normal que crianças disléxicas expressem sua frustração por meio de mau
comportamento dentro e fora da sala de aula.
Portanto, pais e educadores devem saber identificar os sinais que indicam
que uma criança é disléxica e não preguiçosa.
A dislexia, principalmente quando tratada, não implica em falta de sucesso
no futuro. Alguns exemplos de pessoas disléxicas que obtiveram grande sucesso
profissional são Thomas Edison (inventor), Tom Cruise (ator), Walt Disney
(fundador dos personagens e estúdios Disney) e Agatha Christie (autora). Alguns
pesquisadores acreditam que pessoas disléxicas têm até uma maior
probabilidade de serem bem sucedidas; acredita-se que a batalha inicial
de disléxicos para aprender de maneira convencional estimula sua criatividade e
desenvolve uma habilidade para lidar melhor com problemas e com o stress.
Causas da Dislexia
As causas da dislexia são neurobiológicas e genéticas. A dislexia é herdada
e, portanto, uma criança disléxica tem algum pai, avô, tio ou primo que também é
disléxico.
37
Diferentemente de outras pessoas que não sofrem de dislexia, disléxicos
processam informações em uma área diferente de seu cérebro; não obstante, os
cérebros de disléxicos são perfeitamente normais. A dislexia parece resultar de
falhas nas conexões cerebrais.
Felizmente, existem tratamentos que curam a dislexia. Esses tratamentos
buscam estimular a capacidade do cérebro de relacionar letras aos sons que as
representam e, posteriormente, ao significado das palavras que elas formam. Alguns
pesquisadores acreditam que quanto mais cedo é tratada a dislexia, maior a chance
de corrigir as falhas nas conexões cerebrais da crianças que sofrem dessa
dificuldade.
Em outras palavras, a dislexia, se tratada nos primeiros anos de vida escolar
da criança, pode ser curada por completo.
Para melhor entender a causa da dislexia, é necessário conhecer, de forma
geral, como funciona o cérebro. Diferentes partes do cérebro exercem funções
específicas. A área esquerda do cérebro, por exemplo, está mais diretamente
relacionada à linguagem; nela foram identificadas três sub-áreas distintas: uma
delas processa fonemas, outra analisa palavras e a última reconhece palavras.
Essas três subdivisões trabalham em conjunto, permitindo que o ser humano
aprenda a ler e escrever. Uma criança aprende a ler ao reconhecer e processar
fonemas, memorizando as letras e seus sons. Ela passa então a analisar as
palavras, dividindo-as em sílabas e fonemas e relacionando as letras a seus
respectivos sons.
À medida que a criança adquire a habilidade de ler com mais facilidade, outra
parte de seu cérebro passa a se desenvolver; sua função é a de construir uma
memória permanente que imediatamente reconheça palavras que lhe são familiares.
38
À medida que a criança progride no aprendizado da leitura, essa parte do cérebro
passa a dominar o processo e, conseqüentemente, a leitura passa a exigir menos
esforço.
O cérebro de disléxicos, devido às falhas nas conexões cerebrais, não
funciona dessa forma. No processo de leitura, os disléxicos recorrem somente à
área cerebral que processa fonemas. A conseqüência disso é que disléxicos têm
dificuldade em diferenciar fonemas de sílabas, pois sua região cerebral responsável
pela análise de palavras permanece inativa. Suas ligações cerebrais não incluem a
área responsável pela identificação de palavras e, portanto, a criança disléxica não
consegue reconhecer palavras que já tenha lido ou estudado. A leitura se torna um
grande esforço para ela, pois toda palavra que ela lê aparenta ser nova e
desconhecida.
Características da Dislexia
O ideal seria que toda criança fosse diagnosticada para detectar se ela sofre
de dislexia. Porém, o sistema educacional brasileiro é deficiente, há uma falta de
recursos na maioria das escolas do país.
Portanto, é importante que pais e professores fiquem atentos aos sinais de
dislexia para que possam ajudar seus filhos e alunos. O primeiro sinal de possível
dislexia pode ser detectado quando a criança, apesar de estudar numa boa escola,
tem grande dificuldade em assimilar o que é ensinado pelo professor. Crianças cujo
desenvolvimento educacional é retardatário podem ser bastante inteligentes, mas
sofrer de dislexia. O melhor procedimento a ser adotado é permitir que profissionais
39
qualificados examinem a criança para averiguar se ela é disléxica. A dislexia não é o
único distúrbio que inibe o aprendizado, mas é o mais comum.
São muitos os sinais que identificam a dislexia. Crianças disléxicas tendem a
confundir letras com grande freqüência. Entretanto, esse indicativo não é totalmente
confiável, pois muitas crianças, inclusive não-disléxicas, freqüentemente confundem
as letras do alfabeto e as escrevem de lado ao contrário. No Jardim de Infância,
crianças disléxicas demonstram dificuldade ao tentar rimar palavras e reconhecer
letras, e fonemas. Na primeira série, elas não conseguem ler palavras curtas e
simples, têm dificuldade em identificar fonemas e reclamam que ler é muito difícil. Da
segunda à quinta série, crianças disléxicas têm dificuldade em soletrar, ler em voz
alta e memorizar palavras; elas também freqüentemente confundem palavras.
