psicoeducação direcionada à famíliares com transtornos mentais como promoção da saúde

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Trabalho de Conclusão de Curso da aluna Yasmin de Oliveira Chapeton para obtenção do título de especialista em Saúde Mental para Equipes Multiprofissionais sob coordenação do Prof. Hewdy Lobo Ribeiro.

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UNIVERSIDADE PAULISTAYASMIN DE OLIVEIRA CHAPETON

PSICOEDUCAO DIRECIONADA FAMILIARES COM TRANSTORNOS MENTAIS COMO PROMOO DA SADE

SO PAULO2014

YASMIN DE OLIVEIRA CHAPETON

PSICOEDUCAO DIRECIONADA FAMILIARES COM TRANSTORNOS MENTAIS COMO PROMOO DA SADETrabalho de concluso de curso para obteno do ttulo de especialista em Sade Mental para Equipes Multiprofissionais apresentado Universidade Paulista - UNIP.Orientadores: Profa. Ana Carolina S. de OliveiraProf. Hewdy L. Ribeiro

SO PAULO2014

Chapeton, Yasmin de OliveiraDependncia qumica: manejo psicoteraputico no tratamento / Yasmin de Oliveira Chapeton. So Paulo, 2014. 26 f. : il. tabelas + 1CD

Trabalho de concluso de curso (especializao) apresentado ps-graduao lato sensu da Universidade Paulista, So Paulo, 2014. rea de concentrao: Abordagem familiar. Orientao: Prof. Ana Carolina Schmidt Orientao: Prof. Hewdy Lobo 1. Reforma psiquitrica. 2. Interveno familiar. 3. Familiar. I. Universidade Paulista - UNIP. II. Ttulo. III. Chapeton, Yasmin de Oliveira.

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YASMIN DE OLIVEIRA CHAPETON

PSICOEDUCAO DIRECIONADA FAMILIARES COM TRANSTORNOS MENTAIS COMO PROMOO DA SADETrabalho de concluso de curso para obteno do ttulo de especialista em Sade Mental para Equipes Multiprofissionais apresentado Universidade Paulista - UNIP.Orientadores: Profa. Ana Carolina S. de OliveiraProf. Hewdy L. Ribeiro

Aprovado em:BANCA EXAMINADORA_______________________/__/___Prof. Hewdy Lobo Ribeiro Universidade Paulista UNIP_______________________/__/___Profa. Ana Carolina S. OliveiraUniversidade Paulista UNIP

Dedico este estudo todos os profissionais que trabalham com sade mental e aos familiares de pessoas com algum tipo sofrimento mental.

AGRADECIMENTOS

Agradeo aos colegas de turma, professores e profissionais dedicados rea da sade mental que compartilharam seus conhecimentos, dvidas e angustias durante perodo do curso.

RESUMO A ocorrncia de um grave transtorno mental no seio familiar um grande acontecimento. Ao longo da histria da sade mental, e em busca da melhora no quadro psquico do paciente, as formas no cuidado tm sofrido mudanas e essas, obviamente, trazem consequncias a seus familiares e cuidadores. Este trabalho busca contextualizar essas mudanas do cuidado da sade mental desde antes da reforma psiquitrica, iniciada nos anos 70 por Franco Basaglia na Itlia, algumas consequncias desse novo modelo e uma das formas de interveno para lidar com essa questo que a psicoeducao familiar. A tcnica inicialmente utilizada para auxiliar no tratamento de pacientes com Esquizofrenia e hoje utilizada em outros transtornos psiquitricos apresenta resultados positivos. Palavras- chave: Reforma psiquitrica, interveno familiar, psicoeducao familiar.

ABSTRACT

The occurrence of a severe mental disorder within the family is a great event. Throughout the history of mental health, and searching for improvement of the mental condition of the patient, the forms on care have suffered changes, and these, obviously, bring consequences to families and / caretakers. This work seeks to contextualize those changes in mental health care intervention from the psychiatric reform, initiated in the 70s by Franco Basaglia in Italy, some consequences of this new model and one of the forms of intervention dealing with family psychoeducation issue. The technique initially used assisting in treatment of patients with schizophrenia and now used in others psychiatric disorders show positive outcomes. Key words: Psychiatric reform, family intervention, family psychoeducation.

