psicologia jurídica e sua prática profissional
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Psicologia Jurídica e sua prática profissional.TRANSCRIPT
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Introdução
A LEP – Lei de Execução Penal (Lei n° 10.792/2003) abriu as portas para atuação do
psicólogo no sistema penitenciário. Mas foi em 1868, que a psicologia teve seu marco no cenário
jurídico. Proper Despine, médico francês, abordou estudos de casos de criminosos de alta
periculosidade em seu livro Psychologie Naturelle. Alguns anos depois, outro autor chamado Kurella,
publicou estudos sobre a Psicologia Criminal, no qual menciona o parasitismo, tendência a mentir,
ausência de sentimento de honra, falta de piedade, crueldade, presunção e intensa ânsia de prazeres
como traços característicos de um delinquente.
A definição dos limites, meios e métodos da psicologia jurídica aplicada ao melhor exercício
do direito, estão relacionadas a problemas como a psicologia do testemunho; a obtenção da ciência
do delito; a compreensão do delito; a informação forense; a reforma moral dos delinquentes e a
higiene mental. O psicólogo, por sua vez, deve respeitar os princípios éticos que sustentam o
compromisso social da sua profissão e atuar de maneira responsável, levando em consideração as
circunstâncias externas que determinaram o indivíduo e seu estado mental no momento da execução
do delito.
É competência do Psicólogo Jurídico, em uma de suas apresentações práticas, seja
Psicologia Criminal, Psicologia Forense ou Psicologia Judiciária, auxiliar as determinações judiciais
em questões como violência sexual e doméstica contra a criança, adoção de crianças, disputa de
guarda dos filhos, devolução de crianças adotadas entre outras situações. E entende que o
adoecimento da população é um problema social e parte da premissa de que o principal papel do
psicólogo jurídico é lutar pela humanização dos excluídos da sociedade. Na Penitenciária Estadual de
Segurança Máxima de Foz do Iguaçu, uma equipe multidisciplinar executam ações planejadas que
visam oferecer aos presos assistência psicológica, médica, odontológica e acesso à educação em
unidades de extensão, garantindo seus direitos de cidadão.
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Fundamentação Teórica
1.1 Objetivo
Casar o conhecimento teórico de uma área específica da Psicologia com a sua prática
profissional, e assim, compreender a essência de seu papel.
1.2 Justificativa
O presente trabalho pretende criar uma linha de diálogo entre a teoria da Psicologia Jurídica,
considerando a sua gênese e uma breve evolução histórica, e a prática do Psicólogo Jurídico nas
ramificações desta área.
As informações levantadas são de grande valia para um conhecimento prévio da Psicologia
Jurídica como ramificação da Psicologia. O material teórico utilizado como referência para a criação
deste trabalho foi organizado de maneira que dar conta do diálogo proposto, tornando a leitura
dinâmica e de fácil compreensão.
Foi convencionado, também, fazer pesquisa de campo para confrontar a teoria e a prática, e
consequentemente, criar uma terceira dimensão de observação deste cenário. Os profissionais
entrevistados foram indicados pelo Conselho Regional de Psicologia da 10ª Região, assegurando a
competência e qualidade do papel desempenhado.
E por fim, reforçar a inclinação pela Psicologia Jurídica. Um campo em ampla ascensão e
carente de profissionais, mas que aos poucos vai demonstrando a sua extrema necessidade para a
sociedade.
1.3 Considerações gerais
No Brasil, a atuação do psicólogo no sistema prisional foi regulamentada pelo Conselho
Federal de Psicologia em julho de 2010, mas foi a LEP – Lei de Execução Penal (Lei n° 10.792/2003)
que abriu as portas para atuação do psicólogo no judiciário. O art. 3º do Princípio da legalidade reza
que “ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença
ou pela lei”, neste momento, faz-se deste profissional um dos maiores responsáveis pela manutenção
das condições harmônicas de integração social do condenado e do internado. O psicólogo, por sua
vez, deve respeitar os princípios éticos que sustentam o compromisso social da psicologia, e assim
atuar de maneira responsável e com qualidade.
