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UNIVERSIDADE GAMA FILHO VICE-REITORIA ACADÊMICA DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA Psicopatologias relacionadas ao Trabalho LORENNA SOLIVA DOS SANTOS RIO DE JANEIRO 200.1

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UNIVERSIDADE GAMA FILHO VICE-REITORIA ACADÊMICA

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

Psicopatologias relacionadas ao Trabalho

LORENNA SOLIVA DOS SANTOS

RIO DE JANEIRO 200.1

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UNIVERSIDADE GAMA FILHO VICE-REITORIA ACADÊMICA

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

PSICOPATOLOGIA RELACIONADAS AO TRABALHO

POR:

LORENNA SOLIVA DOS SANTOS

Trabalho final do curso, como requisito para graduação em

Psicologia na Universidade Gama Filho.

RIO DE JANEIRO 2003.1

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

CURSO DE PSICOLOGIA PSICOPATOLOGIAS RELACIONADAS AO TRABALHO LORENNA SOLIVA DOS SANTOS

_________________________________ Professora Ms Ângela Maria Gerck _________________________________ Professor Ms Luiz Fernando _________________________________ Professora Ms Jorgelina Inês Brochier

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todas as

pessoas que se empenharam e

me ajudaram em sua

concretização, e todos as

pessoas que me

compreenderam e me

respeitaram nas horas difíceis.

II

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado forças para me levantar a cada dia que se

passava.

A todos os meus amigos pelo apoio e companheirismo em toda esta

trajetória.

Ao professor Mestre Carlos Marconi, diretor do departamento de

psicologia da UGF, por toda sua paciência e dedicação em ajudar, não só a mim, mas

também a todos os que lhe procurava.

A todos os professores do corpo docente de Psicologia da UGF pelo

tempo dedicado a nos orientar em nossa vida, não só profissional, mas também em

nosso caminho pessoal e pelo aprendizado que me proporcionaram.

A minha professora orientadora Jorgelina Inês, por toda sua

dedicação, incentivo e tempo dispensado para a conclusão deste trabalho.

A minha professora Fernanda do Amaral pelo auxilio prestado

sempre que precisei.

Agradeço profundamente a toda equipe do projeto Êxito, pois se

não fosse principalmente por ele hoje eu não poderia esta aqui e por eles financiarem

os sonho de pessoa simples como eu e ainda por toda dedicação empenhada a seu

pupilos, incentivando-os e brigando juntos para que todos eles conseguissem chegar

ao final dessa jornada.

A minha tia Marilia, por toda sua dediacação, credibilidade e

investimento empenhados em mim e por mesmo depois de ter que se afastar não

deixou nem um minuto de estar presente nesta luta incessante.

A minha mãe por toda sua dedicação e força dispensada para que eu

concluísse este percurso.

Agradeço especialmente a minha filha Victória por ter sido a minha

ancora principal impedindo por varias vezes que eu desistisse, mesmo sem saber que

era capaz disso.

Quero registrar também meu agradecimento a meus irmãos que na

hora de aperto sempre deram um jeitinhos para me ajudar.

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Minha eterna gratidão a todos que de forma direta ou indiretamente

me ajudaram na concretização de todo este percurso e na conclusão deste trabalho.

Muito obrigado a todos vocês que foram meus “companheiros de

Viagem”.

IV

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RESUMO

Este trabalho visa estar estabelecendo parte da trajetória histórica do

trabalho desde sua forma pré capitalista até hoje, abordando as teorias administrativas

(taylorismo e Fordismo) e o surgimento da psicologia no âmbito do trabalho e sua

evolução, citando entre estas suas atribuições e área de trabalho junto as instituições

de trabalho e o trabalhador.

Também estarei explorando aa relação trabalho saúde doença com a

psicologia, que é uma área que vem evoluindo bastante nos últimos anos,

principalmente depois da implantação do sistema de qualidade de vida no trabalho –

QVT, que pode também ser analisada como um fachada para o encobrimento das

condições de trabalho que faltam ao modelo neo liberal de produção.

Estarei colocando uma interrogação em relação das atribuições do

psicólogo organizacional e sua a sua principal atribuição de promoção de saúde.

V

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SUMÁRIO

Dedicatória ..................................................................................................................II

Agradecimento...................................................................................................................III

Resumo..................................................................................................................................X

Introdução .....................................................................................................................9

1. O trabalho e sua trajetória histórica ... ................................................................ 10

2. A Psicologia e sua evolução no âmbito do trabalho..............................................16

3. Relação trabalhão – saúde – doença. ....................................................................19

Conclusão................................................................................................................... 33

Referencias Bibliográficas ..........................................................................................34

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INTRODUÇÃO

Sendo trabalho definido como a capacidade de produzir ou criar

algo ele obtém um significado muito importante na vida do homem.

O individuo passa a maior parte de sua vida dentro das organizações

de trabalho e este exerce um papel fundamental na formação subjetividade do

humano.

Quando estas organizações não estão bem estruturado ou intersa em

seu trabalhadores, este ato de trabalho, devidos condições precárias de trabalho

podem gerar grandes agravos (principalmente psíquicos ) a saúde do trabalhador.

A relação entre trabalhador e as condições de trabalho, podem gerar

o surgimento de patologias e psicopatologias relacionadas ao exercício da profissão.