Esses são apenas alguns dos muitos sinais que identificam que uma criança
sofre de dislexia.
Crianças disléxicas que foram tratadas desde cedo superam o problema e
passam a se assemelhar àquelas que nunca tiveram qualquer dificuldade de
aprendizado.
Nunca é tarde demais para ensinar disléxicos a ler e a processar informações
com mais eficiência. Entretanto, diferente da fala que qualquer criança acaba
adquirindo, a leitura precisa ser ensinada. Utilizando métodos adequados de
tratamento e com muita atenção e carinho, a dislexia pode ser derrotada.
Crianças disléxicas que receberam tratamento desde cedo apresentam uma
menor dificuldade ao aprender a ler. Isso evita que a criança se atrase na escola ou
passe a desgostar de estudar.
É importante enfatizar que a dislexia não é curada sem um tratamento
apropriado. Não se trata de um problema que é superado com o tempo; a dislexia
40
não pode passar despercebida. Pais e professores devem se esforçar para
identificar a possibilidade de seus filhos ou alunos sofrerem de dislexia.
É aconselhável que a criança disléxica leia em voz alta com um adulto para
que ele possa corrigi-Ia. É importante saber que ajudar disléxicos a melhorar sua
leitura é muito trabalhoso e exige muita atenção e repetição. Mas um bom
tratamento certamente rende bons resultados.
1.2.6- TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
O que é TDAH?
TDAH significa Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Na
infância, o TDAH é um dos transtornos mentais mais comuns. Quase sempre,
aparece na fase em que a criança começa a freqüentar a escola. Cerca de 5% de
meninos e meninas nessa fase têm esse problema. Sabe aquele aluno desatento
que não consegue se concentrar nas tarefas? Ou aquele inquieto, impulsivo que
está sempre agitado durante as aulas? É possível que ele tenha TDAH.
Como ter certeza de que uma criança tem mesmo o transtorno da
hiperatividade?
Os sintomas do TDAH são: desatenção, impulsividade e inquietação.
Se a criança tiver alguma dessas características, é possível que ela esteja
sofrendo deste transtorno. Agora, para que o professor tenha certeza mesmo é
preciso conversar com os pais e sugerir que conversem com médicos especializados
no assunto. Eles farão todos os testes para esclarecer a real existência do problema.
41
Lembre-se! O diagnóstico de um especialista, como o neurologista ou o psiquiatra, é
muito importante. Principalmente por que os sintomas do TDAH podem ter
conseqüências graves se não forem tratados logo.
Conseqüências da hiperatividade. Que tipos?
Só para você ter uma idéia, estudos demonstraram que mais de 30% das
crianças com TDAH repetem um ano na escola e até 56% delas precisam de
acompanhamento pedagógico adicional. Os sintomas do transtorno podem
prejudicar o desenvolvimento emocional e social da criança e até levá-Ia ao
consumo de substâncias químicas, como o álcool e drogas.
Portanto, o não tratamento do TDAH pode causar grandes prejuízos na vida
social, familiar, acadêmica e profissional do indivíduo. Na criança, o transtorno pode
causar a diminuição do rendimento escolar. Já no adulto, ocasiona baixa
produtividade, pouca motivação e aumente até a incidência do desemprego. Mas
não é só! Uma pessoa com TDAH está mais propensa a sofrer acidentes, inclusive
os mais graves, e viver crises de depressão, ansiedade e outros transtornos.
Quais são as causa do TDAH?
As causas do TDAH ainda não estão completamente esclarecidas.
Entretanto, diversos estudos no mundo inteiro encontraram tendências
genéticas e ambientais que podem contribuir para o entendimento do transtorno.
A criança pode nascer com uma predisposição para o transtorno e vai
desenvolvendo seus sintomas (desatenção, inquietação e impulsividade) à medida
que ela cresce e se relaciona com sua família e com outras pessoas.
Ao contrário do que se pensa é comum adultos que apresentam os sintomas
do transtorno. O que geralmente acontece é a pessoa ter TDAH desde a infância e
ele nunca ter sido diagnosticado. Em adultos, o TDAH é provavelmente o transtorno
42
psiquiátrico mais comum não diagnosticado. É uma continuação do problema da
infância.
Para trabalhar com crianças que apresentam o transtorno do TDAH na
escola, o primeiro passo é o diagnóstico dos especialistas. Depois, é começar o
trabalho, com o acompanhamento dessas pessoas. O mais importante é que os
profissionais da educação reconheçam que os reais portadores de TDAH não são
alunos diferentes. O bom professor deve tentar atender na medida do possível o
aluno, ser flexível, ter um modo adequado de observar e repensar seu trabalho,
empatia com seu trabalho e seguir algumas sugestões abaixo como estratégias de
sala de aula:
• Ajustar suas experiências as necessidades dos alunos;
• Resgatar auto-estima dos alunos;
• Evitar esforço negativo;
• Explicação de atitudes dos alunos com clareza;
• Estabelecer e relembrar constantemente as regras da sala;
• Evitar ressaltar mais o que não pode do que o que pode.