A Psicologia Jurídica envolve as práticas da Psicologia Criminal, Psicologia Forense e
Psicologia Judiciária, que estão relacionadas ao conhecimento do direito. Neste ramo da Psicologia,
questões como violência sexual e doméstica contra a criança, adoção de crianças, disputa de guarda
dos filhos, devolução de crianças adotadas entre outras situações, são exemplos de casos em que o
conhecimento do psicólogo jurídico, a serviço do judiciário, auxilia nas determinações do juiz de
direito. A Psicologia Criminal, de acordo com Bruno (1967), estuda as condições psíquicas do
criminoso e o modo pelo qual nele se origina e se processa a ação criminosa. A Psicologia Forense
se ocupa em prestar assistência técnica a um processo em andamento e a Psicologia Judiciária é a
prática da perícia a serviço da justiça. Todas as ramificações da Psicologia Jurídica estão inter-
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relacionadas, a psicologia criminal é um subconjunto da psicologia forense, que por sua vez, faz parte
dos procedimentos forenses assim como a psicologia judiciária.
Em 1868, Proper Despine, médico francês, publica Psychologie Naturelle, livro que aborda
estudos de casos de criminosos de alta periculosidade daquela época. Para Bonger (1943), este é o
marco da psicologia no cenário jurídico, pois Despine estuda as motivações que levaram ao crime.
Atualmente a psicologia jurídica pretende aplicar de forma científica as suas teorias e técnicas no
campo do direito com a finalidade de ampliar, legalmente, cada processo em particular. Neste
sentido, nota-se a evolução da finalidade na investigação dos fatos, quando na França, século XIX, a
“psicologia” começara a ocupar o seu lugar na relação entre criminalidade e justiça. Naquele
momento, o objeto de investigação eram crimes sem motivo aparente, e encontrar esta correlação
era de incumbência dos médicos e não de psicólogos.
Bonger (1943) realizou uma pesquisa bibliográfica sobre a história da psicologia criminal ou
psicologia jurídica, nesta, encontram-se autores de diversos países, como Lombroso, na Itália, em
1876; Marro, na Itália, em 1887; Kurella, Baer e Gross, na Alemanha, em 1893; Aschaffenburg, na
Alemanha, em 1904 e Laurent, na França, em 1908. Lombroso, psiquiatra, pai da criminologia e
criador da antropologia criminal (ciência que estuda a relação entre as características físicas do
indivíduo e a criminalidade), também se ocupou da Psicologia do delinquente. Kurella (1893), biógrafo
de Lombroso, publicou estudos sobre a Psicologia Criminal, no qual menciona os traços
característicos de um delinquente: parasitismo, tendência a mentir, falta de sentimento de honra, falta
de piedade, crueldade, presunção e veemente ânsia de prazeres.
Os principais direcionamentos observados no campo da psicologia em relação a sua
aplicabilidade ao direito estão fundamentados em metodologias correspondentes a outros critérios e
finalidades da psicologia como ciência. De acordo com Emilio Mira e Lopez (1980), a definição dos
limites, meios e métodos da psicologia jurídica aplicada ao melhor exercício do direito, estão
relacionadas a determinados problemas como a psicologia do testemunho; a obtenção da ciência do
delito, que se dará por meio da confissão com provas; a compreensão do delito através da motivação
psicológica; a informação forense; a reforma moral dos delinquentes, com o intuito de prevenir
possíveis ações futuras e a higiene mental, com a finalidade de evitar que o indivíduo entre em
conflito com os fatores sociais. Para o autor, os meios e métodos utilizados pela psicologia jurídica
para os estudos dos problemas são os mesmos da psicologia moderna.
Despine (1868) observou que a grande maioria dos delinquentes não apresentavam
enfermidades física nem mental, suas ações eram determinadas por tendências como aversão ao
trabalho e o ódio, concluindo que o comportamento moral não afeta a capacidade intelectual. Na
tentativa de “esclarecer” o crime, bem como compreender e interpretar as causas da criminalidade, os
mecanismos do crime e os móveis do ato criminal, a criminologia conclui que tudo se resume a um
problema de conduta, que é a expressão imediata e direta da personalidade. Assim, antes do crime, é
o criminoso o ponto fundamental da criminologia contemporânea (MACEDO, 1977, P. 16).