Nos capítulos a seguir estarei colocando a história do trabalho, a

inclusão da psicologia neste âmbito e sua relação com a saúde doença do trabalhador

focando as psicopatogias e suas arelações no âmbito do trabalho.

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1 – O trabalho e sua trajetória histórica

“Trabalho: aplicação de forças e

faculdades humanas para alcançar um

determinado fim, e/ou, atividade

coordenada, de caráter físico e/ou

intelectua, necessária a realização de

qualquer tarefa, serviço ou

empreendimento”.

Ferreira (1999, p1980) .

Trabalho também podendo ser definido como a capacidade de

produzir e ou criar algo, a partir disso ele obtém um significado muito importante

na vida do homem. Pois o trabalho passa a ser o mediador de sua integração

social e o ponto fundamental na constituição da subjetividade e no modo de vida

do homem.

Segundo Max (1978) citado por Frigotto (1995), o trabalho é um

processo do qual participam o homem e a natureza, onde o ser humano, com sua

própria ação, impulsiona, regula e controla seu material com a natureza externa e

modificando-a, ao mesmo tempo modifica sua própria natureza.

No contexto da relação homem-trabalho, o homem busca construir

a si mesmo e estabelecer suas ralações sociais dentro e fora da ambiente de

trabalho.

Oliveira (1995) analisa a história do trabalho destacando sois

modelos o pré-capitalista e a capitalista. A transição que marca o final do pré-

capitalismo para o capitalismo ocorre durante os séc XIV-XV e XVIII-XIX, pois

durante esse período ocorre a crise do feudalismo (ultimo modelo pré-capitalista)

na Europa ocidental. Essa longa transição se dá devido ao capitalismo não se

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impor simultaneamente em toda a Europa. Em decorrência as condições

nacionais e internacionais só no séc XIX, a maior parte dos estados europeus

apresentará estruturas capitalista.

O capitalismo vem se consolidar no séc XVIII, através da

Revolução Industrial que decorreu devido ao acumulo do capital, conquistado

pelo mercantilismo.

A Revolução Industrial foi, sobretudo a passagem de um sistema de

produção agrário e artesanal para um sistema industrial, dominado pelas fabricas

e pela maquinaria e se caracterizou por sucessivas inovações tecnológicas.

Segundo o historiador Eric Hobsawan apud por Pazzinato e Senise

(1990, p. 94), “ as transformações levadas a efeito pela revolução industrial

inglesa foram muito mais sociais que técnicas, levando em vista que é nessa fase

que se solidifica a diferença crescente entre ricos e pobres”.

A partir da transformação industrial e da implantação das maquinas

no processo de produção, toda a sociedade sofreu grandes mudanças em suas

formas de vida.

Os homens passaram a ser tidos como forças de trabalho e para

sobreviver comercializavam esta força, sujeitando-se as normas impostas pelas

industrias e seus salários degradantes.

A Revolução Industrial permitiu que o capitalismo atingisse seu

processo especifico de produção sendo este caracterizado pela produção de larga

escala. Tendo neste modo de produção industrial uma radical separação entre o

trabalho e o capital. O trabalhador dispõe apenas da força de trabalho, enquanto o

capitalista detem a propriedade e os meios de produção. (Pazzinato e Senise,

opicit).

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A segunda Revolução Industrial, iniciada em meados do séc XIX,

corresponde as inovações técnicas e econômicas que acabaram por modificar a

estrutura da produção capitalista, promovendo a passagem do capitalismo

concorrencial para o capitalismo monopolista. O capitalismo concorrencial se

originou na segunda metade do séc XVIII quando se o acumulo na circulação de

mercadoria foi aplicado na produção determinando o aparecimento das industrias.

Este se baseia na livre concorrência e na predominação da industria sobre o

comércio. O capitalismo monopolista, também chamado de capitalismo

financeiro, surgiu no fim do séc XIX, quando os bancos e as instituições

financeiras passaram a controlar a industria, o comercio, a agricultura e a

pecuária, permitindo a formação das multinacionais. Este modelo capitalista

baseia-se no monopolismo, com o predomínio das finanças sobre a produção e a

circulação de mercadorias.

A segunda Revolução Industrial se caracterizou pela utilização do

aço e das novas fontes de energia (eletricidade e petróleo), e pela produção em

série devido a concentração do mercado e sua extensão. Toda esta mudança leva a

necessidade de desenvolver novas técnicas de gestão de trabalho.

No contexto do capitalismo monopolista Taylor inicia seu trabalho.

Essa fase do capitalismo se caracterizou por um novo padrão de acumulação que

potencializava a intensificação do trabalho para elevar a reprodução do capital.

Essa intensificação desencadeou o aumento do desemprego e a diminuição dos

salários, gerando greves e manifestações sindicais para obter melhores salários.

Segundo Heloani (1996), Taylor inicia seu discurso como um

projeto de cooperação entre os trabalhadores e o capital, caracterizando que a

economia de tempo beneficia ambas as partes da relação trabalho-capital.

O mesmo autor coloca que Taylor nos induz a pensar que o capital e

o trabalho se fortalecem com a prosperidade e a cooperação, estando implícito

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neste contexto o processo de modelização do corpo através da visão do trabalho e

esboça ainda, a modelização do inconsciente penetrando na subjetividade do

trabalhador para construir a percepção segundo os interesses do capital.