Lembre-se que, às vezes, o seu aluno não precisa de todas as respostas,
mas sim da certeza de saber que alguém vai escutá-Io. Por isso, procure saber
como seu aluno aprende melhor, se é olhando, ouvindo, copiando, imitando ou
refazendo o que você faz. Esses detalhes essenciais para o trabalho pedagógico
com crianças hiperativas.
Para o trabalho e convivência com hiperativos na escola construa um
ambiente favorável para que a criança hiperativa sinta-se bem nele e possa
descobrir algo que a faça feliz e motivada. Não se esqueça de que nem sempre o
43
hiperativo é o que você pensa e o que você acha que ele é. Você pode seguir
algumas regrinhas básicas para o trabalho. Aí vão elas:
• Em conversa mais demorada (vale sempre a pena), se for preciso, tente
levantar as regras de possibilidades para o trabalho com os alunos.
• Não exija silêncio ou imobilidade, por que eles não conseguem por natureza
física.
• Responda às questões feitas com a "verdade" curta e rápida, dentro das reais
possibilidades de entendimento, não tente inventar uma resposta.
• Se for preciso, fale de você, se você já tiver uma boa e saudável empatia
com os alunos, ou então procure exemplos de vida próximos a eles, mas se
puder falar de você mostre-se tão gente quanto eles, com acertos e erros.
Em qualquer atrito que envolva um "hiperativo", escute os dois lados façam se
ouvir e saber que não serão punidos antes de esclarecida a situação para ambos.
• Não deboche de possíveis descuidos e desentendimentos, nem chame mais
atenção para esses fatos do que suas boas ações.
• Não acredite na palavra "não sei", insista inteligentemente e aceite a tentativa.
Mostre-Ihes que alguns erros são pontes para o acerto seu e às vezes de
outros, também.
1.3- Família: as intervenções e relações interpessoais
O desenvolvimento da criança recém-nascida é um empreendimento conjunto
entre a criança e o adulto que dela cuida; o progresso no seu desenvolvimento não é
44
uma questão de acréscimos, mas sim de reorganizações seqüenciais que
periodicamente ocorrem na vida mental da criança; são as interações e as relações
com as pessoas e os sistemas sociais que têm um papel crucial para as suas
aquisições e para a construção de formações psicológicas cada vez mais
sofisticadas.
As relações do homem com o mundo que o rodeia, o processo ativo de
apropriação das conquistas da experiência humana acumuladas no decurso da
história social e realizadas nos produtos objetivos da atividade coletiva, são
mediadas por suas relações com as pessoas. As relações, por sua vez, referem-se
não só aos aspectos comportamentais, mas também aos afetivos, educacionais e
cognitivos interligados entre si. Ao se analisar esses componentes, é possível
compreender tanto os atributos principais das interações (por exemplo,
complementaridade e reciprocidade), quanto os das relações (por exemplo,
percepções pessoais e experiências passadas de cada participante que exercem
influência nas interações futuras). A identificação das propriedades das relações
permite que se compreenda, em parte e de uma forma inovadora, esse fenômeno.
A família é concebida, atualmente, de uma forma mais ampla do que
tradicionalmente era vista. Esse novo conceito baseia-se na intimidade entre seus
membros, na relação entre as gerações e nas variáveis externas como mudanças
econômicas e sociais incorporadas à família, o que implica apreender características
do relacionamento entre o homem e a mulher e entre as crianças e os genitores,
bem como do relacionamento de outras pessoas que também convivem com a
família. Em outras palavras, a família mudou na prática, mas o conceito sobre ela
ainda permanece o do tempo de nossas avós. Muitos educadores ainda esperam
que seus alunos sejam provenientes de famílias bem estruturadas - com "papai",
45
"mamãe" e "filhos obedientes". Porém, como já visto anteriormente, essa não é a
realidade sócio-familiar que encontramos nas nossas escolas: temos jovens -
meninos e meninas que estão se tornando 'homens e mulheres' biologicamente -
mas não emocionalmente. São frutos de uma geração "livre", no pleno sentido, da
ação disciplinar dos pais. Esses, devido às mudanças sócio-econômicas, não têm
mais o tempo, a disposição e a paciência para construírem-se junto aos filhos (as).
As fases iniciais na formação da família - dita tradicional caracterizam-se pela união
do novo casal e, em especial, pelo nascimento do primeiro filho, quando
emocionalmente o casal se constitui como família. Essa é uma fase crítica,
considerando que a configuração diádica sofre grandes e profundas adaptações no
processo de transformação para uma configuração triádica. A crise que se
estabelece nesse momento de transição pode ser uma oportunidade de
crescimento, como também pode ser vivida como uma situação traumática
(BERTHOUD, 1996).O nascimento de um bebê traz transformação nos hábitos da
família, e os estudos mostram que, desde o momento em que a mulher tem ciência
de que está grávida toda uma alteração ambiental se faz presente.
Durante os primeiros anos de vida da criança, as mudanças no seu
desenvolvimento motor, cognitivo, emocional e social podem ter um impacto
especial sobre as interações familiares e exigem adaptações constantes por parte
dos genitores. Na verdade, o desenvolvimento da criança vem sendo interpretado,
atualmente, como intervindo nas interações e relações familiares, criando não só
uma dinâmica familiar específica aos seus diversos pontos críticos, como também
desencadeando mudanças familiares que,' por sua vez, podem influenciar o próprio
curso do desenvolvimento da criança.