SUMRIO

1.INTRODUO81.1 Histrico do cuidado ao paciente com transtorno mental.82.OBJETIVO113.METODOLOGIA:124.RESULTADOS E DISCUSSO134.1A psicoeducao familiar como ferramenta de cuidado ps reforma psiquitrica.135.CONCLUSES186.RESUMO DA PESQUISA:197.REFERNCIAS21

1. INTRODUO

1.1 Histrico do cuidado ao paciente com transtorno mental.

fato que a ocorrncia de um transtorno mental dentro de ncleo familiar causa impacto, vrias so as formas de que as famlias tm encontrado juntamente com os servios de sade mental para lidarem com tal demanda. Mello (2005) explica que na sociedade pr-capitalista o cuidado era de competncia da famlia, sendo modificado apenas no sculo XVIII, com Phillippe Pinel e o nascimento da psiquiatria, que considerava o isolamento do doente, inclusive de sua famlia, como parte do tratamento. Moreno e Alencastre (2003, p.44) complementam : Philippe Pinel, psiquiatra, considerado o primeiro reformador da assistncia psiquitrica, considerava relevante o transtorno mental ser decorrente de uma leso no crebro (causa fsica da doena mental), porm apontava outras trs causas para a alienao mental, quais sejam: hereditariedade, influncia de uma educao corrompida sobre a perda da razo e desregramento no modo de viver. Essas foram denominadas por Pinel como causas morais e eram fatores predisponentes para o adoecer. O tratamento proposto era o moral que tinha como finalidade substituio do ambiente onde residia o paciente de forma a cur-lo . Nesse momento, o Estado passa a se responsabilizar pelos cuidados com a pessoa com transtornos mentais, permitindo um contato mnimo entre os familiares e o familiar adoecido, acarretando ao rompimento dos vnculos familiares pela hospitalizao prolongada e pelo isolamento do doente (MELLO, 2005), como descrito abaixo por Moreno e Alencastre (2003, p.44):

[...] A famlia s podia visitar os mesmos quando a Instituio permitia e, normalmente, isso ocorria um ms aps a internao ou quando j se encontravam melhor. A alegao era de que havia piora da sintomatologia quando o paciente entrava em contato com seu ncleo familiar e que eles, muitas vezes, no entendiam como o tratamento funcionava. Essa mesma norma valia para as correspondncias, que deveriam ser avaliadas pelos profissionais, para no propiciarem reaes negativas no doente; eram vetadas as cartas de pacientes que denunciavam as condies precrias de assistncia. Tais prticas como descreve Randemark et al. (2004) passaram a ser repensadas a partir da dcada de 1970, quando Franco Basaglia, liderou o movimento pela Psiquiatria Democrtica, que intentava revolucionar concepes e teraputicas mdicas vigentes mediante anlise crtica da cultura manicomial e do saber psiquitrico, culminando na criao da Lei italiana n 180/781. Marco histrico na sade, este dispositivo legal proibia a internao e tratamento dos doentes mentais em hospital psiquitrico, previa sua desativao gradativa e substituio por servios comunitrios.Assim, segundo Mello (2005, p. 392): A poltica de sade mental contempornea brasileira baseia-se, principalmente, nos referenciais basaglianos, que indicam o retorno e a permanncia da pessoa com transtorno mental no seu meio social, englobando a famlia, o trabalho e a comunidade. A incluso da famlia transforma-se ento, em condio sine qua non para a efetivao das atuais propostas da Reforma Psiquitrica .Randemark et al. (2004) data que o Movimento Brasileiro de Reforma Psiquitrica no Brasil se deu na dcada de 1970, desenvolvendo- se efetivamente nos anos de 1980. Nesse momento, segundo Mello (2005) as funes, assumidas pelo Estado, so devolvidas famlia, e atribu a essa, o papel de participante do processo de reabilitao do seu familiar adoecido mentalmente conforme Cavalheri (2010, p.1). Entra em cena o processo de desinstitucionalizao nomeada por Gonalves e Sena (2001, p.50) como uma progressiva devoluo comunidade da responsabilidade em relao aos seus doentes e aos seus conflitos, o foco do tratamento passa ser a reabilitao e a reintegrao psicossocial da pessoa mentalmente adoecida, dessa forma conforme Cavalheri (2010, p.1) o cerne do tratamento deixa de ser o processo de cura para ser um novo projeto, o de "inveno de sade" e de "reproduo social do paciente . Essa reproduo social do paciente implica a socializao do sofrimento mental, afirma JORGE et al. (2008) e este, incorporado a uma dimenso social, cultural e poltica, alm da biolgica. Entretanto no se pode desconsiderar que para a famlia o adoecimento psquico de um ente geram impactos emocionais importantes a medida que a convivncia com a pessoa com transtorno mental grave um desafio. Spaniol, Zipple e Lockwood citam in Mello (2005 p.392-393) como exemplos:

a administrao de medicamentos, o comportamento estranho, antissocial ou agressivo, o isolamento social, a deficincia no autocuidado (higiene, aparncia, entre outros) e os comportamentos autodestrutivos e suicidas .

Para auxiliar nesse processo, Cavalheri (2010) destaca o papel dos servios de Sade Mental de acolher e preparar as famlias na ampliao de suas capacidades, utilizando a psicoeducao, como proposta de interveno familiar pois so aes de carter informativo que ampliam recursos emocionais de enfrentamento e de habilidades para intervir em situaes particulares, alm de desconstruir representaes preconceituosas, acerca da doena mental. Sobretudo, por seu carter educativo e no confrontacional oferecendo suporte aos familiares e cuidadores conforme Moreno e Alencastre (2003) Assim o presente trabalho se justifica pela importncia da psicoeducao no cenrio atual da sade mental, e pela pouca produo cientfica brasileira frente a esta temtica.

2. OBJETIVO

O presente estudo teve como objetivo verificar a produo cientfica em lngua portuguesa sobre psicoeducao para familiares de pessoas com transtornos mentais e quais os resultados relatados desta prtica.

3. METODOLOGIA:

Foi realizada reviso bibliogrfica nas bases de dados LILACS, SciELO e busca ampla no Google Acadmico. Os artigos cientficos buscados foram referentes Reforma psiquitrica, as consequncias para as famlias e a psicoeducao familiar.Os filtros utilizados para seleo dos artigos foram textos completos e em lngua portuguesa. Na base de dados Lilacs foram utilizados os descritores Reforma Psiquitrica e Psicoeducao em transtornos mentais. Na base de dados Scientific Electronic Library Online - SciELO, foram utilizados os descritores Psicoeducao para familiares e Reforma psiquitrica, Psicoeducao. No Google Acadmico foi realizada busca ampla sendo utilizados os termos psicoeducao para parentes de pessoas com transtorno mental, excluindo citaes e patentes. Para selecionar os artigos, inicialmente, foram analisados os ttulos e aps essa etapa foram lidos os resumos, sendo um critrio de excluso no falar sobre familiares.