Taylor estabelece um conjunto de mecanismo e poder após a

determinação das tarefas dos trabalhadores. Primeiramente, individualiza os

executantes conforme separação de aptidões e habilidades juntamente com o

mecanismo de avaliação e controle, depois passa a lidar individualmente com os

trabalhadores evitando as multidões, tidas por ele como “ embriões do

contrapoder”. Esta individualização da inicio a aprimoração do mecanismo de

controle sobre o exercício de aptidões. (Heloani , 1996)

Com o inicio da Primeira Guerra Mundial, iniciou-se uma escassez

de mão de obra e a necessidade da utilização de mulheres, ou como diz Heloani

(opicit), “de mão de obra desqualificada” para a produção em massa. Esta

necessidade facilitou a expansão do taylorismo.

A introdução destes trabalhadores só se deu devido à implantação

de máquinas e equipamento semi-automáticos pelo taylorismo. Permitindo assim

a contratação de trabalhadores semi-espesializado, ou seja, treinados para aquela

operação.

Após a 2a. Guerra Mundial, o taylorismo se consolida e juntamente

surge uma nova proposta de gestão de produção por Henry Ford denominada

fordismo.

No taylorismo a tarefa funcionário é minuciosamente regulada no

boletim de trabalho, ordem regida em que os movimentos para realizar são calculados

em segundo e centésimo de segundo. No fordismo todas as execuções do trabalho

são igualmente medidas pelo cronômetro.

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A teoria fordista segundo Ramos (1950), baseia-se em três principais

interdependentes. Dois deles se referem ao tempo e são princípios de produtividade e

o de intensificação. O terceiro aplica-se ao fator de matéria sendo este o principio da

economicidade.

Para Sampaio (1994), o fordismo é um modo de desenvolvimento

capitalista que se hegemonizou após a segunda guerra mundial e que ser envolve em

regime de acumulação intensivo, associado ao mundo de regulação monopolista,

caracterizando-se pela produção e pelo consumo de massa.

O mesmo autor ainda poe como característica do fordismo a divisão

do processo de trabalho em três níveis: o primeiro envolve a concepção, organização

dos métodos e engenharia; o segundo envolve a fabricação qualificada e no terceiro

encontra-se a execução e a montagem desqualificadas.

Ao propor que elevação da produtividade fosse ultrapassada aos

salários dos trabalhadores aumentando o poder aquisitivo dos trabalhadores e

elevando o consumo, o fordismo, segundo Heloani (1996), apresenta um programa de

gestão econômica. Neste contexto conseqüentemente o modelo fordista induz a

generalização do consumo de massa transformando a força de trabalho na reprodução

de capital.

Frigotto (1995), divide o modelo fordista em duas fases. A primeira

fase constitui no processo de refinamento do sistema de maquinaria. Na segunda fase,

o sistema desenvolve a idéia de Estado-Nação que após a segunda guerra mundial,

ganha a idéia de “Estado de Bem Estar Social”, tendo este desenvolvida políticas de

Bem Estar Social que visam a estabilidade no emprego, políticas de renda com

ganhos de produtividades e de previdência social incluindo seguro desemprego, direto

da educação, subsídios no transporte.

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A crise do fordismo começa a sinaliza-se com progressiva saturação

dos mercados internos de bens de consumo duráveis, concorrência intercapitalista e a

crise fiscal e inflacionaria que provocou a retenção de investimentos. Estes sinais de a

esgotamento do fordismo, e coincidem com uma redução na base técnica do processo

de produção.

Neste Frigotto (1995), aponta o início da terceira revolução

mundial, devida a introdução das tecnologias microeletrônicas e associada a

informatização, a microbiologia e engenharia genética, dando origem a novas

matérias e fontes de energias, que substitui a tecnologia rígida para uma tecnologia

flexível.

A crise do fordismo surge com a necessidade de criar um novo

modelo de desenvolvimento e de alterações estruturais na organização do trabalho,

caracterizando o pós - fordismo.

Para Heloani (1996), o pós – fordismo significa a consolidação da

ofensiva empresarial em pelo menos três itens: a desindexação dos salários, a

produção de internacionalizada e o estado –providencia, reduzindo os poucos

programas.

Consolidando estas ofensivas empresarias podemos ver em

Sampaio (1994), dentro das novas formas de organização de trabalho, o Toyotismo e

o Volvismo, que envolve novas formas de linha de produção, células de fabricação

novas concepções de estoque e gestão da produção, alteração nos padrões urgentes de

relações hierárquica, inserção de novas tecnologias no contexto da produção, entre

outras mudanças.

O Toyotismo é emergente da experiência da Toyota, no Japão,

cujos os resultados vem sendo aplicados em outras organizações japonesas e do

ocidente. O Volvismo foi desenvolvido pela Volvo, empresa Escandinava (Sueca),

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frente a crise estabelece alterações na organização do trabalho de suas montadoras e a

construção de plantas dentro de novas paradigmas organizacionais; como Kalmar

(influenciada pela sócio-técnica) e Wdevalce (influenciada pela especialização

flexível e por uma aplicação mais profunda sócio-técnica). Estes novos modelos vão

abrindo espaço para uma substituição gradual da gestão do trabalho individual pela

gestão de grupos de trabalho.

2 - A Psicologia e sua evolução no âmbito do trabalho

A psicologia por ser uma ciência nova vêm sofrendo grandes

mudanças principalmente vertente denominada psicologia do trabalho.