A Psicologia Diferencial ou Psicologia da Personalidade, de Stern (1911), pressupõe a
impossibilidade de fragmentar analiticamente vida psíquica. Ele sustenta que o feito psíquico é por si
uma integração que não se pode decompor, nem com fins didáticos, sem perder suas características
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essenciais. As funções psíquicas são atividades da pessoa para adaptar-se as distintas emergências
em virtude do que Stern denomina “atitudes de reação” (Einstellungen). Le Dantec (1913) diz que a
vida e uma série momentos funcionais de um órgão único, variável a cada instante. Essa concepção
traz que não é possível julgar nenhum ato humano sem conhecer as circunstâncias externas que o
determinaram e o estado de quem o executou naquele momento, e o mais importante, sem saber
qual é o tipo de personalidade da pessoa.
Para compreender o Sistema Penal Brasileiro, Batista (2010) diz que houve um momento em
que grandes intelectuais latino-americanos eram juristas; depois o estudo do direito foi proibido de
pensar história, proibido de pensar filosofia, proibido de conhecer um pouco a realidade de seu país.
Ficou ali dentro daquela normatividade. Eugenio Zaffaroni representa aquela tradição e diz, no livro
Em busca das penas perdidas, que a América Latina sempre foi como uma gigantesca instituição de
sequestro. A “pena” a que se refere o autor, pouco tem a ver a compaixão por alguém, é a sensação
de castigo e punição para consigo mesmo, digna de uma nação fadada ao fracasso. Afinal, qual a
função do cárcere? Punir pessoas? Transformar o criminoso em não criminoso? Neste ambiente
hostil o psicólogo tenta resgatar os valores morais do interno, não só do delinquente, mas também do
agente prisional, do policial e demais profissionais com a finalidade de conter comportamentos
inadequados e preservar o vínculo afetivo.
Não se concebe, no processo penal, que se omitam os conhecimentos científicos da
Psicologia, no sentido de se obter maior perfeição no julgamento de cada caso em particular
(DOURADO, 1965, P. 7). Seguindo o mesmo raciocínio, Segre (1996, p.27) destaca que “o que deve
prevalecer no estudo criminológico é a tentativa de esclarecimento do ato humano antissocial,
visando à sua prevenção e, tanto quanto possível, a evitar a sua reiteração (terapêutica criminal)”.
Contudo, a Resolução nº. 009/2010 do Conselho Federal de Psicologia veta aos psicólogos realizar
exame criminológico, alegando não contribuir para o desenvolvimento e acompanhamento do preso.
Considerando também o tempo, as condições e a forma como são realizados, caracterizando-se
completamente inadequados.
Em Governador Valadares – MG, o Programa de Reintegração Social do Egresso do Sistema
Prisional foi desenvolvido por uma equipe multidisciplinar e negociado com o Juiz de Direito da
localidade. O Programa iniciado em 2006 é destinado aos usuários, geralmente envolvidos com o
tráfico de drogas, encaminhados pela Vara de Execução Criminal e da Justiça Federal, para
cumprimento do restante do total da pena. Um de seus objetivos é promover a reintegração social do
egresso, mediante políticas públicas e sociais que possam garantir e ampliar os direitos que estão
dispostos na LEP. No início, eram realizados atendimento biopsicossocial e monitoramento do
cumprimento da pena, com o resultado indiferente, o formato do programa foi alterado, e os egressos
passaram a participar de cursos profissionalizantes oferecidos pelo núcleo. Além deste programa,
outras atividades compõem as práticas do PrEsp, como visitas domiciliares, atendimento ao pré-
egresso e encaminhamento para a rede de proteção social. Apesar de não terem dados estatísticos,
o núcleo considera ter gerado bons resultados.
Na busca por condições mais humanas nos presídios, alguns chegam a questionar o fim das
prisões. Seria possível um país sem presídios? A partir deste questionamento outro fator pode
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reforçar essa teoria, a luta antimanicomial. A atenção, o cuidado e a inserção da loucura na
sociedade quebrou a lógica de uma instituição fechada e irrevogável. Diante a este sistema, o
psicólogo tem por dever reconhecer o preso como cidadão de direitos e não somente como objeto de
análise. Atualmente, o cenário da psicologia jurídica no Brasil é como um campo fértil a espera de
manutenção e reafirmação do território. O psicólogo jurídico não pode delimitar sua atuação à
elaboração de exames criminológicos, muito pelo contrário, essa ferramenta não compõe a “caixa de
medidas” para a reforma do sistema prisional.