4. RESULTADOS E DISCUSSO4.1 A psicoeducao familiar como ferramenta de cuidado ps reforma psiquitrica.

Nas bases pesquisadas foram encontrados vinte e cinco artigos na base de dados LILACS, sendo utilizados um, sobre psicoeducao familiar. Dez artigos na base de dados SciELO e cinco artigos na busca no Google Acadmico, dois artigos na base de dados BVS Biblioteca Virtual em Sade.Nicoletti et al. (2010), Yacuibian e Neto (2001) descrevem que a psicoeducao familiar, utilizada desde os anos 70 (ps reforma psiquitrica), inicialmente empregada no tratamento dos transtornos mentais esquizofrnicos, como forma de prevenir a recorrncia dos episdios de crise, o sucesso desta forma de interveno fomentou o seu uso em outros transtornos como Transtorno Afetivo Bipolar e Depresso, por exemplo. Desta forma para Yacubian e Neto (2001) o conhecimento sobre as doenas psiquitricas, pode ser difundido de diferentes maneiras: de forma escrita atravs de livros, folhetos informativos, apostilas, bem como, atravs da transmisso oral, esta pode ser feita para um ncleo familiar ou para vrias famlias em sesses em grupo. Neste estudo, os autores citados acima apresentam o workshop psicoeducacional Survival Skills Workshop como um modelo de educao sobre doenas mentais para pacientes e familiares gerado e desenvolvido para a Esquizofrenia por Anderson, et al. (1980 apud YACUBIAN e NETO, 2001).