46
Com o nascimento da segunda criança, as interações e relações mútuas
entre os membros da família aumentam, podendo haver um avanço nos velhos
padrões de interação e na procura por novos equilíbrios. Esse é um processo que
ocorre de forma diferente do que ocorreu no início da formação da família. Quando
nasce o primogênito, o casal tem que estabelecer novos papéis e relações; mas
quando nasce a segunda criança, o sistema genitores criança já existente tem que
ser diferenciado e especificado de acordo com as relações genitores-criança 1 e
genitores-criança 2, além de precisar ser hierarquicamente integrado.
Portanto, nas famílias em que o processo de desenvolvimento, tanto da
criança quanto do grupo familiar, é considerado normal, podem surgir períodos
marcados por dificuldades e desequilíbrios de seus membros que têm, em geral,
sido tratados como crises normais. Lamentavelmente, pouco se conhece a respeito
desses períodos, quando ocorrem problemas no desenvolvimento da criança. Em se
tratando de deficiência mental, o fato de alguém da família ser identificado pelos
critérios da comunidade educacional como um "deficiente mental" pode constituir-se
em uma experiência dilacerante que altera profundamente as relações internas e
objetivas da família, como também os papéis familiares e sociais de cada membro,
por um longo período de tempo, aparentemente interminável.
Para evitar a rejeição social, o ridículo e a perda de prestígio, alguns genitores
tendem a renunciar à participação social; outros adotam o papel de "mártires", com a
finalidade de mostrar para a sociedade que são completamente dedicados à criança
deficiente e que, dessa forma, não podem ser culpados pela sua deficiência.
Como vimos, as atitudes preconceituosas para com as deficiências ocorrem nas
diversas camadas sociais. Reações inadequadas para com a situação são
freqüentes, uma vez que existe um desconhecimento e conseqüente despreparo das
47
pessoas para com as deficiências. Os familiares, os vizinhos, os amigos e a
sociedade como um todo quase sempre demonstram compaixão e pena, assumindo
atitudes superprotetoras ou mesmo fingindo ignorar o fato.
1.3.1 - Que dizer do processo de aprendizagem? Participam as famílias?
Num estudo realizado por Silva e Dessen (2001) sobre famílias de portadores
da Síndrome de Down, observou-se que a estrutura de participação dos membros
familiares figura-se, freqüentemente, nas atividades, na iniciativa das interações, na
qualidade das interações e nos comportamentos específicos emitidos pela criança
em direção aos genitores e destes em direção à criança. Os genitores engajaram-se
mais freqüentemente em atividades “lúdicas” com suas crianças, “brincando com
objetos” e “conversando sobre estímulos presentes”. As atividades foram
desenvolvidas, geralmente, em grupo, havendo predominância da participação
conjunta. O pai foi o maior responsável pelo início das interações e foi ele, também,
quem mais negociou com a criança durante as mudanças de uma atividade para
outra. Essas mudanças ocorreram, freqüentemente, de forma direta, mais do que
pela dissolução do grupo. As interações caracterizaram-se pela sincronia,
supervisão, amistosidade e liderança. Os genitores emitiram, com mais freqüência, o
comportamento de solicitar/sugerir e as crianças responderam, predominantemente,
com o comportamento de rejeitar, seguido pelo de obedecer. Foram pouco
freqüentes os comportamentos de ordenar e solicitar/sugerir emitidos pelas crianças,
indicando que estas respondiam mais às demandas de seus genitores do que
48
exigiam deles. Os genitores descreveram as suas crianças como sendo birrentas,
calmas ou agitadas, irritadas e como tendo facilidades de adaptação ao meio. As
expectativas dos genitores em relação ao futuro de seus filhos são de que eles se
tornem adultos independentes, estudem, tenham uma profissão e que possam até
ter um relacionamento íntimo com uma pessoa do sexo oposto.
Os resultados da pesquisa sugerem que, nas famílias de Down, a mãe é a
maior responsável pelos cuidados e pela transmissão de regras às crianças. O pai,
por sua vez, desempenha um papel secundário, envolvendo-se menos com a rotina
da casa, embora inicie interações com sua criança com uma freqüência similar à da
mãe.
Assim, a elaboração de programas preventivos, com ênfase nas interações
familiares e no papel do pai, e a implementação de pesquisas incluindo todos os
membros familiares, contribuiriam para uma melhor compreensão do
desenvolvimento das crianças com síndrome de Down e do funcionamento de suas
famílias.
1.4 – Aquisição da Leitura e da Escrita
O domínio da língua tem estreita relação com a possibilidade de plena
participação social, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso
à informação, expressa e defende seus pontos de vista, partilha ou constrói
visões de mundo. Produz conhecimento. Assim, um projeto educativo
comprometido com a democratização social e cultural atribui à escola a função e
49
a responsabilidade ele garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes
lingüísticos necessário para o exercício da cidadania, direito inalienável de todos.