Mirabete (2000) ressalta que “o modelo ressocializador propugna pela neutralização, na
medida do possível, os efeitos nocivos e inerentes ao castigo; sugere uma interação positiva do
condenado, habilitando-o a integrar a sociedade de forma positiva”. (...) “este processo inicia-se com
a aproximação do indivíduo às exigências e às regras sociais, observando as transformações
qualitativas que vai além da conformidade formal dos valores sociais, ou seja, desenvolvendo uma
autêntica convicção moral de acatamento interno”. O autor considera o fator determinante à
delinquência, a exclusão social. Estas pessoas encontraram o “acolhimento” necessário somente
entre outros excluídos, grupos com o mesmo histórico de déficit de educação e amparo familiar,
sujeitos vulneráveis à criminalidade.
Seria então a prisão um ambiente propício para a ressocialização deste cidadão? Esta
instituição falida, ambiente de segregação, atende as mínimas condições de direitos do cidadão para
a sua reclusão? A estrutura do sistema penal reflete a desorganização social brasileira. O poder
concentrado na cúpula como via de mão única dificulta a participação social na luta por soluções, e o
reflexo disso são manifestações desordenadas que, geralmente, estão associadas a atos de
violência. A alteração do comportamento, iminentemente ligado ao tráfico e ao consumo de drogas,
caracteriza uma sociedade adoecida, onde a velocidade das ações delitivas demonstra a ineficiência
de medidas paliativas, mais conhecidas como “presídio”.
Na Penitenciária Estadual de Segurança Máxima de Foz do Iguaçu, uma equipe
multidisciplinar composta por psicólogos, médicos, advogados, assistentes sociais, dentista,
advogados e enfermeiras, executam ações planejadas que visam oferecer aos presos assistência
psicológica, médica, odontológica e acesso à educação em unidades de extensão, garantindo seus
direitos de cidadão. Na ocasião, faz parte da missão do psicólogo respeitar as diferenças e promover
a liberdade, sem naturalizar um crime, sem julgar e tampouco punir. Mas estabelecer o seu papel
neste sistema é uma tarefa difícil, pois o próprio sistema já puniu. Como poderia o psicólogo atuar,
respeitando o seu código de ética sem reproduzir este estado penal? É necessário, compreender,
primeiramente, que o resgate da cidadania é papel do psicólogo jurídico, e para isso, qualquer
atravessamento social cujo comportamento seja rotulado, deve ser neutralizado, objetivando uma
prática responsável e de qualidade.
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Percurso Metodológico
1.1 Tipos de pesquisa
A pesquisa descritiva tem por objetivo descrever as características de uma população, de um
fenômeno ou de uma experiência. Esse tipo de pesquisa estabelece relação entre as variáveis no
objeto de estudo analisado. Variáveis relacionadas à classificação, medida e/ou quantidade que
podem se alterar mediante o processo realizado.
As pesquisas descritivas também se caracterizam frequentemente como estudos que
procuram determinar status, opiniões ou projeções futuras nas respostas obtidas. A sua valorização
está baseada na premissa que os problemas podem ser resolvidos e as práticas podem ser
melhoradas através de descrição e análise de observações objetivas e diretas. As técnicas utilizadas
para a obtenção de informações são bastante diversas, como os questionários, as entrevistas
pessoais ou discussões em grupos, relacionando e confirmando as hipóteses levantadas na definição
do problema de pesquisa, e as observações.
Sexo Tempo de
formado
Universidade Outros
cursos
super.
Pós-grad. Tempo de
atuação
na área
P1
J . O
M
16 anos
UFPA
Educação
Física
Treinamento
desportivo
e
Psicologia
Jurídica
7 anos
P2
E . T
M
12 anos
UNIP e
UNAMA
Tecnólogo
de Recursos
Humanos
Saúde
Pública e
Gestão
Penitenciária
6 anos
1.2 Local:
P1: E.E.E.F.M Eneida de Moraes - Rua coletora leste - Águas Lindas, Ananindeua.
P2: Na 3ª Seccional Urbana da Cidade Nova (Conjunto Cidade Nova VII, travessa WE-79, n° 608.