Até meado do séc. XIX, a psicologia permanecia subordinada a

filosofia. A emancipação da psicologia da tutela da filosofia é um aspecto particular

da transformação da estrutura conceitual da ciência ocidental. (Chetele,1973).

Segundo Goulard e Sampaio (1998), no inicio do séc. XX, se

consolida a revolução industrial, e a escola clássica da administração (taylorismo/

fordismo) começa a dar os primeiros passos introduzindo técnicas de controle sobre o

trabalho e dar lógica da produção em massa para aumentar a produção.

Neste contexto a psicologia do trabalho surge entrelaçada aos

interesses das industrias.

Inicialmente denominada como Psicologia Industrial, uniu-se com

as teorias administrativa do inicio do séc. XX como o taylorismo, as relações

humanas, fordismo.

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As atribuições da Psicologia Industrial inicialmente resumiam-se a

seleção e a colocação do profissional. Para Sampaio (1994), visava a seleção dos

trabalhadores dos níveis II e III do fordismo (explicados anteriormente pág.13)

Braw (1976), identificou mais dois tipos de psicologia industrial

nesta época (1920) foi a orientação vocacional (baseada em testes) e estudo sobre

as condições de trabalho ( visando a aumentar a produtividade).

A partir dos estudos de Hewthorne, iniciados em 1924, geram uma

relação a Escola Clássica da Administração, levando assim o surgimento de uma

nova corrente denominada relações humana que tinha por tese que os fatores

humanos influenciavam a produção. (Goulart e Sampaio, 1998).

Devido a influencia da escola da relação humanas, a psicologia

industrial tinha como uma das suas principais preocupações fazer com que as

subordinadas trabalhem (principio da motivação) e que seus chefes tornem seus

subordinados mais produtivos (conceitos de liderança) e ainda como divulgar as

decisões e informações (princípios de comunicação). (Sampaio, 1994). Estes novos

estudos foram acolhidos como uma forma de reduzir os efeitos da organização

mecanicista, através da melhora de relacionamento entre empregados.

Podemos afirma que a pratica da psicologia do trabalho vai se

estabelecer no ideal capitalista, sob o modelo de desenvolvimento fordista como

definem os teóricos da escola Francesa da Regulação.

Em Siegel (1969, p 14), ”afirma que durante a segunda guerra

Mundial desenvolveu- se técnicas de colocação de pessoal, Treinamento,

classificação de pessoal e avaliação de desempenho e nos pós-guerra se estabeleceu

também a técnica do psicodrama e a sonometria de moreno e a dinâmica de grupos

de Lewin”.

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A partir da crise do fordismo a psicologia industrial passou a se

chamar psicologia Organizacional.

“Alguns autores distinguem a psicologia da industria da psicologia

organizacional acreditando que a primeira atua a serviço da industria e a segunda

Amplia o mercado de trabalho”. Goulart e Sampaio (1998,22p).

Conforme Sampaio (1996) em torno do final do ano de 1950,

iniciou uma pratica denominada de psicologia organizacional, esta porem não atuava

somente na pratica do trabalho, mas também nas estruturas organizacionais através de

técnicas como o desenvolvimento organizacional e o planejamento de recursos

humanos.

Porém a psicologia organizacional não se rompeu com a psicologia

industrial e sim uma ampliação dos postos de trabalho, pois o foco de atuação ainda

estava em relação ao problema da produtividade das empresas.

Devido ao desenvolvimento dos sindicatos dos trabalhadores passa

a surgir na psicologia organizacional programas como segundo Sampaio(1994) o

Stress Laboral e de qualidade de vida.

O mesmo autor relata que, os regulacionistas concluem que a crise

do fordismo é uma crise de modelo de desenvolvimento que altera as estruturas da

organização de trabalho na idéia capitalista dando inicio ao período do pós-Fordismo

ou neo-fordismo e fazendo surgir novas formas de organização de trabalho como

toyotismo e o volvismo.

Estes novos modelos influenciaram marcantemente a área de

recursos Humanos com suas propostas, abrindo uma substituição gradual da gestão

do trabalho individual pela gestão de grupos de Trabalho.

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Nasce a partir deste contesto a Psicologia do trabalho, que Lema

(1993) conceitua como que o âmbito da psicologia tem como ponto central o estudo

e compreensão do trabalho humano em todos os seus significados e manifestações.

A grande diferença entre a psicologia do trabalho e suas

antecessoras, segundo Goulart e Sampaio (1998 p. 27), “é que na primeira há um

lugar para vislumbrar o homem como sujeito desejante e seus esforços se voltam para

a saúde e o bem estar humano, independente ou não da lucratividade e produtividade

das organizações produtivas.

Após este momento desenvolve-se varias mudanças nas atribuições

dos recursos humanos, passando a surgir uma maior preocupação com as

organizações em suas condições de trabalho, com a saúde do trabalhador criando

maior divulgações dos programas de estresse ocupacional e a qualidade de vida do

trabalho e restauração da saúde mental junto ao trabalho. Surgindo assim a

psicopatologia do trabalho Dejouriana inicialmente na França, que propõe uma

metodologia de estudo do sofrimento humano baseado no pensamento psicanalítico e

na intervenções aos modelos da pesquisa.

A área de Saúde Mental, segundo Goulart e Sampaio (1998),

revigorou-se nas duas últimas décadas e desenvolveram várias abordagens desde os

estudos de sofrimento humano, já citados e os estudos de neurose do trabalho.