Considerando os diferentes níveis de conhecimento prévio, cabe à escola
promover a sua ampliação de forma que, progressivamente, durante os oito anos
do ensino fundamental, cada aluno se torne capaz de interpretar diferentes textos
que circulam socialmente, de assumir a palavra e, como cidadão, de produzir
textos eficazes nas mais variadas situações.
A linguagem é um processo de interlocução que se realiza nas práticas
sociais existentes nos diferentes grupos de uma sociedade, nos distintos
momentos de sua história. Dessa forma se produz linguagem em diferentes
situações, seja numa mesa de bar, ao redigir uma carta, ao entrevistar um
economista, etc.
Nessa perspectiva, a língua é um sistema de signos histórico e social que
possibilita ao homem significar o mundo e a realidade. Assim, aprendê-la é
aprender não só as palavras, mas também os seus significados culturais e, como
eles, os modos pelos quais as pessoas do seu meio entendem e interpretam a
realidade e a si mesmas.
A linguagem verbal possibilita ao homem representar a realidade física e
social e, desde o momento que é aprendida, conserva um vínculo muito estreito
com o pensamento. Possibilita não só a representação e a regulação do
pensamento e da ação, próprios e alheios, mas também, comunicar idéias,
pensamentos e intenções de diversas naturezas e, desse modo, influenciar o
outro e estabelecer relações interpessoais anteriormente inexistentes.
Assim, a linguagem verbal:
50
• É constituída na interação entre as pessoas e, portanto, torna-se
significativa quando utilizada pelo sujeito para compreender o mundo em
que vive e atuar sobre ele;
• É suporte da dinâmica social e está presente em todas as relações diárias
entre os membros de uma comunidade, bem como na atividade
intelectual;
• É o resultado de um trabalho constante de falantes, portanto é viva
dinâmica e está sempre se desenvolvendo ou se transformando;
• É produto de sujeitos diferentes, em momentos históricos diversos,
pertencentes a grupos sociais distintos, que utilizam vários sistemas de
referência que se cruzam e que acabam por determinar variações na
língua.
Produzir linguagem significa produzir discursos. Significa dizer alguma coisa a
alguém de uma determinada forma, num determinado momento histórico. Assim
cada um tem o seu modo de utilizar a linguagem, e o que determina essas
diferenças pode ser o seu conhecimento quanto ao uso da mesma, o lugar em que
vive o meio social ao qual pertence e, até mesmo, a época em que vive ou viveu.
Por exemplo, alguém que morra hoje no sul do país e seja um médico não usará a
linguagem da mesma forma que um falante nas mesmas condições, mas que tenha
vivido no século passado. Ou mesmo nos dias atuais se compararmos seu linguajar
com um pescador que vive na região do Amazonas.
Além disso, precisamos saber que, em geral a nossa própria fala se
modifica, ou melhor, passa por constantes adaptações. Tudo depende da
pessoa com quem falamos. Se nos dirigirmos a alguém muito familiar, utilizamos
51
um tipo de linguagem diferente daquela que usaríamos em situações de maior
formalidade.
Nossos alunos fazem parte desse processo comunicativo. É fundamental
que se perceba que é um processo de interação, que os sujeitos tornem-se
produtores e realizam ações de reflexão sobre a linguagem.
1.4.1 - Que fala cabe a escola ensinar?
A Língua Portuguesa, no Brasil possui muitas variedades dialetais.
Identificam-se geográfica e socialmente as pessoas pela forma como falam. Mas há
muitos preconceitos decorrentes do valor social relativo que é atribuído aos
diferentes modos de falar é muito comum se considerarem as variedades
lingüísticas de menor prestígio como inferiores ou erradas. A questão não é falar
certo ou errado, mas saber qual forma de fala utilizar de acordo com o contexto.
O essencial é que o aluno saiba adequar o registro às diferentes situações
comunicativas. É saber coordenar satisfatoriamente o que falar e como fazê-lo,
considerando a quem e por que se diz determinada coisa. É saber, portanto, quais
variedades e registros da língua oral são pertinentes em função da intenção
comunicativa, do contexto e dos interlocutores a quem o texto se dirige. A questão
não é de correção da forma, mas de sua adequação as circunstâncias de uso, ou
seja, de utilização eficaz da linguagem: falar bem é falar adequadamente, é produzir
o efeito pretendido.
52
Cabe a escola ensinar o aluno a utilizar a linguagem oral nas diversas
situações comunicativas, especialmente nas mais formais: planejamento e
realização de seminários, mesas redondas, diálogos com autoridades,
dramatizações, júri simulado, etc. Trata-se de propor situações didáticas nas quais
essas atividades façam sentido de fato, pois seria descabido "treinar" o uso mais
formal da fala. A aprendizagem de procedimentos eficazes tanto de fala como de
escuta, em contextos mais formais, dificilmente ocorrerá se a escola não tomar para
si a tarefa de promovê-Ia.