Bairro: Coqueiro. Ananindeua-PA. CEP: 67.140-200
1.3 Procedimentos
Depois de sorteado a área em que iríamos ter que desenvolver o nosso trabalho, decidimos
que profissionais iríamos procurar, entramos em contato por telefone com os profissionais para
marcarmos as entrevistas e estes se mostraram interessados em contribuir com nosso trabalho,
Depois desse primeiro contato com os profissionais, marcamos o melhor dia que o Profissional
poderia nos disponibilizar chegando ao local marcado. As entrevistas foram realizadas nos locais em
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que os próprios entrevistados marcaram, nos apresentamos e entregamos o TCLE que foi lido e
assinado pelo entrevistado. A mesma teve duração de aproximadamente 2:30h., foram extremamente
receptivos e responderam a todas as nossas duvidas.
1.4 Resultados e Discussão
A atual concepção de Estado baseia-se na compreensão de que toda a estrutura estatal deve
voltar-se para a promoção e proteção dos direitos humanos, no que se refere às políticas penais, a
Constituição e o desenvolvimento de Estados Democráticos de Direito tem sido demarcados pela
preponderância da lógica penalista e de um Direito Penal autoritário. Mas faz-se destacar que alguns
avanços foram alcançados no tocante à política penal e de segurança pública, motivados,
principalmente, pela mobilização de setores organizados. Diante do necessário enfrentamento das
possibilidades éticas e técnicas de atuação no sistema prisional.
Como a nova lei de execução penal (LEP), O objetivo deste a respeito da atuação do
psicólogo no sistema prisional, os quais foram construídos coletivamente pela categoria em diversos
momentos na relação com o sistema do conselhos, com entidades da psicologia, poder público e
sociedade civil, delineando os aspectos ético-técnicos desta atuação. Os psicólogos conseguiram ter
uma área de abrangência maior para atuar como psicólogo jurídico como exemplo temos as casas de
sistema penitenciário. CRAS (Centro de Referência de Assistência Social). CREAS (Centro de
Referência Especializado de Assistência Social). ECREC (Centro de Referência Especializado de
Assistência Social). Instituto de Recuperação de Drogas. Hospital de Custodia. Tribunais Judiciários.
No sistema prisional destaque para o tratamento de egressos. Tribunais de varas de família. Essas
foram novas áreas de possibilidade de trabalho.
E como formação acadêmica alguns aspectos importantes são as especializações nessa área
a formação acadêmica vinculada à área de direito, conhecimento no código de processo penal e na
própria lei de execução penal. Entre outros.
Uma profissão regulamentada tem compromissos com a realidade social e com o modo como essa
profissão é ofertada à população, ela não é apenas um bem de consumo, um serviço oferecido ou
uma atividade de trabalho, ela é um bem social. Nesse sentido, a LEP cria dois mecanismos distintos
para atuação do psicólogo no sistema penal, em situações igualmente distintas:
a) exame diagnóstico, com objetivo de elaboração do projeto individualizador e
b) exame prognóstico, voltado à instrução dos incidentes do processo de execução penal. A
prática psicológica como prevista na LEP vincula-se a elaboração dos exames, além do programa
individualizador e do acompanhamento individualizado da pena.
Infelizmente a maioria das casas penais não possui estrutura física correta e com isso
ocorrem inadequadas áreas de atendimento, muitas vezes locais carentes, distantes, em algumas
ocasiões tendo que atender aos internos em celas ou nos parlatórios da independência. Porém o que
não pode ser esquecido é que existe o sigilo profissional de acordo com o Código de Ética
Profissional do Psicólogo e quando uma conversa é feita em locais inapropriados está ocorrendo uma
falha. A falta de um bom relacionamento entre o profissional e o paciente ou entre os próprios
profissionais (médicos, enfermeiros, serviço social, pedagogos, terapeutas ocupacional) que
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trabalham junto no sistema de triagem que é interdisciplinar. Em relação aos advogados e juízes é
total falta de convivência em suas cobranças em relação ao preso. As péssimas condições de
trabalho. Falta de material, baixa demanda de profissionais, foco na prisão e não no ser humano. Em
relação à atuação psicológica no exame diagnóstico, há que se aprofundar sobre as limitações e
impossibilidades éticas e técnicas de elaborar avaliação psicológica a partir dos pressupostos do
denominado exame criminológico. A própria LEP, ao explicar o exame criminológico, confunde as
finalidades para quais pode ser utilizado, tais como exame diagnóstico ou prognóstico. Conforme a
Exposição de Motivos da LEP (nº 213, de 9 de maio de 1983), o exame criminológico trata-se de
“uma investigação médica, psicológica e social” que “parte do binômio delitodelinquente,numa
interação de causa e efeito (...) sob as perpectivas da causalidade e da prevenção do delito”. Ainda,
na Exposição de Motivos da LEP, temos que o exame criminológico: “se orientará no sentido de
conhecer a inteligência, a vida afetiva e os princípios morais do preso, para determinar a sua inserção
no grupo com o qual conviverá no curso da execução da pena” (nº 31). Nota-se, portanto, a
ambiguidade no texto da LEP em relação às finalidades e aos momentos da Execução da Pena em
que se realizará o exame criminológico.