3 – Relação Trabalho, Saúde e Doença.

A palavra saúde origina-se do latim Salute = salvação, conservação

da vida. Para a Organização Mundial de Saúde – OMS, saúde é um estado de

completo bem estar, físico, mental e social.

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Alguns autores também tem sua definição de saúde como Dejours

(1998) citado por Dias (1995) que entende que saúde é liberdade, autonomia e

apropriação de meios para se alcançar estados de bem estar.

Dentro desta concepção de Dejours o trabalho ganha destaque pelo

modo como é organizado, muitas vezes não permitindo a autonomia, a liberdade do

trabalhador, prejudicando a conservação da vida.

Segundo Dias (1995), alguns autores consideram o trabalho

características fundamental para o processo saúde doença, apontando que a questão

principal da saúde é a busca pela reapropriação do lugar do sujeito na própria história.

Podemos considerar neste contexto que o trabalho é o elemento funda,mental para o

desenvolvimento da subjetividade do ser humano.

Dentre os fatores que influenciaram o surgimento de patologias e

seu sinal mais comum, a doença, destacam-se a desigualdade de condições sócio

econômicas, gerada pelo capitalismo, associadas a exploração e a sensação de

impotência para mudanças, bem como uma forma de expressar a fragmentação do

sistema. (Missel,1998). Essas doenças são geradas devido as condições de trabalho e

a exposição do trabalhador a agentes ( físico, químicos, ambientais, etc) que podem

desencadear diversas patologias que serão melhor definidas no próximo capitulo.

O marco historio para a relação saúde trabalho se deu com a

revolução industrial que denotou um forte impacto social principalmente em relação a

saúde do trabalhador No bojo destes impactos sociais começa a surgir a preocupação

com as condições de trabalho, considerados como penosos, longo e perigoso, e os

ambientes de trabalho agressivos ao conforto e a saúde. Todos estes aspectos são

considerados produtores de danos graves a saúde do trabalhador. (Mendes,1996).

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Segundo Sampaio (1996), estas preocupação com a saúde do

trabalhador começou a surgir no final da década de 1960, e com isso a psicologia

passou atuar também na promoção da saúde do trabalhador.

Dejour (1992), relata que estudos vêm demonstrando que as

pressões do trabalho colocam em risco ao equilíbrio a saúde mental do trabalhador

devido a estruturação das organizações.

Embora alguns autores considere o trabalho tenha como finalidade

“promover a satisfação das necessidades humanas, meio de construir a realização da

capacidade criativa e o papel de identidade social” definas por Schaff, citado por

Frigoto (1995, p 124), apenas uma minoria consegue obter satisfação no trabalho,

devido a maioria das organizações capitalistas visarem somente o aumento de capital

a partir do aumento da produtividade das empresas, exercendo assim sobre os

trabalhadores uma ação repressora e controladora, inibindo a criatividade e impondo

altos ritmos de trabalho.

Estes fatores são principais geradores de sintomas psicossomáticos

que podem evoluir para transtornos psicológicos. Estes transtornos tendem a surgir

quando as exigências do meio do trabalhador ultrapassam sua capacidade de se

adaptar como sujeito.

Segundo Dejours (1992) e Dias (1995), após o aumento da

desigualdade das forças produtivas, da evolução das ciências , das tecnologias e das

máquinas, juntamente com os fatores aliados com as questões de trabalho, como os

referentes ao meio ambiente físico (luminosidade, temperatura, barulho etc); as do

ambiente químico (poeira, vapores, gases etc); do ambiente Biológicos (vírus,

bactérias, fungos etc); e pelas condições de higiene e segurança dentro aos pontos de

trabalho nas industriais, tem repercussões sobre a vida psíquica do trabalhador,

podendo ser bastante negativas e facilitadoras do aparecimentos do sofrimento

psíquico na vida dos trabalhadores.

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O sofrimento do trabalhador não fica restrito ao espaço físico do

local de trabalho e suas relações, ao contrário espalham-se a todas as suas relações

sociais. O adoecimentento no âmbito do trabalho provoca varias alterações na vida do

trabalhador e estas alterações repercutirão psicossocialmente além dos limites do

trabalho afetando assim toda a vida do trabalhador.

Missel (1998), citando Rezende apud Leavell-clark (1974 e 1998),

diz que a relação saúde doença é dinâmica e assim diretamente relacionada com o

meio familiar e profissional do individuo, incluindo o grau de satisfação e

produtividade , identificação e identidade do trabalhador. Por estas relações de

trabalho serem dinâmicas elas podem conduzir tanto ao prazer quanto ao sofrimento

mental relacionados ao trabalho

Como já foi citado no capitulo anterior a psicologia do trabalho teve

seu inicio com Dejours na França. Para este autor a psicologia do trabalho, tem como

analise as repercussões das condições e organização do trabalho na saúde psíquica do

trabalhador, baseando-se a condição do funcionamento psíquico privilegiando as

categorias trabalho e sofrimento mental. De acordo com esta abordagem, a

organização do trabalho pode propiciar a desencadeamento de doenças somáticas e

psíquicas ou promover o equilíbrio e a saúde mental.

Na teoria tríade ecológica de Rezende citado por Missel (1998 p.