53
Capítulo II
2- A Importância da Psicopedagogia na Prevenção e Diagnóstico das
Dificuldades de Aprendizagem
A escola crítica e criativa enfatiza a avaliação dinâmica num processo que
integra a aprendizagem do aluno e a intervenção pedagógica do psicopedagogo, no
sentido de diagnosticar as dificuldades de aprendizagem e também constituir-se no
processo da ação – reflexão – ação em que direcionar o ensino no sentido da
aprendizagem refletindo, buscando novos conhecimentos que enriqueça tanto o
educador como o aluno. São estas as reflexões que vão orientar a prática
pedagógica, permitindo a ele redimensionar a sua intervenção no processo de
ensino revendo metodologias alternativas de trabalho e criando recursos didáticos
mais adequados ao desenvolvimento do aluno.
Estas reflexões e intervenções permitem ao aluno acompanhar o
desempenho de sua trajetória escolar, identificar as suas conquistas, os seus
avanços, bem como os seus pontos fracos suas dificuldades, e potencialidades para
a orientação do seu próprio estudo.
Diante dessa nova visão do psicopedagogo torna-se necessário reverter a
lógica da avaliação. O professor deve assumir um compromisso com os seus alunos
visando garantir-lhes um ensino de qualidade, independente da classe social a que
pertencem,
O professor como mediador da aprendizagem do aluno, tem o papel de
reconhecer suas potencialidades, interagindo com ele no sentido de promovê-lo
54
como ser humano, criando nele uma auto-estima positiva através de sua atividade
na escola e na sala de aula. Assim, o professor deve incentivá-lo, valorizando em
elevar sua auto-estima evitando que ele acumule sentimentos de fracasso. Se o
professor não estiver motivado, não gostar do que faz essa intervenção do
psicopedagogo não vai ajudar em nada, pois essa é a grande importância do
psicopedagogo na vida do professor e o professor na vida do aluno.
As intervenções do psicopedagogo originam-se de movimentos sociais e
filosóficos, num dado momento histórico, explicando assim a relação das práticas
didático pedagógicas com as demandas e aspirações da sociedade, sendo assim a
prevenção do psicopedagogo é fundamental para orientar no que deve ser feito,
analisar e explorar junto as dimensões, mostrando as dificuldades que existem,
podendo descobrir-las em nossa vivencia concreta real em nossa prática. É dessa
prática que deverá partir fazendo um esforço de ver na totalidade, e é ela que se
retornará para a competência, a compreensão dos conceitos, e torná-la mais
consistente e significativa.
Este trabalho visa discutir alguns aspectos fundamentais na estruturação do
processo psicopedagógico tendo em vista a construção do conhecimento e do saber
por parte da criança através do uso se brinquedos e jogos.
A intervenção pedagógica veio introduzir uma contribuição mais rica no
enfoque pedagógico. O processo de aprendizagem da criança é compreendido
como um processo pluricausal, abrangente, implicando componentes de vários eixos
de estruturação, afetivos, cognitivos, motores, sociais, econômicos, políticos, etc.
A causa do processo de aprendizagem, bem como das dificuldades de
aprendizagem, deixa de ser localizada somente no aluno e no professor e passa a
55
ser visto como um processo maior com inúmeras variáveis que precisam ser
apreendidas com bastante cuidado pelo professor e psicopedagogo.
É preciso que o psicopedagogo também altere a sua forma de conceber o
processo de ensino-aprendizagem, ele não é um processo linear e contínuo que se
encaminha numa única direção, mas sim, multifacetado apresentando paradas,
saltos, transformações, buscas etc. O processo de ensino-aprendizagem inclui
também a não aprendizagem, ou seja não é uma exceção dentro do processo de
aprendizagem mas se encontra estreitamente vinculada a ele. O aluno aprendente,
em termos de psicopedagogia pode se recusar a aprender a um determinado
momento. O chamado fracasso escolar não é um processo excepcional que ocorre
no sentido contrario ao processo de ensino-aprendizagem. Constitui estreitamente
vinculado. O não saber se tece continuamente com o saber com isto queremos dizer
que o processo de ensino-aprendizagem do ponto de vista Psicopedagógico,
apresenta sempre uma face dupla: de um lado a aprendizagem e do outro a não
aprendizagem.
A psicopedagogia com base na psicanálise revela que o conhecimento e o
saber não são aprendidos pelo sujeito de forma neutra. Dentro do sujeito há uma
luta entre o desejo do saber e o desejo do não saber. Este processo acaba por
estabelecer para o sujeito determinadas posições a prioridade da assimilação e
incorporação de quaisquer informações e/ou processos formativos. Elas se refletem
tanto no plano consciente quanto inconscientes diante do uso de brinquedos, jogos,
materiais pedagógicos o sujeito pode se direcionar tanto para o desejo do saber.
A psicopedagogia, conta com a contribuição de varias áreas de
conhecimentos, psicologia, sociologia, antropologia e outras, assume o papel de
desmistificadora do fracasso escolar, entendendo o erro apresentado pelo indivíduo
56
no processo de construção do seu conhecimento (Piaget) e as interações (Vygotsky)
como fator importante no desenvolvimento das habilidades cognitivas. Apresenta
assim, uma perspectiva diferenciada daqueles que há muito permeia a mente de
muitos professores.