Porém essas avaliações são importantíssimas em relação ao acompanhamento profissional e
à atuação na Assistência Psicológica aos presos para a contribuição do psicólogo jurídico com o seu
trabalho e ajudar os internos a manter uma relação de afetivas com os familiares e sua integridade
durante o seu momento de internação e as próprias relações que os demais internos e com os
funcionários das casas penais. A busca pela humanização, As práticas em saúde deverão nortear-se
pelo principio da humanização, aqui compreendida como atitudes e comportamentos do profissional
de saúde que contribuam para reforçar o caráter da atenção à saúde como direito; o atendimento à
saúde da população penitenciária deverá nortear-se pelo respeito a todas as diferenças sem
discriminação de qualquer espécie e sem imposição de valores e crenças pessoais por parte dos
profissionais de saúde, esse enfoque inclusivo deverá ser incorporado aos processos de
sensibilização e capacitação para humanização das praticas em saúde. uma reforma do aparelho
judiciário. O preso deseja ser ouvido. A atenção integral à saúde da população privada de liberdade
refere-se ao conjunto de ações de promoção, proteção, assistência e recuperação da saúde
executadas nos diferentes níveis de atenção à saúde (da básica à alta complexidade)
O atendimento pode ocorre individualmente ou coletivo e existem varias formas de atuação
uma delas é: Quando o paciente chega à casa penal ele passa por uma COT (Centro de Observação
e Triagem) que é realizado por uma equipe composto por profissionais especializados, eles ficam de
cinco a dez dias em uma sela para poder ser avaliado e com isso ser ajudado, para poder ser
encaminhado em algum trabalho no interior da própria casa penal, e apurado se ele tem algum
interesse em voltar a estudar, se ele possui algum relacionamento, se mantém algum vinculo de
afetividade com a família. Existe também o atendimento exclusivo que é entre o psicólogo e apenas
um paciente depois de apuradas algumas informações os pacientes são encaixados em determinado
grupo de pessoas que possuem as mesmas necessidades, e assim e mantido um acompanhamento
enquanto eles acharem necessidade durante a estadia deles na casa penal.
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O atendimento psicológico não é obrigatório, em algumas situações ocorre do profissional
fazer uma visita domiciliar a família do prisioneiro, isso ocorre com a intenção de ressociali-lo
Por ser uma área muito nova ainda, falta ainda se afirmar com ciência, ainda é ligada muito
ao direito como se fosse uma maleta do judiciário. O fato de não ser obrigado o profissional a ter uma
especialização na área. Existe um adoecimento muito grande com os profissionais que passam por
trauma muito grande exemplo: uma rebelião. Falta de profissionais na área.
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Considerações Finais
Os conceitos de Direito, Dever, Lei e Justiça que regem toda a atuação jurídica, é uma
interposição do Estado entre o indivíduo e a coletividade. Esta organização funcional assume a
missão de controlar as ações e reações sem considerar o fator dialético, submetendo a sociedade a
um código de conduta moral e punição para quem o infringir. A dinâmica em que as atitudes morais
se condensam e se cristalizam são impulsionadas por um jogo de reações emocionais primarias e
pressão do ambiente social, o suficiente para se compreender que a vida psíquica interpessoal
depende dessa dialética.