Os autores acima citados destacam importantes aspectos que devem ser abordados nas intervenes de educao familiar como legitimar a doena psiquitrica, promover a aceitao familiar da doena, reconhecer os limites que a doena impe ao paciente e assim desenvolver expectativas realistas em relao ao doente, reduzir a responsabilidade (culpa) do doente. Yakubian e Neto (2001) propem nas intervenes reduzir as emoes negativas dos membros da famlia sentimentos, diminuir culpa, ansiedade, depresso, raiva e isolamento, mostrar para parentes e pacientes que eles no esto sozinhos, fornecer (fomentar) um esprito colaborador na luta contra a doena, recrutar a cooperao dos membros da famlia com o plano de tratamento, explicar intervenes farmacolgicas e psicolgicas, melhorar as habilidades familiares para monitorar a doena, reconhecer sinais precoces de recada e mudanas em sintomas persistentes, saber como se comportar para impedir recadas procurando a equipe responsvel pelo tratamento, monitorar a aderncia ao tratamento e os efeitos colaterais das medicaes. Lopes e Cachioni (2013) destacam ainda a contribuio da psicoeducao no somente no manejo do cuidado como tambm para: o aumento do bem-estar dos cuidadores, medida que transmitem conhecimentos que podem contribuir para a regulao das emoes. Nicoletti et al. (2010) cita um estudo de Osborne (2002 apud NICOLLETI et al. 2010) onde famlias de pacientes com graves distrbios mentais participantes de grupos psicoeducacionais so entrevistadas e afirmaram um aumento significativo em relao ao conhecimento sobre a doena e sobre seus sentimentos. No que trata da Esquizofrenia, Yacubian e Neto (2001) relatam que j em 1958 estudos britnicos produzidos por Brown, et al. estavam atentos a questo da matricialidade familiar, estudos sugeriram que as caractersticas no ambiente familiar poderiam influenciar as recadas dos pacientes por estarem expostos a altos nveis de afetos negativos. Foi ento desenvolvido por Brown & Rutter (1966 apud Yacubian; Neto (2001) o Camberwell Family Interview (CFI), uma entrevista semiestruturada que determina as condies afetivas da famlia que convive com um paciente psiquitrico. Nele encontramos as expresses emocionais do ambiente familiar negativo gerando o termo de Emoo Expressa (EE). Referente as atitudes em relao ao paciente, como crtica, hostilidade, ou superenvolvimento emocional (auto sacrifcios extremos). Como j citado anteriormente pesquisas tm evidenciado a relao entre EE e recada em pacientes com esquizofrenia, como veremos mais a frente, existem registros desta mesma relao em casos de paciente e familiares com transtorno bipolar o que refora a necessidade da interveno psicoeducacional com este pblico como veremos a seguir. Ainda considerando os ndices de EE, Knapp e Isolan (2005) apresentam objetivos similares aos de Yacubian e Neto (2001), desta vez, nas intervenes com familiares de pacientes com Transtorno Bipolar, onde a modificao nas interaes familiares interferem no tratamento, sendo utilizada a psicoeducao para o pacientes e para os seus familiares sobre o transtorno, o desenvolvimento de habilidades de comunicao e resoluo de problemas. Knapp e Isolan (2005) descrevem um ensaio clnico randomizado desenvolvido por Miklowitz et al. (2000) com 101 pacientes com Transtorno Bipolar e com seus familiares. Neste, os pacientes do grupo experimental foram tratados com 21 sesses de uma hora, realizadas na casa do paciente, durante um perodo de nove meses, e eram avaliados trimestralmente por um ano. Durante o perodo de seguimento de um ano, pacientes que receberam tratamento psicoeducacional focado na famlia apresentaram taxas significativamente mais baixas de recadas e mais tempo livre de sintomas em comparao ao grupo controle que recebeu uma breve psicoeducao e intervenes em crises. Demonstrando a eficcia de intervenes psicoeducacionais focadas na famlia no tratamento de pacientes com transtorno bipolar.Ainda em relao aos transtornos afetivos Yin e Oliveira (2004) registraram a experincia a partir da realizao de um programa de psicoeducao para familiares. Onde foram convidados 12 familiares, oito aceitaram participar, cinco familiares de pacientes portadores de Depresso Unipolar e trs de pacientes bipolares. Desenvolvido em dez sesses semi-estruturadas, coordenadas por uma psicloga com assuntos diferentes como encontrados no quadro 1 (em anexo no item 6). Alm dos relatos dos participantes, colhidos atravs de questionrios dados em relao as ideias iniciais sobre a doena, a possibilidade de dilogo com o paciente acerca da doena e o impacto da doena e efeitos da interveno. Sendo constatado inicialmente, entre os familiares o desconhecimento em relao ao transtorno, em alguns casos um distanciamento fsico e emocional, que geravam atitudes negativas dos familiares em relao aos pacientes mostrando a importncia da psicoeducao. Ao final do programa familiares relataram uma maior tranquilidade interna para lidar com o problema, que desmistificao de ideias errneas e a conscientizao despertaram maior respeito pela doena e o paciente, abrindo maiores possibilidades de dilogo e apoio social para o familiar. Outro aspecto levantado foi a importncia do cuidado com o cuidador de maneira que o seu prprio bem-estar emocional (do cuidador) condio necessria para melhor ajudar o paciente. Em um estudo portugus, Manuel Gonalves-Pereira et al (2006 p.2) que trata das Intervenes familiares na Esquizofrenia onde encontra-se: A abordagem psicoeducativa, no consenso patrocinado pela World Schizophrenia Fellowship (Associao Mundial para Esquizofrenia, em 1998, traduzindo como objetivos fundamentais melhores resultados clnicos e funcionais para a pessoa com esquizofrenia, atravs de abordagens que integrem a colaborao entre os profissionais de sade, famlias e doentes, aliviar o sofrimento da famlia, potencializando a reabilitao da pessoa doente e seu protagonismo, entendem a esquizofrenia tambm de base biolgica que a interveno farmacolgica fundamental porm no isoladamente suficiente, e em que as famlias podem ter um papel muito significativo na recuperao da pessoa doente (Manuel Gonalves-Pereira et al., 2006, p. 2). O estudo ainda apresenta um levantamento da diminuio do nmero de recadas em crises em 12 e 24 meses dos pacientes cujo os familiares participaram dos Grupos de Interveno Familiar em relao aos que receberam o tratamento clssico. Manuel Gonalves-Pereira et al (2006) descrevem os grupos em formatos variados, podendo haver nfase na informao sobre o quadro clnico, teraputica, etiologia, prognstico, servios ou a legislao de sade mental, incluindo em alguns casos abordagens ao treino de comunicao ou resoluo de problemas ou no trabalho das emoes, ventilao de emoes, normalizao ou reformulao positiva de atitudes, modelagem de nveis reduzidos de emoes expressas (EE).Tendo como objetivo diminuir os nveis de sobrecarga da famlia, o autor questiona porm a efetividade da abordagem pela mesma ter o carter informativo ter menor efetividade clnica a partir do raciocnio de que, saber sobre a doena no implica necessariamente possuir as percias para lidar com as dificuldades prticas. Porm conclui que: nem todas as famlias de pessoas com esquizofrenia tero indicao para este tipo de intervenes mas, at que se prove o contrrio, devero ser consideradas candidatas e com direito a delas usufruir. (MANUEL GONALVES-PEREIRA et al, 2006 p.6) Lopes e Cachioni (2013) citam os tipos de intervenes aplicadas com cuidadores de Idosos com Alzheimer como: os grupos de aconselhamento, grupo de apoio, psicoterapia, interveno multicomponente e, interveno psicoeducacional. Os autores referem uma meta-anlise feita por Srensen, Pinquart e Duberstein (2002) com 78 estudos sobre intervenes em cuidadores que compararam com outras modalidades de interveno onde as intervenes psicoeducacionais tiveram efeitos mais consistentes na reduo da sobrecarga e depresso, melhora do bem-estar subjetivo, aumento de habilidades e conhecimentos dos cuidadores e maior gerenciamento dos sintomas dos idosos que recebiam o cuidado. Ainda de acordo com Chien et al. (2011 apud LOPES e CACHIONI 2013), os grupos psicoeducacionais tendem a fornecer informaes teis, tais como habilidades de cuidados, formas de auto ajustamento, conhecimento para lidar com questes legais, facilitando a busca de recursos disponveis que podem reduzir a sobrecarga dos cuidadores mais rapidamente. Esses grupos no apenas fornecem informaes prticas para o atendimento ao paciente, mas tambm focam no estado psicolgico e emocional dos cuidadores, bem como contribuem para o estabelecimento de uma rede social de apoio. Ruiz, Torres, Sanchis e Navarro (1999) desenvolveram um grupo familiar psicoeducativo como parte integrante do tratamento de pacientes com Transtornos Alimentares do ambulatrio do Programa de Atendimento, Ensino e Pesquisa em Transtornos Alimentares da Infncia e Adolescncia PROTAD do Instituto de Psiquiatria, do Hospital das Clnicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo, PROTAD-AMBULIM-HC-IPq-FMUSP. Como resultado, encontraram no relato dos pais e familiares uma melhora no conhecimento sobre a doena e, consequentemente, maior compreenso e atitudes mais positivas em relao ao problema e ao prprio paciente, bem como diminuio da culpabilidade at ento por eles apresentada. A troca de experincias com outros pais no grupo mostra-se bastante significativa, pois, ao constatarem que outros familiares tambm possuem os mesmos problemas e sentimentos com relao ao transtorno alimentar e aos seus prprios filhos, os pais podem expressar seus sentimentos de raiva, culpa, hostilidade e medo com respeito doena e em relao a seus filhos. Esse fato minimiza o sentimento de isolamento familiar e facilita a troca de experincias (NICOLETTI et al., 2010 p.219). [...] tm se mostrado uma interveno benfica e eficaz no tratamento dos transtornos alimentares (NICOLETTI et al., 2010, p. 222).