O psicopedagogo assumiu um papel relevante na abordagem e soluções dos
problemas de aprendizagem. Não procura culpados e não age com indulgência. De
acordo com Bossa (2000, p. 14) é comum, na literatura, os professores serem
acusados de si isentarem de sua culpa e responsabilizar o aluno ou sua família
pelos problemas de aprendizagem, mas a um processo a ser visto, às vezes, os
métodos de ensino têm que ser mudados, o afeto, o amor, a atenção, isto tudo influi
muito na questão. Nesse caso, o psicopedagogo procura avaliar a situação da forma
mais eficiente e proveitosa. Em sua avaliação, no encontro inicial com aprendente e
seus familiares, que é um recurso importante, utiliza a escuta psicopedagogica que
auxilia a captar através do jogo, silêncio dos que possam explicar a causa do não
aprender.
Segundo Alicia Fernandes (1990 p.177), (...) a intervenção psicopedagogica
não de se dirige ao sintoma, mas o poder par mobilizar a modalidade de
aprendizagem em um determinado momento, e é a partir daí que vai transformando
o processo de ensino-aprendizagem.
A psicopedagogia não lida diretamente com problemas, lida com pessoas
envolvidas. Lida com as crianças, com os familiares, e os professores, levando em
conta aspectos sociais, culturais, econômicos e psicológicos.
Neste contexto o psicopedagogo institucional, com o profissional qualificado está
apto a trabalhar na área de educação dando assistência aos processos e a outros
57
profissionais da instituição escolar para a melhoria das condições do processo
ensino-aprendizagem, bem como para prevenção dos problemas de aprendizagem.
Por meio de técnicas e métodos próprios, o psicopedagogo possibilita uma
intervenção psicopedagogica visando as soluções de aprendizagem em espaços
institucionais. Juntamente com toda equipe escolar, está mobilizando na construção
de um espaço adequado as condições de aprendizagem de forma a evitar
comprometimentos.
Elege a metodologia e/ou a forma de intervenção com o objetivo de facilitar
e/ou desobstruir tal processo.
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituição escolar
relacionam-se de modo significativo. A sua formação pessoal e profissional implica a
configuração de uma identidade própria e singular que seja capaz de reunir
qualidade, habilidades e competências de atuação na instituição escolar.
A psicopedagogia é uma área que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes. Acreditamos que se existissem
nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades, o número de
crianças com problemas seria bem menor, para Bossa (2001) o psicopedagogo tem
muito que fazer na escola: sua intervenção preventiva, sua atuação inclui:
• Orientar os pais;
• Auxiliar os professores e demais profissionais nas questões pedagógicas;
• Colaborar com a direção para que haja um bom entrosamento entre todos os
integrantes da instituição;
• Principalmente socorrer o aluno que esteja sofrendo qualquer que seja a
causa.
58
São inúmeras intervenções que o psicopedagogo pode ajudar os alunos
quando precisam, e muitas coisas podem atrapalhar uma criança na escola sem que
o professor perceba, e é o que ocorre com a maioria das crianças com dificuldades
de aprendizagem, e as vezes por motivos tão simples de serem resolvidos.
Problemas familiares, com os professores, com os colegas de turma, no conteúdo
escolar, e muitos outros que acabam por tornar a escola um lugar aversivo, e que
deveria ser um lugar prazeroso.
Segundo Bossa (1994, p.23)... cabe ao psicopedagogo perceber eventuais
perturbações no processo e aprendizagem, participam da dinâmica da comunidade
educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de
acordo das características e particularidades dos indivíduos do grupo realizando
processos de orientação. Já que no caráter existencial, o psicopedagogo participa
de equipes responsáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto teórico /
prático das políticas educacionais, fazendo com que os professores, diretas
educacionais e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docência e as necessidades individuais de aprendizagem da criança ou, do próprio
processo ensino aprendizagem.
O psicopedagogo atinge seus objetivos quando, tem a compreensão das
necessidades de aprendizagem de determinado aluno, abre espaço para que a
escola viabilize recursos para atender as necessidades de aprendizagem. Desta
forma o psicopedagogo institucional, passa a tornar uma ferramenta poderosa no
auxilio da aprendizagem.
Quando falamos em diagnóstico, pensamos logo em análise, porém se
podemos analisar algo se podermos encontrar o que estamos analisando, por está
59
razão quando dizemos o que estamos fazendo um diagnóstico temos que saber o
que estamos diagnosticando.
Estas respostas parecem fácil de ser respondida, já que o psicopedagogo
normalmente está associado ao profissional que trabalha com crianças com
problemas de aprendizagem. Assim podemos pensar que iremos analisar o
problema de aprendizagem durante o diagnóstico psicopedagógico.
Quando pensamos em problema de aprendizagem vem em nossa mente
várias facetas que podem compor tal problema, para que possa compreender qual o
tipo de problema existente é necessário que o psicopedagogo esteja atento como
um detetive que busca pistas, qualquer pista mesmo que lhe pareça algo
insignificante, pois está pista pode ser a ponta do “iceberg” (Rubinstein, 1996).
O olhar psicopedagógico tem que buscar as respostas para as perguntas, não
são respostas simples de serem encontradas mas é possível encontrá-las, temos
que ver aquilo que não está visível, temos que ver o que está no não dito, tanto no
jeito de dizer diferente quando naquilo que se silencia.
É olhar a queixa trazida, pelos pais ou pelo próprio sujeito, pra o atendimento
psicopedagógico com os olhos de psicopedagogo.