De acordo com esta perspectiva, o Psicólogo Jurídico deve participar ativamente no processo
de humanização dos internos no sistema prisional. É de fundamental importância, para o psicólogo
jurídico, observar o comportamento dos internos com o intuito de diagnosticar as “falhas” no
relacionamento. Cabe ao psicólogo, também, mediar a relação entre o preso e sua família com a
finalidade de preservar ou resgatar e manter os laços afetivos, para que este sinta-se parte integrante
da sociedade.
É dever do Psicólogo buscar se qualificar para melhor atender as necessidades de seus
clientes. Segundo França (2004), há uma grande concentração de psicólogos atuando no sistema
penitenciário brasileiro. Entretanto, outras áreas da Psicologia Jurídica carecem de psicólogos. É o
caso da Psicologia Militar e Psicologia do Testemunho. Isso ocorre devido a baixa qualificação para
desempenhar um papel de alta importância e responsabilidade.
Contudo, alguns territórios tem desempenhado um importante papel na busca de melhores
condições de atuação e desenvolvimento do trabalho. Pode-se destacar que o sucesso de suas
ações é consequência de uma parceria sólida e consistente entre Conselho Regional de Psicologia,
Sistema Judiciário Estadual e Técnicos de outras áreas do saber como médicos, assistentes sociais,
enfermeiros e odontologistas.
É indispensável ressaltar que a pesquisa de campo sustenta a tese da valia da qualificação
específica para a influência do psicólogo no sistema judiciário, uma vez que, não é exigido do mesmo
que tenha especialização para desempenhar sua função. Porém, para que o psicólogo possa ser
ouvido e integrar o corpo criador de programas e projetos direcionados aos internos, este deve ter
conhecimento teórico e técnico específicos da área.
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Referências Bibliográficas
Caderno de Psicologia Jurídica. Coletânea ConexãoPsi – Série Técnica (ISSN 1981-6138) LOPEZ, Emilio Mira. Manual de Psicologia Jurídica. 6ª, ed. BERNAL, Anastasio Ovejero. Fundamentos de Psicologia Jurídica e Investigación Criminal. 1ª, ed. 2008 ALTOÉ, Sônia. Atualidade da Psicologia Jurídica (Instituto de Psicologia da UERJ). Disponível em: http://www.estig.ipbeja.pt/~ac_direito/psicologia_juridica.pdf LEAL, Liene Martha. Psicologia Jurídica: história, ramificações e áreas de atuação. Diversa [ano I – nº 2] PP. 171-185, jul/dez. 2008. Disponível em: http://www.ufpi.br/subsiteFiles/parnaiba/arquivos/files/rd-ed2ano1_artigo11_Liene_Leal.PDF Defensoria Pública. Justiça é um direito de todos. Disponivel em: http://www.defensoria.ba.gov.br/portal/index.php?site=1 Acesso em: 20 Mai. 2012 MDS.gov.br. Centro de Referência de Assistência Social. Disponivem em: http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/protecaobasica/cras Acesso em: 22 de Mai. 2012
DESAFIOS PARA A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO SISTEMA PRISIONAL. Disponível em: http://sistemaprisional.pol.org.br/wp-content/uploads/2010/10/texto_base.pdf Aceso em: 25 Mai. 2012 Conselho Federal de Psicologia. Atuação do psicólogo no sistema prisional / Conselho Federal de Psicologia. Brasília: CFP, 2010. 154 p. Série técnica: caderno de psicologia jurídica / Lidiane Doetzer Roehrig ... [et al.]. – Curitiba : Unificado, 2007. 91p. BONGER, W. A. Introduccion a la Criminologia. México: Fondo de Cultura Económica, 1943. DE OLIVEIRA, A.B. Direito Penal. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1967. DOURADO, L. A. Raízes Neuróticas do Crime. Rio de Janeiro: Zahar, 1965. FRANÇA, Fátima. Reflexões sobre Psicologia Jurídica e seu panorama no Brasil. Psicologia: Teoria e Prática, São Paulo, vol. 6, no. 1, p. 73-80, 2004. MACEDO, G. de. Criminologia. 2. ed. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 1977. MIRA Y LOPEZ, E. Manual de Psicologia Jurídica. 