5. CONCLUSES

A inteno do estudo foi apresentar a psicoeducao familiar como uma ferramenta importante de cuidado nos quadros de sade mental, principalmente aps a reforma psiquitrica, quando o cuidado da pessoa com sofrimento mental fica a cargo da famlia. Constata-se que em diversas patologias a psicoeducao apresenta resultados positivos, estreita e potencializa as relaes entre familiares de pacientes, pacientes e profissionais da sade. Tendo em vista que este apenas um componente da ateno psicossocial que os usurios dos servios da rede de sade mental devem receber juntamente com sua famlia e cuidadores. Por sua vez, o profissional precisa ver os familiares como colaboradores da prtica de cuidados pessoa com transtorno mental e com eles trabalhar como um time (MELLO, 2005, p.393). Ao chegarem nos servios os familiares apresentaram diversas demandas cabe a ns profissionais, realizarmos uma escuta e fala qualificada, junto com os familiares e pacientes estabelecermos uma linha de cuidado, que naturalmente ao longo do tratamento sofrer adequaes para cada momento que o paciente e a famlia se encontram visando a adeso do paciente ao tratamento e controle da sua doena promovendo assim a sade. Sobretudo as diferentes amostras de grupos apresentam pontos em comum no que se refere a objetivo a ser alcanado com este modelo de interveno e resultados positivos deste contemplando o objetivo desde trabalho.