10),

“Interage os seguintes componentes em

equilíbrio dinâmico: o homem (hospedeiro), o

agente patogênico e o meio. O desequilíbrio de

qualquer um desses elementos integrantes

dessa tríade desencadearia o processo

patológico. A historia natural da doença de

Leavel – Clark (1974), põem em destaque a

saúde – doença como em processo dinâmico. Os

desequilíbrios desse sistema permitem a evolução

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do processo ate a cura, óbito ou outros estados

intermediários”.

Conforme os descritos no regulamento dos benefícios da

previdência social, cuja redação 1997 (decreto 2172 de 05/03/1997), define como

acidente de trabalho “ o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa,

... provocando lesões corporal , perda ou a redução da capacidade para o trabalho,

permanente ou temporário”. Neste contexto a lei considera por acidente de trabalho

as seguintes entidades mórbidas:

• Doença profissional (ou tecnopatia): são

adquiridas ou desencadeadas em função de condições especiais em que

o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, mas cujo o

nexo causal não é presumido e deve ser provado.

• Condições equiparadas ao acidente de trabalho:

outros acidentes de trabalhos não diretamente relacionado a atividade

realizada como acidente de trajeto por exemplo.

Por ser um agente de integração social a falta ou ameaça da perda

do trabalho podem gerar sofrimento psíquico, pois ameaça a estabilidade social do

individuo.

As relações entre distintos aspectos organizacionais entende as

dinâmicas pelas quais a tensão a fadiga, o medo , a tristeza, ou apatia podem ser

“fabricados” ou estimulados a partir de determinadas situações de trabalho incluindo

a sensação de risco de perda do trabalho. (Mendes,1995)

Algumas situações existentes no dia a dia dos trabalhadores são

grandes geradoras de patologias como: passar por uma situação de fracasso, acidente

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de trabalho, podem gerar transtornos de ajustamento ou reação ao estresse até

depressões graves. Jornadas longas de trabalho, curto prazo para descansar e para as

refeições, ritmos intenso ou monótonos, trabalho noturnos, pressão, dentre outros são

causadores de quadros de fadiga, ausência e distúrbios do sono. Alto nível de

concentração e atenção relacionados a pressão podem gerar tensão, fadiga e

esgotamento profissional ou Síndrome de Bournot.

A prevenção das doenças mentais e de comportamento relacionadas

com o trabalho baseia-se nos procedimentos de vigilância sanitária sanitárias de

ambientes e condições de trabalho. Utilizando um conhecimento interdisciplinar de

médicos clínicos, epidemiológicos, de higiene ocupacional, toxicologia, ergonomia,

psicólogos,, entre outros, valorizando a percepção dos trabalhadores sobre o seu

trabalho e a saúde e as normas técnicas e regulamentos vigentes de cada área devendo

considerar a multiplicidade de fatores envolvidos na determinação das doenças

relacionadas ao trabalho.

Para aprofunda o que até agora foi sugerido apresentaremos uma

breve descrição das principais psicopatologias relacionadas ao trabalho.

I - Demência em outras doenças específicas classificadas em

outros locais. (Cód. CID-10: F02.8)

Demência é conceituada como uma síndrome, geralmente crônica e

progressiva, devida a uma patologia encefálica, de caráter adquirido, na qual se

verificam diversas deficiências das funções corticais superiores, incluindo: memória,

pensamento, orientação, compreensão, cálculo, capacidade de aprender, linguagem e

julgamento. Em relação ao trabalho esta patologia pode ser associada aos efeitos da

exposição ocupacional a substâncias químicas tóxicas e/ou as condições de trabalho.

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II – Delirium (não sobreposto a demência). (Cód. CID-10: f05.0).

Delirium é uma síndrome caracterizada por rebaixamento do nível

de consciência, com distúrbio da orientação (no tempo e no espaço) e da atenção

(hipovigilância e hipotenacidade), associados ao comprometimento global das

funções cognitivas. Podem ocorrer alterações do humor (irritabilidade), da percepção

(ilusões e/ou alucinações especialmente visuais), do pensamento (ideação delirante),

do comportamento (reações de medo e agitação psicomotora). Se relaciona ao

trabalho devida a exposição a certas substancias químicas e/ou condições de trabalho.

III -Transtorno cognitivo leve (Cód. CID-10: F06.7)

Se caracteriza por alterações da memória, da orientação, e da

capacidade de aprendizado,bem como por reduzida capacidade de concentração em

tarefas além de períodos curtos. Se relacionada ao trabalho devido à exposição

ocupacional a especificas substâncias químicas tóxicas e aos agentes físicos, como

alto nível de ruído no local de trabalho.

IV - Transtorno orgânico de personalidade..(Cód. CID-10:

F07.0)

É conceituado como a alteração da personalidade e de comportamento que

aparece como um transtorno residual ou concomitante de uma doença, lesão ou

disfunção cerebral. . Se relaciona o com o trabalho devido à exposição ocupacional a

específicas substâncias químicas tóxicas

V - Transtorno mental orgânico ou sintomático não. (Cód. CID-

10: F09.).