Quando iniciamos um atendimento psicopedagógico, precisamos que o
ensino aprendente consiga reconhecer que algo está faltando, principalmente
quando estamos atendendo a criança, adolescentes ou pais encaminhados pela
escola, situações estas muito comuns em nossos dias de trabalho. Este é um termo
utilizado por Alicia Fernandez (2001) que está associado a questão de quem ensina
também aprende, e quem aprende também ensina.
Portanto sempre que pensamos em diagnóstico psicopedagógico temos que
saber ouvir o que o outro tem a dizer, não podemos ter respostas prontas, não existe
60
um caso igual ao outro, existe situações, que com a experiência conseguimos fazer
a pergunta mais apropriada para aquele momento.
Sempre que vamos fazer um diagnóstico temos que nos propor a conhecer a
pessoa por inteiro, temos que verificar como ela aprende e não verificar o que ela já
sabe ou aquilo que ela não sabe isto a escola, a família já sabe, nós temos que
questionar o como e não só o que ela aprende.
Portanto no atendimento psicopedagógico temos que pensar o ensino
aprendente como alguém capaz que vive em um contexto familiar, escolar e social
específico e de que maneira vivencia estes espaços de maneira diferente, só assim
poderemos ajudá-lo a ser autor não só ator de sua própria história. (Fernandez,
2001).
Sendo assim a proposta é fazer com que alunos desenvolvam sua autonomia
e possam perceber que sua postura diante dos desafios do aprender ira refletirem
na sua vida enquanto profissionais, portanto é necessário que os alunos identifiquem
suas limitações e busque superá-las, através da análise dos registros de suas
atividades, vendo seu crescimento enquanto aprendiz.
61
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mais uma fase está se encerrando de estudos e conhecimentos construídos.
Durante esse período, buscando várias oportunidades de conhecermos o contexto
escolar como um todo ou quase um todo. Essa monografia foi fundamental para
prosseguir nas pesquisas nas descobertas de vários problemas que ocorrem na
educação, ampliando as concepções sobre a escola de educação básica e sua
organização no sistema educativo retornar o Projeto Político Pedagógico e analisar
os diferentes planos de ensino e projetos de trabalho desenvolvidos pelos
professores e alunos da escola de campo durante a observação da prática docente.
Considerando a ementa da monografia, descobri vários tópicos, os problemas
presentes, a busca para obter maior conhecimento sobre o assunto, a oportunidade
de observar a prática docente em relação ao educador, coordenador,
psicopedagógico, psicólogo e os demais.
Sobre os desafios encontrados que são muitos conhecemos alguns onde foi
analisado algumas possibilidades de fazê-los de forma prazerosa, amplo para obter
melhores resultados e trabalhar em prol da aprendizagem significativa é um desafio
docente, nesse sentido chegamos ao final de mais uma etapa de estudos. Os
conteúdos apresentados até agora atingiram os objetivos que escolhi, de pesquisas
um trabalho intensivo e produtivo no decorrer desse período.
Acredito não competir a qualquer estudo ser conclusivo, o que importa é abrir
perspectivas de continuidade das indagações, de pesquisas aos livros, sites,
revistas e jornais especializados de psicologia, e principalmente, de psicologia da
aprendizagem e por meio dessas descortinar novos caminhos e trilhar rumos ao
62
saber e aplicá-lo em sua prática pedagógica a partir de estratégias de ensino-
aprendizagem com o intuito de propiciar aulas adequadas às características dos
alunos.
Essa monografia é sem dúvida uma forma de aprender, mais e muito mais
que isso, é fazer experiências, trabalhar o relacionamento, a imaginação, a
expressão e fazer com que a criança se compreenda, se conforte e negocie
transformando-se e aprendendo a “ser”. Na escola, na sociedade no meio em que
vive, a criança é prática social, ou seja, é uma forma de interação com o outro.
Durante o relacionamento é que se realiza a entrega e envolvimento por parte
das crianças é o prazer, divertimento contribuindo para uma aprendizagem concreta
e significativa, assim, podemos dizer que as interações entre professor e os alunos
são fundamentais para o seu desenvolvimento integral, pois envolve diversão,
sentimento, carinho, surpresas, compreensão, dedicação, etc.
Por meio do convívio os professores podem observar e constituir uma visão
dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada um em
particular, registrando suas capacidades sociais e dos recursos afetivos e
emocionais que dispõem, é muito importante que o professor organize situações
para que os conteúdos ocorram de maneira diversificada para atender as
necessidades de cada uma. Assim através de vários estudos, buscas, pesquisas,
conclui essa monografia.
63
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Vozes, Petrópolis, 2000.
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64
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Alegre: Artes Médicas, 1985
RAMOZZI-CHIAROTTINO, Z. Em busca do sentido da obra de Jean Piaget. 2ª
ed. São Paulo: Ática, 1994. 118p.
REVISTA NOVA ESCOLA – Ed especial. Jogos e brincadeiras. Editora Abril.
SOLÉ, Isabel. Orientação Educacional e Intervenção Psicopedagógica. Porto Alegre:
Artmed, 2001.
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. 3. ed. São Paulo:Martins Fontes,
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