6. RESUMO DA PESQUISA:

O Quadro abaixo apresenta sistematicamente o resumo dos estudos apresentados no trabalho.Quadro 1:

Autores e AnoTtulo

AmostraMetodologiaObjetivoResultado da Interveno

NICOLETTI et al. 2010Grupo Psicoeducativo Multifamiliar no tratamento dos transtornos alimentares na adolescnciaPROTAD-AMBULIM-HC IPq-FMUSP10 a 15 famlias, mes (57%), pais e irmos 34%), outros parentes, amigos e professores (9%).Relato de experincia, grupos abertos de 40min de familiares, um tema por encontro.Promover a incluso da Famlia no tratamento dos transtornos alimentares atravs de informao, suporte e responsabilizao.Enfrentamento de sentimentos ambivalentes em relao ao tratamento conscientizao da doena e suas implicaes.

LOPES; CACHIONI, 2013Impacto de uma interveno psicoeducacional sobre o bem-estar subjetivo de cuidadores de idosos com doena de AlzheimerCentro de Reabilitao e Hospital-Dia para Idosos IPq-FMUSP21 cuidadores informais de pacientes.Grupo de Interveno Psicoeducacional para Cuidadores de Idosos com Doena de Alzheimer.Conhecer o processo da doena e compreender as diversas realidades do cuidado, de promoo de rede de apoio e da busca de melhorias para o bem-estar subjetivo do cuidador.Reduo da sobrecarga e depresso, melhora do bem-estar subjetivo, aumento de habilidades e conhecimentos dos cuidadores e maior gerenciamento dos sintomas.

YIN; OLIVEIRA, 2004Relato de uma experincia psicoeducacional com familiares de portadores de transtornos do humor12 familiares convidados, 8 participantes, 5 eram parentes de pacientes portadores de depresso unipolar e trs de pacientes bipolares.10 sesses semanais de 1 hora e 30 minutos. Semi-estruturadas sendo abordado um tema e itens pr definidos.

Espao para compartilhamento de questes pessoais rede de apoio e troca, estratgias para melhor controle da doena e soluo de problemas.

Familiares apresentaram desconhecimento do diagnstico psiquitrico e sintomas do doente, distanciamento afetivo e fsico do paciente, desmistificao de idias errneas e a conscientizao em relao a doena e respeito ao paciente.

KNAPP; ISOLAN, 2005Abordagens psicoterpicas noTranstorno bipolarEnsaio clnico randomizado com 101 pacientes com transtorno bipolar e com seus familiares.

21 sesses, 1 hora na casa do familiarpor 9 meses e uma avaliao trimestral. Modificar as interaes familiares que interferem no tratamento; psicoeducao para os pacientes e e familiares, desenvolvimento de habilidades de comunicao e soluo de problemas.O grupo que recebeu psicoeducao familiar,durante um ano apresentoubaixas de recadas e mais tempo livre de sintomas do que o grupo controle que recebeu uma breve psicoeducao e intervenes em crises.