6. ed. Buenos Aires: El Ateneu, 1980 SEGRE, M. Introdução à Criminologia. In: COHEN, C. et al. Saúde mental, Crime e Justiça. São Paulo: EDUSP, 1996. p. 25-32. ALTOÉ, S. Atualidade da Psicologia Jurídica. Revista de Pesquisadores da Psicologia no Brasil (UFRJ, UFMG, UFJF, UFF, UERJ, UNIRIO). Juiz de Fora. Ano 1, Nº 2, julho-dezembro 2001. Conselho Federal de Psicologia - XIV Plenário. PRATICAS EM PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS: O Programa de Reintegração Social do Egresso do Sistema Prisional em Governador Valadares – Minas Gerais. Brasília, 2009. Conselho Federal de Psicologia - XIV Plenário. PRATICAS EM PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS: O TRABALHO DO/A PSICÓLOGO/A NO SISTEMA PRISIONAL: O RESGATE DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NO PROCESSO DE REINTEGRAÇÃO SOCIAL TAMBÉM POR MEIO DE GRUPOS. Brasília, 2010
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Apêndices Dados Pessoais
Nome: J. R. O
Sexo: Masculino
Dados Profissionais
Tempo de formado: 16 anos
Universidade: UFPA (Universidade Federal do Para)
Outros cursos superiores:Educação Física
Pós-graduação (especialização, mestrado e doutorado):Educação física / Treinamento desportivo.
Psicologia – Psicologia Jurídica
Tempo de atuação na área: 7 anos
Questões Específicas
1) A seu ver, que novas possibilidades de trabalho (atividades emergentes) a psicologia Jurídica nos
apresenta na atualidade?
Nova configuração da LEP – abrange um leque
- Sistema penitenciário
- CRAS
- CREAS
- CREC
- Instituição de recuperação
- Hospital de custodias
- Tribunais judiciários
2) Que aspectos você destaca como importante em termos da formação acadêmica para quem
deseja atuar nesta área da Psicologia?
- Conhecimento acadêmico – vinculado ao direito
- Código de processo penal
- LEP – lei de execução penal
- Especialização na área
3) Quais as principais dificuldades encontradas nessa área de atuação?
- Estrutura física
- Aspecto financeiro não compensa
- Falta de um bom relacionamento entre os profissionais (medico, enfermeiro, serviço social,
terapeuta ocupacinal) e os funcionários (agente)
- Falta de dialogo com os advogados e juízes
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4) Que importante contribuição você destaca com relação ao trabalho da Psicologia Jurídica?
- Manutenção do vinculo de afetividade com os familiares
- Comportamento quanto os demais internos e funcionários da casa penal
- Visita Domiciliar, quando se é pedido pelos próprios presos
- Triagem feita pela equipe multidisciplinar
- Assistência aos agentes prisionais
5) Quais os defeitos que você destaca na Psicologia Jurídica?
- É necessário confirmar-se com ciência
- Independia do direito
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Dados Pessoais
Nome: É. S. T.
Sexo: Masculino
Dados Profissionais
Tempo de formado: 12 anos
Universidade: Universidade paulista (UNIP) e Universidade da Amazônia (UNAMA)
Outros cursos superiores: Tecnólogos de Recurso Humanos
Pós-graduação (especialização, mestrado e doutorado): Saúde Publica / Gestão Penitenciária
Tempo de atuação na área: 7 anos
Questões Específicas
1) A seu ver, que novas possibilidades de trabalho (atividades emergentes) a psicologia Jurídica nos
apresenta na atualidade?
Expansão do sistema prisional - Destaque no tratamento de egressos.
Infância e juventude
Tribunais – vara de família
2) Que aspectos você destaca como importante em termos da formação acadêmica para quem
deseja atuar nesta área da Psicologia?
- Conhecimento acadêmico
- Especialização na área
3) Quais as principais dificuldades encontradas nessa área de atuação?
Condições de trabalho
- Inapropriados
- Baixa demanda
- Falta de matérias
- Foco na prisão
- Salas não são planejadas d e acordo com a função
- Subsídios do estado
4) Que importante contribuição você destaca com relação ao trabalho da Psicologia Jurídica?
- Busca pela humanização
- Reforma do aparelho judiciário
5) Quais os defeitos que você destaca na Psicologia Jurídica?
- É necessário confirmar-se com ciência