Este termo compreende uma série de transtornos mentais agrupados

por terem em comum uma doença cerebral de etiologia demonstrável, uma lesão

cerebral ou outro dano que leva a uma disfunção que pode ser primária, como nas

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doenças, lesões ou danos que afetam direta e seletivamente o cérebro ou secundária,

como nas doenças sistêmicas nas quais o cérebro é um dos múltiplos órgãos

envolvidos. Fazem parte deste grupo a demência na doença de Alzheimer, a demência

vascular, a síndrome amnésica orgânica (não induzida por álcool ou psicotrópicos) e

vários outros transtornos orgânicos (alucinose, estado catatônico, delirante, do humor,

da ansiedade) a síndrome pós-encefalite e pós-traumática, incluindo, também, a

psicose orgânica e a psicose sintomática. Se relacionam ao trabalho devido a efeitos

da exposição ocupacional à especificas substâncias químicas tóxica

VI - Alcoolismo crônico.(Cód. CID-10: F10.2).

Refere-se a um modo crônico e continuado de usar bebidas

alcoólicas, caracterizado pelo descontrole periódico da ingestão ou por um padrão de

consumo de álcool com episódios freqüentes de intoxicação e preocupação com o

álcool e o seu uso, apesar das conseqüências adversas desse comportamento para a

vida e saúde do usuário. A Sociedade Americana

O trabalho é considerado um dos fatores psicossociais de risco

capazes de influenciar em seu desenvolvimento.

Uma freqüência maior de casos (individuais) de alcoolismo tem

sido observada em determinadas ocupações, especialmente aquelas que se

caracterizam por serem socialmente desprestigiadas e mesmo determinantes de certa

rejeição como as que implicam contato com cadáveres, lixo ou dejetos em geral,

apreensão e sacrifício de cães; atividades em que a tensão é constante e elevada como

nas situações de trabalho perigoso (transportes coletivos, estabelecimentos bancários,

construção civil), de grande densidade de atividade mental (repartições públicas,

estabelecimentos bancários e comerciais), de trabalho monótono, que gera tédio,

trabalhos em que a pessoa trabalha em isolamento do convívio humano (vigias);

situações de trabalho que envolvem afastamento prolongado do lar (viagens

freqüentes, plataformas marítimas, zonas de mineração).

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VII - Episódios depressivos. (Cód. CID-10: F32).

Caracterizam-se por humor triste, perda do interesse e prazer nas

atividades cotidianas, sendo comum uma sensação de fadiga aumentada. Os episódios

depressivos devem ser classificados nas modalidades: leve, moderada, grave sem

sintomas psicóticos, grave com sintomas psicóticos.

Sua com o trabalho pode ser sutil. As decepções sucessivas em

situações de trabalho frustrantes, as perdas acumuladas ao longo dos anos de trabalho,

as exigências excessivas de desempenho cada vez maior, no trabalho, geradas pelo

excesso de competição, implicando em ameaça permanente de perda do lugar que o

trabalhador ocupa na hierarquia da empresa, perda efetiva do lugar que ocupa, do

posto de trabalho no caso de demissão podem determinar depressões mais ou menos

graves ou protraídas, podendo também estar associada à exposição ocupacional a

específicas substâncias químicas tóxicas.

VIII - Transtorno de estresse pós-traumático. (Cód CID-10:

F43.1).

Caracteriza-se como uma resposta tardia e/ou protraída a um evento ou

situação estressante (de curta ou longa duração) de natureza excepcionalmente

ameaçadora ou catastrófica, a qual reconhecidamente causaria extrema angústia em

qualquer pessoa, como por exemplo os desastres naturais ou produzidos pelo homem,

acidentes graves, testemunhar a morte violenta de outra pessoa, ser vítima de tortura,

estupro, terrorismo ou outro crime. Na área do trabalho esta relacionado a trabalhos

perigosos, que envolvem responsabilidade com vidas humanas, com risco de grandes

acidentes como o trabalho nos sistemas de transporte ferroviário, metroviário e aéreo,

o trabalho dos bombeiros etc.

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IX - Síndrome de fadiga. (incluída em “neurastenia”) (cód CID-

10: f48.0)

Sua característica mais marcante incluindo a “Síndrome de fadiga

crônica”; a chamada “Síndrome de fadiga industrial” considerada como decorrente da

monotonia do trabalho repetitivo dos trabalhadores industriais; e a “Síndrome de

fadiga patológica” associada ao trabalho em Serviços) é a presença de fadiga

constante, acumulada ao longo de meses ou anos em situações de trabalho onde não

há oportunidade de obter descanso necessário e suficiente. Os fatores de risco de

natureza ocupacional que parecem contribuir para o surgimento deste quadro são:

ritmos de trabalho acelerados, sem pausas ou com pausas sem as devidas condições

para repousar e relaxar; as jornadas de trabalho prolongadas (excesso de horas extras,

tempo de transporte de casa para o trabalho e do trabalho para casa muito longo,

dupla jornada de trabalho para complementar a renda familiar); e a jornada de

trabalho em turnos alternados. Podendo também esta associadas à exposição

ocupacional a algumas substâncias químicas.

X- Neurose profissional (incluída em outros transtornos neuróticos

especificados) (Cód CID-10: F48.8).

É definida como uma afecção psicógena persistente na qual os

sintomas são expressão simbólica de um conflito psíquico cujo desenvolvimento se

encontra vinculado a uma determinada situação organizacional ou profissional

A Neurose profissional apresenta três formas clínicas:

neurose profissional atual: neurose traumática, reativa a um

trauma atual;

psiconeurose profissional: quando uma dada situação de trabalho

funciona como desencadeante, reativando conflitos infantis que permaneciam no

inconsciente; e

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neurose de excelência: desenvolvida a partir de certas situações

organizacionais que conduzem a processos de estafa (burnou) pessoas que

investem intensamente seus esforços e ideais em determinada atividade.