MANUEL GONALVES-PEREIRA et al, 2006)INTERVENES FAMILIARESNA ESQUIZOFRENIADos Aspectos Tericos Situao em PortugalReviso bibliogrfica de estudos que apresentavam a Interveno Familiar + tratamento psiquitrico clssico), em comparao com grupos que se aplicou apenas o tratamento clssico.Comparao de grupos um apenas com familiares, outro com familiares e pacientes e um nico ncleo familiar. familiar

Grupo de familiares de diferentes patologias, psicoeducao, ventilao de emoes, normalizao ou reformulao positiva de atitudes, modelagem de nveis reduzidos de emoes expressas (EE).Menor sobrecarga familiar, melhores resultados clnicos e funcionais para o paciente, maior interao entre os profissionais de sade, famlias e doentes, compreenso da base biolgica da doena, a interveno farmacolgica fundamental.

YACUBIAN, J., NETO, F. LPsicoeducao familiarMtodos de intervenoPsicoeducao em workshopsRevisoBibliogrfica.-A psicoeducao no formato de workshop proporcionar maior integrao entre pacientes, famlias e profissionais de sade mental.

7. REFERNCIAS

Cavalheri SC. Transformaes do modelo assistencial em sade mental e seu impacto na famlia. Rev. Bras. Enf. Vol. 63 no.1 Braslia Jan./ Fev 2010. . Acesso em: 29 Mar. 2014 10h26min.Gonalves AM, Sena RR. A reforma psiquitrica no Brasil: contextualizao e reflexos sobre o cuidado com o doente mental na famlia. Ver. Latino-am Enfermagem 2001 maro; 9 (2): 48-55.RR < http://www.scielo.br/pdf/rlae/v9n2/11514.pdf >. Acesso em: 29 Mar. 2014 9h17 min.Jorge M S B et al. Representaes sociais das famlias e dos usurios sobre participao depessoas com transtorno mental. Rev Esc Enferm USP 2008;42(1):135-42.< http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v42n1/18.pdf> Acesso em: 29 Mar. 2014 14h08min. Knapp, P.; Isolan, L. Abordagens psicoterpicas no transtorno bipolar. Rev. Psiq. Cln. 32, supl 1; 98-104, 2005 Acesso em: 29 Mar. 2014 20h34min. Lopes L O, Cachioni M. Impacto de uma interveno psicoeducacional sobre o bem-estar subjetivo de cuidadores de idosos com doena de Alzheimer. Temas psicol. [online]. 2013, vol.21, n.1, pp. 165-181. ISSN 1413-389X.http://dx.doi.org/10.9788/TP2013.1-12.< http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1413389X2013000100012&script=sci_arttext > Acesso em: 29 Mar. 2014 16h48 min. Manuel Gonalves-Pereira et al, INTERVENES FAMILIARES NA ESQUIZOFRENIA: Dos Aspectos Tericos Situao em Portugal. Acta Med Port 2006; 19: 1-8< http://www.actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/viewFile/911/584> Acesso em 29 Mar. 2014 19h12min.Mello R. A CONSTRUO DO CUIDADO FAMLIA E A CONSOLIDAO DA REFORMA PSIQUITRICA. R Enferm UERJ 2005; 13:390-5.< http://www.facenf.uerj.br/v13n3/v13n3a15.pdf>. Acesso em: 29 Mar. 2014 Moreno V, Alencastre M B. A trajetria da famlia do portador de sofrimento psquico. Rev Esc Enferm USP 2003; 37(2):43-50. . Acesso em: 29 Mar. 2014 11h45min.Nicoletti et al. Grupo psicoeducativo multifamiliar.Psicologia em Estudo, Maring, v. 15, n. 1, p. 217-223, jan./mar. 2010 < http://www.scielo.br/pdf/pe/v15n1/a23v15n1.pdf> Acesso em: 29 Mar. 2014 17h12min. Randemark NFR, Jorge MSB, Queiroz MVO. A reforma psiquitrica no olhar das famlias. Contexto Enferm 2004 Out-Dez; 13(4):543-50. . Acesso em: 29 Mar. 2014 11h26min.Yacubian J., Neto F. L. Psicoeducao familiar. Fam. Sade Desenv., Curitiba, v.3, n.2, p.98-108, jul./dez. 2001 Acesso em: 30 Mar.2014.

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