XI - Transtorno do ciclo sono-vigília. (incluído em transtornos do

ciclo sono-vigília devidos a fatores não orgânicos ) (cód. CID-10: F51.2).

É definido como uma perda de sincronia entre o ciclo sono-vigília

do indivíduo e o ciclo sono-vigília socialmente estabelecido como normal, resultando

em queixas de insônias, interrupção precoce do sono ou de sonolência excessiva. Se

relaciona ao trabalho devido a jornada de trabalho noturna em regime fixo ou pela

alternância de horários diurnos, vespertinos e/ou noturnos, em regime de revezamento

de turnos.

XII - Síndrome de esgotamento profissional ( BURNOUT )

(Cód. CID-10: Z73.0).

Se define como um tipo de resposta prolongada a estressores

emocionais e interpessoais crônicos no trabalho. Tem sido descrita como resultante

da vivência profissional em um contexto de relações sociais complexas, envolvendo a

representação que a pessoa tem de si e dos outros. O trabalhador perde o sentido de

sua relação com o trabalho, desinteressa-se e qualquer esforço lhe parece inútil.

Segundo Maslach (1993) e Maslach & Jackson (1981/1986) in

Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde Ministério da Saúde – OPS, é

composta por três elementos centrais:

exaustão emocional (sentimentos de desgaste emocional e

esvaziamento afetivo);

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despersonalização (reação negativa, insensibilidade ou

afastamento excessivo do público que deveria receber os serviços ou cuidados do

paciente); e

diminuição do envolvimento pessoal no trabalho (sentimento de

diminuição de competência e de sucesso no trabalho).

Os fatores no trabalho predisponentes para a síndrome mais

importantes são: papel conflitante, perda de controle ou autonomia e ausência de

suporte social.

A prevenção das patologias citadas consiste na vigilância dos

ambientes e condições de trabalho e vigilância dos efeitos ou danos à saúde. Requer

uma ação integrada, articulada entre os setores assistenciais e da vigilância e por uma

equipe multiprofissional.

As medidas de controle ambiental visam a eliminação ou redução dos

fatores de risco responsáveis pela gênese da doença, presentes no trabalho, através de:

• enclausuramento de processos e isolamento de setores de

trabalho, se possível, utilizando sistemas hermeticamente

fechados, no caso de exposição a substâncias químicas e

ao ruído, por exemplo;

• normas de higiene e segurança rigorosas, incluindo

sistemas de ventilação exaustora adequados e eficientes,

mecanização de processos de modo a aliviar a carga física

de trabalho, monitoramento sistemático das concentrações

de agentes agressores no ar ambiente;

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• adoção de formas de organização do trabalho que

permitam diversificar as tarefas, diminuir o isolamento dos

trabalhadores, diminuir as exigências cognitivas,

decorrentes das pressões por produtividade, controle

excessivo, entre outras;

• medidas de limpeza geral dos ambientes de trabalho, de

conforto e higiene pessoal para os trabalhadores, recursos

para banhos, lavagem das mãos, braços, rosto, troca de

vestuário;

• fornecimento, pela empresa, de equipamentos de proteção

individual adequados, de modo complementar às medidas

de proteção coletiva.

As intervenção necessárias às melhoria das condições de trabalho

baseiam-se na análise ergonômica do trabalho real ou da atividade, buscando

conhecer, entre outros fatores:

• conteúdo das tarefas, dos modos operatórios e dos postos

de trabalho;

• ritmo e intensidade do trabalho;

• fatores mecânicos e condições físicas dos postos de

trabalho; das normas de produção;

• sistemas de turnos;

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• sistemas de premiação e incentivos;

• fatores psicossociais, individuais;

• relações de trabalho, entre colegas e chefias;

• medidas de proteção coletiva e individual

implementadas pelas empresas; e

• as estratégias individuais e coletivas, adotadas pelos

trabalhadores.

A participação dos trabalhadores e a sensibilização dos níveis

gerenciais são essenciais para a implementação das medidas corretivas e de promoção

da saúde que envolvem modificações na organização do trabalho que corrijam as

causas do “excesso” de trabalho (excesso de trabalho, ritmo excessivo, falta de pausas

etc.) e viabilizem a reabilitação psicossocial e/ou profissional do trabalhador, quando

necessário.

Depois de termos demonstrado estas patologias e suas relações com

o trabalho cabe-nos pensar como esta sendo a atuação do psicólogo dentro da relação

saúde e doença no âmbito do trabalho.

Dentre as atuações do psicólogo nas organizações devemos pensar

se estamos agindo corretamente na área de promoção de saúde dos trabalhadores ou

se simplesmente estamos dando continuidade a Psicologia Industrial que atuava na

adequação e controle de seus operários.

Dentre as propostas que vêem surgindo na área de promoção de

saúde do trabalhador podemos citar o projeto de Qualidade de Vida Total – QVT, que

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incluem academias nas empresas, maiores benefícios, passeios de integração, entre

outros, porem os tudo isto tende a levar a manipulação e o ajustamento do

profissional a empresa e não passa de uma forma de maquiagem do modelo taylorista

de regulação.

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CONCLUSÃO

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